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<p>DIREITO CONSTITUCIONAL II</p><p>Organização dos Poderes</p><p>Professor Antônio Walter Gadelha Guimarães</p><p>FUNDAMENTOS HISTÓRICOS</p><p>As primeiras bases teóricas para a “tripartição de Poderes” foram lançadas na Antiguidade grega por Aristóteles, (IV a.C.) em sua obra Política, em que o pensador vislumbrava a existência de três funções distintas exercidas pelo poder soberano, quais sejam:</p><p>a função de editar normas gerais a serem observadas por todos;</p><p>a função de aplicar as referidas normas ao caso concreto (administrando);</p><p>a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das normas gerais nos casos concretos.</p><p>Dessa forma, Aristóteles contribuiu no sentido de identificar o exercício de três funções estatais distintas, apesar de exercidas por um único órgão.</p><p>Montesquieu em seu livro O espírito das leis inovou dizendo que tais funções estariam intimamente conectadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. Cada função corresponderia a um órgão, não mais se concentrando nas mãos únicas do soberano.</p><p>FINALIDADE DA SEPARAÇÃO DE PODERES</p><p>Seu objetivo fundamental é preservar a liberdade individual, combatendo a concentração de poder, isto é, a tendência absolutista de exercício do poder político pela mesma pessoa ou grupo de pessoas.</p><p>A separação dos poderes persegue esse objetivo de duas maneiras:</p><p>Impondo a colaboração e o consenso de várias autoridades estatais na tomada de decisões;</p><p>Estabelecendo mecanismos de fiscalização e responsabilização recíproca dos poderes estatais, conforme o desenho institucional dos freios e contrapesos.</p><p>Segundo a TEORIA DE FREIOS E CONTRAPESOS, os atos que o Estado pratica podem ser de duas espécies: atos gerais ou especiais.</p><p>Os atos gerais, que só podem ser praticados pelo poder legislativo, constituem-se na emissão de regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem emitidas, a quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos gerais, não atua concretamente na vida social, não tendo meios para cometer abusos de poder nem para beneficiar ou prejudicar a uma pessoa ou a um grupo em particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a possibilidade de atuação do poder executivo, por meio de atos especiais. O executivo dispõe de meios concretos para agir, mas está igualmente impossibilitado de atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão limitados pelos atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qualquer dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada um a permanecer nos limites de sua respectiva esfera de competência”</p><p>Alguns exemplos desse mecanimo de freios e contrapesos, em razão da interpenetração dos “poderes” (interferências ou controles recíprocos)</p><p>art. 5.º, XXXV: o Poder Judiciário pode rever atos de determinada CPI (Le­gislativo) que extrapolem o postulado da reserva constitucional de jurisdição, quando, por exemplo, o seu presidente expede um mandado de busca e apreensão em total violação ao art. 5.º, XI;</p><p>art. 52, I: compete privativamente ao Senado Federal (Legislativo) processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República (Executivo) nos crimes de responsabilidade;</p><p>art. 62: as medidas provisórias adotadas pelo Presidente da República (Executivo) poderão ser rejeitadas pelo Congresso Nacional (Legislativo);</p><p>art. 66, § 1.º: o Chefe do Poder Executivo pode sancionar ou vetar projetos de lei aprovados pelo Parlamento (Legislativo);</p><p>art. 66, §§ 4.º a 6.º: o Parlamento (Legislativo) poderá “derrubar” o veto lan­çado pelo Chefe do Poder Executivo;</p><p>art. 97: os juízes (Judiciário) poderão declarar a inconstitucionalidade de lei (Legislativo) ou ato normativo do Poder Público (inclusive, como exemplo, de decretos autônomos elaborados pelo Executivo);</p><p>art. 101, parágrafo único (c/c o art. 52, III, “a”, e o art. 84, XIV): os Ministros do STF (Judiciário) serão nomeados pelo Presidente da República (Executivo), depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (Legislativo);</p><p>art. 102, I, “a”: compete ao STF (Judiciário) declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (Legislativo).</p><p>Funções típicas e atípicas</p><p>A teoria da “tripartição de Poderes”, exposta por Montesquieu, foi adotada por grande parte dos Estados modernos, só que de maneira abrandada. Isso porque, diante das realidades sociais e históricas, passou -se a permitir maior interpenetração entre os Poderes, atenuando a teoria que pregava a separação pura e absoluta dos mesmos.</p><p>Dessa forma, além do exercício de funções típicas (predominantes), inerentes e ínsitas à sua natureza, cada órgão exerce, também, outras duas funções atípicas (de natureza típica dos outros dois órgãos).</p><p>Função legislativa: consiste na edição de regras gerais, abstratas, impessoais e inovadoras da ordem jurídica, denominadas leis.</p><p>Função executiva: resolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis.</p><p>Função jurisdicional: tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos a fim de dirimir conflitos de interesse.</p><p>ORGÃO	FUNÇÃO TÍPICA	FUNÇÃO ATÍPICA</p><p>LEGISLATIVO	legislar</p><p>fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo.	Natureza executiva: ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo</p><p>férias, licenças a servidores etc.</p><p>Natureza jurisdicional: o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (art. 52,I)</p><p>EXECUTIVO	prática de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos de administração.	Natureza legislativa: o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória, com força de lei (art. 62)</p><p>Natureza jurisdicional: o Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos</p><p>JUDICIÁRIO	julgar (função jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei.	Natureza legislativa: regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, “a”)</p><p>Natureza executiva: administra, ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (art.96, I, “f”)</p><p>IMPROPRIEDADE DA EXPRESSÃO “TRIPARTIÇÃO DOS PODERES”</p><p>É imprecisa a utilização da expressão “tripartição de Poderes”. Isso porque o poder é uno, indivisível e indelegável O poder não se triparte. O poder é um só, manifestando-se através de órgãos que exercem funções. Assim, temos:</p><p>a) poder: uno e indivisível, um atributo do Estado que emana do povo;</p><p>b) função: a função constitui, pois, um modo particular e caracterizado de o Estado manifestar a sua vontade;</p><p>c) órgão: os órgãos são, em consequência, os instrumentos de que se vale o Estado para exercitar suas funções, descritas na Constituição, cuja eficácia é assegurada pelo Poder que a embasa.</p><p>Exemplo:</p><p>Art. 44. O Poder Legislativo (função) é exercido pelo Congresso Nacional (orgão), que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.</p><p>A INDEPENDÊNCIA DOS PODERES E A INDELEGABILIDADE DE ATRIBUIÇÕES</p><p>Os “Poderes” (órgãos) são independentes entre si, cada qual atuando dentro de sua parcela de competência constitucionalmente estabelecida e assegurada quando da manifestação do poder constituinte originário.</p><p>Nesse sentido, as atribuições asseguradas não poderão ser delegadas de um Poder (órgão) a outro. Trata-se do princípio da indelegabilidade de atribuições.</p><p>Um órgão só poderá exercer atribuições de outro, ou da natureza típica de outro, quando houver expressa previsão (e aí surgem as funções atípicas) e, diretamente, quando houver delegação por parte do poder constituinte originário, como, por exemplo, ocorre com as leis delegadas do art. 68, cuja atribuição é delegada pelo Legislativo ao Executivo.</p><p>Por fim, a CF/88 erigiu à categoria de cláusula pétrea a separação de Poderes, conforme se observa pelo art. 60, § 4.º, III.</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>Capítulo 10 do livro Direito Constitucional do autor Alexandre de Moraes;</p><p>Capítulos 15 do livro Curso de Direito Constitucional do autor Manoel</p><p>Gonçalves Ferreira Filho;</p><p>Capítulo 8 do livro Direito Constitucional Esquematizado do autor Pedro Lenza;</p><p>image1.png</p><p>image2.jpg</p>

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