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Resistência dos Materiais Unidade 2 Práticas com tensão, deformação e carga axial Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ANDREW SCHAEDLER DAYANNA COSTA AUTORIA Andrew Schaedler Sou formado em Engenharia Mecânica, com uma experiência técnico-profissional na área de Engenharia de Processos e Usinagem de Precisão de mais de 8 anos. Passei por empresas como a TDK multinacional japonesa, produtora de componentes eletrônicos; John Deere, multinacional americana produtora de equipamentos agrícolas e hoje sou sócio proprietário de uma metalúrgica especializada em usinagem de precisão, atendendo empresas de grande porte do ramo automotivo. Dayanna Costa Sou graduada em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (2010). Sou mestre em Administração pelo Programa de Pós-graduação em Administração da UFPB (2019), área de Concentração Administração e Sociedade e mestre em Recursos Naturais pelo Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da UFCG (2014), com ênfase na linha de pesquisa Sustentabilidade e Competitividade. Atuo como pesquisadora no Grupo de Estudos em Gestão da Inovação Tecnológica- GEGIT (UFCG, cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq), na linha de pesquisa Inovação e Desenvolvimento Regional l, com foco nos seguintes temas: administração geral, gestão da inovação, desenvolvimento regional. Atuou como pesquisadora do Grupo de Estratégia Empresarial e Meio Ambiente - GEEMA (cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq), na linha de pesquisa Estratégia Ambiental e Competitividade, com ênfase em Modelos e Ferramentas de Gestão Ambiental com foco nos seguintes temas: administração geral e gestão ambiental. Sou professora no curso de Administração da Unidade Acadêmica de Administração de Contabilidade (UAAC), na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) como professor substituto. Somos apaixonados pelo que fazemos e adoramos transmitir nossas experiências de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fomos convidados pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Conceito de Tensão e problemas resolvidos ................................. 10 Conceitos importantes ................................................................................................................10 Cargas externas .............................................................................................................10 Reações de apoio .........................................................................................................11 Corpos tendem ao equilíbrio ............................................................................... 12 Cargas resultantes internas .................................................................................. 13 Introdução à tensão ....................................................................................................................... 15 Conceito de deformação e problemas resolvidos ........................ 19 Estado geral de tensão ............................................................................................................... 19 Tensão normal média .................................................................................................................. 20 Distribuição da tensão normal média e o equilíbrio ..............................................22 Tensão de cisalhamento ............................................................................................................24 Deformação .........................................................................................................................................25 Deformação elástica ..................................................................................................27 Deformação plástica ..................................................................................................27 Nomenclatura das deformações ......................................................................27 Conceito de carga axial e problemas resolvidos...........................29 Deformação elástica de um elemento sujeito à carga axial ...........................32 Carga constante ............................................................................................................33 Convenção de sinais ..................................................................................................34 Cargas combinadas e problemas resolvidos ..................................38 Vasos de pressão com paredes finas .............................................................................. 38 Vasos cilíndricos .......................................................................................................... 39 Vasos esféricos .............................................................................................................. 41 Tensão causada por cargas combinadas ......................................................................42 7 UNIDADE 02 Resistência dos Materiais 8 INTRODUÇÃO Neste capítulo iremos ampliar nossos conhecimentos na área de resistência dos materiais. Iniciaremos aprendendo sobre a tensão e seu conceito, vendo seus efeitos práticos sobre os materiais e situações reais onde ela atua. Em seguida, continuaremos nosso estudo conceituando o que é deformação dos materiais e entenderemos como e onde ela atua na prática. Também veremos a definição e o conceito de carga axial, entenderemos o que é ela e como está presente em diferentes situações. Também entenderemos como é seu efeito sob um material exposto a ela. Para finalizar, iremos compreender o conceito de cargas combinadas, como elas atuam sobre os materiais e quais os seus efeitos, onde podemos encontra-las e como mensura-la! Bastante informação, não é mesmo? Vamos em frente ampliando nossos conhecimentos! Resistência dos Materiais 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 02. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Definir o conceito de tensão, entendendo e seus efeitos práticos nos materiais. 2. Compreender o conceito e os efeitos práticos da deformação nos materiais. 3. Discernir sobre os efeitos da carga axial nos materiais, definindo seu conceito. 4. Entender a combinação das cargas em materiais, definindo o conceito de cargas combinadas e mensurando seus efeitos sobre os diversos tipos de materiais. Ficou curioso? Está pronto para entrar no aprendizado dessa área de conhecimento?Gosto de pensar que cada área de conhecimento que dominamos muda a forma como vemos o mundo! Vamos em frente. Resistência dos Materiais 10 Conceito de Tensão e problemas resolvidos OBJETIVO: Neste capítulo iremos aprender conceitos importantes sobre a área da estática da física. Assim, estaremos prontos para entender o que é a tensão estudada em resistência dos materiais. Bastante interessante não é mesmo? Então vamos em frente. Conceitos importantes Antes de iniciarmos o estudo do conceito de tensão, vamos ver alguns outros conceitos pertencentes ao ramo da estática na física que irão servir de base para estudarmos o conceito de tensão. Cargas externas Aqui vamos chamar de corpos as peças ou objetos que iremos analisar. Quando analisamos sujeito a cargas externas, o mesmo pode ser submetido a diversos tipos dessas cargas. Elas podem ser classificadas como uma força superficial ou força de corpo. • Forças de superfície - De acordo com o nome, as forças de superfície ocorrem pelo contato direto de um corpo com a superfície de outro corpo, essas forças se distribuem pela área de contato entre os corpos. Quando a comparação da área em relação à superfície total do corpo for pequena, podemos considerar força de superfície como uma única força concentrada, aplicada a um ponto do corpo. Podemos citar como exemplo, a força do solo sobre as rodas de uma bicicleta que é considerada uma força concentrada quando analisamos a carga que age sobre a bicicleta. Quando aplicamos uma carga de superfície ao longo de uma área estreita, a mesma pode ser idealizada como uma carga distribuída linear, w(s). Nesse caso, a carga é medida como se tivesse uma intensidade de força em um comprimento ao longo da área e é representada graficamente por uma série de setas ao longo da linha s. A força resultante FR de Resistência dos Materiais 11 w(s) é equivalente à área sobre a carga distribuída e essa resultante age no centro geométrico dessa área C. Como exemplo desse tipo de força aplicada ao longo de uma linha, podemos citar a carga ao longo do comprimento de uma viga. Analise a figura para identificar a força em ponto e em linha. Figura 1- Exemplo de representação de forças em um corpo Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 02). • Força de corpo - A força de corpo é encontrada quando um corpo exerce força sobre outro, sem contato físico direto entre eles. Temos como exemplo desse tipo de força os efeitos causados pela força gravitacional da Terra ou seu campo eletromagnético. Mesmo que as forças de corpo afetem cada uma das partículas que compõem o corpo em análise, elas normalmente são representadas por uma única força concentrada que age sobre ele. No estudo da gravidade, essa força é chamada de peso do corpo e atua no centro de gravidade do corpo em análise. Reações de apoio Normalmente, as forças de superfície que atuam nos apoios entre corpos são chamadas de reações. Quando estamos analisando corpos sujeitos a forças em um mesmo plano, isso chama-se análise em duas dimensões. Os tipos mais comuns de apoio podem ser visualizados na figura 2: Resistência dos Materiais 12 Figura 2 - Exemplo de tipos de apoios entre corpos Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 03). Observe os símbolos usados para representar os tipos de apoio das reações que cada corpo exerce sobre o elemento de contato. Em geral, podemos determinar o tipo de reação do apoio imaginando que o elemento a ele acoplado está em movimento ou está girando em uma determinada direção. Se o apoio impedir o movimento em uma determinada direção, uma força deve ser representada no elemento naquela direção. Da mesma forma, se o apoio impedir a rotação, um momento deve ser exercido no elemento. Por exemplo, um apoio de rolete só pode impedir o movimento na direção do contato, perpendicular à superfície. Por consequência, o rolete exerce uma força F sobre o elemento no ponto de contato. Como o elemento pode girar livremente ao redor do rolete, não se desenvolve um momento sobre ele. Corpos tendem ao equilíbrio O equilíbrio de um corpo exige o equilíbrio de forças, para impedir a translação ou um movimento acelerado do corpo ao longo de uma trajetória reta ou curva e um equilíbrio de momentos, para impedir que o corpo gire. Essas condições podem ser expressas matematicamente pelas duas equações vetoriais a seguir: Resistência dos Materiais 13 ∑F = 0 Somatório das forças igual a zero. ∑Mo = 0 Somatório dos momentos igual a zero. Nessas fórmulas, ∑F representa a soma de todas as forças que agem sobre o corpo e ∑Mo é a soma dos momentos de todas as forças em torno de qualquer ponto O dentro ou fora do corpo. Na prática da engenharia, muitas vezes a carga sobre um corpo pode ser representada como um sistema de forças coplanares. Se for esse o caso e se as forças se encontrarem no plano x – y, então as condições de equilíbrio do corpo podem ser especificadas apenas por três equações de equilíbrio escalares, sendo elas: ∑Fx = 0〗 ∑Fy = 0〗 ∑Mo = 0〗 Nesse caso, se o ponto O for a origem das coordenadas, então os momentos estarão sempre dirigidos ao longo do eixo z, perpendicular ao plano que contém as forças. A aplicação correta das equações de equilíbrio exige a especificação completa de todas as forças conhecidas ou desconhecidas que agem sobre o corpo. Cargas resultantes internas Uma aplicação da estática na análise de situações em resistência dos materiais é determinar a força e o momento resultantes que atuam no interior de um corpo e que são necessários para manter a integridade dele quando submetido a cargas externas. Figura 3 - Exemplo de forças atuando em um corpo Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 04). Resistência dos Materiais 14 Podemos ver na figura um corpo mantido em equilíbrio pelas quatro forças externas (1). Para obtenção das cargas internas que agem sobre uma região específica no interior de um corpo, é necessário usar o método das seções. Nesse método é feita uma seção ou “corte” imaginário passando pela região onde as cargas internas deverão ser determinadas. Então, as duas partes do corpo são separadas e o diagrama de corpo livre de uma das partes é desenhado (2). Podemos ver que há, na verdade, uma distribuição de força interna agindo sobre a área “exposta” da seção. Essas forças representam os efeitos do material que está na parte superior do corpo agindo no material na parte inferior. Embora a distribuição exata da carga interna seja desconhecida, podemos usar as equações de equilíbrio para relacionar as forças externas sobre o corpo com a força e o momento resultantes da distribuição, FR e MRO, em qualquer ponto específico O na área secionada. Essas forças são desenhadas e representas pelos vetores MRO, FR, F1 e F2, (3). Observe que FR age no ponto O, embora seu valor calculado não dependa da localização desse ponto. Por outro lado, MRO depende dessa localização, pois os braços do momento devem se estender de O até a linha de ação de cada força externa no diagrama de corpo livre. Além disso, se um elemento for longo e delgado, como no caso de uma haste ou viga, a seção considerada será perpendicular ao eixo longitudinal do elemento. Essa seção é denominada seção transversal. • Força de cisalhamento, V - A força de cisalhamento encontra- se no plano da área e é desenvolvida quando as cargas externas tendem a provocar o deslizamento de um dos segmentos do corpo sobre o outro. • Momento de torção ou torque, T - Esse efeito é desenvolvido quando as cargas externas tendem a torcer um segmento do corpo com relação ao outro. • Momento fletor, M - O momento fletor é causado pelas cargas externas que tendem a fletir o corpo em torno de um eixo que se encontra no plano da área. • Cargas coplanares. Se o corpo for submetido a um sistema de forças coplanares, então haverá na seção apenas componentes da forçanormal, força de cisalhamento e momento fletor. Resistência dos Materiais 15 Figura 4 - Exemplo de forças coplanares atuando em um corpo Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 04). Se usarmos os eixos coordenados x, y, z com origem no ponto O, como mostrado no segmento à esquerda, então a solução direta para Força N pode ser obtida aplicando-se ∑Fx = 0, e V pode ser obtida diretamente de ∑Fy = 0. Por fim, o momento fletor MO pode ser determinado diretamente pela soma dos momentos em torno do ponto O, o eixo z), ∑Mo = 0 de modo a eliminar os momentos causados pelas forças desconhecidas N e V. Agora que vimos os conceitos da estática que explicam e representam como as forças atuam internamente em um corpo, vamos seguir nossos estudos e entender o conceito de tensão. Introdução à tensão Determinar a distribuição das cargas internas de um material que está sobre a atuação de uma força é muito importante para o estudo de resistência dos materiais. Para entendermos essa distribuição, vamos ver agora o conceito de tensão. A unidade, utilizada no Sistema Internacional de medidas (SI) para tensão é o pascal (Pa), que representa a medida de força por unidade de área. Lembrem-se de não confundir tensão com pressão, já que são expressas com a mesma unidade de medida. Na Engenharia, geralmente, mede-se tensão em megapascals (Mpa) ou gigapascals (GPa). No Sistema Internacional de Unidades, um pascal (1 Pa) equivale à aplicação de um newton por metro quadrado (1 N/m²). A tensão é classificada em três tipos, dependendo da direção e dos efeitos provenientes da aplicação da força, são eles: Resistência dos Materiais 16 • De tração. • De compressão. • De cisalhamento. Considere que a área secionada da figura 5, está subdividida em pequenas áreas, como a área A, demonstrada em tom mais escuro em 1). À medida que reduzimos A a um tamanho cada vez menor, precisamos adotar duas premissas em relação às propriedades do material. Consideraremos que o material é contínuo, possui continuidade ou distribuição uniforme de matéria sem vazios, em vez de ser composto por um número finito de moléculas ou átomos distintos. Além disso, o material deve ser coeso, isso significa que todas as suas porções estão muito bem interligadas, sem trincas ou separações. Uma força típica ∆F, porém muito pequena, agindo sobre a área ∆A à ela associada está representada em 2). Figura 5 - Exemplo de forças coplanares atuando em um corpo Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 14). Essa força, como todas as outras, terá uma direção única, mas, em nossa discussão, nós a substituiremos por suas três componentes, a saber, ∆Fx, ∆Fy, ∆Fz, tangentes e normais à área, respectivamente. À medida que a área ∆A tende a zero, o mesmo ocorre com a força ∆F e suas componentes. Normalmente, o quociente entre a força e a área tenderá a um limite finito. Esse quociente é denominado tensão e ele descreve a intensidade da força interna sobre um plano específico (área) que passa por um ponto. Resistência dos Materiais 17 • Tensão normal. A intensidade da força ou força por unidade de área, que age perpendicularmente à ∆A é definida como tensão normal, σ (sigma). Se a força normal ou tensão tracionar o elemento de área ∆A, como mostra a figura 5 (2), ela será denominada tensão de tração, ao passo que, se comprimir o elemento ∆A, será chamada de tensão de compressão. • Tensão de cisalhamento. A intensidade da força, ou força por unidade de área, que age tangente a ∆A, é denominada tensão de cisalhamento, T (tau). Figura 6 - Exemplo de forças coplanares atuando em um corpo Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 15). Observe que a notação do índice z em σ 〗z é usada para indicar a direção da reta normal dirigida para fora, que especifica a orientação da área ∆A. São usados dois índices para as componentes da tensão de cisalhamento, Tzx e Tzy. O eixo z especifica a orientação da área x e y que referem-se às retas que indicam a direção das tensões de cisalhamento. Resistência dos Materiais 18 RESUMINDO: E então? Aprendeu tudo o que lhe ensinamos até aqui? Nesse capítulo iniciamos introduzindo conceitos da estática para criarmos uma base e entrarmos no conceito de tensão estudada em resistência dos materiais. Nos conceitos de estática, vimos as cargas internas onde estudamos as forças de superfície e a força de corpo. Seguimos com a aprendizagem das reações de apoio, equilíbrio dos corpos e as cargas resultantes internas.Nas cargas resultantes internas falamos sobre a força de cisalhamento, o momento de torção ou torque, momento fletor e as cargas coplanares. Após o estudo sobre os conceitos da estática, partimos para a tensão. Vimos que a tensão é um quociente entre área e força, que descreve a intensidade da força interna sobre um plano específico (área) que passa por um ponto. Bastante coisa não é mesmo? A área de resistência dos materiais realmente possuiu bastante conteúdo e muita física. Vamos em frente ampliando nossos conhecimentos! Resistência dos Materiais 19 Conceito de deformação e problemas resolvidos OBJETIVO: Nesse capítulo continuaremos estudando a tensão, entenderemos o que é o estado geral da tensão e um caso de estudo de tensão em uma barra com carga axial (no sentido do maior eixo da peça). Em seguida, entraremos no conceito de deformação, fenômeno bastante comum aos corpos sujeitos a esforços que comprometem sua integridade física. Vamos em frente! Mas, antes de entrarmos no conceito de deformação vamos finalizar o estudo na área de tensão. Estado geral de tensão Continuando nossa análise da tensão no corpo, vamos seccionar ainda mais o corpo por planos paralelos ao plano x – z e pelo plano y – z, assim poderemos “cortar” um cubo de volume de material que representa o estado de tensão que age em torno do ponto escolhido no corpo. Figura 7 - Exemplo de cubo cortado do corpo em análise e representação das forças exercidas em suas faces Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 15). Resistência dos Materiais 20 Assim, esse estado de tensão é caracterizado por três componentes que agem em cada face do elemento. Essas componentes da tensão descrevem o estado de tensão no ponto somente para o elemento orientado ao longo dos eixos x, y, z. Se o corpo fosse secionado em um cubo que tivesse alguma outra orientação, o estado de tensão seria definido por um conjunto diferente de componentes de tensão. No Sistema Internacional de Unidades de Medidas, ou Sistema SI, os valores da tensão normal e da tensão de cisalhamento são especificadas nas unidades básicas de newtons por metro quadrado (N/m2). Essa unidade, denominada 1 pascal (1 Pa = 1 N/m2), é muito pequena e, em trabalhos de engenharia, são usados prefixos como quilo (10³), simbolizado por k, mega (106), simbolizado por M ou giga (109), simbolizado por G, para representar valores de tensão maiores, mais realistas (HIBBELER, 2014). Tensão normal média Vamos analisar a tensão normal média em uma barra com carga axial. Em várias situações elementos estruturais ou mecânicos são compridos e delgados, podemos citar como exemplo os eixos. Esses elementos estão sujeitos a cargas axiais que normalmente são aplicadas às extremidades do elemento. Eixos, parafusos e elementos de treliças são alguns exemplos. Agora vamos determinar a distribuição de tensão média que age na seção transversal de uma barra com carga axial. Essa seção define a área da seção transversal da barra e, como todas as outras seções transversais são iguais, a barra é denominada prismática. Então, se desprezarmos o peso da barra e da seção conforme indicado, para o equilíbrio do segmento inferior, a força resultante interna que age na área da seção transversal deve ter valor igual, direção oposta e ser colinear à força externa que age na parte inferior da barra. Resistência dos Materiais 21 Figura 8 - Exemplo de tensões emuma seção transversal em uma barra com carga axial Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 16). Antes de entendermos como funciona a distribuição da tensão média que age sobre a área da seção transversal da barra, é necessário adotar duas premissas que irão simplificar a descrição do material e a aplicação específica da carga. 1. A barra deve permanecer reta, antes e depois da aplicação da carga. É necessário que a seção transversal permaneça achatada ou plana durante a deformação (durante o tempo em que ocorrer a mudança no volume e na forma da barra). Mantendo essas premissas, as linhas horizontais e verticais da grade aplicada à barra irão deformar uniformemente quando a barra for submetida à carga. Podemos ver esse exemplo na figura 8. As regiões da barra próximas às suas extremidades não são consideradas pois nessas regiões, a aplicação das cargas externas pode provocar distorções localizadas. Em vez disso, iremos analisar somente a distribuição de tensão no interior da seção média da barra. 2. Para que a barra sofra uma deformação uniforme é preciso que a força P seja aplicada ao longo do eixo e no centro da seção transversal. Também é necessário que o material seja homogêneo e isotrópico. Os materiais homogêneos têm as mesmas propriedades físicas e mecânicas em todo o seu volume já os materiais isotrópicos têm as mesmas propriedades em todas as direções. Diversos materiais Resistência dos Materiais 22 de engenharia podem ser considerados homogêneos e isotrópicos por aproximação. Podemos citar como exemplo o aço, que contém milhares de cristais orientados aleatoriamente em cada milímetro cúbico de seu volume e na maioria dos problemas que utilizam esse material há um tamanho físico muito maior do que um único cristal. Quando adotamos a pressa de matéria homogênea e isotrópica em relação à composição desse material ela é bem realista. Entretanto, devemos citar que o aço pode ser transformado em anisotrópico quando executada uma laminação a frio (se for laminado ou forjado em temperaturas subcríticas). Os materiais anisotrópicos têm propriedades diferentes em direções diferentes e, mesmo nesses materiais, se a anisotropia for orientada ao longo do eixo da barra, também podemos considerar que barra se deformará uniformemente quando sujeita a uma carga axial. Podemos citar como exemplo, a madeira, devido a seus grãos ou fibras. É um material de engenharia homogêneo e anisotrópico. Possui uma orientação padronizada de suas fibras, podendo ser orientadas ao longo do eixo e para efeitos de cálculos e análises a madeira é tida como isotrópico. Distribuição da tensão normal média e o equilíbrio Considerando que a barra esteja sujeita a uma deformação uniforme e constante, tal deformação é o resultado de uma tensão normal constante σ (sigma). Figura 9 - Exemplo de tensão média que age na área da seção transversal da barra Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 16). Resistência dos Materiais 23 O resultado é que cada área ∆A na seção transversal está submetida a uma força ∆F = σ∆A e a soma dessas forças que agem em toda a área da seção transversal deve ser equivalente à força resultante interna P na seção. Assim temos: σ = P/A σ = tensão normal média em qualquer ponto na área da seção transversal. P = força normal interna resultante, que é aplicada no centro da área da seção transversal. A = área da seção transversal da barra. Para a análise do equilíbrio, é preciso que exista somente uma tensão normal nos elementos de volume de material localizado em cada ponto da seção transversal de uma barra com carga axial. Isso significa que as duas componentes da tensão normal no elemento devem ter valores iguais, mas direções opostas, o que é denominado tensão uniaxial. A análise anterior aplica-se a elementos sujeitos à tensão ou compressão. Temos o exemplo na figura 10. Figura 10 - Exemplo de elementos sujeitos à tensão ou compressão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 17). Pela análise e interpretação gráfica, a amplitude da força resultante e interna P é equivalente ao volume no diagrama de tensão, essa condição nos da: P = 〗σA (volume = altura × base). Como consequência do equilíbrio de Resistência dos Materiais 24 momentos, essa resultante irá pelo centro desse volume. Na análise que estamos fazendo, a força interna P e a área da seção transversal A eram constantes ao longo de todo o eixo longitudinal da barra e, sendo assim, a tensão normal σ = P/A também é constante em todo o comprimento da barra. Porém, pode acontecer da barra estar sujeita a várias cargas externas ao longo de seu eixo ou pode ter uma mudança em sua área da seção transversal. O resultado é que a tensão normal no interior da barra poderia ser diferente de uma seção para outra e, se quisermos determinar a tensão normal média máxima, torna-se importante determinar o lugar onde a razão P/A terá seu valor máximo. Assim, é necessário acharmos a força interna P em várias seções ao longo da barra. Nessa situação seria interessante mostrar essa variação utilizando um diagrama de força axial ou normal. Esse diagrama é uma representação gráfica da força normal P em relação à posição x em todo o comprimento da barra. Devido à convenção de sinais, P será positiva se causar tração no corpo e negativa se causar compressão. Após determinarmos a carga interna em toda a barra, a razão P/A máxima pode ser encontrada. Tensão de cisalhamento A tensão de cisalhamento é a componente da tensão que atua no plano da área secionada. Para entendermos como essa tensão pode atuar, vamos analisar o efeito de uma força F aplicada a uma barra. Em uma condição com apoios rígidos e F grande o bastante, o material da barra irá sofrer deformação e romper ao longo dos planos identificados por AB e CD. Um diagrama de corpo livre do segmento central, parte não apoiada, da barra mostra que a força de cisalhamento V = F/2 deve ser aplicada a cada seção para manter o segmento em equilíbrio. Figura 11 - Exemplo de aplicação de força em barra e diagrama de corpo livre em segmento central não apoiado Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 21). Resistência dos Materiais 25 A tensão de cisalhamento média distribuída sobre cada área secionada que desenvolve essa força de cisalhamento é expressa por: τméd = V/A τméd = tensão de cisalhamento média na seção, que consideramos ser a mesma em cada ponto localizado na seção. V = força de cisalhamento interna resultante na seção determinada pelas equações de equilíbrio. A = área na seção. Podemos observar a ação da distribuição da tensão de cisalhamento média sobre as seções na figura 11. Observe que τméd está na mesma direção de V, uma vez que a tensão de cisalhamento deve criar forças associadas e que todas elas contribuem para a força resultante interna V na seção analisada. A situação de aplicação de carga que estamos analisando, é um exemplo de cisalhamento simples ou direto. O cisalhamento é causado pela ação direta da carga aplicada F. Esse tipo de cisalhamento ocorre com frequência em diversos tipos de acoplamentos simples que utilizam parafusos, pinos, material de solda entre outros (HIBBELER, 2014). Deformação Quando uma força é aplicada a um corpo, ela tende a mudar a forma e o tamanho do corpo. Essas mudanças são chamadas de deformações e podem ser visíveis ou praticamente imperceptíveis se não forem utilizados equipamentos capazes de realizar medidas precisas. Por exemplo, uma tira de borracha sofrerá uma grande deformação quando esticada. Por outro lado, os elementos estruturais de um edifício sofrem apenas leves deformações quando há muitas pessoas andando dentro dele. Também pode ocorrer deformação em um corpo quando há mudança de temperatura. Um exemplo típico é a expansão ou contração térmica de um telhado causada pelas condições atmosféricas. A deformação de um corpo não será uniformeem todo o seu volume, sendo assim, a mudança na geometria de cada segmento de reta no interior do corpo pode variar ao longo de seu comprimento. Por Resistência dos Materiais 26 exemplo, uma parte da reta pode se alongar, ao passo que outra porção pode se contrair. Se considerarmos segmentos de reta cada vez mais curtos, eles ficarão aproximadamente mais retos após a deformação. Portanto, para um estudo mais uniforme das mudanças provocadas pela deformação, consideraremos que as retas são muito curtas e localizadas na vizinhança de um ponto. Assim, percebemos que o tamanho da mudança em qualquer segmento de reta localizado em um ponto distinto do corpo será diferente da deformação observada em qualquer outro ponto. Além disso, essas mudanças também dependem da orientação do segmento de reta no ponto em questão. Por exemplo, um segmento de reta pode se alongar se estiver orientado em uma direção, ao passo que pode contrair- se, caso esteja orientado em outra direção (HIBBELER, 2014). A deformação consiste na Modificação da forma de um corpo. Essa variação pode simplesmente alterar a forma do corpo em questão ou atingir o ponto de desfiguração da forma inicial. Na deformação do corpo tem- se apenas a modificação de sua forma. Logo, na deformação não ocorre o rompimento do material, somente a sua transformação. A deformação pode ser um problema, quando essa é indesejada em um corpo. Exemplo: Quando se encontra numa porta de metal e a folha de aço se amassa com a força aplicada ou a batida de um automóvel, entre outros. No entanto, existem casos que a deformação de um material é desejada e/ou provocada. Por exemplo, os contornos e os vincos criados na lataria de um automóvel por uma prensa, a dobra de materiais para a criação de um perfil, entre outros. Analisando dessa forma, a deformação pode assumir papéis distintos em um corpo: destrutivo ou construtivo (conformação) (BUENO; VENTAVOLI, 2016). A Deformação, também, pode ser classificada como sendo: • Deformação Elástica. • Deformação Plástica. Resistência dos Materiais 27 Deformação elástica Na deformação elástica, o componente sofre a ação de uma ou várias forças e se expandem, ou contraem dependendo do sentido da força, mas ele retorna à sua forma original, quando deixa de existir a força ou conjunto de forças aplicadas. Deste modo, a deformação é transitória. Deformação plástica Com a deformação plástica, o componente sofre a ação de uma ou várias forças e se expande (ou contrai). Contudo ele permanece nessa condição mesmo após a retirada da força deformadora. Desse modo, a deformação é permanente. O excesso na deformação plástica pode fragilizar o material. Nesse processo, ocorre o deslocamento excessivo das moléculas, pois o corpo não suportou tamanha solicitação, tornando-se frágil, ou seja, mole ou quebradiço. (BUENO; VENTAVOLI, 2016) Nomenclatura das deformações A deformação de um corpo pode ser representada através de 03 (três) métodos: • Alongamento Total - Analisa toda a variação do componente. Nesse caso, se mede o corpo no início e no término do teste. Figura 12 - Exemplo de alongamento total Fonte: Adaptado de Bueno e Ventavoli (2016, p. 1271). • Alongamento Unitário - Analisa a variação de comprimento numa parte do corpo. Nesse caso, se avalia o alongamento de uma região determinada do corpo. Resistência dos Materiais 28 • Alongamento Percentual - É a variação de cada unidade transcrita em porcentagem. RESUMINDO: Conseguiu aprender todo conteúdo? Bastante informação não é mesmo? Aposto que você nem se dava conta de como a tensão e a deformação estão tão presentes em nosso dia a dia. Nesse capítulo você aprendeu sobre tensão normal média e como ela se comporta em um corpo. Foi possível definir a tensão em: σ = P/A 〗σ = tensão normal média em qualquer ponto na área da seção transversal. P = força normal interna resultante, que é aplicada no centro da área da seção transversal. A = área da seção transversal da barra. Essa fórmula nos permite expressar a tensão em números ao longo de um corpo. Depois entramos no conceito de deformação, onde vimos a deformação plástica que modifica o tamanho de um corpo que não retorna ao seu tamanho inicial. Também aprendemos sobre a deformação elástica, onde o corpo que sofreu uma variação em seu tamanho retorna ao tamanho inicial assim que a força atuante cessar. Muito interessante não é mesmo? Vamos em frente! Resistência dos Materiais 29 Conceito de carga axial e problemas resolvidos OBJETIVO: Neste capítulo iremos entender e aprender sobre a carga axial, como ela atua sobre os corpos e como os corpos se comportam quando estão sujeitos a esse tipo de carga. Também veremos como calcular a deformação sofrida por um corpo sujeito a uma carga axial. Pronto para entender mais essa parte da área de conhecimento de resistência dos materiais? Então vamos em frente! O conceito de tensão é apresentado como um meio para medir a distribuição de força no interior de um corpo e o conceito de deformação como um meio para medir a deformação geométrica de um corpo. A relação matemática entre tensão e deformação depende do tipo de material do qual o corpo é feito. Em particular, se o material se comportar de maneira linear elástica, a lei de Hooke será aplicável e haverá uma relação proporcional entre tensão e deformação. Com essa ideia em mente, considere o modo como uma barra retangular se deforma elasticamente quando submetida a uma força P aplicada ao longo do eixo em seu centro. Figura 13 - Exemplo de alongamento total Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 86). Resistência dos Materiais 30 Na figura 13, a barra está presa a um apoio em uma de suas extremidades, e a força é aplicada em um furo na outra extremidade. Devido ao carregamento, a barra deforma-se como indicam as distorções das linhas da grade desenhada sobre a barra, que antes eram horizontais e verticais. Observe a deformação localizada que ocorre em cada extremidade. Esse efeito tende a diminuir conforme as medições são feitas cada vez mais distante das extremidades. Além disso, as deformações vão se nivelando e tornam-se uniformes em toda a seção média da barra. Visto que a deformação está relacionada com a tensão no interior da barra, podemos afirmar que a tensão será distribuída mais uniformemente por toda a área da seção transversal se um corte for feito em uma seção distante do ponto onde a carga externa é aplicada. Por exemplo, considere um perfil da variação da distribuição de tensão que age nas seções a–a, b–b e c–c. Comparando as curvas, a tensão quase alcança um valor uniforme na seção c–c, que está suficientemente afastada da extremidade. Em outras palavras, a seção c–c está longe o suficiente do ponto de aplicação de P, de tal modo que a deformação localizada provocada por P seja desprezível. A distância mínima em relação à extremidade da barra onde isso ocorre, pode ser determinada por meio de uma análise matemática baseada na teoria da elasticidade. Como regra geral, que também se aplica a muitos outros casos de carregamento e geometria de elementos estruturais, podemos considerar que essa distância é, no mínimo, igual à maior dimensão da seção transversal carregada. Em consequência, no caso da barra que estamos analisando, a seção c–c deve estar localizada a uma distância no mínimo igual à largura e não à espessura da barra. Essa regra se baseia na observação experimental do comportamento do material e somente em casos especiais, como o que acabamos de discutir, ela foi validada matematicamente. Também devemos observar que essa regra não se aplica a todos os tipos de elementos e casos de carregamento. Por exemplo, elementos estruturais de paredes finas submetidos a carregamentos que provocam grandes deflexões podem criar tensões e deformações localizadas que Resistência dos Materiais31 têm influência a uma distância considerável do ponto de aplicação da carga. Observe, na figura 10 no corte da seção a-a, como o apoio impede a redução da largura da barra, o que deveria ocorrer devido ao alongamento lateral da barra. Isso é uma consequência do “efeito de Poisson”. Contudo, por esse mesmo argumento, poderíamos demonstrar que a distribuição de tensão no apoio também se nivelará e se tornará uniforme em toda a seção transversal a uma curta distância do apoio e mais, a amplitude da força resultante criada por essa distribuição de tensão deve ser igual a P também. O fato da tensão e a deformação comportarem-se dessa maneira é denominado princípio de Saint-Venant, visto que foi observado pela primeira vez pelo cientista francês Barré de Saint-Venant, em 1855. Em essência, esse princípio afirma que a tensão e a deformação produzidas em pontos de um corpo suficientemente distante da região da aplicação da carga serão iguais à tensão e à deformação produzidas por quaisquer carregamentos aplicados que tenham a mesma resultante estaticamente equivalente e sejam aplicados ao corpo dentro da mesma região. Por exemplo, se duas forças P/2 aplicadas simetricamente agirem sobre a barra, a distribuição de tensão na seção c–c, que é suficientemente afastada dos efeitos localizados dessas cargas, será uniforme e, portanto, equivalente a σméd = P/A como antes. Resumindo, não precisamos mais considerar as distribuições de tensão que podem se desenvolver nos pontos de aplicação de carga ou em apoios quando estudarmos a distribuição de tensão em um corpo com seções bastante afastadas dos pontos de aplicação de carga. O princípio de Saint-Venant mostra que os efeitos localizados, causados por uma carga que atua sobre um corpo serão dissipados em regiões bastante afastadas do ponto de aplicação da carga. Sendo assim, a distribuição de tensão resultante nessas regiões será a mesma que a causada por outra carga estaticamente equivalente aplicada ao corpo dentro da mesma área localizada (HIBELER, 2014). Resistência dos Materiais 32 Deformação elástica de um elemento sujeito à carga axial Usando a lei de Hooke e as definições de tensão e deformação, vamos analisar a deformação elástica de um elemento submetido a cargas axiais. Figura 14 - Exemplo de barra sujeita a forças e diagrama de corpo livre da mesma Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 87). Para generalizar o desenvolvimento, considere a barra mostrada na figura 14 (a), cuja área de seção transversal varia gradativamente ao longo de seu comprimento L. A barra está sujeita a cargas concentradas em suas extremidades e a uma carga externa variável distribuída ao longo de seu comprimento. Essa carga distribuída poderia, por exemplo, representar o peso de uma barra vertical ou forças de atrito que agem sobre a superfície da barra. Aqui, queremos determinar o deslocamento relativo d (delta) de uma das extremidades da barra em relação à outra extremidade, causada por esse carregamento. Na análise a seguir, desprezaremos as deformações localizadas que ocorrem em pontos de carregamento concentrado e nos locais em que a seção transversal muda repentinamente. Esses efeitos ocorrem no interior de pequenas regiões do comprimento da barra e, portanto, terão somente um leve efeito sobre o resultado final. Na maioria dos casos, a barra se deformará uniformemente, de modo que a tensão normal será uniformemente distribuída na seção transversal. Usando o método das seções, isolamos um elemento diferencial da barra de comprimento dx e a área de seção transversal A(x) em uma posição arbitrária x. O diagrama de corpo livre desse elemento é mostrado na figura 14 (b). A força axial interna resultante é representada por P(x), já que o carregamento externo fará com que ela varie ao longo do comprimento da barra. Essa carga, P(x), deformará o elemento até a Resistência dos Materiais 33 forma indicada pela linha tracejada e, portanto, o deslocamento de uma das extremidades do elemento em relação à outra extremidade será d (HIBELER, 2014). Carga constante Em muitos casos, a barra terá uma área de seção transversal constante A e o material será homogêneo, de modo que o módulo de elasticidade do material é constante. Além do mais, se uma força externa constante for aplicada a cada extremidade, conforme a figura 15, então a força interna P também será constante em todo o comprimento da barra. Figura 15: Exemplo de força constante aplicada a uma barra Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 87). Podemos expressar essa situação através da equação: δ = PL/AE δ = deslocamento de um ponto na barra relativo a um outro ponto. L = distância original entre os pontos. P = força axial interna na seção, localizada à distância x de uma extremidade. A = área da seção transversal da barra, expressa em função de x. E = módulo de elasticidade para o material. Se a barra for submetida a várias forças axiais diferentes, ou se a área da seção transversal ou o módulo de elasticidade mudar repentinamente de uma região da barra para outra, a equação acima poderá ser aplicada a cada segmento da barra. Então, o deslocamento de uma extremidade da barra em relação à outra é determinado pela adição dos deslocamentos das extremidades de cada segmento. Assim podemos representar a fórmula como: Resistência dos Materiais 34 δ = ∑ PL/AE Onde a somatório (HIBELER, 2014). Convenção de sinais Para utilizarmos a equação que vimos sobre carga constante, temos que criar uma convenção de sinal para a força axial interna e o deslocamento de uma extremidade da barra em relação à outra extremidade. Para tanto, consideraremos que ambos, força e deslocamento, são positivos se provocarem tração e alongamento ao contrário. Força e deslocamento negativos causarão compressão e contração. Figura 16 - Exemplo de convenção de forças Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 87). Para entendermos melhor, vamos analisar a barra mostrada na figura 17 (a). As forças axiais internas “P”, são determinadas pelo método das seções para cada segmento, figura 17 (b). Elas são PAB = +5 kN, PBC = -3 kN, PCD = -7 kN. Resistência dos Materiais 35 Figura 17 - Exemplo de barra sujeita à ação de forças Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 88). Essa variação na carga axial é mostrada no diagrama de força normal para a barra, figura 18. Figura 18 - Exemplo de barra sujeito a ação de forças Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 88). Aplicando a equação para obter o deslocamento da extremidade A em relação à extremidade D, temos: δA/D = ∑ PL/AE = (5kN)LAB/AE + (-3kN)LBC)/AE + (-7kN)LCD/AE Se substituirmos os outros dados e a resposta calculada for positiva, significará que a extremidade A se afasta da extremidade D. A barra irá se alongar, ao passo que um resultado negativo indicaria que a extremidade A se aproxima da extremidade D e a barra irá encurtar. A notação de índice duplo é usada para indicar esse deslocamento relativo, 〗δA/D. Entretanto, se o deslocamento tiver que ser determinado em relação a um ponto fixo, então será usado um índice único. Por exemplo, se D estiver localizado em um apoio fixo, o deslocamento calculado será denotado simplesmente como δA (HIBELER, 2014). Resistência dos Materiais 36 EXEMPLO: A barra de aço A-36, encontrada na figura 19 (a), é composta por dois segmentos, AB e BD, com áreas de seção transversal AAB = 600 mm2 e ABD = 1.200 mm2, respectivamente. Determine o deslocamento vertical da extremidade A. Figura 19 - Exemplo de barra para exercício resolvido Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 89). SOLUÇÃO: Força interna. Devido à aplicação das cargas externas, as forças axiais internas nas regiões AB, BC e CD serão todas diferentes. Essas forças são obtidas pela aplicação do método das seções e da equação do equilíbrio da força vertical, como mostra a Figura 19 (b). A Figura 19(c) mostra a representação gráfica dessa variação. Deslocamento. Eaço = 210(10 3) MPa. Pela convenção de sinais, as forças de tração internas são positivas e as forças de compressão são negativas. Portanto, o deslocamento vertical de A em relação ao apoio fixo D é: + 0,61mm - Resposta Uma vez que o resultado é positivo, a barra alonga-se, portanto o deslocamento em A é para cima (HIBELER, 2014). Resistência dos Materiais 37 RESUMINDO: Gostou do conteúdo aprendido até aqui? Nesse capítulo aprendemos sobre a carga axial, como ela atua nos corpos e como podemos calcular a deformação dos mesmos. O princípio de Saint-Venant afirma que ambas, deformação e tensão localizadas que ocorrem no interior das regiões de aplicação de carga ou nos apoios, tendem a “nivelar-se” a uma distância suficientemente afastada dessas regiões. O deslocamento de um elemento carregado axialmente é determinado pela relação entre a carga aplicada e a tensão por meio da fórmula σ = P/A e pela relação entre o deslocamento e a deformação por meio da expressão ∈ = dδ/dx. Foi possível entendermos como é calculado o alongamento ou encurtamento de uma barra sujeita à carga axial, através da fórmula: δA = ∑ PL/AE Muito interessante não é mesmo? É muito bacana vermos os acontecimentos do dia a dia expressos em números e entender como eles funcionam. Vamos em frente! Resistência dos Materiais 38 Cargas combinadas e problemas resolvidos OBJETIVO: Neste capítulo iremos entender e aprender sobre as cargas combinadas, como elas atuam sobre os corpos e como os corpos se comportam quando estão sujeitos a esse tipo de carga. Usaremos como exemplo a análise em vasos de pressão de parede fina e vasos de pressão esféricos. Pronto para entender mais essa parte da área de conhecimento de resistência dos materiais? Então vamos em frente! Para iniciarmos o estudo das cargas combinadas, vamos avaliar um caso onde elas ocorrem, assim ficará mais fácil o entendimento de como elas atuam. Vamos iniciar nosso aprendizado analisando os vasos de pressão com paredes finas. Vasos de pressão com paredes finas Vasos cilíndricos ou esféricos são muito usados na indústria como caldeiras, tanques, reservatórios ou para condução de fluidos em sistemas pressurizados. Quando estão sujeitos a pressão, o material de que são feitos é submetido a cargas em todas as direções. Porém, o vaso de pressão pode ser analisado de uma maneira mais simples, contanto que tenha paredes finas. Em geral, utiliza-se o termo paredes finas para um vaso que possua a relação entre o raio interno (r) e a espessura (t) da parede com valor igual ou superior a 10 (r/t ≥ 10). Especificamente, quando r/t = 10, os resultados de uma análise de parede fina preverão uma tensão aproximadamente 4% menor que a tensão máxima real no vaso. Para relações maiores esse erro será até menor. Quando a parede do vaso é “fina,” a variação da distribuição de tensão pela sua espessura não será significativa, sendo assim, consideraremos que ela é uniforme ou constante. Resistência dos Materiais 39 Entendendo essa característica, analisaremos, agora, o estado de tensão em vasos de pressão de paredes finas cilíndricos e esféricos. Em ambos os casos, entende-se que a pressão no vaso é a pressão manométrica, visto que ela mede a pressão acima da pressão atmosférica que consideramos existir dentro e fora da parede do vaso (HIBELER, 2014). Vasos cilíndricos Considere o vaso cilíndrico com parede de espessura t e raio interno r. Figura 20 - Exemplo de vaso de pressão com paredes finas Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 300). A pressão manométrica p é desenvolvida no interior do vaso por um gás ou fluido nele contido, cujo peso consideramos insignificante. Devido à uniformidade dessa carga, um elemento do vaso que esteja afastado o suficiente das extremidades e orientado como mostra a figura é submetido a tensões normais σ1 na direção circunferencial ou do aro e σ2 no sentido longitudinal ou axial. Ambas essas componentes da tensão exercem tração sobre o material. Queremos determinar o valor de cada uma dessas componentes em termos da geometria do vaso e de sua pressão interna. Para isto, temos que usar o método das seções e aplicar as equações de equilíbrio de força. Para a tensão circunferencial (ou de aro), considere que o vaso é secionado pelos planos a, b e c, conforme vemos na figura 20. Um diagrama de corpo livre do segmento posterior juntamente com o gás ou fluido contido no vaso é mostrado na Figura 21. Resistência dos Materiais 40 Figura 21 - Exemplo de vaso de pressão com paredes finas, seção Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 300). Aqui são mostradas apenas as cargas na direção x. Elas são desenvolvidas pela tensão circunferencial uniforme σ1 que age em toda a parede do vaso e pela pressão que age na face vertical do gás ou fluido secionado. Para equilíbrio na direção x, podemos utilizar a fórmula: σ = pr/t Para obter a tensão longitudinal σ2, consideraremos a porção esquerda da seção b do cilindro. Como mostra a Figura 21 (c), σ2 age uniformemente em toda a parede, e p age na seção do gás ou fluido. Visto que o raio médio é aproximadamente igual ao raio interno do vaso, o equilíbrio na direção y seria expresso como: σ 〗2 = pr/2t Para as equações temos, σ 〗1, σ 〗2 = tensão normal nas direções circunferencial e longitudinal, respectivamente. Consideramos que cada uma delas é constante em toda a parede do cilindro e que cada uma submete o material à tração. p = pressão manométrica interna desenvolvida pelo gás ou fluido. r = raio interno do cilindro. t = espessura da parede (r/t = 10). Resistência dos Materiais 41 Comparando as equações que acabamos de ver, devemos observar que a tensão circunferencial ou de aro é duas vezes maior do que a tensão longitudinal ou axial. Por consequência, quando vasos de pressão cilíndricos são fabricados com chapas laminadas, as juntas longitudinais devem ser projetadas para suportar duas vezes mais tensão do que as juntas circunferenciais (HIBELER, 2014). Vasos esféricos Podemos analisar um vaso de pressão esférico de maneira semelhante aos vasos de paredes finas. Por exemplo, considere que o vaso tem espessura de parede t e raio interno r e que está sujeito a uma pressão manométrica interna p. Figura 22 - Exemplo de vaso de pressão esféricos Fonte: Adaptado de Hibbeler (2014, p. 301). Se o vaso for secionado pela metade usando a seção a, o diagrama de corpo livre ficaria conforme o apresentado na figura 22. Como no vaso cilíndrico, o equilíbrio na direção y seria expresso como: σ2 = pr/2t Por comparação, essa é a mesma fórmula utilizada para a tensão longitudinal no vaso de pressão cilíndrico. Além do mais, pela análise, essa tensão será a mesma independentemente da orientação do diagrama de corpo livre hemisférico. Por consequência, um elemento do material está sujeito ao estado de tensão mostrado na Figura 22. Essa análise indica que um elemento de material tomado de um vaso de pressão cilíndrico Resistência dos Materiais 42 ou esférico está sujeito à tensão biaxial, isto é, tensão normal existente em duas direções apenas. Na verdade, o material do vaso também está sujeito a uma tensão radial σ3, que age ao longo de uma linha radial. Essa tensão tem um valor máximo igual à pressão p na parede interna e diminui até zero à medida que atravessa a parede e alcança a superfície externa do vaso, visto que a pressão manométrica nesse lugar é nula. Entretanto, para vasos de paredes finas, ignoraremos a componente da tensão radial, uma vez que a premissa limitadora que adotamos, r/t = 10, resulta em σ2 e σ1 como sendo, respectivamente, 5 e 10 vezes mais altas do que a tensão radial máxima, (σ3)máx = p. Por último, entenda que as fórmulas que acabamos de ver só devem ser usadas para vasos sujeitos a uma pressão manométrica interna. Se o vaso estiver sujeitoa uma pressão externa, a tensão de compressão desenvolvida no interior da parede fina pode tornar o vaso instável e sujeito a falhas. Tensão causada por cargas combinadas Nos capítulos anteriores, desenvolvemos métodos para determinar as distribuições de tensão em um elemento submetido a uma força axial interna, a uma força de cisalhamento, a um momento fletor ou a um momento de torção. Porém, na maioria das vezes, a seção transversal de um elemento está sujeita a vários desses tipos de cargas simultaneamente e o resultado é que o método da superposição, pode ser usado para determinar a distribuição da tensão resultante provocada pelas cargas. Para aplicar a superposição, em primeiro lugar, é preciso determinar a distribuição de tensão devido à cada carga. Então, essas distribuições são superpostas para determinar a distribuição de tensão resultante. O princípio da superposição pode ser usado para essa finalidade contanto que exista uma relação linear entre a tensão e as cargas. Além disso, a geometria do elemento não deve sofrer mudança significativa quando as cargas são aplicadas. Isso é necessário para assegurar que a tensão produzida por uma carga não esteja relacionada com a tensão produzida por qualquer outra carga. Resistência dos Materiais 43 Vamos manter nossa análise restrita ao cumprimento desses dois critérios. Os problemas nessa seção, que envolvem cargas combinadas, servem como uma revisão básica da aplicação de muitas das equações de tensão as quais vimos anteriormente. É necessário compreender muito bem como essas equações são aplicadas. Agora, vamos expor um procedimento passo a passo para a análise e solução de problemas que contenham cargas combinadas. O seguinte procedimento nos dá um modo geral para definir as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento em um ponto de um elemento quando ele é submetido a vários tipos diferentes de cargas simultaneamente. Consideramos que o material é homogêneo e se comporta de um modo linear elástico. Além disso, o princípio de Saint-Venant exige que o ponto onde a tensão deve ser determinada esteja bem distante de quaisquer descontinuidades na seção transversal ou de pontos de carga aplicada. 1. Carga interna. • Secione o elemento perpendicularmente a seu eixo no ponto onde a tensão deve ser determinada e obtenha as componentes internas da força normal e da força de cisalhamento resultantes, bem como as componentes dos momentos fletor e de torção. • As componentes da força devem agir passando pelo centroide da seção transversal e as componentes do momento devem ser calculadas em torno dos eixos do centroide, os quais representam os eixos principais de inércia para a seção transversal. 2. Tensão normal média. • Calcule a componente da tensão associada à cada carga interna. Para cada caso, represente o efeito como uma distribuição de tensão que age sobre toda a área da seção transversal ou mostre a tensão sobre um elemento do material localizado em um ponto específico na seção transversal. Resistência dos Materiais 44 3. Força normal. • A força normal interna é desenvolvida por uma distribuição de tensão normal uniforme determinada por σ = P/A. 4. Força de cisalhamento. • A força de cisalhamento interna em um elemento submetido a flexão é desenvolvida por uma distribuição da tensão de cisalhamento determinada pela fórmula do cisalhamento, t = VQ/It. 5. Momento fletor. • Para elementos retos, o momento fletor interno é desenvolvido por uma distribuição de tensão normal que varia linearmente de zero no eixo neutro à máxima no contorno externo do elemento. A distribuição de tensão é determinada pela fórmula da flexão, σ = -My /I. Se o elemento for curvo, a distribuição de tensão é não linear e é determinada por σ = My /Ae(R - y). 6. Momento de torção. • Para eixos e tubos circulares, o momento de torção interno é desenvolvido por uma distribuição da tensão de cisalhamento que varia linearmente da linha central do eixo até um máximo no contorno externo do mesmo. A distribuição da tensão de cisalhamento é determinada pela fórmula da torção, t = Tr/J. Se o elemento for um tubo fechado de parede fina, use σ = T/2Amt. 7. Vasos de pressão de parede fina. • Se o vaso de pressão for cilíndrico de parede fina, a pressão interna p provocará um estado de tensão biaxial no material de modo que a componente da tensão de aro ou circunferencial é σ1 = pr/t e a componente da tensão longitudinal é σ2 = pr/2t. Se o vaso de pressão for esférico de parede fina, então o estado de tensão biaxial é representado por duas componentes equivalentes, cada uma com valor σ2 = pr/2t. Resistência dos Materiais 45 8. Superposição. • Uma vez calculadas as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento para cada carga, use o princípio da superposição e determine as componentes da tensão normal e da tensão de cisalhamento resultantes. • Represente os resultados em um elemento de material localizado no ponto ou mostre os resultados como uma distribuição de tensão que age sobre a área da seção transversal do elemento (HIBBELER, 2014). RESUMINDO: Aprendeu tudo o que foi mostrado? Bastante conteúdo não é mesmo? Dá para entender melhor como as coisas funcionam, certo? Nesse capítulo nos focamos em entender como a ação das cargas combinadas atuam e como podemos expressa-las em números. Utilizamos como exemplo, para entendermos melhor a atuação desse tipo de carga o estudo de vasos de pressão. Vimos que nos vasos de pressão de parede fina (r/t ≥ 10), a variação da distribuição da tensão pela a espessura não será significativa, assim consideramos que ela é constante. Para nosso estudo, vimos o comportamento das cargas combinadas em vasos cilíndricos e vasos esféricos. Para os vasos cilíndricos determinamos as tensões normais σ1 na direção circunferencial e σ2 no sentido longitudinal ou axial. Ambas essas componentes da tensão exercem tração sobre o material. Para os vasos esféricos vimos que, por comparação, a tensão longitudinal é calculada da mesma forma que no vaso de pressão cilíndrico. Além do mais, pela análise, essa tensão será a mesma independentemente da orientação do diagrama de corpo livre hemisférico. Resistência dos Materiais 46 REFERÊNCIAS ALLEN III, J. H. Mechanics of Materials for Dummies. Indianapolis: Editora For Dummies, 2011. ALVES, C. C. Mecânica: projetos e ensaios mecânicos. São Paulo: Editora Fundação Anchieta, 2011. BEER, F. P.; JOHNSTON Jr. R. Resistência dos materiais. São Paulo: Makron Books, 1996. BUENO, C.; VENTAVOLI, F. Princípios de Resistência dos Materiais. Publicação digital: livro eletrônico, edição kindle, 2016. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. São Paulo: Pearson, 2014. MARK, J.; WAQAR, A. Surface Engineered Surgical Tools and Medical Devices. São Paulo: Springer, 2007. MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. São Paulo: Editora Érica, 2002. NASH, W.; POTTER, M. C. Resistência dos Materiais. São Paulo: Bookman, 2014. PINHEIRO, A. C. F. B.; CRIVELARO, M. Fundamentos de resistência dos Materiais. 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