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<p>1Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Direito	Do	Trabalho	–	Joalvo	Magalhães</p><p>Empregador</p><p>Olá,	pessoal!	Vamos	dar	início	a	mais	uma	unidade	de	aprendizagem,</p><p>tratando,	agora,	do	tema	do	empregador.</p><p>Começando	 nossa	 unidade	 de	 aprendizagem	 com	 uma	 pergunta</p><p>provocadora,	que	é	a	seguinte:</p><p>2Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Essa	pergunta	é	muito	importante	porque	nos	faz	passar	pelo	conceito</p><p>de	 empregador	 e	 por	 esse	 outro	 subconceito,	 que	 é	 o	 chamado</p><p>empregador	por	equiparação.</p><p>Bom,	sobre	o	empregador,	a	Consolidação	das	Leis	Trabalhistas	(CLT)</p><p>traz	o	conceito	no	seu	art.	2º.	E	vejam	o	que	dispõe	o	art.	2º	da	CLT:</p><p>3Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Na	verdade,	o	que	nós	temos	aqui?</p><p>Nós	 temos,	 no	 conceito	 de	 empregador,	 a	 inclusão,	 claro	 -</p><p>evidentemente	-,	dos	elementos	da	relação	de	emprego.</p><p>Por	isso,	quais	são	os	elementos	da	relação	de	emprego?</p><p>pessoalidade;</p><p>onerosidade;</p><p>não	eventualidade;	e</p><p>subordinação	jurídica.</p><p>Por	 isso	 que	 a	 lei	 diz:	 considera-se	 empregador	 aquele	 que	 admite,</p><p>assalaria	 -	 olha	 aí,	 assalaria	 (onerosidade)	 -	 dirige	 -	 ou	 seja,	 há</p><p>subordinação	 jurídica	 -	 a	 prestação	 pessoal	 de	 serviços</p><p>(pessoalidade).	Os	requisitos	do	vínculo	de	emprego	estão	aí	no	art.	2º</p><p>da	CLT.</p><p>4Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Questão	 interessante	é	que	o	artigo	diz:	 "considera-se	empregador	a</p><p>empresa".	 E	 quando	 nós	 pensamos	 em	 empresa,	 pessoal,	 pensamos</p><p>em	atividade	econômica.	A	atividade	econômica	é	a	atividade	que	visa</p><p>lucros,	visa	ganhos,	isso	que	é	uma	empresa,	empresa	é	uma	atividade</p><p>econômica.	Daí	porque	surgem	algumas	críticas	a	essa	nomenclatura.</p><p>As	críticas	seriam	as	seguintes:</p><p>Será	que	o	 empregador	 é	 empresa?	E	 aquelas	 entidades	que</p><p>não	desenvolvem	a	atividade	empresária,	será	que	não	podem</p><p>ser	 empregadoras?	 Será	 que	 não	 podem	 contratar</p><p>empregados?	Será	que	não	se	forma	o	vínculo	de	emprego	com</p><p>essas	entidades?</p><p>5Curso	Ênfase	©	2020</p><p>A	 resposta	 é	 negativa.	 Claro	 que	 se	 forma,	 outras	 entidades	 podem</p><p>ser	empregadoras	também.</p><p>Na	 verdade,	 pessoal,	 quando	 a	 lei	 disse	 "considera-se	 empregador	 a</p><p>empresa",	 será	 que	 foi	 tecnicamente	 correto?	 Será	 que	 o</p><p>empregador	 seria	 a	 empresa	 ou	 a	 sociedade	 empresária?</p><p>Percebe?	 (Porque	 empresa	 é	 atividade.	 Empresa	 é	 atividade</p><p>econômica)	 Será	 que	 o	 empregador	 não	 seria	 uma	 pessoa?	 E</p><p>qual	pessoa?	A	pessoa	jurídica	que	está	por	trás	da	empresa	-</p><p>a	 sociedade	 empresária,	 a	 sociedade	 que	 desenvolve	 a</p><p>atividade	empresarial?	Será	que	o	empregador	não	seria	essa</p><p>pessoa?	Será	 que	 não	 poderia	 ser	 também	 uma	 fundação	 ou</p><p>uma	associação?	Será	que	outros	entes	também	não	poderiam</p><p>figurar	como	empregadores?</p><p>A	resposta	é	positiva,	podem	sim.</p><p>Na	verdade,	temos	que	entender,	aqui,	que	esse	conceito,	embora	seja</p><p>criticado	 como	 sendo	 um	 conceito	 atécnico,	 embora	 hajam	 essas</p><p>acusações	 de	 atecnia	 do	 conceito,	 temos	 que	 entender	 o	 contexto</p><p>histórico.</p><p>Na	 verdade,	 no	 contexto	 de	 criação	 do	 conceito	 do	 empregador,	 se</p><p>pretendeu	 colocar	 a	 ideia	 de	 responsabilização	 no	 caso	 de	 sucessão</p><p>trabalhista.	 Quando	 a	 lei	 diz	 que:	 "considera-se	 empregador	 a</p><p>empresa",	significa	que	o	empregador	é	a	atividade	econômica.</p><p>Se	 outra	 pessoa	 jurídica	 assume	 aquela	 atividade	 econômica,	 essa</p><p>outra	 pessoa	 jurídica,	 automaticamente,	 também	 passa	 para	 a</p><p>condição	 de	 empregador.	 Essa	 é	 a	 grande	 característica	 do	 art.	 2º,</p><p>quando	 diz	 que:	 "considera-se	 empregador	 a	 empresa".	 Isso	 aqui</p><p>6Curso	Ênfase	©	2020</p><p>possibilita	 a	 sucessão	 trabalhista,	 porque	 quando	 uma	 empresa</p><p>sucede	 a	 outra	 naquela	 atividade	 econômica,	 quando	 uma	 empresa</p><p>sucede	a	outra	na	atividade	empresarial,	aquela	sucessora	vai	tomar	o</p><p>lugar	da	sucedida	também	no	âmbito	do	contrato	de	trabalho.</p><p>A	 crítica	 deve	 ser	 entendida	 com	 esse	 contexto	 de	 dar	 uma	 maior</p><p>proteção	 ao	 trabalhador.	 Então,	 "empregador",	 para	 a	 lei,	 	 não	 é	 a</p><p>pessoa	 jurídica,	 mas,	 sim,	 a	 atividade	 empresarial.	 Se	 a	 pessoa</p><p>jurídica	muda	 e	 uma	 outra	 pessoa	 jurídica	 assume	 aquela	 atividade</p><p>empresarial,	 essa	 outra	 pessoa	 jurídica,	 automaticamente,	 passa	 à</p><p>condição	de	empregadora.</p><p>No	entanto,	isso	não	impede	que	entidades	que	não	sejam	empresas	-</p><p>entidades	 que	 não	 desenvolvam	 	 atividade	 empresarial	 -	 não	 possam</p><p>ser	empregador.	 Isso	não	 impede.	Vejamos,	aqui,	que	existe	a	 figura</p><p>do	empregador	por	equiparação.</p><p>E	 o	 que	 é	 o	 empregador	 por	 equiparação	 (que	 foi	 a	 nossa</p><p>pergunta	provocadora)?</p><p>O	empregador	por	equiparação	é	aquele	que	não	desenvolve	atividade</p><p>empresarial.</p><p>E	por	que	se	chama	"por	equiparação"?</p><p>Porque	 no	 caput	 do	 art.	 2º,	 a	 lei	 diz:	 "considera-se	 empregador	 a</p><p>empresa".	O	§	1º	teve	que	dizer:	"não,	espera	aí,	mas	mesmo	que	não</p><p>seja	empresa	-	mesmo	que	não	desenvolva	atividade	econômica	-	pode</p><p>ser	 empregador	 também",	 e	 aí	 chama	 de	 empregador	 por</p><p>equiparação.	É	o	que	a	lei	diz:</p><p>7Curso	Ênfase	©	2020</p><p>O	que	a	Lei	está	dizendo,	aqui?</p><p>A	lei	está	fazendo	uma	mea	culpa	daquele	conceito	do	caput,	porque</p><p>o	 conceito	 do	 caput	 coloca	 como	 empregador	 a	 empresa.	 Aqui,	 ele</p><p>está	 dizendo:	 "não,	 empregador	 não	 é	 só	 a	 empresa,	 empregador	 é</p><p>todo	 aquele	 que	 admite	 empregado,	 ainda	 que	 seja	 um	 profissional</p><p>liberal,	uma	instituição	de	beneficência".</p><p>Então,	 na	 verdade,	 pessoal,	 qualquer	 um	 pode	 ser	 empregador,</p><p>qualquer	 um:	 pessoa	 física	 pode	 ser	 empregador;	 pessoa	 jurídica</p><p>pode	 ser	 empregador	 (pessoa	 jurídica,	 seja	 uma	 sociedade</p><p>empresária,	 seja	 uma	 sociedade	 não	 empresária,	 seja	 uma	 fundação</p><p>ou	uma	associação).	Todos	esses	podem	ser	empregadores.</p><p>Além	disso,	 podem	 ser	 empregadores	 até	mesmo	quem	não	 tenha	 a</p><p>8Curso	Ênfase	©	2020</p><p>personalidade	jurídica.</p><p>Por	exemplo:	entes	despersonalizados,	como	condomínios:</p><p>Condomínio:	 Existem	 condomínios	 que	 não	 estão	 devidamente</p><p>registrados	 e	 regularizados.	 Eles	 não	 têm	 personalidade</p><p>jurídica,	mas,	ainda	assim,	podem	figurar	como	empregadores,</p><p>nós	 não	 temos	 dúvidas	 disso.	 Existe	 até	 uma	 lei	 dos</p><p>trabalhadores	em	condomínio.</p><p>Uma	massa	falida,	por	exemplo:	uma	empresa	que	faliu,	só	que</p><p>a	massa	 falida	 ainda	 continua	 com	 alguns	 empregados	 -	 com</p><p>alguns	 funcionários	 -,	para	darem	continuidade	até	o	processo</p><p>falimentar.	Esses	empregados	têm	como	empregador	a	própria</p><p>massa	falida.</p><p>9Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Então,	entes	despersonalizados	podem	figurar	como	empregadores.</p><p>Pessoa	 física,	 pessoa	 jurídica,	 enfim,	 todos	 esses	 podem	 ser</p><p>considerados	 empregadores,	 podem	 desenvolver	 um	 vínculo	 de</p><p>emprego	e	terão	responsabilidade	trabalhista.</p><p>Muita	atenção	agora,	não	erre.</p><p>NÃO	ERRE</p><p>Exemplos	(nós	já	vimos):</p><p>a	massa	falida	pode	ser	empregadora	e	não	tem	personalidade</p><p>jurídica;</p><p>condomínio:	os	condomínios	não	 registrados	 (condomínios	que</p><p>10Curso	Ênfase	©	2020</p><p>não	 tenham	 personalidade	 jurídica),	 mesmo	 não	 tendo</p><p>personalidade	jurídica,	podem	figurar	como	empregadores.</p><p>até	mesmo	a	família.	No	caso	dos	empregados	domésticos,	por</p><p>exemplo,	o	empregador	não	é	apenas	o	pai,	o	marido,	a	esposa,</p><p>quem	 assina	 a	 CTPS.	 São	 considerados	 como	 empregadores,</p><p>para	 os	 efeitos	 da	 Lei,	 todos	 aqueles	 que	 residem	 naquela</p><p>residência,	 todos	 aqueles	 que	 compõem	 a	 unidade	 familiar.	 É</p><p>correto	afirmar,	portanto,	que,	no	caso	do	vínculo	doméstico,	a</p><p>família	 é	 o	 empregador.	 E	 a	 família	 é	 um	 ente</p><p>despersonalizado,	não	tem	personalidade	jurídica,	mas	pode	se</p><p>caracterizar	como	empregador</p><p>Daí	porque	não	há	grandes	exigências.	Até	porque	o	direito	trabalho	-</p><p>nós	sabemos	-	é	regido	pelo	princípio	da	primazia	da	realidade.	Então,</p><p>se	há	um	vínculo	de	emprego	se	formando	com	quem	quer	que	seja,	o</p><p>direito	do	trabalho	vai	admitir.</p><p>Bom,	características	do	empregador:</p><p>11Curso	Ênfase	©	2020</p><p>O	empregador	dirige	a	prestação	pessoal	de	serviço	(isso	está	no	art.</p><p>2º),	e	também	remunera	essa	mesma	prestação</p><p>pessoal	de	serviços.</p><p>O	fato	de	o	empregador	dirigir	os	serviços	decorre	do	chamado	poder</p><p>diretivo	do	empregador,	também	chamado	de	poder	empregatício	(há</p><p>quem	 denomine	 de	 poder	 de	 empregatício,	 mas	 é,	 basicamente,	 a</p><p>mesma	 coisa):	 poder	 de	 dirigir,	 o	 poder	 de	 comandar,	 o	 poder	 de</p><p>organizar	a	atividade	produtiva.</p><p>O	empresário	 -	o	empregador	 -	organiza	a	atividade	produtiva.	E	até</p><p>mesmo	por	isso	-	nós	vamos	ver	-		que	são	seus	os	riscos	da	atividade</p><p>econômica.	É	o	empregador	quem	detém	a	propriedade	dos	meios	de</p><p>produção,	ele	que	investe,	ele	que	desenvolve	a	livre	iniciativa,	ele	que</p><p>"se	 joga"	 e	 "se	 aventura"	 no	 mercado	 econômico,	 abrindo	 uma</p><p>empresa,	começando	uma	determinada	atividade.	Então,	por	isso,	ele</p><p>vai	dirigir	a	prestação	pessoal	de	serviço.</p><p>12Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Significa	 que	 quando	 o	 empregador	 contrata	 o	 empregado,	 ele	 vai</p><p>dizer	 como	 esse	 empregado	 trabalha,	 quando	 esse	 empregado</p><p>trabalha	 e	 de	 que	 forma	 e	 em	 quê	 esse	 empregado	 trabalha.	 O</p><p>horário	 de	 trabalho,	 a	 função,	 o	 local	 de	 trabalho,	 a	 forma	 de</p><p>trabalho,	 tudo	 isso	 vai	 ser	 determinado	 pelo	 empregador,	 porque	 é</p><p>dele	 a	 atribuição,	 é	 dele	 o	 poder	 de	 dirigir	 a	 prestação	 pessoal	 de</p><p>serviço.	É	o	poder	de	comando,	o	poder	diretivo	do	empregador.</p><p>Por	outro	 lado,	 também	é	dele	o	dever	de	remunerar,	por	 isso	que	o</p><p>art.	2º	diz:	"considera-se	empregador	aquele	que	remunera".	 Porque</p><p>se	 ele	 não	 remunera,	 se	 não	 há	 uma	 onerosidade	 -	 ainda	 que	 pelo</p><p>menos	uma	onerosidade	subjetiva,	uma	intenção	de	contraprestação	-,</p><p>se	 não	 houver	 a	 intenção	 de	 contraprestação,	 estaremos	 diante	 de</p><p>uma	 típica	 situação	 de	 trabalho	 voluntário.	 E	 o	 trabalho	 voluntário	 -</p><p>nós	sabemos	-	não	gera	vínculo	de	emprego.</p><p>Na	maioria	das	vezes,	quem	trabalha,	trabalha	por	uma	remuneração,</p><p>trabalha	por	um	sustento	seu	e	da	sua	família.	E,	nesse	caso,	sendo	o</p><p>empregador	 o	 responsável	 por	 aquele	 vínculo,	 é	 ele	 quem	 vai</p><p>remunerar,	 ele	 vai	 fornecer	 a	 contraprestação	 -	 a	 retribuição	 -	 por</p><p>aquele	trabalho	prestado.</p><p>Seguindo	adiante,	pessoal,	nós	 temos	 também	a	característica	 -	uma</p><p>característica	muito	 importante	 -	que	o	próprio	art.	2º	 traz,	que	é	a</p><p>característica	da	alteridade.</p><p>13Curso	Ênfase	©	2020</p><p>A	alteridade	vem	de	"outro",	"alter"	-	"alter	ego":	outro	ego.</p><p>A	 ideia	 de	 alteridade,	 no	 contrato	 de	 trabalho,	 parte	 do	 mesmo</p><p>fundamento	do	poder	diretivo.	Ora,	pessoal,	se	é	o	empregador	quem</p><p>desenvolve	a	livre	iniciativa,	se	é	o	empregador	quem	é	o	proprietário</p><p>daqueles	meios	de	produção,	se	foi	ele	quem	investiu,	se	foi	ele	quem</p><p>gastou	seu	dinheiro,	os	lucros	que	advierem	daquele	empreendimento</p><p>serão	seus,	mas	os	prejuízos	também.</p><p>Então,	o	princípio	da	alteridade	nos	diz	que	a	atividade	do	empregado</p><p>é	exercida	não	por	 conta	própria,	mas	é	uma	atividade	exercida	por</p><p>conta	alheia.</p><p>E	 qual	 é	 a	 consequência	 de	 ser	 uma	 atividade	 exercida	 por</p><p>conta	alheia?</p><p>Todos	os	 riscos	dessa	atividade	não	 são	do	empregado,	mas,	 sim,	do</p><p>14Curso	Ênfase	©	2020</p><p>empregador.	E	quando	eu	me	refiro	a	riscos,	podem	colocar	aí	 todos</p><p>aqueles	inerentes	à	atividade,	inclusive	os	gastos	e	as	despesas	com	o</p><p>contrato	 de	 trabalho.	 O	 empregado	 não	 pode	 pagar	 para	 trabalhar.</p><p>Tudo	 aquilo	 	 -	 todo	 aquele	 gasto	 -	 que	 disser	 respeito	 à	 atividade</p><p>laborativa,	todo	aquele	gasto	que	for	essencial	e	que	for	indispensável</p><p>à	 realização	 do	 trabalho,	 deve	 ser	 pago	 -	 deve	 ser	 arcado	 -	 pelo</p><p>empregador.	 Não	 é	 o	 empregado	 quem	 vai	 custear	 as	 suas</p><p>ferramentas	 de	 trabalho,	 os	 seus	 instrumentos	 de	 trabalho,	 por</p><p>exemplo.</p><p>Um	outro	aspecto	da	alteridade	diz	respeito	aos	riscos.</p><p>Exemplo:	 um	 trabalhador	 que	 labora	 como	 vendedor	 e	 num	 mês</p><p>inteiro	não	vende	nada.	Ora,	os	riscos	da	atividade	não	são	dele.	Se	ele</p><p>trabalhou	esse	mês	inteiro,	diz	a	lei:	ele	vai	ter	direito,	pelo	menos,	a</p><p>um	 salário	 mínimo.	 A	 Constituição	 assegura	 a	 percepção	 de	 um</p><p>salário	mínimo	para	aqueles	que	recebem	remuneração	variável.</p><p>Então,	ainda	que	ele	ganhe	por	comissão,	se	tiver	um	mês	que	ele	não</p><p>vendeu	nada	(ele	não	vendeu	nada,	não	é	porque	ele	 foi	muito	ruim,</p><p>porque	 ele	 não	 trabalhou,	 mas	 é	 porque	 aquela	 empresa	 não	 está</p><p>vendendo,	 ou	 porque	 o	 mercado	 está	 ruim,	 ou	 porque	 os	 produtos</p><p>vendidos	 por	 aquela	 empresa	 não	 são	 produtos	 que	 demandem</p><p>consumo	 -	 não	 tem	clientes	para	aquela	 empresa),	 os	 riscos	não	 são</p><p>dele	-	empregado.	O	empregado	esteve	ali,	colocou	sua	mão	de	obra	à</p><p>disposição	do	empregador,	e	uma	vez	que	ele	colocou	sua	mão	de	obra</p><p>à	disposição,	ele	vai	ter	direito	à	remuneração.</p><p>"Ah,	Joalvo,	mas	a	empresa	teve	prejuízo	aquele	mês"</p><p>Ainda	assim,	 ainda	 tendo	prejuízo	 ela	 vai	 ter	 que	pagar	 o	 salário	do</p><p>15Curso	Ênfase	©	2020</p><p>empregado.</p><p>Por	que?</p><p>Porque	os	prejuízos	são	dela,	já	que	os	riscos	da	atividade	econômica</p><p>pertencem	ao	empregador.</p><p>Isso	 é	muito	 interessante	 pessoal	 -	 a	 utilização	 deste	 dispositivo	 -	 na</p><p>aplicação	 da	 responsabilidade	 objetiva	 no	 âmbito	 do	 direito	 do</p><p>trabalho.</p><p>A	 responsabilidade	 objetiva	 é	 baseada	 -	 em	 situações	 de</p><p>responsabilidade	civil	-	na	teoria	do	risco.</p><p>E	quem	corre	o	risco	na	atividade	econômica?</p><p>O	empregador,	o	empreendedor.	Dentro	de	um	contrato	de	trabalho,</p><p>quem	 está	 correndo	 todos	 os	 riscos	 é	 o	 empregador,	 e	 não	 o</p><p>empregado.</p><p>Então,	 se	 alguma	 coisa	 acontece	 ao	 empregado,	 um	 acidente,	 por</p><p>exemplo,	em	uma	atividade	de	risco	-	em	uma	atividade	arriscada	-,	a</p><p>indenização	 deve	 ser	 imputada	 ao	 empregador.	 Ainda	 que	 o</p><p>empregador	não	tenha	culpa.	Ainda	que	o	empregador	não	tenha	tido</p><p>dolo	-	 intenção	-	de	causar	aquele	dano,	ele	vai	responder,	porque	os</p><p>riscos	da	atividade	econômica	 são	dele.	Os	prejuízos	que	a	advierem</p><p>daquela	 atividade	 econômica	 pertencem	 a	 ele	 e	 não	 devem	 ser</p><p>suportados	pelo	empregado.</p><p>Questão	 interessante	 -	 vamos	 ver	 agora	 -,	 é	 uma	 questão	 de</p><p>jurisprudência.</p><p>16Curso	Ênfase	©	2020</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>Eu	 trouxe	 para	 vocês	 uma	 jurisprudência	 do	 Tribunal	 Superior	 do</p><p>Trabalho	 (TST),	 que	 é	 o	 Informativo	 nº	 101.	 Veja	 o	 que	 diz	 o</p><p>Informativo	nº	101,	que	trata	de	alteridade:</p><p>O	TST	entendia	-	tinha	uma	jurisprudência	forte	-		no	sentido	de	que</p><p>uniformes	 usados	 pelos	 empregados,	 quando	 eram	 obrigatórios	 pelo</p><p>empregador,	 	 deveriam	 ser	 lavados	 pelo	 empregador,	 já	 que	 é	 algo</p><p>essencial	à	realização	do	trabalho.</p><p>Ora,	pessoal,	temos	que	examinar	isso	aqui	com	muita	calma:</p><p>Embora,	na	 verdade,	haja	uma	alteridade	no	 contrato	de	 trabalho,	 a</p><p>Reforma	Trabalhista	passou	a	disciplinar	essa	questão	dos	uniformes</p><p>e	passou	a	permitir	que	o	empregador	exija	a	utilização	de	uniformes</p><p>17Curso	Ênfase	©	2020</p><p>pelos	 empregados.	 Na	 verdade,	 essa	 norma	 é	 até	 inócua,	 porque</p><p>mesmo	 antes	 da	 norma	 os	 empregadores	 já	 podiam	 exigir	 uniforme</p><p>dos	seus	empregados.</p><p>E	por	que	já	podiam?</p><p>Porque	tem	o	poder	diretivo,	ele	pode	exigir	como	o	empregado	vai	se</p><p>vestir,	 que	 roupas	 o	 empregado	 vai	 trajar	 quando	 está	 trabalhando.</p><p>Isso	ele	pode	fazer.</p><p>Agora,	onde	é	que	entra	a	alteridade?</p><p>Se	 eu	 exijo	 o	 uniforme	do	meu	 empregado,	 eu	 tenho	 que	 pagar	 por</p><p>esse	 uniforme.	 As	 despesas	 relativas	 ao	 uniforme	 não	 podem	 ser	 do</p><p>empregado,	têm	que	ser	do	empregador	(se	é	ele	que	está	exigindo).</p><p>Se	o	empregado	 for	 trabalhar	com	a	 roupa	dele,	o	empregado	paga;</p><p>mas	se	o	empregador	exige	uma	roupa	específica,	o	empregador	tem</p><p>que	pagar.</p><p>Agora,	 em	 relação	 à	 lavagem	 desses	 uniformes,	 aí	 que,	 agora,	 a</p><p>Reforma	Trabalhista	traz	uma	distinção:</p><p>se	 for	 uma	 lavagem	 simples,	 se	 for	 uma	 roupa	 comum	 -	 uma</p><p>roupa	normal	-	que	ele	pode	lavar	da	mesma	forma	que	ele	lava</p><p>as	 suas	 roupas	 -	 ele	 pode	 colocar	 numa	máquina	 de	 lavar	 ou</p><p>num	 tanquinho,	 ou	 ele	pode	 lavar	na	mão,	 como	ele	 lava	 suas</p><p>demais	 roupas</p><p>-	 então,	 nenhum	 custo	 será	 imputado	 ao</p><p>empregador.</p><p>no	 entanto,	 pessoal,	 existem	uniformes	 diferenciados,	 existem</p><p>uniformes	que	são	verdadeiros	equipamentos	e	que	não	podem</p><p>ser	 lavados	 de	 qualquer	 forma	 ou	 qualquer	 maneira.	 Muitas</p><p>18Curso	Ênfase	©	2020</p><p>vezes	têm	que	ir	para	lojas	específicas,	têm	ali	equipamentos	e</p><p>substâncias	 especiais	 que	 têm	 que	 ser	 colocados	 naquele</p><p>uniforme.	Nesses	casos	específicos,	nesses	casos	diferenciados,</p><p>é	evidente	que	o	custo	não	deve	ser	suportado	pelo	empregado,</p><p>mas,	sim,	pelo	empregador.</p><p>Então,	 o	 empregador	 vai	 pagar	 a	 higienização	 do	 uniforme,	 a</p><p>depender	de	que	tipo	de	uniforme	se	trate.</p><p>Importante,	também,	tratar	da	despersonalização	do	empregador.</p><p>"Como	assim,	Joalvo,	despersonalização	do	empregador?"</p><p>Existe,	 no	 Direito	 do	 Trabalho,	 uma	 figura	 chamada	 de	 sucessão</p><p>trabalhista.</p><p>19Curso	Ênfase	©	2020</p><p>O	 contrato	 de	 trabalho	 é	 personalíssimo,	 mas	 ele	 é	 personalíssimo</p><p>apenas	 em	 relação	 ao	 empregado.	 Significa	 que	 se	 o	 empregado</p><p>morre,	o	contrato	de	trabalho,	automaticamente,	está	extinto.</p><p>Por	que?</p><p>Porque	 não	 existe	 contrato	 de	 trabalho	 com	 outro	 empregado.	 Pode</p><p>celebrar	um	novo	contrato	de	trabalho,	mas	não	existe	substituição	de</p><p>um	empregado	por	outro	dentro	do	mesmo	contrato	de	trabalho.</p><p>Agora,	quanto	ao	empregador	pode	existir,	há	o	que	nós	chamamos	de</p><p>despersonalização	do	empregador,	que	tem	a	ver	com	a	continuidade</p><p>do	 contrato	 de	 trabalho.	 Se	 uma	 empresa	 fecha,	 se	 uma	 empresa</p><p>quebra	 -	 equivale	 à	morte	 daquela	 pessoa	 jurídica	 -,	mas	 vem	 outra</p><p>pessoa	jurídica	e	continua	aquela	atividade	empresarial,	vai	acontecer</p><p>o	que	nós	chamamos	de	sucessão	trabalhista.	Essa	empresa	sucessora</p><p>vai	 adquirir	 a	 empresa	 sucedida,	 inclusive	 quanto	 aos	 contratos	 de</p><p>trabalho.</p><p>Então,	é	muito	importante	saber	dessa	característica	do	empregador,</p><p>que	 é	 a	 despersonalização.	 Enquanto	 o	 empregado	 exerce	 a	 sua</p><p>função	 de	 forma	 personalíssima,	 enquanto	 existe,	 no	 contrato,	 uma</p><p>pessoalidade	 em	 relação	 ao	 empregado,	 não	 vai	 existir	 essa</p><p>personalidade	em	relação	ao	empregador.</p><p>Vamos	agora	para	um	conteúdo	muito	importante.</p><p>CONTEÚDO	IMPORTANTE</p><p>Embora	 nós	 tenhamos	 estudado	 a	 alteridade	 e	 nós	 tenhamos	 visto</p><p>que,	 via	 de	 regra,	 são	 do	 empregador	 os	 riscos	 da	 atividade</p><p>20Curso	Ênfase	©	2020</p><p>econômica,	 existem	 algumas	 situações	 em	 que	 esses	 riscos	 são</p><p>partilhados	com	o	empregado.</p><p>Por	 exemplo:	 pagamento	 de	 parcelas	 variáveis	 -	 empregadores	 que</p><p>pagam	 com	 base	 de	 comissões,	 por	 exemplo	 -	 é	 uma	 forma	 de</p><p>compartilhar	 o	 risco	 com	 o	 empregado,	 porque	 se	 a	 empresa	 vende</p><p>mais,	 o	 empregado	 ganha	 mais;	 se	 a	 empresa	 vende	 menos,	 o</p><p>empregado	ganha	menos.</p><p>Claro	 que	 o	 empregado	 não	 pode	 ficar	 sem	 ganhar	 nada,	 ele	 tem</p><p>direito	a	um	salário	mínimo,	mas	o	pagamento	de	salário	em	comissão</p><p>é	uma	forma	de	compartilhar	com	o	empregado	os	riscos	da	atividade</p><p>econômica.	Assim	como	as	possibilidades	que	a	CF/1988	permite,	de</p><p>redução	 salarial,	 possibilidade	 de	 lay	 off	 -	 que	 é	 a	 paralisação	 dos</p><p>contratos	-	ou	até	mesmo	extinção	do	contrato	por	força	maior.</p><p>21Curso	Ênfase	©	2020</p><p>Todas	 essas	 são	 situações	 em	 que	 a	 empresa	 vai	 mal	 e	 acaba</p><p>compartilhando	esse	prejuízo	com	o	empregado.	Então,	são	situações</p><p>de	relativização	da	ideia	de	alteridade.</p><p>Tá	okay,	pessoal?	Bons	estudos	e	até	o	nosso	próximo	encontro.</p>

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