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<p>UNIDADE I</p><p>ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV –</p><p>FARMÁCIA</p><p>2</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de</p><p>qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou</p><p>qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,</p><p>por escrito, do Grupo Ser Educacional.</p><p>Edição, revisão e diagramação:</p><p>Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Barbosa, Irla Carla França</p><p>Estágio Supervisionado IV – Farmácia Digital: Unidade 1 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2023.</p><p>_______________________________________________________________________</p><p>Grupo Ser Educacional</p><p>Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro</p><p>CEP: 50100-160, Recife - PE</p><p>PABX: (81) 3413-4611</p><p>3</p><p>ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV – FARMÁCIA (DIGITAL)</p><p>UNIDADE 1 – FARMÁCIA HOSPITALAR</p><p>PARA INÍCIO DE CONVERSA</p><p>Olá, aluno (a)!</p><p>Você está agora ingressando em uma etapa fundamental rumo a sua caminhada</p><p>profissional, através de mais uma disciplina de Estágio Supervisionado. Dessa vez, você</p><p>irá mergulhar no mundo da Assistência Farmacêutica nos níveis básicos de atenção.</p><p>Nesta disciplina, iremos nos aprofundar em quatro importantes temas. São eles:</p><p>Farmácia Hospitalar, Unidade Básica de Saúde, Central de Abastecimento Farmacêutico</p><p>(CAF) e Vigilância Sanitária.</p><p>Preparado(a)?</p><p>Vamos começar!</p><p>ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA</p><p>Ao longo da disciplina, você conhecerá alguns conceitos relacionados a medicamentos</p><p>e materiais médico-hospitalares nos níveis de atenção citados anteriormente. Aqui,</p><p>você verá como é feito o armazenamento, o fracionamento, a distribuição desses</p><p>insumos, incluindo as legislações vigentes para cada um deles, e o imprescindível papel</p><p>do farmacêutico em cada uma das etapas. Além disso, também existe o farmacêutico</p><p>no âmbito da vigilância sanitária, onde este é responsável por garantir a qualidade e</p><p>segurança dos medicamentos, alimentos, cosméticos e produtos para saúde, além de</p><p>desenvolver e implementar políticas públicas relacionadas à saúde e segurança dos</p><p>consumidores.</p><p>PALAVRAS DO PROFESSOR</p><p>Querido (a) aluno (a), você está cada vez mais próximo de se tornar um profissional.</p><p>Além de pôr em prática todo o conteúdo teórico que você aprendeu ao longo do curso,</p><p>no Estágio Supervisionado IV, você irá se deparar com 4 ramos distintos de atuação do</p><p>farmacêutico.</p><p>4</p><p>No entanto, apesar de distintos, estes se correlacionam e remetem ao ciclo da assistência</p><p>farmacêutica, que envolve seleção, programação, aquisição, armazenamento e</p><p>distribuição de medicamentos. É importante que você utilize os guias de estudos e</p><p>aproveite seus conteúdos teóricos, de maneira a correlacionar com a prática vivida</p><p>durante o estágio.</p><p>Será um prazer contribuir com a prática profissional de todos!</p><p>Bons estudos!</p><p>HISTÓRICO DA FARMÁCIA HOSPITALAR</p><p>Para você, não deve ser novidade a versatilidade da profissão farmacêutica e as infinitas possibilidades</p><p>de atuação que esta permite. Mas, você sabe quão antiga é essa profissão? E como teve início a farmácia</p><p>hospitalar?</p><p>Na Idade Média, a farmácia era praticada em conjunto com a medicina tanto nas boticas quanto nos hortos</p><p>de plantas medicinais. Já no século XX, não mais passou-se a denominar-se botica, mas de farmácia, e</p><p>esta teve uma grande importância nos hospitais. Nestas circunstâncias, o farmacêutico era o responsável</p><p>pelo armazenamento e pela manipulação dos medicamentos (SÃO PAULO, 2019).</p><p>O primeiro registro de farmácia hospitalar aconteceu nos Estados Unidos, no ano de 1752. Na ocasião,</p><p>em um hospital da Pensilvânia, a primeira proposta de padronização de medicamentos foi apresentada.</p><p>Iremos ver mais adiante nesta unidade o conceito de padronização de medicamentos.</p><p>Apesar de hoje termos consciência da importância de um farmacêutico em estabelecimentos de saúde,</p><p>nem sempre foi assim. Com a revolução industrial, veio também a industrialização de medicamentos, o</p><p>que trouxe uma crise para a profissão. Naquele tempo, o farmacêutico foi “dispensado” porque acreditava-</p><p>se que não havia necessidade da sua presença para a manipulação de medicamentos, já que era então</p><p>possível comprá-los prontos.</p><p>Com o passar do tempo, o farmacêutico recuperou a relação médico-farmacêutico e farmacêutico-paciente,</p><p>passando a ser considerado um expert em medicamentos, além de ter iniciado o estabelecimento de</p><p>padrões para a prática farmacêutica.</p><p>A partir disso, surgiu a farmácia clínica, também nos Estados Unidos, vertente da farmácia hospitalar</p><p>que é voltada para o uso racional de medicamentos. Além do manejo com medicamentos, o farmacêutico</p><p>passou a desenvolver atividades clínicas direcionadas para o paciente.</p><p>No Brasil, os serviços de farmácia hospitalar iniciaram em 1950 nas Santas Casas de Misericórdia e nos</p><p>hospitais-escola. Nesse período, é importante destacar o nome do farmacêutico Dr. José Sylvio Cimino,</p><p>um dos alicerces da farmácia hospitalar no Brasil, que foi diretor do Serviço de Farmácia do Hospital das</p><p>Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O Dr. José Sylvio publicou a primeira</p><p>5</p><p>obra sobre farmácia hospitalar no país, intitulada “Iniciação à Farmácia Hospitalar”, em 1973 (SÃO</p><p>PAULO, 2019).</p><p>Também em 1973 foi criada a Lei nº 5.991, que determinou que toda farmácia (inclusive a farmácia</p><p>hospitalar) deve ter a presença de um farmacêutico responsável técnico (SÃO PAULO, 2019).</p><p>No ano de 1975, foi introduzida pela primeira vez no currículo do curso de farmácia a disciplina Farmácia</p><p>Hospitalar. Tal marco foi realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais, que se tornou a pioneira</p><p>de uma realidade para diversas faculdades.</p><p>Foi em 1979, no estado do Rio Grande do Norte, que foi criado o primeiro serviço de farmácia clínica no</p><p>Brasil no Hospital das Clínicas do Rio Grande do Norte (DANTAS, 2011).</p><p>A resolução 208, primeira lei a regulamentar a farmácia hospitalar no Brasil foi criada em 1990 pelo</p><p>Conselho Federal de Farmácia. Posteriormente, essa resolução foi revogada pela resolução 300, no ano</p><p>de 1997, que trouxe novas atualizações sobre o exercício.</p><p>Em 1995 foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, uma associação profissional sem</p><p>fins econômicos e lucrativos, que tem como finalidade a integração de farmacêuticos hospitalares e o</p><p>desenvolvimento da farmácia em serviços de saúde.</p><p>Mais à frente, em 2008 o Conselho Federal de Farmácia trouxe uma nova resolução, a 492, que regulamenta</p><p>o exercício do profissional farmacêutico em serviços de atendimento hospitalar e pré-hospitalar em</p><p>serviços públicos e privados.</p><p>VISITE A PÁGINA</p><p>Você pode conhecer mais sobre a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar</p><p>acessando o link abaixo. No site, você encontra a missão da SBRAFH e muitas outras</p><p>informações relacionadas à área de farmácia hospitalar.</p><p>www.sbrafh.org.br</p><p>FARMÁCIA HOSPITALAR NA PRÁTICA</p><p>Agora que você já viu um pouco da trajetória da farmácia hospitalar desde o seu surgimento, até os marcos</p><p>mais atuais, vamos ver como esse setor funciona na prática, para que você esteja mais familiarizado com</p><p>o ambiente de estágio.</p><p>Afinal, o que é farmácia hospitalar?</p><p>Segundo a definição do Conselho Federal de Farmácia, explicitado pelo Conselho Regional de Farmácia do</p><p>http://www.sbrafh.org.br</p><p>6</p><p>Estado de São Paulo, farmácia hospitalar é definida como:</p><p>unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada</p><p>hierarquicamente à direção do hospital ou serviço de saúde e integrada</p><p>funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao</p><p>paciente (SÃO PAULO, 2019).</p><p>Existem ainda outros conceitos oficiais documentados para farmácia hospitalar trazidos por</p><p>alguns autores distintos, e também em documentos oficiais, como a Organização Panamericana de Saúde.</p><p>Alguns destes conceitos afirmam que a farmácia hospitalar deve contar com um sistema de informações</p><p>sobre os medicamentos,</p><p>de tal maneira a garantir que o medicamento prescrito chegue ao paciente na</p><p>dose correta.</p><p>Mesmo sabendo que existem diferentes conceitos aceitos para a farmácia hospitalar, vamos</p><p>nos deter ao conceito trazido pelo CFF citado acima, o qual diz que a farmácia hospitalar “é uma unidade</p><p>clínica, administrativa e econômica”. Isto significa dizer que a farmácia é um local que necessita de altos</p><p>valores de orçamento para suprir suas demandas, e que o farmacêutico deve trabalhar de tal forma que</p><p>seja possível abastecer de maneira adequada ao passo que deva reduzir os custos.</p><p>Ao mesmo tempo, a farmácia hospitalar deve prestar assistência com qualidade ao paciente,</p><p>contribuindo no processo de cuidado à saúde através do uso racional de medicamentos. Dessa forma,</p><p>devemos lembrar que o ciclo da assistência farmacêutica é parte ativa e presente dentro da farmácia</p><p>hospitalar.</p><p>O ciclo da assistência farmacêutica é formado basicamente pelas seguintes etapas:</p><p>1- Seleção de medicamentos;</p><p>2- Programação;</p><p>3- Aquisição;</p><p>4- Distribuição;</p><p>5- Dispensação;</p><p>6- Acompanhamento de sua utilização.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Caso você não se recorde do ciclo da assistência farmacêutica, é importante relembrar,</p><p>pois é uma ferramenta imprescindível na farmácia hospitalar. O material a seguir trata-</p><p>se de um guia publicado pelo Ministério da Saúde sobre assistência farmacêutica.</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf.</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf</p><p>7</p><p>A primeira etapa do ciclo de assistência farmacêutica é a seleção, que consiste na escolha de</p><p>medicamentos eficazes e seguros, baseados na necessidade de determinada população e em critérios</p><p>técnicos e epidemiológicos (BRASIL, 2002).</p><p>E por que devemos selecionar os medicamentos?</p><p>Existe atualmente no mercado uma infinidade de produtos farmacêuticos em concentrações e formas</p><p>diferentes, fazendo com que haja um arsenal de medicamentos para a mesma indicação terapêutica.</p><p>Dessa forma, é necessário levar em conta os recursos financeiros existentes, sendo necessário estabelecer</p><p>prioridades, selecionando os medicamentos que atendam à real necessidade da população. Sendo assim,</p><p>em hospitais, é necessário que haja uma padronização de medicamentos.</p><p>A padronização consiste em uma lista ou relação de medicamentos básicos que devem fazer parte</p><p>do estoque de uma farmácia hospitalar, e que irão ser utilizados por todos os setores. É importante</p><p>salientar que a seleção de medicamentos deve ser baseada na eficácia e segurança destes, comprovadas</p><p>cientificamente.</p><p>Outro fator que deve ser levado em conta é que, diferentes hospitais podem ter diferentes padronizações, a</p><p>depender do perfil da população atendida por ele. Obviamente, existem classes de medicamentos básicos,</p><p>e que podem ser comuns em diferentes unidades, como analgésicos, anti-inflamatórios, antimicrobianos,</p><p>anticoagulantes, etc. Portanto, é fundamental que você conheça a padronização da unidade hospitalar do</p><p>estágio, e correlacione com o perfil de atendimento.</p><p>A primeira etapa do ciclo da AF é, talvez, a mais importante, pois as outras etapas dependem da seleção.</p><p>Mais adiante nesta unidade, veremos mais um pouco sobre as outras etapas do Ciclo da Assistência</p><p>Farmacêutica, e nas próximas unidades veremos mais detalhadamente.</p><p>COMPONENTES DA FARMÁCIA HOSPITALAR</p><p>No geral, o escopo da farmácia hospitalar é formado por alguns componentes. Cada componente tem</p><p>um papel fundamental no funcionamento desse setor. A imagem 1 é uma representação dos segmentos</p><p>ligados à farmácia hospitalar, e iremos ver a seguir como cada um desses componentes funciona.</p><p>1- GERENCIAMENTO: a gestão da farmácia hospitalar consiste basicamente em fornecer uma estrutura</p><p>organizacional adequada e checar todos os fluxos do setor. Dentro das atribuições do gerenciamento</p><p>está a elaboração e revisão de POP’s (procedimentos operacionais padrão), formular e acompanhar</p><p>um desenvolvimento estratégico, sempre avaliando o desempenho do serviço. Dentro do componente</p><p>gestão, é papel do farmacêutico o controle do seu estoque, através de ferramentas que permitam</p><p>o registro de entrada e saída de medicamentos e materiais médico-hospitalares. Geralmente, esse</p><p>controle é feito através de sistemas informatizados. O controle de estoque é de extrema importância</p><p>para o correto abastecimento, e ainda por questões fiscais e financeiras, no que diz respeito à</p><p>prestação de contas. O farmacêutico deve desenvolver e implementar maneiras que possibilitem</p><p>esse controle do dia a dia, especialmente para medicamentos de controle especial, que podem ser</p><p>perigosos se não usados corretamente. Ainda, deve participar de comissões como: Comissão de</p><p>Farmácia e Terapêutica, Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, entre outros (SBRAFH,</p><p>2007; DANTAS, 2011).</p><p>8</p><p>2- SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS: estabelecer os medicamentos necessários para suprir as</p><p>necessidades do hospital, com base na sua eficácia e segurança. Outros critérios que devem ser</p><p>levados em conta são a qualidade e o custo. A seleção deve ser realizada pela Comissão de Farmácia</p><p>e Terapêutica, com a participação de equipe multidisciplinar (médicos, farmacêuticos, enfermeiros</p><p>e dentistas). Deve-se estabelecer critérios de inclusão e exclusão, uma prescrição e a periodicidade</p><p>da revisão. Lembre-se que o perfil de atendimento em uma unidade hospitalar pode sofrer variações,</p><p>e a seleção também abrange a exclusão e um medicamento, caso necessário. Podemos utilizar</p><p>como exemplo a pandemia, situação que tornou necessária a inclusão de novos medicamentos nas</p><p>padronizações dos hospitais, e que agora, com o fim do estado de emergência mundial, estão sendo</p><p>cada vez menos utilizados. O farmacêutico como gestor deve fazer a revisão da padronização com</p><p>certa frequência, a fim de evitar gastos desnecessários. Vantagens da seleção de medicamentos:</p><p>uniformizar condutas terapêuticas, disciplinando o uso desses medicamentos; facilitação do fluxo de</p><p>informações; e promover o uso racional de medicamentos (BRASIL, 2002).</p><p>3- PROGRAMAÇÃO, AQUISIÇÃO, ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO: como já mencionado</p><p>nesta unidade, o ciclo da assistência farmacêutica é peça chave dentro da farmácia hospitalar. Depois</p><p>de selecionar quais os medicamentos devem ser utilizados em determinado hospital, é hora de se</p><p>planejar para adquiri-los. Na etapa de programação, deve-se definir a quantidade de medicamentos a</p><p>ser adquirida baseado no seu estoque e consumo. Normalmente, as unidades hospitalares possuem</p><p>sistemas informatizados, que através do controle de entrada e saída de medicamentos e materiais,</p><p>possuem ferramentas que informam seu consumo médio em determinado período. Esse consumo</p><p>pode ser mensal, trimestral, anual, etc. O consumo médio de um item é um fator importante na</p><p>hora do planejamento, pois é ele que vai indicar a quantidade de medicamento a ser adquirida para</p><p>abastecer o hospital por um período específico. Por exemplo, suponha que o consumo médio mensal</p><p>de um analgésico injetável seja de 1.500 ampolas/mês, e há recursos financeiros para abastecer o</p><p>hospital por 3 meses. Dessa forma, será necessária a aquisição de 4.500 ampolas desse analgésico</p><p>para abastecer o hospital por este período. Essa programação ou planejamento deve levar em conta</p><p>também alguns fatores como a sazonalidade. Isto porque o consumo de alguns medicamentos muda</p><p>em diferentes épocas do ano, devido ao clima, por exemplo. Além disso, em alguns períodos, deve-se</p><p>contar com a falta de matéria-prima no mercado para a produção de determinado item, e caso não</p><p>haja planejamento, pode ocorrer desabastecimento, culminando na falta de assistência ao paciente.</p><p>Uma boa programação é fundamental também na hora da aquisição, ou compra. Visto que existem</p><p>diferentes tipos de medicamentos e materiais, com diferentes finalidades e preços, é preciso dividir</p><p>os recursos financeiros, para que não haja falta ou desperdício deles. Então, o farmacêutico deve</p><p>lançar mão de ferramentas que permitam a correta avaliação</p><p>da necessidade. Por exemplo, não é</p><p>interessante para uma unidade de saúde a aquisição excessiva de itens, pois estes podem perecer</p><p>antes mesmo de serem utilizados, gerando um custo a mais para o hospital. Após a aquisição, deve-</p><p>se atentar para o armazenamento dos itens adquiridos, pois o armazenamento incorreto pode levar</p><p>à perda da qualidade dos medicamentos, afetando diretamente a terapêutica dos pacientes em uso,</p><p>além do desperdício financeiro. Portanto, é preciso também controlar o armazenamento, sempre</p><p>verificando as condições como temperatura do ambiente, umidade, além da checagem dos prazos</p><p>de validade. Então, garantindo-se todas as etapas anteriores, é possível fazer a distribuição desses</p><p>medicamentos com a garantia de sua qualidade, além de assegurar que este será de fato destinado</p><p>ao paciente que necessita.</p><p>4- INFORMAÇÃO: a farmácia hospitalar, nesse caso o farmacêutico, deve promover a difusão de</p><p>informações apropriadas sobre os medicamentos tanto para os pacientes quanto para os profissionais</p><p>9</p><p>de saúde e gestores. O farmacêutico deve incentivar a reunião desses profissionais periodicamente</p><p>para que seja repassada a importância do uso racional e da colaboração de todos nesse processo.</p><p>5- FARMACOTÉCNICA: frequentemente, é necessário o fracionamento de formas farmacêuticas</p><p>para atender às necessidades dos pacientes. Além disso, em muitas unidades, são manipuladas</p><p>fórmulas magistrais e parenterais. Exemplos de manipulação na farmácia hospitalar são hormônios,</p><p>radiofármacos e nutrição parenteral. Essa manipulação deve ser realizada de acordo com as Boas</p><p>Práticas de Manipulação em Farmácia, segundo a RDC Anvisa nº 67/2007, que assegura a qualidade</p><p>e a segurança desses produtos.</p><p>6- SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO: não apenas entregar o medicamento, mas dentro das</p><p>funções e missões da farmácia hospitalar está o acompanhamento de cada paciente de maneira</p><p>individual, com o intuito de levar o uso racional. O farmacêutico deve examinar a prescrição dos</p><p>pacientes diariamente e, juntamente com uma equipe disciplinar, avaliar seu uso e, se necessário,</p><p>fazer uma intervenção farmacêutica. Esta prática pode reduzir ou erradicar interações indesejadas</p><p>entre medicamentos e/ou alimentos, através da substituição do medicamento, quando possível.</p><p>GUARDE ESSA IDEIA!</p><p>A RDC 67/2007, que traz as Boas Práticas de Manipulação em Farmácia é importante</p><p>não só para a farmácia hospitalar, mas na manipulação de medicamentos de forma</p><p>geral, e é muito importante o conhecimento acerca desta.</p><p>.</p><p>Figura 1- resumo dos seguimentos componentes de uma farmácia hospitalar</p><p>Fonte: Irla Carla França Barbosa (2023)</p><p>10</p><p>O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA HOSPITALAR</p><p>Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), através de um documento publicado em 1997, o</p><p>farmacêutico hospitalar deve possuir características como:</p><p>• Capacidade de tomada de decisões;</p><p>• Comunicação;</p><p>• Liderança;</p><p>• Ser um educador permanente;</p><p>Assim, para atuar em hospitais, você deve ter noções de administração, além de habilidades para</p><p>coordenar uma equipe, senso de liderança, e criticidade para por em prática um sistema da qualidade,</p><p>utilizando ferramentas da qualidade. Na verdade, você vai precisar dessas habilidades em outros serviços</p><p>de saúde como ambulatórios, unidades básicas de saúde, etc.</p><p>A regulamentação das atribuições do farmacêutico na farmácia hospitalar é feita pelo Conselho Federal</p><p>de Farmácia, através da Resolução CFF nº 568/2012, e são agrupadas em 5 grandes áreas, as quais</p><p>veremos mais detalhadamente a seguir.</p><p>Figura 2- atividades do farmacêutico hospitalar</p><p>Fonte: adaptado de São Paulo (2019).</p><p>Quando mencionamos atividades logísticas, estamos falando de todo o processo dentro da unidade</p><p>hospitalar, sendo a principal atividade a dispensação, que é o ato de destinar um ou mais medicamentos</p><p>a um paciente sob uma prescrição médica.</p><p>A dispensação deve obedecer a uma lógica de fluxo a depender do hospital, sempre visando a minimização</p><p>de erros. Existem alguns sistemas de dispensação, com suas características, vantagens e desvantagens.</p><p>11</p><p>1. Dose coletiva: nesse tipo de dispensação, os medicamentos são repassados pela farmácia em suas</p><p>embalagens originais. Nesse caso, a requisição é feita em nome dos setores, e não do paciente, sendo</p><p>a enfermagem a responsável pela dispensação dos medicamentos. A dose coletiva oferece rapidez na</p><p>disponibilidade de medicamentos e uma espera mínima na execução de prescrições. No entanto, essa</p><p>forma de dispensação traz algumas desvantagens, pois o estoque feito em outros setores diminui o</p><p>controle deste. Esta estocagem faz com que haja uma maior incidência de erros, além de aumentar a</p><p>viabilidade de “desvios”.</p><p>2. Dose individualizada: ao contrário da dose coletiva, a dose individualizada é feita em nome do</p><p>paciente. A vantagem deste sistema de dispensação é o maior controle do farmacêutico sobre os</p><p>medicamentos, além da menor probabilidade de erros, e redução de subestoques. Como desvantagem,</p><p>a dose individualizada requer mais recursos humanos e estrutural da farmácia, o que gera aumento</p><p>das atividades, sendo necessário o regime de plantão.</p><p>3. Dose unitária: nesse sistema, os medicamentos são dispensados em embalagens unitárias de acordo</p><p>com o horário de administração, com identificação de cada paciente, prontos para serem administrados.</p><p>De maneira semelhante à dose individualizada, requer uma maior quantidade de recursos humanos,</p><p>porém permite uma maior integração do farmacêutico com a equipe, e a minimização de estoques</p><p>secundários.</p><p>É importante reforçar que cada unidade hospitalar define o seu sistema de dispensação de acordo com os</p><p>recursos existentes em cada local, e de sua necessidade. Muitas vezes, as farmácias optam por mais de</p><p>um sistema de dispensação, a depender da situação.</p><p>Uma outra atribuição do farmacêutico na farmácia hospitalar é a manipulação de alguns medicamentos, a</p><p>qual deve ser realizada com segurança e qualidade. Através da manipulação, é possível realizar diluições</p><p>de medicamentos produzidos pela indústria, além do seu fracionamento.</p><p>Dentre os requisitos estabelecidos pela RDC 67/2007, está a existência de um local exclusivo e apropriado</p><p>para a manipulação. Por isso, a depender do porte e do perfil do hospital, não é viável a realização da</p><p>manipulação, sendo esta feita por terceiros.</p><p>Como exemplos de medicamentos que se podem manipular em hospitais estão os antibióticos, hormônios,</p><p>os radiofármacos, além da manipulação de nutrição parenteral.</p><p>No que diz respeito às atividades focadas no paciente, o profissional farmacêutico desenvolve a farmácia</p><p>clínica, onde, juntamente com uma equipe multiprofissional, avalia e interpreta dados dos pacientes, para</p><p>garantir o uso correto, racional e seguro de medicamentos. Além disso, a atenção farmacêutica é rotineira</p><p>na farmácia hospitalar, e através dela realiza-se dispensação de medicamentos, orientação farmacêutica,</p><p>assim como acompanhamento farmacoterapêutico.</p><p>Utilizando todas as ferramentas para o desempenho de suas atividades na farmácia hospitalar, uma das</p><p>mais importantes atribuições do farmacêutico hospitalar é a prevenção de erros de medicação. Sabemos</p><p>que o erro é inerente ao ser humano, mas quando se trata de medicamentos, qualquer erro, por mais</p><p>simples que este possa parecer, pode ser fatal ao paciente. Nesse sentido, constantemente o farmacêutico</p><p>deve avaliar prescrições, prontuários, dados, exames, e outros, a fim de evitar erros, e quando não puder</p><p>evitá-los, minimizar o seu impacto.</p><p>12</p><p>Os erros de medicação podem ser classificados de três formas:</p><p>• Erro de prescrição: é um erro não intencional, que pode ser da decisão do prescritor ou de redação,</p><p>ou seja, um equívoco no momento de escrever. Erros de prescrição podem diminuir a eficácia de um</p><p>tratamento ou até mesmo agravar uma lesão.</p><p>• Erros de dispensação: estes erros envolvem a dispensação do medicamento errado, concentração,</p><p>forma farmacêutica, rotulagem. Podem ser causados</p><p>pela grafia confusa que impede a correta</p><p>identificação, por exemplo. Nesse caso, o farmacêutico deve sempre orientar a equipe quanto</p><p>à certeza no ato da dispensação. Deve-se utilizar recursos como dupla checagem, contato com o</p><p>prescritor, calma na hora de dispensar, concentração e foco.</p><p>• Erros de administração: desvio no preparo e administração de medicamentos, sem observar as</p><p>recomendações do prescritor ou do fabricante (SÃO PAULO, 2019).</p><p>Além das atribuições diárias na prática do farmacêutico hospitalar, existem algumas atividades</p><p>intersetoriais que são imprescindíveis para um fluxo correto do medicamento. Dessa maneira, é preciso</p><p>existir programas de capacitação e ensino, com palestras, treinamentos e outras atividades de educação</p><p>continuada para os colaboradores.</p><p>PARA REFLETIR</p><p>Não é difícil nos dias de hoje nos depararmos com alguma notícia sobre erros de</p><p>medicação. Infelizmente, algumas pesquisas relatam que ainda é alarmante esse</p><p>tipo de situação. Nesse sentido, precisamos nos conscientizar de que o manejo de</p><p>medicamentos em qualquer âmbito é algo que exige muita responsabilidade. Quando</p><p>trazemos isso para o âmbito hospitalar, a responsabilidade aumenta ainda mais, pois</p><p>vemos pacientes com os mais variados quadros.</p><p>Sendo assim, o nosso papel enquanto farmacêuticos é salvar vidas! Ainda que não estejamos na linha de</p><p>frente, nós somos os profissionais responsáveis pelos “produtos” que podem salvar ou destruir vidas em</p><p>poucos segundos. Por isso, ao entrar no ambiente hospitalar, lembre-se sempre que estará destinando</p><p>um medicamento à uma vida, a qual importa para muitas pessoas!</p><p>PALAVRAS FINAIS</p><p>Olá, estudante!</p><p>Até aqui, vimos, de maneira geral, como o farmacêutico deve atuar na farmácia</p><p>hospitalar, e quais os requisitos enquanto profissional. Vocês puderam perceber que</p><p>falamos de um local com muitas recomendações e legislações, sempre no intuito de</p><p>garantir a segurança e a eficácia do tratamento medicamentoso.</p><p>13</p><p>Nos próximos objetos de aprendizagens, veremos a atuação do farmacêutico nas UBS,</p><p>assim como no controle de estoque de medicamentos e na vigilância sanitária. Espero</p><p>que todos aproveitem o conteúdo nos locais de estágio, somando ao conhecimento</p><p>prático que ganharão!</p><p>Bons estudos e até breve!</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento</p><p>de Atenção Básica. Gerência Técnica de Assistência Farmacêutica. Assistência</p><p>Farmacêutica: instruções técnicas para a sua organização / Ministério da Saúde,</p><p>Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Gerência Técnica</p><p>de Assistência Farmacêutica - Brasília: Ministério da Saúde, 2002.</p><p>DANTAS, S. C. C. Farmácia e Controle das Infecções Hospitalares. Pharmacia</p><p>Brasileira. Brasília: CFF, 2011. Disponível em: <https://www.cff.org.br/sistemas/geral/</p><p>revista/pdf/130/encarte_farmacia_hospitalar.pdf>. Acesso em 08 de maio de 2023.</p><p>SÃO PAULO. Conselho Federal de Farmácia do Estado de São Paulo. São Paulo:</p><p>Departamento de Apoio Técnico e Educação Permanente. Comissão Assessora de</p><p>Farmácia Hospitalar, 2019. Disponível em: <https://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/</p><p>hospitalar.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2023.</p><p>SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR E SERVIÇOS DE SAÚDE (SBRAFH).</p><p>Organização Conselho Federal de Farmácia. Padrões Mínimos para Farmácia Hospitalar.</p><p>Goiânia: 2007. 20p</p><p>https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/130/encarte_farmacia_hospitalar.pdf</p><p>https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/130/encarte_farmacia_hospitalar.pdf</p>