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<p>RESUMO DA AP1 – DE IMAGEM, CULTURA E TECNOLOGIA</p><p>AULA 1: O QUE É O REAL? O QUE É A IMAGEM? COMO SE ATRAVESSAM E SE</p><p>ALTERAM?</p><p>Selfies. Links. Lives. Vídeos. Fotografias. Noticiários. Publicidade. Quantas imagens somamos ao final</p><p>de um dia? Em que elas ajudam a construir o que chamamos de "vida real"? O que nossa imagem diz de nós</p><p>ao circular com tanta intensidade nas redes sociais? Como nossa vida privada foi se tornando pública nessa</p><p>circulação? Como ensinar e aprender foram ganhando novos contornos?</p><p>O propósito desta disciplina é indagar sobre a produção e circulação de imagens em nossa sociedade.</p><p>Em que medida o avanço das tecnologias de informação e comunicação transformaram a produção e a</p><p>circulação de imagens? No que isso afeta a nossa forma de perceber o mundo social?</p><p>Um primeiro convite que fazemos é o de pensar sobre o cotidiano e de anotarem com quantos tipos de</p><p>imagens vocês se relacionam no dia a dia. São tantas, que muitas vezes ocupam nossa vida sem que tenhamos</p><p>tempo de pensar um pouco sobre elas. A ideia central desta Disciplina é um convite a esse pensar, a um</p><p>desnaturalizar das imagens cotidianas. Indagar sobre como as imagens são produzidas, que sentidos provocam,</p><p>o que tornam visível e o que visibilizam. Observe as imagens nas redes sociais, nas mídias eletrônicas, nos</p><p>livros infantis, nos livros didáticos. De que cultura tratam? Que rostos mostram? Que estéticas padronizam?</p><p>Em que imagens você se sente representado/a?</p><p>A ideia é colocar as imagens em condição de questionamento. De forma enfática, porém, com leveza.</p><p>E para fechar este primeiro encontro, trazemos um vídeo com esculturas do artista Robin Wight. Construídas</p><p>em metal desenham um verdadeiro balé ao vento - desafio de leveza que procuraremos manter nesta disciplina</p><p>no diálogo com a arte.</p><p>TEXTO 1: A Mágica da Imagem, de Jorge Furtad, dezembro de 1995.</p><p>O texto fala sobre a proibição de fazer imagens e adorá-las, como ensinado no Livro do Êxodo. Ele</p><p>destaca como a humanidade tem sido fascinada pelas imagens ao longo da história, desde desenhos em</p><p>cavernas até a tecnologia moderna. Discute-se o impacto das imagens na vida contemporânea, apontando sua</p><p>influência na sociedade, política e cultura, bem como suas consequências, como a falta de contato com a</p><p>realidade e a superficialidade das relações humanas.</p><p>O autor questiona o propósito das imagens, destacando questões como a busca pelo lucro, vaidade e</p><p>manipulação das massas. Também argumenta sobre a necessidade de democratizar o acesso à informação e</p><p>de valorizar a diversidade e a autenticidade na representação das pessoas. Por fim, defende o poder</p><p>transformador das imagens, quando utilizadas com responsabilidade e em prol do enriquecimento humano.</p><p>O texto aborda diversos conceitos relacionados à criação e ao uso de imagens, bem como suas</p><p>implicações na sociedade contemporânea.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Proibição de fazer imagens: O texto faz referência à proibição encontrada no Livro do Êxodo, onde é</p><p>instruído que não se deve fazer imagens e adorá-las.</p><p>2. Atração das imagens ao longo da história: Desde os primórdios da humanidade, as imagens têm fascinado</p><p>as pessoas, desde pinturas em cavernas até tecnologias modernas como a televisão.</p><p>3. Motivações para criar imagens: O texto explora diversas motivações para a criação de imagens, incluindo</p><p>a busca por lucro, vaidade, engano, e controle sobre o objeto representado.</p><p>4. Impacto das imagens na sociedade: As imagens têm um poder significativo na sociedade contemporânea,</p><p>influenciando a forma como percebemos o mundo e nos relacionamos com ele.</p><p>5. Democratização do acesso às imagens: O autor destaca a importância de democratizar o acesso à</p><p>informação e às imagens, especialmente em um contexto onde o controle dos meios de comunicação pode</p><p>gerar desigualdades.</p><p>6. Dívida das imagens com a sociedade: O texto aponta que as imagens têm uma dívida com a sociedade em</p><p>representar de forma mais autêntica e diversificada a realidade, bem como em valorizar a importância das</p><p>palavras e da poesia.</p><p>7. Transformação através das imagens: O autor argumenta que as imagens têm o potencial de transformar o</p><p>espectador e, consequentemente, o mundo, destacando a importância de utilizá-las de forma responsável e</p><p>ética.</p><p>AULA 2: CULTURA, CULTURAS – CONHECER E SE RECONHECER</p><p>A cultura é o elo que nos liga aos outros, nos diferentes tempos e espaços. Práticas, produtos, modos</p><p>de perceber, registrar, comunicar. Tradição e descartabilidade. Padrões de comportamentos, crenças, saberes,</p><p>tecnologias. Encontros, desencontros, alteridades, relações de poder. Pertencimento. Exclusão. Ser singular</p><p>numa vida plural. Ser plural, sendo um só. Ser (in)justo na (des)igualdade. Como ser inteiro se sabendo apenas</p><p>parte?</p><p>A ideia de cultura é bastante ampla e complexa. Varia, conforme as épocas e as sociedades. Como nos</p><p>tornamos o que somos? Quantas vozes ecoam naquilo que dizemos? Para que é para quem produzimos nossas</p><p>práticas? Que ingredientes selecionamos e acrescentamos a esse complexo caldo chamado cultura?</p><p>TEXTO 1: A Cultura, de Marilena Chauí.</p><p>O texto fala sobre como a cultura é importante na sociedade, pois ela influencia nossas ideias, valores</p><p>e modo de viver. Chauí destaca que a cultura não é algo fixo, mas sim dinâmico, sempre em transformação.</p><p>Ela aborda como a cultura é construída por meio das relações sociais e como ela pode ser usada para</p><p>oprimir ou libertar as pessoas.</p><p>Aqui estão algumas maneiras pelas quais Chauí discute como a cultura pode ser usada para oprimir ou</p><p>libertar as pessoas:</p><p>1. Cultura como ferramenta de opressão: Chauí analisa como certos grupos dominantes na sociedade</p><p>utilizam a cultura como uma ferramenta para manter seu poder e privilégio, impondo seus valores, normas e</p><p>ideologias sobre os outros. Isso pode incluir a imposição de uma visão de mundo hegemônica que marginaliza</p><p>e silencia as vozes das minorias, reforçando assim estruturas de dominação e desigualdade.</p><p>2. Cultura como resistência e libertação: Por outro lado, Chauí também destaca como a cultura pode ser</p><p>uma forma de resistência e libertação para os grupos oprimidos. Ela argumenta que as expressões culturais</p><p>desses grupos muitas vezes servem como uma maneira de desafiar as narrativas dominantes e reivindicar sua</p><p>própria identidade e dignidade. Isso pode envolver a criação de arte, música, literatura e outras formas de</p><p>expressão que contestam as injustiças sociais e promovem a solidariedade e a mobilização política.</p><p>3. Conscientização e emancipação cultural: Chauí enfatiza a importância da conscientização cultural como</p><p>um primeiro passo para a emancipação social. Isso envolve o reconhecimento das estruturas de poder e</p><p>dominação presentes na cultura, bem como a capacidade de questionar e desafiar essas estruturas. Ela defende</p><p>a educação crítica e o engajamento político como meios de capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos</p><p>na transformação de suas próprias realidades culturais e sociais.</p><p>Portanto, para Chauí, a cultura é um campo de luta política onde as relações de poder são contestadas</p><p>e reconfiguradas, podendo tanto reforçar a opressão quanto servir como uma ferramenta de emancipação e</p><p>libertação.</p><p>Chauí também discute a ideia de cultura popular e erudita, questionando as hierarquias entre elas. No</p><p>geral, o texto enfatiza a complexidade e a influência da cultura em nossas vidas. Vou resumir as diferenças</p><p>entre esses dois tipos de cultura de acordo com o entendimento geral:</p><p>1. Cultura Erudita: Também conhecida como cultura de elite, é aquela que é produzida e consumida por</p><p>uma pequena parcela da população, geralmente composta por intelectuais, acadêmicos, artistas e elites sociais.</p><p>Ela é caracterizada pela sofisticação, refinamento e pelo acesso restrito, requerendo muitas vezes educação</p><p>formal para ser compreendida e apreciada. Exemplos incluem obras de arte clássica,</p><p>literatura acadêmica,</p><p>música clássica, teatro experimental, entre outros.</p><p>2. Cultura Popular: É aquela que surge e se desenvolve organicamente a partir das práticas e expressões do</p><p>povo em geral, sendo acessível a uma grande parcela da população. Ela reflete as tradições, costumes, valores</p><p>e formas de expressão de uma comunidade específica, podendo incluir música popular, folclore, danças</p><p>tradicionais, artesanato, contos populares, entre outros. A cultura popular é frequentemente transmitida</p><p>oralmente e pode ser bastante diversificada e dinâmica, evoluindo ao longo do tempo.</p><p>Em resumo, a principal diferença entre cultura erudita e cultura popular reside no seu público-alvo, no</p><p>nível de acesso e na complexidade das formas de expressão. Enquanto a cultura erudita é voltada para uma</p><p>elite educada e requer um certo grau de conhecimento especializado para ser apreciada, a cultura popular é</p><p>mais acessível e representa as expressões culturais das massas.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Cultura como construção social: Chauí destaca que a cultura é produzida e compartilhada pelas relações</p><p>sociais, sendo um fenômeno dinâmico e em constante transformação.</p><p>2. Influência da cultura na sociedade: A autora discute como a cultura influencia nossas ideias, valores e</p><p>modos de vida, permeando todas as esferas da sociedade.</p><p>3. Diversidade cultural: Chauí ressalta a diversidade cultural e a multiplicidade de expressões culturais</p><p>presentes na sociedade, questionando hierarquias e valorizando diferentes manifestações culturais.</p><p>4. Cultura como instrumento de poder: Ela aborda como a cultura pode ser utilizada tanto para oprimir</p><p>quanto para libertar as pessoas, destacando os aspectos políticos e ideológicos envolvidos na produção</p><p>cultural.</p><p>5. Relação entre cultura popular e erudita: Chauí discute as relações entre cultura popular e erudita,</p><p>questionando hierarquias e enfatizando a importância de reconhecer e valorizar todas as formas de expressão</p><p>cultural.</p><p>TEXTO 2: Cultura e Democracia, de Marilena Chauí.</p><p>O texto fala sobre como a cultura é importante para a democracia. Ela destaca que a cultura é o conjunto</p><p>de valores, costumes e conhecimentos compartilhados por uma sociedade. Chauí argumenta que uma cultura</p><p>democrática promove a igualdade, a diversidade e o respeito mútuo entre as pessoas. Ela também discute</p><p>como a cultura pode ser usada para fortalecer ou enfraquecer a democracia, dependendo de como é praticada</p><p>e difundida.</p><p>Como Chauí enfatiza a importância de uma cultura que promova os princípios democráticos para o</p><p>bom funcionamento da sociedade?</p><p>1. Participação e igualdade: Chauí argumenta que uma cultura democrática deve promover a participação</p><p>ativa de todos os membros da sociedade, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e levadas em</p><p>consideração no processo de tomada de decisões. Isso implica na promoção da igualdade de acesso aos</p><p>recursos culturais e educacionais, bem como na eliminação de barreiras que possam marginalizar certos grupos</p><p>da participação democrática.</p><p>2. Pluralismo e diversidade: Para Chauí, uma cultura democrática valoriza o pluralismo e a diversidade de</p><p>perspectivas, reconhecendo que uma sociedade democrática é composta por uma multiplicidade de grupos e</p><p>identidades. Isso implica na valorização e respeito pelas diferentes tradições culturais, crenças, práticas e</p><p>modos de vida, promovendo um diálogo aberto e inclusivo entre diferentes grupos e comunidades.</p><p>3. Educação crítica e conscientização: Chauí destaca a importância da educação crítica na formação de</p><p>cidadãos democráticos, capazes de questionar e analisar criticamente as estruturas de poder presentes na</p><p>sociedade. Isso envolve o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico, capacidade de análise e</p><p>discernimento, bem como uma compreensão profunda dos valores democráticos, como a liberdade, a</p><p>igualdade e a justiça.</p><p>4. Respeito aos direitos humanos e civis: Uma cultura democrática, segundo Chauí, deve estar fundamentada</p><p>no respeito aos direitos humanos e civis de todos os indivíduos, garantindo a proteção da liberdade de</p><p>expressão, da liberdade de associação, da igualdade perante a lei e de outros direitos fundamentais. Isso</p><p>implica na criação de instituições e práticas culturais que promovam a justiça social e a dignidade humana.</p><p>Em resumo, para Chauí, uma cultura que promove os princípios democráticos é aquela que valoriza a</p><p>participação, o pluralismo, a educação crítica e o respeito aos direitos humanos, proporcionando assim as</p><p>condições necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, igualitária e livre.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Cultura como base da democracia: Chauí destaca a importância da cultura como um elemento</p><p>fundamental para a existência e a sustentação da democracia. Ela argumenta que uma cultura democrática é</p><p>aquela que promove valores como igualdade, liberdade e diversidade.</p><p>2. Democracia como processo cultural: A autora discute como a democracia não é apenas uma forma de</p><p>governo, mas também um processo cultural que envolve a participação ativa dos cidadãos na vida política e</p><p>social.</p><p>3. Relação entre cultura e poder: Chauí analisa como a cultura pode ser usada tanto para fortalecer quanto</p><p>para minar a democracia, dependendo de quem detém o poder de produzir e difundir os discursos culturais</p><p>dominantes.</p><p>4. Cultura como instrumento de inclusão: Ela enfatiza a importância de uma cultura que promova a inclusão</p><p>social e o respeito à diversidade, garantindo que todos os grupos e indivíduos tenham voz e representação na</p><p>sociedade.</p><p>5. Educação como promotora da cultura democrática: Chauí discute o papel da educação na formação de</p><p>uma cultura democrática, destacando a importância de uma educação crítica e emancipadora que capacite os</p><p>cidadãos a participarem ativamente da vida democrática.</p><p>TEXTO 3: Infância, Docência e Cultura, de Rita Marisa Ribes Pereira (Coordenadora da disciplina).</p><p>O texto fala sobre como a infância, o ensino e a cultura estão conectados. Pereira destaca a importância</p><p>de entender a criança como um ser ativo na construção do conhecimento e na sua relação com a cultura.</p><p>Ela argumenta que os professores precisam reconhecer e valorizar a diversidade cultural das crianças,</p><p>adaptando suas práticas de ensino para atender às necessidades de cada aluno. Pereira também discute como</p><p>o contexto cultural influencia a maneira como as crianças aprendem e se desenvolvem.</p><p>Em resumo, o texto aborda a interseção entre infância, docência e cultura, enfatizando a importância</p><p>de uma abordagem inclusiva e sensível às diferenças culturais no processo educacional.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Infância como construção social: Pereira discute como a infância não é apenas uma fase do</p><p>desenvolvimento, mas sim um conceito moldado pelas interações sociais e culturais, variando de acordo com</p><p>o contexto histórico e cultural.</p><p>2. Docência sensível à diversidade: A autora destaca a importância de os professores reconhecerem e</p><p>valorizarem a diversidade cultural das crianças, adaptando suas práticas de ensino para atender às necessidades</p><p>e experiências individuais de cada aluno.</p><p>3. Cultura como contexto educativo: Pereira enfatiza como o contexto cultural influencia a maneira como</p><p>as crianças aprendem e se desenvolvem, defendendo uma abordagem educacional que leve em consideração</p><p>as diferentes formas de expressão cultural presentes na sala de aula.</p><p>4. Participação ativa da criança: Ela argumenta que as crianças não são apenas receptáculos passivos de</p><p>conhecimento, mas sim agentes ativos na construção do seu próprio entendimento e na sua relação com a</p><p>cultura.</p><p>5. Inclusão e equidade: A autora ressalta a importância de uma abordagem educacional inclusiva que</p><p>reconheça e valorize as diversas identidades e experiências culturais dos alunos, promovendo a equidade no</p><p>acesso ao conhecimento e oportunidades educacionais.</p><p>AULA 3: TANTAS IMAGENS,</p><p>TANTOS PONTOS DE VISTA</p><p>Quantas imagens vemos a cada dia? Quem as produz? De onde elas vêm? Que histórias pretendem</p><p>contar?</p><p>As imagens são sempre um diálogo entre quem as produz e quem dialoga com elas. Por isso mesmo,</p><p>quando uma imagem é produzida há, no mínimo, DUAS posições que precisam ser destacadas: aquela que a</p><p>própria imagem mostra em sua materialidade e aquela que quem a produziu está ocupando, ou seja, de que</p><p>lugar ele olha. Uma imagem é sempre um recorte da realidade social escolhido por quem a produz para</p><p>mostrar.</p><p>Quem produz as imagens que vemos? O que quer nos mostrar? O que vemos?</p><p>O que está em jogo quando diferentes pontos de vista são colocados em cena? Que diálogos são</p><p>possíveis? Que relações de poder explicitam ou escondem?</p><p>Que pontos de vista são mais recorrentes? Que pontos de vista não são considerados? Por quê?</p><p>Que visões de mundo nos interpelam todo dia, sem que nem nos demos conta? Em que medida essas</p><p>visões vão se tornando "naturalizadas" em nós, como verdades inquestionadas?</p><p>Para exemplificar, trazemos um pouco da nossa história, contada pelos livros escolares:</p><p>Essa imagem da chegada dos portugueses ao Brasil, retratada pelo pintor Oscar Pereira da Silva,</p><p>estampa muitos livros escolares e povoa o nosso imaginário desde a infância. Ela ganha outros contornos</p><p>quando complementada pela célebre Carta de Pero Vaz de Caminha.</p><p>No entanto, quando vamos pensando que as imagens e as histórias que elas contam apresentam UM</p><p>ponto de vista sobre a realidade social, não podemos deixar de indagar: Que outro ponto de vista há para contar</p><p>essa história? Em que linguagens?</p><p>De quantas maneiras essa história da chegada dos Portugueses ao Brasil poderia ser contada? Como</p><p>será que os marinheiros contariam essa história? E como contariam os índios que habitavam estas terras?</p><p>Como você (re)conta essa história? Já parou para pensar que ela é a sua história? Você se reconhece</p><p>nela? O que fazer para se reconhecer nas histórias contadas? Como é a nossa história quando ela é contada do</p><p>ponto de vista dos outros? Como contar a nossa história a partir do nosso ponto de vista?</p><p>E hoje, passados mais de 500 anos, como produzimos e narramos a história? Que histórias construímos</p><p>sobre nós e sobre o mundo em que vivemos a partir das imagens e discursos que nos chegam?</p><p>Que histórias do Brasil são contadas, hoje, na escola? Nos livros? Nas diferentes mídias? O que mudou</p><p>- tecnologicamente, politicamente, culturalmente - desde os tempos da pintura de Pereira da Silva até</p><p>hoje? Em que histórias do Brasil nos reconhecemos? Que histórias você conta com as imagens que produz?</p><p>Para refletir sobre a importância dos ângulos de visão e das histórias que se produz a partir deles,</p><p>sugerimos assistir ao vídeo da escritora Chimamanda Adichie intitulado "O perigo da história única". A</p><p>transcrição desse discurso encontra-se abaixo, entre os textos de leitura obrigatória.</p><p>O vídeo "O Perigo da História Única".</p><p>É uma palestra TED ministrada pela renomada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Nesta</p><p>palestra, Adichie discute a importância de reconhecer e valorizar a diversidade de narrativas e perspectivas</p><p>dentro de uma sociedade.</p><p>Adichie começa compartilhando sua própria experiência como leitora e escritora, destacando como as</p><p>histórias que ela encontrava na infância eram principalmente de autores ocidentais e como isso moldou sua</p><p>visão inicial do mundo. Ela então explora o conceito de "história única", que se refere à tendência de reduzir</p><p>um grupo de pessoas, um lugar ou uma cultura a uma única história dominante, geralmente estereotipada e</p><p>incompleta.</p><p>Adichie argumenta que essa história única pode levar a uma compreensão distorcida e simplista de</p><p>outras culturas e povos, alimentando estereótipos e preconceitos. Ela enfatiza a importância de ouvir e</p><p>valorizar múltiplas perspectivas, especialmente daqueles que são frequentemente marginalizados ou sub-</p><p>representados na mídia e na literatura.</p><p>Ao longo da palestra, Adichie compartilha exemplos pessoais e histórias de sua própria cultura</p><p>nigeriana para ilustrar como a história única pode ser problemática e como a diversidade de vozes e narrativas</p><p>é essencial para uma compreensão mais completa e precisa do mundo.</p><p>Em última análise, Adichie conclama os espectadores a resistir à simplificação e à estereotipação,</p><p>incentivando a busca por uma compreensão mais rica e complexa da humanidade por meio da valorização e</p><p>celebração da diversidade de histórias e experiências.</p><p>AULA 4: A IMAGEM E QUEM (NÃO) A VÊ</p><p>O que é a imagem para quem não a vê? Como as aulas desta disciplina podem dialogar com quem não</p><p>vê suas imagens? Estas perguntas são de extrema importância numa sociedade marcada pelo apelo visual.</p><p>Neste semestre, temos entre nós, nesta disciplina, alunos não veem. Nosso desafio, então, é ainda maior, pois</p><p>não apenas temos um tema complexo para tratar, como também precisamos construir uma sensibilidade que</p><p>passe por outras formas de linguagens para a construção do diálogo.</p><p>Esta situação não é inusitada nem única: ela faz e fará parte de nosso cotidiano na vida e na</p><p>escola. Então? Que fazer? Nesta disciplina - como na vida - precisamos conversar sobre isto, pois entendemos</p><p>que traz um desafio ético. Mais que isso, este é um tema crucial para a educação e para o viver em sociedade.</p><p>Procuraremos construir um diálogo singular de acordo com as necessidades, sem esquecer que a imagem é</p><p>um tema central da disciplina.</p><p>Precisamos indagar: a imagem é apenas para quem a vê? Quem nos ajuda a enfrentar essa pergunta é</p><p>Eugen Bavcar, um fotógrafo esloveno, que é cego, e que inventa muitas maneiras para fotografar.</p><p>Bavcar costuma dizer que as pessoas se surpreendem com ele e costumam perguntar COMO ele consegue</p><p>fotografar. Para contrapor, Bavcar diz que a pergunta certa deveria ser POR QUE ele, sendo cego,</p><p>fotografa? Para ele, fotografia não é apenas uma superfície de papel: fotografias são também as histórias de</p><p>sua produção, as histórias que se deseja guardar, as histórias que queremos inventar e, principalmente, as</p><p>histórias que queremos compartilhar.</p><p>A imagem precisa contar uma história, e essa história, pode ser contada de várias maneiras. Não é a</p><p>imagem que dá sentido às pessoas e suas histórias, mas as histórias trocadas entre as pessoas que vão dando</p><p>sentido às imagens.</p><p>Exercícios de ver/não ver na escola</p><p>Inspiradas pela experiência de Bavcar, Rita e Ivana, professoras desta disciplina, certa vez organizaram</p><p>um projeto de produção de fotografias com jovens cegos e com baixa visão. O projeto se desenvolveu no</p><p>Instituto Helena Antipoff, da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.</p><p>Para conhecer mais sobre esse Projeto e sobre os desafios desse trabalho, leia o texto "Imagens</p><p>Transvistas" que se encontra logo abaixo, entre os textos recomendados. O projeto foi um trabalho semelhante</p><p>ao de todo professor que em suas turmas se depara com o desafio de lidar com os limites da cultura visual e a</p><p>desigualdade que fica invisibilizada em meio à infinidade de imagens que circulam.</p><p>Indagações, desafios e utopias como essas ajudarão a construir uma reflexão sobre os sentidos da</p><p>imagem na cultura contemporânea. Para conhecer melhor o trabalho de Eugen Bavcar, autor e modelo da</p><p>imagem que abre está aula, trazemos alguns de seus trabalhos:</p><p>TEXTO 1: O Cego Estrelinho, de Mia Couto.</p><p>O texto narra a história de Estrelinho, um cego que depende de Gigito Efraim, seu guia, para se</p><p>locomover. Gigito descreve para Estrelinho um mundo cheio de detalhes e fantasia, mesmo que o cego não</p><p>possa enxergar.</p><p>Quando Gigito é levado para a guerra, Estrelinho se sente perdido. Ele encontra conforto na companhia</p><p>de Infelizmina, a irmã de Gigito, que passa a ser sua nova guia. Infelizmina é mais realista em suas descrições,</p><p>o que faz com que o mundo de Estrelinho perca um pouco de sua magia, mas ele encontra nela um novo</p><p>tipo</p><p>de conforto.</p><p>Eventualmente, eles se apaixonam e Estrelinho encontra uma nova maneira de ver o mundo. Quando</p><p>Gigito morre, Estrelinho conforta Infelizmina, levando-a para fora de casa e mostrando-lhe o mundo através</p><p>de suas palavras.</p><p>O texto termina com Estrelinho convidando Infelizmina para segui-lo em uma jornada para explorar o</p><p>mundo juntos.</p><p>Principais conceitos:</p><p>O texto trata de temas como amizade, confiança, imaginação e superação.</p><p>1. Dependência e Confiança: Estrelinho depende de Gigito Efraim para se orientar no mundo. Ele confia em</p><p>Gigito, mesmo que suas descrições sejam fantasiosas.</p><p>2. Imaginação e Realidade: Gigito descreve o mundo para Estrelinho de forma imaginativa, criando uma</p><p>realidade alternativa que o cego aceita por não ter visão.</p><p>3. Medo e Solidão: Estrelinho enfrenta o medo e a solidão quando Gigito é levado para a guerra. Ele se sente</p><p>perdido e sozinho, sem sua mão guia.</p><p>4. Amor e Afeto: Infelizmina passa a ser a nova guia de Estrelinho. Com ela, ele experimenta novas sensações</p><p>de amor e afeto, além de uma nova forma de ver o mundo.</p><p>5. Superando a Adversidade: Mesmo após a morte de Gigito, Estrelinho encontra forças para ajudar</p><p>Infelizmina a superar sua tristeza, mostrando-lhe o mundo através de suas palavras.</p><p>TEXTO 2: Imagens Transvista, de Ana Elisabete Rodrigues de Carvalho Lopes e Rita Marisa Ribes</p><p>Pereira</p><p>O texto fala sobre a importância de ver as coisas de diferentes perspectivas. Elas explicam como a</p><p>visão das coisas muda conforme o ponto de vista, e como é necessário entender e respeitar as diferentes formas</p><p>de enxergar o mundo.</p><p>O texto destaca que cada pessoa tem sua própria maneira de ver as coisas, e que é importante aceitar e</p><p>valorizar essa diversidade. Em resumo, enfatiza a importância da empatia e da abertura para entender o mundo</p><p>através dos olhos dos outros.</p><p>Também trata da exploração das imagens na literatura infantil, principalmente as imagens que</p><p>desafiam ou transgredem estereótipos de gênero.</p><p>As autoras discutem como as ilustrações em livros infantis podem influenciar a forma como as crianças</p><p>percebem e constroem sua identidade de gênero, e como os autores e ilustradores podem utilizar essas imagens</p><p>para promover a diversidade e a inclusão.</p><p>Então como as autoras discutem como as ilustrações em livros infantis podem influenciar a forma como</p><p>as crianças percebem e constroem sua identidade de gênero, e como os autores e ilustradores podem</p><p>utilizar essas imagens para promover a diversidade e a inclusão?</p><p>1. Representatividade e identificação: As autoras exploram como as ilustrações em livros infantis podem</p><p>refletir e reforçar estereótipos de gênero, influenciando a forma como as crianças se veem e se identificam.</p><p>Elas destacam a importância de oferecer representações diversas de identidades de gênero para que as crianças</p><p>possam se reconhecer e se identificar em diferentes personagens e experiências.</p><p>2. Desconstrução de estereótipos: O texto discute como os autores e ilustradores podem desafiar e subverter</p><p>estereótipos de gênero por meio de suas imagens, apresentando personagens que fogem das normas</p><p>tradicionais de masculinidade e feminilidade. Isso pode incluir a representação de meninos sensíveis e</p><p>emocionais, meninas aventureiras e destemidas, entre outros exemplos que ampliam o espectro de</p><p>possibilidades de identidade de gênero.</p><p>3. Inclusão de diversidade de gênero: As autoras defendem a importância de incluir uma diversidade de</p><p>identidades de gênero nas ilustrações de livros infantis, incluindo personagens transgêneros, não-binários, e</p><p>de outras identidades fora da binaridade de gênero. Isso ajuda a criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor</p><p>para todas as crianças, independentemente de sua identidade de gênero.</p><p>4. Empoderamento e respeito pela autenticidade: O texto ressalta a necessidade de promover o</p><p>empoderamento e o respeito pela autenticidade das pessoas trans e de gênero não-binário, evitando</p><p>representações estereotipadas ou sensacionalistas que possam reforçar preconceitos e discriminação. Em vez</p><p>disso, os autores e ilustradores são incentivados a retratar personagens trans e não-binários de maneira positiva</p><p>e respeitosa, celebrando suas identidades e experiências únicas.</p><p>Elas enfatizam a importância de oferecer representações diversas e inclusivas nas imagens dos livros</p><p>infantis, de modo a refletir a realidade e permitir que as crianças se identifiquem e se sintam representadas.</p><p>Enfim, nos leva a refletir sobre a importância de considerar diferentes pontos de vista e promover uma</p><p>cultura de respeito à diversidade de visões.</p><p>Em suma, "Imagens Transvista" destaca a importância das ilustrações em livros infantis na construção</p><p>da identidade de gênero das crianças e como os autores e ilustradores têm o poder de promover a diversidade</p><p>e a inclusão por meio de suas imagens, desafiando estereótipos e representando uma ampla gama de</p><p>identidades de gênero de forma autêntica e respeitosa.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Perspectivismo: O texto destaca a ideia de que a forma como vemos o mundo é influenciada pela nossa</p><p>perspectiva única e individual. Cada pessoa tem sua própria maneira de interpretar e compreender as coisas</p><p>ao seu redor.</p><p>2. Diversidade de visões: Os autores ressaltam a importância de reconhecer e valorizar a diversidade de</p><p>perspectivas existentes na sociedade. Cada pessoa traz consigo experiências, crenças e valores que moldam</p><p>sua visão de mundo, e é fundamental respeitar essas diferenças.</p><p>3. Empatia: O texto incentiva a prática da empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro para compreender</p><p>suas visões e experiências. Isso ajuda a promover um entendimento mais profundo e respeitoso entre as</p><p>pessoas, mesmo quando têm pontos de vista diferentes.</p><p>4. Tolerância e respeito: Os autores enfatizam a importância de ser tolerante e respeitoso com as diferentes</p><p>perspectivas e opiniões das pessoas. Isso contribui para um diálogo mais construtivo e uma convivência mais</p><p>harmoniosa na sociedade.</p><p>AULA 5: A IMAGEM E AS ARTES</p><p> Qual a função da arte? – Pergunta o escritor uruguaio Eduardo Galeano.</p><p> Ajudar a olhar, diz o menino Diego, não como quem responde visando resolver a questão. Sua fala</p><p>traz a grandeza da pergunta, tão grande quanto mar, e a indicação de que o olhar e a emoção são</p><p>experiências sociais.</p><p>Acostumados que estamos à cultura digital, numa sobreposição de imagens que se substituem</p><p>intermitentemente, nosso olhar talvez esteja mais acostumado à velocidade da troca das imagens, do que a</p><p>atenção que cada uma delas espera de nós. Vemos não-vendo.</p><p>Qual foi a última vez que você, nesse fluxo incessante de imagens, parou para dar atenção a uma</p><p>imagem em particular? O que tinha nessa imagem? Das tantas imagens que compartilhamos nas redes sociais,</p><p>qual delas, realmente, vimos juntos? Qual delas você precisou ajuda para ver melhor?</p><p>Problematizar a realidade vivida e/ou imaginada tem sido uma das funções da arte. Convidar a olhar,</p><p>também.</p><p>Não existe imagem por si só. Toda imagem foi produzida por alguém e é vista por alguém. Há um</p><p>encontro que é mediado pelas imagens. A Arte, enquanto um campo de saber, constrói sua história e suas</p><p>metodologias de produção.</p><p>Que tal um breve olhar às pinturas rupestres para deslocar o olhar dos nossos hábitos e indagar sobre</p><p>o desafio histórico que é a construção da comunicação através das imagens.</p><p>Um pouco dessas transformações no universo da pintura, já como uma arte moderna, podem ser</p><p>acompanhadas no vídeo "Mona Lisa Descending a Staircase", de Joan Grtiz, produzido nos Estados Unidos</p><p>em 1992 e que fez parte do Festival Anima Mundi.</p><p>O vídeo 'Mona Lisa Descending a Staircase' é um documentário que explora a evolução da arte</p><p>da animação ao longo do tempo. O título faz referência à pintura 'Nude Descending a Staircase, de</p><p>Marcel Duchamp, e à famosa obra de Leonardo da Vinci, 'Mona Lisa'.</p><p>No documentário, Gratz utiliza</p><p>uma técnica de animação única conhecida como 'clay painting',</p><p>na qual ela manipula argila em movimento para criar as imagens animadas. O filme mostra uma série</p><p>de cenas que representam a história da arte da animação, desde seus primórdios até as formas mais</p><p>contemporâneas.</p><p>Ao longo do vídeo, o espectador é levado a uma jornada visual que demonstra as várias técnicas</p><p>e estilos utilizados pelos animadores ao longo do tempo, incluindo animação tradicional, stop-motion,</p><p>computação gráfica e outras formas inovadoras de criação visual.</p><p>O documentário oferece uma perspectiva fascinante sobre a evolução da arte da animação e seu</p><p>impacto na cultura visual contemporânea. Também destaca a criatividade e a diversidade de</p><p>abordagens dos animadores ao longo dos anos, demonstrando como a animação se tornou uma forma</p><p>de expressão artística tão poderosa e influente.</p><p>Uma história da fotografia é também uma história dos modos como vemos e recriamos o mundo! E,</p><p>depois de acompanhar essas produções que convidavam a uma relação mais lenta com o tempo, que tal</p><p>assistirmos "Pixel", vídeo do artista Patrick Jean, para nos trazer de volta ao mundo dos pixels?</p><p>TEXTO 1: Artes Visuais e os diferentes modos de ver, de Ana Elisabete Lopes.</p><p>O texto fala sobre como as artes visuais podem ser interpretadas de diferentes maneiras por diferentes</p><p>pessoas. Lopes destaca que cada pessoa tem sua própria perspectiva e experiência, o que influencia na forma</p><p>como elas veem e entendem uma obra de arte.</p><p>Ela enfatiza a importância de considerar essas diferentes visões para uma compreensão mais completa</p><p>e rica das obras de arte.</p><p>Em resumo, o texto nos lembra que não existe uma única maneira "certa" de ver as artes visuais, e que</p><p>a diversidade de interpretações enriquece nossa experiência com a arte.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Interpretação subjetiva: Lopes destaca que a interpretação das obras de arte é subjetiva e varia de pessoa</p><p>para pessoa, pois cada indivíduo traz consigo suas próprias experiências, sentimentos e bagagem cultural que</p><p>influenciam na forma como percebem e compreendem a arte.</p><p>2. Multiplicidade de perspectivas: A autora ressalta a importância de considerar e valorizar a diversidade de</p><p>perspectivas na apreciação das artes visuais. Cada pessoa tem uma visão única e particular, o que enriquece o</p><p>entendimento das obras de arte e contribui para um diálogo mais amplo e inclusivo sobre elas.</p><p>3. Diálogo entre espectador e obra: Lopes enfatiza a importância do diálogo entre o espectador e a obra de</p><p>arte. Ela destaca que a interpretação das artes visuais não se limita apenas ao que é representado na obra, mas</p><p>também envolve as experiências e sensações do espectador ao interagir com ela.</p><p>4. Contexto histórico e cultural: A autora também menciona a influência do contexto histórico e cultural na</p><p>interpretação das artes visuais. Ela sugere que é importante considerar o contexto em que a obra foi produzida</p><p>e as circunstâncias que a envolvem para uma compreensão mais completa e contextualizada da mesma.</p><p>AULA 6: ARTE, IMAGENS E PONTOS DE VISTA</p><p>Convidar a olhar. Ajudar a olhar. Vamos explorar essas funções da Arte, expressas na poesia de</p><p>Eduardo Galeano?</p><p>Ver o mesmo e ver diferente.</p><p>Durante os anos de 1893 e 1894 o pintor impressionista francês Claude Monet produziu vários</p><p>quadros com pinturas da Catedral de Rouen, feitos em horários diferentes, com diferentes incidências de luz.</p><p>Com isso, nos convida a ver a Catedral a partir de várias nuances de cor e de muitos pontos de vista.</p><p>Aprendemos com ele, por exemplo, que toda imagem produzida é fruto de um determinado ângulo de</p><p>visão. Assim como Monet escolhia diferentes ângulos a partir dos quais registrava a Catedral, em nosso dia a</p><p>dia também fazemos essas escolhas. Como nos colocamos quando vamos fotografar? Quando decidimos que</p><p>um determinado ponto de vista está bom?</p><p>O olhar e o ângulo de onde se olha.</p><p>Um outro artista que nos ajuda a mostrar que a Arte é um convite a experimentar um ponto de vista é</p><p>o francês contemporâneo Bernard Pras. Sua instalação, que apresentamos em vídeo logo abaixo se chama</p><p>"Retrato de Facteur Ferdinand Cheval". Desde os anos 60 Bernard Pras vem construindo instalações inspiradas</p><p>em pinturas famosas de outros artistas, reconstruindo-as em forma de instalações, a partir de uma junção de</p><p>objetos heteróclitos (mala, guitarra, cabeceira da cama, sofá, carrinho de mão) que inicialmente sugerem um</p><p>amontoado caótico.</p><p>Esse suposto amontoado, entretanto, quando observado de um determinado ponto de vista reconstitui</p><p>a forma originariamente apresentada na pintura. Para provocar esse efeito, Bernard Pras complementa suas</p><p>instalações com fotografias ou vídeos produzidos a partir desse exato ponto de vista de onde se torna possível</p><p>não apenas a reconstituição, mas o compartilhamento do ponto de vista que o artista propõe. Fazendo uso de</p><p>diferentes perspectivas e anamorfoses a intenção do artista é fazer um jogo entre a bidimensionalidade dessas</p><p>pinturas e as suas possibilidades tridimensionais, desafiando os nossos modos de percepção dessas dimensões.</p><p>Abrir o ângulo, expandir o olhar.</p><p>Istvan Banyai é um ilustrador e animador húngaro. As imagens do vídeo acima compõem o livro de</p><p>imagens "Zoom", publicado aqui no Brasil pela Editora Brinque-Book. É de sua autoria também o livro de</p><p>imagens "Do outro lado" que, diferentemente de "Zoom", desafia-nos a perceber como as coisas são vistas</p><p>diferentemente de outros ângulos, por outras pessoas.</p><p>Depois de tantas e tão diferentes imagens, pense sobre sua relação com elas. Em que a Arte pode ajudar</p><p>a olhar?</p><p>Sugestão de texto literário: Palomar, de Ítalo Calvino.</p><p>Palomar é um personagem inspirado num grande telescópio, mas, surpreendentemente, o interesse dele</p><p>são as coisas miúdas e supostamente sem valor: uma onda do mar, as plantinhas do gramado, o amor das</p><p>tartarugas, o cantar dos pássaros.... É um livro de literatura, com muitos contos que podem ser lidos</p><p>separadamente. O autor nos convida a observar coisas provavelmente nunca pensadas... Boa Leitura!</p><p>TEXTO 1: Palomar, de Ítalo Calvino.</p><p>"Palomar" é um livro do escritor italiano Ítalo Calvino que conta a história de um homem chamado</p><p>Palomar. Ele passa por experiências e reflexões enquanto observa o mundo ao seu redor.</p><p>Palomar está sempre pensando sobre a natureza, o universo, as pessoas e até mesmo sobre si mesmo.</p><p>Ele tenta entender melhor o que vê e como isso se relaciona com sua própria vida.</p><p>O livro explora temas como a percepção, a existência humana e a busca pelo significado da vida. É</p><p>uma obra que nos convida a refletir sobre nossas próprias experiências e sobre o mundo ao nosso redor, obra</p><p>rica em conceitos e reflexões sobre a natureza humana, o universo e a existência.</p><p>Principais conceitos:</p><p>1. Observação e Percepção: O protagonista, Palomar, está constantemente observando o mundo ao seu redor</p><p>e refletindo sobre o significado das coisas que vê. Ele questiona como percebemos e interpretamos o mundo</p><p>à nossa volta.</p><p>2. Complexidade da Existência: Calvino explora a complexidade da existência humana, as interações entre</p><p>os seres humanos e seu ambiente, e as questões existenciais que surgem dessas interações.</p><p>3. Consciência e Autoconhecimento: Palomar busca entender a si mesmo através de suas observações do</p><p>mundo. Ele reflete sobre suas próprias experiências, emoções e pensamentos, buscando alcançar um maior</p><p>autoconhecimento.</p><p>4. Relação com a Natureza: O livro aborda a relação entre os seres humanos e a natureza, explorando temas</p><p>como a conexão com o meio ambiente, a beleza natural e a importância de preservar a natureza.</p><p>5. Busca pelo Sentido da Vida: Calvino levanta questões sobre o propósito e o significado da vida,</p><p>explorando as diferentes maneiras pelas quais as pessoas tentam encontrar sentido em suas experiências e</p><p>existência.</p><p>AULA 7: POLÍTICAS DO OLHAR</p><p>Desde</p><p>o início da disciplina temos buscado aprofundar uma reflexão sobre a produção e a circulação</p><p>de imagens, assim como toda a comunicação em que essas imagens estão inseridas. Frisamos a importância</p><p>de saber que toda imagem tem uma autoria e uma intenção de comunicação. E toda imagem apresenta um</p><p>ponto de vista sobre o mundo a partir do olhar de quem a faz. Mas como esse ponto de vista se relaciona com</p><p>a verdade? Há uma verdade para cada ponto de vista? A verdade é o que nos agrada? Que é a verdade? Quais</p><p>são os seus limites?</p><p>Um antigo comercial de sabonete ajuda-nos a problematizar a relação da imagem com a verdade. Uma</p><p>imagem, portanto, é mais que uma apresentação do real. É a criação de uma realidade. Que realidade queremos</p><p>criar com as imagens que produzimos ou fazemos circular? O que há de verdade nelas? O que elas fazem ver?</p><p>O que elas pretendem esconder? Em que medida as tecnologias envolvidas na produção de imagens se</p><p>comprometem com a busca da verdade? Em que medida querem escondê-la?</p><p>Historicamente, o campo da publicidade costuma recorrer a muitas estratégias para a apresentação de</p><p>seus produtos e discursos, resultando, muitas vezes, numa imagem falsa do produto que pretende vender.</p><p>Observe alguns desses truques...</p><p>Com a expansão da internet e das redes sociais, a preocupação com a veracidade das informações</p><p>passou a ser também uma preocupação. A ânsia de publicar de imediato os acontecimentos faz com que eles</p><p>sejam compartilhados sem tempo de pensar sobre o que, de fato, aconteceu. Isso favorece a criação e</p><p>circulação de informações apressadas, distorcidas e, mesmo, falsas.</p><p>Ainda que as redes sociais tenham trazido à tona o conceito de "fake news", essa prática é velha</p><p>conhecida. A narrativa sobre a "descoberta" do Brasil pelos portugueses como marco de nossa história talvez</p><p>seja nossa primeira "fake news". Já tratamos disso na aula 3.</p><p>As mídias, em geral, quando assumem o papel de narrar à sociedade os acontecimentos, tanto escolhem</p><p>seu ponto de vista, de acordo com os valores e princípios que defendem, como também criam subterfúgios</p><p>para levar os leitor/espectador a acreditar em fatos que jamais aconteceram.</p><p>Para fazer o exercício de um olhar apurado, observe os jornais abaixo: Num primeiro olhar, poderíamos</p><p>dizer que o fato noticiado é a fuga de um narcotraficante. Certo? Não. Trata-se de uma capa publicitária cujo</p><p>fato é o lançamento de um novo seriado de televisão.</p><p>Esta era apenas uma estratégia publicitária. Mas é os jornais e suas linhas editoriais? Trazemos abaixo</p><p>duas formas distintas de problematizar o tema da verdade no jornalismo. A primeira é uma antiga propaganda</p><p>de jornal: A segunda, é a criação de uma paródia ao mesmo jornal, questionando sua forma de lidar com a</p><p>verdade.</p><p>O que aqui trazemos exclusivamente como conteúdo para frisar a importância de se buscar sempre</p><p>mais de um ponto de vista, bem como avaliar como as diferentes informações lidam com a verdade, foi</p><p>também objeto de uma longa disputa judicial entre a empresa jornalística e os criadores da paródia.</p><p>Por fim, fechamos esta unidade reforçando a importância de observar com atenção as imagens e</p><p>notícias que produzimos, acessamos e fazemos circular. Sejam as notícias e imagens das grandes mídias, sejam</p><p>as conversas cotidianas, supostamente banais. O que pretendemos fazer existir com aquilo que</p><p>compartilhamos? Como nos responsabilizamos com isso?</p>