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<p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes e</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo.</p><p>SOCIOLOGIA</p><p>POLÍTICA</p><p>REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira</p><p>DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima</p><p>DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini</p><p>DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel</p><p>COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá</p><p>COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal</p><p>COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento</p><p>COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco</p><p>COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas</p><p>REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling</p><p>Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante</p><p>Caroline da Silva Marques</p><p>Eduardo Alves de Oliveira</p><p>Jéssica Eugênio Azevedo</p><p>Marcelino Fernando Rodrigues Santos</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos</p><p>Hugo Batalhoti Morangueira</p><p>Vitor Amaral Poltronieri</p><p>ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz</p><p>DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira</p><p>Carlos Henrique Moraes dos Anjos</p><p>Kauê Berto</p><p>Pedro Vinícius de Lima Machado</p><p>Thassiane da Silva Jacinto</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>G633s Gomes, Alessandra Domingues</p><p>Sociologia política / AlessandraDomingues Gomes, Cleber</p><p>Henrique Sanitá. Paranavaí: EduFatecie, 2024.</p><p>123 p.: il. Color.</p><p>1. Sociologia política - Brasil. 2. Bem - estar social. 3.Elites</p><p>(Ciências Sociais). I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de</p><p>II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.</p><p>CDD: 23. ed. 306.2</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>As imagens utilizadas neste material didático</p><p>são oriundas do banco de imagens</p><p>Shutterstock .</p><p>2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.</p><p>O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva</p><p>dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da</p><p>obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la</p><p>de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/</p><p>3</p><p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes</p><p>• Licenciatura Plena em História – Unespar.</p><p>• Licenciatura Plena em Filosofia – Unimes.</p><p>• Licenciatura Plena em Pedagogia – Unimes.</p><p>• Licenciatura Plena em Letras/Português – Uniasselvi.</p><p>• Especialista em Educação Especial (Faculdade Integrada do Vale do Ivaí).</p><p>• Especialista em Educação Especial e Libras (Faculdade Integrada do Vale do</p><p>Ivaí).</p><p>• Especialista em Gestão Educacional e organização pública (Faculdade</p><p>Integrada do Vale do Ivaí).</p><p>• Especialista em Tutoria em EAD (Universidade Estadual de Londrina).</p><p>Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio),</p><p>Professora formadora e produtora de Materiais nas áreas de história, filosofia, sociologia e</p><p>pedagogia.</p><p>AUTORES</p><p>4</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo.</p><p>• Licenciatura Plena em História pela UNESPAR – FAFIPA, Paranavaí.</p><p>• Licenciatura Plena em Sociologia pela UNAR - Centro Universitário de Araras</p><p>“Dr. Edmundo Ulson”.</p><p>• Licenciatura Plena em Pedagogia pela Unifatecie.</p><p>• Licenciatura Plena em Educação Física pela Unifatecie</p><p>• Especialista em História e Geografia pela Faculdade Integrada do Vale do Ivaí.</p><p>• Especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Orientação pela ESAP -</p><p>Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.</p><p>• Especialista em Educação de Jovens e Adultos pela ESAP – Faculdades</p><p>Integradas do Vale do Ivaí.</p><p>• Docente da educação básica (Fundamental e Médio) da SEED, PR.</p><p>• Docente do ensino superior na UniFatecie.</p><p>• Coordenador Pedagógico da educação básica (Médio) do Colégio Fatecie</p><p>Premium.</p><p>• Coordenador de cursos da EAD UniFatecie.</p><p>• Supervisor de tutoria e Tutor da EAD UniFatecie.</p><p>• Produtor de livros e materiais para EAD.</p><p>Ampla experiência como docente da educação básica (Fundamental e Médio),</p><p>Professor de cursinhos pré-vestibulares em história e filosofia e prática docente na educação</p><p>à distância.</p><p>Link do currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7716876167354361</p><p>AUTORES</p><p>http://lattes.cnpq.br/7716876167354361</p><p>5</p><p>Seja muito bem-vindo(a)!</p><p>Sejam bem-vindos(as) ao nosso curso de Sociologia Política. A partir de agora</p><p>partiremos para uma viagem no tempo para buscar nas nossas experiências históricas e</p><p>algumas explicações para conhecermos os conceitos e os fatos históricos para constituição</p><p>do mesmo no passado recente do Brasil.</p><p>Em nosso ponto inicial da viagem sobre a sociologia política, abordaremos o conceito</p><p>básico do que é a sociologia política. Além de visualizar a Filosofia Política em Maquiavel.</p><p>Um pensador que demonstra passo a passo de como se fazer a política. Seguiremos nosso</p><p>estudo, identificando o conceito básico de Ciência Política. Por fim, terminaremos nosso</p><p>capítulo conhecendo os conceitos de Políticas Públicas e Política Social.</p><p>Na segunda unidade, nosso foco será o conceito de Elite e os pressupostos</p><p>históricos. Passaremos também pela definição de Elitismo. Conhecendo personagens</p><p>como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinarão nossos olhos</p><p>sobre o tema proposto. Continuaremos nossa viagem apresentando a denúncia contra a</p><p>Elite com uma forte crítica à elite liberal.</p><p>Já na Unidade III, teremos como objetivo de conhecimento: o conceito de Estado</p><p>e o bem-estar social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas. Seguiremos</p><p>nosso estudo compreendendo a responsabilidade do Estado enquanto regulador e</p><p>responsável pela economia e política nacional. Contextualizando o processo da dimensão</p><p>da política enquanto órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de</p><p>direito democrático. Então terminaremos o capítulo problematizando as questões que</p><p>envolvem o bem-estar social e influência do neoliberalismo nas políticas públicas na</p><p>sociedade contemporânea.</p><p>Enfim, finalizaremos nossa aventura na Unidade IV com uma questão polêmica.</p><p>Mas extremamente necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que nesse</p><p>momento de nosso estudo, será necessário abandonar toda e qualquer ideologia existente</p><p>em nossas entranhas, para que o processo de ensino e aprendizagem alcance seu objetivo.</p><p>Vale ressaltar que abordaremos a Compreensão do Brasil Contemporâneo.</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL</p><p>6</p><p>Passando pelo Neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e conhecendo o</p><p>fenômeno chamado “Lulismo”. Seguiremos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova</p><p>classe média. Para que atrelado a isso, tudo possamos conhecer sobre as manifestações</p><p>populares a partir de 2013. Debatendo, assim, se foi Impeachment ou Golpe? Por fim,</p><p>faremos uma breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo”.</p><p>privado ou governamental. A partir desse contexto, vamos buscar</p><p>aprofundar esse entendimento de uma forma mais individual e contextualizada.</p><p>1.1 “Os que governam e que são governados”, esfera privada:</p><p>Quando pensamos o que pode representar a ideia de governar e ser governado</p><p>na esfera privada, a primeira palavra que nos vem à mente, é a ideia do poder. A elite</p><p>enquanto classe dominante assumiu esse papel a partir do momento em que foi vista como</p><p>a classe que possui o controle econômico, o poder de decisões, e a superioridade diante</p><p>das classes que são dominadas.</p><p>A partir desse princípio, primeiramente buscamos entender o significado de</p><p>poder. De acordo com Japiassu (2006, p. 222), “a palavra poder significa a capacidade,</p><p>faculdade, possibilidade de realizar algo, derivada de um elemento físico ou natural, ou</p><p>conferida por autoridade institucional, por exemplo: poder de criar, poder de nomear, e</p><p>demitir, de escolher etc”.</p><p>40TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Ainda Japiassu (2006), descreve sobre Michel Foucault no qual faz um exame das</p><p>relações entre saber e poder, ciência e dominação, controle, na formação da sociedade</p><p>contemporânea. Essa genealogia parte da constatação de que o poder é exercido na</p><p>sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas</p><p>de maneiras diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados,</p><p>muitas vezes sem nos darmos conta disso. A partir desse pensamento é possível não só</p><p>entender o sentido do poder, mas também compreender qual a relevância e o resultado do</p><p>uso desse poder na formação de uma sociedade.</p><p>Antigos filósofos como Aristóteles já abordavam a questão do poder, sua força e seu</p><p>fascínio diante da sociedade. Aristóteles entendia o poder como elemento natural, que faz parte</p><p>das relações sociais e não visto somente como um ato de dominação pela força. Assim como</p><p>Aristóteles, Karl Marx (2013), já na idade moderna, compreendeu o sentido de poder como</p><p>uma dominação política existente na humanidade, na qual não só criou uma divergência entre</p><p>diferentes classes, mas também contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo industrial.</p><p>Ainda na idade moderna, Thomas Hobbes (2019) e John Locke (1996) também</p><p>discutiam sobre as questões relacionadas ao poder. Enquanto Hobbes defendia a</p><p>monarquia e o controle do estado, Locke compreendia que o poder deveria ser dissolvido</p><p>nas instituições, a fim de garantir o direito à população, em que o poder seria de origem</p><p>política e de domínio da esfera estatal.</p><p>O sociólogo Max Weber (2014) compreende o poder como uma imposição sobre os</p><p>indivíduos. Essa imposição é dada como uma força de ordem ou não, em que as pessoas</p><p>são submetidas ao poder e ao aceitá-lo passa a ser submetida à autoridade de outra pessoa.</p><p>Nesse princípio de Vader podemos imaginar que os indivíduos têm poder de escolher e podem</p><p>ou não aceitar essa submissão ao poder. No entanto, se pensarmos no sentido de controle</p><p>através das classes sociais, a imposição da elite sobre as classes populares muitas vezes</p><p>de uma forma velada, entende-se que o indivíduo submetido não o faz por aceitação ou</p><p>concordância, mas pelo fato de ser parte do grupo que é governado, ou seja, a necessidade</p><p>de sobrevivência e a falta de opção o leva à submissão, à submissão econômica, à submissão</p><p>social, geradas pela dependência econômica na maioria dos casos.</p><p>Segunda condição essencial para o possuidor do dinheiro encontrar no</p><p>mercado força de trabalho como mercadoria: o dono dessa força não pode</p><p>vender mercadoria em que encarne seu trabalho e é forçado a vender sua força</p><p>de trabalho que só existe nele mesmo… Quem quiser vender mercadoria que</p><p>não seja sua força de trabalho tem que possuir meios de produção, tais como</p><p>matérias-primas, instrumentos de produção e, etc. (MARX, 2013, p.313).</p><p>41TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>O poder, na sociedade atual, pode ser entendido de maneiras diferentes. Podemos</p><p>classificá-lo como poder ideológico: pode influenciar as massas através de sua retórica,</p><p>seu poder de convencimento, através de mídias, o que pode ser expresso pelas relações</p><p>sociais, pelo mundo do trabalho, ou religião. O poder político está diretamente ligado ao</p><p>estado, podendo ser visto de forma legal quando sua finalidade e a vida política ou tido</p><p>como ilegítimo quando busca a dominação de pessoas ou classes. O poder econômico</p><p>está diretamente ligado com a instituição privada através de bens e riquezas que levam à</p><p>manipulação daqueles que necessitam do poder econômico de outros.</p><p>Então, se o poder político está relacionado com ideologia, economia, política, ele</p><p>também se encontra subdividido em grupos que determinam essa relação de poder, que</p><p>podemos exemplificar através das relações familiares em que pais e mães exercem poder</p><p>sobre os filhos, professores e alunos, em que o professor é visto como autoridade no</p><p>âmbito acadêmico ou escolar, as relações de governantes e governados no âmbito político</p><p>pelo qual aquele que governa exerce o poder sobre os governados e ainda a relação patrão</p><p>e empregado que toda a força de poder vendo patrão aquele que detém a posse sobre</p><p>aquele que necessita de sua sobrevivência através da sua força de trabalho.</p><p>É nesse último item, a relação patrão empregado, que nos deparamos com as</p><p>questões relacionadas com o mundo privado. A relação de trabalho é a que mais se sobrepõe</p><p>quanto às relações privadas, pois em uma sociedade economicamente desigual em que as</p><p>massas, ou seja, os governados necessitam sobreviver e seu único meio de alcançar essa</p><p>necessidade é através de sua força de trabalho. Quando os governantes entendem isso,</p><p>passam a utilizar dos meios de produção para controlar seus governados por saber que os</p><p>mesmos mantém uma relação de dependência econômica com eles.</p><p>Para transformar dinheiro em capital, tenho possuidor do dinheiro de encontrar</p><p>o trabalho livre no mercado de mercadorias, livre nos dois sentidos, o de</p><p>dispor, como pessoa livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria,</p><p>e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias</p><p>a materialização de sua força de trabalho, não tendo, além desta, outra</p><p>mercadoria para vender. (MARX, 2013, p.199).</p><p>Em uma sociedade que é controlada por pequenos grupos que representam o</p><p>poder e se eu for em uma maioria desprovida de poder. Esse controle acontece exatamente</p><p>pelo fato de que é a minoria que se concentra em controlar essas organizações. Assim</p><p>entendemos que a elite estará sempre na posição de controle.</p><p>Tal constatação não significa que essa elite representada pelas minorias não</p><p>significa que sejam os melhores, mas você tem o mecanismo para que a economia possa</p><p>girar e, dessa maneira, as diversas sociedades possam sobreviver em sociedade.</p><p>42TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Ao longo das décadas, a velha elite baseada nas famílias tradicionais da sociedade</p><p>se mesclaram com os chamados novos-ricos. Mesmo que haja uma diferença de costumes,</p><p>valores e heranças culturais e sociais, esses grupos se unificam por representarem os</p><p>mesmos interesses, nesse sentido, o sistema educacional tem papel de extrema importância,</p><p>a educação apresenta os mesmos valores unificando as classes. A escola tem papel de</p><p>agregar e apagar essas distinções presentes nesses grupos, transformando-os em um</p><p>mesmo grupo, distintos do restante da sociedade por representarem os considerados</p><p>grupos superiores, aqueles que governam. A escola assumirá um poder de socialização,</p><p>assim como os laços familiares, as amizades, as influências sociais e pessoais.</p><p>A união entre os muitos recursos executivos acaba por gerar aquilo que Wright</p><p>Mills chama de riscos associados. Este alto grau de associação. Transforma</p><p>cada vez mais interesses localizados e particulares em interesses amplos e</p><p>de classe… Esse grupo passa, assim, a controlar todo tipo de privilégio: altas</p><p>rendas, isenção de impostos, influência social e política. Tudo isso permite a</p><p>seus membros participar direta ou indiretamente das decisões que afetam a</p><p>vida de milhões de pessoas. (PERISSINOTTO, 2018, p. 117)</p><p>Com o desenvolvimento do capitalismo e o acúmulo de riquezas cada vez mais,</p><p>surgiram novos-ricos e pessoas que se tornaram extremamente influentes dentro da</p><p>sociedade. Essa influência também resulta em um acúmulo de vantagens em que a influência</p><p>possibilita a conquista de mais riquezas. A elite comandada por pessoas muito ricas, que</p><p>buscam associarem-se com todo aquele que também tem vantagens de oportunizar e,</p><p>assim, na sociedade econômica privada formar grandes corporações, formada por pessoas</p><p>altamente qualificadas que tiveram oportunidade de se apropriarem de conhecimento e</p><p>estratégias que garantem cada vez mais sucesso no âmbito econômico e social. Esses</p><p>grupos estão presentes nas associações industriais, comércio, bancos, transformando</p><p>interesses não só particulares, como também amplo e dessas classes dominantes.</p><p>1.2 “Os que governam e que são governados”, esfera pública:</p><p>Na história contemporânea, quando analisamos a sociedade e os grupos sociais</p><p>que a ela pertence, nos deparamos com uma elite que controla a sociedade através de</p><p>grupos poderosos e unificados, tendo eles o controle e a capacidade de decisão.</p><p>Quando analisamos os grupos políticos presentes na sociedade atual é possível</p><p>identificá-la em grupos como, por exemplo: o político profissional, aquele que vive da política</p><p>e que se reelege a cada mandato tendo seus grupos e alianças já firmados, a fim de garantir</p><p>sua permanência nos grupos políticos; o político que é um ex-burocrata, ou seja, são aqueles</p><p>que possuem uma formação, experiência ou conhecimento que justifique sua permanência, na</p><p>qual podem contribuir para o processo político e assim acabam fazendo parte da vida pública</p><p>através de indicações, de escolhas de partidos, de acordos políticos; o político não profissional,</p><p>43TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>é aquele que não idealizou em um primeiro momento fazer parte do mundo da política, mas</p><p>devido a condições de aceitação pública, indicação, acontecimentos sociais que o tornem uma</p><p>pessoa pública e conhecida o levam a candidaturas e muitas vezes à eleição, muitos deles</p><p>não têm qualquer conhecimento sobre políticas públicas sobre as questões sociais, mas se</p><p>aventuram na vida política por questões econômicas, de visibilidade ou vaidade.</p><p>É claro o entendimento de que, quem governa são aqueles que pertencem à elite,</p><p>sua posição social irá identificar quem fará parte desse processo, é importante não só o seu</p><p>posicionamento social, como também a sua origem, pois no processo eleitoral muitas vezes</p><p>isso se torna decisivo na escolha daqueles que votam, como, por exemplo, as pessoas</p><p>votarem em candidatos que tem em seu histórico familiares como pais e avós que tiveram</p><p>um histórico de sucesso encargos políticos no passado.</p><p>Neste contexto, nos deparamos com aquele grupo que é dirigido, muitas vezes</p><p>manipulado, ou seja, a massa. É através das massas que é possível gerar a chamada opinião</p><p>pública, esse grupo é formado por indivíduos com capacidade de análise, discussão e</p><p>reflexão. São pessoas que possuem uma opinião independente, que representam a maioria</p><p>da sociedade, por esse motivo se tornam o público-alvo em períodos eleitorais, garantindo,</p><p>assim, a eleição daqueles que fazem parte dos que governam, ou seja, das elites.</p><p>Muitos compreendem que o homem de massa é o homem incapaz de pensar</p><p>criticamente e de agir com racionalidade, sendo assim fácil de manipular e estimular a</p><p>tomar decisões nem sempre as mais assertivas. Essas características são constituídas</p><p>socialmente, fazem parte do processo de concentração econômica nas elites. Nesse</p><p>processo a sociedade de massa é funcional para o poder da elite, pois a manipulação</p><p>pode impedir o surgimento de uma visão crítica do poder, impedindo uma visão clara e</p><p>construtiva sobre o poder político e a elite, mantendo a classe dominada fora do processo</p><p>reflexivo e construtivo da política.</p><p>As diversas situações de descaso, promessas infundadas e jamais cumpridas, a</p><p>falta de políticas públicas consistentes que garantam o direito da sociedade são alguns dos</p><p>motivos que em muitos casos tem criado um pensamento mais crítico junto à sociedade</p><p>de massa. Embora esse grupo tenha muitas vezes a característica de ser facilmente</p><p>manipulado, gerado pela falta de pesquisa, do conhecimento científico e social, e do senso</p><p>crítico, nos últimos anos, esse mesmo grupo social, as chamadas massas, têm se mostrado</p><p>críticas e construtivas, buscando mudar o cenário político, efetivando a busca por seus</p><p>direitos através de manifestações e pelo voto.</p><p>44TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Não é prioritário saber quem governa ou quem controla diretamente o Estado,</p><p>mas sim saber quais os efeitos que as ações estatais produzem sobre a</p><p>estrutura social, não se trata de estudar “Quem toma as decisões”?, mas</p><p>se estas reproduzem o domínio de uma classe social sobre a outra, enfim a</p><p>pergunta fundamental não é “Quem controla o estado”?, Mas o que o Estado</p><p>faz, não é “Quem decide?”, mas o que é decidido e quais os efeitos objetivos</p><p>da decisão. (PERISSINOTTO, 2018, p. 188)</p><p>Concluindo, a relação entre dominantes e dominados, ou seja, os que governam</p><p>e os que são governados, encontramos a elite estatal, formada por aqueles que controlam</p><p>as instituições do Estado, por essa razão são eles que exercem o poder político. Em</p><p>grande parte, são elementos das classes economicamente dominantes, assim em vários</p><p>momentos da história esses indivíduos tendem a tomar decisões que favoreçam os</p><p>interesses capitalistas. Nesse sentido, as classes dos governados em diversas situações</p><p>ficam desprovidas da efetivação de seus direitos, criando assim a eterna luta de classes.</p><p>ELITISMO EM: GAETANO</p><p>MOSCA; VILFREDO PARETO</p><p>E ROBERT MICHELS.2</p><p>TÓPICO</p><p>45TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>2.1 Gaetano Mosca</p><p>Gaetano mosca nasceu na Sicília em 1858 e faleceu em Roma em 1941. Jurista e teórico</p><p>político, foi um dos grandes defensores e precursor da teoria das elites. Para Mosca (2009),</p><p>toda a sociedade é dividida em dois grupos: os que comandam e os que são comandados,</p><p>aqueles que comandam ficam destinados ao poder. Mosca era formado em direito, foi docente</p><p>na universidade de Palermo, na universidade de Turim e na universidade de Roma.</p><p>Devido à ascensão do fascismo e às críticas feitas por mosca, suas atividades</p><p>universitárias foram interrompidas por não concordar com o novo regime. Mosca foi autor</p><p>de livros como: Sulla teorica dei governi e Sul governo parlamentar e história das doutrinas</p><p>políticas, Elementi de ciência política entre outras obras.</p><p>Ao longo das décadas, as ideias de música repercutiram por todo mundo, música</p><p>defendia ideias como paciência, ser um resultado de um sistema de observações, pelo uso</p><p>de métodos em busca de verdades indiscutíveis, o que seria impossível a uma observação</p><p>comum, sendo assim a ciência deveria ser um procedimento de observação rigoroso, a</p><p>fim de se chegar a resultados exatos e específicos. Isso explicaria a evolução biológica se</p><p>dando por aquele mais preparado e que alcançou resultados mais exatos em sua busca</p><p>científica, compreendendo o que é história da humanidade se faz pelo homem que tem o</p><p>predomínio da economia, da sociedade e da política assim como o conhecimento científico.</p><p>Sendo assim, o que faz um homem se sobrepor ao outro é a sua capacidade de crescimento,</p><p>de predominância, e não a luta pela sobrevivência.</p><p>46TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Mosca valorizava o conhecimento e o método histórico como forma de encontrar as</p><p>respostas científicas referentes às sociedades humanas. Nesse método são consideradas as</p><p>observações de grupos e sociedades políticas em diversos períodos históricos, produzindo</p><p>uma análise baseada na observação.</p><p>Para Mosca (2009), o mais importante era identificar as modificações, as ações,</p><p>as regularidades da sociedade. Essa</p><p>identificação, de acordo com Mosca, deveria ser feita</p><p>através de observação para que se pudesse chegar a uma conclusão histórica e realista.</p><p>Essa observação proporcionou a constatação de que a sociedade é dividida entre os que</p><p>governam e aqueles que são governados. Para ele, aqueles que governam estão entre</p><p>a classe política, os grandes empresários, aqueles que detém o poder e, por outro lado,</p><p>encontramos aqueles que são governados que são conhecidos como as massas.</p><p>Para Mosca, a classe que mais deveria ser observada seria a dos que governam,</p><p>pois está sob influência e decisão desses homens o futuro da sociedade.</p><p>Dessa condição, como veremos mais adiante, derivar a outra, não menos</p><p>fundamental, a saber, a de que é essa classe é organizada. A classe política</p><p>é, portanto, uma minoria organizada, termo frequentemente utilizado por</p><p>mosca. Segundo, é importante atentar para a ideia de que a classe política é</p><p>aquela que monopoliza os recursos de poder e os utiliza em benefício próprio</p><p>ponto, além disso, essa classe exerce todas as funções políticas e não</p><p>apenas a tela dos governos, isto é, ela controla vários recursos (econômicos,</p><p>religiosos, escolares, etc.) que podem ser usados para influenciar as decisões</p><p>políticas. Ao contrário, a massa de governados é definida como oposto</p><p>da classe política, são governados e por isso dominados porque não tem</p><p>a posse dos meios de governo e por que são uma maioria desorganizada.</p><p>(PERISSINOTTO, 2018, p. 30)</p><p>Conforme Mosca (2009), toda mudança social é fundamentada historicamente</p><p>na mudança de quem está no poder, aquele que o assume. Assim, a possibilidade de</p><p>mudanças se fará através das fontes de poder em que , em muitos casos, não parece</p><p>interessante, pois temos classes políticas baseadas na política aristocrática, definidas por</p><p>sua origem, que tem a lutar para que não haja a manutenção desse poder, para que fique</p><p>em volta desse mesmo processo hereditário, ou seja, para que fique nos seus próprios</p><p>membros familiares como filhos, netos, etc.</p><p>Esse fato historicamente tende a mudar, muitas dessas classes declinam e perdem seu</p><p>poder não significando o fim de um monopólio. Com o fim de uma dinastia política, a tendência</p><p>é que surjam novas forças políticas e isso fará com que os governantes se mantenham no</p><p>poder em sua grande maioria, enquanto as massas continuam a ser governadas.</p><p>O domínio da classe política sobre o resto da sociedade não é entendido</p><p>por mosca como sendo exclusivamente o resultado de uma relação de força</p><p>entre dominantes e dominados. Segundo o estudioso italiano, a classe política</p><p>justifica o seu poder procurando dar de uma base moral ilegal, apresentando</p><p>este mesmo poder como consequência necessária de doutrinas e crenças</p><p>geralmente reconhecidas e aceitas na sociedade comandada por esta classe.</p><p>(PERISSINOTTO, 2018, p. 37)</p><p>47TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Para Mosca (2009), a ideia da soberania popular não passa de um engodo, pois</p><p>na sociedade contemporânea é possível observar que a vontade popular não predomina</p><p>sobre as questões políticas, pois por mais que o homem tenha direito ao voto nem sempre</p><p>as opções são necessariamente uma solução para os problemas sociais assim como ao</p><p>ser eleito aquele que governa passará a manipular a política de acordo com suas vontades,</p><p>sendo assim, essa mudança de comportamento, essa divergência entre a fala e a ação</p><p>daqueles que governam faz com que a sociedade se torne refém de uma política social de</p><p>uma política pública, na qual a sua vontade estará sempre em segundo plano.</p><p>Mosca (2009), entende que o fim do despotismo poderia se dar através da</p><p>solidariedade, contando com uma proteção jurídica. No entanto, ele entende que a maioria</p><p>dos indivíduos pensa mais em si próprios do que no coletivo, assim o autor entende que</p><p>a proteção jurídica proporciona uma conduta moral, evitando desvio de ações através da</p><p>política, da religião, entre outros mecanismos.</p><p>Para Mosca (2009), o caminho mais provável para garantir um contra peso seria</p><p>através da proteção jurídica liberal, limitando o poder daqueles que governam.</p><p>No entanto, esse sistema só terá resultados através de uma sociedade organizada,</p><p>na qual estaria presente uma diversidade social através da sua representatividade. Ele ainda</p><p>coloca que o voto não deveria ser geral, mas sim o sistema representativo em que apenas</p><p>uma parte da sociedade estaria autorizada ao voto, essa parte estaria sendo determinada</p><p>através de sua renda.</p><p>Nesse sistema, iria garantir que as minorias também estivessem organizadas,</p><p>evitando o despotismo. Mosca era contra o sistema democrático, acreditando que os</p><p>princípios políticos deveriam ser mistos divididos entre um governo monárquico, democrático,</p><p>e aristocrático sem haver predominância de nenhum deles, garantindo assim uma política</p><p>organizada em que os grupos se controlariam entre si.</p><p>2.2 Vilfredo Pareto</p><p>Wilfried Fritz Pareto nasceu na França em 1848, e morreu na Suíça em 1923. Filho de</p><p>nobres, em sua trajetória foi sociólogo, teórico político e economista italiano. Em suas obras</p><p>abordou sobre as elites dominantes, sobre a teoria do comportamento político e a essência</p><p>racional do homem. Pareto graduou-se em matemática e física e também se tornou engenheiro.</p><p>Também ficou conhecido por seus estudos em matemática e análise econômica. Foi na</p><p>sociologia que Pareto buscou alcançar aquilo que a economia não explicava, o pensamento</p><p>daquilo que não está voltado para lógica, mas para as relações humanas.</p><p>48TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Pareto (1991), graduou-se através da tese dos princípios fundamentais do equilíbrio</p><p>dos Estados sólidos. Esse tema esteve presente nos estudos de Pareto principalmente</p><p>pela ideia do equilíbrio, palavra-chave de seus estudos, ele também estudou economia</p><p>através das obras de Adam Smith, pelo qual aprofundou seus estudos quanto à economia,</p><p>à política, e os movimentos sociais.</p><p>Através das suas pesquisas e estudos de Pareto, assim como Mosca, acreditava</p><p>na impossibilidade de produzir um estudo neutro quanto às questões sociais e políticas,</p><p>pois acreditava que os cientistas naturais se deixavam influenciar por preconceitos e</p><p>paixões. Para Pareto (1991), o método lógico experimental é aquele que irá proporcionar</p><p>um conhecimento sistematizado para um sociólogo, buscando verdades e conclusões.</p><p>Para ele, a busca por identificar regularidades é ação que faz com que o homem busque</p><p>as experiências e a partir delas chegue a conclusões nas quais possa não só compreender</p><p>como colaborar com o desenvolvimento da sociedade.</p><p>Através da observação da busca pelas experiências como forma de alcançar a</p><p>verdade, Pareto (1991), buscou a distinção entre verdade e utilidade. Para ele a verdade</p><p>vem através da ciência, no entanto, isso não significa que seja socialmente útil, sendo</p><p>assim nem tudo que é verdadeiro caracteriza positividade para o equilíbrio social.</p><p>Pareto (1991) buscava através de suas obras encontrar o equilíbrio e como a</p><p>sociedade alcançou esse equilíbrio ao longo dos tempos. Ele entendia que através da</p><p>observação que todo fenômeno social pode ser visto como a realidade, exatamente como</p><p>ela se apresenta, ou seja, aquilo que é objetivo e, por outro lado, como ela é vista ao espírito</p><p>de alguns homens, que é entendida como subjetiva. Ele compreende que a ação subjetiva</p><p>compreende uma relação lógica entre meio e fim. Um exemplo de uma ação subjetiva seria</p><p>uma penitência religiosa, a fim de alcançar alguma Graça como, por exemplo, um trabalho.</p><p>O trabalho como ação humana é algo objetivo, no entanto, a ação da penitência é algo</p><p>subjetivo, por isso é uma relação lógica.</p><p>Para Pareto (1991) as relações lógicas são frutos de um processo de raciocínio que</p><p>busca através da observação compreender e analisar o seu meio e dessa forma gerar uma</p><p>relação lógica em todos os seus componentes.</p><p>Pareto (1991) discutia sobre a questão da democracia em um mundo contemporâneo</p><p>e sua reflexão nos faz pensar sobre a</p><p>questão do verdadeiro valor da democracia e a</p><p>liberdade democrática da sociedade como um todo.</p><p>Em todo governo democrático entende-se que a soberania é popular, que as</p><p>decisões serão tomadas pelo povo e para o povo, no entanto, é fato que em um processo</p><p>democrático em que os representantes do povo são eleitos através do voto, a soberania</p><p>popular não é uma realidade, pois as decisões trazidas pelos eleitos nem sempre contemplam</p><p>as necessidades e a realidade do povo, levando por terra a ideia do princípio de igualdade</p><p>e participação política popular.</p><p>49TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Quanto aos fenômenos sociais e políticos, Pareto (1991), criou uma teoria</p><p>identificada como resíduos. Nela ele discute que a verdade quanto aos fenômenos sociais e</p><p>políticos não está naquilo que é defendido pelo homem de maneira explicativa, no entanto,</p><p>abstrata, pois a verdade estará em sentimentos profundos, na explicação instintiva.</p><p>Ainda sobre a teoria dos resíduos, conforme Pareto (1991), sua discussão</p><p>quanto à heterogeneidade social. Neste momento, Pareto reflete sobre a questão da</p><p>homogeneidade da sociedade, para ele esse fato não existe, pois os homens são físicas,</p><p>moral e intelectualmente diferentes. Assim, vivendo em uma sociedade desigual, essa</p><p>mesma sociedade deve ser dividida em dois lados, um considerado o estrato superior e o</p><p>outro o chamado estrato inferior. Para ele, o estrato superior com quem as elites, as classes</p><p>eleitas formadas por indivíduos economicamente superiores detentores do poder. Pareto</p><p>conclui que a ideia de elite está de fato associada ao seu termo etimológico original, ou</p><p>seja, significa que são os melhores, os eleitos.</p><p>O conceito defendido por Pareto (1991), acaba por dividir a elite. Para ele, a sociedade</p><p>divide a elite governante e elite não governante, a elite não governante representa o grupo</p><p>que se destaca em suas atividades, no entanto, não estão no controle político. Para Pareto</p><p>(1991), a classe governante é aquela que direta ou indiretamente influenciam o governo,</p><p>sendo assim a elite política se forma não só por aqueles que foram eleitos, mas também</p><p>por aqueles que controlam a economia, a cultura, religião, ou saber, etc. Assim, aquele</p><p>que não representa a elite é considerado como não elite, ou seja, as massas consideradas</p><p>inferiores, no entanto, essas classes devem se manter próximas, para que haja a circulação</p><p>das elites para ocorrer o equilíbrio social.</p><p>2.3 Robert Michels</p><p>Nascido na Alemanha em 1876 e faleceu em Roma em 1936. Robert Michels</p><p>lecionou em universidades durante quase toda a sua vida, tornando-se um especialista em</p><p>sociologia e política. Foi autor de importantes obras como: Zur Soziologie dês Parteiwesens</p><p>in der modernen Demokratie e Corso di sociologia política.</p><p>Em sua militância fez parte do partido social democrata alemão e partido socialista</p><p>italiano, assim como posteriormente se juntou ao sindicalismo revolucionário. Se tornou docente</p><p>universitário onde abordava temas como economia política.Foi muito próximo a Max Weber, no</p><p>entanto, futuramente afastou-se retomando bases teóricas de Mosca e Pareto.</p><p>Michels foi aluno de Weber que teve grande contribuição para o seu sucesso,</p><p>pois o orientava quanto aos temas a serem desenvolvidos em suas pesquisas. Ele era</p><p>um militante do movimento socialista, mas devido à desorganização interna, a falta de</p><p>democracia acabou afastando-se do movimento, compreendendo com isso a importância da</p><p>formação de minorias dominantes, mesmo onde o discurso democrático era mais presente</p><p>e se mostrava mais adepto ao radicalismo.</p><p>50TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Através da obra “Sociologia dos Partidos Políticos” (1982), ele cita a divisão entre</p><p>governantes que ele chama de oligarquia ao invés de elite, grupo esse organizado, a fim</p><p>de gerar interesses próprios ao invés de representar o grupo no qual foi escolhido para. Do</p><p>outro lado estão as multidões, que em sua interpretação esse grupo tenha necessidade de</p><p>submissão alguém que os governe.</p><p>Michels (1982), enfatiza que qualquer tipo de reivindicação, seja de grupos elitizados</p><p>ou pelas massas, existe a necessidade de uma organização, pois para ele não existe a</p><p>democracia sem necessariamente se organizar. No entanto, ele ainda coloca que a partir do</p><p>momento em que essa organização se faz presente, ela permite reunir forças, ela estará se</p><p>colocando claramente contra os princípios democráticos. Essa observação se faz, pois Michels</p><p>se aprofundou nos estudos sobre a organização operária de orientação socialista, em especial</p><p>a corrente marxista no início do século XX. Para esses grupos, a democracia deveria ser</p><p>destinada como um autogoverno das massas, definindo o destino de cada comunidade.</p><p>Para Michels (1982), a democracia é um sistema político inviável. Isso porque, de</p><p>acordo com o sociólogo, consultar o reunir as massas é algo inviável em cada momento</p><p>que for necessária uma tomada de decisões, por isso elas devem ser representadas. Ele</p><p>ainda coloca que não existe a possibilidade de consultar as massas a todo instante. E isso</p><p>representa a participação ativa daqueles que possuem o conhecimento que seriam os técnicos</p><p>e profissionais especializados como, por exemplo, economistas, advogados, entre outros.</p><p>De acordo com Michels (1982), teríamos então uma lei sociológica, em que o poder se</p><p>concentra nas mãos de chefes e especialistas, e aos poucos é retirado das massas esse mesmo</p><p>poder de decisão. Para ele, isso não significa concentrar o poder nas mãos das minorias, mas</p><p>sim faz parte de uma exigência organizacional, refletindo assim em uma hierarquia.</p><p>Como resultado da crescente complexidade das tarefas organizacionais e da</p><p>especialização das funções no seu interior, as oligarquias são conduzidos há</p><p>uma posição de superioridade intelectual contra a posta a uma incompetência</p><p>formal e real das massas. Para Michels, portanto, trata-se da seguinte</p><p>equação: a expansão das organizações exigem especialização das funções,</p><p>está por sua vez, conduz a profissionalização, que por fim, vem acentuar as</p><p>diferenças entre chefes e as massas no que se refere ao grau de instrução</p><p>possuído por ambos. (PERISSINOTTO, p.88, 2018)</p><p>Assim, Michels (1982), refere-se à superioridade intelectual em comparação às</p><p>massas. Para ele, essa superioridade é algo indispensável, pois esses chefes que se tem</p><p>conhecimento. Outra questão considerável é a necessidade de mobilização e agilidade</p><p>quanto à solução de problemas. Para ele é necessário ações que tragam uma solução</p><p>imediata e ágil para os problemas surgidos. E nesse sentido a democracia não colabora com</p><p>essa agilidade, pois ela demanda de consultas e assembleias e reuniões que tornam esse</p><p>processo bastante lento. Conclui-se então que a representação democrática é uma farsa</p><p>em que a vontade dos pequenos grupos representam o que seria o desejo das massas, o</p><p>que de fato nem sempre é uma realidade.</p><p>A DENÚNCIA</p><p>CONTRA A ELITE3</p><p>TÓPICO</p><p>51TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Desde o surgimento da teoria das elites através de Gaetano Mosca no século XIX,</p><p>muitas são as discussões que permeiam este tema. É de conhecimento que quando estamos</p><p>nos referindo à elite política, a elite privada, através de grandes industriais, grandes banqueiros,</p><p>entre outros, estamos nos referindo àqueles que detém o poder, ou seja, aqueles que governam.</p><p>Aqueles que governam são numericamente menores do que aqueles que são</p><p>governados. No entanto, mesmo aqueles que são governados representem a maioria,</p><p>isso não significa que a eles será atribuído o poder de escolher, pois os governantes são</p><p>responsáveis por monopolizar o poder e assim fazer prevalecer a sua vontade através</p><p>de circunstâncias legítimas ou se necessário arbitrárias, desde que prevaleça a suas</p><p>necessidades e as necessidades e anseios dos pequenos grupos.</p><p>Pensadores antigos e modernos como Marx, Maquiavel, Montesquieu, já</p><p>representavam a ideia de uma elite que controlava o poder. No entanto, quando essas</p><p>teorias foram discutidas em tempos passados, elas</p><p>ainda não haviam sido articuladas e</p><p>conceituadas de acordo com o pensamento de Mosca, que prioriza esta teoria, embasada</p><p>naqueles que governam e naqueles que são governados.</p><p>Assim compreendemos que as classes dirigentes são representadas por um grupo</p><p>homogêneo, e que se compreendem devido ao fato de defenderem os mesmos interesses.</p><p>Mesmo que o grupo que governa representa as minorias, eles são detentores do poder, e</p><p>a partir dessa constatação também serão eles a definirem os caminhos a serem tomados</p><p>pela sociedade não só para os pequenos grupos, mas também para as grandes massas.</p><p>E será a partir desse contexto que iremos nos deparar com as desigualdades</p><p>sociais. Esse processo de desigualdade entre as camadas sociais, serão determinantes</p><p>para que as elites se destaquem e monopolizem o poder. A partir desse monopólio, as</p><p>52TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>desigualdades irão se evidenciar, a desigualdade condiciona as massas a se limitarem a</p><p>pouco ou a nenhum poder de decisão, e de sobrevivência em sociedade.</p><p>Se por um lado aqueles que governam, detém o poder e o monopolizam para</p><p>que as necessidades, os desejos dos pequenos grupos se tornem prioridade, do outro</p><p>lado nos deparamos com os grupos mais vulneráveis da nossa sociedade. São aqueles</p><p>que são negligenciados, que a eles o direito à educação, o direito a condições básicas de</p><p>sobrevivência, a efetivação de políticas públicas. Eles não têm garantido condições básicas</p><p>de sobrevivência nas quais encontramos na constituição brasileira, que é o documento</p><p>mais que direciona nossa sociedade. Assim, encontramos grupos como negros, mulheres,</p><p>indígenas, imigrantes entre outros que representam a grande massa, que são lembrados</p><p>em momentos de decisão política, que são lembrados quando as necessidades desses</p><p>grupos colaboram para que as elites alcancem seus anseios econômicos e políticos , mas</p><p>que em nenhum momento muda a realidade desses grupos de fato, é uma prática ou uma</p><p>necessidade imediata para as classes que governam, tornando as massas descartáveis até</p><p>o próximo momento que se tornam úteis novamente para garantir a conquista das elites.</p><p>As desigualdades se apresentam em grupos como: econômica, social e política.</p><p>Esses grupos se definem e se completam. A desigualdade pode estar presente verticalmente</p><p>quando materializamos a divisão social, ou seja, aqueles que representam as elites se</p><p>encontram no topo desta pirâmide, por outro lado, a base é representada pelas massas,</p><p>por aqueles que representam a classe menos favorecida na sociedade. Essa diferença se</p><p>evidencia através da diferença baseada na renda mensal. Podemos identificá-las através</p><p>das etnias, raça, religião, orientação sexual entre outros.</p><p>Basicamente a desigualdade social tem como causa aspectos relevantes e de</p><p>conhecimento de toda a sociedade. Elas podem ser exemplificadas por questões como: acesso</p><p>à educação ou a falta dele, à falta de políticas públicas que contemplem de forma igualitária</p><p>a sociedade, acesso à cultura, entre outros fatores. As consequências dessa desigualdade</p><p>podem-se evidenciar em questões como a desigualdade salarial que irá refletir na saúde, na</p><p>cultura, na moradia, enfim, nas condições básicas de sobrevivência de um cidadão.</p><p>O problema aqui não consiste em que os sociólogos levam em conta as</p><p>muitas e bem documentada as diferenças no caráter do trabalho, no estilo</p><p>de vida, comportamento político e nas atitudes que existem entre os grupos</p><p>o problema consiste, antes de tudo, no fato de que, assim procedendo,</p><p>muitos sociólogos deixam de levar em conta a possibilidade de que essas</p><p>diferenciações, dentro da classe operária como um todo, podem muito bem</p><p>ser respostas diversas as situações idênticas do trabalho assalariado e</p><p>que é igualdade subjacente a essa situação se torna crescentemente mais</p><p>clara sobre o impacto da mecanização, da desqualificação e da crescente</p><p>insegurança de emprego, que afetam tanto os trabalhadores manuais quantos</p><p>não-manuais. A crítica a tais conceitualizações elípticas consiste em que elas</p><p>estão totalmente voltadas para percepção subjetiva de diferenças, ao mesmo</p><p>tempo, em que ignoram a igualdade das condições objetivas, as quais todos</p><p>os trabalhadores assalariados são submetidos. (OFFE, 1984, p. 59)</p><p>53TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Diante de tais reflexões, é impossível não atribuir as desigualdades sociais presentes</p><p>àqueles que governam. Se na esfera pública aqueles que governam são responsáveis por</p><p>administrar a economia de um país, se são eles que recebem os impostos para que os</p><p>mesmos sejam atribuídos a uma sociedade de forma que se diminua a disparidade social,</p><p>então podemos pensar que é de responsabilidade dos que governam toda problemática que</p><p>envolve as questões sociais de um país. Ainda podemos pensar naqueles que governam</p><p>e que representam as instituições privadas, são esses que oferecem salários em troca da</p><p>força de trabalho das massas. Sendo assim, também é de responsabilidade desse grupo</p><p>garantir salários que garantam a dignidade social de um cidadão, assim como todos os</p><p>direitos legais e trabalhistas que competem a uma sociedade eticamente organizada. Se</p><p>teoricamente sabemos que a essa elite cabe a organização social, a questionar e buscar</p><p>transparência quanto ao papel desenvolvido por aqueles que governam para que a prática de</p><p>uma política pública ou de uma empresa privada tenha como prioridade um comportamento</p><p>ético no qual garantam as necessidades básicas daqueles que são governados através da</p><p>política, da economia e das práticas sociais.</p><p>CRITICA A ELITE</p><p>LIBERAL4</p><p>TÓPICO</p><p>54TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Começamos a apresentar a crítica à elite liberal, através de Japiassu (2006),</p><p>quando ele afirma que:</p><p>O liberalismo político considera a vontade individual como fundamento das</p><p>relações sociais, dependendo, portanto, a liberdade individual, liberdade</p><p>de pensamento e de opinião, liberdade de culto”, em relação ao poder</p><p>do “um” deve ser limitado, defendendo assim o pluralismo das opiniões</p><p>e a independência entre os poderes legislativo, executivo e judiciário que</p><p>constituem o Estado. (JAPIASSU, 2006. Pg. 168).</p><p>Já o liberalismo econômico, cujo principal teórico foi Smith (1996), considera que</p><p>existem leis inerentes ao próprio processo econômico, tais como a lei da oferta e da procura,</p><p>que estabelece o equilíbrio entre a produção, distribuição e o consumo de bens em uma</p><p>sociedade. O estado não deve interferir na economia, mas apenas garantir a livre iniciativa</p><p>e a propriedade privada dos meios de produção.</p><p>Ainda no âmbito privado podemos entender como pessoas politicamente liberais</p><p>que têm como característica uma educação que proporcionou a elas acesso à riqueza e</p><p>ao poder, nos quais a transforma em um grupo que representa as minorias que governam.</p><p>É comum também a este grupo se posicionarem como aqueles que apoiam as massas</p><p>trabalhadoras, no entanto, eles representam a elite que governa e assim estão longe de</p><p>uma compreensão realmente clara das necessidades básicas da classe dominada.</p><p>É comum encontrarmos indivíduos que fazem parte desta elite liberal defender o</p><p>princípio de que, a valorização da liberdade individual, direciona o indivíduo para que ele</p><p>tenha mais facilidade em alcançar seus objetivos e assim conquistar os seus desejos.</p><p>55TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>No entanto, é de conhecimento que nem sempre o fato de um indivíduo escolher</p><p>qual caminho trilhar irá significar o sucesso nesse caminho. Os seres humanos estão</p><p>fadados a serem rotulados por sua classe social, sua etnia, suas condições econômicas.</p><p>Neste sentido, um indivíduo que pertence às massas terá muito mais dificuldade de se</p><p>posicionar em uma sociedade extremamente preconceituosa, assim como ter acesso à</p><p>educação, saúde e condições sociais que possam proporcionar a ele condições para que</p><p>o sucesso não signifique uma luta diária a ser conquistada, mas sim, o resultado de um</p><p>trabalho estruturado e natural para a conquista</p><p>social dos indivíduos.</p><p>Para Rosas (2018), o liberalismo igualitário nasce como uma reação as classes</p><p>dominantes. Busacando valores que não podem ser negociáveis. Podemos perceber essa</p><p>afirmação em Rosas (2018):</p><p>O paradigma liberal igualitário contemporâneo surge como reação contra</p><p>o utilitarismo dominante na política e na economia. Em vez da perspectiva</p><p>consequencialista, welfarista e agregativa que caracteriza as diferentes formas</p><p>de utilitarismo, o liberalismo igualitário é de carácter deontológico, não welfarista</p><p>e anti-agregativo. Ele afirma a primazia da virtude social, da justiça e do respeito</p><p>por direitos individuais. Para o liberalismo igualitário estes valores não são</p><p>negociáveis em função de quaisquer consequências antecipáveis que permitam</p><p>a maximização do bem-estar agregado. (ROSAS, 2018. Pg. 37.).</p><p>Já o liberalismo em si, apresenta sua base na liberdade e nos direitos individuais, a</p><p>igualdade diante da lei, o direito à propriedade privada e ao comércio. A história do liberalismo</p><p>iniciou-se no século XIII na Inglaterra, sendo marcada pela ideia do estado mínimo, a</p><p>meritocracia e o esforço individual para que cada um possa alcançar seus objetivos.</p><p>Quando pensamos intimamente nas questões sociais, como, por exemplo, os</p><p>grupos que governam e os grupos que são governados. Basicamente entendemos a ideia</p><p>de liberalismo e a questão da meritocracia como sendo um objetivo individual, em que cada</p><p>cidadão irá trabalhar e lutar em busca de reconhecimento e de alcançar suas expectativas</p><p>e seus anseios. Mas a dúvida que nos faz questionar e refletir é, todos os cidadãos,</p><p>independentemente de sua classe social, do seu acesso à educação, a cultura, possuem</p><p>as mesmas condições de alcançarem o sucesso através da concorrência?</p><p>Surge então uma fundamentação teórica muito discutida dentre os grupos que</p><p>socialmente discutem as questões sociais no mundo. Sendo assim, compreender que todas</p><p>as pessoas possuem os mesmos direitos, mas, ao mesmo tempo, questionar o sistema no</p><p>qual um indivíduo tem a liberdade de viver, mas não tem a liberdade de escolher a sua</p><p>profissão no futuro, pois as condições sociais nas quais ele está inserido não proporcionam</p><p>a ele o direito de estar frequentando esses meios educacionais.</p><p>56TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Historicamente, quando pensamos na questão do liberalismo e a visão de que</p><p>será através da valorização, da meritocracia e da liberdade de escolha que o indivíduo</p><p>terá sucesso em sua vida social e profissional, é possível perceber que isso não depende</p><p>única e exclusivamente da vontade dos seres humanos, mas é um processo no qual a</p><p>sociedade como um todo está inserida. A sociologia já provou que não basta unicamente</p><p>o desejo, a vontade, a luta individual para que o sucesso chegue às pessoas. Esse é um</p><p>processo coletivo, pois cada indivíduo pertence a uma cultura, a uma história individual e</p><p>coletiva diferente. Será através dessa história que a busca pelo sucesso poderá ou não ter</p><p>êxito, pois cada um, através do seu processo coletivo que envolve família, escola, políticas</p><p>públicas, sociedade, poderá ou não alcançar os objetivos traçados.</p><p>Na idade média os critérios que definiam a pobreza não eram exclusivamente</p><p>relacionados aos critérios econômicos, mas as condições de nascença ponto a igreja católica</p><p>era muito influente na vida das pessoas, sendo assim havia uma visão positiva da pobreza, pois</p><p>ela despertava o sentido da caridade e compaixão junto aos indivíduos. Ter uma alma nobre em</p><p>virtude era algo compensatório, assim como a pobreza de ações referentes à caridade eram</p><p>vistos como defeito. Na visão cristã a caridade era vista como uma obrigação moral.</p><p>Já no século XVI, na história moderna, o antropocentrismo passa a ser o protagonista</p><p>de toda a formação social. Os pobres representavam as questões religiosas, a pobreza</p><p>e a caridade despertados por Cristo. Esse período também foi marcado principalmente</p><p>na Inglaterra pelo crescimento comercial industrial, aumentando excessivamente a</p><p>necessidade de mão de obra. Nesse processo, a pobreza e a miséria passaram a ser</p><p>vistas como preguiça, o desinteresse econômico, pois, havia muitas oportunidades de</p><p>trabalho. No entanto, em nenhum momento foram consideradas as condições de trabalho,</p><p>a exploração da mão de obra do trabalhador, a falta de leis trabalhistas que garantem o</p><p>mínimo de qualidade de vida e respeito ao trabalhador.</p><p>Se o povo não adquirir o hábito do trabalho, os preços baixos de todos os</p><p>artigos necessários para a vida estimulam a preguiça. O melhor remédio</p><p>contra isso é aumentar a demanda de todos os artigos necessários; não</p><p>somente através de prêmios de exportação — o que, aliás, muitas vezes</p><p>também é útil — mas aumentando o número de pessoas que os consomem;</p><p>e quando os artigos forem caros, exigir-se-ão mais trabalho e aplicação em</p><p>todos os tipos de comércio e artes para obtê-los. (SMITH, 1996, p. 47).</p><p>No século XVIII o liberalismo se fortaleceu, levando a justificativa para o sucesso</p><p>dos indivíduos, a falta de interesse e de luta para se alcançar o sucesso. As pessoas</p><p>eram vistas como protagonistas do seu destino, somente a elas cabia alcançar o sucesso</p><p>social e econômico. A caridade como um todo já não fazia parte da rotina social, pois para</p><p>muitos era necessário manter o medo da pobreza e da fome, a fim de que os trabalhadores</p><p>realizassem com disciplina interesse suas funções.</p><p>Na idade contemporânea, quando se analisa todo este processo que caracteriza</p><p>o mundo do trabalho e a visão quanto ao objetivo de alcançar o sucesso, compreende-</p><p>57TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>se também as grandes lacunas entre as oportunidades ofertadas, as chamadas elites e</p><p>as massas, as precariedades dessas oportunidades e os meios disponíveis a ela. Assim,</p><p>quando analisamos a atualidade e as questões sociais, observamos que a meritocracia cada</p><p>vez mais passa a fazer parte da realidade da sociedade. Os indivíduos são cobrados desde</p><p>sua formação acadêmica que o seu sucesso será fruto dos seus esforços, no entanto, a</p><p>desigualdade social, as dificuldades, o preconceito junto às classes mais pobres estão cada</p><p>vez mais presentes. Assim, a chamada meritocracia, vista como um sonho a ser atingido</p><p>individualmente e que só depende do indivíduo, passa a ser vista pela sociologia como uma</p><p>luta desigual, em uma sociedade em que as oportunidades não se apresentam de forma</p><p>igualitária para todos, em que as diferenças se fazem presentes e são determinantes para</p><p>que um indivíduo possa ou não ser inserido na sociedade e no mundo do trabalho.</p><p>Mas seria realmente razoável assumir que a probabilidade de uma</p><p>conceitualização equivocada dos interesses esteja equitativamente distribuída</p><p>entre as classes? Argumentar aqui que esse não é o caso, que ao contrário,</p><p>a probabilidade de distorção dos interesses é maior por parte da classe</p><p>trabalhadora que por sua parte da classe capitalista, sobre o domínio das</p><p>relações capitalistas de produção. De acordo com esse argumento, os membros</p><p>da classe operária experimentam maiores dificuldades para determinar o que</p><p>seria os seus verdadeiros interesses, isto é, eles têm maiores dificuldades</p><p>de superar o hiato entre interesses empíricos e interesses verdadeiros. Essa</p><p>assimetria tem a ver com a própria dominação de classe, com a ambiguidade,</p><p>alienação, a mistificação e o fetichismo afetam diretamente a consciência da</p><p>classe operária, tanto quanto a exploração e a forma mercadoria, imposta a</p><p>força de trabalho humano, afetam suas condições materiais e sociais de vida</p><p>se está uma simetria existisse a um nível da percepção dos interesses, então</p><p>esperaríamos encontrar diferentes tipos e graus de esforços organizacionais</p><p>e comunicativos para racionalizar os respectivos interesses, isto é, para</p><p>superar as distorções e desvios específicos que são o resultado da posição</p><p>específica de classe. (OFFE, 1984, p. 85).</p><p>O liberalismo está intimamente relacionado com as ideias iluministas do século</p><p>XVIII. A partir de John Locke</p><p>(1996), a ideia do liberalismo passou a ser defendida de uma</p><p>forma mais precisa. Para ele, os indivíduos têm o direito natural à liberdade, à propriedade</p><p>privada e a resistir contra a imposição de ideias de seus governos. Locke ainda compreendia</p><p>que o poder emanava do povo e não propriamente de Deus como era defendido no período</p><p>medieval. Por esse motivo era necessário estabelecer uma relação entre governantes</p><p>e governados e criar uma relação entre essas forças para que a sociedade pudesse se</p><p>movimentar harmonicamente respeitando os direitos individuais.</p><p>O liberalismo tem suas bases no afastamento do estado quanto nas políticas</p><p>públicas e sociais. Sendo ele um defensor da Liberdade individual, dos direitos individuais,</p><p>da igualdade, segurança, felicidade, liberdade religiosa, é também parte do seu processo</p><p>de formação liberal a ideia de não intervenção governamental, pois alcançar o sucesso</p><p>através dos itens já citados fazem parte de um plano individual e não coletivo.</p><p>Essa ideia já pressupõe o ideal defendido por Smith (1996) em que eram priorizados</p><p>a propriedade privada, o livre mercado, e a tributação mínima.</p><p>58TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>A partir do pressuposto do liberalismo e o livre mercado entende-se que, a não</p><p>intervenção do estado significa liberdade para esses detentores do capital e dos meios</p><p>de produção e venda à liberdade de opção pelo preço a ser comercializado, o salários a</p><p>serem pagos, o que muitas vezes ocasiona uma grande disparidade econômica entre elite</p><p>e massa. Assim, um estado liberal deve ser regido por leis que estabeleçam limites. No</p><p>entanto, a liberdade comercial passa a ser parte fundamental dessas relações, estando a</p><p>elite livre para determinar este segmento.</p><p>Outra questão muito debatida e presente nas transformações econômicas é</p><p>o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais. Se por um lado a circulação de</p><p>capitais, abertura econômica, podem trazer benefícios para a economia de um país, por</p><p>outro lado, nós temos o desmonte de concursos e políticas públicas que em muitos casos</p><p>favorecem aqueles que proporcionam o sucesso individual de cada pessoa.</p><p>Ainda que alguém fizesse um uso assim perverso das bênçãos derramadas por</p><p>Deus sobre sua cabeça com mão liberal, que alguém fosse cruel e desprovido</p><p>de caridade a esse extremo, não estaria comprovado que a propriedade da</p><p>terra, mesmo neste caso, conferir se alguma autoridade sobre as pessoas dos</p><p>homens, o que somente pode ocorrer mediante um pacto. Pois a autoridade</p><p>do rico proprietário e a submissão do mendigo necessitado originam-se não</p><p>das posses do senhor, e sim do consentimento do pobre que preferiu ser</p><p>súdito a morrer de fome e o homem em que se submete desta forma não</p><p>pode pretender estar submetido a um poder maior do que aquele em que</p><p>consentiu mediante ao pacto ponto com base nessas premissas, o fato de um</p><p>homem os armazéns abarrotados em período de escassez, ou dinheiro no</p><p>bolso, ou estar numa embarcação no mar sabendo nadar, pode ser também a</p><p>origem de um governo e domínio, tal como se tivesse a posse de toda a terra</p><p>do mundo, dados em qualquer uma dessas circunstâncias suficiente para</p><p>permitir a ele salvar a vida de um homem que pereceria caso tal assistência</p><p>ali fosse negada e, segundo está regra, tudo quanto possa constituir uma</p><p>oportunidade para Se valer da necessidade de outrem para salvar a vida ou</p><p>algo que lhe traga caro, ao preço de sua liberdade pode converter-se numa</p><p>fundação de soberania bem como de propriedade. (LOCKE, 1996, p. 245).</p><p>Assim, o princípio do liberalismo acaba por desencadear novos problemas sociais</p><p>que muitas vezes afetam diretamente aqueles que são governados, ou seja, as massas.</p><p>É possível citar entre as principais críticas a serem abordadas: a meritocracia seria um</p><p>sistema falho, pois nem todos fazem parte dos grupos com condições de alcançar esses</p><p>objetivos. Levando assim a uma diferença injusta entre as partes, em que o favorecimento</p><p>estará para aquele que tem mais condições financeiras e estabilidade.</p><p>Toda mercadoria que não possui uma política de estado reguladora terá em sua</p><p>comercialização o favorecimento das ambições do detentor dessas mercadorias e de seu</p><p>poder de comércio.</p><p>Quanto à tributação, privilegia as elites e as chances de que isso levará a oneração</p><p>dos cidadãos que pagam os impostos, principalmente as massas.</p><p>Quando o estado coloca a liberdade individual acima de outros direitos fundamentais,</p><p>ele abre espaço para a formação de uma sociedade com uma moralidade definida.</p><p>59TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>O escritor Jessé de Souza, faz uma análise crítica sobre a política brasileira desde a escravidão até a lava</p><p>jato, com um olhar bastante afinado e críticas inteligentes sobre a história política do Brasil.</p><p>Fonte: Revista Cult.</p><p>Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/</p><p>Acesso: 21 fev. 2022</p><p>Vídeo do canal Futura aborda sobre a desigualdade social no Brasil. A desigualdade econômica se dá por</p><p>meio da distribuição irregular da renda, gerando a pobreza.</p><p>Fonte: Canal Futura.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4</p><p>Acesso: 21 fev. 2022</p><p>https://revistacult.uol.com.br/home/jesse-souza-a-elite-do-atraso/</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Iw4h88BY3A4</p><p>60TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrer dela</p><p>aprofundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao</p><p>estudo da sociologia.</p><p>Iniciamos nosso estudo através do conceito de elite e seus pressupostos históricos,</p><p>neste capítulo foi de suma importância compreender a influência das elites na visão social,</p><p>econômica e histórica ao longo dos tempos.</p><p>No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender</p><p>a corrente sociológica de pensadores como: Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert</p><p>Michels. Através do contexto teórico desses sociólogos foi possível conhecer e aprofundar</p><p>nossos estudos nas questões sociais sobre a formação das elites e das massas, ao longo</p><p>das décadas.</p><p>Dando continuidade aos nossos estudos, abordamos ainda a questão da “Denúncia</p><p>contra as elites” buscando compreender mais sistematicamente as ações econômicas,</p><p>políticas e sociais praticadas por esse grupo, e assim através de reflexões que objetivam</p><p>formular uma crítica real e construtiva sobre as ações praticadas pelas elites e o reflexo</p><p>delas na sociedade contemporânea.</p><p>Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender a importância das</p><p>reflexões quanto à Crítica da elite liberal, seu conceito, ações, e reflexo para sociedade em</p><p>todos os seus momentos, buscando um despertar crítico e reflexivo quanto à sociologia.</p><p>Sucesso e até o próximo capítulo.Obrigada a todos(as)!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>61TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>O podcast aborda a questão da desigualdade social no Brasil relacionados à</p><p>educação. Seu principal foco de estudo está na diferença dos níveis de aprendizagem entre</p><p>escolas públicas e privadas.</p><p>Gazeta do Povo. Tragédia na educação: Brasil aprofunda desigualdade social</p><p>na sala de aula. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E . Acesso</p><p>em: 11 fev. 2022.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=IDIXmmDFj8E</p><p>62TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Violência e a história da desigualdade.</p><p>• Autor: Walter Scheidel</p><p>• Editora: Zahar; 1ª Edição (1 março, 2017).</p><p>• Sinopse: Das primeiras sociedades humanas até hoje, a desigualdade</p><p>econômica só diminuiu de forma significativa com rupturas violentas</p><p>de larga escala. Sem guerras em massa, revoluções transformadoras,</p><p>falência do Estado ou epidemias catastróficas, nunca houve nivelamento</p><p>real de renda, ou riqueza ― os ricos continuaram ricos, ou, como nas</p><p>últimas décadas, ficaram ainda mais ricos, uma vez que sempre resistiram</p><p>a mudanças profundas alcançadas pacificamente. Com argumentos</p><p>sólidos, fundamentados por pesquisa detalhada e apresentada com</p><p>fartura de dados,</p><p>Walter Scheidel, historiador da Universidade Stanford,</p><p>chega a uma conclusão ainda mais perturbadora: se atualmente os</p><p>eventos de violência cataclísmica não parecem tão ameaçadores</p><p>quanto antes, por outro lado, as propostas econômicas para reduzir a</p><p>desigualdade não estão surtindo efeito, e o desequilíbrio econômico e</p><p>social só tende a aumentar.</p><p>63TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: A Elite do Atraso</p><p>• Autor: Jessé Souza</p><p>• Editora: Estação Brasil(Fevereiro 2019)</p><p>• Numa época em que a questão das desigualdades racial e social</p><p>estão, mais do que nunca, no centro de cena, o sociólogo Jessé</p><p>Souza escancara o pacto dos donos do poder para perpetuar</p><p>uma sociedade cruel forjada na escravidão. Esse é o pilar de</p><p>sustentação de nossa elite, A elite do atraso. Depois da polêmica</p><p>aberta pela obra A tolice da inteligência brasileira e da contundência</p><p>exposta em A radiografia do golpe, o autor apresenta uma obra</p><p>surpreendente, forte, inovadora e crítica na essência, com um texto</p><p>aguerrido e acessível. Figuras como as do “homem cordial” de</p><p>Sérgio Buarque de Holanda e do “jeitinho brasileiro” interpretada</p><p>por Roberto DaMatta sedimentaram a síndrome de vira-lata do</p><p>brasileiro e a ideia de que a corrupção política é o grande problema</p><p>nacional. Para Jessé, no entanto, ideias velhas nos legaram o tema</p><p>da corrupção dos tolos, restrita à política. Na corrupção real, no</p><p>entanto, o problema central — sustentado por outras forças — é a</p><p>manutenção secular de uma sociedade desigual, que impossibilita</p><p>o resgate do Brasil esquecido e humilhado. Com o objetivo de</p><p>desconstruir essa legitimação “naturalizada” ao longo de décadas,</p><p>o autor toma a experiência da escravidão como a semente da</p><p>sociedade desigual, perversa e excludente do Brasil para, em</p><p>seguida, analisar como a luta de classes por privilégios construiu</p><p>alianças e preconceitos que esclarecem o padrão histórico repetido</p><p>nos embates políticos do Brasil moderno. Por fim, faz o diagnóstico</p><p>do momento atual, batendo forte no que chama de conluio entre a</p><p>grande mídia e a operação Lava Jato</p><p>64TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Filme: Você não estava aqui</p><p>• Ano: 2020</p><p>• Diretor: Ken Loach</p><p>• Sinopse: O foco da obra está nas críticas ao trabalho informal,</p><p>as condições às quais as pessoas são submetidas nesse tipo de</p><p>atividade e sobretudo ao que vem sendo chamado de “uberização</p><p>do trabalho”.Uma família enfrenta dificuldades financeiras depois</p><p>da crise de 2008. O pai começa a trabalhar em uma empresa de</p><p>entregas sem um vínculo empregatício. Com o tempo, a autonomia</p><p>de fazer seus próprios chefe acaba se tornando um pesadelo de</p><p>turnos desumanos e sacrifícios financeiros para conseguir manter</p><p>a família. Uma tragédia social que está na ordem do dia.</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Filme: Coringa</p><p>• Ano: 2019</p><p>• Diretor: Todd Phillips</p><p>• Sinopse: Indicado a 11 categorias no Oscar 2020 e levando duas</p><p>estatuetas, o filme conta a história do grande inimigo de Batman. Após</p><p>ser demitido de seu emprego como palhaço em uma agência, Arthur,</p><p>o Coringa, comete uma série de assassinatos. Suas ações iniciam um</p><p>movimento popular contra a elite de Gotham City. A obra mostra as</p><p>dificuldades enfrentadas pelo personagem na vida social, financeira e</p><p>psicológica. Nesse contexto, existe uma forte crítica ao neoliberalismo,</p><p>já que a obra provoca o espectador para questionar a falta de auxílio do</p><p>estado ao personagem. Arthur responde a isso tudo com uma violência</p><p>extrema que acaba sendo aclamada por uma população que só enxerga</p><p>a solução para seus problemas por esse caminho. Vale lembrar que, na</p><p>época de sua estreia, apesar do sucesso de público, o filme chegou a</p><p>ser criticado nas redes sociais pela violência empregada nas cenas. As</p><p>discussões chegaram aos massacres com armas de fogo nos Estados</p><p>Unidos — tema de extrema relevância nos dias de hoje. Muitos apontavam</p><p>que o filme incitaria esse tipo de ataque.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Definição o que é?;</p><p>• Dimensão Econômica e Política;</p><p>• Dimensão Política;</p><p>• Crise do Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar o conceito de Estado e o bem-estar</p><p>social, enfatizando seu compromisso com as políticas públicas;</p><p>• Compreender a responsabilidade do Estado enquanto regulador e</p><p>responsável pela economia e política nacional;</p><p>• Contextualizar o processo da dimensão da política enquanto</p><p>órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado</p><p>de direito democrático;</p><p>• Problematizar as questões que envolvem o bem-estar social e</p><p>influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade</p><p>contemporânea.</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes</p><p>O ESTADO DE BEM O ESTADO DE BEM</p><p>ESTAR SOCIALESTAR SOCIAL</p><p>UNIDADEUNIDADE3</p><p>66O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Seja muito bem-vindo(a) !</p><p>Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nossos</p><p>estudos sobre o Estado e o bem-estar social.</p><p>Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Estado e suas</p><p>responsabilidades legais junto a uma nação.</p><p>Nossa abordagem sobre a sociologia e a Dimensão Econômica e Política, tendo</p><p>como ênfase relacionar o princípio do que é a política e a relação com a economia em uma</p><p>abordagem social e igualitária, que prevaleça as questões de necessidades pertinentes às</p><p>políticas públicas.</p><p>Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade</p><p>e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa</p><p>estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos</p><p>menos favorecidos.</p><p>E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre</p><p>a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas</p><p>características e seu papel na sociedade.</p><p>Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa</p><p>colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da</p><p>sociologia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>DEFINIÇÃO1</p><p>TÓPICO</p><p>67O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>O estado de bem-estar social surgiu após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo</p><p>de reconstruir a economia nos países ocidentais, objetivando uma nova organização</p><p>econômica e política quanto à sociedade.</p><p>Quando criado, seu objetivo era garantir o enfrentamento quanto aos trabalhadores</p><p>que exigiam melhores condições de vida e trabalho, assim como garantir uma nova ordem</p><p>econômica contrapondo aos blocos socialistas. O estado social surgiu a partir das teorias</p><p>de John Maynard Keynes em sua obra “Teoria geral do emprego do juro e da moeda”.</p><p>(2010). Assim o estado teria como objetivo intervir nas atividades econômicas investindo,</p><p>executando obras, redistribuindo rendas e assim garantindo o bem-estar da população.</p><p>Essa ideia contrapunha o liberalismo, ou estado mínimo, que tinha como objetivo distanciar</p><p>a intervenção do estado.</p><p>Fiori</p><p>(1997), nos fornece uma definição sobre o estado de bem-estar social simples</p><p>e objetiva, como podemos verificar abaixo:</p><p>Uma premissa metodológica aparentemente simples, mas cuja imensa</p><p>complexidade prática aparece de imediato quando tentamos reunir, sob</p><p>um mesmo conceito — o da “proteção social”. Instituições e práticas tão</p><p>radicalmente distintas como silo as Poor Laws e as Friendly Societies</p><p>inglesas, os seguros sociais compulsórios alemães, dos tempos de Bismarck,</p><p>as Caixas de Pensão brasileiras dos tempos de Eloy Chaves, o New Deal</p><p>norte-americano de Roosevelt ou, finalmente, o Estado de Bem-Estar Social,</p><p>a forma moderna mais avançada de exercício público da proteção social.</p><p>(FIORI, 1997. Pg. 131).</p><p>68O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>Fiori (1997), deixa claro sua definição e abre espaço para novas informações. Vale</p><p>ressaltar que através da teoria apresentada acima, os economistas modernos, baseados no</p><p>capitalismo, compreendiam como necessária: moradia, educação básica, saúde, transporte,</p><p>lazer, trabalho, salário, garantindo o mínimo de qualidade de vida para os menos favorecidos</p><p>Nesse mesmo período, em países latinos, instaurou-se uma variedade de modelos</p><p>governamentais, entre eles ditaduras que foram implantadas através de golpes militares,</p><p>em uma ideia deturpada do que seria agir de acordo com a lei, esses golpes exerciam</p><p>poder e controle sobre os grupos sociais de seus países.</p><p>O estado de bem-estar social entendido como uma organização política, econômica,</p><p>social e cultural que tem como objetivo colocar o estado como responsável em promover</p><p>ações sociais e organização econômica, a fim de garantir o bem-estar da sociedade como</p><p>um todo. Esse processo deve ter como princípio uma distribuição de renda igualitária e</p><p>ainda serviços básicos como saúde e educação.</p><p>As questões ligadas ao estado e que se relacionam socialmente perpassam a ideia</p><p>do dia a dia individual e passam a fazer respeito à estrutura de uma sociedade, causando</p><p>problemas sociais como desemprego, a fome, crises financeiras como outros problemas.</p><p>Esses problemas afetam a sociedade como um todo, atingindo principalmente os grupos</p><p>sociais menos favorecidos identificados como as massas.</p><p>O Estado de bem-estar social adota o sistema de medidas com a finalidade de</p><p>proteger seus cidadãos, garantindo assim a saúde, a segurança, moradia, lazer, educação,</p><p>entre outros. Assim, seu objetivo é trazer a igualdade de oportunidades a todos, a</p><p>distribuição de riquezas e ainda a responsabilidade por aqueles que não tem condições de</p><p>manter as condições básicas de sobrevivência, mesmo quando se beneficia de subsídios</p><p>oferecidos pelo governo. O estado de bem-estar social que busca garantir a igualdade</p><p>de oportunidades e a distribuição de riquezas tem na sua prática características que irão</p><p>variar de acordo com cada país. Ele pode ter uma aplicação ampla ou restrita de acordo</p><p>com as necessidades sociais de cada país, entre as principais necessidades podemos citar</p><p>como contribuição do governo no sentido amplo para o bem-estar do cidadão tais como:</p><p>pavimentação, transporte público, saneamento básico, policiamento, escolas, etc. Já no</p><p>sentido estrito é possível destacar ações como: seguro desemprego, licença-maternidade,</p><p>assistência médica gratuita, pensões, etc.</p><p>A origem do Estado de bem-estar social originou-se nas políticas sociais.</p><p>Historicamente, as políticas sociais estão classificadas em três momentos diferentes:</p><p>Estado liberal, Estado social, Estado neoliberal.</p><p>69O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>O estado liberal é baseado no liberalismo, doutrina essa surgida desde o período do</p><p>iluminismo nos séculos XVII e XVIII. A proposta dessa forma de governo entendia a valorizar</p><p>o direito à liberdade como forma de proteção dos cidadãos, desde que não ultrapasse o</p><p>direito de outros cidadãos. Esse sistema de governo tem como foco de interesse a burguesia,</p><p>pois acredita que a não interferência do Estado irá garantir uma regulamentação individual</p><p>e particular com maior sucesso e autonomia. Nele são valorizadas características como</p><p>Liberdade individual, igualdade de direitos, tolerância, Liberdade da mídia, livre-mercado.</p><p>No estado social tem como característica a ocupação e o uso da intervenção efetiva do</p><p>Estado quando necessário, se faz através dos direitos culturais, vírgulas econômicas e sociais.</p><p>Já no estado neoliberal o governo é visto apenas como um regulador da economia.</p><p>Com a crise do liberalismo na década de 70 o modelo foi adotado por muitos países. Mas</p><p>a crise de 29 apresentou dados que comprovaram que uma falta de regulamentação pode</p><p>acarretar um crescimento descontrolado gerando a quebra econômica de um país, daí a</p><p>ideia de um estado mínimo regulador das políticas nacionais de um país.</p><p>No Estado neoliberal, é o aspecto em que os trabalhadores são os que mais perdem,</p><p>pois seus os salários, desaparecem como vapor. Segundo Pereira (2004), os resultados</p><p>percebidos das políticas neoliberais tem sido:</p><p>a) aumento do desemprego, que nos anos 1990 alcança 20% da população eco-</p><p>nomicamente ativa nas regiões metropolitanas, principalmente em São Paulo; b)</p><p>acentuada precarização dos postos de trabalho, prejudicando os trabalhadores;</p><p>c) desassalariamento, que se consubstancia principalmente no crescimento das</p><p>ocupações informais; d) aumento do trabalho em tempo parcial, ou seja, cada</p><p>vez mais os trabalhadores não conseguem empregos em tempo total. e) queda</p><p>nos rendimentos, tendo como exemplo o salário mínimo real, que sofreu signifi-</p><p>cativas perdas na década de 1990. (PEREIRA, 2004, p. 22).</p><p>O Estado de bem-estar social surge no segundo momento, no Estado Social, sendo</p><p>responsável por diversas mudanças ao longo dos anos. Entre as transformações sofridas que</p><p>podem ser citadas estão: a conquista de direitos políticos pela classe trabalhadora ocorrendo</p><p>graças a luta de classes que passou a ter direitos políticos através da socialização em que a</p><p>sociedade civil passa a ter acesso às decisões, levando a elite a perder o monopólio sobre o</p><p>estado. Dessa forma o estado passa a assumir o dever de proteger os direitos dos cidadãos.</p><p>1.1 Políticas públicas</p><p>O conceito de bem-estar social entendido como uma prática política que objetiva</p><p>colocar o estado como responsável em promover e organizar as ações sociais deve se</p><p>organizar, a fim de que tal ação tenha sucesso. Assim, a organização das políticas públicas</p><p>é necessária, compreendendo que ela irá garantir assistência àqueles que necessitam</p><p>da intervenção do estado, efetivando a garantia de direitos por lei. Nesse sentido, a</p><p>70O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>administração pública deve-se planejar criando condições para que as necessidades dos</p><p>cidadãos sejam contempladas, e assim diminuir a desigualdade social, garantindo melhor</p><p>qualidade de vida, saúde, moradia, educação, cultura, entre outros.</p><p>As políticas públicas podem estar diretamente ligadas com a ideia da distribuição</p><p>de benefícios, contemplando um grupo de pessoas que não tenha acesso a condições</p><p>básicas de sobrevivência ponto as políticas distributivas não possuem uma regra básica de</p><p>organização, elas se fazem de acordo com as necessidades de cada grupo. Oferecer taxa</p><p>atrativa como incentivo para pequenos e microempreendedores.</p><p>As políticas entendidas como redistributivas tem o objetivo de garantir o bem-estar.</p><p>Dessa forma ela irá garantir o benefício de atingir maior igualdade. Um exemplo seria</p><p>descontos sobre impostos de acordo com a renda básica do cidadão.</p><p>Compreendidas as diversas demandas e expectativas da sociedade, ele</p><p>fará a seleção de prioridades para, em seguida, oferecer as respostas. As</p><p>respostas nunca atenderão às expectativas de todos os grupos. Alguns</p><p>grupos serão contemplados, outros não. Para os grupos contemplados o</p><p>governo terá de formular e desenvolver ações para buscar atender suas</p><p>expectativas, integral ou parcialmente. Quando o governo busca atender</p><p>as principais (na sua</p><p>percepção) demandas recebidas, diz-se que ele está</p><p>voltado para o interesse público (ou seja, para o interesse da sociedade).</p><p>Ao atuar na direção do interesse público, o governo busca maximizar o bem-</p><p>estar social. (LOPES, 2008, p. 07).</p><p>As políticas regulatórias estão relacionadas às normas de comportamento que</p><p>devem ser regulamentadas por regras em uma sociedade. Um exemplo seria destinar</p><p>poltronas para pessoas idosas e deficientes no transporte público.</p><p>As políticas constitutivas se relacionam com a formação de regras para elaboração</p><p>das políticas públicas assim como direcionar as pessoas responsáveis por essa organização,</p><p>um exemplo seria a regulamentação para processos eletivos.</p><p>Organizar todo esse processo de regulamentação e prática de tais ações. Essas ações</p><p>têm como base respeitar e priorizar etapas em sua formação, identificando os problemas que</p><p>necessitam de ação, priorizando aqueles que necessitam de urgência, buscando o caminho</p><p>mais viável para que as políticas se efetivem, definindo metas e ações, garantindo a implantação</p><p>e ainda avaliando os resultados buscando assim novas medidas quando necessário.</p><p>1.2 Estado Democrático de Direito</p><p>Quando pensamos em um estado de direito, ou liberalismo, a princípio a ideia é que</p><p>uma relação entre essas teorias parecem um pouco distantes. No entanto, compreender a</p><p>finalidade do liberalismo não significa desvincular suas ações, com as ações de um estado</p><p>democrático, pois a ideia do liberalismo, ou estado mínimo em uma sociedade não significa</p><p>o sucesso, ou independência de toda sociedade. É necessário manter um olhar crítico e</p><p>empático com todas as classes sociais.</p><p>71O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>Um estado democrático de direito tem como base a vontade de seu povo agindo</p><p>de forma democrática. No entanto, as leis são partes imprescindíveis nesse processo,</p><p>que esteja valendo para todos e que não haja oprimidos ou opressores. Assim, o estado</p><p>deve agir a partir da soberania popular, que deve participar de forma efetiva nas decisões</p><p>políticas, promovendo o bem-estar e a igualdade de todos.</p><p>Para entender o poder político corretamente, e derivá-lo de sua origem,</p><p>devemos considerar o estado em que todos os homens naturalmente estão,</p><p>o que é um estado de perfeita liberdade para regular suas ações e dispor de</p><p>suas posses e pessoas do modo como julgarem acertado, dentro dos limites</p><p>da lei da natureza, sem pedir licença ou depender da vontade de qualquer</p><p>outro homem. (LOCKE, 1996, p. 381).</p><p>Assim, alguns casos, o entendimento do significado de um estado democrático, um</p><p>dos princípios é compreender o significado de um estado de direito, que está intrinsecamente</p><p>relacionado com o liberalismo, em que as políticas são livres sem intervenção maciça do</p><p>Estado, desde que se submetam ao princípio da legalidade.</p><p>A partir de políticas de um estado democrático em que o poder emana do povo,</p><p>o povo será o objetivo. Nesse contexto, a justiça social deverá fazer-se presente como</p><p>garantia desses direitos, buscando diminuir os níveis de desigualdade.</p><p>Entre as características presentes em um estado democrático podemos citar: uma</p><p>constituição formada pela vontade popular, vigência de um estado que se baseia em seu</p><p>povo, direitos fundamentais devem ser respeitados, promoção da justiça e igualdade social,</p><p>poder judiciário independente que garanta o direito de todos os cidadãos.</p><p>1.3 Estado Mínimo</p><p>O estado mínimo surgiu entre os séculos XVIII e XIX, tendo origem compensadores</p><p>como Adam Smith. Também conhecido como estado liberal, tem como base a ideia de uma</p><p>economia em que a participação do setor público seja mínima comparado ao setor privado.</p><p>Em um estado mínimo, o estado irá funcionar basicamente para manter os bens públicos</p><p>que facilitam o funcionamento dos mercados. Dessa forma, tal ideia será fortalecida por</p><p>pensadores que defendem o mercado livre para economia.</p><p>É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a</p><p>liberdade política não consiste em se fazer o que se quer em um estado, isto</p><p>é, numa social sociedade onde existem leis, a liberdade só pode consistir em</p><p>poder fazer o que se deve querer e não ser forçado a fazer o que não se tem</p><p>o direito de querer. Deve-se ter em mente. O que é independência e o que é</p><p>liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem, se um</p><p>cidadão pudesse fazer o que elas proíbem, ele já não teria Liberdade, porque</p><p>os outros também teriam este poder. (MONTESQUIEU, 2000, p. 166).</p><p>72O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>A teoria do estado mínimo surgiu no século XVIII no estado absolutista durante a</p><p>revolução francesa, caracterizada pelo surgimento durante a Segunda Guerra Mundial, ele</p><p>voltou a ser cogitado com a criação do neoliberalismo que possui uma visão mais ampla</p><p>quanto à intervenção do estado. A tentativa de implantação do estado mínimo continuou</p><p>a ser alvo de aplicação. Surgindo novamente no Reino Unido em 1979 no governo de</p><p>Margaret Thatcher quando houve a privatização de indústrias, a redução de impostos, o</p><p>controle dos sindicatos entre outras ações. Na Estônia após a independência de um regime</p><p>socialista através de corte de subsídios, redução de tarifas entre outros.</p><p>… em uma época em que os moradores do campo estavam expostos a todo</p><p>tipo de violência, nas metrópoles se implantou a ordem e a boa administra-</p><p>ção e, juntamente com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos. É</p><p>natural que os habitantes do campo, colocados nessa situação indefesa, se</p><p>contentassem com a sua subsistência; porque conseguir mais apenas provo-</p><p>caria a injustiça de seus opressores. Ao contrário, quando os cidadãos têm</p><p>segurança de gozar dos frutos do trabalho, empenham-se naturalmente em</p><p>melhorar sua condição e em adquirir não somente o necessário, mas também</p><p>os confortos e o luxo que a vida pode proporcionar. (SMITH, 1996, p. 393).</p><p>DIMENSÃO POLÍTICA</p><p>E ECONÔMICA2</p><p>TÓPICO</p><p>73O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>A ideia de um estado social está diretamente ligada às questões políticas, quanto à</p><p>desigualdade social. Vale destacar que é ela que impulsiona a ideia de um estado baseado</p><p>em políticas públicas que possam balancear a economia de um país através da geração de</p><p>trabalho, distribuição de renda, garantindo assim o fortalecimento da economia através da</p><p>reestruturação do poder de compra e consumo da sua população.</p><p>Historicamente a desigualdade social gera uma economia enfraquecida que não</p><p>garante o sustento de seus aposentados dignamente, assim como os seus trabalhadores e</p><p>seus dependentes. Contrapondo a essa afirmação, a desigualdade, por outro lado, garante</p><p>a existência de uma economia elitizada que irá garantir àqueles que possuem condições</p><p>econômicas de adquirir formação econômica e profissional, assim como qualidade de vida</p><p>para esses grupos.</p><p>A desigualdade social é fruto de uma sociedade em que grupos elitizados detém</p><p>o controle do capital, garantindo visibilidade e qualidade de vida em detrimento de outras.</p><p>Ela pode ser vista como uma condição natural considerando fatores religiosos, culturais,</p><p>políticos, etc., ou ainda pode ser vista como uma condição historicamente constituída.</p><p>Quando analisamos a segunda opção é possível pensar que esta condição não é</p><p>fruto somente de condições naturais, mas está presente na ação do homem relacionando</p><p>com inúmeros fatores buscando justificar sua existência, assim como propondo políticas</p><p>públicas que muitas vezes não passam de questões teóricas.</p><p>74O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>A desigualdade acontece principalmente quando os privilégios dos principais</p><p>só são honrosos porque são vergonhosos para o povo. Qual foi a lei que,</p><p>em Roma, proibiu os patrícios de se unirem por casamento com os plebeus,</p><p>o que não tinha outro efeito se não tornar, por um lado, os patrícios mais</p><p>soberbos e por outro, mais odiosos. Esta desigualdade acontecerá ainda se</p><p>a condição dos cidadãos for diferente em relação aos subsídios,</p><p>Assim, chegaremos ao fim dessa viagem. Espero que seu horizonte de expectativas</p><p>seja modificado e novos horizontes sejam acrescentados, uma vez que todos nós, brasileiros,</p><p>necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos, abandonado os</p><p>achismos da fake News e das redes sociais.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>7</p><p>UNIDADE 4</p><p>Sociologia política no brasil.</p><p>O estado de bem estar social</p><p>UNIDADE 3</p><p>Teoria das elites</p><p>UNIDADE 2</p><p>Sociologia política, campos e conceitos</p><p>UNIDADE 1</p><p>SUMÁRIO</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• O que é Sociologia Política;</p><p>• Filosofia Política de Maquiavel;</p><p>• Ciência Política;</p><p>• Políticas Públicas e Política Social;</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conhecer o que é a sociologia política;</p><p>• Apresentar a Filosofia Política em Maquiavel;</p><p>• Identificar o conceito de Ciência Política;</p><p>• Conhecer os conceitos de Políticas Públicas e Política Social.</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes</p><p>SOCIOLOGIA POLÍTICA, SOCIOLOGIA POLÍTICA,</p><p>CAMPOS E CONCEITOSCAMPOS E CONCEITOS1UNIDADEUNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>9SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Seja muito bem-vindo(a) a nossa disciplina de Sociologia Política!</p><p>Prezado(a) educando(a), sintam-se abraçados e cheios de entusiasmo para iniciar</p><p>a nossa disciplina de Sociologia Política.</p><p>Agora preste muita atenção, pois estamos iniciando um caminho repleto de</p><p>conhecimento que você precisa compreender para o desenrolar do capítulo a seguir.</p><p>A partir de agora, partimos para uma jornada em busca de definições e conceitos</p><p>sobre a sociologia política. Vale ressaltar que esses conceitos básicos irão nortear toda</p><p>nossa produção de conhecimento futuro.</p><p>Logo após aprendermos o que é a sociologia política, partiremos para uma jornada</p><p>buscando experiências históricas, e, conhecendo alguns pontos que envolvem a filosofia</p><p>política de Nicolau Maquiavel e toda sua riqueza.</p><p>Ainda, nesta unidade, vamos fazer uma viagem conhecendo o que é ciência política</p><p>e suas definições de poder.</p><p>Então, encerraremos nossa trilha de aprendizagem conhecendo os conceitos de</p><p>políticas públicas e política social. Passando por todos os desafios para sua construção,</p><p>seja pela luta de classes ou pelos desejos e vontades do homem.</p><p>Desde já, muito obrigado e bom estudo!</p><p>O QUE É A SOCIOLOGIA</p><p>POLÍTICA1</p><p>TÓPICO</p><p>10SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Sempre quando pensamos em estudar a sociologia, somos direcionados a</p><p>imaginar diretamente as entranhas que a compõem, e, assim, tentar entendê-la, para que</p><p>possamos tratá-la como se fosse um corpo humano. Vale ressaltar que esse pensamento</p><p>inicial sobre a sociologia é um conhecimento empírico que não pode ser descartado para</p><p>análise da sociedade. Por isso, devemos elevá-la à categoria de ciência e se possível</p><p>dividir “o corpo humano”, ou seja, separando-as em partes específicas para que ocorra a</p><p>melhor compreensão da sociedade e que seja mapeado os possíveis problemas para que</p><p>se apresente possíveis soluções.</p><p>Podemos afirmar, então, que assim como na medicina, em que existem especialistas</p><p>para determinadas áreas, a sociologia também utiliza desse mecanismo para facilitar seu</p><p>estudo. Então, a sociologia passa a ser dividida para seu melhor entendimento. Assim</p><p>podemos destacar a importância da sociologia política para a evolução da sociedade. Pois</p><p>é apenas uma parte dessa ciência que ajuda a desvendar a realidade de toda a sociedade.</p><p>Mas o que é a sociologia política? Como ela surgiu? Podemos diferenciá-la de outros ramos</p><p>da sociologia? É claro que sim.</p><p>Assim, começamos nosso estudo distinguindo essa vertente da sociologia de</p><p>outras partes que a compõem. Pois existe uma grande diferença entre Sociologia Política</p><p>e Sociologia da Política, por exemplo. Essa diferença é expressa pela primeira vez no final</p><p>da década de 1960 por Sartori (1969).</p><p>11SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>No entanto, antes de apresentar essa diferença, iremos expressar um pouco melhor</p><p>a importância do estudo da sociologia política.</p><p>Para compreendermos o aparecimento do nosso objeto de estudo, que é a sociologia</p><p>política, vamos apresentar o termo “universo político”. Esse termo serve para explicar que</p><p>a sociologia não vive só. Pois temos a ciência política, a filosofia política, a economia, entre</p><p>outras que vão justificar seu surgimento. Como assim? Talvez você se pergunte.</p><p>Para explicar melhor, iremos expor o exemplo da economia, que se utiliza de</p><p>instrumentos metódicos e científicos para aclarar as relações econômicas. Tornando-se</p><p>transparente seu papel e expondo que as relações econômicas interferem na sociedade.</p><p>A Filosofia da política também se torna importante para compreensão do papel</p><p>político do cidadão. Assim, o indivíduo age de maneira coletiva e não individual para que</p><p>não ocorra a quebra da ética exposta pela sociedade.</p><p>Nasce também a ciência política que apresenta as relações de poder e suas</p><p>vertentes.</p><p>Assim, temos o aparecimento da sociologia política que vai estudar cada vez mais</p><p>todas essas relações e assim apresentar a sociedade como é de fato e como pode evoluir-</p><p>se. Vale ressaltar que isso ocorrerá através dos métodos científicos que o cientista vai</p><p>utilizar para comprovar seu objeto de estudo.</p><p>Então, podemos afirmar que a junção dessas ciências ou disciplinas, vão formar</p><p>nosso objeto de estudo, ou seja, a sociologia política. Podemos perceber a relação</p><p>apresentada acima em Souza (2009):</p><p>O que se passa quando duas disciplinas se aproximam para formar uma</p><p>terceira e circunscrevem como objeto de estudo o universo de fatos já</p><p>trabalhados por outras abordagens? Isso ocorre com a Sociologia Política</p><p>diante da Filosofia Política ou da Ciência Política. É preciso uma análise mais</p><p>cuidadosa para distinguir essas formas de produção de conhecimento sobre</p><p>o universo político. (SOUZA, 2009, p. 08).</p><p>No entanto, a sociologia política pode ser declarada que nasceu muito além dessa</p><p>ideia moderna citada acima, pois muito antes já havia pensadores que se debruçaram</p><p>sobre a sociedade e seus desafios. Esses pensadores apresentavam suas ideias sobre</p><p>os indivíduos, cidadãos, ou sobre a própria sociedade tribal. Vale ressaltar que podemos</p><p>começar apresentando Aristóteles e sua filosofia política através da virtude humana e seus</p><p>desafios. Além de apresentar a sociedade grega e a verdade da pólis.</p><p>Então, a partir de avaliações morais e de suas observações, desenvolveu teoria e</p><p>normas sociais. Pois ele vasculhou seus pensamentos analisando a sociedade natural, ou</p><p>seja, família, escravidão e o cotidiano.</p><p>12SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Assim, percebemos a liderança do pai na família, submetendo sua mulher e filhos</p><p>a suas regras, provendo o sustento da família. Já a escravidão é vista como algo natural na</p><p>sociedade grega, em que temos os costumes e as relações sociais.</p><p>Por fim, a pólis é a junção de várias tribos que, por sua vez, movimenta a relação</p><p>das famílias, escravos e cidadãos livres. Com isso nasce a necessidade de se criar cargos</p><p>políticos, para se debater os problemas</p><p>coisa que</p><p>acontece de quatro maneiras: quando os nobres conseguem o privilégio de</p><p>não pagar os, quando fazem fraude para isentar-se deles, quando os tornam</p><p>para se sob o pretexto de retribuições ou de honorários pelos empregos que</p><p>exerce, enfim, quando tornam o povo tributário e dividem os impostos que</p><p>levaram sobre ele. (MONTESQUIEU, 2000, p. 63).</p><p>Assim é possível analisar a desigualdade social tendo como causa diversas</p><p>origens. Em alguns países, como Índia, essas diferenças são justificadas por questões</p><p>político religiosas definidas por um sistema de castas. Quando analisamos o Brasil, um</p><p>país de estado democrático, compreendemos a desigualdade social como uma questão</p><p>de má gestão das políticas públicas. Assim, analisando a Índia compreendemos como um</p><p>caso isolado ou especial. Mas, ao questionarmos as questões relacionadas ao Brasil, por</p><p>exemplo, percebemos que países que vivem em um capitalismo resultam em uma divisão</p><p>social que incide naqueles que possuem os meios de produção e aqueles que possuem</p><p>sua força de trabalho como forma de sobrevivência e assim permitem a continuidade</p><p>do empreendedor, gerando lucros ao seu proprietário. Fica somente no controle de seu</p><p>proprietário, gerando a mais-valia, ou seja, parte da produção do trabalho que não é paga</p><p>a seus trabalhadores, indo direto para as mãos do empresário. Analisando este contexto</p><p>compreendemos que o mundo do trabalho não gera um processo igualitário, mas garante a</p><p>exploração da mão de obra em que seu trabalhador não terá parte naquilo que promoveu,</p><p>gerando a desigualdade social, que é um grande ponto de conflito e questionamento quanto</p><p>à política de um estado de bem-estar social.</p><p>DIMENSÃO</p><p>ECONÔMICA3</p><p>TÓPICO</p><p>75O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>Através das classes menos favorecidas no século XIX e com o crescimento do</p><p>capitalismo industrial na Europa que o estado de bem-estar social passou a figurar de maneira</p><p>importante na economia. Neste período a economia se encontrava em um cenário de miséria,</p><p>fome, doenças e o crescimento da violência e da desigualdade. O capitalismo se tornava cada</p><p>vez mais presente como uma política econômica, a revolução industrial, o avançar da burguesia</p><p>com suas máquinas levou a um caos generalizado para as classes trabalhadoras.</p><p>É claro que no âmbito burguês este foi um dos momentos de maior visibilidade e</p><p>enriquecimento. A Europa, principalmente a Inglaterra, se via em um momento de grande</p><p>crescimento econômico, afinal a revolução industrial expandiu as fronteiras garantindo riqueza,</p><p>propriedade e poder. No entanto, na outra conta estavam os trabalhadores das indústrias.</p><p>Estes trabalhadores ultrapassam às doze horas de trabalho diário. Também não conheciam o</p><p>descanso remunerado, férias, ou qualquer outro benefício que não fosse o seu mísero salário.</p><p>Esta situação não garantia dignidade para esses trabalhadores, eles viviam na</p><p>miséria, passavam fome e as vagas precárias nas indústrias não eram suficientes para</p><p>garantir o bem-estar de todos os trabalhadores, pois muitos ficavam sem trabalho e sem</p><p>condições de sobrevivência.</p><p>Nesse período começaram a surgir os primeiros sindicatos que tinham um objetivo</p><p>de garantir a sobrevivência desses trabalhadores, compreendendo que era dever do Estado</p><p>promover o bem-estar para sua população.</p><p>O primeiro grande teórico que passou a defender essa teoria foi o alemão Otto von</p><p>Bismarck em 1880 na Alemanha. Bismarck propôs uma política alternativa que não daria</p><p>ênfase nem ao liberalismo econômico ou ao socialismo. Para ele, o controle do Estado</p><p>sobre economia e uso de impostos arrecadados deveriam ser direcionados à população.</p><p>76O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>Já no século XX foi o economista inglês John Maynard Keynes (2010) que apresentou</p><p>um novo sistema de política econômica mundial seguindo os passos da economia e bem-</p><p>estar social.</p><p>O estado também de igualdade em que é recíproco todo o poder de jurisdição,</p><p>não tendo ninguém mais que outro qualquer, sendo absolutamente evidente</p><p>que criaturas da mesma espécie posição, promiscuamente nascidas para</p><p>todas as mesmas vantagens da natureza e para o uso das mesmas faculdades</p><p>vírgulas, devam ser também iguais umas às outras, sem subordinação ou</p><p>sujeição, a menos que o senhor e amo de todas elas mediante qualquer</p><p>declaração manifesta de sua vontade, colocasse em cima de outra ele</p><p>conferir se, por evidente e clarificação, um direito indubitável ao domínio e a</p><p>soberania. (LOCKE, 1996, p.381).</p><p>Em sua teoria, Keynes (2010) defendeu o quê um estado organizado, de fontes</p><p>econômicas, liberalismo que garantissem o livre mercado estariam gerando empregos e</p><p>que uma sociedade empregada soluciona os problemas sociais. Ainda na sua teoria, esses</p><p>mesmos trabalhadores deveriam aceitar salários baixos e condições precárias de trabalho</p><p>para garantir a manutenção e a existência de empregos.</p><p>Para ele, o estado de bem-estar social significa que o estado deve regular a economia,</p><p>manter a cobrança de impostos para todos e reverter esses impostos em ações públicas. As</p><p>ideias deixadas por quem foram colocadas em prática em grandes potências democráticas</p><p>ocidentais. No entanto, a partir de 1960, países como Estados Unidos e a Inglaterra entraram</p><p>em crise econômica e o agravamento da economia levou esses países a enfrentamentos sem</p><p>precedentes, os levando a adotar ideias que se aproximavam do neoliberalismo.</p><p>CRISE DO ESTADO DE BEM-</p><p>ESTAR SOCIAL E ASCENSÃO</p><p>DO NEOLIBERALISMO4</p><p>TÓPICO</p><p>77O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>A crise do Estado de bem-estar social é um tema de grande complexidade que</p><p>busca compreender os motivos que levaram ao seu declínio. Em muitos países os primeiros</p><p>sinais de crise ocorreram devido a crises econômicas como o crescimento do capitalismo e</p><p>a crise fiscal com os gastos públicos, ponto esse processo se fortaleceu pelo crescimento</p><p>de grandes empresas com bases capitalistas e as classes trabalhadores que buscam</p><p>assegurar seus próprios interesses.</p><p>Países como o Brasil não tiveram grande expressão quanto à estrutura de um</p><p>estado de bem-estar como os países de primeiro mundo. No entanto, seu processo de</p><p>efetivação iniciou-se no governo Vargas, na década de 30.</p><p>Em meados de 1970, empresas privadas passaram a questionar o intervencionismo</p><p>do Estado. Para partidos esquerdistas, assim como movimentos populares e classes</p><p>trabalhadoras, entendiam que havia chegado o momento do Estado diminuir as</p><p>desigualdades sociais e a pobreza que assolavam o país, ponto de esforço que não obteve</p><p>resultados significativos. Seus governos sucessores a partir de 1985 passaram adotar</p><p>políticas neoliberais, gerando privatizações e o desmonte de grandes estatais espalhadas</p><p>pelo Brasil, principalmente nas grandes capitais.</p><p>Diante de debates aflorados quanto ao papel do bem-estar social, sua crise e</p><p>decadência e ascensão do liberalismo, primeiramente buscamos compreender o significado</p><p>de neoliberalismo.</p><p>Sobre o Neoliberalismo econômico, Japiassu, (2006), diz que:</p><p>78O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>o neoliberalismo econômico constitui, em nossos dias, a doutrina que, diante</p><p>de certo fracasso do liberalismo clássico e da necessidade de reformar algum</p><p>de seus modos de proceder, admite uma certa intervenção do estado na eco-</p><p>nomia, mas sem questionar os princípios da concordância e da livre empresa.</p><p>(JAPIASSU, 2006. Pg. 168.).</p><p>O neoliberalismo pode ser visto como uma forma de ver e compreender o mundo</p><p>social, uma organização de um movimento intelectual, esta teoria se baseou no liberalismo,</p><p>no entanto, suas ideias políticas e econômicas capitalistas entendem que não há necessidade</p><p>de haver uma participação do estado na economia, devendo ocorrer total Liberdade de</p><p>comércio, o que resultaria no crescimento econômico e desenvolvimento social.</p><p>De acordo com o neoliberalismo, não deveria praticamente ocorrer intervenção do</p><p>estado quanto ao mercado de trabalho, assim como priorizar a privatização de empresas</p><p>estatais, a entrada de capital estrangeiro no país, a globalização vista de forma crescente</p><p>e positiva, a entrada de multinacionais em países como o Brasil como algumas formas de</p><p>incentivo para que ocorresse o crescimento sustentável sem a intervenção do estado.</p><p>No Brasil o neoliberalismo passou a ganhar notoriedade a partir do governo de</p><p>Fernando Henrique Cardoso.</p><p>Em seu governo as privatizações se deram em grande escala, utilizando esse</p><p>capital para fortalecer a nova moeda e sua cotação no mercado.</p><p>Na educação, o princípio do neoliberalismo pressupõe a ideia de qualidade,</p><p>modernização e adequação de uma educação competitiva incorporadas a técnicas de</p><p>informática e comunicação. A questão é que em um estado mínimo, todo esse projeto de</p><p>incentivo à educação de qualidade, sem intervenção governamental, poderia resultar em</p><p>um distanciamento das classes menos favorecidas em ambientes escolares, tornando-o</p><p>um espaço direcionado para as classes privilegiadas economicamente.</p><p>Aceitar a definição de democracia nos termos pluralista as vírgulas, a ques-</p><p>tão passa a ser a seguinte: dada a passividade das massas e o fato de que</p><p>a participação está restrita as elites, quem, então, controlaria esses grupos</p><p>minoritários, a resposta pluralista, como já vimos, reside na defesa, já encon-</p><p>trada em Mosca 1939, da competição entre as minorias, isto é, do controle</p><p>recíproco que elas exerceriam uma sobre as outras, já que seus interesses</p><p>são distintos. Essa competição e esse controle mutuo impediriam o procedi-</p><p>mento político de apenas uma delas, contudo, como nota Peter 1984, fariam</p><p>reciprocamente pela competição. Ao contrário disso, a evidência de que, em</p><p>cada área de políticas públicas, encontramos sempre o predomínio de um</p><p>único grupo, que se especializa em dominar os procedimentos decisórios</p><p>naquele campo específico. (PERISSINOTTO, 2018, p. 166).</p><p>Após a crise do petróleo, em meados de 1970, surgiu uma necessidade de mudança na</p><p>organização do Estado. Empresas multinacionais buscavam a expansão, no entanto, o número</p><p>de desemprego em países europeus e Estados Unidos surgindo movimentos grevistas.</p><p>Podemos afirmar que a crise era fruto de políticas públicas sociais, o que gerava</p><p>déficit no orçamento, gerando a inflação. Além disso, discutia-se o fato de que as políticas</p><p>79O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>sociais comprometem a liberdade do mercado e a liberdade individual. Isso gerou a ideia</p><p>de que o bem-estar dos cidadãos deveria ser de responsabilidade individual, levando os</p><p>serviços públicos a privatização, sendo pagos por quem os utilizasse. Essa é a ideia de</p><p>um estado mínimo, ou seja, a mínima intervenção do Estado. Assim, autores como Offe</p><p>(1984), discutem o papel da burguesia e o resultado de ações que causam a opressão e a</p><p>constante luta das classes operárias.</p><p>O que antes chamamos de conflito de classe econômico difere do conflito de</p><p>classe político em dois sentidos. Um consiste na distinção completamente</p><p>óbvia de que, no primeiro nível, os modos de ação coletiva institucionalizados</p><p>são respeitáveis e aceitos por ambos os lados, enquanto no segundo nível</p><p>as próprias formas de institucionalização tornam-se objeto da luta. Mas há</p><p>também uma segunda diferença que é a mais profunda e mais complicada.</p><p>Em lutas de classe econômica, a classe operária como um todo ou segmentos</p><p>particulares da mesma, como aqueles representados pelos sindicatos ou</p><p>outras associações de classe operária, são confrontados com segmentos</p><p>menores ou maiores da burguesia. Em contrapartida, luta sobre formas</p><p>políticas envolvem tanto a confrontação entre classe operária e a burguesia</p><p>quanto lutas políticas dentro de uma classe operária. (OFFE, 1984, p. 94).</p><p>O fruto deste contexto econômico e político que se tornou convencional foi chamado</p><p>de estado neoliberal. Os setores mais atingidos com essa nova política foram aqueles que</p><p>beneficiam os trabalhadores, como assistência social, habitação, transporte, saúde.</p><p>De acordo com os neoliberais era necessário tomar atitudes drásticas quanto ao</p><p>mundo dos negócios além de que o capital privado necessitava de espaço para crescer</p><p>reforçando os valores e modo de vida capitalista ponto o resultado foi a presença cada</p><p>vez mais constante de corporações produtivas e financeiras levando-a questões políticas</p><p>serem dominadas pela economia.</p><p>80O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>O historiador e filósofo Leandro Karnal, faz importantes considerações sobre o período pandêmico no</p><p>Brasil e a relação com o Estado Mínimo e sua efetivação nas políticas sociais.</p><p>Fonte: Estadão Notícias.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ</p><p>Acesso: 21 fev. 2022</p><p>Texto do consultor Cláudio Prado sobre Direitos Humanos e política: importância para a democracia,</p><p>abordando questões como os direitos humanos, A presença da ONU, a constituição, a declaração universal</p><p>dos direitos humanos, entre outros temas relevantes para democracia de uma nação.</p><p>Fonte: Fundação Primeiro de Maio</p><p>Disponível em: https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-</p><p>-para-a-democracia/Acesso: 21 fev. 2022.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=BuCo06tFvwQ</p><p>https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/</p><p>https://www.fundacao1demaio.org.br/artigo/direitos-humanos-e-politica-importancia-para-a-democracia/</p><p>81O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final desta unidade e ao decorrer dela</p><p>aprofundamos nossos estudos quanto à Teoria das Elites, e sua compreensão quanto ao</p><p>estudo da sociologia.</p><p>Iniciamos nosso estudo através do conceito de O Estado de bem-estar social e seus</p><p>pressupostos históricos, conceitos e definições. Este capítulo proporcionou o conhecimento</p><p>sobre o tema e a sua relevância do mesmo para a formação das elites ao longo da história.</p><p>No segundo capítulo, nosso foco de estudos direcionou-se a conhecer e compreender</p><p>a dimensão política do Estado de bem-estar social, seu alcance e suas convicções quanto</p><p>à sociedade, desde os que governam àqueles que são governados, aprofundando nossos</p><p>estudos nas questões sociais, a formação das elites e das massas, ao longo das décadas.</p><p>Dando continuidade aos nossos estudos. Abordamos ainda a questão das questões</p><p>econômicas quanto o Estado de Bem-estar Social e suas características desde sua formação</p><p>à influência nos dias atuais, buscando compreender as ações econômicas praticadas nesse</p><p>contexto e assim através de reflexões que objetivam formular uma crítica real e construtiva</p><p>sobre as ações daqueles que governa, na sociedade moderna e contemporânea.</p><p>Por fim, encerramos essa unidade buscando compreender como ocorreu a crise do</p><p>Estado de Bem-Estar Social e ascensão do Neoliberalismo, suas características, suas teorias</p><p>e seu projeto de formação e implantação, conhecendo seus reflexos no passado e presente.</p><p>Sucesso e até o próximo capítulo.Obrigado a todos(as)!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>82O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>O podcast aborda a questão do Estado democrático de direito e a defesa da</p><p>moralidade administrativa, conversando com Affonso Ghizzo Neto, promotor de Justiça do</p><p>Ministério Público de Santa Catarina, sobre o estado democrático de direito e a defesa da</p><p>moralidade administrativa. Durante a conversa, o convidado explica a cultura da sociedade</p><p>brasileira e sua relação com as práticas de corrupção. Como essa relação influenciou a</p><p>formação de nosso estado democrático de direito? Quais os instrumentos constitucionais</p><p>que temos à disposição no combate à corrupção e na defesa da moralidade administrativa?</p><p>Como a educação pode servir de instrumento de transformação no combate ao fenômeno</p><p>da corrupção? Estes e outros assuntos serão debatidos neste podcast.</p><p>Ministério Público do Paraná, o estado democrático de direito e a defesa da</p><p>moralidade administrativa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KdIz_</p><p>XUwmMQ . Acesso em 21 fev. 2022.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=KdIz_XUwmMQ</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=KdIz_XUwmMQ</p><p>83O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Estado, Direito e Democracia</p><p>• Autor: Carlos Vinicius Alves Ribeiro, Dias Toffoli, Otávio Luiz</p><p>Rodrigues Jr</p><p>• Editora: Fórum; 1ª edição (13 dezembro 2021)</p><p>• Sinopse: Estado, Direito e Democracia conseguiu sintetizar o espírito</p><p>do homenageado: é uma construção coletiva, aberta, sem dogmas</p><p>ou restrições. Estado, Direito e Democracia conseguiu sintetizar o</p><p>espírito do homenageado: é uma construção coletiva, aberta, sem</p><p>dogmas ou restrições. É um diálogo público, franco, honesto e com</p><p>incomum profundidade intelectual, travado entre os convidados, sobre</p><p>os assuntos mais caros ao Prof. Augusto Aras. Sintam-se, caros</p><p>leitores, todos, convidados para essa agradável conversa.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: O estado de bem-estar social na idade da razão.</p><p>• Autor: Célia Lessa Kerstenetzky</p><p>• Editora: Elsevier; 1ª edição (18 julho 2012)</p><p>• Sinopse: O estado do bem-estar social morreu? O envelhecimento</p><p>das populações e a globalização econômica teriam disparado os tiros</p><p>fatais? Este livro responde negativamente a essas questões, mas</p><p>identifica uma nova e crucial fase do estado social. Mais do que nunca,</p><p>o estado do bem-estar é necessário para garantir direitos frente aos</p><p>novos riscos sociais, ao mesmo tempo, em que é chamado a imaginar</p><p>soluções que garantam sua sustentabilidade financeira e política. De</p><p>acordo com a autora Celia Kerstenetzky, a construção do estado do</p><p>bem-estar é uma marca civilizatória, que distingue as sociedades</p><p>que reconhecem seus membros como cidadãos, sujeitos de direitos</p><p>fundamentais, em busca do alargamento de suas liberdades. A partir</p><p>de uma breve recuperação histórica e de princípios constitutivos do</p><p>estado do bem-estar, este livro mostra a diversidade de respostas</p><p>imaginadas no mundo desenvolvido, bem como a difusão do estado</p><p>do bem-estar para países não desenvolvidos em décadas recentes,</p><p>com uma parte inteiramente dedicada ao Brasil.</p><p>84O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIALUNIDADE 3</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Filme: O poço</p><p>• Ano: 2020</p><p>• Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia</p><p>• Sinopse: O Poço conta a história de um lugar misterioso, uma</p><p>prisão indescritível, um buraco profundo. Dois reclusos que</p><p>vivem em cada nível. Um número desconhecido de níveis. Uma</p><p>plataforma descendente contendo comida para todos eles. Uma</p><p>luta desumana pela sobrevivência, mas também uma oportunidade</p><p>de solidariedade.</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Filme: Crip camp</p><p>• Ano: 2020</p><p>• Diretor: James Lebrecht, Nicole Newnham</p><p>• Sinopse: No final da estrada de Woodstock, uma revolução floresceu</p><p>em um acampamento de verão construído para adolescentes com</p><p>deficiência. Enquanto buscavam um mundo de mais igualdade, os</p><p>jovens motivaram movimentos marcantes da época.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Compreensão do Brasil Contemporâneo;</p><p>• Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe Média;</p><p>• Manifestações Populares a partir de 2013;</p><p>• Impeachment ou Golpe? Da crise do Governo Dilma ao</p><p>“Bolsonarismo”;</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Apresentar a Compreensão do Brasil Contemporâneo;</p><p>• Conhecer o Neoliberalismo; “Lulismo”; Hegemonia e Nova Classe</p><p>Média;</p><p>• Apresentar Manifestações Populares a partir de 2013;</p><p>• Debater se é Impeachment ou Golpe? Da crise do Governo Dilma</p><p>ao “Bolsonarismo”.</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes</p><p>SOCIOLOGIA POLÍTICA SOCIOLOGIA POLÍTICA</p><p>NO BRASIL.NO BRASIL.</p><p>UNIDADEUNIDADE4</p><p>86SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos à última unidade da nossa apostila. Nessa etapa</p><p>da disciplina, poderemos ter a compreensão do Brasil contemporâneo. Devemos estudar</p><p>esse capítulo abandonando nossas ideologias políticas e nossos ídolos desse setor. Pois</p><p>somente assim, alcançaremos o aprendizado desejado de nossa disciplina.</p><p>Com isso, peço que preste muita atenção nessa reta final. Pois neste capítulo</p><p>continuaremos a descortinar o caminho do conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua</p><p>aplicação em nosso país. Conhecendo o governo do sociólogo Fernando Henrique Cardoso.</p><p>Vale destacar que após conhecer o neoliberalismo de Cardoso, chegou o momento de</p><p>conhecer o “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental e suas</p><p>raízes, expansão e desafios.</p><p>A partir de agora, voltaremos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do</p><p>“Lulismo” e sua hegemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da</p><p>pobreza em vários setores do Brasil.</p><p>No entanto, faremos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e</p><p>seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores levaram</p><p>a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff.</p><p>Prosseguindo com nossa reflexão, iremos abordar através de um debate a questão</p><p>da queda de Dilma, indagando se foi um simples impeachment ou um golpe. Assim</p><p>entenderemos alguns pontos de conflitos que envolvem nosso país e apresentaremos</p><p>fatos que apontam para o que os estudiosos chamam de golpe. Então, passaremos a</p><p>debater o verdadeiro papel do impeachment com a crise do governo Dilma, a ascensão</p><p>do Bolsonarismo Descrevendo os problemas enfrentados em seu governo e a falta de tato</p><p>para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político.</p><p>Finalizando mostraremos suas frases e seus reflexos na sociedade, resultando em</p><p>problemas em seu governo. Por isso, abandone seus preconceitos e leia com atenção todo</p><p>capítulo, para que ocorra o despertar do aprendizado através de fontes de estudiosos do assunto.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>COMPREENSÃO DO BRASIL</p><p>CONTEMPORÂNEO1</p><p>TÓPICO</p><p>87SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Em pleno século XXI, a sociedade brasileira por muitas vezes despreza acontecimentos</p><p>históricos e sociológicos que ajudaram na construção de nosso país. Vale ressaltar que essa</p><p>construção foi concretizada através de lutas, esforço físico, intelectual e político.</p><p>Por isso, chegamos ao ponto de refletirmos sobre a sociologia política brasileira no</p><p>âmbito da contemporaneidade, ou seja, chegou a hora de ponderarmos sobre a sociologia</p><p>política atual. Sobre a construção e a validação política brasileira.</p><p>Para que isso ocorra, precisamos nos despir de todo e qualquer “preconceito” que</p><p>temos sobre a política e especialmente de políticos. Focando apenas nas realizações e na</p><p>construção social.</p><p>Vale destacar que atualmente passamos por problemas de divisão em nosso país.</p><p>Pois temos uma cisão quase que bipolar da política na atualidade. Ressaltando ainda que</p><p>muitas pessoas se intitulam de direita e outras de esquerda, sem possuir conhecimento</p><p>político e sociológico para se posicionar. Buscando fontes com inverdades e muitas vezes</p><p>tendenciosas para explicar sua ideia política.</p><p>Assim, começaremos nosso estudo, abandonando todo e qualquer posicionamento</p><p>que temos sobre a política atual. Iniciando assim a construção do conhecimento com a</p><p>leveza, com luminescência, e com verdade. Está preparado para isso? Vamos lá?</p><p>Iniciaremos afirmando que</p><p>a sociologia política contemporânea no Brasil, passa por</p><p>vários aspectos pela qual pretendemos discutir a partir desse momento. Pois objetivamos</p><p>analisar mudanças políticas e sociais de nosso país. Refletindo sobre problemas e</p><p>transformações que levaram o partido dos trabalhadores ao poder.</p><p>88SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Para compreensão do Brasil contemporâneo, apresentaremos a partir de agora</p><p>alguns pontos de estudos sociológicos que servirão de suporte para compreender a</p><p>ascensão do PT na presidência da república. Apresentando, alguns fatores enfrentados nas</p><p>grandes cidades, que resultaram na procura por direitos perdidos ou nunca conquistados,</p><p>mas almejados através da democracia e seus desafios.</p><p>A democracia brasileira foi construída através de um longo processo, com lutas</p><p>estudantis, enfrentado a repressão, entre outros fatores. Vale ressaltar que com o fim do</p><p>autoritarismo temos a construção de uma democracia lenta e gradual. Pois, mesmo com</p><p>a euforia da liberdade conquistada, a democracia é construída a passos lentos. Em que</p><p>visualizamos muitos vestígios da repressão e do autoritarismo do período intitulado de regime</p><p>militar. Podemos verificar essa afirmação em Moisés (1989), logo abaixo, quando diz que:</p><p>(…) as sociedades que saíram da ditadura e querem ser democráticas</p><p>têm de se transformar em algum ou em vários sentidos para chegarem a</p><p>ser democracias modernas. E isso não se constitui, propriamente, em uma</p><p>tarefa simples, por duas razões: seja por causa do peso que a experiência</p><p>autoritária ainda exerce sobre essas sociedades; seja por causa das</p><p>dificuldades que as forças políticas relevantes comprometidas com o projeto</p><p>democrático enfrentam para dar conta das suas tarefas estratégicas, o terreno</p><p>é essencialmente movediço. (MOISÉS, 1989, p. 47- 48).</p><p>Mas como construir uma democracia enfrentando todos esses problemas que o</p><p>Brasil herdou no pós-ditadura?</p><p>Lassance (2009), afirma que as democratizações são o resultado das lutas sociais,</p><p>de alcance político, que se espalham por todo o mundo nos séculos XIX e XX. Vale ressaltar</p><p>que essa afirmação de Lassance (2007) é baseada em Tilly (2007), que além da afirmação</p><p>acima, propõe que a construção democrática vai passar por “ondas de democratização”.</p><p>Ou seja, passa por processos de construção democrática, de luta social. Se espalhando</p><p>assim, por vários pontos do mundo, sem respeitar os limites territoriais de um país. Vale</p><p>ressaltar que essa onda chega ao Brasil que ainda não entende muito bem o processo de</p><p>redemocratização.</p><p>Um ponto importante para construção de uma nova democracia é a participação em</p><p>massa de vários setores da sociedade, que por sua vez pode não aderir a esse processo</p><p>por não se encontrar, pelo medo, por não conhecer o jogo democrático ou, até mesmo, pelo</p><p>conservadorismo.</p><p>Para que ocorra uma comoção em torno da construção democrática, é preciso expor</p><p>a oportunidade de evolução e, até mesmo, a de superação econômica, pois o Brasil enfrenta</p><p>grandes agitações nesse setor. Por isso, a necessidade de construção de um projeto democrático</p><p>transparente, que seja visível a divisão de poderes, de regras, entre outros.</p><p>89SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Vale destacar que um dos pontos principais para construção de uma democracia</p><p>é a promulgação de uma constituição, ou seja, quando o país passa a ter um livro de leis</p><p>para nortear os passos democráticos de sua nação. E o Brasil firma essa construção com</p><p>representantes de vários setores da elite social. Excluindo o povo desse processo, e, enfim,</p><p>temos sua promulgação.</p><p>No entanto, o Brasil passa pelo enfrentamento da crise social exposta pelo</p><p>capitalismo, em que a criminalidade, principalmente nos grandes centros de nosso país.</p><p>Vale destacar que Caldeira (2000), passa a estudar esse aumento e faz a relação entre a</p><p>criminalidade, a democracia em si e a cidade de São Paulo.</p><p>Alves (2002), afirma que:</p><p>Caldeira avalia que uma das maiores contradições do Brasil contemporâneo</p><p>reside no fato de que a expansão da cidadania política, através do processo</p><p>de transição democrática, se desenvolveu com a deslegitimação da</p><p>cidadania civil e a emergência de uma noção de espaço público fragmentado</p><p>e segregado, daí o caráter disjuntivo desse processo de democratização.</p><p>(ALVES, 2002, p. 213).</p><p>Caldeira (2000), passa a construir a imagem da criminalidade em sua pesquisa</p><p>e passa a perceber que existe uma diferença grande entre o espaço público e o espaço</p><p>privado. Provocando a exclusão e o aumento da criminalidade.</p><p>A evolução de sua pesquisa, nos mostra o choque entre o policiamento e a população</p><p>nesse processo. Apresenta também o conflito entre o certo e o errado e, como o povo passa</p><p>a ser excluído através de muros, grades, e o aumento da cultura da criminalidade.</p><p>Em seu estudo, Caldeira (2000), percebe a falta de empatia e a segregação clássica</p><p>encontrada na metrópole de São Paulo. Visualiza também que a chamada democracia não</p><p>chegou em grande parte da cidade. Pois a chamada democracia através da constituição</p><p>não cumpriu o papel de garantir os mínimos direitos civis tão sonhados. Segundo Caldeira</p><p>(200), a última sempre atrapalha a primeira nesse processo, como podemos confirmar em</p><p>Alves (2002) logo abaixo:</p><p>Tudo se passa como se duas lógicas opostas estivessem em confronto: de</p><p>um lado, a lógica da democracia, dos direitos civis e de suas instituições;</p><p>do outro, a lógica da violência e da segregação. Esta última estaria sempre</p><p>ameaçando o sucesso da primeira, tornando-se um entrave para o pleno de-</p><p>senvolvimento da democracia no país. (ALVES, 2002, p. 215 - 216).</p><p>Então, podemos afirmar que a compreensão do Brasil contemporâneo é construída com</p><p>a democracia e com o problema social encontrado nas grandes cidades, com a criminalidade,</p><p>a segregação através dos muros e grades e do conflito entre o capital e a mão de obra, pois o</p><p>trabalhador ainda enfrenta a crise econômica e sofre com a segregação social.</p><p>Mas onde está a cidadania proposta pela constituição? Será que a redemocratização</p><p>do Brasil apresentou os direitos políticos das pessoas em sua totalidade?</p><p>90SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Infelizmente no Brasil os direitos foram concedidos totalmente de forma desigual</p><p>entre as pessoas. Promovendo a exclusão da cidadania a todas as pessoas. Indígenas</p><p>ganham direitos com a constituição, mas pretos, pobres, trabalhadores rurais ficam de fora</p><p>dessa distribuição de cidadania que por sua vez é absorvida por pequenos grupos.</p><p>Holston (2013), vai nos dizer que esses excluídos passam a sonhar e lutar por seus</p><p>direitos e, então, cria a ideia de “Cidadania insurgente”. Holston (2013), começa a construir</p><p>a cidadania ideal apresentando a importância de garantir os direitos dos trabalhadores,</p><p>unificando tanto o do campo quanto o da cidade.</p><p>Um ponto importante com a redemocratização do Brasil é a garantia que todos os</p><p>cidadãos têm de votar. Ou seja, as pessoas têm muito mais que o direito de votar, e sim</p><p>participar do processo eleitoral.</p><p>Assim, podemos afirmar que os brasileiros entram na redemocratização do país,</p><p>aprendendo e lutando contra o descaso e o abandono por parte do governo a sua cidadania.</p><p>Abrindo espaço para o partido dos trabalhadores crescerem e nascer o que Singer (2012)</p><p>vai intitular de “Lulismo”.</p><p>NEOLIBERALISMO; “LULISMO”;</p><p>HEGEMONIA E NOVA CLASSE MÉDIA2</p><p>TÓPICO</p><p>91SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Após conhecermos pontos específicos da redemocratização no Brasil e seus</p><p>desafios, através da compreensão sociológica estudada acima. Passamos por um ponto</p><p>específico da nossa disciplina. Vamos conhecer a fase do neoliberalismo no Brasil.</p><p>Iniciaremos nosso estudo abordando o governo do presidente e sociólogo Fernando</p><p>Henrique Cardoso. Mas, vale ressaltar que existem muitos fatores que antecedem seu</p><p>governo. Pois ainda nos anos oitenta o Brasil e outros países da América latina passaram</p><p>por transformações políticas e por</p><p>problemas econômicos.</p><p>Governos que o antecederam, procuraram resolver o problema econômico com</p><p>planos engenhosos e mirabolantes. Por exemplo: O ex-presidente José Sarney trocou a</p><p>moeda brasileira por várias vezes. Criando a figura do fiscal do Sarney após cortar os</p><p>três zeros para tentar controlar a economia. Vale ressaltar que erros foram evidentes no</p><p>processo de condução desses planos que fracassaram sucessivamente.</p><p>Após o governo Sarney, o “dragão da inflação” dizimava a economia brasileira que</p><p>ainda estava enfraquecida e, em um processo de redemocratização e cidadania constante.</p><p>Foi então que nas primeiras eleições diretas após o regime militar ocorreu a eleição de</p><p>Fernando Collor de Mello.</p><p>O governo Collor foi marcado pela tentativa em investir no capital de giro e controlar</p><p>a economia. Mas de onde viria o dinheiro para seu plano econômico? Collor decide</p><p>sequestrar a poupança da população brasileira. Que, além de enfrentar o desprezo da</p><p>cidadania e uma inflação galopante, perde suas economias. Podemos afirmar que o caos</p><p>se instalou em nosso país.</p><p>92SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Mas, o governo Collor não dura muito e o presidente sofre o Impeachment. Abrindo</p><p>espaço para seu vice-presidente.</p><p>Itamar Franco pensa em controlar a economia e já havia trocado de ministro da</p><p>fazenda, quando decide montar uma equipe econômica e busca a figura do sociólogo</p><p>Fernando Henrique Cardoso para liderar e explicar para a população seu plano econômico,</p><p>chamado de “Plano Real”.</p><p>Fernando Henrique consegue controlar a economia e, a partir de então, seu nome</p><p>é espalhado como a salvação do Brasil pela elite dominante. Podemos perceber isso na</p><p>afirmação de Sallum Jr (1999), logo abaixo:</p><p>(…) sua vontade foi interpretada como capaz de dominar uma economia em</p><p>desordem e, por consequência, ganhar o favor popular. De acordo com a</p><p>segunda interpretação, pelo contrário, “o Plano Real não teria sido concebido</p><p>para eleger FHC, mas na ordem inversa, a candidatura FHC teria sido gestada</p><p>pelas novas elites dominantes para viabilizar, no Brasil, a coalizão de poder</p><p>capaz de dar sustentação de permanência ao programa de estabilização</p><p>hegemônico. (SALLUM JR., 1999, p. 24).</p><p>Então, Cardoso de Mello adota uma maneira administrativa da economia e do Brasil</p><p>que não se havia visto. Com isso o presidente praticamente acaba com o desenvolvimentismo</p><p>criado no governo Vargas. Assim, FHC lidera o caminho do neoliberalismo em nosso país.</p><p>Vale ressaltar que Fernando Henrique consegue aprovar projetos que reforçam esse projeto</p><p>de poder como Sallum Jr (1999), nos apresenta logo abaixo:</p><p>O governo Cardoso conseguiu isso através da aprovação quase integral de</p><p>projetos de reforma constitucional e infraconstitucional que submeteu ao</p><p>Congresso Nacional. Os mais relevantes foram: a) o fim da discriminação</p><p>constitucional em relação a empresas de capital estrangeiro;</p><p>b) a transferência para a União do monopólio da exploração, refino e</p><p>transporte de petróleo e gás, antes detido pela PETROBRÁS, que se tornou</p><p>concessionária do Estado (com pequenas regalias em relação a outras</p><p>concessionárias privadas);</p><p>c) a autorização para o Estado conceder o direito de exploração de todos os</p><p>serviços de telecomunicações (telefone fixo e móvel, exploração de satélites,</p><p>etc.) a empresas privadas (antes empresas públicas tinham o monopólio das</p><p>concessões). (SALLUM JR., 1999, p. 32).</p><p>Inaugurando assim o projeto neoliberal no Brasil e abrindo espaço para privatizações</p><p>de empresas públicas.</p><p>Segundo Sallum Jr. (1999), o neoliberalismo liderado por FHC no Brasil se preocupou</p><p>em fazer:</p><p>a) manutenção do câmbio para estabilizar os preços; b) preservação e, am-</p><p>pliação, da “abertura comercial” para reforçar o papel do câmbio; c) o bara-</p><p>teamento das divisas e a abertura comercial para a renovação do parque</p><p>industrial; d) política de juros altos, para atrair capital estrangeiro e reduzir o</p><p>nível de atividade econômica interna; e) realização de um ajuste fiscal pro-</p><p>gressivo, baseado na recuperação da carga tributária, no controle de gastos</p><p>públicos e em reformas como previdência, administrativa; f) não oferecer estí-</p><p>mulos diretos às atividades econômicas específicas, condenando as políticas</p><p>industriais; (SALLUM JR., 1999, p. 33).</p><p>93SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Essas políticas adotadas por Fernando Henrique Cardoso criaram uma euforia, pois</p><p>o real valorizou-se perante ao dólar e paralisou de forma agressiva o dragão da inflação.</p><p>Vale ressaltar que com isso temos o acesso a bens de consumo da camada de baixa renda,</p><p>provocando um problema futuro que é a falta de energia elétrica pelo aumento do consumo</p><p>de eletrodomésticos.</p><p>Outro problema ocorrido no governo FHC, foi os empréstimos constantes do FMI</p><p>(Fundo Monetário Internacional), que basicamente sujeitou nossa moeda aos interesses</p><p>internacionais. Além da necessidade de pagar as dívidas que acabam chegando. Com isso,</p><p>Sallum Jr. (1999), afirma que:</p><p>Quanto mais ela tem de obter recursos externos para equilibrar suas contas,</p><p>mais uma mudança nas condições do mercado internacional de capitais</p><p>tornasse capaz de afetar os fluxos de financiamento para o país, sujeitando</p><p>a moeda nacional ao perigo de eventuais ataques especulativos tendentes a</p><p>desvalorizá-la. (SALLUM JR., 1999, p. 36).</p><p>Podemos destacar que mesmo com equívocos em seu governo, Fernando Henrique</p><p>Cardoso manteve seu governo na área do neoliberalismo e cada vez mais isolou seu governo</p><p>do interesse social. Vale ressaltar que a luta clara contra seu governo foi basicamente do</p><p>MST (Movimento dos trabalhadores sem Terra).</p><p>Essa batalha, promovida pelo MST, provocou uma mudança do governo FHC em</p><p>relação à questão fundiária em nosso país. Podemos perceber isso logo abaixo.</p><p>O Movimento dos Sem-Terra (MST) manteve-se na ofensiva durante todo</p><p>o governo Cardoso e com alto grau de apoio popular urbano. Fustigando</p><p>o governo com invasões de terra e manifestações em todo o país, o MST</p><p>obrigou a Presidência da República a transformar os órgãos dedicados ao</p><p>tratamento da questão fundiária e a adotar medidas inovadoras para melhorar</p><p>o seu programa de reforma agrária. (SALLUM JR., 1999, p. 43).</p><p>Mesmo assistindo o governo buscar a solução e retomar a reforma agrária no Brasil.</p><p>Temos que destacar a luta do MST com suas invasões e pressões políticas. Pois, foi através</p><p>dessa luta que temos a demonstração da conquista que a batalha pela democracia iniciada</p><p>no fim do regime militar forneceu. Lembrando que essa luta foi sistemática e constante.</p><p>Ressaltando que o governo FHC promoveu o controle da inflação com o plano real.</p><p>Mas que resultou em sua reeleição. Em que posteriormente com seu neoliberalismo que</p><p>provocou a exclusão da classe mais baixa. Resultando na ascensão de Lula ao poder e o</p><p>surgimento do “Lulismo”.</p><p>Mas o que foi o Lulismo? Para explicar o termo criado por Singer (2012) vamos</p><p>entender que a política neoliberal de FHC promoveu a elevação de parte da população, mas a</p><p>declinação de grande parte da mesma. Por isso eu pergunto: Pronto para conhecer o Lulismo?</p><p>Vale ressaltar que para conhecer esse período histórico da sociologia brasileira precisamos</p><p>abandonar o fanatismo contra, ou a favor do ex-presidente Lula. Procurando compreender seu</p><p>governo e as mudanças promovidas na sociedade nesse período. Vamos lá?</p><p>94SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>O professor da USP André Singer é formado em ciências políticas e jornalismo.</p><p>Participou do governo Lula entre o período de (2003 a 2007) como porta-voz do governo.</p><p>Presenciou parte do governo e de suas tomadas de decisões. Ou seja, como jornalista teve a</p><p>missão de visualizar para posteriormente relatar o que viveu e presenciou. E, como cientista</p><p>político, teve a missão de analisar e expor as mudanças que ocorreram em nosso país. Até</p><p>mesmo propondo mudanças quando o governo Dilma tomou decisões equivocadas. Foi</p><p>Singer (2012) que criou o termo Lulismo para explicar o fenômeno político</p><p>que ocorreu em</p><p>nosso país. Em que Lula vai se apresentar como a solução para problemas existentes.</p><p>O Lulismo, segundo Singer (2012), é quando o ex-presidente realiza seu governo,</p><p>promovendo a inclusão social das classes mais baixas, erradicando a pobreza em nosso</p><p>país naquele momento. Tudo isso eliminando qualquer tipo de radicalização política,</p><p>promovendo alianças com o chamado “centrão” e com políticos individualmente.</p><p>Então, podemos afirmar que o Lulismo é algo muito mais amplo que a ideia de um</p><p>líder carismático. O que define o Lulismo é seu projeto político com suas raízes definidas</p><p>no povo excluído da sociedade, que enfrentava a fome e a miséria em seu cotidiano. Vale</p><p>ressaltar que com o apoio da massa, esse projeto de governo bateu de frente com os</p><p>“privilégios” sociais. Isso sem confronto direto com o capital. Esse projeto promoveu também</p><p>a ascensão de uma nova classe média com o combate à miséria. Podemos perceber isso</p><p>quando Singer (2012) diz que:</p><p>Teria havido, a partir de 2003, uma orientação que permitiu, contando com a</p><p>mudança da conjuntura econômica internacional, a adoção de políticas para</p><p>reduzir a pobreza, com destaque para o combate à miséria, e, para a ativação</p><p>do mercado interno, sem confronto com o capital. (SINGER, 2012, p. 17).</p><p>Dizendo ainda que:</p><p>há relevantes trocas de posição social no interior da coalizão majoritária: em</p><p>função das opções governamentais tomadas no primeiro mandato de Lula, a</p><p>classe média se afasta e contingentes pobres ocupam o seu lugar. (SINGER,</p><p>2012, p. 19).</p><p>Singer (2012), é primeiro a analisar o governo Lula, afirmando a existência de uma</p><p>bipolarização. Em que ele passa a chamar de “repolarização”, que não seria à “esquerda</p><p>contra a direita” e, sim, a ideia de “os pobres contra os ricos”. Essa afirmação pode ser</p><p>percebida na forma que o projeto de governo se desenvolve e enfrenta conflitos com a elite.</p><p>Podemos destacar que no livro, Esquerda e direita no eleitorado brasileiro, Singer</p><p>(2002), entende que a base de Lula e do Partido dos trabalhadores, nasce com o apoio de</p><p>alguns setores da classe média. Que inicialmente estava concentrado nas grandes cidades.</p><p>Pois é ali que a ideologia da esquerda se espalhou para a massa pobre de nosso país. Vale</p><p>ressaltar que essa ideia se alastrou pelos quatro cantos do país. Conseguindo o apoio dos</p><p>pobres do sertão nordestino.</p><p>95SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Talvez, você se pergunte: Como ganhou a adesão da massa pobre do país? O</p><p>que o projeto do Lulismo fez? Para responder a sua pergunta, nos debruçamos a pontos</p><p>importantes do projeto de governo que foram aplicados e que funcionaram, como o aumento</p><p>real do salário mínimo, o barateamento de produtos da cesta básica, como o arroz e o feijão</p><p>e principalmente o programa do Bolsa Família.</p><p>Vale ressaltar que em entrevistas com trabalhadores rurais sobre o período do</p><p>Lulismo, é comum afirmarem que na época anterior, trabalhavam o dia todo para comprar</p><p>um saco de arroz e com o fenômeno do lulismo conseguiram consumir muitos outros bens</p><p>de consumo como eletrodomésticos. Com isso, a essência do Partido dos Trabalhadores</p><p>se mantém, que é a redistribuição de rendas.</p><p>Singer (2012), apresenta também o conflito ideológico dentro do partido em que</p><p>temos o chamado “Espírito do Anhembi”, mais liberal, que vai suprimir o “Espírito de Sion”,</p><p>que era a parte mais radical ideologicamente falando.</p><p>Então, como o domínio interno do “Espírito do Anhembi”, temos a expansão do</p><p>público que apoia o PT. Vale ressaltar que ocorrem as alianças que vão reafirmar o partido</p><p>dos trabalhadores como o partido dos pobres como podemos vislumbrar abaixo:</p><p>PT, enquanto “partido dos pobres” defensor de um modelo de “redução de</p><p>pobreza e manutenção da ordem”, continuará fazendo prevalecer a sua se-</p><p>gunda alma. “O êxito eleitoral lhes augura dominação prolongada” (SINGER,</p><p>2012, p. 119).</p><p>Nesse momento podemos fazer uma comparação de senso comum, entre Vargas</p><p>e Lula. Pois os dois foram os “pais dos pobres”, mas também foram a “mãe dos ricos”. Ou</p><p>seja, ajudaram os pobres, mas favoreceram alguns setores da sociedade para seu aumento</p><p>de ganho financeiro. Podemos reafirmar que não ocorreu a ruptura direta com o capital.</p><p>Será que a não ruptura com o capital foi uma decisão acertada ou errônea do</p><p>Lulismo? Teixeira (2013), nos diz que:</p><p>O caminho sem rupturas é ambíguo: por um lado, ele permite a continuidade</p><p>do projeto político, mas, por outro, ele faz com que as mudanças sejam muito</p><p>lentas. Na opinião de Singer, o reformismo fraco não se opõe ao forte, pois</p><p>seria, em último juízo, a sua diluição em doses homeopáticas. Lula pinçou</p><p>das propostas originais do partido aquilo que não significava entrar em</p><p>choque diretamente com o capital, mas manteve o rumo geral do reformismo.</p><p>(TEIXEIRA, 2013, p. 143).</p><p>Tanto diretamente em Singer (2012), quanto na análise de Teixeira (2013),</p><p>percebemos que a decisão de não romper com o capital, apesar de ser arriscado em relação</p><p>à execução das reformas propostas pelo Lulismo, não atrapalhou sua implantação. Pois,</p><p>não ocorreu a tributação direta de grandes fortunas. E sim, sucedeu uma grande abertura</p><p>de crédito consignado que vai elevar o poder de compra da população com menor poder</p><p>aquisitivo. Promovendo um giro na economia que a fortaleceu.</p><p>96SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Ou seja, reativou diretamente a economia. Vale ressaltar que essas reformas</p><p>resultaram no que vamos chamar de “Classe C”, ou “Nova Classe Média”.</p><p>Destacamos também que Teixeira (2013), nos faz uma proposta para evitar conflitos</p><p>acadêmicos, de não chamarmos de “Nova Classe Média” e sim de “No Proletariado”. Assim,</p><p>teremos uma inclusão do subproletariado ao proletariado. Produzindo uma elevação no</p><p>pensar dessa classe. Ou seja, ocorrerá uma organização e contentamento dos trabalhadores.</p><p>Todas essas mudanças promovidas pelo Lulismo, torna-se evidente em seu</p><p>programa “fome zero”, que é a resposta aos direitos descritos na Constituição de 1988 e</p><p>que não havia nem sombra de ser executado no Brasil.</p><p>Podemos expressar aqui nesse momento que o Lulismo teve momentos complicados</p><p>no futuro, pois a definição ideal para ele, seria a de “um projeto político de longa duração”.</p><p>Principalmente preocupado com a redistribuição de renda. Por isso de confrontos futuros</p><p>até mesmo com o “novo proletariado” que se vê em posição errônea de dono do meio de</p><p>produção. Fruto direto do neoliberalismo explicado por Sader (2013), através da construção</p><p>da chamada “hegemonia pós-neoliberal”.</p><p>Para explicar essa “hegemonia pós-neoliberal”, vamos tentar apresentar uma visão</p><p>rápida da era neoliberal, passando pelo neoliberalismo brasileiro e a partir daí, conhecermos</p><p>sua definição.</p><p>Sader (2013), propõe que a era neoliberal é:</p><p>(…) o período histórico atual em que se situa o neoliberalismo. Trata-se de</p><p>um período que promoveu a passagem de um mundo bipolar a um mundo</p><p>unipolar, sob a hegemonia imperial norte-americana, a passagem de um ciclo</p><p>longo expansivo do capitalismo. Sua “era de ouro”, segundo o historiador Eric</p><p>Hobsbawm – a um ciclo longo recessivo, e a passagem da hegemonia de</p><p>um modelo regulador ou keynesiano, ou de bem-estar social, como se queira</p><p>chamá-lo – a um modelo liberal de mercado. (SADER, 2013, p. 135).</p><p>Podemos dizer que a era neoliberal se apoiou na visão unipolar que implantou</p><p>o livre-mercado, a não interferência em empresas, privatizações entre outros pontos. No</p><p>entanto, o que precisamos relatar é que nesse momento ocorreu a mudança de capital para</p><p>o setor da especulação. Ou seja, no capital especulativo. Assim, o neoliberalismo ganha</p><p>força e vai se espalhar na América Latina.</p><p>Podemos destacar que a luta inflacionária e as confusões econômicas,</p><p>administrativas e tributárias, abriram espaço para o neoliberalismo nos países da América</p><p>latina. Inclusive no Brasil.</p><p>Em nosso país, o neoliberalismo é fruto da guerra fria entre capitalismo e socialismo.</p><p>Em</p><p>que o medo de novas revoluções cubanas, levam os Estados Unidos a apoiar golpes</p><p>militares na América Latina, injetando dinheiro e a ideologia neoliberal.</p><p>97SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Após os governos militares o Brasil passou por um processo de redemocratização</p><p>que se utilizou do neoliberalismo para se fortalecer. Pois o fracasso do governo Sarney,</p><p>Collor, evidenciou a utilização do mesmo no governo Itamar e explícito no governo de FHC.</p><p>Sader (2013), afirma que essa transição democrática não foi simples como podemos</p><p>evidenciar abaixo:</p><p>O processo de transição democrática se esgotava assim sem ter democratizado</p><p>o poder econômico no Brasil. Não se democratizou o sistema bancário, nem os</p><p>meios de comunicação, nem a propriedade da terra, nem as grandes estruturas</p><p>industriais e comerciais. O fim da ditadura não representou a democratização</p><p>da sociedade brasileira. O país continuou sendo o mais desigual do continente,</p><p>um dos mais desiguais do mundo. (SADER, 2013, p. 137).</p><p>A redemocratização do Brasil promoveu a segregação social evidente. Principalmente</p><p>pelo neoliberalismo. Com privatizações e desaparelhamento de estatais. Sader (2013) diz</p><p>ainda que só sairíamos dessa confusão monetária no governo Lula. Pois somente nesse</p><p>governo que presenciamos modernização econômica e a distribuição de renda.</p><p>Podemos dizer ainda que o neoliberalismo promoveu em nosso país muitas</p><p>confusões para a economia. Provocando o acréscimo do investimento especulativo,</p><p>superando o produtivo e assim gerando o endividamento do nosso país. Com toda essa</p><p>confusão gerada pelo neoliberalismo em nosso país, Sader (2013) conclui que a “herança</p><p>maldita” herdada pelo governo Lula de FHC foi que:</p><p>As relações de trabalho foram submetidas a processos de informalização, que</p><p>na realidade significaram sua precarização, com a expropriação de direitos</p><p>essenciais dos trabalhadores – a começar pelo contrato formal de trabalho –,</p><p>fazendo com que deixassem de ser cidadãos do ponto de vista social, isto é,</p><p>deixassem de ser sujeitos de seus direitos. A maior parte dos trabalhadores</p><p>se manteve na condição de exclusão social. (SADER, 2013, p. 138).</p><p>Então, chegamos ao ponto de conhecermos o pós-neoliberalismo no Brasil. Ou</p><p>seja, conhecendo os governos Lula e Dilma. Que, por sua vez, rompeu com o modelo</p><p>neoliberal aplicado por Fernando Henrique Cardoso.</p><p>Mas o que os governos pós-neoliberal diferenciam de seu antecessor? Sader</p><p>(2013), apresenta três pontos importantes:</p><p>a) priorizam as políticas sociais e não o ajuste fiscal; b) priorizam os proces-</p><p>sos de integração regional e os intercâmbios Sul-Sul e não os tratados de</p><p>livre-comércio com os Estados Unidos; c) priorizam o papel do Estado como</p><p>indutor do crescimento econômico e da distribuição de renda, em vez do Es-</p><p>tado mínimo e da centralidade do mercado. (SADER, 2013, p. 139).</p><p>Os governos pós-FHC romperam com o neoliberalismo, mesmo sendo praticado</p><p>na maior parte do mundo, mesmo pressionando nosso governo. O lulismo como projeto</p><p>político e social implantou um modelo de distribuição de renda, promovendo a chamada de</p><p>“hegemonia pós-neoliberal”.</p><p>98SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Vale ressaltar que para Sader (2013) essa hegemonia só existiu pelo fato dos</p><p>governos Lula e Dilma resistirem à pressão neoliberal, se adaptando à desindustrialização</p><p>e ao protagonismo de exportador primário. Destacando que a agricultura, além do caráter</p><p>exportador, passou a ser vista como parte do sustento da classe baixa de nosso país. Como</p><p>autossustentável na alimentação de nosso país.</p><p>No entanto, Souza (2012), afirma que todo o processo do Lulismo, gera uma nova</p><p>classe média emergente, que por sua vez busca oportunidades que muitas vezes necessitam</p><p>de capacitação para o seu sustento. Souza (2012), vai chamá-los no primeiro momento</p><p>de “ralé brasileira”. Que trabalham incansavelmente em duas jornadas, duas fontes de</p><p>trabalho para garantir o sustento de sua família. Vale ressaltar que essa nomenclatura de</p><p>“ralé brasileira”, é substituída posteriormente por Souza (2012), pelo termo “batalhadores”.</p><p>Os batalhadores, passam a enxergar uma evolução, uma prosperidade econômica</p><p>através do fruto de seu trabalho. Trazendo dignidade a si e sua família.</p><p>Algumas pessoas querem que a ralé brasileira receba essa capacitação através de</p><p>programas de transferência de renda como o bolsa família. No entanto, o próprio nome já</p><p>diz: transferência de renda. Em que o estado por muitas vezes deixa a desejar em relação</p><p>à própria organização dessa nova classe social.</p><p>A partir do momento que os batalhadores se organizam, temos o surgimento da nova</p><p>classe média que apresenta a mobilidade social através de pequenos empreendimentos,</p><p>da pequena propriedade rural, entre outros.</p><p>Essa nova classe social, apesar de não possuir o domínio do capital, tem papel</p><p>importante na economia do país, produzindo e usufruindo de bens de consumo que antes</p><p>não passavam do ideal imaginário dos batalhadores.</p><p>Os batalhadores, passam a implementar seu próprio negócio, aumentando o capital</p><p>de giro em nossa economia, exercendo uma pressão econômica jamais vista em nosso país.</p><p>Souza (2012), aponta também o aspecto cultural para sua ascensão dessa nova</p><p>classe média. Um dos fatores culturais para sua expansão foi a religião. Pois, através dela</p><p>temos a valorização do trabalho duro, (“Deus ajuda quem cedo madruga!”). Ajuda também,</p><p>segundo Souza (2012), a questão da solidariedade com outras pessoas. Pois segundo</p><p>ele vivencia em comunidade e em torno de um pastor, prepara os batalhadores para a</p><p>convivência e obediência no trabalho.</p><p>Braga (2012), também olha essa nova classe emergente se preocupando com</p><p>a precariedade do trabalhador. Vale ressaltar que a ideia também aparece em Corrêa</p><p>(2013), que além de falar dos trabalhadores, aponta os jovens com pouca qualificação</p><p>para o trabalho. A preocupação em qualificação de trabalho reflete em uma nova classe</p><p>99SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>trabalhadora crescente em nosso país. Braga (2012), destaca a necessidade de analisar a</p><p>transformação da juventude irresponsável em protagonistas.</p><p>Braga (2012), aponta a “hegemonia lulista” com a passividade dos trabalhadores.</p><p>Pois abraçaram o Lulismo por causa das políticas públicas de redistribuição de renda</p><p>e com a ascensão econômica. No entanto, Braga (2012), aponta que os trabalhadores</p><p>também indicaram uma espécie de descontentamento com as condições de trabalho e</p><p>organizações sindicais. Vale ressaltar que essa inquietação social sobre o sindicalismo faz</p><p>parte da reflexão sociológica de Braga (2012). Podemos perceber isso logo abaixo:</p><p>A articulação entre o poder sindical e o ativismo das bases, sustentando a</p><p>existência dos primeiros vestígios para a construção de uma hegemonia</p><p>lulista, indica a natureza reformista desta prática política. (SOUZA e DE</p><p>SOUZA, 2013, p. 121).</p><p>Assim podemos afirmar que Braga (2012), diz que a hegemonia Lulista, mostra</p><p>através de toda soma da qualificação profissional, sindicalismo, programa de transferência</p><p>de renda entre outros. Uma inquietação social que ajuda a construir uma sociologia da</p><p>inquietação operária que se transformará em qualificação e valorização salarial e inserção</p><p>em políticas públicas. Podemos perceber isso também em Souza e De Souza (2013), logo</p><p>abaixo, que afirma que:</p><p>As lutas do precariado por salários e condições de trabalho justas exigiram do</p><p>sindicato uma iniciativa a fim resolver os conflitos inerentes às circunstâncias</p><p>do crescimento do setor. A questão é que os sindicatos procuram amenizar</p><p>os conflitos inserindo o trabalhador no cenário atual do modo de regulação</p><p>ao criar condições para o mesmo se aproximar de forma efetiva das políticas</p><p>públicas. (SOUZA e DE SOUZA, 2013, p. 123).</p><p>Mas se o trabalhador luta todos os dias, consegue evoluir, renasce como classe</p><p>média. Por que o Lulismo acabou? Segundo Singer (2012), o Lulismo não acabou. Entrou</p><p>em crise e adormeceu.</p><p>Se você analisar todas as transformações sociológicas criadas com o sindicalismo,</p><p>a transformação de classe. O Lulismo não deveria acabar ou até mesmo adormecer. Mas</p><p>por que isso aconteceu? Para responder essas perguntas apresentaremos especificamente</p><p>a crise do governo Dilma. Que Singer (2018), vai intitular de um verdadeiro quebra-cabeças.</p><p>Em que o sonho “rooseveltiano” se transformou em um pesadelo golpista.</p><p>MANIFESTAÇÕES POPULARES</p><p>A PARTIR DE 20133</p><p>TÓPICO</p><p>100SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>A ideia de transformar o fenômeno do Lulismo em algo transformador entra em crise</p><p>no governo de Dilma Rousseff. Vale ressaltar que a esperança era grande. Pois tínhamos</p><p>uma classe média que crescia constantemente. Outro ponto a ser destacado é que Dilma</p><p>assumiu o Brasil com um crescimento de 7,5% do PIB (produto interno bruto). Com uma</p><p>taxa de desemprego de 5,3%. Algo fantástico em um país de dimensões continentais.</p><p>Vale ressaltar que nesse período, a nova classe média encheu os aeroportos,</p><p>viajando e movimentando o setor turístico do país. Jovens conseguiram através de</p><p>programas sociais o ingresso nas universidades públicas. Singer (2018), afirma ainda que:</p><p>O Brasil parecia incluir os pobres no desenvolvimento capitalista sem que</p><p>uma só pedra tivesse riscado o céu límpido de Brasília. Lula resolverá a</p><p>quadratura do círculo e achará o caminho para a integração sem confronto.</p><p>Aclamado urbi et orbi, recebia aplausos da burguesia, nacional e estrangeira,</p><p>e de centrais sindicais concorrentes. (SINGER, 2018, p. 12).</p><p>Vale ressaltar que o presidente dos Estados Unidos declarou que Lula era “o cara”.</p><p>“Que tinha grande influência no mundo”. Vale destacar também que a revista inglesa “The</p><p>Economist” estampou em sua capa o cristo redentor voando como um foguete afirmando</p><p>que o Brasil decolava. Essa aprovação de Lula, transformou-se em desaprovação de Dilma</p><p>no ano de 2015. Mas como Singer (2018), montou esse quebra-cabeça do governo Dilma</p><p>para explicar a crise.</p><p>Singer (2018), uma espécie de linha do tempo partidária para demonstrar o jogo</p><p>político que a construiu ao longo do tempo no Brasil. Ao final, ele apresenta a ideia de três</p><p>partidos básicos no Brasil: “O popular, o de classe média e o de interior”.</p><p>101SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Tanto o do partido popular, quanto o da classe média faz uma distinção simples</p><p>entre pobres e ricos. Já o partido do interior joga na base governista para sua sobrevivência.</p><p>Por isso ele consegue descrever o partido do centro como o PMDB.</p><p>Vale destacar que a aliança entre o PT e o PMDB, fazia com que houvesse</p><p>governabilidade à presidente Dilma. Mas essa aliança acabou com rachaduras que destroem</p><p>a força de Dilma Rousseff.</p><p>No entanto, Singer (2018), aponta três fatores para a crise que ocorreu. Em que</p><p>a primeira foi o “reformismo forte” pelo qual Dilma apresentou um projeto político para</p><p>romper com as estruturas políticas e econômicas. Singer (2018) explica que essa decisão</p><p>poderia ter provocado um movimento antirreformismo forte. Então, esse movimento seria</p><p>o segundo fator. Já o terceiro fator seria quando a presidente tomou decisões erradas em</p><p>seu governo sem buscar alianças necessárias para obter apoio em suas reformas políticas.</p><p>Logo após a troca do ministro da fazenda, a esquerda que a apoiava abandonou o</p><p>barco por entender que o novo ministro seria neoliberal. Por isso teremos a crise do Lulismo</p><p>que resultará em dois momentos do governo Dilma.</p><p>O primeiro momento foram as manifestações de 2013. Vale ressaltar que segundo</p><p>Singer (2018) ocorre o abalo de duas vigas que sustentavam o Lulismo. A primeira foi</p><p>quando Dilma mudou a política desenvolvimentista e a segunda é que ocorreu limpeza de</p><p>líderes de estatais ligados ao “partido de interior” (PMDB) acusados de corrupção. Abalando,</p><p>assim, as alianças necessárias para sua sustentação.</p><p>Com isso temos as manifestações de 2013 que expõem o descontentamento</p><p>de vários setores da sociedade. Desde a elite até os proletários que veem seu ganho</p><p>reprimido com o aumento de produtos da cesta básica. Singer (2018) apresenta também</p><p>o descontentamento dos pobres com ensino superior que não veem ganho expressivo</p><p>com sua formação. Sem falar nos escândalos de corrupção que mexem com a massa</p><p>impulsionada pelo “lavajatismo”.</p><p>A lava jato, por sua vez, independente de sua origem ou intenção. Provocou a</p><p>ideia de criminalização do ex-presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores. Isso através</p><p>do ativismo jurídico praticado pelo Juiz Sérgio Moro que demonstra claramente intenções</p><p>políticas em seu papel. Singer (2018) nomeia esse ativismo como “vanguarda togada</p><p>do antilulismo”. Vale ressaltar que o sentimento contra o Lulismo cresce nas vigas de</p><p>sustentação apresentadas por Singer (2018). Então, o presidente da câmara dos deputados</p><p>Eduardo Cunha vetou os projetos que poderiam alavancar o governo da presidente Dilma.</p><p>Enfim, com o argumento de pedaladas fiscais abre-se o inquérito para o</p><p>impedimento de Dilma Rousseff. Estamos no auge dos protestos, com as chamadas</p><p>102SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>de grandes manifestações e institucionais com o “acordo nacional” no Congresso. Vale</p><p>salientar que as manifestações foram articuladas por setores da sociedade somados aos</p><p>interesses do partido do interior que almejou o poder sem deixar que a presidente tivesse</p><p>qualquer chance de se defender no processo de impeachment. No entanto, precisamos</p><p>compreender um pouco mais sobre as manifestações populares de 2013. Por isso, vamos</p><p>nos prender a algumas falas de Gohn (2015), pois a mesma procurou explicar o fato de</p><p>maneira clara e, ao mesmo tempo, profunda. Vale ressaltar que a professora, expõe a</p><p>importância das manifestações e a quantidade de pessoas que foram às ruas de maneira</p><p>expressiva. Inclusive os jovens, parte considerada o futuro de nosso país.</p><p>Segundo Gohn (2015), as manifestações se originaram em São Paulo, nas</p><p>manifestações do pedido do passe livre. Vale destacar que foi noticiado e assistido pela</p><p>população através de programas televisivos e reproduzidos em redes sociais. Os protestos</p><p>evoluíram para a questão dos serviços públicos. Indagando problemas de saúde, educação,</p><p>entre outros. Esses jovens vão às ruas e as demandas passam por exigências políticas,</p><p>mas sem lideranças.</p><p>As manifestações públicas estavam repletas de cartazes com diferentes</p><p>reivindicações. Podemos salientar que existiam cartazes apontando descontentamento</p><p>com a forma que a política em nosso país era apresentada, com a forma que a segurança</p><p>pública era conduzida.</p><p>Uma novidade nos protestos de 2013, foi a violência empregada pelos policiais na</p><p>repressão e pelo movimento intitulado “black blocs”, que se expressam através de confrontos</p><p>e destruição de maneira anárquica. O mais interessante é que todas as bandeiras partidárias</p><p>foram rejeitadas e excluídas do processo de descontentamento. Ou seja, excluídos das</p><p>manifestações. Mas não se preocupavam com política? Sim, se preocupavam. Mas de</p><p>uma política sem partidos ou políticos e sim uma política de bem-estar. Vale ressaltar que</p><p>podemos ver isso em Gohn (2015), logo abaixo:</p><p>Querem mudanças na política via atuação diferenciada do Estado no</p><p>atendimento à sociedade. Não negam o Estado, mas querem um Estado</p><p>mais eficiente. Apresentam-se como apartidários, mas não antipartidários.</p><p>(GOHN, 2015, p. 436).</p><p>As manifestações de junho de 2013 provocaram um grande espanto em todo o Brasil.</p><p>Inclusive na mídia e no próprio governo que não esperava tamanha repercussão e adesão.</p><p>Por isso o governo passou a pensar em reformas. Mas que reformas? O governo se organizou</p><p>e ouviu o grito dos manifestantes em 2013 e enfrentou seu reflexo nos anos seguintes.</p><p>103SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Gohn (2015), expressou muito bem o que foi as manifestações de 2013 no trecho</p><p>logo abaixo:</p><p>As “vozes” que ecoaram nas ruas em junho não negavam o Estado, mas</p><p>reivindicavam</p><p>um Estado menos dependente dos bancos, de multinacionais,</p><p>de empresários, etc. Um Estado com pauta social efetiva, e não apenas</p><p>focado nas metas e índices de crescimento e oferta de bens. Clamaram por</p><p>mais cidadania social. (GOHN, 2015, p. 439).</p><p>As vozes das manifestações, segundo Gohn (2015) tem um papel importante por</p><p>muitos motivos, mas principalmente pela identificação e por visualizar um cenário em que</p><p>não se sentiam representados. Não sentiam que os direitos da cidadania estavam sendo</p><p>respeitados. Vale ressaltar que manter as manifestações por um longo período é quase que</p><p>impossível. Mas o sentimento das pessoas e suas “vozes” ecoaram por um vasto território</p><p>com ajuda das mídias sociais e estavam prestes a explodir.</p><p>Então, podemos dizer que as manifestações ocorridas em 2013, abrem espaço para</p><p>o que Souza (2016) chama de quebra de aprovação dos governos petistas anteriores. No</p><p>entanto, podemos complementar com Singer (2018), demonstrando todo o quebra-cabeças</p><p>do golpe. Ou seja, o Lulismo em crise.</p><p>IMPEACHMENT OU GOLPE? DA</p><p>CRISE DO GOVERNO DILMA AO</p><p>“BOLSONARISMO”4</p><p>TÓPICO</p><p>104SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Vale ressaltar que no contexto das manifestações ocorridas no Brasil, a mídia passa</p><p>a ter um papel contrário ao governo, aplicando uma espécie de “cruzada” política contra o</p><p>governo Dilma. Tudo apoiado no poder financeiro da elite e em sua identidade conservadora.</p><p>A mídia, que estava preocupada com a copa das confederações e os protestos,</p><p>passou a falar da PEC 37. Afirmando que ela limitaria as investigações criminais e</p><p>atrapalharia o “lavajatismo” de Sérgio Moro. Podemos destacar o posicionamento de Souza</p><p>(2016) para esse fato. Pois ela chama a atenção dizendo que:</p><p>É interessante notar aqui já um início da articulação e do conluio entre o</p><p>aparato jurídico-policial do Estado e a imprensa. A PE(‘ 37 c sua crítica passa</p><p>a ser frequentemente referida pelo Jornal Nacional como uma demanda cada</p><p>vez mais importante das “ruas”. (SOUZA, 2016, p. 90).</p><p>Vale ressaltar que começamos a ter uma série de reportagens sobre os protestos,</p><p>desde os trabalhadores rurais, demarcação de terra indígena, gastos com a copa do mundo</p><p>e construção de estádios, entre outras.</p><p>A partir desse momento, partidos políticos foram rejeitados e execrados pela população.</p><p>A FIESP passou a pendurar uma bandeira gigante em seu prédio se posicionando contra o</p><p>governo. Ou seja, a elite começa a demonstrar seu poder e perguntava quem “ia pagar o pato”.</p><p>Souza (2016) acrescentou o papel da mídia na construção do golpe afirmando que:</p><p>A mídia passou a se associar às instituições do aparelho jurídico-policial no</p><p>processo de deslegitimar o governo eleito. Palavras de ordem como “Muda</p><p>Brasil”, como forma cifrada de invocar a verdadeira bandeira - “Muda (de</p><p>governo) Brasil”, passaram a dominar o imaginário das manifestações. A</p><p>corrupção ganhava cada vez mais proeminência, e os gastos com saúde e</p><p>educação, que nunca haviam sido tão expressivos como agora, eram sempre</p><p>mencionados de modo negativo ao governo. (SOUZA, 2016, p. 94).</p><p>105SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Assim, o governo Dilma perdia cada vez mais popularidade, visualizando a união direta</p><p>entre a mídia e a classe média conservadora. Que por sua vez começa a demonstrar o ódio que</p><p>estava enraizado em suas entranhas. Podemos perceber isso em Souza (2016), logo abaixo:</p><p>O mero fato da proximidade física dos pobres em lugares antes reservados à</p><p>classe média trouxe à baila um racismo de classe perverso que se mantinha</p><p>escondido do debate público nas condições de extrema desigualdade que o</p><p>país vivia, O compartilhamento dos mesmos espaços sociais irrita e incomoda</p><p>ainda mais com a nova postura e atitude das classes populares de desafiar o</p><p>olhar incômodo, (…). (SOUZA, 2016, p. 97).</p><p>Vale ressaltar que o sentimento de “ódio”, conservadorismo, discriminação racial,</p><p>sexual como a homofobia começa a se tornar evidente com a ideia conservadora. Mas</p><p>vem a pergunta: Isso surgiu aqui? Podemos afirmar que não. Pois o conservadorismo com</p><p>essas ideias discriminatórias em nosso país sempre existiu. Mas agora se torna cada vez</p><p>mais evidente. Iniciando uma guerra entre “comunismo e capitalismo”, entre “coxinhas</p><p>e mortadelas”, “amarelinhos e vermelhos”, “nós e eles”. Tornando nosso país “bipolar”.</p><p>Provocando dissoluções de famílias por se posicionarem politicamente.</p><p>Vale ressaltar que o grade “acordo” entre mídia, elite e a ignorância de maior parte</p><p>da população em relação a questões econômicas, políticas. Torna-se o maior fator para</p><p>o que Souza (2016), Singer (2018) vão chamar de “golpe”, e que a extrema-direita que</p><p>explodiria no Brasil vai chamar de “justiça”. E que no senso comum e sem posicionamento,</p><p>podemos chamar de impeachment.</p><p>Para entender o golpe de 2016, temos que entender que o governo Dilma entrou em crise</p><p>por não sustentar os dois pilares que Singer (2016) nos apresenta. No entanto, não podemos</p><p>descartar a questão internacional e o crescimento da direita no mundo naquele momento.</p><p>Além disso, podemos destacar a união e falta de diálogo de Dilma Rousseff com</p><p>sua base política em torno da governabilidade. Com isso, seu vice e líder do “partido do</p><p>interior” (PMDB), Michel Temer, se une em torno da burguesia e articula a tomada de</p><p>poder. Vale ressaltar que o mesmo se aproveitou de fakes News em larga escala que foram</p><p>reproduzidas nas redes sociais e esperou a hora certa para tomar o poder.</p><p>A tomada do poder teve como marco inicial o aceite do pedido de impeachment.</p><p>Vale ressaltar que já existiam mais de cinquenta pedidos que foram arquivados por falta</p><p>de provas. Mas um pedido foi acatado pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo</p><p>Cunha, que era aliado direto de Temer. E foi apoiado por movimentos que estiveram</p><p>presentes nas manifestações e nas ruas pedindo a queda de Dilma Rousseff por crime de</p><p>responsabilidade, ou as famosas “pedaladas fiscais”.</p><p>106SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Após a votação com palavras que evocaram anticorrupção, Deus, e o famoso “tchau</p><p>querida!”. Vale ressaltar que até a memória do General Ustra foi declarado pelo até então</p><p>deputado Bolsonaro. Almeida (2021), nos apresenta a votação da seguinte forma:</p><p>A sessão de votação do impeachment foi transmitida em rede nacional e</p><p>deteve a atenção massiva da população que, já polarizada em direita e</p><p>esquerda desde a eleição de 2014, assistia cada um torcendo para o desfecho</p><p>que defendiam. No plenário, cada deputado dava um show à parte. E nos</p><p>discursos de defesa do voto ficou nítido que não havia indignação pelos</p><p>supostos crimes de Dilma, até porque em nenhum momento estes serviram</p><p>de argumento para dar sim ou não à abertura do processo de impedimento e</p><p>permanência dela na Presidência. Aquele momento histórico ficou marcado</p><p>pela consolidação de um golpe parlamentar que usou o palco da câmara</p><p>para comemorar, voto a voto, as alianças políticas que culminaram no bem-</p><p>sucedido golpe. (ALMEIDA, 2021, p. 46).</p><p>Após o golpe, Temer governou provisoriamente com escândalos de corrupção</p><p>ao seu redor e assim abre espaço para extrema-direita no Brasil representado por Jair</p><p>Bolsonaro. Vale ressaltar que mesmo sem tempo de televisão, o candidato recebeu apoio</p><p>massivo em redes sociais, graças ao seu discurso que representava grande parte do</p><p>pensamento da direita brasileira. Destaca-se ainda a conturbação que foi a eleição 2018 e</p><p>a briga entre esquerda e direita escancarada. Além da cassação da candidatura de Lula e</p><p>sua condenação afundando a esquerda. Aumentando o poder de Bolsonaro após a famosa</p><p>“facada” recebida por Bolsonaro.</p><p>O bolsonarismo ganha cada vez mais força principalmente pela prisão de Lula que</p><p>liderava todas as pesquisas presidenciais. Almeida (2021) diz que:</p><p>(…) a estratégia dá tão certo, que Lula é usado como alvo e é proibido pela</p><p>justiça de concorrer às eleições mesmo sendo líder absoluto nas pesquisas</p><p>de intenção de voto. Proibir Lula de disputar a Presidência</p><p>em 2018 é a der-</p><p>rota da “arma” capaz de fazer sucumbir a escalada do neofascismo no Brasil.</p><p>(ALMEIDA, 2021, p. 53.).</p><p>Podemos destacar que Almeida (2021), apresenta a carreira de Jair Bolsonaro na</p><p>política, afirmando que seu governo está sendo controverso e cheio de polêmicas. Tanto no</p><p>âmbito nacional como internacionalmente.</p><p>Mesmo sem se posicionar diretamente sobre o governo Bolsonaro. Procuramos</p><p>apresentar toda discussão através de pesquisadores que deixaram seu escrito. No entanto,</p><p>não podemos continuar a falar da ascensão e do governo de Bolsonaro. Pois ainda demora um</p><p>tempo para se ter uma análise completa de seus atos. Mas, podemos encerrar nosso estudo</p><p>apresentando abaixo o pensamento de Almeida (2021), que aponta para um dos fatores de seu</p><p>governo confuso e fracassado, pois o presidente não conseguiu apoio de fato para seu governo.</p><p>Todo pronunciamento, entrevista ou fala do Presidente foi marcada por</p><p>polêmicas, ofensas a jornalistas, argumentos sem fundamentos, palavras</p><p>de baixo calão, etc. Nunca na história do Brasil houve um Presidente com</p><p>uma postura tão atípica. É importante ressaltar que o comportamento pouco</p><p>polido de Bolsonaro foi peça chave no processo de desmoralização do país</p><p>e culminou no descrédito no governo, o que refletiu na quebra de alianças</p><p>importantes para consolidar os planos do governo. (ALMEIDA, 2021, p. 53).</p><p>107SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>O presidente Jair Messias Bolsonaro produziu frases e discursos que levam pesquisadores como Alex Fernandes</p><p>Silva de Almeida. Autor da tese de Mestrado, intitulada de: Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascismo. A</p><p>compararem suas frases a características neofascistas como a apresentado abaixo expostas na página 66 de sua tese:</p><p>Característica Neofascista e Frases de Bolsonaro</p><p>Nacionalismo: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.</p><p>Negação dos direitos humanos: “Conosco não haverá essa politicagem de direitos humanos. Essa bandidada vai</p><p>morrer porque não enviaremos recursos da União para eles.”</p><p>Inimigos da nação: “Vamos unir o Brasil pela vontade de nos afastarmos de vez do socialismo, do comunismo, nos vermos</p><p>livres desse fantasma do que acontece na Venezuela.” “esquerdistas, petistas e bandidos.”</p><p>Militarismo: “Caso eu fosse Presidente da República, eu convidaria para o MEC</p><p>(Ministério da Educação) um general que tivesse comandado um colégio militar pelo Brasil.”</p><p>Sexismo/misoginia: “Jamais iria estuprar você, porque você não merece.”</p><p>Controle da imprensa: “A imprensa tenta a todo custo comprar a corda que irá enforcá-la.”</p><p>Acompanhe em: ALMEIDA, Alex Fernandes Silva de. Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascismo No Brasil.</p><p>Goiás: Puc, 2021. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651</p><p>http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4651</p><p>108SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Quer saber um pouco mais sobre a ascensão do Bolsonarismo no Brasil? Acesse o artigo de Fernanda Rios Petrarca.</p><p>Intitulado Uma Janela no Tempo: a ascensão do Bolsonarismo no Brasil. Publicada na Revista TOMO, núm. 38, 2021,</p><p>Janeiro-Junho, pp. 339-371. Universidade Federal de Sergipe – Brasil. Disponível em: http://portal.amelica.org/</p><p>ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf</p><p>http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf</p><p>http://portal.amelica.org/ameli/jatsRepo/346/3461827012/3461827012.pdf</p><p>109SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao fim da última unidade da nossa apostila.</p><p>Nessa etapa final da disciplina, obtivemos a compreensão do Brasil contemporâneo. Tudo</p><p>tão próximo que provavelmente você concordou ou discordou do que leu e aprendeu. No</p><p>entanto, gostaria de salientar que todo o conteúdo teve uma base científica de obras já</p><p>produzidas e por muitas vezes com anos de pesquisa fundamentada.</p><p>Então, estudamos neste capítulo assuntos polêmicos que com toda certeza</p><p>descortinaram nossos olhos com o conhecimento sobre o conceito neoliberal e sua aplicação</p><p>em nosso país. Conhecemos o governo de Fernando Henrique Cardoso e suas vertentes.</p><p>Vale destacar que após conhecermos o neoliberalismo de Cardoso, aprendemos o conceito</p><p>de “Lulismo”. Não como uma pessoa e sim o fenômeno governamental com todas suas</p><p>raízes, expansão e desafios que enfrentou.</p><p>Voltamos nossos olhos para um debate sobre os reflexos do “Lulismo” e sua</p><p>hegemonia com o aparecimento da nova classe média e a erradicação da pobreza em</p><p>vários setores do Brasil.</p><p>No entanto, fizemos uma breve passagem pelas manifestações a partir de 2013 e</p><p>seus reflexos para a crise do “Lulismo”. Ou seja, como foi arquitetado, quais fatores que</p><p>levaram a sua queda e o impeachment de Dilma Rousseff.</p><p>Prosseguindo com nossa reflexão, abordamos a queda de Dilma e indagamos se</p><p>foi um simples impeachment ou um golpe. Assim entendemos alguns pontos de conflitos</p><p>que envolveram nosso país e apresentamos fatos que apontam para o que os estudiosos</p><p>chamaram de golpe. Debatemos o verdadeiro papel do impeachment com a crise do</p><p>governo Dilma, a ascensão do Bolsonarismo Descrevemos os problemas enfrentados em</p><p>seu governo e a falta de tato para organizar, fazer alianças e jogar o jogo político.</p><p>Finalizamos mostrando as frases de Bolsonaro e seus reflexos na sociedade que</p><p>resultaram em problemas para seu governo.</p><p>Foi extremamente importante e prazeroso nosso estudo até aqui. Então, fique com</p><p>meu…</p><p>Muito obrigado!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>110SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>Tenho caracterizado o movimento de apoio a Bolsonaro, bem como o seu governo,</p><p>como neofascistas (Boito, 2019). O texto pretende retomar essa tese, apresentá-la com</p><p>argumentos talvez mais apurados e indicar diferenças bibliográficas que recusem tal</p><p>caracterização. O texto apresenta um movimento de um governo neofascistas, e não de</p><p>uma ditadura fascista. Quer saber mais sobre essa visão? Acesse o link abaixo:</p><p>BOITO JR, Armando. Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascismo?</p><p>Crítica marxista, v. 1, n. 50, 2020. https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/</p><p>publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/</p><p>l inks/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-</p><p>neofascismo.pdf</p><p>Bom estudo!</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Armando-Boito-Jr/publication/345392663_Por_que_caracterizar_o_bolsonarismo_como_neofascismo/links/5fa5a237a6fdcc06241cb794/Por-que-caracterizar-o-bolsonarismo-como-neofascismo.pdf</p><p>111SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Os sentidos do Lulismo: Reforma Gradual e Pacto</p><p>Conservador.</p><p>• Autor: André Singer.</p><p>• Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (28 agosto 2012).</p><p>• Sinopse: Em novembro de 2009, a prestigiosa revista Novos Estudos,</p><p>do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), publicou um</p><p>artigo de André Singer que já se tornou um marco da ciência política</p><p>brasileira. Escrito durante o auge da popularidade desfrutada pelo</p><p>presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “Raízes sociais e ideológicas do</p><p>lulismo” analisava o grande realinhamento eleitoral ocorrido no país</p><p>durante o pleito de 2006. O subproletariado, isto é, a massa de milhões</p><p>de pessoas excluídas das relações de consumo e trabalho, e que sempre</p><p>havia se mantido distante da ameaça de “desordem” representada</p><p>da sociedade. Temos a assembleia em que os</p><p>cidadãos gregos (homens e livres), passam a opinar e decidir os rumos da pólis. Inclusive</p><p>ocorriam cargos temporários e eletivos.</p><p>Vale ressaltar que com isso temos governos que passam a ser avaliados entre os</p><p>cidadãos. Alguns chamados de bons e outros de ruim, governos de poucos ou de muitos,</p><p>entre outros.</p><p>Assim, Aristóteles passa a definir a “polítia”, entendendo a oligarquia (governo</p><p>de poucos) e o que ele chama de democracia (demo: povo e cracia: governo). Podemos</p><p>perceber isso logo abaixo quando Bobbio (1980), diz que:</p><p>A politia é a fusão da oligarquia e da democracia. Agora que sabemos o que</p><p>consiste uma e outra, podemos compreender melhor em que consiste essa</p><p>fusão: é um regime em que a união dos ricos e dos pobres deveria remediar a</p><p>causa mais importante de tensão em todas as sociedades. A luta dos que não</p><p>possuem, contra os proprietários. É o regime mais propício para assegurar “a</p><p>paz social”. (BOBBIO, 1980, p. 153).</p><p>A explicação do professor italiano Bobbio, é uma grande definição da política de</p><p>Aristóteles, em que ele se utilizou dessa afirmação para exemplificar o início da filosofia política.</p><p>Vale ressaltar que a filosofia política ajuda e muito na construção da sociologia</p><p>política e Aristóteles nos fornece indícios para a construção dessa nova ciência. Mas o que</p><p>os pensadores posteriores a Aristóteles contribuíram para essa construção?</p><p>Podemos destacar essa resposta em Souza (2009) logo abaixo:</p><p>O que esses pensadores fizeram foi imaginar, com rigor lógico, a origem</p><p>do Estado e, a partir dessa construção abstrata, tiraram consequências</p><p>sobre o exercício do poder numa sociedade que se quer livre e igual. O</p><p>olhar desses filósofos estava voltado para um “Estado” ideal. Construir uma</p><p>abordagem abstrata, entretanto, não significa distanciar-se da realidade, e</p><p>sim, estabelecer com ela um diálogo fundado não na experiência, mas no</p><p>raciocínio lógico dedutivo. (SOUZA, 2009, p. 9).</p><p>Assim podemos afirmar que a filosofia política nasceu nas sociedades tribais e</p><p>com Aristóteles, mas os pensadores que o sucederam passaram a acrescentar métodos e</p><p>critérios de avaliação que construíram a futura sociologia política.</p><p>Antes de apresentarmos novos pensadores que contribuíram para a construção da</p><p>sociologia política, vamos dar um pulo no tempo cronológico e apresentar uma diferença</p><p>que vai contribuir para o conceito moderno de sociologia política.</p><p>13SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Vale ressaltar que já comentamos acima sobre a diferença entre sociologia da política</p><p>e sociologia política. No entanto, não nos aprofundamos no assunto para conhecermos a</p><p>importância da filosofia política com Aristóteles.</p><p>A partir de agora conheceremos a grande diferença que (SARTORI, 1969) faz sobre</p><p>a sociologia da política e a política. Mas a diferença não seria só o “da”?</p><p>Espero que você se atente ao que vamos apresentar, logo abaixo, e procure refletir</p><p>sobre o tema. Entendendo que a diferença é muito maior do que se pensa.</p><p>Para iniciar nossa análise, vamos entender que quando utilizamos o termo “Sociologia</p><p>da Política”, estamos apresentando apenas uma pequena vertente da sociologia, como,</p><p>por exemplo, sociologia da violência, Sociologia da educação, Sociologia do direito, até</p><p>sociologia da religião. Vale destacar que é apenas uma vertente sem aprofundamento com</p><p>métodos e investigações minuciosas como a sociologia política nos fornece.</p><p>Assim, podemos afirmar que a sociologia política nos fornece uma relação direta com a</p><p>ciência política, estabelecendo uma interligação metódica entre a Sociologia e a Política de fato.</p><p>No entanto, Sartori (1969), não descarta as vertentes como a sociologia da política,</p><p>entre outras, pois nos apresenta que não existem superioridades entre elas, e, que a relação</p><p>entre elas é de extrema importância para evolução política da sociedade.</p><p>Podemos encontrar a importância de se saber diferenciar a sociologia política da</p><p>sociologia política em Souza (2009), quando ele tenta explicar a visão de Sartori (1969)</p><p>logo abaixo:</p><p>Sartori enfatiza a necessidade de não confundir Sociologia Política com</p><p>Sociologia da Política, enfim, a tarefa de construir uma ciência interdisciplinar</p><p>requer a superação da tentativa equivocada de reduzir a Sociologia Política a</p><p>um subcampo da Sociologia. (SOUZA, 2009, p. 10).</p><p>A partir do momento que entendemos a importância de se diferenciar a sociologia</p><p>“da” política e sociologia política, passamos a entender a importância de se utilizar uma</p><p>pesquisa metódica para classificarmos a política em si. Desde a política cotidiana com as</p><p>relações humanas, até a política dos partidos, das lideranças, da democracia, ditadura,</p><p>entre outras formas de governo que envolvem a política dos partidos.</p><p>Com isso, podemos definir a sociologia política como a responsável por analisar</p><p>o cotidiano das sociedades, a participação dos cidadãos na sua construção. Além de</p><p>compreender a função dos atores sociais, de sua participação, de seu envolvimento, de</p><p>suas ideologias, do seu papel em si. Entendendo até mesmo a questão de dominação e</p><p>dominados, público e privado, entre outros.</p><p>Chegando assim à conclusão dessa divisão que não é só do termo “da”. Mas de</p><p>uma questão muito ampla que encontramos em sociedades do passado e do presente.</p><p>Aparecem muitos pensadores que transformam e somam na construção da sociologia</p><p>política. Como Nicolau Maquiavel que conheceremos logo abaixo.</p><p>FILOSOFIA POLÍTICA</p><p>DE MAQUIAVEL2</p><p>TÓPICO</p><p>14SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Para começar nossos estudos sobre Maquiavel, precisamos entender que ele</p><p>é estudado em vários ramos da ciência, como história, filosofia, sociologia, até mesmo</p><p>destacando a poesia, peças de teatro, entre outros setores da produção de conhecimento.</p><p>No entanto, nesse determinado momento, vamos nos prender a sua filosofia política</p><p>e a sua contribuição na sociologia política. Ressaltando ainda que dentro da filosofia política,</p><p>temos momentos memoráveis e de grande importância nessa construção através de suas</p><p>ideias, desde a questão de soberania, estado, república entre outras coisas.</p><p>No entanto, utilizaremos como ponto de partida o início de sua jornada para</p><p>completarmos o caminho do processo de ensino-aprendizagem de maneira frutífera.</p><p>Então, iniciaremos sua história de maneira dulcificada, apontando que o mesmo nasceu</p><p>em Florença, na Itália e tinha uma origem pobre, ou seja, sem meios financeiros para frequentar</p><p>a alta classe em que se exerce a política. Com a ideia de dominante e dominado. Onde temos</p><p>os detentores dos meios de produção e os operários em uma visão marxista simplificada.</p><p>No entanto, o doce de sua história passa a ter um sabor amargo na visão humana e</p><p>romantizada, mas um sabor menos açucarado na visão política. Pois Maquiavel demonstra</p><p>desde cedo ser ambicioso politicamente. Conseguindo estabelecer relações com pessoas</p><p>poderosas da sociedade. Atingiu seu ápice na política, tornando-se um político influente na</p><p>flor da idade. Pois exercia o cargo de secretário da segunda chancelaria.</p><p>Vale ressaltar que logo escreve sua obra mais conhecida e que por muitas vezes</p><p>tem suas ideias reproduzidas no senso comum sem que as pessoas saibam que é dele.</p><p>Esta obra foi o livro intitulado “O príncipe”.</p><p>15SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Esse livro apresenta suas ideias em relação à política, afirmando que não podemos</p><p>nos guiar pela imposição divina e sim como uma atividade comum aos homens, ou seja,</p><p>uma atividade vivenciada por muitos e que é exercida através da coletividade.</p><p>Maquiavel nos apresenta como visualizar a política, nos guiando a ir além da organização</p><p>do espaço público, afirmando que devemos ver a coletividade e principalmente a ação política.</p><p>Nicolau Maquiavel aponta que essa ação política humana deve ocorrer através de</p><p>uma disputa, de um jogo político, desprezando o caráter religioso que a sociedade medieval</p><p>pela</p><p>esquerda, aderiu em bloco à vitoriosa candidatura à reeleição. Ao mesmo</p><p>tempo, a classe média tradicional se afastou de Lula e do PT após as</p><p>denúncias de corrupção que originaram o caso do “mensalão”. Invertia-</p><p>se, desse modo, na trajetória eleitoral do partido e de seu principal líder,</p><p>até então apoiados majoritariamente pelos eleitores urbanos e pelos</p><p>estratos sociais de maior renda e instrução.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São</p><p>Paulo.</p><p>• Autor: Tereza Pires do Rio Caldeira.</p><p>• Editora: EDUSP; 2ª edição (1 janeiro 2006).</p><p>• Sinopse: O documentário analisa a maneira pela qual crime, medo e</p><p>desrespeito aos direitos dos cidadãos associaram-se a transformações</p><p>urbanas de São Paulo, produzindo um novo padrão de segregação espacial</p><p>durante as duas últimas décadas. Temos o aumento da violência na cidade e</p><p>o fracasso da polícia e da justiça em combatê-la teve sérias consequências:</p><p>a privatização da segurança, o apoio a ações ilegais e violentas da polícia</p><p>e a reclusão de parte da sociedade em verdadeiros encraves fortificados. O</p><p>resultado é a fragmentação do espaço público, a valorização da desigualdade</p><p>e o incentivo ao preconceito em relação a certos grupos sociais.</p><p>112SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Democracia em vertigem.</p><p>• Ano: 2019.</p><p>• Diretora: Petra Costa.</p><p>• Roteirista: Petra Costa.</p><p>• Produção: Joanna Natasegara; Shane Boris; Tiago Pavan</p><p>• Sinopse: Documentário sobre o processo de impeachment de</p><p>Dilma Rousseff. Apresentado como um dos reflexos da polarização</p><p>política e da ascensão da extrema-direita para o poder.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: O lulismo em crise: Um quebra-cabeça do período Dilma</p><p>(2011-2016).</p><p>• Autor: André Singer.</p><p>• Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (24 maio 2018).</p><p>• Sinopse: Em O lulismo em crise, André Singer enfrenta o desafio</p><p>de remontar o quebra-cabeça dos anos em que Dilma Rousseff</p><p>foi presidente da república e apresenta uma interpretação para</p><p>o funcionamento do sistema político-partidário brasileiro. Com</p><p>palavras claras e com argumentação rigorosa, Singer explica por</p><p>que o afastamento de duas vigas estruturantes do arranjo lulista.</p><p>(o capital financeiro e o PMDB), teve custo tão alto. Onças foram</p><p>cutucadas com varas curtas, sem que tivesse havido mobilização</p><p>de bases sociais que apoiassem a continuidade do lulismo, em</p><p>sua nova versão, de reformismo forte. Em processo simultâneo,</p><p>a Lava Jato acabou por galvanizar apoio de significativas frações</p><p>da sociedade, tornando-se decisiva na propagação das ondas anti</p><p>lulistas que levariam ao impeachment.</p><p>113SOCIOLOGIA POLÍTICA NO BRASILUNIDADE 4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: O Processo.</p><p>• Ano: 2018.</p><p>• Diretor: Maria Ramos.</p><p>• Roteirista: Maria Ramos.</p><p>• Produção: Leonardo Mecchi.</p><p>• Sinopse: Ao passar meses nos bastidores do Congresso</p><p>Nacional, acompanhando ao vivo os trâmites que levaram ao</p><p>impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O documentário</p><p>apresenta os eventos de 2016 trazem consequências no Brasil</p><p>até hoje, e as imagens daquela época adquiriram novo significado</p><p>em 2018, com Michel Temer no poder, às vésperas de uma nova</p><p>eleição presidencial.</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: O Muro.</p><p>• Ano: 2017.</p><p>• Diretor: Lula Buarque de Hollanda.</p><p>• Roteirista: Lula Buarque de Hollanda.</p><p>• Produtor: Lula Buarque, Letícia Monte.</p><p>• Sinopse: O filme O Muro, de Lula Buarque de Hollanda, tem como</p><p>ponto de partida a estrutura de aço erguida no meio da Esplanada dos</p><p>Ministérios, durante o julgamento do impeachment da ex-presidente</p><p>Dilma Rousseff. O objetivo era separar manifestantes pró e contra o</p><p>processo, ironicamente, no centro de um local projetado para ser um</p><p>espaço de comunhão.Misturando documentário e videoarte, o diretor</p><p>entrevista pessoas dos dois lados, bem como pensadores, cientistas</p><p>políticos, historiadores, filósofos, acadêmicos e brasilianistas, que</p><p>trazem outras leituras dos fatos.</p><p>114</p><p>Caro(a) aluno(a),</p><p>Chegamos ao fim do curso de Sociologia Política. Fizemos uma viagem libertadora.</p><p>Buscando nas experiências históricas e nas explicações, os conceitos e os fatos históricos</p><p>que construíram a sociologia política.</p><p>Partimos conhecendo a sociologia política, através do conceito básico do que é a</p><p>sociologia política. Visualizamos a Filosofia Política em Maquiavel. Um grande pensador que</p><p>demonstrou, passo a passo, como se faz a política. Seguimos nosso estudo, identificando</p><p>o conceito básico de Ciência Política. Terminando nossa unidade conhecendo os conceitos</p><p>de Políticas Públicas e Política Social.</p><p>Na segunda unidade, nosso foco foi o conceito de Elite e os pressupostos históricos.</p><p>Passamos pela definição de Elitismo. E, como ponto alto da unidade, conhecemos importantes</p><p>personagens como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Que descortinam</p><p>nossos olhos sobre a questão do elitismo. Continuamos nossa viagem apresentando a</p><p>denúncia contra a Elite com uma forte crítica a elite liberal.</p><p>Já na Unidade III, apresentamos o conceito de Estado e o bem-estar social, enfatizando</p><p>seu compromisso com as políticas públicas. Seguimos nosso estudo compreendendo a</p><p>responsabilidade do Estado enquanto regulador e responsável pela economia e política</p><p>nacional. Completando com a contextualização do processo da dimensão da política enquanto</p><p>órgão competente quanto às responsabilidades junto ao Estado de direito democrático. Então,</p><p>terminamos o capítulo problematizando as questões que envolvem o bem-estar social e</p><p>influência do neoliberalismo nas políticas públicas na sociedade contemporânea.</p><p>Enfim, em nossa Unidade IV, discutimos uma questão polêmica. Mas extremamente</p><p>necessária no campo da sociologia política. Vale ressaltar que se abandonamos toda</p><p>e qualquer ideologia existente em nossas entranhas, alcançamos o entendimento e</p><p>concretizamos o processo de ensino e aprendizagem. Vale ressaltar que abordamos a</p><p>Compreensão do Brasil Contemporâneo. Passamos pelo neoliberalismo de Fernando</p><p>Henrique Cardoso e conhecemos o fenômeno chamado “Lulismo”.</p><p>CONCLUSÃO GERAL</p><p>115</p><p>Seguimos nossa viagem conhecendo a hegemonia e a nova classe média. Atrelando</p><p>a isso tudo as manifestações populares a partir de 2013. Debatemos se foi Impeachment</p><p>ou Golpe? Chegando à conclusão através de estudiosos que foi um golpe. Por fim, fizemos</p><p>uma breve viagem na crise do Governo Dilma ao “Bolsonarismo” e suas atitudes.</p><p>Assim, chegamos ao fim da nossa viagem. Espero que seu horizonte de</p><p>expectativas tenha sido modernizado e novos horizontes acrescentados, uma vez que todos</p><p>nós, brasileiros, necessitamos ter uma visão aberta, principalmente com fatos históricos,</p><p>abandonado os achismos da Fake News e das redes sociais.</p><p>Por isso, Muito obrigado e bom estudo!</p><p>116</p><p>ALMEIDA, Alex Fernandes Silva de. Do Golpe De 2016 Ao Bolsonarismo: O Neofascismo</p><p>No Brasil. Goiás: Puc, 2021. Disponível em: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/</p><p>tede/4651. Acesso em: 09 fev. 2022.</p><p>ALMEIDA, Antonio Charles Santiago. Filosofia política. Curitiba: InterSaberes, 2015.</p><p>(Série Estudos de Filosofia). Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/</p><p>Publicacao/31416. Acesso em: 04 mar. 2022.</p><p>ALVES, Andréa Moraes. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo.</p><p>Revista Mana. Estudos de Antropologia Social [online]. 2002. Disponível em: https://doi.</p><p>org/10.1590/S0104-93132002000100010. Acesso em: 30 jan. 2022.</p><p>AZEVEDO, Vanessa. Lúcia Santos de; FERREIRA, Adriana; MARTINS, Silvia. Santiago.</p><p>Política social. São Paulo: Grupo A, 2018. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.</p><p>com.br/#/books/9788595026193/. Acesso em: 24 jan. 2022.</p><p>BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Tradução de Sérgio Bath. Brasília:</p><p>UnB, 1980.</p><p>BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política. 2. ed. Tradução de Daniela Beccaccia Versiani.</p><p>Rio de Janeiro: Campus, 2000.</p><p>BRAGA, Ruy. A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista. São Paulo:</p><p>Boitempo;</p><p>USP, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, 2012.</p><p>BUARQUE DE HOLANDA, Cristina. Teoria das Elites. 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Riqueza das Nações. Editora Nova Cultura, São Paulo, 1996. Disponível</p><p>em: https://drive.google.com/file/d/1c2Rs6RQiLXOfDJ3EDszFdHPhNOnf26t2/view Acesso</p><p>em: 14 mar. 2022.</p><p>SOUZA, Jessé. A radiografia do golpe: entenda com o e por que você foi enganado /</p><p>Jessé Souza - Rio de Janeiro: LeYa, 2016. Disponível em: https://docero.com.br/doc/5svec</p><p>Acesso em 03 fev. 2022.</p><p>SOUZA, Jessé. Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe</p><p>trabalhadora? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. Disponível em: https://docplayer.</p><p>com.br/56334524-Os-batalhadores-brasileiros-nova-classe-media-ou-nova-classe-</p><p>trabalhadora.html. Acesso em: 03 fev. 2022.</p><p>123</p><p>SOUZA, Ludmila Maria Noronha. DE SOUZA, Marcela Fernanda da Paz. A Política do</p><p>Precariado: Do Populismo à Hegemonia Lulista de Ruy Braga, 2012, São Paulo, Boitempo.</p><p>Teoria e Cultura: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 8, n. 2 jul./</p><p>dez. 2013. 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Editora: Martins Fontes, São Paulo; 1ª edição, 2014.</p><p>ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE</p><p>Praça Brasil , 250 - Centro</p><p>CEP 87702 - 320</p><p>Paranavaí - PR - Brasil</p><p>TELEFONE (44) 3045 - 9898</p><p>Shutterstock</p><p>Site UniFatecie 3:</p><p>tanto se norteava. Vale ressaltar que para ele a ação política é o caminho para a efetivação</p><p>do meio de convivência. Sustentando que essa ação política traz a ideia inovadora até</p><p>então que é “lugar”, que seria a sociedade e “alguém” que seria o povo. Tão somente a</p><p>ação política ocorre se “alguém” conviva em um “lugar”.</p><p>Com isso, Maquiavel nos mostra a verdade concreta da sociedade. Verdade essa</p><p>que podemos verificar logo abaixo:</p><p>Aqui reside o caráter realista da política em Maquiavel, pois não se trata de falar</p><p>sobre como a sociedade deve ser, mas de falar, antes de tudo, da sociedade</p><p>que existe. Por isso, é preciso conhecer a realidade, ou seja, a sociedade que</p><p>existe, e definir uma ação com base nisso. (ALMEIDA, 2015, p. 108).</p><p>Então nos perguntamos: Como mostrar a realidade? Como demonstrar o papel do</p><p>homem?</p><p>Maquiavel, por sua vez, vai descortinando a relação política com sua filosofia,</p><p>demonstrando com sua obra “o Príncipe”, uma espécie de manual da política, que pode</p><p>e consegue auxiliar o político a governar uma cidade e aplicar a ação política a um “lugar”</p><p>como vimos acima.</p><p>Ainda nos debruçando sobre o livro “O príncipe”, percebemos que Maquiavel</p><p>apresenta a função do governante e como ele deve agir para ter sucesso em seu governo.</p><p>Destaca que o Príncipe, o Rei, o Governante, deve analisar fatos históricos,</p><p>acontecimentos do passado, e, com uma análise profunda, deve aproveitar o que deu certo</p><p>e excluir o que deu errado como podemos perceber logo abaixo:</p><p>Por isso, para qualquer príncipe governar bem o espaço coletivo, é preciso</p><p>que ele se atenha aos fatos históricos e retire dessa observação as soluções</p><p>que deram certo, fazendo o mesmo processo com as de insucesso. (ALMEI-</p><p>DA, 2015, p. 111.).</p><p>A ideia maquiavélica apresentada acima demonstra que a ação política é capaz</p><p>de suprir a vida coletiva em que o Rei deve conhecer o lugar em que vive nos mínimos</p><p>detalhes, através de observação, de métodos. Somente depois dessa análise que o rei</p><p>pode relacionar com acontecimentos passados. Assim, ele poderá compreender o que está</p><p>acontecendo na atualidade de seu governo e então poderá agir para resolver problemas</p><p>cotidianos do estado. Tanto problemas simples como os mais complexos.</p><p>Maquiavel demonstra ainda em “seu manual político” que é algo que deve ser pensado</p><p>pelos homens. Lembrando que os homens são repletos de desejos e vontades, que brigam, que</p><p>16SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>lutam, que “competem entre si”. Por isso que a ação política deve ser calculada e as decisões</p><p>do governante devem ser assertivas em relação à realidade do meio em que vive.</p><p>Isso nos leva acreditar que o governante deve observar a vida ao seu redor e</p><p>percebê-la como ela é de verdade, não ficar fechado em um mundo paralelo, para depois</p><p>tomar decisões que demonstrem a realidade e não como ela poderia ser. Formando assim</p><p>o estado como se deve ser. Afirmando ainda que não precisa de forças sobrenaturais para</p><p>governar e sim a inteligência, a sabedoria por parte do governante.</p><p>Para exemplificar melhor o que foi expressado acima, podemos utilizar o que</p><p>Almeida (2015) diz logo abaixo:</p><p>Virtude no sentido de “boa luta”, que se faz com as mãos, que se trava no</p><p>cotidiano e não carece de forças divinas e sobrenaturais, mas, antes de tudo,</p><p>carece de conhecimento, determinação, astúcia e força. O Estado é aquilo</p><p>que pode ser, mas as pessoas são o que são e, por isso, delas nascerá o</p><p>Estado como atividade puramente humana. (ALMEIDA, 2015, p. 111).</p><p>Ferrari (2019) diz ainda que podemos dizer que o pensamento ideal de Maquiavel é a</p><p>criação de um Estado forte em que precisa-se manter assim como não se questiona seus fins,</p><p>pois seu interesse é objetivo. Assim, podemos afirmar que a soberania do estado e do governante</p><p>deve ser o ponto alto do estado. Pois só se constrói um estado forte com um governante forte</p><p>que é capaz de manter-se à frente desse estado. Vale ressaltar ainda que pode ser utilizado de</p><p>todas as artimanhas para que isso ocorra, ou seja, “os fins justificam os meios”. Assim, Maquiavel</p><p>separa de vez a ideia de moral e política para estar perfeitamente interligadas.</p><p>Vale ressaltar que Maquiavel aplica a ideia de Estado para exemplificar o que</p><p>podemos chamar de principados ou repúblicas afirmadas por ele. Mas qual a diferença de</p><p>principados e república no Estado segundo Maquiavel? Tem muita diferença?</p><p>Podemos responder essa questão de maneira simples, analisando a obra “Discursos</p><p>sobre a primeira década de Tito Lívio”, de Maquiavel, podemos afirmar que nas Repúblicas, o</p><p>povo decide seu destino. Já em sua obra “O Príncipe”, a república apresenta muitas normas</p><p>que devem ser seguidas. Pois aqui, o autor analisa a república romana no geral e o de Florença.</p><p>Para explicar a ideia do Principado, temos que entender que Maquiavel o divide em</p><p>antigo e novo principado. Maquiavel afirma que o antigo já existia, ou seja, são passados</p><p>de geração em geração de pai para filho, de rei para príncipe. Já os novos principados são</p><p>tomados por líderes militares.</p><p>Então, Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, afirma que no principado antigo, não se</p><p>precisa de conselhos, de um manual, pois o governo é estável. Agora se o líder militar acabou de</p><p>tomar o principado ou deseja tomar um para si, precisa dessa orientação. Por isso, de sua obra.</p><p>Assim, posso afirmar que na República o povo escolhe sua autonomia de vida,</p><p>enquanto no principado, o príncipe decide pelo povo.</p><p>Com tantas informações que Nicolau Maquiavel nos fornece sobre a política,</p><p>entendemos seu papel tanto na filosofia, na sociologia, na ciência política, entre outros.</p><p>Mas o que é Ciência Política? Como defini-la? Vamos responder essas questões?</p><p>CIÊNCIA POLÍTICA3</p><p>TÓPICO</p><p>17SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Até o momento, estudamos a definição e conceitos de sociologia política e passamos</p><p>por um grande pensador da política que é Nicolau Maquiavel. No entanto, nesse momento</p><p>iremos nos desprender de pensadores, autores para respondermos o que é ciência política.</p><p>Temos que entender que ao compararmos ideias de autores atuais podemos nos confundir</p><p>sobre o que é ciência política. Ressaltando que alguns autores se posicionam politicamente</p><p>de maneira variada, e algumas vezes de maneira polêmica. Por isso, vamos conhecer a</p><p>ciência política, as teorias, ideias e não de determinadas pessoas.</p><p>A partir de agora vamos responder às questões levantadas no fim do tópico anterior,</p><p>ou seja, o que é Ciência Política?</p><p>Podemos definir a Ciência Política como uma ciência social que estuda como</p><p>funciona a sociedade política, ou seja, estuda o poder e suas vertentes na sociedade. Vale</p><p>ressaltar que essa Ciência estudou os acontecimentos políticos, os processos que levaram</p><p>a determinados resultados. Podemos exemplificar melhor afirmando que a ciência política</p><p>estuda o processo eleitoral, o que antecedeu ou aconteceu em determinada sociedade</p><p>antes do pleito, estudo dos partidos políticos e suas características. Ocorre também a</p><p>análise de diferentes governos de formas de governar.</p><p>Para esclarecer um pouco mais a definição do tema, vou trazer para a atualidade</p><p>alguns temas da política brasileira.</p><p>Temos o Brasil colônia em que a política era a exploração, ou seja, temos</p><p>pretensões políticas no Brasil, mas somos submissos a Portugal. Vale ressaltar que isso</p><p>ocorre até a independência. A ciência política vai estudar como se formou a classe política</p><p>18SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>no Brasil, quais os fatores que levaram à organização da independência do Brasil. Como</p><p>foi organizada a primeira assembleia constituinte do Brasil. Como se dividiu os políticos</p><p>brasileiros. Como foi realizada a primeira constituição brasileira.</p><p>Em seguida, no Brasil temos a Proclamação da República e a ciência política</p><p>analisa todos os fatores que a construíram e que a compõem.</p><p>Por fim, podemos exemplificar a era Vargas, em que Getúlio criou as leis trabalhistas,</p><p>salário mínimo e ficou conhecido como o “Pai dos pobres”. Getúlio não podia mais disputar</p><p>as eleições e indicou Dutra, desconhecido do povo, ganhou as eleições com folga. Fez</p><p>um governo catastrófico e Vargas voltou nos braços do povo. A Ciência política compara e</p><p>analisa todos os fatores e assim consegue explicar o novo pai dos pobres posteriormente.</p><p>Estamos falando do Lula, que também agrada pobres e ricos, indica alguém que não era</p><p>conhecido e que ganha as eleições.</p><p>Para não agradar um ou outro no momento bipolar que o Brasil vive, podemos</p><p>citar a AIB (Ação Integralista Brasileira), que tinha o lema Deus, Pátria e Família e que</p><p>pretendia praticar um governo de extrema-direita. Alguns de seus passos são reproduzidos</p><p>e Bolsonaro chega ao poder no Brasil.</p><p>Enfim, Dias (2013) afirma que:</p><p>A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a distribuição e</p><p>a organização do poder na sociedade. Como ciência social, procura estudar</p><p>os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos e processos políticos,</p><p>como o comportamento político que se expressa concretamente na interação</p><p>social. (DIAS, 2013, p. 01).</p><p>A ciência política pensa concretamente em todos os fatores que relacionam o</p><p>poder. Assim, podemos afirmar que o conceito de política está ligado ao poder. Pois quem</p><p>faz política quer o poder, seja para vantagem pessoal ou para realizar o bem coletivo, como</p><p>afirma Weber (2012):</p><p>Todo homem, que se entrega à política, aspira ao poder, seja porque o con-</p><p>sidere como instrumento a serviço da consecução de outros fins, ideais ou</p><p>egoístas, seja porque deseje o poder ‘pelo poder’, para gozar do sentimento</p><p>de prestígio que ele confere. (WEBER, 2012, p. 57).</p><p>O poder está ligado aos desejos e vontades dos homens e está relacionado a</p><p>acontecimentos sociais e produz uma espécie de hierarquia em que a sociedade se organiza.</p><p>Já para haver a paz social, o poder precisa atingir o que podemos chamar de legitimidade,</p><p>seja pela aceitação dos homens ou pelo uso da força, promovendo a dominação e a</p><p>submissão. Vale ressaltar que cada grupo social estabelece sua forma de poder. Utilizando</p><p>até mesmo a força e alienação do divino em algumas sociedades. Vale ressaltar que o poder</p><p>estudado pela ciência política também analisa a coerção, o comportamento, os vínculos de</p><p>dependência social, até mesmo o poder ideológico, entre outros.</p><p>19SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Bobbio (2000), separa o poder em três partes, em que temos o poder econômico,</p><p>ideológico e político. Que explica como:</p><p>(…) esses três tipos de poder tem como característica comum instituir e man-</p><p>ter uma sociedade de desiguais, ou seja, dividida entre ricos e pobres (poder</p><p>econômico); entre sapientes e ignorantes (poder ideológico) e entre fortes e</p><p>fracos (poder político), ou seja, tem a particularidade de dividirem entre supe-</p><p>riores e inferiores. (BOBBIO, 2000, p. 163).</p><p>Precisamos também definir a relação entre as principais fontes de poder, pois elas</p><p>aparecem de forma complementar umas das outras, sempre que necessário. Então, entre</p><p>as principais fontes de poder, temos a força e autoridade.</p><p>A força nada mais é que a coerção, seja física ou através de intimidação, em que</p><p>se utiliza algo para dominar. Como exemplo, poderíamos apontar facas, armas, objetos</p><p>como palmatória, bastões de madeira ou aço, entre outras.</p><p>Nos estados essa força é exercida pela polícia e pelas forças armadas. Essa força</p><p>intimidadora mantém o ciclo da vida e da sociedade em harmonia.</p><p>A outra força exercida para se atingir o poder é a autoridade. Essa força é de</p><p>simples compreensão, pois é através dela que ocorre a legitimação do poder. Vale ressaltar</p><p>que a autoridade é construída com a soma de vários fatores como a utilização da cultura e</p><p>a moral de uma sociedade, da legislação vigente e várias outras. Destacando ainda que a</p><p>autoridade vem acompanhada da legitimidade social, obtendo apoio social.</p><p>Podemos apresentar ainda que a legitimidade da autoridade pode ser burocrática,</p><p>tradicional ou carismática.</p><p>Assim, podemos definir a “autoridade burocrática” como:</p><p>Autoridade burocrática ou racional-legal, baseada no cargo ou posição</p><p>formalmente instituída. É a autoridade investida no cargo que o indivíduo</p><p>ocupa. Ele só tem essa autoridade enquanto estiver ocupando o cargo. O</p><p>exercício da autoridade é legítimo por estar de acordo com as leis ou com as</p><p>regras escritas. (DIAS, 2013, p. 34).</p><p>Vale ressaltar ainda que não importa quem é o governante para que ocorra o princípio</p><p>da legitimação do poder e sim a lei como ponto principal. Com isso temos composições</p><p>burocráticas como órgãos de justiça na figura do juiz, de segurança na imagem do delegado</p><p>e no administrativo na pessoa do funcionário público.</p><p>Dias (2013) aponta que a “autoridade tradicional” é baseada na crença, normas e</p><p>tradições sagradas e a que as pessoas obedecem em virtude da tradição.</p><p>Assim, podemos afirmar que essa força é exercida através do que se recebe</p><p>através dos costumes de uma determinada sociedade, promovendo a aceitação de formas</p><p>de governos que em certos casos chega ao ponto da repressão e de um governo único</p><p>como uma monarquia absolutista.</p><p>20SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Como exemplos dessa autoridade podemos apontar a questão governamental na</p><p>imagem do rei. Temos também a religião na figura do padre. A família na pessoa do marido</p><p>entre outras.</p><p>Por fim, vamos apresentar a “autoridade carismática”, que Dias (2013) nos apresenta</p><p>como:</p><p>Baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder heroico ou do</p><p>caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas”,</p><p>às quais se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedoria,</p><p>invencibilidade, exemplo ou santidade). Sua natureza é quase religiosa, e</p><p>a organização ou sociedade permanecerá estável enquanto durar o líder.</p><p>Exemplos: Cristo, Napoleão, Gandhi, Hitler, Martin Luther King, Perón, Fidel</p><p>Castro, etc. (DIAS, 2013, p. 35).</p><p>Para continuarmos nosso estudo, precisamos entender que a ciência política vai</p><p>muito mais longe que a relação de poder apresentada acima. Pois como o próprio nome diz,</p><p>ela é uma ciência que envolve muitos outros fatores que a compõem, como, por exemplo,</p><p>as políticas públicas e a política social que conheceremos logo abaixo.</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>E POLÍTICA SOCIAL4</p><p>TÓPICO</p><p>21SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Para continuarmos nosso estudo na sociologia política, precisamos conhecer os</p><p>conceitos de políticas públicas e sociais. Talvez possa ser de conhecimento empírico uma</p><p>definição simples e de compreensão vulgar desse tema. No entanto, vamos nos prender em</p><p>definições científicas para que assim possamos expressar sua importância para a sociedade.</p><p>Kauchakje (2017), nos apresenta uma definição simples, mas cientifica sobre as</p><p>políticas públicas. Pois a mesma aponta a “política pública” como o “Estado em ação”, ou</p><p>seja, o Estado passa a exercer seu papel em relação à tomada de decisões que resultará</p><p>no desenvolvimento social e, os impactos das decisões e suas práticas, impactaram a vida</p><p>de todos os cidadãos.</p><p>Assim, podemos destacar que o Estado na figura de seu governante toma a decisão</p><p>de direta em ações que deverão ser aplicadas ou não para o bem-estar de seus cidadãos.</p><p>Kauchakje (2017), nos diz ainda que essas decisões nos respondem às seguintes perguntas:</p><p>Quem ganha? O quê? Quando e como?</p><p>Para explicarmos o que é política pública com maior facilidade, iremos avançar</p><p>nas ideias apresentadas acima. Por isso, iremos começar nossos estudos apresentando a</p><p>dificuldade de definição do termo política nas ciências políticas e apresentado nas línguas</p><p>latinas. Como assim?</p><p>O termo política é um conceito amplo e tem definições diferentes em várias línguas</p><p>latinas, complicando o início do estudo. Por exemplo, Dias e Matos (2012), demonstra que</p><p>na inglesa temos a distinção clara de dois termos: politics e policie.</p><p>22SOCIOLOGIA</p><p>POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Já Secchi, Coelho e Pires (2019), complementa afirmando que:</p><p>Na língua portuguesa, por exemplo, diversas conotações podem ser dadas</p><p>ao termo “política”, enquanto na língua inglesa, contudo, essas conotações</p><p>são diferenciadas pelos termos polity, politics e policy. (SECCHI, COELHO,</p><p>PIRES, 2019. Pg. 01.).</p><p>Polity, denota o ambiente político-institucional em que ocorrem os processos sociais.</p><p>Secchi, Coelho e Pires (2019), afirma que Politics, pode ser explicada como uma</p><p>atividade humana para obter e manter o que for necessário para o exercer o poder sobre</p><p>o homem. Por isso que temos frases de senso comum como: “A política é pra quem tem</p><p>estômago”, “Os conchavos políticos são comuns para se manter o poder” e “A política</p><p>realizada na câmara dos deputados e no Senado é muito distante da realidade do povo”.</p><p>Por fim, Secchi, Coelho e Pires (2019), apresentam a definição mais coerente com</p><p>a realidade que estamos estudando. Quando afirma que:</p><p>O terceiro sentido da palavra “política” é expresso pelo termo policy em inglês.</p><p>Essa dimensão de “política” é a mais concreta e a que tem relação com</p><p>orientações para a decisão e ação. (SECCHI, COELHO, PIRES, 2019, p. 02.).</p><p>Então, partimos da ideia que a política pública vem do terceiro termo, em que temos</p><p>o papel direto nas tomadas de decisões políticas.</p><p>Dessa forma, podemos afirmar que a política pública vem de encontro com a</p><p>solução de problemas enfrentados pela sociedade. Percebemos isso em Dias e Matos</p><p>(2012) quando afirma que:</p><p>A política, nesse sentido, é executada por uma autoridade legitimada que</p><p>busca efetuar uma realocação dos recursos escassos da sociedade. Nesse</p><p>caso, a política pode ser adjetivada em função do campo de sua atuação</p><p>ou de especialização da agência governamental encarregada de executá-lá.</p><p>Desse modo, podemos nos referir à política de educação, saúde, assistência</p><p>social, agrícola, fiscal, etc., ou seja, produtos de ações que têm efeitos no</p><p>sistema político e social. (DIAS e MATOS, 2012, p. 02.).</p><p>O interessante a ser debatido nesse momento, é que todos os pensadores</p><p>apresentados acima, demonstram a mesma definição sobre políticas públicas. Vale</p><p>ressaltar que as diferenças são mínimas. Então se pergunte: Por que a política pública é</p><p>tão conturbada em nosso país?</p><p>Podemos responder essa pergunta apresentando a simples ideia de que o homem</p><p>é feito de desejos e vontades que em alguns casos se sobrepõe a definição de que as</p><p>políticas públicas devem ser responsáveis por resolver conflitos e estabilizar a sociedade.</p><p>Ou seja, algumas vezes o poder individual fala mais alto que seu papel total e social.</p><p>Podemos destacar que uma política pública, em sua totalidade, apresenta dois</p><p>elementos fundamentais. O primeiro elemento é intencionalidade pública e o segundo é a</p><p>resposta a um problema público. Vale destacar que o governante deve deixar seus desejos</p><p>e vontades e pensar no coletivo. Somente assim, a realidade social pode ser atingida.</p><p>23SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>As políticas públicas devem ser pensadas através de estudos aos problemas sociais,</p><p>implantação de políticas públicas pensando nos instrumentos que devem ser utilizados</p><p>para o sucesso da mesma.</p><p>Para que isso ocorra, Secchi, Coelho e Pires (2019), afirmam que políticas públicas</p><p>devem tomar formas de programas públicos, projetos, leis, esclarecimentos públicos, entre</p><p>outros. Ou seja, existe a necessidade de se operacionalizar as políticas públicas em sua</p><p>área de atuação. Como exemplo, a saúde através do SUS, a educação através do MEC e</p><p>INEP, o meio ambiente através do Ibama, entre outros pontos a ser apresentado.</p><p>Pode apresentar políticas públicas de maneira, mas exemplificada? Claro que sim.</p><p>Podemos exemplificar a política pública através de programas criados por diferentes governos.</p><p>Na educação, temos o Prouni e o Fies que ajudam na inclusão de acadêmicos nas</p><p>instituições públicas e privadas. Temos o programa “minha casa, minha vida” e agora o “casa</p><p>verde e amarela”, para resolver o problema da habitação. Citamos ainda o “bolsa família” e</p><p>posteriormente o “renda Brasil”, que promete diminuir os índices de pobreza em nosso país.</p><p>Vale ressaltar que existem muitas outras áreas que necessitam de políticas públicas</p><p>para resolver problemas estruturais de determinadas sociedades e os exemplos acima</p><p>demonstram algumas das políticas públicas que se misturam e se completam com políticas</p><p>sociais. Mas o que é política social?</p><p>As políticas sociais são criadas como um dispositivo de inclusão e de proteção ao</p><p>cidadão. Vale ressaltar que algumas pessoas criticam as políticas sociais por acharem que</p><p>é uma despesa desnecessária ao Estado. Surgindo jargões como: “Devemos ensinar a</p><p>pescar e não dar o peixe”.</p><p>No entanto, existe uma ambiguidade em nossa sociedade, pois existe uma grande</p><p>parcela de nosso país que acredita nessas políticas, Por sua vez promoverá uma evolução</p><p>se falarmos em relação ao equilíbrio social.</p><p>Dentro do Estado, existe uma dualidade das políticas sociais que é explicada por</p><p>Azevedo, Martins, e Ferreira, (2018), logo abaixo:</p><p>As políticas sociais exercem um papel de dualidade no Estado capitalista, isto</p><p>é, ao mesmo tempo, são fruto da luta da classe trabalhadora, mas também</p><p>são um instrumento do Estado capitalista para a pacificação dessa mesma</p><p>classe trabalhadora. Nesse cenário, as políticas sociais são um constante</p><p>campo de disputa, ora em prol do proletariado, ora em prol da burguesia, ten-</p><p>do estreita relação com a pobreza e a questão social. (AZEVEDO, MARTINS,</p><p>E FERREIRA, 2018, p. 13).</p><p>24SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Podemos perceber que a luta de classes se torna constante na sociedade capitalista</p><p>e, as políticas sociais tornam-se um papel importante para a superação da pobreza e da</p><p>desigualdade, ou seja, as políticas sociais têm o grande papel de enfrentamento à situação</p><p>social da sociedade.</p><p>Podemos compreender melhor o papel das políticas sociais quando afirmamos que</p><p>ela é simplesmente uma ferramenta para transformação social. Podemos perceber isso</p><p>logo abaixo:</p><p>Desse modo, as políticas sociais são uma ferramenta estratégica, que por</p><p>intermédio de diversas ações são capazes de provocar transformação social,</p><p>não somente na sociedade, mas principalmente nos sujeitos. É pelo conjunto</p><p>organizado dos trabalhadores e por outras classes excluídas que realizam</p><p>tensionamentos para a elaboração de políticas públicas em prol da população</p><p>vulnerável. (AZEVEDO, MARTINS, E FERREIRA, 2018, p. 19).</p><p>Assim, podemos concluir o tema, afirmando que as políticas públicas têm o papel</p><p>importantíssimo para o enfrentamento de problemas de questão social. Seja da pobreza, da</p><p>questão das mulheres, dos direitos dos autistas, entre outros. Pois uma política pública bem</p><p>executada possibilita a emancipação dos humanos, promovendo cidadania aos membros</p><p>de nossa sociedade.</p><p>25SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>As fases das Políticas Públicas</p><p>(o ciclo ou estágios das Políticas Públicas)</p><p>O processo de formulação de Políticas Públicas, também chamado de Ciclo das Políticas Públicas, apresenta</p><p>diversas fases:</p><p>1° FASE – Formação da Agenda (Seleção das Prioridades);</p><p>2° FASE – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou Alternativas);</p><p>3° FASE – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações);</p><p>4° FASE – Implementação (ou Execução das Ações);</p><p>5° FASE – Avaliação.</p><p>Na prática, as fases se interligam entre si, de tal forma que essa separação se dá mais para facilitar a</p><p>compreensão do processo.</p><p>Para conhecer um pouco mais acesse o livro no link abaixo:</p><p>CALDAS, Ricardo Wahrendorff. Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008.</p><p>Disponível em: http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politi-</p><p>cas%20p%C3%9Ablicas.pdf</p><p>http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf</p><p>http://www.mp.ce.gov.br/nespeciais/promulher/manuais/manual%20de%20politicas%20p%C3%9Ablicas.pdf</p><p>26SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>O povo é o legislador no sentido de ser a fonte do poder político. Isso significa que só o conjunto dos</p><p>cidadãos tem autoridade para impor as leis, ainda que estas sejam elaboradas por um grupo restrito</p><p>de homens, mais habilitados para o desempenho de uma tarefa de tanta responsabilidade, que requer</p><p>discernimento e prudência. Para isso é conveniente que, por delegação do povo, alguns cidadãos mais</p><p>competentes elaborem as leis, mas estas, só se tornam preceitos coercitivos, ou seja, têm caráter de lei, se</p><p>tiverem a sanção popular, pois “a autoridade humana para legislar compete exclusivamente ao conjunto</p><p>dos cidadãos ou à sua parte preponderante”. (STREFLING, 2016, p. 102)</p><p>Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html</p><p>https://www.scielo.br/j/ea/a/q9NsXLTYy4RQhkyC8Xq6FdG/?lang=pt&format=html</p><p>27SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do capítulo sobre sociologia política. Espero que</p><p>o entusiasmo proposto no início dessa unidade tenha atingido seu ápice nesse momento.</p><p>Vale ressaltar que você deve cada vez mais ampliar seus horizontes buscando explorar</p><p>todas as orientações passadas durante nosso estudo e algo a mais.</p><p>Acredito que percorremos um caminho repleto de conhecimento sobre as</p><p>definições e conceitos sobre a sociologia política. Entendendo sua origem. Vale ressaltar</p><p>que esses conceitos básicos farão parte de outros momentos de nossa jornada em busca</p><p>do conhecimento.</p><p>Após aprendermos os conceitos do que é a sociologia política, partimos para uma</p><p>jornada encontrando experiências históricas e, conhecemos alguns pontos que envolvem a</p><p>filosofia política de Nicolau Maquiavel em toda sua riqueza.</p><p>Ainda nessa unidade, fizemos uma viagem e conhecemos o que é ciência política</p><p>e entendemos suas definições e tipos de poder.</p><p>Então, encerramos esse primeiro momento de nossa trilha de aprendizagem</p><p>conhecendo os conceitos de políticas públicas e política social.</p><p>Por fim, passamos por todos os desafios da construção sobre as políticas públicas</p><p>e políticas sociais em todas suas vertentes.</p><p>Desde já, muito obrigado e nos vemos no próximo capítulo!</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>28SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>Para construirmos uma consciência política e entendermos como funciona a Ciência</p><p>política, temos que conhecer nosso próprio país. Por isso, como processo de evolução</p><p>no processo de ensino-aprendizagem, deixo abaixo, uma lista de órgãos importantes na</p><p>produção de políticas públicas que lhe auxiliarão a conhecer ainda mais nossa história.</p><p>Nossa política. Nosso investimento em políticas sociais.</p><p>Bom estudo!</p><p>IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: É uma instituição da</p><p>administração pública federal, subordinada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e</p><p>Gestão. O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do país, que</p><p>atende às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil. Disponível em:</p><p>http://www.ibge.gov.br.</p><p>1.1 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão</p><p>Tem como missão promover o planejamento participativo e a melhoria</p><p>da gestão pública para o desenvolvimento sustentável e socialmente</p><p>includente do país. Disponível em: https://www.gov.br/planejamento/pt-br</p><p>1.2 Portal da Transparência</p><p>É uma iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU), lançada em novembro de</p><p>2004, para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos públicos. O objetivo é aumentar a</p><p>transparência da gestão pública, permitindo que o cidadão acompanhe como o dinheiro público</p><p>está sendo utilizado e ajude a fiscalizar. Disponível em: www.portaltransparencia.gov.br.</p><p>1.3 Secretária-geral da Presidência da República</p><p>Compete assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho</p><p>de suas atribuições, especialmente: (I) no relacionamento e articulação com as entidades</p><p>da sociedade civil e na criação e implementação de instrumentos de consulta e participação</p><p>popular de interesse do Poder Executivo; (II) na elaboração da agenda futura do Presidente</p><p>da República; (III) na preparação e formulação de subsídios para os pronunciamentos do</p><p>Presidente da República; (IV) na promoção de análises de políticas públicas e temas de</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>http://www.ibge.gov.br</p><p>http://www.portaltransparencia.gov.br</p><p>29SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>interesse do Presidente da República e na realização de estudos de natureza político-</p><p>institucional; dentre outras tarefas. Disponível em: www.secretariageral.gov.br/.</p><p>1.4 TCU – Tribunal de Contas da União</p><p>A Constituição Federal de 1988 conferiu ao TCU o papel de auxiliar o Congresso</p><p>Nacional no exercício do controle externo, tendo como competências: apreciar as contas</p><p>anuais do Presidente da República; julgar as contas dos administradores e demais</p><p>responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos; apreciar a legalidade dos atos de</p><p>admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões civis e</p><p>militares; realizar inspeções e auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso</p><p>Nacional, dentre outras. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/inicio/.</p><p>http://www.secretariageral.gov.br/</p><p>https://portal.tcu.gov.br/inicio/</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>30SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>• FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Introdução ao Estudo das Políticas Públicas: uma</p><p>Visão Interdisciplinar e Contextualizada.</p><p>• Autor: Alvaro Chrispino.</p><p>• Editora: Editora FGV; 1ª edição (1 janeiro 2016).</p><p>• Sinopse: Em relação a políticas públicas, a sociedade contemporânea</p><p>se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida</p><p>e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na</p><p>solução de seus problemas, ou assiste estarrecida aos fatos que</p><p>envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como</p><p>se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na</p><p>execução e na avaliação das políticas públicas, é uma necessidade</p><p>urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da</p><p>perspectiva do conhecimento de políticas públicas.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Sociologia política.</p><p>• Autor: Paulo G. M. De Moura.</p><p>• Editora: InterSaberes; 1ª edição (1 junho 2017).</p><p>• Sinopse: O que motiva o homem à ação política? Que tipos</p><p>de regimes políticos existem? Como podemos definir o termo</p><p>democracia? Que influências a mídia pode ter sobre a política? As</p><p>pesquisas podem ter real impacto sobre a opinião pública? Essas e</p><p>muitas outras questões são objeto de estudo da sociologia política,</p><p>que busca compreender os elementos que compõem a realidade</p><p>social, desfazendo preconceitos e paradigmas. Reflita sobre os</p><p>complexos fenômenos presentes nas sociedades contemporâneas</p><p>e desenvolva suas próprias ideias sobre como os problemas sociais</p><p>e políticos da atualidade podem ser solucionados.</p><p>31SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>LIVRO</p><p>• Título: A Ciência da Política - Uma Introdução.</p><p>• Autor: Adriano Gianturco.</p><p>• Editora: Forense Universitária; 3ª edição (10 julho 2020).</p><p>• Sinopse: A leitura definitiva sobre política. Para além dos “achismos”,</p><p>este livro é um manual essencial sobre Ciência Política e seu</p><p>funcionamento: apresenta o que há de mais relevante na literatura</p><p>internacional, questões pertinentes da área e seus diagnósticos. Com</p><p>uma abordagem científica rigorosa e atual, A Ciência da Política – Uma</p><p>Introdução está divida em quatro partes. A primeira parte traz uma</p><p>abordagem metodológica; a segunda trata dos pilares fundamentais</p><p>da política: poder, política, guerra, impostos, Estado e obediência; já a</p><p>terceira, analisa as questões relativas à democracia, como formas de</p><p>governo, partidos, sistema partidário, sistema eleitoral, paradoxos do</p><p>voto, luta eleitoral, etc.; e, por último, se aprofunda na regulamentação,</p><p>bens públicos, corrupção e análise das políticas públicas. Por que</p><p>ler A</p><p>Ciência da Política? A Ciência Política é o ramo das Ciências</p><p>Sociais que se ocupa das relações de poder institucionalizadas e</p><p>adota o método descritivo, individualista, metodológico, reducionista</p><p>e analítico para poder compreender, explicar e prever a ação política,</p><p>mais do que esperar poder mudar a realidade de forma revolucionária</p><p>segundo nossos ideais preconcebidos. É a diferença entre prever e</p><p>torcer. Nesse sentido, a Ciência Política representa uma alternativa às</p><p>vertentes culturalistas da Antropologia e da Sociologia, mostrando que</p><p>não “é uma questão de cultura”, mas de instituições e de incentivos</p><p>(positivos ou negativos). Este livro trata-se, portanto, de um verdadeiro</p><p>manual de ciência política, que cobre uma enorme lacuna no mercado</p><p>editorial brasileiro.?</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>32SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Real: O Plano por Trás da História.</p><p>• Ano: 2017.</p><p>• Diretor: Rodrigo Bittencourt.</p><p>• Roteirista: Mikael de Albuquerque.</p><p>• Produção: Ricardo Fadel Rihan.</p><p>• Sinopse: O filme nos leva ao ano de 1993, onde o inflexível</p><p>Gustavo Franco é um crítico feroz da política econômica adotada</p><p>pelo governo brasileiro nos últimos anos, que resultou em um cenário</p><p>de hiperinflação. Opositor de políticas de cunho social, é adepto de</p><p>um choque fiscal de forma que seja criada uma moeda forte, que</p><p>devolva a dignidade aos cidadãos. Quando o presidente Itamar</p><p>Franco nomeia Fernando Henrique Cardoso como o novo Ministro</p><p>da Fazenda, Gustavo é convidado a integrar uma verdadeira força-</p><p>tarefa, cujo objetivo é criar um novo plano econômico.</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro.</p><p>• Ano: (2010).</p><p>• Diretor: José Padilha.</p><p>• Roteirista: José Padilha, Bráulio Mantovani.</p><p>• Produção: José Padilha, Marcos Prado.</p><p>• Sinopse: Filme que demonstra a segurança pública de nosso</p><p>país através da história do capitão Nascimento (Wagner Moura),</p><p>agora coronel, foi afastado do BOPE por conta de uma mal sucedida</p><p>operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência da Secretaria de</p><p>Segurança Pública do Estado. Contudo, ele descobre que o sistema</p><p>que tanto combate é mais podre do que imagina e que o buraco é bem</p><p>mais embaixo. Seus problemas só aumentam, porque o filho, Rafael</p><p>(Pedro Van Held), tornou-se adolescente, Rosane (Maria Ribeiro) não</p><p>é mais sua esposa e seu arqui-inimigo, Fraga (Irandhir Santos), ocupa</p><p>posição de destaque no seio de sua família.</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>33SOCIOLOGIA POLÍTICA, CAMPOS E CONCEITOSUNIDADE 1</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>• Título: Preciosa: Uma História de Esperança.</p><p>• Ano: 2010.</p><p>• Diretor: Lee Daniels.</p><p>• Roteirista: Geoffrey Fletcher.</p><p>• Produtor: Lee Daniels, Oprah Winfrey, Tom Heller, Tyler Perry.</p><p>• • Sinopse. 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece “Preciosa”</p><p>Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre</p><p>uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo</p><p>pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’Nique), ela cresce</p><p>irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda</p><p>também não a ajudam nem um pouco. Além disto, Preciosa tem</p><p>um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador de síndrome de</p><p>Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela</p><p>segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A Sr.ª Lichtenstein</p><p>(Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que</p><p>possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra</p><p>um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em</p><p>sua imaginação.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Conceito de Elite e os pressupostos históricos;</p><p>• Elitismo em: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels;</p><p>• A denúncia contra a Elite;</p><p>• Critica a elite liberal.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar o conceito de elite e os pressupostos</p><p>históricos;</p><p>• Compreender o que representou o elitismo de acordo com os</p><p>sociólogos: Gaetano Mosca; Vilfredo Pareto e Robert Michels;</p><p>• Contextualizar o processo da denúncia contra as elites,</p><p>estabelecendo as motivações para compreensão de tal ação;</p><p>• Problematizar as questões que envolvem a crítica à elite liberal e</p><p>suas características.</p><p>Professor Esp. Cleber Henrique Sanitá Kojo</p><p>Professor(a) Esp. Alessandra Domingues Gomes</p><p>TEORIA DAS ELITESTEORIA DAS ELITES</p><p>UNIDADEUNIDADE2</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>35TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>Seja muito bem-vindo(a) !</p><p>Prezado(a) educando(a), é com muito prazer que daremos continuidade aos nossos</p><p>estudos sobre a disciplina de Teoria das Elites.</p><p>Iniciaremos nossos estudos explorando o contexto que representa o Conceito de</p><p>Elite e os pressupostos históricos.</p><p>Nossa abordagem sobre a sociologia e seus pressupostos teóricos também fará</p><p>uma fundamentação sobre importantes sociólogos que contribuíram para o entendimento</p><p>do contexto sobre as elites que são Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michaels.</p><p>Dando continuidade aos nossos estudos sobre a sociologia na contemporaneidade</p><p>e sua influência para formação das elites e a constituição das massas, o foco de pesquisa</p><p>estará na denúncia quanto à monopolização do poder e o abandono social dos grupos</p><p>menos favorecidos.</p><p>E, por último, estaremos concluindo os estudos deste capítulo abordando sobre</p><p>a Crítica da elite liberal, nela será feita uma análise quanto à Crítica à elite liberal, suas</p><p>características e seu papel na sociedade.</p><p>Espero que tenham um momento de estudo satisfatório e que essa leitura possa</p><p>colaborar no aprofundamento de seu conhecimento, relacionando a importância da</p><p>sociologia e seus conceitos para a sociedade em seus mais diversos períodos.</p><p>Muito obrigado e bom estudo!</p><p>36TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>CONCEITO DE ELITE E O</p><p>PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS1</p><p>TÓPICO</p><p>A palavra Elite tem origem do Francês ÉLITE, “escolha, seleção”, que veio do Latim</p><p>ELIGERE, “escolher”, formado por EX-, “fora”, mais LEGERE, “catar, escolher”. O significado</p><p>da palavra elite se refere a um determinado grupo com privilégios, grupo minoritário, visto</p><p>como indivíduos superiores, por possuírem poder econômico ou domínio social.</p><p>A teoria das elites surgiu a partir do século XIX idealizada pelo filósofo italiano Gaetano</p><p>Mosca. Segundo BUARQUE DE HOLANDA (2011), Gaetano defendia o pensamento de</p><p>que o elitismo nas mais diversas sociedades está sempre relacionado há uma minoria que</p><p>detém os bens de consumo e poder e de um outro lado uma maioria que está privada de</p><p>todos esses benefícios.</p><p>De maneira geral é possível compreender que as elites são fruto de uma classe</p><p>dominante, compreendida como um grupo que possui uma capacidade superior junto às</p><p>classes dominadas, ela ainda teria como valor, manter o equilíbrio no sistema social ao</p><p>permitir a mobilidade de classes, principalmente quando isso ocorre na ascensão de um</p><p>sujeito através do seu mérito.</p><p>O grupo considerado como elite é visto como um grupo minoritário de detentores do</p><p>poder. Nos dias atuais as sociedades modernas possuem uma multiplicidade de elites, em um</p><p>grupo relativamente organizado, que detém o poder de decisão. Essa mesma elite mantém um</p><p>conflito com as classes dominadas, mantém-se exclusiva e suas características</p><p>econômicas</p><p>e sociais, no entanto, ela só se mantém viva a partir do momento que mantém contato com</p><p>outras classes consideradas inferiores à sua, mas que mantém a geração de conflitos.</p><p>37TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>O poder econômico, social, as ideologias políticas, assim como o pensamento individual</p><p>de cada cidadão, são importantes fatores na formação da teoria das elites. De acordo com</p><p>Mosca (2009), a sociedade está dividida em dois grupos: os governantes e os governados,</p><p>neste entendimento os governantes estão em um número muito mais reduzido, no entanto, são</p><p>eles que detêm o poder, impõem sua vontade de acordo com suas necessidades, desejos, de</p><p>relações sociais e políticas. Em vários momentos impor essa vontade significa a imposição de</p><p>ações arbitrárias, violentas e desnecessárias para o restante da sociedade.</p><p>A questão relacionada à divisão do poder entre governantes e governados se estende</p><p>há muito tempo, constando em obras de pensadores modernos como Marx, Montesquieu e</p><p>Maquiavel. De acordo com Mosca (2009), as classes governantes, por serem a minoria, se</p><p>constituem de uma forma muito mais organizada, se relacionando por afinidade e interesses,</p><p>sendo solidários entre si e com seus. Já as classes que são governados são extremamente</p><p>numerosas e isso faz com que se dividam em grupos desestruturados e desorganizados, o</p><p>que dificulta de forma expressiva sua ascensão.</p><p>Quando pensamos em uma sociedade clássica, tradicional, é simples conceituar o</p><p>sistema de elite, pois ela se encontra de forma estável e com pouca mobilidade. No entanto,</p><p>ao analisarmos as sociedades modernas podemos caracterizar o sistema de elite de uma</p><p>maneira mais complexa e com um perfil mais dinâmico, baseado em uma sociedade com</p><p>perfil tecnológico e extremamente rotativo.</p><p>A sociedade moderna se caracteriza por uma variedade de elite relacionados com</p><p>uma sociedade complexa, que vive cercada de desafios, busca constantemente se firmar</p><p>como classe dominante através de suas ações, do seu poder de controle e decisão, e a</p><p>imposição de suas vontades em detrimento das classes dominadas.</p><p>Quando pensamos em elite, é possível compreender que vivemos em uma</p><p>sociedade capitalista, sendo esta sociedade dividida em classes com configurações histórico</p><p>estrutural particular. Nesse sentido, evidencia-se a relação existente entre as estruturas de</p><p>apropriação voltadas para economia e a dominação voltada para a política, definindo uma</p><p>estratificação social.</p><p>Este é o ponto de partida fundamental para teoria das elites: a constatação</p><p>de uma lei histórica inescapável que divide os homens em governantes</p><p>e governados. Atente para a expressão todas as sociedades. Essa</p><p>generalização é fundamental, pois ela autoriza mosca a afirmar que essa</p><p>divisão, muito provavelmente, jamais deixará de existir, Os governantes são</p><p>chamados por mosca de classe política ou classe dirigente, os governados</p><p>são as massas. A classe política conduz a sociedade humana, as massas são</p><p>conduzidas. Portanto, a classe política deve ser o objeto de estudo central</p><p>ciência política… (PERISSINOTTO, 2018, p. 30).</p><p>38TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>As sociedades constituem a sua hierarquia desde a história antiga pelo seu poder</p><p>econômico e sua posição social. Assim como entendemos que em uma sociedade capitalista,</p><p>quando pensamos no poder de hierarquização, é necessário analisar o processo produtivo,</p><p>ou seja, a capacidade do indivíduo de produzir em prol de uma sociedade, e considera-se</p><p>também a capacidade de consumo como um fator determinante para essa classificação.</p><p>Assim, é possível compreender que ao analisar uma sociedade e os grupos que a</p><p>compõem, o processo hierárquico se fará de acordo com os interesses daqueles que são</p><p>parte dessa sociedade e o poder de oferta para classificar um indivíduo como sendo de um</p><p>grupo elitizado ou não.</p><p>Em nossa sociedade contemporânea, ao analisarmos a divisão de classes, fica</p><p>evidente que elas se caracterizam por um grau variável de desigualdade. Essa variável se</p><p>evidencia através da apropriação de riquezas geradas pela sociedade expressa, geralmente,</p><p>pela propriedade, pela renda e consumo de bens. Outro. De extrema importância é a</p><p>participação de um indivíduo nas decisões políticas, evidenciando-se pelo maior ou menor</p><p>poder de decidir, ou forçar decisões que favoreçam esse indivíduo, assim como seu poder</p><p>econômico em sociedade. Outra questão importante que evidencia a elitização de um</p><p>indivíduo se expressa em sua apropriação de bens simbólicos como, por exemplo, o acesso</p><p>à educação, bens culturais como acesso a museus, teatros, livros, etc.</p><p>As questões que envolvem renda, propriedade, consumo, educação formal,</p><p>também definem como as diversas classes sociais participam da sociedade. O que não se</p><p>pode deixar de ressaltar é o nível exacerbado de desigualdade que vivemos na atualidade.</p><p>Os números que expressam a pobreza e a miséria são incontestáveis, assim como a</p><p>constatação desses números quando se vivencia diariamente com uma diversidade de</p><p>pessoas, buscando conhecer os diferentes grupos aos quais pertencem.</p><p>Uma análise sobre a elite pode ser um desafio bastante amplo. Quando pensamos</p><p>na questão, os que governam e os que são governados, isso nos remete não só para esfera</p><p>pública, mas também para esfera privada. E como podemos conceituar essas duas linhas de</p><p>pensamento em um mundo tão globalizado, em que temos uma diversidade de oportunidades,</p><p>mas, ao mesmo tempo, somos massacrados por uma desigualdade econômica, cultural, e</p><p>de direitos. Se pensarmos na constituição que rege o Brasil, assim como na constituição de</p><p>outros países, temos o entendimento de que direitos básicos são iguais para todos. No entanto,</p><p>a prática não reflete a teoria. Ao estudarmos os documentos que regem diversas nações,</p><p>seja o Brasil, ou seja, outro país, o cidadão de fato se sente protegido e livre de ameaças. No</p><p>entanto, ao nos depararmos com a realidade, principalmente, em países subdesenvolvidos,</p><p>entendemos que a teoria pode parecer libertadora e tentadora, no entanto, ao vivenciar</p><p>39TEORIA DAS ELITESUNIDADE 2</p><p>esta realidade, os indivíduos se deparam com uma grande desigualdade, com um estado</p><p>de direito que não cumpre o que a lei propõe, sendo assim o mundo está cada vez mais se</p><p>apropriando de uma grande desigualdade entre homens e mulheres, que dependem não só</p><p>da sua força de trabalho, mas também de uma qualificação profissional, que nem sempre</p><p>está disponível para todos, a sorte de estar no lugar certo e na hora certa, e ainda uma garra</p><p>infinita para derrubar obstáculos.</p><p>Analisando a questão da formação das elites na sociedade contemporânea, em termos</p><p>gerais ela se divide em três ordens institucionais: estado, forças armadas e grandes companhias.</p><p>Ao longo dos séculos essas ordens institucionais tiveram um crescimento significativo quanto</p><p>a sua capacidade de ação e recursos, centralizaram e concentraram sua organização assim</p><p>como seu poder de decisão, criando corporações gigantescas ligadas por sua administração</p><p>e economia. Não distante dessa realidade, o poder público e as ordens militares passaram a</p><p>acumular uma capacidade de interferir na tomada de decisões de uma sociedade, expandindo-</p><p>se, o que resultou em um maior consumo de recursos públicos.</p><p>Essas três ordens compõem a elite econômica, política e militar, estão no topo da</p><p>economia comandada por grandes executivos, autoridades estatais e poderosos políticos,</p><p>assim como a elite militar, formando assim um pequeno grupo responsável por grandes</p><p>decisões políticas e sociais.</p><p>Essas reflexões nos fazem pensar em uma sociedade elitizada, formada por indivíduos</p><p>que se destacam positivamente e são entendidos como grupos privilegiados, ou seja, os que</p><p>governam, e do outro lado, aqueles que trabalham, aqueles que vendem sua força de trabalho,</p><p>que mesmo não tendo reconhecimento por sua força e dedicação, são os indivíduos que</p><p>produzem para o crescimento</p>

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