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<p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>AVALIAÇÃO DE UM JOGO COOPERATIVO PARA O ENSINO DE NUTRIÇÃO</p><p>EM TURMAS DE 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>Leandra Marques. C. Melim1</p><p>Carolina N. Spiegel2</p><p>Camila A. Campos3</p><p>Eduardo M. Azzam4</p><p>Maurício R. M. P. Luz5</p><p>1 - Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Oswaldo Cruz</p><p>lmelim@ioc.fiocruz.br</p><p>2 - Universidade Federal Fluminense</p><p>Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Oswaldo Cruz</p><p>carolina.spiegel@gmail.com</p><p>3 - Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Oswaldo Cruz</p><p>camilacampos@ibest.com.br</p><p>4 - Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Oswaldo Cruz</p><p>bioazzam@yahoo.com.br</p><p>5 - Fundação Oswaldo Cruz – Instituto Oswaldo Cruz</p><p>mauluz@ioc.fiocruz.br</p><p>Introdução</p><p>De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 2,8 milhões de</p><p>adultos morrem a cada ano como resultado do excesso de peso. Além disso, 44% da dos casos</p><p>de diabetes, 23% das doenças isquêmica do coração e entre 7% e 41% dos casos de câncer são</p><p>atribuídos ao sobrepeso e a obesidade. Em 2010, cerca de 43 milhões de crianças menores de</p><p>cinco anos estavam acima do peso (WHO, 2011). A obesidade na adolescência pode levar a</p><p>consequências médicas e psicológicas, dentre elas estão: resistência a insulina, hipertensão,</p><p>dislipidemia, problemas nas articulações, antecipação da menarca, apnéia do sono,</p><p>discriminação e estigmatização (Lee, 2009).</p><p>Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizam a necessidade das propostas</p><p>pedagógicas levarem os alunos a conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando</p><p>hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida (Brasil, 1998). A</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>alimentação é fator reconhecidamente importante para a promoção da saúde, além da</p><p>prevenção e controle de diversas doenças. Com o intuito de ampliar a conscientização dos</p><p>escolares sobre a tomada de decisões quanto ao consumo de alimentos, e as suas relações com</p><p>a saúde e o bem-estar, é importante valorizar o recurso da educação nutricional como</p><p>conteúdo programático do ensino das ciências na educação fundamental (Pipitone e cols.,</p><p>2003).</p><p>Devem ser adotadas estratégias educativas inovadoras que enfatizem os benefícios da</p><p>adoção de uma dieta equilibrada. Dentre as estratégias que podem auxiliar o educador a</p><p>atingir este objetivo estão os jogos didáticos (Piperakis e cols., 2004). Os Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais, em suas orientações complementares para a área de Biologia,</p><p>enfatizam a função importante do jogo no processo de ensino - aprendizagem. Segundo os</p><p>PCNs, tal estratégia proporciona a instalação de uma relação dialógica em sala de aula e, por</p><p>isso, podem ser privilegiadas. Os jogos facilitam a aprendizagem e auxilia no</p><p>desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação, das relações interpessoais, da</p><p>liderança e do trabalho em equipe. (BRASIL, 2000b).</p><p>A maioria dos jogos tem embutido em suas dinâmicas de partida o caráter competitivo.</p><p>No entanto, os jogos competitivos criam uma interdependência social negativa, uma vez que o</p><p>sucesso de um individuo ou grupo depende do fracasso de outro (Johnson e cols, 2007). Uma</p><p>alternativa aos jogos competitivos são os jogos cooperativos, nos quais os indivíduos jogam</p><p>uns com os outros e não uns contra os outros. A cooperação cria uma interdependência social</p><p>positiva, uma vez que o sucesso do grupo depende do sucesso de todos os indivíduos</p><p>(Johnson e cols, 2007). Segundo Correia (2006), a participação das crianças nesses jogos</p><p>mostra aumento da colaboração, da solidariedade, da amizade e do respeito entre elas,</p><p>permitindo-lhes, além disso, melhorar a interação social, levando-as a perceber a</p><p>possibilidade de haver divertimento sem a competição a que estão acostumadas. No presente</p><p>trabalho avaliamos a eficácia, aceitação e aplicabilidade do jogo de tabuleiro cooperativo</p><p>Fome de Q?, que tem por objetivo discutir causas e consequências da obesidade.</p><p>Metodologia</p><p>O Jogo</p><p>O “Fome de Q?” é um jogo de tabuleiro investigativo que aborda o ensino de nutrição</p><p>voltado para os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. Os jogadores têm como objetivo a</p><p>solução de um problema proposto “Caso” relacionado ao tema obesidade. Para solucionar o</p><p>Caso, os jogadores devem rolar o dado e movimentar-se pelo tabuleiro coletando Pistas que</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>estão escondidas nas casas com uma bebida ou alimento. O jogo conta também com cartas de</p><p>sorte ou azar, a serem coletadas quando, em uma rodada, o peão se posiciona em uma das</p><p>casas marcadas com o pirulito distribuídas ao longo do tabuleiro. Para resolver o problema,</p><p>espera-se que os alunos interpretem e relacionem diversos dados contidos nas Pistas, como</p><p>imagens, gráficos e tabelas. Nenhuma Pista individual contém a solução do problema, sendo</p><p>necessário por isso articulá-las. Terminando o jogo o professor orienta a discussão da solução</p><p>do Caso e as informações contidas nas Pistas com os alunos (Azzam, 2010; Campos 2011).</p><p>Como jogar?</p><p>Os alunos são divididos em duplas. Cada dupla é responsável por um peão que inicia</p><p>de um ponto diferente do tabuleiro que corresponde a um prato. As duplas têm trinta minutos</p><p>para coletarem as Pistas, sem comunicação entre as diferentes duplas. Após a coleta de Pistas,</p><p>as duplas têm vinte minutos para explicar umas as outras o conteúdo das Pistas coletadas e</p><p>redigir a solução do Caso. A solução deve ser apresentada na forma de um texto dissertativo</p><p>contendo referências aos conteúdos das Pistas e a resposta correta dada à pergunta inicial.</p><p>Vale ressaltar que nesta etapa as duplas não dispõem mais das Pistas, somente possuem o</p><p>cartão do Caso e às suas anotações feitas durante a partida em um Caderno de Anotações.</p><p>Devido ao limite de tempo, nem todas as duplas coletam todas as Pistas o que garante a</p><p>divisão de tarefas entre as duplas. Não há duplas ou grupos vencedores, apenas um limite</p><p>coletivo de tempo para a apresentação da solução do Caso.</p><p>Casos e conteúdo das Pistas</p><p>O “Fome de Q?” possui três Casos: “Qual é o negócio da China?” (Caso CHINA),</p><p>“Você é o que você vê na TV?” (Caso TV) e “É melhor prevenir ou remediar?” (Caso</p><p>Prevenir). Os dois primeiros Casos abordam as causas da obesidade, já o terceiro aborda as</p><p>consequências da obesidade (Azzam, 2010; Campos, 2011).</p><p>“Qual é o negócio da China?”</p><p>No Caso “Qual é o negócio da China?” os alunos são estimulados a desvendar qual é</p><p>o problema de saúde crescente entre os chineses nas últimas décadas e suas respectivas</p><p>causas. O cartão de Caso contém um texto com uma pequena descrição populacional e</p><p>geográfica da China. O Caso aborda aspectos econômicos, geográficos, sócio-culturais e</p><p>hábitos alimentares que permeiam a vida china dos chineses, levando ao aumento da</p><p>proporção de pessoas obesas. As Pistas mostram relações entre o consumo, renda e hábitos</p><p>sócio-culturais dos chineses com o crescimento da obesidade.</p><p>“Você é o que você vê na TV?”</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>No cartão do Caso “Você é o que você vê na TV?” os alunos encontram um</p><p>pequeno texto convidando-os a desvendar qual é a relação entre a televisão e a saúde</p><p>alimentar. Neste cartão existe uma breve descrição do papel da TV na vida atual, bem como</p><p>sua possível influência nas atitudes dos telespectadores. O Caso leva a reflexão sobre a forma</p><p>como a televisão pode levar a hábitos alimentares não saudáveis e ainda faz a associação das</p><p>novas tecnologias com o sedentarismo. As Pistas apresentam as relações entre comerciais de</p><p>TV e a saúde humana, bem como entre o hábito de trocar as atividades que mais gastam</p><p>energia por assistir televisão e o ganho de peso.</p><p>“É melhor prevenir ou remediar?”</p><p>O Caso “É melhor prevenir ou remediar?” foi elaborado para tratar das</p><p>consequências da obesidade. Na introdução do Caso Prevenir há um breve comentário sobre</p><p>os conceitos de profilaxia e tratamento médico. O problema que o Caso apresenta para ser</p><p>solucionado pode ser dividido em duas vertentes: 1) Os adolescentes/crianças estão</p><p>prevenindo ou remediando o problema da obesidade? 2) É melhor prevenir do que remediar?</p><p>Por quê? As Pistas mostram doenças relacionadas a obesidade, assim como os riscos da</p><p>cirurgia bariátrica.</p><p>Participantes</p><p>O jogo foi utilizado com um total de 304 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental de quatro</p><p>escolas públicas situadas no Estado do Rio de Janeiro, totalizando 6 turmas. O Caso China foi</p><p>jogado por 127 alunos distribuídos em 24 grupos. O Caso TV foi jogado por 119 alunos</p><p>distribuídos em 23 grupos e o Caso Prevenir por um grupo de 58 alunos distribuídos em 14</p><p>grupos. Os grupos foram formados pelos professores das turmas de tal maneira que num</p><p>mesmo grupo houvesse alunos com diferentes ritmos de aprendizagem, bem como alunos do</p><p>sexo masculino e feminino de forma a tornar os grupos mais heterogêneos possíveis. A</p><p>escolha dos Casos nas diferentes turmas foi feita ao acaso.</p><p>Avaliação do Jogo</p><p>Antes do início da partida, todas as duplas receberam um Caderno de Anotações para</p><p>anotarem as informações contidas nas Pistas, uma vez que não podiam ficar com as Pistas</p><p>coletadas em mãos. Neste mesmo Caderno, os alunos deveriam anotar o grau de compreensão</p><p>de cada uma das Pistas. Isto era feito marcando uma das cinco opções disponíveis, a saber:</p><p>muito fácil, fácil, nem fácil e nem difícil, difícil e muito difícil. O caderno de Anotações foi</p><p>também utilizado pelo grupo para a redação da solução do Caso. As soluções dos Casos</p><p>foram agrupadas como corretas ou incorretas/branco. Ao término de cada partida do jogo os</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Cadernos de Anotações eram recolhidos iniciava-se a discussão da solução do Caso e das</p><p>Pistas com o professor, dando a oportunidade dos alunos esclarecerem suas dúvidas.</p><p>Após o jogo e a discussão, cada aluno recebeu um Questionário de Avaliação a ser</p><p>respondido individualmente. Neste questionário era solicitado ao aluno que avaliasse sua</p><p>percepção quanto a itens de interesse para a pesquisa, como, interesse em jogar mais vezes.</p><p>Além disso, os alunos deveriam marcar um item para avaliar sua dificuldade na solução do</p><p>Caso de maneira análoga à utilizada para as Pistas. Para facilitar a análise, as categorias da</p><p>dificuldade de compreensão das Pistas e solução do Caso foram convertidas em um escala</p><p>numérica de 1 a 5, sendo 1 equivalente a muito fácil e 5 equivalente a muito difícil.</p><p>Resultados e discussão</p><p>Por meio da análise dos Cadernos de Anotações foi possível determinar a quantidade</p><p>de soluções corretas para os Casos China, TV e prevenir. A maioria dos grupos respondeu</p><p>corretamente a solução do Caso utilizando em suas respostas informações contidas nas Pistas</p><p>(Figura 1), o que revela que a interpretação e a articulação das mesmas é fundamental nas</p><p>soluções dos Casos. Para solucionar o problema proposto, não bastava repetir as informações</p><p>coletadas, já que nenhuma Pista sozinha apresentava a resposta. Foi necessário interpretar o</p><p>conteúdo de cada Pista e ao mesmo tempo relacionar as informações para a redação de uma</p><p>resposta.</p><p>Além disso, nesta atividade os alunos têm a oportunidade de desenvolver a capacidade</p><p>de solucionar problemas, ao buscar e articular conhecimentos necessários para a resolução e</p><p>aplicá-los coerentemente (Junior e cols, 2008). Estas habilidades são requeridas em muitas</p><p>situações cotidianas, com as quais os alunos possivelmente se deparam e não apenas na vida</p><p>escolar. O alto número de soluções corretas para os Casos revelou, portanto, que o jogo</p><p>atingiu o seu principal objetivo, mostrando também que os alunos não se sentiram</p><p>desmotivados por não estarem competindo, e sim cooperando.</p><p>0</p><p>2</p><p>4</p><p>6</p><p>8</p><p>10</p><p>12</p><p>14</p><p>16</p><p>18</p><p>20</p><p>China (n = 24 grupos) TV (n = 23 grupos) Prevenir (n= 14 grupos)</p><p>So</p><p>lu</p><p>çõ</p><p>es</p><p>Correta</p><p>Incorreta</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Figura 1: Total de soluções correta e incorretas para os Casos: China, TV e Prevenir,</p><p>redigidas em grupo durante a partida do Jogo Fome de Q?</p><p>A análise do Caderno de Anotações nos permitiu obter dados relativos à percepção dos</p><p>alunos quanto à dificuldade de compreensão das Pistas (informadas pelas duplas).</p><p>Adicionalmente, nos Questionários de Avaliação os alunos avaliaram individualmente sua</p><p>percepção quanto às suas dificuldades em solucionar os Casos. A análise conjunta dos dados</p><p>obtidos nos pareceu importante, na medida em que se trata de atividades distintas: nas Pistas</p><p>se lida com a compreensão de informações apresentadas de modo direto, por meio de figuras,</p><p>gráficos, tabelas, etc., enquanto as soluções dos Casos demandam não apenas a compreensão</p><p>das informações de Pistas, mas sua articulação, no todo ou em parte, para a solução de um</p><p>problema. Segundo a percepção dos alunos os Casos do Fome de Q? Não são nem muito</p><p>fáceis e nem muito difíceis de serem resolvidos, uma vez que as médias de dificuldade do</p><p>Caso ficaram entre 2 (fácil) e 3 (nem fácil e nem difícil) (Figura 2). No entanto, o Caso China</p><p>foi considerado significativamente mais difícil que os demais Casos (p< 0,01). A análise das</p><p>percepções dos alunos quanto ao grau de dificuldade das Pistas dos três Casos revelou que</p><p>não existem diferenças significativas entre elas. (Figura 2).</p><p>Figura 2: Avaliação da percepção dos alunos quanto ao nível de dificuldade na solução dos</p><p>Casos (p < 0,01) e de compreensão das Pistas (p = 0,1424).</p><p>0</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>Caso Pista</p><p>D</p><p>ifi</p><p>cu</p><p>ld</p><p>ad</p><p>e</p><p>China (n = 24 grupos; n= 127)</p><p>TV (n= 23 grupos; n= 119)</p><p>Prevenir (n = 14 grupos; n = 58)</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Tal resultado mostra que as Pistas dos dois Casos, do ponto de vista dos jogadores,</p><p>são igualmente de compreensão mediana, pois as médias mais uma vez se aproximam de 3,0.</p><p>Isso deixa claro que, durante a partida, os alunos são capazes de interpretar os dados das</p><p>Pistas, sendo possível a construção de conhecimentos no campo da nutrição nos três Casos</p><p>utilizados. Vale ainda destacar que durante o jogo, os alunos devem interpretar gráficos e</p><p>tabelas, transformar esses dados em palavras e estabelecer relações entre eles. De acordo com</p><p>Tairab e Al-Naqbi (2004), nos dias atuais muitas informações científicas, econômicas,</p><p>demográficas, dentre outras são dispostas em forma de gráficos. As informações na forma de</p><p>gráficos também estão presentes no contexto escolar, principalmente nas disciplinas</p><p>científicas, o que exige dos estudantes habilidades de interpretação das mesmas.</p><p>Com o objetivo de avaliarmos a aceitação do jogo entre os alunos, consideramos</p><p>relevante pergunta-lhes, por meio do Questionário de Avaliação, se gostariam de ter mais</p><p>aulas com o Fome de Q? e por quê? Foi observada uma grande aceitação de dos Casos</p><p>(Figura 3), no entanto a aceitação do Caso TV foi significativamente menor que dos Casos</p><p>China e Prevenir.</p><p>Figura 3: Porcentagem de alunos do 8º ano do Ensino Fundamental que responderam a</p><p>pergunta “Vocês gostariam de ter mais aulas com o Fome de Q?” separados por Caso jogado.</p><p>O fato do jogo ter tido boa aceitação, indica que é viável sua aplicação em turmas de</p><p>8º ano do Ensino Fundamental durante a unidade de nutrição, já que a maioria mostrou-se</p><p>motivada e participativa. Quando os alunos apresentam motivação, a aprendizagem se dá de</p><p>forma mais efetiva. O jogo deve ser espontâneo, pois quando ele é imposto para disfarçar o</p><p>ensino, se mostra autoritário (Fortuna, T. R., 2000) e não se alcança o resultado desejado: a</p><p>construção de conhecimentos.</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>100%</p><p>sim não</p><p>R</p><p>es</p><p>po</p><p>st</p><p>as</p><p>China (n = 127)</p><p>TV (n= 119)</p><p>Prevenir (n= 58)</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Com objetivo de compreender a aceitação do jogo, analisamos as justificativas dadas pelos</p><p>alunos à pergunta em questão. As justificativas foram classificadas em sete categorias:</p><p>dinâmico, facilita o aprendizado, estimulante/raciocínio, grupo, diversão, interessante/legal e</p><p>outros/sim. Dentre as justificativas dadas pelos alunos que gostariam de ter mais aulas com o</p><p>jogo, observa-se uma maior citação na facilitação do aprendizado como uma das</p><p>características positivas do jogo, seguida da diversão que o jogo propõe nos três Casos</p><p>jogados em sala de aula (Tabela 1).</p><p>Tabela 1: Justificativas dadas pelos alunos que gostariam de ter mais aulas com o Fome de</p><p>Q?, separadas por Caso jogado.</p><p>Finalmente, com o objetivo de avaliarmos a aceitação da cooperação durante o jogo</p><p>fizemos a seguinte pergunta no Questionário de Avaliação: “O fato de vocês não terem</p><p>competido durante a partida tornou o jogo menos divertido?”. Percebemos que a ausência da</p><p>competição no jogo não o tornou pouco divertido para a maioria dos alunos em nenhum dos</p><p>Casos utilizados (Figura 4). No entanto, os alunos que jogaram o Caso TV sentiram</p><p>significativamente menos a falta da competição do que os alunos que jogaram o Caso China,</p><p>sendo este resultado de difícil interpretação. Segundo Johnson e cols. (2007) a cooperação é</p><p>fundamental na educação profissional, uma vez que esses estudantes farão parte de uma</p><p>comunidade profissional, na qual é essencial saber respeitar a opinião de outras pessoas e agir</p><p>com integridade.</p><p>Categorias</p><p>Caso CHINA</p><p>(n = 127 alunos, 157</p><p>justificativas)</p><p>Caso TV</p><p>(n = 119 alunos, 154</p><p>justificativas)</p><p>Caso Prevenir</p><p>(n = 58 alunos, 75</p><p>justificativas)</p><p>Facilita o aprendizado 50,3% 52,6% 46,7%</p><p>Divertido 14% 16,9% 22,7%</p><p>Interessante/legal 22,9% 3,6% 9,3%</p><p>Outros 12,7% 16,9% 21,3%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>100%</p><p>sim não</p><p>R</p><p>es</p><p>po</p><p>st</p><p>as</p><p>China</p><p>TV</p><p>Prevenir</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Figura 4: Porcentagem de respostas à pergunta “O fato de vocês não terem competido</p><p>durante a partida tornou o jogo menos divertido?” de alunos que jogaram os Casos China</p><p>(n=127 alunos), TV (n=119 alunos) e Prevenir (n= 119).</p><p>Conclusão</p><p>No presente trabalho, avaliamos o uso do jogo cooperativo “Fome de Q?” no Ensino</p><p>Fundamental para o ensino das causas e consequências da obesidade dentro do tema geral da</p><p>nutrição. A estratégia de jogo utilizada se mostrou eficiente quanto ao aprendizado do tema</p><p>proposto nos três diferentes Casos utilizados. Além disso, o jogo foi aceito pela maioria dos</p><p>estudantes, uma vez que eles assumem querer ter mais aulas com o “Fome de Q?” elucidando</p><p>em suas justificativas a facilitação da aprendizagem como principal motivo. Além disso, o</p><p>“Fome de Q?” é motivador, ainda que jogado na forma cooperativa, pois a maioria dos</p><p>estudantes declarou que o caráter competitivo não tornou o jogo menos divertido.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>Azzam, E. M. Fome de Q?: Desenvolvimento e avaliação de um jogo cooperativo para o</p><p>ensino de nutrição em turmas de 8º ano do Ensino Fundamental. 2010. 79f. Monografia</p><p>(Especialização em Ensino em Biociências e Saúde). Fundação Oswaldo Cruz. Rio de</p><p>Janeiro. 2010.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental. Matemática. Brasília: MEC.</p><p>1998.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC. 2000b.</p><p>Campos, C. A. (2011). Desenvolvimento e avaliação de um jogo investigativo cooperativo</p><p>sobre obesidade para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. 2011. Monografia</p><p>(Especialização em Ensino em Biociências e Saúde). Fundação Oswaldo Cruz. Rio de</p><p>Janeiro. 2011.</p><p>Correia, M. M. Jogos cooperativos: perspectivas, possibilidades e desafios na educação física</p><p>escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 27, n.2, p. 149-164, 2006.</p><p>Fortuna, R. T. Sala de aula é lugar de brincar? In: Xavier, M. L. M. & Dallazen, M. I. H. (org)</p><p>Planejamento em destaque: análises menos convencionais. Porto Alegre, 2000, p. 147-164.</p><p>Johnson, D. W.; Johnson, R. T.; Smith, K. The State of Cooperative Learning in</p><p>Postsecondary and Professional Settings. Educational Psychology Review. V. 19, p. 15-29,</p><p>2007.</p><p>VI Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional 2 RJ/ES</p><p>CEFET/RJ, 2012</p><p>Junior, W. E. F; Ferreira, L. H.; Hartwig, D. R. A dinâmica de resolução de problemas:</p><p>analisando episódios em sala de aula, Ciência & Cognição, v.13, n.3, p. 82-89, 2008.</p><p>Lee YS. Consequences of childhood obesity. Annals Academy Medicine of Singapore, v. 38,</p><p>p. 75-7, 2009.</p><p>Piperakis, S. M.; Sotiriou, A.; Georgiou, E.; Thanou, A.; Zafiropoulou, M. Understanding</p><p>Nutrition: A Study of Greek Primary School Children Dietary Habits, Before and After</p><p>Classroom Nutrition Intervention, Journal of Science Education and Technology, v.13, n. 1, p.</p><p>129 – 136, 2004.</p><p>Pipitone, M. A. P., Silva, M. V., Sturion, G. L.; Caroba, D. C. R. A Educação Nutricional no</p><p>Programa de Ciências para o Ensino Fundamental. 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