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<p>1</p><p>SAÚDE PÚBLICA</p><p>1</p><p>NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2</p><p>1. Introdução ........................................................................................................... 3</p><p>2. Políticas públicas ............................................................................................... 3</p><p>o O ciclo das políticas públicas ........................................................................................... 6</p><p> Identificação do problema: .......................................................................................... 7</p><p> Formação da agenda .................................................................................................... 7</p><p> Formulação das alternativas e tomada de decisão ..................................................... 8</p><p> Implementação ............................................................................................................ 8</p><p> Avaliação ...................................................................................................................... 9</p><p>3. Políticas públicas em saúde .............................................................................. 9</p><p>o Programas para políticas públicas de saúde ................................................................. 13</p><p> Atividade .................................................................................................................... 14</p><p> Projeto........................................................................................................................ 14</p><p> Operação Especial ...................................................................................................... 15</p><p>o Objetivos das políticas públicas em saúde .................................................................... 16</p><p>o Funções essenciais da saúde pública ............................................................................ 17</p><p>4. O Sistema Único de Saúde (SUS) .................................................................... 18</p><p>o Diretrizes do SUS ........................................................................................................... 19</p><p>5. Planejamento do financiamento em saúde no Brasil .................................... 23</p><p>6. Referências ....................................................................................................... 27</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,</p><p>em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-</p><p>Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo</p><p>serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação</p><p>no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.</p><p>Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que</p><p>constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de</p><p>publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultu-ra, de</p><p>forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma</p><p>base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecno-lógica, excelência no</p><p>atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma</p><p>das instituições modelo no país na oferta de cur-sos de qualidade.</p><p>3</p><p>1. Introdução</p><p>A saúde pública consiste em um conjunto de ações e serviços de caráter sanitário que</p><p>tenham como objetivo prevenir ou combater patologias ou quaisquer outros cenários</p><p>que coloquem em risco a saúde da população. Como é dever do estado assegurar</p><p>serviços e políticas voltadas para a promoção da saúde e bem-estar da população,</p><p>além do termo saúde pública podemos usar o termo saúde coletiva.</p><p>Veremos ao longo desse caderno, um pouco de conceitos para políticas públicas, a</p><p>divisão “político-administrativa” do sistema de saúde pública no Brasil, seus níveis de</p><p>assistência e a descentralização; analisando as perspectivas da política de saúde</p><p>brasileira.</p><p>Esse arcabouço teórico se faz mister para compreendermos as políticas públicas</p><p>especificas para o segmento da pessoa idosa que tem crescido sobremaneira não só</p><p>a nível nacional, mas mundial.</p><p>2. Políticas públicas</p><p>4</p><p>Em apartada síntese vamos falar um pouco sobre as origens das políticas públicas</p><p>para então, compreendermos a importância destas para a área da saúde.</p><p>Tomando como ponto de partida as Ciências Políticas, o termo “políticas públicas”</p><p>remete a um conceito recente e ao mesmo tempo amplo. A partir da segunda metade</p><p>do século XX a produção acadêmica norte-americana e europeia se debruçou sobre</p><p>estudos que tinham por objetivo analisar e explicar o papel do Estado, uma vez que</p><p>suas instituições administrativas impactam e regulam diversos aspectos da vida em</p><p>sociedade. Nesse sentido podemos inferir que as políticas públicas estão diretamente</p><p>associadas às questões políticas e governamentais que mediam a relação entre</p><p>Estado e sociedade.</p><p>Na área governamental, propriamente dito, a introdução da política pública como</p><p>ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da</p><p>tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências.</p><p>Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a criação, em</p><p>1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada por recursos</p><p>públicos e considerada a precursora dos think tanks.</p><p>O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema,</p><p>engenheiros, sociólogos, entre outros, influenciados pela teoria dos jogos de Neuman,</p><p>buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um jogo racional. A</p><p>proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e às decisões do</p><p>5</p><p>governo sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção</p><p>governamental, inclusive para a política social (SOUZA, 2006).</p><p>As políticas públicas têm íntima relação com o estado de bem-estar social, que nada</p><p>mais é do que “buscar a qualidade de vida das pessoas”, ou seja, um estado que</p><p>reúne um conjunto de fatores que levam o sujeito a ter uma existência tranquila e viver</p><p>com satisfação.</p><p>No Estado de Bem-Estar, também chamado de Estado-providência (Welfare State) ou</p><p>ainda Estado Social, o Estado é forte: presta muitos serviços públicos, atua</p><p>combatendo a pobreza, e também subsidiando empresas (subsídios incluem construir</p><p>hidrelétricas, telecomunicações e petroleiras para melhorar o sistema). Nesta</p><p>orientação, o Estado de Bem-Estar intervém na economia e na sociedade com o fim</p><p>de estimular o desenvolvimento e proporcionar, com mecanismos reguladores e de</p><p>seguridade social, condições de vida mínimas à grande maioria da população (CRUZ,</p><p>2001).</p><p>O surgimento do Estado de Bem-Estar social pressupôs a garantia de materializar</p><p>direitos como a vida, a saúde e a alimentação. A partir deste momento, o caráter</p><p>assistencial e de caridade começa a desaparecer e os benefícios começam a serem</p><p>percebidos como direitos da cidadania. Mas, neste período, estes direitos ainda eram</p><p>considerados como dádivas provenientes de um Estado bom (FREIRE Jr, 2005).</p><p>Batista et al. (2008) corroboram ao afirmarem que as políticas promovidas</p><p>pelos Estados de Bem-Estar Social no pós-guerra levaram a uma melhoria</p><p>considerável das condições de vida e de trabalho, contribuindo para o aumento</p><p>progressivo da expectativa de vida de suas populações.</p><p>De modo geral, as políticas públicas são atravessadas pelos campos da Economia,</p><p>Administração, do Direito e das Ciências Sociais. Elas</p><p>se traduzem em políticas</p><p>econômicas, políticas externas (relações exteriores), políticas administrativas e outras</p><p>tantas, sempre com referência nas ações do Estado.</p><p>Em se tratando das políticas públicas sociais, estas são as que mais se aproximam</p><p>da vida cotidiana, as quais estão comumente organizadas em políticas públicas</p><p>setoriais (como por exemplo, saúde, educação, saneamento básico, transporte,</p><p>segurança etc.).</p><p>6</p><p>As políticas públicas são “programas de ação governamental visando a coordenar os</p><p>meios à disposição do estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos</p><p>relevantes e politicamente determinados” (BUCCI, 2002, p. 241).</p><p>“Políticas públicas são os meios necessários para a efetivação dos direitos</p><p>fundamentais, uma vez que pouco vale o mero reconhecimento formal de direitos se</p><p>ele não vem acompanhado de instrumentos para efetivá-los” (FREIRE JR., 2005, p.</p><p>48).</p><p>Anote aí!</p><p>As políticas públicas não devem ser consideradas como a solidariedade ou dádivas</p><p>de um estado bom em prol do bem-estar de toda população, por meio de um discurso</p><p>caridoso e evasivo. Estas políticas não podem ser estruturadas apenas como meios</p><p>de promoção política e discurso eleitoreiro. Devem ser formuladas e implementadas</p><p>segundo as necessidades reais da população!</p><p>Definições simples para políticas públicas:</p><p>Lynn (1980): conjunto de ações do governo.</p><p>Dye (1984): qualquer coisa que o governo opte por fazer ou por não fazer.</p><p>Peters (1986): soma de todas as atividades desenvolvidas por um governo, direta ou</p><p>indiretamente (PASSADOR, 2018).</p><p>o O ciclo das políticas públicas</p><p>Que há uma demanda gigantesca por diversas políticas públicas que solucionem a</p><p>grande cesta de problemas sociais, é fato. Por outro lado, sabemos que os recursos</p><p>não são infinitos. Desse modo, a gestão das políticas públicas depende fortemente,</p><p>entre outras coisas, da capacidade técnica dos(as) servidores(as) públicos(as) e do</p><p>orçamento público.</p><p>Pois bem, fazendo um gancho com a última anotação acima, compreender o que são</p><p>políticas públicas também implica no entendimento do processo de elaboração e</p><p>execução das mesmas. De forma didática, é possível compreender o desenvolvimento</p><p>7</p><p>das políticas públicas por meio do que chamamos “Ciclo de políticas públicas” – um</p><p>esquema de visualização que organiza as fases envolvidas nesse processo.</p><p>Figura 1 – Ciclo das Políticas Públicas</p><p> Identificação do problema:</p><p>Podemos entender problema como a discrepância entre o status quo e uma situação</p><p>ideal.</p><p>Por sua vez, um problema político seria a diferença entre o que se gostaria que fosse</p><p>e o que é a realidade pública.</p><p>Assim, do olhar técnico-administrativo da gestão pública em conjunção com as</p><p>demandas sociais que os problemas são identificados.</p><p> Formação da agenda</p><p>Nessa etapa forma-se uma agenda de itens que precisam ser trabalhados com</p><p>urgência e prioridade pelo governo;</p><p>8</p><p>Agenda é um conjunto de assuntos sobre os quais o governo e pessoas ligadas a ele</p><p>concentram sua atenção num determinado momento (KINGDOM, 2003 apud</p><p>PASSADOR, 2018).</p><p>A agenda por ser formal, política ou mesmo da mídia.</p><p>Agenda formal é uma agenda institucional, que elenca problemas que o governo</p><p>decidiu enfrentar.</p><p>Na agenda política teremos os problemas considerados relevantes pela comunidade</p><p>política.</p><p>A agenda da mídia agrega a agenda dos meios de comunicação ou sofre influência</p><p>das duas citadas acima.</p><p> Formulação das alternativas e tomada de decisão</p><p>A formulação de alternativas é fundamental para que os gestores identifiquem</p><p>soluções possíveis.</p><p>Nesta etapa acontece a tomada a decisão de qual a solução mais viável.</p><p>Na formulação vamos elaborar os programas, métodos, estratégias ou ações que</p><p>alcançarão os objetivos estabelecidos.</p><p>Os objetivos de uma política pública, são os resultados esperados por políticos,</p><p>analistas (e outros atores) para uma política pública.</p><p> Implementação</p><p>Fase na qual são implementadas, ou seja, colocadas em prática as políticas</p><p>formuladas, sempre observando o planejamento e organização dos recursos humanos</p><p>e materiais utilizados para operacionalizar a política pública pensada.</p><p>9</p><p> Avaliação</p><p>É importantíssimo que haja avaliação e monitoramento constante por parte dos</p><p>gestores públicos e da sociedade civil. Só assim é possível observar se a política</p><p>pública em questão conseguiu ser eficiente, eficaz e efetiva em relação ao problema</p><p>identificado.</p><p>Anote aí!</p><p>O ciclo das políticas é que um processo que leva em conta:</p><p>a) A participação de todos os atores públicos e privados na elaboração das</p><p>políticas públicas, ou seja, governantes, políticos, trabalhadores e empresas;</p><p>b) O poder que esses atores possuem e o que podem fazer com ele;</p><p>c) O momento atual do país no aspecto social (problemas, limitações e</p><p>oportunidades);</p><p>d) Organização de ideias e ações.</p><p>3. Políticas públicas em saúde</p><p>Desde a década de 1930, a questão social vem sendo uma bandeira levantada por</p><p>diversos setores da sociedade e por vários motivos. Naqueles tempos, principalmente</p><p>devido à necessidade da qualificação da força de trabalho e o desenvolvimento</p><p>econômico correspondentes ao processo de industrialização que se instaurava no</p><p>país.</p><p>As políticas sociais iniciadas a partir da década de 1930 destinaram-se então a permitir</p><p>alcançar, concomitantemente, os objetivos de regulação dos conflitos surgidos do</p><p>novo processo de desenvolvimento econômico e social do país e de legitimação</p><p>política do Governo. Para compreendermos como isso se tornou possível, faz-se</p><p>mister relacionarmos os novos serviços sociais realizados pelo poder público às</p><p>emergentes necessidades de reprodução e qualificação da força de trabalho nacional.</p><p>10</p><p>Vamos tomar como ponto de partida para analisar as políticas públicas direcionadas</p><p>para saúde, meados dos anos 50 do século XX quando os indicadores de saúde</p><p>começaram a registrar progressos e mesmo quando se iniciou o processo de</p><p>implementação. Assim, ao longo desses setenta anos, dentre outros elementos,</p><p>encontramos que a esperança de vida média do brasileiro aumentou</p><p>consideravelmente e a taxa de mortalidade infantil diminuiu quase quatro vezes, o que,</p><p>de acordo com Médici (2007), nos mostra mudanças consideráveis em termos de</p><p>promoção de saúde, entretanto, há que se ressaltar que infelizmente essas</p><p>constatações não querem dizer que todos participam ou se beneficiam dela.</p><p>Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), as linhas de atuação devem</p><p>proporcionar à população condições e requisitos necessários para melhorar e exercer</p><p>controle sobre sua saúde, envolvendo a paz, a educação, a moradia, o alimento, a</p><p>renda, um ecossistema estável, justiça social e equidade.</p><p>No entanto, como apontam Teixeira, Paim e VilasBôas (1998), o movimento de</p><p>promoção da saúde no país é indissociável do processo de reorientação das políticas</p><p>de saúde na década de 90 e de seus múltiplos desdobramentos institucionais e</p><p>políticos. As Normas Operacionais Básicas (NOBs), a partir de 1991, estruturaram e</p><p>aprofundaram o processo de descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS) e</p><p>reorientaram o modelo assistencial, favorecendo a ampliação do acesso aos serviços</p><p>de saúde, a participação da população e a melhoria do fluxo de recursos financeiros</p><p>destinados à saúde entre a união, estado e municípios.</p><p>A implementação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), do</p><p>Programa de Saúde da Família (PSF) e a criação da Agência Nacional de Vigilância</p><p>Sanitária (ANVISA) foram, igualmente, iniciativas que pavimentaram a trajetória da</p><p>promoção da saúde. Neste sentido, pode-se dizer que a Política de Promoção da</p><p>Saúde agregou aos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS),</p><p>propostas que reconhecem a necessidade de transformar o perfil de intervenção e</p><p>que aprofundam a análise da interdependência</p><p>entre problemas sociais e de saúde.</p><p>Nessa direção, as políticas de saúde pública assumem um papel de extrema</p><p>importância, enquanto estratégias governamentais, capazes de criar condições</p><p>sanitárias favoráveis, visando preservar a saúde dos membros de uma sociedade,</p><p>principalmente para os segmentos sociais menos favorecidos economicamente.</p><p>11</p><p>Segundo Lucchese (2004), nesse processo foram ainda intensamente valorizados o</p><p>potencial individual e comunitário para participar das escolhas e decisões públicas</p><p>sobre a política de saúde.</p><p>A municipalização da Saúde no Brasil, nosso ponto de chegada, é fruto de um longo</p><p>processo, surgindo na década de 1950, pautada pelas concepções do chamado</p><p>“sanitarismo desenvolvimentista”, mas que se desenvolveu somente na década de</p><p>1970, em cidade como Londrina (PR), Campinas (SP) e Niterói (RJ), com experiências</p><p>de formulação de políticas locais de saúde e de organização de redes municipais</p><p>baseadas nos princípios da atenção primária, divulgada pela Conferência de Alma</p><p>Ata/OMS e da medicina comunitária.</p><p>De âmbito nacional, a assistência médica previdenciária era a principal forma de</p><p>prestação de atenção à saúde, caracterizando-se pelo atendimento clínico individual,</p><p>com privilégio da atenção hospitalar e especializada, estando ausente qualquer</p><p>medida de saúde pública de promoção da saúde ou prevenção de doenças, que por</p><p>sua vez, eram executadas em serviços de saúde pública, organizados em estrutura</p><p>governamental diversa e com aporte financeiro extremamente reduzido.</p><p>Os serviços de saúde pública de responsabilidade do Ministério da Saúde e das</p><p>Secretarias Estaduais de Saúde, cuidavam basicamente das doenças infecciosas de</p><p>caráter endêmico e epidêmico, com alguma ênfase na educação em saúde. A</p><p>assistência médica nesses serviços era completamente subordinada ao enfoque</p><p>coletivo, sendo oferecida com o objetivo de controlar a incidência/prevalência das</p><p>doenças infecciosas, em detrimento da demanda espontânea por assistência médica</p><p>individual.</p><p>Devido às consequências do modelo econômico vigente na década de 70 e o</p><p>endividamento do país, mais precisamente após a segunda metade da década, o</p><p>modelo previdenciário brasileiro entrou numa aguda crise financeira, que foi o primeiro</p><p>passo para a descentralização.</p><p>Até a década de 1980, o sistema de saúde era centralizador e em 1987, inicia-se a</p><p>criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) - primeiro</p><p>movimento na direção da descentralização e hierarquização. Na Constituição Federal</p><p>de 1988 foram estabelecidos os princípios de universalização do direito à saúde e ao</p><p>atendimento médico gratuito como deveres do Estado.</p><p>12</p><p>O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela lei nº</p><p>8.080/90 que estabelece o conjunto de ações que devem ser seguidas por instituições</p><p>públicas, federais, estaduais e municipais, bem como a Conferência e o Conselho de</p><p>Saúde regulamentaram a participação da comunidade na gestão do SUS através da</p><p>Lei n. 8142.</p><p>De acordo com Brasil (2002), a nossa Constituição Federal (1988) estabeleceu em</p><p>seu artigo 196 que a saúde é “direito de todos e dever do Estado, garantido mediante</p><p>políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros</p><p>agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção,</p><p>proteção e recuperação”, o que vem ampliar o conceito de saúde firmado na</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos.</p><p>Essa ampliação é um resultado de vários fatores determinantes e condicionantes</p><p>como alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda,</p><p>educação, transporte, lazer, acesso a bens e serviços essenciais.</p><p>Por isso, as gestões municipais do SUS – em articulação com as demais esferas de</p><p>governo – devem desenvolver ações conjuntas com outros setores governamentais,</p><p>como meio ambiente, educação, urbanismo, entre outros, que possam contribuir,</p><p>direta ou indiretamente, para a promoção de melhores condições de vida e da saúde</p><p>para a população.</p><p>Embora já tenhamos discorrido sobre conceitos e definições para as Políticas Públicas,</p><p>é importante frisar que são as decisões de um governo em diversas áreas que</p><p>influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. São os atos que o governo faz ou</p><p>deixa de fazer e os efeitos que tais ações ou a ausência destas provocam na</p><p>sociedade.</p><p>Enfim, políticas públicas são diretrizes tomadas que visam a resolução de problemas</p><p>ligados à sociedade como um todo, englobando saúde, educação, segurança e tudo</p><p>mais que se refere ao bem-estar do povo.</p><p>Ao contrário de uma decisão política, uma política pública envolve muito mais que uma</p><p>vontade ou uma decisão, propriamente dita. Ela requer diversas ações</p><p>estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas. Portanto, é</p><p>13</p><p>necessário que sejam expressas, manifestas e se traduzam em recursos no</p><p>Orçamento. Só a intenção não é suficiente, é preciso vinculá-las aos recursos.</p><p>Em termos de saúde, é o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos</p><p>e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e</p><p>indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. Consiste de um conjunto</p><p>normativo, institucional e técnico que materializa a grande política de saúde</p><p>desenhada para o país a partir da Constituição de 1988.</p><p>Embora integrando o campo das ações sociais, orientadas para melhoria das</p><p>condições de saúde da população e dos ambientes naturais, social e do trabalho,</p><p>especificamente em relação a política pública para saúde, podemos dizer que ela</p><p>organiza as funções públicas governamentais, através da promoção, proteção e</p><p>recuperação da saúde dos cidadãos e da coletividade.</p><p>De acordo com Lucchese (2004), as políticas públicas no Brasil se orientam pelos</p><p>princípios da universalidade e equidade no acesso às ações e serviços e pelas</p><p>diretrizes de descentralização da gestão, de integralidade do atendimento e de</p><p>participação da comunidade, na organização de um sistema único de saúde no</p><p>território nacional.</p><p>Uma vez que elas se materializam através de ações concretas envolvendo sujeitos e</p><p>atividades institucionais, em determinado contexto e condicionando resultados, elas</p><p>precisam de acompanhamento e avaliação permanentes.</p><p>Eis que chegamos aos programas!</p><p>o Programas para políticas públicas de saúde</p><p>As políticas públicas acontecem através dos programas, definido no glossário</p><p>temático referente ao sistema de Planejamento, Monitoramento e Avaliação das</p><p>Ações em Saúde, lançado pelo Ministério da Saúde em 2006, como:</p><p>Instrumento de organização da ação governamental com vistas ao</p><p>enfrentamento de um problema e à concretização dos objetivos pretendidos,</p><p>14</p><p>sendo mensurado por indicadores. Nota: articula um conjunto coerente de</p><p>ações (orçamentárias e não-orçamentárias), necessárias e suficientes para</p><p>enfrentar o problema, de modo a superar ou evitar as causas identificadas,</p><p>como também aproveitar as oportunidades existentes. Resumidamente, são</p><p>ações permanentes para atingir objetivos precisos.</p><p>O programa:</p><p>a) Representa o elo de ligação e integração entre o planejamento e o orçamento</p><p>público (funções/ subfunções do planejamento x programas do orçamento)</p><p>(PISCITELLI et al, 2004).</p><p>b) Articula um conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum</p><p>preestabelecido, mensurado por indicadores estabelecidos no Plano Plurianual</p><p>(PPA), visando à solução de um problema ou o atendimento de uma</p><p>necessidade ou demanda da sociedade.</p><p>Os programas são compostos por atividades, projetos e uma nova categoria de</p><p>programação denominada operações especiais.</p><p> Atividade</p><p>Atividade é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,</p><p>envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e</p><p>permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção</p><p>da ação de</p><p>governo.</p><p> Projeto</p><p>Projeto é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,</p><p>envolvendo um conjunto de operações que se realizam num período limitado de tempo,</p><p>das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da</p><p>ação de governo.</p><p>15</p><p> Operação Especial</p><p>Operação Especial são ações que não contribuem para a manutenção das ações de</p><p>governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a</p><p>forma de bens ou serviços. Representam, basicamente, o detalhamento da função</p><p>“Encargos Especiais”. Porém, um grupo importante de ações com a natureza de</p><p>operações especiais quando associadas a programas finalísticos podem apresentar</p><p>produtos associados.</p><p>De acordo com Piscitelli et al (2004), toda a ação finalística do Governo Federal deverá</p><p>ser estruturada em programas, orientados para consecução dos objetivos estratégicos</p><p>definidos para o período no PPA. A ação finalística é a que proporciona bem ou serviço</p><p>para atendimento direto às demandas da sociedade.</p><p>São 3 (três) os tipos de programas previstos:</p><p> Programas Finalísticos: são programas que resultam em bens e serviços</p><p>ofertados diretamente à sociedade. O indicador quantifica a situação que o</p><p>programa tenha por fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações</p><p>sobre o público alvo;</p><p> Programas de Gestão de Políticas Públicas: os Programas de Gestão de</p><p>Políticas Públicas abrangem as ações de gestão de Governo e serão</p><p>compostos de atividades de planejamento, orçamento, controle interno,</p><p>sistemas de informação e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação,</p><p>supervisão, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades deverão</p><p>assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial;</p><p> Programas de Serviços ao Estado: Programas de Serviços ao Estado são os</p><p>que resultam em bens e serviços ofertados diretamente ao Estado, por</p><p>instituições criadas para esse fim específico. Seus atributos básicos são</p><p>denominação, objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e</p><p>unidade responsável pelo programa.</p><p>Uma vez que temos os conceitos relativos a políticas públicas e programas, vamos</p><p>para os objetivos primordiais das políticas públicas voltadas para a saúde.</p><p>16</p><p>o Objetivos das políticas públicas em saúde</p><p>Evidentemente que os objetivos e atribuições das políticas públicas em saúde se</p><p>concentram no Sistema Único de Saúde (SUS). São eles:</p><p>a) Identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes da saúde;</p><p>b) Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção,</p><p>proteção e recuperação da saúde com a realização integrada das ações</p><p>assistenciais e das atividades preventivas;</p><p>c) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica;</p><p>d) Executar ações visando a saúde do trabalhador;</p><p>e) Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento</p><p>básico;</p><p>f) Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde;</p><p>g) Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar;</p><p>h) Participar das ações direcionadas ao meio ambiente;</p><p>i) Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos, imunobiológicos</p><p>e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;</p><p>j) Controlar e fiscalizar os serviços, produtos e substâncias de interesse para a</p><p>saúde;</p><p>k) Fiscalizar e inspecionar alimentos, água e bebidas para consumo humano;</p><p>l) Participar no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e</p><p>radioativos;</p><p>m) Incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde;</p><p>n) Formular e executar a política de sangue e de seus derivados (POLIGNANO,</p><p>2008).</p><p>17</p><p>o Funções essenciais da saúde pública</p><p>São funções essenciais da saúde pública</p><p>a) Prevenção e controle de doenças, elaborando estratégias de vacinação;</p><p>b) Vigilância epidemiológica sobre grupos e fatores de riscos;</p><p>c) Monitoramento de situação de saúde;</p><p>d) Avaliação de eficácia/efetividade de serviços de saúde;</p><p>e) Regulação e fiscalização estabelecendo padrões de qualidade;</p><p>f) Planejamento;</p><p>g) Pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e por fim;</p><p>h) Desenvolvimento de recursos humanos – capacitando epidemiologistas de</p><p>campo (LUCCHESE, 2004).</p><p>O objetivo é fazer cumprir os preceitos constitucionais que estão no artigo 196</p><p>(BARROS; PIOLA; VIANNA, 1996).</p><p>18</p><p>4. O Sistema Único de Saúde (SUS)</p><p>O Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser considerado uma das maiores conquistas</p><p>sociais consagradas na Constituição Federal de 1988. O SUS nasceu por meio da</p><p>pressão dos movimentos sociais que entenderam que a saúde é um direito de todos.</p><p>O SUS é uma conquista da sociedade brasileira e foi criado com o firme propósito de</p><p>promover a justiça social e superar as desigualdades na assistência à saúde da</p><p>população, tornando obrigatório e gratuito o atendimento a todos os indivíduos.</p><p>Abrange do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos e é o único</p><p>a garantir acesso integral, universal e igualitário.</p><p>As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou</p><p>conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de</p><p>acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo</p><p>ainda aos seguintes princípios:</p><p>I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;</p><p>II - Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das</p><p>ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada</p><p>caso em todos os níveis de complexidade do sistema;</p><p>III - Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e</p><p>moral;</p><p>IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer</p><p>espécie;</p><p>V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;</p><p>VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua</p><p>utilização pelo usuário;</p><p>VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação</p><p>de recursos e a orientação programática;</p><p>VIII - Participação da comunidade;</p><p>19</p><p>IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de</p><p>governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b)</p><p>regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;</p><p>X - Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento</p><p>básico;</p><p>XI - Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União,</p><p>dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de</p><p>assistência à saúde da população;</p><p>XII - Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;</p><p>XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para</p><p>fins idênticos;</p><p>XIV – organização de atendimento público específico e especializado para mulheres</p><p>e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento,</p><p>acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade</p><p>com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013 (Redação dada pela Lei nº 13.427, de</p><p>2017).</p><p>As diretrizes do SUS são, portanto, o conjunto de recomendações técnicas e</p><p>organizacionais voltadas para problemas específicos, produzidas pelo Ministério da</p><p>Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber na área de atuação,</p><p>de abrangência nacional, e que funcionam como orientadores da configuração geral</p><p>do sistema em todo o território nacional, respeitadas as especificidades de cada</p><p>unidade federativa e de cada município.</p><p>o Diretrizes do SUS</p><p>Entre as principais diretrizes, podemos lembrar:</p><p> Diretrizes para a Atenção Psicossocial: Portaria MS/GM n. 678, de 30/3/2006.</p><p> Diretrizes nacionais para o</p><p>saneamento básico: Lei n. 11.445, de 05/01/2007.</p><p> Diretrizes Nacionais para a Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas</p><p>(instituídas pela Portaria MS/SAS n. 400, de 16/11/2009).</p><p>20</p><p> Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, 2004.</p><p> Diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde</p><p>pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Portaria n. 3.252/2009.</p><p> Diretrizes para a Programação Pactuada e Integrada da Assistência à Saúde.</p><p> Diretrizes para a Implantação de Complexos Reguladores.</p><p> Diretrizes para a implementação do Programa de Formação de Profissionais</p><p>de Nível Médio para a Saúde (PROFAPS). Portaria n. 3.189/2009.</p><p> Diretrizes para Implementação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas,</p><p>2006.</p><p> Diretrizes para o controle da sífilis congênita: manual de bolso, 2006.</p><p> Diretrizes para o fortalecimento para as ações de adesão ao tratamento para</p><p>as pessoas que vivem com HIV e AIDS.</p><p> Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da Hanseníase (Portaria MS/GM</p><p>n. 3.125, de 07/10/10).</p><p> Estratégia Nacional de Avaliação, Monitoramento, Supervisão e Apoio Técnico</p><p>aos Centros de Atenção Psicossocial.</p><p> Pacto Nacional: Um mundo pela criança e o adolescente do semiárido, 2005.</p><p> Pacto Nacional pela Redução Mortalidade Materna e Neonatal, 2007.</p><p> Lei n. 11.445, de 05/01/2007. Estabelece diretrizes nacionais para o</p><p>saneamento básico.</p><p>As diretrizes apontadas como exemplo, apesar de parecerem uma coisa técnica</p><p>demais, acabam tendo bastante influência no modo como os sistemas municipais de</p><p>saúde são organizados, até mesmo porque, de uma maneira geral, elas são</p><p>acompanhadas de recursos financeiros para a sua execução. O SUS é a expressão</p><p>mais acabada do esforço do nosso país de garantir o acesso universal de seus</p><p>cidadãos aos cuidados em saúde que necessitam para ter uma vida mais longa,</p><p>produtiva e feliz.</p><p>21</p><p>Embora saibamos que os bons indicadores de saúde dependem de um conjunto de</p><p>políticas econômicas e sociais mais amplas (emprego, moradia, saneamento, boa</p><p>alimentação, educação, segurança etc.), é inquestionável a importância de uma</p><p>política de saúde que, para além da universalidade, garanta a equidade, a</p><p>integralidade e a qualidade do cuidado em saúde prestado aos seus cidadãos. Todos</p><p>os investimentos e esforços visando à implantação da Estratégia Saúde da Família</p><p>(ESF) do nosso país só podem ser entendidos no contexto da consolidação do SUS</p><p>e da extensão dos seus benefícios para milhões de brasileiros (REIS; ARAÚJO;</p><p>CECÍLIO, 2012).</p><p>Anote aí!</p><p>Os sistemas de saúde talvez sejam, dentre os sistemas sociais, os de maior</p><p>complexidade relativa, devido à necessidade de operar em meio a uma multiplicidade</p><p>de objetivos, entre os quais: a equidade, a eficiência, a eficácia, a qualidade da</p><p>assistência e a satisfação do usuário.</p><p> A equidade, visando à redução das desigualdades nas condições de saúde e</p><p>de acesso a serviços dos diferentes grupos populacionais;</p><p> A eficácia expressa na capacidade dos sistemas de saúde para atingir seus</p><p>objetivos, seja em produtos ou resultados;</p><p> A eficiência significando a relação favorável entre os resultados obtidos e os</p><p>recursos alocados;</p><p> A qualidade como o recebimento pelo usuário de atenção oportuna, eficaz,</p><p>segura e em condições materiais e éticas adequadas; e, por fim,</p><p> A satisfação, traduzida na percepção dos usuários de como os serviços</p><p>atendem às suas demandas e o grau em que acolhem sua participação efetiva</p><p>no controle público/social (MENDES, 1998).</p><p>Os serviços de saúde possuem três funções básicas:</p><p>1. cuidar da doença;</p><p>22</p><p>2. prevenir a doença;</p><p>3. promover a saúde, através da fiscalização de ambientes propícios ao</p><p>surgimento de doenças e das mais diversas campanhas de conscientização da</p><p>população.</p><p>Quanto a atenção básica, esta caracteriza-se por:</p><p>Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a</p><p>promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento,</p><p>a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de</p><p>práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob forma de trabalho</p><p>em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume</p><p>a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em</p><p>que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa</p><p>densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e</p><p>relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de</p><p>saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da</p><p>coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da</p><p>responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL,</p><p>2007).</p><p>A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na</p><p>integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a</p><p>prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que</p><p>possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2007).</p><p>Como gestores dos sistemas locais de saúde, os municípios e o Distrito Federal, são</p><p>os responsáveis pelo cumprimento dos princípios da Atenção Básica, pela</p><p>organização e execução das ações em seus territórios.</p><p>23</p><p>5. Planejamento do financiamento em saúde no Brasil</p><p>O financiamento das ações e serviços de saúde é responsabilidade das três esferas</p><p>de governo.</p><p>Nas esferas estaduais e municipais, além dos recursos orçamentários do próprio</p><p>tesouro, há os recursos que são transferidos pela União. O conjunto de recursos,</p><p>portanto, inclui, além dos que provêm do orçamento de cada instância, os que provêm</p><p>de contribuições sociais; que devem ser identificados nos fundos de saúde para a</p><p>execução das ações previstas em vários instrumentos de planejamento.</p><p>O novo modelo de financiamento da Atenção Primaria à Saúde (APS) no âmbito do</p><p>Sistema Único de Saúde apresentado na Portaria no. 2.979 de 12 de novembro de</p><p>2019 e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), altera a lógica de</p><p>financiamento da APS no Brasil. Entre as principais alterações está a extinção do Piso</p><p>da Atenção Básica (PAB fixo e variável) e a adoção da captação ponderada, como</p><p>critério para a focalização do repasse dos recursos para custeio das equipes da</p><p>Estratégia Saúde da Família (ESF) e equipes multiprofissionais em saúde.</p><p>Outra alteração advinda da portaria é a revogação das equipes do Núcleo Ampliado</p><p>de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), que poderá ocasionar a</p><p>desmobilização dessas equipes no território nacional, visto os diferentes</p><p>entendimentos dos gestores municipais sobre o assunto.</p><p>O novo modelo contempla o financiamento da Atenção Primária em quatro dimensões:</p><p>Captação Ponderada, Desempenho, Programas (Incentivo) e Provimentos.</p><p>Considerando que a APS deve ser a ordenadora de um modelo de atenção à saúde</p><p>inter e multiprofissional, comunitária, territorial, com ênfase na participação social,</p><p>tanto para o planejamento, quanto para a implementação das ações; no novo modelo,</p><p>a proposta restringe a APS a serviços biomédicos e limita o conceito de integralidade</p><p>a uma lista de serviços.</p><p>A “Carteira de Serviços da Atenção Primaria à Saúde Brasileira” privilegia o cuidado</p><p>fundamentado em um modelo de consultas individuais para a resolução de problemas</p><p>vinculados a algumas doenças, desviando-se da centralidade do cuidado de base</p><p>24</p><p>territorial, coletivo e interprofissional. Nas equipes que compõem a APS, a proposta</p><p>ministerial exclui o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) ao não citá-</p><p>los na Carteira, mencionando somente as categorias profissionais médicas, de</p><p>enfermagem e de odontologia. Além disso, não faz referência aos demais profissionais</p><p>que poderiam integrar as equipes a partir do matriciamento, assim como não</p><p>contempla a valorização de ações que fomentem a integração entre a Vigilância em</p><p>Saúde e a APS.</p><p>O Ministério da Saúde regulamentou um modelo alternativo chamado Equipe de</p><p>Atenção Primária (EAP), composta apenas por médico e enfermeiro. A Portaria 2.979</p><p>revoga todas as portarias referentes aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)</p><p>e, portanto, acaba com a indução do Governo Federal para o trabalho multiprofissional</p><p>na APS. Além disso, o estímulo à residência contempla apenas a medicina,</p><p>enfermagem e odontologia.</p><p>A partir de 2020, o cálculo para definição dos recursos financeiros para incentivo para</p><p>ações estratégicas deverá considerar:</p><p>I – as especificidades e prioridades em saúde;</p><p>II – os aspectos estruturais das equipes; e</p><p>III – a produção em ações estratégicas em saúde.</p><p>Para conhecimento geral, porém de forma sintética, sobre os instrumentos de</p><p>planejamento do financiamento, vejamos o quadro a seguir:</p><p>Instrumentos de planejamento do financiamento em saúde</p><p>25</p><p>FONTE: (CONASS, 2011, p. 99).</p><p>Ainda sobre financiamento no SUS, Albuquerque (2015) destacar a Lei Complementar</p><p>nº 141/2012, que:</p><p>Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores</p><p>mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e</p><p>Municípios em ações e serviços públicos de saúde; [..] revoga dispositivos das Leis nº</p><p>8.080/1990 e a 8.689/1993; e dá outras providências.</p><p>A Lei nº 141/2012 está dividida em cinco capítulos, assim denominados: 1.</p><p>Disposições preliminares 2. Das ações e serviços públicos de saúde 3. Da aplicação</p><p>de recursos em ações e serviços públicos de saúde 4. Da transparência, visibilidade,</p><p>fiscalização, avaliação e controle 5. Disposições finais e transitórias.</p><p>26</p><p>Cabe enfatizar que a Lei não define o percentual da arrecadação da União, que será</p><p>aplicado, anualmente, em saúde. Contudo, explicita, no Art. 6º, que os Estados e o</p><p>Distrito Federal aplicarão, anualmente, 12% (doze por cento) da arrecadação de</p><p>impostos em ações e serviços públicos de saúde. E no Art. 7º, que os municípios</p><p>aplicarão, anualmente, 15% (quinze por cento) da arrecadação de impostos em ações</p><p>e serviços públicos de saúde. A respectiva Lei não apresenta</p><p>incompatibilidades/incoerências com o Decreto nº 7.508/2011 (ALBUQUERQUE,</p><p>2015).</p><p>27</p><p>6. Referências</p><p>ALBUQUERQUE, M. I. N. de. Uma revisão sobre as políticas públicas de saúde</p><p>no Brasil. Recife, 2015. Disponível em</p><p>https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/3333/1/2saud_socie_polit_public_saud</p><p>_2016.pdf</p><p>BARROS, M. E.; PIOLA, S. F; VIANNA, S. M. Política de Saúde no Brasil. Textos</p><p>para Discussão n.401 Brasília: fevereiro, 1996.</p><p>BATISTA, A. S. et al. Envelhecimento e dependência: desafios para a organização</p><p>da proteção social. Brasília: MPS/SPPS, 2008. (Coleção Previdência Social, v. 28).</p><p>BRASIL. Constituição Federal. 1988.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para</p><p>a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos</p><p>serviços correspondentes e dá outras providências.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Gestão Municipal de Saúde: leis, normas e portarias</p><p>atuais. Rio de Janeiro: Brasil, Ministério da Saúde, 2001.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Glossário temático: Sistema de Planejamento,</p><p>Monitoramento e Avaliação das Ações em Saúde (Sisplam). Brasília: Editora do</p><p>Ministério da Saúde, 2006 (Série A. Normas e Manuais Técnicos).</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de</p><p>Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. 4 ed. Brasília: Ministério da</p><p>Saúde, 2007. (Série E. Legislação de Saúde).</p><p>28</p><p>BUCCI, M. P. D. Direito administrativo e políticas públicas. São Paulo: Saraiva,</p><p>2002.</p><p>CRUZ, P. M. Política, Poder, ideologia e estado contemporâneo. Florianópolis: Ed.</p><p>Diploma Legal, 2001.</p><p>FREIRE JUNIOR, A. B. O controle judicial de políticas públicas. São Paulo: Revista</p><p>dos Tribunais, 2005.</p><p>LUCCHESE, P. Políticas Públicas em Saúde (2004). Disponível em:</p><p><http://www.ppge.ufrgs.br/ats/disciplinas/11/lucchese-2004.pdf></p><p>MÉDICI, A. C. Saúde, indicadores básicos e políticas governamentais (2007).</p><p>Disponível em:</p><p><http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/polsoc/saude/apresent/apresent.</p><p>htm</p><p>MENDES, E. V. A reengenharia do sistema de serviços de saúde no nível local:</p><p>a gestão da atenção à saúde. In: MENDES, E. V. (org.) A organização da saúde no</p><p>nível local. São Paulo, Hucitec, 1998.</p><p>PASSADOR, C. S. Ciclo de políticas públicas (2018). Disponível em:</p><p>https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4483751/mod_resource/content/1/Apresenta</p><p>%C3%A7%C3%A3o%20Pol%C3%ADticas%20P%C3%BAblicas_Palestra%20CIA%</p><p>20DO%20RISO.pdf</p><p>29</p><p>PISCITELLI, R. B. et al. Contabilidade Pública: uma abordagem da administração</p><p>financeira pública. São Paulo: Altas, 2004.</p><p>POLIGNANO, M. V. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena revisão.</p><p>Disponível em: <http://internatorural.medicina.ufmg.br/saude_no_brasil.rtf. 2008</p><p>REIS, D. O.; ARAÚJO, E. C. de; CECÍLIO, L. C. de O. Políticas Públicas de Saúde</p><p>no Brasil: SUS e pactos pela Saúde (2012). Disponível em:</p><p>https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidad</p><p>e_4.pdf</p><p>SOUZA, C. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre,</p><p>ano 8, nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45. Disponível em:</p><p>http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16</p><p>TEIXEIRA, C. F. PAIM, J. S, VILASBÔAS, A.L. SUS, modelos assistenciais e</p><p>vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do SUS, v.7, n.2, 1998.</p>