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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Engenharia RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS BÁSICA Lúcia Schmidt de Andrade Lima I - CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1- APRESENTAÇÃO A construção de uma edificação, ponte, torre, máquina ou até mesmo de qualquer artefato requer sempre que seja garantida a estabilidade daquilo que se está construindo quando sob a ação das solicitações correspondentes à sua finalidade. Assim, uma ponte não deve ruir sob a ação do seu próprio peso ou dos veículos que sobre ela trafeguem, uma edificação deve manter-se estável quando sobre ela transitam pessoas, se posicionem móveis etc, e assim sucessivamente. Todos os exemplos mencionados possuem, portanto, elementos que são projetados para garantir a estabilidade do conjunto quando em utilização. A este conjunto de elementos que têm a finalidade de sustentação de uma obra denominamos estrutura. As estruturas compõem-se de uma ou mais peças, ligadas entre si e ao meio exterior de modo a formar um conjunto estável, isto é, capaz de receber solicitações externas, absorvê-las internamente e transmití-las até seus apoios, onde estas solicitações externas encontrarão seu sistema estático equilibrante. O projeto de uma estrutura envolve sempre as seguintes etapas: - Projeto geométrico da obra – Arquitetura - Definição geométrica da estrutura - Definição de materiais - Identificação de vínculos internos e externos (apoios) - Cálculo dos esforços seccionais na estrutura - Verificação da estabilidade dos elementos estruturais (função do material e dos esforços atuantes) A Análise Estrutural é a parte da Mecânica que estuda as estruturas, consistindo no estudo dos esforços internos a que elas ficam submetidas quando solicitadas por agentes externos (cargas, variações térmicas, movimento de seus apoios etc.) A Resistência dos Materiais propriamente dita permite a quantificação das tensões atuantes nos diferentes pontos e direções da estrutura em função desses esforços internos, bem como a verificação da estabilidade da estrutura, que se faz comparando-se as tensões nela atuantes à capacidade que o material de que foi construída apresenta de resistir a essas tensões, sem que ocorra ruptura ou deformação inaceitável nas peças estruturais. 1 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 2- ELEMENTOS DE UMA ESTRUTURA As peças que compõem uma estrutura são tridimensionais, podendo apresentar uma das características a seguir: a) duas dimensões muito pequenas em relação à terceira. É o caso das barras ou hastes. Neste caso, que corresponde ao da maioria das estruturas da prática, a maior dimensão é o comprimento da peça, estando as duas outras no plano da chamada seção transversal da peça. O estudo estático das barras faz-se considerando-as unidimensionais, isto é, representadas pelos seus respectivos eixos longitudinais (lugar geométrico dos centros de gravidade de suas sucessivas seções transversais). Uma barra será reta ou curva conforme seu eixo seja reto ou curvo e uma estrutura composta por barras será dita plana ou espacial se os eixos das diversas barras que a compõem, respectivamente, estiverem ou não contidos em um único plano. b) Uma dimensão é pequena em relação às outras duas. Este é o caso das placas (superfícies planas) e das cascas (superfícies curvas). c) As três dimensões são da mesma ordem de grandeza. Neste caso, o elemento estrutural é denominado bloco O escopo deste curso, dado o seu caráter básico, está limitado ao estudo de estruturas compostas por barras. 3- CONCEITO DE FORÇA Pode-se dizer que o conceito de força é intuitivo. Representa uma ação exercida sobre um corpo qualquer, ação essa intimamente associada ao movimento de translação que possa impor a esse corpo. As forças são grandezas vetoriais, caracterizadas, portanto, por direção, sentido e intensidade. Sua unidade no sistema internacional é o Newton (N). Em Engenharia estrutural, onde as forças são denominadas cargas, é importante também a definição do ponto de aplicação da força sobre a estrutura. Pode-se classificar as forças em duas categorias: - de contato – transmitem-se através do contato físico entre um corpo que exerce a força e outro sobre o qual ela é exercida. - De ação a distância – devem-se à existência de campos agindo sobre o corpo, tais como forças elétricas, forças magnéticas e peso dos corpos (ação da gravidade). 2 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 4- CONCEITO DE MOMENTO Momento é uma grandeza associada ao movimento de rotação que uma força produz em torno de um ponto. O exemplo da figura abaixo pode ilustrar esse conceito: A B C Seja a barra da figura suportada em B por um cutelo. É intuitivo perceber que o peso (força) a ser colocado em A para anular a tendência à rotação da barra em torno do cutelo é inferior a 10 kN, por estar o ponto A mais afastado do cutelo que o ponto C. Assim, pode-se afirmar que a grandeza capaz de representar a tendência à rotação em torno de um ponto provocada por uma força é proporcional à intensidade da força e à sua distância ao ponto considerado. Tal grandeza é denominada momento, que pode ser definido como a seguir: Chama-se momento de uma força F em relação a um ponto O ao produto vetorial do vetor OM (sendo M um ponto qualquer situado sobre a linha de ação da força F ) pela força F , como mostrado na figura abaixo. 10 kN O F P M m α d 2 m 4 m O vetor momento é, em geral, representado por seja confundido com uma força. Sua direção é contém a reta suporte da força F e o ponto O; se quando se faz os demais dedos da mão direita g F em torno do ponto O (regra da mão dire FdFOMm == αsen , ou seja, pelo produto do m distância do ponto O à sua linha de ação. A un internacional é N.m (Newton.metro) 3 FOMm Λ= uma seta dupla, para que não perpendicular ao plano P, que u sentido é o do dedo polegar, irarem no sentido da rotação de ita); seu módulo é dado por ódulo da força F pela menor idade de momento no sistema Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 5- CONCEITO DE BINÁRIO Um sistema de duas forças paralelas de mesmo módulo e de sentidos opostos, como o mostrado na figura abaixo, tem a propriedade de possuir resultante nula e momento constante em relação a qualquer ponto do espaço. FO M M’ F O momento das duas forças F em relação ao ponto genérico O será dado por: FMMFOMFOMm Λ=Λ−Λ= '' O momento do sistema independe, portanto, da posição do ponto O. Diz-se, neste caso, que as duas forças formam um binário, cujo efeito em relação a qualquer ponto do espaço é invariante. 6- REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO A figura abaixo é capaz de mostrar que para se reduzir um sistema de forças qualquer a um determinado ponto no espaço, basta transferir todas as forças para esse ponto, acrescentando, para cada uma delas, seu momento em relação ao ponto. A F F F F Pode-se d estaticame momento 7- COND Para que equilíbrio, translação O F− = izer, portanto, que nte equivalente, resultante m em re IÇÕES DE EQUILÍ um corpo subme é necessário que ou rotação a este A todo siste composto d lação a qua BRIO DE UM tido à ação essas forças corpo, o qu 4 O = ma de forças é redutív e uma força resultan lquer ponto O do espaço CORPO de um sistema de f não provoquem nenhu e só ocorre se tanto a Resistênci Pr m el a um sistema te R e de um . orças esteja em ma tendência de resultante R das a dos Materiais Básica ofa. Lúcia Schmidt forças como o momento resultante m dessas forças em relação a um ponto qualquer forem nulas, conforme definições apresentadas no item anterior. A condição necessária e suficiente para que um corpo submetido à ação de umsistema de forças esteja em equilíbrio é, portanto, que essas forças satisfaçam às equações vetoriais abaixo: = = 0 0 m R Considerando-se que tanto as forças iF que compõem o sistema, como seus momentos iM em relação a um ponto qualquer são grandezas vetoriais, pode-se afirmar que ambas podem ser desmembradas em três componentes nas direções dos três eixos (x, y e z) de um sistema tri-ortogonal de referência. Assim, as duas equações vetoriais de equilíbrio podem ser substituídas pelas seis equações universais da estática mostradas abaixo, as quais regem o equilíbrio de um sistema de forças no espaço. = = = = = = ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ = = = = = = 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 n i i n i i n i i n i i n i i n i i Mz My Mx Z Y X Onde: • são as projeções das forças que compõem o sistema, respectivamente, nas direções dos eixos x, y e z. iii ZYX ,, iF • são as projeções dos momentos das forças em relação a um ponto qualquer do espaço, respectivamente, nas direções dos eixos x, y e z. iii MzMyMx ,, iF • n é o número de forças que compõem o sistema considerado 7.1- Casos particulares a) Sistema de forças p ralelas no espaço: x z 2F 1F o 4F a F y F 3F = = = ∑ ∑ ∑ 0 0 0 Z My Mx 5 3 5 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Como, neste caso, não há componentes de forças nas direções dos eixos aos quais elas são ortogonais (x e y, no caso da figura) nem componentes de momentos na direção do eixo ao qual as forças são paralelas (z, no caso da figura), as equações de equilíbrio do sistema reduzem-se às três equações mostradas acima. Este tipo de sistema de forças é o que se observa nas estruturas denominadas grelhas planas, que são definidas como estruturas planas compostas por barras, sobre as quais atuam, exclusivamente, cargas perpendiculares ao plano da estrutura. b) Sistema de forças coplanares: y o Como, nes são ortogo relação a ortogonal equações Este tipo quadros p sobre as q = = ∑ ∑ 0 0 Y X1F 3F te c nai qua a es mos de s lan uais 2F aso, não s (z, no lquer pon se plano, tradas ac istema de os, que s atuam, e =∑ 0Mz há ca to as im f ão xc x 4F componentes de forç so da figura) e os m situado no mesmo p equações de equilíb a. orças é o que se obs definidos como estrut lusivamente, cargas s 6 as na direção do eixo ao qual elas omentos de todas as forças em lano que as contem será sempre rio do sistema reduzem-se às três erva nas estruturas denominadas uras planas compostas por barras, ituadas no plano da estrutura. Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt II- INTRODUÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL 1- GRAUS DE LIBERDADE DE UMA ESTRUTURA Já mostramos que a ação de qualquer sistema de forças no espaço em relação a um ponto pode-se reduzir à sua resultante e à de seu momento resultante em relação ao ponto considerado. Sabemos também que tais resultantes de força e momento provocam, respectivamente, tendências de translação e rotação dos pontos considerados. Como, no espaço, tanto uma translação como uma rotação podem ser expressas por suas componentes segundo 3 eixos triortogonais, diz-se que uma estrutura no espaço possui seis graus de liberdade (3 translações e 3 rotações). Para que se estabeleça o equilíbrio da estrutura quando sob o efeito de cargas solicitantes, esses seis graus de liberdades devem ser restringidos, ou seja, devem-se adicionar ao sistema novas forças que façam com que sejam atendidas as equações universais da estática, já apresentadas no capítulo anterior. Essa restrição é dada por apoios, que impedem as diversas tendências possíveis de movimento, através do aparecimento de reações desses apoios sobre a estrutura, nas direções dos movimentos que eles restringem. 2- APOIOS / REAÇÕES / ESTATICIDADE Os apoios são os vínculos que ligam uma estrutura a elementos externos ao sistema estrutural considerado. A função dos mecanismos de apoio é a de restringir graus de liberdade das estruturas, despertando com isso reações nas direções dos movimentos impedidos. Eles são classificados de acordo com o número de graus de liberdade permitidos ou, mais usualmente, com o número de movimentos impedidos, que é igual ao número de reações que fazem surgir sobre a estrutura, considerando-se os três eixos triortogonais de referência. Observe-se, para melhor compreensão, as figuras (a) e (b) abaixo: Rz Ry Rx Rz Mz Mx (a) (b) My y z x 7 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Na figura (a) tem-se uma estrutura apoiada sobre uma esfera perfeitamente lubrificada. A translação na direção vertical oz é o único movimento que este apoio é capaz de impedir, fazendo atuar sobre a estrutura a reação Rz. Ele representa, portanto, um apoio com 5 graus de liberdade ou com um movimento impedido. O apoio mostrado na figura (b) é capaz de impedir todos os movimentos de translação ou rotação na estrutura, no ponto em que se localiza. Ele é, portanto, um apoio sem grau de liberdade (ou com todos os movimentos impedidos), capaz de fazer atuar sobre a estrutura as seis reações de apoio (3 forças e 3 momentos) mostradas na figura. No caso de estruturas planas carregadas exclusivamente no próprio plano, que é o mais freqüente em Análise Estrutural, há apenas três graus de liberdade a restringir: 2 movimentos de translação em duas direções ortogonais no plano da estrutura; 1 rotação em torno do eixo ortogonal ao plano da estrutura. Os apoios utilizáveis para impedir tais movimentos são: a) Apoio do 1o gênero ou charriot: x y b) Apoio do 2o gênero ou rótula: c) Apoio do 3o gênero ou engaste Vimos que a função dos apoios é limitar os graus d Três casos poderão acontecer: x y H x y 8 R Rx ou e liberdade de uma estrutura. Ry ou V M V Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt - Os apoios são em número estritamente necessário para impedir todos os movimentos possíveis da estrutura: neste caso, o número de reações de apoio a determinar (incógnitas) é igual ao número de equações de equilíbrio disponíveis envolvendo essas incógnitas, que poderão ser determinadas através de um sistema de equações determinado. Diz-se, então que a estrutura é isostática, ocorrendo uma situação de equilíbrio estável. - Os apoios são em número inferior ao necessário para impedir todos os movimentos possíveis da estrutura: neste caso, havendo mais equações de equilíbrio do que incógnitas a determinar, tem-se um sistema de equações impossível. Isso significa que a estrutura será instável, sendo denominada hipostática. Podem ocorrer, neste caso, algumas situações em que o próprio sistema de cargas atuantes consiga atender às equações de equilíbrio, estando impedidos os movimentos que os apoios não são capazes de restringir. Quando isso ocorre, tem-se uma situação de equilíbrio instável, pois qualquer nova carga introduzida pode levar a estrutura à ruína, já que os apoios não serão capazes de impedir os movimentos que essa nova carga produz. Estruturas hipostáticas não são admissíveis em construções. - Os apoios são em número superior ao necessário para impedir todos os movimentos possíveis da estrutura: neste caso, há menos equações do que incógnitas a determinar, o que conduz a um sistema indeterminado. As equações universais da estática não serão suficientes para que se determinem as reações de apoio, havendo uma infinidade de soluções possíveis para o sistema de equações. Neste caso, são necessárias equações adicionais baseadas na compatibilidade das deformações, que permitam definir qual dessas soluções é a verdadeira, “levantando-se”, assim, a indeterminação do sistema.A estrutura será dita hiperestática e seu equilíbrio será estável. 3- CARGAS EM ESTRUTURAS Todas as forças aplicadas sobre uma estrutura, denominadas cargas ou solicitações, são transmitidas através de uma superfície de contato. Uma carga é dita concentrada quando a área dessa superfície de contato é tão pequena que pode ser considerada nula, sem que o erro cometido com essa simplificação seja significativo para efeitos de cálculo estrutural. Caso contrário, a carga é considerada distribuída. Os tipos mais usuais de cargas distribuídas que ocorrem na prática em estruturas compostas de barras (que podem ser representadas pelos eixos longitudinais de seus elementos) são as cargas uniformemente distribuídas e as cargas triangulares (mais comum em casos de empuxos de terra e de água) mostradas na figura abaixo. Carga triangular q Carga uniformemente q 9 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Como uma carga distribuída pode ser encarada como uma soma infinita de cargas concentradas aplicadas sobre áreas infinitesimais (q.ds), a resultante de um carregamento distribuído genérico como o mostrado na figura abaixo será igual a: o q s R s ∫= B A dsqR . ou seja, é igual à área limitada entre a curva que define a variação do carregamento e o eixo da estrutura A O ponto de aplicação dessa resultante é definido p gravidade dessa área. 4- CONCEITO DE ESFORÇOS SECCIONAIS Considerando uma peça estrutural submetida a sabemos que a peça encontra o equilíbrio através surgem nos vínculos externos existentes, os deslocamento. Os efeitos estáticos que esse conju apoio provocam em cada uma das seções transvers denominados esforços seccionais. Consideremos, na figura, submetido a um conjunto de forças (carreg em equilíbrio. G S P 10 q.d s B ela abscissa s do centro de um carregamento qualquer, das reações de apoio que quais impedem seu livre nto de cargas e reações de ais da peça em questão são assim, o corpo representado amentos e reações de apoio) Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Seccionemos o corpo por um plano P, que o intercepta segundo uma seção S, dividindo-o em duas partes A e B. A R R M B M Para manutenção do estado de equilíbrio em cada uma das partes, é necessário aplicar na seção S um sistema estático equivalente ao das forças aplicadas na parte suprimida. Tal sistema estático pode sempre ser desmembrado em um vetor força (R) e um vetor momento (M) aplicados no centro de gravidade da seção. Assim se definem os esforços seccionais em uma seção S de uma peça, os quais podem ser quantificados quer utilizando-se todas as forças atuantes à esquerda da seção, quer utilizando-se as forças à sua direita. Decompondo-se o vetor R em uma componente perpendicular à seção S e outra situada no próprio plano P, obtemos, respectivamente, o esforço normal e o esforço cortante atuantes na seção, podendo ainda este último ser decomposto em duas componentes, nas direções dos dois eixos de referência ortogonais à normal ao plano P. Da mesma forma, se o vetor M for decomposto em uma componente normal e outra no plano P, teremos, respectivamente, os momentos torsor e fletor. Assim como o esforço cortante, o momento fletor pode ser decomposto em duas componentes ortogonais entre si, nas direções dos dois eixos coordenados situados no plano P. Numa seção transversal s de uma barra de uma estrutura espacial qualquer, tomando-se um sistema de eixos coordenados onde o eixo x tem a direção longitudinal à barra, são, portanto, seis os esforços seccionais considerados: N(s) → esforço Normal = Rx Qy(s) → componente do esforço cortante na direção y = Ry Qz(s) → componente do esforço cortante na direção z = Rz T(s) → momento torsor = Mx My(s) → componente do momento fletor na direção y = My Mz(s) → componente do momento fletor na direção z = Mz 11 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt No caso particular dos quadros planos, as cargas atuantes, necessariamente contidas no plano da estrutura, fazem com que tenhamos apenas três tipos de esforços seccionais a considerar: momento fletor, esforço normal e esforço cortante. Da mesma forma, como, por definição, as cargas nas grelhas planas são sempre perpendiculares ao plano da estrutura, tais estruturas só admitem três tipos de esforços seccionais: momento fletor, momento torsor e esforço cortante. 5- TENSÕES Conforme já visto, os esforços seccionais transmitem-se de um lado para o outro de uma peça seccionada por um plano através de uma superfície de contato chamada seção transversal da peça. Tomando-se a parcela força dos esforços em uma seção transversal, ela pode ser entendida como a soma de forças moleculares transmitidas através de elementos dessa superfície. Suponha-se uma força F∆ que atue sobre um elemento de uma superfície S qualquer, conforme mostrado na figura abaixo: S∆ ∆S ∆F -∆F S tm Chama-se tensão média no elemento a relação: S∆ S Ftm ∆ ∆ = A título de ilustração do conceito apresentado, pode-se dizer que quando ocorre ruptura em uma barra segundo uma seção transversal, houve separação das moléculas situadas em lados opostos desta seção, porque as tensões atuantes superaram a resistência oferecida pela coesão intermolecular. Se considerarmos um ponto P de uma seção transversal qualquer de uma peça estrutural, a tensão t nesse ponto é definida considerando-se um elemento de área no entorno do ponto e a parcela de força nesse elemento. S∆ F∆ 12 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt S Na realidade, a portando, numa dS Fdt = Como qualquer ortogonais entre e outro ortogona Se considerarm transversal, já s momento fletor Considerando binário de força qualquer ponto as figuras abaix compressão na tensões de cisa τ P tensão grand A U grande si: um l ao pl os a abemo e o mo que um s com do esp o, que seção lhamen F F σ , assim como a eza vetorial, que unidade de tens m Pa é igual a u za vetorial, a te no plano da se ano da seção S, parcela moment s que ela pode mento torsor. momento po efeito equivalen aço igual ao mo o momento flet transversal ond to (τ) nos ponto d M A tensão t no ponto P da seção S é definida por: dFF ∆ ∆ dSS t S = ∆ = →∆ 0 lim força, possui direção e sentido, consistindo, representa a força por unidade de área. ão no sistema internacional é o Pa (Pascal). m N/m2. nsão pode ser decomposta em dois vetores ção S, chamado tensão de cisalhamento (τ), denominado tensão normal (σ). o dos esforços seccionais em uma seção ser desmembrada em duas componentes: o de ser fisicamente interpretado como um te (resultante nula e momento em relação a mento dado), pode-se perceber, observando or gera tensões normais (σ) de tração e de e atua, enquanto o momento torsor produz s dessa seção. T F d F σ -σ 13 Resistênci Pr τ Momento Momento ∆ a dos Materiais Básica ofa. Lúcia Schmidt 6- LINHAS DE ESTADO Cada esforço secional em uma seção transversal de uma estrutura submetida a um sistema de forças ou cargas atuantes já foi definido como uma das componentes de forças e momentos resultantes que se transmitem de um lado para o outro da estrutura quando se supõe que ela seja cortada pelo plano da seção transversal considerada. Assim, um esforço seccional é função das cargas atuantes de um dos lados da seção de corte e, conseqüentemente, da própria seção considerada. Linhas de estado ou diagramas de esforços são, para cada esforço seccional considerado, curvas traçadas sobre o eixo longitudinal da estrutura (quando ela é composta de barras), que têm por objetivo representarcomo varia o esforço considerado ao longo das sucessivas seções transversais da estrutura. Para o traçado dos diagramas de esforços tomam-se como eixos coordenados em cada barra o seu eixo longitudinal (eixo das abscissas, onde se identificam as seções transversais) e o eixo a ele ortogonal (eixo das ordenadas, sobre o qual se assinalam, em escala, os valores do esforço considerado, função da seção transversal). 7- CONVENÇÕES DE SINAIS a) Esforço Normal (N) - S + ds ds ) b) Esforço cortante (Q) S - + N(+ ds 14 Resistên P N(-) ds Q(+) Q(-) cia dos Materiais Básica rofa. Lúcia Schmidt c) Momento fletor (M) Obs: O diagrama de momentos fletores é sempre traçado no lado correspondente às fibras tracionadas da seção. d) Momento torsor (T) S ds M(+) ds M(-) - + S ds ds - + T(-) T(+) 8- RÓTULA No item 3 deste capítulo, falamos sobre os diversos tipos de apoios existentes. Os apoios representam vínculos entre a estrutura e o meio externo, capazes de produzir reações que impeçam os movimentos da estrutura. Após apresentarmos o conceito de esforços internos já é possível conceituar vínculo interno. Vimos que uma seção transversal é capaz de transmitir tensões de um lado para o outro da estrutura que ela secciona e que as resultantes dessas tensões são os chamados esforços seccionais. Assim, as seções transversais podem ser interpretadas como vínculos entre as duas partes da estrutura que elas separam. Através de tais vínculos internos à estrutura, desenvolvem-se reações de um lado sobre o outro da estrutura que, além de garantirem o equilíbrio de cada uma das partes, impedem os movimentos relativos da estrutura na seção considerada (rotação, na direção do momento fletor; translação longitudinal, na direção do 15 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt esforço normal e translação transversal, na direção do esforço cortante, no caso de estruturas planas). Um tipo de vínculo interno que merece ser destacado nesse curso é a rótula. A rótula é um vínculo interno que impede os movimentos de translação relativa (longitudinal e transversal), mas permite a livre rotação relativa entre as duas barras que ela liga. Em estruturas de máquinas e mesmo em algumas estruturas metálicas, são exemplos de rótulas as dobradiças. Em edificações de concreto, o exemplo mais comum de rótula é o dente Gerber. Os exemplos citados, bem como sua representação em esquema estrutural, são apresentados na figura abaixo: barra A barra B barra B barra A barra A barra B representação esquemática da rótula Pode trans fletor Com igual uma incor de a siste a qu situa apre A VA dobradi -se dizer, assim, que atravé mitem-se esforços normais e es, ou seja, o momento fleto o conhecemos, a priori, o val a zero, concluímos que cada equação adicional, além porada ao sistema de equaç poio em uma estrutura, red ma e, em conseqüência, a hip e nos referimos envolverá t das de um mesmo lado da senta-se abaixo, dois exemplo B HB Incógnitas: VA, VB, HB Equações: = = = ∑ ∑ ∑ 0 0 0 M V H VB dente s da seção transversal que contém uma rótula cortantes, mas não se transmitem momentos r na seção da rótula é sempre nulo. or do momento fletor na seção da rótula, que é rótula existente em uma estrutura pode fornecer das equações de equilíbrio estático, a ser ões que utilizamos para determinar as reações uzindo, assim, o grau de indeterminação do erestaticidade da estrutura. A equação adicional odas as cargas atuantes e reações de apoio seção da rótula. Para melhor compreensão, s de estruturas isostáricas. R A B VA VB HB HA = = = = ∑ ∑ ∑ 0 0 0 0 RM M V H Incógnitas: VA, VB, HA HB Equações: 16 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt III – ESTUDO DAS VIGAS ISOSTÁTICAS 1- EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA Seja a viga abaixo, submetida ao carregamento indicado: a dx S qdx q=q(x) x xo b Os esforços ∫−= s xaS sVM ∫−= s xoaS qVQ Derivando-se seção transv ∫−= aS Vds dM )(sq ds dQS −= A partir das característica seccionais em qualquer: - O coeficie seção S é V a s seccionais em S são dados por: ( ) ( ) ( ) ( )∫∫ +−=− s xo s xoao dxxqxdxxqssVdxxqxs .. ( )dxx as duas expressões acima em relação à abs ersal na qual são quantificados os esforços, obté ( ) =s xo S Qdxxq → Equações fundamentais equações fundamentais da estática, podem-se s importantes que devem ser observadas nos d um trecho de uma barra submetido a um carr nte angular da tangente ao diagrama de mom igual ao esforço cortante nela atuante. 17 Resis V b cissa s que define a m-se: da estática relacionar algumas iagramas de esforços egamento distribuído entos fletores numa tência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt - O coeficiente angular da tangente ao diagrama de esforços cortantes numa seção S é igual ao valor da taxa de carga atuante nesta seção, com sinal trocado. - Em um trecho de barra onde não haja carregamento distribuído, o diagrama de cortantes será uma reta horizontal (Q=cte) e o diagrama de momentos será retilíneo (coeficiente angular da tangente à curva =cte). - Em um trecho de barra onde haja carregamento uniformemente distribuído, o diagrama de cortantes será uma reta inclinada (curva de 1o grau) e o diagrama de momentos será uma curva de 2o grau (parábola). - Em uma seção transversal onde houver uma carga concentrada aplicada, haverá necessariamente uma descontinuidade no diagrama de esforços cortantes, sem, no entanto, haver diferença em sua inclinação nos dois lados da seção. O diagrama de momentos fletores apresenta, nesse caso, um ponto anguloso na seção onde se encontra a carga concentrada. - Nas seções correspondentes a pontos de máximo ou mínimo no diagrama de momentos fletores (coeficiente angular nulo), o valor do esforço cortante será nulo. As equações fundamentais da estática permitem, desta forma, a verificação da coerência de diagramas de esforços cortantes e de momentos fletores traçados, entre si e em relação ao carregamento atuante na estrutura. 2- VIGAS BIAPOIADAS a) Carga concentrada Ms _ + VA S A B VB l b a x P M Q 18 Condições de equilíbrio: lVaPM PVVV BA BA ×=×⇒= =+⇒= ∑ ∑ 0 0 l PbV l PaV A B = = Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Cálculo dos esforços: ( ) ( ) ≥⇒−− ≤⇒= = axaxPxV axx l PbxV xM A A ⇒ na seção S (x=a) ⇒ ( ) l PabaMM S == ( ) 〉⇒− 〈⇒ = axV axV xQ B A ⇒ na seção S (x=a) ⇒ descontinuidade A solução é análoga para mais de uma carga concentrada aplicada na viga. b) Carga uniformemente distribuída ql qx + _ M Mmax Ms Q q VA x A S B VB l Cálculo dos esforços em uma seção S genérica, de a ( ) 222 2qxxqlxqxxVxMM AS −=−== ⇒ Curva do se para x=0 → M(x)=0 para x=l → M(x)=0 19 Condições de equilíbrio: lVqlM lqVVV BA BA ×=⇒= ×=+⇒= ∑ ∑ 2 0 0 2 2 2 qlV qlV A B = = bscissa x: gundo grau em x (parábola) Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt pesquisa da abscissa do ponto de momento máximo: M(x) é máximo → ( ) ( ) 0== xQ dx xdM → 0 2 =− qxql → 2 lx = 82 2 max qllMM = = ( ) qxqlqxVxQQ AS −=−== 2 ⇒ curva do primeiro grau em x (reta) para x=0 → ( ) 2 qlx =Q para x=l → ( ) 2 qlxQ −= para x ( ) 0 2 =→= xQl c) Carga triangular M + VA A px 2 plR = 3/l x Q Ms S l lMmax _ Condições de equilíbrio: lVlplM plVVV AA BA ×=×⇒= =+⇒= ∑ ∑ 32 0 2 0 3 6 plV plV B A = = p B VB 20 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Cálculo dos esforços em uma seção S genérica, de abscissa x: ( ) l pxxplx l pxxVxMM AS 6632 32 −=×−== ⇒ Curva do terceiro grau em x para x=0 → M(x)=0 para x=l → M(x)=0 pesquisa da abscissa do ponto de momento máximo: M(x) é máximo → ( ) ( ) 0== xQ dx xdM → 0 26 2 =− l pxpl → lx 577,0= ( ) 2max 064,0577,0 pllMM == ( ) l pxpl l pxVxQQ AS 262 22 −=−== ⇒ curva do segundo grau em x (parábola) para x=0 → ( ) 6 plx =Q para x=l → ( ) 3 plxQ −= para x ( ) 0577,0 =→= xQl d) Carga-momento A B M VA VB a l _ M Q b S -M/l 21 Condições de equilíbrio: - As reações de apoio capazes de equilibrar uma carga momento é o binário composto por: l MVBA ==V - Os diagramas de momentos fletores e esforços cortantes mostrados na figura são, Ma/ Mb/ Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt e) Caso geral de carregamento: É comum na prática o caso de viga submetida a carga continuamente distribuída que não abrange todo o seu vão, como mostrado na figura abaixo: M Q Para C, d mant pode carre conc suas traça Pode assin calcu valor viga Em g carre supe igual A faze esde er o rá gam entr extr dos -se alan lado es e biap eral gam rpos à so B 8 qa + r recair num que se apl equilíbrio de ser tratado ento externo ados que rep emidades. O , separadame observar que do-se nos po s para essas m cada trech oiada submet , uma viga co entos apres ição de efeit ma dos diag C 2 _ problem ique n cada como que lh resent s diagr nte, pa o dia ntos A seçõe o da v ida ao stuma entado os, ou ramas D VA es tr u e a a ra gr , s ig c e s s o VD a conhecido, pode- ses pontos os es echo obtido. Feito ma viga biapoiad está diretamente a m a ação dos res mas de momentos cada um dos trec ama de momentos B, C e D, respec e “pendurando-se a, o diagrama de arregamento que lh star submetida a m . Neste caso, é eja, o diagrama d btidos para cada u 22 B 8 2qa se romper a viga forços ali atuant isto, o trecho BC a independente plicado e às carg pectivos esforços e de cortantes p hos considerados da viga comple tivamente, os mo ” na linha traceja momentos caract e é diretamente a ais de um dentre sempre válido e qualquer esforç ma das cargas ap Resistência Prof C MB MC q q MB MC a MB MC +VA -VD VA VD nas seções B e es, de forma a , por exemplo, submetida ao as e momentos seccionais em odem então ser . ta AD é obtido mentos fletores da que une tais erístico de uma plicado. os exemplos de o princípio da o na viga será licadas sobre a dos Materiais Básica a. Lúcia Schmidt viga, isoladamente. Para se obter o diagrama de momentos fletores, por exemplo, costuma-se assinalar, como pontos notáveis da estrutura, todas as seções onde estejam aplicadas cargas ou momentos concentrados, assim como aquelas onde se inicia ou se encerra cada um dos carregamentos distribuídos. Nesses pontos notáveis, calcula-se, então, o esforço considerado, utilizando-se sempre apenas as cargas e reações situadas em um dos lados da estrutura em relação ao ponto. A seguir, aplica-se em cada trecho da viga, pendurado sobre a linha de ligação, o diagrama correspondente ao carregamento diretamente aplicado naquele trecho, como se ele fosse biapoiado. 3- VIGAS ENGASTADAS E LIVRES P q A B P _ QB a b VC l M 8 2qa 8 2qb MB C MC Condições de equilíbrio: Esforços na seção B: qaQ qaM B B −= = 2 2 PbqlMM PlqVV CC C +=⇒= +×=⇒= ∑ ∑ 2 0 0 2 MC Q VC 23 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 4- VIGAS BIAPOIADAS COM BALANÇOS Numa viga biapoiada com balanços como a mostrada na figura abaixo, todos os conceitos e artifícios apresentados até o momento são aplicáveis no cálculo e traçado de diagramas dos esforços seccionais da peça. q C B P2 P4 P1 P3 A D q P2 P3 P4 MB MC P1 P3+P4 P1 VB VC MC MB 5- V Seja M _ _ + + P4 P1 VB P2 VC P3 Q IGAS GERBER a estrutura apresentada na figura abaixo: A C B D 24 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Se o trecho CD for carregado, sua estabilidade estará condicionada à capacidade do trecho AC de, através do ponto C, absorver as forças transmitidas e oferecer as reações necessárias ao equilíbrio do trecho CD. Se, por outro lado, for AC o trecho carregado, como esse trecho tem estabilidade própria o carregamento encontrará nele mesmo suas reações equilibrantes e nenhum efeito será transmitido ao trecho CD. Tudo se passa, portanto, como se o trecho CD se apoiasse sobre o trecho AC da estrutura. No exemplo, o ponto C é um ponto de transmissão de forças e não de momento fletor, já que não impede a rotação relativa entre os trechos que liga. Ele pode ser representado por uma rótula no esquema estático da estrutura, que será o mostrado na figura abaixo: A P1 P2 B P5 P6 C D P3 P4 D P5 P6 C Do esquema deduz-se que o trecho AC será resolvido com as cargas que lhe são diretamente aplicadas, acrescidas das forças Vc e Hc transmitidas pela rótula C, recaindo-se, assim, na resolução de uma viga biapoiada (CD) e de uma viga biapoiada com balanço (AC). Chama-se viga Gerber a esse tipo de associação de vigas com estabilidade própria sobre as quais se apoiam outras vigas, constituindo, assim, um conjunto estável. A P1 P2 B HC P3 P4 VC C HC VC VD 25 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt IV – ESTUDO DE ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS PLANAS Este capítulo será dedicado ao estudo dos quadros planos e das grelhas planas, ambos exemplos de estruturas compostas por barras inteiramente contidas em um único plano, que diferem entre si pela posição das cargas atuantes em relação ao plano da estrutura: - Chama-se quadro plano a estrutura plana que é solicitada exclusivamente por cargas contidas no próprio plano da estrutura. - Chama-se grelha plana a estrutura plana que é solicitada exclusivamente por cargas ortogonais plano da estrutura. Para validade dessas definições, uma carga-momento concentrado deve ser interpretada como o efeito duas cargas iguais e contrárias (binário), que podem estar contidas no plano da estrutura ou em plano a ela ortogonal. 1- QUADROS PLANOS As equações de equilíbrio estático disponíveis para determinação de reações de apoio em quadros planos, considerando-se que não há cargas nem reações na direção transversal ao plano da estrutura (plano xy), são as três equações a seguir: == == == ∑∑ ∑∑ ∑∑ 0 0 0 Pz x y MM HF VF Como já vimos anteriormente, cada rótula existente no quadro plano, interceptando uma de suas barras ou posicionada em um de seus vértices, representa uma seção onde o momento fletor é conhecido e igual a zero. A cada rótula corresponde, portanto, uma equação adicional ao sistema das três equações de equilíbrio, a qual envolve parte das cargas atuantes e das reações de apoio a determinar. Assim, a existência de uma rótula permite ampliar número de reações de apoio que podem ser determinadas pelo sistema de equações disponíveis, mantida a condição de isostaticidade do quadro. Determinadas as reações de apoio em um quadro plano, a determinação dos esforços seccionais nas sucessivas seções transversais, bem como o traçado de seus diagramas, se faz exatamente obedecendo-se aos mesmos princípios apresentados no estudo devigas isostáticas, sendo também válidos todos os artifícios aplicáveis a cada caso de carregamento que se apresente. 26 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt São exemplos de quadros planos isostáticos, os mostrados na figura abaixo: Assim como as vigas podem se associar formando vigas gerber, quadros que possuem estabilidade própria também podem servir como apoios para outros quadros ou vigas, formando um quadro composto. Nesse caso, para sua solução, a estrutura será também desmembrada em quadros que servem como apoio e outros quadros que neles se apoiam (todos isostáticos), recebendo os primeiros, além das cargas que lhes são diretamente aplicadas, as reações de apoio dos segundos, devidamente invertidas. A figura abaixo exemplifica o problema: 27 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 2- GRELHAS PLANAS Define-se grelha plana como uma estrutura plana submetida a carregamento perpendicular a seu plano. Tendo em vista essa definição, supondo-se que o plano da grelha seja o plano xy, seu equilíbrio será regido pelas três equações da Estática abaixo: = = = ∑ ∑ ∑ 0 0 0 y x z M M F Uma grelha será então isostática quando houver apenas três incógnitas a determinar. Os tipos mais comuns de grelhas isostáticas são os indicados na figura abaixo: x y d c c Ta a b d b a z Conhecendo as rea solicitantes numa s respectivos diagrama tendo em vista a natu seccionais: esforço c Da mesma forma q seccionais numa g considerando-se toda um dos lados da se também é válido o biapoiada, desde que V ç e s r o u re s ç ar M ões de apoio, passe ção genérica S de u . Pode-se afirmar que, eza das cargas atuante rtante Q; momento fleto e nos outros tipos d lha são determinad as cargas e reações a ão considerada. Além tifício de se tratar cad se apliquem em suas e 28 V mos à d ma grelh numa seç s, podem r M e mo e estrutu os, para plicadas disso, p a trecho xtremidad V eterminação do a e ao traçad ão genérica de atuar três tipos mento torsor T. ras já vistos, o cada seção na estrutura, loc ara traçado de da grelha com es os esforços a Resistência dos M Profa. Lúc V s esforços o de seus uma grelha, de esforços s esforços transversal, alizadas em diagramas, o uma viga li atuantes. ateriais Básica ia Schmidt V- RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 1- O PROBLEMA GERAL DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Já foi visto que os esforços seccionais (M, N ,Q, T) representam as componentes de forças e momentos que se transmitem de um lado para o outro de uma peça estrutural através de cada seção transversal, em cada uma das direções dos três eixos coordenados. Sabe-se também que os esforços são supostos aplicados no centro de gravidade de cada seção. Na realidade, essas forças não estão concentradas em um único ponto na seção. A transmissão dos efeitos de um lado para o outro de uma seção transversal se faz através de toda a superfície da seção, ou seja, sob a forma de tensões que se distribuem em toda a área, segundo uma lei específica para cada tipo de esforço considerado. Assim, cada esforço seccional em uma seção transversal representa a resultante das tensões distribuídas em sua direção, podendo ser quantificado integrando-se a tensão ao longo da área da seção. Cada material apresenta uma resposta diferente ao ser submetido à ação de tensões. Forças de coesão existentes entre as partículas que o compõe atuam no sentido de impedir a separação de duas partículas, quer por deslizamento, devido a tensão de cisalhamento entre elas, quer por esmagamento ou afastamento, devido a tensão normal. As tensões máximas até onde um material é capaz de resistir sem que ocorra ruptura em um ponto são denominadas, respectivamente, resistência ao cisalhamento e resistência à tensão normal, constituindo característica própria de cada material. Para que não ocorra ruptura em uma estrutura, é necessário que, em nenhum ponto, as tensões induzidas pelas cargas aplicadas (tensões atuantes) excedam as resistências correspondentes. Conhecidos os esforços seccionais, o problema que se põe é o do cálculo das tensões em função desses esforços e das características geométricas da peça estrutural. A comparação entre as tensões assim calculadas e as resistências correspondentes consiste na solução do problema de verificação de estabilidade de uma estrutura. Para permitir a solução desse problema, a Resistência dos Materiais introduz algumas hipóteses simplificadoras quanto à distribuição de tensões em seções transversais de barras. Uma das principais dessas hipóteses é a de que as seções transversais, após a deformação por flexão, tração ou compressão, se conservam planas e normais ao eixo deformado. Dessa hipótese geral advêm outras hipóteses, como a que supõe a tensão normal constante em seções submetidas exclusivamente a esforço normal, e a de que a tensão varia linearmente ao longo da altura da seção em caso de flexão. 29 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Em geral, as cargas atuantes em uma estrutura produzem, nas sucessivas seções transversais, apenas alguns dentre os tipos de esforços seccionais que foram apresentados neste curso. Nos quadros planos, por exemplo, três componentes de esforços (Qz, T e My) são nulas em todas as seções devido à natureza das cargas atuantes, por definição. Neste caso, tem-se o chamado estado plano de tensões, onde só se observam tensões internas, normais e cisalhantes, no plano da estrutura. Por representarem situações mais comuns na prática, neste curso, o estudo da Resistência dos Materiais estará limitados aos seguintes casos de esforços seccionais: - peças simplesmente tracionadas ou peças simplesmente comprimidas seções submetidas exclusivamente a esforço normal (N): - cisalhamento puro seções submetidas exclusivamente a esforço cortante (Q): - flexão pura seções submetidas exclusivamente a momento fletor (M): - flexão simples seções submetidas a momento fletor e esforço cortante (M e Q): - flexão composta seções submetidas a momento fletor e esforço normal (M e N): Antes, porém, cabe discorrer sobre como os materiais se comportam, quando submetidos à ação de tensões, definindo alguns parâmetros de resistência, que serão fundamentais ao estudo dos casos relacionados acima. 2- RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E DEFORMAÇÕES – LEIS DE HOOKE Considere-se a barra mostrada na figura abaixo, de comprimento lo e seção transversal de área So , fixa em sua extremidade superior. Se for aplicada, em sua extremidade livre, uma carga P, a barra irá se alongar. ∆l P P ∆l lo Variando-se o valor de P e marcando-se num gráfico os valores de P e os valores correspondentes de ∆l, obtém-se um diagrama carga-deformação como o da figura. Este diagrama contém informações úteis para o estudo da barra 30 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt considerada, mas não pode ser usado diretamente para prever deformações de outras barras de mesmo material, que tenham outras dimensões. Com o objetivo de permitir uma análise do fenômeno de forma independente das dimensões da barra, fixando-se parâmetros que são função exclusiva do material, introduz-se o conceito de deformação específica (ε) , cuja relação com a tensão normal (σ) aplicada é única para cada material e dada pelo seu diagrama tensão/deformação. Assim, tem-se, para a mesma haste mostrada anteriormente: 0S P =σ → tensão normal 0l l∆ =ε → deformação específica O diagrama tensão/deformação de um m aspectos mostrados abaixo: R (a) (b) O diagrama do tipo (a) é típico dos mater bruscamente, com pequenas deformações ferro fundido, o vidro e o concreto. Os materiais correspondentes aodiagrama escoamento definido. Tais materiais, ante dita, passam por uma fase em que a constante. Nessa fase, aumentando-se estricção, tendo sua área reduzida. A seg até que seja atingida a ruptura. Como exe estrutural. 31 σ Fase elástica R Fase Elasto- plástica Ruptura aterial pode apresentar um do R (c) iais ditos frágeis, onde a ruptura . São exemplos de materiais frág tipo (b) são chamados de dúcte s de atingirem a ruptura propria s deformações crescem sob t a carga P, a seção transversal uir, o material recupera sua resis mplo deste caso, pode-se apontar Resistência dos Materiai Profa. Lúcia Sch ε σ s três σ σ σ R ε ε ε σ σ σe σ σe ocorre eis, o is com mente ensão sofre tência, o aço s Básica midt A figura (c) mostra o diagrama típico de um material dúctil que, como o alumínio, por exemplo, não apresenta um processo de escoamento definido. O diagrama possui um trecho inicial quase reto, seguido de uma fase onde, claramente o material se deforma mais rapidamente com o acréscimo de tensão, até atingir a ruptura, quando se torna horizontal. Neste caso, a tensão de escoamento é estabelecida por convenção, correspondendo a uma deformação permanente de 2%o. 3- LEI DE HOOKE - MÓDULO DE ELASTICIDADE (E) As estruturas correntes são projetadas de modo a sofrerem apenas pequenas deformações, que não ultrapassem os valores do diagrama tensão/deformação do material correspondentes ao seu trecho retilíneo (fase elástica do material). Na parte inicial do diagrama, sabe-se que a tensão σ é diretamente proporcional à deformação específica ε. Nessa fase, é sempre atendida a seguinte equação: σ Essa relação é conhecida como Lei de Hooke e se deve ao εE= matemático inglês Robert Hooke (1635-1703). O coeficiente E é chamado Módulo de Elasticidade do material, ou Módulo de Young. Como a deformação específica é uma grandeza adimensional, o módulo de elasticidade E é expresso na mesma unidade da tensão normal σ, ou seja, o Pascal e seus múltiplos no sistema Internacional. O módulo de elasticidade é um parâmetro constante, característico de cada material, que pode ser definido como o coeficiente angular da curva tensão deformação na sua fase elástica. 32 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt VI- TRAÇÃO SIMPLES 1- TRAÇÃO EM BARRAS DE EIXO RETO Suponha-se uma barra de eixo reto, de comprimento l, com seção transversal constante com área S, submetida à ação de um esforço de tração N. Supondo-se a barra solicitada nos limites da fase elástica, ou seja, que o diagrama tensão/deformação seja linear, não tendo sido ultrapassado o limite de escoamento do material, pode-se afirmar que: a) A tensão normal em uma seção transversal da barra pode ser considerada constante em toda a superfície da seção, não trazendo tal hipótese simplificadora erros significativos para a análise do problema. N ∆l l S N =σ (constante) l l∆ =ε σ b) Sendo reto o diagrama tensão/deformação, admite-se válida a lei de Hooke. εσ E= Neste caso, dois problemas básicos da Resistência dos Materiais podem ser resolvidos: - Verificação da estabilidade de peças já existentes: admS N σσ ≤= onde σ é a dita tensão admissível, que representa a tensão normal máxima a que o material é capaz de resistir, guardadas as margens de segurança desejadas. A tensão admissível é inferior ao limite de escoamento do material, pois seu valor é estabelecido de forma a garantir segurança diante da possibilidade de imprecisões na teoria de cálculo, de majorações não previstas nas cargas atuantes ou de falhas no material. Chama-se Fator de Segurança (k) adm 33 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt à relação entre a tensão de escoamento do material e a tensão admissível adotada no cálculo. adm ek σ σ = - Dimensionamento de peças a construir: Nesse caso, selecionado o material, definem-se as dimensões da seção transversal através da seguinte expressão: adm NS σ = A seguir, apresentamos alguns valores típicos de resistência para aços utilizados em construção: Resistências à tração – k=1,65 Categoria do aço Tensão de escoamento-σ e (MPa) Tensão admissível- σ adm (MPa) CA-24 240 140 CA-32 320 190 CA-40 400 240 CA-50 500 300 CA-60 600 360 - Influência do peso próprio da peça S P l x O valor da tensão normal em ( ) x S Px γσ = + , cujo valor m Suponha-se uma peça vertical sujeita a tração exercida por uma força P em sua extremidade inferior. Suponha-se, ainda, que o peso próprio da peça não seja desprezível diante da força P aplicada. Nesse caso, o esforço normal numa seção qualquer, definida pela ordenada x, será: ( ) SxPxNN .γ+== uma seção S, será: áximo ocorrerá na extremidade superior, onde x=l. 34 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt l S P γσ +=max Se a peça tem seção constante, seu dimensionamento é feito para essa tensão máxima, que representa a situação da seção mais desfavorável: l PSl S P adm adm γσ σγσ − ≥⇒≤+=max Para o cálculo da deformação da peça, é necessário levar em conta que, neste caso, a tensão não é mais constante ao longo de seu comprimento. Parte-se, então da análise do alongamento sofrido por um elemento dx, que será igual a εdx. ∫=∆ l dxl 0 ε Pela Lei de Hooke tem-se: E x ES P E γσ ε +== logo: E l ES Pll 2 2γ +=∆ Chamando-se o peso total da peça ( ): 0P lSP γ=0 ES lPPl +=∆ 02 1 → 2- TRAÇÃO EM BARRAS São muito comuns na prát para transporte de fluidos peças com grande curvatur de resistir a esforços norm portanto, de transmitir esfo do momento fletor e do e considerados nulos em toda O alongamento é o mesmo que teria uma peça sem peso, com uma carga aplicada em sua extremidade 0P inferior igual a 2 P + DE EIXO CURVO ica, principalmente em estruturas de máquinas, dutos e em linhas de transmissão elétrica, a utilização de a que, por serem muito delgadas, são apenas capazes ais. Tratam-se de peças muito flexíveis, incapazes, rços que impeçam movimentos relativos nas direções sforço cortante, para as quais esses esforços são s as seções. 35 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Como exemplos de estruturas desse tipo, têm-se os tubos circulares de parede fina sujeitos a pressões internas, as membranas espaciais e os cabos. CABO TUBO MEMBRANA Tendo em vista o interesse para este curso, daremos prioridade ao estudo dos cabos. Um cabo é uma peça que, sujeita à ação de forças aplicadas, resiste apenas a esforços de tração. Pode-se dizer que se trata de um sistema infinitamente articulado, ou seja, que possui rótulas em todos os seus pontos. Passemos à análise de um cabo sujeito à ação de seu próprio peso: p V y pn p H H A B H ϕ N PN P N ϕV H s ϕ Suponha-se o cabo da figura acima, preso em suas extremidades A e B, niveladas. Seja p o peso do cabo por metro linear, pn sua componente normal ao eixo do cabo e N o esforço normal num ponto P, estabelecendo-se o equilíbrio entre o vértice V da curva e o ponto P, como mostrado no detalhe, tem-se: a s P A B V x y l/2 l/2 HN =ϕcos psN =ϕsen dx dy H pstg ==ϕ dx ds H p dx yd ×=2 2 36 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt A função que define a forma do cabo é y(x), que pode ser obtida resolvendo-se a equação diferencial acima e quantificando-se as constantes de integração a partir das condições de contorno nos pontos correspondentes a x=0 e x=l/2, mostrados na figura. Assim, adotando-se os eixos de referência mostrados na figura, onde p Ha = , a equação da configuração geométrica do cabo para que ele fique emequilíbrio será: a xay cosh.= → equação do cabo (catenária). O comprimento do cabo desde o ponto V até um ponto P qualquer será: a xas senh.= → comprimento de um trecho do cabo Donde o comprimento total do cabo (L) será: a laL 2 senh.2= → comprimento total do cabo Demonstra-se, também, que o esforço normal no ponto P é dado por: pyN = → esforço normal em um ponto de ordenada y - Projeto de cabos flexíveis Para se projetar um cabo, adotando-se para o eixo a forma de catenária, é preciso calcular inicialmente o parâmetro a. Conhecido o valor de a e o comprimento do vão l, as equações acima permitem determinar sua ordenada em cada ponto, inclusive a flecha máxima, o comprimento total do cabo e até a força de tração no cabo, cujo valor máximo dividido pela seção do cabo representa a tensão a ser comparada com a tensão admissível no material utilizado. Os projetos de cabos flexíveis, para vencer um vão l conhecido, podem ser de um dos três tipos abaixo: a) projetar o cabo fixando-se a flecha máxima; b) projetar o cabo conhecendo-se seu comprimento total; c) projetar o cabo fixando-se a tensão máxima admissível 37 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt O quadro abaixo mostra como determinar o valor do parâmetro a nos três casos de projetos de cabos flexíveis: caso (a) (b) (c) Dado fornecido Flecha (f) Comprimento do cabo Tensão admissível equação a laaf 2 cosh.=+ equação da catenária para 2 lx = a laL 2 senh2= equação do comprimento total do cabo adma la S p σ≤ 2 cosh. equação da tensão normal para y máximo, dado pela equação da catenária em 2 lx = Obs.: Em todos os casos o parâmetro a deverá ser determinado por tentativas Quando os pontos de suspensão não estão no mesmo nível, pode-se dar ao problema o mesmo tratamento, desde que se imagine o prolongamento da catenária até as condições anteriores e que todas as equações sejam referenciadas pelos eixos mostrados na figura abaixo. A B a l y x 38 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt VII- CISALHAMENTO SIMPLES 1- CONCEITO Quando duas forças P são aplicadas a uma barra AB como a da figura abaixo, ocorre um tipo de tensão na seção transversal da barra diferente da que foi vista no capítulo anterior. P P A B P PC A B P C Q=P A P Para garantir o equilíbrio do trecho AC da barra, sabe-se que, na seção C desenvolvem-se forças internas, cuja resultante, nesse caso, é o esforço cortante Q na seção, com intensidade necessariamente igual a P. Dividindo-se a força cortante pela área da seção transversal (S), obtém-se a tensão média de cisalhamento na seção. admmed S Q ττ ≤= Contrariamente ao que se afirmou para as tensões normais, a distribuição das tensões de cisalhamento nem sempre pode ser assumida como uniforme em toda a superfície da seção transversal sem que se cometam erros significativos, a não ser em alguns casos específicos onde só haja esforço cortante na seção ou a seção transversal submetida a cisalhamento tenha área muito pequena. Somente nesses casos, a tensão de cisalhamento média pode ser o parâmetro a ser comparado à tensão admissível para verificação da estabilidade da seção. 39 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt O exemplo mostrado acima representa um caso de seção transversal submetida a cisalhamento simples, ou seja, o único esforço seccional nesta seção é o esforço cortante. Em geral, em peças estruturais reais, a existência de força cortante implica também no aparecimento de momento fletor. Há, porém, casos em que o momento fletor pode ser desprezado em presença da força cortante e o problema pode ser tratado como um caso de cisalhamento simples ou corte simples. Como exemplos, tem-se o caso de balanço de comprimento muito pequeno (consolo curto) e o caso dos rebites ou parafusos que unem chapas tracionadas (ligações). Ligação por rebite Nos dois exemplos como exemplos de 2- Exemplos de ap Um dos exemplos simples é o caso d uma barra de aço abaixo: N A seção total dos re 4 2dnSr π = Consolo da figura acima, as seções tracejadas podem ser consideradas seções submetidas a cisalhamento simples. licação mais correntes de aplicação do conceito de cisalhamento os rebites usados para união de peças de aço. Seja, portanto, tracionada ligada por meio de rebites, como mostra a figura N d bites que será n cisalhada em virtude da força N será: 40 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt A tensão de cisalhamento média em cada rebite será, portanto: adm r med dn N S N τ π τ == 4 2 ≤ → expressão para verificação de estabilidade logo, o número de rebites necessários para promover a ligação desejada será: adm d Nn τ π × = 4 2 → expressão para dimensionar a ligação Há casos em que a força N atua em mais de uma seção transversal dos rebites, como no caso de rebitagem com seção duplamente cisalhada mostrada abaixo: N/2 N/2 N n Nesse caso, atua de fato na seção dos rebites a força N/2, donde: adm r med dn N S N τ π τ == 4 2/2/ 2 ≤ adm d Nn τ π × = 4 2/ 2 No cáculo de rebites, é necessário também verificar se não há perigo de esmagamento por compressão das paredes dos furos feitos nas barras ou chapas para colocação dos rebites. N σd t d d Observando-se a figura, pode-se afirmar que, para uma ligação com n rebites, entre peças submetidas a uma força de tração N, a tensão normal σd na parede do 41 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt furo da peça, que não deve exceder a tensão normal admissível, é quantificada por: admd ndt N σσ ≤= → verificação do esmagamento do furo Obs: Em ligações com duplo plano de corte, a força a considerar será N para a peça central e N/2 para as peças laterais. Da expressão, pode-se obter o número de rebites necessários em função do risco de esmagamento: admdt Nn σ = Por fim, é possível que na seção da ligação por rebites atue, além da força de tração N, um momento fletor M, como mostrado na figura abaixo: k N’k O k=4 k=3 k=2 k=1 1 M N k N’k N’’k Nk O Rk N’’k Em cada rebite, designado pelo índice k, haverá duas parcelas de força de cisalhamento: - Parcela devida à força de tração: n NN k =' - Parcela devida ao momento fletor: M R R N n k k k k ∑ = = 1 2 '' A força cortante Nk em cada rebite é a resultante dos vetores N’k e N’’k, dada pela soma vetorial dos mesmos, conforme mostrado na figura. 42 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Apresentam-se no quadro abaixo, alguns valores típicos de tensões admissíveis a serem consideradas no dimensionamento de ligações com rebites: Rebites ou parafusos perfeitamente ajustados ao furo (sem folga) admτ =105 MPa Corte nos rebites admτ (MPa) Rebites ou parafusos não ajustados ao furo (com folga) admτ =80 MPa Rebites simplesmente cisalhados ou peça lateral em cisalhamento duplo admσ =225 MPa Esmagamento na parede do furo admσ (MPa) Rebites duplamente cisalhados (peça central) admσ =280 MPa 43 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt VIII- FLEXÃO PURA NORMAL 1- DEFINIÇÃO E CONCEITOS GERAIS Diz-se que uma seção transversal está submetida a flexão pura normal quando o único esforço nela existente é um momento fletor atuando em um plano que passe por um dos seus eixos principais de inércia. Quando o momento atuante é oblíquo em relação aos eixos principais de inércia da seção tem-se um casode flexão oblíqua, cujo estudo foge ao escopo deste curso. Este capítulo é dedicado ao estudo da flexão pura normal em peças de eixo reto ou com pequena curvatura, podendo-se aplicar também ao caso de flexão simples (onde há momento e cortante), quando se desprezam os efeitos do esforço cortante. 2- HIPÓTESE SIMPLIFICADORA Considere-se uma peça como a da figura abaixo, sujeita apenas a momento fletor M no plano de simetria de suas seções, suposto vertical. M M Hipótese de Bernouille: “As seções transversais, ap conservam planas e normais ao eixo deformado”. S1’ S1 dx L S2 S2’ dx’-dx dx dϕ dϕ σ x V1 V2 44 R Seção Eixo de simetria ós a deformação, se dx d ϕ α = ε =αy N y 1 (a esis 2 ds y tência dos Materiais B Profa. Lúcia Schmid (b (c) ásica t Para duas seções infinitamente próximas submetidas a momento positivo, as fibras superiores da seção são comprimidas (encurtamento) e as inferiores tracionadas (alongamento). A rotação relativa entre as seções S1 e S2 da figura (a) será dϕ. A linha da seção correspondente aos pontos que não sofrem deformação é normal ao plano de simetria da seção e se chama linha neutra. O diagrama da figura (b) mostra como variam as deformações específicas ε ao longo da altura da seção. Segundo a hipótese de Bernouille, essa variação é linear, logo: y dx dxdx .' αε =−= → dx dϕ α = 3- CÁLCULO DE TENSÕES E VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE Considere-se, como na figura (c), um elemento do entorno de um ponto qualquer da seção transversal. Supondo-se válida a lei de Hooke: kyyEE =××=×= αεσ → A tensão é proporcional à distância à linha neutra Sabendo-se que o momento total das forças em todos os pontos (σ.ds) em relação à linha neutra equilibra o momento atuante, tem-se: Mdsy S =∫ σ. ⇒ ⇒ k ⇒ ⇒ ∫ =S Mdskyy .. MdsyS =∫ 2 MkJ = J Mk = onde J é o momento de inércia da seção em relação à linha neutra, que passa pelo centro de gravidade no caso de flexão pura reta. Assim, para calcular a tensão normal em um ponto qualquer da seção, conhecidos M, J e a distância y do ponto à linha neutra: y J M =σ As tensões máximas de tração e compressão na seção ocorrem, respectivamente, nas fibras superior e inferior, que são as mais afastadas da linha neutra. Elas podem ser obtidas por: ( )compressãoV J M admσσσ ≤−== 1sup1 ( )traçãoVJ M admσσ == 2inf2σ ≤ 45 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt ou, fazendo-se 1 1 W V J = e 2 2 W V J = , tem-se: ( )compressão W M admσσ ≤−= 1 1 ( )traçãoW M admσ== 2 2σ ≤ onde W e W são chamados de módulos de resistência da seção transversal, funções somente de sua geometria. 1 2 Observações: - Há materiais para os quais a tensão admissível na compressão difere significativamente da tensão admissível na tração. Neste caso, faz-se a comparação dos valores obtidos com as tensões admissíveis correspondentes. Esse é o caso, por exemplo, do concreto, que apresenta resistência à compressão cerca de 10 vezes superior à sua resistência à tração. - Os módulos de resistência das seções retangulares de base B e altura H podem ser obtidos por: 6 2 21 BHWW == - Sugere-se adotar como valores típicos da tensão admissível de compressão para vigas metálicas fletidas, os obtidos a partir das seguintes expressões: 2 0000057,014 −= bt lh admσ → para 718≤bt lh bt lhadm 7950 =σ → para 718〉 bt lh onde: - l é o vão da viga - h é a altura da seção - b é a largura da mesa comprimida - t é a espessura da mesa comprimida A tensão é obtida em kPa, para l, h,b e t em m. Essas fórmulas têm por objetivo prever os casos em que vigas muito esbeltas estão sujeitas a risco de flambagem lateral. 46 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 4- DEFORMAÇÕES EM VIGAS FLETIDAS Conforme já visto, a verificação de estabilidade nas estruturas é um passo essencial em seu projeto, já que é essa verificação que garante a segurança da mesma em relação à ruína. Sabemos também que as estruturas, como qualquer corpo elástico, sofrem deformações quando submetidas a solicitações de quaisquer naturezas. A quantificação de tais deformações também constitui uma etapa importante no projeto de uma estrutura, pois embora a integridade da estrutura não dependa das deformações, estas podem ser determinantes na sua adequação à finalidade a que se destinam, no que se refere a aspecto estético, funcionalidade, dimensões etc. Existem diversas metodologias e artifícios para cálculo de deformações em em estruturas, mas sua complexidade torna inviável o estudo mais aprofundado da matéria neste curso. Assim, neste curso nos limitaremos a apresentar alguns conceitos e definições importantes para compreensão do problema, possibilitando a utilização da tabela apresentada no anexo I deste trabalho na estimativa de deformações nas vigas submetidas aos principais tipos de carregamento observados na prática. Seja, pois, uma viga reta de comprimento L, submetida a um carregamento qualquer. Considere-se como referência um sistema de eixos coordenados, no qual o eixo x tem a direção do eixo da viga reta e o eixo y lhe é perpendicular: a) Define-se linha elástica como a curva que representa o eixo longitudinal da viga após sofrer deformação pela ação do carregamento. A ordenada de cada seção da linha elástica pode ser equacionada em função da abscissa x, considerando-se as cargas atuantes, as características geométricas de viga e o material utilizado. Tal equação – y=f(x) – é chamada de equação da linha elástica. b) Define-se flecha em uma seção como a componente na direção do eixo y, do deslocamento (translação) daquela seção após deformação da viga. c) Define-se rotação em uma seção transversal, suposta plana antes e após a deformação da viga, como o ângulo entre os planos da seção, respectivamente antes e após a ocorrência da deformação. A rotação pode também ser definida como o ângulo entre a tangente à linha elástica e a viga reta em sua configuração original, numa mesma seção transversal (mesmo x) 47 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt IX- FLEXÃO COMPOSTA 1- CONCEITO Uma seção transversal de uma haste qualquer é dita submetida a flexão normal composta quando, como no exemplo da figura abaixo, o esforço nela atuante é uma força paralela ao eixo longitudinal da haste (não há esforço cortante) e excêntrica em relação ao centro de gravidade da seção. Isso equivale a dizer que através da seção considerada transmitem-se momento fletor e esforço normal*. N M S S N e * Todo o desenvolvimento deste capítulo supõe sentido positivo para forças e momentos, bem como sinal positivo para ordenadas e excentricidades. eNM ×= N Me = Quando o momento fletor atua em um plano que passe por um eixo principal de inércia da seção, tem-se um caso de flexão composta normal, ao qual está limitado o escopo deste curso. Neste caso, a tensão em cada ponto situado a uma distância y do centro de gravidade da seção pode ser calculada, considerando-se cada um dos esforços- momento fletor e esforço normal- atuando separadamente, através da expressão: y J M S N y +=σ Em termos de distribuição de que a flexão composta pode s flexão pura aos da tração ou c afirmativa: N M S 2 1 + S N = CG onde o sinal de cada uma das parcelas depende do sentido do esforço e da posição do ponto, obedecendo-se às convenções de sinal já estabelecidas. tensões normais na seção, pode-se dizer, portanto, er interpretada como a superposição do efeitos da ompressão simples. A figura abaixo esclarece essa _ = 1 1 W −= M yn CG LN_ + ⇒ σ 48 σ + M = σ 2 2 W Resistê 1 ( )totalσ + ncia dos Materiai Profa. Lúcia Sch ( )total2σ s Básica midt A linha neutra, definida como o lugar geométrico dos pontos para os quais σ , estará, neste caso, a uma distância do centro de gravidade dada por: 0= ny 0=+ nyJ M S N ⇔ S J M Nyn ×−= Sendo , tem-se: eNM ×= Interessante observar que a flexão pura e a tração simples são situações limite da flexão composta, respectivamente correspondentes a e a . 0=e ∞=eSe Jyn −= 2- VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE Para testar as condições de estabilidade de uma seção submetida a flexão normal composta, basta verificar se as tensões normais em todos os pontos da seção se mantêm inferiores aos limites de resistência do material utilizado. Isso se faz comparando as tensões nas fibras extremas superior e inferior da seção às tensões admissíveis de compressão ou de tração do material, conforme o caso. admW M S N σσ ≤−= sup sup admW M S N σσ ≤+= inf inf 3- NÚCLEO CENTRAL DA SEÇÃO TRANSVERSAL Quando a linha neutra corta a seção, as tensões normais nas fibras extremas da peça têm sinais contrários. Para que essas tensões sejam de mesma natureza (tração ou compressão), ou seja, tenham o mesmo sinal, a linha neutra deverá estar posicionada fora dos limites da seção transversal da peça. Na situação limite em que a linha neutra coincide com o extremo inferior da seção, que dista Y2 do centro de gravidade, chamando-se de e1 a excentricidade do esforço seccional, tem-se: 1 2 ee Yyn = = 49 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt S W e SY Je Se JY 21 2 1 1 2 −=→−=→−= Analogamente, na situação limite em que a linha neutra coincide com o extremo inferior da seção: S W e SY Je Se JY 12 1 2 2 1 −=→−=→−= Pode-se afirmar que e são, respectivamente, as ordenadas dos limites superior e inferior do chamado núcleo central da seção transversal. Numa seção submetida a flexão composta, caso a força normal excêntrica esteja aplicada no interior do núcleo central, as tensões normais em todos os pontos da seção transversal terão o mesmo sinal, ou seja, só haverá tensões de tração ou compressão em toda a seção. 1e 2e Numa seção retangular com altura h e largura b, o núcleo central terá a forma e dimensões mostradas na figura abaixo: CG b b/6 b/6 b/6 h/3 h/6 h/6 h Numa seção retangular, para que só haja tensões de tração ou de compressão em toda a sua superfície, a resultante do esforço deverá ter seu ponto de aplicação localizado no interior do losango inscrito no terço central da altura e da largura da seção. 50 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt X- CISALHAMENTO NA FLEXÃO SIMPLES Neste capítulo estudaremos a influência das tensões de cisalhamento em peças submetidas a flexão simples (seções com esforço cortante e momento fletor). Antes, porém, é importante discorrer sobre alguns conceitos que são essenciais à perfeita compreensão do fenômeno a ser estudado. 1- ESTADO PLANO DE TENSÕES Já foi visto que o estado mais geral de tensões possível em um ponto P qualquer pode ser representado por seis componentes. Três dessas componentes, σ , σ e σ , definem as tensões normais exercidas nas faces de um pequeno elemento cúbico centrado em P, com a mesma orientação que os eixos coordenados. As outras três, τ , e τ , são as componentes de tensões de cisalhamento no mesmo elemento. x y z xy yzτ xz P σy τxy σz τxz τyz z x y σx Uma situação particular em que duas faces paralelas do cubo elementar encontram-se isentas de tensões é denominada “Estado Plano de Tensões”. Esta situação é muito comum na prática, ocorrendo em barras estruturais onde as faces laterais não sofram confinamento, que constituem o universo dos casos estudados neste curso. No estado plano de tensões, as componentes de tensões , e τ em torno do ponto P da figura acima são necessariamente nulas, reduzindo-se o problema à análise de tensões em um pequeno elemento quadrado em torno do ponto P, como mostrado na figura abaixo. zσ xzτ yz Apenas observando a figura, é possível concluir que as tensões de cisalhamento nos planos ortogonais devem ser iguais, gerando binários com rotações de sentidos opostos em relação a P, para garantia do equilíbrio do elemento em análise. τxy σx σy P τxy σy σx x y 51 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 2- TENSÕES DE CISALHAMENTO NA FLEXÃO SIMPLES NORMAL Considerem-se duas seções S e S’ infinitamente próximas entre si, em uma peça sujeita a flexão simples, isto é, sujeita a momento fletor (M) e esforço cortante (Q), conforme mostrado na figura abaixo: τy b τy a b c d σ+dσ M M LN a b c d dx τy y σ b Q Q S S’ dx Na figura observa-se, como já demonstrado, que na cota definida pela ordenada y em relação à linha neutra, a tensão de cisalhamento na seção transversal S é acompanhada de uma tensão de cisalhamento de igual valor (τy) na direção do plano abcd, aplicada ao longo da linha ab. A Resistência dos Materiais supõe que a tensão de cisalhamento transversal (na seção transversal) é constante ao longo da linha ab e que a tensão de cisalhamento longitudinal (no plano abcd) pode ser considerada constante entre duas seções infinitamente próximas. Para melhor compreensão do fenômeno físico, pode-se imaginar a peça fletida como sendo composta por tábuas de espessura infinitesimal superpostas, como na figura abaixo. É intuitivo perceber que geram-se tensões de cisalhamento entre as tábuas quando ocorre flexão na peça. Da mesma forma, pode-se afirmar que são nulas as tensões de cisalhamento nas superfícies livres inferior e superior da peça. τ=0 τ 52 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt Retornando à figura anterior, destaque-se o sólido situado entre as seções S e S’, acima do plano abcd. Observa-se que neste sólido atuam externamente apenas as tensões normais σ e σ nas seções S e S’ e a tensão de cisalhamento longitudinal τ no plano abcd. σd+ y O equilíbrio do sólido considerado impõe que: ∫ = dxbdSd y ... τσ → a integral estende-se aos pontos da parte da seção situada acima da linha ab. ∫= dSdx d by σ τ 1 Do estudo da flexão pura, tem-se: J yQ J y dx dM dx dy J M ==⇒= .σσ (se J= constante) Portanto: ∫= ydSbJ Q yτ Fazendo-se → momento estático em relação à linha neutra, da área da seção S situada acima da linha ab ∫ = SMydS Temos, assim: adm S y bJ QM ττ ≤= Esta condição deve ser satisfeita em todos os pontos da seção onde: - é a tensão de cisalhamento longitudinal e transversal atuante no ponto de ordenada y. yτ - b é a largura da seção no nível da ordenada y - Q é o esforço cortante na seção - J é o momento de inércia da seção em relação à linha neutra - Ms é o momento estático em relação à linha neutra, da área da seção situada acima da cota y. 53 Resistência dos Materiais Básica Profa. Lúcia Schmidt 3-VARIAÇÃO DA TENSÃO DE CISALHAMENTO Da expressão deduzida, pode-se afirmar que, para uma seção retangular sujeita a flexão simples (momento fletor M e esforço cortante Q), a variação de τ é parabólica, com valor máximo na linha neutra da seção, como mostra a figura abaixo: y N L H Q3 B O valor da tensão de cisalhamento m do equilíbrio de tensões na seção suj N bl Rc L H BHLN ⋅== 2max ττ áxima pode ser também equacionada a partir eita a flexão, como a seguir: Rt Z BH Q HB LN 22max = × ==ττ σy (flexão) 54 Zb Q l LN ==ττ max Seção
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