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<p>(</p><p>ASSINATURAS</p><p>|</p><p>DEFENSORIAS</p><p>|</p><p>MAGISTRATURA</p><p>E</p><p>MP</p><p>)</p><p>AULAS DE CRIAÇÃO DE BASE</p><p>RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO</p><p>Professor Gustavo Fernandes</p><p>(</p><p>Elaborado</p><p>por</p><p>Aurora</p><p>Laureano</p><p>.</p><p>Advogada.</p><p>Especialista</p><p>em</p><p>Ciências</p><p>Penais.</p><p>)</p><p>AULA 38: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – PARTE 1</p><p>1. CONCEITO</p><p>Importante notar que o Estado é uma pessoa jurídica que pode ser responsabilizada pelos seus atos. Essa responsabilidade não decorre apenas do exercício da função administrativa, pois se incluem as funções legislativa e jurisdicional, as quais são mais restritas. O Estado poderá responder pelos seus atos ilícitos (violação ao princípio da legalidade), mas também pela prática de atos lícitos, quando causar um ônus maior a determinada pessoa do que o imposto aos demais membros da sociedade (violação ao princípio da isonomia) – admite-se que o Estado indenize o particular, ainda que seja pela prática de ato lícito. Segundo MEIRELLES, insere-se na responsabilidade civil do Estado o dano causado por agentes públicos no desempenho das suas atribuições ou a pretexto de exercê-las.</p><p>Questão: a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos é baseada no risco administrativo e exige, para sua configuração, a ocorrência de dano; ação ou omissão administrativa ilícita; existência de nexo causal entre o dano e a conduta administrativa, bem como a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal – ERRADO, a conduta é um dos elementos necessários para a caracterização da responsabilidade objetiva do Estado, segundo a Teoria do Risco Administrativo, caracterizando-se quando o dano tenha sido causado por agente público agindo nessa qualidade. De acordo com o STJ (REsp 866.450), o Estado responde ainda que o agente público extrapole seus poderes, bastando que seja possível estabelecer a relação de imputação entre sua ação/omissão e o Estado (teoria da imputação ou do órgão), a qual depende tão somente da existência de investidura do agente. Ainda sobre a conduta, importante observar que o Estado responde tanto por atos lícitos quanto por atos ilícitos, consoante entendimento firme do STF.</p><p>Questão: nos atos comissivos, a responsabilidade do Estado pode incidir sobre os atos lícitos e ilícitos, desde que causem prejuízo a terceiros – CERTO.</p><p>Info 674: Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020.</p><p>A regra geral do ordenamento brasileiro é a responsabilidade civil do Estado: a) objetiva: pelos atos comissivos; b) subjetiva: pelos atos omissivos. Contudo, em situações excepcionais de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a responsabilização estatal na omissão também se faz independentemente de culpa. Nesses casos, apesar de estar prevista no Código Civil, pode ser aplicada contra o Estado a regra do art. 927, parágrafo único.</p><p>Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.</p><p>Para além da responsabilidade contratual, a responsabilidade extracontratual do Estado está ligada às suas condutas e omissões fora do âmbito contratual, de maneira mais ampla – abrangidos os “comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos imputáveis aos agentes públicos”, conforme leciona DI PIETRO. São diferenças entre a responsabilidade contratual e a extracontratual:</p><p>(</p><p>ASSINATURAS</p><p>|</p><p>DEFENSORIAS</p><p>|</p><p>MAGISTRATURA</p><p>E</p><p>MP</p><p>)</p><p>2. FASES EVOLUTIVAS</p><p>1) Teoria da irresponsabilidade estatal</p><p>Inicialmente, prevalecia a ideia de soberania absoluta pela qual o Estado, na figura do Rei, sequer poderia ser responsabilizado (The king can do no wrong). MEIRELLES menciona a adoção dessa teoria pela Inglaterra e pelos Estados Unidos – com posterior abandono pelo Crown Proceeding Act (1947) e pelo Federal Tort Claims Act (1946), respectivamente.</p><p>2) Teorias civilistas</p><p>A partir da transposição das teorias civilistas para o Direito Administrativo, seria possível responsabilizar o Estado com base na culpa. Uma primeira distinção trazia, de um lado, os atos de império - que não ensejavam a responsabilidade estatal - e, de outro lado, os atos de gestão – que geravam responsabilidade subjetiva, tal como o era no Direito Civil. DI PIETRO menciona que, posteriormente, a distinção foi abandonada. Uma vez mantida a teoria da responsabilidade subjetiva, seria necessário comprovar: a conduta estatal, o dano, o nexo de causalidade entre a conduta e o dano e, ainda, a culpa ou dolo do agente público. Tal elemento subjetivo passou a ser, em termos práticos, de difícil comprovação, o que ensejou o surgimento de teorias mais adequadas ao âmbito das atividades administrativas.</p><p>3) Teorias publicistas ou publicísticas</p><p>A referência ao caso Blanco (França, 1873) trata do atropelamento da menina Agnes Blanco por uma vagonete da Companhia Nacional de Manufatura do Fumo, a partir do qual se passou a entender, com base no sistema do contencioso administrativo francês, pela responsabilidade civil do Estado não mais regida pelos princípios do Código Civil ligados às relações privadas.</p><p>3.1 Teoria da culpa do serviço ou culpa administrativa</p><p>A responsabilidade decorreria da culpa do serviço (faute du service) ou culpa anônima pela qual era indiferente a culpa individual do a agente público. Importava saber se o serviço não funcionou, funcionou intempestivamente (a destempo, atrasado) ou funcionou mal. Caso fosse comprovado um dos três pontos, haveria culpa administrativa, com base na responsabilidade subjetiva do Estado. Para MEIRELLES, a teoria ainda exigia muito da vítima: além de ter o ônus de comprova que a lesão adveio injustamente, haveria o dever de comprovar a falta do serviço.</p><p>Questão: A passagem da doutrina da responsabilidade subjetiva para a da responsabilidade objetiva do Estado, na Administração Pública, foi marcada pela teoria da responsabilidade: pela falta do serviço.</p><p>3.2 Teoria do risco</p><p>A teoria do risco inaugura a responsabilidade objetiva do Estado e prevista expressamente na Constituição de 1946 (Art. 194). A partir do reconhecimento de que dos poderes do Estado advém maiores responsabilidades2 - segundo MEIRELLES, à maior quantidade de poderes corresponderia a um risco maior assumido pelo Estado. Neste caso, fala-se em fato do serviço como forme de falta do serviço e a ideia de culpa. Pelo nexo de causalidade, importam a conduta do agente público (lícita ou ilícita) e o dano causado ao particular (anormal e especifico) e não mais interessa se o serviço foi bem ou mal prestado:</p><p>São duas as modalidades da teoria do risco:</p><p>· Teoria do risco administrativo</p><p>Há responsabilidade objetiva com possibilidade de exclusão da responsabilidade, desde que comprovadas as excludentes pelo Estado, diante da inverso do ônus probatório – culpa exclusiva da vítima; culpa exclusiva de terceiros ou; força maior. É a teoria adotada como regra.</p><p>· Teoria do risco integral</p><p>Há responsabilidade objetiva sem qualquer causa excludente da responsabilidade estatal, por ser o Estado um garantidor universal. Como críticas a essa teoria, MEIRELLES aponta a iniquidade social. A teoria é aceita em hipóteses excepcionais apontadas pela doutrina e pelos Tribunais Superiores: danos causados por acidentes nucleares (CRFB/1988, Art. 21, inciso XXIII, “d”, disciplinado pela Lei 6.453/77); nas hipóteses de danos derivados de atos terroristas ou de guerra (Leis 10.309/01 e 10.744/03) e; em casos de dano ambiental (STJ, AgInt no AREsp 1.461.332/ES, j. 29.10.2019).</p><p>CRFB/1988</p><p>e do Estado ser realizada pela Assessoria Jurídica da Defensoria Pública-Geral – ERRADO, a assessoria jurídica visa subsidiar o defensor público-geral e não realizar a defesa judicial.</p><p>C) o usuário da Defensoria Pública do Estado venha a sofrer algum dano material ou moral em decorrência de o(a) defensor(a) público(a) ter denegado seu atendimento por impossibilidade jurídica do pedido, devendo a defesa judicial do Estado ser ofertada pela Procuradoria Geral do Estado.</p><p>D) um policial militar venha a ser representado em sua Corregedoria por prática de violência policial letal e tenha seus dados divulgados em entrevista concedida por defensor(a) público(a) em jornal de grande circulação, devendo a defesa judicial do membro da Instituição ser realizada pela Procuradoria Geral do Estado – ERRADO, a PGE faz a defesa do Estado e não do membro da DPE. Poderia ser feito pela associação (escritório conveniado) ou advogado particular.</p><p>E) um funcionário de segurança patrimonial da Defensoria Pública venha a abusar sexualmente de estagiária da Defensoria Pública que era sua companheira, ainda que tal fato tenha ocorrido na residência comum do casal durante o final de semana, devendo a orientação e defesa judicial do Estado ser realizada pela Assessoria Jurídica da Defensoria Pública-Geral – ERRADO.</p><p>Info 630: São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de atos de exceção praticados durante o regime militar. STJ. 1ª Turma. REsp 1.565.166-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018</p><p>Info 523: As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013</p><p>Contudo, não se deve confundir imprescritibilidade da ação de reintegração da posse do cargo (devido a ditatura militar) com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e funcionais dela decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do autor, que poderia ter buscado seu direito desde a publicação da Constituição da República. Isso significa dizer que: a) terá direito de ser reintegrado; b) terá direito à remuneração retroativa, mas limitada aos últimos 5 anos, contados para trás, tendo marco o ajuizamento.</p><p>Assim, são imprescritíveis as ações de reintegração a cargo público decorrentes de perseguição, tortura e prisão, praticadas durante o regime militar, por motivos políticos, ficando, contudo, eventuais efeitos retroativos, sujeitos à prescrição quinquenal.</p><p>Info 978: 1. Configura erro grosseiro o ato administrativo que ensejar violação ao direito à vida, à saúde, ao meio ambiente equilibrado ou impactos adversos à economia, por inobservância: i) de normas e critérios científicos e técnicos; ou ii) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção.</p><p>2. A autoridade a quem compete decidir deve exigir que as opiniões técnicas em que baseará sua decisão tratem expressamente: i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente reconhecidas; e ii) da observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção, sob pena de se tornarem corresponsáveis por eventuais violações a direitos. STF. Plenário. ADI 6421 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20 e 21/5/2020</p><p>Info 733: Reconhecida a responsabilidade estatal por acidente com evento morte em rodovia, é devida a indenização por danos materiais aos filhos menores e ao cônjuge do de cujus. STJ. 1ª Turma.REsp 1.709.727-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022.</p><p>Info 768: O Banco Central do Brasil responde objetivamente pelos danos que os liquidantes, no exercício desse munus público, causem à massa falida, em decorrência da indevida utilização de valores pagos pelos consorciados para custear despesas concernentes ao procedimento liquidatório de empresa de consórcio. STJ. 1ª Turma.REsp 1.569.427-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/3/2023</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.jpeg</p><p>image5.png</p><p>image6.jpeg</p><p>image2.jpeg</p><p>image1.png</p><p>- Art. 21. Compete à União: XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;</p><p>OLIVEIRA inclui a responsabilidade pelos eventos adversos das vacinas adquiridas pelo ente federado (Art. 1º da Lei n. 14.125/2021) a partir da concessão, pela ANVISA, do respectivo registro ou autorização temporária de uso emergencial. A MP n. 1.126/2022 revogou a normativa. O texto previa: Lei n. 14.125/2021 – Art. 1º Art. 1º Enquanto perdurar a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), declarada em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), ficam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios autorizados a adquirir vacinas e a assumir os riscos referentes à responsabilidade civil, nos termos do instrumento de aquisição ou fornecimento de vacinas celebrado, em relação a eventos adversos pós-vacinação, desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha concedido o respectivo registro ou autorização temporária de uso emergencial.</p><p>Questão: No tocante às atividades perigosas, é possível, por meio de lei específica, ampliar a responsabilidade civil do Estado para adotar a teoria do risco integral – ERRADO.</p><p>Em resumo:</p><p>3. CENÁRIO ATUAL</p><p>A Constituição Federal adotou a responsabilidade objetiva do Estado a partir da vertente do risco administrativo, em regra (CRFB/1988, Art. 37, § 6º) – apenas em casos excepcionais é adotado o risco integral. As pessoas jurídicas de direito público, pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, nessa qualidade. Dessa forma, o Estado e as pessoas jurídicas de direito privado respondem diretamente. Já no direito de regresso contra o agente causador do dano haverá a responsabilidade subjetiva do Direito Civil, pela comprovação do dolo ou culpa.</p><p>CRFB/1988 – Art. 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.</p><p>As sociedades de economia mista e as empresas públicas que exploram atividade econômica não se inserem no Art. 37, § 6º da Constituição Federal e sua responsabilidade será regulada pelo direito privado – nos casos em que se admite a responsabilidade objetiva, incidirá o Código de Defesa do Consumidor.</p><p>Quanto às pessoas jurídicas que prestam serviços públicos, incluem-se, além das estatais, as concessionárias e permissionárias. Como as vítimas poderão ser tanto as usuárias como as não usuárias do serviço público, o STF reconhece que a responsabilidade independe da qualidade do usuário (RE 591.874, j.</p><p>26.8.2009 – Tema 130). Exemplo recorrente é a responsabilização objetiva da concessionária de transporte coletivo de passageiros – se uma pessoa cair durante o transporte, o Estado irá responder objetivamente, mas de forma subsidiária e após esgotadas as tentativas de pagamento por meio da empresa.</p><p>A empresa concessionária que administra rodovia mantém relação consumerista com os usuários, tendo responsabilidade objetiva por eventuais falhas na prestação do serviço. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1175262/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/03/2018. Possível aplicação do CDC nesses casos.</p><p>Info 640: Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários. STJ. 3ª Turma. REsp 1.749.941-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/12/2018. Trata-se de hipótese de fato de terceiro, que configura fortuito externo, excluindo a responsabilidade civil.</p><p>Info 752: A concessionária de rodovia não deve ser responsabilizada por roubo com emprego de arma de fogo cometido contra seus usuários em posto de pedágio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.872.260-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/10/2022</p><p>CDC, Art. 14 (...) §3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.</p><p>O fato de terceiro pode ou não romper o nexo de causalidade:</p><p>a) Se aquele fato de terceiro está relacionado com a atividade desenvolvida pelo fornecedor (está dentro dos limites do risco assumido pela empresa), então, neste caso, não há rompimento do nexo de causalidade e o fornecedor do serviço deverá responder pelo dano. Considera-se aqui que houve um fortuito interno. Ex: um objeto solto na pista por determinado carro e que causa acidente a outro condutor que vem logo atrás. A concessionária da rodovia terá responsabilidade.</p><p>Também respondem por: acidentes causados por animais na pista (REsp 573.260/RS, DJe 09/11/2009); corpos estranhos na rodovia que causaram acidente automobilístico (AgInt no AREsp 1134988/SP, Dje 20/04/2018); atropelamento de pedestres que atravessavam a rodovia (REsp 1268743/RJ, DJe 07/04/2014).</p><p>b) Por outro lado, se o fato de terceiro é completamente estranho à atividade desenvolvida pelo fornecedor (não tem qualquer relação com o serviço por ele prestado), aí, nesta situação, há rompimento do nexo de causalidade e o fornecedor não responderá pelo dano. É o que se chama de fortuito externo. Ex: uma bala perdida que atinge passageiro que está trafegando na rodovia.</p><p>Info 901: A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018</p><p>Questão: João se inscreveu em um concurso público, tendo pagado a taxa de inscrição, transporte aéreo e acomodação no estado de realização das provas. A organização do concurso e a aplicação das provas seriam feitas por determinada fundação — pessoa jurídica de direito privado — contratada pela administração pública estadual. Contudo, na véspera da aplicação do certame, o Ministério Público estadual recomendou o cancelamento das provas, com fundamento em indícios de quebra de sigilo do conteúdo das provas, em razão de conduta descuidada da banca organizadora. A administração pública acatou a recomendação e, ato contínuo, cancelou o certame. Agora, João pretende ser ressarcido por danos materiais, em decorrência do cancelamento das provas. A partir dessa situação hipotética, da Constituição Federal de 1988 e da jurisprudência do STF, assinale a opção correta, acerca da responsabilidade civil do Estado: o Estado deverá responder subsidiariamente à banca organizadora, no caso de insolvência desta, pelos danos materiais ocasionados a João – CERTO.</p><p>O cancelamento de provas de concurso público em virtude de indícios de fraude gera a responsabilidade direta da entidade privada organizadora do certame de restituir aos candidatos as despesas com taxa de inscrição e deslocamento para cidades diversas daquelas</p><p>em que mantenham domicílio. Ao Estado, cabe somente a responsabilidade subsidiária, no caso de a instituição organizadora do certame se tornar insolvente. (RE 662405, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 29/06/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201 DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020).</p><p>Relativamente às atividades notariais e de registro, o STF fixou a seguinte tese (Tema 777): “O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.” (RE 842.846, j. em 27.02.2019). Desse modo, se o Estado não ajuizar a ação de regresso, os agentes públicos responsáveis por isso poderão responder por ato de improbidade administrativa.</p><p>Info 932: O Estado possui responsabilidade civil direta e primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral)</p><p>Questão: os serviços notariais e de registro, por serem pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, submetem-se à disciplina do Art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988 e respondem, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa – ERRADO, de acordo com o art. 22 da Lei Federal nº 8.935/1994, com redação dada pela Lei Federal nº 13.286/2016, a responsabilidade civil dos notários (tabeliães) e registradores (oficiais de registros) pelos danos causados a terceiros no exercício da função delegada notarial e de registro é SUBJETIVA, dependendo da aferição de dolo ou culpa.</p><p>"Sendo assim, o entendimento da Suprema Corte foi no sentido que como a Constituição Federal determinou que lei regulará a responsabilidade civil dos notários, e assim a lei 8.935/94 o fez, não é dever da Corte analisar interpretação analógica ou extensiva para equiparar regime jurídico da responsabilidade dos notários ao das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. (Recurso Extraordinário nº 842.846/SC. Relator: Min. Luiz Fux) A responsabilidade civil dos notários e registradores legalmente assentada foi fixada em responsabilidade subjetiva, não restando duvidas ou questionamentos, haja vista a alteração legislativa em 2016 e ao entendimento emanado pela Suprema Corte na Repercussão Geral nº 777." “Importante ressaltar que a Suprema Corte não equiparou a atividade exercida pelos notários e registradores das pessoas jurídicas de direito privado prestadores de serviços públicos (art. 37, §6 CF/88), os notários e registradores respondem civilmente enquanto pessoa naturais consoante o artigo 22 da lei 8.935/94, tendo sua responsabilidade subjetiva assegurada por lei, diferentemente daquelas, que respondem objetivamente na forma da Constituição Pátria.”</p><p>Assim, a responsabilidade civil dos notários e registradores não precisa ser, necessariamente, objetiva, tal qual prevê o art. 37, § 6º, da CF/88, considerando que o constituinte facultou ao legislador a opção de estipular regra diversa. Em outras palavras, a própria Constituição Federal retirou o assento constitucional da regulação da responsabilidade civil e criminal dos notários, relegando-a à autoridade legislativa. A disciplina conferida à matéria pelo legislador consagra a responsabilidade civil subjetiva dos notários e oficiais de registro.</p><p>Questão: O Estado foi condenado ao pagamento de indenização a particular, por ato culposo praticado por tabelião. Nessa situação hipotética, o agente estatal competente tem a obrigação de ingressar com ação regressiva em desfavor do tabelião causador do dano ao particular, sob pena de caracterização de improbidade administrativa, já que o direito de regresso é indisponível e obrigatório – CERTO.</p><p>Entende-se que o direito de regresso é obrigatório diante do dever do Estado de buscar o ressarcimento quando responde objetivamente.</p><p>A responsabilidade somente poderá ser imputada ao agente público que agir nessa qualidade, no exercício das funções estatais. MEIRELLES aponta que, para a vítima, será suficiente que o agente se encontre a serviço, ainda que atue fora ou além de suas competências. Assim, ainda que o agente esteja de folga, mas venha a utilizar bens do Estado - a exemplo da arma da corporação ou da viatura - ele terá assumido o risco da prática de algum dano a alguém e por ele deverá responder.</p><p>O STF já apreciou um caso envolvendo a prática de ilícito por policial que, de folga, utiliza arma de fogo da corporação (Re 363.423/SP, j. 16.11.2004). O voto inicial do Min. Ayres Britto foi no sentido reconhecer a responsabilidade objetiva estatal, porquanto um policial militar, que estava de folga, teria utilizado a arma da corporação para matar sua companheira e o Estado teria assumido o risco sobre os excessos cometidos. No entanto, prevaleceu o entendimento do Min. Eros Grau, pela responsabilidade subjetiva, diante da natureza daquele crime de homicídio e afastou a situação em que o agente, mesmo de folga, se invoca nessa condição para corrigir pessoas ou reprimir condutas.</p><p>Na situação de discussão de trânsito envolvendo disparo de arma de fogo por um policial de folga, com trajes civis, mas utilizando a arma da corporação, o STF entendeu pela irresponsabilidade do Estado (RE 508.114-AgR, j. 16.9.2008). Diferente foi a conclusão no ARE 644.395-AgR/GO, DJe 20.10.2011: deveria o Estado responder pelo fato de ter o soldado invocado a condição de militar para corrigir pessoas - com a arma da corporação militar, agrediu uma terceira pessoa. A responsabilidade estatal também foi reconhecida no ARE 919.386-AgR, j. 28.10.2016, diante de agressão de policial, de folga, a meliante, efetivada durante perseguição.</p><p>O STF parece ter definido duas hipóteses:</p><p>a) Se o policial utiliza a arma da corporação na condição de agente público, embora de folga e invoca essa condição em perseguição ou com o objetivo de corrigir pessoas: responsabilidade objetiva do Estado;</p><p>b) Se o policial de folga utiliza arma da corporação em contexto particular, como uma discussão de trânsito ou um homicídio passional: ausência de responsabilidade estatal.</p><p>De qualquer modo, o caso concreto deverá ser analisado, mesmo na segunda hipótese. Caso o servidor público esteja em momento difícil de sua vida (como um rompimento de casamento e outras dificuldades) e restar demonstrado que o superior hierárquico ciente desse contexto, permitiu que o servidor mantivesse a guarda da arma da corporação, eventual crime praticado por ele irá configurar a responsabilidade do Estado, que incorre em conduta omissiva – decorre da permanência indevida da arma de fogo com o servidor (ARE 1.121.029-AgR, j. 18.10.2019).</p><p>Questão: De acordo com o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade do Estado por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de caráter e execução solidários – ERRADO.</p><p>"13. A Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos da Lei 6.938/1981, por danos urbanístico-ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o seu agravamento, consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da adoção, contra o agente público relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no campo da improbidade administrativa. 14. No caso de omissão de dever de controle e fiscalização, a responsabilidade ambiental solidária da Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência). 15. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título executivo</p><p>sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil)." (RESP - RECURSO ESPECIAL - 1071741 2008.01.46043-5, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:16/12/2010)</p><p>Info 740: O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências, responde objetivamente pela conduta omissiva. STJ. 2ª Turma.REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/05/2022. O STF e o STJ possuem diversos julgados afirmando que o Poder Público responde de forma objetiva, inclusive em caso de atos omissivos, quando constatada a precariedade/vício no serviço decorrente da falha no dever legal e específico de agir.</p><p>4. CAUSAS	EXCLUDENTES	DA	RESPONSABILIDADE	CIVIL	DO ESTADO</p><p>Em decorrência da adoção da teoria do risco administrativo, como regra, as principais causas excludentes da responsabilidade estatal são o caso fortuito e a força maior, cuja conceituação é controvertida na doutrina. Para DI PIETRO (minoritário), a força maior estaria ligada a acontecimento imprevisível e inevitável que independe da atuação humana, como um raio; ao passo que o caso fortuito abrangeria ato humano ou falha da Administração, como o rompimento de cabo elétrico.</p><p>Já para CARVALHO FILHO (majoritário), ambas as situações afastam/elidem a responsabilidade do Estado por inexistência de nexo causal. Caso ocorra, no entanto, uma ação ou omissão culposa do Estado, terá havido concausas para o dano. Disto resulta uma indenização mitigada, com base na equidade. DI PIETRO aponta que, mesmo no caso de força maior, seria possível responsabilizar o Estado, desde que provada a omissão do Poder Público na realização do serviço (teoria da culpa administrativa ou culpa do serviço) – a exemplo de uma enchente quando restar comprovado que, além das fortes chuvas, o Estado deixou de realizar o serviço de limpeza dos bueiros ou galerias de águas pluviais.</p><p>Na visão dos Tribunais Superiores, tanto a força maior como o caso fortuito retiram a responsabilidade do Estado:</p><p>“O princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50).” (RE 109.615, j. 28.5.1996).</p><p>A mesma regra da responsabilização por omissão é aplicável à culpa de terceiros – como os danos causados por multidões ou por arrastões, se for comprovada a omissão estatal, conforme lecionam DI PIETRO e CARVALHO FILHO. A culpa concorrente, por sua vez, não elimina, mas poderá atenuar a responsabilidade. Para o STJ, a causa excludente de ilicitude penal do agente estatal não exclui a responsabilidade civil do Estado (Jurisprudência em teses, Vol. 61):</p><p>7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.</p><p>Em resumo:</p><p>Info 969: No caso em que o município promove queima de fogos nas festividades de ano novo e deixa, nas proximidades do local onde ocorreu o evento, restos de explosivos sem qualquer proteção, não há falar em culpa concorrente dos pais pelos danos causados ao seu filho. Nesta situação, não se pode imputar aos pais responsabilidade por ter permitido que o filho brincasse em logradouro público, especialmente naquele onde ocorreu as festividades de ano novo. Não havia nenhum elemento indicativo de que era proibido o acesso ao local do acidente ou que o município tenha prevenido o acesso à área pública. Assim, não há culpa concorrente dos pais, tendo sido a conduta do município causa exclusiva para a ocorrência do dano. STJ.2ª Turma. REsp 1837378/RO, Rel. Min Herman Benjamin, julgado em 10/12/2019.</p><p>A culpa concorrente é fator para a redução do valor da indenização (art. 945 do CC), mediante a análise do grau de culpa de cada um dos litigantes e, sobretudo, da colaboração individual para a confirmação do resultado danoso, considerando a relevância da conduta de cada qual. O evento danoso resulta da conduta culposa das partes nele envolvidas, devendo a indenização medir-se conforme a extensão do dano e o grau de cooperação de cada uma das partes para a sua eclosão.</p><p>Info 969: Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366)</p><p>Para a doutrina majoritária, o caso fortuito não irá excluir a responsabilidade estatal se comprovada a culpa anônima. Esta também irá excepcionar a exclusão da responsabilidade pela força maior e pela culpa exclusiva da vítima ou de terceiros.</p><p>Questão: Conforme o ordenamento jurídico pátrio, pode-se afirmar, sobre a responsabilidade objetiva do Estado:</p><p>A) não há nexo causal entre a conduta da Administração e o dano decorrente de força maior, razão pela qual em tal situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda que provado que a culpa anônima do serviço concorreu para o evento – ERRADO, o caso fortuito, força maior ou culpa da vítima realmente podem ser alegados para excluir ou atenuar a responsabilidade do Estado = variantes do risco administrativo, MAS se a culpa anônima do serviço (“falta do serviço”) concorreu para o evento, mormente em se tratando de omissão específica (quando o Estado tinha o dever de evitar o dano, ex.: barrar loteamento irregular em morro com risco de deslizamento por chuvas em grande quantidade), haverá dever de indenizar, conforme entendimento do STF.</p><p>B) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for antijurídico, ou seja, anormal e especial – CERTO, Maria Sylvia Zanella Di Pietro: o Estado só responde se o dano decorrer de ato antijurídico, que não pode ser entendido, para esse fim, como ato ilícito, pois é evidente que a licitude ou ilicitude do ato é irrelevante para fins de responsabilidade objetiva; caso contrário, danos decorrentes de obra pública, por exemplo, ainda que licitamente realizada, não seriam indenizados pelo Estado. Somente se pode aceitar como pressuposto da responsabilidade objetiva a prática de ato antijurídico se este, mesmo sendo lícito, for entendido como ato causador de dano anormal e específico a determinadas pessoas, rompendo o princípio da igualdade de todos perante os encargos sociais. Por outras palavras, ato antijurídico, para fins de responsabilidade objetiva do Estado, é o ato ilícito e o ato lícito que cause dano anormal e específico.</p><p>C) não haverá dever de indenizar nos casos em que o princípio da igualdade de todos na distribuição dos ônus e encargos sociais deva ceder diante do interesse da continuidade do serviço ou da intangibilidade da obra pública – ERRADO, via de regra, de fato, não haverá dever de indenizar quando todos devam sofrer algum tipo de restrição para a conclusão de uma obra pública ou para a prestação de um serviço público. Mas, o mesmo princípio [isonomia] demanda que particulares sejam indenizados na hipótese em que estes são acometidos por um dano anormal e específico decorrente dessas atividades.</p><p>Questão: Um profissional</p><p>de imprensa cobria uma manifestação de trabalhadores quando foi atingido no olho por uma bala de borracha disparada por policiais em conflito com os manifestantes. Nessa situação hipotética: há responsabilidade civil objetiva do Estado, que pode ser excluída se for provado que o profissional de imprensa descumpriu ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas em que havia grave risco a sua integridade física – CERTO.</p><p>Info 1021: É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade física. (STF. Plenário. RE 1209429/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/6/2021) (Repercussão Geral – Tema 1055)</p><p>Questão: O Município Ômega realizou queima de fogos de artifício na noite de réveillon do último ano. No dia primeiro de janeiro seguinte, os irmãos João e Maria, de 7 e 8 anos de idade, brincavam na praça da cidade, quando resolveram manusear restos de explosivos deixados na noite anterior por agentes municipais sem qualquer tipo de alerta, proteção ou elemento indicativo de que era proibido o acesso ao local, ocasião em que alguns fogos dispararam e o acidente resultou em sérias lesões no corpo de ambas as crianças. João e Maria, patrocinados por seu tio que é advogado, ajuizaram ação indenizatória em face do Município, que se defendeu alegando culpa exclusiva dos pais dos autores, que não os vigiaram adequadamente. Ao proferir sentença, adotando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o magistrado deve aplicar a responsabilidade civil: objetiva, orientada pela teoria do risco administrativo, não havendo que se falar em culpa exclusiva ou concorrente dos pais pelos danos causados aos seus filhos – CERTO.</p><p>CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS CAUSADOS A MENOR. RESTOS DE FOGOS DE ARTIFÍCIO DEIXADOS EM LOGRADOURO PÚBLICO, SEM PROTEÇÃO. RESPONSABILIDADE CONCORRENTE DOS PAIS. INEXISTÊNCIA. (...) 4. Todavia, na hipótese dos autos, não há falar em culpa concorrente dos pais pelos danos causados ao seu filho. Com efeito, é incontroverso que o município recorrido promoveu queima de fogos nas festividades de ano novo e deixou, nas proximidades do local onde ocorreu o evento, restos de explosivos sem qualquer proteção. 5. Nesta situação, não se pode imputar aos pais responsabilidade por ter permitido que o filho brincasse em logradouro público, especialmente naquele onde ocorreu as festividades de ano novo. Não há, outrossim, nenhum elemento, no acórdão vergastado, indicativo de que era proibido o acesso ao local do acidente ou que o município tenha prevenido o acesso à multicitada área pública, ao contrário, a presunção é de que o local fosse seguro, uma vez que próximo de onde ocorreu as festividades de passagem de ano. Dessarte, irreprochável a conclusão de que, in casu, não há culpa concorrente dos pais, tendo sido a conduta do município causa exclusiva para a ocorrência do dano. (...) (REsp 1837378/RO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 25/05/2020).</p><p>STJ: No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado. (Recurso Repetitivo - Tema 518).</p><p>Questão: Na responsabilidade objetiva, se houver a culpa da vítima, afasta-se o dever de indenizar, pois o Estado não responde sempre – ERRADO, apenas a culpa exclusiva da vítima é capaz de eliminar a responsabilidade do Estado, isso porque, quando o evento danoso ocorre por culpa da vítima não se consegue comprovar o nexo de causalidade entre ato da Administração e o evento danoso.</p><p>Questão: Não é preciso provar a culpa do Estado, em caso de responsabilidade subjetiva, ocorrendo omissão estatal que provoque danos ao particular – ERRADO, admite-se a responsabilidade do Estado por atos omissivos, no entanto, conforme entendimento prevalecente no STF, não se tem aqui a responsabilidade objetiva, mas sim subjetiva. Ou seja, quando se tratar de ato omissivo do Estado, é necessária a demonstração de dolo ou culpa do agente. Neste sentido, é importante destacar ementa do Recurso Extraordinário 179.147, em que foi Relator o Ministro Carlos Velloso, o STF, por unanimidade, firmou a distinção entre a responsabilidade civil do Estado decorrente de ação de seus agentes (responsabilidade objetiva) e a responsabilidade civil do Estado no caso de danos pela omissão da Administração (responsabilidade subjetiva).</p><p>Questão: Uma professora da rede estadual de ensino recebia, havia meses, ofensas e ameaças de agressão e morte feitas por um dos alunos da escola. Em todas as oportunidades, ela reportou o ocorrido à direção da escola, que, acreditando que nada ocorreria, preferiu não admoestar o aluno. Em determinada data, dentro da sala de aula, esse aluno desferiu um soco no rosto da professora, causando-lhe lesões aparentes, o que a motivou a ingressar com demanda judicial indenizatória contra o Estado. Nessa situação hipotética, não há responsabilidade do Estado, já que o dano foi provocado por terceiro – ERRADO</p><p>Questão: A reparação de um dano moral pressupõe a existência de material e o nexo causal entre o fato e o dano – ERRADO, a reparação de um dano moral não pressupõe a existência de material, ou seja, pode haver dano moral, por exemplo, sem o dano material.</p><p>Questão: Carlos, servidor público municipal que atua em hospital da rede pública estadual, no exercício regular de sua função, aplicou determinada medicação em um paciente, que, sendo alérgico à mesma, acabou vindo a óbito. No procedimento instaurado para apuração de responsabilidades, restou comprovada a ausência de culpa de Carlos, eis que o mesmo apenas seguiu a prescrição do médico responsável, também servidor do mesmo hospital. Inconformados, os familiares do falecido solicitaram à Defensoria Pública a adoção das medidas judiciais cabíveis para a responsabilização civil pelos danos sofridos. Diante da situação narrada,</p><p>A) cabe a responsabilização objetiva do Estado, independentemente da comprovação de dolo ou culpa de quaisquer dos servidores, sendo esta última circunstância necessária apenas para fins de direito de regresso – CERTO.</p><p>B) o Estado somente poderá ser civilmente responsabilizado pelos danos sofridos pelos familiares se comprovada a prestação deficiente do serviço, com a necessária delimitação da parcela de culpa de cada um dos envolvidos.</p><p>Info 1089: No caso de vítima atingida por projétil de arma de fogo durante uma operação policial, é dever do Estado, em decorrência de sua responsabilidade civil objetiva, provar a exclusão do nexo causal entre o ato e o dano, pois ele é presumido. STF. 2ª Turma. ARE 1.382.159 AgR/RJ, Rel. Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/03/2023. Assim, ausente a comprovação pelo Estado de caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro ou outra circunstância interruptiva do nexo causal, mostra-se inafastável o dever de indenizar.</p><p>AULA 39: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – PARTE 2</p><p>5. RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO</p><p>· Entendimento pela responsabilidade subjetiva do Estado</p><p>Para que se configure a responsabilidade subjetiva por omissão, exige-se a presença do dever de agir do Estado e da sua possibilidade de agir para evitar</p><p>o dano, conforme doutrina de DI PIETRO, MELLO e outros. Decorre dessa responsabilidade por culpa anônima o ônus atribuído ao particular, como já decidiu o STJ:</p><p>“(...) A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, comprovar a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo causal entre ambos (...)” (AgInt no AREsp 1.249.851/SP, j. 20.9.2018)</p><p>O mesmo entendimento foi adotado em caso mais recente:</p><p>“A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, a comprovação da conduta omissiva e culposa (negligência na atuação estatal - má prestação do serviço), o dano o nexo causal entre ambos.” (REsp 1.709.727-SE, Primeira Turma, j. 5.4.2022)</p><p>Nessa situação, os filhos menores e o cônjuge da pessoa falecida em razão de acidente de trânsito precisaram comprovar a omissão culposa do Estado diante da inobservância do dever de fiscalização e sinalização da via pública. Em outro caso recente, o STJ reconheceu a responsabilidade do Estado, inclusive sem necessidade da comprovação da culpa, diante da morte de um advogado, nas dependências do fórum, por disparos de arma de fogo efetuados por réu em ação criminal:</p><p>“A regra geral do ordenamento brasileiro é de responsabilidade civil objetiva por ato comissivo do Estado e de responsabilidade subjetiva por comportamento omissivo. Contudo, em situações excepcionais de risco anormal da atividade habitualmente desenvolvida, a responsabilização estatal na omissão também se faz independentemente de culpa.” (REsp 1.869.046-SP, j. 9.6.2020 – Info 674)</p><p>Dessa forma, excepcionalmente o STJ permite a aplicação da responsabilidade objetiva a título de omissão (Art. 927, parágrafo único, do Código Civil).</p><p>Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.</p><p>· Entendimento pela responsabilidade objetiva do Estado</p><p>A responsabilidade do Estado, seja por ação, seja por omissão, será sempre objetiva, conforme tese majoritária – embora certos autores exijam a demonstração da culpa (CARVALHO FILHO).</p><p>· Entendimento pela diferenciação entre omissão genérica e específica (CAVALIERI FILHO)</p><p>a) Omissão específica (própria): o Estado é obrigado a agir para impedir o resultado danoso, em decorrência de um dever específico de agir, por sua condição de garante/guardião – por exemplo, a morte de detento em rebelião de presídio, caso em que o Estado tem dever de zelar pela integridade dos presos;</p><p>b) Omissão genérica (imprópria): o não agir do Estado não é causa direta e imediata do dano, de forma que recai sobre a vítima o ônus de comprovar a falta do serviço/culpa anônima/culpa administrativa.</p><p>A omissão genérica terá lugar nas situações em que não se poderá exigir do Estado uma atuação específica – a exemplo da queda de cliclista em bueiro há muito tempo aberto, caso em que o ciclista deverá comprovar a falta de conservação. Por tal razão, a responsabilidade será subjetiva. Diferentemente, na omissão específica haverá responsabilidade estatal objetiva. O STF parece ter adotado a terceira corrente:</p><p>“(...) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público baseia-se no risco administrativo, sendo objetiva, exige os seguintes requisitos: ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa; existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. 2. A jurisprudência desta CORTE, inclusive, entende ser objetiva a responsabilidade civil decorrente de omissão, seja das pessoas jurídicas de direito público ou das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. 3. Entretanto, o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias como o caso fortuito e a força maior ou evidências de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima. (...)” (RE 608.880, j. 8.9.2020 – Tema 362)</p><p>“A teor do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, há responsabilidade civil de pessoa jurídica prestadora de serviço público em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em posto de pesagem, considerada a omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço.” (RE 598.356, Primeira Turma, j. 8.5.2018).</p><p>Neste último caso, conforme voto do Min. relator, “não há espaço para afastar a responsabilidade, independentemente de culpa, mesmo sob a óptica da omissão, ante o princípio da legalidade, presente a teoria do risco administrativo.” Em outro julgado, foi abordado o dever específico de proteção:</p><p>“(...) RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. (...) Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. (...).” (RE 841.526, Tribunal Pleno, j. em 30.3.2016)</p><p>Conforme destacado pelo relator:</p><p>“(...) não obstante o Estado responda de forma objetiva também pelas suas omissões, o nexo de causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos particulares só restará caracterizado quando o Poder Público ostentar o dever legal específico de agir para impedir o evento danoso, não se desincumbindo dessa obrigação legal. Entendimento em sentido contrário significaria a adoção da teoria do risco integral, repudiada pela Constituição Federal (...) “é corrente no meio jurídico a afirmação de que a Administração só responde pela omissão que é específica, ou seja, quando ela está obrigada a evitar o dano e permanece inerte”.</p><p>No RE 136.861/SP (Tema 336 - cf. síntese no Informativo 969-STF), julgado em 11.03.2020 numa situação envolvendo a responsabilidade do Município por danos decorrentes de omissão no dever de fiscalizar comércio de fogos de artifício, foi fixada tese: “Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular.”</p><p>Nos casos em que o Estado não atua, em regra não haverá responsabilidade, a não ser que haja omissão própria – é necessário comprovar o dever específico de agir e a causalidade direta e imediata entre a conduta omissiva e o dano causado a terceiro:</p><p>“(...) Direito Administrativo. 3. Responsabilidade civil contratual do Estado. (...) Ocorrência de dano. 6. Relação de causalidade. Adoção pela doutrina e jurisprudência das teorias da causalidade adequada e do dano direto e imediato. Independentemente de qual se escolha, revela-se essencial que a relação seja direta e imediata entre o ato e dano praticado. Precedentes (...)” (STF, ACO 1853 AgR-segundo, j. 17.8.2018)</p><p>São exemplos</p><p>corriqueiros na doutrina e jurisprudência:</p><p>1) Pessoa roubada em arrastão: por se tratar de culpa de terceiros, o Estado somente responde caso a vítima comprove a omissão por culpa anônima, diante de omissão concreta – que na região ocorrem arrastões frequentes;</p><p>2) Morte ou lesão causada por detento que fugiu do presídio: o Estado somente responde se for comprovada a fuga frequente dos presos ou que o estabelecimento foi construído em região residencial com a prática de crimes logo após a fuga – neste caso, há risco suscitado pelo Estado.</p><p>A tese do STF no RE 608.880, j. 8.9.20 foi nesse sentido (Tema 362):</p><p>“Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.”</p><p>Info 819: Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral)</p><p>A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia pública é objetiva. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1305249/SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2017. Mesmo no caso de suicídio.</p><p>Somente haverá a responsabilização do Poder Público se, no caso concreto, o Estado não cumpriu seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF/88. Como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá provar alguma causa excludente de responsabilidade.</p><p>O acórdão do STF no RE 841526/RS “é claro ao afirmar que a responsabilização do Estado em caso de morte de detento somente ocorre quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal. Logo, se o Estado nada pôde fazer para evitar o sinistro, não há falar em responsabilidade civil do ente estatal, pois a conclusão em sentido contrário ensejaria a aplicação da inconstitucional teoria do risco integral.” (Min. Mauro Campbell Marques).</p><p>Questão: João cumpria pena em regime fechado no sistema penitenciário do Estado Alfa e conseguiu fugir, em verdadeira fuga cinematográfica feita com helicóptero blindado, que o resgatou quando tomava banho de sol. Seis meses após sua fuga, João se associou a outros criminosos e entrou na casa de Antônio, cometendo crime de latrocínio e ceifando a vida de sua nova vítima. Os filhos de Antônio buscaram a Defensoria Pública e ajuizaram ação indenizatória em face do Estado Alfa, com base em sua responsabilidade civil objetiva, pleiteando reparação por danos morais decorrentes da morte de seu pai. Alegam os autores que ocorreu omissão do Estado Alfa por não prover medidas eficazes de segurança carcerária. Na hipótese narrada, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal e o Art. 37, § 6º, da Constituição da República de 1988, a responsabilidade civil objetiva do Estado Alfa: não está caracterizada, diante da ausência de nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada por João – CERTO, jurisprudência em teses - STJ. Edição 61: 11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.</p><p>Info 933: Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362)</p><p>No caso concreto, devem ser analisados: a) o intervalo entre fato administrativo e o fato típico (critério cronológico); e b) o surgimento de causas supervenientes independentes (v.g., formação de quadrilha), que deram origem a novo nexo causal, contribuíram para suprimir a relação de causa (evasão do apenado do sistema penal) e efeito (fato criminoso).</p><p>3) Suicídio de detento: nem sempre que houver suicídio poderá ser o Estado responsabilizado; eventual indenização caberá com base na comprovada violação do dever específico de proteção assegurado constitucionalmente (CRFB/1988, Art. 5º, inciso XLIX).</p><p>CRFB/1988 – Art. 5º XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;</p><p>No RE 841.526, j. em 30.3.2016, o relator Min. Luiz Fux reconheceu a responsabilidade do Estado na situação em que o preso já apresentava indícios de que tiraria a própria vida. Já o suicídio imprevisível e repentino afasta a responsabilização.</p><p>Questão: Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a omissão de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos enseja a incidência da responsabilidade civil objetiva – CERTO.</p><p>STF: a) omissão específica - responsabilização objetiva - independe de dolo ou culpa; b) omissão genérica - responsabilização subjetiva - depende de dolo ou culpa</p><p>STJ: omissão especifica/omissão genérica - responsabilização subjetiva - depende de dolo ou culpa</p><p>Questão: José foi condenado pela prática do crime de homicídio qualificado à pena de dezoito anos de reclusão, que está sendo cumprida em estabelecimento prisional do Estado Gama. Após diversas vistorias realizadas pelo Ministério Público, restou comprovado que permanecem, há mais de três anos, problemas de superlotação e de falta de condições mínimas de saúde e higiene no presídio, que causaram danos materiais e morais ao detento José. Alegando violação a normas previstas na Constituição da República de 1988, na Lei de Execução Penal e na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, José ajuizou ação indenizatória por danos causados pelas ilegítimas e sub-humanas condições a que está submetido no cumprimento de pena em face do Estado Gama. Instado a lançar parecer no processo, o promotor de justiça, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deve se manifestar pela: procedência do pedido indenizatório, inclusive no que toca aos danos morais comprovadamente causados em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento, pois é dever do Estado Gama manter em seu presídio os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico – CERTO.</p><p>Questão: O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo portada por visitante do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público externo – ERRADO, a responsabilidade nesse caso é objetiva, não havendo exclusão da responsabilidade por ter sido realizado a revista.</p><p>Questão: Em uma unidade prisional brasileira, superlotada e na qual ocorrem violações diárias de direitos humanos pela ausência de condições mínimas de saúde, higiene, segurança e preservação da intimidade, um preso cumpriu integralmente o tempo correspondente de privação de liberdade de determinada pena. No período, foi assediado moral e fisicamente de várias formas, ficou diversas vezes privado de sol e de banho, não dormiu por muitas noites por falta de colchões, desenvolveu doença pulmonar e ficou viciado em crack, substância com a qual jamais havia tido contato antes da privação de liberdade. O Estado em que situada a unidade prisional passa por gravíssima crise financeira e atrasa salários de seus servidores, mas aplica na gestão da saúde, educação e segurança pública os percentuais constitucionais e legais mínimos previstos, além de gastar nos limites de sua lei orçamentária, o que foi respeitado durante todo o período em que o apenado cumpriu pena. Considerando a situação acima e a jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, decidida em sede de repercussão geral, que se assemelha ao fato narrado, considerada a Teoria da Reserva do Possível, os danos experimentados pelo preso: deverão ser indenizados</p><p>pelo Estado, tanto os danos materiais como os morais, independentemente de comprovação de culpa na fiscalização das condições de saúde e higiene da unidade prisional, sendo irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos previstos na lei orçamentária nas áreas da segurança e saúde prisional – CERTO.</p><p>6. REPARAÇÃO DO DANO E AÇÃO DE REGRESSO</p><p>Regra geral, quem responde pelo dano causado ao administrado será a pessoa jurídica, na forma do Art. 37, § 6º, CRFB/1988. Assim, segundo o STF, a ação de regresso deverá ser proposta contra a pessoa jurídica, pela teoria da dupla garantia – como garantia da vítima ressarcida e, ao mesmo tempo, garantia de que o agente público responderá somente em um segundo momento (RE 327.904, j. 15.8.2006; RE 470.996/AgR, j. 18.8.2009). Já no RE 1.027.633/SP, j. em 14.8.2019 foi reconhecida</p><p>“A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. O tribunal de origem consignou caber à vítima do dano escolher contra quem propor ação indenizatória. O colegiado asseverou que o aludido dispositivo constitucional não encerra legitimação concorrente. Assim, a pessoa jurídica de direito público e a de direito privado prestadora de serviços públicos respondem pelos danos causados a terceiros, considerado ato omissivo ou comissivo de seus agentes.” (Tema 940 - Informativo 947-STF).</p><p>Trata-se da teoria da dupla garantia:</p><p>O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. STF. 1ª Turma. RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006.</p><p>Questão: o Art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988, consagra a teoria da dupla garantia, segundo a qual a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou contra a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa – CERTO, analisando a possibilidade de responsabilização direta do agente público causador do dano, o STF (ARE 908331 AgR) entendeu negativamente, não admitindo que a vítima ajuíze ação indenizatória diretamente em face do agente estatal. Trata-se da chamada “Teoria da Dupla Garantia”, de acordo com a qual o art. 37, §6º da CRFB consagraria 02 (duas) garantias: - 1ª Garantia (direcionada à vítima): direito de ser indenizada pelo Estado, que é o maior patrimônio solúvel numa sociedade; - 2ª Garantia (direcionada ao agente público): que somente responderá pelos danos causados na qualidade de agente público perante o Estado e apenas após o pagamento da indenização pelo Poder Público, não estando sujeito a demandas indenizatórias de particulares.</p><p>7. PRESCRIÇÃO</p><p>Incidirá o prazo de cinco anos, contado da data do ato ou do fato (Art. 1º, Decreto n. 20.910/1932). Tal prazo abrange apenas nas ações ligadas aos direitos pessoais, mas pode ser estendido para as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos (Lei n. 9.494/1997, Art. 1º-C).</p><p>Decreto n. 29.910/1932 - Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.</p><p>Lei n. 9.494/1997 – Art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.</p><p>Questão: Determinado taxista dirigia embriagado quando colidiu contra o prédio de determinada secretaria estadual, que foi danificado com a batida. Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, o estado federado prejudicado deverá propor ação de ressarcimento: no prazo prescricional de cinco anos, com base em aplicação analógica do Decreto Federal n.º 20.910/1932 – CERTO, conforme o STJ -A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a "prescrição contra a Fazenda Pública é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo Decreto 20.910 /32, tendo como termo inicial a data do ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio material ou imaterial" (AgRg no REsp 1.221.455/RJ, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 14/9/2015).</p><p>Sobre as ações reais, por sua vez, incidirá o prazo prescricional de dez anos previsto da lei civil (Art. 205, CC). O STF entende pela prescritibilidade da ação regressiva em desfavor do agente público causador do dano (RE 669.069, j. em 3.2.2016 – Tema 666).</p><p>CC – Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.</p><p>Já as ações de improbidade administrativa são tidas como imprescritíveis: “São imprescritíveis ações de ressarcimento ao erário fundada na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.” (RE 852.475, j. em 8.8.2018).</p><p>Apesar da polêmica quanto ao prazo prescricional, prevalece o prazo de 3 anos, segundo doutrina e jurisprudência do STF (RE 669.069). Já para o STJ é aplicável o prazo quinquenal (AgInt no AREsp 1.451.967/SP, j. 19.9.2019).</p><p>Questão: conforme o estudo da responsabilidade civil do estado e dos agentes públicos aplica-se o prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto n° 20.910/1932 às ações indenizatórias ajuizadas contra Fazenda Pública, afastando-se a incidência do prazo trienal previsto no Código Civil em razão do critério da especialidade normativa – CERTO, a linha jurisprudencial adotada pelo STJ, através de sua 1ª Seção, ao analisar o EREsp 1.081.885/RR, rel. Ministro Hamilton Carvalhido, foi no sentido de que se aplica, no âmbito das ações indenizatórias movidas contra o Estado, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32, recepcionado pela CF/88 com status de lei ordinária, e que seria norma especial em relação ao Código Civil, por isso que não poderia ser derrogado, nesse particular.</p><p>Questão: Aristides da Silva era operário e, a pretexto de sua participação em grupo político considerado subversivo, foi preso e torturado por agentes policiais estaduais, no ano de 1976. Somente em 2016 procurou a Defensoria Pública, visando ajuizar ação indenizatória em face do Estado, para pleitear os danos materiais e morais decorrentes do episódio, que lhe causou sequelas físicas e psicológicas. Em vista de tal situação, é correto concluir que a pretensão em tela: é imprescritível, podendo ser ajuizada ação de reparação a qualquer momento – CERTO.</p><p>Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.</p><p>O prazo quinquenal previsto no Decreto n. 20.910/1932 é inaplicável às ações que objetivam reparação por danos morais ocasionados por torturas sofridas durante o período do regime militar, demandas que são imprescritíveis,</p><p>tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelas vítimas para deduzir suas pretensões em juízo. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1569337/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 03/05/2018.</p><p>Questão: para o STJ, é aplicável o prazo constante do Decreto n° 20.910/32 para que autarquia concessionária de serviços públicos ajuíze execução fiscal visando a cobrança de débitos decorrentes do inadimplemento de tarifas – ERRADO, não é aplicável o prazo constante do Decreto n° 20.910/32 para que autarquia concessionária de serviços públicos ajuíze execução fiscal visando a cobrança de débitos decorrentes do inadimplemento de tarifas, mas sim, o prazo previsto no Código Civil.</p><p>Questão: Segundo o entendimento majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória ajuizada contra a fazenda pública em razão da responsabilidade civil do Estado, o prazo prescricional é quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal contido no Código Civil – CERTO, aplica-se o princípio da especialidade.</p><p>Info 744: A fundação privada de apoio à universidade pública presta serviço público, razão pela qual responde objetivamente pelos prejuízos causados a terceiros, submetendo-se a pretensão indenizatória ao prazo prescricional quinquenal previsto no art. 1º-C da Lei nº 9.494/97. STJ. 2ª Turma. AREsp 1.893.472-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/06/2022</p><p>8. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS</p><p>a) Leis inconstitucionais, após prévia declaração de inconstitucionalidade pelo STF;</p><p>b) Leis de efeitos concretos, que atinjam pessoas determinadas, causando-lhes danos especiais – decorre da responsabilidade por ato ilícito, por violação à isonomia;</p><p>c) Omissão no poder de legislar.</p><p>OLIVEIRA aponta que o não cumprimento do prazo constitucional para o exercício do dever de legislar caracteriza mora legislativa e haverá responsabilidade estatal independentemente de decisão judicial. Já em caso de inexistência de prazo, será necessária decisão proferida em mandado de injunção ou ação de inconstitucionalidade por omissão. Para CARVALHO se exigirá o dano específico a determinada pessoa ou categoria. MEIRELLES menciona que, ainda que a lei seja declarada inconstitucional, não há fundamento para responsabilização do Estado.</p><p>Questão: Os atos emanados da administração pública que produzam danos estarão sujeitos à responsabilidade civil. No que tange aos atos legislativos,</p><p>A) a responsabilidade civil é atribuída ao Estado em relação aos danos gerados por ato praticado com base em lei inconstitucional, sendo a lei, e não o ato, causa direta da responsabilidade – ERRADO, a responsabilidade civil por atos legislativos é aquela que decorre de danos causados diretamente pela lei inconstitucional e não de ato praticado com amparo na lei.</p><p>B) é vedada a atribuição de responsabilidade civil ao Estado, uma vez que atos legislativos não produzem danos indenizáveis aos indivíduos – ERRADO, embora, em regra, o Estado não seja responsabilizado por atos legislativos, excepcionalmente, é admitida essa responsabilidade nas hipóteses excepcionais em que o dano decorre do ato ou da omissão legislativa.</p><p>C) a responsabilidade civil atribuída ao Estado é circunscrita aos atos legislativos emanados do Poder Executivo – ERRADO, a responsabilidade pode decorrer tanto de leis inconstitucionais ou de leis de efeitos concretos emanadas do Legislativo quanto de decretos e outros atos normativos inconstitucionais ou de efeitos concretos de autoria do Poder Executivo.</p><p>D) a responsabilidade civil é atribuída ao Estado quando a lei, objeto de declaração de inconstitucionalidade, produz danos aos particulares – CERTO.</p><p>Info 634: Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária no caso de o ente público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado planejamento específico. STJ. 1ª Turma. REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 04/09/2018</p><p>Info 963: O STF manteve acórdão que decidiu que a possibilidade de alteração da alíquota do imposto de importação por ato do poder público, como instrumento de política economia, não gera direito à indenização por se caracterizar como ato legislativo, com efeito geral e abstrato. Isso porque é inerente à política econômica a possibilidade de alteração das alíquotas para atender a circunstâncias internas e externas, como é inerente ao risco empresarial a necessidade de adaptação a tais mudanças. Não havia, dessa forma, direito subjetivo à manutenção de determinada política econômica, desde que estabelecida genericamente e sem compromisso de sua permanência por determinado prazo. STF. 1ª Turma. ARE 1175599 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 10/12/2019</p><p>9. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS JUDICIAIS</p><p>Pelos atos jurisdicionais, a regra é a irresponsabilidade do Estado se os erros decorrentes das decisões judiciais gerarem dano a alguém, por conta do princípio da recorribilidade dos atos jurisdicionais (CARVALHO FILHO), e da coisa julgada como garantia fundamental (ALEXANDRE e DEUS).</p><p>Haverá hipóteses constitucionais e legais de responsabilização do Estado, como a indenização do condenado por erro judiciário e daquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença (CRFB/1988, Art. 5º, inciso LXXV).</p><p>CRFB/1988 – Art. 5º LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;</p><p>Certos autores como OLIVEIRA defendem a hipótese de responsabilização estatal com fundamento na demora na prestação jurisdicional, pela violação à razoável duração do processo (CRFB/1988, Art. 5º, inciso LXXVIII) e desde que exista dano desproporcional ao jurisdicionado. Tal tese deve ser utilizada com cautela.</p><p>Art. 5º LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.</p><p>Importante lembrar que o CPC prevê a responsabilização do juiz, civil e regressivamente, pelos danos causados caso atue, por exemplo, com dolo ou fraude no exercício das funções. Deverá a parte requerer ao juízo a providência (Art. 143).</p><p>CPC – Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.</p><p>10. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR OBRA PÚBLICA</p><p>1) Responsabilidade pela má execução de obra: será indiscutível a responsabilidade objetiva do Estado quando ele for o executor da obra; se for executada por empreiteiro, a responsabilização se dará nos moldes da lei civil, diante do cumprimento do contrato por sua conta e risco, caso em que caberá ao Estado o ressarcimento, de forma subsidiária, dos prejuízos;</p><p>2) Responsabilidade pelo simples fato da obra: se o simples fato da obra causar dano anormal e específico a alguém, o Estado será responsabilizado objetivamente e independentemente de ter executado a obra de forma direta ou indireta – a exemplo de um cemitério construído na rua de um hotel.</p><p>Questão: A responsabilização civil da Defensoria Pública pode ocorrer caso</p><p>A) o estagiário da Defensoria Pública que realizou o atendimento do usuário venha a cobrar honorários advocatícios para a realização da defesa em ação em trâmite na Justiça Federal, em município em que há sede da Defensoria Pública da União, devendo a defesa do Estado e do estagiário ser realizada pela Advocacia Geral da União.</p><p>B) a pessoa jurídica empresarial seja processada, pela Defensoria Pública, diante da prática de danos ambientais, não comprovados posteriormente, tendo diversos contratos de fornecimento cancelados em decorrência da repercussão midiática, devendo a defesa do membro</p>

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