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<p>Mercantilismo</p><p>Universidade Federal de Alfenas</p><p>História Moderna II</p><p>Prof. Luiz Antonio Sabeh</p><p>Textos-base</p><p>❖ DEYON, Pierre. O “Sistema Mercantil” na Inglaterra. In:</p><p>__________. O Mercantilismo. São Paulo: Perspectiva,</p><p>2009, pp. 29-41. Disponível na BC.</p><p>❖ MERCANTILISMO. In: NOVA Enciclopédia Barsa. São</p><p>Paulo: Encyclopaedia do Brasil Publicações, 1999, pp.</p><p>442-443.</p><p>❖ O ato de navegação inglês, de 1660. In: DEYON, Pierre.</p><p>O Mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 94.</p><p>O que foi o Mercantilismo?</p><p>MERCANTILISMO. In: NOVA Enciclopédia Barsa. São Paulo:</p><p>Encyclopaedia do Brasil Publicações, 1999, p. 442.</p><p>“Mercantilismo é a teoria e prática econômica que</p><p>defendiam [os europeus], do século XVI a meados</p><p>do XVII, o fortalecimento do Estado por meio da</p><p>posse de metais preciosos, do controle</p><p>governamental da economia e da expansão</p><p>comercial”.</p><p>Mercantilismo</p><p>❖ Nome dado à política econômica que vigorou no mundo interligado aos</p><p>Estados europeus nos séculos XVII, XVIII e XIX (cuidado com as</p><p>projeções desse modelo em períodos anteriores);</p><p>❖ Não foi um projeto pré-concebido. No século XVI, os europeus se</p><p>esforçaram para corrigir as falhas de uma nova estrutura econômica</p><p>desenhada desde o século XIV e que se consolidava com a expansão das</p><p>Coroas ibéricas. Já no século XVII, tentavam apontar soluções para a</p><p>saída dos Estados europeus da crise;</p><p>❖ Variou em cada país europeu, mas teve princípios comuns depois que as</p><p>práticas econômicas passaram a ser teorizadas no século XVI;</p><p>❖ De um modo geral, sempre esteve associado ao projeto político de</p><p>fortalecimento do Estado.</p><p>O cenário econômico europeu antes da consolidação do</p><p>Mercantilismo</p><p>❖ O Renascimento comercial e urbano do século XIV originou uma</p><p>nova estrutura econômica na Europa baseada no comércio</p><p>intercontinental;</p><p>❖ No século XVI, a expansão das Coroas ibéricas definiu os</p><p>contornos do que viria a ser o Mercantilismo: uma política</p><p>econômica baseada na exploração de colônias ultramarinas e no</p><p>comércio intercontinental. Porém, na época, essas monarquias</p><p>não haviam ajustado a produção nacional ao comércio</p><p>ultramarino (pacto colonial), porque esse princípio não havia sido</p><p>teorizado. Só agiram nesse sentido no século XVIII (a exemplo, as</p><p>reformas pombalinas no Brasil).</p><p>A teorização da economia</p><p>❖ Os principais teóricos da economia eram clérigos, magistrados, mercadores e</p><p>colaboradores ou servidores dos Estados europeus;</p><p>❖ No século XVI, os espanhóis (e italianos a serviço da Coroa espanhola)</p><p>produziram inúmeros tratados de economia que fundaram o arbitrismo, doutrina</p><p>que defendia o arbítrio como uma prerrogativa do rei espanhol de garantir o bem</p><p>da Espanha. Seus escritos apontavam as falhas da economia baseada na exploração</p><p>das colônias. Visavam, também, elaborar propostas de solução a essas falhas. Seus</p><p>expoentes foram Luiz Ortiz (séc. XVI) e Antonio Serra (séc. XVII);</p><p>❖ O século XVII foi um período fecundo da teorização da economia por conta da</p><p>crise: os tratados sobre política econômica eram unânimes em defender a</p><p>intervenção do reino na economia a fim de proteger, desenvolver e fortalecer o</p><p>Estado.</p><p>Teóricos da economia mais conhecidos</p><p>❖ Inglaterra: Thomas Mun (1571–1641) e Josiah Child</p><p>(1630-1699);</p><p>❖ França: Jean Bodin (1530-1596), Antoine de</p><p>Montchrestien (1575-1621), Duque-Cardeal Richelieu</p><p>(1585-1642) e Jean-Baptiste Colbert (1619-1683).</p><p>Quem consolidou o</p><p>Mercantilismo como sistema</p><p>econômico e como?</p><p>Inglaterra</p><p>De acordo com Pierre Deyon, como a</p><p>Inglaterra “aperfeiçoou” o</p><p>Mercantilismo?</p><p>Superando a crise</p><p>❖ Corso e pirataria;</p><p>❖ Desenvolvimento da produção manufatureira (política de</p><p>“cercamento”, isto é, intervenção na propriedade fundiária e</p><p>na produção);</p><p>❖ Desenvolvimento das atividades mercantilistas com a adoção</p><p>de políticas protecionistas e o fortalecimento da marinha.</p><p>❖ Criação de leis favoráveis ao desenvolvimento da economia</p><p>como forma de resolver problemas sociais, políticos e</p><p>econômicos.</p><p>O “Ato de navegação inglês”</p><p>❖ Foi instituído durante o governo republicano em 1651 e</p><p>revisado em 1660, e seus efeitos foram sentidos na</p><p>economia uma década depois.</p><p>❖ O que previa o documento?</p><p>❖ Monopólio do comércio a britânicos e embarcações</p><p>britânicas; e tripulação de marinheiros composta, em</p><p>sua maior parte, por britânicos.</p><p>Qual a principal consequência</p><p>da publicação do documento?</p><p>Deu uma nova feição ao modelo</p><p>econômico em curso e o tornou uma</p><p>economia comum na Europa, ou seja,</p><p>passou a ser buscada pelas monarquias.</p><p>O Mercantilismo na Europa</p><p>❖ Se consolidou entre os séculos XVII e XVIII em função das</p><p>inovações implementadas pela Inglaterra. A partir desse momento,</p><p>os teóricos do sistema definiram os seus fundamentos e políticas,</p><p>que passaram a ser seguidas pelos monarcas europeus;</p><p>❖ Assegurou o enriquecimento dos Estados europeus e,</p><p>consequentemente, foi o grande responsável pela consolidação do</p><p>Absolutismo (exceto na Inglaterra e na Holanda);</p><p>❖ Sedimentou um modelo econômico egoísta e de longa duração: do</p><p>século XVII ao XIX;</p><p>❖ Ofereceu as bases para a Revolução Industrial e para o capitalismo.</p><p>Os principais teóricos do</p><p>Mercantilismo</p><p>❖ Inglaterra: James Steuart (1713-1780);</p><p>❖ França: Jean-Baptiste Colbert (1619-1683);</p><p>❖ Suécia: Anders Berch (1711-1774);</p><p>❖ Península Itálica: Antonio Genovesi (1712-1769).</p><p>Os fundamentos do sistema</p><p>❖ Intervenção do Estado na economia para o seu fortalecimento (superação da crise): conversão das</p><p>economias locais aos interesses nacionais e supressão do lucro individual quando necessário ao</p><p>fortalecimento do Estado e à garantia de seus interesses. Para isso, era necessário intervir na</p><p>produção e volta-la à exportação;</p><p>❖ Envolvimento de todo o país no projeto do Estado: camponeses são transformados em trabalhadores</p><p>e soldados, além de consumidores. Além disso, apenas indivíduos autorizados pelas Coroas podem</p><p>atuar no comércio ultramarino controlado pelo Estado;</p><p>❖ Exploração e submissão das colônias e de outros povos a fim de se obter matéria-prima e mão-de-</p><p>obra: expropriação legitimada e transfigurada no “pacto colonial” para se garantir recursos naturais,</p><p>mão-de-obra e, ao mesmo tempo, mercado consumidor. Assim se evitava o colapso do sistema;</p><p>❖ Acúmulo de metais preciosos como fonte de captação de capital financeiro e de riqueza dos Estados;</p><p>❖ O Estado firma uma economia egoísta: a riqueza é construída na base da exploração de colônias e na</p><p>agressão aos vizinhos. Por isso, as políticas de Estado são voltadas ao desenvolvimento da economia</p><p>e vice-versa. Isso estabelece uma nova lógica para a política, o que se reflete nas dinâmicas sociais.</p><p>As políticas do Mercantilismo</p><p>❖ Exploração das colônias ultramarinas para captação de metais preciosos e matéria-</p><p>prima, além de garantir o escoamento da produção da Metrópole;</p><p>❖ Quando isso não era possível, criação de mecanismos que garantissem uma</p><p>balança comercial favorável no comércio intercontinental. Como? Adotando</p><p>políticas protecionistas: leis, chantagem e sabotagem (invasões às colônias,</p><p>pirataria, corso, etc.).</p><p>❖ Rígido controle das atividades econômicas das colônias: proibição de manufaturas</p><p>e comércio restrito às Companhias;</p><p>❖ Criação de mecanismos de crédito e de instituições reguladoras do comércio,</p><p>principalmente o ultramarino;</p><p>❖ Adoção de políticas administrativas eficientes na fiscalização e controle do</p><p>comércio e da produção na Metrópole e nas colônias (Companhias de Comércio).</p><p>Os críticos do Mercantilismo</p><p>❖ Iluministas e defensores do liberalismo econômico:</p><p>Richard Cantillon (1680-1734); David Hume (1711-1776)</p><p>e Adam Smith (1723-1790);</p><p>❖ Smith, autor de A riqueza das nações, é o expoente dessa</p><p>crítica: em sua análise, não era o acúmulo de metais</p><p>preciosos que gerava a riqueza dos Estados, e sim a sua</p><p>capacidade produtiva. Por isso defendia a livre</p><p>produção e comércio.</p><p>Referências</p><p>❖ ANDERDON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1995.</p><p>❖ DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1973.</p><p>❖ FALCON, Francisco J. C. Tempos modernos: a cultura</p><p>humanista. In: RODRIGUES,</p><p>Antonio E. M.; FALCON, Francisco J. C. Tempos modernos: ensaios de História Cultural.</p><p>Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, pp. 29-48.</p><p>❖ HOBSBAWM, Eric J. A origem da Revolução Industrial. In: __________. Da Revolução</p><p>Industrial inglesa ao Imperialismo. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp. 23-44.</p><p>❖ PRONDANOV, Cléber C. O mercantilismo e as Américas. 5 ed. São Paulo: Contexto, 1998.</p><p>❖ MERCANTILISMO. In: NOVA Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia do Brasil</p><p>Publicações, 1999, pp. 442-443.</p><p>❖ VILAR, Pierre. Ouro e moeda na História: 1450-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.</p><p>Nossa economia é radicalmente</p><p>diferente da Mercantilista?</p><p>❖ A base da economia capitalista, ou liberal (livre da</p><p>intervenção do Estado) é ainda mercantilista. Alguns</p><p>dos seus princípios (como protecionismo e exploração)</p><p>são os mesmos que regem e fundamentam o</p><p>capitalismo.</p><p>❖ Documentário A história das coisas (2007). Disponível em</p><p>https://storyofstuff.org/movies/. Acesso em 22/11/2017.</p><p>https://storyofstuff.org/movies/</p>