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<p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>URGENTE – RÉU PRESO URGENTE – RÉU PRESO</p><p>EXCELENTÍSSIMA DOUTORA MINISTRA DANIELA TEIXEIRA DO</p><p>SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Paciente condenado à 08 anos de reclusão por</p><p>tráfico de drogas. Fixação de regime inicial</p><p>semiaberto. Ilegalidade. Incompatibilidade da</p><p>manutenção da prisão preventiva com o</p><p>regime intermediário. Decisão</p><p>manifestamente contrária a jurisprudência</p><p>do STF e STJ. Precedentes.</p><p>DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA: HC 878354/PA (2023/0457903-2)</p><p>PROCESSO ORIGEM: 0807231-55.2023.8.14.0040</p><p>REIMON DE ANDRADE DO NASCIMENTO, advogado inscrito</p><p>na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pará, sob o n. 30274,</p><p>com escritório no endereço situado a Rua C nº 455-A, bairro</p><p>Cidade Nova, Parauapebas/PA, vem, respeitosamente, perante Vossa</p><p>Excelência, com fundamento nos artigos 5º, inciso LXVIII da</p><p>Constituição Federal e 647 e 648, incisos II e IV, do Código de</p><p>Processo Penal, impetrar o presente</p><p>HABEAS CORPUS</p><p>com pedido de liminar</p><p>Em favor do Paciente BRUNO DA SILVA BRITO, brasileiro, auxiliar</p><p>de serviços gerais, união estável, RG 0492810920136 SSP/MA, CPF</p><p>623.422.413-05, filiação KLEBER BRASILINO DE BRITO e CLAUDINEIA</p><p>APARECIDA DA SILVA NUNES, residente e domiciliado na Rua Rio</p><p>Pindaré QD 46 LT 11, bairro Popular II, Parauapebas/PA, CEP</p><p>68.515-000, em desfavor de Acórdão do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO</p><p>ESTADO DO PARÁ, diante de manifesto constrangimento ilegal,</p><p>aduzindo para tanto as questões de fato e de direito que passamos</p><p>a expor:</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>1. DA SÍNTESE DOS FATOS</p><p>O Paciente foi condenado pela prática do crime</p><p>previsto no artigo 33, caput, da Lei n.º 11.343/2006, à pena de</p><p>08 (oito) anos de reclusão, em regime inicial SEMIABERTO, sendo</p><p>vedado o apelo em liberdade (ANEXO I).</p><p>O Paciente se encontra preso cautelarmente desde o</p><p>dia 19.05.2023 – há mais de 10 meses – conforme mandado de prisão</p><p>cumprido ora anexado.</p><p>Ocorre que, na respeitável sentença proferida pelo</p><p>juízo de 1º grau, mesmo sendo fixado regime INICIAL SEMIABERTO,</p><p>foi-lhe negado o direito de recorrer em liberdade, cujo decisum,</p><p>além de se revelar despido de fundamentação idônea (artigo 387,</p><p>§1º c/c artigo 315, §2º do CPP), afrontou o entendimento</p><p>pacificado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>Interporto o Recurso de Apelação Perante o Tribunal</p><p>de origem, aguarda tramitação do feito.</p><p>E, por tais razões que se socorre a este SUPREMO</p><p>TRIBUNAL FEDERAL, para que a ilegalidade perpetrada seja sanada,</p><p>uma vez que o tema abordado está ancorado na jurisprudência</p><p>consolidada do STF, qual seja: a incompatibilidade da prisão</p><p>preventiva com a fixação de regime inicial semiaberto.</p><p>Impetrado Habeas Corpus perante o TRIBUNAL DE</p><p>JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ, foi concedido parcialmente a ordem,</p><p>para que fosse efetuada a adequação da segregação preventiva ao</p><p>regime prisional estabelecido na sentença. (ANEXO II)</p><p>É a síntese necessária dos fatos.</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>2. DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL</p><p>Extrai-se da respeitável sentença que, muito embora</p><p>tenha sido fixado o regime inicial semiaberto para cumprimento</p><p>da pena, houve o indeferimento do direito de recorrer em</p><p>liberdade ao Paciente, cuja fundamentação é MANIFESTAMENTE</p><p>CONTRÁRIA A JURISPRUDÊNCIA DO STF, revestindo-se de medida</p><p>legitimadora de cumprimento de pena antecipado, eis que</p><p>incompatível com o instituto da prisão preventiva.</p><p>Vejamos trecho da decisão (ANEXO I, pág 10):</p><p>Pois bem.</p><p>Eminentes Ministros,</p><p>Ambas as Turmas da Suprema Corte têm decidido que a</p><p>manutenção da prisão provisória é incompatível com a fixação do</p><p>regime de início de cumprimento de pena menos severo que o</p><p>fechado.</p><p>Nesse sentido, podemos citar os recentes julgados</p><p>sobre a temática:</p><p>a-) HC n.º 165.932 – Relator Ministro Edson Fachin, datado de</p><p>11 de dezembro de 2018;</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>b-) HC n.º 179.336 – Relator Ministro Gilmar Mendes, datado de</p><p>09 de dezembro de 2019;</p><p>c-) HC n.º 186.648 – Relatora Ministra Carmen Lúcia, datado de 08 de</p><p>junho de 2020;</p><p>d-) HC n.º 199.290 – Relator Ministro Dias Toffoli, datado de 22</p><p>de março de 2021;</p><p>e-) HC n.º 186.613 – Relator Ministro Alexandre de Moraes, datado</p><p>de 06 de junho de 2020;</p><p>f-) HC n.º 194.085 – Relatora Ministra Rosa Weber, datado de 10 de</p><p>dezembro de 2020;</p><p>Aliás, a fundamentação utilizada, demonstra</p><p>claramente falta de análise do caso em concreto, visto que apenas</p><p>menciona a gravidade abstrata do crime e tão somente cita que o</p><p>Paciente responde a processos criminais, sem que nenhum deles</p><p>esteja sentenciado e nem tampouco expressa qualquer explicação</p><p>do porquê as medidas cautelares diversas da Prisão demonstrarem-</p><p>se insuficientes, ou seja, trata-se de fundamentação genérica,</p><p>típico “copia e cola”.</p><p>Os fundamentos exarados pela magistrada “a quo”, não</p><p>se mostra bastante, em juízo de proporcionalidade, a motivar a</p><p>cautela pessoal extrema, sobretudo porque o crime em tese</p><p>praticado, é daqueles cometidos sem violência ou grave ameaça,</p><p>sendo suficiente a substituição da prisão preventiva pelas</p><p>cautelares do artigo 319 do CPP.</p><p>Muito embora o Acordão do Tribunal de Justiça do</p><p>Estado do Pará tenha concedido parcialmente a ordem para adequar</p><p>o Paciente para estabelecimento prisional compatível com o</p><p>determinado na sentença, entende a Defesa que está ausente tal</p><p>excepcionalidade no caso sob exame. O Juízo de origem, ao negar</p><p>o direito de recorrer em liberdade, deixou de apontar dados</p><p>concretos a respeito da indispensabilidade da manutenção da</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>preventiva ou, ainda, sobre a inviabilidade de imposição de</p><p>medida cautelar diversa. Pelo contrário, ante a primariedade e</p><p>o patamar da sanção aplicada, fixou o regime intermediário para</p><p>o início do cumprimento da pena. A despeito tenha utilizado a</p><p>quantidade e a natureza das drogas para aumentar a pena do</p><p>Paciente, não as adotou como parâmetros para agravamento do</p><p>regime.</p><p>Assim, além da quantidade da pena, da reincidência,</p><p>das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal</p><p>e da quantidade e natureza do entorpecente apreendido, conforme</p><p>previsão do art. 42 da Lei de Drogas, na fixação do regime</p><p>inicial de cumprimento, cabe ao julgador observar também as</p><p>especificidades da conduta delituosa, o que se coaduna com o</p><p>enunciado nº 719 da Súmula do STF: “a imposição do regime de</p><p>cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige</p><p>motivação idônea”.</p><p>Dessa forma, o regime prisional mais severo pode ser</p><p>adotado a partir da apreciação de “elementos concretos e</p><p>individualizados”, “condições subjetivas desfavoráveis”, diante</p><p>da necessidade de maior rigor da medida privativa de liberdade</p><p>do indivíduo.</p><p>Em raciocínio inverso, ou seja, ao deixar de escolher</p><p>o regime inicial fechado e, portanto, não o reputando adequado</p><p>diante das especificidades e dos contornos delitivos, como a</p><p>quantidade e natureza das drogas apreendidas, mesmo não</p><p>reconhecendo a neutralidade das circunstâncias judiciais na</p><p>dosimetria da pena, mas aplicando mesmo assim regime inicial</p><p>mais brando, não ficam demonstradas coerência e</p><p>proporcionalidade na manutenção da prisão preventiva.</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>Ora, quando o magistrado sentenciante deixa de</p><p>considerar os contornos do delito, aptos a respaldar regime de</p><p>cumprimento de pena mais gravoso, na aplicação da pena (escopo</p><p>principal do processo-crime), fazendo-o, apenas, no âmbito</p><p>cautelar (de natureza acessória, instrumental e provisória),</p><p>tem-se revelada situação de inversão dos propósitos das tutelas</p><p>satisfativa e cautelar.</p><p>Desta feita mostram-se mais adequadas, bem assim</p><p>suficientes, as medidas cautelares alternativas à prisão</p><p>elencadas no art. 319 do Código de Processo Penal, permitindo-</p><p>se que o paciente, submetido a restrições menos gravosas, aguarde</p><p>o julgamento da apelação interposta pela defesa.</p><p>Por fim, consigna-se que a tentativa de</p><p>compatibilizar a prisão preventiva ao regime de cumprimento da</p><p>pena imposta na condenação, além de não estar prevista em lei,</p><p>implicaria chancelar cumprimento antecipado da pena, em</p><p>desrespeito ao decidido pelo Plenário desta Corte nas ADCs nº</p><p>43/DF, nº 44/DF e nº 54/DF. Nessa linha, a Segunda Turma, no HC</p><p>nº 132.923/SC (Rel. Min. Teori Zavascki, j. 05/04/2016, p.</p><p>26/04/2016), assentou que “o aspecto cautelar próprio da</p><p>segregação provisória, do que decorre o enclausuramento pleno do</p><p>agente, não admite qualquer modulação para adequar-se a regime</p><p>inicial mais brando (semiaberto) definido em sentença</p><p>condenatória superveniente”, pois, do contrário, “essa</p><p>compreensão implicaria admitir-se verdadeira antecipação do</p><p>cumprimento da pena sem a definição da responsabilidade criminal</p><p>do acusado”.</p><p>Compactuando com esse entendimento, o eminente</p><p>Ministro Alexandre de Moraes salientou que “eventual manutenção</p><p>da prisão preventiva em regime semiaberto, além de carecer de</p><p>amparo legal, desvirtua o instituto da prisão preventiva, que,</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>como se sabe, pressupõe cerceamento pleno do direito de</p><p>locomoção. Tal situação acarreta a admissão de verdadeira</p><p>antecipação do cumprimento da pena sem a definição da</p><p>responsabilidade criminal do acusado” (HC nº 180.131/MS, Rel.</p><p>Min. Alexandre de Mores, j. 12/02/2020, p. 14/02/2020).</p><p>Dessa forma, diante da argumentação supra, temos que</p><p>o decisum combatido além de não ostentar fundamentação idônea,</p><p>está em descompasso com o pacífico entendimento adotado pela</p><p>mais alta Corte do País – o STF, bem como em dissonância com a</p><p>jurisprudência deste STJ, sendo a concessão da ordem (ainda que</p><p>de ofício) a medida de rigor.</p><p>4. DOS PRESSUPOSTOS DA MEDIDA LIMINAR – SEGURANÇA JURÍDICA –</p><p>ENTENDIMENTO PACIFICADO POR AMBAS AS TURMAS DO STF</p><p>A plausibilidade jurídica da concessão da liminar</p><p>encontra- se devidamente caracterizada na presente, uma vez que o</p><p>questionamento deste writ diz respeito a matéria EXCLUSIVAMENTE DE</p><p>DIREITO, bem como a ilegalidade pode ser constatada prima facie,</p><p>visto que a decisão combatida é manifestamente contrária a</p><p>jurisprudência do STF.</p><p>O fumus boni iuris foi devidamente demonstrado pelos</p><p>elementos fáticos e jurídicos trazidos à colação e a incidência</p><p>do periculum in mora reside no fato de se tratar da liberdade do</p><p>Paciente, preso desde 19.05.2023, há mais de 10 meses.</p><p>Requer-se, liminarmente, a concessão de liberdade</p><p>provisória cumulada de medidas cautelares diversas.</p><p>Rua C nª 455-A sala 202, Bairro Cidade Nova – CEP 68515-000 – PARAUAPEBAS/PA</p><p>Telefone/Whatsapp: (94) 98109-4872 // (94) 98116-6475</p><p>5. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS</p><p>Ante o exposto, pede-se a essa Augusta Corte, com a</p><p>juntada das cópias das principais peças dos autos, presentes o</p><p>fumus boni iuris e o periculum in mora, requer:</p><p>a-) com fulcro no artigo 926 do CPC c/c artigo 3º do</p><p>CPP, demonstrada a flagrante ilegalidade, a concessão da medida</p><p>liminar para conceder ao Paciente BRUNO DA SILVA BRITO o DIREITO</p><p>DE RECORRER EM LIBERDADE, em razão da incompatibilidade</p><p>da fixação do regime intermediário com a manutenção do decreto</p><p>cautelar, bem como pelos demais argumentos acima lançados acerca</p><p>da inexistência de fundamentação idônea, devendo-se ser expedido</p><p>em seu favor o competente ALVARÁ DE SOLTURA, bem como os ofícios</p><p>necessários;</p><p>b-) NO MÉRITO, após as informações prestadas, requer</p><p>seja definitivamente concedida a ordem, e confirmando-se a</p><p>liminar, por ser de direito;</p><p>Por fim, caso não seja conhecido o pedido de habeas corpus,</p><p>que então seja a ordem concedida de ofício, nos termos do artigo</p><p>192 do RISTF diante da demonstração da flagrante ilegalidade</p><p>(CRFB/88, art. 5º, LXVIII; CPP, art. 654, §2.º).</p><p>Termos em que,</p><p>Pede e espera deferimento.</p><p>Parauapebas/PA, 12/03/2024.</p><p>REIMON DE ANDRADE DO NASCIMENTO ALLAN GLAUBER ANCHIETA LEAL</p><p>OAB/PA 30274 OAB/PA 28596</p>