Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>Uma análise linguística: uma gramática ou muitas</p><p>gramáticas</p><p>» Luciana Virgília Amorim de Souza</p><p>Luciana Virgília Amorim de Souza</p><p>Isabel Maria Amorim de Souza</p><p>RESUMO: O estudo da gramática tem sido muito debatido na academia de modo a levantar questões</p><p>referentes à eficácia do ensino e da maneira com que tem sido tratada pelo processo educacional no</p><p>Brasil. Entretanto, o ensino de gramática vem sofrendo mudanças sensíveis em seu projeto</p><p>educacional, sendo que ao elemento final desse processo, sofrem sérias divergências referentes ao</p><p>saber aportado pelos alunos fora do ambiente escolar. Os impactos causados no processo de</p><p>educação na gramática são por consequências as disfunções na linguagem e divergem do que lhe é</p><p>ensinado.</p><p>PALAVRAS-CHAVES: Gramática; Educacional; Linguagem.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O trabalho procura abordar o conceito de gramática de acordo com os</p><p>estudos linguísticos e os tipos de gramáticas estudadas nas academias. No que se</p><p>refere ao ensino de LP. ( Língua Portuguesa) nas escolas brasileiras se remete e se</p><p>prende somente ao ensino de regras já prontas, esquecendo-se da cultura local de</p><p>cada aluno e do conhecimento prévio que ele já possui. Pode-se dizer que é quase</p><p>impossível somente ensinar um tipo de gramática nas escolas, no caso, a gramática</p><p>normativa. A dificuldade de se estudar e compreender a norma culta torna-se</p><p>evidente e complicada, pois ensinar algo que não condiz com a realidade é</p><p>repetitivo, monótono e sem nexo, do qual se pretende querer a retenção do assunto</p><p>visualizado em um dado estudo na gramática coloquial. Há, um certo,</p><p>distanciamento entre o que se transmite eo que se absorve impactados no modo em</p><p>que ambos se dão em um processo educacional .</p><p>http://www.conteudojuridico.com.br/?colaboradores&colaborador=34362</p><p>“Alguém poderia reclamar que a concepção normativa de</p><p>gramática, desenhada acima, não corresponde exatamente ao</p><p>que se faz nas escolas em matéria gramatical. Para o aluno ver</p><p>os desvios gramaticais encontrados na reação, o professor teria</p><p>que lançar mão de uma porção de noções descritivas como</p><p>nome, verbo, adjetivo, Sujeitos, predicados, adjuntos e</p><p>complementos, Orações subordinados de diferentes tipos.”</p><p>(FRANCHI, 2006, p.18).</p><p>O dilema encontrado no educador seja em transmitir o conteúdo como do</p><p>aluno receptor desse conteúdo, mostra os desafios de ambos em buscarem maneiras</p><p>de entendimento mútuo do qual o educador se encontra na escolha de melhores</p><p>técnicas de ensino capazes de auxiliar tanto a ele, como o aluno de estabelecerem o</p><p>entendimento e a compreensão de tal conteúdo, pois sem essas técnicas, tanto o</p><p>educador quanto o aluno não passariam a se relacionarem na mesma linguagem,</p><p>pois em ambos podem ocorrer um choque de linguagens: Ao aluno, com</p><p>vicissitudes linguísticas ou o linguajar popular aprendido em seu meio social e ao</p><p>educador, também com vicissitudes linguísticas, porém com o papel de correção</p><p>dessas vicissitudes encontradas no aluno e através do processo coloquial de</p><p>linguagem, direcionar o aluno a uma linguagem mais aceita e menos deselegante</p><p>em um determinado loco.</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO ESTUDO DA</p><p>GRAMÁTICA</p><p>Descrever sobre a gramática torna-se um assunto um tanto quanto polêmico,</p><p>pois os discursos voltados para ela são tidos como difíceis para a compreensão</p><p>analíticado processo de emprego das regras rígidas de ensino da gramática na sala</p><p>de aula, pois as aulas de Língua Portuguesa (LP.) deixaram de ser motivante e</p><p>estimulante e significativa para o aluno porque a realidade não condiz com o que é</p><p>transmitido na escola pelo professor. A gramática normativa busca estabelecer um</p><p>conjunto de regras que devem ser seguidas e essas regras são as que estabelecem as</p><p>dificuldades apresentadas. E a gramática descritiva que propõe descrever as normas</p><p>gramaticais relativas ao uso da língua por uma determinada comunidade de fala, ou</p><p>seja, grupos de falantes que seguem as mesmas regras relativas ao uso de uma</p><p>determinada língua.</p><p>Dentre outros tipos de gramática, já estudadas, há também a gramática</p><p>internalizada (G.I.), que busca estabelecer o conjunto de regras que o falante</p><p>domina. Na GI, o sujeito incorpora, internaliza as regras com os outros sujeitos do</p><p>meio o qual convive. Há também certa dificuldade para se definir uma norma-</p><p>padrão devido à rápida evolução constante da sociedade e da língua que ela fala, é o</p><p>que normalmente chamamos de diacronia. Portanto, varia de acordo com a classe</p><p>social, faixa etária e região, e dessa maneira, pode-se conceituar de variação</p><p>linguística. O percurso histórico da Língua Portuguesa dos séculos anterior e atual,</p><p>fazem com que isso seja visível “(...) a variação linguística acontece-nos mais</p><p>diversos níveis da língua, a saber: variação fonética-fonológica, variação</p><p>morfológica, variação sintática, variação semântica, variação lexical e variação</p><p>estilística”. (ANDRADE JUNIOR, 2011, p.41).</p><p>Na história, o desenvolvimento do estudo da linguagem perpassa por</p><p>dois grandes momentos distintos: o surgimento das gramáticas gerais no século</p><p>XVII e a constituição das gramáticas comparadas no século XIX. Percebe-se que</p><p>nos séculos citados, a linguagem sofre modificações e isso vem acontecendo</p><p>momentaneamente. De acordo com as necessidades sócio–linguísticas, com a</p><p>evolução da tecnologia e a mistura de pessoas de lugares diferentes, faz com que</p><p>essas mudanças cresçam a cada dia:</p><p>“Concorda-se em geral que a mais extraordinária façanha</p><p>dos estudos linguísticos do século XIX foi o desenvolvimento</p><p>do método comparativo, que resultou num conjunto de</p><p>princípios pelos quais as línguas poderiam ser</p><p>sistematicamente comparadas no tocante a seus sistemas</p><p>fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, de modo a</p><p>demonstrar que eram “genealogicamente” aparentadas.”</p><p>(WEEDWOOD, 2002, p.103).</p><p>A gramática geral deveria funcionar como uma máquina que pudesse</p><p>separar automaticamente o que é válido do que não é. A meta que se queria atingir</p><p>era a língua ideal, universal, lógica, sem equívocos e ambiguidades, capaz de</p><p>assegurar a unidade da comunicação de gênero humano. Seria muito fácil se</p><p>funcionasse desse modo, mas não de tal forma, pois temos uma variação muito</p><p>ampla da linguagem e sem contar com o preconceito que sofre determinadas</p><p>línguas. Para que a língua evolua por qualquer razão que seja, dependerá de vários</p><p>fatores no ato discursivo. Diferentemente dos estruturalistas, que viam a língua</p><p>como meio expressar pensamento, os funcionalistas conceberam-na como meio de</p><p>interação social. O estruturalismo linguístico remota às ideias do suíço Ferdinand</p><p>de Saussure, em particular a sua concepção da língua como um sistema onde as</p><p>unidades contam principalmente pelas relações que entre elas se estabelecem.”</p><p>(ILARI, 2002, p.25) Ou seja, a comunicação é realizada através da troca de</p><p>informações entre locutor e interlocutor.A função primordial da língua é comunicar</p><p>e transmitir informação através do diálogo efetuado entre os participantes.</p><p>2 O ESTUDO DA GRAMÁTICA HISTÓRICA</p><p>O Funcionalismo primazia a comunicação, nos seus estudos</p><p>consideram o que está além das sentenças, observa-se o sentido formulado na</p><p>situação do discurso em que foi propagado, considerando as particularidades do</p><p>interlocutor. Com as discussões realizadas Escola de Praga pelo Círculo</p><p>Linguístico, as ideias funcionalistas foram fundamentais e ganharam notoriedade.</p><p>Após o surgimento da Sociolinguística, os estudos a cerca da língua evoluíram,</p><p>principalmente na tentativa de acabar com o preconceito linguístico tão arraigado</p><p>na sociedade. “Ferdinand de Saussure (Curso de Linguística geral, 1916) opôs</p><p>nitidamente a língua (langue) e a fala (parole): a língua é um sistema inscrito na</p><p>memória comum, que permite produzir e compreender a infinidade dos enunciados;</p><p>a fala é o conjunto dos enunciados efetivamente</p><p>produzidos.” (MARTIM, 2003,</p><p>p.54).Para o estudo da língua é importante conhecermos, primeiramente, o que é</p><p>gramática, o que significa a gramática em uma comunicação comum. A gramática</p><p>pode ser definida como um conjunto de normas a serem seguidas de modo a</p><p>transmitir uma ideia, uma razão ou uma intenção expressa nos códigos linguísticos.</p><p>E assim, as noções de certo e errado estão inseridas, o que significa que há uma</p><p>valorização na forma de falar e escrever da norma “culta”, de modo a valorizar uma</p><p>norma padrão aceita pela sociedade que usa esses códigos linguísticos. É</p><p>importante saber que existem vários tipos de gramática e cada uma, busca</p><p>estabelecer suas regras. Ao descrever as normas gramaticais relativas ao uso da</p><p>língua por uma determinada comunidade de fala, Também consiste, em fazer da</p><p>gramática internalizada no que se refere ao conhecimento que o indivíduo já possui</p><p>em mente, adquirido em sua formação sócio-cultural:</p><p>“Não há língua que seja, em todaa sua amplitude, um</p><p>sistema uno, invariado, rígido. Ainda que frequentemente se</p><p>defina cada língua como um sistema de comunicação e os</p><p>métodos de análise e descrição linguística sejam delimitados</p><p>em geral a partir do pressuposto de que se opera com uma</p><p>estrutura bem determinada, sabemos que isso resulta de</p><p>abstração feita conscientemente a fim de possibilitar um mais</p><p>imediato domínio da estrutura linguística por parte do</p><p>investigador. Na realidade, toda língua, quer sirva a uma</p><p>grande nação consideravelmente extensa e muito diferenciada</p><p>cultural e socialmente, quer pertença a uma pequena</p><p>comunidade isolada de apenas poucas dezenas de indivíduos, é</p><p>um complexo de variedades, um conglomerado de variantes.”</p><p>(BAGNO, 2002, p. 11).</p><p>Na norma culta existem as variações linguísticas: variações diacrônicas,</p><p>diastrática e diatópica. No que se refere à uma norma padrão, a escola estabelece a</p><p>grande separação entre duas modalidades da língua, a fala defeituosa por natureza,</p><p>e a escrita alvo a ser alcançado. Dessa forma, a falta de ligação entre fala e escrita</p><p>vem sendo apontada como responsável pelos piores resultados do ensino da língua</p><p>materna, no que diz respeito ao desempenho eficiente, quanto à adaptação da</p><p>linguagem aos padrões socialmente valorizados “Se é verdade que</p><p>majoritariamente falamos português, esse português não é (e nem poderia ser, por</p><p>que nenhuma língua humana é una, uniforme. A realidade nacional do português é</p><p>extremamente diversificada, seja no espaço geográfico, seja no espaço social.”</p><p>(FARACO, 2007, p.48). O século XVII foi o período em que se acreditava na</p><p>corrente de pensamento em que prevalecia a supremacia da razão. Os pensadores</p><p>centravam seus estudos na ideia da linguagem, enquanto representação do</p><p>pensamento. O objetivo dos estudos dessa época era o de uma língua ideal,</p><p>universal, lógica e sem equívocos ou ambiguidades, que pudessem desestabilizar a</p><p>unidade da comunicação do homem “Como dissemos antes, costuma-se localizar o</p><p>nascimento da linguística histórica nos fins do século XVIII. Tem-se aí, a marca</p><p>cronológica do início duma reflexão sistemática sobre as mudanças das línguas</p><p>feita já sob os parâmetros da ciência moderna.” (FARACO, 2005, p.130).</p><p>A partir do século XIX, os neogramáticos estabeleceram leis para as</p><p>mudanças na língua e construíram uma escrita própria para anotar as formas de sua</p><p>evolução. “Os estudos dialetológicos realizados no Brasil nas primeiras décadas do</p><p>século XX identificavam na ecologia linguística nacional, diversas variedades,</p><p>consideradas distintas entre si, a que atribuíram as denominações de “português</p><p>culto”, “português popular”, “português dialetal” (BORTONI-RICARDO, 2006, p</p><p>39).O desenvolvimento dos estudos da linguagem tem dois grandes momentos:</p><p>primeiro o surgimento das gramáticas gerais, segundo a constituição das gramáticas</p><p>comparadas no século XIX “O pensamento linguístico e semiótico do século XX é</p><p>amplamente dominado pelos trabalhos de Ferdinand de Saussure que, pelo menos</p><p>na Europa, provocou uma revisão radical da metodologia das ciências humanas.”</p><p>(HÉNAULT, 2006, p.15).</p><p>Para Saussure, a língua é um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual;</p><p>já que a fala, é a realização concreta da língua pelo sujeito falante. Então a fala é</p><p>individual e sendo assim, não pode ser sistematizada e é, por isso, excluída do</p><p>campo linguístico. Um dos momentos importante para o estabelecimento dos</p><p>estudos linguísticos e filológicos é o século XIX, o da linguística histórica, com as</p><p>gramáticas comparadas. Nesse período têm-se movimentos, perspectivas e</p><p>interesses bem diferentes dos séculos anteriores, o que vai chamar atenção dos que</p><p>trabalham com a linguagem é o fato de que as línguas se transformam com o</p><p>tempo. Sendo assim, a contribuição mais interessante das gramáticas gerais para os</p><p>estudos da linguagem foi o estabelecimento de princípios que não se prendiam a</p><p>descrição de uma língua particular, mas de pensar a linguagem como algo macro,</p><p>maior e mais geral.</p><p>Para Franz Bopp, uma das figuras mais expressivas da época, utiliza o</p><p>método comparativo que parte de comparações da língua que se utilizava antes para</p><p>a linguagem efetuada nos dias de hoje. Com sua obra sobre o sistema de</p><p>conjugação de língua sânscrita comparada a outras línguas na procura da</p><p>protolíngua, nos seus estudos utilizou a classificação genealógica, isto é, considerar</p><p>afins as línguas que surgiram através de um idioma, com isso, descobre a</p><p>semelhança entre a maior parte das línguas europeias e o sânscrito, no qual</p><p>explicava a origem e semelhança das línguas. Chamou esse conjunto de línguas</p><p>indo-europeias “O objetivo inicial do empreendimento de Bopp era ao detectar as</p><p>correspondências sistemáticas entre as línguas, estabelecer o parentesco entre elas,</p><p>mas não o percurso histórico de um estágio anterior para ouro (s) posterior (es) .”</p><p>(FARACO, 2005, p.134-135). Antes de se configura todos esses idiomas e formas</p><p>existenciais comenta-se que a língua sofreu muitas variações em que são relatadas</p><p>na bíblia como aconteceu com a história vivida pela torre de babel nos tempos</p><p>antigos e que a partir daí, deu origem astodas as formas de idiomas existentes hoje.</p><p>O método usado por Bopp e Jakob Grimm no estabelecimento do estudo histórico</p><p>da linguagem, com as línguas germânicas, gerou um caráter genético, e fez</p><p>aparecer à preocupação de reconstituir, pela comparação, o indo-europeu,</p><p>considerando como a língua comum das línguas das principais culturas clássicas.</p><p>“Esse estudo, que por razões óbvias só podia ser histórico,</p><p>ganhou um caráter comparatista no inicio o século XIX,</p><p>quando Franz Bopp, com o livro Sobre o sistema de</p><p>conjugação da língua sânscrita, em confronto com o das</p><p>línguas grega, latina, persa e germânica, estabeleceu que as</p><p>semelhanças existentes entre as línguas clássicas (em</p><p>particular as semelhanças referentes ao domínio da gramática)</p><p>só poderiam ser explicadas pela origem comum. O projeto de</p><p>Bopp, que foi logo retomado por outro erudito da época, Jacob</p><p>Grimm, deu ao estudo das línguas antigas um caráter genético</p><p>e fez aparecer à preocupação de reconstituir, pela comparação,</p><p>o indo-europeu, considerado como a origem comum das</p><p>línguas das principais culturas clássicas.” (ILARI, 2002, p.18).</p><p>Outro estudioso desse campo, Frederich Diez, considerado o fundador</p><p>da Linguística Românica, utilizou também o método histórico-comparativo para</p><p>comprovar que havia relação genética entre o latim e as principais línguas</p><p>românicas. Tal método confirmou que as línguas românicas se originam de uma</p><p>variedade do latim conhecida como “latim vulgar” (“latim popular”) e não do latim</p><p>clássico, como se pensava até então. Em síntese, o método histórico-comparativo</p><p>com propósitos de reconstituição é relevante no que tange o estudo das línguas,</p><p>pois essas línguas comparadas são a melhor ferramenta para o conhecimento</p><p>da</p><p>origem de cada uma.</p><p>“No final do século XIX e nas principais décadas do</p><p>século XX, várias tendências reagem contra o método</p><p>histórico-comparativo e contra a maneira como ele levava a</p><p>representar “novas” resultam de uma reflexão filosófica ou</p><p>teórica sobre linguagem, como é o caso do chamado</p><p>“idealismo lingüístico” ou da escola lingüística de Saussure;</p><p>outras surgem no próprio campo de estudo das línguas</p><p>românticas, como resultado de um contato mais direito como</p><p>os dialetos neolatinos.” (ILARI, 2002, p.25).</p><p>Quando não existia a divisão e a multiplicidade de diversas línguas</p><p>existia a língua proto-indo-europeia, ou seja, a primeira língua surgida no mundo, e</p><p>assim após alguns anos se disseminou variando sua origem facilitando o</p><p>aparecimento da língua como o sânscrito, o grego, o germânico, o latim, o persa e o</p><p>aramaico.</p><p>“Diez confirmou que havia entre o latim e as principais</p><p>línguas românticas uma relação genética semelhante à do</p><p>indo-europeu com o latim, o grego e o sânscrito; aplicando o</p><p>método comparativo dos indo-europeístas chegou a algumas</p><p>teses é que são hoje postulados da Linguística Romântica: uma</p><p>dessas teses é que as línguas românticas não se originam do</p><p>latim clássico, mas de uma outra variedade de latim,</p><p>conhecida como “latim clássico”, mas de uma outra variedade</p><p>de latim, conhecida como “latim vulgar”; outra é que não tem</p><p>qualquer fundamento a hipótese (defendida pelo francês</p><p>Raynoudard) segundo a qual todas as línguas românticas</p><p>teriam como ascendente mais próximo o provençal.” ( ILARI,</p><p>2002, p.18).</p><p>Vale ressaltar que na Linguística Românica, a similaridade percebida entre</p><p>expressões pertencentes á distintas línguas românicas ratifica que elas se originam</p><p>de uma mesma palavra latina. Como exemplo desse fato, podemos citar a</p><p>palavra “amizade” que em outras línguas latinas ela se configura da seguinte</p><p>forma: “amistad, amicitia, amicizia e amitie” . Pela variação ocorrente criando</p><p>várias formas de linguagem e seus dispositivos:</p><p>“As línguas mudam todos os dias, evoluem, mas a essa</p><p>mudança diacrônica se acrescenta uma outra, sincrônica:</p><p>pode-se perceber numa língua, continuamente, a coexistência</p><p>de formas diferentes de um mesmo significado. Essas</p><p>variáveis podem ser geográficas: a mesma língua pode ser</p><p>pronunciada diferentemente, ou ter um léxico diferente em</p><p>diferente pontos do território. Desse modo, um réptil comum</p><p>em todo o Brasil é chamado de “osga” na região Norte,</p><p>“briba” ou “víbora” no Nordeste, e “lagartixa” no Centro-Sul.</p><p>Um atlas linguístico como o de Gilliéron e Edmont nos dá</p><p>milhares de exemplos dessa variação regional”.(CALVET,</p><p>2007, p.89).</p><p>3 COMO SE DÁ O ESTUDO DAS GRAMÁTICAS</p><p>A teoria linguística estruturalista concebe a linguagem como forma de</p><p>expressão do pensamento, ou seja, a língua é vista como um organismo puro,</p><p>fechado em si mesmo. Com o avanço nos estudo linguístico, a língua passou a</p><p>serem analisadas a partir do seu contexto de produção, intrinsecamente ligada às</p><p>enunciações discursivas. Uma gramática ou muitas gramáticas traz precisamente</p><p>estas reflexões sobre os estudos em torno da linguagem. A concepção de linguagem</p><p>como ato discursivo, é tema dos estudos funcionalistas, para os quais a linguagem é</p><p>tida como meio de interação social, uma troca contínua entre locutor e interlocutor.</p><p>A primazia dada à comunicação pela teoria funcionalista proporciona a análise</p><p>linguística para além da formulação de sentenças, inserindo-a em seu contexto</p><p>discursivo, assim podem-se observar as variações tão comuns e presentes em todo</p><p>ato enunciativo “Chegamos assim a uma noção absolutamente central, operacional</p><p>em todas as línguas do mundo e decisiva em sua descrição: a noção de pertinência.</p><p>Historicamente, ela nasceu nos anos 1920, entre os fonologistas do Círculo de</p><p>Praga.” (MARTIN, 2003, p.33). Quando nos referimos aos termos “Uma</p><p>Gramática ou muitas gramáticas” encontra-se presente uma reflexão sobre as</p><p>diferentes designações de gramática, entre elas a normativa, a Descritiva e</p><p>a internalizada. Por último tem-se a definição do que seja gramática internalizada,</p><p>que se refere aos conhecimentos linguísticos internalizados na mente do falante.</p><p>“Uma abordagem ingênua das coisas levaria a pensar que</p><p>a realidade se impõe a priori a quem procura descrevê-la; os</p><p>objetos se apresentariam por si mesmos, com toda clareza.</p><p>Assim, o linguista se proporia, por exemplo, a descrever as</p><p>palavras de uma língua, a gramática de outra, a pronúncia de</p><p>tal ou qual grupo.” (MARTIN, 2003, p.18).</p><p>A palavra “norma” citando que um dos sentidos da palavra denota a</p><p>questão do uso controlado, enquanto que o outro sentido se refere à importância do</p><p>uso, considerando todas as suas variações. No que diz respeito às variações o texto</p><p>cita três formas: Variação diastrática (patamar social); Variação diacrônica</p><p>(variações ocorrida no tempo) e Variação diatópica (variação relativa às regiões) e</p><p>no atender do normativo linguístico:</p><p>“O caráter sistemático da língua, segundo Saussure,</p><p>aparece principalmente quando se considera uma língua ou</p><p>dialeto não ao longo do tempo (“diacronia”), mas numa</p><p>perspectiva que procura abranger todas as unidades e suas</p><p>respectivas relações num mesmo momento (“sincronia”).</p><p>Assim, Saussure lançou o programa da linguística</p><p>dita“sincronia”, que rompia com mais de um século de</p><p>tradição historicista e que orientou desde então as invenções</p><p>linguísticas de vanguarda.” ( ILARI, 2002, p.25).</p><p>Podemos verificar que ao mesmo tempo em que a língua mantém a</p><p>identidade de uma sociedade, devido às variações ela acaba por representar uma</p><p>língua não homogênea. Nesse sentido, de acordo com a visão, a escola tende a</p><p>separar as duas modalidades de língua (falada e escrita) supervalorizando a escrita</p><p>em detrimento da fala, assim acaba por desconsiderar as variações e supervalorizar</p><p>a norma padrão.</p><p>“Nos livros, os fenômenos de variação são ainda</p><p>marginais e maltratados (são abordados a “cultura do erro”</p><p>como pano de fundo). Quando se fala em variedades da</p><p>língua, predominam referências geográficas (sem dúvida, a</p><p>mais fácil de ser abordada por envolver menos preconceitos do</p><p>que a variação social). No entanto, os fenômenos são aqui</p><p>apresentados muito mais de uma maneira anedótica do que</p><p>como expressões linguísticas da história das comunidades de</p><p>cada região.” (FARACO 2007, p.42-43).</p><p>Assim, podem-se mostrar dois grandes momentos, importantes para o</p><p>desenvolvimento da língua. O surgimento das gramáticas gerais no século XVII</p><p>que buscava mostrar que as línguas obedeciam a princípios racionais e lógicos; e a</p><p>constituição das Gramáticas comparadas no século XIX que tinha como objetivo</p><p>verificar as transformações que as línguas sofrem com o tempo, nesse caso o que</p><p>passa a valer não é mais a precisão e sim a mudança “A primeira forma de construir</p><p>uma gramática normativa (que certamente têm origens mais antigas) aparece nos</p><p>gramáticos de Port-Royal, no século XVII, que vinculavam, por exemplo, o nosso</p><p>Soares Barbosa.” (FRANCHI 2006, p18). Saussure criou o que mais tarde seria</p><p>chamado de Estruturalismo e definiu a língua como um fator social e a fala como</p><p>algo individual, consolidando os estudos da linguagem.</p><p>“O estruturalismo de Saussure pode ser resumido em duas</p><p>dicotomias (que, juntas, cobrem aquilo a que Humboldt se</p><p>referia em termos de sua própria descrição da forma interna e</p><p>externa): (1) langue em oposição a parole e (2) forma em</p><p>oposição à substância. Embora langue signifique “língua” em</p><p>geral, como termo técnico saussuriano fica mais bem</p><p>traduzido por “sistema lingüístico”, e designa a totalidade de</p><p>regularidades e padrões de formação que subjazem aos</p><p>enunciados de uma língua.” (WEEDWOOD 2002, p.127).</p><p>4 O ESTUDO DA GRAMÁTICA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS:</p><p>OPRESSÃO OU LIBERDADE?</p><p>Para Labov,</p><p>as variações linguísticas estão nos aspectos estruturais do</p><p>ensino de gramática. A pragmática estuda a linguagem em suas relações de uso e</p><p>desuso da língua e se preocupa em verificar a função comunicativa entre as pessoas</p><p>que realizam essa ação sendo assim, o ensino da gramática é feito de forma rígida e</p><p>a norma padrão é largamente exigida “Saber gramática, significa não somente</p><p>conhecer essas normas de bem falar e escrever, mas ainda usá-las ativamente na</p><p>produção dos textos. O respeito à gramática também é condição de beleza do texto.</p><p>E essa é a relação fundamental entre gramática e texto.” (FRANCHI 2006, p18). A</p><p>linguagem é uma atividade exclusiva dos homens sendo ela universal e acessível a</p><p>todos. A linguagem esta embasada em três esferas ou pilares, a saber: a</p><p>comunicação, a interação social e a transmissão de pensamento.</p><p>“Ao trazer o foco da discussão para o ensino e</p><p>aprendizagem de língua, o foco da reflexão deste trabalho, as</p><p>ideias apresentadas trarão duas visões: a de pesquisadores e a</p><p>de professores, uma vez que na área de que falo, todos somos</p><p>professores, antes de serem pesquisadores. O que buscamos</p><p>são procedimentos que, na prática, auxiliem, contribuam,</p><p>acrescentem subsídios ao ensino e aprendizagem de língua,</p><p>como modo de promover a integração do conhecimento.”</p><p>(FARACO 2007, p.13)</p><p>Para Chomsky, a língua é dinâmica e é um conjunto de regras. A</p><p>linguística tem um caráter homogêneo. Está hoje, o aluno apto para escolher a</p><p>língua que quer usar? Tem ele a liberdade ou se sente oprimido e preso aos ditames</p><p>do sistema de regras impostas a ele?“Há uma relação de opressão, na medida em</p><p>que não se dá ao falante a liberdade de escolher, para cada ocasião do intercambio</p><p>social, amodalidade que melhor sirva à mensagem, ao seu discurso.” (BECHARA</p><p>2008, p.14). O aluno se sente hoje como usuário de uma língua alternativa, ou seja,</p><p>para cada ambiente usa uma língua apropriada como comenta em sua obra Bechara</p><p>(2008, p.14) “No fundo, a grande missão do professor de língua materna - o ensino</p><p>da língua estrangeira o problema é outro é transmitir seu aluno no poliglota dentro</p><p>de sua própria língua”. A língua nunca foi homogênea e unitária ela é sempre foi</p><p>mutável, heterogênea e variável, é fixa e se adequa a qualquer evolução da espécie</p><p>humana, ou seja, ela é livre e se modifica a cada época é diacrônica e sincrônica.</p><p>“(...) uma língua histórica não é um sistema homogêneo e</p><p>unitário, mas um diassistema, que abarca diversas realidades</p><p>diatópicas (isto é, a diversidade de dialetos regionais),</p><p>diastráticas (isto é, a diversidade de nível social) e diafásicas</p><p>(isto é, a diversidade de estilos de língua), e que cada porção</p><p>da linguística realmente possui de direito sua língua</p><p>funcional.” (BECHARA 2008, p. 15).</p><p>Toda língua tem sua função e sofre variação segundo Jakobson, como</p><p>função ela pode se destacar como referencial, emotiva, conativa, poética e</p><p>metalinguística. Muitas vezes, o que se percebe na educação brasileira não se limita</p><p>ao estudo da L. P. com tal em que o professor segue fielmente ao nível de</p><p>conhecimento dos alunos no sentido de se ater ao teor de aprendizado local deles e</p><p>sim está preso às regras impostas pelos paramentos curriculares nacionais, ou seja,</p><p>ao conceito único de ensino de normas rígidas.</p><p>“Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais</p><p>bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso</p><p>deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da</p><p>língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir?</p><p>Não! Isso não deve significar que a escola deve aceitar “de</p><p>tudo”, “qualquer jeito” de escrever, que não deve mais</p><p>corrigir. Um dos papéis da escola é permitir que todos tenham</p><p>acesso a um conjunto básico de bens culturais. Assim, deve</p><p>fazer o possível para que todos os alunos aprendam a escrever</p><p>no chamado português correto (o que não está fazendo!)”.</p><p>(POSENTI 2011, p.17).</p><p>O papel do professor é transmitir e modificar, construir ideias, saber</p><p>ecultura por ele adquirido no sentido de estimular a competência da pesquisa na</p><p>sala de aula para se alcançar o nível de informação necessário ao conhecimento</p><p>adequado ao que se solicita, e o instrumento em que ele aplicará até mesmo em sua</p><p>retórica é sua linguagem falada e transcrita quando necessário “Falar e escrever</p><p>bem, sobretudo escrever bem, uma habilidade a ser desenvolvida na escola,</p><p>depende, pelo menos em grande parte, da obediência às normas assim</p><p>estabelecidas: do uso dessa língua culta tomada como padrão de adequação.”</p><p>(FRANCHI, 2006, p. 18). O ensino de gramática proporciona ao aprendiz</p><p>aperfeiçoamento de uma construção linguística que se vincula a estética da criação</p><p>verbal constituindo o uso de uma língua como caráter funcional de empregabilidade</p><p>de conceito e estruturas variáveis.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Ensinar a gramática requer, no Brasil, direcionar o ensino de acordo com a</p><p>região ou conhecimento do aluno. A gramática normativa nunca se preocupa em</p><p>alcançar a população, pois há uma ponte enorme entre a norma culta e língua</p><p>padrão. As variações da região são contrapostas, pois distanciam e aumentam a</p><p>disparidade entre o aprendizado da língua ensinadas na escola e da falada nas ruas,</p><p>no cotidiano. A atuação do professor em não saber como adequar a linguagem do</p><p>livro estudado e do coloquialismo dos alunos, configura um impasse na</p><p>conceituação e ajuda a criar situações não usuais na linguagem do dia a dia. A</p><p>gramática internalizada a pessoa já nasce com ela, isto é, ela é intrínseca a cada um,</p><p>pois não se aprende na escola e sim, com a convivência já que a linguagem é</p><p>universal e coexiste no meio social. Porque o ensino de muitas gramáticas? Para</p><p>que haja a atuação de diversas formas de falar e para cada ambiente usa-se uma</p><p>linguagem peculiar sem que haja nenhuma dificuldade de ser compreendido pelos</p><p>interlocutores. Dessa maneira, pode-se aferir que o aluno se sente desmotivado a</p><p>entender uma língua, ou seja, uma língua como um conjunto de regras que distancia</p><p>e há uma disparidade entre o que se fala e o que se aprende na sala de aula.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDRADE JUNIOR, João Faustino. Revista Conhecimento Prático em</p><p>Língua Portuguesa. Vamos estar Analisando. São Paulo. Edição nº30, maio</p><p>2011, p. 38-43.</p><p>BAGNO, MARCOS (ORG). Língua Materna Letramento, Variação e</p><p>Ensino. São Paulo: Parábola. 2002.</p><p>BECHARA, Evanildo. Ensino de Gramática. Opressão? Liberdade? – São</p><p>Paulo: Ática, 2008.</p><p>BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós Cheguemu na Escola,E agora?</p><p>Sociolinguística e Educação. São Paulo: Parábola, 2005.</p><p>CALVET, Louis-jean. Sociolinguística um Introdução Crítica. São Paulo:</p><p>Parábola, 2002.</p><p>FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica : Uma Introdução ao</p><p>Estudo da História da Línguas. São Paulo: Parábola, 2005.</p><p>FARACO, Carlos Alberto. (ORG). A Relevância Social da Linguística:</p><p>Linguagem, Teoria e Ensino. São Paulo: Parábola, 2007.</p><p>FRANCHI. Carlos. ORG. Mas o que é mesmo “Gramatica”? – São Paulo:</p><p>Parábola, 2006.</p><p>ILARI, Rodolfo. Linguística Românica. 3ªed. São Paulo: Ática, 2002.</p><p>MARTIM, Robert. Para Entender a Linguística. São Paulo: Parábola, 2003.</p><p>POSENTI, Sírio. Revista Língua Portuguesa. Gramática na Cabeça. São</p><p>Paulo. Ano 5, nº 67, maio de 2011,p. 16-17.</p><p>SANTAELLA, Lucia. Coleção Primeiros Passos: O que é Semiótica? São</p><p>Paulo: Brasiliense, 2007.</p><p>WEEDWOOD, Barbara. História Concisa da Linguística. São Paulo: Parábola,</p><p>2002.</p>

Mais conteúdos dessa disciplina