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<p>Primeiros Cantos</p><p>(Gonçalves Dias)</p><p>Prof. Thiago Silva</p><p>UEMA 2024</p><p>— Gonçalves Dias</p><p>“Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá;</p><p>As aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá.</p><p>Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores,</p><p>Nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores...”</p><p>”</p><p>Vida e obra do autor:</p><p>Gonçalves Dias (Antônio Gonçalves Dias) nasceu em 10</p><p>de agosto de 1823, em Caxias, no estado do Maranhão.</p><p>Seu pai era o comerciante português João Manuel</p><p>Gonçalves Dias. Já a sua mãe, a maranhense Vicência</p><p>Mendes Ferreira. Assim, o pai era branco, e Vicência,</p><p>“mestiça de índio e de negro”, segundo a doutora em</p><p>Letras Marisa Lajolo. Os pais do autor não eram</p><p>casados e, quando João Manuel se casou com outra</p><p>mulher, em 1829, levou o filho para morar com eles.</p><p>Então, o escritor foi alfabetizado, em 1830, e, três anos</p><p>depois, passou a trabalhar no armazém de seu pai. Anos</p><p>depois, em 1838, o jovem Gonçalves Dias partiu para</p><p>Portugal, onde estudou Direito na Universidade de</p><p>Coimbra.</p><p>Vida e obra do autor:</p><p>De volta ao Brasil, passou a viver no Rio de Janeiro, em</p><p>1846. Nesse mesmo ano, sua peça teatral Leonor de</p><p>Mendonça foi censurada pelo Conservatório Dramático do</p><p>Rio de Janeiro. Já em 1847, recebeu nomeação para</p><p>trabalhar como secretário e professor de Latim do Liceu de</p><p>Niterói. Em 1849, tornou-se professor de História do Brasil e</p><p>de Latim no Colégio Pedro II. Dois anos depois, em 1851,</p><p>viajou para o Norte, em caráter oficial, para analisar a</p><p>educação pública dessa região. Nesse mesmo ano,</p><p>pretendeu se casar com Ana Amélia Ferreira do Vale (1831-</p><p>1905), mas a mãe da jovem não deu o consentimento. Isso</p><p>porque o poeta, como ele mesmo escreveu em uma carta ao</p><p>irmão da moça, não tinha fortuna e, “longe de ser fidalgo de</p><p>sangue azul”, nem ao menos era filho legítimo.</p><p>Vida e obra do autor:</p><p>Além disso, havia a questão racial, que, ao que tudo</p><p>indica, também pesou na decisão da mãe de Ana Amélia.</p><p>Desse modo, o autor iniciou um casamento infeliz, em</p><p>1852, com Olímpia Coriolano da Costa. Nesse ano,</p><p>assumiu o cargo de oficial da Secretaria dos Negócios</p><p>Estrangeiros. Então, entre 1854 e 1858, trabalhou na</p><p>Europa, a serviço da secretaria, e, durante esse período,</p><p>separou-se da esposa, em 1856. Durante os anos de 1859</p><p>e 1862, integrou a Comissão Científica de Exploração,</p><p>que viajou pelo Norte e Nordeste do Brasil. Porém, em</p><p>1862, decidiu voltar à Europa para se tratar, pois estava</p><p>com tuberculose. Dois anos depois, quando retornava ao</p><p>Brasil, sofreu um naufrágio e morreu em 3 de novembro</p><p>de 1864.</p><p>Obras do Autor:</p><p>01.</p><p>Contexto Geral:</p><p>02.</p><p>Principais obras</p><p>Primeiros Cantos (1846)</p><p>Conclusão:</p><p>04.</p><p>Romantismo:</p><p>03.</p><p>Índice de conteúdo:</p><p>Contexto Histórico</p><p>Sociedade Romântica</p><p>Romantismo Brasil Poesia</p><p>Gerações Românticas</p><p>Temáticas das Gerais/Gerações</p><p>Análise Primeiros Cantos</p><p>Recursos/Estrutura da Obra</p><p>Conclusões</p><p>Principais</p><p>Obras</p><p>01</p><p>*Patkull (1843) — teatro.</p><p>*Beatriz Cenci (1843) — teatro.</p><p>*Primeiros Cantos (1846) — poesia indianista e lírico-amorosa.</p><p>*Meditação (1846) — prosa.</p><p>*Leonor de Mendonça (1846) — teatro.</p><p>*Memórias de Agapito (1846) — prosa.</p><p>*Segundos cantos (1848) — poesia indianista e lírico-amorosa.</p><p>*Sextilhas de frei Antão (1848) — poemas de caráter histórico e religioso.</p><p>*Boabdil (1850) — teatro.</p><p>*Últimos cantos (1851) — poesia indianista e lírico-amorosa.</p><p>*Os timbiras (1857) — poema épico indianista.</p><p>Contexto histórico</p><p>Brasil</p><p>02</p><p>O principal fato histórico que permeia o Romantismo no Brasil é a chegada da</p><p>Família Real portuguesa, em 1808. Nesse período, o país deixou oficialmente de</p><p>ser uma colônia de exploração e passou a ser a sede do Reino Unido de Portugal,</p><p>Brasil e Algarves. Com isso, uma série de modernizações começou a ocorrer no</p><p>país. Algumas das principais delas são:</p><p>*Criação da imprensa brasileira;</p><p>*Construção do Museu Nacional (incendiado em 2018);</p><p>*Fundação do Banco do Brasil;</p><p>*Decreto de abertura dos portos às nações amigas;</p><p>*Criação do Ministério da Marinha, das Relações Exteriores e do Tesouro</p><p>Nacional, assim como a fundação da Casa de Suplicação do Brasil (atual Supremo</p><p>Tribunal da Justiça).</p><p>Contexto histórico</p><p>Romantismo Brasil</p><p>Poesia</p><p>03</p><p>Antes de estudar sobre os aspectos mais importantes da poesia romântica, vale</p><p>mencionar que o romantismo no Brasil teve início em 1836, com a publicação da</p><p>obra “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães.</p><p>O movimento esteve dividido em três períodos, a saber:</p><p>Primeira Geração: no contexto pós-independência do país, a primeira geração</p><p>esteve marcada pelo binômio: “nacionalismo-indianismo”.</p><p>Segunda Geração: é chamada de “Mal do Século” ou “Ultrarromantismo” e ainda</p><p>“Geração Perdida” e “Byroniana” pois recebeu grande influência do poeta inglês</p><p>Lord Byron.</p><p>Terceira Geração: chamada de “Condoreirismo” ou “Geração Condoreira”, essa</p><p>fase foi influenciada pela poesia social do poeta francês Victor Hugo.</p><p>Indianismo</p><p>Romantismo</p><p>Indianismo é o termo empregado para se refererir aos textos escritos com o propósito de</p><p>divulgar os índios e a natureza exuberante do Brasil como elementos definidores da</p><p>identidade nacional. Consiste em uma proposta artístico-literária que ganhou destaque no</p><p>início do século XIX, sobretudo após a Proclamação da República, em 1822. Independente de</p><p>Portugal, o país precisava promover o sentimento de patriotismo e resgatar, na América não</p><p>colonizada, símbolos do caráter nacional, e encontraram na figura do índio o espírito do</p><p>homem livre e incorruptível. Para alguns estudiosos, o indianismo tem sua gênese associada</p><p>ao folclore e aos gêneros de textos como mitos e lendas, contados pelos povos nativos do</p><p>Brasil na tentativa de explicar a força e os fenômenos da natureza. Assim, o processo de</p><p>colonização possibilitou a circulação de muitas dessas histórias, as quais acabaram ganhando</p><p>atenção dos escritores, poetas que aqui viviam ou de estrangeiros que chegavam em</p><p>expediçõescintífico-culturaisvindasda Europa.</p><p>Outros estudiosos sugerem que poetas árcades, no século XVIII, tenham sido os primeiros a</p><p>trazerem à cena literária os povos nativos e as belezas naturais do Brasil, assim como fez o</p><p>poeta mineiro Basílio da Gama (1741-1795), com a publicação de O Uraguai, em 1769. O poema</p><p>épico tem 1.377 versos, divididos em cinco atos, e é baseado em fatos históricos ocorridos</p><p>durante a Missão dos Sete Povos, período em que os missionários jesuítas catequisadores de</p><p>índios tiveram problemas com relação às tribos locais e aos interesses por terras entre os</p><p>colonosportugueses e os espanhóis.</p><p>Outro poema épico, escrito um pouco antes, com aspectos indianistas, é Caramuru, do frei</p><p>agostiniano José de Santa Rita Durão, em 1781. Nessa obra, o poeta relata cenas sobre o</p><p>descobrimento da Bahia e também enfatiza as belezas naturais e a vida tranquila dos</p><p>indígenas. Vale ressaltar que a visão do autor sobre a vida do indígena não correspondia à</p><p>situação real de escravidão em que viviam. Embora seja possível observar traços do</p><p>Indianismo em obras de períodos distintos, o termo ganha força, enquanto movimento de</p><p>expressão da cultura identitária nacional, na primeira geração romântica, no início do século</p><p>XIX. Gonçalves de Magalhães é considerado o fundador do Romantismo no Brasil, com a</p><p>publicação de Suspiros poéticos e saudades, em 1836. Para o poeta, escrever era como</p><p>plantar a árvore da literaturabrasileira, garantindo que ela frutificasse.</p><p>O projeto literário da primeira geração romântica tinha o propósito de fazer da literatura um</p><p>instrumento de afirmação da identidade brasileira e de resgate da figura do índio e da natureza</p><p>exuberante como símbolos de nacionalidade. Esse projeto foi declarado em 1836, nas páginas</p><p>da revista Nitheroy, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, organizada por Gonçalves</p><p>de Magalhães e outros poetas. Mais tarde, as concepções indianistas foram divulgadas em</p><p>outras revistas, como a MinervaBrasiliense (1843-1845) e Guanabara(1849-1856).</p><p>O grande nome da poesia romântica</p><p>da primeira geração é Gonçalves Dias (1823-1864). Sua</p><p>obra é de grande relevância à literatura brasileira. Nela o autor aborda temas como a natureza,</p><p>a pátria e a religião. Alguns poemas indianistas de destaque são Os timbiras, Canto do piaga,</p><p>Deprecação e I-Juca Pirama. Nesses poemas, o autor traz a selva intocada como cenário, onde</p><p>acontecem caçadas, feitos de guerra, os quais corroboram com a imagem do índio heroico e</p><p>nobre da nação brasileira. Na poesia indianista, o índio sempre surge associado a virtudes</p><p>como coragem e lealdade. Os versos indianistas não exploram a liberdade formal</p><p>característica do Romantismo; os versos são marcados pelo controle da métrica e pela</p><p>escolha das rimas. Uma estratégia para aproximar os leitores dos costumes indígenas era</p><p>fazer com que o ritmo dos versos se assemelhasse ao toque dos tambores usados nos rituais</p><p>indígenas.</p><p>Na prosa, o projeto literário indianista foi muito influenciado por tendências europeias. Os</p><p>escritores dedicaram-se à publicação de obras em que o passado histórico do país fosse</p><p>reconstituído, quando possível, ou inventado, quando necessário. O índio é elevado à</p><p>condição de herói representante do povo americano e se comporta de acordo com princípios</p><p>nobres da sociedade burguesa: honestidade, bravura, paixão, humildade – tão valorizados</p><p>pelos artistas românticos.</p><p>A apresentação dos protagonistas é associada às caracteríticas da natureza exuberante e ao</p><p>passado glorioso que dignifica a identidade de seu povo. Os romances indianistas eram</p><p>publicados em forma de folhetins e fizerem o gosto do público leitor. A linguagem empregada</p><p>nos textos aproximou os leitores às tradições dos índios a partir de palavras e expressões de</p><p>muitas línguas nativasdos povos indígenasbrasileiros.</p><p>O romancista indianista de maior relevância da literatura brasileira é José de Alencar, com a</p><p>publicaçãoda trilogia O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).</p><p>Romantismo</p><p>1ª Geração/Poesia</p><p>Linguagem da obra</p><p>Exaltação da natureza e da liberdade.</p><p>Religiosidade.</p><p>Figura do índio ou indianismo.</p><p>Brasileirismo (linguagem).</p><p>Medievalismo (Heroísmo)</p><p>Nacionalismo ufanista.</p><p>Exaltação das belezas naturais do Brasil.</p><p>Presença da figura do índio como herói nacional.</p><p>Idealização romântica.</p><p>Sentimentalismo e emoções.</p><p>O amor idealizado.</p><p>Primeiros Cantos</p><p>Análise</p><p>04</p><p>A obra “Primeiros Cantos” foi recebida com entusiasmo pela crítica e fez grande sucesso</p><p>junto ao público ledor de poesia. Alexandre Herculano renomado e recatado escritor</p><p>romântico de Portugal e o imperador D. Pedro II registram rasgados elogios ao livro e tecem</p><p>palavras desimpatia e incentivoao poeta maranhense.</p><p>"Os primeiros cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa</p><p>Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o</p><p>conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escritos ainda pouco amestrado pela</p><p>experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagará</p><p>essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginasdeste formoso livro.”</p><p>Alexandre Herculano</p><p>Gonçalves Dias foi o primeiro poeta autenticamente brasileiro, na sensibilidade e na</p><p>temática, e das mais altas vozes de nosso lirismo. Embora haja, em “Primeiros Cantos”,</p><p>alguns poemas episódicos, em que existe uma narrativa, predomina no livro o gênero lírico</p><p>– um lirismo fácil e espontâneo, perpassando das emoções do poeta. Ao contrário do</p><p>lirismo racional dos clássicos nascido da inteligência, o de Gonçalves Dias brota do</p><p>coração e expressa bem o sentimentalismo romântico. Alguns dos poemas dos “Primeiros</p><p>Cantos”, porventura os melhores, repunham em nossa poesia o índio nela primeiro</p><p>introduzidopor Basílio da Gama e Santa Rita Durão.</p><p>No entanto, nos poemas desses poetas não entrava o índio senão como elemento da ação</p><p>ou de episódios, sem lhes interessar mais do que o pediam o assunto ou as condições do</p><p>gênero. Nos “Cantos” de Gonçalves Dias, ao contrário, é ele de fato a personagem principal,</p><p>o herói e a ele vão claramente as simpatias do poeta, transformando-o em uma imagem</p><p>poética, representativa das tradições brasileiras. As notas predominantes de sua poesia são</p><p>o nacionalismo e o indianismo. Sua obra poética apresenta três aspectos: o lírico, o</p><p>indianista e o clássico.</p><p>A sua poesia lírica traduz um amor infeliz e insatisfeito. Sua produção dramática tem fundo</p><p>histórico e emotividade. Enfim, dada a espontaneidade de seus versos e a sua inspiração</p><p>natural, tornou-seum dos nossos maiorespoetas.</p><p>Como se vê no “Prólogo aos Primeiros Cantos”, o próprio Gonçalves Dias, traça o perfil da</p><p>sua poesia, que é bem a concepção romântica de poetar, na qual se destaca a liberdade</p><p>formal, a imaginação criadora e valorização do indivíduo, de suas contradições e das</p><p>emoções particulares e circunstanciais</p><p>.</p><p>“Dei o nome de Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não serão as</p><p>últimas. Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezo regras de mera</p><p>convenção; adotei todos os ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram</p><p>quadrar melhor com o que eu pretendia exprimir. Não têm unidade de pensamento entre si, porque</p><p>foram compostas em épocas diversas – debaixo de céu diverso – e sob a influência de expressões</p><p>momentâneas. Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros enegrecidos</p><p>do Gerez – no Doiro e no Tejo – sobre as vagas do Atlântico, e nas florestas virgens da América</p><p>(...)</p><p>(...) Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler</p><p>em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de</p><p>improviso, e as ideias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano – aspecto</p><p>enfim da natureza. Casar assim o pensamento com o sentimento – o coração com o entendimento</p><p>– a ideia com a paixão – colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a</p><p>natureza, purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia – a Poesia</p><p>grande e santa – a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a</p><p>poder traduzir. O esforço - ainda vão - para chegar a tal resultado é sempre digno de louvor; talvez</p><p>seja este o só merecimento deste volume. O Público o julgará; tanto melhor se ele o despreza,</p><p>porque o Autor interessa em acabar com essa vida desgraçada,que se diz de Poeta.”</p><p>Rio de Janeiro, julho de 1846.</p><p>Como se pode ver, no “Prólogo” de Gonçalves Dias, não só se revela a sua postura em face</p><p>do fazer poético como também nele sobressaem as principais características do ideário</p><p>romântico:</p><p>• O culto e exaltação da natureza, vista quase sempre como reflexo de Deus;</p><p>• A tendência para a solidão, em contato com a natureza, longe da sociedade;</p><p>• O derramamento lírico, em que o poeta extravasa as emoções e sentimentos de forma livre e</p><p>espontânea;</p><p>• A necessidade de perpassar a produção poética do sentimento cristão e religioso;</p><p>• A metrificação variada e livre, sem o rigor formalista da poesia clássica.</p><p>Em “Primeiros Cantos”, obra concebida inteiramente ao gosto do figurino romântico, além</p><p>desses aspectos alistados, destaca-se ainda como característica do Romantismo:</p><p>• o nacionalismo expresso por meio da temática indianista e também do sentimento da pátria;</p><p>• a concepção amorosa a partir de sentimentos puros e castos e como paixão avassaladora na</p><p>linha do “amor e morte”;</p><p>• o uso frequente de reticências e interjeições como recurso que expressa bem os estados da</p><p>alma.</p><p>Como se vê, surgido na esteira do liberalismo da Revolução Francesa, o Romantismo faz</p><p>uma verdade revolução na literatura rompendo com a concepção clássica de fazer poesia e</p><p>libertando o coração da tirania do reinado da razão</p><p>Na época, a concepção artística do Romantismo ainda não tinha evoluído no verdadeiro</p><p>sentido da técnica. Entretanto, em Gonçalves Dias, nota-se uma consciência maior. Como</p><p>vimos, os “Primeiros Cantos” vêm</p><p>prefaciado pelo autor que se autodetermina a menosprezar</p><p>"regras de mera convenção", a adotar "todos os ritmos da metrificação portuguesa", usando</p><p>deles "como me pareceram quadrar com o que eu pretendia exprimir", de tal modo que</p><p>compreende a Poesia como o casamento do "pensamento" com o "sentimento". Portanto, não</p><p>se pode negar o alto grau de conscientização artística que existia em Gonçalves Dias.</p><p>Destacam-se, em “Primeiros Cantos”, alguns aspectos de métrica e linguagem que configuram</p><p>bem o estilo de Gonçalves Dias.</p><p>Recursos Poéticos</p><p>01. “Menosprezando regras de mera convenção”, o poeta sempre procura ajustar a métrica, sem a</p><p>obsessão de rimas ao assunto, numa sintonia perfeita entre forma e conteúdo. Na sua poesia,</p><p>destaca-se a musicalidade, como se vê, por exemplo, no ritmo leve e saltitante de “Seus olhos”, que</p><p>se associabem à ideia de inocência e pureza:</p><p>“Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,</p><p>De vivo luzir.</p><p>São meigos infantes, gentis, engraçados</p><p>Brincando a sorrir.”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>Por outro lado, nos “hinos” à natureza, como se vê, por exemplo, em “A tarde” e “O Mar”, usa</p><p>um verso mais lento caudaloso, o que confere a essas poesias um tom solene e grandioso que</p><p>combina bem com o caráter reflexivo e o sentimento da divindade que os perpassa, na</p><p>descrição dos movimentos da natureza magistralmente captados enquanto cores, sons,</p><p>perfumes, a passagem paraa ideia de Deus.</p><p>“Oh tarde, oh bela tarde, oh meus amores,</p><p>Mãe da meditação, meu doce encanto!</p><p>Os rogos da minha alma enfim ouviste,</p><p>E grato refrigério vens trazer-lhe</p><p>No teu remansear prenhe de enlevos!”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>02. À primeira vista, destaca-se a feição acadêmica de sua linguagem, bem ao gosto lusitano,</p><p>com construções tipicamente portuguesas, como a colação pronome átono e inversões</p><p>sintáticas que lembram os estilos clássicos:</p><p>“Enquanto a morte me não rouba a vida”.</p><p>“Da morte o passo glorioso afronta”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>03. Outro aspecto que chama a atenção é o uso de palavras de sabor arcaico, que ocorrem</p><p>com alguma frequência: soidão (solidão); i (aí); al (algo); imigo (inimigo); pego (pélago), mi</p><p>(mim), frauta (flauta), imo (íntimo), o que se explica, quase sempre, pela necessidademétrica.</p><p>“A corda do prazer que ainda inteira</p><p>Que virgem de emoção inda conservo.”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>04. Com alguma frequência igualmente ocorre a síncope, que é um recurso métrico para</p><p>reduzir a sílaba, e a eclipse (fusão de com + a):</p><p>“Suspenderei minha harpa dalgum tronco</p><p>Em of'renda à fortuna; - ali sozinha,</p><p>Tangida pelo sopro só do vento,</p><p>Há de mistérios conversar co’a noite.”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>05. Constante também, como expressivo recurso estilístico, é a repetição de palavras que</p><p>reforçaa ideia que se quer transmitir:</p><p>“Gentil, engraçado infante</p><p>Nos teus jogos inconstante,</p><p>Que tens tão belo semblante,</p><p>Que vives sempre a brincar,</p><p>- Dos teus brinquedos te esqueces</p><p>À noitinha, - e te entristeces...</p><p>Como a bonina, - e adormeces,</p><p>Adormeces a sonhar!”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>06. Outro aspecto que se destaca na linguagem de Gonçalves Dias é o gosto por imagens</p><p>expressas por meio de comparação,como nesta passagemde “Quadrasda minha vida”:</p><p>“Minha alma é como a flor que pende murcha;</p><p>É qual profundo abismo; - embala estrelas</p><p>Brilham no azul dos céus, embalde a noite</p><p>Estende sobre a terra o negro manto:</p><p>Não pode a luz chegar ao fundo abismo,</p><p>Nem pode a noite enegrecer-lhe a face;</p><p>Não pode a luz à flor prestar maior brilho,</p><p>Nem viço e nem frescor prestar-lhe a noite!”</p><p>Recursos Poéticos</p><p>07. O emprego frequente de epígrafes (citação no início da maioria dos poemas do livro) é</p><p>outra marca de Gonçalves Dias, embora outros autores também façam uso desse modismo.</p><p>Conforme se pode ver, a epígrafe (expressa em francês, inglês, alemão, italiano, espanhol,</p><p>latim e também português), além de revelar a espantosa cultura do poeta e suas influências</p><p>literárias está sempre relacionada com o tema dominante no poema, como introduz “Canção</p><p>do Exílio”, expressa em alemão e traduzido assim por Manuel Bandeira:</p><p>“Conhecer o país onde florescem as laranjeiras?</p><p>Ardem na escura fronde os frutos de ouro...</p><p>Conhecê-lo? – Para lá quisera eu ir!</p><p>Recursos Poéticos</p><p>07. O emprego frequente de epígrafes (citação no início da maioria dos poemas do livro) é</p><p>outra marca de Gonçalves Dias, embora outros autores também façam uso desse modismo.</p><p>Conforme se pode ver, a epígrafe (expressa em francês, inglês, alemão, italiano, espanhol,</p><p>latim e também português), além de revelar a espantosa cultura do poeta e suas influências</p><p>literárias está sempre relacionada com o tema dominante no poema, como introduz “Canção</p><p>do Exílio”, expressa em alemão e traduzido assim por Manuel Bandeira:</p><p>“Conhecer o país onde florescem as laranjeiras?</p><p>Ardem na escura fronde os frutos de ouro...</p><p>Conhecê-lo? – Para lá quisera eu ir!</p><p>Recursos Poéticos</p><p>Primeiros Cantos</p><p>Estrutura</p><p>Estrutura Geral</p><p>Os poemas de “Primeiros Cantos” estão reunidos em três partes: “Poesias Americanas”,</p><p>“Poesias Diversas” e “Hinos”.</p><p>A primeira parte da obra, intitulada “Poesias Americanas”, abre-se com a “Canção do Exílio” e,</p><p>além de outros poemas sem grande significado, reúne quatro cantos fundamentais para a</p><p>compreensão do indianismo na literatura brasileira e, especialmente, na poesia de Gonçalves</p><p>Dias:</p><p>Poesias americanas: Canção do Exílio, O Canto do Guerreiro, O Canto do Piaga, O Canto do</p><p>Índio, Caxias, Deprecação e O SoldadoEspanhol</p><p>Minha terra tem palmeiras</p><p>Onde canta o Sabiá,</p><p>As aves, que aqui gorjeiam,</p><p>Não gorjeiam como lá.</p><p>Nosso céu tem mais estrelas,</p><p>Nossas várzeas têm mais flores,</p><p>Nossos bosques têm mais vida,</p><p>Nossa vida mais amores.</p><p>Em cismar, sozinho, à noite,</p><p>Mais prazer encontroeu lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Minha terra tem primores,</p><p>Que tais não encontroeu cá;</p><p>Em cismar – sozinho, à noite –</p><p>Mais prazer encontroeu lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Não permita Deus que eu morra,</p><p>Sem que eu volte para lá;</p><p>Sem que desfruteos primores</p><p>Que não encontropor cá;</p><p>Sem qu’inda aviste aspalmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Canção do Exílio</p><p>I</p><p>Aqui na floresta</p><p>Dos ventos batida,</p><p>Façanhas de bravos</p><p>Não geram escravos,</p><p>Que estimem a vida</p><p>Sem guerra e lidar.</p><p>— Ouvi-me, Guerreiros,</p><p>— Ouvi meu cantar.</p><p>II</p><p>Valente na guerra,</p><p>Quem há, como eu sou?</p><p>Quem vibra o tacape</p><p>Com mais valentia?</p><p>Quem golpes daria</p><p>Fatais, como eu dou?</p><p>— Guerreiros, ouvi-me;</p><p>— Quem há, como eu sou?</p><p>III</p><p>Quem guia nos ares</p><p>A frecha emplumada,</p><p>Ferindo uma presa,</p><p>Com tanta certeza,</p><p>Na altura arrojada</p><p>Onde eu a mandar?</p><p>— Guerreiros, ouvi-me,</p><p>— Ouvi meu cantar.</p><p>(...)</p><p>Canto do Guerreiro</p><p>Quanto és bela, ó Caxias! - no deserto,</p><p>Entre montanhas, derramada em vale</p><p>De flores perenais,</p><p>És qual tênue vapor que a brisa espalha</p><p>No frescor da manhã meiga soprando</p><p>À flor de manso lago.</p><p>Tu és a flor que despontaste livre</p><p>Por entre os troncos de robustos cedros,</p><p>Forte - em gleba inculta;</p><p>És qual gazela, que o deserto educa,</p><p>No ardor da sesta debruçada exangue</p><p>À margem da corrente.</p><p>Em mole seda as graças não escondes,</p><p>Não cinges d'oiro a fronte que descansas</p><p>Na base da montanha;</p><p>És bela como a virgem das florestas,</p><p>Que no espelho das águas se contempla,</p><p>Firmada em tronco anoso.</p><p>Mas dia inda virá, em que te pejes</p><p>Dos, que ora trajas, símplices ornatos</p><p>E amável desalinho:</p><p>Da pompa e luxo amiga, hão de cair-te</p><p>Aos pés então - da poesia a c'roa</p><p>E da inocência o cinto.</p><p>Caxias</p><p>Estrutura Geral</p><p>A segunda parte da obra, intitulada “Poesias Diversas”: A Leviana, A Minha Musa, Desejo, Seus</p><p>Olhos, Inocência, Pedido, O Desengano, Minha Vida e meus Amores, Recordação, Tristeza, O</p><p>Trovador, Amor! Delírio – Engano, Delírio, Epicédio, Sofrimento, Visões, O Vate, À Morte</p><p>Prematura da Il.ma Sra. D., A Mendiga, A Escrava, Ao Dr. João Duarte Lisboa Serra, O Desterro</p><p>de um Pobre Velho, O Orgulhoso, O Cometa, O Oiro, A um Menino, Miserrimus, O Pirata, A Vila</p><p>Maldita, Cidadede Deus e Quadrasda Minha Vida.</p><p>Minha Musa não é como ninfa</p><p>Que se eleva das águas</p><p>- gentil -</p><p>Co'um sorriso nos lábios mimosos,</p><p>Com requebros, com ar senhoril.</p><p>Nem lhe pousa nas faces redondas</p><p>Dos fagueiros anelos a cor;</p><p>Nesta terra não tem uma esp'rança,</p><p>Nesta terra não tem um amor.</p><p>Como fada de meigos encantos,</p><p>Não habita um palácio encantado,</p><p>Quer em meio de matas sombrias,</p><p>Quer à beira do mar levantado.</p><p>Não tem ela uma senda florida,</p><p>De perfumes, de flores bem cheia,</p><p>Onde vague com passos incertos,</p><p>Quando o céu de luzeiros se arreia.</p><p>Não é como a de Horácio a minha Musa;</p><p>Nos soberbos alpendres dos Senhores</p><p>Não é que ela reside;</p><p>Ao banquete do grande em lauta mesa,</p><p>Onde gira o falerno em taças d'oiro,</p><p>Minha Musa</p><p>Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,</p><p>De vivo luzir,</p><p>Estrelas incertas, que as águas dormentes</p><p>Do mar vão ferir;</p><p>Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,</p><p>Têm meiga expressão,</p><p>Mais doce que a brisa, - mais doce que o nauta</p><p>De noite cantando, - mais doce que a frauta</p><p>Quebrando a solidão.</p><p>Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,</p><p>De vivo luzir,</p><p>São meigos infantes, gentis, engraçados</p><p>Brincando a sorrir.</p><p>São meigos infantes, brincando, saltando</p><p>Em jogo infantil,</p><p>Inquietos, travessos; - causando tormento,</p><p>Com beijos nos pagam a dor de um momento,</p><p>Com modo gentil.</p><p>Seus Olhos</p><p>Ah! que eu não morra sem provar, ao menos</p><p>Sequer por um instante, nesta vida</p><p>Amor igual ao meu!</p><p>Dá, Senhor Deus, que eu sobre a terra encontre</p><p>Um anjo, uma mulher, uma obra tua,</p><p>Que sinta o meu sentir;</p><p>Uma alma que me entenda, irmã da minha,</p><p>Que escute o meu silêncio, que me siga</p><p>Dos ares na amplidão!</p><p>Que em laço estreito unidas, juntas, presas,</p><p>Deixando a terra e o lodo, aos céus remontem</p><p>Num êxtase de amor!</p><p>Desejos</p><p>Estrutura Geral</p><p>A terceira e última parte da obra, intitulada “Hinos”: O Mar, Ideia de Deus, O Romper d'Alva, A</p><p>Tarde, O Templo, Te Deum e Adeus.</p><p>Oceano terrível, mar imenso</p><p>De vagas procelosas que se enrolam</p><p>Floridas rebentando em branca espuma</p><p>Num pólo e noutro pólo,</p><p>Enfim... enfim te vejo; enfim meus olhos</p><p>Na indômita cerviz trêmulos cravo,</p><p>E esse rugido teu sanhudo e forte</p><p>Enfim medroso escuto!</p><p>Donde houveste, ó pélago revolto,</p><p>Esse rugido teu? Em vão dos ventos</p><p>Corre o insano pegão lascando os troncos,</p><p>E do profundo abismo</p><p>Chamando à superfície infindas vagas,</p><p>Que avaro encerras no teu seio undoso;</p><p>Ao insano rugir dos ventos bravos</p><p>Sobressai teu rugido.</p><p>Em vão troveja horríssona tormenta;</p><p>Essa voz do trovão, que os céus abala,</p><p>Não cobre a tua voz. - Ah! donde a houveste,</p><p>Majestoso oceano?</p><p>O Mar</p><p>I</p><p>À voz de Jeová infindos mundos</p><p>Se formaram do nada;</p><p>Rasgou-se o horror das trevas, fez-se o dia,</p><p>E a noite foi criada,</p><p>Luziu no espaço a lua! sobre a terra</p><p>Rouqueja o mar raivoso,</p><p>E as esferas nos céus ergueram hinos</p><p>Ao Deus prodigioso.</p><p>Hino de amar a criação, que soa</p><p>Eternal, incessante,</p><p>Da noite no remanso, no ruído</p><p>Do dia cintilante!</p><p>A morte, as aflições, o espaço, o tempo,</p><p>O que é para o Senhor?</p><p>Eterno, imenso, que lh'importa a sanha</p><p>Do tempo roedor?</p><p>Como um raio de luz, percorre o espaço,</p><p>E tudo nota e vê -</p><p>O argueiro, os mundos, o universo, o justo;</p><p>E o homem que não crê.</p><p>E ele que pode aniquilar os mundos,</p><p>Tão forte como ele é,</p><p>E vê e passa, e não castiga o crime,</p><p>Nem o ímpio sem fé!</p><p>Ideia de Deus</p><p>Aos meus amigos do Maranhão</p><p>Meus amigos, Adeus! Já no horizonte</p><p>O fulgor da manhã se empurpurece:</p><p>É puro e branco o céu, - as ondas mansas,</p><p>- Favorável a brisa; - irei de novo</p><p>Sorver o ar puríssimo das ondas,</p><p>E na vasta amplidão dos céus e mares</p><p>De vago imaginar embriagar-me!</p><p>Meus Amigos, Adeus! - Verei fulgindo</p><p>A lua em campo azul, e o sol no ocaso</p><p>Tingir de fogo a implacidez das águas;</p><p>Verei hórridas trevas lento e lento</p><p>Desceram, como um crepe funerário</p><p>Em negro esquife, onde repoisa a morte;</p><p>Verei a tempestade quando alarga</p><p>As negras asas de bulcões, e as vagas</p><p>Soberbas encastela, esporeando</p><p>O curto bojo de ligeiro barco,</p><p>Que geme, e ruge, e empina-se insofrido</p><p>Adeus</p><p>Em “Deprecação”, os filhos de Tupã reclamam contra a vingança que esse deus lhes impingiu,</p><p>deixando-os entregues à violência do branco. O que se nota nesses poemas, e que está</p><p>presente também no restante das “Poesias Americanas”, incluídas em “Últimos Cantos”, é que</p><p>o poeta procura dar uma visão do índio integrado na tribo, nos costumes e, principalmente,</p><p>adequado a um sentimento de honra tipicamente ocidental, cultuado pelos românticos. Se os</p><p>europeus podiam encontrar na Idade Média as origens da nacionalidade, o mesmo não</p><p>acontecia com os brasileiros.</p><p>Provavelmente por essa razão, a volta ao passado, mesclada ao culto do “bom selvagem”,</p><p>encontra na figura do indígena o símbolo exato e adequado para a realização da pesquisa lírica</p><p>e heroica do passado. O índio, reduzido aos padrões da cavalaria, acaba sendo um recurso</p><p>estético e ideológico, parente muito próximo do medievalsmo coimbrão, que ele cultivou</p><p>principalmente nas “Sextilhas”, embora sua recriação poética dê ideia da redescoberta de uma</p><p>raça, que estava adormecidapela tradiçãoe que foi revividapelo poeta.</p><p>Estrutura Geral</p><p>O idealismo, a etnografia fantasiada, as situações desenvolvidas como episódios da grande</p><p>gesta heroica e trágica da civilização indígena brasileira, a qual sofre a degradação do branco</p><p>conquistador e colonizador, têm na sua forma e na sua concepção reflexos da epopeia, da</p><p>tragédiaclássica e dos romances de gesta da Idade Média.</p><p>“Ah! Que eu não morra sem provar ao menos</p><p>Sequer por um instante, nesta vida</p><p>Amor igual ao meu!”</p><p>Estrutura Geral</p><p>Conclusões</p><p>Na poesia indianista o poeta soube manejar com habilidade numerosos ritmos, vários tipos de</p><p>versos e diversas formas de composição. Já no lirismo sentimental conseguiu não apenas</p><p>descrever com eloquência os encantos da mulher amada, mas também particularizar um modo de</p><p>ver a natureza em profundidade, tratar os dissabores da vida, dos sofrimentos e da morte, bem</p><p>como traduzir o gosto e o sentimento da solidão. O aspecto novo deste lirismo não pode ser</p><p>buscado nos temas, todos eles muito explorados pela tradição literária. O novo está em, ao manter</p><p>a disciplina clássica do manejo e do domínio da linguagem e ao assimilar as influências dos</p><p>românticos europeus, poetizar uma visão particular da realidade. A natureza, presente nos poemas</p><p>indianistas, na poesia de cunho reflexivo e também na produção lírica, é um exemplo de</p><p>sensibilidade que difere o estilo gonçalvino do de outros poetas românticos menores. Registro do</p><p>ambiente, ponto de partida para a reflexão, projeção de sentimentos, recurso imagético e,</p><p>principalmente, retratação de um mundo visível que leva a imaginação a criar e a refletir a respeito</p><p>de uma realidade oculta, inacessível aos sentidos, a natureza assume nos versos de Gonçalves</p><p>Dias um tom poético raramente encontrado no Romantismobrasileiro.</p><p>(...) É preciso notar ainda que, modelada nas canções, baladas, hinos, elegias, cantos, sátiras,</p><p>motes glosados e outras formas exploradas pelo poeta em toda sua obra, a linguagem gonçalvina</p><p>consegue conferir aos temas românticos um tom bem distante do lamento choroso e exagerado</p><p>dos poetas conhecidos como ultrarromânticos. Comedido no uso de adjetivos, cuidadoso no uso de</p><p>imagens, disciplinado na busca da expressão exata para a tradução de realidades exteriores e</p><p>interiores, Gonçalves Dias coloca em xeque a ideia de que os românticos eram movidos</p><p>unicamente pela inspiração. Seus textos revelam o aproveitamento da disciplina clássica, que ele</p><p>não chegou a abandonar inteiramente, somada a uma concepção romântica do mundo; dois pólos</p><p>perfeitamente combinados por um tratamento hábil e personificado da linguagem.</p><p>Se alguns leitores insistem em ver nesse maranhense apenas o idealizado de um paraíso cheio de</p><p>palmeiras, amores frustrados e índios meios-irmãos de Tarzan, é porque não prestaram muita</p><p>atençãoà magia que atravessa o tempo e permanece instaladaem algunsde seus poemas.”</p><p>CRÉDITOS: este modelo de apresentação foi criado pelo Slidesgo, e</p><p>inclui ícones da Flaticon e infográficos e imagens da Freepik</p><p>Obrigado!</p><p>http://bit.ly/2Tynxth</p><p>http://bit.ly/2TyoMsr</p><p>http://bit.ly/2TtBDfr</p><p>Slide 1: Primeiros Cantos (Gonçalves Dias)</p><p>Slide 2: — Gonçalves Dias</p><p>Slide 3: Vida e obra do autor:</p><p>Slide 4: Vida e obra do autor:</p><p>Slide 5: Vida e obra do autor:</p><p>Slide 6: Obras do Autor:</p><p>Slide 7: Principais Obras</p><p>Slide 8</p><p>Slide 9: Contexto histórico Brasil</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11: Romantismo Brasil Poesia</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13: Indianismo Romantismo</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15</p><p>Slide 16</p><p>Slide 17</p><p>Slide 18: Romantismo 1ª Geração/Poesia</p><p>Slide 19</p><p>Slide 20: Primeiros Cantos Análise</p><p>Slide 21</p><p>Slide 22</p><p>Slide 23</p><p>Slide 24</p><p>Slide 25</p><p>Slide 26</p><p>Slide 27</p><p>Slide 28</p><p>Slide 29</p><p>Slide 30</p><p>Slide 31</p><p>Slide 32</p><p>Slide 33</p><p>Slide 34</p><p>Slide 35</p><p>Slide 36</p><p>Slide 37</p><p>Slide 38: Primeiros Cantos Estrutura</p><p>Slide 39</p><p>Slide 40</p><p>Slide 41</p><p>Slide 42</p><p>Slide 43</p><p>Slide 44</p><p>Slide 45</p><p>Slide 46</p><p>Slide 47</p><p>Slide 48</p><p>Slide 49</p><p>Slide 50</p><p>Slide 51</p><p>Slide 52</p><p>Slide 53: Conclusões</p><p>Slide 54</p><p>Slide 55</p><p>Slide 56</p>

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