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<p>Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo</p><p>TJ-SP</p><p>Escrevente Técnico Judiciário</p><p>NV-019MA-24-TJ-SP-ESCREVENTE</p><p>Cód.: 7908428808211</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos</p><p>pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,</p><p>por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da</p><p>editora Nova Concursos.</p><p>Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso</p><p>de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site</p><p>www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e</p><p>Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações.</p><p>Dúvidas</p><p>www.novaconcursos.com.br/contato</p><p>sac@novaconcursos.com.br</p><p>Obra</p><p>TJ-SP – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo</p><p>Escrevente Técnico Judiciário</p><p>Autores</p><p>LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro, Monalisa Costa e Paloma</p><p>Leite</p><p>DIREITO PENAL • Renato Philippini</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL • Ana Philippini e Renato Philippini</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Eriksen Almerão, Fernanda Ambros, Juliana Ataídes, Nairo Lopes e</p><p>Renato Philippini</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini, Leandro Campos e Samara Kich</p><p>DIREITO ADMINISTRATIVO • Aline Costa e Fernando Zantedeschi</p><p>NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA • Márcio Ferreira Neves</p><p>CONHECIMENTOS GERAIS • Ana Philippini</p><p>MATEMÁTICA • Edson Júnior e Kairton Batista (Prof. Kaká)</p><p>INFORMÁTICA • Fernando Nishimura</p><p>RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof. Kaká) e Rafael Cardoso</p><p>ATUALIDADES (ON-LINE) • Heitor Ferreira</p><p>Edição: Maio/2024</p><p>ISBN: 978-65-5451-344-9</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>PIRATARIA</p><p>É CRIME!</p><p>Todos os direitos autorais deste material são reservados e</p><p>protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial</p><p>ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por</p><p>escrito da Nova Concursos.</p><p>Pirataria é crime e está prevista no art. 184 do Código Penal,</p><p>com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento</p><p>de multa. Já aquele que compra o produto pirateado</p><p>sabendo desta qualidade pratica o delito de receptação, punido</p><p>com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).</p><p>Não seja prejudicado com essa prática.</p><p>Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Um bom planejamento é determinante para a sua preparação</p><p>de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-</p><p>sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro foi</p><p>organizado de acordo com o Edital nº 001/2024 para o cargo de</p><p>Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de</p><p>São Paulo – TJ-SP</p><p>O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,</p><p>facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-</p><p>pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em</p><p>uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-</p><p>dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando</p><p>necessário, de uma maneira didática para que você realmente</p><p>consiga aprender e otimizar os seus estudos.</p><p>Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica –</p><p>com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados nas</p><p>provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gabaritados</p><p>da banca VUNESP, organizadora responsável pelo certame.</p><p>A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência</p><p>de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-</p><p>sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas</p><p>aulas que você encontra em nossos Cursos Online –, o que será</p><p>um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-</p><p>do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público.</p><p>Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-</p><p>dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-</p><p>sa plataforma: Conteúdo de Atualidades disponível em PDF para</p><p>download.</p><p>Agora é com você!</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>CONTEÚDO ON-LINE</p><p>Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-</p><p>line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta</p><p>deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.</p><p>CONTEÚDO COMPLEMENTAR:</p><p>• Atualidades – disponível em PDF para download.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>SUMÁRIO</p><p>LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11</p><p>ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS,</p><p>NÃO VERBAIS, LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS ............................................................................ 11</p><p>INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS .................................................................................11</p><p>PONTO DE VISTA DO AUTOR ............................................................................................................ 14</p><p>ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS DE COESÃO .................... 14</p><p>SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS ......................................................................... 19</p><p>SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES ..................................................... 19</p><p>SINÔNIMOS .......................................................................................................................................................19</p><p>ANTÔNIMOS .....................................................................................................................................................19</p><p>CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE</p><p>ESTABELECEM ................................................................................................................................... 21</p><p>ARTIGO ..............................................................................................................................................................21</p><p>NUMERAL ..........................................................................................................................................................21</p><p>SUBSTANTIVO ..................................................................................................................................................21</p><p>ADJETIVO ..........................................................................................................................................................23</p><p>ADVÉRBIO .........................................................................................................................................................25</p><p>PRONOME .........................................................................................................................................................28</p><p>Colocação Pronominal ....................................................................................................................................</p><p>ao texto de maneira subjetiva, afetiva e</p><p>poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase</p><p>à expressividade da mensagem de maneira que ela</p><p>possa provocar sentimentos ou diferentes sensações</p><p>no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-</p><p>sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios</p><p>publicitários e outros.</p><p>Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.</p><p>Você mora no meu coração.</p><p>SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE</p><p>PALAVRAS E EXPRESSÕES</p><p>Quando escolhemos determinadas palavras ou</p><p>expressões dentro de um conjunto de possibilidades</p><p>de uso, estamos levando em conta o contexto que</p><p>influencia e permite o estabelecimento de diferentes</p><p>relações de sentido. Essas relações podem se dar por</p><p>meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-</p><p>mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.</p><p>Importante!</p><p>Léxico: conjunto de todas as palavras e expres-</p><p>sões de um idioma.</p><p>Vocabulário: conjunto de palavras e expressões</p><p>que cada falante seleciona do léxico para se</p><p>comunicar.</p><p>SINÔNIMOS</p><p>São palavras ou expressões que, empregadas em</p><p>um determinado contexto, têm significados seme-</p><p>lhantes. É importante entender que a identidade dos</p><p>sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos</p><p>uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,</p><p>o que pode não acontecer em outras situações. O</p><p>uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por</p><p>exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-</p><p>lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade</p><p>de suas significações é diferente.</p><p>O emprego dos sinônimos é um importante recur-</p><p>so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia</p><p>revela, além do domínio do vocabulário do falante, a</p><p>capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-</p><p>vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura</p><p>do texto.</p><p>ANTÔNIMOS</p><p>São palavras ou expressões que, empregadas em</p><p>um determinado contexto, têm significados opostos.</p><p>As relações de antonímia podem ser estabelecidas em</p><p>gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-</p><p>dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é</p><p>casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:</p><p>Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.</p><p>A relação de sentido estabelecida na tirinha é</p><p>construída a partir dos sentidos opostos das palavras</p><p>“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-</p><p>se contexto.</p><p>HOMONÍMIA</p><p>Homônimos são palavras que têm a mesma pro-</p><p>núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-</p><p>rentes. É importante estar atento a essas palavras e a</p><p>seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-</p><p>nimos importantes:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>20</p><p>acender (colocar fogo) ascender (subir)</p><p>acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)</p><p>acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)</p><p>apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)</p><p>bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)</p><p>bucho (estômago) buxo (arbusto)</p><p>caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)</p><p>cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)</p><p>cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar;</p><p>arreio)</p><p>censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)</p><p>céptico (descrente) séptico (que causa infecção)</p><p>cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)</p><p>cerrar (fechar) serrar (cortar)</p><p>cervo (veado) servo (criado)</p><p>chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)</p><p>cheque (ordem de</p><p>pagamento)</p><p>xeque (lance no jogo de</p><p>xadrez)</p><p>círio (vela) sírio (natural da Síria)</p><p>cito (forma do verbo citar) sito (situado)</p><p>concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)</p><p>concerto (sessão musical) conserto (reparo)</p><p>coser (costurar) cozer (cozinhar)</p><p>esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em</p><p>público)</p><p>espectador (aquele que</p><p>assiste)</p><p>expectador (aquele que tem</p><p>esperança, que espera)</p><p>esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)</p><p>espiar (observar) expiar (pagar pena)</p><p>espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)</p><p>estático (imóvel) extático (admirado)</p><p>esterno (osso do peito) externo (exterior)</p><p>estrato (camada) extrato (o que se extrai de</p><p>algo)</p><p>estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)</p><p>incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)</p><p>incipiente (principiante) insipiente (ignorante)</p><p>laço (nó) lasso (frouxo)</p><p>ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)</p><p>tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)</p><p>tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)</p><p>Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.</p><p>Acesso em: 17 out. 2020.</p><p>PARÔNIMOS</p><p>Parônimos são palavras que apresentam sentido</p><p>diferente e forma semelhante, conforme demonstra-</p><p>mos nos exemplos a seguir:</p><p>Absorver/Absolver</p><p>� Tentaremos absorver toda esta água com</p><p>esponjas (sorver).</p><p>� Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis</p><p>de seus pecados (inocentar).</p><p>Aferir/Auferir</p><p>� Realizaremos uma prova para aferir seus</p><p>conhecimentos (avaliar, cotejar).</p><p>� O empresário consegue sempre auferir lucros</p><p>em seus investimentos (obter).</p><p>Cavaleiro/Cavalheiro</p><p>� Todos os cavaleiros que integravam a cavala-</p><p>ria do rei participaram na batalha (homem que</p><p>anda de cavalo).</p><p>� Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre</p><p>sempre as portas para eu passar (homem edu-</p><p>cado e cortês).</p><p>Cumprimento/comprimento</p><p>� O comprimento do tecido que eu comprei é de</p><p>3,50 metros (tamanho, grandeza).</p><p>� Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).</p><p>Delatar/dilatar</p><p>� Um dos alunos da turma delatou o colega que</p><p>chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).</p><p>� Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-</p><p>do seu estômago (alargar, estender).</p><p>Dirigente/diligente</p><p>� O dirigente da empresa não quis prestar decla-</p><p>rações sobre o funcionamento da mesma (pes-</p><p>soa que dirige, gere).</p><p>� Minha funcionária é diligente na realização de</p><p>suas funções (expedito, aplicado).</p><p>Discriminar/descriminar</p><p>� Ela se sentiu discriminada por não poder</p><p>entrar naquele clube (diferenciar, segregar).</p><p>� Em muitos países se discute sobre descrimi-</p><p>nar o uso de algumas drogas (descriminalizar,</p><p>inocentar).</p><p>Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acesso</p><p>em: 17 out. 2020.</p><p>POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)</p><p>Multiplicidade de sentidos encontrados em algu-</p><p>mas palavras, dependendo do contexto. As palavras</p><p>polissêmicas guardam uma relação de sentido entre</p><p>si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-</p><p>semia é encontrada no exemplo a seguir:</p><p>Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020.</p><p>HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO</p><p>Relação estabelecida entre termos que guardam</p><p>relação de sentido entre si e mantêm uma ordem gra-</p><p>dativa. Exemplo: hiperônimo – veículo; hipônimos –</p><p>carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>21</p><p>CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO</p><p>E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS</p><p>RELAÇÕES QUE ESTABELECEM</p><p>A palavra morfologia refere-se ao estudo das for-</p><p>mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam-</p><p>bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos</p><p>e suas funções.</p><p>Analogamente, para compreender bem as funções</p><p>de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,</p><p>precisamos conhecer como essa forma se classifica e</p><p>como se organiza.</p><p>Por isso, em língua portuguesa, estudamos as for-</p><p>mas das palavras na morfologia, que organiza as classes</p><p>das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos</p><p>detalhadamente cada uma delas e também veremos um</p><p>“bônus” para seus estudos: as palavras denotativas,</p><p>atualmente, muito cobradas por bancas exigentes.</p><p>ARTIGO</p><p>Os artigos devem concordar em gênero e número</p><p>com os substantivos. São, por isso, considerados deter-</p><p>minantes dos substantivos.</p><p>Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-</p><p>gos indefinidos.</p><p>Os definidos funcionam como deter-</p><p>minantes objetivos, individualizando a palavra, já os</p><p>indefinidos funcionam como determinantes imprecisos.</p><p>O artigo definido — o — e o artigo indefinido —</p><p>um — variam em gênero e número, tornando-se “os,</p><p>a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os</p><p>indefinidos. Assim, temos:</p><p>z Artigos definidos: o, os; a, as;</p><p>z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.</p><p>Os artigos podem ser combinados às preposições.</p><p>São as chamadas contrações. Algumas contrações</p><p>comuns na língua são:</p><p>z em + a = na;</p><p>z a + o = ao;</p><p>z a + a = à;</p><p>z de + a = da.</p><p>Lembre-se: toda palavra determinada por um arti-</p><p>go torna-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cui-</p><p>dar etc.</p><p>NUMERAL</p><p>São palavras que se relacionam diretamente ao</p><p>substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-</p><p>ção. Os numerais podem ser:</p><p>z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois</p><p>potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os</p><p>meninos eram bons em português;</p><p>z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma</p><p>série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-</p><p>gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;</p><p>z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo</p><p>qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:</p><p>Ele ganha o triplo no novo emprego;</p><p>z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi-</p><p>nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou</p><p>um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele</p><p>recebeu metade do pagamento.</p><p>Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,</p><p>isto é, designam um conjunto, porém expressam uma</p><p>quantidade exata de seres/conceitos. Veja:</p><p>Dúzia: conjunto de doze unidades;</p><p>Novena: período de nove dias;</p><p>Década: período de dez anos;</p><p>Século: período de cem anos;</p><p>Bimestre: período de dois meses.</p><p>Um: Numeral ou Artigo?</p><p>A forma um pode assumir na língua a função de</p><p>artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como</p><p>podemos reconhecer cada função? É preciso observar</p><p>o contexto em uso. Observe:</p><p>z Durante a votação, houve um deputado que se</p><p>posicionou contra o projeto;</p><p>z Durante a votação, apenas um deputado se posi-</p><p>cionou contra o projeto.</p><p>Na primeira frase, podemos substituir o termo um</p><p>por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e</p><p>o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-</p><p>der é que a espécie do indivíduo que se posicionou</p><p>contra o projeto é um deputado e não uma deputada,</p><p>por exemplo.</p><p>Já na segunda oração, a alteração do gênero não</p><p>implicaria em mudanças no sentido, pois o que se</p><p>pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por um</p><p>deputado, marcando a quantidade.</p><p>Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos</p><p>atentos com a aparição das expressões adverbiais, o</p><p>que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.</p><p>Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a</p><p>seguir:</p><p>z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante</p><p>destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-</p><p>cordância com palavras femininas é inaceitável</p><p>pela gramática.</p><p>Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.</p><p>Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.</p><p>z A forma 14 por extenso apresenta duas formas</p><p>aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.</p><p>SUBSTANTIVO</p><p>Os substantivos classificam os seres em geral. Uma</p><p>característica básica dessa classe é admitir um deter-</p><p>minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-</p><p>xionam-se em gênero, número e grau.</p><p>Tipos de Substantivos</p><p>A classificação dos substantivos admite nove tipos</p><p>diferentes. São eles:</p><p>z Simples: formados a partir de um único radical.</p><p>Ex.: vento, escola;</p><p>z Compostos: formados pelo processo de justaposi-</p><p>ção. Ex.: couve-flor, aguardente;</p><p>z Primitivos: possibilitam a formação de um novo</p><p>substantivo. Ex.: pedra, dente;</p><p>z Derivados: são formados a partir de substantivos</p><p>primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), dentista (dente),</p><p>florista (flor);</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>22</p><p>z Concretos: designam seres com independência</p><p>ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-</p><p>pendentemente de sua conotação espiritual ou</p><p>real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;</p><p>z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qua-</p><p>lidade. Os substantivos abstratos existem apenas</p><p>em função de outros seres. A feiura, por exemplo,</p><p>depende de uma pessoa, um substantivo concreto</p><p>a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-</p><p>gem, liberalismo, feiura;</p><p>z Comuns: designam todos os seres de uma espécie.</p><p>Ex.: homem, cidade;</p><p>z Próprios: designam uma determinada espécie.</p><p>Ex.: Pedro, Fortaleza;</p><p>z Coletivos: usados no singular, designam um conjun-</p><p>to de uma mesma espécie. Ex.: pinacoteca, manada.</p><p>É importante destacar que a classificação de um</p><p>substantivo depende do contexto em que ele está inse-</p><p>rido. Vejamos:</p><p>Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma</p><p>pessoa = Próprio);</p><p>O amigo mostrou-se um judas (judas significando</p><p>traidor = comum).</p><p>Flexão de Gênero</p><p>Os gêneros do substantivo são masculino e feminino.</p><p>Porém, alguns deles admitem apenas uma forma</p><p>para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni-</p><p>formes. Os substantivos uniformes podem ser:</p><p>z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-</p><p>nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o</p><p>pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente</p><p>/ a cliente; o líder / a líder;</p><p>z Epicenos: designam geralmente animais que apre-</p><p>sentam distinção entre masculino e feminino, mas</p><p>a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho</p><p>ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça</p><p>macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;</p><p>girafa macho / girafa fêmea;</p><p>z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e</p><p>não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-</p><p>ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:</p><p>a criança; o monstro; a testemunha; o indivíduo.</p><p>Já os substantivos biformes designam os substan-</p><p>tivos que apresentam duas formas para os gêneros</p><p>masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.</p><p>Destacamos que alguns substantivos apresentam</p><p>formas diferentes nas terminações para designar for-</p><p>mas diferentes no masculino e no feminino:</p><p>Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré.</p><p>Outros substantivos modificam o radical para</p><p>designar formas diferentes no masculino e no femini-</p><p>no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:</p><p>Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora.</p><p>Gênero e Significação</p><p>Alguns substantivos uniformes podem aparecer</p><p>com marcação de gênero diferente, ocasionando uma</p><p>modificação no sentido. Veja, por exemplo:</p><p>z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;</p><p>z O testemunho: relato de experiência, associado a</p><p>religiões.</p><p>Algumas formas substantivas mantêm o radical e</p><p>a pequena alteração no gênero do artigo interfere no</p><p>significado:</p><p>z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;</p><p>z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;</p><p>z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.</p><p>Além disso, algumas palavras na língua causam</p><p>dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-</p><p>das em contextos informais com gêneros diferentes.</p><p>Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;</p><p>a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-</p><p>fonema; o trema.</p><p>Algumas formas que não apresentam, necessaria-</p><p>mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no</p><p>masculino quanto no feminino: o personagem / a per-</p><p>sonagem; o laringe / a laringe; o xerox / a xerox.</p><p>Flexão de Número</p><p>Os substantivos flexionam-se em número, de</p><p>maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:</p><p>casa / casas.</p><p>Porém, podem apresentar outras terminações:</p><p>males, reais, animais, projéteis etc.</p><p>Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular</p><p>das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;</p><p>paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,</p><p>terminada em L e que tem como plural “males”.</p><p>Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem</p><p>plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / corais;</p><p>papel</p><p>/ papéis; anzol / anzóis.</p><p>Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma</p><p>mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles</p><p>e méis.</p><p>Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem</p><p>plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.</p><p>Ex.: capelães, capitães, escrivães.</p><p>Contudo, há substantivos que admitem até três</p><p>formas de plural, como os seguintes:</p><p>z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;</p><p>z Ancião: anciãos, anciões, anciães;</p><p>z Vilão: vilãos, vilões, vilães.</p><p>Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas</p><p>que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /</p><p>órgãos; órfão / órfãos.</p><p>Plural dos Substantivos Compostos</p><p>Os substantivos compostos são aqueles formados</p><p>por justaposição. O plural dessas formas obedece às</p><p>seguintes regras:</p><p>z Variam os dois elementos:</p><p>Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mestres -salas;</p><p>Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-</p><p>das -noturnos;</p><p>Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;</p><p>Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças -feiras.</p><p>z Varia apenas um elemento:</p><p>Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:</p><p>canas-de-açúcar;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>23</p><p>Substantivo + substantivo com função adjetiva.</p><p>Ex.: navios-escola.</p><p>Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:</p><p>abaixo-assinados.</p><p>Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.</p><p>Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.</p><p>Destacamos, ainda, que os substantivos compostos</p><p>formados por</p><p>verbo + advérbio</p><p>verbo + substantivo plural</p><p>ficam invariáveis. Ex.: os bota-fora; os saca-rolha.</p><p>Variação de Grau</p><p>A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-</p><p>ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou</p><p>uma diminuição.</p><p>z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos</p><p>aos substantivos indicar um aumento de tamanho.</p><p>Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,</p><p>fogaréu, boqueirão, poetastro;</p><p>z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do aumen-</p><p>tativo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.</p><p>Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,</p><p>pequenina, papelucho.</p><p>Dica</p><p>O emprego do grau aumentativo ou diminutivo</p><p>dos substantivos pode alterar o sentido das pala-</p><p>vras, podendo assumir um valor:</p><p>Afetivo: filhinha / mãezona;</p><p>Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.</p><p>O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas</p><p>O novo acordo ortográfico estabelece novas regras</p><p>para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da</p><p>inicial maiúscula.</p><p>Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as</p><p>iniciais das palavras que designam:</p><p>z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais</p><p>ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela;</p><p>z Nomes de cidades, países, estados, continentes</p><p>etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,</p><p>Ceará, Nárnia, Londres;</p><p>z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia</p><p>das Crianças;</p><p>z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-</p><p>xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,</p><p>Gabinete da Vice-Presidência, Organização das</p><p>Nações Unidas;</p><p>z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás</p><p>Cubas. Caso a obra apresente em seu título um</p><p>nome próprio, como no exemplo dado, este tam-</p><p>bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;</p><p>z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei</p><p>de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);</p><p>z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da</p><p>Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;</p><p>z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:</p><p>Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,</p><p>Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-</p><p>fados com maiúsculas apenas quando utilizados</p><p>indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer</p><p>o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indicando</p><p>uma direção, devem ser escritos com minúsculas.</p><p>Ex.: Correu a América de norte a sul;</p><p>z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,</p><p>Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).</p><p>Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar</p><p>pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são</p><p>aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e</p><p>vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma</p><p>forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos</p><p>por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-</p><p>las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.</p><p>ADJETIVO</p><p>Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-</p><p>tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos</p><p>podem indicar:</p><p>z Qualidade: professor chato;</p><p>z Estado: aluno triste;</p><p>z Aspecto, aparência: estrada esburacada.</p><p>Locuções Adjetivas</p><p>As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos</p><p>adjetivos, indicando as mesmas características deles.</p><p>Elas são formadas por preposição + substantivo,</p><p>referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-</p><p>tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.</p><p>A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-</p><p>vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu</p><p>estudo:</p><p>z voo de águia / aquilino;</p><p>z poder de aluno / discente;</p><p>z conselho de professores / docente;</p><p>z cor de chumbo / plúmbea;</p><p>z luz da lua / lunar;</p><p>z sangue de baço / esplênico;</p><p>z nervo do intestino / celíaco ou entérico;</p><p>z noite de inverno / hibernal ou invernal.</p><p>É importante destacar que, mais do que “decorar”</p><p>formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-</p><p>damental reconhecer as principais características de</p><p>uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e</p><p>apresentar valor de posse.</p><p>Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;</p><p>A abertura de conta pode ser realizada on-line.</p><p>Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-</p><p>sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-</p><p>bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante</p><p>perceber que a locução adjetiva apresenta valor de</p><p>posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para</p><p>ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da</p><p>porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-</p><p>zando o substantivo “abertura”.</p><p>Já na segunda frase, a locução destacada é adver-</p><p>bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-</p><p>ta”, o que indica o valor de passividade da locução,</p><p>demonstrando seu caráter adverbial.</p><p>As locuções adjetivas também desempenham fun-</p><p>ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,</p><p>numerais e orações substantivas.</p><p>Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.</p><p>Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>24</p><p>Já as locuções adverbiais desempenham função de</p><p>advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e</p><p>orações adjetivas com esses valores.</p><p>Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.</p><p>Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.</p><p>Adjetivo de Relação</p><p>No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer</p><p>o aspecto morfológico designado como “adjetivo de</p><p>relação”, muito cobrado por bancas de concursos.</p><p>Para identificar um adjetivo de relação, observe as</p><p>seguintes características:</p><p>z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-</p><p>sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino</p><p>bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-</p><p>jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos</p><p>de quem o descreve;</p><p>z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de</p><p>relação sempre são posicionados após o substanti-</p><p>vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;</p><p>z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-</p><p>tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal</p><p>— pai; mundial — mundo;</p><p>z Não admitem variação de grau: os graus com-</p><p>parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:</p><p>Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco</p><p>mundial”.</p><p>Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-</p><p>te americano (não é subjetivo; posicionado após o</p><p>substantivo; derivado de substantivo; não existe a</p><p>forma variada</p><p>em grau “americaníssimo”); platafor-</p><p>ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;</p><p>roteiro carnavalesco.</p><p>Variação de Grau</p><p>O adjetivo pode variar em dois graus: compara-</p><p>tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas</p><p>respectivas categorias.</p><p>z Grau comparativo: exprime a característica de</p><p>um ser, comparando-o com outro da mesma classe</p><p>nos seguintes sentidos:</p><p>� Igualdade: compara elementos colocando-os</p><p>em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto</p><p>quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos</p><p>quanto simplórios;</p><p>� Superioridade: compara, evidenciando um</p><p>elemento como superior ao outro. Mais do que,</p><p>melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente</p><p>do que o dinheiro;</p><p>� Inferioridade: compara, evidenciando um ele-</p><p>mento como inferior ao outro. Menos do que,</p><p>pior do que. Ex.: Homens são menos engajados</p><p>do que mulheres.</p><p>z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-</p><p>vo, é importante considerar que o valor semântico</p><p>desse grau apresenta variações, podendo indicar:</p><p>� Característica de um ser elevada ao último</p><p>grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-</p><p>tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-</p><p>ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).</p><p>Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo</p><p>absoluto analítico).</p><p>O candidato é humílimo (Superlativo absoluto</p><p>sintético);</p><p>� Característica de um ser relacionada com</p><p>outros indivíduos da mesma classe: superla-</p><p>tivo relativo, que pode ser de superioridade (o</p><p>mais) ou de inferioridade (o menos).</p><p>Ex.: O candidato é o mais humilde dos concor-</p><p>rentes? (Superlativo relativo de superioridade).</p><p>O candidato é o menos preparado entre os con-</p><p>correntes à prefeitura (Superlativo relativo de</p><p>inferioridade).</p><p>Importante! Ao compararmos duas qualidades de</p><p>um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica</p><p>(mais alta, mais magra, mais bonito etc.).</p><p>Ex.: A modelo é mais alta que magra.</p><p>Porém, se uma mesma característica referir-se</p><p>a seres diferentes, empregamos a forma sintética</p><p>(melhor, pior, menor etc.).</p><p>Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.</p><p>Formação dos Adjetivos</p><p>Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,</p><p>simples ou compostos.</p><p>z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras</p><p>palavras. A partir deles, é possível formar novos</p><p>termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;</p><p>z Derivados: são palavras que derivam de verbos</p><p>ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-</p><p>rengo etc.;</p><p>z Simples: apresentam um único radical. Ex.: portu-</p><p>guês, escuro, honesto etc.;</p><p>z Compostos: formados a partir da união de dois ou</p><p>mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,</p><p>amarelo-ouro etc.</p><p>Lembre-se: o plural dos adjetivos simples é reali-</p><p>zado da mesma forma que o plural dos substantivos.</p><p>Plural dos Adjetivos Compostos</p><p>O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-</p><p>tes regras:</p><p>z Invariável:</p><p>� os adjetivos compostos azul-marinho, azul-ce-</p><p>leste, azul-ferrete;</p><p>� locuções formadas de cor + de + substantivo,</p><p>como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;</p><p>� adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-</p><p>quesa, camisas amarelo-ouro.</p><p>z Varia o último elemento:</p><p>� primeiro elemento é palavra invariável, como</p><p>em mal-educados, recém-formados;</p><p>� adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla-</p><p>ros, cabelos castanho-escuros.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>25</p><p>Adjetivos Pátrios</p><p>Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres</p><p>e objetos.</p><p>O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,</p><p>fluminense, cearense.</p><p>z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para</p><p>designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-</p><p>lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos</p><p>em nosso país.</p><p>Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:</p><p>ADVÉRBIO</p><p>Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os</p><p>advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.</p><p>As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar as</p><p>funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso.</p><p>Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir</p><p>delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.</p><p>Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:</p><p>z Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>26</p><p>z Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.;</p><p>z Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.;</p><p>z Tempo: jamais, nunca, agora etc.;</p><p>z Modo: assim, depressa, devagar etc.</p><p>Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,</p><p>essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-</p><p>priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?</p><p>As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou</p><p>orações adverbiais.</p><p>Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:</p><p>z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);</p><p>z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).</p><p>Locuções Adverbiais</p><p>Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um</p><p>verbo, adjetivo ou advérbio.</p><p>A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são</p><p>formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:</p><p>z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);</p><p>z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);</p><p>z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.</p><p>As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-</p><p>biais apresentam um valor passivo.</p><p>Ex.: Ameaça de colapso.</p><p>Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-</p><p>temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:</p><p>Ex.: Colapso foi ameaçado.</p><p>Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é adverbial.</p><p>Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado</p><p>não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:</p><p>Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz</p><p>passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por</p><p>isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.</p><p>Lembre-se:</p><p>Locuções adverbiais apresentam valor passivo.</p><p>Locuções adjetivas apresentam valor de posse.</p><p>Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-</p><p>volver seu aprendizado para que não seja preciso</p><p>gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.</p><p>Lembre-se: o sentido está no texto.</p><p>Advérbios Interrogativos</p><p>Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa</p><p>confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,</p><p>modo ou causa.</p><p>Ex.: Como foi a prova?</p><p>Quando será a prova?</p><p>Onde será realizada a prova?</p><p>Por que a prova não foi realizada?</p><p>De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-</p><p>tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.</p><p>Grau do Advérbio</p><p>Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.</p><p>Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>27</p><p>GRAU</p><p>COMPARATIVO</p><p>NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE</p><p>Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem</p><p>Mal Pior (mais mal*) - Tão mal</p><p>Muito Mais - -</p><p>Pouco Menos - -</p><p>Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.</p><p>GRAU</p><p>SUPERLATIVO</p><p>NORMAL ABSOLUTO</p><p>SINTÉTICO</p><p>ABSOLUTO</p><p>ANALÍTICO RELATIVO</p><p>Bem Otimamente Muito bem Inferioridade</p><p>-</p><p>Mal Pessimamente Muito mal Superioridade</p><p>-</p><p>Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais</p><p>Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o</p><p>menos</p><p>Advérbios e Adjetivos</p><p>O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-</p><p>dindo-se com o advérbio.</p><p>Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;</p><p>caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.</p><p>Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.</p><p>Os homens responderam felizes às esposas.</p><p>Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.</p><p>Agora, acompanhe o seguinte exemplo:</p><p>Ex.: A cerveja que desce redondo.</p><p>As cervejas que descem redondo.</p><p>Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.</p><p>Palavras Denotativas</p><p>São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas</p><p>não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.</p><p>Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é</p><p>isso que as bancas de concurso cobram.</p><p>z Eis: sentido de designação;</p><p>z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;</p><p>z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;</p><p>z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;</p><p>z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.</p><p>Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma</p><p>ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo</p><p>sintático ou semântico à frase.</p><p>Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.</p><p>Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.</p><p>Algumas Observações Interessantes</p><p>z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,</p><p>em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado</p><p>na reunião de ontem);</p><p>z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-</p><p>nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>28</p><p>PRONOME</p><p>Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos</p><p>pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-</p><p>dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.</p><p>Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-</p><p>ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,</p><p>contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.</p><p>Pronomes Pessoais</p><p>Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações</p><p>sobre eles:</p><p>PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO</p><p>1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo</p><p>2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo</p><p>3ª pessoa do singular Ele/Ela Se, si, consigo</p><p>o, a, lhe</p><p>1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco</p><p>2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco</p><p>3ª pessoa do plural Eles/Elas Se, si, consigo</p><p>os, as, lhes</p><p>Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.</p><p>Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.</p><p>Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.</p><p>Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.</p><p>z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o</p><p>sobre todas as questões;</p><p>z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — complementados por pre-</p><p>posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).</p><p>Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.</p><p>Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes</p><p>“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.</p><p>Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:</p><p>z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);</p><p>z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);</p><p>z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).</p><p>Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,</p><p>o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde</p><p>que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.</p><p>Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.</p><p>Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.</p><p>Ex.: Entre mim e ele não há segredos.</p><p>Pronomes de Tratamento</p><p>Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-</p><p>mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:</p><p>z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-</p><p>nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.</p><p>Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;</p><p>z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).</p><p>Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.</p><p>Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas</p><p>usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.</p><p>Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam</p><p>reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>29</p><p>Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de</p><p>tratamento, seguidos de</p><p>sua abreviatura e das funções</p><p>sociais que designam:</p><p>z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu-</p><p>ques e seus respectivos femininos;</p><p>z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais;</p><p>z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-</p><p>no e das Forças Armadas membros do alto escalão;</p><p>z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus</p><p>respectivos femininos;</p><p>z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes;</p><p>z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra-</p><p>duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento</p><p>cerimonioso a comerciantes importantes;</p><p>z Vossa Santidade (V. S.): papa;</p><p>z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev-</p><p>ma.): bispos.</p><p>Os exemplos apresentados fazem referência a pro-</p><p>nomes de tratamento e suas respectivas designações</p><p>sociais conforme indica o Manual de Redação oficial</p><p>da Presidência da República. Portanto, essas designa-</p><p>ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-</p><p>ro textual abordado for um gênero oficial.</p><p>Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:</p><p>z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra-</p><p>tamento é importante destacar que o plural de</p><p>algumas abreviaturas é feito com letras dobradas,</p><p>como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na</p><p>maioria das abreviaturas terminadas com a letra</p><p>a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V.</p><p>Exas.; V. Ema. / V.Emas.;</p><p>z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-</p><p>tíssimo Juiz;</p><p>z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-</p><p>blica nunca deve ser abreviado.</p><p>Pronomes Indefinidos</p><p>Os pronomes indefinidos indicam quantidade de</p><p>maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes-</p><p>soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar</p><p>e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:</p><p>PRONOMES INDEFINIDOS1</p><p>Variáveis Invariáveis</p><p>Algum, alguma, alguns, algumas Alguém</p><p>Nenhum, nenhuma, nenhuns,</p><p>nenhumas Ninguém</p><p>Todo, toda, todos, todas Quem</p><p>Outro, outra, outros, outras Outrem</p><p>Muito, muita, muitos, muitas Algo</p><p>Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo</p><p>Certo, certa, certos, certas Nada</p><p>Vários, várias Cada</p><p>Quanto, quanta, quantos,</p><p>quantas Que</p><p>1 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-</p><p>quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020.</p><p>PRONOMES INDEFINIDOS1</p><p>Variáveis Invariáveis</p><p>Tanto, tanta, tantos, tantas -</p><p>Qualquer, quaisquer -</p><p>Qual, quais -</p><p>Um, uma, uns, umas -</p><p>As palavras certo e bastante serão pronomes</p><p>indefinidos quando vierem antes do substantivo, e</p><p>serão adjetivos quando vierem depois.</p><p>Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome</p><p>indefinido).</p><p>Busco o modelo de carro certo (adjetivo).</p><p>A palavra bastante frequentemente gera dúvida</p><p>quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-</p><p>do. Por isso, atente-se ao seguinte:</p><p>z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-</p><p>te ao termo “muito”.</p><p>Ex.: Elas são bastante famosas;</p><p>z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente</p><p>ao termo “suficiente”.</p><p>Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para</p><p>a festa;</p><p>z Bastante (pronome indefinido): concorda com</p><p>o substantivo, indicando grande, porém incerta,</p><p>quantidade de algo.</p><p>Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.</p><p>Pronomes Demonstrativos</p><p>Os pronomes demonstrativos indicam a posição e</p><p>apontam elementos a que se referem as pessoas do dis-</p><p>curso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por</p><p>eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.</p><p>z 1ª pessoa: este, estes / esta, estas;</p><p>z 2ª pessoa: esse, esses / essa, essas;</p><p>z 3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas;</p><p>z Invariáveis: isto, isso, aquilo.</p><p>Usamos este, esta, isto para indicar:</p><p>z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-</p><p>dade de algo ao falante.</p><p>Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto</p><p>como prova;</p><p>z Referência ao tempo presente.</p><p>Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,</p><p>pagarei a última prestação da casa;</p><p>z Referência ao espaço textual.</p><p>Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-</p><p>curava um presente para o marido (o pronome</p><p>refere-se ao último termo mencionado).</p><p>Este artigo científico pretende analisar... (o prono-</p><p>me “este” refere-se ao próprio texto).</p><p>Usamos esse, essa, isso para indicar:</p><p>z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-</p><p>mento de algo de quem fala.</p><p>Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>30</p><p>z Indicar distância que se deseja manter.</p><p>Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-</p><p>fia nesses políticos;</p><p>z Referência ao tempo passado.</p><p>Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias</p><p>estive em São Paulo;</p><p>z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.</p><p>Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter</p><p>falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-</p><p>sa expressão utilizada.</p><p>Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:</p><p>z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-</p><p>to de quem fala e de quem ouve.</p><p>Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?</p><p>z Referência a um tempo muito remoto, um passa-</p><p>do muito distante.</p><p>Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-</p><p>tas abertas. Bons tempos aqueles!</p><p>z Referência a um afastamento afetivo.</p><p>Ex.: Não conheço mais aquela mulher;</p><p>z Referência ao espaço textual, indicando o pri-</p><p>meiro termo de uma relação expositiva.</p><p>Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe-</p><p>riu beber chá; aquela, refrigerante.</p><p>Dica</p><p>O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-</p><p>ção demonstrativa referencial. Veja:</p><p>Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo</p><p>esqueceu de preencher o gabarito.</p><p>Correto: O candidato fez a prova, porém esque-</p><p>ceu de preencher o gabarito.</p><p>Pronomes Relativos</p><p>Uma das classes de pronomes mais complexas, os</p><p>pronomes relativos têm função muito importante na</p><p>língua, refletida em assuntos de grande relevância</p><p>em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,</p><p>é essencial conhecer adequadamente a função desses</p><p>elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.</p><p>Os pronomes relativos referem-se a um substantivo</p><p>ou a um pronome substantivo mencionado anterior-</p><p>mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-</p><p>nado anteriormente) chamamos de antecedente.</p><p>São pronomes relativos:</p><p>z Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quan-</p><p>to, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quanta,</p><p>quantas.</p><p>z Invariáveis: que, quem, onde, como.</p><p>z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-</p><p>ciado a pessoas, coisas ou objetos.</p><p>Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O</p><p>cachorro que estava doente morreu. A caneta que</p><p>emprestei nunca recebi de volta.</p><p>z Em alguns casos, há a omissão do antecedente do</p><p>relativo “que”.</p><p>Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).</p><p>z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve</p><p>ser uma pessoa ou objeto personificado.</p><p>Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.</p><p>z O pronome relativo quem pode fazer referência</p><p>a algo subentendido: quem cala consente (aquele</p><p>que cala).</p><p>z Emprego do relativo quanto: seu antecedente</p><p>deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-</p><p>vo; pode sofrer flexões.</p><p>Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.</p><p>Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.</p><p>z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado</p><p>para indicar posse e aparecer relacionando dois</p><p>termos que devem ser um possuidor e uma coisa</p><p>possuída.</p><p>Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portugue-</p><p>sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à</p><p>matéria (coisa possuída).</p><p>O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-</p><p>ro com a coisa possuída.</p><p>Jamais devemos inserir um artigo após o pronome</p><p>cujo: Cujo o, cuja a</p><p>Não podemos substituir cujo por outro pronome</p><p>relativo.</p><p>O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.</p><p>Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.</p><p>Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-</p><p>gunta: “de quem/do que?”</p><p>Ex.: Vi o filme cujo diretor</p><p>ganhou o Óscar (Diretor</p><p>do que? Do filme).</p><p>Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de</p><p>quem? Do rapaz).</p><p>z Emprego do pronome relativo onde: empregado</p><p>para indicar locais físicos.</p><p>Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.</p><p>z Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-</p><p>mindo as formas aonde e donde.</p><p>Ex.: Irei aonde você for.</p><p>z O relativo “onde” pode ser empregado sem</p><p>antecedente.</p><p>Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.</p><p>z Emprego de o qual: o pronome relativo “o qual”</p><p>e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-</p><p>do em substituição a outros pronomes relativos,</p><p>sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-</p><p>guísticos, como o “queísmo”.</p><p>Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-</p><p>guém se lembra.</p><p>O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão</p><p>textual, desfazendo estruturas ambíguas.</p><p>Pronomes Interrogativos</p><p>São utilizados para introduzir uma pergunta ao texto.</p><p>Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?</p><p>Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).</p><p>Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?</p><p>Quantos anos tem seu pai?</p><p>O ponto de interrogação só é usado nas interroga-</p><p>tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção</p><p>interrogativa, indicada por verbos como perguntar,</p><p>indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.</p><p>Atenção: os pronomes interrogativos que e quem</p><p>são pronomes substantivos, pois substituem os subs-</p><p>tantivos, dando fluidez à leitura.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>31</p><p>Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a</p><p>realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-</p><p>zação da atividade. O tempo estava instável)2.</p><p>Pronomes Possessivos</p><p>Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do</p><p>discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:</p><p>SINGULAR</p><p>1ª pessoa</p><p>2ª pessoa</p><p>3ª pessoa</p><p>Meu, minha / meus, minhas</p><p>Teu, tua / teus, tuas</p><p>Seu, sua / seus, suas</p><p>PLURAL</p><p>1ª pessoa</p><p>2ª pessoa</p><p>3ª pessoa</p><p>Nosso, nossa / nossos, nossas</p><p>Vosso, vossa / vossos, vossas</p><p>Seu, sua / seus, suas</p><p>Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,</p><p>a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo</p><p>a uma coisa.</p><p>Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o</p><p>pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação</p><p>do pronome é com o objeto da posse.</p><p>Outras funções dos pronomes possessivos:</p><p>z delimitam o substantivo a que se referem;</p><p>z concordam com o substantivo que vem depois dele;</p><p>z não concordam com o referente;</p><p>z o pronome possessivo que acompanha o substan-</p><p>tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.</p><p>Colocação Pronominal</p><p>Estudo da posição dos pronomes na oração.</p><p>z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.</p><p>Casos que atraem o pronome para próclise:</p><p>� Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:</p><p>Não me submeto a essas condições.</p><p>� Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-</p><p>tivos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel.</p><p>� Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se</p><p>apresente como um rico investidor, ele nada tem.</p><p>� Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.:</p><p>Em se tratando de futebol, Maradona foi um</p><p>ídolo.</p><p>� Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na</p><p>esperança de sermos ouvidos, muito lhe</p><p>agradecemos.</p><p>� Orações interrogativas, exclamativas, opta-</p><p>tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!</p><p>z Mesóclise: pronome posicionado no meio do ver-</p><p>bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:</p><p>� os pronomes devem ficar no meio dos verbos</p><p>que estejam conjugados no futuro, caso não</p><p>haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:</p><p>Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei</p><p>dos nossos estudantes.</p><p>z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos</p><p>que atraem o pronome para ênclise:</p><p>2 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30 jul. 2021.</p><p>� Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-</p><p>to honrada com esse título.</p><p>� Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por</p><p>favor.</p><p>� Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o</p><p>quanto sou importante.</p><p>Casos proibidos:</p><p>� Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /</p><p>Dá-me esse caderno! (certo).</p><p>� Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-</p><p>brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-</p><p>-se de nada (correto).</p><p>� Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato</p><p>(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).</p><p>VERBO</p><p>Certamente, a classe de palavras mais complexa e</p><p>importante dentre as palavras da língua portuguesa é</p><p>o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações</p><p>e os agentes desses atos, além de ser uma importante</p><p>classe sempre abordada nos editais de concursos; por</p><p>isso, atente-se às nossas dicas.</p><p>Os verbos são palavras variáveis que se flexionam</p><p>em número, pessoa, modo e tempo, além da designação</p><p>da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.</p><p>As flexões verbais são marcadas por desinências,</p><p>que podem ser:</p><p>z Número-pessoal: indicando se o verbo está no sin-</p><p>gular ou plural, bem como em qual pessoa verbal</p><p>foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);</p><p>z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo</p><p>verbais a ação foi realizada.</p><p>Iremos apresentar essas desinências a seguir.</p><p>Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-</p><p>-temporais, precisamos explicar o que são modo e</p><p>tempo verbais.</p><p>Modos</p><p>Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma</p><p>relação enunciada pelo verbo.</p><p>z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de</p><p>certeza.</p><p>Ex.: Estudei muito para ser aprovado.</p><p>z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude</p><p>de dúvida, desejo ou possibilidade.</p><p>Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.</p><p>z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,</p><p>convite, conselho, súplica ou pedido.</p><p>Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.</p><p>Tempos</p><p>O tempo designa o recorte temporal em que a ação</p><p>verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar</p><p>o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.</p><p>Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe</p><p>a seguir:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>32</p><p>z Presente:</p><p>Pode expressar não apenas um fato atual, como</p><p>também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias</p><p>no mesmo horário.</p><p>Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e</p><p>instala uma ditadura.</p><p>Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais!</p><p>(equivalente a estudarei).</p><p>z Passado:</p><p>� Pretérito perfeito: ação realizada plenamente</p><p>no passado.</p><p>Ex.: Estudei até ser aprovado.</p><p>� Pretérito imperfeito: ação inacabada, que</p><p>pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou</p><p>durativa.</p><p>Ex.: Estudava todos os dias.</p><p>� Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à</p><p>outra mais antiga.</p><p>Ex.: Quando notei (passado), a água já trans-</p><p>bordara (ação anterior) da banheira.</p><p>z Futuro:</p><p>� Futuro do presente: indica um fato que deve</p><p>ser realizado em um momento vindouro.</p><p>Ex.: Estudarei bastante ano que vem.</p><p>� Futuro do pretérito: expressa um fato poste-</p><p>rior em relação a outro fato já passado.</p><p>Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.</p><p>A partir dessas informações, podemos também</p><p>identificar os verbos conjugados nos tempos simples</p><p>e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples</p><p>são formados por uma única palavra, ou verbo, conju-</p><p>gado no presente, passado ou futuro.</p><p>Já os tempos compostos são formados por dois</p><p>verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o ver-</p><p>bo auxiliar é o único a sofrer flexões.</p><p>Agora, vamos conhecer as desinências modo-tempo-</p><p>rais dos tempos simples e compostos, respectivamente:</p><p>Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples</p><p>TEMPO MODO</p><p>INDICATIVO</p><p>MODO</p><p>SUBJUNTIVO</p><p>Presente *</p><p>-e (1ª conjuga-</p><p>ção) e -a (2ª e 3ª</p><p>conjugações)</p><p>Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa</p><p>do plural) *</p><p>Pretérito</p><p>imperfeito</p><p>-va</p><p>(1ª conjuga-</p><p>ção) -ia (2ª e 3ª</p><p>conjugações)</p><p>-sse</p><p>Pretérito mais-</p><p>-que-perfeito -ra *</p><p>Futuro -rá e -re -r</p><p>Futuro do</p><p>pretérito -ria *</p><p>*Nem todas as formas verbais apresentam desi-</p><p>nências modo-temporais.</p><p>Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos</p><p>(Indicativo)</p><p>z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter</p><p>(presente do indicativo) + verbo principal particípio.</p><p>Ex.: Tenho estudado.</p><p>z Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo</p><p>auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indicativo) +</p><p>verbo principal no particípio.</p><p>Ex.: Tinha passado.</p><p>z Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do</p><p>indicativo) + verbo principal no particípio.</p><p>Ex.: Terei saído.</p><p>z Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar:</p><p>ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal</p><p>no particípio.</p><p>Ex.: Teria estudado.</p><p>Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos</p><p>(Subjuntivo)</p><p>z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter</p><p>(presente do subjuntivo) + verbo principal particípio.</p><p>Ex.: (que eu) Tenha estudado.</p><p>z Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo</p><p>auxiliar: ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) +</p><p>verbo principal no particípio.</p><p>Ex.: (se eu) Tivesse estudado.</p><p>z Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro sim-</p><p>ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.</p><p>Ex.: (quando eu) Tiver estudado.</p><p>Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais</p><p>As formas nominais do verbo são as formas no</p><p>infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em</p><p>determinados contextos. São chamadas nominais pois</p><p>funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.</p><p>z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu</p><p>valor indica duração de uma ação e, por vezes,</p><p>pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.</p><p>Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se</p><p>compadeceu.</p><p>z Particípio: marcado pelas terminações mais</p><p>comuns -ado, -ido, podendo terminar também em</p><p>-do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente</p><p>ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em</p><p>número e gênero.</p><p>Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.</p><p>Quando cheguei, ela já tinha partido.</p><p>Ele tinha aberto a janela.</p><p>Ela tinha pago a conta.</p><p>z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação</p><p>do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-</p><p>nado. Pode ser pessoal ou impessoal:</p><p>� Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-</p><p>jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.</p><p>É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:</p><p>comer eu. Comermos nós. É para aprenderem</p><p>que ele ensina;</p><p>� Impessoal: não é passível de flexão. É o nome</p><p>do verbo, servindo para indicar apenas a con-</p><p>jugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer</p><p>— 2ª conjugação; partir — 3ª conjugação.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>33</p><p>O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou</p><p>orações reduzidas.</p><p>Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-</p><p>bos que funcionam como um verbo.</p><p>Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de</p><p>trabalhar para pagar as contas.</p><p>Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos</p><p>de encontrar uma solução.</p><p>Dica</p><p>Não confunda locuções verbais com tempos</p><p>compostos. O particípio formador de tempo</p><p>composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O</p><p>homem teria realizado sua missão.</p><p>Classificação dos Verbos</p><p>Os verbos são classificados quanto a sua forma</p><p>de conjugação e podem ser divididos em: regulares,</p><p>irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, prono-</p><p>minais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das</p><p>formas nominais. Vamos conhecer as particularida-</p><p>des de cada um a seguir:</p><p>z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis</p><p>de compreender, pois apresentam regularidade no</p><p>uso das desinências, ou seja, das terminações ver-</p><p>bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-</p><p>têm o paradigma morfológico com o radical, que</p><p>permanece inalterado. Ex.: verbo cantar:</p><p>PRESENTE</p><p>— INDICATIVO</p><p>PRETÉRITO PERFEITO</p><p>— INDICATIVO</p><p>Eu canto Cantei</p><p>Tu cantas Cantaste</p><p>Ele/ você canta Cantou</p><p>Nós cantamos Cantamos</p><p>Vós cantais Cantastes</p><p>Eles/ vocês cantam Cantaram</p><p>z Irregulares: os verbos irregulares apresentam</p><p>alteração no radical e nas desinências verbais.</p><p>Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação</p><p>ocorre irregularmente, seguindo um paradigma</p><p>próprio para cada grupo verbal.</p><p>Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na</p><p>conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-</p><p>plo. Isso é importante para não confundir os verbos irre-</p><p>gulares com os verbos anômalos. Ex.: verbo estar:</p><p>PRESENTE</p><p>— INDICATIVO</p><p>PRETÉRITO PERFEITO</p><p>— INDICATIVO</p><p>Eu estou Estive</p><p>Tu estás Estiveste</p><p>Ele/ você está Esteve</p><p>Nós estamos Estivemos</p><p>Vós estais Estivestes</p><p>Eles/ vocês estão Estiveram</p><p>z Anômalos: esses verbos apresentam profundas</p><p>alterações no radical e nas desinências verbais,</p><p>consideradas anomalias morfológicas; por isso,</p><p>recebem essa classificação. Um exemplo bem</p><p>usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na</p><p>língua portuguesa, apenas dois verbos são classifi-</p><p>cados dessa forma: os verbos ser e ir.</p><p>Vejamos a conjugação o verbo “ser”:</p><p>PRESENTE</p><p>— INDICATIVO</p><p>PRETÉRITO PERFEITO</p><p>— INDICATIVO</p><p>Eu sou Fui</p><p>Tu és Foste</p><p>Ele / você é Foi</p><p>Nós somos Fomos</p><p>Vós sois Fostes</p><p>Eles / vocês são Foram</p><p>Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-</p><p>tam uma forma específica de irregularidade que oca-</p><p>siona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são</p><p>classificados como anômalos.</p><p>z Abundantes: são formas verbais abundantes os ver-</p><p>bos que apresentam mais de uma forma de particí-</p><p>pio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente,</p><p>apresentam uma forma de particípio regular e outra</p><p>irregular. Vejamos alguns verbos abundantes:</p><p>INFINITIVO PARTICÍPIO</p><p>REGULAR</p><p>PARTICÍPIO</p><p>IRREGULAR</p><p>Absolver Absolvido Absolto</p><p>Abstrair Abstraído Abstrato</p><p>Aceitar Aceitado Aceito</p><p>Benzer Benzido Bento</p><p>Cobrir Cobrido Coberto</p><p>Completar Completado Completo</p><p>Confundir Confundido Confuso</p><p>Demitir Demitido Demisso</p><p>Despertar Despertado Desperto</p><p>Dispersar Dispersado Disperso</p><p>Eleger Elegido Eleito</p><p>Encher Enchido Cheio</p><p>Entregar Entregado Entregue</p><p>Morrer Morrido Morto</p><p>Expelir Expelido Expulso</p><p>Enxugar Enxugado Enxuto</p><p>Findar Findado Findo</p><p>Fritar Fritado Frito</p><p>Ganhar Ganhado Ganho</p><p>Gastar Gastado Gasto</p><p>Imprimir Imprimido Impresso</p><p>Inserir Inserido Inserto</p><p>Isentar Isentado Isento</p><p>Juntar Juntado Junto</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>34</p><p>INFINITIVO PARTICÍPIO</p><p>REGULAR</p><p>PARTICÍPIO</p><p>IRREGULAR</p><p>Limpar Limpado Limpo</p><p>Matar Matado Morto</p><p>Omitir Omitido Omisso</p><p>Pagar Pagado Pago</p><p>Prender Prendido Preso</p><p>Romper Rompido Roto</p><p>Salvar Salvado Salvo</p><p>Secar Secado Seco</p><p>Submergir Submergido Submerso</p><p>Suspender Suspendido Suspenso</p><p>Tingir Tingido Tinto</p><p>Torcer Torcido Torto</p><p>INFINITIVO PARTICÍPIO</p><p>REGULAR</p><p>PARTICÍPIO</p><p>IRREGULAR</p><p>Aceitar Eu já tinha aceitado</p><p>o convite O convite foi aceito</p><p>Entregar</p><p>Aviso quando</p><p>tiver entregado a</p><p>encomenda</p><p>Está entregue!</p><p>Morrer Havia morrido há</p><p>dias</p><p>Quando chegou,</p><p>encontrou o animal</p><p>morto</p><p>Expelir A bala foi expelida</p><p>por aquela arma</p><p>Esta é a bala</p><p>expulsa</p><p>Enxugar</p><p>Tinha enxugado a</p><p>louça quando o pro-</p><p>grama começou</p><p>A roupa está enxuta</p><p>Findar</p><p>Depois de ter fin-</p><p>dado o trabalho,</p><p>descansou</p><p>Trabalho findo!</p><p>Imprimir</p><p>Se tivesse imprimi-</p><p>do tínhamos como</p><p>provar</p><p>Onde está o docu-</p><p>mento impresso?</p><p>Limpar Eu tinha limpado a</p><p>casa Que casa tão limpa!</p><p>Omitir</p><p>Dados importantes</p><p>tinham sido omiti-</p><p>dos por ela</p><p>Informações esta-</p><p>vam omissas</p><p>Submergir</p><p>Após ter submer-</p><p>gido os legumes,</p><p>reparou no amigo</p><p>Deixe os legumes</p><p>submersos por</p><p>alguns minutos</p><p>Suspender Nunca tinha sus-</p><p>pendido ninguém</p><p>Você está</p><p>suspenso!</p><p>z Defectivos: são verbos que não apresentam</p><p>algu-</p><p>mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando</p><p>um “defeito” na conjugação (por isso, o nome).</p><p>Alguns exemplos de defectivos são os verbos colo-</p><p>rir, precaver, reaver etc.</p><p>Esses verbos não são conjugados na primeira pes-</p><p>soa do singular do presente do indicativo, bem como:</p><p>aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder,</p><p>fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-</p><p>rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.</p><p>Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-</p><p>nos temporais também apresentam essa característi-</p><p>ca, como latir, bramir, chover.</p><p>z Pronominais: esses verbos apresentam um prono-</p><p>me oblíquo átono integrando sua forma verbal. É</p><p>importante lembrar que esses pronomes não apre-</p><p>sentam função sintática. Predominantemente, os</p><p>verbos pronominas apresentam transitividade</p><p>indireta, ou seja, são VTI. Ex.: sentar-se.</p><p>PRESENTE</p><p>— INDICATIVO</p><p>PRETÉRITO PERFEITO</p><p>— INDICATIVO</p><p>Eu me sento Sentei-me</p><p>Tu te sentas Sentaste-te</p><p>Ele/ você se senta Sentou-se</p><p>Nós nos sentamos Sentamo-nos</p><p>Vós vos sentais Sentastes-vos</p><p>Eles/ vocês se sentam Sentaram-se</p><p>z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblí-</p><p>quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-</p><p>te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,</p><p>o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo</p><p>tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen-</p><p>tamos friamente;</p><p>z Impessoais: verbos que designam fenômenos da</p><p>natureza, como chover, trovejar, nevar etc.</p><p>� o verbo haver, com sentido de existir ou mar-</p><p>cando tempo decorrido, também será impes-</p><p>soal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas</p><p>vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso</p><p>público;</p><p>� os verbos ser e estar também são verbos</p><p>impessoais quando designam fenômeno climá-</p><p>tico ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tar-</p><p>de quando chegamos;</p><p>� o verbo ser para indicar hora, distância ou data</p><p>concorda com esses elementos;</p><p>� o verbo fazer também poderá ser impessoal,</p><p>quando indicar tempo decorrido ou tempo cli-</p><p>mático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui</p><p>faz muito calor;</p><p>� os verbos impessoais não apresentam sujei-</p><p>to; sintaticamente, classifica-se como sujeito</p><p>inexistente;</p><p>� o verbo ser será impessoal quando o espa-</p><p>ço sintático ocupado pelo sujeito não estiver</p><p>preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo para-</p><p>digma do verbo fazer, podendo ser impessoal,</p><p>também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que</p><p>não vejo Mariana”.</p><p>z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados</p><p>nas formas compostas dos verbos e também nas</p><p>locuções verbais. Os principais verbos auxiliares</p><p>dos tempos compostos são ter e haver.</p><p>Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a</p><p>concordância verbal; porém, o verbo principal deter-</p><p>mina a regência estabelecida na oração.</p><p>Apresentam forte carga semântica que indica</p><p>modo e aspecto da oração. São importantes na forma-</p><p>ção da voz passiva analítica.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>35</p><p>z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos</p><p>três formas nominais dos verbos:</p><p>� Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor</p><p>durativo da ação e equivale a um advérbio ou</p><p>adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando;</p><p>� Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,</p><p>-so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-</p><p>ficado em particípio regular e irregular, sendo</p><p>as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.</p><p>A norma culta gramatical recomenda o uso do par-</p><p>ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com</p><p>os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-</p><p>ticípio irregular.</p><p>Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /</p><p>Os traficantes foram expulsos pelos policiais.</p><p>� Infinitivo: marca as conjugações verbais.</p><p>AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (amar,</p><p>passear);</p><p>ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (comer,</p><p>pôr);</p><p>IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (partir,</p><p>sair).</p><p>Lembre-se: o verbo “pôr” corresponde à segunda</p><p>conjugação, pois origina-se do verbo “poer”.</p><p>O mesmo acontece com verbos que deste derivam.</p><p>Vozes Verbais</p><p>As vozes verbais definem o papel do sujeito na</p><p>oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação</p><p>verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:</p><p>z Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação verbal.</p><p>Ex.: O policial deteve os bandidos.</p><p>z Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação</p><p>verbal.</p><p>Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —</p><p>passiva analítica.</p><p>z Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.</p><p>z Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo</p><p>tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.</p><p>Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O</p><p>menino se agrediu;</p><p>z Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes-</p><p>mo tempo, porém há uma ação compartilhada</p><p>entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-</p><p>lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam</p><p>e sofrem a ação.</p><p>Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-</p><p>mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se</p><p>cumprimentaram.</p><p>A voz passiva é realizada a partir da troca de fun-</p><p>ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos</p><p>transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva</p><p>se o verbo da voz ativa for transitivo direto ou transi-</p><p>tivo direto e indireto. Logo, só é possível fazer a trans-</p><p>formação para a voz passiva se houver a presença do</p><p>objeto direto.</p><p>Importante! Não confunda os verbos pronomi-</p><p>nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais</p><p>que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-</p><p>xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um</p><p>pronome que faz parte integrante do seu significado,</p><p>diferentemente das vozes verbais, que acompanham</p><p>o pronome “se” com função sintática própria.</p><p>Outras Funções do “Se”</p><p>Como vimos, o “se” pode funcionar como item</p><p>essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-</p><p>mento também acumula outras atribuições:</p><p>z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética</p><p>é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran-</p><p>sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos</p><p>o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é</p><p>designado partícula apassivadora, nesse contexto.</p><p>Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) —</p><p>“Se” (partícula apassivadora).</p><p>O “se” exercerá essa função apenas:</p><p>� com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;</p><p>� com verbos que concordam com o sujeito;</p><p>� com a voz passiva sintética.</p><p>Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire-</p><p>to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.</p><p>z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun-</p><p>cionará nessa condição quando não for possível</p><p>identificar o sujeito explícito ou subentendido.</p><p>Além disso, não podemos confundir essa função</p><p>do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-</p><p>ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa</p><p>estar na voz ativa.</p><p>Outra importante característica do “se” como índi-</p><p>ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em</p><p>verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou</p><p>verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá</p><p>estar na 3ª pessoa do singular.</p><p>Ex.: Acredita-se em Deus.</p><p>z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-</p><p>xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-</p><p>procidade, auxiliando a construção dessas vozes</p><p>verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-</p><p>cipais características são:</p><p>� sujeito recebe e pratica a ação;</p><p>� funcionará, sintaticamente, como objeto direto</p><p>ou indireto;</p><p>� o sujeito da frase poderá estar explícito ou</p><p>implícito.</p><p>Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um</p><p>presente de aniversário (implícito).</p><p>z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se”</p><p>será parte integrante dos verbos pronominais,</p><p>acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-</p><p>do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-</p><p>ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá</p><p>estar explícito ou implícito.</p><p>Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha;</p><p>z Partícula</p><p>de realce: será partícula de realce o “se”</p><p>que puder ser retirado do contexto sem prejuízo</p><p>no sentido e na compreensão global do texto. A</p><p>partícula de realce não exerce função sintática,</p><p>pois é desnecessária.</p><p>Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>36</p><p>z Conjunção: o “se” será conjunção condicional</p><p>quando sugerir a ideia de condição. A conjunção</p><p>“se” exerce função de conjunção integrante, ape-</p><p>nas ligando as orações, e poderá ser substituído</p><p>pela conjunção “caso”.</p><p>Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-</p><p>dar, será aprovado).</p><p>Conjugação de Verbos Derivados</p><p>Verbo derivado é aquele que deriva de um ver-</p><p>bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses</p><p>verbos, é importante ter clara a conjugação de seus</p><p>“originários”.</p><p>Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-</p><p>mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos</p><p>relevantes em provas diversas:</p><p>z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;</p><p>z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;</p><p>z Ver: antever, rever, prever;</p><p>z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.</p><p>Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-</p><p>ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-</p><p>preensão dessas conjugações verbais.</p><p>O verbo criar é conjugado da mesma forma que os</p><p>verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais</p><p>que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-</p><p>ção são, predominantemente, regulares.</p><p>PRESENTE — INDICATIVO</p><p>Eu Crio</p><p>Tu Crias</p><p>Ele/Você Cria</p><p>Nós Criamos</p><p>Vós Criais</p><p>Eles/Vocês Criam</p><p>Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-</p><p>mente são irregulares e apresentam alguma modifi-</p><p>cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a</p><p>conjugação do verbo “passear”:</p><p>PRESENTE — INDICATIVO</p><p>Eu Passeio</p><p>Tu Passeias</p><p>Ele/Você Passeia</p><p>Nós Passeamos</p><p>Vós Passeais</p><p>Eles/Vocês Passeiam</p><p>Conjugação de Alguns Verbos</p><p>Vamos agora conhecer algumas conjugações de</p><p>verbos irregulares importantes, que sempre são obje-</p><p>to de questões em concursos.</p><p>Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:</p><p>3 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação. Exemplo:</p><p>a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que</p><p>completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.</p><p>PRESENTE — INDICATIVO</p><p>Eu Adiro</p><p>Tu Aderes</p><p>Ele/Você Adere</p><p>Nós Aderimos</p><p>Vós Aderis</p><p>Eles/Vocês Aderem</p><p>A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.</p><p>São conjugados da mesma forma os verbos dispor,</p><p>interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,</p><p>entrepor, supor.</p><p>PRESENTE — INDICATIVO</p><p>Eu Ponho</p><p>Tu Pões</p><p>Ele/Você Põe</p><p>Nós Pomos</p><p>Vós Pondes</p><p>Eles/Vocês Põem</p><p>PREPOSIÇÃO</p><p>Conceito</p><p>São palavras invariáveis que ligam orações ou</p><p>outras palavras. As preposições apresentam funções</p><p>importantes tanto no aspecto semântico quanto no</p><p>aspecto sintático, pois complementam o sentido de</p><p>verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado</p><p>sem a presença da preposição, modificando a transiti-</p><p>vidade verbal e colaborando para o preenchimento de</p><p>sentido de palavras deverbais3.</p><p>As preposições essenciais são: a, ante, até, após,</p><p>com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-</p><p>te, por, sem, sob, trás.</p><p>Existem, ainda, as preposições acidentais, assim</p><p>chamadas pois pertencem a outras classes grama-</p><p>ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-</p><p>posições. Eis algumas: afora, conforme (quando</p><p>equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,</p><p>exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto</p><p>(quando equivaler a “por causa de”).</p><p>Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-</p><p>plos de uso em diferentes situações:</p><p>“A”</p><p>z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;</p><p>z Conformidade: Escrever ao modo clássico;</p><p>z Destino (em correlação com a preposição de): De</p><p>Santos à Bahia;</p><p>z Meio: Voltarei a andar a cavalo;</p><p>z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;</p><p>z Direção: Levantar as mãos aos céus;</p><p>z Distância: Cair a poucos metros da namorada;</p><p>z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;</p><p>z Lugar: Ir a Santa Catarina;</p><p>z Modo: Falar aos gritos;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>37</p><p>z Sucessão: Dia a dia;</p><p>z Tempo: Nasci a três de maio;</p><p>z Proximidade: Estar à janela.</p><p>“Após”</p><p>z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;</p><p>z Tempo: Logo após o almoço descansamos.</p><p>“Com”</p><p>z Causa: Ficar pobre com a inflação;</p><p>z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;</p><p>z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-</p><p>nos para o futuro;</p><p>z Instrumento: Abrir a porta com a chave;</p><p>z Matéria: Vinho se faz com uva;</p><p>z Modo: Andar com elegância;</p><p>z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;</p><p>comigo sempre é assim.</p><p>“Contra”</p><p>z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;</p><p>z Direção: Olhar contra o sol;</p><p>z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho</p><p>contra o peito.</p><p>“De”</p><p>z Causa: Chorar de saudade;</p><p>z Assunto: Falar de religião;</p><p>z Matéria: Material feito de plástico;</p><p>z Conteúdo: Maço de cigarro;</p><p>z Origem: Você descende de família humilde;</p><p>z Posse: Este é o carro de João;</p><p>z Autoria: Esta música é de Chopin;</p><p>z Tempo: Ela dorme de dia;</p><p>z Lugar: Veio de São Paulo;</p><p>z Definição: Pessoa de coragem;</p><p>z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;</p><p>z Fim ou finalidade: Carro de passeio;</p><p>z Instrumento: Comer de garfo e faca;</p><p>z Meio: Viver de ilusões;</p><p>z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;</p><p>z Modo: Olhar alguém de frente;</p><p>z Preço: Caderno de 10 reais;</p><p>z Qualidade: Vender artigo de primeira;</p><p>z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa</p><p>corajosa.</p><p>“Desde”</p><p>z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;</p><p>z Tempo: Desde ontem ele não aparece.</p><p>“Em”</p><p>z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de</p><p>dólares;</p><p>z Meio: Pagou a dívida em cheque;</p><p>z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi</p><p>bom;</p><p>z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as</p><p>mãos em concha;</p><p>z Transformação ou alteração: Transformou dóla-</p><p>res em reais;</p><p>z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;</p><p>z Fim: Pedir em casamento;</p><p>z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;</p><p>z Modo: Escrever em francês;</p><p>z Sucessão: De grão em grão;</p><p>z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;</p><p>z Especialidade: João formou-se em Engenharia.</p><p>“Entre”</p><p>z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;</p><p>z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento;</p><p>z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve</p><p>discórdia.</p><p>“Para”</p><p>z Consequência: Você deve ser muito esperto para</p><p>não cair em armadilhas;</p><p>z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;</p><p>z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;</p><p>z Proporção: As baleias estão para os peixes assim</p><p>como nós estamos para as galinhas;</p><p>z Referência: Para mim, ela está mentindo;</p><p>z Tempo: Para o ano irei à praia;</p><p>z Destino ou direção: Olhe para frente!</p><p>“Perante”</p><p>z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.</p><p>“Por”</p><p>z Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio;</p><p>z Causa: Encontrar alguém por coincidência;</p><p>z Conformidade: Copiar por original;</p><p>z Favor: Lutar por seus ideais;</p><p>z Medida: Vendia banana por quilo;</p><p>z Meio: Ir por terra;</p><p>z Modo: Saber por alto o que ocorreu;</p><p>z Preço: Comprar um livro por vinte reais;</p><p>z Quantidade: Chocar por três vezes;</p><p>z Substituição: Comprar gato por lebre;</p><p>z Tempo: Viver por muitos anos.</p><p>“Sem”</p><p>z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem</p><p>dinheiro.</p><p>“Sob”</p><p>z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.</p><p>Pedro II;</p><p>z Lugar: Ficar sob o viaduto;</p><p>z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.</p><p>“Sobre”</p><p>z Assunto:</p><p>31</p><p>VERBO ...............................................................................................................................................................31</p><p>PREPOSIÇÃO ....................................................................................................................................................36</p><p>CONJUNÇÃO .....................................................................................................................................................39</p><p>CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ........................................................................................... 41</p><p>REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL ....................................................................................................... 44</p><p>CRASE ................................................................................................................................................. 46</p><p>PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 48</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>DIREITO PENAL ..................................................................................................................55</p><p>CÓDIGO PENAL - ARTIGOS 293 A 305; 307; 308; 311-A; 312 A 317; 319 A 333; 336 E 337;</p><p>339 A 347; 357 E 359 ......................................................................................................................... 55</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL ....................................................................................79</p><p>CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ....................................................................................................... 79</p><p>ARTS. 251 A 258 ..............................................................................................................................................79</p><p>ARTS. 261 A 267 ..............................................................................................................................................80</p><p>ART. 274 ............................................................................................................................................................81</p><p>ARTS. 351 A 372 ...............................................................................................................................................81</p><p>ARTS. 394 A 497 ...............................................................................................................................................86</p><p>ARTS. 531 A 538 ............................................................................................................................................108</p><p>ARTS. 541 A 548 ............................................................................................................................................110</p><p>ARTS. 574 A 667 ............................................................................................................................................111</p><p>LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 .................................................................................123</p><p>ARTS. 60 A 83 E ARTS. 88 E 89 .....................................................................................................................123</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL ....................................................................................137</p><p>CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: ARTS. 144 A 155, 188 A 275, 294 A 311, 318 A 538 E</p><p>994 A 1.026 .......................................................................................................................................137</p><p>ARTS. 144 A 155 .............................................................................................................................................137</p><p>ARTS. 188 A 275 .............................................................................................................................................140</p><p>ARTS. 318 A 538 .............................................................................................................................................167</p><p>ARTS. 994 A 1.026 ..........................................................................................................................................208</p><p>LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 (ARTS. 3º A 19) .....................................................221</p><p>LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009...............................................................................226</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................235</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...............................................................................................................235</p><p>TÍTULO II — CAPÍTULOS I, II E III ....................................................................................................................235</p><p>TÍTULO III — CAPÍTULO VII ............................................................................................................................264</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Seções I e II ....................................................................................................................................................264</p><p>ART. 92 .............................................................................................................................................................277</p><p>DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................283</p><p>ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO</p><p>(LEI Nº 10.261, DE 1968) — ARTIGOS 239 A 323 .........................................................................283</p><p>LEI FEDERAL Nº 8.429, DE 1992 (LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA) ............................297</p><p>NORMAS DA CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA ...................................... 317</p><p>NORMAS DA CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA.....................................................................317</p><p>TOMO I — CAPÍTULO II: SEÇÃO I — SUBSEÇÕES I E II ..................................................................................317</p><p>TOMO I — CAPÍTULO III: SEÇÕES I, II, V, VI, VII ............................................................................................320</p><p>TOMO I — CAPÍTULO III: SEÇÃO VIII — SUBSEÇÕES I, II E III .......................................................................328</p><p>TOMO I — CAPÍTULO III: SEÇÕES IX A XV, XVII A XIX ..................................................................................330</p><p>TOMO I — CAPÍTULO XI — SEÇÕES I, IV E V ..................................................................................................340</p><p>TOMO I — CAPÍTULO XI: SEÇÃO VI — SUBSEÇÕES I, III, V E XIII .................................................................343</p><p>CONHECIMENTOS GERAIS ........................................................................................347</p><p>LEI Nº 13.146, DE 2015 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ......................................347</p><p>ARTS. 1º A 13 ..................................................................................................................................................347</p><p>ARTS. 34 A 38 .................................................................................................................................................352</p><p>MATEMÁTICA ...................................................................................................................355</p><p>OPERAÇÕES</p><p>Não gosto de falar sobre política;</p><p>z Direção: Ir sobre o adversário;</p><p>z Lugar: Cair sobre o inimigo.</p><p>Locuções Prepositivas</p><p>São grupos de palavras que equivalem a uma</p><p>preposição.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>38</p><p>Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /</p><p>Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)</p><p>A locução prepositiva na segunda frase substitui</p><p>perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-</p><p>positivas sempre terminam em uma preposição (há</p><p>apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-</p><p>do concessivo “não obstante”).</p><p>Veja alguns exemplos:</p><p>z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-</p><p>ram logo;</p><p>z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito</p><p>de finanças;</p><p>z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu</p><p>nada grave;</p><p>z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,</p><p>a língua é indispensável para que possamos pen-</p><p>sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos;</p><p>z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,</p><p>não passei no exame;</p><p>z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito</p><p>para com os mais velhos;</p><p>z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa</p><p>um short.</p><p>Outros exemplos de locuções prepositivas: abai-</p><p>xo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de;</p><p>adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;</p><p>junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a</p><p>fim de; por meio de; em virtude de.</p><p>Importante!</p><p>Algumas locuções prepositivas apresentam seme-</p><p>lhanças morfológicas, mas significados completa-</p><p>mente diferentes. Observe estes exemplos4:</p><p>A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-</p><p>jamento inicial = Concordância.</p><p>As decisões do público foram de encontro à pro-</p><p>posta do programa = Discordância.</p><p>Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-</p><p>tas = Substituição.</p><p>Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =</p><p>Oposição.</p><p>Combinações e Contrações</p><p>As preposições podem se ligar a outras palavras de</p><p>outras classes gramaticais por meio de dois processos:</p><p>combinação e contração.</p><p>z Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu-</p><p>ma redução.</p><p>a + o = ao</p><p>a + os = aos</p><p>z Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução.</p><p>Veja a lista a seguir5, que apresenta as preposições</p><p>que se contraem e suas devidas formas:</p><p>z Preposição “a”:</p><p>� Com o artigo definido ou pronome demonstra-</p><p>tivo feminino:</p><p>4 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>5 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>a + a= à</p><p>a + as= às</p><p>� Com o pronome demonstrativo:</p><p>a + aquele = àquele</p><p>a + aqueles = àqueles</p><p>a + aquela = àquela</p><p>a + aquelas = àquelas</p><p>a + aquilo = àquilo</p><p>z Preposição “de”:</p><p>� Com artigo definido masculino e feminino:</p><p>de + o/os = do/dos</p><p>de + a/as = da/das</p><p>� Com artigo indefinido:</p><p>de + um= dum</p><p>de + uns = duns</p><p>de + uma = duma</p><p>de + umas = dumas</p><p>� Com pronome demonstrativo:</p><p>de + este(s)= deste, destes</p><p>de + esta(s)= desta, destas</p><p>de + isto= disto</p><p>de + esse(s) = desse, desses</p><p>de + essa(s)= dessa, dessas</p><p>de + isso = disso</p><p>de + aquele(s) = daquele, daqueles</p><p>de + aquela(s) = daquela, daquelas</p><p>de + aquilo= daquilo</p><p>� Com o pronome pessoal:</p><p>de + ele(s) = dele, deles</p><p>de + ela(s) = dela, delas</p><p>� Com o pronome indefinido:</p><p>de + outro(s)= doutro, doutros</p><p>de + outra(s) = doutra, doutras</p><p>� Com advérbio:</p><p>de + aqui= daqui</p><p>de + aí= daí</p><p>de + ali= dali</p><p>z Preposição “em”:</p><p>� Com artigo definido:</p><p>em + a(s)= na, nas</p><p>em + o(s)= no, nos</p><p>� Com pronome demonstrativo:</p><p>em + esse(s)= nesse, nesses</p><p>em + essa(s)= nessa, nessas</p><p>em + isso = nisso</p><p>em + este(s) = neste, nestes</p><p>em + esta(s) = nesta, nestas</p><p>em + isto = nisto</p><p>em + aquele(s) = naquele, naqueles</p><p>em + aquela(s) = naquelas</p><p>em + aquilo = naquilo</p><p>� Com pronome pessoal:</p><p>em + ele(s) = nele, neles</p><p>em + ela(s) = nela, nelas</p><p>z Preposição “per”:</p><p>� Com as formas antigas do artigo definido (lo,</p><p>la):</p><p>per + lo(s) = pelo, pelos</p><p>per + la(s) = pela, pelas</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>39</p><p>z Preposição “para” (pra):</p><p>� Com artigo definido:</p><p>para (pra) + o(s) = pro, pros</p><p>para (pra) + a(s)= pra, pras</p><p>Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por</p><p>Preposições</p><p>Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar</p><p>o que significa Semântica. Semântica é a área do</p><p>conhecimento que relaciona o significado da palavra</p><p>ao seu contexto.</p><p>É importante ressaltar que as preposições podem</p><p>apresentar valor relacional ou podem atribuir um</p><p>valor nocional.</p><p>As preposições que apresentam um valor rela-</p><p>cional cumprem uma relação sintática com verbos</p><p>ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados</p><p>deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma</p><p>relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-</p><p>bios, os quais também apresentarão função deverbal.</p><p>Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida</p><p>pela regência do verbo concordar).</p><p>Tenho medo da queda (preposição exigida pelo</p><p>complemento nominal).</p><p>Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-</p><p>gida pelo adjetivo).</p><p>Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo</p><p>advérbio).</p><p>Em todos esses casos, a preposição mantém uma</p><p>relação sintática com a classe de palavras a qual se</p><p>liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na</p><p>sentença.</p><p>De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-</p><p>nal é preponderante apresentam uma modificação</p><p>no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são</p><p>componentes obrigatórios na construção da senten-</p><p>ça, divergindo das preposições de valor relacional.</p><p>As preposições de valor nocional estabelecem uma</p><p>noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo</p><p>etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:</p><p>VALOR NOCIONAL DAS</p><p>PREPOSIÇÕES SENTIDO</p><p>Posse Carro de Marcelo</p><p>Lugar O cachorro está sob a</p><p>mesa</p><p>Modo Votar em branco / Chegar</p><p>aos gritos</p><p>Causa Preso por agressão</p><p>Assunto Falar sobre política</p><p>Origem Descende de família</p><p>simples</p><p>Destino Olhe para frente! / Iremos</p><p>a Paris</p><p>CONJUNÇÃO</p><p>Assim como as preposições, as conjunções também</p><p>são invariáveis e também auxiliam na organização</p><p>das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-</p><p>ções. Por manterem relação direta com a organização</p><p>das orações nas sentenças, as conjunções podem ser</p><p>coordenativas ou subordinativas.</p><p>Conjunções Coordenativas</p><p>As conjunções coordenativas são aquelas que</p><p>ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não</p><p>fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,</p><p>essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo</p><p>da oração. As conjunções coordenadas podem ser:</p><p>z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como,</p><p>não só, mas também, não apenas, como ainda,</p><p>senão (após não só).</p><p>Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.</p><p>O gato era o preferido, não só da filha, senão de</p><p>toda família.</p><p>z Adversativas: colocam informações em oposição,</p><p>contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-</p><p>tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).</p><p>Ex.: Não tenho um filho, mas dois.</p><p>A culpa não foi da população, senão dos vereado-</p><p>res (equivale a “mas sim”).</p><p>Importante! A conjunção “e” pode apresentar</p><p>valor adversativo, principalmente quando é antecedi-</p><p>da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho</p><p>não deixava.</p><p>z Alternativas: ligam orações com ideias que não</p><p>acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,</p><p>ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.</p><p>Ex.: Estude ou vá para a festa.</p><p>Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.</p><p>Importante! A palavra “senão” pode funcionar</p><p>como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-</p><p>marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).</p><p>z Explicativas: ligam orações, de forma</p><p>que em uma</p><p>delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque,</p><p>pois, (se vier no início da oração), porquanto.</p><p>Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a</p><p>enxada!</p><p>Viva bem, pois isso é o mais importante.</p><p>Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma</p><p>oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto saudades.</p><p>“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado</p><p>entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,</p><p>pois, a subir.</p><p>z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a</p><p>segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,</p><p>portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,</p><p>destarte, pois (deslocado na frase).</p><p>Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado.</p><p>Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se.</p><p>Lembre-se: as conjunções “e”, “nem” não devem</p><p>ser empregadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que</p><p>ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso conco-</p><p>mitante acarreta em redundância.</p><p>Conjunções Subordinativas</p><p>Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-</p><p>dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias</p><p>apresentadas em um texto. Porém, diferentemente</p><p>daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações</p><p>subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra</p><p>para terem o sentido apreendido.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>40</p><p>z Causal: iniciam a oração dando ideia de causa.</p><p>Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,</p><p>uma vez que, como (equivale a porque) etc.</p><p>Ex.: Como não choveu, a represa secou.</p><p>z Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia</p><p>de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de</p><p>modo que, de forma que, de sorte que etc.</p><p>Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.</p><p>z Comparativa: iniciam orações comparando ações</p><p>e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que</p><p>nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,</p><p>maior), tanto... quanto etc.</p><p>Ex.: Corria como um touro.</p><p>Ela dança tanto quanto Carlos.</p><p>z Conformativa: expressam a conformidade de</p><p>uma ideia com a da oração principal. Conforme,</p><p>como, segundo, de acordo com, consoante etc.</p><p>Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.</p><p>Amanhã chove, segundo informa a previsão do</p><p>tempo.</p><p>z Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia</p><p>contrária à da oração principal. Embora, conquan-</p><p>to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que</p><p>etc.</p><p>Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não</p><p>tivesse gostado.</p><p>Trabalhava, por mais que a perna doesse.</p><p>z Condicional: iniciam uma oração com ideia de</p><p>hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto</p><p>que, a menos que, somente se etc.</p><p>Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi-</p><p>do sua mensagem.</p><p>Posso lhe ajudar, caso necessite.</p><p>z Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro-</p><p>porção que, à medida que, quanto mais...mais,</p><p>quanto menos...menos etc.</p><p>Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de</p><p>ser aprovado.</p><p>Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.</p><p>z Final: expressam ideia de finalidade. Final, para</p><p>que, a fim de que etc.</p><p>Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda!</p><p>Comprou um computador a fim de que pudesse</p><p>trabalhar tranquilamente.</p><p>z Temporal: iniciam a oração expressando ideia de</p><p>tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal,</p><p>logo que, desde que etc.</p><p>Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia</p><p>do Futuro.</p><p>Mal cheguei à cidade, fui assaltado.</p><p>Importante!</p><p>Os valores semânticos das conjunções não se</p><p>prendem às formas morfológicas desses elemen-</p><p>tos. O valor das conjunções é construído contex-</p><p>tualmente, por isso, é fundamental estar atento</p><p>aos sentidos estabelecidos no texto.</p><p>Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a</p><p>procura? (Se = causal = já que)</p><p>Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto</p><p>ar puro no campo? (Quando = causal = já que).</p><p>Conjunções Integrantes</p><p>As conjunções integrantes fazem parte das orações</p><p>subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma</p><p>oração principal à outra, subordinada. Existem apenas</p><p>dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.</p><p>z Quando é possível substituir o “que” pelo pro-</p><p>nome “isso”, estamos diante de uma conjunção</p><p>integrante.</p><p>Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?</p><p>Isso).</p><p>z Sempre haverá conjunção integrante em orações</p><p>substantivas e, consequentemente, em períodos</p><p>compostos.</p><p>Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O</p><p>quê? Isso).</p><p>z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-</p><p>bo e uma conjunção integrante.</p><p>Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual</p><p>(errado).</p><p>Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).</p><p>INTERJEIÇÕES</p><p>As interjeições também fazem parte do grupo de</p><p>palavras invariáveis, tal como as preposições e as</p><p>conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-</p><p>to e emoções; por isso, apresentam forte conotação</p><p>semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a</p><p>uma frase. Ex.: Tchau!</p><p>As interjeições indicam relações de sentido diversas.</p><p>A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos</p><p>e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:</p><p>VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO</p><p>Advertência Cuidado! Devagar! Calma!</p><p>Alívio Arre! Ufa! Ah!</p><p>Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!</p><p>Desejo Oh! Tomara! Oxalá!</p><p>Repulsa Irra! Fora! Abaixo!</p><p>Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!</p><p>Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!</p><p>Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!</p><p>Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!</p><p>É salutar lembrar que o sentido exato de cada</p><p>interjeição só poderá ser apreendido diante do con-</p><p>texto. Por isso, em questões que abordem essa classe</p><p>de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a</p><p>interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido</p><p>expresso no texto.</p><p>Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-</p><p>va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-</p><p>nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,</p><p>por exemplo, que são interjeições por excelência, mas</p><p>que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido</p><p>alterado.</p><p>Antes de concluirmos, é importante ressaltar o</p><p>papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras</p><p>que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!</p><p>Ora bolas! Valha-me Deus!</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>41</p><p>CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL</p><p>Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se</p><p>umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-</p><p>cem a alguns princípios: um deles é a concordância.</p><p>Observe o exemplo:</p><p>A pequena garota andava sozinha pela cidade.</p><p>A: artigo, feminino, singular;</p><p>Pequena: adjetivo, feminino, singular;</p><p>Garota: substantivo, feminino, singular.</p><p>Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos</p><p>adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o</p><p>número (singular) do substantivo.</p><p>Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-</p><p>cia: verbal e nominal.</p><p>CONCORDÂNCIA VERBAL</p><p>É a adaptação em número — singular ou plural</p><p>— e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo</p><p>sujeito.</p><p>Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-</p><p>te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as</p><p>quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de</p><p>“brasis” — digamos assim —, ganha disparando dos</p><p>outros, pois houve influências de todos os povos aqui:</p><p>europeus, asiáticos e africanos.</p><p>Esse período, apesar de extenso, constitui-se de</p><p>um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-</p><p>respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no</p><p>singular.</p><p>Destrinchando o período, temos que os termos</p><p>essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas</p><p>“[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — pre-</p><p>dicado verbal.</p><p>Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:</p><p>Ex.: Prefiro natação a futebol.</p><p>Verbo bitransitivo: Prefiro</p><p>Objeto</p><p>direto: natação</p><p>Objeto indireto: a futebol</p><p>Concordância Verbal com o Sujeito Simples</p><p>Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do</p><p>sujeito.</p><p>Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário</p><p>exorbitante.</p><p>Diferentes situações:</p><p>z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de</p><p>sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A</p><p>multidão gritou entusiasmada.</p><p>z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-</p><p>bo posterior ao pronome relativo concorda com o</p><p>antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do</p><p>Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?</p><p>z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o</p><p>verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós</p><p>quem resolveu a questão.</p><p>Por questão de ênfase, o verbo pode também con-</p><p>cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos</p><p>nós quem resolvemos a questão.</p><p>z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,</p><p>demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /</p><p>de vós, o verbo pode concordar com o pronome no</p><p>plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-</p><p>viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos</p><p>essa questão.</p><p>z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-</p><p>zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,</p><p>Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-</p><p>ver artigo definido antes de uma palavra plura-</p><p>lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse</p><p>artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados</p><p>Unidos continuam uma potência.</p><p>z Estados Unidos continua uma potência.</p><p>z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-</p><p>de de Santos fica em São Paulo.”)</p><p>Atente-se: quando se aplica a nomes de obras</p><p>artísticas, o verbo fica no singular ou no plural.</p><p>Exemplo:</p><p>Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.</p><p>z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais</p><p>de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,</p><p>obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:</p><p>Mais de um aluno compareceu à aula.</p><p>Mais de cinco alunos compareceram à aula.</p><p>A expressão mais de um tem particularidades:</p><p>se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo</p><p>recíproco se), se houver coletivo especificado ou se</p><p>a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:</p><p>Mais de um irmão se abraçaram.</p><p>Mais de um grupo de crianças veio/vieram à fes-</p><p>ta.</p><p>Mais de um aluno, mais de um professor esta-</p><p>vam presentes.</p><p>z Quando o sujeito é formado por um número per-</p><p>centual ou fracionário, o verbo concorda com o</p><p>numerado ou com o número inteiro, mas pode</p><p>concordar com o especificador dele. Se o numeral</p><p>vier precedido de um determinante, o verbo con-</p><p>cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3</p><p>das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.</p><p>Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é</p><p>viver bem.</p><p>Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.</p><p>Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.</p><p>Os 30% da população não sabem o que é viver mal.</p><p>z Os verbos bater, dar e soar concordam com o</p><p>número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a</p><p>palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não</p><p>chegou (Duas horas deram...).</p><p>Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).</p><p>Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez</p><p>badaladas soaram).</p><p>Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio</p><p>da escola soou dez badaladas).</p><p>z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o</p><p>verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-</p><p>dem-se casas de veraneio aqui.</p><p>Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão</p><p>interessada;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>42</p><p>z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o</p><p>verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa</p><p>Majestade está preocupada?</p><p>Suas Excelências precisam de algo?</p><p>z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou</p><p>exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!</p><p>Concordância Verbal com o Sujeito Composto</p><p>z Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-</p><p>ticais diferentes</p><p>Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;</p><p>z Núcleos do sujeito ligados pela preposição com</p><p>Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-</p><p>garam ontem;</p><p>z Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada</p><p>ou nenhum</p><p>Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-</p><p>ter o espírito esportivo;</p><p>z Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no</p><p>singular</p><p>Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-</p><p>davam (preferencialmente no singular);</p><p>z Gradação entre os núcleos do sujeito</p><p>Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para</p><p>me acalmar (preferencialmente no singular);</p><p>z Núcleos do sujeito no infinitivo</p><p>Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;</p><p>z Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-</p><p>mitivo (nada, tudo, ninguém)</p><p>Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;</p><p>z Sujeito constituído pelas expressões um e outro,</p><p>nem um nem outro</p><p>Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;</p><p>z Núcleos do sujeito ligados por nem... nem</p><p>Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu</p><p>foco nos estudos;</p><p>z Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras</p><p>como, menos, inclusive, exceto ou as expressões</p><p>bem como, assim como, tanto quanto</p><p>Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na</p><p>final;</p><p>z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas</p><p>aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim</p><p>como; não só... mas também etc.)</p><p>Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua</p><p>popularidade em alta;</p><p>z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-</p><p>co núcleo, o verbo fica no singular concordando</p><p>com o núcleo único. Mas, se houver determinante</p><p>após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o</p><p>sujeito passa a ser composto.</p><p>Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis</p><p>aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos</p><p>combustíveis aumentaram.</p><p>Concordância Verbal do Verbo Ser</p><p>z Concorda com o sujeito</p><p>Ex.: Nós somos unha e carne;</p><p>z Concorda com o sujeito (pessoa)</p><p>Ex.: Os meninos foram ao supermercado;</p><p>z Em predicados nominais, quando o sujeito for</p><p>representado por um dos pronomes tudo, nada,</p><p>isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-</p><p>dará com o predicativo (preferencialmente) ou</p><p>com o sujeito</p><p>Ex.: No início, tudo é/são flores;</p><p>z Concorda com o predicativo quando o sujeito for</p><p>que ou quem</p><p>Ex.: Quem foram os classificados?</p><p>z Em indicações de horas, datas, tempo, distância</p><p>(predicativo), o verbo concorda com o predicativo</p><p>Ex.: São nove horas.</p><p>É frio aqui.</p><p>Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?</p><p>z O verbo fica no singular quando precede termos</p><p>como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,</p><p>menos etc. junto a especificações de preço, peso,</p><p>quantidade, distância, e também quando seguido</p><p>do pronome o</p><p>Ex.: Cem metros é muito para uma criança.</p><p>Divertimentos é o que não lhe falta.</p><p>Dez reais é nada diante do que foi gasto;</p><p>z Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-</p><p>ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser</p><p>ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o</p><p>verbo concordará com o termo não preposiciona-</p><p>do entre eles.</p><p>Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.</p><p>São eles que sempre chegam cedo.</p><p>É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-</p><p>trução adequada)</p><p>São nessas horas que a gente precisa de ajuda.</p><p>(construção inadequada)</p><p>CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL</p><p>Concordância do Infinitivo</p><p>z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:</p><p>Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-</p><p>to esclarecido)</p><p>Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito</p><p>implícito “nós”)</p><p>Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.</p><p>(dois pronomes implícitos: eu, nós)</p><p>Até me encontrarem, vocês terão de procurar</p><p>muito. (preposição no início da oração)</p><p>Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.</p><p>(verbos pronominais)</p><p>Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser</p><p>indicando tempo)</p><p>Estudo para me considerarem capaz de aprova-</p><p>ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)</p><p>Para vocês terem adquirido esse conhecimento,</p><p>foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-</p><p>posto:</p><p>locução verbal de verbo auxiliar + verbo no</p><p>particípio);</p><p>z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:</p><p>Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-</p><p>ção verbal)</p><p>Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono</p><p>sendo sujeito do infinitivo).</p><p>Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo</p><p>no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o</p><p>impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.</p><p>Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo</p><p>com valor genérico)</p><p>São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-</p><p>dido de preposição de ou para)</p><p>Soldados, recuar! (infinitivo com valor de</p><p>imperativo)</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>43</p><p>z Concordância do verbo parecer</p><p>Flexiona-se ou não o infinitivo.</p><p>Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o</p><p>equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-</p><p>vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona-</p><p>do de acordo com o sujeito, no plural)</p><p>Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,</p><p>logo o infinitivo será impessoal);</p><p>z Concordância dos verbos impessoais</p><p>São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica</p><p>sempre na 3ª pessoa do singular.</p><p>Ex.: Havia sérios problemas na cidade.</p><p>Fazia quinze anos que ele havia se formado.</p><p>Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo</p><p>auxiliar fica no singular)</p><p>Trata-se de problemas psicológicos.</p><p>Geou muitas horas no sul;</p><p>z Concordância com sujeito oracional</p><p>Quando o sujeito é uma oração subordinada, o</p><p>verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do</p><p>singular.</p><p>Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.</p><p>Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.</p><p>Ficou combinado que sairíamos à tarde.</p><p>Urge que você estude.</p><p>Era preciso encontrar a verdade.</p><p>Casos mais Frequentes em Provas</p><p>Veja agora uma lista com os casos mais abordados</p><p>em concursos:</p><p>z Sujeito posposto distanciado</p><p>Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-</p><p>cal brasileira seres estranhos;</p><p>z Verbos impessoais (haver e fazer)</p><p>Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.</p><p>Havia problemas no setor.</p><p>Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir</p><p>vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);</p><p>z Verbo na voz passiva sintética</p><p>Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;</p><p>z Verbo concordando com o antecedente correto</p><p>do pronome relativo ao qual se liga</p><p>Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que</p><p>tinham experiência;</p><p>z Sujeito coletivo com especificador plural</p><p>Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;</p><p>z Sujeito oracional</p><p>Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no</p><p>singular);</p><p>z Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-</p><p>to ou complemento no plural</p><p>Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar</p><p>atrito. (verbo no singular).</p><p>Casos Facultativos</p><p>z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o</p><p>estádio;</p><p>z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/</p><p>fizeram rir;</p><p>z Fui eu quem faltou/faltei à aula;</p><p>z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?</p><p>z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura</p><p>brasileira;</p><p>z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a</p><p>ciência. (1,5% corresponde ao singular);</p><p>z Chegaram/Chegou João e Maria;</p><p>z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram</p><p>aqui;</p><p>z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política</p><p>brasileira;</p><p>z O problema do sistema é/são os impostos;</p><p>z Hoje é/são 22 de agosto;</p><p>z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos</p><p>a aprovação;</p><p>z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.</p><p>Silepse de Número e de Pessoa</p><p>Conhecida também como “concordância irregular,</p><p>ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:</p><p>z Silepse de número: usa-se um termo discordando</p><p>do número da palavra referente, para concordar</p><p>com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem</p><p>vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-</p><p>dade: todas as flores);</p><p>z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do</p><p>processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-</p><p>ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de</p><p>diversas etnias, somos multiculturais.</p><p>CONCORDÂNCIA NOMINAL</p><p>Define-se como a adaptação em gênero e número</p><p>que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como</p><p>o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,</p><p>adjetivos, numerais).</p><p>O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em</p><p>gênero e número com o nome a que se referem.</p><p>Ex.: Parede alta. / Paredes altas.</p><p>Muro alto. / Muros altos.</p><p>Casos com Adjetivos</p><p>z Com função de adjunto adnominal: quando o</p><p>adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-</p><p>ver após os substantivos, poderá concordar com</p><p>as somas desses ou com o elemento mais próximo.</p><p>Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /</p><p>Encontrei colégios e faculdades ótimos.</p><p>Há casos em que o adjetivo concordará apenas</p><p>com o nome mais próximo, quando a qualidade per-</p><p>tencer somente a este.</p><p>Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.</p><p>Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho</p><p>Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-</p><p>minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-</p><p>cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:</p><p>Existem complicadas regras e conceitos.</p><p>Quando houver apenas um substantivo qualifica-</p><p>do por dois ou mais adjetivos pode-se:</p><p>Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-</p><p>jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,</p><p>francesa e alemã.</p><p>Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar</p><p>os adjetivos (também no singular), antepor um artigo</p><p>a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a</p><p>língua inglesa, a francesa e a alemã.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>44</p><p>z Com função de predicativo do sujeito</p><p>Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará</p><p>com a soma dos elementos.</p><p>Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.</p><p>Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-</p><p>jeito acompanhará a concordância do verbo, que por</p><p>sua vez concordará tanto com a soma dos elementos</p><p>quanto com o nome mais próximo.</p><p>Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-</p><p>vam abandonados a casa e o quintal.</p><p>Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-</p><p>to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os</p><p>substantivos por um pronome:</p><p>Ex.: Existem conceitos e regras complicados.</p><p>(substitui-se por “eles”)</p><p>Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles</p><p>existem complicados”.</p><p>Como o adjetivo desapareceu com a substituição,</p><p>então é um adjunto adnominal.</p><p>z Com função de predicativo do objeto</p><p>Recomenda-se concordar com a soma dos substan-</p><p>tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-</p><p>dância com o termo mais próximo.</p><p>Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.</p><p>Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e</p><p>seus subordinados.</p><p>Algumas Convenções</p><p>z Obrigado / próprio / mesmo</p><p>Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.</p><p>A própria enfermeira virá para o debate.</p><p>Elas mesmas conversaram conosco.</p><p>Dica</p><p>O termo mesmo no sentido de “realmente” será</p><p>invariável.</p><p>Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.</p><p>z Só / sós</p><p>Variáveis quando significarem “sozinho” /</p><p>“sozinhos”.</p><p>Invariáveis quando significarem “apenas,</p><p>somente”.</p><p>Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas</p><p>apenas queriam ficar sozinhas.)</p><p>A locução “a sós” é invariável.</p><p>Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de</p><p>ficar a sós;</p><p>z Quite / anexo / incluso</p><p>Concordam com os elementos a que se referem.</p><p>Ex.: Estamos quites com o banco.</p><p>Seguem anexas as certidões negativas.</p><p>Inclusos, enviamos os documentos solicitados;</p><p>z Meio</p><p>Quando significar “metade”: concordará com o</p><p>elemento referente.</p><p>Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.</p><p>Quando significar “um pouco”: será invariável.</p><p>Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora);</p><p>z Grama</p><p>Quando significar</p><p>“vegetação”, é feminino; quan-</p><p>do significar unidade de medida, é masculino.</p><p>Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.</p><p>“A grama do vizinho sempre é mais verde.”;</p><p>z É proibido entrada / É proibida a entrada</p><p>Se o sujeito vier determinado, a concordância do</p><p>verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou</p><p>seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-</p><p>rão com o determinante.</p><p>Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-</p><p>nhada está boa.</p><p>É proibido entrada de crianças. / É proibida a</p><p>entrada de crianças.</p><p>Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;</p><p>z Menos / pseudo</p><p>São invariáveis.</p><p>Ex.: Havia menos violência antigamente.</p><p>Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-</p><p>to é pseudo-objetivo;</p><p>z Muito / bastante</p><p>Quando modificam o substantivo: concordam com</p><p>ele.</p><p>Quando modificam o verbo: invariáveis.</p><p>Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito</p><p>irritados.</p><p>Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-</p><p>tante irritados.</p><p>Se ambos os termos puderem ser substituídos por</p><p>“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-</p><p>tuídos por “bem”, ficarão invariáveis;</p><p>z Tal qual</p><p>Tal concorda com o substantivo anterior; qual,</p><p>com o substantivo posterior.</p><p>Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os</p><p>pais.</p><p>Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais</p><p>quais os pais.</p><p>z Silepse (também chamada concordância</p><p>figurada)</p><p>É a que se opera não com o termo expresso, mas o</p><p>que está subentendido.</p><p>Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é</p><p>linda!)</p><p>Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos</p><p>com o estabelecimento aberto no final de semana.)</p><p>Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-</p><p>leiros, estamos esperançosos.);</p><p>z Possível</p><p>Concordará com o artigo, em gênero e número, em</p><p>frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.</p><p>Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /</p><p>Conheci crianças as mais belas possíveis.</p><p>REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL</p><p>Regência é a maneira como o nome ou o verbo se</p><p>relacionam com seus complementos, com ou sem pre-</p><p>posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou</p><p>advérbio) exige complemento preposicionado, esse</p><p>nome é um termo regente, e seu complemento é um</p><p>termo regido, pois há uma relação de dependência</p><p>entre o nome e seu complemento.</p><p>O nome exige um complemento nominal sempre</p><p>iniciado por preposição, exceto se o complemento</p><p>vier em forma de pronome oblíquo átono.</p><p>Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe</p><p>foram leais.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>45</p><p>Observação: complemento de “lhe”: predicativo do</p><p>sujeito (desprovido de preposição)</p><p>Pronome oblíquo átono: lhe</p><p>Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do</p><p>sujeito (desprovido de preposição).</p><p>REGÊNCIA VERBAL</p><p>Relação de dependência entre um verbo e seu</p><p>complemento. As relações podem ser diretas ou indi-</p><p>retas, isto é, com ou sem preposição.</p><p>Há verbos que admitem mais de uma regência sem</p><p>que o sentido seja alterado.</p><p>Ex.: Aquela moça não esquecia os favores</p><p>recebidos.</p><p>V. T. D: esquecia</p><p>Objeto direto: os favores recebidos.</p><p>Aquela moça não se esquecia dos favores</p><p>recebidos.</p><p>V. T. I.: se esquecia</p><p>Objeto indireto: dos favores recebidos.</p><p>No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que,</p><p>mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando</p><p>seu significado.</p><p>Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.</p><p>(aspiramos = sorvemos)</p><p>V. T. D.: aspiramos</p><p>Objeto direto: ar poluídos.</p><p>Os funcionários aspiram a um mês de férias.</p><p>(aspiram = almejam)</p><p>V. T. I.: aspiram</p><p>Objeto indireto: a um mês de férias</p><p>A seguir, uma lista dos principais verbos que</p><p>geram dúvidas quanto à regência:</p><p>z Abraçar: transitivo direto</p><p>Ex.: Abraçou a namorada com ternura.</p><p>O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;</p><p>z Agradar: transitivo direto; transitivo indireto</p><p>Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-</p><p>to com sentido de “acariciar”)</p><p>A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto</p><p>no sentido de “ser agradável a”);</p><p>z Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;</p><p>transitivo direto e indireto</p><p>Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não</p><p>personificado)</p><p>Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto</p><p>personificado)</p><p>Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-</p><p>reto: refere-se a coisas e pessoas);</p><p>z Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto</p><p>Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da</p><p>preposição a, rege indiferentemente objeto direto</p><p>e objeto indireto.</p><p>Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo</p><p>direto)</p><p>Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo</p><p>indireto)</p><p>Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,</p><p>rege apenas objeto direto:</p><p>Ajudaram o ladrão a fugir.</p><p>Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto</p><p>direto:</p><p>Ajudei-o muito à noite;</p><p>z Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto</p><p>Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-</p><p>sitivo direto com sentido de “angustiar”)</p><p>Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com</p><p>sentido de “desejar muito” — não admite “lhe”</p><p>como complemento);</p><p>z Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto</p><p>Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-</p><p>vo direto com sentido de “respirar”)</p><p>Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo</p><p>indireto no sentido de “desejar”);</p><p>z Assistir: transitivo direto; transitivo indireto</p><p>Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de</p><p>“prestar assistência”</p><p>O médico assistia os acidentados.</p><p>O médico assistia aos acidentados.</p><p>- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”</p><p>Não assisti ao final da série;</p><p>O verbo assistir não pode ser empregado no</p><p>particípio.</p><p>É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-</p><p>res de pessoas.”</p><p>z Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo</p><p>direto e indireto</p><p>Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)</p><p>A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-</p><p>vo indireto)</p><p>O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-</p><p>to e indireto);</p><p>z Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de</p><p>predicativo do objeto</p><p>Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-</p><p>to com sentido de “convocar”);</p><p>Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-</p><p>dicativo do objeto com sentido de “denominar,</p><p>qualificar”);</p><p>z Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-</p><p>reto; intransitivo</p><p>Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo</p><p>indireto com sentido de “ser difícil”)</p><p>A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-</p><p>vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)</p><p>Este vinho custou trinta reais. (intransitivo);</p><p>z Esquecer: admite três possibilidades</p><p>Ex.: Esqueci os acontecimentos.</p><p>Esqueci-me dos acontecimentos.</p><p>Esqueceram-me os acontecimentos;</p><p>z Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;</p><p>transitivo direto e indireto</p><p>Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.</p><p>(transitivo direto com sentido de “acarretar”)</p><p>Mamãe sempre implicou com meus hábitos.</p><p>(transitivo indireto com sentido de “mostrar má</p><p>disposição”)</p><p>Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo</p><p>direto e indireto com sentido de envolver-se”);</p><p>z Informar: transitivo direto e indireto</p><p>Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à</p><p>coisa: objeto indireto, com as preposições de ou</p><p>sobre</p><p>Informaram o réu de sua condenação.</p><p>Informaram o réu sobre sua condenação.</p><p>Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-</p><p>sa: objeto indireto, com a preposição a</p><p>Informaram a condenação ao réu;</p><p>z Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-</p><p>reto, com as preposições em e por</p><p>Ex.: Ela interessou-se por minha companhia;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização</p><p>civil e criminal.</p><p>46</p><p>z Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-</p><p>tivo direto e indireto</p><p>Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-</p><p>sitivo com sentido de “cortejar”)</p><p>Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo</p><p>indireto com sentido de “desejar muito”)</p><p>“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-</p><p>ret) (transitivo direto e indireto com sentido de</p><p>“encantar-se”);</p><p>z Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos</p><p>Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.</p><p>Não desobedeçam à sinalização de trânsito;</p><p>z Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-</p><p>tivo direto e indireto</p><p>Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)</p><p>Você pagou ao dono do armazém? (transitivo</p><p>indireto).</p><p>Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo</p><p>direto e indireto);</p><p>z Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;</p><p>transitivo direto e indireto</p><p>Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)</p><p>A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)</p><p>Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e</p><p>indireto);</p><p>z Suceder: intransitivo; transitivo direto</p><p>Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no</p><p>sentido de “ocorrer”).</p><p>A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido</p><p>de “vir depois”).</p><p>REGÊNCIA NOMINAL</p><p>Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-</p><p>bios) exigem complementos preposicionados, exceto</p><p>quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.</p><p>Advérbios Terminados em “Mente”</p><p>Os advérbios derivados de adjetivos seguem a</p><p>regência dos adjetivos:</p><p>análoga / analogicamente a</p><p>contrária / contrariamente a</p><p>compatível / compativelmente com</p><p>diferente / diferentemente de</p><p>favorável / favoravelmente a</p><p>paralela / paralelamente a</p><p>próxima / proximamente a/de</p><p>relativa / relativamente a</p><p>Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos</p><p>Nomes a que se Referem</p><p>Alguns nomes regem preposições semelhantes a</p><p>sua primeira sílaba. Vejamos:</p><p>dependente, dependência de</p><p>inclusão, inserção em</p><p>inerente em/a</p><p>descrente de/em</p><p>desiludido de/com</p><p>desesperançado de</p><p>desapego de/a</p><p>convívio com</p><p>convivência com</p><p>demissão, demitido de</p><p>encerrado em</p><p>enfiado em</p><p>imersão, imergido, imerso em</p><p>instalação, instalado em</p><p>interessado, interesse em</p><p>intercalação, intercalado entre</p><p>supremacia sobre</p><p>CRASE</p><p>Um assunto que causa grande dúvida é o uso da</p><p>crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção</p><p>da preposição a + artigo feminino definido a, ou da</p><p>junção da preposição a + os pronomes relativos aque-</p><p>le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela</p><p>marcação (`) + (a) = (à).</p><p>Ex.: Entregue o relatório à diretoria.</p><p>Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.</p><p>Regra geral: haverá crase sempre que o termo</p><p>antecedente exija a preposição a e o termo conse-</p><p>quente aceite o artigo a.</p><p>Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)</p><p>Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-</p><p>ge preposição).</p><p>Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +</p><p>palavra que não aceita artigo).</p><p>Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação</p><p>no uso da crase, mas existem especificidades que aju-</p><p>dam no momento de identificação:</p><p>CASOS CONVENCIONADOS</p><p>z Locuções adverbiais formadas por palavras</p><p>femininas:</p><p>Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.</p><p>Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.</p><p>Espero vocês à noite na estação de metrô.</p><p>Estou à beira-mar desde cedo;</p><p>z Locuções prepositivas formadas por palavras</p><p>femininas:</p><p>Ex.: Ficaram à frente do projeto;</p><p>z Locuções conjuntivas formadas por palavras</p><p>femininas:</p><p>Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão</p><p>aumentando;</p><p>z Quando indicar marcação de horário, no plural</p><p>Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.</p><p>Fique atento ao seguinte: entre números teremos</p><p>que de = a / da = à, portanto:</p><p>Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)</p><p>Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase);</p><p>z Com os pronomes relativos aquele, aquela ou</p><p>aquilo:</p><p>Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada</p><p>àquele outono.</p><p>Por favor, entregue as flores àquela moça que está</p><p>sentada.</p><p>Dedique-se àquilo que lhe faz bem;</p><p>z Com o pronome demonstrativo a antes de que ou</p><p>de:</p><p>Ex.: Referimo-nos à que está de preto.</p><p>Referimo-nos à de preto;</p><p>z Com o pronome relativo a qual, as quais:</p><p>Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou</p><p>de sair.</p><p>As alunas às quais atribuí tais atividades estão de</p><p>férias.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>47</p><p>CASOS PROIBITIVOS</p><p>Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor</p><p>orientação de quando não usar a crase.</p><p>z Antes de nomes masculinos</p><p>Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-</p><p>rial agrada a todos.” (MM)</p><p>O carro é movido a álcool.</p><p>Venda a prazo;</p><p>z Antes de palavras femininas que não aceitam</p><p>artigos</p><p>Ex.: Iremos a Fortaleza.</p><p>Macete de crase:</p><p>Se vou a; Volto da = Crase há!</p><p>Se vou a; Volto de = Crase pra quê?</p><p>Ex.: Vou à escola / Volto da escola.</p><p>Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza;</p><p>z Antes de forma verbal infinitiva</p><p>Ex.: Os produtos começaram a chegar.</p><p>“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar</p><p>com franqueza, parecem dar a entender que o</p><p>fazem por exceção de regra.” (MM);</p><p>z Antes de expressão de tratamento</p><p>Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa</p><p>Excelência;</p><p>z No a (singular) antes de palavra no plural,</p><p>quando a regência do verbo exigir preposição</p><p>Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;</p><p>z Antes dos pronomes relativos quem e cuja</p><p>Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos</p><p>o pacote.</p><p>Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;</p><p>z Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-</p><p>ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha e</p><p>antes do pronome “uma”</p><p>Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do</p><p>contrato.</p><p>Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação</p><p>suspeita de fraude.</p><p>Eles estavam conservando a certa altura.</p><p>Faremos a obra a qualquer custo.</p><p>A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.</p><p>Refiro-me a uma pessoa especial.</p><p>z Antes de demonstrativos</p><p>Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;</p><p>z Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de</p><p>personalidades históricas</p><p>Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;</p><p>z Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos</p><p>Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.</p><p>O pacote foi entregue a ti ontem;</p><p>z Nas expressões tautológicas (face a face, lado a</p><p>lado)</p><p>Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal</p><p>de justiça;</p><p>z Antes das palavras casa, Terra ou terra, distân-</p><p>cia sem determinante</p><p>Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.</p><p>Astronauta volta a Terra em dois meses.</p><p>Os pesquisadores chegaram a terra depois da</p><p>expedição marinha.</p><p>Vocês o observaram a distância.</p><p>CRASE FACULTATIVA</p><p>Nestes casos, podemos escrever as palavras das</p><p>duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender</p><p>detalhadamente, observe as seguintes dicas:</p><p>z Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem</p><p>se tem proximidade</p><p>Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;</p><p>z Antes de pronomes possessivos no singular</p><p>Ex.: Iremos a/à sua residência;</p><p>z Após preposição até, com ideia de limite</p><p>Ex.: Dirija-se até a/à portaria.</p><p>“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até</p><p>às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho</p><p>afeto.” (CBr. 1, 67)</p><p>CASOS ESPECIAIS</p><p>Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.</p><p>Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes</p><p>forem femininos, normalmente a crase não será utili-</p><p>zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para</p><p>evitar ambiguidades.</p><p>Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).</p><p>Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de</p><p>instrumento).</p><p>Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto).</p><p>Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de</p><p>instrumento).</p><p>Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com</p><p>Nomes de Lugares</p><p>z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase</p><p>Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,</p><p>moro em Copacabana, passo</p><p>por Copacabana);</p><p>z Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase</p><p>Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,</p><p>passo pela Bahia).</p><p>Macetes</p><p>z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído</p><p>por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra</p><p>a, com a, à moda de, durante a;</p><p>z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.</p><p>Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;</p><p>z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder</p><p>ser substituído por às duas, há crase. Quando o a</p><p>uma equivaler a a duas, não ocorre crase;</p><p>z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-</p><p>lo quando tais pronomes puderem ser substituídos</p><p>por a este, a esta e a isto;</p><p>z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e</p><p>nomes de cidades quando esses termos estiverem</p><p>acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-</p><p>tância de 200 metros do pico da montanha.</p><p>A compreensão da crase vai muito além da estética</p><p>gramatical, pois serve também para evitar ambigui-</p><p>dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.</p><p>Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,</p><p>pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-</p><p>ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações</p><p>como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o</p><p>advérbio de instrumento da ação de pintar.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>48</p><p>PONTUAÇÃO</p><p>Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-</p><p>mos a seguir as regras sobre seus usos.</p><p>USO DE VÍRGULA</p><p>A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três</p><p>funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da</p><p>voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e</p><p>orações; e esclarecer o significado da frase, afastando</p><p>qualquer ambiguidade.</p><p>Quando se trata de separar termos de uma mesma</p><p>oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:</p><p>z Para separar os termos de mesma função:</p><p>Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta;</p><p>z Usa-se a vírgula para separar os elementos de</p><p>enumeração:</p><p>Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi</p><p>arrastado pelo tsunami;</p><p>z Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que</p><p>já apareceu na frase) do verbo:</p><p>Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.</p><p>Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,</p><p>filmes de terror;</p><p>z Para separar palavras ou locuções explicativas,</p><p>retificativas:</p><p>Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15</p><p>anos;</p><p>z Para separar datas e nomes de lugar:</p><p>Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985;</p><p>z Para separar as conjunções coordenativas, exceto</p><p>e, nem, ou:</p><p>Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.</p><p>A vírgula também é facultativa quando o termo</p><p>que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for</p><p>uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos:</p><p>Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.</p><p>Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço</p><p>em casa.</p><p>Ontem choveu o esperado para o mês todo. /</p><p>Ontem, choveu o esperado para o mês todo.</p><p>Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações</p><p>z Entre o sujeito e o verbo:</p><p>Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-</p><p>ram a explicação. (errado)</p><p>Muitas coisas que quebraram meu coração, con-</p><p>sertaram minha visão. (errado);</p><p>z Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-</p><p>dicativo do sujeito:</p><p>Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-</p><p>ção. (errado)</p><p>Os alunos precisam de, que os professores os aju-</p><p>dem. (errado)</p><p>Os alunos entenderam, toda aquela explicação.</p><p>(errado);</p><p>z Entre um substantivo e seu complemento nominal</p><p>ou adjunto adnominal:</p><p>Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida</p><p>pelos alunos. (errado);</p><p>z Entre locução verbal de voz passiva e agente da</p><p>passiva:</p><p>Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele</p><p>professor para a feira. (errado);</p><p>z Entre o objeto e o predicativo do objeto:</p><p>Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)</p><p>Considero interessantes, as suas aulas. (errado).</p><p>USO DE PONTO E VÍRGULA</p><p>É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto</p><p>e vírgula (;):</p><p>z Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas:</p><p>Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,</p><p>ficou triste;</p><p>z No lugar das conjunções coordenativas deslocadas:</p><p>Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-</p><p>to, exausto;</p><p>z No lugar do e seguido de elipse do verbo (=</p><p>zeugma):</p><p>Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o</p><p>ouvinte.</p><p>Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,</p><p>sorvete;</p><p>z Em enumerações, portarias, sequências:</p><p>Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:</p><p>O Procurador-Geral da República;</p><p>O Colégio de Procuradores da República;</p><p>O Conselho Superior do Ministério Público Federal.</p><p>DOIS-PONTOS</p><p>Marcam uma supressão de voz em frase que ainda</p><p>não foi concluída. Servem para:</p><p>z Introduzir uma citação (discurso direto):</p><p>Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um</p><p>homem mais pelas suas perguntas que pelas suas</p><p>respostas”;</p><p>z Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,</p><p>distributivo ou uma oração subordinada substan-</p><p>tiva apositiva:</p><p>Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-</p><p>sores, jornalistas, médicos;</p><p>z Introduzir uma explicação ou enumeração após</p><p>expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a</p><p>saber, como:</p><p>Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,</p><p>Filosofia, Ciências...;</p><p>z Marcar uma pausa entre orações coordenadas</p><p>(relação semântica de oposição, explicação/causa</p><p>ou consequência):</p><p>Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um</p><p>homem culto.</p><p>Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com</p><p>cautela;</p><p>z Marcar invocação em correspondências:</p><p>Ex.: Prezados senhores:</p><p>Comunico, por meio deste, que...</p><p>TRAVESSÃO</p><p>z Usado em discursos diretos, indica a mudança de</p><p>discurso de interlocutor: Ex.:</p><p>— Bom dia, Maria!</p><p>— Bom dia, Pedro!;</p><p>z Serve também para colocar em relevo certas</p><p>expressões, orações ou termos. Pode ser substituído</p><p>por vírgula, dois-pontos, parênteses ou colchetes:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>49</p><p>Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-</p><p>ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)</p><p>Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que</p><p>vamos jantar. (oração intercalada)</p><p>Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-</p><p>na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.</p><p>PARÊNTESES</p><p>Têm função semelhante a dos travessões e das</p><p>vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-</p><p>mos, expressões ou orações.</p><p>Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)</p><p>vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)</p><p>Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos</p><p>jantar. (oração intercalada)</p><p>PONTO-FINAL</p><p>É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:</p><p>z Para indicar o fim de oração absoluta ou de</p><p>período.</p><p>Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”</p><p>Carlos Drummond de Andrade;</p><p>z Nas abreviaturas</p><p>Ex.: apart. ou apto. = apartamento.</p><p>sec. = secretário.</p><p>a.C. = antes de Cristo.</p><p>Lembre-se: símbolos do sistema métrico decimal e</p><p>elementos químicos não vêm com ponto final:</p><p>Exemplos: km, m, cm, He, K, C.</p><p>PONTO DE INTERROGAÇÃO</p><p>Marca uma entonação ascendente (elevação da</p><p>voz) em tom questionador. Usa-se:</p><p>z Em frase interrogativa direta:</p><p>Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?;</p><p>z Entre parênteses para indicar incerteza:</p><p>Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho</p><p>que havia palavra melhor no contexto;</p><p>z Junto com o ponto de exclamação, para denotar</p><p>surpresa:</p><p>Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou</p><p>!?);</p><p>z E interrogações retóricas:</p><p>Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro</p><p>que não jogaremos comida fora à toa”).</p><p>PONTO DE EXCLAMAÇÃO</p><p>z É empregado para marcar o fim de uma frase com</p><p>entonação exclamativa:</p><p>Ex.: Que linda mulher!</p><p>Coitada</p><p>dessa criança!;</p><p>z Aparece após uma interjeição:</p><p>Ex.: Nossa! Isso é fantástico;</p><p>z Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:</p><p>Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”;</p><p>z É repetido duas ou mais vezes quando se quer</p><p>marcar uma ênfase:</p><p>Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50</p><p>metros em 20 segundos!!!</p><p>RETICÊNCIAS</p><p>São usadas para:</p><p>z Assinalar interrupção do pensamento:</p><p>Ex.: ― Estou ciente de que...</p><p>― Pode dizer...;</p><p>z Indicar partes suprimidas de um texto:</p><p>Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois</p><p>desceu as escadas apressadamente. (Também pode</p><p>ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e</p><p>depois desceu as escadas apressadamente.);</p><p>z Para sugerir prolongamento da fala:</p><p>Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?</p><p>― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...;</p><p>z Para indicar hesitação:</p><p>Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha</p><p>vergonha;</p><p>z Para realçar uma palavra ou expressão, normal-</p><p>mente com outras intenções:</p><p>Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!</p><p>USO DAS ASPAS</p><p>São usadas em citações ou em algum termo que pre-</p><p>cisa ser destacado no texto. Podem ser substituídas por</p><p>itálico ou negrito, que têm a mesma função de destaque.</p><p>Usam-se nos seguintes casos:</p><p>z Antes e depois de citações:</p><p>Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,</p><p>afirma Dad Squarisi, 64;</p><p>z Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-</p><p>mos, gírias e expressões populares ou vulgares,</p><p>conotativas:</p><p>Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna</p><p>que desejava.</p><p>Não gosto de “pavonismos”.</p><p>Dê um “up” no seu visual;</p><p>z Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,</p><p>às vezes com ironia ou malícia:</p><p>Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.</p><p>Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”</p><p>sonoro;</p><p>z Para citar nomes de mídias, livros etc.:</p><p>Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.</p><p>COLCHETES</p><p>Representam uma variante dos parênteses, porém</p><p>têm uso mais restrito.</p><p>Usam-se nos seguintes casos:</p><p>z Para incluir num texto uma observação de nature-</p><p>za elucidativa:</p><p>Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de</p><p>Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;</p><p>z Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),</p><p>a fim de indicar que, por mais estranho ou errado</p><p>que pareça, o texto original é assim mesmo:</p><p>Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-</p><p>do.” (Machado de Assis);</p><p>z Para indicar os sons da fala, quando se estuda</p><p>Fonologia:</p><p>Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];</p><p>z Para suprimir parte de um texto (assim como</p><p>parênteses):</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>50</p><p>Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois</p><p>desceu as escadas apressadamente.</p><p>ou</p><p>Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-</p><p>ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-</p><p>vel segundo as normas da ABNT).</p><p>ASTERISCO</p><p>z É colocado à direita e no canto superior de uma pala-</p><p>vra do trecho para se fazer uma citação ou comentá-</p><p>rio qualquer sobre o termo em uma nota de rodapé:</p><p>Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo</p><p>triste acrescido do sufixo -eza*.</p><p>*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-</p><p>vo, o que origina um novo substantivo;</p><p>z Quando repetido três vezes, indica uma omissão</p><p>ou lacuna em um texto, principalmente em substi-</p><p>tuição a um substantivo próprio:</p><p>Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-</p><p>nhado aos responsáveis;</p><p>z Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-</p><p>senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto</p><p>é, cuja existência é provável, mas não comprovada:</p><p>Ex.: Parecer, do latim *parescere;</p><p>z Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-</p><p>tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras</p><p>da gramática.</p><p>* Edifício elaborou projeto o engenheiro.</p><p>USO DA BARRA</p><p>A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:</p><p>z Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser</p><p>substituída pela conjunção “ou”:</p><p>Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.</p><p>Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta;</p><p>z Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-</p><p>ção das conjunções e/ou:</p><p>Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais</p><p>e/ou escritos;</p><p>z Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-</p><p>ção entre si:</p><p>Ex.: A palavra será classificada quanto ao número</p><p>(plural/singular).</p><p>O carro atingiu os 220 km/h;</p><p>z Para separar os versos de poesias, quando escritos</p><p>seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas</p><p>barras para indicar a separação das estrofes:</p><p>Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que</p><p>passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-</p><p>te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-</p><p>te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles;</p><p>z Na escrita abreviada, para indicar que a palavra</p><p>não foi escrita na sua totalidade:</p><p>Ex.: a/c = aos cuidados de;</p><p>s/ = sem;</p><p>z Para separar o numerador do denominador nos</p><p>números fracionários, substituindo a barra da</p><p>fração:</p><p>Ex.: 1/3 = um terço;</p><p>z Nas datas:</p><p>Ex.: 31/03/1983</p><p>z Nos números de telefone:</p><p>Ex.: 225 03 50/51/52;</p><p>z Nos endereços:</p><p>Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232;</p><p>z Na indicação de dois anos consecutivos:</p><p>Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso;</p><p>z Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:</p><p>Ex.: /s/.</p><p>Embora não existam regras muito definidas sobre</p><p>a existência de espaços antes e depois da barra oblí-</p><p>qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-</p><p>lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.</p><p>HORA DE PRATICAR!</p><p>1. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa em que a</p><p>palavra “onde” está corretamente empregada, confor-</p><p>me no trecho: “... foi uma das criadoras da Linha de</p><p>Tiro Feminino Orsina da Fonseca, onde elas treinavam</p><p>com armas de fogo.”</p><p>a) A casa onde ele mora é um refúgio dentro da cidade</p><p>grande, com árvores, flores, pássaros e um clima de</p><p>tranquilidade.</p><p>b) Onde eu me dirijo para obter mais informações turísticas?</p><p>– perguntou o rapaz ansioso a um transeunte do local.</p><p>c) O que me encantava era saber que a cidade onde ele</p><p>foi era tão distante que a rotina dali passava longe das</p><p>redes sociais.</p><p>d) Não sabemos onde ele quer chegar com aquelas con-</p><p>clusões precipitadas em relação a um assunto tão</p><p>complexo e polêmico.</p><p>e) A discussão daquele tema onde eu não tinha muita</p><p>familiaridade trazia um pouco de preocupação naque-</p><p>le momento.</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3.</p><p>Trabalho a preservar</p><p>São dignos de celebração os números que mostram a</p><p>expressiva queda do desemprego no país ao longo do</p><p>ano passado, divulgados pelo IBGE.</p><p>Encerrou-se 2022 com taxa de desocupação de 7,9%</p><p>no quarto trimestre, ante 11,1% medidos 12 meses</p><p>antes e 14,2% ao final de 2020, quando se vivia o pior</p><p>do impacto da pandemia. Trata-se da melhora mais</p><p>longa e aguda desde o fim da recessão de 2014-16.</p><p>Isso não quer dizer, claro, que se viva um momento</p><p>brilhante de pujança econômica e ascensão social. Há</p><p>senões, a começar pelo rendimento médio do trabalho</p><p>de R$ 2.808 mensais – que, embora tenha aumentado</p><p>recentemente, ainda é o menor em cinco anos.</p><p>As médias, ademais, escondem desigualdades de</p><p>todos os tipos. O desemprego entre as mulheres nor-</p><p>destinas ainda atinge alarmantes 13,2%, enquanto</p><p>entre os homens do Sul não passa de 3,6%.</p><p>Nada menos que 16,4% dos jovens de 18 a 24 anos em</p><p>busca de ocupação não a conseguem. Entre os que</p><p>se declaram pretos, a taxa de desocupação é de 9,9%,</p><p>ante 9,2% dos pardos e 6,2% dos brancos.</p><p>Pode-se constatar, de qualquer modo, que o merca-</p><p>do de trabalho se tornou mais favorável em todos os</p><p>recortes, graças a um crescimento surpreendente da</p><p>economia, em torno dos 3% no ano passado.</p><p>(Editorial. Folha de S. Paulo, 28.02.2023. Adaptado)</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se</p><p>aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>51</p><p>2. (VUNESP – 2023) Identifica-se uma expressão inicia-</p><p>da com artigo definido em:</p><p>a) a expressiva queda do desemprego no país (1º parágrafo).</p><p>b) com taxa de desocupação de 7,9% (2º parágrafo).</p><p>c) em busca de ocupação (5º parágrafo).</p><p>d) Entre os que se declaram pretos (5º parágrafo).</p><p>e) um momento brilhante de pujança econômica e</p><p>ascensão social (3º parágrafo).</p><p>3. (VUNESP – 2023) Considere as passagens:</p><p>Isso não quer dizer, claro, que se viva um momento</p><p>brilhante de pujança econômica e ascensão social. (3o</p><p>parágrafo)</p><p>... embora tenha aumentado recentemente, ainda é o</p><p>menor em cinco anos. (3o parágrafo)</p><p>As médias, ademais, escondem desigualdades de</p><p>todos os tipos. (4o parágrafo)</p><p>Os termos destacados expressam, correta e respecti-</p><p>vamente, circunstâncias de</p><p>a) intensidade; modo; tempo; concessão.</p><p>b) afirmação; tempo; tempo; inclusão.</p><p>c) modo; tempo; afirmação; intensidade.</p><p>d) causa; modo; afirmação; inclusão.</p><p>e) afirmação; tempo; modo; comparação.</p><p>4. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa em que, na</p><p>reescrita da passagem – Curiosamente, as críticas não</p><p>eram à versão Disney cujo aniversário se comemora-</p><p>va, mas à personagem em si… –, a forma verbal des-</p><p>tacada confere sentido de conjectura ao enunciado.</p><p>a) Curiosamente, as críticas não têm sido à versão Disney</p><p>cujo aniversário se comemorava, mas à personagem em</p><p>si.</p><p>b) Curiosamente, as críticas não são à versão Disney cujo</p><p>aniversário se comemorava, mas à personagem em si.</p><p>c) Curiosamente, as críticas não foram à versão Disney cujo</p><p>aniversário se comemorava, mas à personagem em si.</p><p>d) Curiosamente, as críticas não seriam à versão Disney</p><p>cujo aniversário se comemorava, mas à personagem em</p><p>si.</p><p>e) Curiosamente, as críticas não tinham sido à versão Dis-</p><p>ney cujo aniversário se comemorava, mas à personagem</p><p>em si.</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 5 e 6.</p><p>Cidadania e Justiça</p><p>A cidadania, na lição do professor Dalmo de Abreu Dallari,</p><p>expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a pos-</p><p>sibilidade de participar ativamente da vida e do governo</p><p>do seu povo.</p><p>Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar para a</p><p>sua manutenção é dever de todo cidadão responsável. É</p><p>por meio da cidadania que conseguimos assegurar nos-</p><p>sos direitos civis, políticos e sociais.</p><p>Ser cidadão é pertencer a um país e exercer seus direitos</p><p>e deveres.</p><p>Cidadão é, pois, o natural de uma cidade, sujeito de direi-</p><p>tos políticos e que, ao exercê-los, intervém no governo. O</p><p>fato de ser cidadão propicia a cidadania, que é a condi-</p><p>ção jurídica que podem ostentar as pessoas físicas e que,</p><p>por expressar o vínculo entre o Estado e seus membros,</p><p>implica submissão à autoridade e ao exercício de direito.</p><p>O cidadão é membro ativo de uma sociedade política</p><p>independente. A cidadania se diferencia da nacionalidade</p><p>porque esta supõe a qualidade de pertencer a uma nação,</p><p>enquanto o conceito de cidadania pressupõe a condi-</p><p>ção de ser membro ativo do Estado. A nacionalidade é</p><p>um fato natural e a cidadania obedece a um verdadeiro</p><p>contrato.</p><p>A cidadania é qualidade e um direito do cidadão.</p><p>Na Roma Antiga, o cidadão constituía uma categoria</p><p>superior do homem livre.</p><p>(Ruy Martins Altenfelder da Silva. Em: https://www.estadao.com.br/</p><p>opiniao, 08.03.2023. Adaptado)</p><p>5. (VUNESP – 2023) Considere as passagens do quarto</p><p>parágrafo:</p><p>Cidadão é, pois, o natural de uma cidade, sujeito de</p><p>direitos políticos e que, ao exercê-los, intervém no</p><p>governo.</p><p>O fato de ser cidadão propicia a cidadania, que é a</p><p>condição jurídica que podem ostentar as pessoas físi-</p><p>cas e que, por expressar o vínculo entre o Estado e</p><p>seus membros, implica submissão à autoridade e ao</p><p>exercício de direito.</p><p>Os trechos destacados expressam, correta e respecti-</p><p>vamente, relações de sentido de:</p><p>a) conclusão e causa.</p><p>b) explicação e restrição.</p><p>c) conclusão e comparação.</p><p>d) explicação e finalidade.</p><p>e) adversidade e causa.</p><p>6. (VUNESP – 2023) Na passagem do 4o parágrafo – O</p><p>fato de ser cidadão propicia a cidadania, que é a con-</p><p>dição jurídica que podem ostentar as pessoas físicas</p><p>e que, por expressar o vínculo entre o Estado e seus</p><p>membros, implica submissão à autoridade e ao exer-</p><p>cício de direito. –, os termos destacados significam,</p><p>correta e respectivamente:</p><p>a) coíbe; vangloriar-se; permite.</p><p>b) estimula; provocar; inibe.</p><p>c) admite; reformular; acarreta.</p><p>d) permite; exibir; pressupõe.</p><p>e) favorece; exigir; sugestiona.</p><p>7. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa em que o</p><p>enunciado atende à norma-padrão de colocação</p><p>pronominal.</p><p>a) Escolheu-se Branca de Neve para ser o primeiro lon-</p><p>ga-metragem de animação da Disney, sabendo-se que</p><p>não poderia haver erro.</p><p>b) Crê-se que o aniversário de Branca de Neve seria no</p><p>começo do século XVII, ou nas versões orais, que</p><p>teriam perdido-se na névoa do tempo.</p><p>c) Me pergunto a que contos de fadas refere-se a crítica</p><p>mais frequente, que fala da abundância de princesas</p><p>suspirosas à espera do príncipe.</p><p>d) Quem atreveria-se a desdizer que os contos de fadas</p><p>que disseminaram-se no cotidiano social visam man-</p><p>ter as diretrizes sociais em voga no momento?</p><p>e) Os contos maravilhosos se impuseram por séculos, e</p><p>isso certamente deu-se justamente pela densidade do</p><p>seu conteúdo e pela sua riqueza simbólica.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>52</p><p>8. (VUNESP – 2023) Leia o texto para responder à questão.</p><p>Choque elétrico</p><p>A União Europeia (UE) engatou marcha acelerada para</p><p>eletrificar sua frota de veículos: em 2035, deixará de</p><p>fabricar carros movidos a combustíveis fósseis. A</p><p>medida faz parte da estratégia para zerar, em 2050, as</p><p>emissões de carbono. Com 27%, a fatia de vendas na</p><p>China é mais que o dobro da média mundial de 13%.</p><p>Lá, 6,2 milhões de veículos eletrificados chegaram</p><p>às ruas em 2022 – entre os totalmente elétricos com</p><p>baterias (BEV, na abreviação em inglês) e os híbridos</p><p>que podem ser ligados na tomada (plug-ins, ou PHEV).</p><p>As vendas chinesas no setor cresceram 82% em 2022,</p><p>enquanto o mercado automotivo geral encolhia 5,3%.</p><p>No mundo, o avanço verde foi de 55%, ante retração de</p><p>0,5% nas vendas totais de veículos, segundo a base de</p><p>dados EVvolumes.</p><p>Do ângulo da crise climática, pouco adiantará eletrifi-</p><p>car a frota se a energia das baterias provier de fontes</p><p>emissoras de carbono, como usinas alimentadas com</p><p>carvão mineral, óleo ou gás natural. A matriz elétrica</p><p>precisa ser toda renovável para fazer diferença contra</p><p>o aquecimento global.</p><p>Nesse quesito, o Brasil ocupa posição ímpar, com 82,9%</p><p>da eletricidade oriunda de fontes renováveis (hidráulica,</p><p>eólica, solar e biomassa), contra 28,6% na média do pla-</p><p>neta. Some-se a isso a alta produção de etanol e tem-se</p><p>um enorme potencial para BEVs e PHEVs.</p><p>Os números são ínfimos, contudo. Circulam aqui ape-</p><p>nas 135,3 mil elétricos e híbridos, menos de 0,1% da</p><p>frota de veículos leves. As vendas têm aumentado,</p><p>é fato, com 49,2 mil emplacamentos em 2022, incre-</p><p>mento de 41% sobre o ano anterior, de acordo com a</p><p>Associação Brasileira do Veículo Elétrico.</p><p>A maioria dos carros elétricos e híbridos disponíveis</p><p>no mercado nacional é de modelos pouco acessíveis</p><p>– e poderão ficar ainda mais caros, se o governo fede-</p><p>ral ouvir o pleito apresentado em fevereiro pela Anfa-</p><p>vea de revogar a isenção do imposto de importação,</p><p>com retorno da alíquota de 35%.</p><p>Ou seja, as montadoras querem garantir uma reser-</p><p>va de mercado. Enquanto a Europa acelera, no Brasil</p><p>ameaçam puxar o freio de mão.</p><p>(Editorial. Folha de S.Paulo, 29.03.2023. Adaptado)</p><p>Considere as passagens:</p><p>z Nesse quesito, o Brasil ocupa posição ímpar, com</p><p>82,9% da eletricidade oriunda de fontes renováveis...</p><p>z Os números são ínfimos, contudo.</p><p>z ... se o governo federal ouvir o pleito apresentado em</p><p>fevereiro</p><p>pela Anfavea de revogar a isenção do impos-</p><p>to de importação...</p><p>Os termos destacados significam, correta e</p><p>respectivamente:</p><p>a) única; incomensuráveis; exigência; conceder.</p><p>b) elementar; ilimitados; combinação; impor.</p><p>c) excepcional; inexpressivos; anseio; implantar.</p><p>d) inigualável; insignificantes; demanda; cancelar.</p><p>e) extraordinária; limitados; distrato; anular.</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 9 e 10.</p><p>Infeliz Aniversário</p><p>A Branca de Neve de Disney fez 80 anos, com direito a</p><p>chamada na primeira página de um jornalão e farta maté-</p><p>ria crítica lá dentro. Curiosamente, as críticas não eram</p><p>à versão Disney cujo aniversário se comemorava, mas à</p><p>personagem em si, cuja data natalícia não se comemo-</p><p>ra porque pode estar no começo do século XVII, quando</p><p>escrita pelo italiano Gianbattista Basile, ou nas versões</p><p>orais que se perdem na névoa do tempo.</p><p>É um velho vício este de querer atualizar, podar, limpar,</p><p>meter em moldes ideológicos as antigas narrativas que</p><p>nos foram entregues pela tradição. A justificativa é sem-</p><p>pre a mesma, proteger as inocentes criancinhas de ver-</p><p>dades que poderiam traumatizá-las. A verdade é sempre</p><p>outra, impingir às criancinhas as diretrizes sociais em</p><p>voga no momento.</p><p>E no momento, a crítica mais frequente aos contos de</p><p>fadas é a abundância de princesas suspirosas à espera</p><p>do príncipe. Mas a que “contos de fadas” se refere? Nos</p><p>212 contos recolhidos pelos irmãos Grimm, há muito</p><p>mais do que princesas suspirosas. Nos dois volumes de</p><p>“The virago book on fairy tales”, em que a inglesa Angela</p><p>Carter registrou contos do mundo inteiro, não se ouvem</p><p>suspiros. Nem suspiram princesas entre as mulheres que</p><p>correm com os lobos, de Pinkola Estés.</p><p>As princesas belas e indefesas que agora estão sendo</p><p>criticadas foram uma cuidadosa e progressiva escolha</p><p>social. Escolha de educadores, pais, autores de antolo-</p><p>gias, editores. Escolha doméstica, feita cada noite à beira</p><p>da cama. Garimpo determinado selecionando, entre tan-</p><p>tas narrativas, aquelas mais convenientes para firmar no</p><p>imaginário infantil o modelo feminino que a sociedade</p><p>queria impor.</p><p>Não por acaso Disney escolheu Branca de Neve para</p><p>seu primeiro longa-metragem de animação. O custo era</p><p>altíssimo, não poderia haver erro. E, para garantir açúcar e</p><p>êxito, acrescentou o beijo.</p><p>Os contos maravilhosos, ou contos de fadas, atravessa-</p><p>ram séculos, superaram inúmeras modificações sociais,</p><p>venceram incontáveis ataques. Venceram justamente</p><p>pela densidade do seu conteúdo, pela riqueza simbólica</p><p>com que retratam nossas vidas, nossas humanas inquie-</p><p>tações. Querer, mais uma vez, sujeitá-los aos conceitos de</p><p>ensino mais rasteiros, às interpretações mais primárias, é</p><p>pura manipulação, descrença no poder do imaginário.</p><p>(https://www.marinacolasanti.com/. Adaptado)</p><p>9. (VUNESP – 2023) Identifica-se termo empregado em</p><p>sentido figurado em:</p><p>a) ... as críticas não eram à versão Disney cujo aniversá-</p><p>rio se comemorava...</p><p>b) ... impingir às criancinhas as diretrizes sociais em</p><p>voga no momento.</p><p>c) O custo era altíssimo, não poderia haver erro.</p><p>d) Escolha de educadores, pais, autores de antologias,</p><p>editores.</p><p>e) E, para garantir açúcar e êxito, acrescentou o beijo.</p><p>10. (VUNESP – 2023) Na frase que inicia o texto – A Branca</p><p>de Neve de Disney fez 80 anos, com direito a chamada na</p><p>primeira página de um jornalão e farta matéria crítica lá</p><p>dentro. –, o emprego do substantivo destacado reforça</p><p>a) a irrelevância do tema e do meio de comunicação.</p><p>b) o desprezo das pessoas pelo jornal referido.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>53</p><p>c) a importância do veículo de comunicação.</p><p>d) o exagero da matéria no jornal em questão.</p><p>e) a grande repercussão atingida pela matéria.</p><p>11. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa em que o</p><p>substantivo destacado forma, com a preposição que</p><p>o acompanha, uma expressão com valor de adjetivo.</p><p>a) José Dias tratava-me com extremos de mãe...</p><p>b) ... fez-se pajem, ia comigo à rua.</p><p>c) ... gostava do elogio; era um elogio.</p><p>d) ... meio sério para dar autoridade à lição...</p><p>e) ... perguntava ao padre...</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13.</p><p>Leolinda Daltro (1859-1935) – A educadora é conside-</p><p>rada uma das primeiras sufragistas e precursora do</p><p>feminismo no Brasil. Fundou o Partido Republicano</p><p>Feminino, três jornais para as mulheres e foi uma das</p><p>criadoras da Linha de Tiro Feminino Orsina da Fonse-</p><p>ca, onde elas treinavam com armas de fogo. No fim do</p><p>século 19, viajou pelo Brasil divulgando ideias como a</p><p>educação laica e os direitos indígenas.</p><p>(https://www.uol.com.br/universa/reportagens-especiais. Adaptado)</p><p>12. (VUNESP – 2023) Na frase final do texto – No fim do</p><p>século 19, viajou pelo Brasil divulgando ideias como a</p><p>educação laica e os direitos indígenas. –, reescreven-</p><p>do-se o trecho destacado e mantendo-se o sentido de</p><p>finalidade, obtém-se:</p><p>a) para divulgar ideias como a educação laica e os direi-</p><p>tos indígenas.</p><p>b) e divulgava ideias como a educação laica e os direitos</p><p>indígenas.</p><p>c) já que divulgava ideias como a educação laica e os</p><p>direitos indígenas.</p><p>d) caso divulgasse ideias como a educação laica e os</p><p>direitos indígenas.</p><p>e) embora divulgasse ideias como a educação laica e os</p><p>direitos indígenas.</p><p>13. (VUNESP – 2023) Sabendo-se que Leolinda Daltro foi</p><p>precursora do feminismo no Brasil, ao se afirmar que</p><p>ela foi uma das “primeiras sufragistas”, entende-se</p><p>que a educadora defendia</p><p>a) a liberdade de vestimenta das mulheres.</p><p>b) a equiparação de salários entre homens e mulheres.</p><p>c) a participação das mulheres em cargos públicos.</p><p>d) a inserção da mulher no mercado de trabalho.</p><p>e) o direito do voto das mulheres.</p><p>14. (VUNESP – 2023) Texto</p><p>Em noite de chuva, o Coldplay deu início à maratona de 11</p><p>shows que fará no Brasil com uma apresentação exube-</p><p>rante em São Paulo nesta sexta-feira. A banda preencheu</p><p>o estádio do Morumbi não só de música, mas também</p><p>com feixes de luz, cores, fogos de artifício e muita gritaria.</p><p>A turnê “Music of the Spheres Tour”, que celebra o últi-</p><p>mo disco da banda, resgata também seus maiores hits e</p><p>músicas favoritas dos fãs. Após cerca de 15 minutos de</p><p>atraso, os músicos subiram ao palco com “Higher Power”</p><p>e a plateia assistiu sob uma chuva de fitas coloridas e</p><p>bolas gigantes. É uma introdução apoteótica.</p><p>A grande surpresa do show foi a presença de Seu Jor-</p><p>ge no palco com o Coldplay. O brasileiro cantou sozi-</p><p>nho o clássico do samba “Amiga da Minha Mulher”</p><p>enquanto Chris Martin e os outros integrantes toca-</p><p>vam os instrumentos.</p><p>(Folha de S. Paulo, 10.03.2023. Adaptado)</p><p>Em conformidade com a norma-padrão de pontuação e</p><p>com os aspectos de coesão, um título adequado ao texto é:</p><p>a) Em show que abre maratona no Brasil debaixo de chu-</p><p>va, Coldplay recebe, Seu Jorge.</p><p>b) Debaixo de chuva, Coldplay recebe Seu Jorge em show</p><p>que abre maratona no Brasil.</p><p>c) Coldplay, recebe Seu Jorge em show debaixo de chu-</p><p>va, que abre maratona no Brasil.</p><p>d) No Brasil debaixo de chuva, Coldplay, que abre marato-</p><p>na recebe em show, Seu Jorge.</p><p>e) Debaixo de chuva, Seu Jorge em show no Brasil, que</p><p>abre maratona, recebe Coldplay.</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 15 e 16.</p><p>Por causa de falta de acompanhamento médico, as</p><p>mortes maternas aumentaram ou estagnaram em</p><p>quase todas as regiões do mundo: em média, uma</p><p>mulher morre durante a gravidez ou no parto a cada</p><p>2 minutos, de acordo com o relatório da Organização</p><p>Mundial da Saúde (OMS) “Tendências na mortalidade</p><p>materna”, divulgado em fevereiro. O total das mulheres</p><p>grávidas que não fazem nem quatro dos oito exames</p><p>recomendados durante a gravidez ou não recebem</p><p>cuidados essenciais após o parto é de aproximada-</p><p>mente um terço delas, enquanto cerca de 270 milhões</p><p>não têm acesso a métodos modernos</p><p>COM NÚMEROS REAIS .............................................................................................355</p><p>MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E MÁXIMO DIVISOR COMUM ........................................................358</p><p>RAZÃO E PROPORÇÃO ....................................................................................................................358</p><p>PORCENTAGEM ................................................................................................................................361</p><p>REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA ......................................................................................361</p><p>MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES E PONDERADA .............................................................................363</p><p>JUROS SIMPLES ..............................................................................................................................364</p><p>EQUAÇÃO DO 1° E 2° GRAUS ...........................................................................................................365</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>SISTEMA DE EQUAÇÕES DO 1° GRAU............................................................................................366</p><p>RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS ..............................................................366</p><p>SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS ...................................................................................................368</p><p>NOÇÕES DE GEOMETRIA ................................................................................................................370</p><p>ÂNGULO ...........................................................................................................................................................370</p><p>PERÍMETRO .....................................................................................................................................................371</p><p>FORMA E ÁREA ...............................................................................................................................................371</p><p>Teorema de Pitágoras ...................................................................................................................................373</p><p>VOLUME...........................................................................................................................................................374</p><p>RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA .....................................................................................376</p><p>INFORMÁTICA .................................................................................................................389</p><p>MS-WINDOWS 10 OU SUPERIOR ....................................................................................................389</p><p>CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS ...................................................................389</p><p>ÁREA DE TRABALHO ......................................................................................................................................391</p><p>ÁREA DE TRANSFERÊNCIA ............................................................................................................................392</p><p>MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS ....................................................................................................393</p><p>USO DOS MENUS ............................................................................................................................................396</p><p>PROGRAMAS E APLICATIVOS .......................................................................................................................396</p><p>INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS DO MICROSOFT 365 ..................................................400</p><p>MS-WORD .........................................................................................................................................401</p><p>ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS ...................................................................................................401</p><p>EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS ...........................................................................................................403</p><p>CABEÇALHOS .................................................................................................................................................404</p><p>PARÁGRAFOS .................................................................................................................................................404</p><p>FONTES ...........................................................................................................................................................405</p><p>COLUNAS ........................................................................................................................................................406</p><p>MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS ................................................................................................406</p><p>TABELAS .........................................................................................................................................................407</p><p>IMPRESSÃO ....................................................................................................................................................408</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS ..............................................................................409</p><p>LEGENDAS .......................................................................................................................................................410</p><p>ÍNDICES ...........................................................................................................................................................411</p><p>INSERÇÃO DE OBJETOS ................................................................................................................................411</p><p>CAMPOS PREDEFINIDOS ...............................................................................................................................412</p><p>CAIXAS DE TEXTO ..........................................................................................................................................412</p><p>MS-EXCEL .........................................................................................................................................412</p><p>ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS ........................................................................................................414</p><p>CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS .......................................................414</p><p>ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS .....................................................................................................415</p><p>USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS ..................................................................................................419</p><p>IMPRESSÃO ....................................................................................................................................................422</p><p>INSERÇÃO DE OBJETOS ................................................................................................................................423</p><p>CAMPOS PREDEFINIDOS ...............................................................................................................................425</p><p>CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS ..............................................................................426</p><p>OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS ...............................................................................................................426</p><p>de planejamen-</p><p>to familiar. Em 2020, cerca de 70% de todas as mortes</p><p>maternas ocorreram na África subsaariana, em razão</p><p>de sangramento grave, pressão alta, infecções relacio-</p><p>nadas à gravidez, complicações de aborto inseguro e</p><p>doenças como HIV/Aids ou malária, que podem ser</p><p>agravadas pela gravidez. No Chade, a taxa média de</p><p>mortalidade é de 1 063 mulheres para cada 100 mil</p><p>nascidos vivos. Na Alemanha, de 5 para cada 100 mil.</p><p>(Pesquisa Fapesp. https://revistapesquisa.fapesp.br, Edição 326,</p><p>abril de 2023. Adaptado)</p><p>15. (VUNESP – 2023) Na frase final do texto – Na Alemanha,</p><p>de 5 para cada 100 mil. –, a vírgula serve para separar a</p><p>expressão adverbial de lugar e para indicar que há</p><p>a) informação implícita no enunciado.</p><p>b) divergência entre os dados citados.</p><p>c) separação de termos em enumeração.</p><p>d) ambiguidade na exposição das ideias.</p><p>e) retificação de informação prévia.</p><p>16. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa em que o</p><p>enunciado está em conformidade com as informa-</p><p>ções do texto e com a norma-padrão.</p><p>a) Ainda que se recomende exames às mulheres grávi-</p><p>das, a maioria delas têm se mostrado contrária à reali-</p><p>zação desse controle médico.</p><p>b) De acordo com a OMS, falta empenho das mulheres</p><p>grávidas para realizar os exames pré-natal que man-</p><p>tém em dia sua saúde.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>54</p><p>c) Cerca de 270 milhões de mulheres não dispõe de</p><p>acesso a métodos de planejamento familiar, ficando</p><p>vulnerável a uma série de problemas.</p><p>d) O relatório da OMS mostra que cerca de um terço das</p><p>mulheres grávidas não faz nem metade dos exames</p><p>pré-natais recomendados.</p><p>e) O aumento das mortes maternas sinalizam para a</p><p>necessidade de garantir às mulheres acesso aos cui-</p><p>dados essenciais em saúde.</p><p>17. (VUNESP – 2023) Assinale a alternativa que atende à</p><p>norma-padrão de regência nominal e verbal.</p><p>a) A imposição a um modelo feminino veio sendo cons-</p><p>truído ao longo do tempo, visando pela dominância de</p><p>um comportamento.</p><p>b) A crítica que se faz às princesas suspirosas provavel-</p><p>mente se respalda no anseio das pessoas pela oposi-</p><p>ção a um comportamento.</p><p>c) Os contos de fadas que nos referimos continuamente</p><p>vieram em nossas vidas pela tradição, que a origem</p><p>foge de nosso conhecimento.</p><p>d) Educadores, pais, autores de antologias e editores são</p><p>responsáveis das escolhas das histórias que hoje se</p><p>fazem críticas.</p><p>e) As pessoas têm a pretensão que os contos sejam</p><p>atualizados e colocados em moldes, pois aspiram por</p><p>limpeza ideológica.</p><p>Leia o texto a seguir para responder às questões 18 a 20.</p><p>José Dias tratava-me com extremos de mãe e atenções</p><p>de servo. A primeira cousa que consegui, logo que come-</p><p>cei a andar forac, foi dispensar-me o pajem; fez-se pajem,</p><p>ia comigo à rua. Cuidava dos meus arranjos em casa,</p><p>dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene e</p><p>da minha prosódia. Aos oito anos os meus plurais care-</p><p>ciam, alguma vez, da desinência exata, ele a corrigiab,</p><p>meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para</p><p>obter o perdão da emenda. Ajudava assim o mestre de</p><p>primeiras letras. Mais tarde, quando o Padre Cabral me</p><p>ensinava latim, doutrina e história sagrada, ele assistia às</p><p>lições, fazia reflexões eclesiásticas, e, no fim, pergunta-</p><p>va ao padre: “Não é verdade que o nosso jovem amigo</p><p>caminha depressa?” Chamava- me “um prodígio”; dizia</p><p>a minha mãe ter conhecido outrora meninos muito inte-</p><p>ligentesa, mas que eu excedia a todos essese, sem contar</p><p>que, para a minha idade, possuía já certo número de qua-</p><p>lidades morais sólidasd. Eu, posto não avaliasse todo o</p><p>valor deste outro elogio, gostava do elogio; era um elogio.</p><p>(Machado de Assis, Dom Casmurro)</p><p>18. (VUNESP – 2023) José Dias, sentindo-se apto</p><p>pajear o garoto, passou a zelar,</p><p>inclusive, sua prosódia. À mãe do menino disse</p><p>que este era possuidor certo número de quali-</p><p>dades morais.</p><p>De acordo com a norma-padrão, as lacunas do enun-</p><p>ciado devem ser preenchidas, respectivamente, com:</p><p>a) para ... em ... em</p><p>b) a ... com ... com</p><p>c) a ... de ... de</p><p>d) em ... sobre ... a</p><p>e) de ... pela ... de</p><p>19. (VUNESP – 2023) No texto, o sinal indicativo da crase</p><p>poderia ser empregado no termo destacado em:</p><p>a) ... dizia a minha mãe ter conhecido outrora meninos</p><p>muito inteligentes...</p><p>b) ... os meus plurais careciam, alguma vez, da desinên-</p><p>cia exata, ele a corrigia...</p><p>c) A primeira cousa que consegui logo que comecei a</p><p>andar fora...</p><p>d) ... para a minha idade, possuía já certo número de qua-</p><p>lidades morais sólidas.</p><p>e) ... mas que eu excedia a todos esses...</p><p>20. (VUNESP – 2023) De acordo com o narrador, os seus</p><p>plurais “careciam, alguma vez, da desinência exata”</p><p>e eram, então, corrigidos por José Dias, que também</p><p>corrigiria o plural em:</p><p>a) Havia no olhar das pessoas muitas interrogações</p><p>sobre a organização das feiras e eventos.</p><p>b) Na sala, havia umas pessoas desconhecidas e, sobre</p><p>a mesa, livros e revistas amareladas.</p><p>c) Eles haviam permanecido calados durante a aula,</p><p>depois de bastantes broncas recebidas.</p><p>d) Os maiores problemas com as leis que já havia ocorri-</p><p>do eram corrigidos rápido por ele.</p><p>e) Ali na sala estavam muitos livros de literatura brasilei-</p><p>ra, e muitos deles eu já havia lido.</p><p>9 GABARITO</p><p>1 A</p><p>2 A</p><p>3 B</p><p>4 D</p><p>5 A</p><p>6 D</p><p>7 A</p><p>8 D</p><p>9 E</p><p>10 C</p><p>11 A</p><p>12 A</p><p>13 E</p><p>14 B</p><p>15 A</p><p>16 D</p><p>17 B</p><p>18 C</p><p>19 A</p><p>20 D</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>55</p><p>DIREITO PENAL</p><p>CÓDIGO PENAL - ARTIGOS 293 A 305;</p><p>307; 308; 311-A; 312 A 317; 319 A 333;</p><p>336 E 337; 339 A 347; 357 E 359</p><p>CAPÍTULO II — FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS</p><p>PAPÉIS PÚBLICOS</p><p>A fé pública, que é o bem jurídico protegido nes-</p><p>se título, consiste na credibilidade que a lei confere</p><p>aos atos públicos, cuja veracidade e legalidade são</p><p>presumidas.</p><p>Nesse sentido, estudaremos de forma separada os</p><p>respectivos artigos que compõem o título do Código</p><p>Penal que estes engloba.</p><p>Falsificação de Papéis Públicos</p><p>Art. 293 Falsificar, fabricando-os ou</p><p>alterando-os:</p><p>I - selo destinado a controle tributário, papel sela-</p><p>do ou qualquer papel de emissão legal destinado à</p><p>arrecadação de tributo;</p><p>II - papel de crédito público que não seja moeda</p><p>de curso legal;</p><p>III - vale postal;</p><p>IV - cautela de penhor, caderneta de depósito</p><p>de caixa econômica ou de outro estabelecimento</p><p>mantido por entidade de direito público;</p><p>V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro</p><p>documento relativo a arrecadação de rendas</p><p>públicas ou a depósito ou caução por que o</p><p>poder público seja responsável;</p><p>VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa</p><p>de transporte administrada pela União, por Esta-</p><p>do ou por Município:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.</p><p>§ 1º Incorre na mesma pena quem:</p><p>I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis</p><p>falsificados a que se refere este artigo;</p><p>II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,</p><p>empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação</p><p>selo falsificado destinado a controle tributário;</p><p>III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à</p><p>venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,</p><p>empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,</p><p>utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício</p><p>de atividade comercial ou industrial, produto ou</p><p>mercadoria:</p><p>a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a</p><p>controle tributário, falsificado;</p><p>b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação</p><p>tributária determina a obrigatoriedade de sua</p><p>aplicação.</p><p>§ 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quan-</p><p>do legítimos, com o fim de torná-los novamente</p><p>utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua</p><p>inutilização:</p><p>Pena - reclusão, de um a</p><p>quatro anos, e multa.</p><p>§ 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois</p><p>de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o</p><p>parágrafo anterior.</p><p>§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora</p><p>recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados</p><p>ou alterados, a que se referem este artigo e o seu</p><p>§ 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração,</p><p>incorre na pena de detenção, de seis meses a dois</p><p>anos, ou multa.</p><p>§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os</p><p>fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comér-</p><p>cio irregular ou clandestino, inclusive o exercido</p><p>em vias, praças ou outros logradouros públicos e</p><p>em residências.</p><p>O tipo do art. 293, do CP, cuida da falsificação por</p><p>meio da fabricação (criação material de documento)</p><p>ou alteração (modificação de documento já existente)</p><p>dos documentos enumerados nos seis incisos do caput</p><p>(papéis públicos).</p><p>A falsificação recai sobre:</p><p>z selos ou outros papéis destinados à arrecadação</p><p>de tributo (todo maço de cigarro ou garrafa de</p><p>vinho, por exemplo, possuem um selo que indica</p><p>o recolhimento de tributos relativos a esses bens);</p><p>z papel de crédito público que não seja moeda em</p><p>curso legal (títulos da dívida pública);</p><p>z vale postal que, apesar de ainda constar no art.</p><p>293, foi revogado pelo crime de falsificação de vale</p><p>postal, tipificado no art. 36, da Lei nº 6.538, de 1978;</p><p>z cautela de penhor (documento usado em opera-</p><p>ção de penhor, que indica que o indivíduo recebeu</p><p>o dinheiro do empréstimo e permite o resgate do</p><p>objeto, caderneta de depósito da caixa econômica</p><p>ou outro estabelecimento mantido por entidade de</p><p>direito público — por anos, o controle de depósi-</p><p>tos em poupança era feito por meio de caderne-</p><p>tas, nas quais constavam os depósitos, saques e</p><p>atualizações);</p><p>z documentos relativos à arrecadação de rendas</p><p>públicas ou a depósito por caução (tais como</p><p>alvarás, guias etc.); e</p><p>z bilhete (documento que, mediante pagamento,</p><p>permite uso de meios de transporte), passe (seme-</p><p>lhante ao bilhete) ou conhecimento (documento</p><p>que indica que determinado objeto foi entregue</p><p>para transporte) de empresa administrada pelo</p><p>poder público.</p><p>Assim como ocorre no crime de moeda falsa, a fal-</p><p>sificação grosseira não configura o crime do art. 293.</p><p>O § 1º, art. 293, apresenta condutas equiparadas</p><p>à falsidade de papéis públicos.</p><p>O § 2º, por sua vez, incrimina a supressão (elimina-</p><p>ção) de carimbo ou sinal de inutilização.</p><p>O § 3º pune aquele que usa, depois de alterados, os</p><p>papéis enumerados no § 2º.</p><p>Já o § 4º apresenta uma modalidade privilegiada,</p><p>punindo com pena menor, conforme destacado ante-</p><p>riormente, aquele que, recebendo de boa-fé os papéis</p><p>falsificados a que se referem o art. 293 e seu § 2º,</p><p>depois de tomar ciência da falsidade, os recoloca em</p><p>circulação.</p><p>Por fim, o § 5º afirma que o delito pode ocorrer</p><p>em qualquer tipo de atividade comercial, ainda que</p><p>informal.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>56</p><p>Petrechos de Falsificação</p><p>Art. 294 Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou</p><p>guardar objeto especialmente destinado à falsifi-</p><p>cação de qualquer dos papéis referidos no artigo</p><p>anterior:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>O art. 294 traz um crime semelhante ao do art. 291,</p><p>com a diferença de que, aqui, se punem as condutas</p><p>relacionadas a petrechos que objetivam a falsifica-</p><p>ção (contrafação) de papéis públicos.</p><p>Art. 295 Se o agente é funcionário público,</p><p>e comete o crime prevalecendo-se do cargo,</p><p>aumenta-se a pena de sexta parte.</p><p>Importante!</p><p>O art. 295, do CP, traz uma causa de aumento de</p><p>pena no caso de o agente ser funcionário público</p><p>e praticar o crime valendo-se do cargo, que se</p><p>aplica aos tipos dos arts. 293 e 294.</p><p>CAPÍTULO III — FALSIDADE DOCUMENTAL</p><p>O Capítulo III tutela a fé pública, punindo as for-</p><p>mas de falsidade documental.</p><p>Vejamos separadamente cada um dos dispositivos.</p><p>Preliminarmente, antes de adentrarmos especifi-</p><p>camente aos artigos, é importante ressaltar que, para</p><p>que seja considerado documento, o papel deve:</p><p>z ser escrito;</p><p>z ter conteúdo com relevância jurídica (isto é, pos-</p><p>sibilidade de gerar consequências jurídicas);</p><p>z ter autoria identificada;</p><p>z possuir valor probatório por si só (deve ser ori-</p><p>ginal, de modo que cópias autenticadas não vão</p><p>configurar o crime).</p><p>A falsidade pode ser de duas espécies:</p><p>Falsidade material</p><p>(falsidade na forma do</p><p>documento)</p><p>FALSIDADE</p><p>DOCUMENTAL</p><p>Falsidade ideológica</p><p>(falsidade no conteúdo do</p><p>documento)</p><p>Na falsidade material, o vício está na integridade</p><p>física do documento (são feitas, por exemplo, emen-</p><p>das ou rasuras no documento oficial).</p><p>Já na falsidade ideológica, a falsidade está no con-</p><p>teúdo, ou seja, o que está escrito no documento não</p><p>reflete a verdade (já sua parte formal é totalmente</p><p>verdadeira).</p><p>Falsificação do Selo ou Sinal Público</p><p>Art. 296 Falsificar, fabricando-os ou</p><p>alterando-os:</p><p>I - selo público destinado a autenticar atos oficiais</p><p>da União, de Estado ou de Município;</p><p>II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de</p><p>direito público, ou a autoridade, ou sinal público</p><p>de tabelião:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>§ 1º Incorre nas mesmas penas:</p><p>I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;</p><p>II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-</p><p>dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-</p><p>prio ou alheio.</p><p>III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de</p><p>marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím-</p><p>bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou</p><p>entidades da Administração Pública.</p><p>§ 2º Se o agente é funcionário público, e comete o</p><p>crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena</p><p>de sexta parte.</p><p>O art. 296 pune a fabricação ou a alteração:</p><p>z de selo público que se destina a autenticar os ofi-</p><p>ciais do poder público (atenção para não confun-</p><p>dir com o crime previsto no inciso I, art. 293, que</p><p>pune a falsificação de selo de controle tributário);</p><p>z de selo ou sinal legalmente atribuído à entidade</p><p>de direito público/autoridade ou sinal público de</p><p>tabelião.</p><p>Vimos anteriormente que o § 1º pune três moda-</p><p>lidades equiparadas: as duas primeiras punem, res-</p><p>pectivamente, o uso de sinal falso (inciso I) e o uso</p><p>indevido de sinal verdadeiro (inciso II); a terceira</p><p>modalidade, por sua vez, pune a alteração, falsifica-</p><p>ção ou uso indevido de qualquer tipo de símbolo de</p><p>órgãos ou entidades públicos (inciso III).</p><p>Caso o crime seja praticado por funcionário públi-</p><p>co, prevalecendo-se do cargo, a pena será aumentada</p><p>da sexta parte (§ 2º).</p><p>Falsificação de Documento Público</p><p>Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento</p><p>público, ou alterar documento público verdadeiro:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o</p><p>crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena</p><p>de sexta parte.</p><p>§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-</p><p>mento público o emanado de entidade paraestatal,</p><p>o título ao portador ou transmissível por endosso,</p><p>as ações de sociedade comercial, os livros mercan-</p><p>tis e o testamento particular.</p><p>§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz</p><p>inserir:</p><p>I - na folha de pagamento ou em documento de</p><p>informações que seja destinado a fazer prova</p><p>perante a previdência social, pessoa que não pos-</p><p>sua a qualidade de segurado obrigatório;</p><p>II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do</p><p>empregado ou em documento que deva produzir</p><p>efeito perante a previdência social, declaração falsa</p><p>ou diversa da que deveria ter sido escrita;</p><p>III - em documento contábil ou em qualquer outro</p><p>documento relacionado com as obrigações da</p><p>empresa perante a previdência social, declaração</p><p>falsa ou diversa da que deveria ter constado.</p><p>§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos</p><p>documentos mencionados no § 3º, nome do segu-</p><p>rado e seus dados pessoais, a remuneração, a</p><p>vigência</p><p>do contrato de trabalho ou de prestação</p><p>de serviços.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>57</p><p>O caput, do art. 297, pune a conduta de falsificar ou</p><p>alterar documento público. Para tanto, cumpre ressal-</p><p>tar que somente será considerado documento público</p><p>aquele:</p><p>z elaborado/confeccionado por funcionário público;</p><p>z no exercício de suas funções públicas; e</p><p>z em conformidade com legislação pertinente.</p><p>Trata-se de crime formal, consumando-se com a</p><p>falsificação/alteração, independentemente de qual-</p><p>quer prejuízo.</p><p>O § 1º traz causa de aumento de pena para o caso</p><p>de o agente ser funcionário público e praticar o crime</p><p>valendo-se do cargo.</p><p>O § 2º, por sua vez, equipara a documentos públi-</p><p>cos para os fins penais certos documentos que são, por</p><p>sua natureza, particulares, tendo em vista a relevân-</p><p>cia destes.</p><p>Já o § 3º traz formas equiparadas ao crime de fal-</p><p>sificação de documento público, punindo com a mes-</p><p>ma pena quem insere ou faz inserir informações falsas</p><p>em documentos trabalhistas ou previdenciários.</p><p>Por fim, o § 4º traz outra forma equiparada, dessa</p><p>vez na modalidade omissiva, punindo quem omite</p><p>informações relevantes nos documentos menciona-</p><p>dos no § 3º.</p><p>Atenção! Pode ser que o agente se utilize de</p><p>documento público falso para a prática do crime de</p><p>estelionato (art. 171, do CP). Nessa hipótese, quando</p><p>o documento falso perde sua potencialidade lesiva</p><p>após a prática do estelionato, o crime de falsidade</p><p>fica absorvido pelo estelionato (é o que determina a</p><p>Súmula nº 17, do STJ).</p><p>Exemplificando a hipótese apresentada: um indi-</p><p>víduo falsifica um alvará judicial que autoriza o</p><p>levantamento (saque) de dinheiro em determinada</p><p>conta bancária; uma vez sacado o dinheiro, o docu-</p><p>mento judicial falso perde a sua potencialidade lesi-</p><p>va, ou seja, não serve mais para prejudicar ninguém;</p><p>nesse caso, o crime de falsificação vai ser absorvido</p><p>pelo estelionato, respondendo o agente somente pela</p><p>prática do crime do art. 171.</p><p>De forma diferente, aproveitando o mesmo exem-</p><p>plo, no caso de o documento falso ainda poder gerar</p><p>prejuízo, por exemplo, permitindo a retirada de</p><p>dinheiro de outras contas ou a transferência de um</p><p>veículo, o sujeito vai responder pelo crime de falsida-</p><p>de e pelo estelionato.</p><p>Falsificação de Documento Particular</p><p>Art. 298 Falsificar, no todo ou em parte, docu-</p><p>mento particular ou alterar documento particu-</p><p>lar verdadeiro:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,</p><p>equipara-se a documento particular o cartão</p><p>de crédito ou débito.</p><p>A conduta descrita no tipo penal é muito seme-</p><p>lhante ao crime de falsificação de documento público,</p><p>sendo diferente no que se refere ao objeto material do</p><p>crime (documento particular).</p><p>Para tanto, vejamos que a definição de documento</p><p>particular é simples: é todo documento que não seja</p><p>público, isto é, que, por exclusão, seja considerado</p><p>documento particular.</p><p>Tendo em vista a maior gravidade da conduta, a</p><p>pena da falsificação de documento público, prevista</p><p>no art. 297, é maior do que a prevista para a falsifica-</p><p>ção de documento particular.</p><p>O parágrafo único equipara, para todos os fins penais,</p><p>o cartão de crédito ou débito a documento particular.</p><p>Falsidade Ideológica</p><p>Art. 299 Omitir, em documento público ou par-</p><p>ticular, declaração que dele devia constar, ou nele</p><p>inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa</p><p>da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar</p><p>direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre</p><p>fato juridicamente relevante:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o</p><p>documento é público, e reclusão de um a três anos,</p><p>e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de</p><p>réis, se o documento é particular.</p><p>Parágrafo único. Se o agente é funcionário públi-</p><p>co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou</p><p>se a falsificação ou alteração é de assentamento de</p><p>registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.</p><p>A falsidade ideológica prevista no tipo penal em</p><p>comento é também chamada de falso moral, falso</p><p>ideal ou falso intelectual.</p><p>Assim, a falsidade ideológica pode ser praticada</p><p>tanto em documento público quanto em documento</p><p>particular, tendo, como distinção, tão somente a pena.</p><p>Nesse sentido, as condutas previstas são:</p><p>z omitir, em documento público ou particular, uma</p><p>declaração que neles deveria constar;</p><p>z inserir ou fazer inserir em documento público</p><p>ou particular declaração falsa ou diversa da que</p><p>deveria neles constar.</p><p>Em qualquer das situações anteriormente elenca-</p><p>das, deve estar presente o dolo específico de “prejudi-</p><p>car direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre</p><p>fato juridicamente relevante”.</p><p>Nesse sentido, a consumação dá-se com a falsifica-</p><p>ção, ainda que não seja atingido o fim buscado (crime</p><p>formal).</p><p>O parágrafo único traz duas causas de aumento de</p><p>pena:</p><p>z se o autor é funcionário público e comete o crime</p><p>valendo-se dessa condição; e</p><p>z se a falsificação recai sobre documento de assenta-</p><p>mento civil (certidão de casamento, por exemplo).</p><p>Ato contínuo, de acordo com a jurisprudência do</p><p>Superior Tribunal de Justiça, não configura o crime do</p><p>art. 299, do CP:</p><p>z inserção de informação falsa em declaração de</p><p>pobreza (AgRg no RHC 43.279/SP);</p><p>z inserção falsa em petição inicial apresentada em</p><p>juízo (RHC 70.596/MS); e</p><p>z inserção falsa em currículo Lattes (Informativo nº</p><p>610, do STJ).</p><p>Falso Reconhecimento de Firma ou Letra</p><p>Art. 300 Reconhecer, como verdadeira, no exer-</p><p>cício de função pública, firma ou letra que o não</p><p>seja:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>58</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o</p><p>documento é público; e de um a três anos, e multa,</p><p>se o documento é particular.</p><p>O crime em questão é uma espécie de falsidade</p><p>ideológica que se configura com o reconhecimento,</p><p>como verdadeira, no exercício de função pública, de</p><p>firma (assinatura) ou letra (manuscrito integral) que</p><p>não o seja.</p><p>Dessa forma, o delito somente poderá ser pratica-</p><p>do por quem tem atribuição para reconhecer como</p><p>verdadeira a firma ou a letra, como no caso dos ofi-</p><p>ciais de registro civil e dos tabeliães de notas.</p><p>Importante!</p><p>O reconhecimento de firma por outras pessoas,</p><p>que não sejam oficiais de registro civil ou tabe-</p><p>liães de notas, irá configurar o crime dos arts.</p><p>297 ou 298.</p><p>Vemos que a conduta descrita no dispositivo se tra-</p><p>ta de crime formal, consumando-se com o reconheci-</p><p>mento pelo agente, ainda que o documento não seja</p><p>devolvido a quem o apresentou.</p><p>A pena do crime será distinta conforme a natureza</p><p>do documento. Vejamos:</p><p>z Se documento público: reclusão de um a cinco</p><p>anos e multa;</p><p>z Se documento privado: reclusão de um a três</p><p>anos e multa.</p><p>Caso o crime descrito anteriormente venha a ser</p><p>cometido por perito, no exame grafotécnico, este</p><p>responde pelo art. 342 (falsa perícia) — caso ele haja</p><p>dolosamente de forma a atrapalhar esse exame.</p><p>Contudo, se é o próprio falsificador quem submete</p><p>uma assinatura para ser atestada pelo tabelião, com</p><p>o tabelião sabendo que a assinatura é falsa, o falsifi-</p><p>cador responderá pela falsificação documental do art.</p><p>297, se for documento público, ou do art. 298, se for</p><p>documento particular; já o tabelião responderá pelo</p><p>crime do art. 300.</p><p>Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso</p><p>Art. 301 Atestar ou certificar falsamente, em</p><p>razão de função pública, fato ou circunstância</p><p>que habilite alguém a obter cargo público, isen-</p><p>ção de ônus ou de serviço de caráter público, ou</p><p>qualquer outra vantagem:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um</p><p>ano.</p><p>O art. 301, do CP, pune mais uma forma específica</p><p>de falsidade ideológica. No caso, se pune quem atesta</p><p>ou certifica falsamente, em razão de função pública,</p><p>fato ou circunstância que habilite alguém a obter car-</p><p>go público, isenção de ônus ou de serviço de caráter</p><p>público ou qualquer outra vantagem.</p><p>Trata-se, portanto, de crime próprio, que só pode</p><p>ser praticado por funcionário público, em razão da</p><p>função pública; admite o concurso de pessoas com</p><p>particulares, desde que estes conheçam sobre a situa-</p><p>ção de funcionário público.</p><p>Para a caracterização do crime, exige-se que a cer-</p><p>tificação ou o atestado se deem para as finalidades</p><p>previstas, isto é, habilitar alguém a obter cargo públi-</p><p>co, isentar de ônus ou de serviço de caráter público ou</p><p>qualquer outra vantagem.</p><p>Um exemplo da prática de tal crime é certificar fal-</p><p>samente que alguém já serviu como mesário em elei-</p><p>ção a fim de isentá-lo do trabalho na votação.</p><p>Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de</p><p>lucro (finalidade específica), será aplicada, além da</p><p>pena privativa de liberdade, a pena de multa.</p><p>Por fim, a consumação do delito consuma-se com a</p><p>atestação ou certificação, ainda que o documento não</p><p>seja entregue ao destinatário.</p><p>Falsidade Material de Atestado ou Certidão</p><p>Art. 301 [...]</p><p>§ 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou</p><p>certidão, ou alterar o teor de certidão ou de</p><p>atestado verdadeiro, para prova de fato ou cir-</p><p>cunstância que habilite alguém a obter cargo</p><p>público, isenção de ônus ou de serviço de cará-</p><p>ter público, ou qualquer outra vantagem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos.</p><p>§ 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro,</p><p>aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de</p><p>multa.</p><p>Vemos que, no § 1º, art. 301, do CP, está descrito</p><p>um tipo penal autônomo que pune a falsificação, no</p><p>todo ou em parte, de atestado ou certidão, bem como</p><p>alterar certidão ou atestado verdadeiro, com objetivo</p><p>de fazer prova de fato ou circunstância que habilite</p><p>alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de</p><p>serviço de caráter público ou qualquer outra vanta-</p><p>gem (por exemplo, falsificar atestado de presença em</p><p>audiência judicial para justificar falta no trabalho em</p><p>emprego público).</p><p>Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de</p><p>lucro (finalidade específica), será aplicada, também, a</p><p>pena de multa.</p><p>Falsidade de Atestado Médico</p><p>Art. 302 Dar o médico, no exercício da sua profis-</p><p>são, atestado falso:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano.</p><p>Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim</p><p>de lucro, aplica-se também multa.</p><p>O crime do art. 302 somente poderá ser praticado</p><p>por médico, no exercício de sua função.</p><p>Atestar falsamente é colocar informações que</p><p>são total ou parcialmente falsas em documento (por</p><p>exemplo, a existência ou não de alguma doença),</p><p>entregando-o ao interessado.</p><p>Nesse sentido, a consumação do delito dar-se-á</p><p>com a entrega do atestado ao paciente pelo médico.</p><p>Ainda, caso o médico pratique a conduta com fina-</p><p>lidade de obter lucro (dolo específico), será aplicada</p><p>a ele, além da pena privativa de liberdade, a pena de</p><p>multa.</p><p>Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça</p><p>Filatélica</p><p>Art. 303 Reproduzir ou alterar selo ou peça filaté-</p><p>lica que tenha valor para coleção, salvo quando a</p><p>reprodução ou a alteração está visivelmente anota-</p><p>da na face ou no verso do selo ou peça:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>59</p><p>Pena - detenção, de um a três anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem,</p><p>para fins de comércio, faz uso do selo ou peça</p><p>filatélica.</p><p>O crime tipificado nesse artigo foi substituído pelo</p><p>art. 39, da Lei nº 6.538, de 1978. Vejamos o dispositivo</p><p>da referida lei, a título de conhecimento:</p><p>Lei nº 6.538, de 1978 […]</p><p>Art. 39 Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica</p><p>de valor para coleção, salvo quando a reprodução</p><p>ou a alteração estiver visivelmente anotada na face</p><p>ou no verso do selo ou peça:</p><p>Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três</p><p>a dez dias-multa.</p><p>FORMA ASSIMILADA</p><p>Parágrafo único - Incorre nas mesmas penas, quem,</p><p>para fins de comércio, faz uso de selo ou peça fila-</p><p>télica de valor para coleção, ilegalmente reproduzi-</p><p>dos ou alterados.</p><p>[…]</p><p>Uso de Documento Falso</p><p>Art. 304 Fazer uso de qualquer dos papéis falsi-</p><p>ficados ou alterados, a que se referem os arts. 297</p><p>a 302:</p><p>Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.</p><p>O uso de qualquer um dos documentos previstos</p><p>entre os arts. 297 a 302 configura o crime de uso de</p><p>documento falso, respondendo o agente com a mesma</p><p>pena correspondente à falsificação ou alteração.</p><p>Caso o agente que fez uso do documento falso seja</p><p>o mesmo que o falsificou, segundo entendimento que</p><p>predomina no STJ, neste caso, deverá o agente respon-</p><p>der apenas por falsificação de documento público.</p><p>Para caracterização deste crime, não basta o mero</p><p>porte do documento falso, exigindo-se que o agente</p><p>o use efetivamente, apresentando-o a alguém; não</p><p>se exige, no entanto, que o sujeito obtenha qualquer</p><p>proveito.</p><p>O documento deve ser exibido pelo agente para</p><p>que se configure o delito; caso seja encontrado por</p><p>policiais durante uma busca pessoal, não há que se</p><p>falar no crime de uso.</p><p>Prevalece o entendimento de que não admite a</p><p>modalidade tentada, já que se trata de crime unissub-</p><p>sistente, perfazendo-se mediante a execução de um</p><p>único ato (ou o agente usa o documento e pratica o</p><p>crime, ou o agente não usa o documento e o fato será</p><p>atípico).</p><p>Segundo o STJ, se o documento usado for grossei-</p><p>ramente falsificado, perceptível aos olhos do homem</p><p>comum, não irá se configurar o crime de uso de docu-</p><p>mento falso.</p><p>Supressão de Documento</p><p>Art. 305 Destruir, suprimir ou ocultar, em bene-</p><p>fício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,</p><p>documento público ou particular verdadeiro, de</p><p>que não podia dispor:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o</p><p>documento é público, e reclusão, de um a cinco</p><p>anos, e multa, se o documento é particular.</p><p>Trata-se de crime de ação múltipla, uma vez que</p><p>poderá ser praticado com a execução das condutas de</p><p>destruir (eliminar, queimar, rasgar), suprimir (acabar</p><p>com o documento sem que o destrua ou oculte como,</p><p>por exemplo, riscando ou cobrindo com tinta) e ocultar</p><p>(esconder, deixar indisponível) documento público ou</p><p>particular verdadeiro, de que não podia dispor, em bene-</p><p>fício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio.</p><p>É crime comum, podendo ser praticado por qualquer</p><p>pessoa, inclusive pelo proprietário do documento, nas</p><p>hipóteses em que não se pode dele dispor. Neste sentido,</p><p>a pena do crime será diferente, a depender da natureza</p><p>do documento destruído, suprimido ou ocultado.</p><p>Importante ressaltar que, neste delito, a tentativa</p><p>será possível. Em relação aos tipos penais que apre-</p><p>sentam penas como visto anteriormente, deve-se ter</p><p>um cuidado redobrado ao analisar o tipo penal e pos-</p><p>síveis questões de prova sobre o tema.</p><p>CAPÍTULO IV — OUTRAS FALSIDADES</p><p>Falsa Identidade</p><p>Art. 307 Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa</p><p>identidade para obter vantagem, em proveito pró-</p><p>prio ou alheio, ou para causar dano a outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,</p><p>se o fato não constitui elemento de crime mais</p><p>grave.</p><p>O art. 307 pune as condutas de atribuir, ou seja, impu-</p><p>tar a si próprio ou a terceiro, falsa identidade com a fina-</p><p>lidade de obter qualquer tipo de vantagem, para si ou</p><p>para outrem, ou para causar prejuízo a terceiro. O sujei-</p><p>to pode passar-se tanto por pessoa existente quanto por</p><p>pessoa inventada; da mesma forma, pode fazer com que</p><p>terceiro se passe por pessoa real ou fictícia.</p><p>O delito poderá ser praticado tanto na forma ver-</p><p>bal quanto na forma escrita, e é praticado por meio de</p><p>ação (silenciar, em caso de equívoco de terceiro, não</p><p>configura o crime).</p><p>A consumação dar-se-á com a falsa atribuição, a si</p><p>próprio ou a terceiro, independentemente da obten-</p><p>ção de qualquer vantagem.</p><p>Trata-se de crime expressamente subsidiário, ou</p><p>seja, somente será aplicado se não configurar crime</p><p>mais grave. Por fim, quanto à tentativa, será possível</p><p>apenas na modalidade escrita.</p><p>Importante!</p><p>Quem informa falsa identidade para autoridade</p><p>a fim de ocultar maus antecedentes comete o</p><p>crime do art. 307. O entendimento do STJ, que</p><p>consta na Súmula nº 522 e no RE 640.139-RG, é</p><p>de que o princípio constitucional da autodefesa,</p><p>disposto no inc. LXIII, art. 5 º, da CF, não prote-</p><p>ge quem atribui falsa identidade perante auto-</p><p>ridade policial a fim de esconder seu passado</p><p>criminoso.</p><p>Uso ou Cessão para Uso de Documento de</p><p>Identidade Alheio</p><p>Art. 308 Usar, como próprio, passaporte, títu-</p><p>lo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer</p><p>documento de identidade alheia ou ceder a</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>60</p><p>outrem, para que dele se utilize, documento des-</p><p>sa natureza, próprio ou de terceiro:</p><p>Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e</p><p>multa, se o fato não constitui elemento de cri-</p><p>me mais grave.</p><p>Este crime pode ser praticado das seguintes</p><p>formas:</p><p>z quando o agente faz uso de documento de identi-</p><p>ficação alheio;</p><p>z quando o agente cede, para que outro utilize, docu-</p><p>mento de identificação próprio ou alheio.</p><p>O tipo penal apresenta hipótese de interpretação</p><p>analógica, já que exemplifica quais são os documentos</p><p>de identidade, a exemplo do passaporte, título de elei-</p><p>tor e caderneta de reservista (fórmulas casuísticas), e,</p><p>por fim, amplia as possibilidades ao utilizar a expres-</p><p>são “qualquer documento de identidade” (fórmula</p><p>genérica).</p><p>O crime admite a modalidade tentada.</p><p>É crime subsidiário, conforme nota-se do próprio</p><p>preceito secundário do tipo, não respondendo o agen-</p><p>te por ele se o fato constituir elemento de crime mais</p><p>grave: utilizar como próprio documento falso, por</p><p>exemplo, configura uso de documento falso (art. 304,</p><p>do CP).</p><p>CAPÍTULO V — DAS FRAUDES EM CERTAMES DE</p><p>INTERESSE PÚBLICO</p><p>Fraudes em Certames de Interesse Público</p><p>Art. 311-A Utilizar ou divulgar, indevidamen-</p><p>te, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de</p><p>comprometer a credibilidade do certame, conteú-</p><p>do sigiloso de:</p><p>I - concurso público;</p><p>II - avaliação ou exame públicos;</p><p>III - processo seletivo para ingresso no ensino supe-</p><p>rior; ou</p><p>IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.</p><p>§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou</p><p>facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas</p><p>não autorizadas às informações mencionadas no</p><p>caput.</p><p>§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à admi-</p><p>nistração pública:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.</p><p>§ 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato</p><p>é cometido por funcionário público.</p><p>Este tipo penal foi editado para proteger a lisura</p><p>dos certames de interesse público. Ou seja, o crime</p><p>do art. 311-A não se aplica somente a concursos públi-</p><p>cos, mas a todo tipo de certame público (concorrência/</p><p>disputa de interesse social), neste contexto incluídos:</p><p>z concurso público (concurso para ingresso em car-</p><p>go ou emprego público);</p><p>z avaliação ou exame públicos (como o exame para</p><p>obtenção de habilitação para conduzir veículo ou</p><p>seleção para servidor temporário);</p><p>z processo seletivo para ingresso no ensino superior</p><p>(vestibulares ou outras formas de ingresso);</p><p>z exame ou processo seletivo previsto em lei (como</p><p>o exame da OAB).</p><p>As condutas punidas são a utilização ou a divul-</p><p>gação, sem causa justa, de informações sigilosas refe-</p><p>rentes a tais certames, com o objetivo de benefício</p><p>próprio ou de terceiro.</p><p>A consumação ocorre com a prática dos verbos uti-</p><p>lizar e divulgar, independentemente da ocorrência de</p><p>prejuízo.</p><p>No § 1º está prevista uma forma equiparada,</p><p>punindo o agente que permite ou facilita, por qual-</p><p>quer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às</p><p>informações sigilosas relacionadas a concurso públi-</p><p>co; avaliação ou exame públicos; processo seletivo</p><p>para ingresso no ensino superior; ou exame ou pro-</p><p>cesso seletivo previstos em lei.</p><p>O § 2º, por sua vez, trata da forma qualificada, que</p><p>se aplica quando a ação ou omissão resulta em dano à</p><p>Administração Pública.</p><p>Por fim, o § 3º traz uma causa de aumento de pena</p><p>quando o fato é cometido por funcionário público.</p><p>Exige fim especial de agir (dolo específico), que é o</p><p>fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer</p><p>a credibilidade do certame.</p><p>Trata-se de crime formal, pois se consuma com a</p><p>mera divulgação ou utilização das informações sigilo-</p><p>sas, ainda que o agente não consiga beneficiar a si ou</p><p>a terceiro ou não consiga comprometer a credibilida-</p><p>de do certame público. Admite a forma tentada.</p><p>Dica: a chamada “cola eletrônica”, que ocorre</p><p>quando se utilizam aparelhos transmissores e recep-</p><p>tores para indicar respostas corretas em uma prova,</p><p>somente vai se enquadrar no tipo do art. 311-A quan-</p><p>do ocorrer revelação indevida de conteúdo sigiloso do</p><p>certame (o gabarito, por exemplo). Caso contrário, a</p><p>conduta pode configurar outro tipo penal (caso o can-</p><p>didato que se utilizou da cola obtenha aprovação, é</p><p>possível falar em estelionato).</p><p>TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Capítulo I — Dos Crimes Praticados por Funcionários</p><p>Públicos Contra a Administração em Geral</p><p>O Capítulo I trata dos crimes chamados crimes</p><p>funcionais, que são praticados em detrimento da</p><p>Administração Pública por funcionários públicos</p><p>(denominados pela doutrina “intraneus”), em concur-</p><p>so ou não, com pessoa que não pertence aos quadros</p><p>administrativos (denominada “extraneus”).</p><p>O que se busca proteger com os tipos penais deste</p><p>capítulo (bem jurídico protegido) é o interesse público</p><p>relativo ao normal funcionamento e devido respeito à</p><p>Administração Pública.</p><p>Os crimes funcionais são divididos em duas espé-</p><p>cies: próprios e impróprios.</p><p>Crimes funcionais próprios, também chamados</p><p>de crimes funcionais puros ou propriamente ditos,</p><p>são aqueles que, caso não sejam praticados por fun-</p><p>cionários públicos, passam a ser atípicos (atipicidade</p><p>absoluta, ou seja, o fato é insignificante para o direito</p><p>penal). Um exemplo de crime funcional próprio é a</p><p>prevaricação, prevista no art. 319, do CP.</p><p>Os crimes funcionais impróprios, por sua vez,</p><p>também chamados de crimes funcionais impuros ou</p><p>impropriamente ditos, são aqueles em que, caso não</p><p>sejam praticados por funcionários públicos, o crime</p><p>funcional desaparece, no entanto, ocorre a desclassifi-</p><p>cação para outro crime (ocorre, portanto, a atipicidade</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>61</p><p>relativa). Exemplo de crime funcional impróprio é o</p><p>peculato-furto, previsto no § 1º, art. 312, do CP.</p><p>Antes de avançar no estudo dos crimes funcionais,</p><p>é essencial conhecer o conceito, para fins penais, de</p><p>funcionário público. Tal definição encontra-se no art.</p><p>327, do CP:</p><p>Art. 327 Considera-se funcionário público, para</p><p>os efeitos penais, quem, embora transitoriamen-</p><p>te ou sem remuneração, exerce cargo, emprego</p><p>ou função pública.</p><p>Conforme observa-se do caput, do art. 327, o legis-</p><p>lador optou por definir um conceito bem amplo de</p><p>quem é funcionário público, ou seja, qualquer pessoa</p><p>que:</p><p>z ainda que de forma transitória (temporária);</p><p>z mesmo que sem perceber qualquer tipo de</p><p>remuneração;</p><p>z exerça cargo, emprego ou função pública.</p><p>Vale fazer uma breve distinção entre as expres-</p><p>sões cargo público, emprego público e função pública,</p><p>mencionadas no caput, do art. 327 do CP:</p><p>z Cargo público: é o criado por lei, com nomencla-</p><p>tura e número certo, junto à Administração direta;</p><p>z Emprego público: é a função pública exercida em</p><p>caráter temporário ou extraordinário (por exem-</p><p>plo, diarista que presta serviço de faxina em uma</p><p>repartição pública). Assim, obtém-se por exclusão</p><p>o conceito de emprego público como sendo todo</p><p>aquele que não se classifica como cargo público;</p><p>z Função pública: é toda e qualquer atividade que</p><p>realiza os fins próprios do Estado (por exemplo,</p><p>perito judicial, estagiário do Ministério Público ou</p><p>da Defensoria Pública ou de qualquer outro órgão</p><p>público, juiz de direito, presidente da Repúbli-</p><p>ca, governador de estado, escreventes, prefeitos,</p><p>vereadores, faxineiros do fórum etc.).</p><p>Neste contexto, pessoas como os jurados convo-</p><p>cados para atuar no tribunal do Júri e os mesários</p><p>que servem nas eleições são consideradas, para fins</p><p>penais, funcionárias públicas.</p><p>Além dos dispositivos legais, é importante termos</p><p>ciência de alguns julgados que estabelecem que são</p><p>considerados funcionários públicos para fins penais:</p><p>z diretor de organização social1;</p><p>z administrador de loteria2;</p><p>z advogados dativos3;</p><p>z médico de hospital particular credenciado/conve-</p><p>niado ao SUS4;</p><p>z estagiário de órgão ou entidade públicos5.</p><p>Por outro lado, não são considerados funcionários</p><p>públicos, para fins penais, os depositários judiciais6.</p><p>Dica: para fins penais, não se adota a distinção</p><p>existente no campo do direito administrativo das</p><p>1 STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).</p><p>2 STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018.</p><p>3 STJ. 5ª Turma. HC 264.459- SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).</p><p>4 STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012.</p><p>5 STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/06/2012.</p><p>6 STJ. 6ª Turma. HC 402949-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info 623).</p><p>espécies de agentes públicos: funcionários públicos,</p><p>empregados públicos, servidores ocupantes de car-</p><p>gos em comissão e servidores temporários. O art. 327</p><p>adotou o conceito unitário, utilizando a expressão</p><p>em sentido amplo, ou seja, incluindo cada uma dessas</p><p>espécies administrativas.</p><p>Art. 327 […]</p><p>§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer-</p><p>ce cargo, emprego ou função em entidade paraes-</p><p>tatal, e quem trabalha para empresa prestadora de</p><p>serviço contratada ou conveniada para a execução</p><p>de atividade típica da Administração Pública.</p><p>O § 1º, art. 327, equipara a funcionário público</p><p>quem exerce cargo, emprego ou função em:</p><p>z Paraestatal: como o SESI, SESC, SENAI e SENAC;</p><p>z Empresa prestadora de serviço contratada: como</p><p>as concessionárias responsáveis por rodovias ou</p><p>aeroportos;</p><p>z Empresa prestadora de serviço conveniada para</p><p>executar atividade típica da Administração Públi-</p><p>ca: como as Santas Casas de Misericórdia.</p><p>Art. 327 […]</p><p>§ 2º A pena será aumentada da terça parte quan-</p><p>do os autores dos crimes previstos neste Capítulo</p><p>forem ocupantes de cargos em comissão ou de</p><p>função de direção ou assessoramento de órgão</p><p>da administração direta, sociedade de economia</p><p>mista, empresa pública ou fundação instituída pelo</p><p>poder público.</p><p>O § 2º, art. 327, do CP, por sua vez, apresenta causa</p><p>de aumento de pena aplicável aos crimes previstos no</p><p>Capítulo I quando os autores forem ocupantes de car-</p><p>gos em comissão ou de função de assessoramento</p><p>de órgão da Administração direta, sociedade de eco-</p><p>nomia mista, empresa pública ou fundação instituída</p><p>pelo poder público (exceto as autarquias).</p><p>Dica</p><p>O STF possui entendimento firmado no Inq.</p><p>1769-PA que a majorante prevista no § 2º, art.</p><p>327, aplica-se também aos prefeitos, governado-</p><p>res e ao presidente da República.</p><p>Peculato</p><p>O crime de peculato é um tipo penal complexo,</p><p>apresentando diferentes formas de infrações con-</p><p>tra a Administração, que podem ser subdivididas</p><p>da seguinte forma:</p><p>z peculato apropriação (1ª parte, caput, art. 312);</p><p>z peculato desvio (2ª parte, caput, art. 312);</p><p>z peculato furto (§ 1º, art. 312);</p><p>z peculato culposo (§ 2º, art. 312);</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>62</p><p>z peculato mediante erro de outrem — peculato</p><p>estelionato (art. 313);</p><p>z peculato eletrônico (arts. 313-A — inserção de</p><p>dados falsos em sistema de informações — e 313-</p><p>B — modificação ou alteração não autorizada de</p><p>sistema de informações).</p><p>z Peculato Apropriação e Peculato Desvio (Pecu-</p><p>lato Próprio)</p><p>Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de</p><p>dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, públi-</p><p>co ou particular, de que tem a posse em razão do</p><p>cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:</p><p>Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p><p>O caput, art. 312, pune o chamado peculato próprio,</p><p>que pode ser praticado mediante apropriação ou desvio</p><p>de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público</p><p>ou particular, dos quais se tem posse em razão do cargo.</p><p>O peculato apropriação, descrito na primeira parte</p><p>do caput do art. 312, configura-se quando o agente se</p><p>apodera de bem móvel do qual já tem a posse legítima.</p><p>Na verdade, consiste em um tipo especial de apropriação</p><p>indébita na qual o agente — que é funcionário público</p><p>e encontra-se no exercício de sua função — passa a agir</p><p>como se fosse dono da coisa que tem posse em razão do</p><p>cargo (que tanto pode ser pública quanto particular).</p><p>Exemplo de conduta que se adequa a este delito é o poli-</p><p>cial que se apropria de um computador que se encontra</p><p>sob sua posse e o anuncia para venda (o bem pode ser</p><p>propriedade do próprio Estado ou de terceiro, que este-</p><p>ja, por exemplo, apreendido para a realização de uma</p><p>perícia).</p><p>Por sua vez, no peculato desvio, também chamado</p><p>de malversação, o funcionário público dá destinação</p><p>diversa à coisa, em benefício próprio ou de terceiro,</p><p>auferindo vantagem que não necessariamente precisa</p><p>ser econômica.</p><p>Importante! O peculato, tanto na modalidade apro-</p><p>priação quanto desvio, dá-se em relação a um bem patri-</p><p>monial; no entanto, o proveito que o agente pretende</p><p>obter não precisa ser necessariamente patrimonial: pode</p><p>ser proveito moral, sexual, de prestígio etc. Em outras</p><p>palavras, o agente pode apropriar-se de uma coisa móvel</p><p>para dar a terceira pessoa somente para obter desta</p><p>algum favor que não é patrimonial.</p><p>Ambas as modalidades admitem tentativa. O pecula-</p><p>to apropriação consuma-se quando o funcionário públi-</p><p>co se apropria do bem, comportando-se como se fosse</p><p>seu proprietário. O peculato desvio, por sua vez, consu-</p><p>ma-se quando o funcionário modifica o destino normal</p><p>da coisa, usando-a para outros fins.</p><p>É importante destacar que, por ser um crime funcio-</p><p>nal, o peculato é um crime próprio, ou seja, exige uma</p><p>qualidade especial do sujeito ativo que, no caso, é a con-</p><p>dição de funcionário público. Assim, somente pode ser</p><p>praticado por pessoa que não pertence à Administra-</p><p>ção (extraneus) quanto este está agindo em concurso de</p><p>pessoas e conhece a condição de funcionário público do</p><p>agente.</p><p>Não configura crime de peculato:</p><p>� a hipótese de funcionário que recebe vencimentos</p><p>sem prestar serviços (“funcionário-fantasma”),</p><p>uma vez que não ocorre apropriação, desvio ou</p><p>subtração (esta é a posição do STJ, conforme cons-</p><p>ta no AgRg no AREsp 2.073.825/RS);</p><p>� o funcionário que utiliza, em proveito próprio,</p><p>serviços de outro servidor público, como no</p><p>caso de chefe que determina que subordina-</p><p>do realize reparos em residência particular. A</p><p>exceção dá-se no caso de prefeito, que neste</p><p>caso comete crime previsto no inciso II, art. 1º,</p><p>do Decreto-Lei nº 201, de 1967.</p><p>Apesar de não haver qualquer previsão legal,</p><p>dis-</p><p>cutem alguns autores se ocorre o crime de peculato</p><p>quando o agente, ao invés da vontade de tomar posse</p><p>da coisa como dono fosse ou de desviá-la em proveito</p><p>próprio ou de terceiro, deseja apenas usá-la, devol-</p><p>vendo-a posteriormente. É o que se denomina doutri-</p><p>nariamente “peculato de uso” (de forma similar ao</p><p>“furto de uso”).</p><p>Para determinar se há ou não o crime de peculato</p><p>com o mero uso (apropriação ou desvio momentâneo</p><p>para satisfação de interesse pessoal, como no caso de</p><p>funcionário que decide utilizar um carro oficial para</p><p>passar uma semana na praia), deve ser analisada a</p><p>natureza da coisa. Veja:</p><p>� se o bem for infungível (que não puder ser</p><p>substituído por outro da mesma espécie/qua-</p><p>lidade/quantidade) e não consumível (que não</p><p>é destruído o pelo próprio uso), ocorre ilícito</p><p>civil, administrativo ou político (não há cri-</p><p>me). Tal ocorre, por exemplo, no uso de um</p><p>automóvel;</p><p>� por outro lado, se o bem for fungível ou con-</p><p>sumível e o sujeito não tiver autorização para</p><p>seu uso, ocorre o crime, como no caso de um</p><p>escrivão que utiliza o dinheiro da finança para</p><p>pagar uma conta pessoal, ainda que tenha a</p><p>intenção de repor o valor posteriormente.</p><p>De qualquer modo, se a conduta relacionada ao</p><p>peculato de uso for praticada por prefeito, o fato será</p><p>típico, independentemente da natureza do bem, por</p><p>expressa previsão legal no inciso II, art. 1º, do Decre-</p><p>to-Lei nº 201, de 1967.</p><p>z Peculato Furto (Peculato Impróprio)</p><p>Art. 312 […]</p><p>§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi-</p><p>co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor</p><p>ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja</p><p>subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen-</p><p>do-se de facilidade que lhe proporciona a qua-</p><p>lidade de funcionário.</p><p>O peculato-furto configura-se quando o funcioná-</p><p>rio público, embora não tendo a posse do dinheiro,</p><p>valor ou bem, valendo-se da facilidade que sua condi-</p><p>ção proporciona, subtrai a coisa ou concorre para que</p><p>seja subtraída. Não havendo o requisito da facilidade</p><p>proporcionada pela condição de funcionário público,</p><p>trata-se de crime de furto.</p><p>Os exemplos seguintes apontam a distinção entre</p><p>peculato furto e o crime de furto:</p><p>� Exemplo 1: Carlos é funcionário público. Cer-</p><p>to dia, na hora de sair, valendo-se do fato de</p><p>estar sozinho na repartição, Carlos subtrai um</p><p>notebook do órgão público. Está certamente</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>63</p><p>configurado o crime de peculato-furto, já que a condição de funcionário público de Carlos foi uma facili-</p><p>dade para que ele subtraísse o bem;</p><p>� Exemplo 2: Michele é funcionária pública de Tribunal Federal. Certo dia, ao passar em frente a uma escola</p><p>que se encontra próxima a sua casa, Michele percebe que o vigilante esqueceu a porta dos fundos aberta,</p><p>estando próximo um aparelho celular da escola. Michele entra pela porta e subtrai o aparelho. Não há que</p><p>se falar em peculato-furto, já que a qualidade de funcionária pública de Michele em nada contribuiu para</p><p>a prática da subtração, podendo qualquer pessoa, na mesma situação, praticar a conduta delituosa apre-</p><p>sentada pelo exemplo. Michele responderá pelo crime de furto.</p><p>A consumação do peculato furto, da mesma forma que no crime de furto, dá-se com a efetiva subtração do</p><p>bem, não se exigindo sua posse mansa e pacífica.</p><p>z Peculato Culposo</p><p>Art. 312 […]</p><p>§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>Dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral, o peculato é o único que pre-</p><p>vê expressamente a possibilidade de ser cometido na modalidade culposa.</p><p>É dever do funcionário público estar sempre atento, de forma a não permitir que qualquer pessoa se aproprie,</p><p>desvie ou subtraia bens que estejam sob a guarda da Administração. Assim, o peculato culposo, previsto no § 2º,</p><p>art. 312, configura-se quando o funcionário público, por meio de negligência, imprudência ou imperícia, viola o</p><p>dever de cuidado para com o objetivo e cria condições para que terceiro cometa crime funcional.</p><p>A maioria da doutrina entende que somente ocorre peculato culposo se o funcionário que agiu com culpa</p><p>concorre para a prática de crime funcional; uma parte minoritária, no entanto, aceita a prática de crime não</p><p>funcional, como furto, por exemplo.</p><p>É exemplo de peculato culposo a seguinte conduta: José, agente de polícia legislativa, esquece, por omissão,</p><p>já que queria assistir a um jogo de futebol, de trancar uma porta da Câmara Legislativa do Distrito Federal à qual</p><p>somente ele tem acesso. No ambiente em que a porta se encontra, há vários objetos de valor considerável para</p><p>o Poder Legislativo distrital. Simba, também policial legislativo, aproveitando-se do fato de a porta estar aberta,</p><p>ingressa no local e subtrai uma câmera fotográfica.</p><p>Neste exemplo, José poderá ser responsabilizado criminalmente pelo crime de peculato culposo, já que con-</p><p>correu culposamente para o crime de outrem (peculato-furto de Simba). O agente foi omisso ao deixar de trancar</p><p>a porta, fator que contribuiu para a prática da subtração.</p><p>Art. 312 […]</p><p>§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;</p><p>se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.</p><p>O § 3º, art. 312, apresenta um benefício ao funcionário público que comente o peculato culposo previsto no</p><p>§ 2º. Conforme observa-se no dispositivo, o legislador entende que, acima do interesse em punir o infrator, está</p><p>o interesse em restaurar a coisa, de modo que, ressarcido o prejuízo, o funcionário pode beneficiar-se de duas</p><p>formas, dependendo do momento em que a reparação ocorre:</p><p>REPARAÇÃO DO</p><p>DANO NO</p><p>PECULATO</p><p>CULPOSO</p><p>Antes da sentença</p><p>irrecorrível</p><p>Depois da sentença</p><p>irrecorrível</p><p>Reduz a pena pela</p><p>metade</p><p>Extingue a</p><p>punibilidade</p><p>Importante!</p><p>Na hipótese de reparação do dano após a sentença irrecorrível, para que esta surta efeito, é necessário que</p><p>seja feita antes do início da execução da pena.</p><p>z Peculato Mediante Erro de Outrem (Peculato Estelionato)</p><p>Art. 313 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>64</p><p>O peculato mediante erro de outrem, também cha-</p><p>mado por parte da doutrina de “peculato estelionato”,</p><p>está previsto no art. 313, do CP, e configura-se quan-</p><p>do o funcionário público se apropria de dinheiro ou</p><p>qualquer utilidade que, no exercício do cargo, rece-</p><p>beu por engano de terceiro.</p><p>O elemento subjetivo do tipo é o dolo subsequen-</p><p>te, isto é, posterior ao recebimento da coisa, ou seja,</p><p>ao receber a coisa, o funcionário público toma posse</p><p>do bem de boa-fé, sem constatar o erro alheio. No</p><p>entanto, posteriormente, já de posse do bem, resolve</p><p>apropriar-se dela.</p><p>Trata-se de crime material, isto é, não se consuma</p><p>com o recebimento da coisa por engano, mas sim com</p><p>a sua apropriação, após a percepção do erro, agindo o</p><p>funcionário público como se dono fosse.</p><p>Segundo a doutrina, a tentativa é admissível.</p><p>Se a pessoa for induzida a erro, configurar-se-á o</p><p>crime de estelionato, previsto no art. 171, do CP, sendo</p><p>necessário, para caracterização do crime de peculato</p><p>mediante erro de outrem, que a vítima entregue a coi-</p><p>sa por erro próprio.</p><p>z Peculato Eletrônico</p><p>Inserção de dados falsos em sistema de</p><p>informações</p><p>Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário autori-</p><p>zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir</p><p>indevidamente dados corretos</p><p>nos sistemas infor-</p><p>matizados ou bancos de dados da Administração</p><p>Pública com o fim de obter vantagem indevida para</p><p>si ou para outrem ou para causar dano:</p><p>Pena — reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e</p><p>multa.</p><p>O crime de inserção de dados falsos em sistemas</p><p>de informação, previsto no art. 313-A, do CP, é apeli-</p><p>dado de peculato eletrônico, apesar de não possuir</p><p>nenhuma semelhança com o crime de peculato.</p><p>Trata-se de um crime próprio, pois só pode ser pra-</p><p>ticado por um funcionário público autorizado para</p><p>operar o sistema, não podendo ser praticado pelos</p><p>demais funcionários públicos.</p><p>Se um funcionário público não autorizado ou um</p><p>particular praticar essa conduta, incide no crime do</p><p>art. 299 (falsidade ideológica).</p><p>O crime do art. 313-A pune as seguintes condutas:</p><p>z inserir ou facilitar (por ação ou omissão) a inser-</p><p>ção de dados falsos;</p><p>z alterar ou excluir dados corretos.</p><p>Em qualquer das situações o funcionário deve</p><p>valer-se de seu acesso privilegiado ao sistema. Vale</p><p>mencionar que o sistema pode ser informatizado</p><p>(computador) ou estar em meio físico (fichários, livros</p><p>etc.)</p><p>O funcionário deve agir com a finalidade (dolo</p><p>específico) de obter vantagem indevida para si ou</p><p>para outrem ou de causar dano, não se punindo a con-</p><p>duta culposa.</p><p>O crime consuma-se com a conduta, independen-</p><p>temente do resultado. Trata-se de crime formal, que</p><p>se caracteriza ainda que a vantagem ou o dano alme-</p><p>jado não se verifique.</p><p>Admite-se a tentativa na hipótese de o agen-</p><p>te ser surpreendido antes de ultimar a conduta.</p><p>Por exemplo, o agente é flagrado quando iniciava a</p><p>supressão dos dados corretos.</p><p>Modificação ou Alteração Não Autorizada de</p><p>Sistemas de Informação</p><p>Art. 313-B Modificar ou alterar, o funcionário,</p><p>sistema de informações ou programa de informá-</p><p>tica sem autorização ou solicitação de autoridade</p><p>competente:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos,</p><p>e multa.</p><p>Parágrafo único. As penas são aumentadas de um</p><p>terço até a metade se da modificação ou alteração</p><p>resulta dano para a Administração Pública ou para</p><p>o administrado.</p><p>O crime do art. 313-B pune a conduta do funcioná-</p><p>rio público que, sem autorização, modifica fisicamen-</p><p>te ou altera o sistema ou programa de informática em</p><p>uso pela Administração Pública.</p><p>Basta a modificação ou alteração não autorizada</p><p>para que o crime se consume. Em caso de dano efeti-</p><p>vo, o que seria mero exaurimento passa a servir como</p><p>causa de aumento de pena.</p><p>Importante! A diferença determinante entre os</p><p>tipos previstos nos arts. 313-A e 313-B é que, no pri-</p><p>meiro, o funcionário não modifica ou altera o sistema,</p><p>mas sim falsifica os arquivos que nele constam. No</p><p>delito do art. 313-B, o sujeito altera o próprio sistema</p><p>ou programa. Além dessa distinção, vale mencionar</p><p>que o crime do art. 313-A exige dolo específico de</p><p>obter vantagem indevida ou causar dano, enquanto</p><p>no tipo do art. 313-B não é necessária qualquer finali-</p><p>dade específica.</p><p>Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou</p><p>Documento</p><p>Art. 314 Extraviar livro oficial ou qualquer docu-</p><p>mento, de que tem a guarda em razão do cargo;</p><p>sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não</p><p>constitui crime mais grave.</p><p>O tipo pune três condutas:</p><p>z extraviar (fazer desaparecer);</p><p>z sonegar (ocultar, não apresentar quando a lei</p><p>exige);</p><p>z inutilizar (tornar imprestável) livro oficial ou</p><p>qualquer documento público ou particular cuja</p><p>guarda esteja confiada a funcionário público em</p><p>razão de sua função.</p><p>A destruição do documento pode ser total ou par-</p><p>cial (configurando o crime desde que haja comprome-</p><p>timento do documento como um todo).</p><p>Trata-se de crime subsidiário, ou seja, o crime fica</p><p>absorvido quando o fato constitui crime mais grave.</p><p>Assim, o funcionário público que recebe dinheiro</p><p>para destruir livro ou documento responderá apenas</p><p>pelo crime de corrupção passiva, que é mais grave.</p><p>Admite tentativa.</p><p>Caso a conduta recaia sobre livros ou documentos</p><p>relativos a tributos, incide o crime do inciso I, art. 3º,</p><p>da Lei nº 8.137, de 1990, quando o fato acarretar paga-</p><p>mento indevido ou inexato de tributo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>65</p><p>Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas</p><p>Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplica-</p><p>ção diversa da estabelecida em lei:</p><p>Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.</p><p>O crime exige que o emprego irregular aconteça</p><p>em benefício da própria Administração Pública, con-</p><p>trariando a legislação (como utilizar a verba destina-</p><p>da à construção de uma escola para construir uma</p><p>passarela, por exemplo).</p><p>Somente pode ser cometido pelo funcionário</p><p>público que pode dispor das verbas (como um secretá-</p><p>rio de finanças, por exemplo). Caso seja praticado por</p><p>prefeito, este responde pelo crime previsto no Decreto</p><p>nº 201, de 1967.</p><p>O estado de necessidade exclui a ilicitude da con-</p><p>duta, como no caso extremo de uma calamidade, em</p><p>que a verba é empregada para atender uma situação</p><p>emergencial.</p><p>O delito admite a tentativa e consuma-se com o</p><p>efetivo emprego irregular das verbas ou rendas de</p><p>forma não prevista em lei.</p><p>Concussão</p><p>Art. 316 Exigir, para si ou para outrem, direta ou</p><p>indiretamente, ainda que fora da função ou antes de</p><p>assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.</p><p>No crime de concussão, o funcionário público,</p><p>valendo-se de sua autoridade, exige (conduta mais</p><p>forte do que apenas pedir, consistindo em ordem de</p><p>forma impositiva ou intimidativa) o pagamento de</p><p>vantagem não devida pela pessoa. Tal exigência pode</p><p>ser direta ou indireta.</p><p>A exigência é direta, por exemplo, na hipótese em</p><p>que o secretário de obras de determinado estado diri-</p><p>ge-se à pessoa que está construindo certa obra em um</p><p>município e exige 20 mil reais. Caso ela não o faça, o</p><p>secretário diz que irá embargar a obra no dia seguin-</p><p>te, mesmo que não haja nada ilegal nela.</p><p>Por outro lado, a exigência é indireta quando</p><p>o mesmo secretário de obras do exemplo anterior</p><p>dirige-se a um particular e pede que esse fale com o</p><p>proprietário da obra sobre a sua exigência dos 20 mil</p><p>reais, caso contrário, a obra será embargada. Nesse</p><p>caso, a exigência está sendo indireta e pode, ainda, ser</p><p>explícita ou tácita, de maneira que deixe subentendi-</p><p>do à pessoa que ela está sendo vítima da concussão.</p><p>Nos exemplos acima, vale mencionar que o particu-</p><p>lar que paga o valor exigido não comete crime algum,</p><p>uma vez que nada mais é do que a vítima secundária</p><p>do delito (sujeito passivo mediato). O sujeito passivo</p><p>imediato (primordial ou vítima principal) do crime de</p><p>concussão é a própria Administração Pública.</p><p>É importante mencionar que a concussão ocorrerá</p><p>em razão da função do agente público, não se exigindo</p><p>que o fato seja praticado no efetivo desempenho das</p><p>atribuições do cargo. Sendo assim, este crime pode ser</p><p>cometido por funcionário público de férias e mesmo</p><p>antes de assumir a função pública (por exemplo, um</p><p>indivíduo que foi aprovado para o concurso público</p><p>para uma Secretaria da Fazenda estadual dirige-se a</p><p>um comerciante e exige o pagamento de 10 mil reais,</p><p>caso contrário, assim que ele tomar posse, irá autuar</p><p>o estabelecimento).</p><p>Se o funcionário público exigir o pagamento de van-</p><p>tagem indevida mediante violência ou grave ameaça,</p><p>cometerá o crime de extorsão, previsto no art. 158, do</p><p>Código Penal.</p><p>Sobre a concussão, é importante que você conheça</p><p>as seguintes informações, frequentemente cobradas em</p><p>prova.</p><p>Quanto ao tipo de vantagem indevida a que se refere o</p><p>art. 316, há divergência doutrinária: uma corrente (mino-</p><p>ritária) de autores defende que a vantagem indevida</p><p>deve ser exclusivamente patrimonial; já outra corrente</p><p>(majoritária e que deve</p><p>ser adotada para fins de prova)</p><p>afirma que a vantagem indevida pode ser patrimonial ou</p><p>de outra ordem, tal como moral, sentimental, sexual etc.</p><p>Trata-se de crime formal, que se consuma com a</p><p>prática da exigência, sendo o recebimento da vantagem</p><p>mero exaurimento do crime.</p><p>Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for</p><p>possível fracionar o iter criminis, a exemplo da concussão</p><p>praticada mediante carta endereçada à vítima.</p><p>É importante diferenciar concussão e corrupção</p><p>passiva:</p><p>CONCUSSÃO</p><p>Tem no núcleo do tipo o verbo “exi-</p><p>gir” — há um caráter intimidativo na</p><p>conduta</p><p>O ato de exigir é algo impositivo</p><p>CORRUPÇÃO</p><p>PASSIVA</p><p>Tem os verbos “solicitar”, “receber”</p><p>ou aceitar”</p><p>Solicitar é pedir, o que, portanto, não</p><p>pressupõe intimidação</p><p>Receber e aceitar pressupõem uma</p><p>conduta ativa do particular, ou seja,</p><p>além de não ocorrer intimidação, há</p><p>uma conduta inicial do terceiro</p><p>Excesso de exação</p><p>Art. 316 [...]</p><p>§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição</p><p>social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-</p><p>do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou</p><p>gravoso, que a lei não autoriza:</p><p>Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio</p><p>ou de outrem, o que recebeu indevidamente para</p><p>recolher aos cofres públicos:</p><p>Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p><p>O excesso de exação, apesar de estar previsto no §</p><p>1º, art. 316, é um crime diferente. Configura-se quan-</p><p>do o funcionário público exige tributo ou contribuição</p><p>social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando</p><p>devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-</p><p>voso, que a lei não autoriza.</p><p>São duas condutas diferentes:</p><p>z o primeiro caso, por exemplo, configura-se quan-</p><p>do um auditor da Receita Federal, na cobrança de</p><p>um tributo devido, dirige-se a um estabelecimento</p><p>inadimplente e cola ali um cartaz dizendo que o</p><p>estabelecimento está inscrito na dívida ativa. Ape-</p><p>sar de ser um fato, esse é um meio vexatório de</p><p>cobrança, ou seja, indevido;</p><p>z já o segundo ocorre quando um fiscal faz uma</p><p>exigência e cobra mais tributo do que é devido ao</p><p>fisco, mas não para si próprio, e sim em favor do</p><p>Estado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>66</p><p>O núcleo do tipo é o verbo exigir, que, diferen-</p><p>temente do que ocorre no crime de concussão, não</p><p>significa uma ameaça, mas sim a simples cobrança</p><p>indevida.</p><p>A cobrança é indevida quando o tributo ou a con-</p><p>tribuição social não existe ou então já foi pago, bem</p><p>como na hipótese em que a cobrança é excessiva, em</p><p>valor maior que o devido.</p><p>Trata-se de crime formal, isto é, o crime consu-</p><p>ma-se, na primeira figura, quando o meio vexatório</p><p>é utilizado, e, no segundo caso, com a cobrança ilícita</p><p>dirigida ao particular.</p><p>Admite-se a tentativa, no primeiro caso, quando a</p><p>cobrança vexatória ou gravosa é realizada por escrito,</p><p>mas, por circunstâncias alheias à vontade do agente,</p><p>é descoberta antes de a vítima tomar conhecimento.</p><p>Não admite a modalidade culposa, pois a expres-</p><p>são “que sabe” é dolo direto e a expressão “devia</p><p>saber” é dolo eventual.</p><p>Admite a tentativa, no segundo caso, quando for</p><p>possível fracionar o iter criminis, a exemplo do exces-</p><p>so de exação praticado mediante carta endereçada à</p><p>vítima.</p><p>O § 2º apresenta uma forma qualificada do exces-</p><p>so de exação, aplicada quando o funcionário, ao invés</p><p>de recolher os valores indevidamente recebidos aos</p><p>cofres públicos, desvia-os em proveito próprio ou de</p><p>terceiro.</p><p>Corrupção Passiva</p><p>Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para</p><p>outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da</p><p>função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,</p><p>vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal</p><p>vantagem:</p><p>Pena — reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e</p><p>multa.</p><p>A corrupção passiva, prevista no art. 317, do Códi-</p><p>go Penal, configura-se quando o funcionário público</p><p>solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou</p><p>indiretamente, ainda que fora da função ou antes de</p><p>assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou</p><p>aceita promessa de tal vantagem.</p><p>A doutrina classifica a corrupção passiva em pró-</p><p>pria ou imprópria, antecedente ou subsequente:</p><p>z Própria: quando o funcionário público pratica os</p><p>verbos do tipo penal para praticar ato ilícito (por</p><p>exemplo, oficial de justiça recebe dinheiro para</p><p>retardar o cumprimento do mandado de citação);</p><p>z Imprópria: quando o funcionário público prati-</p><p>ca os verbos do tipo penal para praticar ato lícito</p><p>(por exemplo, escrevente solicita dinheiro para</p><p>que a certidão seja expedida dentro do prazo);</p><p>z Antecedente: quando a vantagem indevida é</p><p>entregue ao funcionário público antes de sua ação</p><p>ou omissão (por exemplo, juiz recebe vantagem</p><p>indevida para prolatar sentença absolutória);</p><p>z Subsequente: quando a vantagem indevida é</p><p>entregue ao funcionário público depois de sua</p><p>ação ou omissão (por exemplo, após retardar o</p><p>processo até levá-lo à prescrição, o juiz solicita</p><p>vantagem indevida ao réu).</p><p>Observe que a corrupção passiva pode, ainda, ser</p><p>direta ou indireta:</p><p>z Direta: quando é o próprio funcionário público</p><p>que solicita, recebe ou aceita promessa de vanta-</p><p>gem indevida;</p><p>z Indireta: quando uma interposta pessoa, em con-</p><p>luio com o funcionário público, solicita, recebe</p><p>ou aceita promessa de vantagem indevida. Neste</p><p>caso, tanto o “testa de ferro” quanto o funcionário</p><p>público responderão por corrupção passiva.</p><p>A vantagem indevida não precisa ser patrimonial,</p><p>podendo ser de qualquer outra espécie.</p><p>Trata-se de crime formal, quando praticado por</p><p>meio dos verbos solicitar e aceitar promessa, que se</p><p>consuma com a conduta, sendo o efetivo recebimento</p><p>da vantagem mero exaurimento do crime.</p><p>Quando praticado por meio do verbo receber, é</p><p>crime material, que exige o efetivo recebimento para</p><p>se consumar (§ 2º, art. 317, do CP);</p><p>Em regra, não admite a tentativa, salvo quando for</p><p>possível fracionar o iter criminis, a exemplo da cor-</p><p>rupção passiva praticada mediante emprego de carta.</p><p>Importante! O crime de corrupção é uma exceção</p><p>à teoria monista do concurso de pessoas, prevista no</p><p>art. 29, do CP: o funcionário (corrompido) que prati-</p><p>ca a conduta de solicitar (iniciativa do servidor) ou</p><p>receber ou aceitar promessa (iniciativa de terceiro)</p><p>responde pelo crime previsto no art. 317; o terceiro</p><p>(corruptor) que cede, dá ou promete a vantagem inde-</p><p>vida responde pelo crime do art. 333, do CP (corrup-</p><p>ção ativa).</p><p>Em relação a pequenas doações e presentes entre-</p><p>gue a funcionários públicos, existem três posições</p><p>relativas à configuração ou não do crime de corrup-</p><p>ção passiva:</p><p>z 1ª corrente: não, pois aplica-se o princípio da insig-</p><p>nificância (ou bagatela);</p><p>z 2ª corrente: não, pois há ausência de dolo por</p><p>parte do funcionário público (esta é a corrente</p><p>majoritária);</p><p>� 3ª corrente: sim, pois o funcionário público</p><p>deve eximir-se de obter qualquer tipo de van-</p><p>tagem indevida no exercício da função.</p><p>Corrupção passiva exaurida</p><p>Art. 317 […]</p><p>§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em con-</p><p>sequência da vantagem ou promessa, o funcionário</p><p>retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício</p><p>ou o pratica infringindo dever funcional.</p><p>A corrupção passiva possui uma forma majorada</p><p>em seu § 1º, que pune de forma mais severa o funcio-</p><p>nário corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de</p><p>ofício ou o pratica infringindo dever funcional.</p><p>O fato de o funcionário solicitar, receber ou acei-</p><p>tar a vantagem já consuma o crime. No entanto, o que</p><p>seria mero exaurimento (retardar ou deixar de prati-</p><p>car o ato), tendo em vista a maior gravidade, é punido</p><p>com o aumento de 1/3 de pena.</p><p>Corrupção passiva privilegiada</p><p>Art. 317 […]</p><p>§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou</p><p>retarda ato de ofício, com infração de dever funcio-</p><p>nal, cedendo a pedido ou influência de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>67</p><p>A corrupção passiva possui uma forma privile-</p><p>giada prevista no § 2º, que beneficia o funcionário</p><p>quando ele pratica a conduta não com a finalidade de</p><p>conseguir alguma vantagem indevida, mas sim com a</p><p>finalidade de ceder a pedido ou influência de outro.</p><p>Prevaricação</p><p>Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevida-</p><p>mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição</p><p>expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti-</p><p>mento pessoal:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>O art. 319 pune o funcionário que, para satisfazer</p><p>sentimento pessoal (amor, ódio, ciúme, vingança etc.)</p><p>ou interesse pessoal (obter qualquer tipo de provei-</p><p>to ou vantagem indevida) ignora seu dever. O crime</p><p>pode ser praticado de três formas:</p><p>z retardar (atrasar) ato de ofício;</p><p>z deixar (omitir-se) de praticá-lo;</p><p>z praticá-lo de forma ilegal.</p><p>Dica</p><p>Ato de ofício é todo e qualquer ato de competência</p><p>ou atribuição inerente à função ou ao cargo público.</p><p>Trata-se, portanto, de crime material, que exige</p><p>que o ato seja efetivamente retardado, omitido ou</p><p>praticado de forma contrária ao que determina a lei.</p><p>A consumação dá-se com o efetivo retardamento,</p><p>omissão ou prática do ato, não se exigindo que o fun-</p><p>cionário obtenha a satisfação de seu interesse.</p><p>Não confunda a prevaricação com a corrupção passi-</p><p>va privilegiada: diferentemente do que ocorre na preva-</p><p>ricação, em que o funcionário comete o delito atendendo</p><p>a interesse próprio, no crime do § 2º, art. 317, existe o</p><p>envolvimento de terceiro, uma vez que o funcioná-</p><p>rio atende a pedido ou influência de outra pessoa.</p><p>Prevaricação imprópria</p><p>Art. 319-A Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou</p><p>agente público, de cumprir seu dever de vedar ao</p><p>preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou</p><p>similar, que permita a comunicação com outros</p><p>presos ou com o ambiente externo:</p><p>Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.</p><p>A prevaricação imprópria, nome dado pela doutri-</p><p>na ao tipo do art. 319-A, configura-se quando o diretor</p><p>de penitenciária e/ou agente público (como, por exem-</p><p>plo, policial que faz escolta) deixar de cumprir seu</p><p>dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefô-</p><p>nico, de rádio ou similar que permita a comunicação</p><p>com outros presos ou com o ambiente externo.</p><p>Dica: o art. 319-A pune o funcionário que tem o</p><p>dever, dentro de suas funções, de impedir o acesso dos</p><p>presos a aparelhos de telecomunicação. O indivíduo</p><p>que ilegalmente leva o aparelho para dentro de esta-</p><p>belecimento prisional responde pelo crime previsto</p><p>no art. 349-A. Já o preso que é surpreendido na posse</p><p>de tais aparelhos não comete crime, mas sim falta gra-</p><p>ve prevista no inciso VIII, art. 50, da Lei nº 7.210, de</p><p>1984 (Lei de Execução Penal).</p><p>7 HC 48.083/MG, julgado em 2007 pelo STJ.</p><p>Condescendência Criminosa</p><p>Art. 320 Deixar o funcionário, por indulgência, de</p><p>responsabilizar subordinado que cometeu infração</p><p>no exercício do cargo ou, quando lhe falte compe-</p><p>tência, não levar o fato ao conhecimento da autori-</p><p>dade competente:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>O art. 320 pune tanto o superior hierárquico que</p><p>intencionalmente, dolosamente, deixar de responsa-</p><p>bilizar o subordinado quanto o funcionário de mesma</p><p>hierarquia ou de hierarquia inferior que toma conhe-</p><p>cimento de infração ocorrida no exercício do cargo e</p><p>deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade</p><p>competente para tomar as devidas medidas.</p><p>A motivação do funcionário deve ser a indulgên-</p><p>cia, isto é, pena, misericórdia ou compaixão.</p><p>O crime consuma-se com a omissão, o que torna</p><p>impossível a tentativa.</p><p>Advocacia Administrativa</p><p>Art. 321 Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-</p><p>resse privado perante a administração pública,</p><p>valendo-se da qualidade de funcionário</p><p>Pena - detenção, de um a três meses, ou multa</p><p>Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, além da</p><p>multa.</p><p>O tipo do art. 321 pune o indivíduo que, valendo-se</p><p>de sua qualidade de funcionário público, patrocina,</p><p>ou seja, advoga, defende, pleiteia, interesse priva-</p><p>do perante outros funcionários, atentando contra a</p><p>moralidade administrativa.</p><p>Vale destacar que mesmo que o interesse patroci-</p><p>nado seja legítimo, ainda haverá crime. Se o interesse</p><p>não for legítimo, incide a qualificadora do parágrafo</p><p>único.</p><p>Violência Arbitrária</p><p>Art. 322 Praticar violência, no exercício de função</p><p>ou a pretexto de exercê-la.</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da</p><p>pena correspondente à violência.</p><p>Apesar de haver alguma discussão doutrinária</p><p>relativa à vigência ou não do art. 322, do CP (alguns</p><p>alegam que teria o artigo sido revogado de forma</p><p>tácita pela Lei nº 4.898, de 1965, atualmente revogada</p><p>pela Lei nº 13.869, de 2019), a posição do STJ é no sen-</p><p>tido de que o dispositivo permanece valendo7.</p><p>O art. 322 pune o funcionário público que prati-</p><p>ca violência no exercício da função ou a pretexto</p><p>de exercê-la, consumando-se o crime com o efetivo</p><p>emprego da violência. Caso a violência resulte em</p><p>morte ou lesões corporais, haverá o cúmulo material</p><p>de penas (soma das penas da violência arbitrária com</p><p>a relativa à lesão ou morte), conforme prevê o precei-</p><p>to secundário do art. 322 (“além da pena correspon-</p><p>dente à violência”).</p><p>Veja a diferença entre o crime de violência arbitrá-</p><p>ria e o art. 13, da Lei nº 13.869, de 2019 (Lei de Abuso</p><p>de Autoridade):</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>68</p><p>z se for praticada violência arbitrária com as fina-</p><p>lidades previstas no art. 13, da Lei nº 13.869, de</p><p>2019 (para exibir preso à curiosidade pública;</p><p>para submetê-lo a vexame ou constrangimento ou</p><p>para fazê-lo produzir prova contra si mesmo ou</p><p>terceiro), haverá a incidência da Lei de Abuso de</p><p>Autoridade;</p><p>z tratando-se de violência arbitrária sem que esteja</p><p>presente uma dessas finalidades, aplica-se o art.</p><p>322, do Código Penal.</p><p>Abandono de Função</p><p>Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos</p><p>permitidos em lei:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>§ 1º Se do fato resulta prejuízo público:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai-</p><p>xa de fronteira:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos, e multa.</p><p>A conduta típica punida é o abandono de cargo</p><p>público, fora dos casos permitidos em lei. Nem todo</p><p>abandono configura o crime do art. 323; somente o</p><p>funcionário que ocupa cargo (e não qualquer função)</p><p>pode ser sujeito ativo. A intenção do legislador com</p><p>a tipificação da conduta é proteger a Administração</p><p>Pública contra a interrupção de suas atividades.</p><p>O crime consuma-se com a ausência injustificada</p><p>por tempo suficiente para gerar perigo de dano ou</p><p>dano para a Administração. Caso ocorra efetivamen-</p><p>te o dano, o agente responde pela forma qualificada</p><p>prevista no § 1º.</p><p>É prevista, ainda, forma qualificada no § 2º, quan-</p><p>do o abandono ocorre em faixa de fronteira, ou seja,</p><p>em localidade até 150 km de distância das fronteiras</p><p>terrestres brasileiras (conforme prevê o § 2º, art. 20,</p><p>da CF), uma vez que a conduta prejudica área sensível</p><p>para a segurança do país.</p><p>Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou</p><p>Prolongado</p><p>Art. 324 Entrar no exercício de função pública</p><p>antes de satisfeitas as exigências legais, ou conti-</p><p>nuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber</p><p>oficialmente que foi exonerado, removido, substi-</p><p>tuído ou suspenso:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>O crime do art.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DE DADOS ..........................................................................................................................428</p><p>CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................429</p><p>USO DE CORREIO ELETRÔNICO .....................................................................................................................431</p><p>Preparo e Envio de Mensagens ....................................................................................................................431</p><p>Anexação de Arquivos ...................................................................................................................................432</p><p>INTERNET..........................................................................................................................................433</p><p>NAVEGAÇÃO INTERNET .................................................................................................................................434</p><p>CONCEITOS DE URL ........................................................................................................................................437</p><p>LINKS ...............................................................................................................................................................438</p><p>SITES ...............................................................................................................................................................439</p><p>BUSCA .............................................................................................................................................................440</p><p>IMPRESSÃO DE PÁGINAS ..............................................................................................................................441</p><p>MS TEAMS ........................................................................................................................................442</p><p>CHATS, CHAMADAS DE ÁUDIO E VÍDEO, CRIAÇÃO DE GRUPOS ................................................................443</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>TRABALHO EM EQUIPE: WORD, EXCEL, POWERPOINT, SHAREPOINT E ONENOTE ..................................448</p><p>ONEDRIVE: ARMAZENAMENTO E COMPARTILHAMENTO DE ARQUIVOS ................................457</p><p>RACIOCÍNIO LÓGICO .....................................................................................................463</p><p>ENTENDER A ESTRUTURA LÓGICA DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE PESSOAS,</p><p>LUGARES, COISAS, EVENTOS FICTÍCIOS; DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES DAS RELAÇÕES</p><p>FORNECIDAS E AVALIAR AS CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER A ESTRUTURA</p><p>DAQUELAS RELAÇÕES ....................................................................................................................463</p><p>SEQUÊNCIAS: IDENTIFICAR AS REGULARIDADES DE UMA SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU</p><p>FIGURAL, DE MODO A INDICAR QUAL É O ELEMENTO DE UMA DADA POSIÇÃO .....................464</p><p>ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICAS DE ARGUMENTAÇÃO .........................................................469</p><p>DIAGRAMAS LÓGICOS ...................................................................................................................................470</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>11</p><p>LÍNGUA PORTUGUESA</p><p>ANÁLISE, COMPREENSÃO E</p><p>INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS</p><p>DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS,</p><p>LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS</p><p>A interpretação e a compreensão textual são aspec-</p><p>tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-</p><p>tos que buscam a aprovação em seleções e concursos</p><p>públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões</p><p>específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer</p><p>e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse</p><p>assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e</p><p>a aprovação.</p><p>Além disso, seja a compreensão textual, seja a</p><p>interpretação textual, ambas guardam uma relação de</p><p>proximidade com um assunto pouco explorado pelos</p><p>cursos de português: a semântica, que incide suas rela-</p><p>ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma</p><p>linguística pode assumir.</p><p>Portanto, neste material você encontrará recursos</p><p>para solidificar seus conhecimentos em interpretação</p><p>e compreensão textual, associando a essas temáticas</p><p>as relações semânticas que permeiam o sentido de</p><p>todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual-</p><p>quer aglomeração textual é, atualmente, considerada</p><p>texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa</p><p>ser reconhecido por quem o lê.</p><p>Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma</p><p>breve diferença entre os termos compreensão e</p><p>interpretação textual.</p><p>Para muitos, essas palavras expressam o mesmo</p><p>sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste</p><p>material, ainda que existam relações de sinonímia</p><p>entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor</p><p>por um termo ao invés de outro reflete um sentido</p><p>que deve ser interpretado no texto, uma vez que a</p><p>interpretação realiza ligações com o texto a partir</p><p>das ideias que o leitor pode concluir com a leitura.</p><p>Já a compreensão busca a análise de algo exposto</p><p>no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou</p><p>uma expressão, e apresenta mais relações semânticas</p><p>e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos</p><p>linguísticos essencialmente relacionados à significa-</p><p>ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação</p><p>com a semântica.</p><p>Sabendo disso, é importante separarmos os con-</p><p>teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou</p><p>compreensivo.</p><p>Esses assuntos completam o estudo basilar de</p><p>semântica com foco em provas e concursos, sempre</p><p>de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você</p><p>a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de</p><p>praticar seus conhecimentos realizando a seleção de</p><p>exercícios finais, selecionados especialmente para</p><p>que este material cumpra o propósito de alcançar sua</p><p>aprovação.</p><p>INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS</p><p>POSSÍVEIS</p><p>A inferência é uma relação de sentido conhecida</p><p>desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre</p><p>interpretação de texto.</p><p>Dica</p><p>Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do</p><p>texto nas linhas apresentadas.</p><p>Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”</p><p>para se buscar essas pistas.</p><p>A primeira e mais importante delas é identificar a</p><p>orientação do pensamento do autor do texto, que fica</p><p>perceptível quando identificamos como o raciocínio</p><p>dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir</p><p>da análise de dados, informações com fontes confiáveis</p><p>ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,</p><p>das consequências, a fim de se identificar as causas.</p><p>Por isso, é preciso compreender como podemos</p><p>interpretar um texto mediante estratégias de leitura.</p><p>Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,</p><p>que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;</p><p>neste material, selecionamos as estratégias mais efica-</p><p>zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-</p><p>ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.</p><p>A partir disso, apresentamos estratégias de leitura</p><p>que focam nas formas de inferência sobre um texto.</p><p>Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre</p><p>o processo de inferência, que se dá por dedução ou</p><p>por indução. Para entender melhor, veja este exemplo:</p><p>O marido da minha chefe parou de beber.</p><p>Observe que é possível inferir várias informa-</p><p>ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do</p><p>enunciador é casada (informação comprovada pela</p><p>expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-</p><p>dor está trabalhando (informação comprovada</p><p>324 tem como sujeito ativo somen-</p><p>te o funcionário público que antecipa ou prolonga</p><p>o exercício de sua função pública sabendo que está</p><p>impedido para tal. Caso um particular entre no exer-</p><p>cício da função pública, a ele deverá ser imputado o</p><p>crime de usurpação de função pública (art. 328, CP).</p><p>Violação de Sigilo Funcional</p><p>Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão</p><p>do cargo e que deva permanecer em segredo, ou</p><p>facilitar-lhe a revelação:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-</p><p>ta, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:</p><p>I - permite ou facilita, mediante atribuição, for-</p><p>necimento e empréstimo de senha ou qualquer</p><p>outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas</p><p>a sistemas de informações ou banco de dados da</p><p>Administração Pública;</p><p>II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.</p><p>§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis-</p><p>tração Pública ou a outrem:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.</p><p>Este delito irá se configurar quando o agente público</p><p>revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que</p><p>deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.</p><p>Este crime pode ser praticado de duas formas:</p><p>z revelar fato de que tem ciência em razão do cargo</p><p>e que deva permanecer em segredo;</p><p>z facilitar a revelação de fato de que tem ciência em</p><p>razão do cargo e que deva permanecer em segredo.</p><p>É importante mencionar que o agente toma conhe-</p><p>cimento do fato em relação ao qual deve permanecer</p><p>em segredo em razão do cargo que ocupa, não se exi-</p><p>gindo que tenha sido no efetivo desempenho das atri-</p><p>buições do cargo. Logo, o crime pode ser praticado no</p><p>caso de o agente tomar conhecimento do fato durante</p><p>período de licença, mas em razão do cargo.</p><p>O Código Penal apresenta duas formas equipara-</p><p>das do crime de violação de sigilo funcional no caso</p><p>daquele que:</p><p>z permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-</p><p>mento e empréstimo de senha ou qualquer outra</p><p>forma, o acesso de pessoas não autorizadas a siste-</p><p>mas de informações ou banco de dados da Admi-</p><p>nistração Pública;</p><p>z utiliza-se, indevidamente, do acesso restrito.</p><p>É prevista forma qualificada se da conduta resulta</p><p>dano à Administração Pública ou a terceiro.</p><p>Como regra, não admite tentativa, salvo em casos</p><p>excepcionais, a exemplo de ser praticado na forma</p><p>escrita.</p><p>Vale ressaltar que o tipo previsto no art. 325 é sub-</p><p>sidiário, isto é, somente será aplicado caso não cons-</p><p>titua crime mais grave. Nesse sentido, existem outros</p><p>dispositivos que preveem formas de violação de sigilo,</p><p>como, por exemplo:</p><p>z art. 359-K, do CP, que cuida do crime de espionagem;</p><p>z art. 326, do Código Penal Militar, que trata da viola-</p><p>ção de segredo militar;</p><p>z art. 18, da Lei nº 7.492, de 1986, que pune as vio-</p><p>lações no âmbito do sistema financeiro nacional.</p><p>Violação de Sigilo de Proposta de Concorrência</p><p>Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concor-</p><p>rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo</p><p>de devassá-lo:</p><p>Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>O tipo penal do art. 326 foi revogado pelo art. 337-J,</p><p>também do Código Penal.</p><p>Funcionário Público</p><p>Art. 327 Considera-se funcionário público, para os</p><p>efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou</p><p>sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-</p><p>ção pública.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>69</p><p>§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce</p><p>cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,</p><p>e quem trabalha para empresa prestadora de ser-</p><p>viço contratada ou conveniada para a execução de</p><p>atividade típica da Administração Pública.</p><p>§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os</p><p>autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-</p><p>pantes de cargos em comissão ou de função de direção</p><p>ou assessoramento de órgão da administração direta,</p><p>sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-</p><p>dação instituída pelo poder público.</p><p>Conforme já analisado no início do estudo dos cri-</p><p>mes funcionais, o art. 327, do CP, apresenta o impor-</p><p>tante conceito de funcionário público para fins penais.</p><p>Importante! Antes de iniciar o estudo do próxi-</p><p>mo capítulo, é necessário saber que existe discussão</p><p>doutrinária quanto a se a equiparação da pessoa que</p><p>exerce cargo, emprego ou função pública em paraes-</p><p>tatal ou trabalha em empresa prestadora de serviço</p><p>ou conveniada, que consta no § 1º, art. 327, aplica-se</p><p>somente quando o funcionário é sujeito ativo ou se</p><p>também cabe quando é vítima.</p><p>Em outras palavras, o que se discute é se um fun-</p><p>cionário do Banco do Brasil, por exemplo, que é uma</p><p>sociedade de economia mista, poderia ser vítima de</p><p>um crime como o desacato. A maioria da doutrina e</p><p>da jurisprudência entende que não, isto é, que a equi-</p><p>paração prevista no § 1º, art. 327, somente aplica-se ao</p><p>Capítulo I, apenas sendo aplicável quando o funcioná-</p><p>rio é sujeito ativo.</p><p>CAPÍTULO II — CRIMES PRATICADOS POR</p><p>PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM</p><p>GERAL</p><p>O Capítulo II cuida dos crimes praticados por parti-</p><p>cular contra a Administração Pública, previstos entre</p><p>os arts. 328 e 337-A, do Código Penal.</p><p>São crimes comuns, que não exigem nenhuma con-</p><p>dição ou qualidade especial do sujeito ativo, podendo</p><p>ser praticados por qualquer pessoa.</p><p>Usurpação de Função Pública</p><p>Art. 328 Usurpar o exercício de função pública:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem:</p><p>Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.</p><p>O crime de usurpação de função pública configu-</p><p>rar-se-á quando o agente usurpar o exercício de fun-</p><p>ção pública. Usurpar tem o sentido de tomar posse, de</p><p>modo fraudulento, de algo (no caso, a função pública)</p><p>que pertence a outrem.</p><p>Importante!</p><p>Segundo posicionamento doutrinário majoritá-</p><p>rio, é necessário, para fins de consumação, que</p><p>o agente execute algum ato inerente ao exercício</p><p>da função, não configurando o crime a mera apre-</p><p>sentação a terceiros como funcionário público.</p><p>O crime ocorre, por exemplo, quando um indiví-</p><p>duo adquire, de forma fraudulenta, um colete da polí-</p><p>cia civil e, em determinado dia, promove uma falsa</p><p>barreira e passa a abordar os transeuntes, praticando</p><p>ato inerente ao exercício da função policial.</p><p>O tipo do art. 328 não exige, para sua consumação,</p><p>que o agente que usurpa a função pública obtenha</p><p>qualquer vantagem com sua conduta. No entanto, nos</p><p>termos do seu parágrafo único, caso o sujeito obtenha</p><p>qualquer tipo de vantagem, responderá pela forma</p><p>qualificada.</p><p>Resistência</p><p>Art. 329 Opor-se à execução de ato legal, mediante</p><p>violência ou ameaça a funcionário competente para</p><p>executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a dois anos.</p><p>§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se</p><p>executa:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos.</p><p>§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem</p><p>prejuízo das correspondentes à violência.</p><p>O crime de resistência pune o sujeito que se opõe,</p><p>de forma positiva, à execução de ato legal, com uso de</p><p>violência ou ameaça, contra funcionário responsável</p><p>por executar tal ato ou pessoa que o auxilia.</p><p>Primeiramente, a oposição deve ser positiva, isto é,</p><p>deve consistir em atos de violência (uso de força física)</p><p>ou ameaça (não se exige que seja grave) para resistir à</p><p>execução da ordem (violência anterior ou posterior ao</p><p>ato configura outro delito).</p><p>A lei não pune a chamada “resistência passiva”, que</p><p>ocorre quando o sujeito não agride ninguém, mas pra-</p><p>tica atos tais como se jogar ao solo, fugir, recusar-se a</p><p>abrir uma porta, agarrar-se a um poste para evitar que</p><p>seja levado preso etc.</p><p>Para que se caracterize o crime do art. 329, do CP, a</p><p>violência deve ser dirigida contra o executor ou quem</p><p>lhe preste ajuda. Assim, chutar a porta da viatura ao</p><p>ser preso,</p><p>por exemplo, não configura resistência, mas</p><p>sim crime de dano.</p><p>O ato ao qual o sujeito resiste deve ser legal; não há</p><p>crime de resistência contra ato ilegal.</p><p>Exige-se que o funcionário público seja competen-</p><p>te para executar o ato. O terceiro que presta auxílio</p><p>pode ter sido chamado para ajudar ou agido de forma</p><p>voluntária.</p><p>O emprego de violência ou ameaça contra mais de</p><p>um executor, dentro do mesmo contexto, configura a</p><p>ocorrência de apenas um crime de resistência e não de</p><p>concurso de crimes.</p><p>A resistência consuma-se com a prática da violên-</p><p>cia ou da ameaça, ainda que o sujeito ativo não consi-</p><p>ga frustrar a execução do ato; caso consiga impedir a</p><p>execução, o sujeito responderá pela forma qualificada</p><p>prevista no § 1º.</p><p>No caso do uso de violência, o sujeito responde pelas</p><p>penas de resistência somadas às da violência (lesão</p><p>corporal ou homicídio), conforme determina o § 2º.</p><p>Lembre-se: se a violência for empregada com o fim</p><p>de fuga, após a prisão ter sido efetuada, o agente res-</p><p>ponde pelo crime do art. 352, do CP (evasão mediante</p><p>violência).</p><p>Desobediência</p><p>Art. 330 Desobedecer a ordem legal de funcionário</p><p>público:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e</p><p>multa.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>70</p><p>O crime do art. 330, do CP, consiste em não atender</p><p>ordem legal emanada de funcionário público compe-</p><p>tente para cumpri-la.</p><p>Para que o crime se configure, devem estar presen-</p><p>tes os seguintes elementos:</p><p>z emissão da ordem (e não de um pedido) por funcio-</p><p>nário público diretamente ao destinatário, de for-</p><p>ma individualizada. A ordem não necessariamente</p><p>precisa ter uma forma definida, podendo dar-se por</p><p>escrito, verbalmente ou mesmo por meio de gestos;</p><p>z que a ordem seja legal e emitida por funcionário</p><p>competente. Por exemplo, se um delegado de polí-</p><p>cia requisita informação bancária e o gerente do</p><p>banco não atende, este não comete crime, pois o</p><p>gerente só está obrigado a fornecer a informação</p><p>se houver determinação judicial;</p><p>z que quem a recebe tenha o dever de acatá-la,</p><p>fazendo ou omitindo-se de fazer algo;</p><p>z que nenhum outro dispositivo legal preveja algum</p><p>tipo de sanção (penal, civil ou administrativa) para</p><p>o caso de não cumprimento: por exemplo, a víti-</p><p>ma que não atende à intimação judicial e falta à</p><p>audiência não responde por desobediência, mas</p><p>está sujeita a ser conduzida de forma coercitiva.</p><p>No entanto, às vezes, de forma excepcional, a lei</p><p>indica que se aplica determinada sanção cumu-</p><p>lada com o art. 330, como no caso da testemunha</p><p>que falta a uma audiência (além de estar sujeita ao</p><p>pagamento de multa, ainda responde por desobe-</p><p>diência, conforme determina o art. 219, do CPP).</p><p>A consumação do delito vai depender do conteúdo</p><p>da ordem:</p><p>z Se a ordem determina uma omissão: o crime con-</p><p>suma-se no momento da ação do sujeito ativo;</p><p>z Se a ordem determina uma ação, duas hipóteses</p><p>podem ocorrer: se a ordem fixou um prazo para a</p><p>ação, o crime consuma-se com a expiração desse</p><p>prazo; no entanto, se a ordem não fixou qualquer</p><p>prazo, o crime estará consumado com o decurso</p><p>de um tempo juridicamente relevante (a ser anali-</p><p>sado no caso concreto), capaz de indicar com segu-</p><p>rança a intenção do agente de não a cumprir.</p><p>Desacato</p><p>Art. 331 Desacatar funcionário público no exercí-</p><p>cio da função ou em razão dela:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>O crime de desacato, previsto no art. 331, do Códi-</p><p>go Penal, tem como conduta típica de ofender, faltar</p><p>com respeito, desmoralizar funcionário público no</p><p>exercício da função ou em razão dela.</p><p>Não se exige que o funcionário público esteja no</p><p>efetivo desempenho das atribuições do seu cargo para</p><p>caracterização do crime de desacato, mas sim que a</p><p>ofensa se dê em razão da função pública.</p><p>z Exemplo 1: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,</p><p>que estava no exercício de sua função, de “poli-</p><p>cialzinho de merda”, quando este estava prestes a</p><p>prender aquele;</p><p>z Exemplo 2: Diego Souza xinga Cássio, policial</p><p>civil, em um restaurante em Porto Seguro, durante</p><p>as férias deles, de “policialzinho de merda”, pelo</p><p>fato de Cássio tê-lo prendido no passado;</p><p>z Exemplo 3: Diego Souza xinga Cássio, policial civil,</p><p>de “babaca sem noção”, em uma partida de fute-</p><p>bol, pelo fato deste ter pegado um pênalti daquele.</p><p>Nos exemplos 1 e 2, configura-se o crime de desa-</p><p>cato, já que as ofensas proferidas pelo agente deram-</p><p>-se, no primeiro caso, durante o exercício da função e,</p><p>no segundo, em razão da função exercida pelo funcio-</p><p>nário público.</p><p>No exemplo 3, não há que se falar em desacato.</p><p>Embora Cássio seja funcionário público, a ofensa</p><p>proferida pelo agente nada tem a ver com a função</p><p>pública.</p><p>Sobre o desacato, é importante atentar-se às</p><p>seguintes considerações:</p><p>z pode dar-se por qualquer meio — insultos, vias de</p><p>fato, gestos, entre outros;</p><p>z deve ser praticado contra funcionário público, não</p><p>caracterizando este tipo penal a crítica ou ofensa à</p><p>repartição pública;</p><p>z é crime formal, que se consuma com a prática da</p><p>conduta descrita no tipo penal, independentemen-</p><p>te de o funcionário público considerar-se ofendido</p><p>ou não.</p><p>O crime deve ser praticado na presença do funcio-</p><p>nário público, conforme a doutrina majoritária.</p><p>Dica! A ofensa feita contra funcionário em razão</p><p>de suas funções, mas em sua ausência, caracteriza</p><p>crime de injúria “qualificada” (prevista no art. 140</p><p>combinado com o inciso II, art. 141, do CP). Por isso,</p><p>não há desacato se a ofensa é feita, por exemplo, por</p><p>carta.</p><p>Tráfico de Influência</p><p>Art. 332 Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou</p><p>para outrem, vantagem ou promessa de vantagem,</p><p>a pretexto de influir em ato praticado por funcioná-</p><p>rio público no exercício da função:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,</p><p>se o agente alega ou insinua que a vantagem é tam-</p><p>bém destinada ao funcionário.</p><p>Trata-se de tipo misto alternativo, que pode ser</p><p>praticado com o exercício de qualquer um dos verbos</p><p>previstos no tipo penal (solicitar; exigir; cobrar ou</p><p>obter).</p><p>Para que se configure o crime do art. 332, o agente</p><p>(que pode ser qualquer pessoa, inclusive um funcio-</p><p>nário público) não tem qualquer influência sobre o</p><p>funcionário público, mas passa a impressão (simula)</p><p>de que a tem, com a finalidade de obter vantagem ou</p><p>promessa de vantagem.</p><p>Caso o agente realmente tenha poder de influência</p><p>sobre o funcionário público que praticará o ato, não</p><p>há que se falar em tráfico de influência, podendo, no</p><p>entanto, configurar-se outro crime (corrupção).</p><p>O crime consuma-se, no caso das condutas de</p><p>solicitar, exigir e cobrar, com a prática de qualquer</p><p>delas, não sendo necessária a obtenção da vantagem</p><p>(crime formal); já no caso do da conduta de obter,</p><p>trata-se de crime material, exigindo-se que o sujeito</p><p>efetivamente consiga a vantagem.</p><p>A tentativa é possível, se praticado na forma</p><p>escrita.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>71</p><p>A pena do crime de tráfico de influência será</p><p>aumentada de metade se o agente alega ou insinua</p><p>que a vantagem é também destinada ao funcionário.</p><p>Corrupção Ativa</p><p>Art. 333 Oferecer ou prometer vantagem indevida</p><p>a funcionário público, para determiná-lo a praticar,</p><p>omitir ou retardar ato de ofício.</p><p>Pena — reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e</p><p>multa.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,</p><p>se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-</p><p>nário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica</p><p>infringindo dever funcional.</p><p>O crime de corrupção ativa, previsto</p><p>no art. 333, do</p><p>Código Penal, é um dos tipos penais mais cobrados em</p><p>relação aos crimes contra a Administração Pública.</p><p>Trata-se de mais uma exceção à teoria monista</p><p>do concurso de crimes prevista no art. 29, do CP, uma</p><p>vez que coexiste com o tipo autônomo da corrupção</p><p>passiva (art. 317, do CP).</p><p>Enquanto na corrupção passiva pune-se o funcio-</p><p>nário público (denominado de intraneus) que solicita,</p><p>recebe ou aceita promessa, na corrupção ativa pune-</p><p>-se o corruptor particular (extraneus) que oferece ou</p><p>promete a vantagem indevida.</p><p>O crime do art. 333 pode ser praticado de forma</p><p>direta, ou seja, pelo próprio corruptor, ou de forma</p><p>indireta, por meio de terceira pessoa.</p><p>Dica</p><p>A corrupção nem sempre é crime bilateral, ou</p><p>seja, a corrupção ativa não depende da existên-</p><p>cia de corrupção passiva e vice-versa. O corrup-</p><p>tor pode tentar corromper o funcionário público e</p><p>este não ceder e, da mesma forma, o funcionário</p><p>pode solicitar a vantagem indevida, sem que haja</p><p>concordância por parte do particular.</p><p>O crime consuma-se quando o funcionário público</p><p>toma conhecimento da oferta ou da promessa da van-</p><p>tagem indevida.</p><p>A tentativa dependerá da modalidade em que se</p><p>pratica o delito; sendo realizada na forma escrita, a</p><p>tentativa é possível.</p><p>Da mesma forma que ocorre na corrupção passiva,</p><p>o parágrafo único, art. 333, prevê o aumento de pena</p><p>na hipótese em que o funcionário, em razão da vanta-</p><p>gem, pratica, omite ou retarda o ato.</p><p>Caso o sujeito tente corromper funcionário públi-</p><p>co estrangeiro, o crime será o previsto no art. 337-B,</p><p>do CP.</p><p>Inutilização de Edital ou de Sinal</p><p>Art. 336 Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar</p><p>ou conspurcar edital afixado por ordem de fun-</p><p>cionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal</p><p>empregado, por determinação legal ou por ordem</p><p>de funcionário público, para identificar ou cerrar</p><p>qualquer objeto:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.</p><p>O crime previsto no art. 336, do CP, é de ação múlti-</p><p>pla (tipo misto alternativo), podendo ser praticado das</p><p>seguintes formas:</p><p>z rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-</p><p>purcar (manchar ou tornar sujo, de forma que</p><p>não possa ser utilizado) edital afixado por ordem</p><p>de funcionário público;</p><p>z violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por</p><p>determinação legal ou por ordem de funcionário</p><p>público, para identificar ou cerrar (encobrir) qual-</p><p>quer objeto.</p><p>Segundo posicionamento doutrinário dominante,</p><p>caso a conduta seja praticada quando não mais pro-</p><p>duz efeito o edital (fora do seu prazo de validade, por</p><p>exemplo), não se configurará este tipo penal.</p><p>Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento</p><p>Art. 337 Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmen-</p><p>te, livro oficial, processo ou documento confiado à</p><p>custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de</p><p>particular em serviço público:</p><p>Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não</p><p>constitui crime mais grave.</p><p>Cabe destacar que o livro oficial, processo ou docu-</p><p>mento (público ou particular) é confiado à custódia de</p><p>funcionário, em razão de ofício, ou de particular em</p><p>serviço público.</p><p>Por isso, é dever que seja confiada a custódia a</p><p>funcionário, em razão de ofício, não se verificando</p><p>este crime quando alguém subtrai ou inutiliza, total</p><p>ou parcialmente, um livro oficial, processo ou docu-</p><p>mento de quem não o guarda por conta da sua função.</p><p>É importante analisar que, na parte final do pre-</p><p>ceito primário do dispositivo em estudo, há a expres-</p><p>são “ou de particular em serviço público”, pois existem,</p><p>em certas hipóteses excepcionais, particulares que</p><p>desempenham funções públicas (por exemplo, mesá-</p><p>rio nas eleições). Observe que se alguém subtrair ou</p><p>inutilizar, total ou parcialmente, algum documento</p><p>confiado a essas pessoas, a ele será imputado o crime</p><p>de subtração ou inutilização de livro ou documento.</p><p>Subtrair tem o sentido de retirar o livro oficial,</p><p>processo ou documento do local em que se encontra,</p><p>dele se apoderando o agente. Por sua vez, inutilizar</p><p>quer dizer tornar imprestável o livro oficial, processo</p><p>ou documento, total ou parcialmente. Não se reclama</p><p>sua efetiva destruição.</p><p>Consuma-se o crime em estudo no instante em que</p><p>o livro oficial, processo ou documento é subtraído,</p><p>mediante seu apoderamento pelo agente, seguido da</p><p>inversão da sua posse e sua consequente retirada da</p><p>esfera de vigilância da vítima, ou então inutilizado,</p><p>total ou parcialmente.</p><p>Observe que se o documento se destina a fazer</p><p>prova de relação jurídica, e o agente visa beneficiar a</p><p>si próprio ou a terceiro, o fato constituirá crime mais</p><p>grave.</p><p>Trata-se de crime subsidiário, respondendo o</p><p>agente por ele apenas caso não se configure um crime</p><p>mais grave.</p><p>Na hipótese de o documento destinar-se a fazer</p><p>prova de relação jurídica, e o agente visar beneficiar a</p><p>si próprio ou a terceiro, o fato será mais grave.</p><p>Vale lembrar que somente pode ser praticado na</p><p>modalidade dolosa.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>72</p><p>CAPÍTULO III — CRIMES CONTRA A</p><p>ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA</p><p>Os crimes contra a administração da justiça têm</p><p>como finalidade proteger a atuação e atividade da</p><p>Justiça brasileira, incluindo as atividades de natureza</p><p>policial.</p><p>Denunciação Caluniosa</p><p>Art. 339 Dar causa à instauração de inquérito</p><p>policial, de procedimento investigatório crimi-</p><p>nal, de processo judicial, de processo adminis-</p><p>trativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação</p><p>de improbidade administrativa contra alguém,</p><p>imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou</p><p>ato ímprobo de que o sabe inocente</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.</p><p>§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agen-</p><p>te se serve de anonimato ou de nome suposto.</p><p>§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação</p><p>é de prática de contravenção.</p><p>O crime do art. 339 pode ser praticado por qual-</p><p>quer meio (crime de forma livre), não se exigindo a</p><p>apresentação formal de notitia criminis, queixa ou</p><p>denúncia.</p><p>A provocação da autoridade pode ser:</p><p>z Direta: quando o agente formalmente apresenta</p><p>a notícia do crime à autoridade (policial, adminis-</p><p>trativa, judiciária ou do Ministério Público);</p><p>z Indireta: quando o agente, por um meio qual-</p><p>quer, de forma maliciosa, faz com que a notícia</p><p>falsa chegue até a autoridade para que esta inicie</p><p>a investigação. Um exemplo de provocação indi-</p><p>reta ocorre quando o sujeito coloca um objeto na</p><p>bolsa de alguém e chama a polícia, dizendo que o</p><p>objeto foi furtado e fazendo com que os policiais</p><p>revistem a bolsa de todos os presentes, para que o</p><p>objeto seja encontrado com aquela pessoa e, assim,</p><p>seja iniciado procedimento policial contra ela.</p><p>O crime consuma-se quando se inicia um dos pro-</p><p>cedimentos enumerados no caput.</p><p>A imputação deve ser feita contra pessoa determi-</p><p>nada ou identificável de imediato. Sem isso, o crime</p><p>será o de comunicação falsa de crime ou contraven-</p><p>ção (art. 340, CP)</p><p>A pena será aumentada de 1/6 caso o agente se sir-</p><p>va de anonimato ou de nome suposto.</p><p>No caso de denunciação caluniosa privilegiada, a</p><p>pena será diminuída de metade caso a imputação seja</p><p>de prática de contravenção penal.</p><p>Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção</p><p>Art. 340 Provocar a ação de autoridade, comuni-</p><p>cando-lhe a ocorrência de crime ou de contraven-</p><p>ção que sabe não se ter verificado:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Não se confunde com a denunciação caluniosa, pois,</p><p>no crime do art. 339, o agente aponta pessoa certa e</p><p>determinada como autora da infração, enquanto no do</p><p>art. 340, isso não ocorre. No crime de comunicação falsa</p><p>de crime ou contravenção, o agente limita-se a comuni-</p><p>car falsamente a ocorrência de crime ou contravenção,</p><p>não apontando qualquer pessoa como responsável por</p><p>ele, ou então apontando pessoa que não existe.</p><p>Não admite a forma culposa. Assim,</p><p>se o agente</p><p>comunica à autoridade, sem intenção, crime ou con-</p><p>travenção penal, provocando a ação desta, este tipo</p><p>penal não estará configurado. O agente deve saber</p><p>que o crime ou a contravenção não foram praticados.</p><p>Se o fato imputado for infração administrativa ou</p><p>civil, não se configurará o crime.</p><p>O crime consuma-se quando a autoridade provo-</p><p>cada pratica ato a fim de esclarecer o fato criminoso</p><p>(basta que se iniciem as diligências).</p><p>Autoacusação Falsa</p><p>Art. 341 Acusar-se, perante a autoridade, de crime</p><p>inexistente ou praticado por outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou</p><p>multa.</p><p>Diferentemente do crime de denunciação calunio-</p><p>sa, no qual o sujeito acusa um terceiro inocente, na</p><p>autoacusação falsa o agente acusa a si próprio de cri-</p><p>me que não ocorreu ou de crime que ocorreu, mas foi</p><p>praticado por terceiro.</p><p>A autoacusação falsa deve ser feita perante (o</p><p>que não significa na presença) autoridade (policial,</p><p>ministerial ou judicial). Pode, portanto, ser feita de</p><p>forma escrita.</p><p>Não se exige a prática de qualquer ato por parte</p><p>da autoridade para a consumação do crime, bastando</p><p>que tome conhecimento da autoacusação falsa.</p><p>O réu, apesar do direito de mentir (tendo em vis-</p><p>ta o direito à ampla defesa), não tem o direito de se</p><p>autoacusar. Portanto, caso o faça, responde pelo crime</p><p>do art. 341.</p><p>Falso Testemunho ou Falsa Perícia</p><p>Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar</p><p>a verdade como testemunha, perito, contador, tra-</p><p>dutor ou intérprete em processo judicial, ou admi-</p><p>nistrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e</p><p>multa.</p><p>§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um ter-</p><p>ço, se o crime é praticado mediante suborno ou se</p><p>cometido com o fim de obter prova destinada a</p><p>produzir efeito em processo penal, ou em proces-</p><p>so civil em que for parte entidade da adminis-</p><p>tração pública direta ou indireta.</p><p>§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sen-</p><p>tença no processo em que ocorreu o ilícito, o</p><p>agente se retrata ou declara a verdade.</p><p>O tipo do art. 342 pune alguns sujeitos especiais: a</p><p>testemunha, o perito (não oficial), o contador, o tradu-</p><p>tor e o intérprete (é, portanto, crime de mão própria;</p><p>não admite prática por interposta pessoa) quando</p><p>estes fazem afirmação falsa, negam ou calam a ver-</p><p>dade na intenção de prejudicar o curso normal do</p><p>processo.</p><p>O § 1º apresenta duas causas de aumento de pena.</p><p>A primeira delas é uma exceção à teoria monística do</p><p>concurso de agentes: aquele que suborna a testemu-</p><p>nha, o perito (não oficial), o contador, o tradutor e o</p><p>intérprete responde pelo crime de suborno, previsto</p><p>no art. 343; o subornado responde pelo tipo do § 1º,</p><p>art. 342.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>73</p><p>Importante!</p><p>No caso de perito, somente o não oficial (isto é,</p><p>o nomeado pelo juiz) é que responde pelo tipo</p><p>do § 1º, art. 342. No caso de perito oficial, este</p><p>responde pelo crime de corrupção ativa, previsto</p><p>no art. 333, do CP.</p><p>A segunda causa de aumento de pena ocorre quando</p><p>o falso testemunho ou falsa perícia ocorrem em situações</p><p>que são mais graves para a administração da Justiça:</p><p>z em processo criminal;</p><p>z em processo civil que tenha como uma das partes</p><p>a Administração Pública.</p><p>Por fim, o § 2º cuida da hipótese de retratação,</p><p>que gera a extinção da punibilidade quando o agente</p><p>retrocede na mentira, apresentando voluntariamente</p><p>a verdade sobre os fatos antes da sentença no proces-</p><p>so em que se deu o falso.</p><p>Suborno (ou Corrupção Ativa de Testemunha ou</p><p>Perito)</p><p>Art. 343 Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou</p><p>qualquer outra vantagem a testemunha, perito,</p><p>contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirma-</p><p>ção falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,</p><p>perícia, cálculos, tradução ou interpretação:</p><p>Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. As penas aumentam-se de um</p><p>sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de</p><p>obter prova destinada a produzir efeito em proces-</p><p>so penal ou em processo civil em que for parte enti-</p><p>dade da administração pública direta ou indireta.</p><p>O art. 343 trata do crime de suborno, denominado por</p><p>parte da doutrina como corrupção ativa de testemunha</p><p>ou perito. O tipo pune o sujeito que dá, oferece ou promete</p><p>dinheiro ou outra vantagem para que testemunha, perito,</p><p>contador, tradutor ou intérprete façam afirmação falsa,</p><p>neguem ou calem a verdade em depoimento, perícia ou</p><p>interpretação em procedimento oficial em andamento.</p><p>Dicas:</p><p>z Fazer afirmação falsa (conduta comissiva): afirmar</p><p>uma inverdade;</p><p>z Negar a verdade (conduta comissiva): esquivar-se de</p><p>falar o que sabe;</p><p>z Calar a verdade (conduta omissiva): silenciar a respei-</p><p>to do que sabe.</p><p>Não importa se o suborno foi aceito ou não (crime for-</p><p>mal); caso haja aceite do suborno, a testemunha, perito</p><p>(não oficial), contador, tradutor ou intérprete respondem</p><p>pelo § 1º, art. 342. As penas irão aumentar de 1/6 a 1/3, se</p><p>o crime é:</p><p>z cometido com o fim de obter prova destinada a pro-</p><p>duzir efeito em processo penal;</p><p>z cometido com o fim de obter prova destinada a pro-</p><p>duzir efeito em processo civil em que for parte enti-</p><p>dade da Administração Pública direta ou indireta.</p><p>Admite tentativa quando for possível fracionar o iter</p><p>criminis.</p><p>Coação no Curso do Processo</p><p>Art. 344 Usar de violência ou grave ameaça, com</p><p>o fim de favorecer interesse próprio ou alheio,</p><p>contra autoridade, parte, ou qualquer outra</p><p>pessoa que funciona ou é chamada a intervir</p><p>em processo judicial, policial ou administrativo, ou</p><p>em juízo arbitral:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além</p><p>da pena correspondente à violência.</p><p>Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um ter-</p><p>ço) até a metade se o processo envolver crime con-</p><p>tra a dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 14.245,</p><p>de 2021)</p><p>O crime de coação no curso do processo é aquele</p><p>em que, para beneficiar a si ou a terceiro, o agente</p><p>emprega violência ou grave ameaça contra pessoas</p><p>que participam do processo ou juízo arbitral. Observe</p><p>as duas hipóteses a seguir.</p><p>z Suponha que André tenha praticado um crime de</p><p>roubo a um supermercado, estando ele sendo pro-</p><p>cessado por isso. Thais, funcionária do supermer-</p><p>cado, é testemunha, e foi marcado um dia para que</p><p>ela comparecesse em juízo para dar seu depoimen-</p><p>to. André, com a finalidade de favorecer seus pró-</p><p>prios interesses, vai à casa de Thais e, utilizando-se</p><p>de uma arma de fogo para ameaçá-la, exige que ela</p><p>diga que não foi ele quem praticou o fato, mas sim</p><p>outra pessoa. André praticou o crime de coação no</p><p>curso do processo, já que empregou grave amea-</p><p>ça contra pessoa chamada a intervir em processo</p><p>judicial;</p><p>z Tenha em mente a mesma hipótese anterior; ago-</p><p>ra, entretanto, André, sabendo sobre o que Thais</p><p>disse na inquirição, vai à casa dela e, utilizando-se</p><p>de uma arma de fogo para ameaçá-la, diz que irá</p><p>matá-la por não ter dito que foi outra pessoa que</p><p>praticou o crime, por tê-lo incriminado. André,</p><p>nesta hipótese, praticou o crime de ameaça, uma</p><p>vez que empregou grave ameaça contra a pessoa</p><p>após o depoimento, exaurindo-se a participação</p><p>daquela na ação.</p><p>Caso o agente se utilize de violência para praticar o</p><p>crime de coação no curso do processo, responderá por</p><p>este, além da pena correspondente à violência (siste-</p><p>ma da acumulação material).</p><p>Pode ser praticado contra as autoridades respon-</p><p>sáveis pela condução do processo, como juízes, pro-</p><p>motores, delegados de polícia, entre outros.</p><p>Exige-se o dolo específico por parte do agente de</p><p>favorecer interesse próprio ou alheio.</p><p>É crime formal, que se consuma com o uso de vio-</p><p>lência ou grave ameaça, independentemente de o coa-</p><p>gido ceder.</p><p>Admite a forma tentada na hipótese de o crime ser</p><p>praticado por escrito.</p><p>Exercício Arbitrário</p><p>das Próprias Razões</p><p>Art. 345 Fazer justiça pelas próprias mãos, para</p><p>satisfazer pretensão, embora legítima, salvo</p><p>quando a lei o permite:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,</p><p>além da pena correspondente à violência.</p><p>Parágrafo único. Se não há emprego de violên-</p><p>cia, somente se procede mediante queixa.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>74</p><p>O art. 345 pune o sujeito que, a fim de obter por</p><p>esforço próprio algo que considera justo ou correto,</p><p>pratica atos de atribuição exclusiva do Estado, como,</p><p>por exemplo, despejar um inquilino inadimplente,</p><p>fora das condições previstas em lei.</p><p>Em outras palavras, pune a autotutela (ação do</p><p>particular que se sobrepõe à autoridade do Estado</p><p>para resolver um conflito) fora dos casos permitidos</p><p>em lei. Caso o agente atue em conformidade com a lei</p><p>(como no caso da legítima defesa e do desforço ime-</p><p>diato), não se configura o crime do art. 345, do CP.</p><p>A consumação dá-se com a efetiva satisfação da</p><p>pretensão (corrente majoritária).</p><p>No caso do uso de violência, aplica-se o sistema da</p><p>acumulação material (responde pelas penas do art.</p><p>345 somadas às da violência praticada).</p><p>Trata-se, por fim, nos termos do parágrafo único,</p><p>de crime de ação pública, quando ocorre emprego de</p><p>violência, ao passo que, caso a conduta se dê sem o</p><p>uso de violência, a ação é privada (mediante queixa).</p><p>Subtração, Supressão ou Danificação de Coisa</p><p>Própria Legalmente em Poder de Terceiro</p><p>Art. 346 Tirar, suprimir, destruir ou danificar coi-</p><p>sa própria, que se acha em poder de terceiro por</p><p>determinação judicial ou convenção:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>No art. 346, do Código Penal, está prevista uma for-</p><p>ma mais especial que pune o exercício da justiça pelas</p><p>próprias mãos, denominada por parte da doutrina</p><p>“subtração, supressão ou danificação de coisa própria</p><p>legalmente em poder de terceiro”, uma vez que a lei</p><p>não trouxe um nome legal.</p><p>No tipo do art. 346, o sujeito ativo é somente o pro-</p><p>prietário da coisa (admite-se coautoria e participa-</p><p>ção) que se encontra em poder de terceiro por força</p><p>de determinação judicial ou convenção (por exemplo,</p><p>um automóvel que se encontra em poder do locatário).</p><p>O crime consuma-se com a prática de uma das</p><p>quatro ações previstas no tipo, sendo perfeitamente</p><p>possível a tentativa.</p><p>Fraude Processual</p><p>Art. 347 Inovar artificiosamente, na pendência</p><p>de processo civil ou administrativo, o estado de</p><p>lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de indu-</p><p>zir a erro o juiz ou o perito:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. Se a inovação se destina a produ-</p><p>zir efeito em processo penal, ainda que não inicia-</p><p>do, as penas aplicam-se em dobro.</p><p>Com previsão legal no art. 347, do Código Penal,</p><p>o crime de fraude processual configurar-se-á quando</p><p>o agente inovar artificiosamente, na pendência de</p><p>processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de</p><p>coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz</p><p>ou o perito.</p><p>Aplica-se a pena em dobro se a inovação se destina</p><p>a produzir efeito em processo penal, ainda que não</p><p>indiciado o agente.</p><p>Exemplo: Carlos praticou o crime de homicídio, ao</p><p>matar Cláudio, que lhe devia uma quantia de dinhei-</p><p>ro. Com a finalidade de simular uma hipótese de legíti-</p><p>ma defesa, para induzir o perito a erro, Carlos coloca,</p><p>fraudulentamente, nas mãos da vítima, uma arma de</p><p>fogo, modificando o estado de pessoa. Carlos prati-</p><p>cou o crime de fraude processual, respondendo pelo</p><p>crime com a pena dobrada nos termos do parágrafo</p><p>único, já que inovou artificiosamente na pendência de</p><p>processo penal.</p><p>O crime exige dolo específico, que é o fim de indu-</p><p>zir a erro juiz ou perito.</p><p>É crime formal, que se consuma com a prática da</p><p>conduta prevista no tipo penal, ainda que não seja efe-</p><p>tivamente induzido a erro o juiz ou o perito.</p><p>A tentativa é possível.</p><p>Exploração de Prestígio</p><p>Art. 357 Solicitar ou receber dinheiro ou qual-</p><p>quer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,</p><p>jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de</p><p>justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. As penas aumentam-se de um</p><p>terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro</p><p>ou utilidade também se destina a qualquer das</p><p>pessoas referidas neste artigo.</p><p>O crime ocorre quando o agente, de forma frau-</p><p>dulenta, exibe-se afirmando possuir influência sobre</p><p>uma das pessoas que constam no caput para, com isso,</p><p>obter vantagem de qualquer espécie.</p><p>A consumação dá-se, no modus operandi “solici-</p><p>tar”, com o pedido, não sendo necessário o aceite da</p><p>pessoa enganada; na conduta “receber”, por sua vez,</p><p>a consumação dá-se com a obtenção da vantagem pelo</p><p>agente. A tentativa é, em tese, possível.</p><p>O parágrafo único, art. 357, dispõe sobre causa de</p><p>aumento de pena no caso em que o agente também</p><p>insinua que a vantagem se destina aos funcionários</p><p>públicos.</p><p>Desobediência a Decisão Judicial Sobre Perda ou</p><p>Suspensão de Direito</p><p>Art. 359 Exercer função, atividade, direito, autori-</p><p>dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por</p><p>decisão judicial:</p><p>Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou</p><p>multa.</p><p>O art. 359 visa punir agente que teve algum tipo de</p><p>função, atividade, direito, autoridade ou múnus (obri-</p><p>gação imposta por lei) suspenso por decisão judicial</p><p>(não inclui decisão administrativa) e, mesmo assim, o</p><p>desempenha de forma habitual.</p><p>HORA DE PRATICAR!</p><p>1. (VUNESP – 2023) A falsificação de selo destinado a</p><p>controle tributário configura crime de</p><p>a) falsificação do selo ou sinal público.</p><p>b) falsificação de cartão.</p><p>c) reprodução ou adulteração de selo.</p><p>d) petrechos de falsificação.</p><p>e) falsificação de papéis públicos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>75</p><p>2. (VUNESP – 2023) Com relação aos Crimes contra a</p><p>Fé Pública, previstos no Capítulo II e III, do Título X, do</p><p>Código Penal, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Nos crimes de falsificação de documento público e</p><p>falsificação de documento particular, a falsidade recai</p><p>sobre a própria autenticidade do documento; no crime</p><p>de falsidade ideológica, a falsidade recai sobre o con-</p><p>teúdo do documento.</p><p>b) Os crimes de falsificação de papéis público, petrechos</p><p>de falsificação e falsificação de selo ou sinal público</p><p>são próprios de funcionários públicos, praticados no</p><p>exercício do cargo.</p><p>c) O crime de falsidade de atestado médico é um crime</p><p>comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa,</p><p>não sendo necessário ser médico.</p><p>d) Se o sujeito, além de falsificar o documento, também</p><p>o utiliza, incorrerá nas penas do crime de falsificação</p><p>e do crime de uso.</p><p>e) O crime de falso reconhecimento de firma ou letra</p><p>somente se caracteriza em documento público.</p><p>3. (VUNESP – 2021) Mévio, aprovado em processo sele-</p><p>tivo para trabalhar como operador de trator, a fim de</p><p>cumprir exigência da empresa contratante, apresenta</p><p>atestado médico, por ele adquirido, em que consta a</p><p>falsa informação de não uso de medicação controla-</p><p>da, de uso contínuo. A respeito da conduta de Mévio, é</p><p>correto dizer que, em tese, caracteriza o crime de</p><p>a) certidão ou atestado ideologicamente falso.</p><p>b) falsidade material de atestado ou certidão.</p><p>c) uso de documento falso.</p><p>d) falsidade de atestado médico.</p><p>e) falsidade ideológica.</p><p>4. (VUNESP – 2023) É correto dizer que o crime de falsa</p><p>identidade é um crime subsidiário?</p><p>a) Sim, pois a conduta apenas é punida com realização</p><p>de exame que comprove a falsidade.</p><p>b) Não.</p><p>c) Sim, pois só é aplicada sua pena se o fato não consti-</p><p>tui elemento</p><p>de crime mais grave.</p><p>d) Sim, pois a conduta apenas é punida quando praticada</p><p>com intenção.</p><p>e) Sim, pois trata-se de Crime Contra a Fé Pública.</p><p>5. (VUNESP – 2023) Com relação ao artigo 308 do CP,</p><p>desde que o fato não constitua elemento de crime</p><p>mais grave, é correto afirmar:</p><p>a) aquele que cede passaporte próprio para uso alheio</p><p>é punido mais gravemente do que aquele que utiliza</p><p>passaporte alheio como próprio.</p><p>b) aquele que utiliza passaporte alheio como próprio é</p><p>punido mais gravemente do que aquele que cede pas-</p><p>saporte próprio para uso alheio.</p><p>c) apenas é punido aquele que cede passaporte próprio</p><p>para uso alheio, não sendo punido aquele que utiliza</p><p>passaporte alheio como próprio.</p><p>d) aquele que utiliza passaporte alheio como próprio e</p><p>aquele que cede o passaporte próprio para uso alheio</p><p>são igualmente punidos.</p><p>e) apenas é punido aquele que utiliza passaporte alheio</p><p>como próprio, não sendo punido aquele que cede pas-</p><p>saporte próprio para uso alheio.</p><p>6. (VUNESP – 2021) Caio, tendo conhecimento que pos-</p><p>sui contra si mandado de prisão expedido por falta de</p><p>pagamento de pensão alimentícia, ao ser parado em</p><p>blitz policial, apresenta ao policial carteira de habilita-</p><p>ção de Tício, amigo que estava no carro e consentiu</p><p>com a apresentação de seu documento. A respeito da</p><p>situação hipotética, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Caio, em tese, praticou o crime de falsa identidade,</p><p>previsto no artigo 307, do Código Penal; enquanto</p><p>Tício, em tese, praticou o crime previsto no artigo 308,</p><p>do Código Penal (ceder documento de identificação</p><p>para outrem).</p><p>b) Caio e Tício, em tese, praticaram o crime previsto no</p><p>artigo 308, do Código Penal (usar como próprio docu-</p><p>mento de identificação alheio).</p><p>c) Caio e Tício, em tese, praticaram o crime de falsa iden-</p><p>tidade, previsto no artigo 307, do Código Penal, em</p><p>coautoria.</p><p>d) Caio não incorreu em qualquer prática delitiva, haja</p><p>vista o direito fundamental à não autoincriminação.</p><p>e) Caio, em tese, praticou o crime de falsa identidade,</p><p>previsto no artigo 307, do Código Penal; enquanto</p><p>Tício não incorreu em qualquer prática delitiva, visto</p><p>que sua conduta é atípica.</p><p>7. (VUNESP – 2023) No crime de fraude em certames de</p><p>interesse público, previsto no artigo 311-A, do Código</p><p>Penal, é correto afirmar que</p><p>a) o bem jurídico violado é a fé pública, e para restar</p><p>caracterizado exige-se efetivo prejuízo.</p><p>b) há a previsão da modalidade culposa, inadmitindo-se</p><p>a forma tentada.</p><p>c) embora para a caracterização não se exija a ocorrência</p><p>de dano patrimonial à administração pública, exige-se</p><p>a finalidade de beneficiar a si próprio ou a outrem, ou</p><p>de comprometer a credibilidade do certame.</p><p>d) é crime comum, podendo ser praticado por qualquer</p><p>pessoa, mas, se praticado por funcionário público, a</p><p>pena aplicar-se-á em dobro.</p><p>e) a ocorrência de prejuízo à Administração Pública é</p><p>causa de aumento da pena.</p><p>8. (VUNESP – 2021) Tício, funcionário do órgão priva-</p><p>do responsável pela realização de concurso público,</p><p>chateado por não lhe ter sido conferido direito a férias</p><p>no período almejado, objetivando denegrir a imagem</p><p>da instituição, fez cópia de uma das versões da pro-</p><p>va, sigilosa, já que ainda não aplicada, e a divulgou</p><p>na internet. Tício não auferiu qualquer vantagem com</p><p>a divulgação, tendo por móvel apenas abalar a ima-</p><p>gem da instituição em que trabalhava. No entanto, em</p><p>razão da divulgação, o concurso foi adiado e toda a</p><p>prova refeita. Sobre a situação hipotética, é correto</p><p>dizer que</p><p>a) Tício, em tese, praticou o crime de impedimento, per-</p><p>turbação ou fraude de concorrência.</p><p>b) Tício, em tese, praticou o crime de violação de sigilo</p><p>funcional.</p><p>c) a conduta de Tício é atípica, pois inexistiu vantagem</p><p>com a violação do sigilo da prova, elemento comum</p><p>aos crimes de fraude em certames de interesse públi-</p><p>co; violação de sigilo funcional e impedimento, pertur-</p><p>bação ou fraude de concorrência.</p><p>d) Tício, em tese, praticou o crime de fraudes em certa-</p><p>mes de interesse público.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>76</p><p>e) a conduta de Tício é atípica, já que ele não é funcioná-</p><p>rio público, condição necessária do agente nos crimes</p><p>de fraude em certames de interesse público; violação</p><p>de sigilo funcional e de impedimento, perturbação ou</p><p>fraude de concorrência.</p><p>9. (VUNESP – 2023) No crime de excesso de exação, o</p><p>crime é qualificado se</p><p>a) cometido por meio vexatório ou gravoso, que a lei não</p><p>autoriza.</p><p>b) o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem,</p><p>o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres</p><p>públicos.</p><p>c) o funcionário pratica ato de ofício, com infração de dever</p><p>funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.</p><p>d) praticado por funcionário público.</p><p>e) resulta dano para a Administração Pública ou para o</p><p>administrado.</p><p>10. (VUNESP – 2023) Tendo em conta o crime de inutili-</p><p>zação de edital ou de sinal, previsto no artigo 336, do</p><p>Código Penal, e o crime de subtração ou inutilização</p><p>de livro ou documento, previsto no artigo 337, do Códi-</p><p>go Penal, assinale a alternativa correta.</p><p>a) São crimes próprios de funcionários públicos, só</p><p>podendo ser por eles praticados.</p><p>b) O crime de inutilização de edital ou sinal será qualifica-</p><p>do quando há violação de sinal empregado para cerrar</p><p>objeto de interesse da justiça.</p><p>c) São crimes que inadmitem tentativa.</p><p>d) O crime de subtração ou inutilização de livro ou docu-</p><p>mento restará caracterizado ainda que o documento</p><p>inutilizado estiver confiado a particular, desde que em</p><p>serviço público.</p><p>e) O crime de subtração ou inutilização de livro ou docu-</p><p>mento, se parcial a inutilização do documento, será</p><p>punido de forma diminuída.</p><p>11. (VUNESP – 2023) O crime do artigo 337 do CP tem</p><p>como objeto material, ou seja, coisa que sofre a ação</p><p>criminosa, “livro oficial, processo ou documento con-</p><p>fiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou</p><p>de particular em serviço público.” É correto afirmar que</p><p>o crime está configurado se</p><p>a) houver subtração, não se configurando em caso de</p><p>inutilização.</p><p>b) houver inutilização, não se configurando em caso de sub-</p><p>tração, pois esta configura outro crime.</p><p>c) o autor da ação criminosa for funcionário público, não se</p><p>configurando se o autor não ostentar tal condição.</p><p>d) houver subtração ou inutilização, sejam elas totais ou</p><p>parciais.</p><p>e) o objeto material for totalmente inutilizado, não se confi-</p><p>gurando se for parcialmente inutilizado.</p><p>12. (VUNESP – 2023) A respeito dos Crimes contra a</p><p>Administração da Justiça, previstos no Código Penal,</p><p>é correto afirmar que</p><p>a) o crime de coação no curso do processo será quali-</p><p>ficado se praticado em processo que envolva crime</p><p>contra a dignidade sexual.</p><p>b) a imputação de prática de contravenção penal que</p><p>sabe ser inverídica não configura o crime de denuncia-</p><p>ção caluniosa, pois o tipo penal fala apenas em crime,</p><p>ato improbo e infração ética-disciplinar.</p><p>c) o crime de fraude processual será qualificado se a inova-</p><p>ção tiver como objetivo produzir efeito em processo penal.</p><p>d) a retração ou declaração da verdade pelo agente,</p><p>antes de proferida a sentença no processo em que</p><p>se deu o falso testemunho, é causa de diminuição de</p><p>pena do crime de falso testemunho e falsa perícia.</p><p>e) o crime de exercício arbitrário das próprias razões é de</p><p>ação penal privada, excetuando os casos em que há</p><p>emprego de violência.</p><p>13. (VUNESP – 2023) Mévio, administrador, por decisão</p><p>judicial, em ação penal, foi afastado do conselho deli-</p><p>berativo da empresa da qual é sócio. Não obstante a</p><p>decisão, Mévio continua participando das reuniões</p><p>do conselho, fazendo uso da palavra, tomando parte</p><p>nas deliberações e assinando documentos. Diante da</p><p>situação hipotética, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Mévio não incorreu em qualquer crime, haja vista a</p><p>conduta imputada ser</p><p>atípica penalmente.</p><p>b) Mévio incorreu no crime de fraude processual, previsto</p><p>no artigo 347, do Código Penal.</p><p>c) Mévio, em tese, praticou o crime de desobediência à</p><p>decisão judicial sobre perda e suspensão de direito,</p><p>previsto no artigo 359, do Código Penal.</p><p>d) Mévio, em tese, praticou o crime de desobediência,</p><p>previsto no artigo 330, do Código Penal.</p><p>e) Mévio, em tese, praticou o crime de usurpação de fun-</p><p>ção pública, previsto no artigo 328, do Código Penal.</p><p>14. (VUNESP – 2023) Aquele que se acusa, perante a</p><p>autoridade, de crime inexistente</p><p>a) pratica crime de falso testemunho.</p><p>b) pratica crime de comunicação falsa de crime.</p><p>c) pratica crime de autoacusação falsa.</p><p>d) não pratica crime algum, pois não há vítima.</p><p>e) pratica crime de fraude processual.</p><p>15. (VUNESP – 2023) Tendo em conta os Crimes contra</p><p>a Administração Pública, previstos no Código Penal,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) O crime de abandono de função somente se caracteriza</p><p>se ocorrer prejuízo público, tratando-se, assim, de crime</p><p>material.</p><p>b) O crime de corrupção passiva é formal, consumando-se</p><p>ainda que o funcionário público não receba vantagem</p><p>indevida.</p><p>c) Para a caracterização do crime de prevaricação, é neces-</p><p>sário que o funcionário público retarde ou deixe de pra-</p><p>ticar, indevidamente, ato de ofício, cedendo a pedido ou</p><p>influência de outro.</p><p>d) O crime de advocacia administrativa se consuma quan-</p><p>do o advogado privado, para defender interesse de seu</p><p>cliente, junto à Administração Pública, oferece vantagem</p><p>a funcionário público, para o influenciar na prática de ato.</p><p>e) O crime de peculato é praticado por funcionário público,</p><p>exigindo que o bem ou valor apropriado seja público.</p><p>9 GABARITO</p><p>1 E</p><p>2 A</p><p>3 C</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>77</p><p>4 C</p><p>5 D</p><p>6 B</p><p>7 C</p><p>8 D</p><p>9 B</p><p>10 D</p><p>11 D</p><p>12 E</p><p>13 C</p><p>14 C</p><p>15 B</p><p>ANOTAÇÕES</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>78</p><p>ANOTAÇÕES</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>C</p><p>ES</p><p>SU</p><p>A</p><p>L</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>79</p><p>DIREITO PROCESSUAL</p><p>PENAL</p><p>CÓDIGO DE PROCESSO PENAL</p><p>ARTS. 251 A 258</p><p>Do Juiz</p><p>Art. 251 Ao juiz incumbirá prover à regularidade</p><p>do processo e manter a ordem no curso dos respec-</p><p>tivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força</p><p>pública.</p><p>O juiz tem o dever zelar pela ordem durante a exe-</p><p>cução dos atos processuais, valendo-se, se necessário,</p><p>do uso força pública (poder de polícia).</p><p>Em suma, o juiz é quem aplica o direito ao caso</p><p>concreto, de maneira substitutiva (substitui a vonta-</p><p>de das partes) e imparcial. Sem o Estado-Juiz, não teria</p><p>fim o conflito entre a pretensão punitiva do Estado e o</p><p>interesse do acusado na manutenção de sua liberdade.</p><p>Além disso, o juiz possui a garantia da vitaliciedade</p><p>(enquanto estiver vivo, o cargo lhe pertence), inamovi-</p><p>bilidade (garantia de não ser removido do seu local de</p><p>trabalho) e irredutibilidade de subsídio (garantia de</p><p>não ver a sua remuneração ser diminuída). Tais garan-</p><p>tias permitem que o juiz haja de forma imparcial e sem</p><p>medo de retaliações.</p><p>Entretanto, essa imparcialidade pode ser contami-</p><p>nada quando se tratar das hipóteses trazidas pelos arts.</p><p>252, 253 e 254, que apresentam respectivamente situa-</p><p>ções de impedimento, suspeição e incompatibilidade.</p><p>JUIZ NÃO ATUARÁ</p><p>EM SITUAÇÕES DE</p><p>Impedimento</p><p>Suspeição</p><p>Incompatibilidade</p><p>As hipóteses de suspeição e impedimento podem</p><p>ser comparadas levando em consideração a relação</p><p>subjetiva/objetiva do julgador com a causa. Vejamos</p><p>os artigos a seguir:</p><p>Art. 252 O juiz não poderá exercer jurisdição no</p><p>processo em que:</p><p>I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consan-</p><p>güíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o ter-</p><p>ceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado,</p><p>órgão do Ministério Público, autoridade policial,</p><p>auxiliar da justiça ou perito;</p><p>II - ele próprio houver desempenhado qualquer des-</p><p>sas funções ou servido como testemunha;</p><p>III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pro-</p><p>nunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;</p><p>IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-</p><p>sangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até</p><p>o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente</p><p>interessado no feito.</p><p>Art. 254 O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o</p><p>fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:</p><p>I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-</p><p>quer deles;</p><p>II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,</p><p>estiver respondendo a processo por fato análogo,</p><p>sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;</p><p>III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo,</p><p>ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar</p><p>demanda ou responder a processo que tenha de ser</p><p>julgado por qualquer das partes;</p><p>IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;</p><p>V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de</p><p>qualquer das partes;</p><p>VI - se for sócio, acionista ou administrador de</p><p>sociedade interessada no processo.</p><p>IMPEDIMENTOS SUSPEIÇÕES</p><p>Consistem em circunstâncias</p><p>objetivas que são</p><p>relacionadas a fatos internos</p><p>ao processo, capazes de</p><p>prejudicar a imparcialidade</p><p>do magistrado</p><p>Consistem em circunstâncias</p><p>subjetivas que são</p><p>relacionadas a fatos externos</p><p>ao processo, capazes de</p><p>prejudicar a imparcialidade</p><p>do magistrado</p><p>As causas de impedimento ou suspeição citadas</p><p>acima que tiverem como causa o parentesco por afi-</p><p>nidade (casamento) acabam com o fim do casamento</p><p>ou união estável, salvo se da união nascerem filhos.</p><p>Contudo, ainda que o casamento acabe sem filhos não</p><p>poderá o juiz julgar processo de seu sogro ou sogra,</p><p>enteado ou cunhado, genro ou nora.</p><p>Art. 255 O impedimento ou suspeição decorrente</p><p>de parentesco por afinidade cessará pela dissolu-</p><p>ção do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo</p><p>sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvi-</p><p>do o casamento sem descendentes, não funcionará</p><p>como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro</p><p>ou enteado de quem for parte no processo.</p><p>A suspeição não poderá ser declarada pela parte</p><p>que, propositalmente, lhe deu causa, consoante dispo-</p><p>sição do art. 256:</p><p>Art. 256 A suspeição não poderá ser declarada nem</p><p>reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de</p><p>propósito der motivo para criá-la.</p><p>Já a incompatibilidade se demonstra presente em</p><p>somente uma hipótese.</p><p>Art. 253 Nos juízos coletivos, não poderão servir</p><p>no mesmo processo os juízes que forem entre si</p><p>parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou</p><p>colateral até o terceiro grau, inclusive.</p><p>Nos juízos coletivos, ou seja, quando o julgamento</p><p>acontecer por mais de um juiz, como ocorre nos tribu-</p><p>nais em segunda instância, não poderão julgar o mes-</p><p>mo processo juízes que forem parentes, por sangue ou</p><p>afinidade, até o terceiro grau.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>80</p><p>Curador</p><p>O menor de 18 anos deve ser representado; toda-</p><p>via, quando não tiver um representante legal, o juiz</p><p>nomeará um curador para defender seus interesses.</p><p>Aliás, mesmo que haja representante legal, o</p><p>menor pode vir a ser assistido por um curador nomea-</p><p>do pelo juiz, quando houver conflito de interesses</p><p>entre representante e representado.</p><p>Veja o que diz o art.</p><p>33, do CPP:</p><p>Art. 33 Se o ofendido for menor de 18 anos, ou men-</p><p>talmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver</p><p>representante legal, ou colidirem os interesses des-</p><p>te com os daquele, o direito de queixa poderá ser</p><p>exercido por curador especial, nomeado, de ofício</p><p>ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz</p><p>competente para o processo penal.</p><p>Do Ministério Público</p><p>Art. 257 Ao Ministério Público cabe:</p><p>I - promover, privativamente, a ação penal pública,</p><p>na forma estabelecida neste Código; e</p><p>II - fiscalizar a execução da lei.</p><p>Ao Ministério Público caberá ser o titular da ação</p><p>penal pública, ou seja, processar criminalmen-</p><p>te aqueles que transgredirem a lei. Entretanto, essa</p><p>função será exercida de forma imparcial, pois deverá</p><p>apenas garantir que a lei seja aplicada ao caso, e não</p><p>que o réu seja condenado.</p><p>Além dessa função, caberá ao membro do MP</p><p>atuar como verdadeiro defensor da sociedade, fiscal</p><p>da lei, o que chamamos de “custos legis”.</p><p>Ao Ministério Público aplica-se as mesmas regras</p><p>de suspeição e impedimento dos juízes que estudamos</p><p>nos artigos anteriores, portanto, não poderá então ser</p><p>titular da ação penal contra seus parentes, esposa ou</p><p>marido, inclusive parentes adquiridos pelo casamen-</p><p>to, até o terceiro grau.</p><p>Art. 258 Os órgãos do Ministério Público não fun-</p><p>cionarão nos processos em que o juiz ou qualquer</p><p>das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüí-</p><p>neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o tercei-</p><p>ro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes</p><p>for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e</p><p>aos impedimentos dos juízes.</p><p>Importante!</p><p>Súmula nº 234 (STJ) A participação de membro</p><p>do Ministério Público na fase investigatória cri-</p><p>minal não acarreta o seu impedimento ou sus-</p><p>peição para o oferecimento da denúncia.</p><p>ARTS. 261 A 267</p><p>Do Acusado E Seu Defensor</p><p>No processo penal, a defesa técnica é obrigatória,</p><p>pois a liberdade está em jogo, um dos bens jurídicos</p><p>mais importantes. Quando o acusado não tiver advo-</p><p>gado, o juiz nomeará a ele um profissional com capa-</p><p>cidade postulatória, para a sua defesa.</p><p>Art. 261 Nenhum acusado, ainda que ausente ou</p><p>foragido, será processado ou julgado sem defensor.</p><p>Parágrafo único. A defesa técnica, quando reali-</p><p>zada por defensor público ou dativo, será sempre</p><p>exercida através de manifestação fundamentada.</p><p>A garantia a defesa técnica, ou seja, aquela reali-</p><p>zada por um advogado ou defensor público, decorre</p><p>do princípio constitucional da ampla defesa. O pará-</p><p>grafo único veda que o defensor público realize a</p><p>defesa por meio de negativa geral dos fatos, de forma</p><p>fundamentada.</p><p>Cumpre ressaltar que o artigo 262 do código de</p><p>processo penal, o qual dispõe:</p><p>Art. 262 Ao acusado menor dar-se-á curador.</p><p>Assim, o artigo acima citado não possui mais apli-</p><p>cabilidade haja vista que com a vigência do Código</p><p>Civil, em 2002, a maioridade passou a ser de 18 anos e</p><p>não de 21 anos, como era até então. Portanto, o indiví-</p><p>duo maior de 18 anos tornou-se absolutamente capaz</p><p>para exercer todos os atos da vida civil, inclusive ser</p><p>penalizado pelo código penal, não sendo mais neces-</p><p>sária a figura do curador.</p><p>Art. 263 Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomea-</p><p>do defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a</p><p>todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si</p><p>mesmo defender-se, caso tenha habilitação.</p><p>Parágrafo único. O acusado, que não for pobre,</p><p>será obrigado a pagar os honorários do defensor</p><p>dativo, arbitrados pelo juiz.</p><p>Não possuindo o acusado um advogado, o juiz lhe</p><p>nomeará defensor dativo. A qualquer tempo o acu-</p><p>sado poderá substituir o defensor nomeado por um</p><p>advogado por ele contratado, ou defender-se caso ele</p><p>seja advogado.</p><p>Cabe destacar que o réu arcará com os gastos rela-</p><p>cionados aos honorários advocatícios, ressalvada a</p><p>hipótese de hipossuficiência.</p><p>Art. 264 Salvo motivo relevante, os advogados e</p><p>solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de</p><p>cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio</p><p>aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.</p><p>Caso o advogado ou defensor seja nomeado pelo</p><p>juiz, aqueles deverão defender o acusado, sob pena de</p><p>multa. A multa não se aplicará se o defensor nomeado</p><p>apresentar motivo relevante.</p><p>Art. 265 O defensor não poderá abandonar o pro-</p><p>cesso sem justo motivo, previamente comunicado</p><p>ao juiz, sob pena de responder por infração disci-</p><p>plinar perante o órgão correicional competente.</p><p>(Redação dada pela Lei nº 14.752, de 2023)</p><p>§ 1º A audiência poderá ser adiada se, por moti-</p><p>vo justificado, o defensor não puder comparecer.</p><p>(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até</p><p>a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não</p><p>determinará o adiamento de ato algum do proces-</p><p>so, devendo nomear defensor substituto, ainda que</p><p>provisoriamente ou só para o efeito do ato. (Incluí-</p><p>do pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 3º Em caso de abandono do processo pelo defen-</p><p>sor, o acusado será intimado para constituir novo</p><p>defensor, se assim o quiser, e, na hipótese de não ser</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>C</p><p>ES</p><p>SU</p><p>A</p><p>L</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>81</p><p>localizado, deverá ser nomeado defensor público</p><p>ou advogado dativo para a sua defesa. (Incluído</p><p>pela Lei nº 14.752, de 2023)</p><p>Assim, de acordo com a nova redação do dispo-</p><p>sitivo, a qual fora dada pela lei nº 14.752, de 2023, o</p><p>defensor não poderá abandonar a causa, sob pena de</p><p>multa e das demais sanções. Caso haja abandono do</p><p>processo, o acusado deverá ser devidamnete intima-</p><p>do acerca do ocorrido, podendo ser constituído novo</p><p>defensor, caso desejar.</p><p>Nos casos em que o acusado não for encontrado</p><p>para realização da intimação descrita no § 3º, deverá</p><p>ser intimado o defensor público ou um advogado dati-</p><p>vo para garantir a defesa do acusado.</p><p>Além disso, o defensor poderá requerer o adiamento</p><p>da audiência caso não puder comparecer de desde que</p><p>seja apresentado, previamente, motivo justificante.</p><p>Por fim, não será determinada nenhuma forma de</p><p>adiamento pelo juiz nos casos em que o defensor não</p><p>apresentar de forma fundamentada os motivos do</p><p>impedimento, devendo ser nomeado defensor substi-</p><p>tuto, na forma do § 2º do aludido artigo.</p><p>Art. 266 A constituição de defensor independerá</p><p>de instrumento de mandato, se o acusado o indicar</p><p>por ocasião do interrogatório.</p><p>Caso o acusado constitua procurador no ato do</p><p>interrogatório, será prescindível (dispensável) a apre-</p><p>sentação de instrumento de representação.</p><p>Art. 267 Nos termos do art. 252, não funcionarão</p><p>como defensores os parentes do juiz.</p><p>O juiz não nomeará como defensor dativo seus</p><p>parentes.</p><p>ART. 274</p><p>Dos Funcionários da Justiça</p><p>Os auxiliares da justiça são pessoas que, embora</p><p>não façam parte da relação processual, intervêm no</p><p>curso do processo, mediante a prática de atos que per-</p><p>mitem o desenvolvimento regular do feito.</p><p>De acordo com o Código de Processo Penal:</p><p>Art. 274 As prescrições sobre suspeição dos juízes</p><p>estendem-se aos serventuários e funcionários da</p><p>justiça, no que lhes for aplicável.</p><p>Serventuários e funcionários da Justiça: o escri-</p><p>vão, escreventes, analistas judiciários, oficial de justi-</p><p>ça, contador, partidor, e todos os que possuem vínculo</p><p>com o Estado. A suspeição ditada nesse artigo deve</p><p>ser entendida de forma ampla, alcançando também</p><p>as hipóteses de impedimento.</p><p>ARTS. 351 A 372</p><p>Das Citações e Intimações</p><p>Citações e intimações são formas de comunicação</p><p>de atos processuais que a justiça utiliza para notificar</p><p>as partes interessadas, tais como réus, testemunhas,</p><p>advogados, promotores, peritos, intérpretes, entre</p><p>outras.</p><p>Cabe salientar que a citação é usada exclusiva-</p><p>mente para os réus. Ela é realizada uma única vez</p><p>— apenas no início do processo — e tem como objeti-</p><p>vo dar ciência ao acusado de que está</p><p>sendo iniciada</p><p>uma ação penal em seu desfavor. Já as demais comu-</p><p>nicações processuais ao réu são realizadas por meio</p><p>das intimações.</p><p>CITAÇÃO INTIMAÇÃO NOTIFICAÇÃO</p><p>Meio de ciência</p><p>do acusado, para</p><p>que tenha a opor-</p><p>tunidade de se</p><p>defender. Ou seja,</p><p>a citação funciona</p><p>como um chama-</p><p>mento a juízo</p><p>Consiste em</p><p>comunicação</p><p>sobre um ato</p><p>já realizado</p><p>Ex.: as partes</p><p>são intimadas</p><p>da sentença</p><p>prolatada</p><p>Ciência dada quanto à</p><p>determinação judicial</p><p>que impõe o cumpri-</p><p>mento de determina-</p><p>da providência</p><p>Ex.: notificação de</p><p>testemunha para</p><p>que se compareça à</p><p>audiência</p><p>Das Citações</p><p>Art. 351 A citação inicial far-se-á por mandado,</p><p>quando o réu estiver no território sujeito à jurisdi-</p><p>ção do juiz que a houver ordenado.</p><p>A citação pode ser realizada das seguintes formas:</p><p>z Por Mandado;</p><p>z Pessoal;</p><p>z Por Edital;</p><p>z Com Hora Certa;</p><p>z Por Carta Precatória;</p><p>z Por Carta Rogatória.</p><p>A Citação por Mandado constitui a regra geral.</p><p>Essa é a primeira forma utilizada para tentar localizar</p><p>o réu e informá-lo sobre o processo que irá responder.</p><p>Art. 352 O mandado de citação indicará:</p><p>I - o nome do juiz;</p><p>É indispensável a identificação da autoridade judi-</p><p>ciária que está emitindo o mandado de citação. Lem-</p><p>bre-se: a palavra mandado significa “a mando de”.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>II - o nome do querelante nas ações iniciadas por</p><p>queixa;</p><p>Isso porque, nas ações privadas, quem move a</p><p>ação é a vítima com seu advogado. Neste contexto, o</p><p>MP não atua como parte acusatória, agindo apenas</p><p>como fiscal da lei.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus</p><p>sinais característicos;</p><p>O réu pode ser identificado, inicialmente, por ape-</p><p>lidos ou por descrição dos seus sinais característicos.</p><p>Isso não é um empecilho ou motivo de atraso para o</p><p>início da ação penal. Deste modo, assim que for obtida</p><p>a qualificação correta do réu, a parte acusatória fará a</p><p>retificação da denúncia ou da queixa-crime.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>IV - a residência do réu, se for conhecida;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>82</p><p>Conhecer o endereço do réu é essencial para que o</p><p>oficial de justiça possa localizá-lo e dar cumprimento</p><p>ao mandado.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>V - o fim para que é feita a citação;</p><p>O mandado de citação deve trazer todas as infor-</p><p>mações que o réu precisa para responder à acusação</p><p>e realizar a sua defesa. Junto com esse mandado, é</p><p>entregue ao réu uma cópia da denúncia ou da queixa-</p><p>-crime, com todos os detalhes da acusação.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu</p><p>deverá comparecer;</p><p>Atualmente, esse requisito da citação não é mais</p><p>necessário, uma vez que o réu não precisa compare-</p><p>cer imediatamente à sede do juízo. No entanto, deve-</p><p>-se apresentar a Resposta do Réu no prazo de 10 (dez)</p><p>dias. Somente após isso, o juiz vai decidir se absolverá</p><p>sumariamente o réu ou agendará a Audiência de Ins-</p><p>trução e Julgamento, para dar continuidade ao pro-</p><p>cesso. Nesse segundo caso, o juiz comunicará a data</p><p>da Audiência a todos os envolvidos.</p><p>Ao receber a citação, o réu deverá procurar um</p><p>advogado, para realizar a sua defesa e apresentar a</p><p>Resposta do Réu junto ao juízo processante.</p><p>Art. 352 [...]</p><p>VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.</p><p>O escrivão é quem redige o mandado em nome do</p><p>juiz. Portanto, ambos devem assinar o documento.</p><p>Art. 353 Quando o réu estiver fora do território da</p><p>jurisdição do juiz processante, será citado median-</p><p>te precatória.</p><p>A Carta Precatória é utilizada para citar o réu que</p><p>não reside na comarca em que o processo será reali-</p><p>zado. Trata-se de uma espécie de pedido de um juiz</p><p>para outro, na qual o juiz do processo (juiz deprecan-</p><p>te) pede ao juiz da cidade onde está morando o réu</p><p>(juiz deprecado) que realize a citação.</p><p>Por se tratar de localizações distintas, não faria</p><p>sentido o juiz mandar o seu oficial de justiça fazer</p><p>uma viagem, para realizar a citação. Com a Carta Pre-</p><p>catória, o juiz deprecado determina que um oficial de</p><p>justiça daquela comarca cumpra a citação constante</p><p>do documento.</p><p>Art. 354 A precatória indicará:</p><p>I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;</p><p>II - a sede da jurisdição de um e de outro;</p><p>III - o fim para que é feita a citação, com todas as</p><p>especificações;</p><p>IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu</p><p>deverá comparecer.</p><p>Conforme se pode observar, são os mesmos requi-</p><p>sitos já vistos para o mandado de citação, com o acrés-</p><p>cimo dos dados dos dois juízes envolvidos.</p><p>Art. 355 A precatória será devolvida ao juiz depre-</p><p>cante, independentemente de traslado, depois de</p><p>lançado o “cumpra-se” e de feita a citação por man-</p><p>dado do juiz deprecado.</p><p>A Carta Precatória será devolvida ao juiz depre-</p><p>cante após cumprida a citação pelo juiz deprecado.</p><p>Art. 355 [...]</p><p>§ 1º Verificado que o réu se encontra em território</p><p>sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o</p><p>juiz deprecado os autos para efetivação da diligên-</p><p>cia, desde que haja tempo para fazer-se a citação.</p><p>Se o juiz deprecado, ao receber a Carta Precatória,</p><p>verificar que o réu está morando em outra cidade, em</p><p>vez de devolver ao juiz deprecante sem cumprimento,</p><p>enviará ao juiz da comarca onde está, de fato, moran-</p><p>do o réu, a fim de que esse juízo dê cumprimento à</p><p>citação.</p><p>Art. 355 [...]</p><p>§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se</p><p>oculta para não ser citado, a precatória será ime-</p><p>diatamente devolvida, para o fim previsto no art.</p><p>362.</p><p>Neste caso, será realizada a Citação por Hora Cer-</p><p>ta, que estudaremos mais à frente.</p><p>Art. 356 Se houver urgência, a precatória, que con-</p><p>terá em resumo os requisitos enumerados no art.</p><p>354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois</p><p>de reconhecida a firma do juiz, o que a estação</p><p>expedidora mencionará.</p><p>Obviamente, a justiça não utiliza mais telégrafo.</p><p>Hoje em dia, existem certificados digitais que são utili-</p><p>zados para fazer a autenticação da assinatura do juiz,</p><p>possibilitando que a Carta Precatória siga, via digital,</p><p>até o juiz deprecado.</p><p>Art. 357 São requisitos da citação por mandado:</p><p>I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e</p><p>entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e</p><p>hora da citação;</p><p>Quando o oficial de justiça lograr êxito em locali-</p><p>zar o réu, este deve lhe entregar uma via do Mandado</p><p>de Citação junto com a cópia da denúncia e pedir que</p><p>ele assine a via que voltará para o juízo, além de inse-</p><p>rir as informações de data e hora do cumprimento da</p><p>citação.</p><p>Art. 357 [...]</p><p>II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da</p><p>contrafé, e sua aceitação ou recusa.</p><p>Caso o réu se recuse a receber ou a assinar a via</p><p>que voltará ao juízo, o oficial de justiça, que tem fé</p><p>pública, certificará tudo na sua via, dando por cum-</p><p>prida a citação.</p><p>Art. 358 A citação do militar far-se-á por intermé-</p><p>dio do chefe do respectivo serviço.</p><p>A situação do militar foi tratada de modo específi-</p><p>co e prevê que ele deva ser citado no seu local de tra-</p><p>balho e, não, em sua residência, como os demais réus.</p><p>O objetivo disso é que seja dada ciência ao comandan-</p><p>te do militar do processo que está sendo iniciado con-</p><p>tra o seu subordinado.</p><p>Art. 359 O dia designado para funcionário público</p><p>comparecer em juízo, como acusado, será notifica-</p><p>do assim a ele como ao chefe de sua repartição.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>C</p><p>ES</p><p>SU</p><p>A</p><p>L</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>83</p><p>Importante!</p><p>Aqui, a situação não é a mesma do militar. O fun-</p><p>cionário público não é citado através do chefe. A</p><p>lei estabelece apenas que devem ser informados</p><p>ao chefe o dia e a hora que o funcionário precisa-</p><p>rá comparecer em juízo.</p><p>O motivo</p><p>dessa exigência é fazer cumprir o prin-</p><p>cípio administrativo da continuidade do serviço</p><p>público. Isso porque o funcionário precisará faltar ao</p><p>trabalho no dia que for comparecer em juízo e o che-</p><p>fe precisa organizar a repartição, para que não haja</p><p>prejuízo ao serviço público prestado à sociedade. Sem</p><p>falar na possibilidade de o réu ser preso, ficando afas-</p><p>tado da repartição por prazo indeterminado.</p><p>Art. 360 Se o réu estiver preso, será pessoalmente</p><p>citado.</p><p>Neste caso, o oficial de justiça vai até o estabele-</p><p>cimento penal e entrega a citação pessoalmente ao</p><p>réu. A citação pode ser real (pessoal) ou ficta. A regra</p><p>é a citação real, por mandado judicial entregue por</p><p>oficial de justiça. Já citação por edital e a citação por</p><p>hora certa são consideradas fictas, pois presumem a</p><p>ciência do acusado.</p><p>Art. 361 Se o réu não for encontrado, será citado</p><p>por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.</p><p>Essa é a citação mais precária e frágil existente,</p><p>pois, para que ela tivesse efetividade, seria necessário</p><p>que o réu tomasse conhecimento do edital que é publi-</p><p>cado na imprensa oficial. Aqui, cabe-nos uma pergun-</p><p>ta muito simples: quem lê diário oficial?</p><p>Levando-se em conta que o juiz não tem como</p><p>saber se o réu leu ou não o edital, caso ele não com-</p><p>pareça nem nomeie defensor, não há como afirmar</p><p>que soube do processo e não quis comparecer ou que,</p><p>realmente, não tomou conhecimento do mesmo.</p><p>Art. 362 Verificando que o réu se oculta para não</p><p>ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrên-</p><p>cia e procederá à citação com hora certa, na forma</p><p>estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de</p><p>11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.</p><p>Essa modalidade de citação foi “importada” do direi-</p><p>to processual civil. Foi, sem dúvida, um grande ganho</p><p>para o processo penal, pois é muito comum que o réu</p><p>fique brincando de “gato e rato” com o oficial de justiça.</p><p>Ao perceber a chegada do oficial de justiça, o réu</p><p>esconde-se, pois ele sabe que, se não for encontrado,</p><p>a citação não se completa e, portanto, o seu processo</p><p>não avança. Com a Citação por Hora Certa acabou esse</p><p>problema.</p><p>Vamos, agora, analisar o texto dos dispositivos 252 a</p><p>254 do Código de Processo Civil:</p><p>Art. 252 Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de</p><p>justiça houver procurado o citando em seu domicí-</p><p>lio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo</p><p>suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da</p><p>família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que,</p><p>no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a cita-</p><p>ção, na hora que designar.</p><p>Após duas tentativas frustradas de localizar o réu,</p><p>mas percebendo que o mesmo está fugindo da cita-</p><p>ção, o oficial de justiça avisa a qualquer parente ou</p><p>vizinho que voltará no dia seguinte, marcando a hora</p><p>e solicitando ao parente ou vizinho que transmita o</p><p>recado ao réu.</p><p>Art. 253 No dia e na hora designados, o oficial de</p><p>justiça, independentemente de novo despacho, com-</p><p>parecerá ao domicílio ou à residência do citando a</p><p>fim de realizar a diligência.</p><p>§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de</p><p>justiça procurará informar-se das razões da ausên-</p><p>cia, dando por feita a citação, ainda que o citando</p><p>se tenha ocultado em outra comarca, seção ou sub-</p><p>seção judiciárias.</p><p>§ 2º A citação com hora certa será efetivada mes-</p><p>mo que a pessoa da família ou o vizinho que houver</p><p>sido intimado esteja ausente, ou se, embora presen-</p><p>te, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a</p><p>receber o mandado.</p><p>§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça</p><p>deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou</p><p>vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.</p><p>§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a</p><p>advertência de que será nomeado curador especial</p><p>se houver revelia.</p><p>Art. 254 Feita a citação com hora certa, o escrivão</p><p>ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou</p><p>interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da</p><p>data da juntada do mandado aos autos, carta, tele-</p><p>grama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de</p><p>tudo ciência.</p><p>Todo esse procedimento é baseado na fé pública</p><p>do oficial de justiça, que deverá certificar todas essas</p><p>decisões na sua via do mandado de citação que será</p><p>juntada aos autos do processo.</p><p>Art. 362 [...]</p><p>Parágrafo único. Completada a citação com hora</p><p>certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á</p><p>nomeado defensor dativo.</p><p>Caso o réu não compareça aos atos processuais</p><p>subsequentes, o processo seguirá à revelia, ou seja,</p><p>sem a sua presença. É importante ressaltar que, nes-</p><p>ses casos, deverá ser nomeado um defensor, a fim de</p><p>garantir o direito constitucional de defesa. Em hipó-</p><p>tese alguma será possível seguir com o processo sem</p><p>defesa para o réu.</p><p>Art. 363 O processo terá completada a sua forma-</p><p>ção quando realizada a citação do acusado.</p><p>A citação válida completa a formação do proces-</p><p>so, pois todas as partes envolvidas (acusação, defesa e</p><p>juiz) estão cientes do processo e aptas a desempenhar</p><p>seus papéis. Caso contrário, o processo não poderá</p><p>seguir o seu curso.</p><p>A falta de citação ou uma citação ilegal são consi-</p><p>deradas vícios graves, as quais geram nulidade abso-</p><p>luta do processo.</p><p>Art. 363 [...]</p><p>I - Revogado;</p><p>II - Revogado;</p><p>§ 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedi-</p><p>da a citação por edital.</p><p>§ 2º Vetado</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>84</p><p>§ 3º Vetado</p><p>§ 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em</p><p>qualquer tempo, o processo observará o disposto</p><p>nos arts. 394 e seguintes deste Código.</p><p>O processo seguirá seu curso normal, dando pros-</p><p>seguimento ao rito comum ordinário ou sumário, con-</p><p>forme o caso.</p><p>Art. 364 No caso do artigo anterior, nº I, o prazo</p><p>será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noven-</p><p>ta) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no</p><p>caso de nº II, o prazo será de trinta dias.</p><p>No entanto, vale frisar que o inciso I, do art. 363,</p><p>está revogado.</p><p>Art. 365 O edital de citação indicará:</p><p>I - o nome do juiz que a determinar;</p><p>II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus</p><p>sinais característicos, bem como sua residência e</p><p>profissão, se constarem do processo;</p><p>III - o fim para que é feita a citação;</p><p>IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu</p><p>deverá comparecer;</p><p>V - o prazo, que será contado do dia da publica-</p><p>ção do edital na imprensa, se houver, ou da sua</p><p>afixação.</p><p>Basicamente, esses são os mesmos requisitos do</p><p>Mandado de Citação sobre os quais já comentamos.</p><p>Merece destaque o fato de a contagem do prazo de 15</p><p>(quinze) dias ter início na data da publicação do edi-</p><p>tal, ou na data de sua afixação na entrada do fórum.</p><p>Art. 365 [...]</p><p>Parágrafo único. O edital será afixado à porta do</p><p>edifício onde funcionar o juízo e será publicado</p><p>pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser</p><p>certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica-</p><p>ção provada por exemplar do jornal ou certidão do</p><p>escrivão, da qual conste a página do jornal com a</p><p>data da publicação.</p><p>Esses procedimentos estão extremamente ultrapas-</p><p>sados. Atualmente, não possuem nenhuma efetividade.</p><p>Art. 366 Se o acusado, citado por edital, não com-</p><p>parecer, nem constituir advogado, ficarão suspen-</p><p>sos o processo e o curso do prazo prescricional,</p><p>podendo o juiz determinar a produção antecipada</p><p>das provas consideradas urgentes e, se for o caso,</p><p>decretar prisão preventiva, nos termos do disposto</p><p>no art. 312.</p><p>§ 1º Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008.</p><p>§ 2º Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008.</p><p>Conforme dissemos, diante da incerteza da ciência</p><p>ou não do réu sobre o processo que irá enfrentar, ou</p><p>melhor seria, da quase certeza de que ele não tomou</p><p>tal ciência, o processo não pode seguir o seu curso.</p><p>Em relação à produção antecipada de provas, ela</p><p>pode ser feita sempre que o juiz perceber que o tem-</p><p>po de espera, que pode ser bem longo, possa destruir</p><p>ou prejudicar alguma</p><p>pela</p><p>expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido</p><p>da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada</p><p>pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas</p><p>contextuais do próprio texto que induzem o leitor a</p><p>interpretar essas informações.</p><p>Tratando-se de interpretação textual, os processos</p><p>de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-</p><p>tem de uma certeza prévia para a concepção de uma</p><p>interpretação, construída pelas pistas oferecidas no</p><p>texto junto da articulação com as informações acessa-</p><p>das pelo leitor do texto.</p><p>A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-</p><p>senta como ocorre a relação desses processos:</p><p>INFERÊNCIA</p><p>DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR</p><p>INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA</p><p>A partir desse esquema, conseguimos visualizar</p><p>melhor como o processo de interpretação ocorre.</p><p>Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo</p><p>as estratégias que compõem cada maneira de inferir</p><p>informações de um texto. Por isso, vamos apresentar</p><p>nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho</p><p>dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nos-</p><p>so conhecimento de mundo na interpretação de textos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>12</p><p>A Indução</p><p>As estratégias de interpretação que observam</p><p>métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto</p><p>oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-</p><p>za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-</p><p>car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no</p><p>texto e que variam conforme o tipo textual.</p><p>Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos</p><p>identificar uma organização cronológica e espacial no</p><p>desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,</p><p>pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode-</p><p>mos organizar as ideias do texto a partir da marcação</p><p>de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-</p><p>mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado</p><p>pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma</p><p>ideia/ponto de vista.</p><p>No processo interpretativo indutivo, as ideias são</p><p>organizadas a partir de uma especificação para uma</p><p>generalização. Vejamos um exemplo:</p><p>Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa</p><p>espécie de animal. O que observei neles, no tempo</p><p>em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-</p><p>te para não os amar, nem os imitar. São em geral</p><p>de uma lastimável limitação de ideias, cheios de</p><p>fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos</p><p>detalhados e impotentes para generalizar, cur-</p><p>vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,</p><p>adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-</p><p>dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo</p><p>critério de beleza. (Barreto, 2010, p. 21)</p><p>O trecho em destaque na citação do escritor Lima</p><p>Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías</p><p>Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento</p><p>indutivo compõe a interpretação e decodificação de</p><p>um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté-</p><p>gias usadas para identificar essa forma de interpretar,</p><p>deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-</p><p>ção cronológica de um texto.</p><p>PROCURE</p><p>SINÔNIMOS</p><p>A propriedade vocabular leva o cérebro</p><p>a aproximar as palavras que têm maior</p><p>associação com o tema do texto</p><p>ATENÇÃO AOS</p><p>CONECTIVOS</p><p>Os conectivos (conjunções, prepo-</p><p>sições, pronomes) são marcadores</p><p>claros de opiniões, espaços físicos e</p><p>localizadores textuais</p><p>A Dedução</p><p>A leitura de um texto envolve a análise de diversos</p><p>aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou</p><p>de maneira implícita no enunciado.</p><p>Em questões de concurso, as bancas costumam</p><p>procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos</p><p>para abordar em suas provas.</p><p>No momento de ler um texto, o leitor articula seus</p><p>conhecimentos prévios a partir de uma informação</p><p>que julga certa, buscando uma interpretação; assim,</p><p>ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-</p><p>forme Kleiman (2016, p. 47):</p><p>Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo</p><p>temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema;</p><p>ele estará também postulando uma possível estru-</p><p>tura textual; na predição ele estará ativando seu</p><p>conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri-</p><p>quecendo, refinando, checando esse conhecimento.</p><p>Fique atento a essa informação, pois é uma das</p><p>primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-</p><p>pretação textual: formular hipóteses, a partir da</p><p>macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-</p><p>cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual</p><p>ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,</p><p>entre outras informações que podem vir como “aces-</p><p>sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a</p><p>leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-</p><p>tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,</p><p>pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme</p><p>um objetivo mais definido.</p><p>O processo de interpretação por estratégias de dedu-</p><p>ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:</p><p>� conhecimento linguístico;</p><p>� conhecimento textual;</p><p>� conhecimento de mundo.</p><p>O conhecimento de mundo, por tratar-se de um</p><p>assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.</p><p>Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.</p><p>z Conhecimento Linguístico</p><p>Esse é o conhecimento basilar para compreensão</p><p>e decodificação do texto, envolve o reconhecimento</p><p>das formas linguísticas estabelecidas socialmente por</p><p>uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-</p><p>nhecimento das regras de uma língua.</p><p>É importante salientar que as regras de reconhe-</p><p>cimento sobre o funcionamento da língua não são,</p><p>necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras</p><p>que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-</p><p>tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,</p><p>que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-</p><p>bo-objeto (SVO) etc.</p><p>Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento</p><p>linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento</p><p>sobre como pronunciar português, passando pelo conheci-</p><p>mento de vocabulário e regras da língua, chegando até o</p><p>conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).</p><p>Um exemplo em que a interpretação textual é preju-</p><p>dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:</p><p>Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22 set. 2020.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>13</p><p>Como é possível notar, o texto é uma peça publici-</p><p>tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores</p><p>proficientes nessa língua serão capazes de decodificar</p><p>e entender o que está escrito; assim, o conhecimento</p><p>linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas</p><p>são algumas estratégias de interpretação em que</p><p>podemos usar métodos dedutivos.</p><p>z Conhecimento Textual</p><p>Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci-</p><p>mento linguístico e se desenvolve pela experiência</p><p>leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de</p><p>textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-</p><p>cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque</p><p>prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que</p><p>está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê</p><p>uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma</p><p>reportagem como se lê um poema.</p><p>Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-</p><p>-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de</p><p>discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.</p><p>z Conhecimento de Mundo</p><p>O uso dos conhecimentos prévios é fundamental</p><p>para a boa interpretação textual, por isso, é sempre</p><p>importante que o candidato a cargos públicos reserve</p><p>um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes</p><p>de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-</p><p>tar seu conhecimento de mundo.</p><p>Conforme Kleiman (2016), durante a leitura,</p><p>prova. Por exemplo, imagine</p><p>uma testemunha muito idosa ou com uma doença</p><p>terminal. Essa testemunha pode morrer a qualquer</p><p>momento. Neste sentido, a prova pode ser perdida</p><p>caso se deixe para ouvi-la somente quando o processo</p><p>retomasse o seu curso.</p><p>Cabe ressaltar que, nesses casos, a prova deve ser</p><p>colhida dentro das regras processuais, ou seja, garan-</p><p>tindo a ampla defesa e o contraditório. É necessária</p><p>a realização de uma mini audiência, para colher esse</p><p>testemunho, podendo, inclusive, ser realizada em hos-</p><p>pital, com as presenças do juiz, promotor e defesa.</p><p>Outro ponto que merece destaque é a possibilida-</p><p>de de decretação da prisão preventiva do réu. Ela está</p><p>fundamentada no risco de não aplicação da lei penal,</p><p>conforme prevê o art. 312. Vejamos:</p><p>Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada</p><p>como garantia da ordem pública, da ordem econô-</p><p>mica, por conveniência da instrução criminal ou</p><p>para assegurar a aplicação da lei penal, quando</p><p>houver prova da existência do crime e indício sufi-</p><p>ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de</p><p>liberdade do imputado.</p><p>Essa medida, na prática, tem grande efetividade.</p><p>Ao se decretar a prisão do réu, o seu nome é inserido</p><p>em um banco de dados de pessoas procuradas e impe-</p><p>didas, pois ele pode ser encontrado por acaso. Se o réu</p><p>for parado numa blitz policial ou for renovar um pas-</p><p>saporte ou a CNH, por exemplo, o policial, ao checar</p><p>o seu nome, encontrará o mandado de prisão e o réu</p><p>será preso, sendo comunicada a sua prisão ao juiz que</p><p>expediu o mandado. A autoridade judiciária, por sua</p><p>vez, expedirá o Mandado de Citação e o processo reto-</p><p>mará o seu curso.</p><p>Art. 367 O processo seguirá sem a presença do acu-</p><p>sado que, citado ou intimado pessoalmente para</p><p>qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo</p><p>justificado, ou, no caso de mudança de residência,</p><p>não comunicar o novo endereço ao juízo.</p><p>Ocorre a chamada revelia. Conforme já menciona-</p><p>do, o réu não está obrigado a comparecer ao proces-</p><p>so, mas jamais poderá ser julgado sem defesa. O juiz</p><p>deverá sempre nomear um defensor para o réu revel.</p><p>Art. 368 Estando o acusado no estrangeiro, em</p><p>lugar sabido, será citado mediante carta rogatória,</p><p>suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até</p><p>o seu cumprimento.</p><p>Art. 369 As citações que houverem de ser feitas em</p><p>legações estrangeiras serão efetuadas mediante</p><p>carta rogatória.</p><p>Essa citação segue trâmites parecidos com os da</p><p>Carta Precatória, porém, sem dúvidas, é muito mais</p><p>difícil e demorada. O juiz deve mandar essa Carta ao</p><p>ministério das relações exteriores, que a enviará a</p><p>nossa embaixada ou ao consulado no país de residên-</p><p>cia do réu, para que seja enviada ao poder judiciário</p><p>local e seja cumprida a citação.</p><p>Diante da grande demora dessa citação, sabiamen-</p><p>te a lei suspendeu a contagem do prazo prescricional</p><p>durante essa tramitação.</p><p>Das intimações</p><p>Art. 370 Nas intimações dos acusados, das teste-</p><p>munhas e demais pessoas que devam tomar conhe-</p><p>cimento de qualquer ato, será observado, no que for</p><p>aplicável, o disposto no Capítulo anterior.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>C</p><p>ES</p><p>SU</p><p>A</p><p>L</p><p>P</p><p>EN</p><p>A</p><p>L</p><p>85</p><p>Conforme já comentamos, as intimações e as cita-</p><p>ções são utilizadas para as comunicações dos atos</p><p>processuais. A intimação é usada para comunicar os</p><p>atos processuais a todos os interessados (promotor,</p><p>advogados, testemunhas, peritos, intérpretes, entre</p><p>outros), inclusive ao próprio réu que, como vimos, só</p><p>é citado uma única vez. As demais comunicações são</p><p>feitas por intimações.</p><p>Todas as formas de citações já analisadas podem</p><p>ser usadas para as intimações.</p><p>Art. 370 [...]</p><p>§ 1º A intimação do defensor constituído, do advo-</p><p>gado do querelante e do assistente far-se-á por</p><p>publicação no órgão incumbido da publicidade dos</p><p>atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de</p><p>nulidade, o nome do acusado.</p><p>As intimações dos advogados constituídos pelos</p><p>réus, ou seja, contratados por eles, são feitas através</p><p>de publicação no diário oficial. Para evitar que o advo-</p><p>gado perca prazos e tenha que ficar lendo o diário ofi-</p><p>cial todos os dias, já existem programas e empresas</p><p>que fazem essa checagem e comunicam ao advogado</p><p>quando seu nome ou os dos seus clientes aparecerem</p><p>no diário oficial. A própria OAB, atualmente, disponi-</p><p>biliza esse serviço aos seus associados.</p><p>Art. 370 [...]</p><p>§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos</p><p>judiciais na comarca, a intimação far-se-á direta-</p><p>mente pelo escrivão, por mandado, ou via postal</p><p>com comprovante de recebimento, ou por qualquer</p><p>outro meio idôneo.</p><p>Não havendo diário oficial, a intimação será feita</p><p>por mandado ou via postal.</p><p>Cabe dizer que, hoje em dia, existem maneiras</p><p>muito mais eficientes e rápidas de realizar essas inti-</p><p>mações, como, por exemplo, por e-mails ou por apli-</p><p>cativos de mensagens que já estão sendo usados pela</p><p>justiça.</p><p>Art. 370 [...]</p><p>§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dis-</p><p>pensará a aplicação a que alude o § 1o.</p><p>§ 4º A intimação do Ministério Público e do defen-</p><p>sor nomeado será pessoal.</p><p>Importa dizer que se o advogado foi nomeado pelo</p><p>juiz e, não, contratado pelo próprio réu, sua intimação</p><p>deve ser pessoal.</p><p>Assim como o MP, os defensores públicos e os</p><p>advogados dativos (nomeados pelo juiz) devem ser</p><p>intimados pessoalmente.</p><p>Art. 371 Será admissível a intimação por despacho</p><p>na petição em que for requerida, observado o dis-</p><p>posto no art. 357.</p><p>Isso ocorre quando a defesa ou a acusação fazem</p><p>petições ao juiz pessoalmente. Quando deferidas, o</p><p>juiz despacha, na própria petição, a sua decisão e a</p><p>parte já é considerada intimada da decisão.</p><p>Art. 372 Adiada, por qualquer motivo, a instrução</p><p>criminal, o juiz marcará desde logo, na presença</p><p>das partes e testemunhas, dia e hora para seu pros-</p><p>seguimento, do que se lavrará termo nos autos.</p><p>Quando houver decisões de adiamento com datas</p><p>e prazos definidos em audiência, todos os envolvidos</p><p>já tomam ciência da data e estão considerados intima-</p><p>dos. A consequência do desatendimento da citação fic-</p><p>ta possui duas situações diferentes no CPP:</p><p>CITAÇÃO POR EDITAL</p><p>(ART. 361)</p><p>CITAÇÃO POR HORA</p><p>CERTA (ART. 362)</p><p>Se o réu não for encontra-</p><p>do, será citado por edital,</p><p>com o prazo de 15 (quinze)</p><p>dias. Se o acusado, citado</p><p>por edital, não comparecer,</p><p>nem constituir advogado,</p><p>ficarão suspensos o pro-</p><p>cesso e o curso do prazo</p><p>prescricional, podendo o</p><p>juiz determinar a produ-</p><p>ção antecipada das provas</p><p>consideradas urgentes e,</p><p>se for o caso, decretar pri-</p><p>são preventiva</p><p>Verificando que o réu se</p><p>oculta para não ser ci-</p><p>tado, o oficial de justiça</p><p>certificará a ocorrência e</p><p>procederá à citação com</p><p>hora certa. Ao réu citado</p><p>por hora certa que não se</p><p>apresentar será nomeado</p><p>defensor dativo</p><p>Dica</p><p>Quando o réu estiver fora do território da juris-</p><p>dição do juiz processante, será citado mediante</p><p>precatória (art. 353).</p><p>De acordo com a súmula nº 710 STF, o prazo no</p><p>Código de Processo Penal (CPP) é contado da data da</p><p>intimação. Ou seja, diferente do Código de Processo</p><p>Civil (CPC), não se considera o prazo iniciado a partir</p><p>da juntada do mandado. A intimação pode ocorrer:</p><p>z Por publicação: quando direcionada a defensor</p><p>constituído, advogado e assistente de acusação.</p><p>z Por mandado, escrivão, via postal: quando não</p><p>há órgão de publicação na comarca.</p><p>Vale lembrar que a intimação pessoal feita pelo escri-</p><p>vão dispensa a intimação por publicação.</p><p>A intimação do Ministério Público e da Defensoria</p><p>Pública sempre é pessoal (entrega dos autos), sob pena</p><p>de nulidade.</p><p>A única ressalva feita é nos processos eletrônicos, pois</p><p>a comunicação eletrônica é inerente ao processo digital.</p><p>Embora o Ministério Público, na esfera ação criminal,</p><p>não possua o benefício do prazo em dobro, a sua inti-</p><p>mação, entretanto, é sempre</p><p>nosso</p><p>conhecimento de mundo que é relevante para a com-</p><p>preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso</p><p>cérebro associar informações, a fim de compreender</p><p>o novo texto que está em processo de interpretação.</p><p>A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-</p><p>cício para atestarmos a importância da ativação do</p><p>conhecimento de mundo em um processo de interpre-</p><p>tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:</p><p>Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-</p><p>fiou valentemente todos os risos desdenhosos que</p><p>tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-</p><p>nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam</p><p>corretamente esse planeta inexplorado.” Então as</p><p>três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de</p><p>provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-</p><p>sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e</p><p>vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)</p><p>Agora tente responder as seguintes perguntas</p><p>sobre o texto:</p><p>Quem é o herói de que trata o texto?</p><p>Quem são as três irmãs?</p><p>Qual é o planeta inexplorado?</p><p>Certamente, você não conseguiu responder nenhu-</p><p>ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-</p><p>se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será</p><p>afetada. O texto se chama “A descoberta da América</p><p>por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque</p><p>responder às questões; certamente você não terá mais</p><p>as mesmas dificuldades.</p><p>Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar</p><p>seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do</p><p>que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-</p><p>vio que é essencial para a interpretação de questões.</p><p>A LINGUAGEM LITERÁRIA E A NÃO LITERÁRIA</p><p>É necessário entender que existem as linguagens</p><p>literária e a não literária, que são bem diferentes entre</p><p>si. Seguindo o conceito, a linguagem literária é emotiva,</p><p>sentimental e abarca as figuras de linguagem e o sentido</p><p>conotativo das palavras. Ou seja, apresenta o fantástico</p><p>que precisa ser descoberto através de uma leitura atenta.</p><p>Já a linguagem não literária refere-se à transmis-</p><p>são de saberes e da informação no âmbito das neces-</p><p>sidades da comunicação social. Você pode encontrá-la</p><p>na ciência, na técnica, no jornalismo e na conversação</p><p>entre os falantes.</p><p>Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as</p><p>duas formas:</p><p>LINGUAGEM</p><p>LITERÁRIA</p><p>LINGUAGEM NÃO</p><p>LITERÁRIA</p><p>Intralinguística Extralinguística</p><p>Ambígua Exata</p><p>Conotação Denotação</p><p>Sugestão Precisão</p><p>Transfiguração da</p><p>realidade Realidade</p><p>Subjetiva Objetiva</p><p>Ordem inversa Ordem direta</p><p>Entendemos como texto não literário aqueles tex-</p><p>tos que não pertencem ao gênero da literatura, ou</p><p>seja, não se trata de uma obra de ficção ou de criação</p><p>artística. Esse tipo de texto é caracterizado, principal-</p><p>mente, pela sua função comunicativa, informativa ou</p><p>persuasiva, e geralmente tem o objetivo de transmitir</p><p>informações de maneira objetiva, utilizando princi-</p><p>palmente da linguagem denotativa.</p><p>Os textos não literários são encontrados em diver-</p><p>sos contextos, como jornais, revistas, artigos científicos,</p><p>manuais, relatórios, textos acadêmicos, documentos</p><p>legais, verbetes de dicionário, propagandas publicitá-</p><p>rias, entre outros. Eles têm uma estrutura mais formal</p><p>e direta, com também uma linguagem específica e uso</p><p>de termos técnicos, a fim de transmitir conhecimentos</p><p>ou comunicar fatos de maneira precisa.</p><p>Diferentemente dos textos literários, que frequen-</p><p>temente possuem elementos estéticos, figuras de</p><p>linguagem e/ou narrativas fictícias, os textos não lite-</p><p>rários são predominantemente informativos e bus-</p><p>cam apresentar a realidade de forma clara e direta,</p><p>sem focar em aspectos subjetivos ou poéticos.</p><p>Veja um exemplo de um texto não literário:</p><p>Concurso: Coincidência, conjuntura: concurso de</p><p>circunstâncias. Ação de cooperar, de ajudar: ofere-</p><p>cer seu concurso. Ação de entrar em concorrência</p><p>com outros por pretender alguma coisa; exame,</p><p>prova: apresentar-se a um concurso.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CONCURSO. In: DICIO, Dicionário Online de Por-</p><p>tuguês. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https://</p><p>www.dicio.com.br/concurso/. Acesso em: 02 jun.</p><p>2023.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>14</p><p>LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL</p><p>Quando falamos em linguagem, já aprendemos</p><p>que ela abrange não só a língua, mas também cores,</p><p>gestos e entonação. Ao tratar de texto escrito, pode-</p><p>mos falar em linguagem verbal e não verbal.</p><p>A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa</p><p>letras e palavras para passar uma informação. Por</p><p>exemplo: artigo de opinião, romance, notícia.</p><p>Já a linguagem não verbal consegue transmitir</p><p>uma mensagem sem nenhuma palavra escrita, ape-</p><p>nas com imagens, desenhos e cores. Exemplos: fotos</p><p>ou histórias em quadrinhos sem balões de fala, bem</p><p>como charges e cartuns.</p><p>A linguagem mista ou híbrida apresenta os dois</p><p>tipos de linguagens juntos, que podemos ver cotidia-</p><p>namente em histórias em quadrinhos com balões de</p><p>falas, anúncios publicitários, dentre outros.</p><p>PONTO DE VISTA DO AUTOR</p><p>O elemento básico da narrativa (que geralmente é o</p><p>elemento menos considerado na análise ou construção)</p><p>é o ponto de vista do autor. Quando o autor cria uma</p><p>obra, ele insere em suas palavras muito de si. Sua visão</p><p>de mundo, seus valores, sua construção psicológica e</p><p>seu ideal de personagens e cenas, seu desejo de expor,</p><p>revelar ou ocultar a verdade, dentre outras coisas.</p><p>O ponto de vista do autor pode mudar muito o enre-</p><p>do a ser elaborado: pode dar dicas ou camuflar even-</p><p>tos, pode atribuir ritmo, ajustar pensamentos, nortear</p><p>interpretações, explicar detalhes e até mesmo produzir</p><p>narrativas fora do texto. Por isso, é necessário investir</p><p>algum tempo à análise desse elemento narrativo para</p><p>tornar a produção o mais adequada possível, expondo</p><p>não apenas o enredo que está sendo narrado, mas tam-</p><p>bém o autor que está por trás da narrativa.</p><p>O ponto de vista na literatura é a ótica da narrativa</p><p>do autor. Esse elemento aparece sorrateiramente na</p><p>trama por meio dos seis sentidos do protagonista que</p><p>são, normalmente, os cinco sentidos, potencializando</p><p>sua intuição. O autor tem total liberdade para criar</p><p>novos significados para a sua narrativa e também</p><p>pode definir se ela será apresentada ao leitor por meio</p><p>de um ou mais personagens.</p><p>Quando a história é contada por mais de um perso-</p><p>nagem fictício, a transição do ponto de vista do autor</p><p>deve ser bem definida e os detalhes devem estar bem</p><p>claros, para que isso não confunda o leitor. A menos</p><p>que o enredo exija, a trama não precisa ser narrada por</p><p>todos os personagens, então, o autor deve determinar</p><p>qual deles deterá o “ponto de vista”. Isso não signifi-</p><p>ca que, quando for essencial para o desenvolvimento</p><p>da história, um ou mais capítulos não possam conter o</p><p>ponto de vista de outros personagens. Após definir esse</p><p>ponto, o autor passa a dar um contexto ao seu protago-</p><p>nista, traçando uma linha geográfica e temporal.</p><p>O autor também deve se atentar em estabelecer</p><p>intimidade com o leitor, para que ele se conecte à tra-</p><p>ma e ao protagonista e seja capaz de imaginar todos os</p><p>detalhes, as sensações e os sentidos que o personagem</p><p>está vivenciando naquele momento. Por exemplo,</p><p>quando o autor descreve o trecho na perspectiva do</p><p>personagem principal, ele não deve citar seu choro, a</p><p>menos que o protagonista esteja olhando seu reflexo</p><p>em um espelho.</p><p>Mas o autor pode descrever a sensação dos olhos</p><p>enchendo-se de lágrimas, uma ou outra escapando</p><p>pelo canto dos olhos, e o toque da lágrima fria escor-</p><p>rendo pelo rosto.</p><p>Assim, o ponto de vista é muito importante para</p><p>a construção das ideias da narrativa e identificá-lo é</p><p>essencial para interpretar o texto e responder corre-</p><p>tamente às questões.</p><p>ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO:</p><p>RELAÇÕES ENTRE IDEIAS; RECURSOS</p><p>DE COESÃO</p><p>Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-</p><p>zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e</p><p>coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-</p><p>ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro</p><p>é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência</p><p>e por que buscar esse padrão é importante.</p><p>Os textos não são somente um aglomerado de pala-</p><p>vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-</p><p>das e organizadas harmoniosamente de maneira que</p><p>o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-</p><p>ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se</p><p>chama de coesão textual. Os articuladores responsá-</p><p>veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto</p><p>são conhecidos como recursos coesivos que devem ser</p><p>articulados de forma que garanta uma relação lógica</p><p>entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-</p><p>gível e faça sentido em determinado contexto. A res-</p><p>peito disso, temos a coerência textual, que está ligada</p><p>diretamente à significação do texto, aos sentidos que</p><p>ele produz para o leitor.</p><p>COESÃO COERÊNCIA</p><p>Utiliza-se de elementos su-</p><p>perficiais, dando-se ênfase</p><p>na forma e na articulação</p><p>entre as ideias</p><p>Subjacente ao texto,</p><p>enfatiza-se o conteúdo e</p><p>a produção de sentido/</p><p>relação lógica</p><p>Podemos usar uma metáfora muito interessante</p><p>quando se trata de compreender os processos de coe-</p><p>são e coerência.</p><p>Essa metáfora nos leva a comparar um texto com</p><p>um prédio. Tal qual uma boa construção precisa de</p><p>um bom alicerce para manter-se em pé, um texto bem</p><p>construído depende da organização das nossas ideias,</p><p>da forma como elas estão dispostas no texto. Isso sig-</p><p>nifica que precisamos utilizar adequadamente os pro-</p><p>cessos coesivos, a fim de defendermos nossas ideias</p><p>adequadamente.</p><p>Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-</p><p>cipais formas de marcação, em um texto, de processos</p><p>que buscam organizar as ideias em um texto, princi-</p><p>palmente, os processos de coesão que, como dissemos,</p><p>apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-</p><p>cas que os processos envolvendo a coerência.</p><p>Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas</p><p>características da coerência em um texto e como esse</p><p>processo liga-se não apenas às formas gramaticais,</p><p>mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>15</p><p>Tendo em vista que a coerência é construída, tal</p><p>qual o sentido, coletivamente, não por acaso, o grande</p><p>linguista e estudioso da língua portuguesa, Luis Antô-</p><p>nio Marcuschi (2007) afirmou que a coerência é “algo</p><p>dinâmico que se encontra mais na mente que no texto”.</p><p>Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)</p><p>para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e</p><p>passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-</p><p>são. A autora afirma que a coerência:</p><p>[...] Não está no texto em si; não nos é possível apon-</p><p>tá-la, destacá-la ou sublinhá-la.. Ela se constrói [...]</p><p>numa dada situação comunicativa, na qual o leitor,</p><p>com base em seus conhecimentos sociocognitivos e</p><p>interacionais e na materialidade linguística, confe-</p><p>re sentido ao que lê. (Cavalcante, 2013, p. 31)</p><p>A seguir iremos nos deter aos processos de coesão</p><p>importantes para uma boa compreensão e elaboração</p><p>textual. É importante destacar que esses processos</p><p>de coesão não podem ser dissociados da construção</p><p>de sentidos implícita no processo de organização da</p><p>coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar</p><p>seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos</p><p>com fins estritamente didáticos.</p><p>COESÃO REFERENCIAL</p><p>A coesão é marcada por processos referenciais</p><p>relacionados a ideias a partir de mecanismos que</p><p>inserem ou retomam uma porção textual. Os pro-</p><p>cessos marcados pela referenciação caracterizam-se</p><p>pela construção de referentes em um texto, os quais</p><p>se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse</p><p>processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode</p><p>ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-</p><p>vras, das quais falaremos a seguir.</p><p>Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-</p><p>sos referenciais que envolvem o uso de expressões</p><p>anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),</p><p>“as expressões que retomam referentes já apresentados</p><p>no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-</p><p>ras”. Vejamos o exemplo a seguir:</p><p>O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que</p><p>vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.</p><p>Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-</p><p>missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,</p><p>preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony</p><p>Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo</p><p>gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e</p><p>o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na</p><p>primeira luta que fez com Apollo Creed.</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acesso em: 30</p><p>set. 2020. Adaptado.</p><p>A partir da leitura, podemos perceber que todos os</p><p>termos destacados fazem referência a um mesmo refe-</p><p>rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-</p><p>do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas</p><p>gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.</p><p>Já os processos referenciais catafóricos apontam</p><p>para porções textuais que ainda não foram mencio-</p><p>nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo</p><p>a seguir: “Os documentos requeridos para os candi-</p><p>datos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e</p><p>reservista”</p><p>Dica</p><p>Em provas de concursos e seleções, ainda se</p><p>encontra a terminologia “expressões referen-</p><p>ciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado</p><p>no material. No entanto, é importante salientar</p><p>que, para linguistas e estudiosos, as anáforas</p><p>são os processos referenciais que recuperam e/</p><p>ou apontam para porções textuais.</p><p>Uso de Pronomes ou Pronominalização</p><p>Utilizar pronomes para manter a coesão de um</p><p>texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-</p><p>rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como</p><p>a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste</p><p>estudo os principais pronomes utilizados em recursos</p><p>textuais para manter a coesão.</p><p>A pronominalização é a base de recursos anafó-</p><p>ricos que recuperam porções textuais ou ainda um</p><p>nome específico a que o autor faz referência no texto.</p><p>Vejamos dois exemplos:</p><p>O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden</p><p>foi quente, com diversas interrupções e acusações</p><p>pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação</p><p>de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para a</p><p>Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins-</p><p>burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois</p><p>os republicanos têm maioria no Senado [Casa que rati-</p><p>fica essa escolha] e criticou os democratas, dizendo</p><p>“que eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”.</p><p>[…].</p><p>O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA</p><p>são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões</p><p>de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris</p><p>Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até que</p><p>uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano</p><p>dizendo que Trump “não tem um plano para essa tra-</p><p>gédia”. Já Trump começou sua resposta atacando a</p><p>China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no come-</p><p>ço” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia e da</p><p>própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um</p><p>“excelente trabalho” nesse momento dos EUA.</p><p>Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-</p><p>debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado.</p><p>Após a leitura do texto, é possível notar que a recu-</p><p>peração da informação apresentada é feita a partir de</p><p>muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono-</p><p>mes destacados recupera o assunto informado e ajuda</p><p>o leitor a construir seu posicionamento. É importante</p><p>buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe-</p><p>rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal</p><p>destacado no texto refere-se ao termo “democratas”,</p><p>já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que</p><p>participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses</p><p>pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-</p><p>to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs-</p><p>tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual</p><p>maior, fazendo referência ao momento de pandemia</p><p>pelo qual o mundo passa.</p><p>O uso de pronomes pode ser um aliado na construção</p><p>da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-</p><p>guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a</p><p>coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>16</p><p>Não é possível saber qual dos homens estava acompanhado.</p><p>Por fim, destacamos que as classes de palavras relacionadas neste capítulo com os processos de coesão não</p><p>podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-normativa, amplamente estudada nas gramáticas escolares. O inte-</p><p>resse das principais bancas de concursos públicos é avaliar a capacidade interpretativa e racional dos candidatos,</p><p>dessa feita, a análise de processos coesivos visa analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que e qual</p><p>elemento está construindo as referências textuais.</p><p>Uso de Numerais</p><p>Conforme mencionamos anteriormente, o uso de categorias gramaticais concorre para a progressão textual;</p><p>uma das classes gramaticais que auxilia esse processo é o uso de numerais.</p><p>Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias em</p><p>um texto. Dessa forma, as expressões quantitativas, em algumas circunstâncias, retomam dados anteriores numa</p><p>relação de coesão.</p><p>Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o primeiro era para os professores, o segundo para os alunos.</p><p>As formas destacadas são numerais ordinais que recuperam informação no texto, evitando a repetição de</p><p>termos e auxiliando no desenvolvimento textual.</p><p>Uso de Advérbios</p><p>Muitos advérbios auxiliam no processo de recuperação e instauração de ideias no texto, auxiliando o processo</p><p>de coesão. As formas adverbiais que marcam tempo e espaço podem também ser denominadas de marcadores</p><p>dêiticos, caso dos seguintes elementos:</p><p>Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...</p><p>Perceba que esses advérbios só podem ser associados a um referente se forem instaurados no discurso, isto</p><p>é, se mantiverem associação com as pessoas que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje não haverá</p><p>aula” em um cartaz na porta de uma sala compreenderá que a marcação temporal refere-se ao momento em que</p><p>a leitura foi realizada. Por isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos.</p><p>Independentemente de como são chamados, esses elementos colaboram para a ligação de ideias no texto,</p><p>auxiliando também a construção da coesão textual.</p><p>Uso de Nominalização</p><p>As expressões que retomam ideias e nomes, já apresentados no texto, mediante outras formas de expressão, podem ser</p><p>analisadas como processos nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nominais.</p><p>Essas expressões recuperam informações mediante novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o uso de</p><p>pronomes, conforme vimos anteriormente. Vejamos um exemplo:</p><p>Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plás-</p><p>tico e professor brasileiro. Um dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e</p><p>outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados da</p><p>década de 1970.</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado.</p><p>Todas as marcações em negrito fazem referência ao nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se</p><p>referem a esse nome inicial são expressões nominalizadoras que servem para ligar ideias e construir o texto.</p><p>Uso de Adjetivos</p><p>Os adjetivos também são considerados expressões nominalizadoras que fazem referência a uma porção tex-</p><p>tual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, músico,</p><p>produtor, artista plástico e professor” apresenta seis nomes que funcionam como adjetivos de Belchior e, ao</p><p>mesmo tempo, acrescentam informações sobre essa personalidade, referida anteriormente.</p><p>É importante recordar que não podemos identificar uma classe de palavra sem avaliar o contexto em que ela</p><p>está inserida. No exemplo mencionado, as palavras cantor, compositor, músico, produtor, artista, professor são</p><p>substantivos que funcionam como adjetivos e colaboram na construção textual.</p><p>Uso de Verbos Vicários</p><p>O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários são verbos</p><p>usados em substituição de outros que já foram muito utilizados no texto.</p><p>Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós esperávamos.</p><p>O verbo “acontecer” foi substituído na segunda oração pelo verbo “foi”.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>17</p><p>ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES</p><p>Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim”</p><p>Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o</p><p>fizemos”</p><p>Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por</p><p>falta de interesse”</p><p>Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”</p><p>Uso de Elipse</p><p>A elipse é uma forma de omissão de uma informa-</p><p>ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos</p><p>a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de</p><p>linguagem de uma gramática. Neste material, iremos</p><p>nos deter a maiores aspectos da elipse também nes-</p><p>sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades</p><p>recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-</p><p>pósito de manter a coesão textual.</p><p>Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como</p><p>recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir</p><p>um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência</p><p>maior (uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos</p><p>anteriormente em outro segmento do texto, mas recu-</p><p>perável por marcas do próprio contexto verbal”. Veja-</p><p>mos como ocorre, a partir do segmento abaixo:</p><p>“O Brasil evoluiu bastante desde o início do</p><p>século XXI. O país proporcionou a inclusão</p><p>social de muitas pessoas. A nação obteve</p><p>notoriedade internacional por causa dis-</p><p>so. A pátria, porém, ainda enfrenta certas</p><p>adversidades...”</p><p>Sem</p><p>Elipse</p><p>“O Brasil evoluiu bastante desde o início do</p><p>século XXI e proporcionou a inclusão social</p><p>de muitas pessoas, por causa disso obteve</p><p>notoriedade internacional, porém ainda enfrenta</p><p>certas adversidades...”</p><p>Com</p><p>Elipse</p><p>COESÃO SEQUENCIAL</p><p>A coesão sequencial é responsável por organizar a</p><p>progressão temática do texto, isto é, garantir a manu-</p><p>tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-</p><p>mover a evolução do debate assumido pelo autor.</p><p>Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a</p><p>partir de locuções que marcam tempo, conjunções,</p><p>desinências e modos verbais. Neste material, iremos</p><p>nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que</p><p>são utilizadas para garantir a progressão textual.</p><p>Conjunções Coordenativas</p><p>As conjunções coordenativas são aquelas que</p><p>ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor</p><p>semântico independente. Na construção textual, elas</p><p>são importantes, pois, com seus valores, adicionam</p><p>informações relevantes ao texto.</p><p>Exemplos de conjunções coordenativas atuando</p><p>na coesão:</p><p>ADITIVA</p><p>Não apenas conversava com</p><p>os demais alunos como tam-</p><p>bém atrapalhava o professor</p><p>ADVERSATIVA</p><p>Eram ideias interessantes,</p><p>porém ninguém concordou</p><p>com elas</p><p>ALTERNATIVAS</p><p>Superou o estigma que pregava</p><p>“ou estuda, ou trabalha” e con-</p><p>seguiu ser aprovada</p><p>EXPLICATIVA</p><p>Ao final, faça os exercícios,</p><p>pois é uma forma de praticar</p><p>o que aprendeu</p><p>CONCLUSIVA</p><p>O candidato não cumpriu sua</p><p>promessa. Ficamos, portan-</p><p>to, desapontados com ele</p><p>Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções</p><p>precisam manter uma relação contextual, estabeleci-</p><p>da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,</p><p>orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-</p><p>rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as</p><p>ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-</p><p>sidade, como demonstra a conjunção “mas”.</p><p>Conjunções Subordinativas</p><p>Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-</p><p>dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias</p><p>apresentadas num texto, porém, diferentemente</p><p>daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações</p><p>subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra</p><p>para terem o sentido apreendido.</p><p>Exemplos de conjunções subordinativas atuando</p><p>na coesão:</p><p>CAUSAL</p><p>Como não havia estudado su-</p><p>ficiente, resolvi não fazer essa</p><p>prova</p><p>CONSECUTIVA Falaram tão mal do filme que ele</p><p>nem entrou em cartaz</p><p>COMPARATIVA Trabalhou como um escravo</p><p>CONFORMATIVA</p><p>Conforme o Ministro da Eco-</p><p>nomia, os concursos não irão</p><p>acabar</p><p>CONCESSIVA</p><p>Ainda que vivamos um período</p><p>de poucos concursos, não pode-</p><p>mos desanimar</p><p>CONDICIONAL Se estudarmos, conseguiremos</p><p>ser aprovados!</p><p>PROPORCIONAL</p><p>À proporção que aumentava</p><p>seus horários de estudo, mais</p><p>forte o candidato se tornava</p><p>FINAL Estudava sempre com afinco, a</p><p>fim de ser aprovado</p><p>TEMPORAL Quando o edital for publicado, já</p><p>estarei adiantado nos estudos</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>18</p><p>Importante!</p><p>Não confundir:</p><p>Afim de — relativo à afinidade, semelhança: “Físi-</p><p>ca e Química são disciplinas afins”.</p><p>A fim de — relativo a ter finalidade, ter como</p><p>objetivo, com desejo de: “Estou a fim de comer</p><p>pastel”.</p><p>Conjunções Integrantes</p><p>As conjunções integrantes fazem parte das orações</p><p>subordinadas, na realidade, elas apenas integram,</p><p>ligam uma oração principal a outra, subordinada.</p><p>Como podemos notar, o papel dessas conjunções é</p><p>essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são</p><p>“peças” que unem as orações. Existem apenas dois</p><p>tipos de conjunções integrantes: que e se.</p><p>Quando é possível subs-</p><p>tituir o que pelo pronome</p><p>isso, estamos diante de</p><p>uma conjunção integrante</p><p>Quero que a prova esteja</p><p>fácil.</p><p>Quero. O quê? Isso</p><p>Sempre haverá con-</p><p>junção integrante em</p><p>orações substantivas e,</p><p>consequentemente, em</p><p>períodos compostos</p><p>Perguntei se ele estava</p><p>em casa.</p><p>Perguntei. O quê? Isso</p><p>COESÃO RECORRENCIAL</p><p>Uso de Repetições</p><p>As recorrências de repetições em textos são comu-</p><p>mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.</p><p>Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-</p><p>fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-</p><p>vras e expressões!</p><p>No entanto, a repetição é um recurso coesivo</p><p>essencial para manter a progressão temática do texto,</p><p>isto é, para que o tema debatido no texto não seja per-</p><p>dido, levando o escritor a fugir da temática.</p><p>Embora também não recomendemos as repetições</p><p>exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-</p><p>quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,</p><p>alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.</p><p>CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES</p><p>Marcar ênfase</p><p>O candidato foi encontrado com</p><p>duzentos milhões de reais na</p><p>mala, duzentos milhões!</p><p>Marcar contraste Existem Políticos e políticos</p><p>Marcar a</p><p>continuidade</p><p>temática</p><p>“Agora que sentei na minha cadeira</p><p>de madeira, junto à minha mesa de</p><p>madeira, colocada em cima deste</p><p>assoalho de madeira, olho minhas</p><p>estantes de madeira e procuro</p><p>um livro feito de polpa de madeira</p><p>para escrever um artigo contra o</p><p>desmatamento florestal” Millôr</p><p>Fernandes</p><p>Uso de Paráfrase</p><p>A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-</p><p>porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata-</p><p>do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar</p><p>sobre algo utilizando-se de outras palavras. Confor-</p><p>me Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra</p><p>vez, em outro ponto do texto, embora com palavras</p><p>diferentes”.</p><p>Vejamos o seguinte exemplo:</p><p>Ceará goleia Fortaleza no</p><p>Castelão.</p><p>Fortaleza é goleado pelo</p><p>Ceará no Castelão.</p><p>Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais</p><p>da capital cearense. A forma como o texto se apresen-</p><p>ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em</p><p>posições diferentes, cumpre um papel importante na</p><p>progressão temática do texto.</p><p>Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada</p><p>pelo uso de expressões textuais bem características,</p><p>como: em outras palavras, em outros termos, isto é,</p><p>quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas</p><p>expressões indicam que algo foi dito e passará a ser</p><p>ressignificado, garantindo a informatividade do texto.</p><p>Uso de Paralelismo</p><p>As ideias similares devem fazer a correspondência</p><p>entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o</p><p>nome de paralelismo. Quando as construções de frases</p><p>e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-</p><p>tico. Quando há sequência de expressões simétricas no</p><p>plano das ideias e coerência entre as informações, ocor-</p><p>re o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.</p><p>ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS</p><p>JUNTAS</p><p>Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não</p><p>tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.</p><p>Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-</p><p>ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo</p><p>em que houve quebra de paralelismo:</p><p>“É necessário estudar e que vocês se ajudem”</p><p>— Errado.</p><p>“É necessário que vocês se ajudem e que estudem”</p><p>— Correto.</p><p>Devemos manter a organização das orações, pois</p><p>não podemos coordenar orações reduzidas com ora-</p><p>ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo</p><p>e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente</p><p>reduzidas.</p><p>No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é</p><p>a mesma, porém deixamos de analisar os pares no</p><p>âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-</p><p>mos o seguinte exemplo:</p><p>“Por um lado, os manifestantes agiram corre-</p><p>tamente, por outro podem não ter agido errado”</p><p>— Incorreto.</p><p>“Por um lado, os manifestantes agiram correta-</p><p>mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-</p><p>lação” — Correto.</p><p>“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma</p><p>foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Renata de Souza Moreira da Paz - 376.182.728-83, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>LÍ</p><p>N</p><p>G</p><p>U</p><p>A</p><p>P</p><p>O</p><p>RT</p><p>U</p><p>G</p><p>U</p><p>ES</p><p>A</p><p>19</p><p>“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma</p><p>foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CAVALCANTE, M. Os sentidos do texto. São Paulo:</p><p>Contexto, 2016.</p><p>KAUFMAN, A. M.; RODRIGUEZ, M. H. Escola, lei-</p><p>tura e produção de textos. Tradução de Inajara</p><p>Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1995.</p><p>OHUSCHI, M. C. G.; BARBOSA, F. de S. O gênero arti-</p><p>go de opinião: da teoria à prática em sala de aula.</p><p>Acta Scientiarum. Language and Culture, 33(2),</p><p>2011, 303-314.</p><p>SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS</p><p>PALAVRAS</p><p>Denotação</p><p>O sentido denotativo da linguagem compreende</p><p>o significado literal da palavra independente do seu</p><p>contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais</p><p>objetivo e literal associado ao significado que aparece</p><p>nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar</p><p>ênfase à informação que se quer passar para o recep-</p><p>tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por</p><p>isso, é muito utilizada em textos informativos, como</p><p>notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-</p><p>ticos, entre outros.</p><p>Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:</p><p>chamas)</p><p>O coração é um músculo que bombeia sangue para</p><p>o corpo. (coração: parte do corpo)</p><p>Conotação</p><p>O sentido conotativo compreende o significado</p><p>figurado e depende do contexto em que está inserido.</p><p>A conotação põe em evidência os recursos estilísticos</p><p>dos quais a língua dispõe para expressar diferen-</p><p>tes sentidos</p>