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<p>O estudo da personalidade: Avaliação, pesquisa e teoria</p><p>Prof. Valdiney V. Gouveia</p><p>Psicologia como ciência</p><p>Pouca atenção à personalidade;</p><p>Psicologia = ideias da filosofia + ideias da fisiologia;</p><p>1º laboratório de psicologia foi criado por Wundt, no século XIX, em Leipzig, Alemanha.</p><p>01</p><p>O estudo da consciência</p><p>- Wundt e psicólogos da época deram enfoque às ciências naturais e buscavam aplicar seus fundamentos ao estudo da mente;</p><p>- Limitação: método experimental</p><p>-Estudos voltados apenas para processos mentais afetados por estimulo externo, controlado e manipulado pelo experimentador.</p><p>02</p><p>03</p><p>O lugar da personalidade na história da psicologia</p><p>1º Laboratório de Psicologia</p><p>Wilhelm Wundt</p><p>2</p><p>O estudo do comportamento</p><p>Watson revolucionou os estudos de Wundt por meio do behaviorismo;</p><p>Enfoque nos aspectos tangíveis da natureza humana (comportamento evidente);</p><p>Personalidade foi reduzida àquilo que poderia ser visto e observado de forma objetiva</p><p>03</p><p>O estudo do inconsciente</p><p>Freud deu origem à linha de pensamento diferente de tudo que estava sendo discutido à época;</p><p>Surgimento da psicanálise;</p><p>Distanciou-se da psicologia experimental e objetiva;</p><p>Aceitavam a existência de forças conscientes e inconscientes.</p><p>04</p><p>03</p><p>04</p><p>O lugar da personalidade na história da psicologia</p><p>John Watson</p><p>Sigmund Freud</p><p>3</p><p>O estudo cientifico da personalidade</p><p>- Apenas no fim da década de 1930, o estudo da personalidade foi formalizado e sistematizado, principalmente, por Gordon Allport;</p><p>- Livro Personality: A psychological interpretation, foi considerado um marco para o início dos estudos sobre a personalidade;</p><p>- Psicólogos acadêmicos pensavam ser possível desenvolver estudos científicos sobre a personalidade.</p><p>Gordon Allport</p><p>4</p><p>Definições de personalidade</p><p>Mascara utilizada pelos atores em peças</p><p>Personalidade</p><p>Personalidade é o conjunto de características externas e visíveis que apresentamos aos outros. É aquilo que aparentamos ser.</p><p>Engloba qualidades sociais e emocionais subjetivas que não são vistas diretamente e que podem ser escondidas (construto latente).</p><p>Persona</p><p>Conceituação</p><p>Além da superficialidade</p><p>5</p><p>Características</p><p>6</p><p>Características estáveis e previsíveis</p><p>A personalidade pode variar de acordo com a situação;</p><p>Características peculiares</p><p>Enfoque interativo;</p><p>Traços pessoais + aspectos mutáveis da situação + interação entre eles = explicação da natureza humana.</p><p>Personalidade é um agrupamento permanente e único de características que podem sofrer mudanças.</p><p>“Aspectos internos e externos peculiares relativamente permanentes do caráter de uma pessoa que influenciam o comportamento em situações diferentes.”</p><p>Definição de personalidade</p><p>Personalidade, internet e redes sociais</p><p>7</p><p>Estudos conduzidos nos EUA e Alemanha indicam que as representações das personalidades apresentadas online são tão precisas quanto relações face a face.</p><p>Leitores de blogs tinham a capacidade de julgar a personalidade de forma precisa das pessoas que faziam postagens, mesmo sem as conhecer pessoalmente.</p><p>Sites de redes sociais como Facebook podem moldar e refletir a personalidade dos usuários.</p><p>Pessoas que fazem maior uso de redes sociais tendem a ser mais extrovertidas, abertas a novas experiências, têm menor autoestima, são menos conscienciosas e têm menos estabilidade emocional quando comparadas com aquelas que relatam pouca frequência de uso.</p><p>Uma pesquisa realizada com pessoas de 18 a 70 anos mostrou quais as principais razões para criação de blogs e diários pessoais, sendo as principais razões: exibicionismo, organização de pensamentos e ideias, feedbacks, passatempo e compartilhar conhecimento.</p><p>Cultura e Personalidade</p><p>Questões relacionadas com gênero e etnia têm implicações diretas no desenvolvimento da personalidade.</p><p>Exemplo: Personalidade de estudantes universitários chineses em Hong Kong e Canadá.</p><p>Os moradores de Hong Kong apresentaram comportamentos mais introvertidos do que aqueles do Canadá.</p><p>Imigrantes chineses que estavam morando no Canadá há pelo menos 10 anos obtiveram pontuação muito mais alta em extroversão do que residentes recentes.</p><p>A cultura pode trazer impactos significativos nas características básicas da personalidade.</p><p>8</p><p>A avaliação no estudo da personalidade</p><p>Confiabilidade</p><p>Em que medida as pessoas apresentam respostas consistentes ao instrumento.</p><p>Validade</p><p>Em que medida o instrumento mede o que pretende medir.</p><p>Existem diferentes formas para realizar a avaliação da personalidade. Contudo, as melhores técnicas de avaliação são aquelas que levam em conta:</p><p>Métodos de avaliação</p><p>Inventários objetivos ou de autorrelatos;</p><p>Técnicas projetivas;</p><p>Entrevistas clínicas;</p><p>Procedimentos de avaliação comportamental;</p><p>Amostragem de ideias e experiências.</p><p>9</p><p>Testes de personalidade de autorrelato</p><p>Inventário de autorrelato</p><p>É uma técnica de avaliação onde participantes respondem perguntas acerca de seus comportamentos.</p><p>Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade (MMPI)</p><p>Composto por 567 afirmações tipo “verdadeiro” ou “falso”. Os itens que o compõem abrangem saúde física e psicológica, atitudes sociais e políticas, fatores educacionais, profissionais, familiares e conjugais, comportamentos neuróticos e psicóticos.</p><p>MMPI-2</p><p>Utilizado com o público adulto, procura realizar diagnóstico de problemas de personalidade e para orientação vocacional e pessoal.</p><p>Limitações: Apesar de evidências de validade e amplamente utilizado, apresenta problemas relacionados com a quantidade de itens (extenso)</p><p>10</p><p>Exemplo de perguntas do MMPI</p><p>11</p><p>Faz-se necessário atentar a algumas questões relacionadas aos inventários de autorrelato, como:</p><p>A forma de escrita nos questionários pode trazer mudanças significativas nas respostas dos participantes;</p><p>Desejabilidade social (tendência a dar respostas que sejam socialmente aceitáveis);</p><p>Apresenta a vantagem da objetividade da pontuação.</p><p>Aplicação de testes computadorizados</p><p>Os questionários de autorrelato podem ser feitos pelo computador, apresentando algumas vantagens, como:</p><p>Consumo menor de tempo e processo de organização simplificado;</p><p>Custos menores;</p><p>Pontuação objetiva;</p><p>Participantes mais jovens se engajam mais;</p><p>Evita que os participantes alterem suas respostas constantemente; e</p><p>Avaliação dos inventários de autorrelato</p><p>12</p><p>Técnica da mancha de Rorschach: Desenvolvida pelo psiquiatra Hermann Rorschach, este teste consiste em apresentar cartões com manchas para os sujeitos e logo se pede que descrevam o que estão vendo. Depois os mesmos cartões são mostrados novamente e o psicólogo faz perguntas específicas sobre as respostas anteriores. Enquanto o participante fala seus gestos e comportamentos são analisados.</p><p>Testes projetivos</p><p>01</p><p>Inspirados por Freud e no seu estudo acerca do inconsciente, estes tipos de testes buscam investigar a parte “invisível” da personalidade. É um meio de avaliação no qual o indivíduo projeta suas necessidades pessoais, medos e valores nas interpretações ou na descrição de um estímulo ambíguo.</p><p>Limitações:</p><p>A interpretação deste tipo de testes é subjetiva, podendo haver diferentes interpretações entre os avaliadores, desta forma sua confiabilidade é considerada baixa. [???]</p><p>Hermann Rorschach</p><p>13</p><p>02</p><p>Teste de apercepção temática (TAT): Desenvolvido por Herry Munray e Christiana Morgan, este teste consiste em apresentar cartões em branco com figuras ambíguas que mostram uma ou mais pessoas. Pede-se para que os respondentes criem uma história que envolva as pessoas ou os objetos da figura, descrevendo o que levou àquela situação, o que tais pessoas estão pensando e sentindo e o que provavelmente poderá acontecer no fim da história criada. Os psicólogos para realizar a interpretação dessas histórias levam em conta os tipos de relações pessoais envolvidas nas histórias, a motivação dos personagens e o grau de contato com</p><p>a realidade.</p><p>Limitações: Não possui sistema objetivo de contagem de pontos e tem confiabilidade e validade baixas, mas são adequados para realização de pesquisas. [[Pesquisa vs. Diagnóstico]]</p><p>Testes projetivos</p><p>Herry Munray</p><p>Christiana Morgan</p><p>14</p><p>Associação de palavras e completar sentenças são técnicas também utilizadas para avaliação da personalidade.</p><p>Na associação de palavras: São lidas uma lista de palavras para o respondente e é pedido que ele responda com a primeira palavra que vier à mente. As palavras respondidas são analisadas quanto à sua natureza comum ou incomum, uma possível indicação de tensão emocional e a sua relação com conflitos sexuais.</p><p>Já o completar sentenças também se utiliza de respostas verbais. É solicitado que o respondente complete frases como: “A minha ambição é...”, “O que me preocupa é...”. A interpretação é subjetiva. Contudo, existe um teste chamado Rotter Incomplete Sentence Blank, que oferece uma pontuação mais objetiva.</p><p>Outras técnicas projetivas</p><p>15</p><p>Entrevistas clínicas</p><p>Para além dos testes, é de grande importância também realizar entrevistas para melhor compreender a história de vida da pessoa avaliada, planejamentos futuros, relações sociais e familiares, por exemplo. Tais entrevistas podem ser feitas juntamente com os testes, onde o resultado dos testes indicam qual aspecto pode ser melhor investigado na entrevista.</p><p>Neste enfoque o comportamento do sujeito é avaliado, levando em consideração seus gestos, expressões faciais, aparência geral, por exemplo.</p><p>A amostragem de ideias e experiências também é uma técnica utilizada para compreender o que o avaliado pensou naquele momento e até mesmo em qual contexto estava inserido em determinado momento. A partir desses relatos escritos é possível compreender mais os comportamentos da pessoa avaliada, bem como se o meio em que está inserida influencia seu modo de sentir e agir.</p><p>Avaliação comportamental</p><p>16</p><p>Questões de gênero e etnia na personalidade</p><p>Questões de gênero</p><p>O sexo exerce influências na personalidade da pessoa;</p><p>- Diferenças entre homens e mulheres (Simon Baron-Cohen, A diferença essencial).</p><p>Questões étnicas</p><p>- Diferentes pertenças trazem impactos na personalidade das pessoas e como se percebem no mundo (e.g., ciganos, nordestinos).</p><p>01</p><p>02</p><p>17</p><p>A pesquisa no estudo da personalidade</p><p>Estudo de caso: Histórico de vida detalhado da pessoa que contém dados de diversas fontes.</p><p>Limitações: Os dados obtidos são subjetivos e podem sofrer influência da passagem do tempo (esquecimento)</p><p>Os métodos utilizados na pesquisa da personalidade são, essencialmente, clínico, experimental, virtual e correlacional. Estes se baseiam na observação objetiva que é principal característica que define a pesquisa científica em qualquer disciplina.</p><p>Método clínico</p><p>18</p><p>Método experimental</p><p>19</p><p>Possibilidade de duplicação e verificação;</p><p>Variável dependente: O que eu quero explicar/medir.</p><p>Variável independente: aquilo que é manipulado pelo experimentador;</p><p>- Grupo experimental: Grupo exposto à variável independente.</p><p>- Grupo de controle: Grupo que não é exposto à variável independente.</p><p>Observações controláveis e sistemáticas;</p><p>Limitações: Desejabilidade social e acompanhamento a longo prazo, ética fora do laboratório.</p><p>Pesquisa online</p><p>Vantagens: Facilidade na coleta, rapidez da coleta de dados, mais barato, maior potencial de uma amostragem heterogênea.</p><p>Desvantagens: desejabilidade social, amostra tende a ser mais elitizada.</p><p>Pesquisa correlacional</p><p>Avalia o grau de associação entre duas variáveis, sendo a magnitude expressa pelo coeficiente (r) de correlação: varia de +1 (correlação positiva) a -1 (correlação negativa); quanto mais próximo de 1 (+ ou -), mais prefeita a relação.</p><p>Limitação: Correlação forte não significa causa e efeito.</p><p>A pesquisa no estudo da personalidade</p><p>20</p><p>Teorias formais</p><p>Fundamentam-se na observação de “grande” quantidade de pessoas de contextos e naturezas diferentes;</p><p>Não apresenta viés pessoal, busca ser imparcial;</p><p>Teste de falseabilidade por outros pesquisadores</p><p>Teorias informais</p><p>São influenciadas pela experiência própria;</p><p>Não são replicáveis por outras pessoas;</p><p>Baseada no próprio indivíduo;</p><p>Teorias formais e pessoais</p><p>21</p><p>Liberdade vs. Determinismo;</p><p>O que nos domina? Nossa natureza herdada ou ambiente de criação?</p><p>Qual a importância de eventos passados? (determinismo histórico)</p><p>Fomos feitos apenas para buscar prazer e evitar a dor?</p><p>O ser humano é bom ou mau por natureza?</p><p>Por que é difícil estudar a personalidade?</p><p>“O significado dessa discussão é indicar que há muitas fontes de influência sobre o crescimento e o desenvolvimento da personalidade humana e diversos modos de explicar a sua natureza [...] poucos de nós podem abordar este tópico sem preconceito porque é, afinal de contas, o estudo de nós mesmos. (Schultz & Schultz, 2015, p. 35).</p><p>22</p><p>Referência</p><p>Schultz, D. P. & Schultz, S. E. (2015). Teorias da personalidade (tradução Priscilla Lopes e Lívia Koeppl; revisão técnica Thaís Cristina Marques dos Reis). 3ª Ed, São Paulo: Cengage Learning.</p><p>24</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.jpeg</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.jpeg</p><p>image5.jpeg</p><p>image6.jpeg</p><p>image7.png</p><p>image8.png</p><p>image12.png</p><p>image13.png</p><p>image9.png</p><p>image10.png</p><p>image11.png</p><p>image14.png</p><p>image15.png</p><p>image16.png</p><p>image17.png</p><p>image18.png</p><p>image19.jpeg</p><p>image20.jpeg</p><p>image21.jpeg</p><p>image22.jpeg</p><p>image23.jpeg</p><p>image24.jpeg</p><p>image25.png</p><p>image26.jpeg</p><p>image27.png</p><p>image28.jpeg</p><p>image29.jpeg</p><p>image30.jpeg</p><p>image31.jpeg</p><p>image32.png</p><p>image33.jpeg</p><p>image34.jpeg</p><p>image35.gif</p>