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<p>Processo inflamatório</p><p>Apresentação</p><p>A resposta imune é formada por um conjunto de células e proteínas plasmáticas que atuam para</p><p>limitar a ação de um agente agressor e promover restauração tecidual pós-lesão. Conforme a</p><p>velocidade de instalação, a resposta inflamatória pode ser classificada em aguda ou crônica, sendo</p><p>que diferentes substâncias estão envolvidas em cada fase. Durante a resposta aguda, ocorrem</p><p>alterações na concentração de algumas proteínas, as proteínas de fase aguda, que podem ser</p><p>dosadas para verificar o estado inflamatório dos pacientes.</p><p>Dessa forma, é de extrema importância que o imunologista clínico conheça o processo inflamatório,</p><p>as substâncias químicas que promovem a inflamação e, também, os principais biomarcadores</p><p>disponíveis para avaliar essa condição, para que a escolha do biomarcador e a interpretação do</p><p>resultado sejam corretas, garantindo confiabilidade para o diagnóstico laboratorial.</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer como ocorrem os processos inflamatórios</p><p>agudo e crônico, identificando os principais aspectos da inflamação. Além disso, irá aprender quais</p><p>são os mediadores pró-inflamatórios e os principais biomarcadores inflamatórios positivos</p><p>utilizados para avaliar o estado inflamatório em ambiente laboratorial.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Reconhecer os principais aspectos do processo inflamatório.•</p><p>Descrever os mediadores do processo inflamatório e sua atuação.•</p><p>Definir os principais biomarcadores utilizados na avaliação do estado inflamatório.•</p><p>Desafio</p><p>Os biomarcadores inflamatórios são proteínas de baixo peso molecular que participam dos</p><p>mecanismos de inflamação e da reposta imunológica do organismo. Dependendo da fase da</p><p>inflamação, aguda ou crônica, diferentes moléculas estão envolvidas. Como exemplo, as proteínas</p><p>de fase aguda, que podem ser detectadas e utilizadas para diagnóstico ou monitoramento de um</p><p>processo inflamatório.</p><p>As proteínas de fase aguda podem ser classificadas em positivas, quando têm seus níveis séricos</p><p>aumentados na presença de inflamação, e negativas, quando seus níveis diminuem durante estado</p><p>inflamatório. Entre as proteínas positivas, a proteína C-reativa é uma das mais utilizadas no</p><p>ambiente laboratorial.</p><p>Acompanhe a situação a seguir:</p><p>Nesse cenário, responda:</p><p>a) O que é o parâmetro de sensibilidade em um teste diagnóstico?</p><p>b) Como é possível aumentar a especificidade no diagnóstico de inflamações?</p><p>a) A sensibilidade é a capacidade de um teste de identificar uma doença. Trata-se da porcentagem de resultados positivos na população de doentes, ou seja, a proporção de verdadeiro-positivos.</p><p>b) Para aumentar a especificidade diagnóstica é necessário associar a utilização de testes específicos, que investiguem a presença de antígenos ou anticorpos, confirmando a presença do microrganismo ou a presença de anticorpos produzidos em resposta ao agente agressor.</p><p>Infográfico</p><p>O processo inflamatório é uma resposta biológica complexa do organismo a uma lesão tecidual.</p><p>Nele ocorrem o recrutamento de leucócitos e proteínas plasmáticas, seu acúmulo nos tecidos e sua</p><p>ativação para eliminar os agentes agressores. Esse processo pode ser dividido em agudo e crônico,</p><p>apresentando sinais clínicos característicos de inflamação.</p><p>No Infográfico, veja mais informações sobre as fases aguda e crônica da inflamação, suas principais</p><p>características e componentes.</p><p>Aponte a câmera para o</p><p>código e acesse o link do</p><p>conteúdo ou clique no</p><p>código para acessar.</p><p>https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/41e99979-a6e8-4b94-a5e0-1d1684f2b6cd/54df2277-37f3-41af-be3d-09dfb065c7bf.jpg</p><p>Conteúdo do livro</p><p>O sistema imune é composto de diversas células e proteínas plasmáticas que atuam em conjunto</p><p>para defender o organismo de agentes agressores, sejam eles patógenos externos, ou moléculas</p><p>endógenas que possam causar dano, como autoanticorpos. Durante o desenvolvimento da resposta</p><p>são produzidas substâncias que podem ser utilizadas como marcadores da inflamação. Portanto, se</p><p>faz necessário conhecer o processo inflamatório, seus mediadores e biomarcadores para a correta</p><p>avaliação do estado inflamatório em ambiente laboratorial.</p><p>No capítulo Processo inflamatório, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, conheça os</p><p>principais aspectos e reconheça os mediadores envolvidos na inflamação. Além disso, aprenda</p><p>sobre os principais biomarcadores utilizados na investigação do estado inflamatório.</p><p>Boa leitura.</p><p>IMUNOLOGIA</p><p>CLÍNICA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Reconhecer os principais aspectos do processo inflamatório.</p><p>> Descrever os mediadores do processo inflamatório e sua atuação.</p><p>> Definir os principais biomarcadores utilizados na avaliação do estado</p><p>inflamatório.</p><p>Introdução</p><p>A inflamação é uma resposta complexa do organismo a uma infecção ou lesão</p><p>tecidual para eliminar ou limitar agentes agressores e promover a reparação do</p><p>tecido. De acordo com a sua velocidade de instalação, ela pode ser classificada</p><p>em inflamação aguda ou crônica, envolvendo diferentes células e mediadores</p><p>inflamatórios. O conhecimento desse processo é de extrema importância para</p><p>que o imunologista clínico consiga compreender os biomarcadores utilizados</p><p>na avaliação do estado inflamatório.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar os principais aspectos do processo in-</p><p>flamatório. Além disso, vai ver os mediadores desse processo e sua atuação.</p><p>Por fim, vai conhecer os principais biomarcadores utilizados para avaliar uma</p><p>inflamação.</p><p>Processo</p><p>inflamatório</p><p>Miriãn Ferrão Maciel Fiuza</p><p>Principais aspectos do processo</p><p>inflamatório</p><p>O sistema imunológico tem a função de impedir a entrada de microrganismos</p><p>no corpo humano e eliminar ou limitar o crescimento de patógenos capazes</p><p>de habitar os tecidos. Os principais locais de interação entre os indivíduos e</p><p>o ambiento externo, como a pele e o trato gastrointestinal, são revestidos</p><p>por um epitélio contínuo que atua como uma barreira para evitar a entrada</p><p>de microrganismos. Se esses microrganismos rompem a barreira epitelial, as</p><p>células do sistema imune entram em ação para responder à invasão (ABBAS;</p><p>LICHTMAN; PILAI, 2015).</p><p>A inflamação pode ser definida como a reação do organismo à agres-</p><p>são, que é qualquer lesão tecidual ou celular. A inflamação é uma reação</p><p>biológica complexa que inclui componentes celulares, vasculares e várias</p><p>substâncias solúveis. Nessa reação, ocorre o recrutamento de leucócitos e</p><p>proteínas plasmáticas, seu acúmulo nos tecidos e sua ativação para eliminar</p><p>os microrganismos (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015). A maior parte dessas</p><p>reações envolve citocinas produzidas por células dendríticas, macrófagos e</p><p>outros tipos celulares durante as respostas inatas. Os principais leucócitos</p><p>recrutados sãos os fagócitos, os neutrófilos e os monócitos, que ingerem os</p><p>microrganismos e as células mortas, destruindo-os pela liberação de enzimas</p><p>lisossomais em suas vesículas intracelulares. Essas células se acumulam,</p><p>dentro de 30 a 60 minutos, no local da lesão pela ativação, quimiotaxia e</p><p>diapedese (Figura 1). Quando os patógenos resistem à defesa nos tecidos, eles</p><p>podem entrar na circulação sanguínea, onde são reconhecidos por proteínas</p><p>da imunidade inata, como os componentes do sistema complemento. O sistema</p><p>inato responde de maneira efetiva a infecções, controlando e até erradicando</p><p>microrganismos. No entanto, muitos microrganismos patogênicos evoluíram</p><p>para resistir a esse sistema. Dessa forma, a proteção contra esses microrga-</p><p>nismos envolve mecanismos mais potentes e especializados da imunidade</p><p>adaptativa. O sistema imune adaptativo combate os microrganismos por meio</p><p>de três mecanismos: pela ação de anticorpos secretados, pela fagocitose e</p><p>pela morte celular (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).</p><p>Processo inflamatório2</p><p>Figura 1. Ativação, quimiotaxia e diapedese de neutrófilos para o local da inflamação.</p><p>Fonte: Barardi, Carobrez e Pinto (2010, p. 40).</p><p>Fagócito</p><p>PMN</p><p>Diapedese</p><p>Quimiotaxia</p><p>Leucotrieno D4</p><p>C5a</p><p>N-formil-metionina</p><p>Ativação</p><p>histamina,</p><p>trombina</p><p>Inflamação</p><p>O processo inflamatório tem a finalidade de remover o estímulo lesivo</p><p>e iniciar o processo de recuperação tecidual. As características marcantes,</p><p>conhecidas como os cinco sinais cardinais da inflamação, são o edema (tumor),</p><p>a vermelhidão (rubor), o calor, a dor e a perda de função da área inflamada.</p><p>A inflamação pode ser dividida em aguda e crônica, de acordo com a sua</p><p>velocidade de instalação (BARARDI; CAROBREZ; PINTO, 2010).</p><p>Inflamação aguda</p><p>A inflamação aguda é uma resposta que se desenvolve rapidamente, como</p><p>em casos de acidentes em que ocorre lesão tecidual de forma repentina.</p><p>É caracterizada principalmente por atrair leucócitos e proteínas plasmáticas</p><p>para os locais de dano, com a intenção de remover e neutralizar o agente</p><p>agressor, além de iniciar a digestão dos tecidos necrosados. É uma resposta</p><p>de curta duração e apresenta duas etapas principais: alterações vasculares</p><p>e alterações celulares imunológicas (ANDRADE, 2016; BARARDI; CAROBREZ;</p><p>PINTO, 2010).</p><p>Processo inflamatório 3</p><p>As alterações vasculares são caracterizadas pelo aumento do calibre dos</p><p>vasos (vasodilatação), resultando em aumento de fluxo sanguíneo, e pelas</p><p>alterações nas paredes vasculares (aumento da permeabilidade vascular),</p><p>o que permite a saída dos neutrófilos e das proteínas plasmáticas da cir-</p><p>culação em direção ao tecido. Além disso, as células que revestem os vasos</p><p>sanguíneos (células endoteliais) são ativadas, promovendo o aumento de</p><p>adesão dos leucócitos e a sua migração por meio das paredes dos vasos</p><p>sanguíneos. Os eventos celulares são caracterizados pela ativação e migração</p><p>de neutrófilos da microcirculação para o centro da lesão. Diversos fatores</p><p>podem estimular a inflamação aguda, como agentes traumáticos, físicos e</p><p>químicos, processos infecciosos, necrose tecidual e reações imunológicas</p><p>(ANDRADE, 2016; BARARDI; CAROBREZ; PINTO, 2010).</p><p>As alterações vasculares iniciam-se logo após a lesão ou infecção. A prin-</p><p>cípio, ocorre uma vasoconstrição durante alguns segundos, seguida por uma</p><p>vasodilatação das arteríolas, resultando em aumento do fluxo sanguíneo,</p><p>o que causa rubor e calor. Quando a microcirculação se torna mais permeável,</p><p>ela permite que o líquido rico em proteínas transborde para os tecidos ex-</p><p>travasculares. Além da vasodilatação, a ação de mediadores químicos, como</p><p>a histamina, provoca a contração das células endoteliais, formando lacunas</p><p>entre as células. Essa é a causa mais comum da permeabilidade vascular.</p><p>O líquido que extravasa dos vasos pelo aumento da permeabilidade resulta</p><p>no quadro de edema. Após o extravasamento, os leucócitos movem-se em</p><p>direção ao local da lesão ou infecção, em um processo conhecido como qui-</p><p>miotaxia, a fim de eliminar os microrganismos e as células mortas por meio</p><p>de fagocitose. A inflamação aguda pode resultar em resolução do processo,</p><p>com restauração da normalidade estrutural e funcional. Esse processo é</p><p>conhecido como regeneração. Entretanto, também pode ocorrer a transição</p><p>para a inflamação crônica, se as causas da inflamação não forem removidas</p><p>(ANDRADE, 2016; BARARDI; CAROBREZ; PINTO, 2010).</p><p>Inflamação crônica</p><p>A inflamação crônica se desenvolve de forma lenta e insidiosa, sendo ca-</p><p>racterizada pela participação de células mononucleadas, especialmente</p><p>linfócitos, plasmócitos e macrófagos, e fenômenos proliferativos. Na infla-</p><p>mação crônica, há eventos de inflamação aguda, de reparação e de resposta</p><p>imune acontecendo ao mesmo tempo, mantendo o equilíbrio entre agente</p><p>agressor e hospedeiro. Esse processo pode ser encontrado em casos de</p><p>infecções persistentes por patógenos difíceis de eliminar, como em casos de</p><p>Processo inflamatório4</p><p>tuberculose, hanseníase e esquistossomose. Além disso, pode ser encontrada</p><p>em doenças autoimunes, causadas pela ativação inadequada e excessiva do</p><p>sistema imune contra os próprios tecidos do hospedeiro, gerando lesão e</p><p>inflamação tecidual crônica, como no lúpus eritematoso sistêmico. Também</p><p>pode ser encontrada em situações de exposição prolongada a partículas</p><p>tóxicas, como sílica, ou em casos de situações de irritação crônica, como em</p><p>úlcera péptica (ANDRADE, 2016; BARARDI; CAROBREZ; PINTO, 2010).</p><p>A inflamação crônica é mediada por citocinas produzidas pelos linfócitos.</p><p>Os macrófagos também atuam e têm diversas funções na resposta infla-</p><p>matória, como englobar e eliminar patógenos e tecidos necrosados, iniciar</p><p>o processo de reparo tecidual e secretar mediadores da inflamação, como</p><p>citocinas. A interação entre macrófagos e linfócitos tem um importante papel</p><p>na inflamação crônica. Os macrófagos apresentam antígenos aos linfócitos T</p><p>e produzem citocinas que estimulam as respostas dessas células. Os linfó-</p><p>citos T ativados produzem citocinas que atraem e estimulam os macrófagos,</p><p>promovendo mais apresentação de antígenos e secreção de citocinas. Como</p><p>resultado, se estabelece um ciclo de reações celulares que supre e tende a</p><p>manter, amplificar e prolongar a inflamação crônica (ABBAS; LICHTMAN; PILAI,</p><p>2015; ANDRADE, 2016).</p><p>Os mecanismos envolvidos na inflamação que atuam para eliminar o</p><p>agente agressor e as células mortas também são capazes de lesionar</p><p>os tecidos saudáveis. Essa é uma das consequências patológicas do processo</p><p>inflamatório (BARARDI; CAROBREZ; PINTO, 2010).</p><p>Mediadores do processo inflamatório</p><p>A inflamação é uma resposta de defesa do organismo para matar, diluir</p><p>e isolar ou prender o agente agressor. Esse processo é possibilitado pela</p><p>fagocitose e produção de anticorpos, pelo extravasamento do plasma e pela</p><p>formação de uma malha de fibrina, respectivamente. Além disso, a inflamação</p><p>permite e promove os processos de reparação do tecido danificado por meio</p><p>da cicatrização e da regeneração. Apesar dos benefícios desse processo,</p><p>a inflamação pode ser prejudicial, pois pode agredir o próprio organismo, até</p><p>mesmo de forma mais danosa que o próprio agente agressor, como ocorre na</p><p>artrite reumatoide. Em geral, ocorre uma lesão, física, química ou biológica,</p><p>Processo inflamatório 5</p><p>e o organismo responde com a produção, liberação ou ativação de substâncias</p><p>conhecidas como mediadores inflamatórios. Esses mediadores provocam</p><p>diversas alterações locais que, a princípio, se manifestam com vasodila-</p><p>tação da microcirculação. Em seguida, há o aumento do fluxo sanguíneo e</p><p>da permeabilidade vascular, com extravasamento de líquido plasmático e</p><p>formação de edema, migração de células para o ambiente extravascular,</p><p>fagocitose, aumento da viscosidade do sangue e diminuição do fluxo san-</p><p>guíneo. Os mediadores inflamatórios podem ser diferentes de acordo com</p><p>a fase da inflamação (aguda ou crônica), mas são formados principalmente</p><p>pelo sistema complemento e citocinas inflamatórias (ABBAS; LICHTMAN; PILAI,</p><p>2015; ANDRADE, 2016).</p><p>Sistema complemento</p><p>O sistema complemento é formado por cerca de 20 proteínas presentes no</p><p>soro normal de seres humanos e outros animais. O termo complemento</p><p>refere-se à capacidade dessas proteínas em complementar, aumentando</p><p>o efeito de outros componentes do sistema imune. Trata-se de um grupo</p><p>de glicoproteínas circulantes que promovem a inflamação e exercem uma</p><p>importante função na defesa do hospedeiro. A ativação desse sistema pode</p><p>ser iniciada por complexos imunes e por várias moléculas não imunológicas,</p><p>como endotoxinas. De forma geral, o sistema complemento atua na identi-</p><p>ficação e destruição de patógenos e células estranhas. Isso pode ocorrer</p><p>por lise direta de células, como bactérias, ou pela geração de mediadores</p><p>que causam inflamação e atraem células fagocíticas. Também pode ocorrer</p><p>por opsonização, que promove a intensificação da fagocitose. A ativação</p><p>sequencial do sistema complemento pode ocorrer por meio de três princi-</p><p>pais vias: a via clássica, ativada por alguns anticorpos ligados a antígenos,</p><p>a via alternativa, ativada na superfície das células microbianas na ausência</p><p>de anticorpos, e a via da</p><p>lectina, ativada por uma lectina plasmática que se</p><p>liga a resíduos de manose em microrganismos. Dessas, as vias da lectina e</p><p>alternativa são mais importantes na primeira vez em que o corpo entra em</p><p>contato com um microrganismo, pois os anticorpos necessários para ativar</p><p>a via clássica não estão presentes. Logo, as vias da lectina e alternativa são</p><p>mecanismos efetores da imunidade inata (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015;</p><p>MCPHERSON; PINCUS, 2013).</p><p>Processo inflamatório6</p><p>A via clássica foi descoberta primeiro e, por isso, foi caracterizada antes das</p><p>demais. No entanto, a via alternativa é filogeneticamente mais antiga. Apesar</p><p>de as vias de ativação serem iniciadas de forma diferente, todas resultam na</p><p>geração de complexos de enzimas que são capazes de clivar a proteína C3 em</p><p>C3b, a molécula central da cascata do sistema complemento. A presença de</p><p>C3b na superfície de um microrganismo o sinaliza como estranho, tornando-o</p><p>um alvo para destruição. O C3b tem dois importantes papeis: associa-se a</p><p>outros componentes para gerar C5 convertase, a enzima que leva à produção</p><p>do complexo de ataque à membrana; e opsoniza bactérias, já que os fagócitos</p><p>têm receptores para C3b em suas superfícies (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015;</p><p>LEVINSON, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2013).</p><p>� Via clássica: na via clássica, complexos antígeno-anticorpo ativam a</p><p>proteína C1 para formar uma protease, que cliva as proteínas C2 e C4</p><p>para formar o complexo C4b,2b (C3 convertase). A C3 convertase cliva</p><p>a proteína C3 em duas partes: C3a e C3b. C3b forma um complexo com</p><p>C4b,2b, produzindo a C5 convertase (C4b,2b,3b), que cliva a proteína</p><p>C5, formando C5a e C5B. C5b se liga às proteínas C6 e C7, formando</p><p>um complexo que interage com as proteínas C8 e C9. Isso produz o</p><p>complexo de ataque à membrana (C5b,6,7,8,9), que provoca a lise celular</p><p>(LEVINSON, 2016).</p><p>Os anticorpos têm diversas funções, sendo que as mais importantes</p><p>são neutralizar toxinas e vírus, opsonizar (revestir) os microrga-</p><p>nismos para favorecer a fagocitose, ativar o sistema complemento e impedir</p><p>a ligação de microrganismos a superfícies mucosas. No entanto, das cinco</p><p>classes de imunoglobulinas existentes, apenas IgM e IgG têm a capacidade de</p><p>fixar o complemento, ou seja, somente IgM e IgG conseguem ativar o sistema</p><p>complemento para promover a lise de células e a liberação de mediadores</p><p>inflamatórios (LEVINSON, 2016).</p><p>� Via da lectina: na via da lectina, a lectina de ligação à manana (MBL,</p><p>do inglês mannan-binding lectin), ou proteína de ligação à manose,</p><p>liga-se à superfície de microrganismos contendo manana (um polímero</p><p>do açúcar, a manose). Essa ligação ativa proteases associadas à MBL</p><p>que clivam os componentes C2 e C4 e ativam o restante da via clássica.</p><p>Esse processo remove a etapa em que os anticorpos são necessários</p><p>Processo inflamatório 7</p><p>e, assim, protege em etapas iniciais da infecção, quando anticorpos</p><p>ainda não foram produzidos (LEVINSON, 2016).</p><p>� Via alternativa: na via alternativa, várias substâncias não relacionadas</p><p>na superfície de células, como endotoxinas e envelopes virais, podem</p><p>iniciar o processo pela ligação à C3 e ao fator B. Esse complexo é clivado</p><p>por uma protease (fator D) para produzir C3b,Bb. Ele atua como uma</p><p>C3 convertase para produzir mais C3b (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015;</p><p>LEVINSON, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2013).</p><p>A Figura 2 mostra as vias de ativação do sistema complemento.</p><p>Figura 2. Vias de ativação do sistema complemento.</p><p>Fonte: Levinson (2016, p. 528).</p><p>Processo inflamatório8</p><p>Citocinas inflamatórias</p><p>A produção e a secreção de citocinas pelas células é uma resposta crucial para a</p><p>inflamação aguda. As citocinas são substâncias químicas produzidas por vários</p><p>tipos de células, sendo as citocinas fator de necrose tumoral (TNF, do inglês</p><p>tumor necrosis factor), interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 (IL-6) as principais</p><p>envolvidas na inflamação (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015; ANDRADE, 2016).</p><p>O TNF é um mediador da resposta aguda a bactérias e outros microrganismos</p><p>infecciosos. É uma citocina pró-inflamatória produzida por macrófagos, células</p><p>dendríticas e outros tipos de células. O TNF também é chamado de TNF-α para</p><p>diferenciá-lo do TNF-β, produzido por linfócitos T ativados. Os efeitos de TNF-α</p><p>variam conforme a sua concentração. Em baixas concentrações, ele aumenta</p><p>a síntese de moléculas de adesão pelas células endoteliais, permitindo que</p><p>neutrófilos possam se aderir aos vasos sanguíneos no local de infecção. Além</p><p>disso, estimula a atividade respiratória no interior dos neutrófilos, o que au-</p><p>menta o efeito de eliminação dessas células. Em altas concentrações, ele faz</p><p>a mediação do choque séptico induzido por endotoxina, pela indução de febre</p><p>e hipotensão causada pela vasodilatação e pelo aumento da permeabilidade</p><p>vascular. Conforme indicado pelo nome, o TNF-α provoca a morte e necrose</p><p>de determinados tumores em modelos animais. Isso pode ser induzido pela</p><p>formação de coágulos intravasculares que causam a morte do tecido tumoral</p><p>(ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015; LEVINSON, 2016; MCPHERSON; PINCUS, 2013).</p><p>A IL-1 também atua na mediação da resposta inflamatória aguda e tem</p><p>efeitos semelhantes ao TNF. A principal fonte dessa citocina são os fagócitos</p><p>mononucleares ativados. No entanto, ela também é produzida por outros tipos</p><p>de células, como os neutrófilos, as células epiteliais e as endoteliais. Existem</p><p>duas formas de IL-1 (IL-1α e IL-1β), porém ambas se ligam aos mesmos receptores</p><p>celulares e executam as mesmas atividades biológicas. A IL-1 atua juntamente</p><p>com o TNF para induzir inflamação. Além disso, é um pirógeno (indutor de febre)</p><p>endógeno que age no hipotálamo para causar a febre associada a infecções e</p><p>outras reações inflamatórias. A IL-1 também induz a produção de proteínas de</p><p>fase aguda pelo fígado (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015; LEVINSON, 2016).</p><p>A IL-6 induz a síntese de diversos mediadores inflamatórios no fígado,</p><p>estimula a produção de neutrófilos na medula óssea e promove a diferencia-</p><p>ção de células T produtoras de IL-17, portanto tem efeitos locais e sistêmicos.</p><p>Essa citocina é produzida por células endoteliais vasculares, macrófagos,</p><p>fibroblastos e outras células em resposta aos PAMPs (padrões moleculares</p><p>associados a patógenos) e em resposta à IL-1 e ao TNF. Trata-se de uma citocina</p><p>pró-inflamatória que induz febre por meio de sua interação com o hipotálamo.</p><p>Processo inflamatório 9</p><p>O Quadro 1 mostra as principais características do TNF-α, da IL-1 e da IL-6</p><p>(ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015; LEVINSON, 2016).</p><p>Quadro 1. Principais características do TNF-α, da IL-1 e da IL-6</p><p>Citocina Principal fonte celular Principais efeitos biológicos</p><p>Fator de necrose</p><p>tumoral (TNF)</p><p>Macrófagos e células T Febre, inflamação,</p><p>coagulação e apoptose</p><p>Interleucina-1 (IL-1) Macrófagos e células</p><p>endoteliais</p><p>Febre, inflamação,</p><p>coagulação, síntese de</p><p>proteínas de fase aguda e</p><p>diferenciação de Th17</p><p>Interleucina-6 (IL-6) Macrófagos, células</p><p>endoteliais e células T</p><p>Síntese de proteínas de</p><p>fase aguda, proliferação</p><p>de células produtoras de</p><p>anticorpos e diferenciação</p><p>de Th17</p><p>Fonte: Adaptado de Abbas, Lichtman e Pilai (2015).</p><p>Na próxima seção, vamos estudar os principais biomarcadores usados na</p><p>avaliação da inflamação.</p><p>Principais biomarcadores utilizados na</p><p>avaliação do estado inflamatório</p><p>Quando ocorrem lesões teciduais, infecções, reações imunológicas e proces-</p><p>sos inflamatórios e neoplásicos, o organismo responde com um conjunto de</p><p>alterações chamado de resposta inflamatória aguda, que tem o objetivo de</p><p>eliminar o agente agressor e auxiliar no reparo tecidual. Durante o desen-</p><p>volvimento dessa resposta, diversos componentes do sistema imune são</p><p>envolvidos em diferentes etapas. Anticorpos são produzidos e citocinas e</p><p>outros mediadores são liberados, provocando alterações localizadas e sistê-</p><p>micas, além de alterações na concentração de algumas proteínas plasmáticas,</p><p>chamadas de proteínas de fase aguda (APPs). Algumas dessas proteínas</p><p>têm a sua concentração</p><p>diminuída (APPs negativas), como a transferrina,</p><p>a albumina e a globulina, enquanto outras têm a sua concentração aumentada</p><p>durante a inflamação (APPs positiva). As APPs positivas mais utilizadas como</p><p>biomarcadores inflamatórios são a haptoglobina, a pró-calcitonina, a ferri-</p><p>Processo inflamatório10</p><p>tina, a VHS (velocidade de hemossedimentação) e a proteína C-reativa (PCR).</p><p>A avaliação da concentração desses biomarcadores fornece uma importante</p><p>informação sobre as doenças que cursam com inflamação. Essa avaliação</p><p>pode ser utilizada tanto para diagnóstico quanto para monitoramento da</p><p>evolução e da resposta ao tratamento.</p><p>Nesta seção, vamos destacar os principais biomarcadores inflamatórios</p><p>positivos (TEVA; FERNANDEZ; SILVA, 2010).</p><p>Proteína C-reativa (PCR)</p><p>A PCR é uma proteína de fase aguda produzida principalmente pelo fígado</p><p>em resposta a IL-6, TNF-α e IL-1. Seus níveis séricos aumentam na presença</p><p>de infecções ativas ou processo inflamatório agudo. Nesses casos, a elevação</p><p>ocorre no período de seis a oito horas iniciais, podendo atingir valores de</p><p>até 300 mg/dl em 48 horas. Pequenas elevações dos níveis de PCR estão</p><p>presentes em situações crônicas inflamatórias, como a aterosclerose, e níveis</p><p>triplicados podem ser observados na presença de risco de doenças vasculares</p><p>periféricas. Assim, a PCR, junto a outros parâmetros clássicos, como a creatina</p><p>kinase (CK) e a lactato desidrogenase (LDH), é utilizada como preditora de</p><p>risco para doenças cardiovasculares (TEIXEIRA et al., 2014; VOLP et al., 2008).</p><p>A PCR também está envolvida na patogênese da aterosclerose por meio</p><p>de vários mecanismos, como inibição da transcrição da óxido-nítrico-sintase</p><p>endotelial (eNOS) nas células endoteliais, impulsionando a expressão de molé-</p><p>culas de adesão (CAMs) pelas células endoteliais e estimulando os monócitos</p><p>a produzir o fator tissular e citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-α), entre</p><p>outros. A PCR tem um importante papel no reconhecimento e na remoção de</p><p>microrganismos ou células danificadas, bem como na ativação do sistema</p><p>complemento e de células fagocíticas. Na prática clínica, a PCR é solicitada</p><p>quando há suspeita de inflamação aguda, crônica ou infecção (NICOLL; LU;</p><p>MCPHEE, 2019; TEIXEIRA et al., 2014; VOLP et al., 2008).</p><p>Apesar de ser considerada muito sensível, a PCR é um biomarcador</p><p>inespecífico de inflamação. Diversas condições podem causar o</p><p>aumento de seus níveis, como infecções, cirurgias, obesidade e tabagismo.</p><p>Portanto, trata-se de um biomarcador genérico de inflamação (NICOLL; LU;</p><p>MCPHEE, 2019).</p><p>Processo inflamatório 11</p><p>Velocidade de hemossedimentação (VHS)</p><p>A velocidade de hemossedimentação, também chamada de velocidade de</p><p>sedimentação globular ou velocidade de sedimentação eritrocitária, mede,</p><p>de forma indireta, o grau de inflamação do organismo. O VHS é determinado</p><p>pela agregação de hemácias e de suas cargas negativas que, associadas a</p><p>outras moléculas carregadas positivamente, são neutralizadas e permitem</p><p>a formação de um agregado de hemácias em torno do mesmo eixo. Esse</p><p>agregado é depositado no fundo de uma pipeta devido ao seu peso molecular.</p><p>Trata-se de uma medida da velocidade de sedimentação (queda) das</p><p>hemácias (eritrócitos) em uma amostra de sangue que foi posicionada em</p><p>um tubo vertical fino e alto, geralmente uma pipeta do tipo Westergren. No</p><p>plasma, normalmente as hemácias se depositam devagar. No entanto, quando</p><p>elas se agregam por algum motivo, como por influência de proteínas de fase</p><p>aguda, a deposição ocorre mais rapidamente. Essa sedimentação acontece</p><p>porque a densidade dessas células é maior do que a densidade do plasma.</p><p>O VHS mede a distância da queda das hemácias durante um período de 1 hora,</p><p>e o resultado é liberado em milímetros/hora. Diferentemente da PCR, o VHS</p><p>avalia a resposta de fase aguda de forma lenta, pois sua avaliação é indireta</p><p>e depende de proteínas para se alterar. Esse biomarcador está aumentado</p><p>em infecções, doenças inflamatórias, neoplasias malignas e outras condições</p><p>que induzem resposta inflamatória. O teste geralmente é indicado para o</p><p>diagnóstico e monitoramento de arterite temporal, vasculite sistêmica e</p><p>polimialgia reumática, não sendo considerado sensível nem específico para</p><p>outras condições (GUIMARÃES et al., 2014; NICOLL; LU; MCPHEE, 2019).</p><p>Fibrinogênio</p><p>O fibrinogênio é produzido pelo fígado e tem meia-vida de aproximadamente</p><p>quatro dias. É um componente da coagulação e determinante da viscosidade</p><p>do sangue. Trata-se de uma proteína de fase aguda considerada um marca-</p><p>dor importante no acompanhamento da evolução do processo inflamatório</p><p>aterosclerótico, pois atua no início do processo aterotrombótico regulando a</p><p>adesão e a proliferação celular e promovendo vasoconstrição no local da lesão.</p><p>Assim, estimula a agregação de plaquetas e a viscosidade sanguínea. Esse</p><p>biomarcador fica aumentado em estados inflamatórios, uso de anticoncep-</p><p>cionais orais, gravidez, tabagismo, exercícios e mulheres em pós-menopausa.</p><p>O teste geralmente é realizado para investigação de sangramentos sem causa</p><p>conhecida, TP ou TTP prolongado ou como parte de um painel de coagulação</p><p>Processo inflamatório12</p><p>intravascular disseminada. Níveis aumentados também têm sido utilizados</p><p>para predizer eventos trombóticos arteriais (AZEVEDO et al., 2015; NICOLL;</p><p>LU; MCPHEE, 2019).</p><p>Ferritina</p><p>A ferritina é a principal proteína de armazenamento de ferro no organismo.</p><p>O ferro da alimentação é absorvido no intestino e transportado no soro na</p><p>forma férrica. Ligado à transferrina, pode entrar nos tecidos periféricos a</p><p>partir de receptores específicos. Já o ferro em sua forma ferrosa é integrado à</p><p>ferritina, produzida nas células e também encontrada nas hemácias. Os níveis</p><p>de ferritina no soro estão associados aos estoques de ferro no corpo. O teste</p><p>é utilizado para detectar deficiência de ferro, monitorar a terapia com ferro e,</p><p>nas situações de excesso de ferro, monitorar a terapia de remoção do ferro.</p><p>A dosagem de ferritina sérica é útil para diferenciar entre anemia ferropriva</p><p>e anemia decorrente de doença crônica ou talassemia. Trata-se do exame</p><p>de escolha para o diagnóstico de anemia ferropriva. No entanto, quando há</p><p>infecções, inflamações ou traumatismos, a concentração de ferritina aumenta</p><p>nas primeiras 24 a 48 horas, atingindo o pico no terceiro dia e mantendo-se</p><p>aumentada por algumas semanas. Portanto, a ferritina também é considerada</p><p>um marcador de fase aguda. Apesar disso, o mecanismo exato de elevação</p><p>da ferritina na inflamação não está claro (AZEVEDO et al., 2015; JUSTI; TATSCH;</p><p>SIQUEIRA, 2019; NICOLL; LU; MCPHEE, 2019).</p><p>Haptoglobina</p><p>A haptoglobina é uma glicoproteína produzida principalmente no fígado e</p><p>se liga à hemoglobina livre. Sua principal função é determinar o caminho</p><p>da hemoglobina liberada pelas hemácias após a hemólise intravascular.</p><p>A haptoglobina está aumentada em infecções agudas e crônicas, malignida-</p><p>des, colite ulcerativa, entre outros casos. O teste tem baixa especificidade,</p><p>portanto seu resultado precisa ser correlacionado com a história clínica e</p><p>outros exames laboratoriais (NICOLL; LU; MCPHEE, 2019).</p><p>Pró-calcitonina</p><p>A pró-calcitonina é um peptídeo de 116 aminoácidos produzido pelas células</p><p>parafoliculares da glândula tireoide e pelas células neuroendócrinas do</p><p>pulmão e do intestino. Em condições normais, ela está presente em baixas</p><p>Processo inflamatório 13</p><p>concentrações na circulação, permanecendo no interior das células como</p><p>precursor da calcitonina. A pró-calcitonina fica aumentada especialmente</p><p>em infecções bacterianas, e os seus níveis séricos são correlacionados com a</p><p>gravidade da sepse (ANDRIOLO; COSTA; NOVO, 2004; NICOLL; LU; MCPHEE, 2019).</p><p>Referências</p><p>ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILAI, S. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Elsevier, 2015.</p><p>ANDRADE, B. A. B. Inflamação. In: ALMEIDA, O. P. (org.). Patologia oral. Porto Alegre:</p><p>Artes Médicas, 2016. p. 9-20. (Série Abeno: Odontologia Essencial: parte básica).</p><p>ANDRIOLO, A.; COSTA, R. P.; NOVO, N, F. Pró-calcitonina e proteína C reativa em processos</p><p>infecciosos graves. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 40, n. 3,</p><p>p. 169-179, 2004.</p><p>AZEVEDO, W. F. et al. Fibrinogênio: marcador de risco cardiometabólico em crianças e</p><p>adolescentes obesos ou com sobrepeso. Jornal de Pediatria, v. 91, n. 5, p. 464-470, 2015.</p><p>BARARDI, C. R. M.; CAROBREZ, S. G.; PINTO, A. R. Imunologia. Florianópolis: UFSC/CCB,</p><p>2010.</p><p>GUIMARÃES, A. O. et al. Proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação na</p><p>avaliação laboratorial de processos inflamatórios. Scire Salutis, v. 4, n. 1, p. 6-16, 2014.</p><p>JUSTI, A.; TATSCH, P.; SIQUEIRA, L. O. Ferritina: biomarcador de doenças cardiovasculares</p><p>em pacientes diabéticos. ABCS Health Sciences, v. 44, n. 1, p. 34-39, 2019.</p><p>LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.</p><p>MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. (ed.). Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos</p><p>laboratoriais de Henry. 21. ed. São Paulo: Manole, 2013.</p><p>NICOLL, D.; LU, C. M.; MCPHEE, S. J. Exames laboratoriais comuns: seleção e interpretação.</p><p>In: NICOLL, D.; LU, C. M.; MCPHEE, S. J. (org.). Manual de exames diagnósticos. 7. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2019. E-book. (Série Lange).</p><p>TEIXEIRA, B. C. et al. Marcadores inflamatórios, função endotelial e riscos cardiovas-</p><p>culares. Jornal Vascular Brasileiro, v. 13, n. 2, p. 108-115, 2014.</p><p>TEVA, A.; FERNANDEZ, J. C. C.; SILVA, V. L. Imunologia. In: MOLINARO, E.; CAPUTO, L.;</p><p>AMENDOEIRA, R. (org.). Conceitos e métodos para formação de profissionais em labo-</p><p>ratórios de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. v. 4, p. 19-124.</p><p>VOLP, A. C. P. et al. Capacidade dos biomarcadores inflamatórios em predizer a sín-</p><p>drome metabólica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 52, n. 3,</p><p>p. 537-549, 2008.</p><p>Processo inflamatório14</p><p>Dica do professor</p><p>Os biomarcadores inflamatórios são utilizados para o diagnóstico e monitoramento do tratamento</p><p>de doenças infecciosas, inflamatórias e autoimunes. Podem ser detectados por diferentes</p><p>metodologias, sendo muito úteis no diagnóstico laboratorial do estado inflamatório.</p><p>Na Dica do Professor, aprenda mais sobre uma das técnicas empregadas no diagnóstico dos</p><p>biomarcadores da inflamação.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/c739a9bf386ed1a89b97c0b5a7bc2490</p><p>Exercícios</p><p>1) A resposta inflamatória aguda se desenvolve rapidamente e tem curta duração. Esse tipo de</p><p>resposta pode ser caracterizada por eventos que envolvem células (eventos celulares) e</p><p>alterações nos vasos sanguíneos (eventos vasculares).</p><p>Sobre os eventos celulares, assinale a afirmativa correta:</p><p>A) As alterações celulares são caracterizadas pela ativação das células endoteliais, o que</p><p>aumenta a migração dos leucócitos por meio das paredes dos vasos.</p><p>B) As alterações celulares são caracterizadas pela ativação e migração dos neutrófilos da</p><p>circulação para o local da lesão.</p><p>C) As alterações celulares são caracterizadas por vasodilatação, aumento da permeabilidade</p><p>vascular e ativação das células endoteliais.</p><p>D) As alterações celulares são caracterizadas por vasodilatação e aumento da permeabilidade</p><p>vascular.</p><p>E) As alterações celulares são caracterizadas pela vasodilatação, que é responsável pelos</p><p>sintomas de calor e rubor.</p><p>2) O sistema complemento é composto de proteínas, que estão presentes no soro e têm a</p><p>função de promover inflamação e defesa do hospedeiro. Trata-se de aproximadamente 20</p><p>glicoproteínas que podem ser ativadas por complexos imunes e moléculas não imunológicas</p><p>para induzir resposta inflamatória.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta corretamente os principais efeitos desse sistema:</p><p>A) O sistema complemento apresenta como efeitos principais a produção de anticorpos,</p><p>opsonização e fagocitose.</p><p>B) O sistema complemento apresenta como efeitos principais a ativação celular, indução da</p><p>produção de anticorpos e fagocitose.</p><p>C) O sistema complemento apresenta como efeitos principais a indução de opsonização e</p><p>fagocitose.</p><p>D) O sistema complemento apresenta como efeitos principais a ativação de células endoteliais,</p><p>migração de leucócitos e fagocitose.</p><p>E) O sistema complemento apresenta como efeitos principais a lise de células, a geração de</p><p>mediadores e a opsonização.</p><p>3) As doenças autoimunes são caracterizadas por inflamação crônica que se desenvolve de</p><p>forma lenta e insidiosa. Nesse caso, o sistema imunológico atua contra os próprios tecidos,</p><p>como, por exemplo, na artrite reumatoide e no lúpus eritematoso sistêmico.</p><p>Assinale a alternativa que melhor descreve o mecanismo que sustenta esse processo</p><p>crônico:</p><p>A) Os macrófagos apresentam antígenos aos linfócitos T para ativá-los, enquanto os linfócitos T</p><p>ativados produzem citocinas que atraem e estimulam os macrófagos.</p><p>B) Os monócitos apresentam antígenos aos linfócitos T para ativá-los, enquanto os linfócitos T</p><p>ativados produzem citocinas que estimulam os monócitos.</p><p>C) Os linfócitos T apresentam antígenos aos macrófagos para ativá-los, enquanto os macrófagos</p><p>ativados produzem citocinas que induzem os linfócitos T.</p><p>D) Os monócitos apresentam antígenos às células NK (natural killer) para ativá-las, enquanto as</p><p>células NK ativadas produzem citocinas que estimulam os monócitos.</p><p>E) Os macrófagos apresentam antígenos aos linfócitos B para ativá-los, enquanto os linfócitos B</p><p>ativados produzem citocinas que induzem os macrófagos.</p><p>4) Os mediadores da inflamação são substâncias que participam ativando, mantendo,</p><p>amplificando ou inibindo os processos inflamatórios e podem ser classificadas em</p><p>mediadores pró-inflamatórios e anti-inflamatórios. O TNF (fator de necrose tumoral), a</p><p>interleucina 1 (IL-1) e a interleucina 6 (IL-6) são exemplos de citocinas que atuam como</p><p>importantes mediadores pró-inflamatórios.</p><p>Quais as principais células produtoras dessas citocinas?</p><p>A) As principais células produtoras de TNF, IL-1 e IL-6 são os monócitos, macrófagos e células T.</p><p>B) As principais células produtoras de TNF, IL-1 e IL-6 são os macrófagos e as células B.</p><p>C) As principais células produtoras de TNF, IL-1 e IL-6 são os macrófagos, células endoteliais e</p><p>células T.</p><p>O sistema complemento apresenta como efeitos principais a lise direta de células, como bactérias, a geração de mediadores que causam inflamação e atraem células fagocíticas e a opsonização, que promove a intensificação da fagocitose.</p><p>Os macrófagos, que são células apresentadoras de antígenos (APCs), apresentam antígenos aos linfócitos T e produzem citocinas que estimulam as respostas dessas células. Já os linfócitos T ativados produzem citocinas que atraem e estimulam os macrófagos, promovendo mais</p><p>apresentação de antígenos e secreção de citocinas. Dessa forma, a apresentação de antígenos se mantém contínua, sustentando, amplificando e prolongando a inflamação crônica.</p><p>Apesar de serem produzidos por várias células, o TNF, a IL-1 e a IL-6 são principalmente produzidas por macrófagos, células endoteliais e células T em resposta a diferentes estímulos. Essas citocinas promovem a inflamação por variados mecanismos, porém, durante a resposta inflamatória, todas induzem febre.</p><p>D) As principais células produtoras de TNF, IL-1 e IL-6 são os monócitos, neutrófilos e basófilos.</p><p>E) As principais células produtoras de TNF, IL-1 e IL-6 são as células endoteliais e as células B.</p><p>5) Durante a resposta inflamatória aguda são produzidos anticorpos e diversas citocinas,</p><p>outros mediadores são liberados e ocorrem alterações na concentração de algumas</p><p>proteínas plasmáticas, chamadas de proteínas de fase aguda.</p><p>Assinale a alternativa que indica corretamente quais são as proteínas de fase aguda</p><p>positivas:</p><p>A) Pró-calcitonina, ferritina, VHS, proteína C-reativa e albumina.</p><p>B) Ferrritina, fibrinogênio, VHS, proteína C-reativa e globulina.</p><p>C) Albumina, globulina, ferritina, VHS e proteína C-reativa.</p><p>D) Haptoglobina, pró-calcitonina, ferritina, VHS e PCR.</p><p>E) Proteína amilóide sérica A, α-1-antitripisina, fibrinogênio, ferritina e albumina.</p><p>1- B) As alterações celulares são caracterizadas pela ativação e migração de neutrófilos da microcirculação para o centro da lesão. Enquanto que as alterações vasculares são caracterizadas por vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, ativação de células endoteliais, aumento da adesão dos leucócitos e sua migração por meio das paredes dos vasos sanguíneos.</p><p>5- D) As proteínas de fase aguda positivas que têm suas concentrações aumentadas durante a inflamação são a proteína amilóide sérica A, α-1 antitripisina, fibrinogênio, antagonista do R-IL1, hepcidina, haptoglobina, pró-calcitonina, ferritina, VHS (velocidade de hemossedimentação) e proteína C-reativa (PCR). Já a albumina e a globulina são proteínas de fase aguda negativa, ou seja, têm suas concentrações diminuídas durante a inflamação.</p><p>Na prática</p><p>Os mediadores inflamatórios são substâncias que, quando ativadas, participam, estimulando,</p><p>mantendo, amplificando ou suprimindo os processos envolvidos na inflamação. Eles podem ser</p><p>classificados em pró-inflamatórios e anti-inflamatórios e podem, quando há um desequilíbrio em</p><p>sua produção, por exemplo, causar lesão aos tecidos.</p><p>Na Prática, confira um caso em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de</p><p>antagonistas de interleucina 6, uma citocina pró-inflamatória, para tratar pacientes com casos</p><p>severos ou críticos de covid-19.</p><p>Aponte a câmera para o</p><p>código e acesse o link do</p><p>conteúdo ou clique no</p><p>código para acessar.</p><p>https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/015ca6bb-4b88-4ee3-9fa8-33f9514acf20/11ea28e2-3bff-4c73-8d5d-840919231b53.jpg</p><p>Saiba +</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor:</p><p>Papel dos biomarcadores em pacientes com covid-19</p><p>A covid-19 é uma doença infecciosa que tem como teste diagnóstico padrão a RT- PCR (do inglês,</p><p>reverve transcription – polymerase chain reaction). No entanto, biomarcadores podem ser utilizados</p><p>como complemento na prática clínica. Neste artigo, saiba mais sobre o papel de biomarcadores</p><p>inflamatórios em pacientes com covid-19.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Correlação entre os resultados de proteína C-reativa e</p><p>velocidade de hemossedimentação</p><p>Os ensaios de PCR (proteína C-reativa) e VHS (velocidade de hemossedimentação) são utilizados</p><p>para avaliar estado inflamatório. Apesar de terem diferenças, ambos são acessíveis, práticos e de</p><p>baixo custo, por isso tem sido comparados em vários estudos. Neste artigo, saiba mais sobre a</p><p>correlação entre os resultados de PCR e VHS.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Inflamação aguda - Eventos vasculares e eventos celulares</p><p>(patologia geral)</p><p>A resposta inflamatória aguda é de curta duração e envolve principalmente duas etapas, alterações</p><p>vasculares e alterações celulares. Neste vídeo, saiba mais sobre esses eventos.</p><p>https://doi.org/10.37334/riesa.v3i4.54</p><p>https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/5556/pdf</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://www.youtube.com/embed/bAnF8MJCoXk</p>