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<p>NATURALISMO</p><p>W. Scott – Ferro e Carvão,</p><p>1861.</p><p>Novas perspectivas para a</p><p>origem humana</p><p>Ao lado de todo o desenvolvimento tecnológico, a Europa</p><p>presenciou, na segunda metade do século XIX, um avanço científico</p><p>muito significativo. Nesse campo, a publicação em 1859 do livro A</p><p>Origem das espécies, do biólogo inglês Charles Darwin, causou</p><p>espanto e revolta de setores mais conservadores da sociedade</p><p>inglesa. Segundo ele, o ser humano não era fruto da criação divina,</p><p>mas resultado de um longo processo de evolução e adaptação por</p><p>que passaram todos os seres vivos. Sua defesa do evolucionismo</p><p>causou revolta ao afirmar que seres humanos e primatas tinham um</p><p>ancestral comum.</p><p>Duas ideias de Darwin, influenciaram nas características naturalistas:</p><p>• A constatação de que o ser humano é um animal como outro</p><p>qualquer (sem qualquer alusão ao divino).</p><p>• A crença de que a natureza promove um processo de seleção no</p><p>qual sobrevivem os mais adaptados e os mais fracos são</p><p>eliminados.</p><p>Para uma sociedade com fortes valores religiosos, essas duas ideias</p><p>soavam como uma negação da origem divina dos seres humanos.</p><p>Entre cientistas e filósofos, porém, as ideias de Darwin foram mais</p><p>bem acolhidas e deram origem ao que se passou a chamar de</p><p>“darwinismo social”.</p><p>Ao lado de Darwin, outros dois intelectuais influenciaram de modo</p><p>definitivo a estética naturalista: Auguste Comte e Hippolyte Taine.</p><p>• Comte criou a filosofia positivista, que apontava o saber positivo</p><p>superior ao teológico ou ao metafísico.</p><p>• Hippolyte Taine era um crítico literário e, em seus trabalhos sobre a</p><p>literatura inglesa, utilizou pela primeira vez o termo determinismo</p><p>para explicar quais fatores deveriam ser considerados na</p><p>apreciação das obras literárias. Para ele, o indivíduo era</p><p>socialmente condicionado por três fatores:</p><p>• A raça da qual ele fazia parte e que lhe garantia uma determinada</p><p>herança;</p><p>• O meio no qual se encontrava;</p><p>• O momento em que vivia.</p><p>1-Literatura a serviço da ciência –</p><p>Para cumprir esse projeto, os escritores buscam olhar para a</p><p>realidade através da lente do determinismo e das teorias</p><p>evolucionistas. Émile Zola chega a definir o Naturalismo como</p><p>uma aplicação, na literatura, do método de observação e de</p><p>experimentação descrito por Claude Bernard, criando um</p><p>romance experimental. Ou seja, seu interesse é compreender o</p><p>comportamento humano e suas motivações, assim, ele acredita</p><p>que é possível atuar na transformação dos indivíduos para</p><p>alcançar o melhor estado social.</p><p>Projeto Literário:</p><p>2-Personagens tratados com olhar científico</p><p>O Naturalismo deixa de lado a análise psicológica que marcou a</p><p>literatura realista. Para eles, os traços individuais não</p><p>interessam. Dedicam-se à análise dos fenômenos coletivos, que</p><p>caracterizam melhor a tese determinista por eles defendida. Por</p><p>isso, voltam o olhar para uma classe social que, até aquele</p><p>momento, não havia merecido destaque nos romances: o</p><p>proletariado – trabalhadores das minas de carvão, das pedreiras</p><p>brasileiras, marinheiros, todos convocados a demonstrar uma</p><p>mesma ideia: o ser humano é fruto do meio em que vive e das</p><p>pressões que sofre.</p><p>Projeto Literário:</p><p>Animalização do ser humano</p><p>Além de descrever a intimidade das personagens, o romance</p><p>naturalista se empenha em revelar de que maneira as pessoas,</p><p>submetidas a condições sub-humanas de vida e de trabalho,</p><p>acabam perdendo a própria humanidade e sendo dominadas</p><p>por seus instintos animais.</p><p>3-Olhar racional e objetivo para a realidade</p><p>Os romances naturalistas são, com frequência, caracterizados</p><p>como literatura de tese, porque desenvolvem uma estrutura</p><p>pensada para provar ao leitor a visão determinista da sociedade.</p><p>O aviltamento e a perda da dignidade dos indivíduos que vivem</p><p>em um meio degradante é a grande tese exposta nesses</p><p>romances.</p><p>Projeto Literário:</p><p>Embora estivessem engajados na produção de romances que</p><p>permitissem o estudo de caracteres, os escritores tinham</p><p>consciência da importância de conquistar o interesse do público.</p><p>Para evitar a difícil decisão entre produzir obras para vender – e,</p><p>portanto, de acordo com as expectativas dos leitores – ou fazer</p><p>uma opção radical e adotar a forma literária que mais lhes</p><p>agradasse, muitos autores tentavam conciliar as duas opções e,</p><p>aos poucos, “educarem” o gosto do público.</p><p>Essa solução garantiu que houvesse leitores para os romances</p><p>naturalistas. Mas não evitou que muitos deles se chocassem</p><p>com os temas abordados e com o modo como alguns</p><p>comportamentos eram francamente descritos.</p><p>O naturalismo e o público:</p><p>O foco narrativo em 3ª pessoa e as descrições são recursos que</p><p>a linguagem do romance naturalista usa para sugerir um olhar</p><p>racional e objetivo para a realidade. A descrição dos cenários</p><p>pretende recriar a realidade de maneira fotográfica, compondo</p><p>um espaço formado pela apresentação de várias imagens que se</p><p>sobrepõem de modo a montar um quadro final bastante</p><p>preciso.</p><p>Linguagem: a descrição</p><p>impiedosa</p><p>Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os</p><p>olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. [...]</p><p>[...] No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de</p><p>vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar</p><p>de galos, cacarejar de galinhas [...].</p><p>Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma</p><p>aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros,</p><p>lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria</p><p>da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres</p><p>precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-</p><p>se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam,</p><p>suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses</p><p>não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário metiam a</p><p>cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as</p><p>barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão [...].</p><p>Nesse trecho, o narrador usa verbos e substantivos para mostrar</p><p>a animalização das personagens, sendo que os termos</p><p>escolhidos podem ser todos associados a um mesmo campo</p><p>semântico. Assim, além de fazer referência às personagens</p><p>como “machos” e “fêmeas”, o narrador ainda usa os</p><p>substantivos casco, pelo e ventas.</p><p>Para descrever a higiene matinal, seleciona os verbos fossar e</p><p>fungar, que normalmente são utilizados para nomear o ato de</p><p>farejar ou revolver a terra realizado por porcos e cães.</p><p>O uso de todos esses termos provoca um efeito hiperbólico,</p><p>fazendo com que o resultado da descrição dê um destaque</p><p>exagerado para o comportamento animalizado das personagens.</p><p>NO BRASIL</p><p>No Brasil, o Naturalismo conquistou vários seguidores. O</p><p>principal deles foi Aluísio de Azevedo, que deu início ao</p><p>movimento quando publicou, em 1881, o romance O Mulato.</p><p>Também tem destaque Júlio Ribeiro, que publicou, em 1888, A</p><p>carne, narrativa que tematiza um caso de histeria patológica. No</p><p>romance, a personagem Lenita é dominada por instintos de</p><p>natureza sexual, comportando-se de modo animalesco. A obra</p><p>provocou violentas reações da sociedade da época,</p><p>despreparada para abordagens mais explícitas de temas ligados</p><p>à sexualidade.</p><p>“Em frente, sobre um console, entre outros bronzes que</p><p>trouxera, estava uma das reduções célebres de Barbedienne, a</p><p>da estátua de Agasias, conhecida pelo nome de Gladiador</p><p>Borghese. Um raio mortiço de sol poente, entrando por uma</p><p>frincha da janela, dava de chapa na estátua, afogueava-a, como</p><p>que fazia correr sangue e vida no bronze mate. Lenita abriu os</p><p>olhos. Atraiu-lhe as vistas o brilho suave do metal ferido pela luz.</p><p>Ergueu-se, acercou-se da mesa, fitou com atenção a estátua:</p><p>aqueles braços, aquelas pernas, aqueles músculos ressaltantes,</p><p>aqueles tendões retesados, aquela virilidade, aquela robustez,</p><p>impressionaram-na de modo estranho [...]. Lenita não se podia</p><p>arredar, estava presa, estava fascinada. [...] E tinha ímpetos de</p><p>comer de beijos as formas masculinas estereotipadas</p><p>no bronze.</p><p>Queria abraçar-se, queria confundir-se com elas. De repente</p><p>corou até à raiz dos cabelos” (RIBEIRO, 1999, pp.7-8).</p><p>NO BRASIL</p><p>Há outros nomes que representam o naturalismo no Brasil,</p><p>como: Adolfo Caminha, com A normalista (1893), moça educada</p><p>que é seduzida pelo padrinho, e O bom crioulo (1895), que</p><p>desenvolve a temática do homossexualismo entre marinheiros;</p><p>Domingos Olímpio, autor de Luzia homem (1903) trata da</p><p>condição humana e social do sertanejo; Inglês de Souza, que</p><p>procura expor aspectos morais da evolução de um sacerdote na</p><p>sua obra mais conhecida, O missionário (1888).</p><p>Raul Pompeia, que foi imortalizado pela publicação de uma obra</p><p>em especial: O Ateneu (1888), foi consagrado pela crítica como</p><p>uma das obras mais inteligentes da literatura nacional. O livro</p><p>conta a história da formação do menino Sérgio no internato</p><p>Ateneu e se assemelha muito a um romance de memórias. Se</p><p>distanciando dos romances da época por apresentar um foco</p><p>narrativo em primeira pessoa e por assumir um tom reflexivo</p><p>que o afasta da objetividade.</p><p>• Como é descrito o trabalhador?</p><p>• É possível identificar semelhanças entre o retrato feito do</p><p>trabalhador da construção civil e as personagens que</p><p>representam o proletariado nos romances naturalistas?</p><p>Slide 1: NATURALISMO</p><p>Slide 2: Novas perspectivas para a origem humana</p><p>Slide 3</p><p>Slide 4: Projeto Literário:</p><p>Slide 5: Projeto Literário:</p><p>Slide 6</p><p>Slide 7: Projeto Literário:</p><p>Slide 8: O naturalismo e o público:</p><p>Slide 9: Linguagem: a descrição impiedosa</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15: NO BRASIL</p><p>Slide 16</p><p>Slide 17: NO BRASIL</p><p>Slide 18</p><p>Slide 19</p>

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