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<p>14</p><p>UNIVERSIDADE PAULISTA</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>ANGELICA DOS SANTOS JORGE</p><p>A INCLUSÃO DE ALUNOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>SERRA – ES</p><p>2022</p><p>ANGELICA DOS SANTOS JORGE</p><p>A INCLUSÃO DE ALUNOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade Doctum de Pedagogia como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura Plena em Pedagogia.</p><p>SERRA – ES</p><p>2022</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>O presente estudo tem como tema “A Inclusão de Alunos com Autismo na Educação Infantil”. A escolha desse tema foi embasada no fator de que todos aqueles que não se encaixavam nos modelos de normalidade pontuados pela sociedade de cada época eram submetidos aos atos mais perversos e cruéis, sofrendo o estigma da discriminação e da exclusão.</p><p>A exclusão e a discriminação decorrentes do descaso do Poder Público e da falta de envolvimento de diversas áreas da sociedade. No entanto para se chega aos direitos conquistados a caminhada foi longo, muitos obstáculos no percurso, principalmente para o autismo.</p><p>O autismo para que hoje estivessem intrinsecamente relacionados ao desenvolvimento da história, os debates que envolvem a sua proteção e inclusão são bem recentes, e ainda mais contemporâneas as discussões envolvendo a execução de Políticas públicas que concedem o efetivo da cidadania. Um tema de relevância para pessoas com transtorno do aspecto autista e para os familiares é a efetivação das Políticas públicas. Para atender todas as necessidades que o autismo implica, as famílias que dependem de forma significativa a existência de Políticas públicas efetiva e eficientes, as quais servirão de importantes ferramentas para a realização do exercício da cidadania.</p><p>No Brasil embora tenha avançado de maneira significativamente e sendo conhecido como referência em direitos de proteção e inclusão das pessoas com deficiência, nos últimos anos, o poder Público demonstra-se uma necessidade em avançar cada vez mais.</p><p>Nesse contexto o Poder Judiciário, procura através de ações judiciais postulando a disponibilizando de vagas nas escolas, contratação de profissionais capacitados, fornecimentos de medicamentos, acesso a um tratamento multidisciplinar, entre outros serviços essenciais.</p><p>A educação é uma das maiores ferramentas para ajudar um aluno autista em seu desenvolvimento, mas é necessário ressaltar que portadores de autismo podem apresentar inúmeras peculiaridades, níveis de comprometimento mental e características únicas, apesar de conhecermos os padrões mais comuns. Autistas podem apresentar resistência ao aprendizado e a tudo que se mostra como novo em suas respectivas rotinas, com comportamentos restritos e rígidos. Pontua se, que costumam ter interesses peculiares, fixações específicas e por vezes resistência em qualquer estímulo que quebre suas rotinas, cabendo portando ao educador o estímulo e trabalho adequado.</p><p>No Brasil os autistas têm seus direitos assegurados na Lei 12.764/12 que determina que a pessoa com transtorno do aspecto autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. A proposta surgiu de sugestão da Associação em Defesa do Autista (Adefa), transformada em projeto da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).</p><p>Portanto os autistas são considerados como deficientes para todos o efeitos legais e contam com a proteção do Tratado Internacional das Pessoas com Deficiência, que possui status de emenda constitucional e na Lei Brasileira da Inclusão. O Direito Brasileiro utiliza do CID10 e do CIF para a classificação das deficiências.</p><p>Entretanto o CID10 é a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (Internacional Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems – ICD) e fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas par ferimento ou doenças (BRASIL, 2014).</p><p>2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA</p><p>A história da educação de pessoas com deficiência apresenta um quadro de total exclusão. Esses indivíduos eram institucionalizados e viviam longe do convívio social geral, passando por períodos em que eram separados em escolas ou classes especiais estabelecidas de acordo com as características de suas deficiências, entendendo que sua participação em ambientes comuns só seria possível mediante um processo de normalização.</p><p>O autismo também é conhecido como um transtorno que se manifesta por um alheamento da criança ou jovem acerca do seu mundo exterior, encontrando centrado em si mesmo, e as vezes com suas relações afetivas comprometidas com o meio.</p><p>O autismo manifesta-se por déficits nas áreas de interação social, comunicação e comportamento- cada vez mais o autismo ocupa a visibilidade que tanto necessita no processo de inserção na educação regular, porém, ainda se faz necessário um olhar atento ao validar a qualidade do ensino, pois muitos professores ainda se mostram despreparados ao se depararem com o nome, e na adequação de seus respectivos trabalhos para os vários cenários que se apresenta, ao longo de suas jornadas profissionais.</p><p>Partindo desse pressuposto de inclusão, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é conceituado pela Associação Americana de Psiquiatria – APA (2013) como um transtorno do neuro desenvolvimento. Destaca-se que o termo autista foi utilizado pela primeira vez em 1911, pelo psiquiatra Suíço Eugen Bleuler que procurava em suas pesquisas características que descreve a esquizofrenia. Assim em 1943 a denominação do autismo toma uma maior proporção, Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): por meio do psiquiatra Leo Kanner, que em suas primeiras pesquisas já abordava característica do autismo de forma relevante (CUNHA, 2015).</p><p>Sendo importante ressaltar características peculiares da criança com TEA: “[...] o TEA é definido como um distúrbio do desenvolvimento neurológico que deve estar presente desde a infância, apresentando déficit nas dimensões sócio comunicativa e comportamental” (SCHMIDT, 2013, p.13).</p><p>Sabe-se que essas dimensões são inseparáveis. As definições utilizada pela APA (2013) apud Zanon et al (2014) vão de encontro com as concepções já mencionadas. [...] as manifestações comportamentais que definem o TEA incluem comprometimentos qualitativos no desenvolvimento sócio comunicativo, bem como a presença de comportamentos estereotipados e de um repertório restrito de interesses e atividades, sendo que os sintomas nessas áreas, quando tomados conjuntamente, devem limitar ou dificultar o funcionamento diário do indivíduo (APA, 2013 apud ZANON et l, 2014, p.25).</p><p>Com essa realidade dos déficits de comunicação, interação social e comportamental do autista o sujeito com TEA pode estar em diferentes níveis. Dialogando com Cunha (2015, p.23) pode-se compreender que “o uso atual da nomenclatura Transtorno do Espectro Autista possibilita a abrangência de distintos níveis do transtorno, classificando-os de leve, moderado e severo”. Assim, não se pode homogeneizar o sujeito com autismo, considerando que são sujeitos diversos, com níveis de intelectualidade diferentes. É viável o conhecimento mais sucinto das características desse Transtorno.</p><p>Mediante essa compreensão sobre o Transtorno do Espectro do Autismo, se faz imprescindível conhecer a Leis que permitem que essas pessoas sejam acolhidas pela sociedade. Logo não há fórmulas para a inclusão de pessoas no âmbito profissional, escolar e familiar, mas é de suma importância aceitar as heterogeneidades dos sujeitos. Entretanto é possível evidenciar aspectos que rompem barreiras e levam à inclusão. Se baseando na Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, na Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001), a lei nº 13.146/15, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com</p><p>Deficiência e a lei de amparo à pessoa com autismo, a lei nº 12.764/12, esta, por sinal, considerada uma das mais importantes para o Brasil nesse enfoque da inclusão da pessoa com TEA. Retomando alguns acontecimentos importantes para a educação especial e inclusiva, Miranda (2008) nos relata que no Brasil, o atendimento a pessoas com deficiência teve inicio na época do império, com a criação de duas instituições, “Instituto dos Meninos Cegos” (hoje “Instituto Benjamin Constant”) e do “Instituto dos Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES”), instituições criadas por volta da década de 1850, tornando um marco para o atendimento de pessoas com deficiência no Brasil. Todavia, evidenciamos.</p><p>A Lei nº 12.764, aprovada no Congresso Nacional, sancionada pela Presidenta Dilma e publicada no dia 28/12/2012 - Lei Berenice Piana, representa um avanço nesta trajetória de luta por direitos. Durante a sua tramitação, sob a forma de Projeto de Lei no Congresso Nacional, incorporou contribuições relevantes da sociedade e dos congressistas, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal.</p><p>A sanção de uma Lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo significa o compromisso do país na execução de um conjunto de ações, nos três níveis de governo, necessário à integralidade das atenções a estas pessoas. A Lei ora sancionada, ao tempo em que protege, elimina toda e qualquer forma de discriminação, reafirmando todos os direitos de cidadania deste público alvo.</p><p>O mencionado marco legal é importante para viabilizar, direitos a um diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento; acesso á educação; à proteção social (benefícios, cuidados e moradia); ao trabalho e à provisões adequadas de serviços que lhes propiciem a igualdade de oportunidades.</p><p>A lei nº 12.764/2012 representa significativo avanço em termos sociais ao equiparar os direitos das pessoas com TEA e com deficiência, reafirmando conceitos e concepções presentes na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), ratificada pelo Brasil como emenda à Constituição Federal. Com a adoção de importante medida, o país amplia o seu sistema de proteção social e cuidados na perspectiva de superação de barreiras que impedem a autonomia e a participação social das pessoas com autismo e suas famílias ao mesmo tempo que impõe ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano VIVER SEM LIMITE (2012-2014, envolvendo 17 Ministérios) ajustes e ampliação nas suas ofertas para atenderem as pessoas com autismo.</p><p>Por tratar-se de um fenômeno complexo, de causa ainda desconhecida e de abrangência biopsicossocial, o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro do Autismo carece de avanços em pesquisas e estudos sobre a origem, desenvolvimento e prognóstico das pessoas afetadas. É sabido, porém que o desenvolvimento dos autistas variam de pessoa para pessoa, mas que ele pode ser fortemente determinado pelas condições sociais vivenciadas pelas famílias. Nesse contexto, a lei nº 12.764/2012 visa atender as principais reivindicações das famílias com relação ao acesso às informações de qualidade, serviços especializados e acessíveis, apoio aos cuidadores familiares e garantia de direitos de cidadania.</p><p>Atento À NOVA LEI e as medidas necessárias ao acesso das pessoas com autismo à saúde, educação e assistência social, o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde (MS), produziu documento técnico intitulado, diretrizes de atenção à habilitação reabilitação das pessoas com transtorno do espectro do autismo no SUS. Este documento traz importante avanço na sua concepção ao reafirmar o direito universal de acesso à saúde dessas pessoas e indicar a importância de ações interserais e articuladas com a Educação e Assistência Social.</p><p>Os documentos intitulados “Diretrizes de Atenção à Reabilitação de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” (BRASIL, 2014) e “Linha de Cuidado para a Atenção às Pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo e suas Famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2015). Forma produzida em um contexto histórico-político em diferenças muito significativas marcavam os posicionamentos dos integrantes do campo de atenção psicossocial em relação aos do campo de reabilitação e das associações de familiares de autistas. Essas diferenças que, de certa forma, sempre existiram, foram evidenciadas quando o debate sobre a organização de redes de cuidado foi adquirindo maior envergadura no SUS, resultado da robustez da base normativa da saúde mental – depois da Lei nº 10.216 e realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, ambos em 2001, e do avanço de diretrizes e ações do campo da reabilitação, representado pela área da saúde da pessoa com deficiência. Frente aos dissensos, foram empreendidas estratégias de aproximação, pelo Ministério da Saúde (MS), na tentativa de fazer avançar a criação de vias de diálogo entre a saúde mental e a reabilitação.</p><p>A INCLUSÃO DOS ALUNOS AUTISTAS</p><p>A inclusão de alunos na Educação Infantil é importante pois ajuda no desenvolvimento da linguagem, das competências, habilidades motoras, cognitivas e emocionais. Os indivíduos com necessidades especiais quanto mais respeitados em suas diferenças mais avançam na interação com os outros alunos. A inclusão de crianças com Transtornos do Espectro Autista (TEA), matriculados regularmente nas escolas brasileiras. As escolas são organizadas na medida do possível para atender os alunos com Necessidades Especiais, pra além do autismo, ou seja, todos os tipos de Transtornos do Desenvolvimento.</p><p>A LDBEN, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, traz esta concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo, ao contrário, impõe a necessidade implementar às práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola. “A criança cujo desenvolvimento está complicado por um defeito não é simplesmente menos desenvolvida que seus pares normais, mas se desenvolve de outro modo” (VYGOTSKY, 1997, p. 12).</p><p>O TRABALHO PEDAGÓGICO JUNTO AO ALUNO AUTISTAS</p><p>Para que haja um melhor aproveitamento do desenvolvimento dos alunos autistas, tornam-se indispensáveis alguns serviços e aparatos que a rede pública de ensino oferece a esta categoria de indivíduos. O autismo é considerado como um transtorno em detrimento ao mesmo englobar a síndrome de Asperger e abarcar diversas dificuldades do desenvolvimento humano, recebendo assim o termo TEA – Transtorno do Espectro Autista.</p><p>Nos dias atuais, vive-se uma época em que todos os ambientes devem trabalhar com a inclusão, principalmente no ambiente escolar, pois é no mesmo, que o indivíduo é preparado para viver em sociedade. A inclusão é muito mais que o inserir, é mais do que o simples fato de matricular na escola. A inclusão para realmente fazer jus à palavra dita, precisa acompanhar uma preparação tanto do próprio professor quanto da escola, que é de grande importância para o desenvolvimento da criança, pois não é o indivíduo autista como aqui é estudado que deve adaptar-se ao ambiente, mas sim o ambiente que deve ser adaptado e receber a educação inclusiva, pois já, há leis que determinam esta afirmação.</p><p>A inclusão escolar é assunto de suma importância e que sempre será discutido, debatido e estudado, porém, não devemos nos limitar apenas em incluir as pessoas com deficiência nas aulas, deve-se buscar em todos os sentidos a integração e a socialização dos mesmos (BRASIL, 1988).</p><p>O educador segue a evolução social e cultural de sua comunidade e do mundo e deve utilizar todas as ferramentas e ideias disponíveis para aprender e ensinar, para tornar sua sala de aula o lugar</p><p>mais encantador, quer a escolar do encantamento, na qual todos se sintam incluídos.</p><p>Deve-se também refletir a questão dos obstáculos encontrados na Educação Inclusiva seja por falta de informação, preconceito e exclusão, tanto originados pelos agentes educacionais (professores), quanto por parte das próprias famílias.</p><p>É notória a mobilização da escola frente ao novo modelo escolar, que é a inclusão dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais nas salas de aula, de ensino regular. Tal mobilização, por sua vez, obriga a escola a refletir sobre princípios desse novo paradigma educacional, que vai desde a convivência com esses alunos em um mesmo espaço até uma mudança na organização de todo o trabalho pedagógico da escola.</p><p>Segundo Sacristán (1995) A prática pedagógica inclusiva deverá se constituir pela junção do conhecimento adquirido pelo professor ao longo de sua trajetória e da disponibilidade em buscar novas formas de fazer considerando a diversidade dos alunos e as suas características individuais. As mudanças educativas, entendidas como uma transformação ao nível das ideias e das práticas, não são repentinas nem lineares. A prática educativa não começa do zero: quem quiser modificá-la tem de apanhar o processo “em andamento”. A inovação não é mais do que uma correção de trajetória.</p><p>A ideia de educação inclusiva impulsionou mudanças significativas na educação em âmbito internacional, fundamentou a elaboração da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva (Brasil, 2008) e orientou a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, registrando uma evolução sem precedentes no acesso de pessoas com deficiência à escola comum.</p><p>A partir da Política de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva, verifica-se a quebra da hegemonia do modelo de segregação absoluto nas normas educacionais. Os documentos legais e as ações institucionais subsequentes reforçaram a perspectiva inclusiva e, cada vez mais fortaleceram o novo rumo da modalidade de educação especial, que passa a ser responsável pela organização e oferta de atendimento educacional especializado (AEE), apoiando assim a inclusão escolar do seu público-alvo.</p><p>No Brasil, o caráter de Educação Inclusiva foi implementado pela Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394/96, na qual se afirma que: “[...] todas as crianças devem ser acolhidas pela escola, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais.” Bueno (2001) esclarece que o termo necessidades educativas especiais não se restringe apenas a pessoas com deficiência, mas também a toda parcela da população que vem sendo historicamente excluída da escola e da sociedade.</p><p>Partindo desse pressuposto de inclusão, as escolas deveriam ser espaços democráticos, atendendo todos os alunos, independentemente de suas diferenças. Porém sabemos que, para que esta realidade seja possível, seria necessária uma nova postura da escola, que precisaria refletir o projeto pedagógico, o currículo, a metodologia de ensino, as formas de avaliação e atitude dos educadores.</p><p>O professor especializado em educação especial, segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) deve, entre outras atribuições, apoiar o professor da classe comum. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva:</p><p>O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiam, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. (BRASIL, 2007, p. 16).</p><p>Sabe-se que nos dias atuais, a pessoa com deficiência não é mais vista como incapaz pela educação. Atualmente, os deficientes conquistaram os seus direitos e um deles é o de acesso e permanência na escola regular de ensino.</p><p>É um grande desafio para os professores o processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, pois cabe a eles construírem novas propostas de ensino, atuar com um olhar diferente em sala de aula, sendo o agente facilitador do processo de ensino aprendizagem. Muitas vezes os professores apresentam resistência quando o assunto é mudança, causando certo desconforto.</p><p>Quanto mais conhecemos determinados fato ou assunto, mais nos sentimos seguros diante dele. O novo gera insegurança e instabilidade, exigindo reorganização, mudança. É comum sermos resistentes ao que nos desestabiliza. Sem dúvida, as ideias inclusivas causaram muita desestabilidade e resistência (MINETTO, 2008, p.17).</p><p>A educação especial se encontra inserida nos diferentes níveis da educação infantil, series iniciais, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. O atendimento especializado deve abranger desde a educação infantil, na faixa de zero a seis anos, estendendo-se em todo o fluxo de escolarização.</p><p>Sabe-se que o desenvolvimento de um aluno com necessidades educacionais especiais ocorre de acordo com as especificidades e características de seu organismo, então, quem sabe, o primeiro passo, não seria o de adaptar o currículo escolar de forma condizente com as características e especificidades dos alunos com deficiência.</p><p>O trabalho de colaboração não se destina apenas a favorecer aos alunos com deficiência, mas beneficia a todos os alunos. A aprendizagem ocorre quando existem colaboração e interação positiva entre aluno e professor. Assim fica mais fácil o professor oferecer oportunidades para desenvolver as potencialidades de seus alunos, favorecendo uma eficiente adaptação e ação sobre o aprender.</p><p>Para a promoção da educação inclusiva é necessário que todos os alunos tenham a mesma oportunidade de acesso, permanência e aproveitamento na escola, isto independente de qualquer característica específica que o educando possua. Sendo detectadas as deficiências, os educandos necessitam do apoio técnico, acessibilidade e contato com recursos pedagógicos que auxiliem no desenvolvimento das atividades de forma que aprendam, cada um há seu tempo, as tarefas que são comuns aos demais alunos da classe.</p><p>Ao falarmos de inclusão, estamos propondo uma educação para todos. Nesse sentido a educação, inclusiva não permite que se rotule um aluno com algum tipo de deficiência ou um suposto problema, considerado muitas vezes por educadores, gestores e outros sujeitos envolvidos no processo educativo apresentam iminentes desafios à capacidade de cada professor e da escola de oferecer uma educação para todos. Embora muitas vozes se levantem contra a educação inclusiva, afirmando que ela não existe e que ainda não se efetivou consideravelmente, as inúmeras experiências de inclusão de alunos com algum tipo de deficiência em classes regulares de ensino demonstram que todos ganham com a presença desses alunos na escola.</p><p>A riqueza da diversidade presente da sala de aula deve servir de estímulo para cada professor rever sua prática docente e começar a discernir sobre as possíveis contribuições que essa diversidade, aparentemente estranha, acrescenta em sua formação humana, pessoal e profissional.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BATISTA, C. R., BOSA, C. e cols. Autismo e Educação: reflexões e proposta de intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2002.</p><p>BRAGIN, J.. Antecedente da educação de autistas no Brasil: teorias políticas e suas influências nas práticas pedagógicas em centros de atendimento educacional especializado.</p><p>Disponível em; http://www.fermentario.fhuce.edu.uy/index.php/fermentario/article/vie.</p><p>Acesso em: 3 de nov.de 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, volume: 1 e 2.1998.</p><p>BRASIL. Senado Federal. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.</p><p>BRASIL, Ministério da Educação. DIRETRIZES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL– MEC; SEESP, 2001.</p><p>CUNHA, Eugenio. AUTISMO E INCLUSÃO: PSICOPEDAGOGIA PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ESCOLA E NA FAMÍLIA. 6 ed. 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Autismo e inclusão: psicopedagogia práticas educativas na escola e na família.5ª ed. RJ: Wak Ed., 2014.</p><p>DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre os Princípios, Políticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Espanha, 10 junho, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Acesso em: 18 jan. 2022.</p><p>______ Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. 2011.</p><p>FÁVERO, E. A. G. Direito das pessoas com deficiência: garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004.</p><p>FONSECA, B. Mediação escolar e autismo: a prática pedagógica intermediada na sala de aula. RJ: Wak Editora, 2014.</p><p>GAUDERER, C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: Guia Prático para profissionais e pais. 2ª ed. Revista e ampliada, RJ: Ed. Revinter, 1997.</p><p>______ Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. 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