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Eng.º M. A. Mazoca 
 1ª Edição 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, 
 o meu grande exército que enviei contra vós. E comereis abundantemente e 
vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu 
 para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca 
 mais será envergonhado. - Joel 2: 25-26 
 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
RESISTÊNCIA	DOS	MATERIAIS	
 
LISTA DE TABELAS III 
LISTA DE FIGURAS IV 
PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS I 
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 1 
1.1. IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 2 
1.2. CONCEITOS PRINCIPAIS DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 3 
1.3. TIPOS DE APOIOS OU SUPORTES 6 
1.4. TIPOS DE CARREGAMENTOS E SUAS APLICAÇÕES 7 
1.5. CLASSIFICAÇÃO DAS VIGAS 9 
1.6. CÁLCULO DAS REACÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 10 
CAPÍTULO 2. ESFORÇOS NUMA SECÇÃO TRANSVERSAL 13 
2.1. PRINCÍPIO DE CORTE 13 
2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ESFORÇOS INTERNOS 14 
2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ESFORÇOS INTERNOS NUMA SECÇÃO EM ESTRUTURAS PLANAS 16 
2.4. DIAGRAMAS DOS ESFORÇOS INTERNOS 27 
2.5. ESFORÇOS INTERNOS NUMA SECÇÃO EM ESTRUTURAS TRIDIMENSIONAIS 32 
CAPÍTULO 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS 34 
CAPÍTULO 4. DEFINIÇÃO DA TENSÃO 35 
4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS 36 
4.1.1. MATERIAL FRÁGIL 36 
4.1.2. MATERIAL DÚCTIL 37 
4.2. TENSÃO ADMISSÍVEL 38 
4.3. LEI DE HOOKE 38 
4.3.1. FORMA GERAL DA LEI DE HOOKE 39 
CAPÍTULO 5. TRACÇÃO E COMPRESSÃO 42 
5.1. TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 42 
5.2. TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS 48 
5.3. TENSÕES E DEFORMAÇÕES TÉRMICAS 49 
CAPÍTULO 6. TEORIA DE ELASTICIDADE 58 
6.1. DEFINIÇÃO DAS TENSÕES 58 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
6.2. ESTADOS DE TENSÃO 60 
6.2.1. ESTADO MONOAXIAL DE TENSÃO 60 
6.2.2. ESTADO BIAXIAL (PLANO) DE TENSÃO 62 
6.3. CÍRCULO DE MOHR 69 
6.3.1. PASSOS PRINCIPAIS PARA A CONSTRUÇÃO DO CÍRCULO DE MOHR 69 
CAPÍTULO 7. FLEXÃO 73 
7.1. GEOMETRIA DE ÁREAS PLANAS 74 
7.1.1. MOMENTOS ESTÁTICOS 74 
7.1.2. MOMENTOS DE INERCIA E PRODUTOS DE INERCIA 77 
7.1.3. TRANSPOSIÇÃO DOS EIXOS DE INERCIA PARALELOS – TEOREMA DE STEINER 78 
7.1.4. TRANSPOSIÇÃO ANGULAR DOS EIXOS DE INÉRCIA 80 
7.1.5. MOMENTOS E EIXOS PRINCIPAIS DE INÉRCIA 80 
7.2. DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES 88 
7.2.1. FLEXÃO RECTA 88 
7.2.3. FLEXÃO DESVIADA 89 
7.3. DEFORMAÇÃO DEVIDA À FLEXÃO RECTA – EQUAÇÃO DA LINHA NEUTRA 92 
7.3.3. CONDIÇÕES DE FRONTEIRA E DE TRANSIÇÃO 95 
CAPÍTULO 8. TORÇÃO 102 
8.1. DEFORMAÇÃO POR TORÇÃO DE UM VEIO CIRCULAR 102 
8.2. FÓRMULA DE TORÇÃO 104 
8.2.1. VEIO COM SECÇÃO TRANSVERSAL MACIÇA 106 
8.2.2. VEIO COM SECÇÃO TRANSVERSAL OCA 108 
8.3. TENSÃO DE TORÇÃO MÁXIMA ABSOLUTA 109 
8.4. MOMENTO TORSOR OU TORQUE 114 
8.5. TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA 115 
8.5.1. PROJECTO DO VEIO 116 
8.6. ÂNGULO DE TORÇÃO 118 
8.6.1. TORQUE E ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSAL CONSTANTES 120 
8.6.2. CONVENÇÃO DE SINAIS 121 
8.7. ESTRUTURAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS CARREGADAS POR UM TORQUE 138 
CAPÍTULO 9. TEOREMA DE CASTEGLIANO 147 
9.1. BASES TEÓRICAS 147 
9.2. APLICAÇÃO DO TEOREMA DO CASTEGLIANO EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS 152 
9.3. APLICAÇÃO DO TEOREMA DE CASTEGLIANO EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS 155 
9.3.1. ESTRUTURAS EXTERIORMENTE HIPERESTÁTICAS 155 
9.3.2. ESTRUTURAS INTERIORMENTE HIPERESTÁTICAS 159 
CAPÍTULO 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 165 
 
 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Coeficiente de Poisson ................................................................................ I 
Tabela 2. Módulo de elasticidade dos materiais .......................................................... I 
Tabela 3. Pressão ....................................................................................................... I 
Tabela 4. Peso específico dos materiais .................................................................... II 
Tabela 5. Coeficiente de dilatação térmica dos materiais........................................... II 
Tabela 6. Limites de escoamento e de ruptura de alguns materiais .......................... III 
Tabela 7. Tipos de apoios ou suportes de estruturas ................................................. 6 
Tabela 8. Tipos de carregamentos de estruturas e suas aplicações .......................... 8 
Tabela 9. Classificação das vigas .............................................................................. 9 
Tabela 10 – Tabela de cálculo .................................................................................. 86 
Tabela 11 – Tabela de cálculo .................................................................................. 87 
Tabela 12 - Tabela de cálculo ................................................................................ 154 
Tabela 13 – Tabela de cálculo ................................................................................ 155 
Tabela 14 – Tabela de cálculo ................................................................................ 157 
Tabela 15 – Tabela de cálculo ................................................................................ 159 
 
 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 - Parafusos usados no acoplamento duma estrutura metálica submetidos 
à tensão. ..................................................................................................................... 1 
Figura 1.2 - Campo de aplicação da resistência dos materiais .................................. 3 
Figura 1.3 - Solicitação estática .................................................................................. 5 
Figura 1.4 - Solicitação variável .................................................................................. 6 
Figura 1.5 - Exemplo 1.1 .......................................................................................... 11 
Figura 1.6 - Exemplo 1.2 .......................................................................................... 12 
Figura 2.1 - Análise de forças internas [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] ................. 13 
Figura 2.2 - Sentido positivo dos momentos e das rotações .................................... 14 
Figura 2.3 - Coordenadas cartesianas...................................................................... 14 
Figura 2.4 - Classificação dos esforços internos ...................................................... 15 
Figura 2.5 - Esforços seccionais ............................................................................... 15 
Figura 2.6 - Acção dos esforços seccionais [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] ......... 16 
Figura 2.7 - Exemplo 2.1 .......................................................................................... 18 
Figura 2.8 - Exemplo 2.2 .......................................................................................... 20 
Figura 2.9 - Exemplo 2.3 .......................................................................................... 21 
Figura 2.10 - Exemplo 2.4 ........................................................................................ 22 
Figura 2.11 - Exemplo 2.5 ........................................................................................ 24 
Figura 2.12 - Cargas perpendiculares ao eixo da viga ............................................. 26 
Figura 2.13 – Corte da viga por duas secções transversais ..................................... 26 
Figura 2.14 - Exemplo 2.6 ........................................................................................ 33 
Figura 2.15 - Exemplo 2.7 ........................................................................................ 37 
Figura 3.1 - Corpo-de-prova ..................................................................................... 34 
Figura3.2 - Máquinas de ensaio de tracção ............................................................. 35 
Figura 3.3 - Extensômetro por resistência eléctrica .................................................. 36 
Figura 4.1 - Barra prismática sob tracção ................................................................. 35 
Figura 4.2 - Tensão normal na barra prismática ....................................................... 36 
Figura 4.3 - Diagrama típico de um material frágil .................................................... 36 
Figura 4.4 - Diagrama tensão-deformação convencional para material dúctil (aço) . 37 
Figura 5.1 - Carregamentos por tracção e compressão ........................................... 42 
Figura 5.2 - Tensões e deformações térmicas ......................................................... 50 
Figura 6.1 - Definição das tensões ........................................................................... 59 
Figura 6.2 - Barra sujeita à tracção .......................................................................... 60 
Figura 6.3 - Estado monoaxial de tensão ................................................................. 61 
Figura 6.4 - Estado biaxial de tensão ....................................................................... 63 
Figura 6.5 - Tensões que aparecem numa faceta inclinada ..................................... 64 
Figura 6.6 - Círculo de tensões ou Círculo de Mohr ................................................. 69 
Figura 6.7 - Círculo de Mohr para o estado triaxial de tensão .................................. 71 
Figura 7.1 - Viga em consola sob flexão................................................................... 73 
Figura 7.2 - Superfície e linha neutra apresentadas num trecho de uma viga flectida
 ................................................................................................................................. 74 
Figura 7.3 - Exemplo 7.1 .......................................................................................... 76 
Figura 7.4 - Momentos e produtos de inércia ........................................................... 77 
Figura 7.5 - Flexão recta........................................................................................... 88 
Figura 7.6 - Flexão desviada .................................................................................... 90 
Figura 7.7 - Equação da deformada ......................................................................... 93 
Figura 8.1 - Torção de um veio altamente deformável ........................................... 102 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
Figura 8.2 - Ângulo de torção ................................................................................. 103 
Figura 8.3 - Deformação por cisalhamento do elemento ........................................ 103 
Figura 8.4 - Variação da deformação por cisalhamento ........................................ 104 
Figura 8.5 - Variação da tensão de cisalhamento ao longo da recta radial da secção 
transversal .............................................................................................................. 105 
Figura 8.6 - Veio com secção transversal maciça .................................................. 106 
Figura 8.7 - Variação da tensão de cisalhamento no veio maciço .......................... 107 
Figura 8.8 - Eixo de madeira submetido à torção ................................................... 107 
Figura 8.9 - Variação da tensão de cisalhamento no veio oco ............................... 109 
Figura 8.10 - Exemplo 8.1 ...................................................................................... 111 
Figura 8.11 - Exemplo 8.2 ...................................................................................... 111 
Figura 8.12 - Exemplo 8.3 ...................................................................................... 112 
Figura 8.13 - Veio em consola submetido à torção ................................................ 114 
Figura 8.14 - Exemplo 8.4 ...................................................................................... 117 
Figura 8.15 - ângulo de torção ................................................................................ 119 
Figura 8.16 - Veio sob torção ................................................................................. 120 
Figura 8.17 - Máquina de teste de torção ............................................................... 121 
Figura 8.18 - Convenção de sinais do torque e do ângulo de torção ..................... 122 
Figura 8.19 - Exemplo de uso de convenção de sinais .......................................... 122 
Figura 8.20 - Exemplo 8.6 ...................................................................................... 124 
Figura 8.21 - Problema 8.1 ..................................................................................... 126 
Figura 8.22 - Problema 8.6 ..................................................................................... 132 
Figura 8.23 - Problema 8.7 ..................................................................................... 133 
Figura 8.24 - Estruturas estaticamente indeterminadas sob torção ........................ 138 
Figura 9.1 - Viga carregada por forças e momentos............................................... 147 
Figura 9.2 - Trabalho produzido pelas forças ......................................................... 148 
Figura 9.3 - Exemplo 9.1 ........................................................................................ 153 
Figura 9.4 - Exemplo 9.2 ........................................................................................ 154 
Figura 9.5 - Exemplo 9.3 ........................................................................................ 156 
Figura 9.6 - Exemplo 9.4 ........................................................................................ 158 
Figura 9.7 - Exemplo 9.5 ........................................................................................ 161 
Figura 9.8 - Diagramas dos esforços internos em estruturas interiormente 
hiperestáticas ......................................................................................................... 163 
Propriedades Mecânicas dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
I 
PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS 
 
 
Tabela 1. Coeficiente de Poisson 
Material 𝝂 Material 𝝂 
Aço 0,25 − 0,33 Latão 0,32 − 0,42 
Alumínio 0,32 − 0,36 Zinco 0,21 
Bronze 0,32 − 0,35 Pedra 0,16 − 0,34 
Cobre 0,31 − 0,34 Vidro 0,25 
 
 
Tabela 2. Módulo de elasticidade dos materiais 
Material 
Modulo de 
elasticidade 
𝑬	[𝑮𝑷𝒂] 
Material 
Modulo de 
elasticidade, 
𝑬	[𝑮𝑷𝒂] 
Aço 210 Latão 117 
Alumínio 70 Ligas de Alumínio 73 
Bronze 112 Ligas de chumbo 17 
Cobre 112 Ligas de estanho 41 
Chumbo 17 Ligas de magnésio 45 
Estanho 40 Ligas de titânio 114 
Ferro 200 Magnésio 43 
Zinco 96 Liga de níquel (Monel) 179 
Madeira 8 − 12 
 
Observação: 
É comum encontrar-se o módulo de elasticidade em 𝑀𝑃𝑎 (megapascal): 
𝐸9ç; = 2,1 × 10>	𝑀𝑃𝑎 − 𝐴ç𝑜 
𝐸AB = 0,7 × 10>	𝑀𝑃𝑎 − 𝐴𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 
𝐸IJ = 1,12 × 10>	𝑀𝑃𝑎 − 𝐶𝑜𝑏𝑟𝑒 
 
 
Tabela 3. Pressão 
 Para obter 
Multiplicar 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚T 𝑘𝑃𝑎 𝑚𝑚𝐻𝑔	𝑎	0℃ 𝑝𝑠𝑖 
𝒂𝒕𝒎 1,0332 101,3171 760 14,696 
𝒃𝒂𝒓 1,019716 100 750,062 14,50368 
𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 − 98,03922 735,5592 14,22334 
𝒌𝑷𝒂 0,01020 − 7,5006 0,14504 
𝒎𝒎𝑯𝒈	𝒂	𝟎℃ 0,001360 0,133322 − 0,019337 
𝒑𝒔𝒊 0,070307 6,89465 51,715 − 
 
 
Propriedades Mecânicas dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
II 
 
Tabela 4. Peso específico dos materiais 
Material Peso específico 
𝜸	[𝑵/𝒎𝟑] Material Peso específico 
𝜸	[𝑵/𝒎𝟑] 
Aço 7,70 × 10j Gasolina 15℃ 0,83 × 10j 
Água destilada 0,98 × 10j Gelo 0,88 × 10j 
Alvenaria de tijolo 1,47 × 10j Graxa 0,90 × 10j 
Alumínio 2,55 × 10j Latão 8,63 × 10j 
Bronze 8,63 × 10j Leite 15℃ 1,02 × 10j 
Borracha 0,93 × 10j Magnésio1,72 × 10j 
Cal hidratado 1,18 × 10j Níquel 8,50 × 10j 
Cerveja 1,00 × 10j Ouro 18,95 × 10j 
Cimento em pó 1,47 × 10j Papel 0,98 × 10j 
Concreto 2,00 × 10j Peroba 0,78 × 10j 
Cobre 8,63 × 10j Pinho 0,59 × 10j 
Cortiça 0,24 × 10j Platina 20,80 × 10j 
Chumbo 11,0 × 10j Porcelana 2,35 × 10j 
Diamante 3,43 × 10j Prata 9,80 × 10j 
Estanho 7,10 × 10j Talco 2,65 × 10j 
Ferro 7,70 × 10j Zinco 6,90 × 10j 
 
 
Tabela 5. Coeficiente de dilatação térmica dos materiais 
Material 
Coeficiente de 
dilatação térmica 
𝜶	[	℃l𝟏] 
Material 
Coeficiente de 
dilatação térmica 
𝜶	[	℃l𝟏] 
Aço 1,2 × 10l> Latão 1,87 × 10l> 
Alumínio 2,3 × 10l> Magnésio 2,6 × 10l> 
Bronze 1,87 × 10l> Níquel 1,3 × 10l> 
Borracha a 𝟐𝟎℃ 7,7 × 10l> Ouro 1,4 × 10l> 
Chumbo 2,9 × 10l> Platina 0,9 × 10l> 
Cobre 1,67 × 10l> Prata 2,0 × 10l> 
Estanho 2,6 × 10l> Tijolo 0,6 × 10l> 
Ferro 1,2 × 10l> Porcelana 0,3 × 10l> 
Zinco 1,7 × 10l> Vidro 0,8 × 10l> 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Propriedades Mecânicas dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
III 
 
Tabela 6. Limites de escoamento e de ruptura de alguns materiais 
Material Limite de escoamento 
𝜎o	[𝑀𝑃𝑎] 
Limite de ruptura 
𝜎p	[𝑀𝑃𝑎] 
Aços 
ASTM-A36 (0,25-0,30%C) 250 400 − 500 
ASTM-A570 (0,25%C) 230 360 
SAE 1008 (0,08%C) 170 305 
SAE 1010 (0,10%C) 180 325 
SAE 1020 (0,10%C) 210 380 
SAE 1045 (0,45%C) 310 560 
Ferro fundido 
Cinzento − 200 
Branco − 450 
Preto – F − 350 
Preto – P − 550 
Nodular − 670 
Matérias não ferrosos 
Alumínio 30 − 120 70 − 230 
Duralumínio 100 − 420 200 − 500 
Cobre 60 − 320 230 − 350 
Bronze ao níquel 120 − 650 300 − 750 
Magnésio 140 − 200 210 − 300 
Titânio 520 600 
Zinco − 290 
Materiais não metálicos 
Borracha − 20 − 80 
Concreto − 0,8 − 7 
Madeira 
Pinho − 100 − 120 
Eucalipto − 100 − 150 
Plásticos 
Nylon − 80 
Vidro 
Vidro plano − 5 − 10 
 
Observação: o aço SAE 1045 não é usado na estrutura propriamente dita, mas 
somente nos esticadores de tirante dela. 
Para aços usados em estruturas metálicas não são desejados teores de 
carbono médios ou altos. Os teores devem estar entre 𝟎, 𝟏𝟎 − 𝟎, 𝟑𝟎%	de Carbono, 
por permitirem solda eléctrica sem cuidados especiais. 
 
ASTM – American Society of Testing Materials 
SAE – Society of Automotive Engineers 
ISO – International Organization of Standardization
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vós servos, sujeitai-vos com todo o temor ao Senhor, não somente ao bom 
 e humano, mas também ao mau; porque é coisa agradável 
 que alguém, por causa da consciência para com Deus, 
 sofra agravos, padecendo injustamente 
 1Pedro 2: 18-19 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
1 
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 
 
A resistência dos materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações 
entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças 
internas que actuam dentro do corpo. Esse assunto abrange também o cálculo da 
deformação do corpo e o estudo da sua estabilidade, quando ele está submetido a 
forças externas. 
No projecto de qualquer estrutura ou máquina é necessário primeiro usar os 
princípios da estática para determinar as forças que actuam tanto sobre como no 
interior de seus vários membros. As dimensões dos elementos, sua deflexão e sua 
estabilidade dependem não só das cargas internas como também do tipo de material 
do qual esses elementos são feitos. Assim, a determinação precisa e a compreensão 
do comportamento do material são de vital importância para o desenvolvimento das 
equações usadas na resistência dos materiais. Observe que muitas fórmulas e 
procedimentos de projecto, definidos nas normas da engenharia e usados na prática, 
baseiam-se nos fundamentos da resistência dos materiais e, por essa razão, 
compreender os princípios dessa matéria é muito importante. 
 
 
Figura 1.1 - Parafusos usados no acoplamento duma estrutura metálica submetidos à tensão. 
 
Na Resistência dos materiais são estudados corpos sólidos submetidos à 
acção de forças exteriores, os quais se encontram no estado de equilíbrio. Por 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
2 
conseguinte, a teoria de Resistência dos Materiais baseia-se de uma maneira geral 
nas leis e nos teoremas da mecânica geral, e em particular nas leis da Estática. Sem 
o conhecimento profundo daquelas leis o estudo da Resistência dos Materiais é 
impossível. 
Deveremos, no entanto, abandonar a hipótese de um corpo totalmente rígido e 
considerar nos nossos estudos os estados de tensão e de deformação internos 
produzidos pela carga exterior que determinam as dimensões necessárias para os 
elementos estruturais. O objectivo da resistência dos materiais consiste em elaborar 
e pôr à disposição dos projectistas as bases para a determinação dos estados de 
tensão e de deformação e para o dimensionamento dos elementos estruturais 
técnicos, considerando ao mesmo tempo uma segurança suficiente e um óptimo 
aproveitamento do material (Optimização). 
 
1.1. Importância e Aplicação da Resistência dos Materiais 
A Resistência dos Materiais é muito importante para a formação dos 
engenheiros. Seus métodos são necessários aos projectistas de estruturas 
marítimas, aos engenheiros civis e aos arquitetos no projecto de pontes e edifícios, 
aos engenheiros mecânicos e químicos para o projecto de mecanismos e de 
reservatórios sob pressão, aos metalúrgicos, aos eletricistas, etc. 
Em todas as construções de engenharia, as partes de uma estrutura devem 
ser devidamente proporcionadas para resistir às cargas que agem sobre elas. Como 
exemplo podem-se citar: as paredes de um reservatório sob pressão devem resistir à 
pressão interna; as lajes de piso de um edifício devem suportar o seu peso próprio e 
a devida sobrecarga; o veio de uma máquina deve ter dimensões adequadas para 
transmitir o momento de torção especificado; a asa de um avião deve suportar com 
segurança as cargas aerodinâmicas que agem sobre ela durante o voo ou na 
aterrissagem. 
Esse assunto vem sendo estudado há muitos anos, como é possível verificar 
nos famosos trabalhos de Leonardo da Vinci (1452-1519) e Galileo Galilei (1564-
1642) que fizeram diversas experiências para a determinação da resistência de 
cabos, barras e vigas, sem contudo desenvolver qualquer estudo teórico para explicar 
os resultados de seus experimentos. A eles seguiram-se outros estudiosos como 
Leonard Euler (1701-1783), Coulomb, Poisson, Navier, Saint Venant e Cauchy que, 
por sua vez, desenvolveram teorias fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
3 
 
Figura 1.2 - Campo de aplicação da resistência dos materiais 
 
1.2. Conceitos principais da resistência dos materiais 
 
O problema fundamental da resistência dos materiais é o dimensionamento 
de estruturas, das máquinas e dos equipamentos em geral, bem como dos seus 
elementos e a apresentação do respectivo certificado de segurança. Isto significa: 
 
§ Uma comparação das solicitações máximas possíveis esperadas com as 
solicitações admissíveis dos materiais usados; 
 
§ A determinação do estado de deformação das construções, uma vez que pelo 
seu dimensionamento devem ser garantidas não só uma segurança suficiente 
mas também deformações dentro de limites determinados; 
 
§ A garantia da estabilidade das estruturas; 
 
§ A economia dos materiais disponíveis. 
 
Ao contrário da estática onde são estudadas apenas as resultantes as forças 
internas aplicadas em qualquer secção transversal de um elemento estrutural, na 
resistência dos materiais não só se determinam os valores e as direcções das forças 
internas mas também a sua distribuição sobre assecções transversais. As forças 
internas, no entanto, só podem ser determinadas independentemente das 
deformações no caso de estruturas isostáticas. Todavia, a maioria dos problemas é 
hiperestática de modo que só tendo em conta deformações se podem determinar as 
forças internas. 
A relação entre as forças internas e as deformações provocadas pelo 
carregamento determina-se pelas leis da teoria de elasticidade, das quais a mais 
simples é a “Lei de Hooke”. O cientista Hooke estabeleceu em 1676 a tese seguinte: 
“quão é a deformação, tal é a força”. Isto significa que a deformação é directamente 
proporcional à força actuante. Esta proporcionalidade constitui a base para a 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
4 
aplicabilidade do “Princípio de Sobreposição”. Em conformidade com esse 
princípio, as deformações e as forças internas são independentes da ordem temporal 
da aplicação das forças externas. Isto significa que no caso de se aplicarem várias 
forças num Sistema, as forças internas, as tensões e as deformações produzidas por 
cada uma das forças se determinam separadamente, obtendo-se o resultado final 
como soma vectorial dos resultados parciais. 
 
Princípio de Sobreposição 
 
As dimensões geométricas de um corpo real variam devido à acção de forças 
externas. Ao retirar a carga as dimensões restabelecem-se total ou parcialmente. A 
propriedade dos corpos de restabelecer as suas dimensões geométricas denomina-
se “elasticidade”. 
Em conformidade com isso, os materiais que obedecem à lei de Hooke são 
considerados como elásticos. Na realidade, verificam-se nos corpos reais, maiores 
ou menores desvios de elasticidade absoluta. Os desvios aumentam com os valores 
das cargas actuantes. As deformações residuais irreversíveis são denominadas 
plásticas e a sua existência torna necessária a aplicação das leis da “Plasticidade”. 
Nos materiais poliméricos e nos elementos estruturais submetidos a temperaturas 
elevadas ocorre o fenómeno da “Viscoelasticidade”, isto é, sob a acção de cargas 
constantes, as deformações variam com a duração do carregamento. Na nossa 
abordagem limitar-nos-emos a deformações absolutamente elásticas. Os problemas 
da plasticidade e da viscoelasticidade não serão analisados. 
Para além disso, pressuporemos deformações pequenas quando 
comparadas com as dimensões dos elementos estruturais. Como abandonamos a 
hipótese fictícia do corpo rígido, deveriam também ser estabelecidas, com rigor, as 
condições de equilíbrio no corpo deformado. No entanto, como trataremos apenas 
deformações pequenas, continuaremos a estabelecer as condições de equilíbrio dos 
elementos não deformados. Fala-se neste caso da “teoria da primeira ordem”, que 
traz consigo simplificações consideráveis. 
No caso de carregamentos com sequência, deve-se aplicar cada uma das 
cargas na estrutura não deformada, isto é, cada carga seguinte carrega a estrutura 
da mesma maneira como a carga inicial. Por isso, pode ser alterada a ordem de 
aplicação das cargas. 
No entanto, para alguns problemas, por exemplo, os de estabilidade, a teoria 
da primeira ordem não tem aplicação. Nesse caso, as condições de equilíbrio 
estabelecem-se obrigatoriamente com a estrutura deformada, porque são admitidas 
nestes problemas deformações grandes (teoria da segunda ou terceira ordem). 
Então, para esses casos, há que considerar a presença de termos que na teoria da 
primeira ordem se consideram desprezíveis. 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
5 
Na Resistência dos Materiais, assim como em qualquer outro ramo das 
ciências, o estudo da resistência de um objecto real começa com a determinação de 
um “esquema de cálculo” ou “modelo de cálculo”, que significa frequentemente 
uma certa simplificação do problema. Esta simplificação torna-se necessária em todos 
os casos, uma vez que se verifica a impossibilidade de solucionar um problema 
considerando todas as suas particularidades, por serem em número ilimitado. 
Portanto, desprezaremos tudo o que se revela como secundário em relação 
ao essencial, isto é, não tomaremos em conta as particularidades sem importância 
respeitante à resistência da estrutura. Em relação às propriedades mecânicas dos 
elementos estruturais basear-nos-emos nas seguintes suposições: 
§ Todos os materiais são considerados como meios contínuos e homogéneos, 
independentemente das particularidades da sua microestrutura. Um material é 
homogéneo quando as suas propriedades não dependem do volume do 
corpo. Disto provém o conceito do meio contínuo. Um meio contínuo 
caracteriza-se pela ocupação contínua de todo o volume que lhe é atribuído; 
 
§ Supõe-se que o material tenha as mesmas propriedades em todas as 
direcções, isto é, seja isotrópico. Isto significa que as propriedades de um 
corpo destacado de um meio contínuo não dependem da sua orientação 
angular original dentro deste meio. Embora cada cristal de um metal, tomado 
separadamente, seja anisotrópico, o metal no seu total é considerado 
isotrópico, uma vez que o volume real contém um grande número de cristais 
dispostos aleatoriamente. Porém, existem também materiais anisotrópicos 
como, por exemplo, a madeira, cujas propriedades dependem da orientação 
das fibras. 
 
Introduzem-se frequentemente simplificações na geometria dos corpos reais 
considerando-os compostos de corpos regulares da estereometria (cubos, 
paralelepípedos, cilindros, esferas, etc.). Dependerá, pois, da experiência prática do 
engenheiro, na medida em que consiga separar o secundário do essencial, facilitar o 
trabalho sem desobedecer as exigências práticas estabelecidas ou requeridas no 
modelo real. Por outro lado, o engenheiro deve contar sempre com os perigos 
possíveis que podem resultar do seu trabalho para a saúde e a vida dos outros, bem 
como para a economia do país e proteção do meio ambiente. 
Se não fizer outra referência, suporemos que a 
carga atinja o seu valor final muito devagar, não 
instantaneamente, crescendo do valor zero até ao seu 
valor final, como está representado na Figura 1.3. Nesta 
condição o elemento estrutural dispõe do tempo 
necessário para formar em cada momento o estado de 
equilíbrio entre as forças externas e internas. Fala-se, 
neste caso, de uma solicitação estática. Figura 1.3 - Solicitação estática 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
6 
As cargas introduzidas rapidamente provocam vibrações e aumentam os 
esforços até ao dobro (Figura 1.4.a). Sob a acção de choques ou impulsos os esforços 
podem alcançar um múltiplo da solicitação estática (Figura 1.4.b). Conhece-se 
também, sobretudo devido à acção de máquinas, solicitações periódicas (Figura 
1.4.c) que levam à fadiga dos materiais. Para além disso, surgem, por vezes, 
solicitações totalmente irregulares, não estacionárias, acidentais (Figura 1.4.d) que 
são produzidas, por exemplo, pelos carros sobre pontes ou pelo vento que actua nas 
estruturas da engenharia civil. 
 
Figura 1.4 - Solicitação variável 
O nosso estudo da resistência dos materiais limitar-se-á ao estudo das 
solicitações estáticas em estruturas isostáticas e hiperestáticas. 
 
 
 
1.3. Tipos de apoios ou suportes 
 
A tabela a seguir ilustra os tipos de apoios e suportes convencionais que 
passaremos a usar nos capítulos seguintes para efectuar o estudo das estruturas 
submetidas a vários tipos de solicitação. 
 
Tabela 7. Tipos de apoios ou suportes de estruturas 
Tipo de Apoio Reacções de apoio 
Cabo – neste tipo de apoio aparece 
apenas uma reacção (tracção) na 
direcção do cabo. 
 
Uma incógnita: 𝑭 
 
 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
7 
Apoio móvel - neste tipo de apoio 
aparece apenas uma reacção. 
 
Uma incógnita: 𝑭 
 
 
Plano inclinado - neste tipo de apoio 
aparece apenas umareacção 
perpendicular ao plano. 
 
Uma incógnita: 𝑭 
 
 
Apoio fixo - neste tipo de apoio 
aparecem duas reacções de apoio nos 
eixos ortogonais. 
 
 
Duas incógnitas: 𝑭𝒛	𝒆	𝑭𝒚 
 
 
Pino interno - neste tipo de apoio 
aparecem duas reacções de apoio nos 
eixos ortogonais. 
 
 
Duas incógnitas: 𝑭𝒛	𝒆	𝑭𝒚 
 
 
Encastramento - neste tipo de apoio 
aparecem duas reacções nos eixos 
ortogonais e um momento flector. 
 
 
Três incógnitas: 𝑭𝒛	, 𝑭𝒚	𝒆	𝑴𝒙 
 
 
 
 
 
1.4. Tipos de carregamentos e suas aplicações 
 
Na tabela a seguir apresentam-se alguns carregamentos típicos de estruturas 
na prática de engenharia e as suas respectivas reacções nos apoios. 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
8 
Tabela 8. Tipos de carregamentos de estruturas e suas aplicações 
Tipo de carregamento Reacções nos apoios 
Forças concentradas 
 
 
Carga uniformemente distribuída 
 
 
Carga uniformemente variável 
 
 
Momento concentrado 
 
 
 
 
Observações: 
§ Para o cálculo das reacções de apoio, a carga uniformemente distribuída é 
substituída por uma força concentrada equivalente 𝑸 igual a área da figura 
geométrica descrita pela carga e que passa pelo seu centroide: 𝑄 = 𝑞. 𝑙 
 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
9 
§ Para o cálculo das reacções de apoio, a carga uniformemente variável é 
substituída por uma força concentrada equivalente 𝑸	igual a área da figura 
geométrica descrita pela carga e que passa pelo seu centroide: 𝑄 = (𝑞. 𝐿)/2 
 
§ Para o cálculo das reacções de apoio, o binário de forças pode ser substituído 
por um momento correspondente 𝑴 no polo, que será igual à força multiplicada 
pela distância entre as forças que formam o binário: 𝑀 = 𝐹. 𝑎 
 
1.5. Classificação das vigas 
 
Na tabela a seguir apresentam-se algumas classificações típicas de vigas na 
prática de engenharia. 
 
Tabela 9. Classificação das vigas 
Classificação das vigas 
§ Vigas simplesmente apoiadas 
 
 
§ Viga bi-encastrada 
 
 
§ Viga encastrada-apoiada 
 
 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
10 
§ Viga em consola 
 
§ Viga em balanço nas duas extremidades 
 
 
 
1.6. Cálculo das reacções de apoio em estruturas isostáticas 
 
O cálculo das reacções de apoio em estruturas isostáticas é feito apenas 
estabelecendo as condições de equilíbrio da estrutura, que genericamente são: 
§ →: o somatório de todas as forças que agem no sentido horizontal (x ou z) deve 
igual a zero. 
 
§ ↑: o somatório de todas as forças que agem no sentido vertical (y) deve ser 
igual a zero. 
 
§ ↺ 𝑨	𝑜𝑢	 ↻ 𝑨: o somatório dos momentos no sentido indicado em relação a um 
ponto qualquer (A) escolhido convenientemente, deve ser igual a zero. 
 
Nota: pode-se, também, estabelecer-se duas condições de equilíbrio fazendo-
se o somatório dos momentos em relação a dois pontos quaisquer (A e B) e 
estabelecer-se a condição de equilíbrio de forças apenas numa direcção, tendo-se 
assim, as três condições de equilíbrio gerais. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
11 
Exemplo 1.1 
 
Para a estrutura representada na Figura 1.5, pede-se para determinar as 
reacções nos apoios, negligenciando o peso da viga. 
 Dados: 𝐹 = 4	𝑘𝑁; 			𝑞 = 2𝑘𝑁/𝑚; 			𝑎 = 1	𝑚; 			𝑏 = 0,5	𝑚 
 
 
Figura 1.5 - Exemplo 1.1 
 
Solução 
 
Passo 1. Antes de estabelecer as condições de equilíbrio, é necessário fazer o 
diagrama de corpo livre, substituindo-se o binário de forças por um momento 
concentrado: 
 
 
Passo 2. Cálculo do momento concentrado: 
𝑀 = 𝐹 × 𝑏 = 4 × 0,5 = 2	𝑘𝑁.𝑚 
 
Passo 3. Cálculo das reacções nos apoios 
⟶:	𝐴� = 0																																																																		𝑨𝒛 = 𝟎															 
↑ :	𝐴� + 𝐵 − 𝑞. 𝑎 − 𝐹 = 0																																							𝑨𝒚 = −𝟎, 𝟓	𝒌𝑵 
𝐴 ↺ :	𝐵. 2𝑎 +
1
2𝑞. 𝑎
T − 𝑀 − 𝐹. 3𝑎 = 0															𝑩 = 𝟔, 𝟓	𝒌𝑵						 
Capítulo 1 - Introdução à Resistência dos Materiais 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Eng.º M. A. Mazoca 
 
12 
 
Exemplo 1.2 
Para a estrutura representada na 
Figura 1.6, pede-se para 
determinar as reacções nos apoios, 
negligenciando o peso da viga. 
Dados: 𝐹 = 𝑞. 𝑙		; 𝑞 = 1𝑘𝑁/𝑚 
𝑙 = 1500	𝑚𝑚			; 			
1
3 𝑙 = 500	𝑚𝑚	 
Solução 
 
Passo 1. Antes de estabelecer as condições de equilíbrio, é necessário fazer o 
diagrama de corpo livre: 
 
 
Passo 2. Cálculo das reacções de apoio: 
→:	𝐴� − 𝐹 = 0																																									𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑙																									𝑨𝒛 = 𝟏𝟓𝟎𝟎	𝑵 
↑ :	𝐴� − 𝑞𝑙 = 0																																									𝐴� = 𝑞𝑙																																		𝑨𝒚 = 𝟏𝟓𝟎𝟎	𝑵 
↻ 𝐴:	𝑀A +
1
2𝑞𝑙
T −
1
3𝐹𝑙 = 0																	𝑀A =
1
3𝑞𝑙
T −
1
2 𝑞𝑙
T													𝑴𝑨 = 𝟑𝟕𝟓	𝑵.𝒎	 
 
 
Figura 1.6 - Exemplo 1.2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência 
 do seu apecto perece: assim se murchará, também, 
o rico, nos seus caminhos. – Tiago 1:1 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
13 
CAPÍTULO 2. ESFORÇOS NUMA SECÇÃO TRANSVERSAL 
 
2.1. Princípio de corte 
 
Embora comummente o problema da determinação dos esforços numa secção 
e dos seus diagramas se considere como parte da estática, queremos tratá-lo 
pormenorizadamente antes de chegarmos ao próprio assunto da "Resistência dos 
materiais", tendo em conta a importância básica que cabe àquele problema. 
Na estática estudámos como as forças exteriores aplicadas num corpo se 
distribuem pelos apoios. Como estruturas isostáticas determinamos facilmente, 
usando equações de equilíbrio, as reacções de apoio como funções das forças 
externas aplicadas ao corpo. 
Queremos investigar, agora, como o corpo sólido está em condições de 
transmitir as cargas exteriores aos apoios, como se realiza a comunicação entre as 
forças exteriores e as reacções de apoio. Esta comunicação resulta da acção das 
forças internas, provocadas pelo carregamento da estrutura, que se opõem à 
deformação e garantem a ligação interna dos corpos solicitados. Trata-se de forças 
internas de coesão molecular que só se manifestam se o corpo for seccionado. 
Para investigarmos as forças internas imaginemos um corpo qualquer, sob a 
acção de um sistema de forças que satisfaça às condições de equilíbrio, seccionado 
por uma superfície plana (Figura 2.1). 
 
Figura 2.1 - Análise de forças internas [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] 
 
As acções moleculares exercidas pela parte direita (parte B) sobre a parte 
esquerda (A) manifestam-se através da força resultante R, que passa pelo ponto de 
referência S, e do momento resultante M, relacionado com o mesmo ponto, e 
equilibram, evidentemente, a acção das forças F1 e F2. 
Da mesma maneira, as forças internas actuantes sobre a parte direita 
representam a acção das forças exteriores aplicadas na parte esquerda e equilibram 
a acção das forças que se aplicam na parte direita. Portanto, pode-se determinar a 
resultante R e o momento M indiferentemente, a partir das forças exteriores situadas 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
14 
à esquerda do ponto de corte ou a partir das forças situadas à direita da secção, 
invertendo-se, apenas os sentidos ao mudar o lado da secção considerada. 
Para facilitar o estudo posterior é mais cómodo escolher como ponto de 
referência S o centro de gravidade da secção transversal. A resultante R e o momento 
M aplicados em cada parte do corpo seccionado são, pelas condições de equilíbrio, 
iguais e opostos. 
O método de seccionar o corpo para que asforças internas surjam 
explicitamente é denominado “princípio do corte”. 
Para determinar facilmente o esforço interno em cada secção seccionada 
deve-se decompor a força resultante R e o momento resultante M em componentes 
segundo direcções distintas que são as direcções dos eixos das coordenadas usadas. 
Portanto, torna-se necessário estabelecer convenções sobre o sistema de 
coordenadas e sobre os sinais a adoptar em todos os capítulos seguintes, quando em 
contrário nada for assinalado. 
Aplicaremos coordenadas cartesianas que formam um triedro de referência 
sinistrógiro ou direito (Figura 2.3). A posição espacial do sistema de coordenadas 
é arbitrária, mas em geral fixa-se de modo que o eixo 𝒛 coincida com o eixo do corpo 
em questão. 
O sinal ⨀ significa que o vector unitário que define o terceiro eixo se orienta de 
trás para a frente do plano da figura. 
O sinal ⊗ indica que o eixo está orientado para trás da figura. 
 
Figura 2.3 - Coordenadas cartesianas 
 
 
Definimos como “sentido positivo dos momentos e das rotações” o sentido 
da rotação de um saca-rolhas quando progride segundo o sentido positivo do eixo 
considerado (Figura 2.2). 
 
 
2.2. Classificação dos esforços internos 
 
As forças e os momentos internos serão considerados positivos se os seus 
vectores têm os sentidos positivos dos respectivos eixos coordenados quando a 
normal exterior da secção transversal em que actuam também tem sentido positivo, 
Figura 2.2 - Sentido positivo dos 
momentos e das rotações 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
15 
ou quando os ditos vectores têm sentidos opostos aos dos eixos em causa, se a 
normal exterior também tem sentido oposto ao eixo positivo (Figura 2.4). 
 
Figura 2.4 - Classificação dos esforços internos 
Decompondo a resultante R e o momento M da Figura 2.1 em componentes 
segundo os eixos das coordenadas x, y e z obtêm-se os seguintes esforços 
seccionais (Figura 2.5): 
 
Figura 2.5 - Esforços seccionais 
§ Esforço normal N, cuja tendência é comprimir (sinal negativo) ou traccionar 
(sinal positivo, Figura 2.6.a) a secção. 
 
§ Esforços transversos 𝑻𝒙	𝒆	𝑻𝒚, cuja tendência é cortar a secção ou provocar 
o deslizamento mútuo das secções (Figura 2.6.b). 
 
§ Momento torçor 𝑴𝒕, cuja tendência é torcer a secção em torno da sua normal 
(Figura 2.6.c). 
 
§ Momentos flectores 𝑴𝒙	𝒆	𝑴𝒚, cuja tendência é girar a secção em torno dos 
eixos localizados no seu próprio plano, x e y respectivamente, comprimindo 
uma parte da secção transversal e distendendo (traccionando) a outra (Figura 
2.6.d). 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
16 
Algumas das componentes de R e M representadas na Figura 2.5 são dirigidas 
contrariamente aos sentidos positivos dos eixos coordenados, sendo por isso 
designadas por sinais negativos. 
O esforço normal N é um esforço actuando na direcção do eixo do corpo, 
portanto, normalmente ao plano da secção transversal. E a soma algébrica das 
projecções das forças exteriores situadas de um mesmo lado da secção, sobre a 
normal à mesma. 
 
Figura 2.6 - Acção dos esforços seccionais [Fonte: WELZK, Frank-Joachim] 
Os esforços transversos T são esforços actuando perpendicularmente ao 
eixo do corpo, portanto, no plano da secção transversal. São determinados pelas 
somas algébricas das projecções das forças exteriores situadas de um mesmo lado 
da secção, sobre os eixos coordenados localizados no plano da mesma. 
O momento torçor 𝑴𝒕 é um esforço provocado por um conjugado que actua 
no plano da secção transversal. É a soma algébrica dos momentos, em relação ao 
eixo do corpo, das forças exteriores situadas de um mesmo lado da secção. 
Os momentos flectores M são esforços provocados por conjugados que 
actuam nos planos perpendiculares ao plano da secção, definidos pelo eixo do corpo 
e por cada um dos outros dois eixos coordenados. São as somas algébricas das 
projecções, sobre os eixos coordenados localizados no plano da secção transversal, 
dos momentos das forças situadas de um mesmo lado da secção, em relação ao 
centro de gravidade da mesma. 
 
2.3. Classificação dos esforços internos numa secção em estruturas 
planas 
 
Na prática da engenharia as estruturas possuem, frequentemente, um plano 
de simetria no qual estão situados todos os eixos dos elementos estruturais e todas 
as forças exteriores. Limitemo-nos, por isso, primeiramente, à determinação analítica 
dos esforços seccionais de estruturas planas carregadas no plano de simetria 𝒚𝒛. 
Os esforços dependem do ponto de corte, quer dizer, são funções das 
chamadas "coordenadas de trecho z" a introduzir. Os seus valores podem ser 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
17 
determinados para qualquer secção, aplicando as condições de equilíbrio. Como nas 
secções em que há descontinuidades da carga ou variações bruscas da direcção do 
eixo do elemento estrutural ou da área da secção transversal aparecem também 
descontinuidades nas funções dos esforços, é conveniente, subdividir a estrutura em 
vários trechos, que começam e terminam nesses pontos de descontinuidade. Ao 
subdividir a estrutura em vários trechos, pode-se introduzir para cada trecho "𝒊" uma 
coordenada "𝒛𝒊", ou utilizar uma só coordenada geral "𝒛". O segundo método apenas 
se aplica em estruturas não ramificadas e sem variações bruscas das secções 
transversais e das direcções dos eixos dos seus elementos estruturais. 
Com o fim de obtermos para cada trecho as representações analíticas das leis 
de variação dos esforços como funções da coordenada 𝒛, imaginemos, 
sucessivamente dentro de cada trecho, a estrutura cortada em qualquer secção e 
introduzamos os esforços positivos no lugar de corte, estabelecendo, ainda, as 
condições de equilíbrio para a parte cortada, ou para a parte restante da estrutura. 
Para isso é necessário determinar previamente as reacções de apoio. 
A seguir tem-se a resolução de 
alguns problemas elucidativos, que 
acredita-se serem suficientes para a 
melhor compreensão da matéria deste 
capítulo. Começaremos por estudar os 
esforços internos da estrutura 
apresentada no Exemplo 1 do Capítulo 1. 
Antes de começarmos a 
resolução dos problemas, é necessário 
definir as direcções e os sentidos 
convencionais dos esforços internos que 
surgem quando seccionamos a viga. 
Estas convenções são ilustradas na 
figura ao lado, para as diferentes 
orientações do eixo da viga (vertical ou 
horizontal). 
 
Exemplo 2.1 
Para a estrutura representada na Figura 2.7, pede-se para determinar as 
reacções nos apoios, negligenciando o peso da viga. 
 Dados: 𝐹 = 4	𝑘𝑁; 			𝑞 = 2𝑘𝑁/𝑚; 			𝑎 = 1	𝑚; 			𝑏 = 0,5	𝑚 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
18 
 
Figura 2.7 - Exemplo 2.1 
 
Solução: 
 
Passo 1. Fazemos o diagrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das 
reacções nos apoios e calcular as reacções de apoio em função das cargas 
externas. Como no capítulo anterior esse trabalho já foi feito, a seguir 
apresenta-se apenas o diagrama de corpo livre e os resultados das reacções. 
 
 
𝑨𝒛 = 𝟎 𝑨𝒚 = −𝟎, 𝟓	𝒌𝑵 𝑩 = 𝟔, 𝟓	𝒌𝑵 
 
 
Passo 2. Subdividimos a estrutura em trecho, com base nos pontos de 
descontinuidade, e introduzimos uma coordenada 𝒛𝟏	, 𝒛𝟐	, 𝒛𝟑	e	𝒛𝟒 para cada 
trecho como se mostra na figura a seguir: 
 
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
19 19 
Passo 3. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos 
os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. 
 
§ Trecho 1 
⟶:	𝑁� = 0																				
↓: 𝑇� + 𝑞. 𝑧� = 0											
𝑧� ↺ :	𝑀� +
1
2𝑞𝑧�
T = 0
																				
𝑁� = 0						
𝑇� = −2𝑧�
𝑀� = −𝑧�T	
 
 
 
§ Trecho 2⟶:	𝑁T = 0																																																					
↓ :	 𝑇T + 𝑞. 𝑎 − 𝐴� = 0																																		
𝑧T ↺ :	𝑀T + 𝑞. 𝑎 �
1
2𝑎 + 𝑧T� − 𝐴�. 𝑧T = 0
							 
 
						
𝑁T = 0												
𝑇T = −2,5	𝑘𝑁
𝑀T = −2,5𝑧T	
 
 
 
 
 
§ Trecho 3 
⟵:	𝑁� = 0																		
↑ :	 𝑇� − 𝐹 = 0													
𝑧� ↻ :	𝑀� + 𝐹. 𝑧� = 0
																		
⟵:	𝑁� = 0																		
↑ :	 𝑇� − 𝐹 = 0														
𝑧� ↻ :	𝑀� + 𝐹. 𝑧� = 0
 
 
 
§ Trecho 4 
⟵:	𝑁j = 0																																										
↑ :	 𝑇j + 𝐵 − 𝐹 = 0																													
𝑧j ↻ :	𝑀j − 𝐵. 𝑧j + 𝐹(𝑎 + 𝑧j) = 0
						
𝑁j = 0														
𝑇j = −2,5	𝑘𝑁		
𝑀j = 2,5𝑧j − 4
 
 
 
 
 
Exemplo 2.2 
Determinar as leis de variação dos esforços seccionais para a estrutura 
representada na Figura 2.8. 
Dados: 𝐹, 𝑎.					𝐹� = √2𝐹			; 				𝐹 = 𝑞𝑎				; 			𝛼 = 45° 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
20 20 
 
Figura 2.8 - Exemplo 2.2 
 
Solução: 
 
Passo 1. Fazemos o diagrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das 
reacções nos apoios e calcular as reacções de apoio em função das cargas 
externas. Podemos, também, nesta fase, subdividir a estrutura em trechos e 
introduzir a coordenada 𝒛𝟏, 𝒛𝟐	e	𝒛𝟑 para cada trecho: 
 
 
→:	𝐴� − 𝐹 = 0																																				
↑ :	 𝐴� + 𝐵� − 2𝑞𝑎 − 𝐹 = 0														
𝐴 ↺ :	𝐵. 4𝑎 − 𝐹. 3𝑎 − 2𝑞𝑎T = 0				
																					
𝐴� = 𝐹			
𝐴� =
7
4𝐹
𝐵 = 5
4𝐹			
 
 
Passo 2. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos 
os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. 
 
§ Trecho 1 
→:	𝐴� + 𝑁� = 0																							
↑ :	 𝐴� − 𝑞𝑧� − 𝑇� = 0													
𝑧� ↺ :	𝑀� + 𝑞
𝑧�T
2 − 𝐴�𝑧� = 0
											
𝑁� = −𝐹
𝑇� =
7
4𝐹 − 𝑞𝑧�
𝑀� =
7
4𝐹𝑧� − 𝑞
𝑧�T
2
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
21 21 
§ Trecho 2 
↑ :	 𝐴� − 2𝑞𝑎 − 𝑇T = 0																																										
→ :	𝐴� + 𝑁T = 0																																																					
𝑧T ↺ :	𝑀T − 𝐴�(2𝑎 + 𝑧T) + 2𝑞𝑎(𝑎 + 𝑧T) = 0
	 
 
𝑇T = 𝐴� − 2𝑞𝑎 = −14𝐹
𝑁T = −𝐴� = −𝐹												
𝑀T = 𝐹 �32𝑎 −
1
4 𝑧T�					
 
 
 
§ Trecho 3 
↑ :	𝐵 + 𝑇� = 0										
→ :	−𝑁� = 0													
𝑧� ↺ :	𝐵. 𝑧� −𝑀� = 0		
																						
𝑇� = −54𝐹	
𝑁� = 0								
𝑀� =
5
4𝐹𝑧�
 
 
 
 
Exemplo 2.3 
 
Para a estrutura representada 
na Figura 1.6, pede-se para 
determinar as equações dos 
esforços internos. 
Dados: 𝐹 = 𝑞. 𝑙		; 𝑞 = 1𝑘𝑁/𝑚 
𝑙 = 1500	𝑚𝑚			; 			
1
3 𝑙 = 500	𝑚𝑚	 
 
 
Solução: 
 
Passo 1. Fazemos o digrama de corpo livre, arbitrando-se os sentidos das 
reacções nos apoios e calcular as reacções em função das cargas externas. 
Podemos também, nesta fase, subdividir a estrutura em trechos e introduzir a 
coordenada 𝑧� e 𝑧T para cada trecho: 
 
Figura 2.9 - Exemplo 2.3 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
22 22 
→:	𝐴� − 𝐹 = 0																							
↑ :	 𝐴� − 𝑞𝑙 = 0																							
↻ 𝐴:	𝑀A +
1
2𝑞𝑙
T − 13𝐹𝑙 = 0
																					
𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑙												
𝐴� = 𝑞𝑙																					
𝑀A =
1
3𝑞𝑙
T − 12 𝑞𝑙
T
																							
𝑨𝒛 = 𝟏𝟓𝟎𝟎	𝑵				
𝑨𝒚 = 𝟏𝟓𝟎𝟎	𝑵				
𝑴𝑨 = 𝟑𝟕𝟓	𝑵.𝒎	
 
 
Passo 2. Cortamos a estrutura sucessivamente dentro dos trechos, introduzimos 
os esforços respeitantes e estabelecemos as condições de equilíbrio. 
 
§ Trecho 1 
↓ :	𝑁� = 0																				
← :	 𝑇� + 𝐹 = 0											
𝑧� ↻ :	𝑀� − 𝐹𝑧� = 0
																
	𝑁� = 0						
𝑇� = −𝐹		
𝑀� = 𝐹𝑧�
 
 
 
§ Trecho 2 
←:	𝑁T + 𝐹 = 0																									
↑ :	𝑇T − 𝑞𝑧T = 0																								
𝑧T ↻:𝑀T −
1
3𝐹𝑙 +
1
2 𝑞𝑧T
T = 0
	 
 
𝑁T = −𝐹												
𝑇T = 𝑞𝑧T																	
𝑀T =
1
3𝐹𝑙 −
1
2 𝑞𝑧T
T
 
 
 
 
Exemplo 2.4 
 
Determinar as equações 
dos esforços internos para a 
estrutura abaixo representada, 
sendo: 
Dados: 𝑞¡á£ = 3𝑞¤			; 		𝐹 = 𝑞¤𝑎 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.10 - Exemplo 2.4 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
23 23 
Solução: 
 
Passo 1. Cálculo das reacções de apoio 
 
→:	𝐴� − 𝐹 = 0																																																	
↑ :	 𝐴� −
1
23𝑞¤	. 3𝑎 = 0																																		
𝐴 ↺ :	−𝑀A −
1
23𝑞¤	. 3𝑎	.
1
3 3𝑎 − 𝐹𝑎 = 0
																				
𝑨𝒛 = 𝑭																		
𝑨𝒚 = 𝟒, 𝟓	𝑭										
𝑴𝑨 = −𝟓, 𝟓	𝑭𝒂				
 
 
 
Passo 2. Determinação dos esforços internos 
Subdividimos a estrutura em dois trechos e introduzimos para cada trecho “𝒊” 
uma coordenada “𝒛”". Fazemos coincidir em cada vez a coordenada 𝒛 com o eixo 
da parte da estrutura em causa, contando 2, quer a partir da extremidade direita 
do trecho, quer da extremidade esquerda. Os sentidos dos 𝒛¥ de vários trechos 
são arbitrários, podendo ser opostos. Elementos estruturais verticais são 
estudados como um desenho técnico, isto é, do lado direito. Estudando cada 
trecho deste modo, introduzimos os esforços positivos. Assim, para a parte do lado 
esquerdo do ponto de corte, o esforço normal tem o sentido positivo para a direita, 
o esforço transverso tem o sentido positivo para baixo e o momento flector tem o 
sentido positivo oposto ao movimento dos ponteiros do relógio, enquanto para a 
parte do lado direito do ponto de corte os sentidos são contrários. 
 
§ Trecho 1 
→:	𝑁� = 0																	
↑: 𝐹 − 𝑇� = 0												
𝑧� ↺ :	𝑀� − 𝐹𝑧� = 0
													
𝑁� = 0					
𝑇� = 𝐹						
𝑀� = 𝐹𝑧�		
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
24 24 
 
§ Trecho 2 
→:	−𝑁T − 𝐹 = 0																																				
↑ :	𝑇T − 𝑞(𝑧T)
𝑧T
2 = 0																														
𝑧T ↺ :	−𝑀T − 𝐹𝑎 − 𝑞(𝑧T).
𝑧T
2 .
𝑧T
3 = 0
 
 
𝑁T = −𝐹 = −𝑞¤𝑎																																				
𝑇T = 𝑞¤
𝑧TT
2𝑎																																																		
𝑀T = −𝐹𝑎 − 𝑞¤
𝑧T�
6𝑎 = −𝑞¤𝑎T − 𝑞¤
𝑧T�
6𝑎
							sendo:						𝑞(𝑧T) = 𝑞¡á£.
𝑧T
3𝑎 = 𝑞¤.
𝑧T
𝑎 
 
 
Exemplo 2.5 
Determinar as equações 
dos esforços internos para a 
estrutura representada na 
figura abaixo ao lado. 
Dados: 
𝑞, 𝑎									𝐹 = 𝑞. 𝑎 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solução: 
 
Passo 1. Cálculo das reacções de apoio 
→:	𝐴� − 𝐹 = 0																																	
↑ :	𝐴� + 𝐵 − 4𝑞𝑎 = 0																						
𝐴 ↺:𝐵. 3𝑎 − 𝐹𝑎 − 𝑞. 4𝑎. 2𝑎 = 0		
																					
𝐴� = 4𝑞𝑎 − 3𝑞𝑎 = 𝑞𝑎					
𝐴� = 𝐹 = 𝑞𝑎																							
𝐵 = 3𝐹 = 3𝑞𝑎																					
 
 
Figura 2.11 - Exemplo 2.5 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
25 25 
 
 
Passo 2. Determinação das equações dos esforços internos 
 
§ Trecho 1 
→:	𝑇� = 0
↑ :	𝑁� + 𝐵 = 0
↺ 𝑧�:	𝑀� = 0
																	
𝑇� = 0
𝑁� = −𝐵 = −3𝑞𝑎
𝑀� = 0
 
 
 
§ Trecho 2 
→:𝑇T − 𝐹 = 0
↑ :	𝑁T + 𝐵 = 0
↺ 𝑧T:	𝑀T − 𝐹𝑧T = 0
													
𝑇T = 𝐹 = 𝑞𝑎
𝑁T = −𝐵 = −3𝑞𝑎
𝑀T = 𝐹𝑧T = 𝑞𝑎𝑧T
 
 
 
§ Trecho 3 
←:	𝑁� = 0
↑ :	 𝑇� − 𝑞𝑧� = 0
↻ 𝑧�:	𝑀� +
1
2𝑞𝑧�
T = 0	
									
𝑁� = 0
𝑇� = 𝑞𝑧�
	𝑀� = −12𝑞𝑧�
T	
 
 
§ Trecho 4 
→:	𝑁j + 𝐴� = 0
↓ :	 𝑇j + 𝑞𝑧j − 𝐴� = 0
↺ 𝑧j:	𝑀j +
1
2𝑞𝑧j
T − 𝐴�𝑧j = 0
							
	𝑁j = −𝐴� = −𝑞𝑎			
	𝑇j = 𝑞𝑎 − 𝑞𝑧j										
	𝑀j = 𝑞𝑎𝑧j −
𝑞𝑧jT
2 			
 
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
26 26 
Analisemos agora as relações existentes entre o momento flector, o 
esforço transverso e as cargas perpendiculares ao eixo da viga: 
Consideremos uma distribuição qualquer da carga vertical q(z) aplicada a uma 
viga (Figura 2.12). Essa carga induz na viga um esforço transverso T(z) e um 
momento flector M(z). 
 
Figura2.12 - Cargas perpendiculares ao eixo da viga 
Cortamos da viga um elemento por duas secções transversais adjacentes, 
distante uma da outra de dz e estabelecemos as condições de equilíbrio do elemento. 
Ao passar da secção de abcissa z à secção de abcissa z+dz, variam os esforços por 
valores diferenciais. Essas variações são consideradas pela primeira parcela de 
correcção da série de Taylor 
 
𝑓(𝑧 + 𝑑𝑧) = 𝑓(𝑧) +
𝑑𝑓
𝑑𝑧 𝑑𝑧 +
1
2!
𝑑T𝑓
𝑑𝑧T
(𝑑𝑧)T +⋯ 
 
Os esforços seccionais sofrem, pois, um acréscimo diferencial: 
 
Figura 2.13 – Corte da viga por duas secções transversais 
As condições de equilíbrio aplicadas no elemento cortado fornecem: 
→:	−𝑁(𝑧) + 𝑁(𝑧) + 𝑑𝑁 = 0 
↑: 𝑇(𝑧) − 𝑇(𝑧) − 𝑑𝑇 − 𝑞(𝑧)𝑑𝑧 = 0 
↺ 𝑧:	 − 𝑀(𝑧) + 𝑀(𝑧) + 𝑑𝑀 − 𝑇(𝑧)
𝑑𝑧
2 − 𝑇(𝑧)
𝑑𝑧
2 − 𝑑𝑇
𝑑𝑧
2 = 0 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
27 27 
Desprezamos a última parcela da equação dos momentos por ser infinitamente 
pequena comparada com as restantes obtemos: 
 
⎩
⎪
⎨
⎪
⎧
𝑁 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.
𝑑𝑇
𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧)
𝑑𝑀
𝑑𝑧 = 𝑇(𝑧)
																				⇛ 								
𝑑T𝑀
𝑑𝑧T =
𝑑𝑇
𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧)								 
 
 
Percorrendo o trecho da esquerda para a direita constatamos que o esforço 
transverso é a derivada do momento flector e a função da carga distribuída q(z) é a 
derivada da função do esforço transverso. Disto se conclui que a função T(z) 
representa a tangente à função M(z) e que a função do momento flector tem um valor 
extremo nas secções em que o esforço transverso é igual a zero. 
No caso em que a coordenada z vai da direita para a esquerda obtém-se a 
relação: 
𝑑T𝑀
𝑑𝑧T = −
𝑑𝑇
𝑑𝑧 = −𝑞(𝑧) 
Como se pode facilmente verificar. 
 
2.4. Diagramas dos esforços internos 
 
Como os esforços calculados como funções das coordenadas 𝒛𝒊 não dão uma 
ideia sobre a sua variação ao longo da viga, é conveniente usar-se uma 
representação gráfica daquelas funções. Para além disso, frequentemente, como por 
exemplo no processo do dimensionamento duma estrutura, basta conhecer os valores 
extremos dos esforços que podem ser facilmente deduzidos das suas representações 
gráficas. As representações gráficas da variação dos esforços ao longo dos eixos dos 
elementos estruturais chamam-se “diagrama dos esforços” ou “linhas de estado”. 
É importante conhecer pelo exame simples dos diagramas os sinais dos esforços. 
Para esse fim marcam-se de um lado do eixo da viga os positivos e do outro os 
negativos. 
As convenções mais adoptadas são as seguintes: 
1. O diagrama do momento flector é representado do lado da fibra de tracção, 
isto é, tendo em conta as convenções dos sinais feitas no Capítulo 2.2, os 
momentos flectores positivos são marcados do lado debaixo das vigas 
horizontais e do lado direito das vigas verticais; 
 
2. O diagrama do esforço transverso representa-se no lado oposto, quer dizer, os 
esforços transversos positivos do lado de cima das vigas horizontais e do lado 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
28 28 
esquerdo das verticais, enquanto os esforços transversos negativos se 
representam respectivamente do lado de baixo e do lado direito das vigas 
horizontais e verticais; 
 
3. O diagrama do esforço normal é marcado em qualquer lado dos elementos 
estruturais, indicando no próprio diagrama por meio dos sinais “+” e “−“as 
regiões de tracção ou compressão respectivamente. Comummente aplica-se, 
no entanto, a mesma regra que para o esforço transverso. 
 
Para maior segurança também se pode indicar nos diagramas do momento 
flector e do esforço transverso os sinais dos esforços. Como exemplos representamos 
a seguir os diagramas correspondentes aos 3 exemplos tratados no capítulo 
precedente: 
Exemplo 2.1 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
29 29 
 
Exemplo 2.2 
 
Exemplo 2.3 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
30 30 
Exemplo 2.4 
 
Exemplo 2.5 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
31 31 
Se não se precisar das expressões analíticas das funções dos esforços, os 
diagramas dos esforços podem ser traçados simplesmente, renunciando às equações 
dos esforços. Para esse fim, calculam-se numericamente os valores dos esforços no 
início e no fim de cada trecho. Esses valores marcam-se à escala, com base nas 
convenções acima estabelecidas respeitantes aos diagramas dos esforços, a partir 
do eixo das estruturas. As ordenadas deste modo fixadas serão sucessivamente 
ligadas entre si percorrendo cada trecho da esquerda para a direita, e considerando 
as regras a seguir citadas, que têm carácter geral e objectivo didáctico e facilitam 
consideravelmente o traçado dos diagramas dos momentos flectores e dos esforços 
transversos: 
 
1. Se um trecho é sujeito a nenhumas forças exteriores: 
 
§ O diagrama do momento é uma recta; 
 
§ O diagrama do esforço transverso passa paralelamente ao eixo do trecho 
 
2. Se um trecho é sujeito a uma força concentrada: 
 
§ O diagrama do momento tem um ponto angular nesta secção, cuja ponta 
é orientada no sentido da força; 
 
§ O diagrama do esforço transverso salta nesta secção. Intensidade e 
direcção do salto correspondem à intensidade e ao sentido da força 
aplicada. 
 
3. Se um trecho é sujeito a uma carga uniformemente distribuída: 
 
§ O diagrama do momento é uma parábola, cuja convexidade é orientada 
no sentido da carga; 
 
§ O diagrama do esforço transverso é uma recta inclinada. 
 
4. Se um trecho é sujeito a uma carga triangularmente distribuída: 
 
§ O diagrama do momento é uma parábola cúbica, cuja convexidade é 
orientada no sentido da carga; 
 
§ O diagrama do esforço transverso é uma parábola. 
 
5. No início e no fim duma carga distribuída o diagrama do esforço transverso 
tem um ponto angular (uma “quebra”), o diagrama do momento flector passa 
tangencialmente da recta para a parábola. 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
32 32 
6. Nas secções onde o esforço transverso muda de sinal o momento flector tem 
um valor extremo. 
 
7. Num nó rígido em que concorrem apenas duas vigas (variação brusca da 
direcção do eixo da estrutura) os momentos flectores em ambos os lados do 
nó são iguais (veja Figura 2.13.d). 
 
8. No caso em que 3 ou mais vigas concorrem num nó rígido, o somatório dos 
momentos flectores nestas vigas no lugar do nó é nulo. 
 
9. Numa articulação o momento flector é nulo. 
 
Para além disso, essas regras deveriam estar sempre presentes na apreciação 
de cada caso particular, uma vez que representam provas úteis para os diagramas 
construídos. Com experiência crescente o engenheiro estará em condições, com 
estas bases, de desenvolver sucessivamente os diagramas sem calcular os valores 
dos esforços em cada ponto de descontinuidade. O tracejado perpendicular ao eixo 
estrutural dos diagramas do momento flector e do esforço transverso e o tracejado 
paralelo ao eixo do diagrama do esforço normal não tem fim decorativo, servindo para 
evitar dúvidas sobre o trecho a que dizem respeito. 
 
 
2.5. Esforços internos numa secção em estruturas tridimensionais 
 
Em contraposição às estruturas planas em que aparecem apenas 3 esforços 
numa secção, nas estruturas espaciais teremos que considerar todos os 6 esforços 
apresentados no Capítulo 2.2. As equações dos esforços são encontradas, 
imaginando cortada a estrutura sucessivamente em cada trecho limitado por pontos 
de descontinuidade adjacentes e estabelecendo de cada uma das vezes as 6 
condições de equilíbrio do espaço tridimensional. Os esforços transversos e normal 
resultam, como nas estruturas planas, da soma algébrica das componentes das 
forças exteriores nas respectivas direcções. Paraa determinação dos momentos tem 
de se tomar em consideração, que eles resultam da soma dos momentos produzidos 
pelas componentes das forças exteriores nas duas outras direcções: 
𝑀£´́´́´⃗ +¶(𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́ ⃗ − 𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́´⃗ )
¥
= 0 
𝑀�´́´́ ´⃗ +¶(𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹£·´́ ´́ ⃗ − 𝑟£·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́ ⃗)
¥
= 0 
𝑀�´́´́´⃗ +¶(𝑟£·´́´́⃗ ∗ 𝐹�·´́´́´⃗ − 𝑟�·´́´́⃗ ∗ 𝐹£·´́ ´́ ⃗)
¥
= 0 
Sendo 𝐹£·´́ ´́ ⃗, 𝐹�·´́´́´⃗ , 𝐹�·´́´́ ⃗ as componentes da força �⃗� segundo os eixos 𝑥, 𝑦	𝑒	𝑧 
respectivamente �⃗� = »𝐹£·´́ ´́ ⃗, 𝐹�·´́´́´⃗ , 𝐹�·´́´́ ⃗	¼, e os 𝑟£·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗	 as componentes do raio vector 𝑟, da 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
33 33 
força �⃗� relacionado com a secção do corte em que consideramos situada a origem 
do sistema de coordenadas 𝑟 = »𝑟£·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗, 𝑟�·´́´́⃗¼. 
Por analogia com os problemas planos, em que fazemos coincidir a 
coordenada do trecho 𝒛𝒊 com o eixo do elemento em questão, introduzimos nas 
estruturas espaciais para cada trecho 𝒊, uma coordenada 𝒛¥ ao longo do eixo do 
trecho, como está indicado na Figura 2.14. Ao estabelecer as equações dos esforços 
considera-se a origem do sistema de coordenadas, inicialmente fixado, 
sucessivamente situada em cada trecho nos pontos de coordenada 𝒛. 
 
Exemplo 2.6 
 
Para a estrutura tridimensional carregada na 
sua extremidade mostrada na figura ao lado, é 
necessário: 
a) Calcular as reacções de apoio 
b) Determinar as equações dos esforços 
internos e 
c) Desenhar os diagramas dos esforços. 
Dados:	𝐹� = 3	𝑘𝑁, 𝐹T = 5	𝑘𝑁	𝑒	𝐹� = 20	𝑘𝑁. 
 
 
 
 
 
Solução 
 
§ Cálculo das reações de apoio 
↑ :	𝐴� − 𝐹� = 0																																		
→ :	−𝐴� + 𝐹T = 0																												
↗ :	 𝐴£ − 𝐹� = 0																																
↑↑ 𝐴:	𝑀A� − 𝐹T. 2 − 𝐹�. 0,5 = 0			
→→ 𝐴:	−𝑀A� − 𝐹�. 2 + 𝐹�. 3 = 0
↗↗ 𝐴:	𝑀A£ + 𝐹T. 3 + 𝐹�. 0,5 = 0
 
 
𝐴� = 20	𝑘𝑁										
𝐴� = 5	𝑘𝑁													
𝐴£ = 3	𝑘𝑁												
𝑀A� = 11,5	𝑘𝑁𝑚
𝑀A� = −31	𝑘𝑁𝑚
𝑀A£ = −25	𝑘𝑁𝑚
 
 
Figura 2.14 - Exemplo 2.6 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
34 34 
§ Determinação dos esforços internos 
Trecho 1: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido positivo 
(sentido do eixo coordenado z), os esforços vectores têm os sentidos dos eixos 
coordenados. 
→:	𝑁� + 𝐹T = 0																									𝑁� = −5	𝑘𝑁														 
↑ :	−𝑇�� − 𝐹� = 0																						𝑇�� = −20	𝑘𝑁 
↗ :	−𝑇�£ − 𝐹� = 0																					𝑇�£ = −3	𝑘𝑁 
→→:	𝑀¾� = 0																												𝑀¾� = 0 
↑↑ :	−𝑀�� − 𝐹�𝑧� = 0														𝑀�� = −20𝑧� 
↗↗:	−𝑀�£ + 𝐹�𝑧� = 0												𝑀�£ = 3𝑧� 
 
Trecho 2: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido positivo 
(sentido do eixo coordenado x), os esforços vectores têm os sentidos dos eixos 
coordenados. 
 
→:	𝑇T� + 𝐹T = 0																																									𝑇T� = −5	𝑘𝑁 
↑ :	−𝑇T� − 𝐹� = 0																																							𝑇T� = −20	𝑘𝑁 
↗ :	−𝑁T − 𝐹� = 0																																							𝑁T = −3	𝑘𝑁 
→→:	𝑀T� − 𝐹�𝑧T = 0																															𝑀T� = 20𝑧T 
↑↑ :	−𝑀T� + 𝐹�. 1 − 𝐹T𝑧T = 0																𝑀T� = 3 − 5𝑧T 
↗↗:	−𝑀¾T − 𝐹�. 1𝑚 = 0																									𝑀¾T = −20	𝑘𝑁𝑚 
 
 
 
Trecho 3: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido 
negativo (sentido oposto ao eixo coordenado z), os esforços vectores têm sentidos 
opostos aos dos eixos coordenados. 
 
→:	−𝑁� + 𝐹T = 0																																				 
↑ :	𝑇�� − 𝐹� = 0																																													 
↗ :	𝑇�£ − 𝐹� = 0																																													 
→→:	−𝑀¾� − 𝐹�. 2 = 0																															 
↑↑ :	𝑀�� − 𝐹T. 2 + 𝐹�(1 − 𝑧�) = 0					 
↗↗:	𝑀�£ − 𝐹�(1 − 𝑧�) = 0																								 
 
𝑁� = 5	𝑘𝑁 
𝑇�� = 20	𝑘𝑁 
𝑇�£ = 3	𝑘𝑁 
𝑀¾� = −40	𝑘𝑁𝑚 
𝑀�� = 7 + 3𝑧� 
𝑀�£ = 20 − 20𝑧� 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
35 35 
Trecho 4: Como a normal exterior do plano da secção transversal tem sentido 
negativo (sentido oposto ao eixo coordenado y), os 
esforços vectores têm sentidos opostos aos dos eixos 
coordenados. 
→:	−𝑇j� − 𝐴� = 0																																												𝑇j� = −5	𝑘𝑁 
↑ :	𝑁j + 𝐴� = 0																																																		𝑁j = −20	𝑘𝑁 
↗ :	𝑇j£ + 𝐴£ = 0																																																𝑇j£ = −3	𝑘𝑁 
→→:	−𝑀j� − 𝑀A� + 𝐴£𝑧j = 0																						𝑀j� = 31 + 3𝑧j 
↑↑ :	𝑀¾j +𝑀A� = 0																																											𝑀¾j = −11,5	𝑘𝑁𝑚 
↗↗:	𝑀j£ = +𝑀A£ + 𝐴�𝑧j = 0																							𝑀j£ = 25 − 5𝑧j 
 
 
§ Diagrama dos esforços seccionais 
 
1. O diagrama do esforço normal é marcado em qualquer lado dos elementos 
estruturais, indicando no próprio diagrama por meio dos sinais “+” e “-” as 
regiões de tracção ou compressão respectivamente. 
 
2. O diagrama do esforço transverso deve-se traçar tendo em 
consideração o sistema de coordenadas convencional 
adoptado, isto é, o esforço transverso positivo traça-se do 
lado positivo do eixo e o negativo do lado negativo do eixo. 
 
3. O diagrama do momento flector é traçado seguindo-se as seguintes 
convenções: 
§ Se o momento em “x” é positivo, traça-se do lado positivo 
do eixo “y” ou do lado negativo do eixo “z” 
 
§ Se o momento em “y” é positivo, traça-se do lado positivo 
do eixo “z” ou do lado negativo do eixo “x” 
 
§ Se o momento em “z” é positivo, traça-se do lado positivo 
do eixo “x” ou do lado negativo do eixo “y” 
 
 
§ Se o momento em “x” é negativo, traça-se do lado positivo 
do eixo “z” ou do lado negativo do eixo “y” 
 
§ Se o momento em “y” é negativo, traça-se do lado positivo 
do eixo “x” ou do lado negativo do eixo “z” 
 
§ Se o momento em “z” é negativo, traça-se do lado positivo 
do eixo “y” ou do lado negativo do eixo “x” 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
36 36 
Usando as convenções acima citadas, resultam os seguintes diagramas dos esforços 
seccionais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
37 37 
Exemplo 2.7 
Para a estrutura representada na Figura 2.15, pede-se para determinar as 
equações dos esforços internos e as respectivas linhas de estado. 
Dados: 𝐹� = 100	𝑁, 𝐹T = 150	𝑁, 𝐹� = 75	𝑁, 𝑞 = 2𝑁/𝑐𝑚	, 𝑎 = 50	𝑐𝑚 
 
Figura 2.15 - Exemplo 2.7 
Solução 
 
§ Como se pode ver na figura, para a determinação das equações dos esforços 
internos e o desenho dos respectivos diagramas, não é necessário conhecer 
os valores das reacções de apoio por isso, negligenciaremos o seu cálculo. 
 
Divisão da estrutura em trechos 
 
Trecho 1 
 
§ Como a normal exterior do plano da secção 
transversal tem sentido positivo (sentido do 
eixo coordenado x), os esforços vectores têm 
os sentidos dos eixos coordenados. 
↗ :	−𝑁� + 𝐹T = 0																													𝑁� = 𝐹T 
↑ :	−𝑇�� − 𝐹� = 0																													𝑇�� = −𝐹� 
→:𝑇�� − 𝐹� = 0																																𝑇�� = 𝐹� 
↗↗:	−𝑀¾� = 0																																		𝑀¾� = 0 
↑↑ :	−𝑀�� + 𝐹�𝑠� = 0																					𝑀�� = 𝐹�𝑠� 
→→:	𝑀�� − 𝐹�𝑠� = 0																						𝑀�� = 𝐹�𝑠� 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 – Esforços numa secção transversal 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
38 38 
Trecho 2 
 
§ Como a normal exterior do 
plano da secção transversal 
tem sentido negativo 
(sentido oposto ao eixo 
coordenado z), os esforços 
vectores têm sentidos 
opostos aos dos eixos 
coordenados. 
 
→:	−𝑁T − 𝐹� = 0																																																			𝑁T = −𝐹� 
↗ :	𝑇T£ + 𝐹T = 0																																																						𝑇T£ = −𝐹T 
↑ :	𝑇T� − 𝐹� − 𝑞𝑠T = 0𝑇T� = 𝐹� + 𝑞𝑠T 
→→:	−𝑀¾T − 𝐹�. 3𝑎 = 0																																						𝑀¾T = −𝐹�. 3𝑎 
↗↗:	𝑀T£ + 𝐹�𝑠T + 𝑞
𝑠TT
2 = 0																																𝑀T£ = −𝐹�𝑠T − 𝑞
𝑠TT
2 
↑↑ :	𝑀T� + 𝐹�. 3𝑎 + 𝐹T𝑠T = 0																														𝑀T� = −𝐹�. 3𝑎 − 𝐹T𝑠T 
 
Diagramas dos esforços seccionais 
 
 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas nas 
sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo 
 que já receberam o seu galardão. Mas o, quando tu deres esmola, 
não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, 
para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu 
Pai, que vê em secreto, te recompensará 
 Publicamente - Mateus 6: 2 - 4 
Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
34 34 
CAPÍTULO 3. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS 
 
A resistência de um material depende da sua capacidade de suportar a carga 
sem deformação excessiva ou rotura. Essa propriedade é inerente ao próprio material 
e deve ser determinada por experimento. Um dos testes mais importantes a realizar 
nesse sentido é o teste de tracção ou compressão. Embora muitas propriedades 
mecânicas importantes de um material possam ser determinadas por meio desse 
teste, ele é usado principalmente para determinar a relação entre a tensão normal 
média e a deformação normal média em muitos materiais da engenharia, tais como 
metais, cerâmicas, polímeros e materiais compósitos. 
Para realizar o teste de tracção ou compressão é feito um corpo de prova do 
material, com o formato e tamanho “padronizados”. 
 
 
Figura 3.1 - Corpo-de-prova 
Antes do teste, são feitas duas pequenas marcas de punção ao longo do 
comprimento do corpo-de-prova, distantes de ambas as extremidades, porque a 
distribuição da tensão nas é complexa devido à fixação nos acoplamentos em que a 
carga é aplicada. Medem-se, então, a área da secção transversal do corpo-de-prova 
𝐴¤ e o comprimento de referência 𝐿¤ entre as marcas de punção. Por exemplo, 
quando é usado um corpo-de-prova de metal em um teste de tracção, geralmente ele 
tem diâmetro inicial 𝑑¤ = 13	𝑚𝑚 e um comprimento de referência 𝐿¤ = 50	𝑚𝑚. A fim 
de se aplicar uma carga axial sem flexão do corpo-de-prova, as extremidades são, 
em geral, assentadas em juntas universais. Uma máquina de teste, como mostrada 
na Figura 3.2, é então usada para estirar o corpo-de-prova com taxa muito lenta e 
constante até que ele atinja o ponto de ruptura. A máquina é projectada para ler a 
carga necessária para manter o estiramento uniforme. 
Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
35 35 
 
 
Figura 3.2 - Máquinas de ensaio de tracção 
Os dados da carga aplicada são registados a intervalos frequentes à medida 
que são lidos no visualizador digital. Além disso, mede-se o alongamento 𝛿 = 𝐿 − 𝐿¤ 
entre as marcas de punção no corpo-de-prova por meio de um calibre ou um 
dispositivo óptico denominado extensômetro. O valor 𝛿 é então usado para calcular 
a deformação normal média do corpo-de-prova. Algumas vezes, entretanto, essa 
medida não é feita, visto também ser possível obter a deformação directamente, a 
partir de um extensômetro por resistência eléctrica como mostrado na Figura 3.3 
Capítulo 3 – Comportamento Mecânico dos Materiais 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
36 36 
 
Figura 3.3 - Extensômetro por resistência eléctrica 
A operação de tal extensômetro baseia-se na mudança da resistência eléctrica 
de um arame muito fino ou pedaço de folha de metal submetido à deformação. 
Essencialmente, o extensômetro é colado ao corpo-de-prova em uma direcção 
especificada. Se a cola for muito forte em comparação com o extensômetro, então o 
extensômetro será na verdade parte integrante do corpo-de-prova, de modo que, 
quando o corpo-de-prova for estirado na direcção do extensômetro, o arame e o 
corpo-de-prova sofrerão a mesma deformação. Medindo-se a resistência eléctrica do 
arame, o extensômetro pode ser calibrado para ler valores da deformação normal 
directamente.
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e 
sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? 
 Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, 
e o atender melhor do que a gordura 
de carneiros. - 1Samuel 15:22 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
35 35 
CAPÍTULO 4. DEFINIÇÃO DA TENSÃO 
 
Os conceitos de tensão e deformação podem ser ilustrados considerando-se o 
alongamento de uma barra prismática (barra de eixo recto e de secção constante em 
todo o comprimento). 
Considere-se uma barra prismática carregada nas extremidades por forças 
axiais 𝑭	e	𝑭′ (forças que actuam no eixo barra), que produzem alongamento uniforme 
ou tracção na barra. Sob acção dessas forças originam-se esforços internos no 
interior da barra. Para o estudo desses esforços internos, considera-se um corte 
imaginário na secção m-m, normal ao seu eixo. Removendo-se qualquer parte 
cortada do corpo, os esforços internos na secção considerada (m-m) transforma-se 
em esforços externos. 
 
Figura 4.1 - Barra prismática sob tracção 
Para que não se altere o equilíbrio, estes esforços internos devem ser 
equivalentes à resultante 𝑵(𝒛), também longitudinal de intensidade igual a 𝑭. 
Na prática, supõe-se que estes esforços internos sejam distribuídos 
uniformemente sobre toda a secção transversal. Quando estas forças são distribuídas 
perpendiculares e uniformemente sobre toda a secção transversal, recebem o nome 
de tensão normal, sendo comummente designada pela letra grega 𝝈 (sigma). 
Pode-se ver facilmente que a tensão normal, em qualquer parte da secção 
transversal é obtida dividindo-se o valor do esforço interno normal 𝑵(𝒛) pela área da 
secção transversal 𝑨, ou seja, 
𝜎 =
𝑁(𝑧)
𝐴 																									[3.1] 
Quando a barra é alongada, a tensão resultante é uma tensão de tracção e se 
as forças internas comprimem a barra, tem-se tensão de compressão. 
A condição necessária para validar a equação	[3.1] é que a tensão 𝜎 seja 
uniforme em toda a secção transversal da barra. 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
36 36 
 
Figura 4.2 - Tensão normal na barra prismática 
O alongamento total de uma barra submetida a uma força axial é designado pela letra 
grega 𝛿 (delta). O alongamento por unidade de comprimento é denominado 
deformação específica e é representado pela letra grega 𝜀 (épsilon): 
𝜀 =
𝛿
𝑙 																		[3.2] 
Onde, ∆𝑙 é o alongamento ou o encurtamento da barra e 𝑙 é o comprimento total da 
barra. 
 Note-se que a deformação 𝜀 é uma quantidade adimensional. É de uso 
corrente no meio técnico representar a deformação por uma fracção percentual (%) 
multiplicando-se o valor da deformação específica por 100. 
 
 
4.1. Classificação dos Materiais 
 
Os materiais, conforme as suas características, são classificados como 
dúcteis e frágeis. 
 
 
4.1.1. Material frágil 
 
O material é classificado como frágil, 
quando submetido a um ensaio de tracção e 
não apresenta deformação plástica, passando 
da deformação elástica para a ruptura. Os 
materiais frágeis ou quebradiços se deformam 
relativamente pouco antes da ruptura. São 
exemplos de material frágil: o concreto, ferro 
fundido, vidro, porcelana, cerâmica, gesso, 
cristal, acrílico, baquelite, etc. 
 
 
 
 
Figura 4.3 - Diagrama típico de um material frágil 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
37 37 
4.1.2. Material Dúctil 
 
O material é classificado como dúctil, quando submetido a um ensaio de 
tracção,apresenta deformação plástica, precedida por uma deformação elástica, para 
atingir a ruptura. Os materiais dúcteis apresentam grandes deformações antes da 
ruptura. São exemplos de material dúctil: o aço, cobre, alumínio, latão, bronze, níquel, 
etc. 
As relações entre as tensões e deformações para um determinado material 
são encontradas por meios de ensaios de tracção. Nestes ensaios são medidos os 
alongamentos 𝜹, correspondentes aos acréscimos de carga axial 𝑭 que se aplicarem 
à barra, até a ruptura do corpo-de-prova. 
Obtêm-se as tensões dividindo as forças pela área da secção transversal da 
barra e as deformações específicas dividindo o alongamento pelo comprimento ao 
qual a deformação é medida. Deste modo, obtém-se um diagrama tensão-
deformação do material em estudo, ilustra-se na figura a seguir, um diagrama tensão-
deformação típico do aço: 
 
Figura 4.4 - Diagrama tensão-deformação convencional para material dúctil (aço) 
 
Região elástica: de 𝑶 até 𝑨 as tensões são directamente proporcionais às 
deformações, o material obedece a Lei de Hooke e o diagrama é linear. O ponto 𝑨 é 
chamado limite de proporcionalidade, pois, a partir desse ponto deixa de existir a 
proporcionalidade. Daí em diante, inicia-se uma curva que se afasta da recta 𝑶𝑨ÆÆÆÆ, até 
que em 𝐵 começa o chamado escoamento. 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
38 38 
Região plástica: no ponto 𝑩 inicia-se a região plástica. O escoamento 
caracteriza-se por um aumento considerável da deformação com pequeno aumento 
da força de tracção. O ponto 𝑪 é o final do escoamento, isto é, o material começa a 
oferecer resistência adicional ao aumento da carga, atingindo o valor máximo ou 
tensão máxima no ponto 𝑫, denominado limite máximo de resistência. Para além 
deste ponto, surgem maiores deformações acompanhadas por reduções de carga, 
ocorrendo, finalmente, a ruptura do corpo-de-prova no ponto 𝑬 do diagrama. 
A presença de um ponto de escoamento pronunciado, seguido de grande 
deformação plástica é uma característica do aço, que é o mais comum dos metais 
estruturais em uso actualmente. Tanto os aços quanto as ligas de alumínio podem 
sofrer grandes deformações antes da ruptura. 
 
 
 
4.2. Tensão admissível 
 
Para certificar-se de que a estrutura projectada não corre o risco de romper-
se, levando-se em conta algumas sobrecargas, bem como certas imprecisões na 
construção e possíveis desconhecimentos de algumas variáveis na análise da 
estrutura, normalmente emprega-se um coeficiente de segurança ou factor de 
segurança 𝑭𝒔 majorando-se a carga calculada. 
Outra forma de aplicação do coeficiente de segurança é utilizar uma tensão 
admissível (𝜎9É¡	𝑜𝑢	[𝜎]). 
A tensão admissível é geralmente mantida abaixo do limite de 
proporcionalidade, ou seja, na região de deformação elástica do material. Assim, 
𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙	𝑑ú𝑐𝑡𝑖𝑙:						𝜎9É¡ = [𝜎] =
𝜎o
𝐹Ë
																																																																																										[3.3] 
𝑀𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙	𝑓𝑟á𝑔𝑖𝑙:				𝜎9É¡ = [𝜎] =
𝜎p
𝐹Ë
																																																																																											[3.4] 
 Desta feita, a tensão calculada para qualquer elemento de uma estrutura ou a 
estrutura no seu conjunto deverá satisfazer sempre a seguinte condição: 
𝜎Ì9BÌJB9É9 ≤ 𝜎9É¡																																																																																																																														[3.5] 
 
 
4.3. Lei de Hooke 
 
Os diagramas tensão-deformação ilustram o comportamento de vários 
materiais, quando carregados por tracção. Quando um corpo-de-prova do material é 
descarregado, isto é, quando a carga é gradualmente diminuída até zero, a 
deformação sofrida durante o carregamento desparecerá parcial ou completamente. 
Esta propriedade do material, pela qual ela tende a retornar à forma original é 
denominada elasticidade. Quando a barra volta completamente à forma original, diz-
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
39 39 
se que o material é perfeitamente elástico, mas se o retorno não total, o material é 
parcialmente elástico. Neste último caso, a deformação que permanece depois da 
retirada da carga é denominada deformação permanente. 
A relação linear da função tensão-deformação foi apresentada pela primeira 
vez por Robert Hooke em 1678 e é conhecida por Lei de Hooke, definida como: 
𝜎 = 𝐸. 𝜀																																																																																																																																																		[3.6] 
Onde, 𝜎 é a tensão normal, 𝐸 é o módulo de elasticidade do material e 𝜀 é a 
deformação específica. 
O módulo de elasticidade representa o coeficiente angular da parte linear do 
diagrama tensão-deformação e é diferente para cada material 
A lei de Hooke é válida para a fase elástica dos materiais. Por este motivo, 
quaisquer que sejam os carregamentos ou solicitações sobre o material, vale a 
superposição de efeitos, ou seja, pode-se avaliar o efeito de cada solicitação sobre o 
material e depois somá-los. 
Quando a barra é carregada por tracção, a tensão longitudinal é 𝜎 = Î(�)
A
 e a 
deformação específica é 𝜀 = Ï
Ð
. Combinando estes resultados com a lei de Hooke, 
tem-se a seguinte expressão para o alongamento da barra: 
𝛿(𝑧) =
𝑁(𝑧)𝐿
𝐸𝐴 																																																																																																																																						[3.7] 
Esta equação mostra que o alongamento de uma barra linearmente elástica é 
directamente proporcional à carga e ao comprimento e inversamente proporcional ao 
módulo de elasticidade e à área da secção transversal. 
 O produto 𝐸𝐴 é conhecido como rigidez longitudinal da barra (ou rigidez à 
tracção). 
 
 
4.3.1. Forma geral da lei de Hooke 
 
A fórmula [3.7] é o caso particular da lei de Hooke, aplicado a exemplos simples 
de solicitação axial somente. 
Se forem consideradas as extensões ou deformações longitudinal (𝜀B;ÑÒ) e 
transversal (𝜀¾p9ÑË) tem-se, respectivamente: 
𝜀B;ÑÒ =
𝜎
𝐸 																																																																																																																																														
[3.8] 
𝜀¾p9ÑË = −𝜈. 𝜀B;ÑÒ = −𝜈
𝜎
𝐸 																																																																																																															
[3.9] 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
40 40 
 Onde 𝜈 é o coeficiente de Poisson que se situa, para os metais, entre 
0,25…0,35, para o betão 0,16…0,20 e para a borracha 𝜈 = 0,5. Este coeficiente se 
define como sendo a relação entre as deformações transversal e longitudinal dentro 
da região elástica. Esse coeficiente é assim conhecido em razão do famoso 
matemático francês S.D. Poisson (1781-1840). 
 Se o material em estudo possuir as mesmas propriedades qualquer que seja 
a direcção escolhida, no ponto considerado, então é denominado, material isotrópico. 
Se o material não possuir qualquer espécie de simetria elástica, então é denominado 
material anisotrópico. Um exemplo de material anisotrópico é a madeira pois, na 
direcção de suas fibras a madeira é mais resistente. 
 No caso mais geral, no qual um elemento do material é solicitado por três 
tensões normais 𝜎�, 𝜎�	𝑒	𝜎£, perpendiculares entre si, as quais correspondem 
respectivamente às deformações 𝜀�, 𝜀�	𝑒	𝜀£, a lei de Hooke generalizada se escreve 
como se segue: 
𝜀� =
1
𝐸 Õ𝜎� − 𝜈Ö𝜎£ + 𝜎�ר
𝜀� =
1
𝐸 Õ𝜎� − 𝜈(𝜎� + 𝜎£)Ø
𝜀£ =
1
𝐸 Õ𝜎£ − 𝜈Ö𝜎� + 𝜎�ר
																																																																																																																					[3.10] 
 A lei de Hooke é válida para materiais homogéneos, ou seja, aqueles que 
possuem as mesmas propriedades (mesmos 𝐸	𝑒	𝜈) em todos os pontos.
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porém, o Senhor disse a Samuel: Não atendes para a suaaparência, nem para a 
sua altura e a sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque 
 o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem 
 vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor 
 olha para o coração. Samuel 16:7 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
42 42 
CAPÍTULO 5. TRACÇÃO E COMPRESSÃO 
 
Podemos afirmar que uma peça está submetida a esforços de tracção ou 
compressão, quando uma carga axial (tem a direcção do eixo da peça) F, actuar sobre 
a área da secção transversal da peça. 
Quando a carga actuar no sentido dirigido para o exterior da peça, a peça está 
sujeita à tracção. Quando o sentido da carga estiver dirigido para o interior da peça, 
a barra estará comprimida. 
 
Figura 5.1 - Carregamentos por tracção e compressão 
Como exemplo de peças traccionadas temos as correias, os parafusos, os 
cabos de aço, cadeias. A compressão, por sua vez, pode ocorrer em ferramentas de 
estampagem, em pregos (durante a martelagem), trilhos, vigas de concreto, etc. 
 
 
5.1. Tensões e deformações em estruturas isostáticas 
 
O tipo de solicitação “tracção / compressão” caracteriza-se pelo facto de 
surgirem apenas forças normais nas secções transversais da barra, isto é, os esforços 
transversos, os momentos flectores e torçores são iguais a zero. Se se tratar de 
secções transversais constantes ou pouco variáveis, com base no princípio de Saint 
Venant (“O princípio de Saint-Venant afirma que efeitos localizados provocados por 
qualquer carga que actua sobre o corpo dissipam-se ou ajustam-se nas regiões 
suficientemente distantes da carga. Além disso, a distribuição de tensão resultante 
nessas regiões será a mesma provocada por qualquer outra carga estaticamente 
equivalente aplicada ao corpo na mesma área.” – Hibbeler, 5a ed, pág. 90) podemos 
admitir que a distâncias bastante grandes dos pontos de aplicação das forças, as 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
43 43 
forças internas bem como a tensão normal são distribuídas de maneira uniforme em 
toda a secção. 
 
Resolução de problemas 
Problema 1 
A barra circular representada na figura ao lado, é de aço, possui um diâmetro de 
20	𝑚𝑚 e comprimento de 0,8	𝑚. Encontra-se submetida à acção de uma carga axial 
de 10	𝑘𝑁. Pede-se para determinar: 
a) A tensão normal actuante 
b) O alongamento 
c) A deformação longitudinal 
d) A deformação transversal 
Solução 
Dados 
𝐸9ç; = 210	𝐺𝑃𝑎 − módulo de elasticidade do aço 
𝜈9ç; = 0,25…0,35	(0,30) − coeficiente de Poisson 
𝑑 = 20	𝑚𝑚 
𝐿 = 0,8	𝑚 = 800	𝑚𝑚 
𝐹 = 10	𝑘𝑁 
 
a) Tensão normal actuante 
𝜎 =
𝐹
𝐴 =
𝐹
𝜋𝑑T
4
=
10	000	𝑁
𝜋 ∗ (20𝑚𝑚)T
4
= 31,83
𝑁
𝑚𝑚T 										→ 													𝝈 = 𝟑𝟏, 𝟖𝟑	𝑴𝑷𝒂 
 
b) Alongamento da barra 
𝛿(𝑧) =
𝑁(𝑧)𝐿
𝐸𝐴 =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝜋𝑑
T
4
=
10	000	𝑁 ∗ 800	𝑚𝑚
2,1 ∗ 10> 𝑁
𝑚𝑚T ∗
𝜋 ∗ (20	𝑚𝑚)T
4
= 0,12	𝑚𝑚 
c) Deformação longitudinal 
𝜀B;ÑÒ =
𝜎
𝐸 =
31,83	𝑀𝑃𝑎
2,1 ∗ 10>	𝑀𝑃𝑎 = 0,000151									 → 								 𝜺𝒍𝒐𝒏𝒈 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟏𝟓𝟏 
 
d) Deformação transversal 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
44 44 
𝜀¾p9ÑË = −𝜈. 𝜀B;ÑÒ = −0,3 ∗ 0,000151 = −0,0000455		 → 		 𝜺𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔 = −𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟎𝟒𝟓𝟓 
 
Problema 6 
A barra vazada representada na figura abaixo, é de latão, encontra-se submetida à 
acção de uma carga axial de 7500 N. É necessário determinar: 
a) A tensão normal actuante 
b) O alongamento 
c) A deformação longitudinal 
d) A deformação transversal 
Nota: As dimensões na figura são em 𝑚𝑚 
 
 
Solução: 
Dados 
𝐸B9¾ã; = 117	𝐺𝑃𝑎 − módulo de elasticidade do latão 
𝜈B9¾ã; = 0,32…0,42	(0,37) − coeficiente de Poisson 
𝐿 = 800	𝑚𝑚 
𝐹 = 7500	𝑁 
 
a) Tensão normal actuante 
𝜎 =
𝐹
𝐴 =
𝐹
𝐴� − 𝐴T
=
7500	
(70 ∗ 60) − (55 ∗ 45) = 4,35	𝑁/𝑚𝑚T 
𝝈 = 𝟒, 𝟑𝟓	𝑴𝑷𝒂	 
 
a) Alongamento da barra 
𝛿(𝑧) =
𝑁(𝑧)𝐿
𝐸𝐴 =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ (𝐴� − 𝐴T)
=
7500	𝑁 ∗ 800	𝑚𝑚
1,17 ∗ 10> 𝑁
𝑚𝑚T ∗ [(70 ∗ 60) − (55 ∗ 45)]𝑚𝑚T
 
𝜹(𝒛) = 𝟎, 𝟎𝟑	𝒎𝒎 
 
 
 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
45 45 
b) Deformação longitudinal 
𝜀B;ÑÒ =
𝜎
𝐸 =
4,35		𝑀𝑃𝑎
1,17 ∗ 10>	𝑀𝑃𝑎 = 3,72 ∗ 10l>							 
𝜺𝒍𝒐𝒏𝒈 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟎𝟑𝟕𝟐 
 
c) Deformação transversal 
𝜀¾p9ÑË = −𝜈. 𝜀B;ÑÒ = −0,37 ∗ 0,0000372 = −1,376 ∗ 10l> 
𝜀¾p9ÑË = −𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟎𝟏𝟑𝟖 
 
Problema 2 
A figura dada, representa duas barras de aço 
soldadas na secção 𝑩𝑩. 
A carga de tracção que actua na peça é de 4,5	𝑘𝑁, 
a secção 1 da peça possui 15	𝑚𝑚 de diâmetro e 
um comprimento de 0,6	𝑚, sendo que a secção 2 
possui um diâmetro de 25	𝑚𝑚 e 0,9	𝑚 de 
comprimento. Desprezando o efeito do peso 
próprio do material, pede-se que determine para 
as secções 1 e 2: 
a) A tensão normal 
b) O alongamento 
c) A deformação longitudinal 
d) A deformação transversal 
e) O alongamento total da peça 
 
Solução 
a) Tensão normal 
Secção 1 
𝜎� =
𝐹
𝐴�
=
𝐹
𝜋 ∗ 𝑑�T
4
=
4500
𝜋 ∗ 15T
4
= 𝟐𝟓, 𝟒𝟔	𝑴𝑷𝒂 
 Secção 2 
𝜎T =
𝐹
𝐴�
=
𝐹
𝜋 ∗ 𝑑TT
4
=
4500
𝜋 ∗ 25T
4
= 𝟗, 𝟏𝟕	𝑴𝑷𝒂 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
46 46 
 
a) Alongamento das barras 
Secção 1 
𝛿�(𝑧) =
𝑁(𝑧)𝐿
𝐸𝐴 =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝜋𝑑�
T
4
=
4500 ∗ 600
2,1 ∗ 10> ∗ 𝜋 ∗ 15
T
4
= 𝟎, 𝟎𝟕𝟑	𝒎𝒎 
 Secção 2 
𝛿T(𝑧) =
𝑁(𝑧)𝐿
𝐸𝐴 =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝜋𝑑T
T
4
=
4500 ∗ 900
2,1 ∗ 10> ∗ 𝜋 ∗ 25
T
4
= 𝟎, 𝟎𝟑𝟗	𝒎𝒎 
 
a) Deformação longitudinal 
Secção 1 
𝜀B;ÑÒ =
𝜎�
𝐸 =
25,46
2,1 ∗ 10> = 0,000121 = 𝟏, 𝟐𝟏. 𝟏𝟎l𝟒 
 Secção 2 
𝜀B;ÑÒ =
𝜎T
𝐸 =
9,17
2,1 ∗ 10> = 0,0000436 = 𝟒, 𝟑𝟔. 𝟏𝟎l𝟓 
 
b) Deformação transversal 
Secção 1 
𝜀¾p9ÑË = −𝜈. 𝜀B;ÑÒ = −0,3 ∗ 1,21. 10lj = −3,64. 10l> 
 Secção 2 
𝜀¾p9ÑË = −𝜈. 𝜀B;ÑÒ = −0,3 ∗ 4,36. 10l> = −1,31. 10l> 
 
c) Alongamento total da peça 
𝛿¾;¾9B(𝑧) = 𝛿�(𝑧) + 𝛿T(𝑧) = 0,073 + 0,039												𝜹𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍(𝒛) = 𝟎, 𝟏𝟏𝟐	𝒎𝒎 
 
Problema 3 
A barra de aço mostrada na figura abaixo, tem secção transversal de área 𝐴 =
10	𝑐𝑚T e está solicitada pelas forças axiais que nela se indicam. Determinar o 
alongamento da barra, sabendo que 𝐸 = 2,1	𝑡/𝑐𝑚T. 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
47 47 
 
Solução 
Estando a barra em equilíbrio, cada uma de suas partes também está em 
equilíbrio. O trecho 𝐴𝐵 está submetido à tracção de 10𝑡, o seu alongamento é: 
𝛿� =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝐴 =
10	000 ∗ 200
2,1 ∗ 10â ∗ 10 = 0,095	𝑐𝑚 = 0,95	𝑚𝑚 
 A força que actua no trecho 𝐵𝐶 obtém-se determinando a resultante das forças 
que actuam à esquerda de uma secção situada entre 𝐵	𝑒	𝐶. Nessas condições, esse 
trecho está submetido à força de tracção de 7𝑡. O mesmo resultado se obtém 
considerando as forças que actuam à direita da secção considerada. O seu 
alongamento é: 
𝛿T =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝐴 =
7000 ∗ 300
2,1 ∗ 10â ∗ 10 = 0,1	𝑐𝑚 = 1	𝑚𝑚 
 
 
Analogamente, a força que actua numa secção compreendida entre 𝐷	𝑒	𝐶 deve ser 
de 9𝑡, para equilibrar a força que actua em 𝐷. O seu alongamento é: 
𝛿� =
𝐹 ∗ 𝐿
𝐸 ∗ 𝐴 =
9000 ∗ 400
2,1 ∗ 10â ∗ 10 = 0,171	𝑐𝑚 = 1,71	𝑚𝑚 
O alongamento da barra é, então: 
𝛿 = 𝛿� + 𝛿T + 𝛿� = 0,95 + 1 + 1,71 = 3,66	𝑚𝑚 
 
 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
48 48 
5.2. Tensões e deformações em estruturas hiperestáticas 
 
Em estruturas estaticamente indeterminadas o número possível de condições 
de equilíbrio é menor que o número de incógnitas, isto é, há um número excessivo de 
reacções de apoio. 
Se se tomar em consideração as deformações surgidas, poder-se-á formular 
equações adicionais em número necessário para a resolução do problema. As citadas 
equações adicionais resultam da equação do deslocamento ou de 
reflexões geométricas, como serádemonstrado no exemplo seguinte. 
 
Exemplo 
A viga rígida representada na figura 
ao lado, está apoiada numa articulação e 
suspensa por dois cabos iguais. Pedem-se 
as áreas necessárias para as secções 
transversais dos cabos (desprezar o peso 
próprio da viga). 
Dados: 
𝐹 = 12	𝑘𝑁	𝑒	𝜎9É¡(𝑛𝑜𝑠	𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠) = 140	𝑁/𝑚𝑚T 
 
 
Solução 
Surgem 4 incógnitas: 𝑵𝟏,𝑵𝟐, 𝑨𝒚	𝑒	𝑨𝒙. 
§ Equações de equilíbrio: 
→:	𝐴� = 0 
↑ :	𝑁� + 𝑁T +	𝐴� − 𝐹 = 0 
↺ 𝐴: (𝑁T − 𝐹) × 2𝑎 + 𝑁� × 𝑎 = 0 
 
§ Relação geométrica: 
𝛿 =
𝑁. 𝑙
𝐸. 𝐴 						𝑒					
𝛿�
𝑎 =
𝛿T
2𝑎 
𝛿T = 2 × 𝛿� 					→ 											
𝑁T𝐿
𝐸𝐴 = 2 ×
𝑁�𝐿
𝐸𝐴 
 
As incógnitas 𝑵𝟏,𝑵𝟐	𝑒	𝑨𝒚 resultam do seguinte sistema de equações: 
ò
l
zAE
dzzN
0 )(.
)(
EA
lNl .
=D
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
49 49 
ä
𝑁� = 2 ∗ (𝐹 − 𝑁T)
𝑁T = 2𝑁�
𝐹 = 𝑁� + 𝑁T + 𝐴�
				→ 			
⎩
⎪
⎨
⎪
⎧ 𝑁� =
2
5𝐹
𝑁T =
4
5 𝐹
𝐴� = −
1
5𝐹
 
A área da secção transversal dos cabos resulta da condição: 
𝜎9É¡ =
𝑁¡á£
𝐴 				→ 			𝐴 =
𝑁T
𝜎9É¡
=
4𝐹
5𝜎9É¡
=
4 ∗ 12000
5 ∗ 140	 = 68,57	𝑚𝑚T 
 
Problema 
Uma viga rígida à flexão é apoiada no ponto A por meio de um apoio fixo e por dois 
cabos nos pontos B e C respectivamente. 
 Dados: 
 𝐹 = 2000	𝑁, (𝐸𝐴)� = 1,5 × 10å	𝑁 
(𝐸𝐴)T = 2,0 × 10å	𝑁, 𝑙 = 1000	𝑚𝑚 
𝑙� = 𝑙					𝑒				𝑙T = 2𝑙		; 		𝑎 = 2𝑏 
a) Calcular as reacções de apoio e as 
forças no cabo 
b) Determinar o alongamento do cabo 2. 
 
5.3. Tensões e deformações térmicas 
 
Quando uma estrutura é estaticamente determinada, a variação uniforme da 
temperatura em todo o seu comprimento não acarreta nenhuma tensão, pois a 
estrutura é capaz de se expandir ou se contrair livremente. 
Por outro lado, a variação de temperatura em estruturas fixas, estaticamente 
indeterminadas, produz tensões em seus elementos, denominadas tensões 
térmicas. Esta conclusão pode ser observada pela comparação entre uma barra livre 
em uma das extremidades, com outra barra encastrada nas duas extremidades, como 
mostra a figura ao abaixo. 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
50 50 
 
Figura 5.2 - Tensões e deformações térmicas 
Na barra da Figura 5.2 (b), a variação uniforme de temperatura sobre toda a 
barra causará o alongamento: 
𝛿 = 𝛼𝐿∆𝑇																																																																																																																																										[3.11] 
Onde, 𝜶 é o coeficiente de dilatação térmica; 𝑳 é o comprimento da barra e ∆𝑻 
é a variação de temperatura (℃). 
 Como este alongamento pode ocorrer livremente, não surgirá nenhuma tensão 
na barra. 
 No caso de barras estaticamente indeterminadas, como a que aparece na 
Figura 5.2 (a), quando há aumento da temperatura, a barra não pode alongar-se, 
surgindo, como consequência, uma força de compressão. Para a barra encastrada 
da Figura 5.2. (a), vê-se que, se a extremidade 𝑨 for liberta do apoio [Figura 5.2. (c)], 
seu deslocamento para cima, devido ao acréscimo da temperatura, será o mesmo 
deslocamento para baixo, decorrente da acção da força 𝑹. Igualando esses dois 
deslocamentos tem-se, 
𝑅 = 𝐸𝐴𝛼∆𝑇																																																																																																																																								[3.12] 
Conhecido o valor de 𝑅, pode-se calcular a tensão e a deformação específica da barra 
pelas expressões: 
𝜎 =
𝑅
𝐴 = 𝐸𝛼∆𝑇																																																																																																																																		[3.13] 
𝜀 =
𝜎
𝐸 = 𝛼∆𝑇																																																																																																																																					[3.14] 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
51 51 
Deste exemplo, conclui-se que a variação de temperatura produz tensões em 
sistemas estaticamente indeterminados, ainda que não se tenha acção de forças 
externas. 
 
Resolução de problemas 
Problema 5.1 
A figura dada representa uma viga de aço com comprimento de 4	𝑚 e a área de 
secção transversal de 2800	𝑚𝑚T encastrada nas paredes 𝐴	𝑒	𝐵, livre de tensões a 
uma temperatura de 17℃. Determinar a força térmica, a tensão térmica e a 
deformação específica, originada na viga, quando a temperatura subir para 42℃. 
𝐸9ç; = 2,1. 10>𝑀𝑃𝑎	𝑒	𝛼9ç; = 1,2. 10l>℃l� 
 
 
Solução 
1. Força axial térmica actuante na peça 
𝑅 = 𝐸𝐴𝛼∆𝑇 = 2,1. 10>
𝑁
𝑚𝑚T ∗ 2800𝑚𝑚
T ∗ 1,2. 10l>
1
℃ ∗ (42 − 17)℃ = 𝟏𝟕𝟔, 𝟒	𝒌𝑵 
 
2. Tensão térmica originada na viga 
𝜎 =
𝑅
𝐴 = 𝐸𝛼∆𝑇 = 2,1. 10>
𝑁
𝑚𝑚T ∗ 1,2. 10
l> 1
℃ ∗ (42 − 17)℃ = 𝟔𝟑	𝑴𝑷𝒂 
 
3. Deformação térmica específica na peça 
𝜀 =
𝜎
𝐸 = 𝛼∆𝑇 = 1,2. 10l>
1
℃ ∗ (42 − 17)℃ = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟑 
 
Problema 5.2 
O conjunto representado na figura é constituído por uma secção transversal, 𝐴� =
3600	𝑚𝑚T e comprimento de 500	𝑚𝑚 e uma secção transversal, 𝐴T = 7200	𝑚𝑚T e 
comprimento de 250	𝑚𝑚. Determinar as tensões normais actuantes nas secções 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
52 52 
transversais das partes 1 e 2 da peça, quando houver uma variação de temperatura 
de 20℃. O material da peça é aço. 𝐸9ç; = 2,1. 10>	𝑀𝑃𝑎;	𝛼9ç; = 1,2. 10l>℃l� 
 
Solução 
A carga axial actuante na peça é a mesma que actua como reacção nos 
encastramentos. Para determinar esta força, é importante lembrar que o somatório 
dos deslocamentos é nulo, portanto, podemos escrever: 
𝐿� ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 𝐿�
𝐸 ∗ 𝐴�
= 𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴T
 
Como 𝐿� = 2𝐿T	𝑒	𝐴T = 2𝐴�, podemos escrever a equação anterior desta forma: 
2𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 2𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴�
= 𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 2𝐴�
 
2𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 − 𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 = −
1
2 ∗
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴�
+ 2 ∗
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴�
 
𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 =
3
2 ∗
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴�
									→ 								𝐹 =
2
3 ∗
𝐿T ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 ∗ 𝐸 ∗ 𝐴�
𝐿T
 
𝐹 =
2
3 ∗ 𝐸 ∗ 𝐴� ∗ 𝛼9ç; ∗ ∆𝑇 =
2
3 ∗ 2,1. 10
> ∗ 3600 ∗ 1,2 ∗ 10l> ∗ 20 = 𝟏𝟐𝟎, 𝟗𝟔	𝒌𝑵 
 
Tensão normal actuante nas secções 1 e 2 
𝜎� =
𝐹
𝐴�
=
120960
3600 = 𝟑𝟑, 𝟔	𝑴𝑷𝒂 
𝜎T =
𝐹
𝐴T
=
120960
7200 = 𝟏𝟔, 𝟖	𝑴𝑷𝒂 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
53 53 
Problema 5.3 
Uma barra circular de alumínio possui um 
comprimento 𝑙 = 0,3𝑚 e temperatura de 17℃. 
Determine a dilatação e o comprimento final 
da barra quando a temperatura atingir 32℃. 
 𝛼AB = 2,4. 10l>℃l� 
 
§ Dilatação (alongamento) da barra 
𝛿(𝑧) = 𝛼𝐿∆𝑇 = 2,4. 10l> × 300 × (32 − 17) = 𝟏𝟎𝟖	𝝁𝒎 
 
§ Comprimento final da barra 
𝐿ê¥Ñ9B = 𝐿 + 𝛿(𝑧) = 300 + 0,108 = 𝟑𝟎𝟎, 𝟏𝟎𝟖	𝒎𝒎 
 
Problema 5.4 
A figura dada representa uma viga de aço com 
5	𝑚 de comprimento e 3600	𝑚𝑚T de área de 
secção transversal. A viga encontra-se 
encastrada na parede A e apoiada junto à 
parede B, com uma folga de 1	𝑚𝑚 desta, a 
uma temperatura de 12℃. Determinar a 
tensão actuante na viga quando a temperatura 
subir para 40℃. 
𝐸9ç; = 2,1. 10>𝑀𝑃𝑎			𝛼9ç; = 1,2. 10l>℃l� 
 
Solução 
§ Se a viga estivesse livre, o seu alongamento seria: 
𝛿 = 𝛼𝐿∆𝑇 = 1,2. 10l> ∗ 5000 ∗ (40 − 12) = 𝟏, 𝟔𝟖	𝒎𝒎 
 
§ Como existe a folga de 1	𝑚𝑚, a parte do alongamento que será responsável 
pela tensão é: 
𝛿∗ = 𝛿 − 1 = 1,68 − 1 = 0,68	𝑚𝑚 
 
§ A variação de temperatura necessária para se obter 𝛿∗ = 0,68	𝑚𝑚 será 
calculada por: 
𝛿∗ = (𝐿 + 1) ∗ 𝛼 ∗ ∆𝑇				 → 				 ∆𝑇 =
𝛿∗
(𝐿 + 1) ∗ 𝛼 =
0,68
5001 ∗ 1,2. 10l> = 11,33℃ 
 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
54 54 
§ Tensão actuante na viga 
𝜎 = 𝐸 ∗ 𝛼 ∗ ∆𝑇 = 2,1. 10> ∗ 1,2. 10l> ∗ 11,33 = 𝟐𝟖, 𝟓𝟓	𝑴𝑷𝒂 
 
 
Problema 5.5 
Um tubo de aço com 100	𝑚𝑚 de diâmetro externo 
envolve um tubo de cobre com 80	𝑚𝑚 de 
diâmetro externo e 60	𝑚𝑚 de diâmetrointerno. O 
conjunto sofre uma carga de 24	𝑘𝑁 aplicada no 
centro das chapas de aço, como mostra a figura. 
Determinar a tensão normal em cada tubo. 
𝐸9ç; = 210	𝐺𝑃𝑎 
𝐸IJ = 112	𝐺𝑃𝑎 
 
Solução 
A carga de 24	𝑘𝑁 actua simultaneamente nos tubos de Cobre e Aço, portanto, 
podemos escrever: 
 
 
 
A carga aplicada nos tubos, fará com que estes sofram uma variação da sua medida 
linear inicial. É fácil observar que as duas variações são as mesmas. 
𝛿9ç; = 𝛿IJ 				→ 										
𝐹9ç; ∗ 𝑙9ç;
𝐸9ç; ∗ 𝐴9ç;
=
𝐹IJ ∗ 𝑙ÌJ
𝐴IJ ∗ 𝐸IJ
 
Como os comprimentos são iguais (𝑙9ç; = 𝑙ÌJ), podemos escrever que: 
𝐹9ç;
𝐸9ç; ∗ 𝐴9ç;
=
𝐹IJ
𝐴IJ ∗ 𝐸IJ
 
 
 
 
 
§ Secções transversais dos tubos 
𝐴9ç; =
𝜋Ö𝐷9ç;T − 𝐷IJT×
4 =
𝜋(100T − 80T)
4 = 𝟗𝟎𝟎𝝅	𝒎𝒎𝟐 
𝐴IJ =
𝜋Ö𝐷IJT − 𝑑IJ
T×
4 =
𝜋(80T − 60T)
4 = 𝟕𝟎𝟎𝝅	𝒎𝒎𝟐 
 
Substituindo os valores da área na equação [𝐼𝐼], temos: 
𝐹9ç; + 𝐹IJ = 24	𝑘𝑁			[𝐼] 
𝐹9ç; =
𝐸9ç; ∗ 𝐴9ç;
𝐴IJ ∗ 𝐸IJ
∗ 𝐹IJ											[𝐼𝐼] 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
55 55 
𝐹9ç; =
900𝜋 ∗ 210
700𝜋 ∗ 112 ∗ 𝐹IJ 
𝑭𝒂ç𝒐 = 𝟐, 𝟒𝟏 ∗ 𝑭𝑪𝒖 
Substituindo a relação acima na equação [𝐼], temos: 
2,41 ∗ 𝐹IJ + 𝐹IJ = 24							 → 								 3,41𝐹IJ = 24 
𝑭𝑪𝒖 = 𝟕	𝒌𝑵 
 
Mas, sabe-se que: 
𝐹9ç; + 𝐹IJ = 24					 → 			 𝐹9ç; = 24 − 𝐹IJ = 24 − 7 
𝑭𝒂ç𝒐 = 𝟏𝟕	𝒌𝑵 
 
Tensão normal nos tubos 
𝜎9ç; =
𝐹9ç;
𝐴9ç;
=
17000
900𝜋 = 𝟔	𝑴𝑷𝒂 
𝜎IJ =
𝐹IJ
𝐴IJ
=
7000
700𝜋 = 𝟑, 𝟏𝟖	𝑴𝑷𝒂 
 
 
Problema 5.6 
 
 
O conjunto representado acima está inicialmente num ambiente controlado 
com 25℃. Pretende-se saber qual será a tensão actuante em cada peça, quando uma 
fonte de calor externa elevar a temperatura do sistema em 45℃. 
 
Solução 
Capítulo 5 – Tracção e Compressão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
56 56 
A carga axial actuante na peça é a mesma que actua como reacção nos 
encastramentos. Para determinar esta força, é importante lembrar que o somatório 
dos deslocamentos é nulo, portanto, podemos escrever: 
𝐿� ∗ 𝛼îp;Ñ�o ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 𝐿�
𝐸 ∗ 𝐴�
= 𝐿T ∗ 𝛼B9¾ã; ∗ ∆𝑇 −
𝐹 ∗ 𝐿T
𝐸 ∗ 𝐴T
 
𝐹 = 180559,789	𝑁 = 𝟏𝟖𝟎, 𝟓𝟔𝟎	𝒌𝑵 
§ Tensão normal actuante nas secções do bronze (1) e do latão (2) 
𝜎� =
𝐹
𝐴�
=
180559,789
𝜋 × 70T
4
= 𝟒𝟗, 𝟗𝟏𝟖	𝑴𝑷𝒂	 
𝜎T =
𝐹
𝐴T
=
180559,789
75 × 150 = 𝟏𝟔, 𝟎𝟓	𝑴𝑷𝒂	 
 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não 
o sabendo, hospedaram anjos – Hebreus 13:1 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
58 58 
CAPÍTULO 6. TEORIA DE ELASTICIDADE 
 
6.1. Definição das tensões 
No capítulo 2, estudamos a origem das forças internas e a determinação dos 
esforços na secção, o que representa um dos critérios para a determinação da 
intensidade da solicitação do elemento estrutural, mas não é o único. A intensidade 
da solicitação de um corpo determina-se não só com base nos esforços actuantes 
numa secção transversal, mas também com base na sua distribuição sobre a secção 
e na área e forma da mesma. Baseando-se na suposição feita no capítulo 1, sobre a 
continuidade do material (Um material é homogêneo quando as suas propriedades 
não dependem do volume do corpo. Disto provém o conceito do meio contínuo. Um 
meio contínuo caracteriza-se pela ocupação contínua de todo o volume que lhe é 
atribuído.), podemos associar a cada elemento de área 𝒅𝑨 da secção transversal uma 
certa força interna 𝒅𝑭 cujas direcção e intensidade se determinam a partir da carga 
exterior. 
A razão da força pela área da secção transversal é denominada “Tensão”, cuja 
unidade será evidentemente a unidade da força pela unidade da área (por exemplo: 
𝑁/𝑚𝑚T,𝑁/𝑐𝑚T	𝑜𝑢	𝑁/𝑚T). Uma vez que a força é um vector, também a tensão é uma 
grandeza dirigida, tendo direcção, intensidade e sentido. Assim como decompomos 
a força interna resultante nas direcções dos eixos coordenados, obtendo o esforço 
normal e dois esforços transversos (Figura 6.1.a), da mesma maneira decomporemos 
a tensão resultante, que surge num certo ponto de um plano secante ao corpo, em 
componentes segundo as direcções dos eixos coordenados. Resultam deste modo 
uma “Tensão normal 𝝈” e duas “ tensões tangenciais 𝝉”, que são perpendiculares 
entre si (Figura 6.1.b). 
 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
59 59 
 
Figura 6.1 - Definição das tensões 
Se por um certo ponto de um corpo traçarmos vários planos secantes 
inclinados arbitrariamente, então as tensões resultantes que surgirão nos planos 
serão diferentes. O conjunto das tensões existentes em pelo menos 3 planos tri-
ortogonais que passam pelo ponto em causa determinam o chamado “estado de 
tensão” do ponto. 
Habitualmente utilizamos um sistema de coordenadas cartesianas, 
decompondo, portanto, a tensão 𝝈𝒓𝒆𝒔 segundo as direcções dos eixos das 
coordenadas x, y e z. as componentes obtidas distinguem-se através de dois índices, 
dos quais o primeiro indica a direcção da normal ao plano em que a componente 
actua e o segundo assinala a sua direcção (Figura 6.1.c). 
As tensões são definidas como positivas quando num plano, cuja normal tem 
o sentido positivo, são orientadas nos sentidos dos eixos coordenados 
correspondentes, ou quando são orientadas nos sentidos opostos aos dos eixos 
coordenados em planos cujas normais têm sentidos negativos. 
Por conseguinte, nas 3 facetas ortogonais de um tetraedro elementar actuam 
9 componentes das tensões (Figura 6.1.c) que constituem o chamado “tensor das 
tensões” referido no sistema de eixos xyz: 
𝜎¥ñ = ò
𝜎£ 𝜏�£ 𝜏�£
𝜏£� 𝜎� 𝜏��
𝜏£� 𝜏�� 𝜎�
ô 
 Diminuindo as dimensões do tetraedro podemos reduzi-lo ao ponto P, sendo 
as tensões indicadas consideradas como as tensões aparecidas nesse ponto, 
referidas ao sistema de eixos xyz. Elas definem completamente o “estado de tensão” 
no ponto em questão. Veremos a seguir, que, o conhecido tensor das tensões num 
ponto P qualquer de um corpo, é possível determinar o vector-tensão 𝝈𝒏	𝒓𝒆𝒔 numa 
faceta qualquer infinitamente próxima de P definida pela sua normal exterior 𝒏. 
 Como nas tensões normais os dois índices são iguais, vamos suprimir em 
seguida o segundo índice, assinalando deste modo a tensão normal por um índice só 
que indica a direcção em que a tensão actua. 
 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
60 60 
6.2. Estados de tensão 
 
Existem 3 estados principais de tensão, a saber: o estado monoaxial de tensão, 
o estado biaxial de tensão e o estado triaxial de tensão. 
Para além dos estados de tensão acima referidos, existem outros estados de 
tensão, que são casos particulares, que podem ser: estado de corte puro, estado 
hidrostático, etc. 
 
6.2.1. Estado monoaxial de tensão 
 
Se carregarmos uma barra recta e prismática por uma força orientada ao longo 
do seu eixo, podemos supor, que, excepto na vizinhança imediata do ponto de 
aplicação da força, as forças internas estejam uniformemente distribuídas sobre toda 
a secção transversal. Quer dizer, toda a secção participa de maneira uniforme na 
transmissão do esforço normal. Essa suposição baseia-se no princípio de Saint 
Venant e afirma: 
“As particularidades de aplicação das forças externas a uma barra sujeita à 
tracção ou compressão revelam-se, em regra, a distâncias que não superam as 
dimensões características da secção transversal da barra.” (ver Figura 6.2). 
 
Figura 6.2 - Barra sujeita à tracção 
Junto aos locais de aplicação das forças externas, de variações bruscas de 
secção ou de outras descontinuidades surgem tensões elevadas, as chamadas 
“tensões locais”. Estas concentrações de tensões serão tratadas no capitulo 15. 
Constatamos que, excluindoas zonas na vizinhança dos pontos de aplicação das 
forças, de variação brusca da forma geométrica e zonas em torno de orifícios, uma 
barra recta submetida à tracção ou compressão pura estará sujeita a um estado 
monoaxial de tensão. 
A tensão resultante 𝜎poË em qualquer plano secante é orientada na direcção do 
eixo da barra. 
Convecção de sinais: 
 Tensões normais que têm o sentido da normal ao plano em que actuam são 
positivas, trata-se neste caso de tensões de tracção. Tensões normais com sentidos 
opostos são tensões de compressão e assinalam-se com sinais negativos. 
Portanto, esforços normais positivos produzem tensões de tracção e esforços 
normais negativos originam tensões de compressão. 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
61 61 
 
Estudemos agora o caso em que a normal ao plano da secção transversal é 
inclinada, em relação ao eixo da barra de um ângulo 𝜃, que se mede no sentido 
matematicamente positivo. 
 
Figura 6.3 - Estado monoaxial de tensão 
A única tensão existente numa secção transversal perpendicular ao eixo da 
barra da área 𝑨 será: 
𝜎£ = 𝜎¤ =
𝐹
𝐴																																																																																																																																									[6.1] 
Se separarmos da barra uma parte em forma de cunha podemos determinar 
as tensões na faceta inclinada mediante as condições de equilíbrio: 
(Deve ser salientado que só há condições de equilíbrio de forças ou momentos; 
não há condições de equilíbrio para tensões). 
↗:𝜎(𝜃) ∗ 𝐴(𝜃) − 𝜎¤ ∗ cos𝜃 ∗ 𝐴 = 0 
↖ :	𝜏(𝜃) ∗ 𝐴(𝜃) + 𝜎¤ ∗ sin 𝜃 ∗ 𝐴 = 0 
Sendo: 𝐴(𝜃) = A
ùúûü
 
𝜎(𝜃) = 𝜎¤ ∗ 𝑐𝑜𝑠	T𝜃 =
𝜎¤
2 (1 + cos2𝜃)				
𝜏(𝜃) = −𝜎¤ ∗ sin 𝜃 ∗ cos𝜃 = −𝜎¤2 sin 2𝜃
																																																																																				 [6.2] 
A Figura 6.3 ilustra a regra de sinais de tensão tangencial que será usada. 
Toma-se o sinal positivo quando as tensões tangenciais formam forças que fazem 
girar o corpo no sentido matematicamente positivo (sentido igual ao do ângulo 𝜃). 
As equações [6.2] descrevem completamente o estado monoaxial de tensões. 
Deste modo determinam-se as tensões normais e tangenciais existentes em qualquer 
plano secante perpendicular ao plano da figura. Verificamos que surgem tensões 
normais e tangenciais em todos os planos secantes, excepto no plano 𝜃 = 0, onde se 
anula a tensão tangencial e a tensão normal atinge o seu valor extremo. 
A tensão tangencial máxima, como se vê pela equação [6.2], actua na secção 
transversal inclinada de 45º e tem a grandeza 
𝜏¡á£ = −
1
2𝜎£ = −
1
2𝜎¤																																																																																																																					[6.3] 
 Para barras sujeitas à compressão teremos que tomar 𝜎£ = 𝜎¤ com sinal 
negativo nas fórmulas [6.2]. 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
62 62 
 
6.2.2. Estado biaxial (plano) de tensão 
 
Examinemos então elementos estruturais cuja dimensão numa direcção, por 
exemplo, espessura na direcção da coordenada z, e muito menor que as dimensões 
nas outras duas. Se esses elementos forem carregados somente por forças 
colocadas no plano das dimensões maiores, como no nosso exemplo no plano xy, 
falaremos de um estado plano de tensão. Por outras palavras podemos dizer que um 
estado de tensão é qualificado de plano, se a tensão resultante num ponto qualquer 
do corpo está situada sempre no mesmo plano, isto é, não há nenhum componente 
de tensão perpendicular ao plano em que se estende o corpo. 
Imaginemos cortando do elemento estrutural um volume elementar 
𝑑𝑉 = ℎ. 𝑑𝑥. 𝑑𝑦 (h = espessura do elemento) 
 E assinalemos as forças devidas a todas tensões e forças de volume possíveis 
x,y (o peso próprio do volume elementar ou uma força de inércia). 
É de tomar em conta, que as tensões não são constantes, mas variam como 
funções das coordenadas x e y. Os acréscimos, que as tensões sofrem quando se 
passa de uma faceta para uma outra paralela na direcção positiva da coordenada 
correspondente serão considerados pela parcela de correção da série de Taylor, 
como ilustra a Figura 6.4 
Série de Taylor : 
𝑓(𝑥, 𝑦 + 𝑑𝑦) = 	𝑓(𝑥, 𝑦) +
𝜕𝑓(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑦 𝑑𝑦 +
1
2!
𝜕T𝑓(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑦T 𝑑𝑦T + ⋯ 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
63 63 
 
Figura 6.4 - Estado biaxial de tensão 
A condição de equilíbrio das forças segundo o eixo dos x fornece: 
!−𝜎£ + 𝜎£ +
𝜕𝜎£
𝜕𝑥 𝑑𝑥"𝑑𝑦. ℎ + #−𝜏�£ + 𝜏�£ +
𝜕𝜏�£
𝜕𝑦 𝑑𝑦$𝑑𝑥. ℎ + 𝑋. 𝑑𝑉 = 0 
𝜕𝜎£
𝜕𝑥 +
𝜕𝜏�£
𝜕𝑦 + 𝑋 = 0																																																																																																																						[6.4. 𝑎] 
Analogamente obtém-se segundo o eixo dos y 
𝜕𝜏£�
𝜕𝑥 +
𝜕𝜎�
𝜕𝑦 + 𝑌 = 0																																																																																																																							[6.4. 𝑏] 
A condição de equilíbrio dos elementos relacionados com o centro de 
gravidade 𝑺 do elemento será 
#𝜏�£ + 𝜏�£ +
𝜕𝜏�£
𝜕𝑦 𝑑𝑦$𝑑𝑥. ℎ.
𝑑𝑦
2 − #𝜏£� + 𝜏£� +
𝜕𝜏£�
𝜕𝑥 𝑑𝑥$𝑑𝑦. ℎ.
𝑑𝑥
2 = 0 
Desprezamos os infinitésimos de terceira ordem em relação aos da segunda 
ordem e obtemos 
𝜏£� = 𝜏�£																																																																																																																																															[6.5] 
A igualdade obtida entre as tensões tangenciais define o chamado teorema 
de reciprocidade das tensões tangenciais: 
1. As tensões tangenciais aparecem sempre duas a duas, não havendo um 
estado monoaxial de tensões tangenciais 
 
2. Em duas facetas ortogonais, as tensões tangenciais perpendiculares à aresta 
comum são iguais e ambas convergentes ou divergentes relativamente à 
aresta. 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
64 64 
 
Para estudar as tensões que aparecem em facetas inclinadas de ângulos 
𝜃	𝑒	𝜃 + (
T
 respectivamente, o que corresponderia ao estado de tensão dum volume 
elementar girado pelo ângulo 𝜃 em comparação com a sua posição inicial, cortamos 
do corpo de espessura ℎ um elemento em forma de uma cunha, marcamos as forças 
que nele estão aplicadas e estabelecemos as condições de equilíbrio das forças 
segundo duas direcções ortogonais da (Figura 6.5): 
 
Figura 6.5 - Tensões que aparecem numa faceta inclinada 
 
↗ :	 𝜎£). 𝑑𝑠. ℎ − 𝜎£𝑑𝑦. ℎ. cos𝜃 − 𝜏£�. 𝑑𝑦. ℎ. sin 𝜃 − 𝜎�. 𝑑𝑥. ℎ. sin 𝜃 − 𝜏�£. 𝑑𝑥. ℎ. cos𝜃 = 0 
↖: 𝜏£)�). 𝑑𝑠. ℎ + 𝜎£. 𝑑𝑦. ℎ. sin 𝜃 − 𝜏£�. 𝑑𝑦. ℎ. cos𝜃 − 𝜎�. 𝑑𝑥. ℎ. cos𝜃 + 𝜏�£. 𝑑𝑥. ℎ. sin 𝜃 = 0 
Considerando que: 
𝑑𝑥 = 𝑑𝑠. sin 𝜃	 
𝑑𝑦 = 𝑑𝑠. cos𝜃	 
𝑥𝑦 = 𝑦𝑥													 
𝑐𝑜𝑠T𝜃 =
1
2
(1 + cos 2𝜃)		 
𝑠𝑖𝑛T𝜃 =
1
2 (1 − cos2𝜃) 
Obtém-se: 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
65 65 
𝜎£) =
𝜎£ + 𝜎�
2 +
𝜎£ − 𝜎�
2 𝑐𝑜𝑠2𝜃 + 𝜏£� sin 2𝜃
𝜏£)�) = −
𝜎£ − 𝜎�
2 sin 2𝜃 + 𝜏£�. cos 2𝜃											
																																																																														[6.6] 
Substituindo nas equações [6.6] a inclinação de 𝜃 da normal pelo ângulo 𝜃 + (
T
, 
determinam-se as tensões que actuam na faceta perpendicular à acima estudada: 
𝜎�) =
𝜎£ + 𝜎�
2 −
𝜎£ − 𝜎�
2 𝑐𝑜𝑠2𝜃 − 𝜏£�	𝑠𝑒𝑛2𝜃		
𝜏�)£) = −𝜏£)�) =
𝜎£ − 𝜎�
2 sen 2𝜃 − 𝜏£�. cos 2𝜃
																																																																											[6.7] 
O sinal negativo na segunda equação indica o sentido oposto de 𝜏�*£* em 
relação a 𝜏£*�*, um facto já conhecido e considerado na Figura 6.5. 
Se somarmos as primeiras das Equações [4.6] e [4.7] constatamos que 
𝜎£ + 𝜎� = 𝜎£) + 𝜎�)																																																																																																																											[6.8] 
O que significa: a soma das tensões normais em facetas ortogonaisé 
invariante perante uma rotação do sistema de coordenadas. 
As equações [6.6] e [6.7] mostram que as tensões são dependentes do ângulo 
𝜃, devendo existir, portanto, uma inclinação para a qual a tensão normal na faceta 
correspondente atinge o seu valor extremo. Igualando a zero a primeira derivada da 
Função [6.6] em relação a sua variável (𝜃) e substituindo o valor obtido 𝜃¤ na função 
inicial obtém-se: 
𝑑𝜎£)
𝑑𝜃 = 2 +−
𝜎£ − 𝜎�
2 sen 2𝜃 + 𝜏£� cos2𝜃, = 2𝜏£)�) = 0																																																							[6.9]		 
tan 2𝜃¤ =
2𝜏£�
𝜎£ − 𝜎�
																																																																																																																										 [6.10] 
Considerando que tan(𝜃¤ +
(
T
) = tan 2𝜃¤ 
Podemos concluir que existem sempre duas facetas ortogonais aos chamados 
planos principais de tensão, em que as tensões normais tomam valores extremos, 
sendo chamados tensões principais 
𝜎� =
𝜎£ + 𝜎�
2 +
𝜎£ − 𝜎�
2 cos 2𝜃¤ + 𝜏£� sen 2𝜃¤
𝜎� =
𝜎£ + 𝜎�
2 −
𝜎£ − 𝜎�
2 cos 2𝜃¤ − 𝜏£� sen 2𝜃¤
																																																																						[6.11] 
As suas direcções são determinadas pelos ângulos 𝜃¤ e 𝜃¤ +
(
T
, 
respectivamente, medidos no sentido matematicamente positivo a partir do eixo x. 
Mediante as relações trigonométricas 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
66 66 
sen 2𝜃¤ =
tan 2𝜃¤
/1 + 𝑡𝑎𝑛	T2𝜃¤
					cos 2𝜃¤ =
tan2𝜃¤
/1 + 𝑡𝑎𝑛	T2𝜃¤
	 
Eliminamos as funções trigonométricas nas equações [6.11] e obtemos: 
𝜎�,T =
𝜎£ + 𝜎�
2 ±1�
𝜎£ − 𝜎�
2 �
T
+ 𝜏£�T																																																																																								[6.12] 
Nota-se que o sinal positivo na equação acima nos leva à tensão principal 𝜎� 
e o sinal negativo à tensão principal 𝜎T, sendo, portanto, sempre 𝜎� > 𝜎T. 
Como se vê na Equação [6.9], nos planos principais de tensão (facetas 
inclinadas de 𝜃¤ e 𝜃¤ +
(
T
) as tensões tangenciais são obrigatoriamente nulas. 
 De maneira análoga determinam-se as direcções e os valores das chamadas 
tensões tangenciais principais que representam os valores extremos das tensões 
tangenciais. 
𝑑𝜏£*�*
𝑑𝜃 = 2 �−
𝜎£ − 𝜎�
2 cos 2𝜃 + 𝜏£� sen 2𝜃� 
tan 2𝜃� = tan 2(𝜃� +
𝜋
2) = −
𝜎£ − 𝜎�
2𝜏£�
																																																																																								[6.13] 
 Nas facetas inclinadas de 𝜃� e 𝜃� +
(
T
 em relação ao eixo x aparecem os valores 
extremos das tensões tangenciais, as tensões tangenciais principais: 
𝜏� = −𝜏T = −
𝜎£ − 𝜎�
2 sen 2𝜃� + 𝜏£� cos2𝜃� 																																																																										[6.14] 
Ou, aproveitando as relações trigonométricas acima citadas, 
𝜏�,T = ±1�
𝜎£ − 𝜎�
2 �
T
+ 𝜏£�T																																																																																																								[6.15] 
Em geral, nas facetas das tensões tangenciais principais as tensões normais 
não são nulas. Se forem, trata-se de corte puro. 
Pela multiplicação das equações [6.10] e [6.14] obtém-se: 
tan 2𝜃¤ ∗ tan 2𝜃� = −1 
O que significa que: 
𝜃� = 𝜃¤ +
𝜋
4 
Quer dizer, a normal das facetas das tensões tangenciais principais divide o 
ângulo recto feito pelos planos principais de tensão em duas partes iguais. 
Resumamos: 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
67 67 
1. No estado plano de tensão (também no estado monoaxial) existem sempre 
dois planos ortogonais, os planos principais de tensão, em que as tensões 
normais são extremas e as tensões tangenciais são nulas. Isto é, facetas em 
que não há tensões tangenciais são planos principais de tensão. 
 
2. Em planos inclinados a 45º em relação aos planos principais de tensão, as 
tensões tangenciais são extremas (tensões tangenciais principais). Nestes 
planos as tensões normais não têm obrigatoriamente que ser nulas. Em planos 
em que não há tensões normais tem-se o chamado corte puro. 
Exemplo 
Uma parede de uma 
construção de concreto 
reforçado está submetida a 
uma carga vertical uniforme de 
intensidade q e a uma força 
horizontal F (que representa os 
efeitos de carregamentos de 
vento), como ilustrado na 
primeira parte da figura. Como 
consequência dessas cargas, 
as tensões no ponto A na 
superfície da parede têm os 
valores ilustrados na segunda 
parte da figura. Determine: 
a) As tensões normal e de cisalhamento agindo num plano orientado a 30º em 
relação ao elemento. 
b) As tensões principais e as suas direcções. 
c) A tensão de cisalhamento máxima e a sua direcção. 
d) A tensão normal média associada. 
 
Solução 
Dados: 
𝜎£ = 750	𝑘𝑃𝑎 
𝜎� = −300	𝑘𝑃𝑎 
𝜏£� = −100	𝑘𝑃𝑎 
𝜃 = 30° 
 
§ Tensões normais e de cisalhamento agindo num plano orientado a 30º em 
relação ao elemento. 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
68 68 
𝜎£) =
𝜎£ + 𝜎�
2 +
𝜎£ − 𝜎�
2 𝑐𝑜𝑠2𝜃 + 𝜏£� sin 2𝜃
𝜏£)�) = −
𝜎£ − 𝜎�
2 sin 2𝜃 + 𝜏£�. cos 2𝜃
																	[6.6] 
 
𝜎£) =
750 − 300
2 + 750 + 3002 cos60° − 100sin 60° = 𝟒𝟎𝟎, 𝟖𝟗𝟕	𝒌𝑷𝒂				
𝜏£)�) = −750 + 3002 sin 60° − 100cos 60° = −𝟓𝟎𝟒, 𝟔𝟔𝟑	𝒌𝑷𝒂																		
 
 
𝜎�) =
𝜎£ + 𝜎�
2 −
𝜎£ − 𝜎�
2 𝑐𝑜𝑠2𝜃 − 𝜏£�	𝑠𝑒𝑛2𝜃
𝜏�)£) = −𝜏£)�) =
𝜎£ − 𝜎�
2 sen 2𝜃 − 𝜏£�. cos 2𝜃
																			[6.7] 
𝜎�) =
750 − 300
2 − 750 + 3002 cos 60° + 100	𝑠𝑒𝑛	60° = 𝟒𝟗, 𝟏𝟎𝟑	𝒌𝑷𝒂			
𝜏�)£) = −𝜏£)�) =
750 + 300
2 sin 60° + 100 cos60° = 𝟓𝟎𝟒, 𝟔𝟔𝟑	𝒌𝑷𝒂					
 
 
§ As tensões principais e as suas direcções 
𝜎�,T =
𝜎£ + 𝜎�
2 ±1�
𝜎£ − 𝜎�
2 �
T
+ 𝜏£�T																																							[6.12] 
𝜎�,T =
750 − 300
2 ±1!
750 + 300
2 "
T
+ (−100)T 				→ 				
𝝈𝟏 = 𝟕𝟓𝟗, 𝟒𝟒𝟎	𝒌𝑷𝒂						
𝝈𝟐 = −𝟑𝟎𝟗, 𝟒𝟒𝟎	𝒌𝑷𝒂				 
 
tan 2𝜃¤ =
2𝜏£�
𝜎£ − 𝜎�
					 
tan 2𝜃¤ =
2𝜏£�
𝜎£ − 𝜎�
			→ 				 𝜃¤ =
1
2 arctan
2𝜏£�
𝜎£ − 𝜎�
=
1
2 arctan
4
2 ∗ (−100)
750 + 300
5 = −5,39° 
Para 𝝈𝟏: 	𝜃¤(1) = −5,39°																																				 
Para	𝝈𝟐: 	𝜃¤(2) = −5,39° + 90° = 84,61°						 
 
§ A tensão de cisalhamento máxima e a sua direcção. 
𝜏�,T = ±1�
𝜎£ − 𝜎�
2 �
T
+ 𝜏£�T																																																													[6.15] 
𝜏� = 1�
𝜎£ − 𝜎�
2 �
T
+ 𝜏£�T = 1!
750+ 300
2 "
T
+ (−100)T = 𝟓𝟑𝟒, 𝟒𝟑𝟗	𝒌𝑷𝒂						 
 
tan 2𝜃� = tan 2(𝜃� +
𝜋
2) = −
𝜎£ − 𝜎�
2𝜏£�
																																															[6.13] 
𝜃� =
1
2 arctan(−
𝜎£ − 𝜎�
2𝜏£�
) =
1
2 arctan !−
750 + 300
2(−100) " = 𝟑𝟗, 𝟔𝟏°								 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
69 69 
 
6.3. Círculo de Mohr 
 
 
Figura 6.6 - Círculo de tensões ou Círculo de Mohr 
 
6.3.1. Passos principais para a construção do círculo de Mohr 
 
Passo 1. Marcam-se os pontos 𝑨,𝑩	e 𝑴 no eixo das abcissas , isto é, os valores 
de 𝜎�, 𝜎£	𝑒	𝜎¡. 
 
Passo 2. Na abcissa 𝜎£ (ponto 𝑩) traça-se a tensão tangencial considerando o 
seu sinal e fixa-se deste modo o ponto 𝑻. 
 
Passo 3. Com o raio, igual à distância 𝑇𝑀ÆÆÆÆÆ é desenhado o círculo; 
 
Passo 4. A tensão principal 𝜎� resulta como distancia, à origem do sistema de 
coordenadas 𝑶, da intersecção direita do círculo com o raio das abcissas 
(ponto 𝑫). A intersecção esquerda marca por conseguinte a tensão principal 
𝜎T (ponto 𝑪). 
 
Passo 5. A ligação do ponto 𝑻 com a intersecção esquerda do círculo com o eixo 
das abcissas (ponto 𝑪) representa um lado do ângulo 𝜃¤ (ângulo de inclinação 
da normal do plano principal da tensão em que actua a tensão principal 𝜎�), 
que se mede a partir do eixo dos 𝜎 no sentido matematicamente positivo. A 
direcção da linha 𝐶𝑇ÆÆÆÆ corresponde, portanto, à direcção da tensão principal 𝜎�. 
A direcção da tensão principal 𝜎T é ortogonal à de 𝜎�. 
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
70 70 
 
Passo 6. As coordenadasdo ponto 𝑷 determinam as tensões que actuam no 
plano secante inclinado pelo ângulo arbitrário 𝜃. 
Fixa-se o ponto 𝑷, traçando no ponto 𝑪 a partir da linha 𝐶𝑇ÆÆÆÆ o ângulo 𝜃 no 
sentido matematicamente negativo. 
 
Passo 7. A tensão tangencial principal é igual ao raio do círculo e representa-se 
como distância 𝑀𝑆ÆÆÆÆ. A inclinação do plano em que actua a tensão tangencial 
principal, isto é, o ângulo 𝜃�, mede-se como está indicado na alínea 6. 
 
O círculo construído desta maneira é chamado círculo de tensões ou círculo 
de Mohr, onde a ordenada de um ponto sobre o círculo é a tensão de cisalhamento 
𝜏 e a abcissa é a tensão normal 𝜎. 
 
Conclusões importantes: 
§ A maior tensão possível é 𝜎� e a menor 𝜎T. Nestes planos não existem tensões 
de cisalhamento. 
 
§ A maior tensão de cisalhamento 𝜏¡á£ é igual ao raio do círculo e uma tensão 
normal de actua em cada um dos planos de máxima e mínima tensão 
de cisalhamento. 
 
§ Se 𝜎� = 𝜎T, o círculo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem 
tensões de cisalhamento no plano xy. 
 
§ Se 𝜎£ + 𝜎� = 0, o centro do círculo de Mohr coincide com a origem das 
coordenadas 𝜎 − 𝜏, e existe o estado de cisalhamento puro. 
 
§ Se a soma das tensões normais em quaisquer dos planos mutuamente 
perpendiculares é constante: 𝜎£ + 𝜎� = 𝜎� + 𝜎T = 𝜎£* + 𝜎�* = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒, os 
planos de tensão máxima ou mínima formam ângulos de 45° com os planos 
das tensões principais. 
 
Deve ser apontado o facto que o círculo de Mohr representado na Figura 6.4 é 
válido tanto para o estado biaxial como para o estado monoaxial de tensão, uma vez 
que o estado monoaxial de tensão representa um caso particular do estado biaxial. 
Existe também o círculo das tensões para o estado triaxial de tensão, que por 
causa da reduzida importância representamos sem darmos demonstração. O 
objectivo da sua construção consiste somente na determinação das tensões que 
aparecem num plano secante qualquer, com base no conhecimento das tensões 
principais que vem ser calculadas em antemão. 
2
yx ss +
Capítulo 6 – Teoria de Elasticidade 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
71 71 
 
Figura 6.7 - Círculo de Mohr para o estado triaxial de tensão 
 
O círculo constrói-se da seguinte maneira 
Passo 1. Marcam-se as tensões principais 𝜎�, 𝜎T	𝑒	𝜎� no eixo das abcissas. 
 
Passo 2. Desenha-se 3 semicírculos sobre os comprimentos 𝜎�𝜎�ÆÆÆÆÆÆ, 𝜎T𝜎�ÆÆÆÆÆÆ	𝑒	𝜎�𝜎TÆÆÆÆÆÆ 
cujos centros estão afastados da origem do sistema de coordenadas às 
seguintes distâncias, respectivamente: 
𝑀� =
𝜎� + 𝜎�
2 	;		𝑀T =
𝜎T + 𝜎�
2 					 ; 				𝑀� =
𝜎� + 𝜎T
2 
 
Passo 3. A área tracejada compreende todos os possíveis valores de 𝜎	𝑒	𝜏 para 
um dado estado espacial de tensão. 
 
Passo 4. A partir das verticais nos pontos 𝜎�𝑒	𝜎� traçam-se os ângulos 𝛼	𝑒	𝛾, 
como se vê na figura, sendo 𝛼	𝑒	𝛾 os ângulos que a normal ao plano em 
questão faz com os eixos dos x e dos z respectivamente. Resultam os pontos 
𝑨 e 𝑩. 
 
Passo 5. Com os centros em 𝑀T	𝑒	𝑀� traçam-se os arcos que passam por 𝐴	𝑒	𝐵 
respectivamente, e se cruzam no ponto 𝑃. 
 
Passo 6. As coordenadas do ponto 𝑃 representam as grandezas pedidas 𝜎	𝑒	𝜏. A 
tensão 𝜎 é determinada com o seu verdadeiro sinal, não se podendo dizer nada 
em relação ao sinal da tensão tangencial 𝜏. 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mas o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. 
Porque do coração procedem os maus pensamentos, 
mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos 
testemunhos e blasfêmias. São essas as 
coisas que contaminam o homem, 
 mas comer sem lavar as mãos, 
isso não contamina 
o homem. 
Mateus 15: 18-20 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
73 73 
CAPÍTULO 7. FLEXÃO 
 
Falamos de flexão, se uma viga é solicitada por momentos, cujos vectores são 
perpendiculares ao seu eixo, e/ou forças transversais. Sob a acção de tal carga o eixo 
da viga sofre uma curvatura, isto é, sob ação de cargas de flexão, algumas fibras 
longitudinais que compõem o corpo sólido são submetidas à tração e outras “a 
compressão, existindo uma superfície intermediária onde a deformação (𝛿) e a tensão 
(σ) para as fibras nela contidas tornam-se nulas, isto é, não se encurtam e nem se 
alongam. Esta superfície é chamada de superfície neutra. A superfície neutra 
intercepta uma dada secção transversal da barra segundo uma reta chamada linha 
neutra. 
 
Figura 7.1 - Viga em consola sob flexão 
Os esforços de tracção e compressão aumentam à medida que se afastam da 
superfície neutra, atingindo sua intensidade máxima nas fibras mais distantes a ela. 
O material obedece a Lei de Hooke, ou seja, as tensões e deformações produzidas 
no sólido estão abaixo do limite de escoamento do material (regime elástico). 
Supondo uma viga submetida a esforços de flexão, constituída por uma série 
de fibras planas longitudinais, as fibras próximas à superfície convexa estão sob 
tracção e portanto sofrem um aumento em seu comprimento. Da mesma forma, as 
fibras próximas à superfície côncava estão sob compressão e sofrem uma diminuição 
no seu comprimento. Como na superfície neutra o esforço é nulo, a deformação 
resultante também será nula, sendo assim um plano de transição entre as 
deformações de tracção e compressão. De acordo com a Lei de Hooke, a tensão varia 
linearmente com a deformação. Desta forma temos que a tensão de flexão varia 
linearmente numa dada seção transversal de uma viga, passando por zero (tensão 
nula) na linha neutra. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
74 74 
 
Figura 7.2 - Superfície e linha neutra apresentadas num trecho de uma viga flectida 
 
Para facilitar a compreensão da matéria, formulamos as seguintes restrições: 
1. O eixo da viga é recto 
 
2. A única solicitação consiste em momentos flectores não havendo esforços 
transversos, tratando-se, portanto, de flexão pura 
 
3. A secção transversal da viga é invariável ao longo do comprimento desta. 
 
 
7.1. Geometria de áreas planas 
 
Convenção sobre a designação dos eixos coordenados: 
 Para evitar qualquer confusão aplicaremos a seguinte regra: Todos os eixos 
não centrais (eixos que não passam pelo centro de gravidade) em contraposição aos 
eixos centrais (x, y, x’, y’ etc.) são assinalados por barras (�̅�, 𝑦Æ, 𝑥′9 , 𝑦′9 	𝑒𝑡𝑐.). 
 
7.1.1. Momentos estáticos 
 
Os integrais 
𝑆£̅ = : 𝑦Æ
(A)
. 𝑑𝐴						𝑒							𝑆�Æ = : �̅�
(A)
. 𝑑𝐴																																																																																											[7.1] 
 
designam-se por momentos estáticos de área 𝐴 em relação aos eixos 
coordenados �̅�	𝑒	𝑦Æ respectivamente. Estes integrais conhecem-se da estática, onde 
aparecem nas equações de determinação das coordenadas do centro de gravidade 
duma área: 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
75 75 
�̅�Ë =
1
𝐴
: �̅�
(A)
. 𝑑𝐴						𝑒							𝑦ÆË =
1
𝐴
: 𝑦Æ
(A)
. 𝑑𝐴																																																																																					[7.2] 
Onde: 
�̅�Ë	;	𝑦ÆË −	coordenadas do centro de gravidade 𝑆 
𝐴 − área total da superfície em causa 
Para áreas com formas simples tais como rectângulos, triângulos, semi-
círculos, etc. os centros de gravidade determinam-se facilmente por integração, 
através das Expressões [7.2], ou tiram-se simplesmente de tabelas. 
Para figuras mais complicadas é vantajoso subdividir a figura em formas 
simples, para as quais a posição do centro de gravidade já é conhecida, 
determinando-se em seguida o centro de gravidade da figura completa através das 
expressões: 
�̅�Ë =
∑ �̅�Ë¥¥ ∗ 𝐴¥
∑ 𝐴¥¥
												𝑦ÆË =
∑ 𝑦ÆË¥¥ ∗ 𝐴¥
∑ 𝐴¥¥
																																																																																									[7.3] 
Onde: 
�̅�Ë¥	, 𝑦ÆË¥ −são as coordenadas já conhecidas do centro de gravidade da área parcial 
𝐴¥, medidas no mesmo sistema de coordenadas (�̅�, 𝑦Æ). 
As áreas parciais também podem ser negativas (para o caso de furos). Além 
disso, nos limites de integração das expressões [7.2] e nas somas dos numeradores 
em [7.3] devem ser considerados os sinais das coordenadas. 
 
Constatamos: 
 
§ O momento estático em relação a um determinado eixo pode ser positivo, 
negativo ou nulo. 
 
§ Se o centro de gravidade da área em questão está sobre um eixo coordenado, 
o momento estático da área em relação a esse eixo é nulo, isto é, momentos 
estáticos relativos a quaisquer eixos centrais (são eixos que passam pelo 
centro de gravidade) são nulos. 
 
Nota: Os eixos de simetria sempre passam pelo centro de gravidade. 
 
Exemplo 7.1 
 Vejamos como praticamente determinar a posição do centro de gravidade da 
área representada na Figura 7.3. Trata-se de uma área composta por três áreas 
parciais, sendo uma delas (𝐴�) negativa, por se tratar de um orifício. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
76 76 
 
Figura 7.3 - Exemplo 7.1 
 
Por inspecção simples concluímos que 𝑦ÆË = 0, visto que o eixo dos �̅� é um eixo 
de simetria. 
 
𝒊 𝒙9𝒔𝒊 𝑨𝒊	 𝒙9𝒔𝒊 ∗ 𝑨𝒊 
𝟏 −
4𝑎
3𝜋 𝜋𝑎T
2 −
2
3𝑎
� 
𝟐 2𝑎 8𝑎T 16𝑎� 
𝟑 2𝑎 −
𝜋𝑎T
4 −
𝜋
2 𝑎
� 
¶
𝒊
 − �8 +
𝜋
2�𝑎
T !
46
3 −
𝜋
2"𝑎
� 
 
�̅�Ë =
∑ �̅�Ë¥¥ ∗ 𝐴¥
∑ 𝐴¥¥
=
�463 − 𝜋2�𝑎
�
�8 + 𝜋2� 𝑎
T
=
46
3 − 𝜋2
8 + 𝜋2
∗ 𝑎 = 1,57𝑎 
𝑦ÆË = 0 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
77 77 
7.1.2. Momentos de inercia e produtos de inercia 
 
Os momentos de inércia e o produto de inércia 
são características geométricas. Eles dependem da 
dimensão e da forma da área e da posição do sistema 
de coordenadas. 
O momento de inércia de uma área elementar 
em relação a um eixo ou a um ponto é, por definição, o 
produto da área elementar pelo quadrado da distância 
ao eixo ou ao ponto, respectivamente. 
 
Os momentos (axiais) de inércia relacionam-
se com os eixos indicados pelos seus índices: 
𝐼£̅ = : 𝑦ÆT
(A)
. 𝑑𝐴																									𝐼�Æ = : �̅�T
(A)
. 𝑑𝐴																																																																															[7.4] 
 O momento polar de inércia relaciona-se com um ponto e corresponde ao 
momento de inércia da área em causa em torno do eixo perpendicular ao seu plano 
que passa pelo ponto em questão. Assim, o momento polar de inércia em relação ao 
ponto 𝑂 (Figura 7.4) será: 
𝐼= = : 𝑟T
(A)
. 𝑑𝐴 = :(�̅�T + 𝑦ÆT)
(A)
. 𝑑𝐴 = 𝐼£̅ + 𝐼�Æ																																																																												[7.5] 
 Ou seja, o momento polar de inércia em relação a um ponto é igual à soma 
dos momentos (axiais) de inércia em relação a dois eixos ortogonais que passam pelo 
ponto. 
Convém notar que os momentos de inércia são sempre quantidades 
positivas, diferentes de zero. 
 
Produto de inércia 
Chama-se produto de inércia de uma área 𝐴 em relação a um par de eixos 
ortogonais �̅�, 𝑦Æ ao valor: 
𝐼£̅�Æ = − : �̅�. 𝑦Æ
(A)
. 𝑑𝐴																																																																																																																												[7.6] 
 O produto de inércia relaciona-se, pois, com a origem do sistema de 
coordenadas indicadas nos seus índices, relaciona-se, portanto, com um ponto. Este 
momento pode ser tanto positivo, como negativo ou nulo, conforme a posição da área 
Figura 7.4 - Momentos e produtos de inércia 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
78 78 
relativamente aos eixos �̅� e 𝑦Æ. Quando a figura admite um eixo de simetria, o produto 
de inércia em relação a um ponto pelo qual passa o eixo de simetria é nulo. Então, 
uma área simétrica em relação ao eixo �̅� compõe-se sempre de pares de dois 
elementos com o mesmo valor de 𝑥 e com valores de 𝑦Æ iguais e de sinal contrário. O 
produto de inércia correspondente a cada par de elementos nestas condições é nulo, 
pelo que, estendendo o raciocínio a todos os elementos da área se conclui que o 
produto de inércia de uma área em relação a um par de eixos ortogonais em que pelo 
menos um deles é de simetria é nulo. 
Convém notar que também se encontra na bibliografia uma definição oposta: 
𝐼£̅�Æ = ∫ �̅�. 𝑦Æ(A) . 𝑑𝐴 , portanto, uma definição positiva do produto de inércia. Por isso 
recomenda-se: Ao trabalhar com a bibliografia correspondente, verificar qual é a 
definição usada! 
Apresenta-se ainda o conceito “Raio de giração”. Designa-se por raio de 
giração a raiz quadrada do quociente momento de inércia pela área. 
𝑟£ = 1𝐼£
𝐴 							𝑟� =
1𝐼�
𝐴 																																																																																																																							[7.7] 
 
7.1.3. Transposição dos eixos de inercia paralelos – Teorema de Steiner 
 
Seja 𝑆(�̅�Ë	, 𝑦ÆË) o centro de gravidade da área 𝐴 
referido ao sistema de eixos �̅�, 𝑦Æ e 𝑥, 𝑦 um 
sistema de eixos paralelo a �̅�, 𝑦Æ passando por 
𝑆 (Figura 7.5). 
Teremos então: 
�̅� = 𝑥 + �̅�Ë 
𝑦Æ = 𝑦 + 𝑦ÆË 
Donde: 
𝐼£̅ = : 𝑦ÆT
(A)
. 𝑑𝐴 = :(𝑦 + 𝑦ÆË)T
(A)
. 𝑑𝐴 = : 𝑦T
(A)
. 𝑑𝐴 + 2 ∗ 𝑦ÆË : 𝑦
(A)
. 𝑑𝐴 + 𝑦ÆËT : 𝑑𝐴
(A)
 
𝐼�Æ = : �̅�T
(A)
. 𝑑𝐴 = : (𝑥 + �̅�Ë)T
(A)
. 𝑑𝐴 = : 𝑥T
(A)
. 𝑑𝐴 + 2 ∗ �̅�Ë : 𝑥
(A)
. 𝑑𝐴 + �̅�ËT : 𝑑𝐴
(A)
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
79 79 
𝐼£̅�Æ = − : �̅�. 𝑦Æ
(A)
. 𝑑𝐴 = − :(𝑥 + �̅�Ë). (𝑦 + 𝑦ÆË)
(A)
. 𝑑𝐴 = − : 𝑥. 𝑦
(A)
. 𝑑𝐴 − �̅�Ë : 𝑦
(A)
. 𝑑𝐴 − 
−𝑦ÆË : 𝑥
(A)
. 𝑑𝐴 − �̅�Ë. 𝑦ÆË : 𝑑𝐴
(A)
 
Atendendo a que ∫ 𝑥(A) . 𝑑𝐴 = 0 e ∫ 𝑦(A) . 𝑑𝐴 = 0, pois representam os momentos 
estáticos da área 𝐴 em relação aos eixos 𝑥, 𝑦 que passam pelo centro de gravidade 𝑆 
da área 𝐴, tem-se: 
𝐼£̅ = 𝐼£ + 𝑦ÆËT. 𝐴								
𝐼�Æ = 𝐼� + �̅�ËT. 𝐴							
𝐼£̅�Æ = 𝐼£� − �̅�Ë. 𝑦ÆË. 𝐴
																																																																																																																												[7.8] 
Em que: 
𝐼£, 𝐼�, 𝐼£� − são os momentos de inércia e o produto de inércia da área 𝐴, 
respectivamente, em relação aos eixos paralelos aos eixos �̅� e 𝑦Æ passando 
pelo centro de gravidade 𝑆. 
�̅�Ë	, 𝑦ÆË − são as distancias entre os eixos paralelos 
𝐴 − é a área total 
𝐼£̅, 𝐼�Æ, 𝐼£̅�Æ − são os momentos de inércia e o produto de inércia da área 𝐴, 
respectivamente, em relação aos eixos �̅� e 𝑦Æ. 
 
Ou seja: 
1. O momento de inércia de uma área 𝐴 em relação a um eixo qualquer é igual 
ao momento de inércia da área em relação a um eixo paralelo passando pelo 
centro de gravidade mais o produto da área pelo quadrado da distância entre 
os dois eixos. Uma consequência imediata do teorema de Steiner é de que os 
menores momentos de inércia se verificam para eixos centrais. 
 
2. O produto de inércia de uma área 𝐴 em relação a um sistema de eixos 
ortogonais é igual ao produto de inércia em relação ao sistema de eixos 
paralelos centrais menos o produto da área pelas coordenadas do centro de 
gravidade em relação aos eixos considerados. 
 
Chama-se a atenção do estimado leitor para o seguinte facto importante: 
Sabendo os momentos de inércia e os produtos de inércia de uma área 𝐴 
relativos a eixos não centrais e querendo determinar aqueles que se 
relacionam com outros eixos não centrais, deve-se reduzi-los primeiro aos 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
80 80 
eixos centrais aplicando o teorema de Steiner, e depois utilizar mais uma vez 
este teorema e calcular os momentos e o produto de inércia para os novos 
eixos. Uma conversão directa, imediata, dos momentos e do produto de inércia 
relativos a eixos não centrais é impossível! 
 
7.1.4. Transposição angular dos eixos de inércia 
 
O problema de transposição angular dos eixos de inércia consiste em, 
conhecidos os momentos e o produto deinércia de uma área 𝐴 em relação a um 
sistema de eixos �̅�, 𝑦Æ, calcular os momentos e o produto de inércia em relação a um 
outro sistema de eixos 𝑥′9 , 𝑦′9 , obtido por meio de uma rotação 𝜃 relativamente ao 
sistema inicial (Figura 7.6). 
Suponhamos conhecidos 𝐼£̅, 𝐼�Æ	𝑒	𝐼£̅�Æ e que queremos determinar 𝐼£*ÆÆÆ, 𝐼�*ÆÆÆ	𝑒	𝐼£*ÆÆÆ�*ÆÆÆ, 
usamos as seguintes equações: 
𝐼£*ÆÆÆ =
𝐼£̅ +	𝐼�Æ
2 +
𝐼£̅ −	 𝐼�Æ
2 cos 2𝜃 + 𝐼£̅�Æ sin 2𝜃
𝐼�*ÆÆÆ =
𝐼£̅ +	 𝐼�Æ
2 −
𝐼£̅ −	𝐼�Æ
2 cos2𝜃 − 𝐼£̅�Æ sin 2𝜃
																																																																																[7.9] 
 Vê-se que a soma dos momentos de inércia é independente do ângulo 𝜃 e, 
por conseguinte, invariável perante a rotação do sistema de coordenadas. 
𝐼£̅ + 𝐼�Æ = 𝐼£*ÆÆÆ + 𝐼�*ÆÆÆ = 𝐼=																																																																																																																			[7.10] 
 
7.1.5. Momentos e eixos principais de inércia 
 
Designa-se por momentos principais de inércia os valores máximo e mínimo 
que o momento de inércia num certo ponto toma ao variar a posição angular do 
sistema de coordenadas que tem a sua origem nesse ponto. Os eixos para os quais 
os momentos de inércia alcançam os seus valores extremos chamam-se eixos 
principais de inércia. 
Se a origem daquele sistema de coordenadas for o centro de gravidade da 
superfície, os momentos principais de inércia designam-se por momentos principais 
centrais de inércia e os eixos correspondentes por eixos principais centrais de 
inércia. Muitas vezes, em linguagem técnica, usa-se apenas a designação de eixos 
principais de inércia e de momentos principais de inércia. Em rigor, ou seja, 
existem pares de momentos principais de inércia em número infinito, ou seja, um para 
cada ponto dentro ou fora da área em causa, contudo, existe só um par de momentos 
principais centrais de inércia, o par em torno do centro de gravidade. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
81 81 
Atendendo à sua definição, a posição dos eixos principais de inércia pode 
determinar-se através da derivada de 𝐼£*ÆÆÆ (ou 𝐼�*ÆÆÆ) em relação a 𝜃. Os eixos principais 
de inércia correspondem aos valores de 𝜃 = 𝜃¤ para os quais a derivada se anula. 
𝐼�,T =
𝐼£̅ +	 𝐼�Æ
2 ± 1!
𝐼£̅ − 	𝐼�Æ
2 "
T
+ 𝐼£̅�ÆT																																																																																											[7.11] 
 A direcção dos momentos principais de inércia 𝜃¤ pode ser determinada 
através da seguinte expressão: 
tan 2𝜃¤ =
2 ∗ 𝐼£̅�Æ
𝐼£̅ − 	 𝐼�Æ
																																																																																																																												[7.12] 
 
Exemplo 7.2 
Determinar os momentos e os produtos de 
inércia do rectângulo, respectivamente, para os 
sistemas de coordenadas representados. 
 
Solução 
Primeiro calculamos o momento de inércia 
em relação ao eixo central 𝑥. Com este fim 
decompomos a área em faixas paralelas ao eixo 𝑥 
de largura 𝑏 e de altura 𝑑𝑦. A área elementar será 
𝑑𝐴 = 𝑏. 𝑑𝑦. A integração efectua-se entre os limites: 
−
ℎ
2 ≤ 𝑦 ≤
ℎ
2 
Portanto: 
𝐼£ = : 𝑦T
(A)
. 𝑑𝐴 = : 𝑦T
?
T
l?T
. 𝑏. 𝑑𝑦 =
𝑏. ℎ�
12 
O momento de inércia 𝐼� determina-se decompondo a área em faixas paralelas 
ao eixo 𝑦, 𝑑𝐴 = ℎ. 𝑑𝑥, fazendo a integração nos limites: 
−
𝑏
2 ≤ 𝑥 ≤
𝑏
2 
 Obtém-se: 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
82 82 
𝐼� = : 𝑥T
(A)
. 𝑑𝐴 = : 𝑥T
î
T
lîT
. ℎ. 𝑑𝑥 =
ℎ. 𝑏�
12 
O produto de inércia é igual a zero, visto que os eixos 𝑥, 𝑦 são eixos de simetria: 
𝐼£� = 0 
 Aplicando o Teorema de Steiner, os momentos e o produto de inércia 
relativamente ao sistema de coordenadas �̅�, 𝑦Æ serão: 
𝐼£̅ = 𝐼£ + 𝑦ÆËT. 𝐴 =
𝑏. ℎ�
12 + !
ℎ
2"
T
. ℎ. 𝑏 =
𝑏. ℎ�
3 
𝐼�Æ = 𝐼� + �̅�ËT. 𝐴 =
ℎ. 𝑏�
12 + !
𝑏
2"
T
. ℎ. 𝑏 =
ℎ. 𝑏�
3 
𝐼£̅�Æ = 𝐼£� − �̅�Ë. 𝑦ÆË. 𝐴 = 0 −
ℎ
2 .
𝑏
2 . ℎ. 𝑏 = −
𝑏T. ℎT
4 
Os momentos de inércia 𝐼£	𝑒	𝐼� são os momentos principais (centrais) de 
inércia, sendo os eixos 𝑥	𝑒	𝑦 eixos de simetria. 
 
Exemplo 7.3 
Determinar os momentos e os produtos de 
inércia em relação aos sistemas de coordenadas 
representados, os valores dos momentos 
principais (centrais de inércia) e as direcções dos 
eixos principais de inércia. 
 
Solução 
Para determinar o momento de inércia 𝐼£̅ 
decompomos o triângulo em faixas paralelas ao 
eixo 𝑥 de altura 𝑑𝑦Æ e de altura 𝑏(𝑦Æ). A função 𝑏(𝑦Æ) 
resulta da semelhança de triângulos: 
ℎ
𝑏 =
ℎ − 𝑦Æ
𝑏(𝑦Æ) 									→ 					𝑏(𝑦Æ) =
𝑏
ℎ (ℎ − 𝑦Æ) 
Com 𝑑𝐴 = 𝑏(𝑦Æ).𝑑𝑦Æ segue-se: 
𝐼£̅ = : 𝑦ÆT
(A)
. 𝑑𝐴 =
𝑏
ℎ
:(ℎ − 𝑦Æ)
?
¤
. 𝑦ÆT. 𝑑𝑦Æ =
𝑏. ℎ�
12 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
83 83 
Atendendo ao teorema de Steiner obtém-se, com 𝑦ÆË =
?
�
 
𝐼£ = 𝐼£̅ − 𝑦ÆËT. 𝐴 =
𝑏. ℎ�
12 − !
ℎ
3"
T
.
𝑏. ℎ
2 =
𝑏. ℎ�
36 
 Pela troca da coordenada será 
𝐼� = : 𝑥T
(A)
. 𝑑𝐴 =
ℎ
𝑏
:(𝑏 − �̅�)
?
¤
. �̅�T. 𝑑�̅� =
ℎ. 𝑏�
12 
𝐼� = 𝐼�Æ − �̅�ËT. 𝐴 =
ℎ. 𝑏�
12 − !
𝑏
3"
T
.
𝑏. ℎ
2 =
ℎ. 𝑏�
36 
 Para calcular o produto de inércia 𝐼£̅�Æ decompomos o triângulo em áreas 
elementares, 𝑑𝐴 = 𝑑�̅�.𝑑𝑦Æ. os limites de integração serão: 0 ≤ �̅� ≤ 𝑏		𝑒	0 ≤ 𝑦Æ ≤ 𝑦Æ(�̅�) 
 A equação da recta inclinada é 
𝑦Æ(�̅�) = −
ℎ
𝑏 �̅� + ℎ =
ℎ
𝑏
(𝑏 − �̅�) 
Obtemos: 
𝐼£̅�Æ = − : �̅�	. 𝑦Æ
(A)
. 𝑑𝐴 = −: : �̅�	. 𝑦Æ
�Æ(£̅)
¤
î
¤
𝑑�̅�. 𝑑𝑦Æ = −: �̅�
î
¤
.
1
2 . 𝑦Æ
(�̅�)T𝑑�̅� = 
= −
1
2 !
ℎ
𝑏"
T
: �̅�
î
¤
(𝑏 − �̅�)T. 𝑑�̅� = −
ℎT𝑏T
24 
Com �̅�Ë =
î
�
 o teorema de Steiner fornece 
𝐼£� = 𝐼£̅�Æ + �̅�	. 𝑦Æ. 𝐴 = −
ℎT𝑏T
24 +
ℎ
3 .
𝑏
3 .
ℎ. 𝑏
2 =
ℎT𝑏T
72 
Os momentos principais (centrais) de inércia são: 
𝐼�,T =
𝐼£̅ +	 𝐼�Æ
2 ± 1!
𝐼£̅ − 	𝐼�Æ
2 "
T
+ 𝐼£̅�ÆT =
𝑏. ℎ
36 @𝑏
T + ℎT ± 1ℎj −
7
4𝑏
TℎT + 𝑏j	A 
 A direcção dos momentos principais (centrais) de inércia é determinada da 
seguinte maneira: 
tan 2𝜃¤ =
2 ∗ 𝐼£̅�Æ
𝐼£̅ − 	 𝐼�Æ
					→ 				𝜃 =
1
2𝑎𝑟𝑐 tan
ℎ. 𝑏
ℎT − 𝑏T 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
84 84 
Exemplo 7.4 
Para a área representada na figura ao 
lado, determinar os momentos principais 
(centrais) de inércia. 
Solução 
Trata-se de uma área composta. Para 
a determinação dos momentos, dos produtos 
e dos eixos principais de inércia recomenda-
se o seguinte modo de procedimento: 
§ Se a área composta consistir numa soma das áreas separadas, cujos 
momentos e produtos de inércia são conhecidos, então calculam-se os 
momentos e o produto de inércia para a área total em relação a um 
determinado sistema de eixos como a soma dos momentos e produtos de 
inércia das áreas separadas relativamente a este mesmo sistema de eixos. 
Orifícios tratam-se como “áreas negativas”. Por inspecção simples da figura 
concluímos que: 
 𝐼£̅�Æ = 0					𝐼£� = 0, 
sendo o eixo �̅�, que coincide com o eixo 𝑥, um eixo de simetria. 
 
§ Para a determinação dos momentos de inércia da área bruta calculamos 
primeiramente os momentos de inércia das áreas separadas em relação aos 
eixos �̅�, 𝑦Æ e somamo-los, utilizando a decomposição da área indicada na figura. 
 
Momentos de inércia para algumas áreas comuns 
Área circular: 
𝐼£ = 𝐼� =
𝜋. 𝑅j
4 
Área anelar: 
𝐼£ = 𝐼� = 𝜋
𝑅Tj − 𝑅Tj
4 
Meia-área circular 
𝐼£ = 𝐼� =
𝜋. 𝑅j
8 
𝐼£̅ = 𝐼£̅� + 𝐼£̅T − 𝐼£̅� =
𝜋. 𝑅j
8 +
4𝑎(2𝑎)�
12 −
𝜋. 𝑎j
64 = 3,01. 𝑎j 
𝐼�Æ = 𝐼�Æ� + 𝐼�ÆT − 𝐼�Æ� =
𝜋. 𝑎j
8 +
2𝑎(4𝑎)�
3 − #
𝜋. 𝑎j
64 + 4𝑎T
𝜋. 𝑎j
4 $ = 39,87𝑎j 
Com ajuda do teorema de Steiner transformamos os momentos de inércia relativos 
ao sistema de eixos �̅�, 𝑦Æ em momentos de inércia relativos aos eixos centrais: 
𝐼£ = 𝐼£̅ − 𝑦Ë9 T. 𝐴 = 𝐼£̅ = 3,01. 𝑎j, visto que 𝑦ÆË = 0 
𝐼� = 𝐼�Æ − 𝑥Ë9 T. 𝐴 = 39,87. 𝑎j − (1,57.𝑎)T �8 +
𝜋
4� . 𝑎
T = 18,27.𝑎j 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA85 85 
Exemplo 7.5 
Para a secção composta de dois perfilados, determinar: 
a) A posição do centro de gravidade 
b) Os momentos principais (centrais) de inércia e a 
posição dos eixos correspondentes 
Nota: Utilize valores tabelados. 
 
Solução 
Tiramos das tabelas de perfilados os valores seguintes: 
UNP 200: 
𝐴� = 32,2	𝑐𝑚T 
𝐼£� = 1910	𝑐𝑚j 
𝐼�� = 148	𝑐𝑚j 
𝐼£�� = 0 
�̅�Ë� = −2,01	𝑐𝑚 
𝑦ÆË� = 10	𝑐𝑚 
L 150 x 75: 
𝐴T = 23,6	𝑐𝑚T 
𝐼£T = 545	𝑐𝑚j 
𝐼�T = 93	𝑐𝑚j 
𝐼£�T = 127	𝑐𝑚j 
�̅�Ë� = −2,01	𝑐𝑚 
𝑦ÆË� = 10	𝑐𝑚 
 
Note-se: nas tabelas indicam-se os valores dos produtos de inércia sem sinais, 
visto que os sinais dependem dos sentidos dos eixos coordenados. Pela definição 
negativa do produto de inércia podemos concluir: se a maior parte da área 
considerada se encontra nos quadrantes positivos, então o produto de inércia será 
negativo e vice versa. No presente exemplo a maior parte da área do perfil L encontra-
se nos II e IV quadrantes do sistema de coordenadas 𝑥T, 𝑦T (são quadrantes 
negativos), por isso, 𝐼£�T > 0. 
a) Posição do centro de gravidade 
�̅�Ë =
𝐴�. (−�̅�Ë�) + 𝐴T. �̅�ËT
𝐴� + 𝐴T
= −0,46	𝑐𝑚 
𝑦ÆË =
𝐴�. 𝑦ÆË� + 𝐴T. 𝑦ÆËT
𝐴� + 𝐴T
= 8,04	𝑐𝑚 
 
b) Momentos de inércia 
𝐼£ = 𝐼£� + (𝑦ÆË − 𝑦ÆË�)T. 𝐴� + 𝐼£T + (𝑦ÆË − 𝑦ÆË�)T. 𝐴T = 2746,93	𝑐𝑚j 
𝐼� = 𝐼�� + (�̅�Ë − �̅�Ë�)T. 𝐴� + 𝐼�T + (�̅�Ë − �̅�Ë�)T. 𝐴T = 423	𝑐𝑚j 
 
Produto de inércia 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
86 86 
𝐼£� = 𝐼£�� − (�̅�Ë − �̅�Ë�). (𝑦ÆË − 𝑦ÆË�). 𝐴� + 𝐼£�T − (�̅�Ë − �̅�Ë�). (𝑦ÆË − 𝑦ÆË�). 𝐴� = 358	𝑐𝑚j 
 
Momentos principais (centrais) de inércia 
𝐼�,T =
𝐼£ +	 𝐼�
2 ± 1!
𝐼£ −	𝐼�
2 "
T
+ 𝐼£�T 							→ 						
𝐼� = 2801	𝑐𝑚j
𝐼T = 370	𝑐𝑚j 
 
Direcção dos eixos principais (centrais de inércia) 
tan 2𝜃¤ =
2. 𝐼£�
𝐼£ − 𝐼�
=
2.358
2647 − 423 = 0,3218			 → 				 𝜃¤ = 8,55° 
 
Exemplo 7.6 
Para a secção composta representada na figura ao 
lado, constituída por dois perfilados do tipo UNP160. 
Servindo-se de valores tabelados, pede-se para 
determinar: 
 
a) A posição do centro de gravidade S 
b) Os momentos e o produto de inércia 
𝑰𝒙	, 𝑰𝒚	𝒆	𝑰𝒙𝒚 
c) Os momentos principais de inércia e as suas 
direcções 
 
Solução 
§ Determinação do centro de gravidade 
 
Tabela 10 – Tabela de cálculo 
𝑖 𝒙9𝒔𝒊	[𝑐𝑚] 𝒚9𝒔𝒊	[𝑐𝑚] 𝐴¥	[𝑐𝑚T] 𝒙9𝒔𝒊 ∗ 𝐴¥	[𝑐𝑚�] 𝒚9𝒔𝒊 ∗ 𝐴¥	[𝑐𝑚�] 
1 8 14,16 24 192 339,84 
2 -1,84 8 24 -44,16 192 
𝛴 48 147,84 531,84 
 
�̅�Ë =
∑ �̅�Ë¥¥ ∗ 𝐴¥
∑ 𝐴¥¥
=
147,84
48 = 𝟑, 𝟎𝟖	𝒄𝒎																			 
𝑦ÆË =
∑ 𝑦ÆË¥¥ ∗ 𝐴¥
∑ 𝐴¥¥
=
531,84
48 = 𝟏𝟏, 𝟎𝟖	𝒄𝒎																	 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
87 87 
§ Momentos e produto de inércia 
 
Tabela 11 – Tabela de cálculo 
𝑖 𝐼£ 𝐼� (�̅�Ë − �̅�Ë¥)T. 𝐴¥ (𝑦ÆË − 𝑦ÆË¥)T. 𝐴¥ (�̅�Ë − �̅�Ë¥). (𝑦ÆË − 𝑦ÆË¥) 
1 85.3 925 580.9536 227.6736 363.6864 
2 925 85.3 580.9536 227.6736 363.6864 
𝛴 1010.3 1010.3 1161.9072 455.3472 727.3728 
 
𝐼£ =¶𝐼£ +¶(𝑦ÆË − 𝑦ÆË¥)T. 𝐴¥ = 1010,3 + 455,35 = 𝟏𝟒𝟔𝟓, 𝟔𝟓	𝒄𝒎𝟒												 
𝐼� = ¶𝐼� +¶(�̅�Ë − �̅�Ë¥)T. 𝐴¥ = 1010,3 + 1161,91 = 𝟐𝟏𝟕𝟐, 𝟐𝟏	𝒄𝒎𝟒									 
𝐼£� =¶𝐼£� −¶(�̅�Ë − �̅�Ë¥). (𝑦ÆË − 𝑦ÆË¥) = 0 − 727,37 = −𝟕𝟐𝟕, 𝟑𝟕	𝒄𝒎𝟒	 
 
§ Momentos principais de inércia 
𝐼�,T =
𝐼£̅ +	 𝐼�Æ
2 ± 1!
𝐼£̅ − 	𝐼�Æ
2 "
T
+ 𝐼£̅�ÆT																																																																																											[7.11] 
𝐼�,T =
1465,65 + 2172,21
2 ±1!
1465,65 − 2172,21
2 "
T
+ (−727,37)T 
𝑰𝟏 = 𝟐𝟔𝟐𝟕, 𝟓𝟓	𝒄𝒎𝟒							
𝑰𝟐 = 𝟏𝟎𝟏𝟎, 𝟑	𝒄𝒎𝟒									
 
 
§ Direcções dos momentos principais 
𝜑¤ =
1
2 arctan#
2𝐼£�
𝐼£ − 𝐼�
$ = 32,05° 
𝑃𝑎𝑟𝑎	𝐼�:	𝝋𝟎 = 𝟑𝟐, 𝟎𝟓°																			
𝑃𝑎𝑟𝑎	𝐼T:	𝝋𝟎 + 𝟗𝟎° = 𝟏𝟐𝟐, 𝟎𝟓°				 
 
Problemas propostos 
Problema 7.1 
Para a figura representada ao lado, pede-se para 
determinar: 
a) A posição do centro de gravidade 
b) Os momentos e o produto de inércia 𝐼£	, 𝐼�	𝑒	𝐼£� 
c) Os eixos e os momentos principais de inércia. 
 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
88 88 
Problema 7.2 
Para a secção apresentada: 
a) Determinar a posição do centro de 
gravidade 
b) Calcular os momentos e o produto de 
inércia 𝐼£	, 𝐼�	𝑒	𝐼£� 
c) Determinar os momentos principais 
de inércia 
 
 
 
 
7.2. Determinação da distribuição das tensões 
 
7.2.1. Flexão recta 
 
O caso da flexão, em que a solicitação da viga consiste em um só momento 
flector cujo vector coincide com um dos eixos principais de inércia, é designado por 
“flexão recta”. 
 
Figura 7.5 - Flexão recta 
No processo de dimensionamento de temos que garantir que tanto a tensão 
máxima de tracção como a tensão máxima de compressão sejam menores, ou no 
máximo, igual às tensões admissíveis correspondentes. 
Caso se trate de um material de igual resistência à tracção e à compressão, 
temos a seguinte condição de resistência: 
𝜎¡9£ =
𝑀£
𝐼£
∗ 𝑦¡9£ ≤ 𝜎9É¡																																																																																																												[7.20] 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
89 89 
 Também podemos escrever o seguinte: 
𝐼£
𝑦¡9£
=𝑊£							𝑜𝑢					
𝐼�
𝑥¡9£
=𝑊�																																																																																																		[7.21] 
 Geralmente podemos escrever: 
𝜎¡9£ =
𝑀
𝑊 ≤ 𝜎9É¡																																																																																																																										[7.22] 
 Onde: 
𝜎¡9£ − é a tensão normal máxima que actua na viga 
𝐼£	𝑒	𝐼� − são os momentos centrais de inércia 
𝑀 − é o momento flector máximo na viga 
𝑊 − é o módulo de resistência à flexão 
𝜎9É¡ − é a tensão normal admissível do material 
𝑦¡9£	𝑒	𝑥¡9£ − distâncias entre a linha neutra e as fibras mais distantes na direcção y 
e x, respectivamente. 
Resumindo, podemos constatar que no caso da flexão recta a equação [7.20] permite: 
§ Calcular a tensão máxima que aparece numa determinada secção transversal 
solicitada por um certo momento flector (certificado comprovativo de tensão) 
 
§ Determinar o módulo de resistência à flexão necessário, com base no 
conhecimento da tensão admissível e para um dado valor do momento flector 
(no processo do dimensionamento) 
 
§ Verificar o valor máximo possível do momento flector para uma determinada 
secção transversal, conhecendo a tensão admissível (cálculo da carga 
máxima). 
 
 
7.2.3. Flexão desviada 
 
Quando o vector do momento flector não coincide com um dos eixos principais 
de inércia, temos o caso da chamada “Flexão desviada”. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
90 90 
 
Figura 7.6 - Flexão desviada 
 
Neste caso, temos a equação mais geral da flexão pura: 
𝜎�(𝑥, 𝑦) =
𝑀£. 𝐼£� − 𝑀�. 𝐼£
𝐼£. 𝐼� − 𝐼£�T
𝑥 +
𝑀£𝐼� − 𝑀�. 𝐼£�
𝐼£. 𝐼� − 𝐼£�T
𝑦																																																																				[7.23] 
 A equação da linha neutra será: 
 𝜎�(𝑥, 𝑦) = 0				 → 				 Ö𝑀£𝐼£� − 𝑀�. 𝐼£×. 𝑥 + Ö𝑀£𝐼� −𝑀�. 𝐼£�×. 𝑦 = 0 
𝑦 =
𝑀�. 𝐼£ − 𝑀£𝐼£�
𝑀£𝐼� − 𝑀�. 𝐼£�
	𝑥 =
𝐼£. tan 𝛼 − 𝐼£�
𝐼� − 𝐼£�. tan𝛼
	𝑥																																																																																	[7.24] 
Caso os eixos das coordenadas x,y sejam eixos principais centrais, as 
expressões [7.23] e [7.24] reduzem-se a: 
𝜎�(𝑥, 𝑦) =
𝑀£
𝐼£
	𝑦 −
𝑀�
𝐼�
	𝑥																																																																																																																[7.25] 
𝑦 =
𝐼£
𝐼�
tan𝛼 . 𝑥 = tan𝛽 . 𝑥																																																																																																													[7.26] 
Sendo 𝛽 o ângulo formado entre o eixo da figura e a linha neutra, medido no sentido 
matematicamente negativo. 
De novo, os valores extremos da tensão normal aparecem nos pontos da 
secção transversal mais distantesda linha neutra. 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
91 91 
Exemplo 7.7 
Sobre a secção transversal de uma cantoneira de 
abas iguais L 80 x 65 x10 actua o momento flector 
𝑀 = 1,5	𝑘𝑁𝑚, como está indicado na figura ao 
lado. 
Pede-se para verificar a resistência do perfilado, 
sendo 𝜎9É¡ = 120	𝑁/𝑚𝑚T. 
 
 
Solução 
O vector do momento flector coincide com o eixo coordenado 𝑥 que não é eixo 
principal de inércia. Trata-se, por isso, da flexão desviada que nos obriga a aplicar a 
equação [7.23]. 
§ Tiram-se das tabelas as características geométricas da cantoneira: 
�̅�Ë = 1,81	𝑐𝑚 
𝑦ÆË = 2,55	𝑐𝑚 
𝐼£ = 82,2	𝑐𝑚j 
𝐼� = 48,3	𝑐𝑚j 
𝐼£� = −36,8	𝑐𝑚j 
 
Nota: o produto de inércia é negativo porquanto a maior parte da área da 
secção transversal se encontra nos quadrantes positivos. 
§ Calcula-se a tensão normal a partir da expressão [7.23] 
𝜎�(𝑥, 𝑦) =
𝑀£. 𝐼£� − 𝑀�. 𝐼£
𝐼£. 𝐼� − 𝐼£�T
𝑥 +
𝑀£𝐼� − 𝑀�. 𝐼£�
𝐼£. 𝐼� − 𝐼£�T
𝑦 = 2770.𝑦 − 2110. 𝑥					[𝑁/𝑐𝑚T] 
§ A equação da linha neutra resulta da condição 𝜎� = 0: 
2770.𝑦 − 2110. 𝑥 = 0				 → 			𝑦 = 0,762𝑥 = tan 𝛽 . 𝑥				 → 				𝛽 = 37,3° 
§ Desenhamos a linha neutra, como se mostra na figura, e constatamos que os 
pontos mais distantes são os pontos A e B. 
 𝐴(1,81	;	−2,55) 		 ∶ 	 𝜎�(𝐴) = −2770 ∗ 2,55 − 2110 ∗ 1,81 = −10880	𝑁/𝑐𝑚T 
𝐵(0,81	; 	5,45) 						 ∶ 	 𝜎�(𝐵) = 2770 ∗ 5,45 − 2110 ∗ 0,81 = 𝟏𝟑𝟑𝟖𝟎	𝑵/𝒄𝒎𝟐 
A tensão máxima surge no ponto B e supera a tensão admissível. Assim, a 
cantoneira não resiste à carga. 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
92 92 
Concluindo este capítulo podemos constatar que a única tensão que aparece 
devido à flexão pura é a tensão normal 𝜎�, isto é, a flexão pura provoca um estado 
monoaxial de tensão. 
Segundo as restrições formuladas no início do capitulo 7.1, as formulas que 
acabamos de deduzir são válidas, em rigor, só para vigas rectas, prismáticas, sujeitas 
à flexão pura. No entanto, na prática da engenharia estes resultados aplicam-se 
também para o estudo de vigas pouco curvadas, de vigas com secções transversais 
linearmente variáveis e de vigas sujeitas a esforços transversos. Nestes casos as 
fórmulas deduzidas dão soluções aproximadamente aceitáveis. 
As vigas são consideradas como pouco curvadas se o seu raio de curvatura é 
muito maior que as dimensões das suas secções transversais/ 
Para vigas muito curvadas, com uma boa aproximação pode utilizar-se a 
seguinte fórmula: 
𝜎�(𝑦) =
𝑀£
𝐴𝑅 +
𝑀£	. 𝑅)	. 𝑦
𝑧	. (𝑅 + 𝑦)																																																																																																														[7.27] 
𝑧 = :
𝑦T
1 + 𝑦
𝑅
	𝑑𝐴
(A)
≈ 𝐼£ −
1
𝑅
: 𝑦�𝑑𝐴
(A)
+
1
𝑅T
: 𝑦j𝑑𝐴
(A)
−
1
𝑅�
: 𝑦>𝑑𝐴
(A)
+ ⋯ 
Sendo: 
𝐴 − área da secção transversal da viga 
𝑅 − raio de giração do eixo da viga antes da deformação 
𝑀£ − momento flector, considerado como positivo se aumentar a curvatura 
inicial da viga. 
 
7.3. Deformação devida à flexão recta – Equação da linha neutra 
 
Constatamos no capítulo 7.2 que o eixo da viga, inicialmente recto, sob a acção 
de um momento flector sofre uma curvatura. A linha definida pelo eixo deformado é 
chamada linha elástica, chama-se linha elástica porquanto pressupomos 
deformações pequenas, dentro da zona de elasticidade, isto é, excluímos 
deformações plásticas. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
93 93 
 
Figura 7.7 - Equação da deformada 
O deslocamento de um determinado ponto do eixo da viga da sua posição 
inicial é designado por “flecha”. Portanto, o conjunto de todas as flechas dá a linha 
elástica da viga. 
Para determinar a equação da linha elástica estudemos as relações 
geométricas que se verificam na viga deformada. Limitando-nos a deformações 
pequenas podemos escrever: 
𝜌�. (−𝑑𝜑) = 𝑑𝑠 ≈ 𝑑𝑧 
E daí 
−
1
𝜌�
=
𝑑𝜑
𝑑𝑧 																																																																																																																																									[7.31] 
 O sinal negativo resulta do facto de que o ângulo de flexão 𝜑 diminui ao crescer 
a coordenada 𝑧. 
 Designemos o deslocamento segundo a direcção y pela letra “𝑣”. Devido ao 
valor reduzido do ângulo de flexão podemos substituir a tangente pelo ângulo: 
tan𝜑 = 𝜑 =
𝑑𝑣
𝑑𝑧 				𝑒		𝑑𝑎í				
𝑑𝜑
𝑑𝑧 =
𝑑T𝑣
𝑑𝑧T = 𝑣** 
 Substituindo esta expressão na equação [7.31] obtemos: 
−
1
𝜌�
= 𝑣** 																																																																																																																																											[7.32] 
Utilizando, então a relação �
LM
= NO
PQO
, obtém-se a 
Equação diferencial da linha elástica: 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
94 94 
𝐸. 𝐼£.𝑣**(𝑧) = −𝑀£(𝑧)																																																																																																																				[7.33] 
 No caso mais generalizado, as quantidades 𝑀£	𝑒	𝐼£ podem ser funções da 
coordenada 𝑧. 
Integrando a equação diferencial obtém-se a equação do ângulo de flexão 
 𝑣* = 𝜑(𝑧)																																																																																																																																										[7.34] 
E por mais uma integração obtém-se a equação da linha elástica 
𝑣 = 𝑣(𝑧)																																																																																																																																													[7.35] 
Substituindo certos valores da coordenada 𝑧 nas equações obtidas pelas 
integrações, pode-se determinar a tangente ou a flecha da viga no lugar da 
coordenada 𝑧. 
O problema consiste, então, na resolução geral da equação diferencial e na 
adaptação da solução às condições de fronteira dadas pela estrutura. 
O procedimento será o seguinte: 
Passo 1. Escolha arbitrária, no entanto conveniente, de sistemas de coordenadas 
(𝑣, 𝑧). Fixa-se para cada trecho um sistema separado. Um trecho não deve 
conter nenhuma descontinuidade, começando ou terminando, por isso, nos 
pontos de variação brusca no diagrama do momento flector (nos pontos de 
aplicação de forças e momentos exteriores, nos apoios, nos pontos de início e 
do fim de cargas distribuídas, etc.), nos lugares de variações bruscas do 
módulo de rigidez à flexão 𝐸𝐼 ou da direcção do eixo da viga. 
 
Passo 2. Determinação das funções 𝑀(𝑧) e 𝐸𝐼(𝑧) para cada trecho. No caso em 
que se tenha estruturas hiperestáticas, as funções 𝑀(𝑧) dependem não só da 
carga exterior, como ainda das reacções de apoio desconhecidas. 
 
Passo 3. Determinação das funções 𝑣**(𝑧) segundo a equação [7.33]. Para um 
número 𝒎 de trechos existem 𝒎 funções 𝑣¥**(𝑧)	(𝑖 = 1, 2, 3, … ,𝑚). 
 
Passo 4. Integração dupla das funções 𝑣¥**(𝑧). Desta integração resultam 𝟐𝒎 
constantes de integração. 
 
Passo 5. Determinação de todas as condições de fronteira e de transição para 
𝑣¥(𝑧)	e	𝑣¥*(𝑧). Para uma estrutura 𝒏 vezes hiperestática com 𝒎 trechos 
determinam-se 𝟐𝒎 + 𝒏 condições. 
 
Passo 6. Resolução do sistema de equações obtido no passo 5. 
 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
95 95 
7.3.3. Condições de fronteira e de transição 
. 
§ Condições de fronteira em estruturas isostáticas e hiperestáticas 
𝐶. 𝐹 = 2𝑚 + ℎ 
ℎ = 𝑛 − 3 
 
Sendo: 
𝑚 − número de trechos 
ℎ − grau de hiperestacidade 
 
Situação Condição de Fronteira e de transição 
 
𝑣(𝑧 = 0) = 0 
 
𝑣(𝑧 = 0) = 0 
 
𝑣(𝑧 = 0) = 0 
 
𝑣*(𝑧 = 0) = 0 
 
𝑣�(𝑧� = 𝑎) = 𝑣T(𝑧T = 0) 
 
𝑣*�(𝑧� = 𝑎) = 𝑣*T(𝑧T = 0) 
 
𝑣�(𝑧� = 𝑎) = 𝑣T(𝑧T = 𝑏) 
 
𝑣*�(𝑧� = 𝑎) = −𝑣*T(𝑧T = 𝑏) 
Nó rígido 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
96 96 
 
𝑣�* (𝑧� = 0) = 𝑣T* (𝑧T = 𝑎) 
 
 
𝑣�* (𝑧� = 𝑎) = −𝑣T* (𝑧T = 𝑏) 
 
 
 
Exemplo 7.8 
Para a viga em consola representada 
na figura aolado, carregada pela carga 
distribuída q, determinar a flecha 
máxima e a inclinação máxima. 
Dados: 𝑞, 𝑙, 𝐸𝐼£ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. 
 
 
Solução 
Ao longo da viga não há nenhuma descontinuidade, bastando, por isso, um 
sistema de coordenadas 𝑣, 𝑧. 
 
§ Equação do momento flector 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
97 97 
𝑀£(𝑧) = −𝑞
(𝑙 − 𝑧)T
2 
§ Equação diferencial da linha elástica 
𝐸𝐼£𝑣**(𝑧) = −𝑀£(𝑧) 
𝐸𝐼£𝑣**(𝑧) − 𝑞
(𝑙 − 𝑧)T
2 = 𝑞. #
𝑙T
2 − 𝑙	. 𝑧 +
𝑧T
2 $ 																																																																																	 [𝑎] 
§ Integração 
𝐸𝐼£𝑣*(𝑧) = 𝑞 #
𝑙T
2 𝑧 − 𝑙
𝑧T
2 +
𝑧�
6 $+ 𝑐�																																																																																															[𝑏] 
𝐸𝐼£. 𝑣(𝑧) = 𝑞 #
𝑙T
2 𝑧
T − 𝑙
𝑧�
6 +
𝑧j
24$+ 𝑐�𝑧 + 𝑐T																																																																																	[𝑐] 
§ Condições de fronteira: No ponto de encastramento tanto o deslocamento 
como a inclinação (tangente) da consola são nulos: 
𝑣(𝑧 = 0) = 0													𝑣*(𝑧 = 0) = 0 
Substituindo 𝑧 = 0 nas equações [b] e [c] e igualando-as a zero resultam as 
constantes de integração 𝑐� = 0			𝑒			𝑐T = 0. 
Obtemos a equação da tangente da linha elástica 
𝐸𝐼£𝑣*(𝑧) = 𝑞 #
𝑙T
2 𝑧 − 𝑙
𝑧T
2 +
𝑧�
6 $ 
 E a equação da linha elástica 
𝐸𝐼£. 𝑣(𝑧) = 𝑞 #
𝑙T
2 𝑧
T − 𝑙
𝑧�
6 +
𝑧j
24$ 
§ A flecha máxima e a tangente máxima aparecem na extremidade livre da viga, 
isto é, com 𝑧 = 𝑙 
𝑣*(𝑧 = 𝑙) = 𝜑¡9£ =
𝑞. 𝑙�
6𝐸𝐼£
 
𝑣(𝑧 = 𝑙) =
𝑞. 𝑙j
8𝐸𝐼£
 
 
Exemplo 7.9 
Para a estrutura representada na figura abaixo, determinar as equações da linha 
elástica e determinar a sua linha de estado. 
Dados: 𝒂,𝒒, 𝑬𝑰 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕. 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
98 98 
 
 
Solução 
Visto que ao longo da viga existem várias descontinuidades, teremos vários sistemas 
de coordenadas 𝑣¥	, 𝑧¥ para cada trecho 𝑖 da estrutura dada. 
Diagrama do corpo livre 
 
§ Determinação das reacções de apoio 
↑: 𝐴 + 𝐵 + 𝐶 − 10. 𝑞𝑎 = 0																																				𝑨 =
𝟕
𝟐 𝒒𝒂 
𝐴 ↺: 𝐵. 4𝑎 + 𝐶. 8𝑎 − 𝑞. 10𝑎. 3𝑎 = 0																		𝑩 =
𝟏𝟏
𝟐 𝒒𝒂 
𝐺 ↺:𝐶. 2𝑎 − 𝑞. 2𝑎T = 0																																								𝑪 = 𝒒𝒂 
↑: 𝐶 + 𝐺 − 𝑞. 2𝑎 = 0																																														𝑮 = 𝒒𝒂 
 
 
Trecho 1 
𝑀�(𝑧�) = −
1
2𝑞𝑧�
T 
𝐸𝐼.𝑣�** =
1
2𝑞𝑧�
T 
𝐸𝐼.𝑣�* =
1
6𝑞𝑧�
� + 𝐶� 
𝐸𝐼.𝑣� =
1
24𝑞𝑧�
j + 𝐶�. 𝑧� + 𝐶T 
 
Trecho 2 
𝑀T(𝑧T) = 𝐴. 𝑧T − 𝑞
(2𝑎 + 𝑧T)T
2 
𝐸𝐼.𝑣T** =
1
2𝑞
(4𝑎T + 4𝑎. 𝑧T + 𝑧TT) −
7
2 𝑞𝑎. 𝑧T 
𝐸𝐼.𝑣T* =
1
2𝑞 #4𝑎
T. 𝑧T + 2𝑎. 𝑧TT +
𝑧T�
3 $−
7
4𝑞𝑎. 𝑧T
T + 𝐶� 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
99 99 
𝐸𝐼.𝑣T =
1
2 𝑞 #2𝑎
T. 𝑧TT +
2
3𝑎. 𝑧T
� +
𝑧Tj
12$ −
7
12𝑞𝑎. 𝑧T
� + 𝐶�. 𝑧T + 𝐶j 
 
Trecho 3 
𝑀�(𝑧�) = 𝐶. 𝑧� −
1
2 𝑞𝑧�
T 
𝐸𝐼.𝑣�** =
1
2𝑞𝑎. 𝑧�
T − 𝑞𝑎. 𝑧� 
𝐸𝐼.𝑣�* =
1
6𝑞𝑧�
� −
1
2 𝑞𝑎. 𝑧�
T + 𝐶> 
𝐸𝐼.𝑣� =
1
24𝑞𝑧�
j −
1
6 𝑞𝑎. 𝑧�
� + 𝐶>. 𝑧� + 𝐶â 
 
Trecho 4 
𝑀j(𝑧j) = −𝐺. 𝑧j −
1
2 𝑞𝑧j
T 
𝐸𝐼.𝑣j** =
1
2𝑞𝑧j
T + 𝑞𝑎. 𝑧j 
𝐸𝐼.𝑣j* =
1
6𝑞𝑧j
� +
1
2 𝑞𝑎. 𝑧j
T + 𝐶å 
𝐸𝐼.𝑣j =
1
24𝑞𝑧j
j +
1
6 𝑞𝑎. 𝑧j
� + 𝐶å. 𝑧j + 𝐶S 
 
§ Condições de fronteira e de transição 
𝑣�(2𝑎) = 0 ∶ 	
2
3 𝑞𝑎
j + 2𝑎. 𝐶� + 𝐶T = 0 
𝑣T(0) = 0 ∶ 	 𝐶j = 0 
𝑣T(4𝑎) = 0 ∶ 	
𝑞
2 !32𝑎
j +
4.64
6 𝑎j +
256
12 𝑎j" −
7.32
6 𝑞𝑎j + 4𝑎. 𝐶� + 𝐶j = 0 
𝑣�(0) = 0 ∶ 	 𝐶â = 0 
𝑣�(2𝑎) = 𝑣j(0):	
2
3 𝑞𝑎
j −
4
3 𝑞𝑎
j + 2𝑎. 𝐶> + 𝐶â = 𝐶S 
𝑣j(2𝑎) = 0 ∶ 	
16
24 𝑞𝑎
j +
8
6𝑞𝑎
j + 2𝑎. 𝐶å + 𝐶S = 0 
𝑣�* (2𝑎) = 𝑣T* (0) ∶ 	
4
3 𝑞𝑎
� + 𝐶� = 𝐶� 
𝑣T* (4𝑎) = −𝑣j*(2𝑎) ∶ 	
𝑞
2 !16𝑎
� + 32𝑎� +
64
3 𝑎�"−
7
48𝑞𝑎
� + 𝐶� = −2𝑞𝑎� −
8
6 𝑞𝑎
� − 𝐶å 
 
§ A resolução do sistema de 8 equações dará: 
𝐶� = −4𝑞𝑎� 
𝐶T =
22
3 𝑞𝑎j 
𝐶� = −
8
3𝑞𝑎
� 
𝐶j = 0 
𝐶> =
20
3 𝑞𝑎� 
𝐶â = 0 
𝐶å = −
22
3 𝑞𝑎� 
𝐶S =
38
3 𝑞𝑎j 
Nota: Com respeito às condições de transição das tangentes em trechos 
vizinhos, pode-se ficar sabendo, por simplificar: 
Se se poder conseguir uma coincidência dos sistemas de coordenadas dos 
dois trechos rodando um dos sistemas em relação ao outro, então as tangentes no 
ponto de transição serão iguais. Se a coincidência não for possível as tangentes serão 
perpendiculares, o que se exprime pelo sinal oposto. 
 Substituindo as constantes obtidas nos integrais das equações diferenciais, 
obtemos finalmente as equações da linha elástica: 
Capítulo 7 – Flexão 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
100 100 
𝐸𝐼.𝑣�(𝑧�) =
1
24𝑞𝑧�
j − 4𝑞𝑎�𝑧� +
22
3 𝑞𝑎j 
𝐸𝐼.𝑣T(𝑧T) =
1
24𝑞𝑧T
j −
1
4 𝑞𝑎𝑧T
� + 𝑞𝑎T𝑧TT −
8
3 𝑞𝑎
�𝑧T 
𝐸𝐼.𝑣�(𝑧�) =
1
24𝑞𝑧�
j −
1
6 𝑞𝑎. 𝑧�
� +
20
3 𝑞𝑎�. 𝑧� 
𝐸𝐼.𝑣j(𝑧j) =
1
24𝑞𝑧j
j +
1
6 𝑞𝑎. 𝑧j
� −
22
3 𝑞𝑎�. 𝑧j +
38
3 𝑞𝑎j 
A figura abaixo representa a linha elástica, que se constrói ponto por ponto 
substituindo os 𝑧¥ por valores concretos nas equações anteriormente deduzidas. 
 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os saduceus e a ressurreição 
Marcos 12: 18-27
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
102 102 
CAPÍTULO 8. TORÇÃO 
 
Neste capítulo discutiremos os efeitos da aplicação dos esforços torcionais em 
um elemento linear longo, tal como um veio maciço ou vazado. Inicialmente 
consideraremos que o elemento tenha secção transversal circular. Mostraremos 
como determinar tanto a distribuição de tensão no interior do elemento como o ângulo 
de torção quando o material comporta-se de maneira linear-elástica e, também, 
quando é inelástico. Ademais, será discutida a análise estaticamente indeterminada 
de veios maciços e tubulares, além de tópicos especiais, como elementos com 
secções transversais não circulares. Por último, concentrações de tensão e a tensão 
residual provocadas por cargas de torção. 
 
8.1. Deformação por torção de um veio circular 
 
Torque é o momento que tende a torcer o membro em torno do seu eixo 
longitudinal. Seu efeito é de interesse principal no projecto de veios (maciços e ocos 
ou vazados) de accionamento usados em veículos e maquinaria. Fisicamente, 
podemos ilustrar o que acontece quando um torque é aplicado em um veio circular, 
considerando o veio como feito de um material altamente deformável, como a 
borracha (Figura 8.1a). Quando o torque é aplicado, os círculos e as rectas 
longitudinais da grelha originalmente marcada no veio tendem a se distorcer com o 
padrão mostrado na Figura 8.1b. 
 
Figura 8.1 - Torção de um veio altamente deformável 
 
Por inspecção, a torção faz os círculos permanecerem como círculos e cada 
recta longitudinal da grelha deforma-se em uma hélice que intercepta o círculo em 
ângulos iguais. Além disso, as secções transversais das extremidades do veio 
permanecem planas –, ou seja, não entortam nem dilatam ou se contraem – e as 
rectas radiais dessas extremidades permanecem rectas durante a deformação 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
103 103 
(Figura 8.1b). A partir dessas observações, podemos supor que, se o ângulo de 
rotação for pequeno, o comprimento e o raio do veio permanecerão inalterados. 
Se o veio estiver preso em uma extremidade e for aplicado um torque na outra 
extremidade, o plano sombreado na Figura 
8.2 se distorcerá e assumirá uma forma 
oblíqua como mostrado. 
Nesse caso, uma linha radial 
localizada na secção transversal a uma 
distância 𝑥 da extremidade fixa do eixo girará 
por meio de um ângulo 𝜙(𝑥). O ângulo 𝜙(𝑥), 
assim definido, é denominado ângulo de 
torção. Ele depende da posição 𝑥 e varia ao 
longo do eixo como mostrado. 
A fim de compreender como essadistorção deforma o material, vamos isolar 
um elemento pequeno localizado a uma 
distância radial 𝜌 da linha do centro do veio 
(Figura 8.3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Devido à deformação, como observado na Figura 8.2, as faces anterior e 
posterior do elemento sofrem rotação. A face posterior por 𝜙(𝑥), e a face anterior por 
𝜙(𝑥) + Δ𝜙. O resultado é que a diferença entre as rotações, Δ𝜙, torna o elemento 
sujeito à deformação por cisalhamento. Para calcular essa deformação, observe 
que antes da deformação principal o ângulo entre as bordas 𝐴𝐵 e 𝐴𝐶 era de 90°. 
Depois dela, entretanto, as bordas do elemento passam a ser 𝐴𝐷	𝑒	𝐴𝐶 e o ângulo 
entre elas 𝜃′. Pela definição deformação por cisalhamento temos: 
Figura 8.2 - Ângulo de torção 
Figura 8.3 - Deformação por cisalhamento do elemento 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
104 104 
𝛾 =
𝜋
2 − lim
X,I→A
𝜃′ 
Esse ângulo, 𝛾, está indicado no elemento. Ele pode ser relacionado ao 
comprimento do elemento ∆𝑥 e à diferença no ângulo de rotação (∆𝜙) entre as faces 
sombreadas. Se Δ𝑥 → 𝑑𝑥	𝑒	Δ𝜙 → 𝑑𝜙 temos: 
𝐵𝐷 = 𝜌. 𝑑𝜙 = 𝑑𝑥.𝛾 
Portanto, 
𝛾 = 𝜌
𝑑𝜙
𝑑𝑥 																																																																																																																																															[8.1] 
 Como 𝑑𝑥	𝑒	𝑑𝜙 são os mesmos para todos os 
elementos localizados na secção transversal em 𝑥, então 
𝑑𝜙/𝑑𝑥 é constante e a Equação [8.1] diz que a intensidade 
da deformação por cisalhamento de qualquer um desses 
elementos varia apenas de acordo com a sua distância radial 
𝜌 a partir da linha de centro do veio. Em outras palavras, a 
deformação por cisalhamento no interior do veio varia 
linearmente ao longo de qualquer recta radial, de zero na 
linha de centro do veio a um máximo 𝛾¡á£ em seu limite 
externo (Figura 8.4). Como 𝑑𝜙/𝑑𝑥 = 𝛾/𝜌 = 𝛾¡á£/𝑐 = 𝑐𝑡𝑒, 
então: 
𝛾 =
𝜌
𝑐 𝛾¡á£																																																																																								[8.2] 
Os resultados obtidos nesse caso também são válidos 
para veios ocos ou vazados. Dependem apenas das 
hipóteses relativas à deformação mencionadas 
anteriormente. 
 
 
8.2. Fórmula de torção 
 
Quando um torque externo é aplicado a um veio, cria um torque interno 
correspondente no interior do veio. Nesta secção, desenvolveremos uma equação 
que relacione o torque interno com a distribuição das tensões de cisalhamento na 
secção transversal de um veio maciço ou oco. Se o material for linear-elástico, então 
a lei de Hooke, 𝜏 = 𝐺. 𝛾, aplica-se e, consequentemente, como observado na secção 
anterior, uma variação linear na deformação por cisalhamento leva a uma 
variação linear na tensão de cisalhamento ao longo de qualquer recta radial na 
secção transversal. Assim, como a variação tensão-deformação, para um veio 
maciço, 𝜏 varia de zero na linha de centro longitudinal do veio a um valor máximo, 
𝜏¡á£, em seu limite externo. Tal variação é mostrada na Figura 8.5 para as faces 
dianteiras de um número selecionado de elementos, localizados em uma posição 
radial intermediária 𝜌 e na extremidade do raio 𝑐. 
 
Figura 8.4 - Variação da deformação 
por cisalhamento 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
105 105 
 
 
Devido à proporcionalidade dos triângulos, ou pela lei de Hooke (𝜏 = 𝐺. 𝛾) e 
pela Equação [8.2] [𝛾 = (𝜌/𝑐)𝛾¡á£ ], podemos escrever: 
𝜏 = �
𝜌
𝑐� 𝜏¡á£																																																																																																																																								[8.3] 
Esta equação expressa a distribuição da tensão de cisalhamento como função 
da posição radial 𝜌 do elemento, em outras palavras, ela define a distribuição de 
tensão na secção transversal em termos da geometria do veio. Com ela, podemos 
então enfatizar a exigência de que o torque gerado pela distribuição de tensão em 
toda secção transversal seja equivalente ao torque interno resultante 𝑻 na secção, o 
que manterá o veio em equilíbrio (Figura 8.5). 
Especificamente, cada elemento de área 𝑑𝐴, localizado em 𝜌, está submetido 
a uma força 𝑑𝐹 = 𝜏. 𝑑𝐴. O torque produzido por essa força é 𝑑𝑇 = 𝜌(𝜏. 𝑑𝐴). Temos, 
portanto, para toda a secção transversal: 
𝑇 = : 𝜌(𝜏. 𝑑𝐴) = : 𝜌 �
𝜌
𝑐� 𝜏¡á£	𝑑𝐴
AA
																																																																																												[8.4] 
Como 𝜏¡á£/𝑐 é constante, 
𝑇 =
𝜏¡á£
𝑐
: 𝜌T
A
𝑑𝐴																																																																																																																															[8.5] 
 A integral dessa equação depende somente da geometria do veio. Ela 
representa o momento polar de inércia da área da secção transversal, calculado em 
torno da linha de centro longitudinal do veio. Usaremos o símbolo 𝐼= para esse valor, 
assim, a equação anterior pode ser escrita de forma mais compacta, ou seja: 
Figura 8.5 - Variação da tensão de cisalhamento ao longo da recta radial da secção transversal 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
106 106 
𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐
𝐼=
																																																																																																																																											[8.6] 
Onde: 
𝜏¡á£ − tensão de cisalhamento máxima no veio, que ocorre na superfície externa; 
𝑇 − torque interno resultante que actua na secção transversal. Seu valor é 
determinado pelo método das secções e pela equação do momento de equilíbrio 
aplicada em torno da linha de centro longitudinal do veio; 
𝐼= − momento polar de inércia da área da secção transversal 
𝑐 − raio externo do veio 
 
 A tensão de cisalhamento é determinada na distância intermediária 𝜌 a partir 
de uma equação semelhante obtida por meio das equações [8.3] e [8.6]: 
𝜏 =
𝑇. 𝜌
𝐼=
																																																																																																																																																	[8.7] 
 Qualquer uma das equações anteriores é geralmente denominada fórmula da 
torção. Lembre-se de que ela é usada somente se o veio for circular e o material for 
homogéneo e comportar-se de maneira linear-elástica, visto que a dedução baseia-
se no facto de que a tensão de cisalhamento é proporcional à deformação de 
cisalhamento. 
 
8.2.1. Veio com secção transversal maciça 
Se o veio tiver uma secção transversal maciça, 
determinaremos o momento polar de inércia 𝑰𝒑 usando um 
elemento de área sob a forma de um anel infinitesimal com a 
espessura 𝑑𝜌 e circunferência 2𝜋𝜌 (Figura 8.6). Nesse anel, 
𝑑𝐴 = 2𝜋𝜌. 𝑑𝜌, então: 
 
𝐼= = : 𝜌T
A
𝑑𝐴 = :𝜌T
Ì
¤
(2𝜋𝜌. 𝑑𝜌) = 2𝜋:𝜌�
Ì
¤
𝑑𝜌 = 2𝜋	 !
1
4"𝜌
j|
𝑐
0 
𝐼= =
𝜋
2 𝑐
j																																																																																																																																																[8.8] 
Observe que 𝐼= é uma propriedade geométrica da área do círculo e é sempre 
positiva. As unidades usadas para sua medida são: 𝑚𝑚j, 𝑐𝑚j, 𝑝𝑜𝑙j. 
Figura 8.6 - Veio com secção 
transversal maciça 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
107 107 
Foi mostrado que a tensão de cisalhamento varia linearmente ao longo de cada 
recta radial dessa secção transversal do veio. Entretanto, se um elemento de volume 
do material dessa secção transversal for isolado, então, devido à propriedade 
complementar do cisalhamento, tensões de cisalhamento iguais também devem 
actuar sobre quatro de suas faces adjacentes, como mostrado na Figura 8.7a. Então, 
o torque interno T não só desenvolve uma distribuição linear da tensão de 
cisalhamento ao longo de cada recta radial do plano da área da secção transversal, 
como também desenvolve uma distribuição da tensão de cisalhamento associada ao 
longo de um plano axial (Figura 8.7b). 
 
Figura 8.7 - Variação da tensão de cisalhamento no veio maciço 
É interessante observar que, devidoa essa distribuição axial da tensão de 
cisalhamento, os veios feitos de madeira tendem a rachar ao longo do plano axial 
quando submetidos a torque excessivo (Figura 8.8). Isso acontece porque a madeira 
é um material anisotrópico. Sua resistência ao cisalhamento no sentido paralelo às 
fibras, na direcção da linha de centro do veio, é muito menor do que a sua resistência 
no sentido perpendicular às fibras, na direcção do plano da secção transversal. 
 
Figura 8.8 - Eixo de madeira submetido à torção 
 
§ Os materiais dúcteis normalmente sofrem falha por tensões de corte. Os 
materiais frágeis são menos resistentes à tracção que em corte. 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
108 108 
§ Quando sujeito à torção, um provete de material dúctil, rompe ao longo de um 
plano de tensões de corte máximas, isto é, num plano perpendicular ao eixo 
do veio. 
 
§ Quando sujeito à torção, um provete de um material frágil, rompe ao longo de 
planos perpendicular à direcção na qual a tensão normal de tracção é máxima, 
isto é, ao longo das superfícies que fazem 45° com o eixo longitudinal do veio. 
 
 
8.2.2. Veio com secção transversal oca 
 
Se um veio tem secção transversal oca (veio vazado), com raio interno 𝑐¥ e raio 
externo 𝑐o, então, pela Equação [8.8], determinamos seu momento de polar inércia 
subtraindo o 𝐼= para o veio de raio 𝑐¥ daquele determinado para o veio de raio 𝑐o. O 
resultado é: 
𝐼= =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j)																																																																																																																																		[8.9] 
 Como no veio maciço, a tensão de cisalhamento distribuída sobre a área da 
secção transversal varia linearmente ao longo de qualquer recta radial (Figura 8.9a). 
Além disso, a tensão de cisalhamento varia ao longo do plano axial do mesmo modo 
(Figura 8.9b). Exemplos da actuação da tensão de cisalhamento sobre elementos de 
volume típicos são mostrados na Figura 8.9a. 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
109 109 
 
Figura 8.9 - Variação da tensão de cisalhamento no veio oco 
 
 
8.3. Tensão de torção máxima absoluta 
 
Em qualquer secção transversal do veio, a tensão de cisalhamento ocorre na 
superfície externa. No entanto, se o veio for submetido a uma série de torques 
externos, ou o raio (momento polar de inércia) mudar, a tensão de torção máxima no 
interior do veio poderá diferir de uma secção para a outra. Se formos determinar a 
tensão de torção máxima, será importante a localização onde a relação 𝑇. 𝑐/𝐼= é 
máxima. A esse respeito, é útil mostrar a variação do torque interno 𝑇, em cada 
secção ao longo da linha de centro do veio, desenhando um diagrama do torque. 
Especificamente, esse diagrama é um gráfico do torque interno 𝑇 versus sua posição 
ao longo do comprimento do veio. 
 
PONTOS IMPORTANTES 
 
§ Quando um veio que tem secção transversal circular é submetido a um torque, 
a secção transversal permanece plana enquanto as rectas radiais giram. Isso 
provoca uma deformação por cisalhamento no interior do material que varia 
linearmente ao longo de qualquer recta radial, indo desde zero na linha de 
centro do veio (eixo de simetria) até o máximo no seu limite externo. 
 
§ No caso de material homogêneo linear-elástico, devido à lei de Hooke, a 
tensão de cisalhamento ao longo qualquer recta radial do veio também varia 
linearmente de zero na linha de centro até o máximo no seu limite externo. A 
tensão de cisalhamento máxima não deve exceder o limite de 
proporcionalidade. 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
110 110 
§ Devido à propriedade complementar do cisalhamento, a distribuição da tensão 
de cisalhamento linear no plano de secção transversal também é distribuída 
ao longo de um plano axial adjacente ao veio. 
 
§ A fórmula da torção baseia-se no requisito de que o torque resultante na 
secção transversal seja igual ao torque produzido pela distribuição da tensão 
de cisalhamento linear em torno da linha de centro longitudinal do veio. É 
necessário que o veio maciço ou o veio oco tenha secção transversal circular 
e seja feito de material homogêneo com comportamento linear-elástico. 
 
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE 
A fórmula de torção é aplicada segundo o procedimento a seguir: 
1. Carga interna – fazer o corte perpendicular ao eixo (linha de centro) do veio 
no ponto em que a tensão de cisalhamento deve ser determinada e usar o 
diagrama de corpo livre e as equações de equilíbrio necessárias para obter o 
torque interno da secção. 
 
2. Propriedade da secção transversal – calcular o momento polar de inércia da 
área da secção transversal. 
 
3. Tensão de cisalhamento: 
 
§ Especificar a distância radial 𝜌, medida a partir do centro da secção transversal 
ao ponto em que a tensão de cisalhamento máxima deve ser determinada. 
Aplicar a fórmula 𝜏 = 𝑇. 𝜌/𝐼= ou usar 𝜏¡á£ = 𝑇. 𝑐/𝐼= caso a tensão de 
cisalhamento máxima tenha de ser determinada. Ao substituir os dados, 
certificar-se de usar um conjunto de unidades compatíveis. 
 
§ A tensão de cisalhamento actua na secção transversal sempre na direcção 
perpendicular a 𝜌. A força que ela cria deve fornecer um torque em torno da 
linha de centro do veio que tenha a mesma direcção do torque interno 
resultante 𝑻 que actua na secção analisada. Uma vez estabelecida a direcção, 
um elemento de volume, localizado no ponto em que 𝜏 é determinado, pode 
ser isolado e pode-se mostrar a direcção de 𝜏 actuando sobre as três outras 
faces adjacentes do elemento. 
 
 
Conversão de unidades 
1	𝑘𝑠𝑖	(𝐾𝑖𝑙𝑜𝑝𝑜𝑢𝑛𝑑	𝑝𝑒𝑟	𝑠𝑞𝑢𝑎𝑟𝑒	𝑖𝑛𝑐ℎ) = 			6,894	757𝑀𝑃𝑎	(𝑀𝑒𝑔𝑎𝑝𝑎𝑠𝑐𝑎𝑙) 
1𝑝𝑜𝑙	(𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎) = 			25,4	𝑚𝑚	(𝑚𝑖𝑙í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠) 
1𝑖𝑛	(𝑝𝑜𝑙𝑒𝑔𝑎𝑑𝑎) = 			25,4	𝑚𝑚	(𝑚𝑖𝑙í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠) 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
111 111 
 
Exemplo 8.1 
A distribuição de tensão em um veio 
maciço foi esquematizada graficamente 
ao longo de três rectas radiais arbitrárias 
como mostrado na Figura 8.10a. 
Determinar o torque interno resultante na 
secção. 
 
Solução 
Dados: 
𝑐 = 2𝑝𝑜𝑙 = 50,8	𝑚𝑚 
𝜏¡á£ = 8	𝑘𝑠𝑖 = 55,16	𝑀𝑃𝑎 
 
§ O momento de inércia polar da área da secção transversal é: 
𝐼= =
𝜋
2 𝑐
j =
π
2 50,8
T = 10461036.71	𝑚𝑚j 
§ Aplicando a fórmula da torção para 𝜏¡á£ = 8	𝑘𝑠𝑖 (Figura 8.11a), temos: 
 
𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐
𝐼=
				𝑇 =
𝜏¡á£	𝐼=
𝑐 =
55,16	𝑁/𝑚𝑚T ∗ 10461036.71	𝑚𝑚j
50,8	𝑚𝑚 = 11358873.72	𝑁.𝑚𝑚 
𝑻 = 𝟏𝟏, 𝟑𝟔	𝒌𝑵.𝒎 
 
 
Exemplo 8.2 
Uma barra cilíndrica de aço com 1	𝑚 
de comprimento está encastrada numa 
parede e sofre o efeito de uma carga vertical 
de 2	𝑘𝑁 na sua extremidade livre. Porém, 
esta carga não está no eixo da barra mas sim 
a uma distância de 1 m, de forma a causar 
torção. Achar o diâmetro da barra cilíndrica 
para resistir ao efeito da torção se a tensão 
admissível for [𝜏] 	= 	20	𝑀𝑃𝑎. 
Solução 
§ O torque causado pela força 𝐹 é o produto da força pelo braço: 
Figura 8.10 - Exemplo 8.1 
Figura 8.11 - Exemplo 8.2 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
112 112 
𝑇 = 𝐹. 𝑏 = 2	𝑘𝑁 ∗ 1𝑚 = 2	𝑘𝑁.𝑚 
§ Para a tensão devida à torção aplica-se a seguinte condição de resistência: 
𝜏 =
𝑇. 𝑐
𝐼=
≤ [𝜏]	;			𝐼= =
𝜋
2 𝑐
j		 
𝑇. 𝑐
𝜋
2 𝑐
j
≤ [𝜏] 	→ 		𝑐 ≥ 1
2	𝑇
𝜋	[𝜏]
]
			𝑐 ≥ ^
2 ∗ 2. 10�	𝑁.𝑚
𝜋 ∗ 20. 10â 𝑁𝑚T
] 						𝑐 ≥ 0,0399	𝑚 
𝑑 ≥ 2𝑐		𝑑 ≥ 2 ∗ 0,0399			𝑑 ≥ 0,0799	𝑚		 → 			𝒅 = 𝟖𝟎	𝒎𝒎 
 
Exemplo 8.3 
O veio vazado BC mostrado na figura ao 
lado tem os diâmetros interno e externo de 
90	𝑚𝑚	𝑒	120	𝑚𝑚, respectivamente. Os veios 
AB e CD são maciços com um diâmetro 𝒅. Para 
o estado de carregamento mostrado, determine: 
a) As tensões máxima e mínima no veio BC 
b) O diâmetro necessário 𝒅 dos veios AB e 
CD se a tensão admissível para estes 
veios for de 65	𝑀𝑃𝑎. 
 
 
 
 
 
 
SoluçãoDenotando por 𝑻𝑨𝑩 o torque interno no veio AB, 
seccionamos o trecho AB e, para o diagrama do corpo 
livre mostrado, escrevemos: 
¶𝑀£ = 0 ∶ (6	𝑘𝑁.𝑚) − 𝑇AX = 0	 
𝑻𝑨𝑩 = 𝟔	𝒌𝑵.𝒎 
 
Figura 8.12 - Exemplo 8.3 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
113 113 
 
 
 
Agora seccionamos o trecho do veio BC e, para 
o diagrama do corpo livre mostrado, teremos: 
¶𝑀£ = 0 ∶ (6	𝑘𝑁.𝑚) + (14	𝑘𝑁.𝑚) − 𝑇XI = 0		 
𝑻𝑩𝑪 = 𝟐𝟎	𝒌𝑵.𝒎 
 
 
 
 
 
a) VEIO BC – a sua secção transversal é oca, por isso teremos: 
 
𝐼= =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j) =
𝜋
2
[(0,060)T − (0,045)T] 
𝑰𝒑 = 𝟏𝟑, 𝟗𝟐. 𝟏𝟎l𝟔	𝒎𝟒 
 
 
 
 
 
 
§ Tensão tangencial máxima (𝝉𝟐) – na superfície externa do veio (𝜌 = 𝑐o) 
𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐
𝐼=
=
𝑇XI	𝑐o
𝐼=
=
(20	𝑘𝑁.𝑚). (0,060	𝑚)
13,92. 10lâ	𝑚j 				→ 				 𝝉𝒎á𝒙 = 𝟖𝟔, 𝟐	𝑴𝑷𝒂 
§ Tensão tangencial mínima(𝝉𝟏) – na superfície externa do veio (𝜌 = 𝑐¥). 
𝜏¡¥Ñ =
𝑇. 𝑐
𝐼=
=
𝑇XI	𝑐¥
𝐼=
=
(20	𝑘𝑁.𝑚). (0,045	𝑚)
13,92. 10lâ	𝑚j 				→ 				 𝝉𝒎𝒊𝒏 = 𝟔𝟒, 𝟕	𝑴𝑷𝒂 
 O mesmo resultado pode ser obtido fazendo-se a semelhança de triângulos 
formado como se mostra na figura ao lado: 
𝜏¡á£
𝑐o
=
𝜏¡¥Ñ
𝑐¥
			→ 				 𝜏¡¥Ñ =
𝜏¡á£	𝑐¥
𝑐o
=
(86,2	𝑀𝑃𝑎). (45	𝑚𝑚)
60	𝑚𝑚 	→ 			 𝝉𝒎𝒊𝒏 = 𝟔𝟒, 𝟕	𝑴𝑷𝒂 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
114 114 
b) Veios AB e CD. Podemos notar que em ambos os veios a magnitude do torque 
é 𝑇 = 6	𝑘𝑁.𝑚, pelo que podemos concluir que 
a tensão de cisalhamento máxima será a 
mesma. 
𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐
𝐼=
=
𝑇. 𝑐
𝜋
2 𝑐
j
=
𝑇
𝜋
2 𝑐
�
	 
Pelo critério de capacidade de trabalho dos 
materiais, temos que 𝜏¡á£ ≤ [𝜏], e sendo 
[𝜏] = 65	𝑀𝑃𝑎, logo teremos: 
𝑇
𝜋
2 𝑐
�
≤ [𝜏] 		→ 			𝑐 ≥ 1
2	𝑇
𝜋[𝜏]
]
				→ 		𝑐 ≥ 1 2.6. 10�
𝜋. 65. 10â
]
			→ 			𝑐 ≥ 0,0389	𝑚	 → 		𝒄 ≥ 𝟑𝟖, 𝟗	𝒎𝒎 
𝑑 ≥ 2𝑐			𝑑 ≥ 2. (38,9	𝑚𝑚)		𝑑 ≥ 77,8	𝑚𝑚 → 			𝒅 = 𝟕𝟖	𝒎𝒎 
 
 
8.4. Momento torsor ou torque 
 
O torque actuante na peça 
representada na Figura 8.13 ao é definido 
através do produto da intensidade da carga 
aplicada pela distância entre o ponto de 
aplicação da carga e o centro de secção 
transversal (polo). 
Tem-se portanto: 
𝑇 = 𝐹. 2𝑆																																																														[8.10] 
 Onde: 
𝑇 − momento torsor ou torque [𝑁.𝑚] 
𝐹 − carga aplicada [𝑁] 
𝑆 − distância entre o ponto de aplicação da carga e o polo [𝑚] 
 
Figura 8.13 - Veio em consola submetido à torção 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
115 115 
Para transmissões mecânicas constituídas por polias, engrenagens, rodas de 
atrito, cadeias, etc., o torque é determinado através de: 
𝑇 = 𝐹¾. 𝑟																																																																				[8.11] 
Onde: 
𝑇 − momento torsor [𝑁.𝑚] 
𝐹¾ − força tangencial [𝑁] 
𝑟 − raio do veio [𝑚] 
 
 
 
 
8.5. Transmissão de potência 
 
Veios ocos e maciços com secção transversal circular são frequentemente 
empregues para transmitir a potência gerada por máquinas. Quando usados para 
essa finalidade, são submetidos a torques que dependem da potência gerada pela 
máquina e da velocidade angular do veio. A Potência é definida como o trabalho 
realizado por unidade de tempo. O trabalho transmitido por um veio é igual ao torque 
aplicado multiplicado pelo ângulo de rotação. Portanto, se durante um instante de 
tempo 𝑑𝑡 o torque aplicado 𝑻 fizer o veio girar num ângulo 𝑑𝜃, então a potência 
instantânea será: 
𝑃 =
𝑇	𝑑𝜃
𝑑𝑡 	 
 Como a velocidade angular do veio é 𝜔 = 𝑑𝜃/𝑑𝑡, também podemos expressar 
a potência como: 
𝑃 = 𝑇.𝜔																																																																																																																																														[8.10] 
Onde: 
𝑃 − é potência transmitida em watt [𝑊] 
𝑇 − é o torque aplicado em Newton-metro [𝑁.𝑚] 
𝜔 − é a velocidade angular do veio em radianos por segundo [𝑟𝑎𝑑/𝑠] 
 
 No caso de maquinaria, a frequência de rotação de um veio 𝑓, é geralmente 
conhecida. Ela é expressa em Hertz (1	𝐻𝑧 = 1	𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜/𝑠), ela representa o número de 
revoluções ou ciclos que o veio realiza por segundo. Como 1	𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 2𝜋	𝑟𝑎𝑑, então 
𝜔 = 2𝜋𝑓 e a equação da potência apresenta anteriormente se torna: 
𝑃 = 2𝜋𝑓. 𝑇																																																																																																																																									[8.11] 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
116 116 
§ Outras expressões válidas para o cálculo da potência do veio 
Denomina-se potência a realização de um trabalho na unidade de tempo: 
𝑃 =
𝐹. 𝑠
𝑡 =
𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜
𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 
Como 𝑣 = 𝑠/𝑡, portanto conclui-se que: 𝑷 = 𝑭.𝒗 
Nos movimentos circulares, escreve-se: 
𝑃 = 𝐹¾	.𝑣= 
Como 𝑣= = 𝜔	. 𝑟, então, pode-se escrever: 𝑃 = 𝐹¾	.𝜔	. 𝑟 
Mas, 𝑇 = 𝐹¾	. 𝑟, tem-se então que: 𝑃 = 𝑇.𝜔 
Porém 𝜔 = 2𝜋𝑓, portanto: 𝑃 = 𝑇. 2𝜋𝑓 
Como 𝑓 = 𝑛/60, escreve-se que: 
 
𝑃 = 𝑇
2𝜋	. 𝑛
60 				→ 				𝑷 = 𝑻	
𝝅	. 𝒏
𝟑𝟎 
 
Onde: 
𝑃 − potência transmitida [𝑊] 
𝐹¾ − força tangencial [𝑁] 
𝑣= − velocidade periférica [𝑚/𝑠] 
𝑇 − Torque [𝑁.𝑚] 
𝑛 − número de rotações por minuto [𝑟𝑝𝑚] 
𝑓 − frequência de rotação [𝐻𝑧] 
𝜔 − velocidade angular [𝑟𝑎𝑑/𝑠] 
 
8.5.1. Projecto do veio 
Quando a potência transmitida por um veio e a sua frequência de rotação são 
conhecidas, o torque desenvolvido no veio é determinado pela Equação 8.11, isto é, 
𝑇 = 𝑃/2𝜋𝑓. Conhecendo 𝑻 e a tensão de cisalhamento admissível para o material, 
𝜏9É¡, podemos determinar a área da secção transversal usando a fórmula da torção, 
desde que o material seja linear-elástico. Em particular, o projecto ou o parâmetro 
geométrico 𝐼=/𝑐 torna-se: 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
117 117 
𝐼=
𝑐 =
𝑇
𝜏9É¡
																																																																																																																																											[8.12] 
 Para um veio maciço, 𝐼= = (𝜋/2)𝑐j, e, desse modo, após a substituição, obtém-
se um único valor para o raio do veio 𝑐. Se o veio for oco, de modo que 𝐼= = (𝜋/2)(𝑐oj −
𝑐¥j), o projecto pode ser feito de várias maneiras. Isso porque pode se fazer uma 
escolha arbitrária tanto de 𝑐o como de 𝑐¥ e o outro raio (aquele que não foi escolhido 
arbitrariamente) é determinado pela Equação [8.12]. 
 
Exemplo 8.4 
O veio maciço AB mostrado na figura abaixo, deve ser usado para transmitir 3,75 kW 
do motor M ao qual está acoplado. Supondo que o veio gire a 175 revoluções por 
minuto e que o material do veio tenha uma tensão admissível de 175	𝑀𝑃𝑎, determinar 
o diâmetro necessário para o veio resistir ao carregamento. 
 
Figura 8.14 - Exemplo 8.4 
 
Solução 
§ Primeiro reduz-se a frequência de rotação para as unidades no SI 
ω =
175	𝑟𝑒𝑣
𝑚𝑖𝑛 =
175 ∗ 2𝜋	𝑟𝑎𝑑
60	𝑠 = 18,33
𝑟𝑎𝑑
𝑠 
 
§ A seguir calcula-se o torque sobre o veio 
𝑃 = 𝑇.𝜔				 → 				𝑇 =
𝑃
𝜔 =
3,75	𝑘𝑊
18,33	𝑟𝑎𝑑/𝑠 = 0,2046	𝑘𝑁.𝑚							 → 								𝑻 = 𝟐𝟎𝟒, 𝟔	𝑵.𝒎 
§ O torque podia ser calculado pela expressão: 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
118 118 
𝑃 = 𝑇	
𝜋	. 𝑛
30 			→ 			𝑇 =
30	. 𝑃
𝜋	. 𝑛 =
30 ∗ 3,75
𝜋 ∗ 175 = 0,2046	𝑘𝑁.𝑚			 → 							𝑻 = 𝟐𝟎𝟒, 𝟔	𝑵.𝒎 
§ Também podia ser calculado pela expressão abaixo: 
𝑇 = 9550 ∗
𝑃
𝑛 = 9550 ∗
3,75
175 = 204,6	𝑁.𝑚																														 → 							𝑻 = 𝟐𝟎𝟒, 𝟔	𝑵.𝒎 
Onde a potência deve estar em 𝑘𝑊 e o valor obtido será em 𝑁.𝑚 
§ Aplicando a equação 8.12 teremos: 
𝐼=
𝑐 =
𝑇
𝜏9É¡
			 ; 		𝐼= =
𝜋
2 	𝑐
j 				→ 			 𝑐� =
2𝑇
𝜋	. 𝜏9É¡	
 
𝑐 = 1
2𝑇
𝜋	. 𝜏9É¡
]
= 12 ∗ 205. 10
�
𝜋 ∗ 175
]
= 9,063	𝑚𝑚			 → 		𝑑 = 2 ∗ 9,063 = 18,126	𝑚𝑚 
𝒅 = 𝟏𝟖, 𝟓	𝒎𝒎 
 
Exemplo 8.5 
Um veio oco de 30	𝑚𝑚 de diâmetro interno e 42	𝑚𝑚 de diâmetroexterno é usado 
para transmitir 90	𝑘𝑊 de potência. Determinar a frequência de rotação do veio de 
modo que a tensão de cisalhamento 50	𝑀𝑃𝑎. 
Solução 
§ O torque máximo que pode ser aplicado ao veio é determinado pela fórmula 
da torção: 
𝜏¡á£ =
𝑇	. 𝑐
𝐼=
≤ [𝜏] 				→ 				𝑇 =
[𝜏]	. 𝐼=
𝑐 =
[𝜏]. 𝜋(𝑐oj − 𝑐¥j)
2𝑐o
 
𝑇 =
50 ∗ 𝜋(21j − 15j)
2 ∗ 21 = 538020.18	𝑁.𝑚𝑚		 → 			𝑻 = 𝟓𝟑𝟖	𝑵.𝒎 
 
§ A partir da Equação 8.11, determina-se a frequência de rotação 
𝑃 = 2𝜋𝑓. 𝑇				 → 			𝑓 =
𝑃
2𝜋. 𝑇 =
90000	𝑁.𝑚/𝑠	
2𝜋 ∗ 538	𝑁.𝑚 = 26,62	1/𝑠					 → 				𝒇 = 𝟐𝟔, 𝟔𝟐	𝑯𝒛 
 
8.6. Ângulo de torção 
 
Ocasionalmente, o projecto de um veio depende de limitações na quantidade 
de rotação ou torção ocorrida quando o veio é submetido ao torque. Além disso, o 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
119 119 
cálculo do ângulo de torção do veio é importante quando se analisam as reacções em 
veios estaticamente indeterminados. 
Nesta seção desenvolveremos um fórmula para determinar o ângulo de torção 𝜙 de 
uma extremidade do eixo em relação à outra. Suponha que o veio tenha secção 
transversal circular, que pode variar gradualmente ao longo do seu comprimento 
(Figura 8.15a); suponha também que o material seja homogêneo e comporte-se de 
maneira linear-elástica quando o torque é aplicado. Como no caso de uma barra com 
carga axial, vamos desprezar as deformações localizadas que ocorrem nos pontos 
de aplicação dos torques e onde a secção transversal muda bruscamente as suas 
dimensões. Pelo princípio de Saint-Venant, essas consequências ocorrem dentro de 
pequenas regiões do comprimento do veio e geralmente têm pouca influência sobre 
o resultado final. 
 
 
Usando o método das secções, um disco infinitesimal de espessura 𝑑𝑥, 
localizado na posição 𝑥, é retirado do veio (Figura 8.15b). O torque interno resultante 
é representado como 𝑇(𝑥), visto que a carga externa pode fazê-lo variar ao longo da 
linha de centro do veio. Devido a 𝑇(𝑥), o disco se torce, de modo que a rotação 
relativa de uma das faces em relação à outra é de 𝑑𝜙 (Figura 8.15b). O resultado é 
que um elemento do material localizado no raio arbitrário 𝜌 no interior do disco sofre 
uma deformação por cisalhamento 𝛾. Os valores de 𝛾	e	𝑑𝜙 são relacionados pela 
Equação [8.1], ou seja: 
𝑑𝜙 = 𝛾	
𝑑𝑥
𝜌 																																																																																																																																									
[8.13] 
Como a lei de Hooke, 𝛾 = 𝜏/𝐺, aplica-se e a tensão de cisalhamento pode ser 
expressa em termos de torque aplicado usando-se a fórmula da torção 𝜏 =
Figura 8.15 - ângulo de torção 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
120 120 
𝑇(𝑥).𝜌/𝐼=(𝑥), então 𝛾 = 𝑇(𝑥).𝜌/𝐼=(𝑥)𝐺. Substituindo pela Equação [8.13], temos que 
o ângulo de torção do disco é: 
𝑑𝜙 =
𝑇(𝑥)
𝐼=(𝑥).𝐺
𝑑𝑥	 
Integrando em todo o comprimento 𝐿 do veio, obtemos o ângulo de torção para 
todo o veio, ou seja: 
𝜙 = :
𝑇(𝑥)
𝐼=(𝑥)𝐺
𝑑𝑥
Ð
¤
																																																																																																																													[8.14] 
Onde: 
𝜙 − ângulo de torção de uma extremidade em relação à outra, medido em radianos 
𝑇(𝑥) − torque interno na posição arbitrária 𝑥, determinado pelo método das secções e 
pela equação do momento na condição de equilíbrio aplicada em torno da linha de centro do 
veio 
𝐼=(𝑥) − momento polar de inércia do veio expresso como função da posição 𝑥 
𝐺 − módulo de elasticidade ao cisalhamento do material 
 
8.6.1. Torque e área de secção transversal constantes 
 
Normalmente, na prática da engenharia 
o material do veio é homogêneo, de modo que 
𝐺 é constante. Além disso, a área da secção 
transversal e o torque aplicado são constantes 
ao longo do comprimento do veio (Figura 8.16). 
Se esse for o caso, o torque interno 𝑇(𝑥) = 𝑇, 
o momento polar de inércia 𝐼=(𝑥) = 𝐼= e a 
Equação [8.14] resulta em: 
𝜙 =
𝑇	. 𝐿
𝐼=	. 𝐺
																																																															[8.15] 
 As semelhanças entre as duas 
equações anteriores e as de uma barra com 
carga axial (𝛿 = ∫ b(£)
P.A(£)
	𝑒	𝛿 = bÐ
AP
) devem ser 
observadas. 
 Podemos usar a Equação [8.15] para determinar o módulo de elasticidade ao 
cisalhamento do material 𝐺. Por isso, um corpo-de-prova de comprimento e diâmetro 
Figura 8.16 - Veio sob torção 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
121 121 
conhecidos é colocado em uma máquina de teste de torção como na Figura 8.17. O 
torque 𝑇 aplicado e o ângulo de torção 𝜙 são medidos no comprimento de referência 
𝐿. Pela Equação [8.15], 𝐺 = 𝑇𝐿/𝐼=𝜙. Para obter um valor mais confiável de 𝐺, são 
executados vários testes e usa-se o valor médio. 
 
Figura 8.17 - Máquina de teste de torção 
Se o veio estiver sujeito a diversos torques diferentes, ou a área da secção 
transversal ou ainda o módulo ao cisalhamento mudar bruscamente de uma região 
do veio para a outra, a Equação [8.15] será aplicada a cada segmento do veio em 
que essas quantidades sejam constantes. O ângulo de torção de uma extremidade 
do veio em relação à outra será, então, determinado pela adição de vectores dos 
ângulos de torção de cada segmento. Nesse caso: 
𝜙 =¶
𝑇𝐿
𝐼=𝐺
																																																																																																																																							[8.16] 
 
8.6.2. Convenção de sinais 
 
A fim de aplicarmos a equação anterior, devemos criar uma convenção de 
sinais para o torque interno e o ângulo de torção de uma extremidade do veio em 
relação à outra. Por isso, usaremos a regra da mão direita, pela qual o torque e o 
ângulo serão positivos se a direcção indicada pelo polegar for no sentido de afastar-
se do veio quando os dedos são fechados para indicar a tendência da rotação (Figura 
8.18). 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
122 122 
 
Figura 8.18 - Convenção de sinais do torque e do ângulo de torção 
Para ilustrar o uso da convenção de sinais, consideremos o veio mostrado na 
Figura 8.19a, o qual está submetido a quatro torques. O ângulo de torção da 
extremidade 𝐴 em relação à extremidade 𝐷 deve ser determinado. Neste problema 
devem ser considerados três segmentos do veio, visto que o torque interno muda em 
𝐵 e 𝐶. Usando-se o método de secções, os torques internos são determinados para 
cada segmento (Figura 8.19b). 
 
Exemplo 8.6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 8.19 - Exemplo de uso de convenção de sinais 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
123 123 
Pela regra da mão direita, com torques positivos no sentido que se afasta da 
extremidade do corte do veio, temos: 
𝑇AX = +80	𝑁.𝑚		;		𝑇XI = −70	𝑁.𝑚		; 		𝑇Ic = −10	𝑁.𝑚 
Esses resultados também são mostrados no diagrama de torque do veio 
(Figura 8.19c). Aplicando a Equação 8.16, temos: 
𝜙A/c =
(+80	𝑁.𝑚)𝐿AX
𝐼=𝐺
+
(−70	𝑁.𝑚)𝐿XI
𝐼=𝐺
+
(−10	𝑁.𝑚)𝐿Ic
𝐼=𝐺
 
 Se os outros dados forem substituídos e a resposta for uma quantidade 
positiva, isso significa que a extremidade 𝐴 gira como indicado pela curvatura dos 
dedos da mão direita quando o polegar está na direcção que se afasta do veio (Figura 
5.19a). A notação com duplo subscrito é usada para indicar o ângulo de torção relativo 
(𝜙A/c); entretanto, se o ângulo de torção for determinado em relação a um ponto fixo, 
será usado apenas um índice. Por exemplo, se 𝐷 estiver localizado em um apoio fixo, 
o ângulo de torção calculado será denotado por 𝜙A. 
 
PONTOS IMPORTANTES 
§ Determinamos o ângulo de torção relacionando o torque aplicado à tensão de 
cisalhamento por meio da fórmula de torção, 𝜏 = 𝑇𝜌/𝐼=, e relacionando a 
rotação relativa à deformação por cisalhamento usando 𝑑𝜙 = 𝛾𝑑𝑥/𝜌. 
Finalmente, essas equações são combinadas por meio da lei deHooke, 𝜏 =
𝐺𝛾, o que resulta na Equação [8.14]. 
 
§ Como a lei de Hooke é usada no desenvolvimento da fórmula do ângulo de 
torção, é importante que os torques aplicados não provoquem o escoamento 
do material e que o material seja homogêneo e comporte-se de maneira linear-
elástica. 
 
 
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE 
 O ângulo de torção de uma extremidade de um veio maciço ou oco em relação 
à outra é determinado aplicando-se as Equações [8.14], [8.15] e [8.16]. 
Torque interno 
 
§ O torque interno é determinado em um ponto da linha de centro do veio 
usando-se o método das secções e a equação do momento na condição 
de equilíbrio aplicada ao longo da linha de centro do veio. 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
124 124 
§ Se o torque variar ao longo do comprimento do veio, deve ser feito um 
corte em uma posição arbitrária 𝑥 do veio e o torque expresso como 
função de 𝑥, isto é, 𝑇(𝑥). 
 
§ Se vários torques externos actuam sobre o veio entre suas extremidades, 
deve ser determinado o torque interno de cada segmento (trecho) do veio, 
entre quaisquer dois torques externos. O resultado pode ser representado 
como um diagrama do torque ou diagrama de esforço interno. 
 
Ângulo de torção 
 
§ Quando a área circular da secção transversal varia ao longo da linha de 
centro do veio, o momento polar de inércia deve ser expresso em função 
da sua posição 𝑥 ao longo do veio, 𝐼=(𝑥). 
 
§ Se o momento polar de inércia ou o torque interno mudarem bruscamente 
entre as extremidades do veio, então a fórmula 𝜙 = ∫[𝑇(𝑥)/𝐼=(𝑥)𝐺] 𝑑𝑥 ou 
𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼=𝐺 deve ser aplicada a cada segmento no qual 𝑇, 𝐺	𝑒	𝐼= sejam 
contínuos e constantes. 
 
§ Quando o torque interno é determinado, certifique-se de usar para um 
veio uma convenção de sinais consistente, tal como a discutida 
anteriormente. Certifique-se também de empregar um conjunto de 
unidades consistente ao substituir os dados numéricos nas equações. 
 
Exemplo 8.7 
As engrenagens acopladas 
ao veio de aço com uma das 
extremidades fixa estão sujeitas aos 
torques mostrados na Figura 8.20a. 
Supondo que o módulo de 
elasticidade de cisalhamento seja 
de 80	𝐺𝑃𝑎 e que o veio tenha 
diâmetro de 14	𝑚𝑚, determinar o 
deslocamento do dente P da 
engrenagem 𝐴. O veio gira 
livremente no mancal em 𝐵. 
 
Solução 
§ Torque interno – por inspecção, os torques dos segmentos AC, CD e DE são 
diferentes porém constantes em cada segmento. Os diagramas de corpo livre 
Figura 8.20 - Exemplo 8.6 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
125 125 
dos segmentos apropriados do veio, junto com os torques internos calculados, 
são mostrados na Figura 8.20b. 
 
 
 
Usando a regra da mão direita e a convenção de sinais estabelecida de que o 
torque é positivo quando se afasta da extremidade cortada do veio, temos: 
𝑇AI = +150	𝑁.𝑚 𝑇Ic = −130	𝑁.𝑚 𝑇cP = −170	𝑁.𝑚 
 
Estes resultados também são mostrados no diagrama de torque (Figura 8.20c) 
 
§ Ângulo de torção – o momento polar de inércia do veio é: 
𝐼= =
𝜋
2 𝑐
j =
𝜋
2 (0,007𝑚)
j = 3,77. 10ld	𝑚j 
Aplicando a Equação [5.16] a cada segmento (trecho) e adicionando algebricamente 
os resultados, temos: 
𝜙A =¶
𝑇𝐿
𝐼=𝐺
=
+150 ∗ 0,4
3,77. 10ld ∗ 80. 10d +
−130 ∗ 0,3
3,77. 10ld ∗ 80. 10d +
−170 ∗ 0,5
3,77. 10ld ∗ 80. 10d 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
126 126 
𝝓𝑨 = −𝟎, 𝟐𝟏𝟐	𝒓𝒂𝒅 
 Como a resposta é negativa, pela regra da 
mão direita o polegar está direccionado no sentido 
da extremidade E do veio e, portanto, a 
engrenagem A gira como mostrado na Figura 
8.20.d. 
 O deslocamento do dente P na engrenagem 
A é: 
𝑠= = 𝜙A	. 𝑟 = (0,212	𝑟𝑎𝑑) ∗ (100	𝑚𝑚) = 𝟐𝟏, 𝟐	𝒎𝒎 
 Lembrar que essa análise é válida apenas se a tensão de cisalhamento não 
exceder o limite de proporcionalidade do material. 
 
 
 
Resolução de problemas 
Problema 8.1 
O veio oco mostrado na Figura 8.21a tem diâmetro 
interno de 80	𝑚𝑚 e diâmetro externo de 100	𝑚𝑚. 
Supondo que a sua extremidade seja apertada 
contra o apoio 𝐴 por meio de um torquímetro em 
𝐵, determinar a tensão de cisalhamento 
desenvolvida no material nas paredes interna e 
externa ao longo da parte central do veio quando 
são aplicadas forças de 80	𝑁 ao torquímetro. 
 
Solução 
§ Torque interno – é feito um corte de 
localização intermediaria 𝐶 ao longo do 
eixo do veio (Figura 8.20b). A única 
incógnita na secção é o torque interno 𝑇. 
Os equilíbrios da força e do momento em 
torno dos eixos 𝑥	e	𝑧 são satisfeitos. 
Requer-se que: 
¶𝑀� = 0 ∶ 80	𝑁 ∗ 0,2	𝑚 + 80	𝑁 ∗ 0,3	𝑚 − 𝑇 = 0 
𝑻 = 𝟒𝟎	𝑵.𝒎		 
Figura 8.21 - Problema 8.1 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
127 127 
 
§ Propriedade da secção transversal – o momento polar de inércia da área da 
secção transversal é: 
𝐼= =
𝜋
2 [
(0,05	𝑚)j − (0,04	𝑚)j = 5,8. 10lâ𝑚j 
 
§ Tensão de cisalhamento – em qualquer ponto localizado na superfície externa 
do veio, 𝜌 = 𝑐o = 0,05	𝑚, temos: 
𝜏o =
𝑇	. 𝑐o
𝐼=
=
40	𝑁.𝑚 ∗ 0,05	𝑚
5,8. 10lâ	𝑚j = 𝟎, 𝟑𝟒𝟓	𝑴𝑷𝒂 
E, em qualquer ponto localizado na superfície interna do veio,	𝜌 = 𝑐¥ = 0,04	𝑚, 
de modo que: 
𝜏¥ =
𝑇	. 𝑐¥
𝐼=
=
40	𝑁.𝑚 ∗ 0,04	𝑚
5,8. 10lâ	𝑚j = 𝟎, 𝟐𝟕𝟔	𝑴𝑷𝒂 
Para mostrar como essas tensões actuam nos 
pontos representativos, como, por exemplo D e E 
na área da secção transversal, primeiro vamos 
ver a secção transversal pela frente do segmento 
CA do veio (Figura 8.21a). Nessa secção (Figura 
8.21c), o torque interno resultante é igual mas 
oposto, como mostrado na Figura 8.21b. As 
tensões de cisalhamento em D e E contribuem 
para esse torque e actuam, portanto, nas faces 
sombreadas dos elementos nas direcções 
mostradas. Como consequência, observe como 
as componentes cisalhamento-tensão actuam 
sobre as outras três faces. Além dos mais, como o topo da face D e a face interna E 
estão em regiões sem tensões localizadas nas paredes externa e interna do veio, não 
pode existir tensão de cisalhamento nessas faces nem nas outras faces 
correspondentes dos elementos. 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
128 128 
Problema 8.2 
O projecto preliminar de um veio largo 
conectando o motor a um gerador admite o uso de 
um veio oco com os diâmetros interno e externo de 
100 mm e 150 mm, respectivamente. Sabendo que 
a tensão admissível do material do veio ao 
cisalhamento é de 84,74 MPa, determinar o torque 
máximo que pode ser transmitido: 
a) Por um veio como projectado 
b) Por um veio maciço com o mesmo peso e 
comprimento 
c) Por um veio oco com o mesmo peso e 
comprimento, com 200 mm de diâmetro 
externo 
 
Solução 
§ Veio oco como projectado preliminarmente 
𝐼= =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j) =
𝜋
2 [
(0,075)j − (0,050	𝑚)j] 
𝑰𝒑 = 𝟑, 𝟗𝟖𝟖. 𝟏𝟎l𝟓	𝒎𝟒 
𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐o
𝐼=
≤ [𝜏] 			→ 			𝑇 =
[𝜏]. 𝐼=
𝑐o
		 
𝑇 =
[𝜏]. 𝐼=
𝑐o
=
84,74.10â 𝑁𝑚T ∗ 3,988. 10lj	𝑚j
0,075	𝑚 
𝑇 = 45063	𝑁.𝑚			 → 					𝑻 = 𝟒𝟓, 𝟎𝟔𝟑	𝒌𝑵.𝒎	 
 
§ Veio maciço de igual peso – para que o veio 
preliminarmente projectado e o veio maciço 
tenham o mesmo peso e comprimento, é 
necessário que as suas áreas da secção 
transversal sejam iguais 
𝐴(9) = 𝐴(î) 			→ 			𝜋(𝑐oT − 𝑐¥T) = 𝜋𝑐T 
𝑐 = f𝑐oT − 𝑐¥T = √75T − 50T = 𝟓𝟓, 𝟗𝟎	𝒎𝒎	 
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
129 129 
Problema 8.3 
A figura ao lado ilustra uma bomba 
acoplada a um motor com 3,0 kW de 
potência. Supondo que o impulsor em 
𝑩 esteja girando a 300 revoluções por 
minuto, determinar a tensão de 
cisalhamento máxima desenvolvida 
em 𝑨, localizada no veio de 
transmissão oco com 10 mm de 
espessura e 80 mm de diâmetro 
externo. 
Solução 
𝑇 = 9550 ∗
𝑃
𝑛 = 9550 ∗
3,0
300 = 𝟗𝟓, 𝟓	𝑵.𝒎		 
𝐼= =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j)		𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜		𝑐¥ = 40 − 10 = 30	𝑚𝑚														𝐼= =
𝜋
2 [
(0,040	𝑚)j − (0,030𝑚)j] 
𝑰𝒑 = 𝟐, 𝟕𝟒𝟗. 𝟏𝟎l𝟔	𝒎𝟒					 
𝜏¡á£ =
𝑇	. 𝑐o
𝐼=
=
(95,5	𝑁.𝑚) ∗ (0,04	𝑚)
2,749. 10lâ	𝑚j = 1389650	𝑃𝑎 
𝝉𝒎á𝒙 = 𝟏𝟑𝟖𝟗, 𝟔𝟓	𝒌𝑷𝒂				 
 
Problema 8.4 
A figura ao lado ilustra uma bomba acoplada a um motor com 3,75 kW de potência. 
Supondo que o material do veio 
possui uma tensão admissível ao 
cisalhamento de 15 MN/m2, 
determinar a área de secção 
transversal mínima admissível 
para o torque exercido de 120 N.m, 
sabendo que a razão entre os 
diâmetros interno e externo seja de 
0,85. 
Solução 
𝜏 =
𝑇. 𝑐
𝐼=
≤ [𝜏] 					→ 				 𝜏¡á£ =
𝑇. 𝑐o
𝐼=
≤ [𝜏] 
𝑐¥
𝑐o
= 0,85			 → 				 𝑐¥ = 0,85𝑐o 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
130 130 
𝐼= =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j) = [𝑐oj − (0,85	𝑐o)j] = (𝑐oj − 0,522𝑐oj) = 𝟎, 𝟒𝟕𝟖
𝝅
𝟐 𝒄𝒆
𝟒 
𝑇. 𝑐o
0,478𝜋2 𝑐o
j
≤ [𝜏] 		→ 				 𝑐o ≥ 1
2𝑇
0,478𝜋[𝜏]
]
				𝑐o ≥ 	^
2(120	𝑁.𝑚)
0,478𝜋 �15.10â 𝑁𝑚T�
] 					𝑐o ≥ 0,022	𝑚			 
𝑐o,¡íÑ = 22	𝑚𝑚					 → 							 𝑐¥,¡íÑ = 0,85𝑐o,¡íÑ = 0,85(22	𝑚𝑚) = 18,7	𝑚𝑚 
𝐴¡í¡ = 𝜋Ö𝑐o,¡¥ÑT − 𝑐¥,¡íÑT × = (22T − 18,7T) 
𝒄𝒆,𝒎í𝒏 = 𝟐𝟐	𝒎𝒎																				
𝒄𝒊,𝒎í𝒏 = 𝟏𝟖, 𝟕	𝒎𝒎																	
𝐴¡í¡ = 𝟒𝟐𝟏, 𝟗𝟓	𝒎𝒎𝟐									
																																																																																 
 
Problema 8.5 
O veio horizontal AD está encastrado na base 
D e sujeito aos torques conforme mostra a 
figura ao lado. A partir da extremidade D o veio 
foi brocado num diâmetro de 44 mm numa 
porção CD do veio. Sabendo que o veio é feito 
de aço com o módulo de elasticidade ao 
cisalhamento de 77 GPa, determinar o ângulo 
de torção da sua extremidade livre A. 
 
 
Solução 
 
Torque interno – por inspecção, os torques dos segmentos 
AB, BC e CD são diferentes porém constantes em cada 
segmento. Os diagramas de corpo livre dos segmentos 
apropriados do veio, junto com os torques internos por 
calcular, são mostrados na Figura ao lado. 
 
§ Para o segmento AB 
(250	𝑁.𝑚) − 𝑇AX = 0									 
𝑻𝑨𝑩 = 𝟐𝟓𝟎	𝑵.𝒎																									 
 
§ Para o segmento BC 
(250	𝑁.𝑚) + (2000	𝑁.𝑚) − 𝑇XI = 0					 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
131 131 
	𝑻𝑩𝑪 = 𝟐𝟐𝟓𝟎	𝑵.𝒎																						 
 
§ Para o segmento CD – visto que nenhum torque é exercido no ponto C, 
teremos: 
𝑻𝑪𝑫 = 𝑻𝑩𝑪 = 	𝟐𝟐𝟓𝟎	𝑵.𝒎							 
 
§ Momentos polares de inércia 
𝐼b,AX =
𝜋
2 𝑐
j =
𝜋
2
(0,015	𝑚)j 
𝐼b,AX = 𝟎,𝟎𝟕𝟗𝟓. 𝟏𝟎l𝟔	𝒎𝟒																					 
𝐼b,XI =
𝜋
2 𝑐
j =
𝜋
2
(0,030	𝑚)j 
𝐼b,XI = 𝟏, 𝟐𝟕𝟐. 𝟏𝟎l𝟔	𝒎𝟒																							 
𝐼b,Ic =
𝜋
2
(𝑐oj − 𝑐¥j) =
𝜋
2
[(0,030	𝑚)j − (0,022	𝑚)j] 
𝑰𝑷,𝑪𝑫 = 𝟎, 𝟗𝟎𝟒. 𝟏𝟎l𝟔	𝒎𝟒																							 
 
 
§ Ângulo de torção – usando a equação [8.16] 
com o módulo de elasticidade constante para 
todo o veio (𝐺 = 77	𝐺𝑃𝑎), teremos: 
 
𝜙A =¶
𝑇𝐿
𝐼=𝐺
=
1
𝐺 #
𝑇AX	𝐿AX
𝐼b,AX
+
𝑇XI	𝐿XI
𝐼b,XI
+
𝑇Ic	𝐿Ic
𝐼b,Ic
$ 
 
𝜙A =
1
77	𝐺𝑃𝑎
4
(250	𝑁.𝑚)(0,4	𝑚)
0,0795.10lâ	𝑚j +
(2250	𝑁.𝑚)(0,2	𝑚)
1,272.10lâ	𝑚j +
(2250	𝑁.𝑚)(0,6	𝑚)
0,904.10lâ	𝑚j 5 
𝜙A = 0,01634 + 0,00459 + 0,01939 = 0,0403	𝑟𝑎𝑑 
𝜙A = (0,0403	𝑟𝑎𝑑)
360°
2𝜋	𝑟𝑎𝑑 																																𝝓𝑨 = 𝟐, 𝟑𝟏°															𝑹𝒆𝒔𝒑𝒐𝒔𝒕𝒂! 
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
132 132 
Problema 8.6 
Os dois veios maciços de aço mostrados 
na Figura 8.22a estão acoplados por 
meio de engrenagens. Determinar o 
ângulo de torção da extremidade 𝐴 do 
veio 𝐴𝐵 quando é aplicado um torque de 
45	𝑁.𝑚, sendo o módulo de elasticidade 
ao cisalhamento de 80	𝐺𝑃𝑎. O veio 𝐴𝐵 é 
livre para girar nos mancais 𝐸 e 𝐹, 
enquanto o veio 𝐶𝐷 é fixo em 𝐷. Cada 
veio tem 20 mm de diâmetro. 
 
Solução 
§ Torque interno – os diagramas de corpo livre de cada veio são mostrados na 
Figura 8.22b e 8.22c. 
 
Figura 22 - Diagramas de corpo livre 
§ Somando os momentos ao longo do eixo 𝑥 do veio 𝐴𝐵, temos a reacção 
tangencial entre as engrenagens: 
𝐹¾ =
2𝑇
𝑑 =
𝑇
𝑟 =
45	𝑁.𝑚
0,15	𝑚 = 300	𝑁			 → 				 𝑭𝒕 = 𝟑𝟎𝟎	𝑵 
 
§ Somando os momentos em torno do eixo 𝑥 do veio 𝐷𝐶, temos que essa força 
cria um torque: 
𝑇c = 𝐹¾	. 𝑟 = 300	𝑁 ∗ 0,075𝑚 = 𝟐𝟐, 𝟓	𝑵.𝒎 
 
§ Ângulo de torção – para se resolver o problema, calculamos primeiro a rotação 
da engrenagem 𝐶 devido ao torque de 22,5	𝑁.𝑚 no veio 𝐷𝐶 (Figura 8.22b). 
Esse ângulo de torção é: 
Figura 8.22 - Problema 8.6 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
133 133 
𝜙I =
𝑇𝐿cI
𝐼=𝐺
=
+22,5	𝑁.𝑚 ∗ 1,5	𝑚
𝜋
2 (0,010	𝑚)
j ∗ �80.10d 𝑁𝑚T�
= +𝟎, 𝟎𝟐𝟔𝟗	𝒓𝒂𝒅 
Como as engrenagens na extremidade do veio estão engrenadas, a rotação 𝜙I 
da engrenagem 𝐶 faz a engrenagem 𝐵 girar 𝜙X (Figura 8.22c), onde para a 
igualdade dos deslocamentos teremos: 
𝑠X = 𝑠I 			→ 			𝜙X . 𝑟X = 𝜙I. 𝑟I 			→ 			𝜙X =
(0,0269	𝑟𝑎𝑑) ∗ (0,075	𝑚)
0,15	𝑚 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑𝟒	𝒓𝒂𝒅 
 
§ Vamos agora determinar o ângulo de torção da extremidade 𝐴 em relação à 
extremidade 𝐵 do veio 𝐴𝐵 provocado pelo torque de 45	𝑁.𝑚 (Figura 8.22c) 
𝜙A/X =
𝑇AX	. 𝐿AX
𝐼=	. 𝐺
=
(+45	𝑁.𝑚) ∗ (2	𝑚)
𝜋
2 (0,010	𝑚)
j ∗ �80.10d 𝑁𝑚T�
= +0,0716	𝑟𝑎𝑑 
§ A rotação da extremidade 𝐴 é, portanto, determinada somando-se 𝜙X e 𝜙A/X 
visto que ambos os ângulos estão na mesma direcção (Figura 8.22c). Assim, 
temos: 
𝜙A = 𝜙X + 𝜙A/X = 0,0134	𝑟𝑎𝑑 + 0,0716	𝑟𝑎𝑑 = +𝟎, 𝟎𝟖𝟓𝟎	𝒓𝒂𝒅 
 
Problema 8.7 
O poste maciço de ferro fundido com 50 mm de 
diâmetro mostrado na Figura 8.23a está 
enterrado no solo. Supondo que seja aplicado um 
torque no seu topo com uma chave rígida, 
determinar a tensão de cisalhamento máxima no 
poste e o ângulo de torção no seu topo. Supor, 
também, que o torque está quase girando o poste 
e que o solo exerce uma resistência uniforme à 
torção de 𝑡	𝑘𝑁.𝑚𝑚/𝑚𝑚 ao longo do 
comprimento enterrado de 600	𝑚𝑚. Sabe-se que 
𝐺 = 65	𝐺𝑃𝑎. 
 
 
 
 
 
Figura 8.23 - Problema 8.7 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
134 134 
Solução 
 
§ Torque interno – o torque interno no trecho 
𝐴𝐵 do poste é constante. Pelo diagrama de 
corpo livre (Figura 8.23b), temos: 
𝑇AX − (2,5	𝑘𝑁 ∗ 300	𝑚𝑚) = 0			 
𝑻𝑨𝑩 = 𝟕𝟓𝟎	𝑵.𝒎 
 
 
§ A intensidade da distribuição uniforme do torque ao 
longo do segmento enterrado 𝐵𝐶 é determinada 
pela condição de equilíbrio de todo o poste (Figura 
8.23c): 
(2,5	𝑘𝑁 ∗ 0,300	𝑚	) − (𝑡 ∗ 0,600	𝑚) = 0	 
	𝒕 = 𝟏𝟐𝟓	𝑵.𝒎/𝒎 
 
§ Então, pelo diagrama de corpo livre de uma secção 
do poste localizada na posição 𝑥 dentro da região 
𝐵𝐶 (Figura 8.22d), temos: 
𝑇XI − 125𝑥 = 0					 → 				 𝑻𝑩𝑪 = 𝟏𝟐𝟓𝒙 
 
§ Tensão de cisalhamento máxima – a maior tensão 
de cisalhamento ocorre na região 𝐴𝐵, visto que o 
torque máximo naquela região e 𝐼= é constante para 
o poste. Aplicando a fórmula da torção temos: 
𝜏¡á£ =
𝑇AX	. 𝑐
𝐼=
=
(750	𝑁.𝑚) ∗ (0,05	𝑚)
𝜋
2 (0,05	𝑚)
j
= 3819718,63	𝑃𝑎 
𝜏¡á£ = 𝟑, 𝟖𝟐	𝑴𝑷𝒂 
 
§ Ângulo de torção – o ângulo de torção no topo do poste pode ser determinado 
em relação à parte inferior desse poste desde que esteja fixado e ainda vá 
girar. Tanto o segmento 𝐴𝐵 quanto o 𝐵𝐶 sofrem torção e, nesse caso, temos: 
𝜙A =
𝑇AX	. 𝐿AX
𝐼=	. 𝐺
+ :
𝑇XI
𝐼=	. 𝐺
Ðgh
¤
𝑑𝑥 =
(750	𝑁.𝑚) ∗ (0,910	𝑚)
𝐼=	. 𝐺
+:
125𝑥
𝐼=	. 𝐺
¤,â
¤
𝑑𝑥 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
135 135 
𝜙A =
682,5	𝑁.𝑚T
𝐼=	. 𝐺
+
125 ∗ !0,6
T
2 "𝑁.𝑚T
𝐼=	. 𝐺
=
705	𝑁.𝑚T
𝜋
2 (0,05	𝑚)
j ∗ �65. 10d 𝑁𝑚T�
 
𝝓𝑨 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟏𝟏	𝒓𝒂𝒅 
 
Problema 8.8 
 
Dois veios maciços estão conectados 
através de duas rodas dentadas como 
mostra a figura ao lado. Sabendo que 
cada veio possui um módulo de 
elasticidade ao cisalhamento de 112 
GPa e uma tensão de cisalhamento 
admissível de 14 MPa, determinar: 
 
a) O torque máximo 𝑻𝟎 que pode 
ser aplicado naextremidade A 
do veio AB 
 
b) O ângulo de rotação 
correspondente da extremidade 
A. 
 
 
Solução 
 
Denotando por 𝐹¾ a força tangencial que actua 
nos dentes engrenagem, temos: 
𝑅𝑜𝑑𝑎	𝑑𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎	𝐵:	∑𝑀X = 0:	 𝐹¾(23	𝑚𝑚) − 𝑇¤ = 0
𝑅𝑜𝑑𝑎	𝑑𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎	𝐶:	∑𝑀I = 0:	 𝐹¾(63	𝑚𝑚)− 𝑇Ic = 0 
 
𝑻𝑪𝑫 = 𝟐, 𝟕𝟒. 𝑻𝟎		(𝟏)				 
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
136 136 
§ Notando que para as duas rodas o deslocamento é o mesmo teremos: 
𝑟X𝜙X = 𝑟I𝜙I				𝜙X =
𝑟I
𝑟X
𝜙I =
63	𝑚𝑚
23	𝑚𝑚𝜙I 
𝝓𝑩 = 𝟐, 𝟕𝟒𝝓𝑪			(𝟐)			 
 
§ Veio AB – com 𝑇AX = 𝑇¤ e 𝑐 = 9,5	𝑚𝑚, com 
a tensão admissível ao cisalhamento de 14 
Mpa, temos: 
𝜏 =
𝑇AX . 𝑐
𝐼b
=
𝑇¤. 𝑐
𝐼b
≤ [𝜏]				 
𝑇¤ =
[𝜏]. 𝐼b
𝑐 =
�14 𝑁
𝑚𝑚T� ∗ 𝜋 ∗ (9,5	𝑚𝑚)j
2 ∗ (9,5	𝑚𝑚) 
𝑇¤ = 18854,661	𝑁.𝑚𝑚 = 𝟏𝟖, 𝟖𝟓𝟓	𝑵.𝒎						 
 
§ Veio CD – a partir de (1) temos 𝑇Ic = 2,74. 𝑇¤ e 𝑐 = 12,5	𝑚𝑚, com a tensão 
admissível ao cisalhamento de 14 Mpa, temos: 
𝜏 =
𝑇Ic. 𝑐
𝐼b
=
2,74𝑇¤. 𝑐
𝐼b
≤ [𝜏]			𝑇¤ =
[𝜏]. 𝐼b
2,74𝑐 =
�14 𝑁
𝑚𝑚T� ∗ 𝜋 ∗ (12,5	𝑚𝑚)j
2 ∗ 2,74 ∗ (12,5	𝑚𝑚) 
𝑇¤ = 15675,716	𝑁.𝑚𝑚 = 𝟏𝟓, 𝟔𝟕𝟔	𝑵.𝒎					 
 
§ Torque máximo admissível – de acordo com a condição de resistência da 
estrutura, escolhemos o menor torque calculado: 
𝑻𝟎 = 𝟏𝟓, 𝟔𝟕𝟔	𝑵.𝒎							 
 
§ Ângulo de torção – primeiro computamos o ângulo de torção para cada veio: 
 
Veio AB – para 𝑇AX = 𝑇¤ = 15,676	𝑁.𝑚 temos: 
 
𝜙A/X =
𝑇AX𝐿
𝐺𝐼b
=
(15675,716	𝑁.𝑚𝑚) ∗ (610	𝑚𝑚)
�1,12. 10> 𝑁
𝑚𝑚T� ∗
𝜋
2 (9,5𝑚𝑚)
j
= 0,00667	𝑟𝑎𝑑 
𝜙A/X = 0,382°								 
 
Veio CD - 𝑇Ic = 2,74. 𝑇¤ 
 
𝜙I/c =
𝑇Ic𝐿
𝐺𝐼b
=
(2,74 ∗ 15675,716	𝑁.𝑚𝑚) ∗ (915	𝑚𝑚)
�1,12.10> 𝑁
𝑚𝑚T� ∗
𝜋
2 (12,5𝑚𝑚)
j
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
137 137 
𝜙I/c = 0,00915	𝑟𝑎𝑑 = 0,524°								 
 
§ Como a extremidade D é fixa, temos 𝜙I = 𝜙I/c = 0,524°. Usando (2), 
encontramos o ângulo de rotação do veio B: 
 
𝜙X = 2,74𝜙I = 2,74 ∗ 0,524° = 𝟏, 𝟒𝟑𝟔°														 
 
§ Para a extremidade A do veio AB, temos: 
 
𝜙A = 𝜙X + 𝜙A/X = 1,436° + 0,382° = 𝟏, 𝟖𝟏𝟖°			 
 
Problema 8.9 
 
Um veio de aço maciço e um veio oco de 
alumínio estão conectados através de um 
disco rígido e encastrados numa parede como 
mostra a figura ao lado. Sabendo que a 
tensões iniciais são nulas, determine o 
máximo torque T0 que pode ser aplicado no 
disco se as tensões admissíveis são de 120 
Mpa e 70 Mpa para o veio de aço e de 
alumínio, respectivamente. Use 𝐺 = 70	𝐺𝑃𝑎 
para o aço e 𝐺 = 27	𝐺𝑃𝑎 para o alumínio. 
 
Solução 
 
§ Diagrama de corpo livre do disco – denotando por 𝑇� o torque 
exercido pelo veio de alumínio no disco e por 𝑇T o torque exercido 
pelo veio de aço, temos: 
𝑇¤ = 𝑇� + 𝑇T																								(1)										 
 
§ Deformações – como ambos os veios estão 
conectados no disco rígido, temos: 
𝜙� = 𝜙T 					→ 							
𝑇�𝐿�
𝐼b�𝐺�
=
𝑇T𝐿T
𝐼bT𝐺T
								 
	
𝑇� ∗ (0,5	𝑚)
𝜋
2 [(38	𝑚𝑚)
j − (30	𝑚𝑚)j] ∗ (27𝐺𝑃𝑎)
=
𝑇T ∗ (0,5	𝑚)
𝜋
2 (25	𝑚𝑚)
j ∗ (77	𝐺𝑃𝑎)
			 
𝑇T = 0,874𝑇�																						(2)																							 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
138 138 
 
§ Assumindo que 𝜏AB ≤ 70	𝑀𝑃𝑎 é a tensão crítica, para o veio de alumínio 
teremos o seguinte: 
𝑇� =
[𝜏AB] ∗ 𝐼b�
𝑐�
=
(70	𝑀𝑃𝑎)(2,003. 10lâ	𝑚j)
0,038	𝑚 = 3690	𝑁.𝑚													 
 
§ Usando a equação (2), computamos o valor 
correspondente de 𝑇T e em seguida encontramos a 
tensão tangencial máxima no veio de aço. 
𝑇T = 0,874𝑇� = 0,874 ∗ (3690) = 3225	𝑁.𝑚 
𝜏Aç; =
𝑇T𝑐T
𝐼bT
=
(3225	𝑁.𝑚) ∗ (0,025	𝑚)
0,614.10lâ	𝑚j 
𝜏Aç; = 131,3	𝑀𝑃𝑎					 
 
 
§ Notamos que a tensão admissível de 120 MPa foi 
excedida, então, a nossa presunção está errada. O torque máximo 𝑇¤ será 
obtido igualando a tensão actuante no veio de aço à tensão admissível de 120 
MPa. Primeiro determinamos 𝑇T. 
𝑇T =
Õ𝜏Aç;Ø ∗ 𝐼bT
𝑐T
=
(120	𝑀𝑃𝑎)(0,614.10lâ	𝑚j)
0,025	𝑚 = 2950	𝑁.𝑚			 
 
§ Da equação (2), temos: 
2950 = 0,874𝑇�														𝑇� = 3375	𝑁.𝑚					 
 
§ Usando a equação (1), obtemos o torque máximo admissível: 
𝑇¤ = 𝑇� + 𝑇T = 3375+ 2950																𝑇¤ = 6325	𝑁.𝑚					 
 
 
8.7. Estruturas estaticamente indeterminadas carregadas por um torque 
 
Um veio carregado por um torque 
pode ser classificado como estaticamente 
indeterminado se a equação do momento na 
condição de equilíbrio aplicada em torno da 
sua linha de centro não for suficiente para 
determinar os torques desconhecidos que 
actuam sobre ele. 
Um exemplo dessa situação é 
mostrado na Figura 8.24a. Como se vê no Figura 8.24 - Estruturas estaticamente indeterminadas sob 
torção 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
139 139 
diagrama de corpo livre Figura 8.24b, os torques de reacção A e B são 
desconhecidos. É requerido que: 
 
¶𝑀£ = 0										𝑇 − 𝑇A − 𝑇X = 0 
 Como apenas a equação de equilíbrio é aplicável 
e há duas incógnitas, o problema é estaticamente 
indeterminado (tem-se um número de incógnitas maior 
que o número de equações disponíveis). 
A condição de compatibilidade necessária, ou a 
condição cinemática, requer que o ângulo de torção de 
uma extremidade do veio em relação à outra seja nulo, 
visto que os apoios das extremidades são fixos. Portanto: 
𝜙A/X = 0 
 A fim de escrever essa equação em termos de 
torques desconhecidos, vamos supor que o material 
comporte-se de forma linear-elástica, de modo que a 
relação carga-deslocamento seja expressa por 𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼=𝐺. Entendendo-se que o 
torque interno no segmento AC é +𝑇A e no segmento CB é −𝑇X (Figura 8.24c), a 
equação de compatibilidade mencionada anteriormente é escrita como: 
𝑇A𝐿AI
𝐼b𝐺
+
−𝑇X𝐿XI
𝐼b𝐺
= 0 
 Nesse caso, admite-se que 𝐺𝐼b seja constante, onde 𝐼b é o momento polar de 
inércia e 𝐺, o módulo de elasticidade ao cisalhamento. 
 Resolvendo as duas equações anteriores para as reacções, compreendendo 
que 𝐿 = 𝐿AI + 𝐿XI, obtemos: 
𝑇A = 𝑇 !
𝐿XI
𝐿 " 				𝑒				𝑇X = 𝑇 !
𝐿AI
𝐿 " 
 Observe que esses torques de reacção aumentam ou diminuem linearmente 
com a localização 𝐿AI ou 𝐿XI do torque aplicado. 
 
PROCEDIMENTO DE ANÁLISE 
Determinamos os torques desconhecidos em veios estaticamente 
indeterminados, satisfazendo os requisitos de equilíbrio, compatibilidade e torque-
deslocamento do veio. 
Equilíbrio 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
140 140 
§ Desenhar o diagrama de corpo livre do veio a fim de identificar todos os torques 
que actuam sobre ele. Escrever, então, as equações do momento na condição 
de equilíbrio em torno da linha de centro do veio. 
Compatibilidade 
§ Para escrever a equação de compatibilidade, investigar a maneira como o veio 
torcerá quando submetido às cargas externas, levando em consideração como 
os apoios restringirão os movimentos do veio quando este for torcido. 
 
§ Expressar a condição de compatibilidade em termos de deslocamentos 
rotacionais provocados pelos torques de reacção e usar, então, uma relação 
torque-deslocamento, tal como 𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼b𝐺, para relacionar os torques 
desconhecidos aos deslocamentos desconhecidos. 
 
§ Resolver as equações de equilíbrio e de compatibilidade para os torques de 
reacção desconhecidos. Se qualquer das intensidades tiver valor numérico 
negativo, isso indica que esse torque actua na direcção oposta à adoptada no 
diagrama de corpo livre. 
 
Exemplo 8.8 
 O veio de aço maciço mostrado na Figura 8.25a tem 20 mm de diâmetro. Se 
for submetido aos dois torques, quais serão as reacções nos apoios fixos 𝐴 e 𝐵? 
 
Figura 8.25 
 
Solução 
§ Equilíbrio – por inspecção do diagrama de corpo livre (Figura 8.25b), vemos 
que o problema é estaticamente indeterminado uma vez que há apenas uma 
equação de equilíbrio disponível, enquanto 𝑻A e 𝑻𝑩 são incógnitas. É requeridoque: 
¶𝑀£ = 0:					− 𝑇X + 800	𝑁.𝑚 − 500	𝑁.𝑚 − 𝑇A = 0				(1) 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
141 141 
§ Compatibilidade – como as extremidades do 
veio são fixas, o ângulo de torção de uma 
extremidade em relação à outra deve ser nulo. 
Portanto, a equação de compatibilidade é: 	
𝜙A/X = 0 
Essa condição deve ser expressa em 
termos dos torques desconhecidos usando-se a 
relação carga-deslocamento, 𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼b𝐺. Nesse 
caso, há três regiões do veio em que o torque 
interno é constante: 𝐵𝐶, 𝐶𝐷	e 𝐷𝐴. Nos diagramas 
de corpo livre da Figura 8.25c são mostrados os 
torques internos que actuam nos segmentos do 
veio, em cada uma das regiões em que ele foi 
seccionado. Usando convenção de sinais 
estabelecida na Seção 8.6.2, temos: 
 
−𝑇X(0,2	𝑚)
𝐼b𝐺
+
(800 − 𝑇X)(1,5	𝑚)
𝐼b𝐺
+
(300 − 𝑇X)(0,3	𝑚)
𝐼b𝐺
= 0 
𝑇X = 645	𝑁.𝑚		 
 Substituindo na equação (1), temos: 
−645	𝑁.𝑚 + 800	𝑁.𝑚 − 500	𝑁.𝑚 − 𝑇A = 0			 → 			 𝑇A = −345	𝑁.𝑚 
𝑻𝑨 = −𝟑𝟒𝟓	𝑵.𝒎
𝑻𝑩 = 𝟔𝟒𝟓	𝑵.𝒎			 
O sinal negativo indica que 𝑻𝑨 actua na direcção oposta à mostrada na Figura 8.25b. 
 
Exemplo 8.9 
O veio mostrado na Figura 8.26a está composto por um veio de aço oco unido a um 
núcleo de latão, esquematizar a distribuição cisalhamento-tensão ao longo de uma 
recta lateral da área da secção transversal. Supor, também, que 𝐺9ç; = 83	𝐺𝑃𝑎 e 
𝐺B9¾ã; = 37	𝐺𝑃𝑎 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
142 142 
 
 Figura 8.26 
 
Solução 
§ Equilíbrio – o diagrama de corpo livre do veio é mostrado na Figura 8.26b. A 
reacção da parede é representada pela quantidade de torque desconhecido 
resistido pelo aço, 𝑇9ç;, e pelo latão, 𝑇B9¾ã; . O equilíbrio requer que: 
−𝑇9ç; − 𝑇B9¾ã; + 340	𝑁.𝑚 = 0																	(1) 
§ Compatibilidade – o ângulo de torção da extremidade 𝐴 tem de ser o mesmo 
para os elementos de aço e latão, visto que eles estão unidos. Assim: 
𝜙 = 𝜙9ç; = 𝜙B9¾ã; 
 Aplicando a relação carga-deslocamento, 𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼b𝐺, temos: 
𝑇9ç;	. 𝐿
𝜋
2 [(0,026	𝑚)
j − (0,013	𝑚)j] ∗ 83. 10d	𝑁/𝑚T
=
𝑇B9¾ã;	. 𝐿
𝜋
2 (0,013	𝑚)
j ∗ 37. 10d 𝑁𝑚T
 
𝑇9ç; = 33,649	. 𝑇B9¾ã;																															(2) 
 Resolvendo as equações (1) e (2) fica: 
i
−𝑇9ç; − 𝑇B9¾ã; + 340	𝑁.𝑚 = 0
𝑇9ç; = 33,649	. 𝑇B9¾ã;																		
					→ 				
𝑇9ç; = 330,187	𝑁.𝑚
𝑇B9¾ã; = 9,813	𝑁.𝑚			 
 
Esses torques actuam ao longo de todo o comprimento do veio, já que não há 
nenhum torque externo actuando em pontos intermediários ao longo do comprimento 
da linha de centro do veio. A tensão de cisalhamento no núcleo de latão varia de zero 
no seu centro até o máximo na superfície de contacto com o tubo de aço. Usando a 
fórmula de torção: 
𝜏B9¾ã;,¡á£ =
𝑇B9¾ã;. 𝑐
𝐼b
=
(9,813	𝑁.𝑚) ∗ (0.013𝑀)
𝜋
2 (0,013	𝑚)
j
= 𝟐𝟖𝟒𝟑, 𝟒𝟑	𝒌𝑷𝒂 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
143 143 
§ Para o aço, a tensão de cisalhamento mínima também está nessa interface 
𝜏9ç;,¡íÑ =
𝑇9ç;. 𝑐¥
𝐼b
=
(330,187	𝑁.𝑚) ∗ (0.013	𝑚)
𝜋
2 [(0,026	𝑚)
j − (0,013	𝑚)j]
= 𝟔𝟑𝟕𝟖, 𝟓𝟏	𝒌𝑷𝒂 
§ E a tensão de cisalhamento máxima está na superfície externa: 
𝜏9ç;,¡á£ =
𝑇9ç;. 𝑐o
𝐼b
=
(330,187	𝑁.𝑚) ∗ (0.026	𝑚)
𝜋
2 [(0,026	𝑚)
j − (0,013	𝑚)j]
= 𝟏𝟐	𝟕𝟓𝟕	𝒌𝑷𝒂 
 Os resultados são esquematizados na Figura 8.26c. Observe a 
descontinuidade da tensão de cisalhamento na interface entre o latão e o aço. Essa 
condição é esperada, visto que os materiais têm módulos de rigidez diferentes, isto 
é, o aço é mais duro que o latão (𝐺9ç; > 𝐺B9¾ã;) e, assim, suporta tensão de 
cisalhamento maior na interface. 
 
Apesar de a tensão de cisalhamento ser descontínua, a deformação por 
cisalhamento não é. Ao contrário, a deformação por cisalhamento é a mesma para 
ambos, latão e aço. Essa condição é mostrada pela lei de Hooke, 𝛾 = 𝜏/𝐺. Na 
interface (Figura 8.26d), a deformação por cisalhamento é: 
𝛾 =
𝜏
𝐺 =
2843,43	𝑘𝑃𝑎
37. 10â	𝑘𝑃𝑎 =
6378,51	𝑘𝑃𝑎
83. 10â	𝑘𝑃𝑎 = 𝟕, 𝟔𝟖𝟓. 𝟏𝟎l𝟓	𝒓𝒂𝒅 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
144 144 
Exemplo 8.10 
O veio circular 𝑨𝑩 encastrado nas 
duas extremidades, tem um comprimento 
total de 126 mm e um diâmetro de 23 mm. 
Sabendo que desde a extremidade 𝑩 até ao 
ponto médio ao longo do seu comprimento, 
o veio foi vazado de modo a ter um diâmetro 
interno de 16 mm, pede-se para calcular os 
torques de reacção nos apoios. 
 
 
Solução 
§ Equilíbrio – Fazendo o diagrama de corpo livre 
do veio e denotando por 𝑇A e 𝑇X os torques 
exercidos pelos apoios (Figura 8.27a), obtemos 
a equação de equilíbrio: 
𝑇A + 𝑇X − 122	𝑁.𝑚 = 0					(1) 
§ Compatibilidade – como as extremidades do 
veio são fixas, o ângulo de torção de uma 
extremidade em relação à outra deve ser nulo, 
ou seja, o ângulo de torção total do veio 𝑨𝑩 
deve ser igual a zero, desde que ambas as suas 
extremidades estejam restritas. Denotando por 
𝜙� e 𝜙T, respectivamente os ângulos de torção 
para os segmentos 𝑨𝑪 e 𝑪𝑩, podemos 
escrever: 
𝜙 = 𝜙� + 𝜙T = 0 
 A partir do diagrama de corpo livre de uma pequena porção do veio incluindo 
a extremidade 𝐴 (Figura 8.27b), notamos que o torque interno 𝑇� no segmento 𝐴𝐶 é 
igual a +𝑇A, e a partir do diagrama de corpo livre de uma pequena porção do veio 
incluindo a extremidade 𝐵 (Figura 8.27c), notamos que o torque interno 𝑇T no 
segmento 𝐶𝐵 é igual a −𝑇X. Aplicando a relação carga-deslocamento, 𝜙 = 𝑇𝐿/𝐼b𝐺, 
temos: 
𝜙 = 𝜙� + 𝜙T =
𝑇A𝐿AI
𝐼b�𝐺
+
−𝑇X𝐿XI
𝐼bT𝐺
= 0												𝑇A = 𝑇X
𝐿XI ∗ 𝐼b�
𝐿AI ∗ 𝐼bT
 
Substituindo os dados numéricos fornecidos 
𝐿AI = 𝐿XI = 63	𝑚𝑚 
Capítulo 8 – Torção 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
145 145 
𝐼b� =
𝜋
2
(0,0115	𝑚)j = 2,747. 10lS	𝑚j 
𝐼bT =
𝜋
2
[(0,0115	𝑚)j − (0,008)j] = 2,104. 10lS	𝑚j 
 Obtemos: 
𝑇A = 1,306𝑇X									(2) 
Resolvendo o sistema de equações fornecido pelas equações (1) e (2) temos: 
i𝑇A + 𝑇X − 122	𝑁.𝑚 = 0
𝑇A = 1,306𝑇X																			
		→ 			
𝑻𝑩 = 𝟓𝟐, 𝟗𝟏	𝑵.𝒎
𝑻𝑨 = 𝟔𝟗, 𝟎𝟗	𝑵.𝒎 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, 
 para que tenham para que tenham direito à árvore da vida, e possam 
 entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães 
 e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os 
homicidas, e os idólatras, e qualquer 
 que ama e comete a mentira. 
Apocalipse 22: 14 -15 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
147 147 
CAPÍTULO 9. TEOREMA DE CASTEGLIANO 
 
Pretendendo determinar as deformações devidas a certos tipos de solicitação 
partimos, nos capítulos precedentes da relação: 
𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 =
𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎çã𝑜
𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑒𝑧 
 Sendo por exemplo, no caso de tracção: 
𝛿 =
𝑁
𝐸𝐴 
 E no caso de flexão: 
1
𝜌 = −
𝑀
𝐸𝐼 
 O teorema de Castegliano, em comparação com isso, baseia-se em 
considerações de energia. Conforme aquele teorema, com base no trabalho total de 
deformação elástica obtêm-se em pontos singulares 𝑧 = ℎ as deformações devidas à 
influência parcial da carga correspondente (𝐹?	,𝑀?), pelas quais o engenheiro 
frequentemente se interessa exclusivamente. 
 O método da “linha elástica”, pelo contrário, fornece as deformações devidas 
à flexão como funções das coordenadas 𝑧 ao longo dos eixos da viga, mas exige um 
gasto elevado de tempo. 
 
9.1. Bases teóricas 
 
Imaginemos várias cargas (forças e/ou momentos) aplicadas numa viga, 
estando duas cargas de cada tipo representadas na Figura 9.1. 
 
Figura 9.1 - Viga carregada por forças e momentos 
Caso consideremos só pequenas deformações e pressupondo a validade da 
lei de Hooke, podemos supor relações lineares entre as cargas (forças e momentos),por um lado, e as deformações (deslocamentos e inclinações), por outro. 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
148 148 
O deslocamento (a inclinação) num ponto qualquer “𝑖” não dependerá somente 
da força (do momento) que neste ponto se aplica, mas sim de todas as cargas 
aplicadas na viga: 
𝑣¥ = ¶(𝛼¥j𝐹j + 𝛾¥j𝑀j)
Ñ
jk�
																																																																																																																[9.1] 
𝜑¥ = ¶(𝛿¥j𝐹j + 𝛽¥j𝑀j)
Ñ
jk�
																																																																																																																[9.2] 
 Os factores 𝛼,𝛽, 𝛾	𝑒	𝛿 são denominados “factores de influência”, visto que 
indicam a influência das várias cargas nas deformações dos diferentes pontos da 
estrutura. 
𝛼¥j − indica a influência da força 𝐹j no deslocamento do ponto “𝑖” 
𝛾¥j − indica a influência do momento 𝑀j no deslocamento do ponto “𝑖” 
𝛽¥j − indica a influência do momento 𝑀j na inclinação do ponto “𝑖” 
𝛿¥j − indica a influência da força 𝐹j na inclinação do ponto “𝑖” 
 
 Prosseguindo com o estudo das relações na viga da Figura 9.1, imaginemos, 
agora, que apenas a força 𝐹¥ actue sobre a viga. Então o ponto de aplicação da força 
𝐹¥ deslocar-se-á em um valor 𝛼¥¥𝐹¥ e a força 𝐹¥ produzirá o trabalho �
T
𝐹¥𝛼¥¥𝐹¥ (Figura 
9.2). 
 
Figura 9.2 - Trabalho produzido pelas forças 
Então fazemos aplicar sucessivamente a força 𝐹j sobre o ponto “𝑘” da viga, a 
qual provocará no ponto “𝑖” um deslocamento 𝛼¥j𝐹j e, por isso, a força já aplicada 𝐹¥ 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
149 149 
realizará o trabalho suplementar 𝛼¥j𝐹j𝐹¥. Para além disso, a força 𝐹j produzirá no 
ponto “𝑘” o trabalho �
T
𝛼jj𝐹jT. 
O trabalho total produzido pelas forças externas 𝐹¥ e 𝐹j importa, pois, em: 
𝑊lQ =
1
2𝛼¥¥𝐹¥
T + 𝛼¥j𝐹¥𝐹j +
1
2𝛼jj𝐹j
T																																																																																											[9.3.1] 
 Se realizarmos de modo contrário o procedimento que acabamos de imaginar, 
quer dizer, se começarmos com a força 𝐹j, então o trabalho será: 
𝑊lQQ =
1
2𝛼jj𝐹j
T + 𝛼j¥𝐹j𝐹¥ +
1
2𝛼¥¥𝐹¥
T																																																																																									[9.3.2] 
 Como a quantidade do trabalho total não pode depender da sequência de 
aplicação das forças, ambos os trabalhos têm que ser iguais: 𝑊Q =𝑊QQ =𝑊l 
Disto segue-se: 
𝛼j¥ = 𝛼¥j 																																																																																																																																												[9.4.1] 
Quer dizer, o trabalho produzido pela carga externa é uma função homogênea 
de segundo grau das cargas. Se darmos a demonstração, podemos concluir pela 
equação [9.4.1] que analogamente: 
𝛽¥j = 𝛽j¥ 								𝑒							𝛾¥j = 𝛾j¥ 																																																																																																										[9.4.2] 
 As relações [9.4] exprimem o “teorema de troca de Betti”. Então, o trabalho 
total produzido por todas as cargas aplicadas na será: 
𝑊 =
1
2¶(𝐹¥𝑣¥ + 𝑀¥𝜑¥)
Ñ
¥k�
																																																																																																																		 [9.5] 
Com as relações [9.1] e [9.2] obtemos: 
𝑊 =
1
2¶¶(𝛼¥j𝐹¥𝐹j + 𝛾¥j𝐹¥𝑀j + 𝛿¥j𝐹j𝑀¥ + 𝛽¥j𝑀¥𝑀j)
Ñ
jk�
Ñ
¥k�
																																																				[9.6] 
 Com base nas relações [9.1], [9.2] e [9.6] resulta: 
𝜕𝑊
𝜕𝐹?
=
1
2¶
(𝛼¥?𝐹¥ + 𝛿¥?𝑀¥)
Ñ
¥k�
+
1
2¶
(𝛼?j𝐹j + 𝛾?j𝑀j)
Ñ
¥k�
																	 
𝜕𝑊
𝜕𝐹?
=
1
2¶[(𝛼¥? + 𝛼¥?)𝐹¥ + (𝛿¥? + 𝛾?¥)𝑀¥]
Ñ
¥k�
																																					 
 Atendendo a [9.4] e considerando [9.1] e [9.2] obtemos o primeiro teorema 
de Castegliano: 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
150 150 
𝜕𝑊
𝜕𝐹?
=¶(𝛼¥?𝐹¥ + 𝛾¥?𝑀¥)
Ñ
¥k�
= 𝑣?																																																																																																		[9.7.1] 
𝜕𝑊
𝜕𝑀?
=¶(𝛿?j𝐹j + 𝛽?j𝑀j)
Ñ
¥k�
= 𝜑?																																																																																													[9.7.2] 
Em termos verbais: “A derivada parcial do trabalho produzido pela carga 
externa em relação a uma força (momento) dá o deslocamento (inclinação) no ponto 
de aplicação daquela força (momento) na sua direcção. No caso de um resultado 
negativo, a deformação tem o sentido oposto ao da carga correspondente. ” 
 Pode, à primeira vista, parecer necessário conhecer os factores de influência 
para se aplicar o teorema de Castegliano. Na verdade, não é assim. Baseando-se 
na igualdade do trabalho produzido pela carga externa e do trabalho de deformação 
elástica, as equações [9.7] escrevem-se na forma seguinte: 
𝜕𝑊É
𝜕𝐹?
= 𝑣? 																								
𝜕𝑊É
𝜕𝑀?
= 𝜑?																																																																																																	[9.8] 
 Existe um segundo teorema de Castegliano, que apresentamos sem dar 
demonstração, por ter importância reduzida na prática de engenharia: 
 	
𝜕𝑊É
𝜕𝑣?
= 𝐹? 																								
𝜕𝑊É
𝜕𝜑?
= 𝑀?																																																																																																	[9.9] 
 Chamamos atenção ao estimado leitor para o facto de o teorema de 
Castegliano com a forma das equações [9.8] e [9.9] ser válido, só em condições de 
invariabilidade da temperatura e de validade da lei de Hooke. No caso contrário, o 
trabalho de deformação elástica deve ser substituído pelo trabalho suplementar. 
 Introduzamos então, as expressões do trabalho de deformação elástica, 
válidas para vários tipos de solicitações: 
Tracção: 
𝑊¾p = :
𝜎T
2𝐸 𝑑𝑉
m
= : :
𝑁T
2𝐸𝐴2𝑑𝐴𝑑𝑧
AB
= :
𝑁T
2𝐸𝐴𝑑𝑧
B
 
 
Flexão: 
𝑊êB = :
𝜎T
2𝐸 𝑑𝑉
m
= :
𝑀T
2𝐸𝐼 𝑑𝑧
B
 
 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
151 151 
Corte: 
𝑊Ì = :
𝜏T
2𝐺 𝑑𝑉
m
= : :
𝑇T𝑆T
𝑏T𝐼T. 2𝐺 2𝑑𝐴𝑑𝑧
AB
= 𝑋:
𝑇T
2𝐺𝐴 𝑑𝑧
B
 
𝑋£ =
𝐴
𝐼�T
:
𝑆�T(𝑥).𝑑𝐴
𝑏T(𝑥)
A
														𝑋� =
𝐴
𝐼£T
:
𝑆£T(𝑦). 𝑑𝐴
𝑏T(𝑥)
A
 
 
Torção: 
𝑊¾ = :
𝜏T
2𝐺 𝑑𝑉
m
= :
𝑀¾
T
2𝐺𝐼¾
𝑑𝑉
m
 
 
O trabalho total de deformação elástica para estruturas compostas por n 
trechos será: 
𝑊É = ¶{:
𝑁jT
2(𝐸𝐴)j
𝑑𝑧j
Bo
¤
+:
𝑀£j
T
2(𝐸𝐼£)j
𝑑𝑧j +:
𝑀�j
T
2Ö𝐸𝐼�×j
𝑑𝑧j +:
𝑀¾j
T
2(𝐺𝐼¾)j
𝑑𝑧j +
Bo
¤
Bo
¤
Bo
¤
Ñ
jk�
 
+𝑋£j :
𝑇�jT
2(𝐺𝐴)j
𝑑𝑧j
Bo
¤
+𝑋�j :
𝑇£jT
2(𝐺𝐴)j
𝑑𝑧j
Bo
¤
}																																																																																	[9.10] 
 Com base na expressão [9.10] e mediante o teorema de Castegliano [9.8], as 
deformações podem ser determinadas para qualquer ponto da estrutura. Por 
exemplo: 
𝜕𝑊É
𝜕𝐹¥
= 𝑣¥ = ¶{:
𝑁j
(𝐸𝐴)j
𝜕𝑁j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j
Bo
¤
+:
𝑀£j
(𝐸𝐼£)j
𝜕𝑀£j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j +:
𝑀�j
Ö𝐸𝐼�×j
𝜕𝑀�j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j +
Bo
¤
Bo
¤
Ñ
jk�
 
+:
𝑀¾j
(𝐺𝐼¾)j
𝜕𝑀¾j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j
Bo
¤
+ 𝑋£j :
𝑇�j
(𝐺𝐴)j
𝜕𝑇�j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j
Bo
¤
+𝑋�j :
𝑇£j
(𝐺𝐴)j
𝜕𝑇£j
𝜕𝐹¥
𝑑𝑧j
Bo
¤
}																								[9.11] 
 Sendo os eixos 𝑥, 𝑦 eixos centrais principais de inércia. 
 Pode parecer que a aplicação do teorema de Castegliano seja bastante 
trabalhosa. No entanto, ao aplicar-se na resolução de um problema real, a equação 
[9.11] simplifica-se, em geral, consideravelmente: 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
152 152 
§ Frequentemente são desprezados os termos devidos à tracção (excepto nos 
cabos) e ao corte, por causa dos seus valores reduzidos em comparação com 
os restantes. 
 
§ Numa estrutura plana, carregada no seu plano, aparece só um termo devido à 
flexão (e ao corte). 
 
§ Numa estrutura espacial as deformações nos planos 𝑥𝑧 e 𝑦𝑧 determinam-se 
separadamente, de modo que, também nestecaso, só um termo da flexão (e 
do corte) entra simultaneamente no cálculo. 
 
Para fins de determinação das deformações em quaisquer pontos da estrutura, 
torna-se necessário formular para cada trecho as expressões analíticas dos esforços. 
Em comparação com o método da linha elástica, os esforços entram nas 
fórmulas do teorema de Castegliano na forma quadrada, de modo que os seus sinais 
não dependem das coordenadas usadas. Além disso, deixa de existir a necessidade 
da determinação das condições de fronteiras e de transição. 
Num ponto, onde se peçam deformações e não haja cargas externas (reais) 
aplicadas, devemos introduzir cargas fictícias correspondentes. As equações dos 
esforços e as reacções de apoio determinam-se como funções das cargas reais e 
fictícias. Tendo efectuado, conforme a equação [9.11], as derivadas em relação às 
cargas fictícias, igualamo-las a zero. 
 
9.2. Aplicação do teorema do Castegliano em estruturas isostáticas 
 
Em estruturas isostáticas utiliza-se o teorema de Castegliano com o fim de 
determinar as deformações em pontos singulares. 
Utiliza-se a seguinte sequência de cálculo: 
1. Introduzir cargas fictícias nos pontos onde se pedem deformações, quando não 
houver nestes pontos cargas reais correspondentes. 
 
2. Determinar as reacções de apoio como funções das cargas reais e fictícias. 
 
3. Subdividir a estrutura em trechos e introduzir as coordenadas de trecho 
correspondentes. 
 
4. Estabelecer as equações dos esforços como funções das cargas reais e 
fictícias e calcular as derivadas parciais em relação às cargas, em cujas 
direcções são pedidas as deformações. É conveniente trabalhar com uma 
tabela (Vide nos exemplos a seguir). 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
153 153 
 
5. Realizar as operações segundo a equação [9.11], igualando depois as cargas 
fictícias a zero. 
 
Exemplo 9.1 
Para a viga representada na Figura 9.3a, determinar o deslocamento no ponto 
“𝑪” e as inclinações nos pontos “𝑨” e “𝑩”. (Desprezar o trabalho de deformação 
elástica devido ao corte). 
 
Figura 9.3 - Exemplo 9.1 
 
Solução 
O deslocamento pedido no ponto “𝑪” realizar-se-á verticalmente, isto é, na 
direcção da força real “𝑭”. Como nos pontos “𝑨” e “𝑩” em que são pedidas as 
inclinações não há momentos exteriores reais, introduzimos os momentos fictícios 
𝑴𝒇𝑨 e 𝑴𝒇𝑩 (Figura 11.3b). 
 
 
As reacções de apoio serão: 
𝐴 =
1
3𝑎
Ö𝑀êA + 𝑀êX× −
𝐹
3 𝐵 =
4
3𝐹 −
1
3𝑎
Ö𝑀êA +𝑀êX× 
 
 
 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
154 154 
Tabela 12 - Tabela de cálculo 
Trecho 
“k” 𝑀j 
𝜕𝑀j
𝜕𝑀êA
 
𝜕𝑀j
𝜕𝑀êX
 𝜕𝑀j
𝜕𝐹 Limites 
1 
 
–𝑀êA �1 −
𝑧�
3𝑎� −𝑀êX
𝑧�
3𝑎 + 𝐹
𝑧�
3 
 
1 −
𝑧�
3𝑎 −
𝑧�
3𝑎 
𝑧�
3 0…3𝑎 
2 𝐹. 𝑧T 0	 0	 𝑧T 0…𝑎 
𝑀êA = 0 𝑀êX = 0 
 
𝜑A =
𝜕𝑊
𝜕𝑀êA
=
1
𝐸𝐼
: 𝐹
𝑧�
3
�9
¤
�1 −
𝑧�
3𝑎� . 𝑑𝑧� =
𝑭𝒂𝟐
𝟐𝑬𝑰 
𝜑X =
𝜕𝑊
𝜕𝑀êX
=
1
𝐸𝐼
: 𝐹
𝑧�
3
�9
¤
�−
𝑧�
3𝑎� . 𝑑𝑧� = −
𝑭𝒂𝟐
𝑬𝑰 
𝑣Ì =
𝜕𝑊
𝜕𝐹 =
1
𝐸𝐼
r: 𝐹
𝑧�
3
�9
¤
𝑧�
3 . 𝑑𝑧� +
:𝐹𝑧T. 𝑧T
9
¤
. 𝑑𝑧Ts =
𝟒𝑭𝒂𝟑
𝟑𝑬𝑰 
 
Exemplo 9.2 
Para a estrutura da Figura 9.4a, determinar as deformações no ponto da 
aplicação da força “𝑭” e o deslocamento do apoio “𝑪”. (Desprezar os trabalhos de 
deformação elástica devidos à tracção e ao corte.) 
 
Figura 9.4 - Exemplo 9.2 
Solução 
§ No ponto de aplicação da força 𝑭 as deformações possíveis são: o 
deslocamento vertical (segundo a direcção da força 𝑭) e uma inclinação, para 
cuja a determinação introduzimos o momento fictício 𝑴𝒇. O apoio C pode 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
155 155 
deslocar-se apenas na direcção vertical, em que não actua nenhuma força, por 
isso, introduzimos a força fictícia 𝑭𝒇. (Figura 9.4b) 
 
§ Resultam as seguintes reacções de apoio: 
𝐵� = 𝐹 + 𝐹ê 
𝐶 = −𝐵� = 2𝐹 + 𝐹ê +
𝑀ê
𝑙 
 
Tabela 13 – Tabela de cálculo 
Trecho k 𝑀j 𝜕𝑀j
𝜕𝐹 
𝜕𝑀j
𝜕𝐹ê
 
𝜕𝑀j
𝜕𝑀ê
 Limites 
1 𝑀ê + 𝐹	𝑧� 𝑧� 0 1 0… 𝑙 
2 (2𝐹 + 𝐹ê +
𝑀ê
𝑙 )𝑧T 
2𝑧T 𝑧T 𝑧T
𝑙 0… 𝑙 
3 (𝐹 + 𝐹ê)𝑧� 𝑧� 𝑧� 0 0… 𝑙 
𝑴𝒇𝑨 = 𝟎		 𝑭𝒇 = 𝟎 
 
𝑣l =
𝜕𝑊
𝜕𝐹 =
1
𝐸𝐼 @
:𝐹
B
¤
𝑧�T. 𝑑𝑧� +: 4𝐹
B
¤
𝑧TT. 𝑑𝑧T +:𝐹
B
¤
𝑧�T. 𝑑𝑧�A =
𝟐𝑭𝒍𝟑
𝑬𝑰 
𝑣I =
𝜕𝑊
𝜕𝐹ê
=
1
𝐸𝐼 @
:2𝐹𝑧TT
B
¤
. 𝑑𝑧T +:𝐹
B
¤
𝑧�T. 𝑑𝑧�A =
𝑭𝒍𝟑
𝑬𝑰 
𝜑l =
𝜕𝑊
𝜕𝑀ê
=
1
𝐸𝐼 @
:𝐹𝑧�𝑑𝑧�
Ð
¤
+:
2𝐹
𝑙 𝑧T
T
B
¤
. 𝑑𝑧TA =
𝟕𝑭𝒍𝟐
𝟔𝑬𝑰 
 
 
9.3. Aplicação do teorema de Castegliano em estruturas hiperestáticas 
 
Distinguem-se dois tipos de hiperestacidade: a hiperestacidade exterior e a 
hiperestacidade interior. 
 
 
9.3.1. Estruturas exteriormente hiperestáticas 
Nas estruturas exteriormente hiperestáticas o número de condições de 
equilíbrio que estão à disposição não é suficiente para a determinação das reacções 
de apoio. Ficamos com um certo número das reacções de apoio incógnitas, as 
chamadas “reacções hiperestáticas”, o qual corresponde ao grau de hiperestacidade. 
Com base no comportamento elástico das estruturas podemos determinar as 
equações adicionalmente necessárias a partir de relações de deformação. O método 
correspondente consiste na aplicação do princípio de sobreposição. Com esse fim 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
156 156 
transformamos o sistema hiperestático num sistema isostático, de modo que às 
reacções hiperestáticas caiba a função de cargas externas cuja tarefa consiste em 
anular as respectivas deformações. Por outras palavras: Numa estrutura n-vezes 
hiperestática escolhemos arbitrariamente n reacções de apoio que são consideradas 
hiperestáticas e determinamo-las, exigindo que as deformações nas suas direcções 
sejam nulas. Ou seja, a derivada parcial do trabalho total de deformação elástica em 
ordem a uma reacção hiperestática tem que ser nula: 
𝜕𝑊É
𝜕𝐹?¥=
= 0																
𝜕𝑊É
𝜕𝑀?¥=
= 0																																																																																																							[9.12] 
Mesmo que a escolha das reacções hiperestáticas seja arbitrária, temos que 
garantir que o sistema restante fique isostático, isto é, não podemos arbitrar uma 
reacção de apoio como hiperestática, enquanto que esta se determina simplesmente 
com base nas condições de equilíbrio. 
Tendo arbitrado o número necessário de reacções de apoio como 
hiperestáticas, temos que escrever todas as reacções de apoio restantes como 
funções das cargas reais e fictícias e das reacções hiperestáticas. Quer dizer, nas 
equações dos esforços que fazem parte da tabela, aparecem exclusivamente as 
cargas reais e fictícias e as reacções de apoio hiperestáticas. Depois de ter 
determinado as reacções hiperestáticas, o cálculo das deformações realiza-se como 
foi explicado no capitulo precedente, utilizando-se a mesma tabela. 
Exemplo 9.3 
Para a estrutura representada na Figura 9.5a, pedem-se as reacções de apoio 
e o deslocamento do ponto C. (Desprezar os trabalhos de deformação elástica devido 
à tracção e ao corte). 
 
Figura 9.5 - Exemplo 9.3 
 
 
 
 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
157 157 
Solução 
 
§ O sistema é uma vez exteriormente hiperestático. Arbitramos como reacção 
hiperestática a reacção 𝑩. 
Nota: Não se pode escolher a reacção 𝑨𝒚 como hiperestática, visto que se trata 
duma reacção isostática, que se determina pelas condições de equilíbrio. 
 
§ No ponto em que se pede o deslocamento, não está aplicada nenhuma força 
real por isso, introduzimos a força fictícia 𝐹ê. (Não se pode derivar o trabalho 
de deformação elástica em relação a uma carga distribuída porque não se trata 
de uma carga pontual.) 
Tabela 14 – Tabela de cálculo 
Trecho k 𝑀j 𝜕𝑀j
𝜕𝐵 
𝜕𝑀j
𝜕𝐹ê
 Limites 
1 √2
2 𝐵𝑧� 
√2
2 𝑧� 0 0…√2𝑙 
2 𝐵𝑙 − 𝐹ê𝑧T −
𝑞
2 𝑧T
T 𝑙−𝑧T 0… 𝑙 
 
𝑭𝒇 = 𝟎 
𝜕𝑊
𝜕𝐵 = 0 =
1
𝐸𝐼
t: 𝐵
𝑧�T
2
√TB
¤
𝑑𝑧� +: �𝐵𝑙T −
𝑞
2 𝑙𝑧T
T�𝑑𝑧T
B
¤
u 			→ 				𝑩 =
𝒒𝒍
𝟔 + 𝟐√𝟐
 
§ Condições de equilíbrio: 
↑ :	𝐴� − 𝑞𝑙 = 0																			
→: 𝐵 − 𝐴� = 0																				
𝐴 ↺ :	𝑀A + 𝐵𝑙 −
𝑞𝑙T
2 = 0
																																
𝑨𝒚 = 𝒒𝒍																															
𝑨𝒛 = 𝑩 = 𝒒𝒍
𝟔 + 𝟐√𝟐
											
𝐴 ↺ :	𝑴𝑨 =
𝟐 + √𝟐
𝟔 + 𝟐√𝟐
𝒒𝒍𝟐
					 
𝑣I =
𝜕𝑊
𝜕𝐹ê
=
1
𝐸𝐼
: �
𝑞
2 𝑧T
� − 𝐵𝑙𝑧T� 𝑑𝑧T
B
¤
=
1
𝐸𝐼 #
𝑞𝑙j
8 −
𝐵𝑙�
2 $ =
𝟏+ √𝟐
𝑩(𝟑 + √𝟐)
𝒒𝒍𝟒
𝑬𝑰 
 
 
Exemplo 9.4 
 Para a estrutura representada na Figura 9.6a, determinar as reacções de apoio 
e o deslocamento do ponto C. (Desprezar o trabalho de deformação elástica devido 
ao corte.) 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
158 158 
 
Figura 9.6 - Exemplo 9.4 
Dados: 
𝐸 = 2. 10>𝑀𝑃𝑎 
𝑞 = 2	𝑁/𝑐𝑚 
𝑙 = 200	𝑐𝑚 
𝑎 = 100	𝑐𝑚 
𝐼� = 2𝐼T = 200	𝑐𝑚j 
𝐴 = 2	𝑐𝑚T 
 
Solução 
§ No ponto C é necessário introduzir a força 𝐹ê, sendo aqui pedido o 
deslocamento sem que haja uma força correspondente. 
 
§ Condições de equilíbrio: 
 
↑ :	𝐴� + 𝐵� − 𝑞𝑙 − 𝐹ê = 0																								
→ :	𝐴� + 𝐵� = 0																																										
𝐴 ↺ :	𝑀A + 𝑀X + 𝐵9𝑎 −
𝑞𝑙T
2 − 𝐹ê𝑙 = 0
𝐷 ↺:	𝑀X − 𝐵�𝑙 = 0																																		
𝐶 ↺ :	𝑀X − 𝐵�𝑙 + 𝐵�𝑎 = 0																						
																
𝐴� = 0																												
𝐵� = 0																													
𝐵� =
𝑀X
𝑙 																											
𝐴� = 𝑞𝑙 −𝑀X
𝑙 + 𝐹ê								
𝑀A = −𝑀X +
𝑞𝑙T
2 + 𝐹ê𝑙
		 
 
O sistema é uma vez exteriormente hiperestático. Como reacção hiperestática 
foi escolhida a reacção 𝑀X. As restantes reacções de apoio escrevem-se como 
funções da carga real e fictícia e da reacção 𝑀X. (não se pode escolher as reacções 
𝐴� ou 𝐵� como hiperestáticas, pois são estaticamente determinadas.) 
Como só é permitido desprezar o trabalho de deformação elástica devido ao 
corte, somos obrigados a considerar tanto o trabalho devido à flexão como o trabalho 
devido à tracção e compressão. (Não há torção). 
§ Equações dos momentos flectores 
 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
159 159 
𝑀�(𝑧�) = 𝑀X − 𝐵�𝑧� = 𝑀X �1 −
𝑧�
𝑙 � 𝑀T(𝑧T) = 0 
𝑀�(𝑧�) = 𝑀A − 𝐴�𝑧� +
𝑞𝑧�
2 = 𝑀X �
𝑧�
𝑙 − 1� + 𝐹ê
(𝑙 − 𝑧�) +
𝑞
2
(𝑙 − 𝑧�)T 
𝑁�(𝑧�) = 0 𝑁T(𝑧T) = −𝐵� = −
𝑀X
𝑙 𝑁�(𝑧�) = 0 
Tabela 15 – Tabela de cálculo 
𝑘 𝑀j 𝑁j 
𝜕𝑀j
𝜕𝑀X
 
𝜕𝑀j
𝜕𝐹ê
 
𝜕𝑁j
𝜕𝑀X
 
𝜕𝑁j
𝜕𝐹ê
 Limites 
1 𝑀X �1 −
𝑧�
𝑙
� 0 1 −
𝑧�
𝑙
 0 0 0 0 − 𝑙 
2 0 −
𝑀X
𝑙
 0 0 −
1
𝑙
 0 0 − 𝑎 
3 𝑀X �
𝑧�
𝑙
− 1� + 𝐹ê(𝑙 − 𝑧�) +
𝑞
2
(𝑙 − 𝑧�)T 0 
𝑧�
𝑙
− 1 𝑙 − 𝑧� 0 0 0 − 𝑙 
𝐹ê = 0 
𝜕𝑊É
𝜕𝑀X
= 0 =
1
𝐸𝐼T
:𝑀𝐵 �1 −
𝑧1
𝑙
�
2
𝑑𝑧1
B
¤
+
1
𝐸𝐴
:!−
𝑀𝐵
𝑙
" !−
1
𝑙
"𝑑𝑧T
9
¤
+ 
+
1
𝐸𝐼�
:+𝑀X �
𝑧3
𝑙
− 1� +
𝑞
2
(𝑙 − 𝑧3)2, ∗ �
𝑧3
𝑙
− 1� 𝑑𝑧�
�
¤
=
𝑀X
3𝐸 !
1
𝐼T
+
1
𝐼�
+
3𝑎
𝐴𝑙�" −
𝑞𝑙T
8𝐸𝐼�
 
𝑀X = 100	𝑁𝑚 𝐵� = 50	𝑁 𝐴� = 350	𝑁 𝑀A = 300	𝑁𝑚 
𝜕𝑊É
𝜕𝐹ê
= 𝑣Ì =
1
𝐸𝐼�
:+𝑀𝐵 �
𝑧3
𝑙
− 1� +
𝑞
2
(𝑙 − 𝑧3)2, (𝑙 − 𝑧3)𝑑𝑧3
B
¤
=
1
𝐸𝐼�
(−
1
3𝑀X𝑙T +
1
8 𝑞𝑙
j) 
𝑣Ì = 0,067	𝑐𝑚 
 
9.3.2. Estruturas interiormente hiperestáticas 
 
Uma estruturas é considerada interiormente hiperestática, se as condições 
estáticas de equilíbrio não forem suficientes para a determinação dos esforços 
internos nas secções, embora as reacções de apoio sejam conhecidas. Nestes casos, 
temos que considerar relações de deformação do sistema. Imaginemos o sistemas 
cortado num ponto qualquer “h” e inscrevamos os esforços 𝑀?, 𝑇?, e 𝑁? que são os 
esforços hiperestáticos do sistema. Então estabelecemos as equações do trabalho 
total de deformação elástica para ambas as partes do sistema, que serão funções 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
160 160 
homogêneas do segundo grau, tanto das cargas exteriores, (𝐿¥ ; 𝑖 = 1,2,… , 𝑛), como 
dos esforços hiperestáticos: 
𝑊ÉQ = 𝑊É(𝐿�	, 𝐿T	, … , 𝐿¡	;	𝑀?	, 𝑇?	, 𝑁?) 
𝑊ÉQQ =𝑊É(𝐿¡v�	, … , 𝐿Ñ	;	−𝑀?	, −𝑇?	, −𝑁?). 
 Pelo teorema de Castegliano temos, por exemplo, 
𝜕𝑊ÉQ
𝜕𝑀?
= 𝜑?Q 																				
𝜕𝑊ÉQQ
𝜕𝑀?
= −𝜑?QQ 																							
𝜕(𝑊ÉQ +𝑊ÉQQ)
𝜕𝑀?
= 𝜑?Q − 𝜑?Q 
Porém, tais diferenças de deformações não podem surgir sem que a estrutura 
seja destruída. Portanto tem que ser: 
 e analogamente [9.12] 
Em termos verbais: os esforços hiperestáticos assumem valores tais que o 
trabalho de deformação elástica seja extremo (mínimo). “A derivada parcial do 
trabalho de deformação elástica em ordem aos esforços hiperestáticos é nula”. 
Nota-se, que no caso de estruturas geometricamente simétricas, o 
procedimento se simplifica, explorando o facto de que nos pontos situados sobre as 
linhas de simetria no sistema com carga simétrica o esforço transverso é nulo (esforço 
assimétrico) e no sistema com carga assimétrica o momento flector e o esforço normal 
são nulos (esforços simétricos). 
Num sistema simétrico será sempre possível redistribuir a carga exterior, de 
modo que obtenhamos sistemas carregados simetricamente e sistemas carregados 
assimetricamente. 
Mediante o exemplo a seguir, demonstramos o procedimento. 
 
Exemplo 9.5 
Para a estrutura da Figura 9.7a, desenhar os diagramas dos esforços, considerando 
exclusivamente o trabalho de deformação elástica devido à flexão. 
0=
¶
¶
h
d
M
W 0=
¶
¶
h
d
T
W 0=
¶
¶
h
d
N
W
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
161 161 
 
 
Solução: 
Imaginemos a estrutura cortada no ponto C e inscrevemos neste ponto os 
esforços hiperestáticos. Tendo calculado as reacções de apoio, resulta o esquema de 
cálculo representado na Figura 9.7b. 
 
𝑘 𝑀j 
𝜕𝑀j
𝜕𝑀¤
 
𝜕𝑀j
𝜕𝑁¤
 
𝜕𝑀j
𝜕𝑇¤
 Limites 
1 𝑀¤ + 𝑇¤𝑧� 1	 0	 𝑧� 0… 𝑙 
2 𝑀¤ + 𝑇¤𝑙 − 𝑁¤𝑧T − 𝐹𝑧T 1	 −𝑧T	 𝑙 0…2𝑙 
3 𝑀¤ − 𝑁¤𝑧� 1	 −𝑧�	 0 0…2𝑙 
4 𝑀¤ − 𝑁¤2𝑙 + 𝑇¤𝑧j − 2𝐹𝑧j 1	 −2𝑙	 𝑧j 0… 𝑙 
 
𝜕𝑊
𝜕𝑀¤
= 0 = :(𝑀¤ + 𝑇¤𝑧�)𝑑𝑧�
B
¤
+:(𝑀¤ + 𝑇¤𝑙 − 𝑁¤𝑧T − 𝐹𝑧T)𝑑𝑧T
TB
¤
+: (𝑀¤ − 𝑁¤𝑧�)𝑑𝑧�
TB
¤
+ 
+:(𝑀¤ − 𝑁¤2𝑙 + 𝑇¤𝑧j − 2𝐹𝑧j)𝑑𝑧j
B
¤
= 6𝑀¤ + 3𝑇¤𝑙 − 6𝑁¤𝑙 − 3𝐹𝑙 = 0																																		[𝑎] 
𝜕𝑊
𝜕𝑁¤
= 0 = 0 +: (𝑀¤ + 𝑇¤𝑙 − 𝑁¤𝑧T − 𝐹𝑧T)(−𝑧T)𝑑𝑧T
TB
¤
+: (𝑀¤ − 𝑁¤𝑧�)(−𝑧�)𝑑𝑧�
TB
¤
+ 
Figura 9.7 - Exemplo 9.5 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
162 162 
+:(𝑀¤ − 𝑁¤2𝑙 + 𝑇¤𝑧j − 2𝐹𝑧j)(−2𝑙)𝑑𝑧j
B
¤
= −6𝑀¤ +
28
3 𝑁¤𝑙 − 3𝑇¤𝑙 −
14
3 𝐹𝑙 = 0													[𝑏] 
𝜕𝑊
𝜕𝑇¤
= 0 = :(𝑀¤ + 𝑇¤𝑧�)𝑧�𝑑𝑧�
B
¤
+: (𝑀¤ + 𝑇¤𝑙 − 𝑁¤𝑧T − 𝐹𝑧T)𝑙𝑑𝑧T
TB
¤
+ 
+:(𝑀¤ − 𝑁¤2𝑙 + 𝑇¤𝑧j − 2𝐹𝑧j)𝑧j𝑑𝑧j
B
¤
= 3𝑀¤ +
8
3𝑇¤𝑙 − 3𝑁¤𝑙 −
8
3𝐹𝑙 = 0																													[𝑐] 
Resolvemos o sistema das equações [a], [b] e [c] e obtemos: 
𝑀¤ = −
1
2𝐹𝑙 
𝑇¤ = 𝐹 𝑁¤ = −
1
2𝐹 
Conhecendo os esforços 𝑀¤	, 𝑇¤	𝑒	𝑁¤ podemos construímos os diagramas dos 
esforços (Figura 9.8) 
 
Resolvemos mais uma vez o problema, explorando as vantagens que a 
simetria da estrutura oferece: 
A Figura 9.9 mostra a redistribuição da carga exterior, obtendo-se deste modo 
só cargas simétricas e cargas assimétricas. 
A - - - - A: eixos de assimetria da carga 
S - - - - S: eixos de simetria da carga 
 Para os três sistemas parciais da Figura 9.9, pode-se construir os diagramas 
dos esforços sem qualquer cálculo, como são representados na Figura 9.10. 
Capítulo 9 – Teorema de Castegliano 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
163 163 
 
 
Figura 9.8 - Diagramas dos esforços internos em estruturas interiormente hiperestáticas 
 
 
 
Sobrepondo os 
diagramas dos esforços 
da das últimas duas 
figurasobtém o diagrama 
dos esforço da primeira. 
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
12Então, tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mispa e Sem, e chamou o seu nome 
Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor: 1Samuel 7:12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21A graça do nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós! 
 Ámen - Apocalipse 22:21
 
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENG.º M. A. MAZOCA 
 
165 
CAPÍTULO 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
§ Budynas, Richard G. & NISBETT, J. Keith Shigley’s Mechanical Engineering 
Design, Ninth Edition, Library of Congress Cataloging-in-Publication Data, 
2011 
 
§ WELZK, Frank-Joachim Resistência dos Materiais. Livro didáctico, vol. I e II, 
Ministério do Ensino Técnico e Superior da R.D.A 
 
§ HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais. 5a edição. 
 
§ PISSARENKO, G.S., LAKOVLEV, A.P., MATVEIEV, V.V. Prontuário de 
Resistência dos Materiais. Mir, Moscovo 
 
§ BEER, P. Ferdinand, JOHNSTON, E. Russel Jr., DeWOLF, John T., 
MAZUREK, F. David Mechanics of Materials, Sixth Edition, McGraw-Hill 
Companies, New York. 
 
§ TIMOSHENKO, S. Strength of Materials Second Edition, D. Van Nostrand 
Company, New York.

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