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<p>SENAI SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA</p><p>SENAI Iniciativa da CNI - Confederação Nacional da Indústria SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA</p><p>CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI - Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações</p><p>SENAI Iniciativa da CNI - Confederação Nacional da Indústria SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA</p><p>2012. SENAI - Departamento Nacional 2012. SENAI - Departamento Regional da Bahia A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me- cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP SENAI Departamento Regional da Bahia Núcleo de Educação à Distância - NEAD FICHA CATALOGRÁFICA S491c Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Comunicação e redação técnica: curso técnico em edificações: módulo introdutório / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia - Brasília: SENAI/DN, 2012. 81 p.: il. (Série Construção Civil) ISBN 978-85-7519-545-1 1. Comunicação. 2. Redação Técnica. 3. Construção Civil. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. II. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia. III. IV. Série. CDU: 811.134.3(81) SENAI Sede Serviço Nacional de Setor Bancário Norte Quadra 1 . Bloco . Edifício Roberto Aprendizagem Industrial Simonsen 70040-903 Brasília - DF Tel.: (0xx61) 3317-9001 Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 http://www.senai.br</p><p>Lista de ilustrações Figura 1 Comunicação usando um código de sinais 13 Figura 2 - Signo linguístico 14 Figura 3 - Mapa da Península Ibérica 15 Figura 4 - Lasanha 17 Figura 5 - Estrogonofe 17 Figura 6 - Mudanças na língua 18 Figura 7 - Comunicação usando a linguagem de libras 19 Figura 8 - Elementos do processo de comunicação 19 Figura 9 - Funções da linguagem 20 Figura 10 - Exemplo de função conativa 21 Figura 11 - Exemplo de linguagem conotativa 22 Figura 12 - Exemplo de função fática 22 Figura 13 - Exemplo de função metalinguística 23 Figura 14 - Variação linguística 25 Figura 15 - Variação linguística regional 26 Figura 16 - Relação entre os elementos da comunicação e as funções da linguagem. 28 Figura 17 - Rapaz admirando a beleza da pretendente 33 Figura 18 - Análise do texto 35 Figura 19 - Símbolo do mistério 37 Figura 20 - Aristóteles 42 Figura 21 - Símbolo do Parágrafo 48 Figura 22 - Setas que indicam os raciocínios dedutivo e indutivo 50 Figura 23 - Técnicas de Redação 54 Figura 24 - Tipos de correspondência 61 Figura 25 - Modelo de ofício 62 Figura 26 - Modelo de comunicação interna 63 Figura 27 - Modelo de requerimento 64 Figura 28 - Modelo de carta comercial 65 Figura 29 - Modelo de abaixo-assinado 66 Figura 30 - Modelo de atestado 67 Figura 31 - Modelo de memorando 68 Figura 32 - Relatório 75 Figura 33 - Apresentação de trabalhos acadêmicos 78 Figura 34 - Apresentação de um editor de slides 86 Figura 35 - Tamanho da fonte 86 Figura 36 - Design 88 Figura 37 - Cores 89 Quadro 1 - Dados de alguns países da Península 16 Quadro 2 - Principais elementos da interface de um editor de texto 85</p><p>Sumário 1 Introdução 9 2 Comunicação 13 2.1 Processo 18 2.2 Níveis da fala 23 3 Técnica de intelecção de texto 31 3.1 Análise textual 35 3.2 Análise temática 36 3.3 Análise interpretativa 36 4 Parágrafo 41 4.1 Estrutura interna 42 4.2 Unidade interna 45 4.3 Tipos de parágrafos 47 5 Técnica de redação 53 5.1 Estrutura 54 5.2 Argumentação 55 6 Tipos de correspondência 61 6.1 Ofício 62 6.2 Comunicação interna 63 6.3 Requerimento 64 6.4 Carta comercial 65 6.5 Abaixo-assinado 66 6.6 Atestado 67 6.7 Memorando 67 6.8 E-mail 68 7 Textos técnicos 73 7.1 Estrutura básica 74 7.2 Tipos (normas técnicas e legislação, relatórios, especificações) 77 8 Aplicativos computacionais 83 8.1 Para edição de textos 84 8.2 Para preparação de apresentação em telas 86 Referências Minicurrículo do Autor Índice</p><p>Introdução 1 Prezado (a) aluno (a) É com grande satisfação que Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI promo- ve o Curso Técnico em Edificações. A unidade curricular Comunicação e Redação Técnica tem como objetivo geral proporcio- nar a aquisição de conhecimentos técnicos e referentes à comunicação oral e escri- ta, tão necessários ao desenvolvimento das competências específicas para formação do Técni- CO em Edificações, uma vez que a linguagem está presente em todos os setores da nossa vida. Nos capítulos que se seguem você encontrará uma definição de Comunicação, em múlti- plas dimensões: social, cultural, ideológica; a História e evolução da Língua Portuguesa, as fun- ções que a linguagem pode exercer e suas variações linguísticas. Veremos também as técnicas para interpretação de textos, as modalidades de composição, a estrutura do parágrafo e as técnicas de redação comercial e oficial. Ainda conheceremos a estrutura básica de escrita, das normas técnicas e a legislação dos textos técnicos e, finalmente, os aplicativos computacionais para edição de texto e apresentação multimídia. Em todos os capítulos, procuramos deixar a linguagem mais clara possível, visando tornar a leitura bastante agradável. Durante nosso estudo abordaremos assuntos que lhe permitirão desenvolver as seguintes capacidades: CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS: a) gerenciar equipes de trabalho; b) liderar equipes e ter bom relacionamento interpessoal; c) atuar com efetividade nas relações com o cliente; d) projetar e analisar resultados; e) apoiar as decisões organizacionais, buscando a participação dos demais membros da equipe; f) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais. CAPACIDADES TÉCNICAS: a) interpretar textos técnicos;</p><p>10 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA b) redigir relatórios técnicos; c) aplicar recursos de informática (planilhas e/ou editor de textos). Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isto inclui ações proativas como: a) consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida; b) não deixar as dúvidas para depois; c) estabelecer e cumprir um cronograma de estudo realista; d) separar um tempo para descansar. Aproveite o conteúdo deste livro didático. Sucesso e bons estudos!</p><p>1 INTRODUÇÃO 11 Anotações:</p><p>Comunicação 2 Comunicação é o processo que resulta da troca de informações entre sujeitos. Quando fala- mos em comunicação, pensamos logo em um emissor e em um destinatário comunicando-se através de palavras faladas ou escritas, porém a comunicação vai além, e pode ocorrer através de outras manifestações, como: na dança, na pintura, na expressão fisionômica, nos símbolos, nos sinais, nos gestos etc. Figura 1 - Comunicação usando um código de sinais Fonte: SENAI, 2012. Mas a comunicação não é algo específico do homem, os animais também se comunicam. Exemplo disso são as baleias que se comunicam emitindo sons prolongados que atravessam os oceanos; ou as abelhas que, para indicarem o local onde se encontra o néctar, executam uma dança, ou ainda, o cachorro que para externar sua alegria late e balança o rabo. No período pré-histórico, os homens das cavernas não se comunicavam através das pala- vras, eles usavam outras formas de comunicação, tais como: os gestos, os as pin- turas, as esculturas nas pedras etc. Com o passar do tempo, o homem sentiu uma grande ne- cessidade de se comunicar com seus semelhantes e desenvolveu modos mais sofisticados de comunicação, criando, assim, a linguagem que é um processo de comunicação pelo qual as pessoas se relacionam.</p><p>14 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 1 GRUNHIDO: Ação de grunhir, soltar ? VOCÊ As primeiras comunicações escritas (desenhos) de que vozes que lembram a do SABIA? se têm notícias são das inscrições nas cavernas de 8.000 anos a.C. Fonte: MACHADO, 2010. porco ou do javali. A linguagem pode ser verbal ou não verbal. que diferencia homem das demais espécies é a linguagem verbal, pois para nos comunicarmos com outros indivíduos, geralmente fazemos uso da palavra. Mas para isso necessitamos do domínio de uma língua oficial, um idioma de uma determinada nação, caso con- trário, não há entendimento. É por isso que filmes ou publicações estrangeiras quando chegam ao nosso país são traduzidos para a língua portuguesa para que possa haver entendimento, comunicação. A nossa língua é formada por um conjunto de sinais que são chamados de sig- nos linguísticos, e os combina segundo regras, que são conhecidas como código linguístico. Por meio desses códigos construímos e transmitimos mensagens com rapidez. No código do trânsito, por exemplo, o sinal verde é um signo. o signo é formado pelo significante (letras, imagens, sons) e pelo significado (o conceito, a ideia). Observe: Significante m-e-s-a Significado Figura 2 Signo Fonte: SENAI, 2012 Portanto, conclui-se que as palavras (escritas ou orais) são exemplos de signifi- cantes e as ideias ou conceitos a elas associados, são os significados como pode- mos perceber no exemplo da Figura 2.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 15 Para que ocorra a concretização desse código, utilizamos a fala e a escrita que são atos individuais e sofrem influência de diversos fatores, tais como: sexo, ida- de, profissão, grau de escolaridade, região. A fala, todavia, está contida no sistema linguístico - no Brasil, a língua portuguesa - e, mesmo sendo muito cria- tiva e original, a forma de combinar signos não pode fu- gir àquele modelo interiorizado que dominamos desde quando aprendemos a falar, uma vez que a língua ou código linguístico se caracteriza pela sua constituição estru- tural e pelas regras e normas que os sujeitos falantes utilizam (CAMPEDELLI; SOUZA, 1999). falante da nossa língua para dizer que está com fome utiliza a seguinte se- quência: sujeito, verbo e complementos, mesmo não tendo conhecimento das regras gramaticais. No exemplo a seguir, o falante construiu uma frase seguindo a norma padrão: "Eu estou com fome" ao invés de utilizar a forma "com fome estou eu", isto por- que o falante, de tanto ouvir e falar, já traz sua gramática internalizada. Agora, que tal fazermos uma viagem no tempo e conhecermos um pouco mais sobre a história da nossa língua? A Língua Portuguesa, que é a língua falada em nosso país, originou-se do latim que chegou à Península Ibérica, no século III a. C., através dos colonos, co- merciantes e soldados romanos. Europa Peninsula Ibérica Mar Figura 3 Mapa da Peninsula Ibérica Fonte: 2012.</p><p>16 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 2 ESTILÍSTICA: A Península Ibérica está situada no sudoeste da Europa e compreende os se- guintes países e Disciplina que estuda a expressividade de uma língua e a capacidade de sugestionar e emocionar NA mediante determinados PENÍNSULA DESCRIÇÃO processos e efeitos de estilo. Espanha Ocupa a maior parte da Portugal Ocupa grande parte do oeste da 3 VULGAR: Alta Cerdanha está localizada no lado sul dos Pire- comum, trivial, França néus entre a Espanha e a França, por isso tecnica- No caso do texto, vulgar foi utilizado no sentido de mente está localizada na popular, coloquial. Localizada ao norte da península, ao sul dos Pire- Andorra néus, entre Espanha e França. Um pequeno território ultramarino britânico locali- Gibraltar zado ao sul da Espanha. Quadro 1 Dados de alguns países da Peninsula Fonte: 2010. (Adaptado) o latim que foi implantado na Península Ibérica não era o latim clássico de Roma, falado pelos escritores da época, mas um latim de vocabulário reduzido, sem as preocupações do falar e do escrever, denominado de latim À medida que conquistavam novos povos, os romanos impunham o latim como língua oficial, mas como os povos conquistados pelos romanos já falavam idioma de sua própria região, houve uma fusão, uma modificação no latim falado em Roma. A Língua Portuguesa originou-se da mistura do latim vulgar que era a fala popular dos soldados e comerciantes da época, com a língua falada no oeste da região da península ? VOCÊ A primeira gramática da Língua Portuguesa foi escrita SABIA? em Portugal, no ano de 1536. Mas as mudanças não pararam e nossa língua também sofreu a influência de outros povos. No ano de 409, com o Império Romano em colapso, povos de ori- gem germânica, conhecidos como bárbaros, ocuparam a Península Tem- pos depois, no ano de 711, foi a vez dos árabes invadirem a região e trazerem para o nosso vocabulário uma série de palavras, a maioria, facilmente identificáveis, porque começa pelo prefixo -al, que corresponde ao artigo definido árabe, são palavras portuguesas originárias do árabe: álgebra, algarismo, algoz etc.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 17 Outras línguas também contribuíram na formação da Língua Portuguesa, como: a) indígena: cuia, jiboia; b) francês: boné, chefe, blusa, gravata; c) espanhol: bolero, sapatilha, sangria, passeio; d) quimono, gueixa; e) italiano: piano, maestro, lasanha; Figura 4 Lasanha Fonte: 2012. f) africano: maxixe, zabumba, acarajé, carimbo, canjica; g) russo: vodca, strogonoff. Figura 5 Estrogonofe Fonte: 2012.</p><p>18 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA A Língua que falamos hoje não é a mesma que se falava séculos isso por- que a Língua continuamente sofre influências de outros povos, de grupos sociais e de diferentes regiões. Tomemos, por exemplo, a palavra "vossa mercê", que com o passar do tempo passou por diversas transformações até chegar a "cê", confor- me a Figura 6. Observe: Vossa Mercê Vosmecê Você Ocê Cê Figura 6 Mudanças na língua Fonte: SENAI, 2012. Isso ocorre, porque a língua não é estática, mas dinâmica, ou seja, está sem- pre em constantes transformações. Um exemplo disso é que no ano de 1990 foi firmado um tratado internacional com objetivo de criar uma ortografia unificada para os países falantes da língua portuguesa, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. No Brasil, esse acordo foi regulamentado no final de 2008, passando a vigorar em 1° de janeiro de 2009. Isso nos mostra que sempre que surgir uma necessidade, a sociedade que, também, está em permanente mudança criará, através de uma linguagem di- nâmica, maneiras de acompanhar as transformações. Observe que, nos últimos tempos, com os avanços na área tecnológica, foram incorporados à língua portu- guesa inúmeros termos novos. 2.1 PROCESSO Não nos comunicamos exclusivamente através da fala, existem outras formas de comunicação. No silêncio também há comunicação. Observe uma conversa entre deficientes auditivos. A comunicação entre eles ocorre através de sinais, mas só haverá comunicação para os que conhecem a língua dos sinais. Logo, para que haja comunicação, emissor e receptor devem utilizar um código conhe- cido por ambos.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 19 Oi! Figura 7 - Comunicação usando a linguagem de libras Fonte: SENAI, 2012. A comunicação ocorre quando um emissor transmite uma mensagem ao re- ceptor. o receptor, conhecedor do código utilizado pelo emissor, capta a men- sagem, decodificando-a. Essa mensagem chega ao receptor através de um canal escolhido pelo emissor. Portanto, para que a comunicação entre indivíduos ocorra de forma eficaz, faz-se necessário alguns elementos no ato da comunicação, tais como: emissor, receptor, mensagem, código, canal e referente. Contexto ou situação Quem Tem algo a transmitir Para quem (emissor/receptor) (mensagem) (receptor/emissor) De alguma maneira (canal) Gerando algum efeito (resposta) Figura 8 - Elementos do processo de comunicação Fonte: 2000. Vejamos agora em que consiste cada um desses elementos da comunicação: a) Emissor: é a pessoa ou o conjunto de pessoas que no ato da comunicação emite uma mensagem. o emissor também é chamado de remetente; b) Receptor: é a pessoa ou o conjunto de pessoas que recebe uma mensagem. receptor também é chamado de destinatário; c) Mensagem: é a informação ou o conjunto de informações transmitidas no ato da comunicação;</p><p>20 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA d) Código: é a combinação de signos utilizados para a transmissão de uma mensagem, podendo ser verbal ou não verbal, tais como: uma gravura, um som, uma pintura, a escrita, dentre outros. código utilizado pelo emissor deverá ser de conhecimento do receptor, caso contrário a comunicação não ocorrerá de forma eficiente; e) Canal: é o meio pelo qual a mensagem será enviada ao receptor. rádio, revistas, jornais, televisão, e-mail, outdoor etc; f) Referente: é a situação a que a mensagem se refere, ou seja, o próprio con- texto. Quando os elementos da comunicação entram em ação, a linguagem assume funções ou finalidades, a depender das intenções de cada falante. Sendo assim, associadas ao ato da comunicação, surgem as Funções da Linguagem que apre- sentaremos na Figura 9. CONTEXTO (referencial) EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR (emotiva) (poética) (conotativa) CANAL CÓDIGO (metalinguística) Figura Funções da linguagem Fonte: 1991. (Adaptado) Função emotiva ou expressiva: está centrada no emissor, que é o produtor do texto e tem por objetivo transmitir emoções, sentimentos e opiniões. Esse tipo de função está presente nos textos narrativos ou em poemas. o AUTORRETRATO No retrato que me faço traço a traço Às vezes me pinto nuvem, Às vezes me pinto árvore...</p><p>2 COMUNICAÇÃO 21 Às vezes me pinto coisas De que nem tenho mais lembrança... Ou coisas que não existem Mas que um dia existirão... E, desta lida, em que me busco pouco a pouco Minha eterna semelhança. No final, que restará? Um desenho de criança... Corrigido por um louco! (QUINTANA, 2005) Você pode observar, no poema, que os verbos e os pronomes em primeira pessoa dão destaque ao emissor. Função conativa ou apelativa: está centrada no receptor, buscando modi- ficar o seu comportamento através de uma ordem, convite ou apelo. Nesse tipo de texto é comum uso de verbos no imperativo, verbos conjugados na ou pessoas do discurso e uso de vocativos (chamar alguém). Esse tipo de função está presente em textos publicitários que têm por objetivo influenciar o público a adquirir um determinado produto. Veja exemplo da Figura 10: Está com falta de memória? Tome LEMBREX! LEMBREX À venda em todo o Brasil. Figura 10 Exemplo de função conativa Fonte: SENAI, 2012.</p><p>22 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA FIQUE Não confunda: sentido conotativo que é o sentido figu- ! ALERTA rado, poético da palavra, conforme exemplo da igura 11, com a função conativa. Lá em casa fico Não, na rede da minha Só você na rede direto... Na internet? varanda. Minha cama mesmo... quebrou! Figura 11 Exemplo de conotativa Fonte: 2012. Função fática: está centrada no canal e tem por objetivo iniciar ou prolongar um discurso ou, ainda, interromper um ato de comunicação; emissor transmite pouca informação. Exemplo disso é a conversa ao telefone, como apresentada na gravura abaixo. Sinal fechado "Olá, como vai Eu indo e você tudo bem Tudo bem e indo Correndo pegar meu lugar No futuro e você" Figura 12 Exemplo de função Fonte: 1970 Função referencial: está centrada no contexto, transmite uma informação objetiva, direta; não há palavras de sentido figurado, logo não há possibilidades de mais de uma interpretação. Essa função é bastante utilizada em textos didáti- cos, notícias.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 23 "Alagamentos travaram Salvador, que registrou o maior con- gestionamento da história". 2011). Função metalinguística: está centrada no código que vai explicar o signifi- cado do próprio código, ou seja, é a utilização da linguagem para esclarecer ou explicar. Essa função é bastante utilizada nos dicionários. Estética s.f. 1. Parte da filosofia que trata das leis e dos princípios do belo. 2. Caráter estético; beleza. 3. (fig.) Plástica; beleza Figura 13 Exemplo de função Fonte: LUFT. Função poética: está centrada na mensagem e apresenta uma linguagem de sentido conotativo, figurado, com sonoridade e ritmo. Essa função é utilizada em textos literários e em letras de música. A vida é uma vida só a vida é uma ávida a vida é uma ave a vida é uma a vida é só uma (CARNEIRO, 2003) Agora que você já aprendeu a diferença entre língua e fala e que esta última é individual, ou seja, que cada falante possui a sua maneira de falar devido a vários fatores, que tal conhecer os níveis de fala? 2.2 NÍVEIS DA FALA A fala é a forma como cada falante utiliza o seu idioma, portanto, ela é particu- lar, uma vez que cada falante tem a sua maneira de se expressar Já vimos que fatores como idade, sexo, escolaridade, profissão, região influen- ciam na maneira como determinado indivíduo fala. Exemplo disso foi um estudo de caso realizado em uma escola pública de Salvador, onde uma menina de sete anos falava "frô", mesmo sabendo que o correto era "flor". Observou-se que a ma-</p><p>24 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 4 UNIFORME: neira de falar da menina era devido à forma como seus familiares falavam, uma vez que a mesma não queria se sentir excluída do grupo familiar. Que só tem uma forma; que não varia; semelhante, Observamos então que a fala recebe um estilo próprio e não podemos julgá-la análogo, como certa ou errada. Existem, basicamente, dois níveis de fala que compreendem modo como o falante se expressa. São eles: a) Culto ou formal: assim denominada, pois obedece às regras da Gramática normativa estando menos sujeita a variações. Está presente nos textos aca- dêmicos, ou nos textos escolares; b) Coloquial ou informal: é a manifestação espontânea, informal da língua e não depende de regras; apresenta variações (de região para região, de falante para falante, incorpora que são palavras não convencionais, utilizada para designar outras palavras formais da língua com o objetivo de fazer humor ou criar uma linguagem própria, e expressões populares etc); está presente nas conversações diárias, nos textos da internet, nos sites de relacionamento. ? VOCÊ A quando restrita a uma profissão é denominada SABIA? de jargão. Essa separação não quer dizer que um nível de linguagem seja melhor ou pion que outro. A depender da situação, um mesmo falante, que conhece e usa a nor- ma culta pode, também, fazer uso da linguagem coloquial. Isso ocorre porque a fala não é ou seja, cada um tem a sua maneira de se expressar. Observe um grupo de pessoas conversando, por exemplo, nem todas as pessoas falam como você, isso acontece porque esses falantes podem ser de cidades ou regiões diferentes da sua; podem ter idade, sexo ou fazerem parte de um grupo social diferente. A essas modificações que a língua apresenta de falante para falante, damos o nome de Variação linguística.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 25 Figura 14 Variação linguística SENAI, 2012. Devemos respeitar todas as variedades linguísticas, pois todas elas são corre- tas desde que cumpram a sua função: estabelecer a comunicação. Apresentaremos, a seguir, algumas das variedades que a língua pode apre- sentar: a) Histórica: são alterações que a língua pode apresentar ao longo de um de- terminado período de tempo. As palavras utilizadas no passado que hoje em dia caíram em desuso são chamadas de "arcaísmos", como: ceroula (cue- ca longa), supimpa (interessante), fuá (confusão), macambúzio (carrancudo, triste), escambo (troca sem uso de moeda); mas também há palavras novas ou com sentidos renovados que são inseridas em nosso vocabulário, a es- sas palavras damos o nome de "neologismos", por exemplo: enxugamento (contenção de despesas), besteirol (bobagens), niver (aniversário), refri (refri- gerante), ficando (relacionamento sem compromisso); quando se introduz em uma língua palavras vindas de outros idiomas, temos "estrangeiris- mos", como: surfista, hot-dog, xampu, abajur, jeans; b) Sociocultural: são usos diferenciados da língua por pessoas de idades, profissão, sexo, grau de escolaridade e condição social diferentes. Por fa- zer parte da linguagem de diferenciados grupos, esse tipo de variação não compromete a comunicação entre os Como exemplo, apresen- taremos dois termos utilizados por pessoas de faixas etárias diferentes: Um jovem quando quer se referir a um carro interessante, ele diz que veículo é "sinistro". Quando uma pessoa idosa se utiliza do mesmo termo, ela está querendo dizer que o carro é aterrorizante; c) Regional: são as variações que a língua apresenta de região para região devido às suas particularidades. Esse tipo de variação ocorre tanto na pro- núncia quanto no vocabulário. Tomemos por exemplo a palavra rapariga, que em Portugal quer dizer moça, donzela e no nordeste do Brasil, termo</p><p>26 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA é usado de forma pejorativa para designar uma mulher que vive com um homem casado, ou o pão francês, que em determinadas regiões do Brasil é conhecido como cacetinho. SAIBA Aprenda mais sobre a variação linguística de nosso pais no MAIS livro "A geografia no Brasil" da autora Sílvia F. Brandão. Veja referência completa no final deste livro. É nóish! Uai! Tchê! Meu rei! meu! Figura 15 Variação linguística regional Fonte: 2012. As variações linguísticas não acontecem apenas na modalidade falada, ocor- rem também na modalidade escrita. Observe na fala das duas personagens da Figura 15; enquanto primeiro falante utiliza uma linguagem que obedece às regras da gramática tradicional, o segundo falante utiliza termos como: "dotô", "si", "fazê" e "nóis", ficando evidente o uso da variação linguística regional. É importante que as pessoas admitam a variação linguística livre de qualquer preconceito, uma vez que a variação linguística está presente e é um fator carac- terístico da maioria das línguas no mundo.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 27 CASOS E RELATOS Falha de comunicação A empresa Tijolo Certo está construindo um prédio residencial de 15 anda- res. Nesta obra trabalham diversos colaboradores, separados por funções, como pedreiros, serventes, pintores, instaladores, armadores, carpinteiros e outros. Todos os serviços acabam se conectando. Os envolvidos precisam se co- municar tempo todo para que as coisas funcionem bem. Henrique, que é o engenheiro responsável pela obra, procura manter comunicação eficien- te com toda a equipe e seguir atentamente o projeto. Mas nem sempre a comunicação é eficaz... Numa das reuniões, Henrique informou que a cor dos alpendres (cobertu- ras apoiadas em colunas sobre portas ou vãos) seria areia com tons de co- ral. Luiz, um dos pedreiros, entendeu que o alpendre deveria ser construído com areia. Elton, técnico em edificações, percebeu a falha grave de Luiz e rapidamente disse que ele estava enganado: Luiz, isso não pode acontecer. Usar apenas areia pode gerar um desaba- mento, e até morte..." Essa situação comprova a importância do processo de comunicação. Se receptor não entender bem a mensagem, a consequência pode ser desas- trosa.</p><p>28 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA RECAPITULANDO Você aprendeu que a comunicação resulta da interação entre dois ou mais indivíduos e que podemos nos comunicar através da fala, da escrita, da dança, da pintura, dos símbolos, dos gestos etc. Aprendeu também que a comunicação não é uma exclusividade humana. Os animais também se comunicam. que diferencia o homem das demais espécies é a fala, que é um ato individual e espontâneo. Fala e Língua não são a mesma coisa. Enquanto a primeira sofre influência de vários fatores, como: idade, região, sexo; a segunda é um ato coletivo, imposto pela sociedade e faz parte do patrimônio histórico e cultural de cada nação. A nossa Língua originou-se do latim vulgar, assim chamado por que era falado pelos soldados, colonos e comerciantes romanos que dominaram a península Aprendeu ainda que a depender da intenção do falante, a linguagem assu- me diversas funções que estão associadas aos elementos da comunicação, como está sendo mostrado abaixo: ELEMENTOS DA FUNÇÕES DE COMUNICAÇÃO LINGUAGEM EMISSOR EMOTIVA RECEPTOR CONATIVA MENSAGEM POÉTICA CANAL FÁTICA CÓDIGO METALINGUÍSTICA REFERENTE REFERENCIAL Figura 16 Relação entre os elementos da comunicação e as funções da Fonte: 2012. Para finalizar, você viu que a língua pode sofrer variações regionais, histó- ricas e socioculturais, não havendo certo ou errado na língua, desde que a linguagem cumpra sua função: estabelecer a comunicação.</p><p>2 COMUNICAÇÃO 29 Anotações:</p><p>Técnica de intelecção de texto 3 Antes de mais nada, vamos conhecer o significado do termo "intelecção"? Segundo o Dicio- nário Aurélio, intelecção é "o ato de entender, conceber, compreender" (FERREIRA, 1988). Logo, a intelecção de texto é o entendimento, a compreensão, a interpretação de forma abrangente, coletando todos os dados, todas as informações existentes. Para entender aquilo que se está lendo, o leitor deve atingir alguns níveis de leitura. Aqui apresentaremos dois deles: a informação, que é o primeiro contato do leitor com o texto, o momento onde todas as informações deverão ser extraídas com o objetivo de prepará-lo para a etapa seguinte que é a interpretação e a compreensão do texto, onde o leitor deverá ser capaz de reproduzir a ideia do texto. Interpretar um texto é ler nas entrelinhas aquilo que o autor quer nos transmitir; é explorar as ideias expostas; é parafrasear o texto, ou seja, escrever com outras palavras aquilo que o autor disse; é reproduzir as ideias do texto com as suas próprias palavras. Para que haja uma boa compreensão e interpretação de nossos textos, é fundamental que saibamos que eles se dividem em três modalidades: Modalidade Narração: relato de histórias reais ou imaginárias, envolvendo narrador, personagens, tempo e espaço. narrador é a voz que conta a história e pode ser de pessoa, ou seja, fazer parte da história ou ser de pessoa, não participar da história, contando apenas o que acontece ou o que as personagens fazem. Há momentos em que o narrador, embora não participe da história, sabe o que se passa no íntimo das personagens, revelando ao leitor o que elas estão pensando ou sentido. Nesse caso, dizemos que o narrador é onisciente. Exemplo de texto narrativo em pessoa: Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal. (BRAGA, 1960).</p><p>32 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA ARACATI: texto teatral assemelha-se ao narrativo quanto às Bom tempo. características, uma vez que o mesmo se constitui de ? VOCÊ fatos, personagens e história (o enredo representado), SABIA? que sempre ocorre em um determinado lugar, dispostos em uma sequência linear representada pela introdução (ou apresentação), complicação, climax e desfecho. Fonte: DUARTE, 2010. 2 ERIÇA: Arrepia. Exemplo de texto narrativo em pessoa: Martim vai a passo e passo por entre os altos juazeiros que cercam a cabana do Pajé. Era o tempo em que doce chega do mar, e derrama a deliciosa frescura pelo árido sertão. A planta respira; um suave arrepio a verde coma da floresta. cristão contempla o ocaso do sol. A sombra, que desce dos montes e cobre o vale, penetra sua alma. Lembra-se do lugar onde nasceu, dos entes queridos que ali deixou. Sabe ele se tornará a vê-los algum dia? (ALENCAR, 1997). Modalidade Descrição: apresentação, de forma objetiva ou subjetiva, das características de alguém ou de alguma cena, objeto, paisagem etc. Exemplo de texto descritivo com descrição objetiva: Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tran- ças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e queixo largo. (ASSIS, 1997).</p><p>3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 33 Figura 17 Rapaz admirando a beleza da pretendente. Fonte: SENAI, 2012. Você observou que apenas foram descritas as características físicas da perso- nagem, daí a descrição ser denominada de objetiva, pois nesse tipo de descrição, o ser, a cena, o objeto são apresentados como realmente são. Exemplo de texto descritivo com descrição subjetiva: Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe rosto, parte do colo e da cabeça, coberta por um lenço vermelho atado por trás da nuca. Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocên- cia de beleza Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe nas pálpebras, e compridos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces. Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado. (TAUNAY, 1998). No texto, a descrição é considerada subjetiva, porque além das características físicas, são encontrados elementos que são do íntimo da personagem, ou seja, na descrição subjetiva há maior participação da emoção de quem escreve.</p><p>34 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA Modalidade Dissertação: é um texto que tem por objetivo debater, argu- mentar, expor ideias a respeito de um assunto, defendendo uma tese, um ponto de vista. Exemplo de texto dissertativo: Vida ou morte A grande produção de armas nucleares, com seu potencial destrutivo, não é uma garantia de paz e sim uma ameaça de destruição total, pois elas criaram uma situação impar na história da humanidade: pela primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente a sua própria raça da face do planeta. A capacidade de destruição das novas armas é tão grande que, se fossem usadas num conflito mundial, as consequên- cias de apenas algumas explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se chegar ao aniquilamento total da espécie humana. E não existiriam vencedores, porque, como todas as regiões seriam rapidamente atingidas pelos efeitos das explosões, seria impossível sobre- viver a tal conflito. Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da corrida armamentista e desviando para fins pacíficos os imensos recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os homens aprendem a conviver em paz, em escala mundial, ou simplesmente não haverá mais convivência de espécie alguma, daqui a algum tempo. (TUFANO, 1996). Ao analisarmos este exemplo, podemos perceber que os parágrafos são bem divididos: a) No primeiro parágrafo: autor apresenta tema que será desenvolvido ao longo do texto. b) No parágrafo seguinte: autor dá sequência ao texto trazendo argumentos que vão confirmar o que foi dito no parágrafo introdutório. Com base nesse argumento, o autor conclui o texto afirmando que a paz é a única forma de garantir a sobrevivência da espécie humana. c) Na conclusão, o autor não introduz novos argumentos, apenas retoma a ideia inicial para finalizar o texto.</p><p>3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 35 Quando analisamos um texto, penetramos na ideia do autor para compreen- der o que ele deseja transmitir. Para alcançarmos esse entendimento, devemos decompor o texto em partes buscando informações, verificando o seu vocabulá- rio, até chegarmos à compreensão da mensagem pretendida pelo autor. 3.1 ANÁLISE TEXTUAL Para termos sucesso na interpretação de texto, antes de qualquer coisa, deve- mos ter em mente que fazer uma análise é estudar todo o material, mesmo que esse estudo seja feito por partes. Na análise textual, o primeiro passo é a leitura do texto para se manter um contato inicial. Nesse primeiro momento a leitura pode ser superficial; o leitor de- verá fazer anotações dos vocábulos desconhecidos, autores citados, informações sobre o próprio autor e outras dúvidas que surgirem ao longo do texto. Nada se sublinha, apenas são feitas anotações nas margens do texto. Figura 18 Análise do texto Fonte: 2012. Após a leitura inicial, o leitor deve procurar esclarecer as dúvidas fazendo uma investigação para buscar informações, consultando dicionários, enciclopédias etc. Em seguida, você deve fazer uma nova leitura do texto, agora com um olhar mais crítico, apurado, uma vez que suas dúvidas foram A análise textual tem por objetivo: a) Tornar a leitura menos cansativa; b) Oferecer informações; c) Ampliar o conhecimento; d) Enriquecer a leitura.</p><p>36 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 3.2 ANÁLISE TEMÁTICA Após o primeiro contato com texto, o leitor irá analisar a temática, para isso é importante que sejam feitas, a você mesmo, várias perguntas, tais como: De que trata texto? Como apresenta problema? Qual a argumentação utilizada? Qual a posição do autor frente ao problema? Qual a dificuldade a ser resolvida? As respostas devem fornecer o conteúdo da mensagem que o autor quer transmitir. A análise temática tem por objetivo elaborar um esquema sintetizando as ideias do autor. A partir da análise temática, faremos a análise interpretativa, ou seja, a inter- pretação do texto propriamente dita, assunto que veremos a seguir. 3.3 ANÁLISE INTERPRETATIVA Esse é o momento da interpretação. A partir desse momento o leitor terá con- dições de tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas para dia- logar com o leitor. Agora que você já tem os passos para interpretar um texto, cuidado para não cometer erros clássicos no momento da interpretação, tais como: extrapolação, redução e contradição. Por extrapolação, entende-se que na interpretação o leitor vai além da infor- mação contida no texto. Já na redução, o leitor se apega a determinada parte do texto, limitando-se a ela, sem se ater às informações de todo o texto. No caso da contradição, o leitor interpreta o texto de forma contrária, ou seja, o texto transmite uma determinada informação que é entendida pelo leitor de forma adversa. SAIBA No livro "Produção textual, análise de gêneros e compreen- MAIS são" do autor Luíz Antônio Marcuschl. Veja referência com- pleta no final deste livro.</p><p>3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 37 Leia atentamente o texto a seguir e, em seguida, retire a ideia central. o MISTÉRIO que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência verdadeira. Aquele que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas, sentindo-se cheio de surpresa, esse já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso embora mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e radiantemente belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar é esta a experiência que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido pertenço aos homens profundamente religiosos. (EINSTEIN, 1981.) ? Figura 19 do mistério Fonte: SENAL Agora vamos ver como foi o seu entendimento do texto? Se você leu o texto e entendeu que a ideia central é a importância de Deus, da religião e da criação do universo, então cometeu o erro de extrapolação, pois segundo autor, "todo cientista precisa ser artista e religioso para compreender a natureza". Se após a leitura do texto, você afirmou que a ideia central é: a religião nasce do terror, cometeu erro de redução, porque para autor "a compreensão desses fenômenos ainda é muito elementar". E se no seu entendimento, você disse que a ideia central é: quem experimen- ta o mistério está com os olhos fechados e não consegue compreender a natureza, você cometeu o erro de contradição, uma vez que a mensagem que o autor quer transmitir é: "a experiência do mistério é um elemento importante para a arte". Caso você tenha concluído que a ideia central do texto é a beleza do mistério que nos impulsiona a novas descobertas, você está no caminho certo.</p><p>38 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA FIQUE Ao interpretar um texto, não devemos abrir mão das aná- ALERTA lises textual, temática e interpretativa, pois todas são im- portantes para um melhor entendimento do texto. Interpretar um texto não é um bicho de sete cabeças. Você só precisa seguir os passos que foram apresentados para não fugir à ideia do autor. Uma leitura atenta e informações a respeito do assunto são ingredientes fundamentais para uma boa interpretação de texto. Agora que você já exercitou um pouco a sua memória, vamos recapitular o que foi aprendido. CASOS E RELATOS Analisando o texto Preocupado com a dificuldade de interpretação dos colaboradores, o cor- po diretivo da construtora Cerâmica Azul, decidiu oferecer um curso de atualização gramatical. Precisamos melhorar, ou pelo menos, tentar melhorar o nível de com- preensão dos nossos colaboradores, especialmente os operários. Eles não conseguem entender instruções simples..." argumenta Otávio, um dos di- retores da empresa. Cristina, diretora de relações públicas, concorda: Quando você quiser, Otávio. Contratamos uma professora de português e iniciamos as aulas." Na primeira aula, a professora Renata começou falando das modalidades de redação, que são narração, descrição e dissertação. Falou também sobre os tipos de análise de um texto. Renata trabalhou um texto cujo título era "O homem como trabalhador e o trabalhador como e pediu para a turma: Classe, leiam atentamente, anotem palavras desconhecidas e outras vidas e identifiquem o tipo de análise que estou pedindo." José, carpinteiro, ansioso por ter voltado a estudar, participou ativamente: Professora, não tenho certeza, mas acho que é a análise textual." Isso, Zé, muito bem. Agora me digam, qual a modalidade desse texto?"</p><p>3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 39 José - Narração." Não, José. Esse texto é dissertativo, pois defende um ponto de vista." Após este curso, que durou trinta horas, os colaboradores da Cerâmica Azul aprenderam a distinguir as modalidades de redação e de análise de texto. Eles já conseguem analisar as ordens recebidas e evitar erros na atividade diária conforme a intenção da diretoria da empresa. RECAPITULANDO Nesse capítulo, você recebeu algumas dicas de como interpretar correta- mente um texto e os passos para a sua análise. Relembramos as modalidades básicas de redação: narração, descrição e dissertação. No texto narrativo há relato de histórias, reais ou imaginárias, que aconte- cem em um determinado tempo e espaço, envolvendo uma ou mais perso- nagens. narrador é um elemento importante nos textos narrativos, pois é a que conta a história. narrador pode participar da história (narrador em pessoa) ou pode apenas relatar os fatos, não participando da ria (narrador em pessoa). Há, ainda, o narrador onisciente, que é aquele que conhece as emoções e os sentimentos que se passam no interior das personagens. No texto descritivo, o autor descreve um ser, um objeto, uma cena de forma objetiva ou subjetiva. Na descrição objetiva, os seres, as cenas, os objetos são descritos como realmente são. Na descrição subjetiva, são transfigura- dos pela emoção de quem escreve. No texto dissertativo, autor discute, argumenta, questiona, defende um ponto de vista, apresentando argumentos sólidos para comprovar a sua tese, sempre com uma linguagem clara e objetiva. Vale ressaltar que um único texto pode apresentar várias modalidades de composição, por exemplo, um texto narrativo pode conter parágrafos des- critivos ou vice-versa.</p><p>Parágrafo 4 parágrafo é constituído por um ou mais períodos, que desenvolve uma ideia central, tam- bém chamada de nuclear, pois contém a informação principal do texto, seguida das ideias secundárias que servem para explicar o que foi dito na ideia central de forma abrangente, genérica. Este período serve para indicar mudança de pensamento. Deve estar ligado com a ideia anterior, desde que exista uma quebra suave da passagem de um pensamento para o outro. Se houver interrupção brusca do pensamento ocorrerá a perda da coesão textual. o parágrafo não obedece a uma estrutura rígida. Segundo Garcia (2000), pode haver dife- rentes tipos de estruturação de parágrafo, tudo dependendo, é claro, da natureza do assunto e sua complexidade, do gênero de composição, do propósito [...] e competência do autor, tanto quanto da espécie de leitor a que se destine o texto.</p><p>42 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 4.1 ESTRUTURA INTERNA Se você observar atentamente a estrutura de um parágrafo, vai perceber que ele é uma espécie de mini texto, pois contém: introdução (ideia central), desen- volvimento (ideias secundárias) e conclusão. parágrafo apresenta uma ideia núcleo, também chamada de ideia central; ideias secundárias, que desenvolvem a ideia central e a conclusão, que reafirma a ideia núcleo. Em parágrafos curtos, nem sempre temos a conclusão. Quando a central vem no início do texto seguido das ideias secundárias que irão confirmar o argumento inicial, dizemos que o raciocínio utilizado foi de- dutivo. Quando, inicialmente, surgem as ideias secundárias e só depois aparece a ideia central, dizemos que o raciocínio utilizado foi o indutivo. Observe os exem- plos abaixo: Exemplo 01: Parágrafo que contém raciocínio dedutivo: Em 1986, os veículos a álcool chegaram a represen- tar 98% da linha de produção. Os veículos a gasolina só eram disponíveis por encomenda. Devido a medidas na área financeira, a produção de carros a álcool hoje mal chega a da frota nova. Os que restam a álcool estarão em uso por curto tempo. programa foi exterminado. (VIDAL, 2000). Você pode observar que parágrafo tem início com a declaração do autor de que os veículos a álcool representavam no ano de 1986, 98% da linha de produ- ção. Em seguida, observamos as ideias secundárias que servem de suporte para confirmar que foi dito Logo, o autor do parágrafo partiu do geral para o particular, daí a denominação de raciocínio dedutivo. Exemplo 02: Parágrafo que contém raciocínio indutivo: Figura 20 Aristóteles Fonte: 2006.</p><p>4 PARÁGRAFO 43 Todo homem é Aristóteles é um homem. Logo, Aristóteles é mortal. (AUTORIA LIVRE). Nesse parágrafo, você observa que são apresentadas particularidades sobre o tema para, em seguida, haver uma generalização, isto é, o autor vai do particular para o geral, dos exemplos para a regra, induzindo o leitor a uma determinada conclusão. tópico frasal é a frase que contém a ideia central e pode se apresentar de diferentes maneiras no texto. Vamos conhecer que formas são estas? 1 Declaração: quando partimos de uma afirmação ou de uma negação e, em seguida, justificamos o que foi declarado inicialmente. Veja o exemplo: Tema exemplo: LIBERAÇÃO DA MACONHA É um grave erro a liberação da Provocará de imediato violenta elevação do consumo. Estado per- derá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. (CORAZZA, 1995). 2 Definição: quando o objeto em questão é conceituado, definido. Veja o exemplo: Tema exemplo: o MITO o mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana. (ARANHA; MARTINS, 1992). 3 Divisão: quando há uma sequência de elementos ou itens que serão de- senvolvidos no mesmo parágrafo. Veja o exemplo: Tema exemplo: EXCLUSÃO SOCIAL Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre</p><p>44 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA POLÊMICO: o problema da exclusão social: a de que ela deva ser enfren- tada apenas pelo poder político e a de que a sua superação envolva muitos recursos Experiências relata- das nesta folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços 2 do poder público e ampla participação da iniciativa privada. 1996). 4 Oposição: utilizado para temas onde há um confronto de ideias, geralmente o tema é apresentado para em seguida expormos os aspectos favoráveis e os aspectos contrários. Veja o exemplo: Tema: A EDUCAÇÃO NO BRASIL De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esqueci- dos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computa- dores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É esse o paradoxo que vive hoje a educação do Brasil. (FEIJÓ, 1985). 5 Uma frase nominal seguida de explicação: uma frase que possua uma afirmação ou negação seguida de explicação a respeito do que se afirmou ou negou. Tema: A EDUCAÇÃO NO BRASIL Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Edu- cação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do ano do grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Edu- cação Básica), que ainda avaliou estudantes da série e da série do grau em todas as regiões do território nacional. (A EDUCAÇÃO... 1996). 6 Citação de forma indireta: esse método é utilizado quando não lembra- mos na uma citação. Veja exemplo: Tema: COMUNISMO Para Marx, a religião é o ópio do povo. Raimond Aron deu o troco: marxismo é ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo in às compras. Como as mo- das americanas são contagiosas, é bom ver do que se trata. (CASTRO, 1996).</p><p>4 PARÁGRAFO 45 De acordo com o público leitor e o tipo de redação, a extensão do parágrafo pode ser dividida em: a) Longa; b) Média; c) Curta. Os parágrafos curtos são recomendados para leitores iniciantes, por não pos- maior contato com a leitura, os leitores cansam-se Esse tipo de parágrafo também é utilizado intercalando parágrafos longos para dar movimen- to ao texto. Já os parágrafos médios, muito comuns em livros didáticos, são destinados a um público de nível intermediário, possuem de 50 a 150 palavras. Os parágrafos longos são destinados a um público leitor diferenciado, pois devido à extensão, faz-se necessário maior capacidade para acompanhar o racio- cínio do autor. Esse tipo de parágrafo é utilizado em textos científicos ou acadê- micos, onde são apresentadas várias explicações complexas. Independente da sua estrutura ou dimensão, o parágrafo deve sempre trans- mitir uma mensagem com clareza, concisão, coesão e coerência, assuntos que estudaremos a seguir. SAIBA No livro "A redação pelo parágrafo" do autor Luiz Carlos Fi- MAIS queiredo. Veja referência completa no final deste livro. 4.2 UNIDADE INTERNA Na construção de um texto, faz-se necessário que os parágrafos estejam inter- ligados, para isso alguns elementos são necessários, como: coerência, coesão, concisão e clareza. A coerência textual é a relação das ideias com objetivo de se estabelecer uma unidade para o texto, ou seja, é que faz com que o texto tenha sentido para o leitor. Para que haja coerência, faz-se necessário que haja uma relação entre todos os elementos do texto</p><p>46 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 3 ENCADEAMENTO: Observe um exemplo onde a frase não apresenta coerência: Dependência de coisas homogêneas; conexão; As crianças estão bastante desnutridas, isso se deve às riquez- concatenação. as do nosso país. (SENAI, 2012). Como crianças podem estar desnutridas se o país é rico? Não há uma lógica, uma coerência na frase acima apresentada, uma vez que se o país é rico, não de- veria existir a fome, principalmente, entre crianças. A coesão é o elo das ideias em um texto, tornando a leitura mais fácil. Essa coesão se dá através de conectivos, também chamados de ele- mentos relacionadores, que retomam que foi dito anteriormente ou dão ência às ideias apresentadas. Os conectivos são os responsáveis pelo encadeamento das ideias, ser- vindo como elo entre parágrafos e/ou períodos, evitando um texto confuso, sem coerência. São exemplos de conectores: pronomes relativos, conjunções, advérbios, preposições, palavras denotativas. Esses conectores não são obrigatórios no texto, mas podemos encontrá-los a partir do 2° parágrafo. Exemplo de um parágrafo e suas divisões: Nesse contexto, é um grave erro a liberação da macon- ha. Provocará de imediato violenta elevação do consu- mo. Estado perderá o precário controle que ainda ex- erce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura sufi- ciente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. (CORAZZA, 1995. Adaptado). Quando dividimos o texto percebemos todos os elementos estudados: a) Elemento relacionador: "Nesse contexto"; b) Tópico frasal: "é um grave erro a liberação da maconha"; c) Desenvolvimento: "Provocará de imediato violenta elevação do consumo. Estado perderá precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda";</p><p>4 PARÁGRAFO 47 d) Conclusão: "Enfim, viveremos o caos". (MOURA, 2004). A concisão é o "enxugamento" das palavras e/ou ideias consideradas desne- cessárias para transmitir uma informação. Um texto conciso é aquele que diz mui- to em poucas palavras. Observe exemplo: A largada da corrida de São Silvestre será na Avenida Paulista. A chegada da corrida acontecerá, também, na Avenida Paulista. (AUTORIA LIVRE). Para obter um texto conciso, você só precisaria dizer: A largada e a chegada da corrida de São Silvestre serão na Avenida Paulista. (AUTORIA LIVRE). Agora que você já estudou alguns dos principais elementos do texto, apresen- taremos os tipos de parágrafos. 4.3 TIPOS DE PARÁGRAFOS Como dissemos inicialmente, o parágrafo é uma espécie de mini texto. Logo, assim como os textos, pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo. Parágrafo narrativo: faz um relato, real ou fictício4, de fatos, ações que ocor- reram em um determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e até mesmo o próprio narrador, que é a voz que conta a história; Parágrafo descritivo: envolto em adjetivos, descreve cenas, objetos, pesso- as, animais etc. Pode conter ou não as emoções de quem escreve o texto. Se a descrição for imparcial, isto é, não contiver as emoções do autor, dizemos que a descrição é objetiva, mas se no ato da descrição, o autor colocar as suas emoções, a descrição será subjetiva; Parágrafo dissertativo: esse tipo de parágrafo está dividido em: introdução, que é a apresentação do assunto; desenvolvimento, onde são apresentadas as ideias secundárias que servem para confirmar que está sendo dito na introdu- ção e conclusão, que é fechamento do texto.</p><p>48 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 4 FICTÍCIO: Em um mesmo texto você pode ter mais de um tipo de Imaginário; ilusório; ! FIQUE parágrafo. Observe: se você está redigindo um texto onde ALERTA o parágrafo inicial é narrativo, você poderá introduzir, sem nenhum prejuízo, um parágrafo descritivo, ou vice-versa. Você viu que o parágrafo é um mini texto e assim como todo texto deve estar estruturado em partes (introdução, desenvolvimento e conclusão) e apresentar uma linguagem clara, objetiva, direta e coerente, evitando-se repetições desne- cessárias de palavras e um estilo rebuscado que, em alguns casos, poderá tornar seu texto confuso e ? VOCÊ "O símbolo para parágrafo, representado por equivale SABIA? a dois'esses'(S) unidos. Estas letras são as iniciais das palavras latinas na expressão 'signum sectionis', abreviatura que significa 'sinal de ou 'seção'. Este símbolo é o precur- sor da mudança de linha e do espaço hoje convencionalmente usados para se introduzir um novo parágrafo. Figura 21 do parágrafo Fonte: SENAI, 2012. Uma vez adotado atual sistema de indicação de parágra- fos em um texto, o símbolo § caju em desuso. Hoje, seu uso está basicamente restrito aos códigos de leis para indicar os parágrafos, que são normas inseridas "dentro dos artigos", como que regulando a norma expressa no caput do artigo. Por mais estranho que possa parecer os parágrafos únicos não são representados por este símbolo, mas escritos por extenso.</p><p>4 PARÁGRAFO 49 CASOS E RELATOS Coerência Roberval, auxiliar administrativo, 39 anos, muito tempo longe dos bancos escolares, resolve estudar Construção Civil numa instituição que oferece cursos primeiro módulo é Comunicação Técnica, o que preocu- pa Roberval, que nunca foi bom com as palavras. Teresa, professora de português, inicia a primeira aula explicando parágra- fo: Turma, parágrafo é o período que desenvolve a ideia central, também chamada de nuclear. Alguém sabe me dizer por que ela pode ser chamada de nuclear?" Roberval, tentando participar da aula, responde: Deve ter a ver com guerra nuclear..." A turma cai na gargalhada. Pra evitar constrangimentos, Teresa Gente, tem alguma coerência a observação do colega...Ele associou nu- clear à guerra, mas a resposta não é exatamente esta. É nuclear porque tem a informação principal do texto. Uma mesma palavra pode ter vários signi- ficados..." Assim, Roberval e o restante da turma ficaram sabendo o que é um parágra- fo e não esqueceram mais o conceito de ideia nuclear.</p><p>50 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA RECAPITULANDO parágrafo é uma unidade de composição, construído em torno de um ou mais períodos. Nele é apresentada uma ideia central, também chamada de tópico frasal, seguida das ideias secundárias que servirão para confirmar que foi dito anteriormente. Quando o tópico frasal inicia parágrafo, seguido das ideias secundárias, dizemos que o raciocínio é dedutivo; quando as ideias secundárias são apresentadas inicialmente e logo em seguida vem a ideia central, dizemos que raciocínio utilizado foi o indutivo. Acompanhe esquema: Raciocínio dedutivo Geral Particular Geral Particular Raciocínio indutivo Figura 22 Setas que indicam os raciocínios dedutivo e indutivo Fonte: 2012. No texto, os parágrafos podem ser longos, médios ou curtos, a depender da informação que autor queira transmitir e do seu público leitor. Mas independente da sua estrutura ou extensão, parágrafo deve ser coeso, claro, coerente e conciso.</p><p>4 PARÁGRAFO 51 Anotações:</p><p>Técnica de redação 5 Técnica de Redação é um conjunto de métodos utilizados para facilitar o ato de redigir, de expressar ideias através da escrita. Mas de nada adianta dominar todas as técnicas, se o redator não tiver habilidade e conhecimento prévio daquilo que vai escrever. Portanto, para a redação de um bom texto, a leitura é imprescindível. As regras gramaticais também devem ser sempre respeitadas, evitando-se erros de grafia, acentuação, pontuação e concordância. Não há uma receita pronta para se redigir um texto, mas apresentaremos aqui algumas dicas para você estruturar e organizar melhor o seu texto. Lembre-se: para escrever um bom texto você só precisa de prática, informação e motiva- ção.</p><p>54 COMUNICAÇÃO E REDAÇÃO TÉCNICA 5.1 ESTRUTURA Nas sociedades letradas, a capacidade de escrever é determinante para o aces- so ao conhecimento sistematizado, às oportunidades de trabalho e à participação política e social. Figura 23 - Técnicas de redação Fonte: SENAI, 2012. Escrever é mais que conhecer o alfabeto ou saber assinar o nome. É saber antes de tudo para que serve a escrita e o que se quer com ela. Mas não se produzem textos apenas escrevendo. Também por meio da fala interagimos e produzimos sentidos. (BARRETO, 2010). Hoje em dia, muitas pessoas têm dificuldades em produzir um bom texto, o que acaba fechando muitas portas para mundo do trabalho. Saber escrever bem e com clareza é um diferencial para profissionais de qualquer área. Antes de começar a produzir um texto, coloque-se no lugar do destinatário e adapte o seu nível de linguagem à capacidade de recepção do outro, para que a comunicação se efetue de forma clara. Ao escrever, faça perguntas como: a) que you escrever? b) Para quem escrever? c) Que época estarei retratando? d) Como transmitir a informação que desejo? e) Para que região escreverei?</p><p>5 TÉCNICA DE REDAÇÃO 55 f) Por que escrever? sucesso de toda redação dependerá de uma comunicação eficiente. A co- municação imprecisa, ambígua e confusa causa o descrédito de quem a redigiu. Portanto, em seus textos, utilize sempre uma linguagem compreensível, ex- pressões educadas e de gentileza, palavras elegantes que agradem ao leitor. Pro- cure evitar as abreviações e palavras, a depender da situação, muito SAIBA No livro Técnica de Redação dos autores Soares, Campos e MAIS Veja referência completa no final deste livro. 5.2 ARGUMENTAÇÃO Um tipo de texto bastante utilizado é o argumentativo. A argumentação é um recurso que tem por objetivo convencer alguém a respeito de um determinado assunto, defender uma tese, um ponto de vista, utilizando argumentos que irão levar o leitor ou o ouvinte a concordar com a posição que está sendo adotada. Argumentar também é fundamental para exercício da cidadania, uma vez que a vida em sociedade exige dos seres humanos um posicionamento em rela- ção ao mundo em que vivem, e isso envolve, cotidianamente, uso da argumen- tação. Utilizamos a argumentação em carta aberta, carta de ? SABIA? solicitação, carta de reclamação, editorial, debate, mani- festo e artigo de opinião. Há diferentes tipos de argumentos: a) Argumentação por citação: Para dar credibilidade ao nosso texto, faze- mos uso das citações de pessoas consagradas no assunto. Observe o exemplo a seguir. Assim parece ser porque, para Piaget (1994, p. 11), "toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que indivíduo</p>

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