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<p>RESUMO DE SOCIOLOGIA</p><p>CULTURA COMO HERANÇA SOCIAL</p><p>A cultura é a nossa herança social.</p><p>Independentemente de qualquer definição adotada, todos</p><p>os estudiosos concordam que a aquisição e a perpetuação</p><p>da cultura é um processo social, resultante da</p><p>aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas</p><p>gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus</p><p>antepassados.</p><p>Cada sociedade elabora sua própria cultura ao</p><p>longo da história. Todas as sociedades, desde as mais</p><p>simples até as mais complexas, têm sua própria cultura.</p><p>Não há sociedade sem cultura.</p><p>A cultura pode ser definida como um estilo de vida</p><p>próprio, um modo de vida particular que todas as</p><p>sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma</p><p>delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma</p><p>cultura apresentam o que se chama de identidade cultural.</p><p>Multiculturalismo</p><p>São características do multiculturalismo:</p><p>reconhecimento da filiação de cada pessoa a um grupo</p><p>cultural; destaque à herança cultural de cada grupo, para</p><p>que os demais possam apreciá-la e respeitá-la; afirmação</p><p>da equivalência dos vários grupos étnico-culturais de uma</p><p>dada sociedade; postulação do direito dos grupos sociais</p><p>manterem sua singularidade cultural; enaltecimento da</p><p>diversidade.</p><p>Nos Estados Unidos, o multiculturalismo tomou</p><p>vulto nos últimos dez anos, em resposta às atitudes racistas</p><p>e xenófobas contra os imigrantes latinos pela população</p><p>branca.</p><p>Na Europa, o problema da diversidade étnico-</p><p>cultural é mais antigo e complexo. As migrações de países</p><p>da África e da Ásia ocorridas nas décadas de 1970 e 1980,</p><p>motivadas por conflitos étnicos, guerras, fenômenos sociais</p><p>e físicos (fome, seca), criaram a categoria dos “refugiados”.</p><p>A educação antirracista, ideário que se declarou</p><p>concomitante ao multiculturalismo em escolas européias, foi</p><p>a primeira a apontar as contradições do multiculturalismo.</p><p>Ou seja, a exposição pura e simples da diversidade cultural</p><p>e a celebração da diferença não problematizam os conflitos</p><p>e as contradições das relações étnico-raciais assimétricas;</p><p>não aprofundam a discussão do racismo, do sexismo e da</p><p>xenofobia.</p><p>A educação antirracista, ao contrário do</p><p>multiculturalismo, compreende o racismo como elemento</p><p>estrutural das sociedades modernas, como um conjunto de</p><p>políticas, concepções institucionais e práticas da vida</p><p>cotidiana que reiteram a primazia de um grupo</p><p>pretensamente superior sobre outros.</p><p>Padrão cultural</p><p>É um conjunto de normas que regem o</p><p>comportamento dos indivíduos de determinada cultura ou</p><p>sociedade. Quando os membros de uma sociedade agem</p><p>de uma mesma forma estão expressando os padrões</p><p>culturais do grupo. Por exemplo, o casamento monogâmico</p><p>é um dos padrões culturais da sociedade brasileira.</p><p>Subcultura</p><p>No interior de uma cultura podem aparecer</p><p>diferenças significativas, caracterizando a existência de</p><p>uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no</p><p>Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais</p><p>certos costumes e valores se diferenciam claramente dos</p><p>praticados em outras regiões do país. Isso ocorre em razão</p><p>da presença nessas áreas de imigrantes de origem</p><p>européia – principalmente italianos e alemães – que ali se</p><p>instalaram no final do século XIX e que, por seu isolamento,</p><p>mantiveram traços culturais dos países de origem.</p><p>Aculturação</p><p>Durante a colonização do Brasil, houve intenso</p><p>contato entre a cultura do conquistador português e as</p><p>culturas dos povos indígenas e dos africanos escravizados.</p><p>Em decorrência, ocorreram modificações, tanto na</p><p>cultura dos europeus recém-chegados – que assimilaram</p><p>muitos traços culturais dos outros povos – quanto na dos</p><p>indígenas e africanos, que foram subjugados e perderam</p><p>muitas de suas características culturais. Desse processo de</p><p>contato e mudança cultural resultou a cultura brasileira.</p><p>Esse processo de mudança cultural provocada pelo</p><p>contato entre dois ou mais grupos culturalmente distintos, e</p><p>no qual um desses grupos assimila aspectos da cultura de</p><p>outro grupo, é tradicionalmente conhecido como</p><p>aculturação.</p><p>O antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) e outros</p><p>cientistas sociais diziam que a adoção de traços culturais</p><p>de um grupo por outro geralmente envolve desigualdades</p><p>ou assimetrias, como ocorre, por exemplo, com relação</p><p>entre os povos indígenas e a sociedade capitalista no</p><p>Brasil. Não se trata de uma relação entre iguais, mas de</p><p>uma relação de dominação. Essa dominação pode ser de</p><p>tal forma intensa que não deixa ao grupo subordinado</p><p>nenhuma alternativa senão aculturar-se.</p><p>Cultura e contracultura</p><p>A oposição aos valores culturais vigentes em uma</p><p>sociedade se chama contracultura.</p><p>Na década de 1950, os Estados Unidos</p><p>conheceram o beat generation, que contestava o</p><p>consumismo do pós-guerra norte-americano, o American</p><p>way of life (estilo norte-americano de vida) que os filmes de</p><p>Hollywood apregoavam, o anticomunismo generalizado e a</p><p>ausência de um pensamento crítico.</p><p>Na década de 60, também nos Estados Unidos,</p><p>surgiu o movimento hippie. Como o beat generation, foi um</p><p>fenômeno de contracultura, porque contestava os valores</p><p>fundamentais da sociedade industrial: a competição</p><p>desenfreada, a acumulação de riquezas, a luta pela</p><p>ascensão social a qualquer preço, etc. Além disso, era</p><p>radicalmente contrário à Guerra do Vietnã (1959-1975), à</p><p>estrutura familiar convencional, à sociedade de consumo e</p><p>aos hábitos alimentares baseados em comida</p><p>industrializada e fast food – traços culturais típicos da</p><p>sociedade norte-americana.</p><p>Muitos jovens dessa época deixaram casa e</p><p>universidade para viver em comunidades no campo, onde</p><p>plantavam e produziam a própria comida e educavam seus</p><p>filhos com base em valores mais humanizados. Alguns</p><p>abraçaram religiões orientais, como o zen-budismo e o</p><p>hinduísmo. Seu principal lema era: “faça amor, não faça a</p><p>guerra”.</p><p>O movimento hippie desapareceu por volta da</p><p>década de 80.</p><p>Indústria cultural e cultura de massa</p><p>A indústria cultural e a cultura de massa</p><p>apareceram apenas após a Primeira Revolução Industrial,</p><p>no século XVIII. Durante as revoluções industriais, é criado</p><p>um quadro de submissão do ritmo humano de trabalho ao</p><p>ritmo da máquina, traço este que marca a sociedade</p><p>capitalista liberal, em que é nítida a oposição de classes e</p><p>em cujo interior começa a surgir a cultura de massa.</p><p>Entretanto, a cultura de massa vem se instalar</p><p>definitivamente a partir do século XX, quando o capitalismo</p><p>de organização cria condições para uma efetiva sociedade</p><p>de consumo baseada em veículos como a televisão.</p><p>De acordo com a filósofa Marilena Chauí, a</p><p>massificação e o consumo culturais podem acarretar alguns</p><p>riscos às artes, principalmente no que diz respeito a três de</p><p>suas características:</p><p>a) de expressivas, tornarem-se reprodutivas e</p><p>repetitivas;</p><p>b) de trabalho da criação, tornarem-se eventos</p><p>para o consumo;</p><p>c) de experimentação do novo, tornarem-se</p><p>consagração do consagrado pela moda e pelo</p><p>consumo;</p><p>O controle econômico e ideológico das empresas de</p><p>produção artística subverte essa finalidade intrínseca à arte:</p><p>em vez de um evento para dar visibilidade à engenhosidade</p><p>do artista, a industrialização da arte torna invisível a</p><p>realidade e o próprio trabalho criador das obras.</p><p>Democracia cultural</p><p>Implica o direito ao acesso e ao conhecimento das</p><p>obras culturais, bem como o direito à informação e à</p><p>formação culturais, tão fundamentais quanto o direito à</p><p>produção cultural. Entretanto, a indústria cultural produz um</p><p>resultado contrário com a massificação da cultura.</p><p>Alienação e Revelação</p><p>Existem diversas suposições sobre o que a indústria</p><p>cultural ocasiona sobre o indivíduo. Uma delas é que essa</p><p>indústria provedora de alienação humana, um processo em</p><p>que o indivíduo é levado a não pensar por si mesmo sobre</p><p>a totalidade do meio social, transformando-se em uma mera</p><p>peça do tabuleiro, um simples produto alimentador do</p><p>sistema que o envolve.</p><p>Existem duas grandes tendências quando se trata</p><p>de saber se a indústria cultural provoca a</p><p>alienação ou</p><p>produz a revelação. Karl Marx, por exemplo, dizia que todo</p><p>produto traz em si os vestígios, as marcas do sistema</p><p>produtor que o engendrou. Esses traços estão no produto,</p><p>mas permanecem “invisíveis”.</p><p>Tornam-se visíveis quando o produto é submetido a</p><p>uma análise. É que a força da estrutura, das condições de</p><p>produção da indústria cultural, se apresenta maior do que a</p><p>força das mensagens veiculadas, que se vêem anuladas ou</p><p>diminuídas pelo poder da estrutura. Nesse sistema podem</p><p>estar presentes forças contrárias à força caracterizadora da</p><p>natureza dessa indústria, esse produto só pode apresentar</p><p>essa mesma característica. E não seria, em rigor, aceitável</p><p>a hipótese de uma mudança no sistema social. Por</p><p>exemplo, passando-se do sistema capitalista para o</p><p>socialista, os meios de comunicação existentes não</p><p>poderiam ser postos a serviço da nova ideologia, uma vez</p><p>que estariam impregnados da ideologia que os criou e</p><p>manter sua utilização poderia até mesmo colaborar para um</p><p>movimento de retrocesso na direção do sistema que se</p><p>desejou superar.</p><p>Embora radical, essa análise não vem sendo</p><p>propriamente colocada sobre bases equivocadas. O</p><p>problema é que, nesse caso, o único modo de eliminar</p><p>totalmente uma ideologia e seus efeitos seria a destruição</p><p>total de tudo aquilo que estivesse por ela afetado, solução</p><p>pouco prática e pouco viável.</p><p>Caso contrário, chegar-se-ia à constatação de que,</p><p>por exemplo, o meio por excelência de comunicação de</p><p>massa, a televisão, não poderia jamais ser usado</p><p>revolucionariamente. Fica patente que nenhuma sociedade</p><p>existente, que queira dar início ao processo de profundas</p><p>alterações sociais em seu interior, jamais poderá dispensar</p><p>um meio como a televisão e os produtos culturais por ela</p><p>gerados.</p><p>IDEOLOGIA</p><p>A palavra ideologia foi criada no começo do século</p><p>XIX para designar uma teoria geral das idéias. Foi Karl</p><p>Marx quem começou a fazer uso político dela quando</p><p>escreveu um livro com Friedrich Engels, intitulado “A</p><p>ideologia alemã”.</p><p>A ideologia constitui um corpo de idéias produzidas</p><p>pela classe dominante que será disseminado por toda a</p><p>população, de modo a convencer todos de que aquela</p><p>estrutura social é a melhor ou mesmo a única possível.</p><p>Com o tempo, essas idéias se tornam idéias de todos. Ou</p><p>seja, as idéias das classes dominantes se tornam as idéias</p><p>dominantes na sociedade.</p><p>Quando uma ideologia funciona de fato, ela se</p><p>distribui por toda a sociedade, de forma a fazer com que</p><p>cada indivíduo, em cada ato, reproduza aquelas idéias. O</p><p>triunfo de uma ideologia acontece quando todo um grupo</p><p>social está definitivamente convencido de sua verdade.</p><p>A ideologia dominante, hoje, dissemina a idéia de</p><p>que vivemos numa sociedade de oportunidades e de que o</p><p>sucesso é possível, bastando que, para atingi-lo cada</p><p>indivíduo se esforce ao máximo. Em contrapartida, vemos</p><p>milhões de pessoas vivendo na miséria.</p><p>No âmbito da política, a ideologia aparece da</p><p>mesma forma. Observe as propagandas em época de</p><p>eleição. Elas sempre tocam nas necessidades das pessoas.</p><p>Os candidatos vencedores das eleições são sempre</p><p>aqueles que melhor conseguirem tocar nos desejos dos</p><p>eleitores, que conseguirem produzir neles a idéia de uma</p><p>satisfação futura.</p><p>AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS</p><p>Instituição é toda forma ou estrutura social</p><p>estabelecida, constituída, sedimentada na sociedade e com</p><p>caráter normativo. São elas: o Estado, a Igreja, a escola, a</p><p>família, o trabalho remunerado, a propriedade privada, etc.</p><p>As instituições são formadas para tender a necessidades</p><p>sociais.</p><p>Características das instituições sociais:</p><p> EXTERIORIDADE: são experimentadas como</p><p>algo dotado de realidade externa aos indivíduos.</p><p> OBJETIVIDADE: as pessoas reconhecem a</p><p>existência e a legitimidade das instituições.</p><p> COERCITIVIDADE: elas possuem o poder de</p><p>exercer pressões sobre as pessoas.</p><p> AUTORIDADE MORAL: mais uma vez, possuem</p><p>não apenas o poder coercitivo, mas também a</p><p>legitimidade para atuar em sociedade, a qual é</p><p>reconhecida pelas pessoas.</p><p> HISTORICIDADE: elas têm sua própria história e</p><p>permanecem na sociedade ao longo dos anos.</p><p>A família</p><p>Grupo primário de forte na formação do indivíduo, a</p><p>família é o primeiro corpo social no qual os indivíduos</p><p>convivem. É um tipo de agrupamento social cuja estrutura</p><p>varia em alguns aspectos no tempo e no espaço. Existem,</p><p>por exemplo, famílias monogâmicas e poligâmicas.</p><p>Algumas das principais funções da família são: a função</p><p>sexual e reprodutiva, a função econômica e a função</p><p>educacional.</p><p>A sociedade pós-industrial criou um novo padrão de</p><p>família. Na cidade de São Paulo, por exemplo, apenas</p><p>54,6% das famílias pertencem ao modelo formado por pai,</p><p>mãe e filhos.</p><p>No novo modelo, em rápido desenvolvimento, o</p><p>“chefe da família” já não é apenas o pai. A mãe, por sua</p><p>vez, deixou de ser sinônimo de “rainha do lar”. Os filhos são</p><p>criados normalmente por pai e mãe que trocam</p><p>constantemente de papéis entre si, não sendo raro verem-</p><p>se pais em casa que cuidam dos filhos e mães que</p><p>trabalham fora para sustentar a família. A participação do</p><p>homem em tarefas domésticas cresceu 43% na década de</p><p>90.</p><p>A Igreja</p><p>As crenças religiosas são um fato social universal,</p><p>porque ocorrem em toda parte, desde os tempos mais</p><p>remotos. Cada povo tem nas crenças religiosas um fator de</p><p>estabilidade, de aceitação da hierarquia social e de</p><p>obediência às normas que a sociedade considera</p><p>necessárias para a manutenção do equilíbrio social.</p><p>As religiões sofreram profundas modificações com o</p><p>desenvolvimento da economia industrial, quando o</p><p>progresso da ciência e das artes fez com que o ser humano</p><p>passasse a ter uma nova visão de si mesmo e do universo.</p><p>Nessas circunstâncias, boa parte das religiões vem</p><p>procurando conciliar suas doutrinas com o avanço do</p><p>conhecimento científico.</p><p>Na América Latina, essa preocupação com os</p><p>problemas sociais deu origem à Teologia da Libertação</p><p>(1979), doutrina defendida por alguns sacerdotes e bispos</p><p>da Igreja católica que defende o engajamento da instituição</p><p>religiosa na luta contra as desigualdades e por justiça</p><p>social. Hoje, alguns movimentos religiosos defendem uma</p><p>participação maior das Igrejas na solução de problemas</p><p>sociais e vêm procurando ressaltar mais as questões éticas</p><p>do que os dogmas religiosos.</p><p>Em contrapartida, os grupos mais conservadores</p><p>das Igrejas caminham em direção oposta, defendendo o</p><p>apego à tradição e dando ênfase às atividades missionárias</p><p>e à salvação da alma.</p><p>O Estado</p><p>O Estado é a instituição responsável pela</p><p>regulamentação social e manutenção da ordem. O</p><p>recolhimento de tributos, por exemplo, só é possível porque</p><p>os integrantes da sociedade reconhecem que o Estado tem</p><p>esse direito e porque o Estado detém forte poder de</p><p>coerção. Esse poder permite ao governo recorrer a várias</p><p>formas de pressão (multas, processos judiciais, prisão, etc.)</p><p>para fazer valer seu direito de cobrar tributos.</p><p>O Estado possui três importantes componentes:</p><p> Território: constitui sua base física, sobre a qual</p><p>ele exerce sua jurisdição;</p><p> População: é composta pelos habitantes do</p><p>território que forma a base física e geográfica do</p><p>Estado;</p><p> Instituições políticas: entre elas sobressaem os</p><p>poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; o</p><p>núcleo do poder do Estado está nas mãos do</p><p>governo;</p><p>Estado e nação</p><p>Nação é um conjunto de pessoas ligadas entre si</p><p>por laços permanentes de idioma, tradições, costumes e</p><p>valores; é anterior ao Estado, podendo existir sem ele. Já</p><p>um Estado pode compreender várias nações, como é o</p><p>caso do Reino Unido (ou Grã-Bretanha, formada por</p><p>Escócia, Irlanda do Norte, País de Gales e Inglaterra).</p><p>Antes de 1948 os judeus formavam uma nação sem</p><p>Estado, como ocorre atualmente com os curdos, por</p><p>exemplo, os quais estão dispersos em países como Síria,</p><p>Líbano, Turquia e Iraque.</p><p>Estado de Governo</p><p>O Estado é uma instituição social permanente, ou</p><p>de longa duração, que exerce</p><p>o poder. Já o governo é</p><p>apenas um componente transitório do Estado. O governo</p><p>pode mudar, mas o Estado continua.</p><p>Como o Estado é uma entidade abstrata, que não</p><p>tem “querer” nem “agir” próprios, o governo age em seu</p><p>nome. Por exemplo: a Presidência da República é um órgão</p><p>fundamental do Estado brasileiro desde 1889.</p><p>Formas de governo</p><p>Resumindo, os três poderes do Estado são:</p><p> Executivo – incumbido de executar as leis;</p><p> Legislativo – encarregado de elaborar as leis;</p><p> Judiciário – responsável pela distribuição de</p><p>justiça e pela interpretação da Constituição.</p><p>O governo pode adotar as seguintes formas:</p><p> Monarquia – o governo é exercido por uma só</p><p>pessoa (rei ou rainha), que herda o poder e o</p><p>mantém até a morte;</p><p> República – o poder é exercido por</p><p>representantes do povo eleitos periodicamente</p><p>pelos cidadãos;</p><p>Atualmente, em certos países na Europa, como</p><p>Grã-Bretanha, Espanha, Suécia e Noruega, a forma de</p><p>governo é monárquica, mas os reis têm apenas um papel</p><p>simbólico e protocolar, cabendo ao Parlamento, cujos</p><p>representantes são democraticamente eleitos, o exercício</p><p>efetivo do poder. São as chamadas monarquias</p><p>constitucionais.</p><p>Nas repúblicas modernas, por outro lado, há dois</p><p>tipos de regime: o parlamentarista e o presidencialista. Nos</p><p>países em que foi instituído o regime presidencialista, a</p><p>escolha do presidente é feita diretamente pelos eleitores.</p><p>Esse modelo de democracia funciona em países como o</p><p>Brasil, a Argentina e o Peru. Já nos regimes</p><p>parlamentaristas os eleitores elegem seus representantes</p><p>no Parlamento e cabe unicamente a estes a escolha dos</p><p>membros do poder Executivo. O regime parlamentarista é</p><p>aplicado especialmente na Europa, tanto em repúblicas</p><p>como Portugal e Itália quanto em monarquias como a Grã-</p><p>Bretanha e a Suécia.</p><p>SOCIOLOGIA NO BRASIL</p><p>No Brasil e na América Latina como um todo, o</p><p>desenvolvimento das idéias sociais reflete relações</p><p>coloniais com a Europa e o avanço do capitalismo</p><p>dependente.</p><p>Do século XIX em diante, a burguesia brasileira vai</p><p>adquirindo primazia no sentido de conduzir as direções</p><p>econômicas, políticas e culturais, segundo as quais se</p><p>organizarão as interações sociais na cidade e no campo, na</p><p>agricultura e no comércio, no governo e na educação. No</p><p>fim do século XIX, a modernização do país passa a ser</p><p>importante para a burguesia emergente. Ela necessitava de</p><p>um saber mais pragmático, que não estivesse vinculado à</p><p>herança colonial. Por essa razão, organiza um movimento</p><p>para modificar a sociedade e a cultura e orienta o</p><p>pensamento social. Nesse momento, surgem estudos</p><p>históricos, críticas literárias e análises de caráter</p><p>sociológico, como Os Sertões, de Euclides da Cunha.</p><p>Nessa obra, o jornalista E. da Cunha explicita o</p><p>conflito de uma sociedade dividida em duas partes</p><p>aparentemente irreconciliáveis: a sociedade das cidades</p><p>litorâneas, aberta à influência estrangeira, e a sociedade</p><p>agrária e tradicional do interior.</p><p>Escola de Recife</p><p>A Escola de Recife revelou a contribuição de</p><p>intelectuais inspirados nas concepções de linhas de</p><p>pensamento sociológico alemãs e inglesas adaptadas a um</p><p>modelo tropical “mundializado”. Assim, a formulação das</p><p>Ciências Sociais no Brasil teve como um dos principais</p><p>cenários acadêmicos, no fim do século XIX e início do</p><p>século XX, o curso de Ciências Jurídicas e Sociais de</p><p>Recife, em Pernambuco, criada em 11 de agosto de 1827,</p><p>por Dom Pedro I.</p><p>As influências dos intelectuais Tobias Barreto, Sílvio</p><p>Romero e, numa segunda fase, de Gilberto Freyre são</p><p>consideradas fundamentais para explicar as correntes do</p><p>pensamento sociológico, que predominaram na história da</p><p>instituição pernambucana, que teve forte influência no</p><p>Nordeste, e posteriormente, em outras escolas pelo Brasil.</p><p>As bases germânicas e inglesas nortearam as teses</p><p>defendidas pelos acadêmicos, que as adaptaram a um</p><p>modelo tropical “mundializado”.</p><p>PRIMEIRA FASE DA ESCOLA DE RECIFE</p><p>A primeira fase da Escola de Direito do Recife,</p><p>iniciada por Tobias Barreto, foi objeto de polêmica em</p><p>muitos círculos intelectuais do período. Alguns críticos</p><p>acusavam Barreto de ser o protótipo da bacharelice latino-</p><p>americana, com características erudita, agressiva,</p><p>provinciana e alienada dos problemas políticos e sociais</p><p>concretos. O componente germânico na linha de</p><p>pensamento do acadêmico e escritor pernambucano surge</p><p>a partir de 1871. Foi simpatizante de Kant e do monismo</p><p>evolucionista de Heckel e Spencer, enquanto em São</p><p>Paulo, predominava o positivismo de Comte.</p><p>Tobias Barreto foi o primeiro a perceber os maus</p><p>efeitos que produzia no Brasil, a excessiva influência</p><p>francesa, que era a única influência européia do período.</p><p>Barreto afirmava em seus discursos que não aderia ao</p><p>socialismo e nem ao liberalismo. Ele era Kantiano no Brasil,</p><p>antes dos alemães, e também recusava o determinismo</p><p>econômico. Barreto era indignado com o sociologismo da</p><p>sua época, o qual era para ele um simplismo mecanicista</p><p>ou organicista.</p><p>Por outro lado, Sílvio Romero distinguiu as ciências</p><p>da natureza como fenômenos mecânicos regidos pela lei de</p><p>causalidade, alheios aos fatos conscientes e voluntários,</p><p>das ciências da humanidade, na qual estariam todos os</p><p>fenômenos nos quais se acham inerentes a consciência e a</p><p>vontade, regidos pela lei da finalidade. Segundo ele, é</p><p>justamente aí que a sociologia se encaixaria.</p><p>SEGUNDA FASE DA ESCOLA DE RECIFE</p><p>Nessa fase a Escola foi coordenada por Gilberto</p><p>Freyre. Coube a este estudioso implementar os</p><p>empreendimentos institucionais das Ciências Sociais em</p><p>Pernambuco, já no século XX. Freyre se esforçou para</p><p>construir um espaço institucional autônomo. Também</p><p>inovou ao acrescentar a antropologia aos seus estudos,</p><p>quando escreveu “Casa Grande e Senzala” (1933) e a</p><p>“Ecologia do Nordeste” (1937), estendendo esses</p><p>parâmetros ao internacional mundo tropical.</p><p>No século XXI, a herança da Primeira Escola do</p><p>Recife e da Segunda continuará sendo a da insistência nos</p><p>estudos das questões e soluções dos problemas brasileiros,</p><p>mesmo num mundo cada vez mais globalizado.</p><p>Alguns autores da sociologia brasileira e suas</p><p>influências teóricas</p><p>LAURO SODRÉ: foi influenciado por Auguste Comte. Foi</p><p>discípulo de Benjamim Constant. A filosofia de Comte vai</p><p>influenciar muito no Brasil, principalmente junto aos</p><p>republicanos, quando eles vinham com o intuito de ordem</p><p>social. Benjamin Constant foi um dos responsáveis pela</p><p>divulgação da filosofia positivista entre os republicanos que</p><p>buscavam organizar a sociedade.</p><p>FERNANDO DE AZEVEDO: foi seguidor de Durkheim. Sua</p><p>preocupação era estritamente metodológica, de como</p><p>analisar os fenômenos sociais, qual era a postura que o</p><p>investigador e o cientista deveriam ter. No entanto, em</p><p>nenhum momento sua sociologia se volta para os fatos</p><p>sociais.</p><p>BRANDÃO LOPES: influenciado pelo historicismo</p><p>weberiano (Max Weber), Lopes dizia que deve-se exigir do</p><p>investigador o rigor metodológico, o recorte da realidade</p><p>que é complexa, e utilizar o tipo ideal para a comparação</p><p>daquilo que se busca entender, isto é, a realidade do</p><p>estudo.</p><p>A revolução científica só é consolidada quando</p><p>chega ao Brasil a teoria marxista. A dialética vai permitir. A</p><p>dialética vai permitir que a discussão venha para a área</p><p>acadêmica mais crítica e vai exigir que se coloque uma</p><p>prática nessa teoria.</p><p>Ao chegar ao Brasil, a corrente marxista é dividida</p><p>em duas vertentes:</p><p> Marxismo Confessional: é o marxismo mais prático,</p><p>militante. Essa vertente vai orientar a formação de</p><p>sindicatos, a formação dos partidos de massa.</p><p>Expoentes: CAIO PRADO JÚNIOR, LEANDRO</p><p>KONDER e CARLOS NELSON COUTINHO.</p><p> Marxismo Metodológico: é constituído pelos teóricos</p><p>que trabalhavam mais o plano da ciência, a plano da</p><p>discussão, do materialismo filosófico, dialético, do</p><p>Socialismo científico, e no qual se concentra a</p><p>discussão do plano teórico de Marx. Expoentes:</p><p>OTÁVIO IANNI e FRANCISCO WEFFORT.</p>