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<p>FACULDADES GRUPO Prominas Prominas EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA MATERIAL DIDÁTICO faculdadeprominas.com.br 08002838380 Este material é produzido pela Editora Prominas</p><p>GRUPO Prominas EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA ESTA APOSTILA PERTENCE A:</p><p>GRUPO Prominas EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Núcleo de Educação a Distância PRESIDENTE: Valdir Valerio, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino</p><p>NOSSO PRESIDENTE Valdir Henrique Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas Educação e Tecnologia</p><p>5</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Stefânia Rosa Santos</p><p>PRA VOCÊ O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profissional. ! FIQUEATENTO! FIQUE LIGADO! PARA VOCÊ! LA IMPORTANTE! SAIBA MAIS!</p><p>APRESENTAÇÃO RESUMO DA UNIDADE Esta unidade analisará os fundamentos históricos e epistemo- lógicos da Psicologia, a partir de um breve panorama da história da Psi- cologia e suas bases epistemológicas. Em outras palavras, esta unidade faz um esboço geral da Psicologia antes mesmo da Psicologia, ou seja, desde o seu caráter pré-científico até a consolidação e o desenvolvi- mento dos arcabouços teórico-metodológicos deste campo do saber, na contemporaneidade. Especificamente, foram enfocados: a) os caminhos percorridos pelo pensamento filosófico ocidental - e os saberes e refle- xões acerca do próprio homem; b) o desenvolvimento da Psicologia pré- -científica e sua consolidação como ciência. Para tanto, foi utilizada uma bibliografia específica, que abrange alguns aspectos: em primeiro lugar, a filosofia e suas contribuições para o conhecimento do ser humano; em segundo lugar, as principais correntes teóricas do campo da Psicologia moderna. DA PALAVRAS-CHAVE Filosofia. Psicologia. Epistemologia. Ciência. 8</p><p>SUMÁRIO Apresentação do Módulo 11 CAPÍTULO 01 BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES - DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO: A Filosofia Grega E Suas Contribuições Para A Reflexão Da Exis- tência Humana 13 Heráclito De Éfeso 14 Sócrates 16 Platão 17 Aristóteles 19 Pensamento Medieval 20 Agostinho De Hipona 20 Tomás De Aquino 21 Pensamento Moderno E A Influência Do Racionalismo 23 Francis Bacon 24 René Descartes 25 Recapitulando 26 CAPÍTULO 02 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA Contextualização: Surgimento Da Psicologia 32 Objeto De Investigação Da Psicologia: Desafio Da Cientificida- de 34</p><p>Subjetividade Humana: Algumas Definições 36 Apropriação/ Objetivação 39 Mediação 40 Recapitulando 44 CAPÍTULO 03 PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES Behavorismo 50 Gestalt 52 Psicanalise 54 A Psicologia Social 57 Psicologia Sócio- Histórica 58 A Psicologia Da Saúde 60 A Atuação Do Profissional Da Psicologia Na Saúde 61 Recapitulando 63 Fechando a Unidade 67 Referências 70</p><p>APRESENTAÇÃO DO MÓDULO A História da Psicologia, muitas vezes, é minimizada ou deixada em segundo plano, seja em razão da natureza prática da atuação profissio- nal ou, ainda, pelas vertentes dos cursos de graduação e que seguem linhas específicas de trabalho. De qualquer forma, é preciso valorizar a história das ciências, das profissões, principalmente, seu desen- volvimento ao longo do tempo. Reconhecer os caminhos percorridos, no caso da Psicologia, é compreender a relação passado-presente e todos os elementos que formaram este saber até aqui. Independentemente da área profissional, da linha de pesquisa e do campo de atuação, é importante que a (o) psicóloga (o) entenda como, quando e quais foram as condições para o surgimento e desenvolvimento de sua profissão. O capítulo 1 tem como objetivo principal fazer um resgate da história da filosofia e do pensamento ocidental base para a compreen- são do homem e suas relações com o mundo. Este panorama, ainda que breve, trouxe alguns dos principais filósofos desde a antiguidade clássica, passando pela visão de mundo medieval e, finalmente, chegando aos tempos modernos, a era da ciência. A partir das dicas de leitura, filmes e sites é possível complementar os estudos filosóficos e aprofundar-se mais nas ideias de cada filósofo apresentado, como também outros que não foram contemplados neste estudo. É importante salientar que o pre- sente capítulo teve como eixo principal trazer um pouco da história da filosofia como um dos fundamentos epistemológicos da Psicologia. O capítulo 2 desta unidade tem como principais pontos: o contex- to do surgimento da Psicologia; a Psicologia como ciência e a cientificidade de seu objeto e, por fim, um breve esboço sobre o tema da subjetividade e alguns debates que permeiam suas definições. Longe de esgotar os assun- tos supracitados, o capítulo busca trazer algumas discussões que auxiliam no desenvolvimento desta unidade e, principalmente, na compreensão da Psicologia enquanto um saber-fazer e sua trajetória no debate científico. É de suma importância que o profissional desta área não esteja alheio à construção histórica do campo em que escolheu atuar, uma vez que seu trabalho também é construído cotidianamente, num movimento incessante que requer qualificação e aprimoramentos permanentes. O terceiro e último capítulo desta unidade tem como proposta uma apresentação geral das principais abordagens da Psicologia, com destaque para os principais conceitos e seus respectivos representan- tes. É importante enfatizar, que o objetivo geral foi sintetizar as princi- pais ideias e, por isso, torna-se imprescindível aprofundar-se nos temas através das leituras e dos complementos indicados. A partir de cada corrente teórica e seus métodos, é possível a constituição da subjetividade e o desenvolvimento psíquico dos sujeitos, daí a impor- 11</p><p>tância da psicoterapia e do processo do Psicologia Social. Palavras-chave: Filosofia, História da Psicologia, Psicanálise, . 12</p><p>BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES "Quando, por ignorância, seus amigos se encontravam em apuros, procurava livrá-los por intermédio de conselhos" (Platão. Apologia de Sócrates). "Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos...". " (Heráclito de Éfeso) DA Para compreender os fundamentos teóricos da Psicologia é importante resgatar o seu processo histórico e a formação dos paradig- mas que delinearam essa área do saber. De forma geral, contextualizar a Psicologia é percorrer os principais caminhos da constituição de sua base científica (e pré-científica), assim como reconhecer a importância da história do pensamento ocidental. O ponto de partida passa a ser a Filosofia e suas valiosas contribuições para uma da mente 13</p><p>humana - proposta que pertence ao campo da Psicologia, mas não ex- clusivamente. É a partir das questões filosóficas elementares: mente-cor- po/ homem-mundo/ razão-emoção, que é possível traçar a fonte comum das investigações propostas tanto pela Filosofia quanto pela Psicologia. Aforma como o desejo humano é abordado/explorado está intima- mente relacionada ao contexto sócio-histórico e cultural do qual se daí a importância do estudo acerca dos paradigmas científicos e seus respec- tivos processos históricos. São eles os responsáveis pela visão de mundo que é construída em determinados contextos, por diferentes indivíduos e grupos. Assim, é possível afirmar que o estudo dos fundamentos históricos da Psicologia é também o desenvolvimento de tradições do pensamento: História da psicologia é história da cultura. Como história da cultura, é história de culturas psicológicas e filosóficas, bem como é história das Como história de culturas psicológicas é história de tradições de pensamento psi- cológico. Tradições são práticas sociais de longa duração, ou simplesmente culturas, consequentemente, tradições de pensamento psicológico são cultu- ras, ou práticas culturais (ABIB, 2009, p. 199). Isto posto, entede-se que o estudo que fundamenta a Psico- logia e suas vertentes teorico-metodológicas passa pela constituição do pensamento humano: o pensar sobre si, que também diz respeito ao pensar as relações e a realidade concreta. Dessa forma, compreen- der a história 'das é adentrar o processo de formação do pensamento histórico, cultural e filosófico, pois são inquestionáveis as contribuições desses saberes no desenvolvimento deste processo. A FILOSOFIA GREGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLE- XÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA Heráclito De Éfeso Um dos grandes pensadores gregos pré-socráticos, Heráclito de Éfeso (535 a.C. 475 a.C), a partir da visão do devir, do vir-a-ser e do fluxo, apresenta um conjunto de ideias voltadas para a reflexão do individuo diante das vicissitudes da vida. 14</p><p>Imagem 1. Heráclito de Éfeso GUIA DA Filosofia S "Tudo flui e nada permanece" Heráclito Fonte: Super Interessante, 2015. Nada mais humano e dialético: as mudanças e transformações que contribuem para a construção do sujeito. Para ele, ninguém entra duas vezes no mesmo rio, pois ao entrar no rio pela segunda vez, nin- guém é o mesmo e o rio também não. De acordo com tal pressuposto, qual a relação entre Heráclito e o sentido da Psicologia? Para responder esta questão vale ressaltar a dimensão psíqui- ca presente nas experiências filosóficas dos gregos, a partir do exercí- cio da reflexão e, principalmente, da auto-percepção. De acordo com o pensamento de Heráclito, tudo flui, nada permanece estático, rio nunca é o mesmo". Assim, surge a necessidade de compreensão em torno do emaranhado de ações e acontecimentos que cercam a vida humana: a relação do mundo externo com o mundo subjetivo, interno, individual. Essa é uma relação em constante movimento, pois o que está fora também é parte constituinte de quem nos tornamos, ou seja, o indivíduo é capaz de afetar e transformar seu meio, assim como é afetado e transformado, constantemente, por ele. A filosofia de Heráclito influenciou muitos pensadores contem- porâneos (ver capítulo 3) e contribuiu para a uma compreensão mais DA integral da existência humana, à medida que explorou o indivíduo em relação ao movimento de sua própria vida e os desdobramentos que todo fluxo pode gerar. São as forças contrárias que impulsionam as mu- danças e, consequentemente, a forma como o homem se coloca no mundo. A partir desta ideia do fluxo e do vir-a-ser das coisas é possível fazer uma associação, em linhas gerais, entre essa base filosófica da Antiguidade e os caminhos percorridos posteriormente pela "ciência da mente", independentemente do eixo 15</p><p>! FIQUEATENTO! Neste blog, o autor Bruno Carrasco apresenta diversos artigos que podem complementar seus estudos sobre Filosofia e Psicologia. Vale a pena a leitura referente ao pensamento de Heráclito. Acesse: http://www.ex-isto.site/2017/06/heraclito-filosofo-do- -devir.html. Em conclusão, os princípios da Psicologia também passam pela busca em compreender as dimensões de nossas próprias esco- lhas, além de compreender os desdobramentos desses fluxos intermi- tentes que, ora desconstroem ora reconstroem o sentido de ser/estar no mundo. Essas e outras questões serão levantadas no decorrer desta unidade como uma forma de intervenção reflexiva ou, parafraseando Heráclito: um fluxo inconstante de SÓCRATES Sócrates (470 a.C), grande mestre do pensamento ocidental, já trazia ao mundo antigo a preocupação com o sentido do autoconhecimento e da problemática do homem. Para ele, a prática do diálogo é o caminho para a construção das ideias, do debate e da busca pelo saber que passa, sobretudo, pelo questionamento daquilo que é imposto. Esse método socrático ficou conhecido como a arte de parturejar ideias através da ironia filosófica como forma de provoca- ção intelectual, que questionava a ordem estabelecida. Outra importan- te discussão em torno do pensamento do filósofo é com relação à alma humana. Nesse sentido, afirma-se que: É a partir de Sócrates que surge a concepção de alma como sede da cons- ciência moral e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem (PESSA- NHA, 2004, p. 30). Uma das mais conhecidas máximas filosóficas, "conhece a ti mesmo", foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos e, apesar de não ser de autoria de Sócrates (como é atribuída muitas vezes) é muito associa- da ao seu pensamento, pois resume, com precisão, o exercício do olhar 16</p><p>para si próprio e pensar a existência de uma forma crítica e reflexiva. O saber de si, como um posicionamento ativo diante da vida, pode parecer óbvio por um lado, mas, sua prática complexa exige um intenso esforço que, por sua vez, é um dos grandes trabalhos propostos pela Psicologia. FIQUE LIGADO! Leandro Karnal, professor e historiador brasileiro, faz uma análise bastante apropriada do assunto que abordamos neste capítulo. Confira o vídeo: "Conhece a ti mesmo" (Fragmento da palestra: "A vida que vale a pena ser vivida em tempos líquidos"). Acesse o canal Saber filosófico, através do link: https://www. youtube.com/channel/UCWdXgfpEIZIGzah9_yCL-Xw PLATÃO E o DUALISMO CORPO/ALMA Imagem 2. Platão Fonte: Instituto Sócrates, 2017 Outro filósofo que marcou a formação do pensamento ociden- tal foi Platão (428-427 a.C. - 348-347 a.C.), cujo pensamento central consistiu no dualismo mente/corpo, mundo sensível/mundo inteligível. Em seu mito da caverna, o filósofo questiona o aprisionamento dos ho- mens, suas amarras, quando só conhece aquilo que vê e o que seus sentidos proporcionam. Para Platão, os sentidos podem enganar e im- pedir que os indivíduos conheçam o mundo existente fora da caverna. Nota-se que a filosofia de Platão buscava ressaltar a importân- cia do conhecimento e dos dilemas humanos através de um caminho 17</p><p>autônomo, no qual é preciso enxergar muito além do que está aparente. A alma é a principal motivação de suas reflexões, sendo o corpo uma es- pécie de cárcere. Na visão platônica, a matéria está vinculada ao mundo sensível, concreto, e pode fornecer apenas representações distorcidas da realidade. Já o mundo das ideias seria um campo reflexivo, que busca o real através do conhecimento. É a partir dele que os homens constroem possibilidades de uma vida mais livre e menos superficial. A reflexão que permeia o dualismo corpo/alma suscita diversas questões no campo filosófico, como por exemplo, a forma como o ho- mem se relaciona com seu próprio desejo - elemento protagonista para a Psicologia. A manisfestação do desejo é fonte de muitos debates e está relacionada, muitas vezes, à diferentes visões de mundo, concep- ções e modos de explorar (e até mesmo controlar) os fluxos desejantes que movimentam a vida humana. Imagem 3. Pensamento platônico pensamento Platônico é dividido em três Socrático, Intermediário e Buscou resgatar a imagem de socrático ocorre a valorização da razão e da (393-389 a. C.) em forma de aporia (nenhuma conclusão estabelecida) Platão Filosofia baseada não somente em questões / intermediário Formulação da dos (385-370 a. C.) A reminiscência Em 387 a. a Método escola chamada academia, nos de Atenas da Considerado o de auto-critica DA maturidade e antecipação dos pontos vulneráveis de sua Fonte: Sabedoria Política, 2016. 18</p><p>SAIBA MAIS! Neste site você encontra cinco dicas de filmes para compreen- der a filosofia de Platão. Vale a pena conferir: Acesse: ra- entender- Destaque para: "O show de Truman: o show da 1998, direção de Peter Nesta obra é possível identificar muito do pensa- mento de Platão, principalmente no que se refere ao mito da caverna e às formas contemporâneas de aprisionamento de nós mesmos. Bom filme! ARISTÓTELES E o CONCEITO DE VIRTUDE Por fim, para complementar este esboço geral da formação do pensamento filosófico grego, Aristóteles (384 a.C. 322 a.C.) traz, en- tre outros conceitos importantes, a noção de virtude, forma pela qual os homens constroem uma boa vida. Essas atitudes, que também são éticas e políticas, (de acordo com o filósofo "homem é um animal políti- CO") contribuem para o exercício da felicidade uma das mais antigas preocupações Dessa forma, afirma-se que: Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade da alma conforme a virtude perfeita, é necessário considerar a natureza da virtude, pois isso talvez possa nos ajudar a compreender melhor a natureza da felicidade (ARISTÓTELES, 2005, p. 36). As virtudes equilibram a vida do homem em sociedade, pois são elas que o conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as faltas. Na perspectiva aristotélica, os os homens possuem a capacidade de desen- volver, pela prática, suas virtudes e sua moral. Assim, nessa perspectiva: Se cada homem é de certo modo responsável por sua disponsição moral, será também de certo modo responsável pela aparência; se não for assim, ninguém seria responsável pelos maus atos que praticar, pois todos os pra- ticariam por ignorância dos fins, julgando que com eles conseguiriam o me- Visar ao fim não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido com uma visão moral, por assim dizer, que nos permita julgar corretamente e escolher o que é verdadeiramente bom 2006, p.67). 19</p><p>A partir entende-se que é pelo pelo costume ("éthos") que torna-se possível desenvolver, racionalmente, um modo de vida mais próximo da felicidade. Por fim, vale ressaltar que Aristóteles é considerado o "pai" da psicologia, uma vez que, entre seus principais estudos, está pre- sente a precoupação com os processos subjetivos da alma humana. o PENSAMENTO MEDIEVAL: A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO Para pensar o contexto medieval e o do desenvolvimento do pen- samento dominante ocidental, é necessário levantar a questão em torno do conceito de "homem". Para melhor compreendê-lo há um elemento decisi- que marca toda a sociedade da época: a religiosidade, principalmente, a consolidação do cristianismo. A partir disso, foi definido um modelo a ser seguido socialmente e que incidia diretamente sobre as formas de vida. O exemplar ideal era, portanto, o ser cristão. Dessa maneira, o homem sem fé, nos princípios cristãos, estava fora de um padrão e, apesar das particularidades e diferenças, havia um elo que fazia daqueles homens um só ser a criatura de Deus, segundo a antropologia medieval. A fim de corroborar com uma das questões fundamentais da formação do pensamento ligado à Idade Média, cabe aqui a seguinte colocação: Ora, Filosofia e Religião são excludentes, metodologicamente excludentes: a Filosofia, por definição, só admite a argumentação racional e exclui qualquer concessão à autoridade (como já dizia Aristóteles paradigmaticamente: "sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade...") A Religião, por sua vez, deve prescindir da razão e afirmar a autoridade (do "Livro" e/ou da hierarquia religiosa): o dogma expressa a revelação de um mistério inapreensível ra- cionalmente e afirmado pela fé. Então, como ser simultaneamente filósofo e religioso? 2011, p.18). Dentro deste contexto religioso, o pensamento filosófico era cons- truído, também, em uma base cristã, através de uma perspectiva racional. Diferentemente da busca pelo conhecimento da verdade, a filosofia da Ida- DA de Média se propõe a investigar a verdade já revelada por Deus (VASCON- CELLOS, 2007). Nesse sentido, a razão não deixa de ser um elemento constituinte do pensamento, mas o seu exercício é destinado à compreen- são da fé, a grande e principal fonte de pensamento do medievo. A seguir, serão elucidados dois grandes pensadores que representam este período. AGOSTINHO DE HIPONA (354-430) "Compreendo para crer, creio para compreender", esta frase 20</p><p>ilustra e resume, com muita clareza, o pensamento de Agostinho, CO- inhecido também como Santo Agostinho, um dos principais pensadores da chamada filosofia patristica, e contextualizado na chamada antigui- dade tardia (embora muito conhecido como um dos precursores do pen- samento medieval). Em sua concepção, a fé é o ponto de partida para o caminho de compreensão de todas as outras coisas, até mesmo da razão, que estaria, portanto, subordinada à verdade divina. Ao longo de todo o percurso religioso e filosófico, Agostinho desenvolve o pensa- mento da chamada filosofia cristã: Deus e a alma não são conhecimentos distintos em Agostinho. Um e outro estão intimamente ligados, pois a alma é o meio do qual parte, a fim de atingir o conhecimento de Deus, uma vez que este não pode ser atingido imediata- mente pela razão, só pela fé. A alma, o homem interior, no entanto, pode ser conhecido pela razão (...) (Idem, p.229). A vida e obra de Agostinho de Hipona, também conhecido como Santo Agostinho, é um caminho de busca por respostas e expli- cações acerca da existência, dos dilemas da alma, da figura de Deus. Foi no ano de 386, que se deu sua conversão ao cristianismo, após uma trajetória de vivências e experiências variadas. Em sua obra Confissões (escrita entre 397 e 398), ele desenvolve seu pensamento filosófico-teo- lógico, autobiográfico, que contribuiu para uma visão de mundo cons- truída, ainda que não somente, pelos dogmas da fé cristã. SAIBA MAIS! Para saber mais sobre a Filosofia Medieval e seus principais representantes, recomendamos a leitura: A Filosofia Medieval. Das Ori- gens Patrísticas à Escolástica Barroca, de Josep-Ignasi Saranyana. Boa leitura! DA TOMÁS DE AQUINO Tomás de Aquino foi um dos representantes da chamada filo- sofia escolástica, desenvolvida entre os séculos IX - XV. Este foi um momento de gradativas mudanças no mundo medieval, entre elas, o do sistema feudal, a partir do século XIII, que marcou o perío- do da Baixa Idade Média. Este quadro histórico tornou-se um cenário propício para o surgimento de novas formas de pensar e viver. 21</p><p>É neste cenário que a filosofia de Tomás de Aquino foi elabora- da e desenvolvida, tornando-se uma parte importante na representação da produção filosófica medieval. Suas ideias reuniam as premissas de um tempo que já notava as mudanças de um novo paradigma que se aproximava. Com isso, é importante ressaltar a aproximação do filósoso com o pensamento racional - não sem o respaldo da fé - mas como uma forma de alcança-la e compreendê-la. Ao aproximar-se das ideias de Aristóteles, Aquino buscava conciliar a fé com a razão, assim como comprovar a existência de Deus. Mas como seria essa tentativa de explicar a verdade divina através da razão? De acordo com esta premissa, é possível chegar à uma ideia Deus a partir de fundamentos lógicos e até empíricos, ou seja, a própria existência de um ser superior demandava uma forma de racionalidade. Imagem 4. Filosofia medieval Fonte: Estadão, 2017. Pode-se dizer que o universo da fé, antes restrito ao mundo re- ligioso, transformava-se, aos poucos, em um campo de estudos da Filo- sofia. Com relação ao pensamento de Tomás de Aquino, Tarnas afirma: Tomás sustentava que o reconhecimento da ordem da natureza aperfeiçoava a compreensão humana da criatividade divina de Deus e de modo algum diminuía a onipotência divina (...). Estava convencido que a Razão e a liber- dade humana tinham valor em si (TARNAS, 2000, p.203-204). Sendo assim, considera-se que, ao final da Idade Média, o pensamento filosófico e intelectual começava a desvincular-se do domí- nio religioso, predominantemente cristão e fudamentado na fé católica, para, mais tarde, incorporar os princípios e metódos racionalistas ba- 22</p><p>seados na visão antropocêntrica da Era Moderna. A daí, a ciência surge com toda a sua inquietude para transcender os limites do homem de outrora e criar caminhos para a invenção humana. SAIBA MAIS! Dica: filme e livro Quer saber mais sobre a formação do pensamento medieval? "O nome da rosa" (1986), direção Jean-Jacques Annaud, é um grande clássico para uma boa aproximação com o contexto. Além disso, o filme é baseado na de mesmo nome, do autor italiano Umberto Eco. o PENSAMENTO MODERNO E A INFLUÊNCIA DO RACIONALISMO Do ponto de vista histórico, a transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcada por muitas mudanças, entre elas, a passagem do teocentrismo (visão de mundo baseada em Deus) para o antropocen- trismo (o homem como centro, não mais Deus). Tendo esta tranformação de mentalidade como foco, é possível levantar a seguinte questão: Qual é a relação do homem com o conhecimento a partir de uma perspectiva antropocêntrica? Este é o ponto que o presente tópico terá como tema. Com o fim do período medieval (final do século XIV), o mundo europeu presenciou um rompimento significativo com o domínio religioso (cristão/católico) marcado por um movimento artístico e cul- tural que influenciou o desenvolvimento das ideias antropocêntricas: o Renascimento. Muito além de um acontecimento histórico, o movimen- to renascentista construiu as bases do pensamento moderno, centrado nas ações e potencialidades do homem e, principalmente, pela busca de um conhecimento pautado na razão. Entre os grandes teóricos que destacam-se neste contexto es- tão: Francis Bacon, René Descartes, John Locke (1632-1704), entre muitos outros. De forma geral, o debate moderno foi formulado a partir do tema do conhecimento, da forma como o homem conhece, aprende e desenvolve o pensar. Cada um a sua maneira, os filósofos raciona- listas buscavam consolidar o cientificismo a fim de superar as explica- ções de caráter não racional. Dessa forma, a "verdades" construídas ao longo do tempo passaram por um processo de ruptura decorrente dos novos paradigmas Segue-se, abaixo, um pano- rama geral das principais ideias suscitadas por esses filósofos. 23</p><p>FRANCIS BACON (1561-1626) Considerado um dos precursores do pensamento moderno, o britânico Francis Bacon valorizava as experiências com base na via da indução, que consistia nas observações de casos através de suas parti- cularidades, para chegar às verdades mais gerais. Este método diferen- ciava-se da dedução, cujas fundamentações partiam das observações gerais para explicar os casos específicos (Galileu Galilei era um dos expoentes). Uma das principais ideias de Bacon está em sua teoria dos ídolos*, uma crítica às formulações baseadas em verdades que podem distorcer a realidade e comprometer o caráter científico do conhecimen- to. De acordo com o (...) Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza; seja devido à natureza própria singular de cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram (Apud ARANHA & MARTINS, p. 173). Esse fragmento possibilita um debate acerca das dimensões sociais do pensamento humano, como também, o comportamento do homem de seu tempo, e das diversas influências que incidem sobre a forma como o homem enxerga a realidade ao seu redor. É possível pensar nas mais variadas formas de manipulação criadas para iludir e dominar os indivíduos, transformando-os em meros reprodutores e es- pectadores de suas vidas. Mais adiante, essa temática será desenvolvi- da tanto pelas Ciências Sociais como pela Psicologia. Em resumo, para Bacon: "Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como poderão como obstáculo à própria instauração das ciências" (1988, p. 20-21). DA FIQUE LIGADO! Saiba mais sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon: Novum organum, ou, Verdadeiras indicações acerca da inter- pretação da natureza. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988. Sugestão de blog: e notas, por Leonardo Alves: https://ensaiosenotas.com/2016/10/08/francis-bacon-os-qua- 24</p><p>tro-idolos-da-mente/ RENÉ DESCARTES (1596-1650) O filósofo francês Descartes, muito conhecido por sua máxima ""cogito ergo sum", traduzida como "penso, logo foi um impor- tante pensador racionalista do século XVII, que propôs um novo método para a Filosofia Moderna, que consistia em construir caminhos através do rigor do pensamento, por meio da razão e da dúvida metódica. Descartes destaca três tipos de as inatas, as externas e as cogito cartesiano, portanto, não seria formado pelos sentidos nem pela imaginação, mas sim pelo espírito (ARANHA & MARTINS, 2004). E sua obra O discurso do o autor expõe os caminhos que devem ser traçados para a busca de um conhecimento verdadeiro, sem as interferências dos sentidos, mas pelo exercício da dúvida. Para ele, a existência depende do ato pensante e somente é possível CO- a realidade através do questionamento. Assim, faz-se necessá- rio desvencilhar-se de todo o pensamento incutido pelo mundo externo para, então, construir uma nova forma de pensar, livre de interferências que diminuem a veracidade dos fatos. Dessa forma: (...) o pensador francês promove a razão, informada pelas regras do método, à condição de guia supremo do processo de conhecer. Ao teorizar sobre a racionalidade, ele promove uma separação entre mente e corpo, entre ma- téria e pensamento, e entre a razão e as demais formas de conhecimento, nascendo daí a ruptura da ciência com o sensível, a natureza, a imaginação e o sagrado 2004, p.133-134). Para atingir esse método, Descartes propõe quatro regras: evi- dência, análise, síntese e enumeração. Tais regras seriam uma forma de organização sistemática do pensamento, para a investigação minu- ciosa do conhecimento verdadeiro, autêntico e autônomo. Em suma, o princípio fundamental de todo o método cartesiano era a dúvida - este DA seria o ponto de partida para a sabedoria do homem moderno. 1 DESCARTES, Discurso do método. São Paulo: Escala Educacional,2 2006. 25</p><p>RECAPITULANDO QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 1. (Adaptada) Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE Cargo: Analista de Cultura Relacione corretamente as frases e ideias apresentadas a seguir com os respectivos autores, numerando a Coluna de acordo com a Coluna I. Coluna 1. Tudo é fluxo. 2. Conhece-te a ti mesmo. 3. Virtudes para uma boa vida 4. Mito da caverna Coluna II Platão ( Sócrates ( ) Heráclito ( Aristóteles Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: A) 3, 4, 2, 1. B) 4, 2, 3, 1. C) 2, 4, 1, 3. D) 4, 2, 1, 3. QUESTÃO 02 2. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Chaui (2005) afirma que Aristóteles considerava o ponto mais alto da Filosofia, a metafisica e a teologia, de onde se derivam todos os outros conhecimentos. Afirma também, que a partir daí, definiu-se o grande campo da investigação filosófica que se desdobrou, até o século XIX, em 3 aspectos: o da ontologia, o dos valores e o epis- temológico. Levando-se em conta o que é dito pela autora, os campos de inves- tigação da Filosofia derivados da posição aristotélica são os conhe- cimentos: A) cosmológico, antropológico e teologia B) gnosiológico, empírico-formal e lógica C) do senso-comum, mítico e cientifico D) abstrato, formal e empírico E) do ser; das ações humanas e da capacidade humana de conhecer QUESTÃO 03 26</p><p>3. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Sócrates nada deixou escrito. Suas foram divulgadas por seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus dis- cípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida pelo diálogo, que corresponde ao filosofar. Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe de dois momentos. As etapas do método socrático são: A) a dialética e a argumentação B) a ironia e a C) o juízo e o raciocínio D) a proposição e a discussão E) a tese e a antítese QUESTÃO 04 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Cargo: Professor São Tomás de Aquino, principal representante da , de- senvolve um pensamento profundamente ligado ao de Seu papel principal foi o de organizar as verdades da religião e de harmonizá-las com a filosofia. Para ele, então, a criada por Deus, e a , revelação de Deus, não podem entrar em porque procedem do mesmo Princípio. Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto apresentado. A) Escolástica Aristóteles razão fé - contradição. B) Patrística Platão - razão - fé - conflito. C) Escolástica - Aristóteles - fé - razão - acordo. D) Patrística Platão - fé razão - contradição. E) Sofística Sócrates - razão - fé - conflito QUESTÃO 05 5. Leia o trecho a seguir: "[...] é quase impossível que nossos juí- zos sejam tão puros e tão sólidos como teriam sido se tivéssemos DA tido inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso nascimento, e se sido conduzidos sempre por ela." (DESCARTES, Discurso do Método. São Paulo: Martins Fon- tes. 1996, p. 17). A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se pensar a partir de uma linguagem racionalista, inspirada em mode- los matemáticos. Esse modelo racional pretendia servir como guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesiano, é correto afirmar que: 27</p><p>A) tem sua formulação mais bem acabada na obra da Razão Pura" B) consistia em colocar o mundo, a realidade, "entre parênteses", ope- rando assim em uma "redução fenomenológica" C) foi duramente combatido pelos filósofos contemporâneos a Descar- tes, não tendo assim exercido influência em nenhuma geração posterior D) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pen- samento à possibilidade da realidade, processo que se sintetiza na fra- se: "penso, logo existo" E) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a filosofia escolástica QUESTÃO DISSERTATIVA (com adaptações) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEDUC-AL Cargo: Professor Filosofia Texto associado Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem "provado sal juntos"; e tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um não parecer estimável ao outro e este não depositar confiança nele. Os que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o saibam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a ami- zade não. Aristóteles. a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 382 (com adaptações) Tendo o texto precedente como referência inicial Explique o conceito de virtude, em Aristóteles. QUESTÃO INÉDITA Analise o trecho da canção "Como uma onda", de Lulu Santos, e assinale a alternativa correta: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFa73hlzR-4 DA "Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas Como um mar/ Num indo e vindo infinito". A) o trecho destacado pode ser relacionado com o pensamento racional de René Descartes B) a ideia de uma onda que vai e vem remonta ao filósofo Platão e o dualismo corpo e alma 28</p><p>C) é possível compreender, a partir da canção, um pouco da concepção de fluxo, de Sócrates D) a trecho pode ser relacionado com a filosofia de Heráclito e sua ideia de fluxo E) não é possível relacionar este trecho da canção com a Filosofia NA MÍDIA FILOSOFIA É USADA COMO GUIA PARA VIVER MELHOR Ensinamentos de pensadores clássicos prometem revolucionar até mesmo a terapia. Entenda como esses sábios do passado podem nos ajudar com os problemas de hoje Tiago Cordeiro André Bergamin Veja a matéria na íntegra em: NA PRÁTICA As indagações acerca dos dilemas e das questões que permeiam a vida humana, fazem parte de uma longínqua trajetória percorrida pela his- tória do pensamento ocidental. O dia-a-dia do trabalho, as obrigações cotidianas, as preocupações diversas, muitas vezes impossibilitam o olhar mais atento e reflexivo para a vida. Ao negligenciar os sentimentos e as emoções, o sujeito passa a alienar-se de suas próprias necessida- des e desejos, por não ter um conhecimento profundo sobre si mesmo. A filosofia se coloca como uma base para uma série de conhecimentos práticos, sobretudo o autoconhecimento, a tomada de decisões, a sabe- doria, a maturidade que são elementos fundamentais num processo psicoterapêutico. Assuntos como: amor, trabalho, política, problemas sociais, modos de vida, costumes, crenças, enfim, uma série de temáti- cas que, inevitavelmente, chegam para o psicólogo todos os dias, seja no campo clínico ou institucional, social ou organizacional. DICA DE VÍDEO Filosofia e felicidade, com Marcia Tiburi e Mario Sergio Cortella "O que é felicidade? Essa é uma pergunta que acompanha a humani- dade, há séculos, e que, com o passar do tempo vai ganhando inter- pretações diferentes, de acordo com o comportamento, a cultura e a identidade de uma Acesse:https://www.youtube.com/watch?v=W_1EtLeJEh0 29</p><p>A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA . "A história das ciências é um tecido de juízos implícitos sobre o valor dos pensamentos e das descobertas científicas. O papel da epistemologia é de explicitá-los". (JAPIASSU, Hilton) "Cada indivíduo aprende a ser homem". (LEONTIEV) O presente capítulo "A psicologia como ciência" como ob- jetivo central contextualizar a Psicologia e seu desenvolvimento cientí- fico, assim como suscitar uma breve discussão em torno de seu objeto de estudo: a subjetividade humana. A partir disso, buscar-se-á ressaltar uma das grandes questões no campo das ciências: a relação sujeito- -objeto e o debate acerca da dicotomia objetividade-subjetividade. A 30</p><p>discussão em torno da ciência principalmente quando se trata do grau de cientificidade de um saber aponta para um aspecto importante na construção do conhecimento: a objetividade. Ora, aquilo que é fico é comprovado e torna-se um estudo objetivo, delimitado pelo seu campo de atuação e seu arcabouço teórico-metodológico. Mas, como lidar com essa questão quando o interesse científico é voltado para os elementos subjetivos da vida humana? Como analisar comportamento e subjetividade? Estes e outros questionamentos são inerentes ao pro- cesso de consolidação do campo da Psicologia. FIQUE LIGADO! No site do Conselho Federal de Psicologia você pode conferir uma linha do tempo da Psicologia no Brasil. O material faz parte do Pro- jeto Memórias da Psicologia Brasileira. Acesse: Para BOCK (1989, p. 23) "a identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de ma- neira particular". Dessa forma, o tema da subjetividade suscita inúmeras questões para debate, principalmente no que se refere à formação do sujeito enquanto ser biopsicossocial. Este é o principal papel da Psico- logia: a diversidade que marca os aspectos subjetivos, sociais e cognitivos dos indivíduos em permanente construção. Além disso, é importante ressaltar que toda subjetividade é situada sócio-his- toricamente e, por isso, cada sujeito possui sua singularidade e sua for- ma de ser/estar no mundo. Diante desse debate, a Psicologia percorre diferentes caminhos (às vezes divergentes) para estudar e compreen- der as dimensões da vida humana: comportamentos, sentimentos, rela- ções, políticas, questões sociais. Assim, é possível afirmar que: Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos to- dos assim) é o homem corpo, homem afeto, homem ação e tudo isso está isso está no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural (BOCK, 1989, p. 24). 31</p><p>Através de diversos olhares, por meio de múltiplos instrumen- tos, esse campo do conhecimento busca cada vez mais engajar-se na vida social e possibilitar novas formas de enxergar as pessoas. Barros e Passos analisam a noção de da Psicologia e afirmam que "es- tamos frequentemente tão engajados nele que já não poderíamos dis- criminar as forças que o constituem, ao mesmo tempo que nele somos constituídos como uma de suas partes integrantes". Os autores também alertam para a condição crítica das práticas psicológicas em seu duplo significado: pela atividade de crítica e como situação de crise - aspec- tos que marcam o processo de consolidação deste campo. Por fim, eles apontam para o seguinte questionamento: "E do que partimos quando nos engajamos neste campo?" (BARROS & PASSOS 2000, p.78). CONTEXTUALIZAÇÃO: o SURGIMENTO DA PSICOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO Imagem 5. Wilhelm Wundt Fonte: Psicoativo, 2016. A Psicologia surgiu, enquanto uma disciplina científica, a partir do século XIX, através dos estudos de Wilhelm Wundt e William James, com o objetivo principal de investigar o comportamento humano através de estudos experimentais acerca do funcionamento da mente. Um dos precursores deste campo foi o médico Wilherm Wundt (1832 1920). Considerado o "pai da Psicologia", fundou o primeiro laboratório experimental na área, no ano de 1879, na Alemanha. Ele marca uma divisão da ciência psicológica experimental e social. Seu método era baseado na percepção sensorial e na descrição de elemen- tos da experiência imediata por indivíduos treinados. Segundo Abib: 32</p><p>Para Wundt [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíqui- ca; deduz os processos psíquicos de outros processos psíquicos; faz uma interpretação causal de processos psíquicos com base em outros processos psíquicos; não recorre a substratos diferentes desses processos, tais como uma mente-substância ou processos e atributos da matéria, para explicá-los (ABIB, 2009, p. A partir dos estudos de Wundt, a Psicologia passava a ocupar um lugar no campo da ciência, através do princípio da comprovação sis- temática e da experimentação. Dentro de um ideal positivista (corrente filosófica predominante no século XIX) as ciências humanas buscavam consolidar-se, com seus métodos e objetivos próprios e a preocupação do estudo do homem e suas relações em sociedade. Segundo Freire (1997), Wundt estudava os processos mentais através de métodos ex- perimentais pertencentes às outras ciências. Os fundamentos de seu trabalho consistiam na observação, experimentação e quantificação. William James (1842 1910), por sua vez, é considerado o pai da psicologia funcional. Considerado o pai da nova psicologia ameri- cana, sua ênfase no funcionalismo era baseada na teoria da evolução humana e, por isso, para ele a Psicologia era uma ciência natural, ou uma "esperança de ciência" relacionada diretamente com os aspectos físicos e cerebrais (ABIB, 2009). Imagem 6. William James DA Fonte: Livraria Cultura, 2017. O funcionalismo, de forma geral, tratava do caráter adaptativo da consciência e questionava qual seria a função da mente, através de uma visão pragmática e instrumental. Dessa forma, Freire (1997, p.102) enfatiza que a questão passa a ser de ordem mais prática, dentro da 33</p><p>qual o homem se adapta ao meio físico e social, pois: "a psicologia, para o funcionalismo, é o estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio". Em suma, as primeiras experiências da Psicologia buscaram de- senvolver um papel teórico e metodológico de acordo com as premissas científicas modernas, voltadas às ciências naturais. Segundo Nunes: Apesar da unidade do homem com a natureza, as ciências naturais são com- pletamente diferentes das ciências humanas. Há dois tipos de experiências a serem apreendidas: a externa e a interna (...). O objeto das ciências huma- nas consiste em apreender a realidade histórica e social naquilo que ela tem de singular e individual, bem como estabelecer as regras e os fins de seu desenvolvimento (NUNES, 2003, p.67). É dentro deste contexto maior que surge a necessidade de di- ferenciação entre as ciências naturais e exatas e as ciências cujo princi- pal foco de análise era o homem e sua relação com o meio, e ainda, dos fenômenos psíquicos e subjetivos. Dilthey (1883 apud NUNES, 2003), foi um historiador que defendeu uma epistemologia autônoma das ciên- cias humanas e conferiu a elas um caminho próprio através de um mé- todo compreensivo, diferentemente do explicativo atribuído às ciências naturais. De acordo com o autor, o homem é o criador do meio social em que vive e é isso que confere às ciências humanas uma historicidade. FIQUE LIGADO! Assista ao vídeo: Wilhelm Wundt: Por que ele é o Pai da Psico- logia Moderna? do canal Psicoativo TV. Acesse: OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA: DESAFIO DA CIENTIFICIDADE A partir das transformações ocorridas na sociedade ocidental, so- bretudo no século XIX, as ciências humanas começaram a conquistar um espaço no estudo e na compreensão do homem, não somente como um corpo biológico, mas um ser social, que vive, que trabalha, se relaciona com o mundo. Toda a esfera na qual ele está inserido deveria, pois, ser analisada, compreendida. Desse modo, disciplinas como a Sociologia, An- tropologia, Psicologia, vão de encontro com essa nova preocupação cien- 34</p><p>tífica. É nessa perspectiva que DOSSE (2004) pensa as ciências humanas como disciplinas interpretativas, que outrora se separaram da Filosofia, na tentativa de adquirir sua autenticidade como ciência. Mas atualmente se reaproxima, assimilando as teorias filosóficas em suas abordagens. A consolidação da Psicologia no meio científico construiu-se, prin- cipalmente, em torno da natureza de seu objeto de investigação: a subjeti- vidade humana as questões mentais, os sentimentos, o comportamento de forma geral. De acordo com este pressuposto, Castañon (2009) elucida alguns dos problemas ontológicos da Psicologia quanto à inserção de seu objeto de estudo no campo científico: da natureza inquantificável do objeto da psicologia; da impossibilidade de o sujeito ser ao mesmo tempo objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da alteração do objeto da psico- logia pela interação e pelo conhecimento, entre outros. Nota-se que um dos objetivos centrais nessa discussão acerca da cientificidade era a questão do método como uma importante ferra- das produções científicas. Figueiredo aponta para a constituição de um "sujeito epistêmico pleno", consciente de si e senhor absoluto de sua consciência, ou seja, um sujeito construído metodologicamente. "Ao método caberia a tarefa de expurgar de cada sujeito tudo aquilo que o tornasse suspeito, não confiável, irregular" (FIGUEIREDO, 1995, p.17). Portanto, o desafio principal era conferir cientificidade a um material incomensurável, não quantificável como outros processos ex- perimentais relativos a diferentes áreas do conhecimento. Diante deste pressuposto, como seria definida a subjetividade? De que forma passou a ser estudada cientificamente? Essas questões são de grande rele- vância no processo de consolidação do campo da Psicologia, principal- mente no que se refere à delimitação de seu "objeto" de estudo. Diante disso, é válido ressaltar que: Tratar do nascimento de um sujeito nos domínios da Psicologia implica fa- lar da sua colocação como objeto para um discurso científico socialmente autorizado a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas que compõem este sujeito (...) universalizando-as, substancializando-as e natu- ralizando-as ancorado nas objetividades do corpo e da natureza, bem ao estilo do modelo de ciência da época (PRADO FILHO, 2007, p.14). Nesse sentido, as temáticas referentes ao universo psíquico direcionavam-se para a "compreensão do significado da experiência humana, e não a busca de teorias de aplicação generalizada" (CAS- 2009). Essa discussão sobre o caráter científico da Psicologia (e das ciências humanas em geral) ainda persiste até os dias atuais, tanto no universo acadêmico como no mercado de trabalho. É importan- te reconhecer esse histórico de construção do conhecimento, pois é a 35</p><p>partir dele que se edificam as bases da profissão do psicólogo (a), suas formas de atuação, suas ferramentas teórico-metodológicas, enfim, seu espaço singularizado na sociedade. FIQUE LIGADO! Sobre o papel do (a) psicólogo (a) na sociedade, recomenda- mos o Vídeo Institucional - Papel do psicólogo em todos os lugares, no canal do CRP - SC. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=Oc1vjYVT5ak A SUBJETIVIDADE HUMANA: ALGUMAS DEFINIÇÕES Imagem 7. Fluxos mentais Fonte: YouTube, 2017. Segundo o dicionário significa: 1. Caráter ou qualidade de subjetivo; 2. Filos. Aquilo que se relaciona unicamente a um indivíduo, sendo inacessível a outrem; 3. Característica de todos os fenômenos psíquicos que se rela- cionam ao próprio indivíduo e considerados por ele seus. O conceito de subjetividade é intrínseco ao paradigma histórico e cultural de cada Em linhas gerais, há vários olhares e definições diferentes, a partir de estudos e suas respectivas linhas teóricas, mas é possível destacar, pelo menos, duas concepções que norteiam essa 2 Dicionário eletrônico. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ 36</p><p>discussão: de um lado, a subjetividade pode ser explicada a partir do campo diretamente ligado aos aspectos mentais e indivi- duais. Por outro lado, o sentido pode estar relacionado com o meio no qual o indivíduo vive, suas experiências, sua relação com o contexto social. É importante que uma visão não exclui a outra, necessariamente, uma vez que a subjetividade não é cindida, fragmen- tada entre individual/social. Ela é composta por esses dois universos repletos de outros fatores. Entretanto, do ponto de vista teórico-metodológico, ao longo da história da Psicologia, essa questão protagoniza uma série de con- cepções que se complementam e também se distanciam. Este capítulo não alongará o tema, mas o próximo fará um apanhado geral das prin- cipais vertentes da Psicologia, o que explica, de certa forma, o sentido da subjetividade e como ela se constrói de acordo com cada visão. De acordo com esta premissa, Abib entende que: "Como práticas culturais ou culturas, tradições de pensamento psicológico se constituem como práticas de pesquisa, com desfechos favoráveis para algumas e desfa- voráveis para outras" (ABIB, 2009, p. 199). São estas práticas culturais formadoras do pensamento psi- cológico que influenciam na forma como o comportamento humano é trabalhado e na construção de sentido da subjetividade, ou melhor, das subjetividades múltiplas. Portanto, enquadrar o comportamento humano e todas as suas formas de relação com o mundo numa visão determi- nista é reduzir demasiadamente seu caráter diverso. Um dos principais conceitos que marcam os estudos e práticas em Psicologia é a ideia do inconsciente e sua influência na formação do sujeito. De acordo com uma visão psicanalítica, o aparelho psíquico possui compartimentos em que censura e reprime determinados fatos da vida. SAIBA MAIS! DA Para complementar o assunto, recomendamos a você a fala do professor Christian Dunker: "Nascimento da Psicologia: Sujeito ou objeto?". Acesse: Dessa forma. essas lembranças que ressurgem no decorrer do tempo trazem à tona questões que atuam diretamente na subjetividade, uma vez que: O processo de constituição subjetiva está intimamente relacionado com a 37</p><p>concepção de que o campo do sujeito é efeito, em especial, da linguagem e de uma trama de relações pré-existentes ao nascimento, constituindo o que será o mito fundador de uma história singular. O sujeito, para a psicanálise, é aquele que se constitui na relação com o Outro através da linguagem (TO- REZAN e AGUIAR, 2011). O sujeito, de um ponto de vista psicanalítico, compõe-se por meio do desejo, e é ele que vai "guiar" a sua construção subjetiva e a forma como se coloca diante da vida. A partir dessa dinâmica psíquica os processos de subjetivação se desenvolvem com base nos impulsos do Inconsciente (o capítulo 3, desta unidade, abordará com mais deta- lhes a Teoria Psicanalítica). Dentro de uma visão histórico-cultural, Gonzáles Rey enfatiza a noção de sujeito e subjetividade de acordo com um processo dialético. Sua ideia consiste em anular a dicotomia entre social e individual, numa tentativa de apresentar o sujeito como um agente ativo dentro de seu contexto histórico-social. Para ele, a subjetividade não se internaliza, não vem como algo externo ao indivíduo, ou seja: Trata-se de compreender que a subjetividade não é algo que aparece somen- te no nível individual, mas que a própria cultura dentro da qual se constitui o sujeito individual, e da qual é também constituinte, representa um sistema subjetivo, gerador de subjetividade (REY, 2005, p. 78). Entende-se, assim, que o conceito de subjetividade não é fixo e imutável, como, por exemplo, ocorre com a personalidade. Muitas ve- zes, os dois termos se confundem, sugerindo a forma de ser/estar de um sujeito. Entretanto, ao falar em personalidade, vem à tona uma ideia de 'jeito' de ser ou maneiras de se comportar, como um conjunto de atributos de um indivíduo. FIQUE LIGADO! Assista à palestra do professor citado acima, Fernando Gonzaléz Rey: "A Teoria da Subjetividade e a Epistemologia Qualitativa na Pesquisa". Acesse: A subjetividade, por sua vez, pode apontar para uma noção de constituição e formação do ser humano que é constante e está vin- culada a uma variedade de fatores. Ela representa uma das categorias 38</p><p>mais singulares do sujeito. É aquilo que ele pode ter de mais genuíno e autêntico. De acordo com um enfoque Histórico-cultural, a subjetivi- dade é constituída dentro do quadro social. "Todo processo psicológico é volitivo, sendo que a vontade é inicialmente social, interpsicológica e posteriormente intrapsicológica" (MOLON, 2003, p.91). Nesse sentido, a Teoria Histórico-cultural propõe uma relação dialética das dimensões interpsicológica e intrapsicológica. Para Vygo- tsky, as funções psicológicas superiores formam-se primeiro no coletivo para, depois, transformarem-se em funções da personalidade. social constitui o sujeito ao mesmo tempo em que é constituído por ele. Na atividade animal, o desenvolvimento biológico é dado de modo imediato, ausente de consciência, sem constituir cultura e sem apropriação de um conhecimento histórico de atividades, exercendo apenas as funções psicológicas inferiores (inatos como, por exemplo, virar o pescoço na dire- ção de um ruído) de acordo com sua filogênese (naturais da espécie). O homem, por sua vez, além de apresentar essas funções psi- cológicas inferiores, dadas a priori, apresenta as funções psicológicas superiores que se originam de modo sociocultural, como a apropriação da linguagem, a sua lógica e capacidade de aprendizado social media- do. "O homem definitivamente formado possui já todas as propriedades biológicas necessárias ao seu desenvolvimento sócio-histórico ilimitado" (LEONTIEV, 1978, p. 263). Assim, o que constitui o ser humano é a sua capacidade de apropriação e objetivação da realidade por mediação. SAIBA MAIS! Para complementar seus estudos acerca das definições do conceito de subjetividade, indicamos a seguinte leitura: LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: O desenvolvimen- to do psiquismo. Apropriação/ objetivação Na Teoria Histórico-cultural apropriação e objetivação são con- ceitos fundamentais para o processo de humanização. Apropriação é a reorganização das habilidades motoras e psíquicas, é através dela que o individuo cria novas aptidões; já a objetivação é o resultado de uma práti- ca social. De acordo com Duarte, a relação entre apropriação e objetiva- ção se dá na produção de instrumentos: homem se apropria da nature- 39</p><p>za objetivando-se nela para inseri-la em sua atividade social" (DUARTE, 1996, p. 35). Essa relação impulsiona o desenvolvimento histórico e, ao mes- mo tempo, é constituída por ele. Nesse processo dialético, a apropriação de um objeto gera novas necessidades e, na medida em que o homem se apropria, ele se objetiva, se humaniza. Ambos os processos, apropriação e objetivação, acontecem constantemente durante toda a vida do indiví- duo, aprimorando cada vez mais suas capacidades motoras e psíquicas. "Cada processo de apropriação e objetivação gera a necessidade de no- vas apropriações e novas (Ibidem, p. LA IMPORTANTE! Para resumir o pensamento central de Vygotsky destacam-se algumas palavras-chave, tais como: sociabilidade do homem; intera- ção social; signo e instrumento; cultura; história; entre outros conceitos (IVIC, 1994). Mediação Para Vygotsky, mediação é a principal categoria da Teoria His- tórico-cultural, ao contrário de Luria e Leontiev, que a consideravam apenas um conceito. Não é propriamente um conceito, mas sim, uma categoria pela qual o homem consegue chegar à aprendizagem, não é um terceiro na relação sujeito-objeto, mas está inserido dentro dela. Dessa forma, afirma-se que: A mediação é processo, não é o ato em que alguma coisa se me- diação não está entre dois termos que estabelecem uma relação. É a própria relação. (...) A mediação não é presença física do outro, não é a corporeidade do outro que estabelece a relação mediatizada, mas ela ocorre através dos signos, da palavra, da semiótica, dos instrumentos de mediação. A presença corpórea do outro não garante a mediação (MOLON, 2003, Os instrumentos têm a função de transformar o objeto, ope- rando exatamente dessa forma. Para Vigotski todo instrumento é um estímulo, mas nem todo estímulo é um instrumento (VIGOTSKI, 1996). Ambos (signos e instrumentos) são atividades mediadas que possuem naturezas diferentes, mas que estão interligadas. A partir desse pres- suposto observa-se que o mais subjetivo dos pensamentos é também 40</p><p>intermediado por aspectos do processo histórico-social da vida de um indivíduo. A subjetividade é construída, portanto, no decorrer da história de cada um. O homem é um ser de natureza social e constrói-se como humano a partir de suas relações em sociedade. Imagem 8. Vygotsky Fonte: Instituto Net Claro Embratel, 2018. São inúmeras as definições acerca do tema da subjetividade, sobretudo ao se tratar das questões: psíquico/social e tantas outras reflexões que este assunto promove. Não se trata aqui de abarcar toda essa discussão, mas de apresentar alguns eixos para desenvolver o debate em questão neste tópico. Falar em subjetividade é como pensar no "objeto primordial", quase mítico que é a mente, como um resultado e efeito das relações diversas e não universais. "A subje- tividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo saber/ poder com os modos de subjetivação" (PRADO FILHO, 2007, p.17). Este mundo psíquico precisa ser pensado dialeticamente com outros elementos da vida humana, pois pensar o indivíduo é também refletir toda a sua história, sua cultura, seu modo de viver. De acordo com Rey (2005), a subjetividade não é internalizada pelo sujeito, como algo externo, mas sim, forma-se através de um sistema subjetivo que considera o social e o individual em relação, e não isolados um do outro. Assim, é possível definir que: A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único na ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza e com outros homens. Conforme a complexificação dessas relações (que foram perdendo o caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo se distancia das relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva outras (SILVA, 2009, p. 172). Diante desses apontamentos, é possível pensar numa clínica transdisciplinar, que se constitui não somente como espaço físico, mas 41</p><p>como sistema aberto, no qual são construídos os modos de subjetivação, a partir de uma polifonia que contempla as inúmeras variáveis da subjeti- vidade humana, pois "não se trata de modo algum de reunir, unificar, mas de construir redes por ressonâncias, deixar nascer mil caminhos que nos levariam a muitos lugares" (PASSOS & BARROS, 2000, p.78). SAIBA MAIS! No site do Conselho Federal de Psicologia você pode ter aces- à diversas indicações bibliográficas dessa área. Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-da- -psicologia-brasileira/livros/ Imagem 9. grito, de Edvard Munch. 1893. Fonte: Cultura Mix, 2011. Assim, o estudo desse emaranhado subjetivo deve ser caute- DA loso quanto às visões reducionistas, que ora podem ser pautadas so- mente na perspectiva individual (como se a relação sujeito-subjetivida- de fosse exclusivamente interna, sem outras associações), ora na visão restrita no meio social, internalizado pelo sujeito e responsável por todo o seu desenvolvimento psíquico. Nas palavras de Bock: Podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas for- mas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória imposta pela fugacidade da informação (...). Estudar a subjetividade, nos 42</p><p>tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica (BOCK, 1989, p. 24). Portanto, entende-se que a Psicologia direciona-se à multipli- cidade dos sujeitos e oferece seu repertório para res- peitá-la e potencializá-la, diante de toda imprevisibilidade que marca a existência humana. Não há como restringir a subjetividade a um objeto inerte e mensurável, dada a complexidade de sua natureza. No próximo capítulo desta unidade serão abordadas algumas das principais linhas teóricas da Psicologia através de um panorama geral que busca com- preender o sujeito e a formação da subjetividade. 43</p><p>RECAPITULANDO QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 2012 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: MPE-AL Cargo: Psicólogo Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como disciplina aca- dêmica formal. Ele instalou o primeiro laboratório, lançou a pri- meira revista especializada e deu início à Psicologia Experimental como ciência. Qual a opção abaixo sobre esta fase das bases das Teorias e Sistemas Psicológicos está correta? A) Sensação, percepção, atenção, sentimentos, reação e associação não foram temas das pesquisas de Wundt. B) As criações de Fechner são posteriores a Psicologia como ciência. C) O uso do termo "Psicologia Experimental" não é de autoria de Wundt. D) A Psicologia Experimental de Wundt tratou do desenvolvimento men- tal humano expresso na linguagem, nas artes, nos nos costumes sociais, na lei e moral. E) As publicações de Wundt inauguram a divisão da ciência psicológica entre Psicologia Experimental e Psicologia Social. QUESTÃO 02 2. (Adaptada) Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social Philip Zimbardo, conhecido pesquisador estadunidense e profes- sor da Universidade de Stanford, foi responsável por um polêmico estudo experimental no qual simulou num laboratório as condi- ções de uma prisão (1971). o experimento precisou ser cancelado, mas repercute até hoje. Inspirado neste experimento, foi realizado um filme em 2010 que, em recebeu o nome de: A) A noite dos desesperados B) Fome de viver C) Acossados D) O experimento DA E) Experiência macabra QUESTÃO 03 3. Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CFP Cargo: Especialista em Psicologia Clínica Na questão da validação do conhecimento psicológico que se apresenta como sendo é correta a afirmação de que: A) há um abandono no intento de fazer repousar o conhecimento cien- tífico em bases sólidas e inquestionáveis. B) há que se atingir um conhecimento imediato e indiscutível. 44</p><p>C) é consenso que o conhecimento científico só é reconhecido com bases na tradição cartesiana. D) não se pode fugir de projetos epistemológicos da modernidade, de inspiração Baconiana. E) todos os pressupostos deverão ser verificados ou refutados. QUESTÃO 04 4. Ano: 2016 Banca: Gestão Concurso Órgão: Consurge - MG Car- go: Psicólogo Há uma afirmativa no senso comum que diz: "de psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco"; como, por exemplo, quando se ouve o problema de um amigo, ajudando a solucioná-lo. No entanto, o senso comum não é ciência. Para ser uma ciência, torna-se neces- sário fundamentá-lo em bases científicas. Nesse contexto, é CORRETO afirmar: A) A Psicologia é um ramo das ciências naturais que utiliza métodos científicos para o estudo do ser humano em toda a sua amplitude de mente e de corpo. B) A Psicologia utiliza-se de técnicas como o tarô, a astrologia, a qui- romancia, entre outras práticas associadas ao saber psicológico para resolução dos problemas humanos. C) A Psicologia é uma área das Ciências Humanas que estuda o com- portamento e a psique humana e vem se desenvolvendo na história desde 1875, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Ex- perimentos em Psicofisiologia. D) A psicologia é uma área das Ciências Sociais que parte de observa- ções empíricas do comportamento humano no cotidiano com foco em condutas anormais como: fobias, alucinações, agressividade, descon- trole emocional, entre outros aspectos. E) Todas as afirmativas estão corretas. QUESTÃO 05 5. Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicolo- gia Cargo: Especialidade em Psicologia Social De acordo com Furtado, o repertório de de uma de- terminada cultura, de uma determinada nação, de um grupo social, tem como base o processo histórico do desenvolvimento das for- ças produtivas e, ao mesmo tempo, acaba influindo no próprio pro- cesso econômico, ou seja, no desenvolvimento das formas subje- tivas de expressão desse processo de desenvolvimento" autor está discutindo: A) que a subjetividade coincide com a noção popular de "ideia" 45</p><p>B) sobre as "dimensões subjetivas da realidade" C) sobre desenvolvimento humano como foco da análise psicológica D) que a objetividade é central no estudo da psicologia social E) que o repertório de "ideias" enquanto ideologia influencia as forças produtivas QUESTÃO DISSERTATIVA Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Car- go: Especialidade em Psicologia Social - (Adaptada) REY (2004, p.125) afirma: "A subjetividade permite uma reconstrução não só da psique individual, como também das várias for- mas de produção psíquica, próprias dos cenários sociais em que vive o homem, assim também da própria cultura". De acordo com o fragmento citado, explique o conceito de subjetividade proposto pelo autor. QUESTÕES INÉDITAS 1. Um dos principais desafios da Psicologia científica moderna foi: A) a sua indissociabilidade da Filosofia B) o caráter especulativo de seus estudos C) a natureza não quantificável de seu objeto de estudo D) a falta de observação em suas pesquisas E) nenhuma das alternativas 2. William James é considerado o pai do funcionalismo. A principal característica dessa abordagem era: A) explicações meramente filosóficas B estudo do inconsciente C) o caráter adaptativo da consciência D) o método da introspecção E) todas as alternativas estão corretas DA 3. "A subjetividade se produz na relação das forças que atraves- sam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo saber/poder com os modos de subjetivação" (PRADO FILHO, 2007, p.17). De acordo com o fragmento acima: A) a subjetividade não faz parte do campo científico B) existem forças que impedem o sujeito de construir sua subjetividade C) a produção de subjetividade faz parte de um jogo de forças D) não há subjetividade nas práticas de objetivação E) o conceito de subjetividade é unilateral, fixo e individual. 46</p><p>NA MÍDIA controverso de Aprisionamento de Stanford', inter- rompido após sair do controle. Estudo conduzido pelo professor de Psicologia Social Philip Zimbardo em 1971 deveria se estender por duas semanas, mas não passou de seis Esse é um dos experimentos sociais mais famosos da história, contado tantas vezes que alguns o consideram um mito. Talvez você já tenha escutado: um professor universitário de Psicologia recruta um grupo de estudantes e lhes pede que imaginem que estão em uma prisão. Fonte: BBC Data: 02/12/2018 Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noti- ford-interrompido-apos-sair-do-controle.ghtml NA PRÁTICA A subjetividade humana é um tema fundamental no campo da Psico- logia e influencia diretamente nos trabalhos realizados no cotidiano da vida profissional. Um exemplo disso pode ser evidenciado nas práticas. Em uma unidade de saúde, há dificuldades em trabalhar com pacientes diabéticos, pois resistem em participar de um determinado programa de qualidade de vida. Nesse caso, é importante que o processo tera- pêutico dos pacientes com diabetes não seja focado no adoecimento, tampouco em atividades com objetivo de impor mudanças no estilo de vida. Isso precisa passar por um processo de conscientização, com um grupo terapêutico, para que se possa discutir estratégias de promoção de saúde e, principalmente, trabalhar na construção coletiva do sentido e da ressignificação do conceito de saúde para estes pacientes. PARA SABER MAIS Quer saber mais sobre os "pais" da psicologia moderna? Acesse o canal Psicoativo TV através do link abaixo: DA Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c DICA DE FILME: O experimento de aprisionamento de Stanford Ano: 2015 Direção: Kyle Patrick Alvarez. filme retrata a famosa experiência do professor Philip Zimbardo reali- zado na Universidade de Stanford, no qual alguns jovens foram recruta- dos para serem guardas e prisioneiros em uma prisão improvisada nos corredores da universidade. 47</p><p>SAIBA MAIS Para saber mais sobre o pensamento de Vygotsky e a constituição da subjetividade, confira o vídeo: Coleção grandes educadores Lev Vygotsky. Disponível em: 48</p><p>PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA Será a solução específica que uma dada teoria psicológica consegue articu- lar que irá definir o seu ou seja, a morada que oferece ao homem (...). . Luís Figueiredo DA Desde o seu desenvolvimento no campo científico, a Psicolo- gia não tem sido centrada em uma única abordagem, muito diferente disso, é uma área na qual se ramificam os olhares sobre o homem e sua forma de ser e estar no mundo. Mais do que uma questão biológica e mental, a vida humana demanda muitas explicações, sejam elas emo- cionais, profissionais, afetivas, comportamentais, etc. Nesse sentido, cada linha teórica tem seus métodos e formas de atuação, assim como espaços específicos de trabalho e uma diver- 49</p><p>sidade na demanda, seja na área pública ou privada. Neste bloco serão apresentadas algumas das principais cor- rentes teóricas que compõem o campo da Psicologia, os representantes mais significativos e suas respectivas Vale ressaltar que este é um esboço geral que pretende apontar algumas características de cada abordagem, sendo necessário, portanto, o aprofundamento das temáti- cas a partir da bibliografia proposta. BEHAVIORISMO: Watson, Pavlov e Skinner. A palavra behavior (do inglês: comportamento) foi incorporada à Psicologia em 1913, e passou a ser o centro dos estudos da corrente denominada de behaviorismo, que é subdividido em: behaviorismo me- todológico e radical. De forma geral, o behaviorismo buscava enfatizar o caráter ob- jetivo e quantitativo da ciência, no qual o comportamento era estudado através da técnica do condicionamento clássico, proposto por Ivan Pa- vlov (1849-1936). Seu método era baseado na associação de estímu- los. É famoso o seu experimento da salivação dos cachorros diante dos estímulos associados à comida. John Broadus Watson (1878-1958) é considerado o "pai" do behaviorismo metodológico, e seu estudo tinha como foco principal o comportamento humano mediante observação sistemática. Seus mé- todos aproximaram a Psicologia das ciências naturais, dentro de uma perspectiva biológica, além de ter como base as pesquisas feitas em animais. Nesse sentido, o behaviorismo era pautado na seguinte O homem seria uma espécie de animal entre os outros. As suas reações poderiam ser estudadas como qualquer outro fato da natureza e, portanto, da mesma forma que os animais são estudados (...). A psicologia científica assemelha-se, pois, às ciências naturais que são mecanicistas, materialistas, deterministas e objetivas (FREIRE, 1997, p. 108). FIQUE LIGADO! Neste vídeo é apresentado o experimento de Pavlov mencio- nado no texto. Vale a pena assistir! Acesse o link abaixo: O cão de Pavlov 50</p>