Prévia do material em texto
<p>Disciplina: SR - Nutrição e Manejo Inicial, do Crescimento e Pré-abate de Frango de Corte</p><p>Identificação da tarefa: Tarefa 1. Envio de arquivo</p><p>Pontuação: 50 pontos</p><p>Tarefa 1</p><p>O artigo em questão aborda um tema crucial para a indústria avícola: a captura de frangos</p><p>de corte, prática fundamental para o processo de abate, mas que influencia diretamente a</p><p>qualidade da carne e os custos produtivos. O foco do estudo é comparar dois métodos</p><p>manuais de captura — pelo dorso e pelo pescoço — quanto ao impacto na qualidade das</p><p>carcaças de frangos de corte, com base em contusões e fraturas hemorrágicas. O artigo</p><p>ganha relevância em um cenário no qual a busca por eficiência na produção de frangos se</p><p>intensifica, uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne de</p><p>frango do mundo. Melhorar a qualidade do produto final, minimizando perdas durante o</p><p>processo de captura, é uma estratégia importante tanto para aumentar a competitividade</p><p>quanto para atender às exigências de qualidade dos mercados internos e externos.</p><p>O processo de captura é uma etapa que interfere significativamente na qualidade final das</p><p>carcaças de frango de corte. Estudos mencionados no artigo indicam que até 25% dos</p><p>frangos abatidos nos Estados Unidos podem apresentar algum tipo de contusão,</p><p>principalmente nas pernas, peito e asas, o que gera prejuízos tanto pela condenação</p><p>parcial das carcaças quanto pela desvalorização do produto final. Além disso, o artigo</p><p>salienta que a captura manual, majoritária no Brasil, é uma atividade desgastante e que</p><p>requer treinamento adequado da mão-de-obra. Apesar da existência de métodos</p><p>mecanizados, estes ainda são pouco implementados no país, principalmente devido aos</p><p>custos e à complexidade de adaptação da tecnologia. Assim, o tema ganha importância</p><p>por abordar não só questões de bem-estar animal, mas também a busca por soluções que</p><p>equilibrem custo, eficiência e qualidade na produção de frangos.</p><p>O principal objetivo dos autores foi comparar a eficácia de dois métodos de captura</p><p>manual — pelo dorso e pelo pescoço — em relação à qualidade das carcaças dos frangos</p><p>de corte. A hipótese subjacente ao estudo era que o método de captura influencia</p><p>diretamente na ocorrência de contusões e fraturas, elementos que impactam a qualidade</p><p>da carne e a taxa de condenação das carcaças no abatedouro. Além disso, o estudo busca</p><p>questionar a adoção crescente do método de captura pelo pescoço, sugerindo que essa</p><p>técnica, apesar de ser mais rápida, pode estar comprometendo a qualidade do produto</p><p>final.</p><p>O experimento foi realizado em granjas integradas da empresa Super Frango, em Itaberaí,</p><p>Goiás, e envolveu 10 granjas, totalizando 180.000 frangos de corte de linhagem comercial,</p><p>com igual proporção de machos e fêmeas. A captura foi feita manualmente por uma</p><p>equipe de 15 pessoas, sendo analisadas duas técnicas: captura pelo dorso (segurando</p><p>uma ou duas aves sobre as asas) e captura pelo pescoço (segurando até três aves pelo</p><p>pescoço). O método de captura foi o único fator de variação entre os lotes, mantendo-se</p><p>constantes outros aspectos do manejo, como o tipo de caixa de transporte, iluminação,</p><p>equipe de captura e transporte das aves. As aves foram abatidas com idade média de 45</p><p>dias.</p><p>As variáveis estudadas incluíram o número de frangos condenados parcial ou totalmente</p><p>devido a contusões e fraturas hemorrágicas, que são lesões causadas antes do</p><p>sangramento no abatedouro. O estudo considerou contusões como lesões visíveis na pele</p><p>ou qualquer outra alteração física causada por trauma mecânico. A qualidade das</p><p>carcaças foi avaliada por meio da inspeção dessas lesões durante o processamento das</p><p>aves no abatedouro.</p><p>Os dados coletados foram analisados por meio do teste de Qui-Quadrado (X²), com o</p><p>objetivo de testar a significância das diferenças entre os métodos de captura quanto à</p><p>incidência de contusões e fraturas hemorrágicas. Foi utilizada uma tabela de contingência</p><p>2x2 para comparar os números de carcaças condenadas e não condenadas entre os dois</p><p>métodos de captura, sendo que um valor de P inferior a 0,01 foi considerado</p><p>estatisticamente significativo.</p><p>Os resultados do estudo indicam que a captura pelo dorso resultou em menor incidência</p><p>de contusões e fraturas hemorrágicas quando comparada à captura pelo pescoço. As aves</p><p>capturadas pelo dorso apresentaram uma taxa de contusões de 1,092%, enquanto as</p><p>capturadas pelo pescoço apresentaram uma taxa de 1,269%. Em termos de fraturas</p><p>hemorrágicas, as aves capturadas pelo pescoço tiveram uma taxa de 1,411%, enquanto</p><p>aquelas capturadas pelo dorso apresentaram uma taxa de 0,937%. Esses resultados</p><p>indicam que a captura pelo pescoço aumenta em 33% o número de contusões e em 72%</p><p>o número de fraturas hemorrágicas, comparada ao método de captura pelo dorso.</p><p>Os autores discutem que esses achados contrastam com algumas referências da</p><p>literatura, como o estudo de Cony (2000), que apontava a captura pelo pescoço como uma</p><p>técnica eficiente e que não aumentava as contusões nas carcaças. No entanto, os autores</p><p>sugerem que esses resultados divergentes podem estar associados a fatores como o</p><p>modelo das caixas de transporte e o nível de treinamento da equipe de captura, uma vez</p><p>que a captura pelo pescoço exige maior cuidado na introdução das aves nas caixas.</p><p>Os autores concluem que, nas condições do experimento realizado, a captura de frangos</p><p>pelo dorso foi mais eficiente do que a captura pelo pescoço, resultando em menor número</p><p>de carcaças condenadas por contusões e fraturas. A captura pelo pescoço, apesar de sua</p><p>crescente adoção em algumas empresas, mostrou-se menos vantajosa do ponto de vista</p><p>da qualidade da carcaça. Os autores sugerem que cada empresa deve avaliar</p><p>cuidadosamente os impactos de diferentes métodos de captura na qualidade das</p><p>carcaças e realizar análises econômicas antes de adotar novas práticas. O estudo reafirma</p><p>a importância do manejo adequado na captura de frangos para garantir a qualidade do</p><p>produto final, minimizar perdas e evitar prejuízos.</p>