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<p>CAPÍTULO II</p><p>DAS PESSOAS</p><p>2.1 CONCEITO DE PESSOAS</p><p>No âmbito do direito, uma pessoa é todo ente ou organismo susceptível de adquirir direitos e</p><p>contrair obrigações, que tornar-se por fim o sujeito de direito, ou seja, o sujeito de um dever jurídico,</p><p>de uma pretensão com o poder de fazer valer o cumprimento do dever jurídico através de uma ação,</p><p>e são divididas em:</p><p>a) Natural: corresponde ao ser humano dotado de razão, de inteligência, com capacidade de</p><p>entender, de portar-se e submeter-se segundo uma lógica</p><p>1</p><p>.</p><p>b) Jurídica: é o agrupamento de pessoas que se reúnem para a realização de um</p><p>determinado fim.</p><p>Porém, no campo jurídico, pessoa é um ente físico, que a lei lhe atribui direitos e obrigações,</p><p>como se pode verificar na citação de Maria Helena Diniz</p><p>2</p><p>:</p><p>“Pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo</p><p>sinônimo de sujeito de direito. Sujeito de direito é aquele que é sujeito de um</p><p>dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de</p><p>fazer valer, através de uma ação, o não cumprimento de um dever jurídico, ou</p><p>melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial.”</p><p>Por ser de grande importância as construções jurídicas, o Código Civil se inicia com a</p><p>regulamentação referente às PESSOAS em sua parte geral e entre os artigos 1º a 69 mostra as</p><p>condutas a serem seguidas e os direitos a eles inerentes em nosso ordenamento jurídico tanto pelas</p><p>pessoas naturais quanto pelas pessoas jurídicas.</p><p>Pessoas Naturais: arts. 01 ao 39.</p><p>CÓDIGO CIVIL</p><p>Pessoas Jurídicas: arts. 40 ao 69.</p><p>2.2 DAS PESSOAS NATURAIS</p><p>As pessoas “naturais” ou “físicas”correspondem ao ser humano dotado de razão</p><p>(personalidade), de inteligência, de capacidade de entendimento e de viver em sociedade conforme</p><p>as regras por ela impostas na medida de seu entendimento.</p><p>A pessoa física é o ponto de partida e o alvo, direto ou indireto, de todas as construções</p><p>jurídicas. Antes de buscarem as fórmulas legislativas, para a regência dos fatos em geral, é</p><p>1</p><p>RIZZARDO, Arnaldo. Parte geral do Código Civil. 5ª ed. São Paulo: Editora Forense.</p><p>2</p><p>DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Parte Geral. São Paulo: Saraiva, p. 113.</p><p>http://conceito.de/pessoa</p><p>necessário que se investigue o ser dotado de razão, a fim de se revelar a sua natureza, índole,</p><p>anseios, valores</p><p>3</p><p>.</p><p>Assim conceitua Paulo Nader</p><p>4</p><p>:</p><p>“É o ser dotado de razão e portador de sociabilidade, condição que o leva a</p><p>convivência. Por sua constituição corpórea, integra o reino da natureza e se</p><p>sujeita às leis fiscais em geral”.</p><p>2.3 DA PERSONALIDADE</p><p>A personalidade constitui um conjunto próprio de características da pessoa, e encontra</p><p>fundamento legal no artigo 2º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 2º – A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;</p><p>mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.</p><p>Assim a personalidade civil é a aptidão da pessoa para adquirir direitos e contrair</p><p>obrigações, sendo reconhecida a todo ser humano e independe da consciência ou vontade do</p><p>indivíduo, abrangendo inclusive os recém-nascidos, loucos e doentes inconscientes, tendo como</p><p>duração enquanto durar sua vida.</p><p>A viabilidade no Direito Brasileiro é a aptidão para a vida, não importando as anomalias e</p><p>deformidades que apresente, pois, a possibilidade de exigência de forma humana fere gravemente o</p><p>Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, basilar e norteador do nosso ordenamento jurídico, bem</p><p>como tantos outros princípios constitucionais que regem a proteção à personalidade do indivíduo.</p><p>A personalidade tem como características:</p><p>a) Erga Omnes/ Absoluta: é oponível contra todos, impondo a coletividades o dever de</p><p>respeitá-las.</p><p>b) Generalidade: são outorgadas a todas as pessoas pelo simples fato de existirem.</p><p>c) Extra-patrimonialidade: não possuem conteúdo patrimonial direto, não podem ser</p><p>auferidos objetivamente.</p><p>d) Indisponibilidade: nem por vontade própria do indivíduo o direito a personalidade pode</p><p>mudar de titular.</p><p>e) Imprescritibilidade: não possui prazo de vencimento, portanto não se extinguindo pelo</p><p>seu não-uso.</p><p>f) Impenhorabilidade: não são passíveis de penhora.</p><p>h)Vitaliciedade: são inatos e permanentes, e acompanham a pessoa desde seu nascimento</p><p>até sua morte.</p><p>3</p><p>NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 4ª ed. São Paulo: Editora Forense.</p><p>4</p><p>Paulo Nader. Curso de Direito Civil. Parte Geral. 4ª ed., São Paulo: Editora Forense.</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_subjetivo</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Obriga%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_humano</p><p>2.4 DA PROTEÇÃO AO NASCITURO</p><p>Nascituro significa “o ente concebido, embora não nascido”, é um ente em expectativa, e por</p><p>isso gera tanta polêmica, já que o mesmo pode vir a não nascer com vida.</p><p>Para o Direito brasileiro, não há personalidade antes do nascimento com vida, ou seja, a</p><p>personalidade somente será adquirida a partir do momento em que o recém-nascido passa a</p><p>respirar, tornando-se então, sujeito de direito, prevista no artigo 2º, caput, do Código Civil, mesmo</p><p>que venha a falecer minutos após.</p><p>A segunda parte do artigo 2º do Código Civil, assevera que “a lei põe a salvo, desde a</p><p>concepção, os direitos do nascituro”, assim existem vários institutos que salvaguardam os direitos</p><p>dos nascituros, como por exemplo:</p><p>a) Lei nº 8.560/1992, artigo 7º: assegura ao nascituro o direito a alimentos provisionais ou</p><p>definitivos.</p><p>“Art. 7º: sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a</p><p>paternidade, nela se fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do</p><p>reconhecido que deles necessite.”.</p><p>b) Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos 7º e 8º: O Estado tem a obrigação de</p><p>prover um desenvolvimento digno e sadio ao nascituro e a mãe tem direito a realização do</p><p>atendimento pré e perinatal.</p><p>“Art. 7º - A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde,</p><p>mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento</p><p>e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”.</p><p>“Art. 8º - É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o</p><p>atendimento pré e perinatal”.</p><p>c) Código Penal, artigos 124 a 126:A proteção da integridade física do nascituro se revela</p><p>no Direito Penal, quando se há tipificação do crime de aborto.</p><p>“Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho</p><p>provoque:</p><p>Pena-detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.”</p><p>d) Código Civil, artigo 524: receber doação.</p><p>“Art. 542 - A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu</p><p>representante legal”.</p><p>e) pode ser beneficiado por legado e herança:</p><p>“O nascituro poderá receber bens por doação ou por herança, mas o direito de</p><p>propriedade somente incorporará em seu patrimônio se nascer com vida,</p><p>mesmo que faleça logo em seguida, hipótese em que os bens, recebidos por</p><p>liberalidade, transmitir-se-ão aos seus sucessores. Se nascer morto, caduca</p><p>estará à doação ou a sucessão legítima ou, ainda, a testamentária. Enquanto</p><p>estiver na vida intrauterina seus pais ou o curador ao ventre serão meros</p><p>guardiães ou depositários desses bens doados ou herdados, bem como se</p><p>seus frutos e produtos. Logo, não são usufrutuários; deverão guardá-los sem</p><p>deles gozar”</p><p>5</p><p>f) Código Civil, artigo 1779: pode ser nomeado curador para a defesa dos seus interesses.</p><p>“Art. 1.779 - Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a</p><p>mulher, e não tendo o poder familiar”.</p><p>2.4.1 TEORIAS PROTECIONISTAS DO NASCITURO</p><p>Entre as teorias mais importantes que falam sobre o nascituro, são três teorias as mais</p><p>discutidas sobre o reconhecimento da personalidade civil ao nascituro:</p><p>a) Teoria Natalista: prevista na primeira</p><p>parte do artigo 2º do Código Civil, dispõe que a</p><p>personalidade jurídica começa com o nascimento com vida, o que traz a conclusão de que o</p><p>nascituro não é pessoa, portanto, tem apenas expectativa de direitos. Nega seus direitos</p><p>fundamentais, tais como, o direito à vida, à investigação de paternidade, aos alimentos, ao nome e</p><p>até a imagem.</p><p>Adeptos: Silvio Rodrigues, Caio Mario da Silva Pereira, San Tiago Dantas e Silvio de Salvo</p><p>Venosa.</p><p>b) Teoria Concepcionista: tem influência no direito francês, e está prevista na segunda parte</p><p>do artigo 2º do Código Civil, e retrata que a personalidade civil da pessoa natural já existe no</p><p>nascituro, sem necessidade do preenchimento de nenhum outro requisito e desse modo, a</p><p>personalidade jurídica da pessoa natural é adquirida desde a concepção.</p><p>Adeptos: Pontes de Miranda, Rubens Limongi França, Pablo StolzeGagliano, Rodolfo</p><p>Pamplona Filho, Maria Helena Diniz, Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua.</p><p>c) Teoria da "Personalidade Condicionada": afirma que a personalidade jurídica começa</p><p>com a concepção, mas os direitos estão sujeitos a uma condição suspensiva, mas só ao nascer,</p><p>adquire completa personalidade.</p><p>Adeptos: Washington de Barros Monteiro, Miguel Maria de Serpa Lopes, Clóvis Beviláqua e</p><p>Arnaldo Rizzardo.</p><p>Por fim, independentemente da teoria adotada, segundo Oliveira e Queiroz</p><p>6</p><p>, é consenso</p><p>entre os doutrinadores de que o nascituro é um ser vivo e que tem direitos desde a sua concepção,</p><p>seja na forma de expectativa tutelável, pela teoria natalista, seja na forma suspensiva, pela teoria da</p><p>personalidade condicionada, ou seja, na forma plena, pela teoria verdadeiramente concepcionista.</p><p>5</p><p>DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2011, p.230.</p><p>6</p><p>OLIVEIRA, José Sebastião de. QUEIROZ, Meire Cristina. A tutela dos direitos do nascituro e o biodireito. Disponível.</p><p>http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/brasilia/11_378.pdf, acessado dia 12.09.2013.</p><p>Importante ressaltar que, em que pese às diferenças apontadas pelas correntes, é</p><p>sustentado pelo Código Civil brasileiro que teoria majoritariamente adotada é a TEORIA NATALISTA,</p><p>mais com forte influência doutrinária e jurisprudencial relacionada à TEORIA CONCEPCIONALISTA,</p><p>em que o nascituro é pessoa humana desde a concepção e tem seus direitos resguardados pela lei,</p><p>como tem também na recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Em notório julgado foi</p><p>reconhecido dano moral ao nascituro, pela morte de seu pai ocorrida antes do seu nascimento:</p><p>Ementa:Direito Civil. Acidente automobilístico. Aborto. Ação de</p><p>Cobrança. Seguro obrigatório. DPVAT. Procedência do pedido.</p><p>Enquadramento jurídico do nascituro. Art. 2º doCódigo Civilde 2002.</p><p>Exegese sistemática. Ordenamento jurídico que acentua a condição de</p><p>pessoa do nascituro. Vida intrauterina. Perecimento. Indenização</p><p>devida. Art. 3º, inciso I, da Lei n. 6.194/1974. Incidência. (RECURSO</p><p>ESPECIAL Nº 1.415.727 - SC (2013/0360491-3)</p><p>O Superior Tribunal de Justiça, interpretando a Lei nº 6.194/74 também reconheceu que cabe</p><p>pagamento de indenização do seguro obrigatório por acidente de trânsito (DPVAT) pela morte do</p><p>nascituro. Como se percebe, o feto foi tratado pelo acórdão como pessoa humana, o que é</p><p>merecedor de elogios:</p><p>“Recurso especial. Direito securitário. Seguro DPVAT. Atropelamento de</p><p>mulher grávida. Morte do feto. Direito à indenização. Interpretação da Lei n.</p><p>6194/74. 1. Atropelamento de mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por</p><p>via pública, acarretando a morte do feto quatro dias depois com trinta e cinco</p><p>semanas de gestação. 2. Reconhecimento do direito dos pais de receberem a</p><p>indenização por danos pessoais, prevista na legislação regulamentadora do</p><p>seguro DPVAT, em face da morte do feto. 3. Proteção conferida pelo sistema</p><p>jurídico à vida intrauterina, desde a concepção, com fundamento no princípio</p><p>da dignidade da pessoa humana. 4. Interpretação sistemático-teleológica do</p><p>conceito de danos pessoais previsto na Lei n. 6.194/74 (arts. 3.0 e 4.º). 5.</p><p>Recurso especial provido, vencido o relator, julgando-se procedente o pedido"</p><p>(STJ, REsp 1120676/SC, 3.ª Turma, Rei. Min. Massami Uyeda, Rel. P/ Acórdão</p><p>Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 07.12.2010, DJe 04.02.2011).</p><p>IMPORTANTE: Nascituro não se confunde com Concepturo e o Natimorto.</p><p>- CONCEPTURO: é também chamado de prole eventual, é aquele que nem concebido foi;</p><p>- NATIMORTO: é o nascido morto que deverá ser registrado em livro próprio do Cartório de</p><p>Pessoas Naturais, conforme o artigo 53 da Lei nº 6015/73 e oEnunciado nº 1 da Primeira Jornada de</p><p>Direito Civil, in verbis:</p><p>“Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na</p><p>ocasião do parto, será não obstante, feito o assento com os elementos que</p><p>couberem e com remissão ao do óbito”.</p><p>“Art. 2º: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no</p><p>que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e</p><p>sepultura”.</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109265/lei-do-seguro-dpvat-de-1974-lei-6194-74</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127799/lei-do-seguro-dpvat-lei-8441-92</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127799/lei-do-seguro-dpvat-lei-8441-92</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109265/lei-do-seguro-dpvat-de-1974-lei-6194-74</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127799/lei-do-seguro-dpvat-lei-8441-92</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109265/lei-do-seguro-dpvat-de-1974-lei-6194-74</p><p>2.5 DA CAPACIDADE</p><p>Capacidade é a medida jurídica da personalidade, ou seja, para ser capaz, o ser humano</p><p>precisa preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de uma</p><p>relação jurídica e encontra-as fundamentada no artigo 1º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 1º – Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.</p><p>É toda capacidade é dividida em:</p><p>a) Capacidade de Gozo ou de Direito: é própria do ser humano, ele já nasce com ele e só a</p><p>perde quando morre, nenhum ser humano pode dela ser privado pelo ordenamento jurídico e não</p><p>pode ser tal capacidade recusada pela pessoa.</p><p>b) Capacidade de Exercício ou de Fato: é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil,</p><p>dependendo do discernimento, prudência, inteligência, juízo, devendo a pessoa saber distinguir o</p><p>lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial, e caso não preencham tais requisitos, serão</p><p>considerados INCAPAZES, e serão divididos em duas espécies: Absoluta e Relativa.</p><p>CAPACIDADE PLENA DIREITO + FATO</p><p>CAPACIDADE LIMITADA DIREITO – FATO = INCAPACIDADE</p><p>ABSOLUTA</p><p>INCAPACIDADE</p><p>RELATIVA</p><p>2.6 DA INCAPACIDADE</p><p>Existem pessoas que não possuem capacidade para exercer seus direitos, pois não possuem</p><p>o que chamamos de Capacidade de Fato, e são consideradas incapazes, ou seja, são restritas</p><p>legalmente ao exercício dos atos da vida civil, e que estão divididas em duas espécies:</p><p>a) Absolutamente Incapazes</p><p>b) Relativamente Incapazes</p><p>2.6.1 DOS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES</p><p>São absolutamente incapazes aquelas pessoas que não possuem aptidão para praticar</p><p>pessoalmente atos da vida civil, chamados de menores impúberes e serão representadas por 3ª</p><p>pessoa(TUTOR), já que estão completamente privados de agir juridicamente e encontra-se</p><p>fundamentado no artigo 3º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 3º – São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da</p><p>vida civil os menores de dezesseis anos”.</p><p>Assim, a lei considera os menores de 16 anos, pessoas inteiramente imaturas para atuar na</p><p>órbita do direito, pois dado seu desenvolvimento mental incompleto carecem de orientação e cuidado,</p><p>já que podem ser facilmente influenciadas, e com isto, quaisquer atos praticados pelos</p><p>absolutamente incapazes serão considerados nulos, conforme fundamenta o</p><p>inciso I do artigo 166</p><p>do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 166 – É nulo o negócio jurídico quando:</p><p>I – Celebrado por pessoa absolutamente incapaz; (...)”</p><p>2.6.2 DOS RELATIVAMENTE INCAPAZES</p><p>São considerados relativamente incapazes, chamados de menores púberes, aquelas</p><p>pessoas com capacidade de discernimento e autodeterminação reduzida, e encontra-se</p><p>fundamentado no artigo 4º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os</p><p>exercer:</p><p>I - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;</p><p>II - Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;</p><p>III – Aqueles que por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir</p><p>sua vontade;</p><p>IV - Os pródigos”.</p><p>Trata-se de pessoas queapresentam um grau de perfeição intelectual não desprezível, que se</p><p>mal influenciados podem ter um julgamento adequado das coisas, de maneira, que a lei, restringe sua</p><p>liberdade de ação dentro das atividades jurídicas, permitindo-lhes a prática desde que assistidos</p><p>(CURADOR) por seus pais ou terceiros.</p><p>I – Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos;</p><p>II – Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos: os ébrios habituais são as pessoas que</p><p>consomem bebida alcoólica de forma imoderada, por hábito ou vício de beber e viciados em tóxicos</p><p>devido ao constante uso de drogas, também possuem sua capacidade mental reduzida.</p><p>III – Aqueles que por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade: são</p><p>aquelas pessoas que se encontram me estado de paralisia mental total ou temporária, devendo</p><p>apresentar dois requisitos simultaneamente:</p><p>a) Caráter permanente ou temporário;</p><p>b) Impossibilidade de expressão da vontade.</p><p>IV –Os pródigos: é aquela pessoa que desordenadamente gasta e destrói suas finanças, dilapida</p><p>seu patrimônio, reduzindo-se a miséria por sua culpa, portanto, trata-se de um desvio</p><p>comportamental que acaba por se refletir em seu patrimônio, e logicamente atinge seu meio social e</p><p>familiar.</p><p>O artigo 1782 do Código Civil, a interdição não alcança seus atos pessoais, referindo-se</p><p>apenas aos atos que possam diminuir seu patrimônio, in verbis:</p><p>“Art. 1782 – A interdição do pródigo somente o privará de, sem curador,</p><p>emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser</p><p>demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração”.</p><p>Por fim, é importante ressaltar, que na assistência há a vontade do assistido (quando</p><p>possível) que deverá ser conjugada com aquele que lhe assiste, sendo que os atos praticados por</p><p>pessoas relativamente incapazes sem a devida assistência são considerados anuláveis, segundo o</p><p>inciso I do artigo 171 do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 171 – Além dos casos expressamente declarados em lei, é anulável o</p><p>negócio jurídico:</p><p>I – Por incapacidade relativa do agente;(...)”.</p><p>2.7 DA CAPACIDADE DOS INDÍGENAS</p><p>Os indígenas viveram por muito tempo excluídos da sociedade, mas com a criação da FUNAI</p><p>(1967) e do Estatuto do Índio (1973)iniciou-se uma política integracionista, que se fortaleceuatravés</p><p>do advento da Constituição Federal (1988)que ao reconhecer o caráter multicultural do país, trouxe</p><p>a proposta de uma era de respeito à diversidade étnica-cultural, e são vistos de 3 formas:</p><p>a) Isolados: quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos</p><p>informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional;</p><p>b) Em vias de integração:quando em contato intermitente ou permanente com grupos</p><p>estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas</p><p>práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão</p><p>necessitando cada vez mais para o próprio sustento;</p><p>c) Integrados: Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício</p><p>dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.</p><p>Assim, o Código Civil não deixou de proteger os indígenas, e por já existirem leis existentes</p><p>sobre o assunto, o mesmo simplesmente as indicou em seu artigo 4º, parágrafo único, in verbis:</p><p>“Art. 4º - (...)</p><p>Parágrafo único - A capacidade dos indígenas será regulada por legislação</p><p>especial”.</p><p>E são diversas as leis existentes que protegem e garantem os direitos dos indígenas:</p><p>a) Lei nº 5371/67 instituiu a FUNAI (Fundação Nacional do Índio):possui a finalidade de</p><p>coordenar e executar a política indigenista, além de proteger e promover os direitos dos povos</p><p>indígenas do país;</p><p>b) Lei nº 6001/73 (Estatuto do Índio): regiaa capacidade dos indígenas até a Constituição</p><p>Federal de 1988, e distinguia os índios, onde em seus termos, assim se visualizava:</p><p>- Não integrados: a FUNAI responderia pelos seus atos, bem como administraria</p><p>seus bens, entendendo-se, portanto, que os índios não integrados deveriam ser tutelados, ou</p><p>assistidos e representados pela União, através do órgão federal de assistência aos silvícolas;</p><p>- Integrados: previa a possibilidade do índio, através de requerimento ao juiz</p><p>competente e desde que preenchidos os requisitos exigidos, requerer sua liberação do regime tutelar,</p><p>investindo-se na plenitude da capacidade civil.</p><p>c) Constituição Federal de 1988: foi a primeira a dedicar um capítulo exclusivamente para</p><p>tratar da população indígena e seus direitos, propondo uma relação de igualdade de direitos e de</p><p>respeito às diferenças culturais e étnicas de toda sociedade nacional, sobretudo a indígena, conforme</p><p>previsto no artigo 231, verbis:</p><p>“Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,</p><p>línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que</p><p>tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer</p><p>respeitar todos os seus bens.”</p><p>- Competência para legislar: somente a União tem competência para legislar sobre</p><p>matérias direcionadas aos indígenas (art. 22/XIV);</p><p>- Legitimidade processual: é de competência da justiça federal(arts. 232 e 109/XI);</p><p>- Ministério Público Federal: é de sua responsabilidade garantir o direito dos índios e intervir</p><p>nos processos judiciais que digam respeito a seus direitos e interesses (art. 129/V);</p><p>d) Convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) nº 169: dispõe a</p><p>convenção que o direito dos povos indígenas de conservarem seus costumes e instituições próprias</p><p>não deverá impedir que os membros desses povos exerçam os direitos reconhecidos para todos os</p><p>cidadãos do país e assumam as obrigações correspondentes.</p><p>2.8 DA CESSAÇÃO DA MENORIDADE</p><p>A cessação da menoridade encontra-se fundamentada no artigo 5º do Código Civil, in</p><p>verbis:</p><p>“Art. 5º - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa</p><p>fica habilitada a prática de todos os atos da vida civil”.</p><p>Importante frisar que a capacidade é a regra, e a incapacidade é a exceção, pois a</p><p>incapacidade nada mais é que a restrição imposta às pessoas para a prática dos atos da vida civil e</p><p>assim, o legislador entendeu que na nossa atualidade quando a pessoa completa 18 anos passa a</p><p>possuir discernimento necessário para a prática de todos os atos da vida civil, com exceção das</p><p>incapacidades já discutidas acima.</p><p>2.9 DA EMANCIPAÇÃO</p><p>A regra é que a menoridade civil cessa aos 18 anos de idade completos, mas é possível que</p><p>a pessoa seja considerada capaz antes de completar tal idade através do instituto da emancipação,</p><p>fundamentado no parágrafo único do artigo 5º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 5º - (...)</p><p>Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade:</p><p>I - Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante</p><p>instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por</p><p>sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;</p><p>II - Pelo casamento;</p><p>III - Pelo exercício de emprego público efetivo;</p><p>IV - Pela colação</p><p>de grau em curso de ensino superior;</p><p>V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de</p><p>emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos</p><p>completos tenha economia própria”.</p><p>Assim, existem três possibilidades de emancipação:</p><p>a) Voluntária: manifestação de vontade (inciso I, primeira parte);</p><p>b) Judicial: decisão judicial (inciso I, segunda parte);</p><p>c) Legal: prevista em lei (incisos II, III, IV e V).</p><p>I – Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público,</p><p>independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o</p><p>menor tiver dezesseis anos completos: a primeira parte traz a espécie de emancipação</p><p>voluntária.Já a emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, depois de ouvido o tutor, se o</p><p>menor contar com 16 anos completos.</p><p>II – Pelo casamento:é uma espécie de emancipação legal onde com a devida autorização de</p><p>ambos os pais ou de seu representante legal poderá o menor a partir de 16 anos contrair matrimônio,</p><p>conforme fundamenta o artigo 1517 do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 1517 – O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-</p><p>se a autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais,</p><p>enquanto não atingida à maioridade civil”.</p><p>Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogarem a autorização, conforme</p><p>o artigo 1518 do Código Civil(Lei nº 13.146/2015), in verbis:</p><p>“Art. 1518 – Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar</p><p>a autorização”.</p><p>Outra modificação importante ocorreu no artigo 1520 do Código Civil (Lei nº 13.811/2019),</p><p>que proibiu o casamento daquele que ainda não atingiu a idade núbil, in verbis:</p><p>“Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não</p><p>atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.”</p><p>CUIDADO:</p><p>- Não se atinge a emancipação pela união estável;</p><p>- A capacidade obtida pelo casamento não será revogada em caso de divórcio;</p><p>- A emancipação será anulada com a anulação do casamento, devido os efeitos retroativos da</p><p>decisão anulatória.</p><p>- A Lei nº 11.106/2005 revogou os incisos VII e VII do artigo 107 do Código Penal que trazia o</p><p>casamento com a vítima como forma de extinção da punibilidade.</p><p>III – pelo exercício de emprego público efetivo: é uma espécie de emancipação legal, que ocorre</p><p>quando o menor é nomeado em caráter efetivo, adquirindo após tal efetivação pela capacidade civil,</p><p>observando que são considerados servidores públicos aqueles que possuem o caráter efetivo na sua</p><p>contratação, de maneira que sendo temporário o vínculo, não se justificaa emancipação.</p><p>Existe uma discussão entre a possibilidade ou não da investidura de cargo efetivo antes dos</p><p>18 anos de idade, pois a Constituição Federal em seu artigo 37, inciso I, determina que os cargos</p><p>públicos são acessíveis aos brasileiros que preenchem requisitos estabelecidos em lei, então,</p><p>qualquer restrição para ocupar cargo público tem que estar estabelecida em lei e constar no edital.</p><p>“Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos</p><p>princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência</p><p>e, também, ao seguinte:</p><p>I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que</p><p>preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,</p><p>na forma da lei; (...)”</p><p>Em regra, os editais trazem a idade mínima para a investidura do cargo em 18 anos, mas,</p><p>a jurisprudência tem demonstrado a possibilidade de investidura do cargo antes de completar a idade</p><p>estabelecida no edital e em lei.</p><p>“RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.659 - RS (2014/0151126-5). RELATOR:</p><p>MINISTRO HERMAN BENJAMIN. RECORRENTE: INSTITUTO FEDERAL</p><p>SULRIOGRANDENSE REPR. POR: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL</p><p>RECORRIDO: MARINA ROSA CELUFT. ADVOGADO: MARCO ANTONIO PAVAN</p><p>E OUTRO(S). EMENTA PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE</p><p>SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. AUXILIAR DE BIBLIOTECA. IDADE</p><p>MÍNIMA. EMANCIPAÇÃO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DA EXIGÊNCIA</p><p>LEGAL PARA EXERCÍCIO DA ATRIBUIÇÃO DO CARGO. INAPLICABILIDADE</p><p>DA SÚMULA 683/STF. 1. A Teoria do Fato Consumado tem sido rechaçada pela</p><p>jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em casos como o dos autos,</p><p>em que a participação do candidato no certame seletivo se dá de forma</p><p>precária, em virtude de decisão judicial. 2. O Supremo Tribunal Federal</p><p>consolidou sua jurisprudência quanto à constitucionalidade dos limites</p><p>etários, na súmula 683, segundo a qual: "O limite de idade para a inscrição em</p><p>concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição,</p><p>quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser</p><p>preenchido". 3. A exigência de idade mínima para o ingresso em cargo público</p><p>mediante concurso orienta-se no sentido de que o requisito etário deve ser</p><p>aferido no momento da posse, e não no da inscrição para o provimento do</p><p>cargo, por ser tal exigência relativa à atuação da função. Súmula 266/STJ. 4. O</p><p>requisito de idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza das</p><p>atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, principalmente porque a</p><p>impetrante possuía dezessete anos e dez meses na data da sua posse,</p><p>encontrava-se emancipada havia quatro meses e a atividade para qual foi</p><p>nomeada é plenamente compatível com sua idade, conforme entendeu o</p><p>Tribunal de origem.5. Recurso Especial não provido”.</p><p>“MS nº 36.422 - MT (2011/0267646-2) Rel: Ministro Sérgio Kukina. Rec: Gabriel</p><p>Cardim Pazim. Recd: Estado de Mato Grosso. EMENTA: Administrativo.</p><p>Concurso Público para formação de oficiais. Idade mínima. Regra editalícia.</p><p>Interpretação. Violação de princípios. Nulidade. RECURSO PROVIDO. 1. A</p><p>menos de 10 dias de completar 18 anos e já emancipado, o recorrente foi</p><p>eliminado do concurso para oficial da polícia militar, com fundamento em</p><p>cláusula do edital, porque não apresentava, na data de publicação, a idade</p><p>mínima requerida no instrumento convocatório. 2. A Lei n. 9.784/1999, que esta</p><p>Corte tem entendido aplicar-se aos Estados, como o Mato Grosso, que não</p><p>dispõem de lei própria para disciplinar o processo administrativo, delineia, no</p><p>seu artigo 2º, princípios a serem observados quando da execução dos</p><p>procedimentos. Portanto, a atividade administrativa deve pautar-se, dentre</p><p>outros, pelos princípios da razoabilidade, assim entendido como adequação</p><p>entre meios e fins, e do interesse público, como vetor de orientação na</p><p>interpretação de qualquer norma administrativa, inclusive editais. 3. No caso</p><p>ora examinado, o simples cotejo entre a norma legal inserta no texto do art. 11</p><p>da Lei Complementar Estadual n. 231/2005 e o instrumento convocatório é</p><p>bastante para afirmar que a restrição editalícia – 18 anos na data da matrícula</p><p>no curso de formação – decorreu de mera interpretação da Lei, que limitou a</p><p>idade para ingresso na carreira militar. Em outras palavras, o que a lei dispôs</p><p>como ingresso na carreira, foi interpretado pelo edital como data da matrícula</p><p>no curso de formação. 4. Essa interpretação foi aplicada com tal rigor no caso</p><p>concreto que, a pretexto de cumprir a lei, terminou por ferí-la, porque: (a)</p><p>desconsiderou a adequação entre meios e fins; (b) impôs uma restrição em</p><p>medida superior àquela estritamente necessária ao atendimento do interesse</p><p>público e, também por isso, (c) não interpretou a lei da forma que melhor</p><p>garantisse o atendimento do fim público a que se dirige. 5. O ato</p><p>administrativo de exclusão do impetrante, no contexto em que foi produzido,</p><p>violou o disposto no art. 2º, parágrafo único, incisos VI e XIII da Lei n. 9.784, de</p><p>29 de janeiro de 1999 e, em consequência, feriu direito líquido e certo do</p><p>impetrante. 6. Recurso provido”.</p><p>IV – Pela colação de grau em nível superior.</p><p>V – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência</p><p>de relação de emprego, desde</p><p>que, em função deles, o menor com dezesseis anos tenha economia própria: também é forma</p><p>de emancipação legal, onde tal só ocorrerá com o cumprimento de três requisitos: idade mínima de</p><p>16 anos, relação de emprego e economia própria.</p><p>a) O menor de 16 anos deverá ser representado pelo pai, mãe ou tutor;</p><p>b) O maior de 16 e menor de 18 anos:</p><p>- Não emancipado: poderá participar como sócio quotista assistido pelos pais;</p><p>- Emancipado: por qualquer das formas descritas o menor fica habilitado a todos os atos da</p><p>vida civil e não terá restrições para a participação em sociedades, associações e nem mesmo para</p><p>fazer parte da direção dessas organizações.</p><p>2.9.1 DA REVOGAÇÃO DA EMANCIPAÇÃO</p><p>Em regra, a emancipação concedida pelos pais é irrevogável a qualquer título, mas,</p><p>existem entendimentos contrários quanto o fim preterido pelos pais.</p><p>Como exceção de cunho doutrinário caberá a revogabilidade concedida pelos pais quando</p><p>ficar comprovado que o uso do instituto fora usado distorcendo o princípio basilar do melhor interesse</p><p>do menor, no caso dos pais que só o concederam para desobrigar-se do dever de prestar alimentos</p><p>ou simplesmente para proteger os pais da responsabilidade civil solidária e subsidiária pelos atos</p><p>cometidos por eles.</p><p>Como bem observa Fábio Ulhoa Coelho</p><p>7</p><p>, não tem validade e configura abuso de direito a</p><p>emancipação feita para prejudicar o interesse do menor, quando o ato volitivo dos pais foi apenas</p><p>para se furtarem da obrigação que a lei os imputa, afirmando que:</p><p>“Se os pais outorgam a emancipação ao menor que ainda não tem maturidade</p><p>suficiente para gerir seus negócios e o fazem apenas com o intuito de se</p><p>exonerarem de qualquer responsabilidade civil pelos atos do filho, o ato é</p><p>ilícito e anulável.”</p><p>2.9.2 DA RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL NA EMANCIPAÇÃO</p><p>Washington de Barros Monteiro afirma que a emancipação só pode ser concedida pelos pais</p><p>quando o único fim seja o interesse do emancipado</p><p>8</p><p>, assim a doutrina se encontra dividida, com duas</p><p>visões sobre a responsabilização civil:</p><p>a) Total responsabilidade: menor passa a ser responsável pelo dever de reparar os danos</p><p>causados a terceiros, sejam eles morais ou patrimoniais, excluindo-se os pais da responsabilidade</p><p>7</p><p>COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Civil. vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 167.</p><p>8</p><p>BARROS, Washington. BARROS, Washington. Curso de Direito Civil. Saraiva: São Paulo, 2006, p. 68.</p><p>subsidiária, assim, quando o jovem não possuir bens que respondam pela obrigação por ato ilícito, as</p><p>vítimas ficaram sem indenização por falta de recursos, não podendo ser acionados os pais em ação</p><p>judicial</p><p>9</p><p>.</p><p>b) Pais responsabilizados: os pais poderiam ser responsabilizados solidariamente</p><p>pelos danos causados, em vista que este seria o entendimento mais razoável para que a vítima não</p><p>fique sem ressarcimento.</p><p>2.10 EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL</p><p>A extinção da pessoa natural encontra fundamento no artigo 6º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se</p><p>esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de</p><p>sucessão definitiva”.</p><p>Somente se conclui extinta a pessoa com a sua morte, em geral, a parada cardiorrespiratória</p><p>com a cessação das funções vitais indica o falecimento do indivíduo, e a mesma deverá ser atestada</p><p>por um médico, mas na sua falta a possibilidade de duas testemunhas atestarem a morte da pessoa,</p><p>sendo que este fato deve ser levado a registro conforme reza a Lei dos Registros Públicos.</p><p>No instante em que a pessoa morre, cessa sua aptidão para ser titular de direitos, e seus</p><p>bens se transmite a seus herdeiros, conforme fundamenta o artigo 1784 do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 1784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos</p><p>herdeiros legítimos e testamentários”.</p><p>2.11 DA MORTE PRESUMIDA</p><p>Existe ainda a figura da morte presumida, que ocorre quando a pessoa desaparece de seu</p><p>domicílio, sem deixar representante ou procurador, e encontra-se fundamentada no artigo 7º do</p><p>Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:</p><p>I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;</p><p>II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for</p><p>encontrado até dois anos após o término da guerra.</p><p>a) PERIGO DE VIDA</p><p>I - Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida: achando-se</p><p>uma pessoa em perigo de vida, como no caso de acidente ou de moléstia de reconhecida gravidade,</p><p>e não havendo posteriormente notícias dela, nem sendo apurado se veio a falecer, será presumida a</p><p>sua morte.</p><p>9</p><p>DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil, p. 189.</p><p>b) DESAPARECIMENTO EM GUERRA</p><p>II – Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até</p><p>dois anos após o término da guerra: ocorre quando uma pessoa desaparece em campanha ou for</p><p>aprisionada pelo inimigo, e, terminada a guerra, não retorne nem seja encontrada até o prazo de 2</p><p>anos do término do confronto, podendo tratar-se de um militar servindo sob as bandeiras ou um civil,</p><p>já que a guerra moderna atinge também as populações civis, com bombardeios, campos de</p><p>concentração, aprisionamentos.</p><p>Assim, a presunção de morte resultará de procedimento judicial a ser requerido pelos</p><p>interessados onde depois de realizadas as buscas e as averiguações necessárias, e colhida às</p><p>provas satisfatórias, o juiz declarará a presunção da morte.</p><p>“Art. 7º - (...)</p><p>Parágrafo único - A declaração da morte presumida, nesses casos, somente</p><p>poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo</p><p>a sentença fixar a data provável do falecimento”.</p><p>2.12 DA COMORIÊNCIA</p><p>Aqui se encontra a situação jurídica da comoriência, que ocorre quando duas ou mais</p><p>pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se possa determinar qual deles faleceu em primeiro,</p><p>conforme fundamenta o artigo 8º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 8º - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se</p><p>podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-</p><p>se-ão simultaneamente mortos”.</p><p>Só surge a dúvida se mediante prova pericial ou por circunstâncias externas, não for possível</p><p>apurar qual falecimento precedeu ao outro, e neste caso de não se pode precisar a ordem</p><p>cronológica das mortes do comorientes, a lei firmará a presunção de haverem falecido no mesmo</p><p>instante.</p><p>Assim em caso de falecimento sem possibilidade de fixação do instante das mortes,</p><p>onde se fixa a presunção de óbito simultâneo, o que determinará a abertura de cadeias sucessórias</p><p>distintas, pois os comorientes não serão considerados sucessores entre si, e não haverá</p><p>transferência de bens entre eles.</p><p>“APELAÇÃO CÍVEL. SEGURO DE VIDA. CAPITAL SEGURADO. COMORIÊNCIA.</p><p>DIREITO QUE NÃO SE TRANSMITE A BENEFICIÁRIA. ILEGITIMIDADE ATIVA.</p><p>ART. 792 DO CÓDIGO CIVIL.1. No caso em exame, restando demonstrada a</p><p>comoriência entre a segurada e a beneficiária, esta não adquire o direito</p><p>referente ao contrato de seguro objeto do presente litígio, devendo a</p><p>indenização ser adimplida aos herdeiros daquela, de acordo com a regra civil</p><p>que regula a matéria. Necessidade de observar o disposto no art. 792 do</p><p>Código Civil.2. Assim, a legitimidade para o recebimento do capital segurado é</p><p>do marido e dos filhos da segurada. Impossibilidade de os autores pleitearem,</p><p>em nome próprio, direito alheio. Inteligência do art. 6º do Código de Processo</p><p>Civil. Negado provimento ao apelo.” (DES. JORGE LUIZ LOPES DO CANTO -</p><p>Presidente - Apelação Cível nº 70065203374).</p><p>“Apelação Cível nº 1.234.978-3, da 3ª Vara Cível do Foro Central da Comarca</p><p>da Região</p><p>Metropolitana de Curitiba. Rel: Desª IvaniseMaria Tratz Martins.</p><p>Revisor: Juiz Substitutoem 2º grau:Luciano Carrasco Falavinha Souza (em</p><p>substituição a Desª Denise Kruger Pereira). Direito civil. Ação</p><p>declaratóriadeInexistência decomoriência. Apelação Cível.</p><p>Sentençaque julgou procedente o pedido inicial. Acidente automobilístico</p><p>que levou a óbito pai e filhos. Artigo 8º, do Código Civil. Presunção legal</p><p>decomoriência, que comporta prova em contrário. Testemunhas presenciais</p><p>ao evento que comprovam que a morte do genitor precedeu a dos infantes.</p><p>Presunção legal que deve ser afastada. Sentença mantida. Recurso</p><p>conhecido e não provido.1. A comoriência é o instituto jurídico segundo o</p><p>qualincide a presunção legal, estabelecida no artigo 8º doCódigo Civil, de</p><p>morte simultânea, quando existemindivíduos que morrem num mesmo</p><p>evento, sem queseja possível estabelecer qual das mortes antecedeu</p><p>as demais, questão esta que tem especial relevo para fins sucessórios,</p><p>notadamente porque a pré-morte do autor da herança (genitor) importa na</p><p>imediata sucessão aos herdeiros (princípio da saisine).2. Por ser uma</p><p>presunção relativa, a comoriência pode ser devidamente afastada quando</p><p>existirem provas suficientes a atestar que a morte de uma das</p><p>vítimas antecedeu às demais, especialmente através da colheita dos</p><p>testemunhos daqueles que presenciaram o sinistro. 3. No caso, é imperioso</p><p>o afastamento da presunção legal de morte simultânea, ante a ampla e</p><p>bem conduzida instrução processual que resultou em robusta prova da pré-</p><p>morte do genitor em relação aos filhos. RECURSO CONHECIDO E</p><p>DESPROVIDO.”</p><p>2.13 DOS REGISTROS PÚBLICOS</p><p>Os registros públicos têm como objetivo tornar públicos os atos e negócios, fazer o controle</p><p>da sua legalidade e ainda conservar seus detalhes, pelo tempo que for necessário, para garantir sua</p><p>eficácia, autenticidade e segurança jurídica, constituindo e protegendo direitos dos cidadãos.</p><p>Registrar um ato ou negócio significa prevenir-se contra questionamentos inconvenientes e</p><p>lesivos a direitos conquistados, bem como contra efetivos danos a esses direitos, e os registros</p><p>públicos encontram fundamento no artigo 9º do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 9º - Serão registrados em registro público:</p><p>I - Os nascimentos, casamentos e óbitos;</p><p>II - A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;</p><p>III - A interdição por incapacidade absoluta ou relativa;</p><p>IV - A sentença declaratória de ausência e de morte presumida”.</p><p>I - Os nascimentos, casamentos e óbitos.</p><p>Este inciso tem por obrigação dar publicidade do estado das pessoas, onde com o escopo</p><p>de assegurar direitos de terceiros, a lei, a fim de obter a publicidade do estado das pessoas, exige</p><p>inscrição em registro público de determinados atos e a certidão extraída dos livros cartorários</p><p>fará prova plena e segura do estado das pessoas físicas.</p><p>II – A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz.</p><p>A emancipação dada pelos pais deve ser registrada em escritura pública, no Cartório de</p><p>Registros Públicos, onde reconhecerá que o filho tem maturidade necessária para reger sua pessoa e</p><p>seus bens. Já a emancipação por sentença do juiz se dá nos termos dos artigos 1103 e seguintes</p><p>do Código de Processo Civil, onde deverá haver provocação do interessado ou do Ministério Público,</p><p>devido instruído com os documentos comprobatórios.</p><p>III – A interdição por incapacidade absoluta ou relativa.</p><p>O decreto judicial de interdição deverá ser inscrito, conforme a Lei de Registros Públicos no</p><p>Registro das Pessoas Naturais e publicado pela imprensa local e pelo órgão oficial três vezes, com</p><p>intervalo de 10 dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador que o representará nos</p><p>atos da vida civil, a causa da interdição e os limites da curatela. A inscrição no Registro de Pessoas</p><p>Naturais e a publicação edilícia são indispensáveis para assegurar eficácia da sentença.</p><p>IMPORTANTE: A Lei nº 13.146/2015modificou os artigos 3º e 4º do Código Civil, e não mais existe a</p><p>possibilidade de interdição dos absolutamente incapazes, que unicamente são os menores de 16</p><p>anos, ou seja, totalmente incapazes pela legislação vigente, necessitando sempre de representação.</p><p>IV – A sentença declaratória de ausência e de morte presumida.</p><p>Será preciso que se faça o assento da sentença declaratória de ausência que nomear</p><p>curador no cartório do domicílio anterior do ausente, conforme a Lei de Registro Público, onde a</p><p>sentença da abertura da sucessão provisória será averbada, no assento de ausência, após o trânsito</p><p>em julgado.Ainda, a declaração judicial da morte presumida deverá, convertendo-se a sucessão</p><p>provisória em definitiva, também ser levada a assento.</p><p>2.14 DA AVERBAÇÃO EM REGISTRO PÚBLICO</p><p>Após o registro, surge a necessidade de outro ato específico, a averbação, ante a</p><p>necessidade de fazer exarar todos os fatos que venham atingir o estado da pessoa e,</p><p>consequentemente, o seu registro civil, alterando-o, por modificarem ou extinguirem os dados dele</p><p>constantes, e encontra fundamento no artigo 10 do Código Civil, in verbis:</p><p>“Art. 10 - Far-se-á averbação em registro público:</p><p>I - Das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o</p><p>divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;</p><p>II - Dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a</p><p>filiação”.</p><p>A averbação será feita pelo oficial do cartório em que constar o assento à vista da carta de</p><p>sentença, de mandado ou de petição acompanhada de certidão ou documento legal e autêntico, com</p><p>audiência do Ministério Público.</p><p>I – Das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a</p><p>separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal.</p><p>A averbação da sentença de nulidade (art. 1.550/CC</p><p>10</p><p>) ou anulação (art. 1.548/CC</p><p>11</p><p>) do</p><p>casamento, de separação judicial e do divórcio, transitada em julgado, tais decisões deverão ser</p><p>averbadas no livro de casamento do Registro Civil competente;</p><p>Importante frisar que houveram alterações nos institutos da separação judicial e o</p><p>restabelecimento da sociedade conjugal após a EC nº 66/2010 que alterou completamente o tema</p><p>quando no §6º do artigo 226 da Constituição passou a ter a seguinte redação: “o casamento civil</p><p>pode ser dissolvido pelo divórcio”, e a doutrina dividiu-se entre os que sustentam ter a emenda nº</p><p>66/10 promovido a extinção da separação judicial do nosso ordenamento, e os que entendem que tal</p><p>instituto continua existindo.</p><p>II – Dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.</p><p>No livro de nascimento deverão ser averbados tanto atos judiciais que declarem ou</p><p>reconheçam a filiação, como os extrajudiciais, porque o reconhecimento voluntário de filho também é</p><p>ato solene.</p><p>10</p><p>“Art. 1.550. É anulável o casamento:I - de quem não completou a idade mínima para casar;II - do menor em idade núbil,</p><p>quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 ; IV - do</p><p>incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o</p><p>outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges e VI - por incompetência</p><p>da autoridade celebrante.”</p><p>11</p><p>“Art. 1548 - É nulo o casamento contraído: I – revogado pela Lei nº 13.146/2015 e II - por infringência de impedimento”.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1556</p>

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