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<p>1</p><p>ESTIMULAÇÃO E REABILITAÇÃO COGNITIVA DO IDOSO</p><p>1</p><p>Sumário</p><p>1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3</p><p>2. ENVELHECIMENTO ................................................................................... 8</p><p>2.1 Aspectos Psicológicos Do Envelhecimento E Da</p><p>Velhice ............................................................................... 10</p><p>2.2 Estimulação E Reabilitação Cognitiva ........................... 11</p><p>3. ESTIMULAÇÃO COGNITIVA, TREINO COGNITIVO OU REABILITAÇÃO</p><p>COGNITIVA, PARA QUEM SERVE? ........................................................ 13</p><p>4. COMO ACONTECE A ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS .......... 22</p><p>5. REABILITAÇÃO COGNITIVA NO PACIENTE COM DOENÇA DE</p><p>ALZHEIMER ............................................................................................. 24</p><p>5.1 Demência ou doença de Alzheimer ............................... 30</p><p>5.1.1 Estimulação cognitiva .................................................. 32</p><p>6. CONCEPTUALIZAÇÃO DOS CONCEITOS CENTRAIS .......................... 33</p><p>7. TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO COGNITIVAS /</p><p>NEUROPSICOLÓGICAS .......................................................................... 45</p><p>7.1 Programa De Reabilitação Neuropsicológica ................. 51</p><p>8. 10 ATIVIDADES DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA REALIZAR COM O</p><p>SEU FAMILIAR .............................................................................................. 53</p><p>8. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 58</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de</p><p>empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua</p><p>formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,</p><p>científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o</p><p>saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Independentemente da cultura, classe social, religião e tendências</p><p>políticas, o envelhecimento, tal como o nascimento, a morte, o enamoramento,</p><p>a amizade e a sexualidade, é um fenômeno coletivo. O estudo do</p><p>envelhecimento é pré-requisito importante na compreensão do desenvolvimento</p><p>da disfunção intelectual e suas ligações comuns às degenerações orgânicas do</p><p>cérebro, uma vez que ele é acompanhado do declínio de algumas funções</p><p>cognitivas. As reduções mais evidentes têm sido observadas nas funções</p><p>perceptivo-motoras cujo desempenho começa a declinar já na terceira ou quarta</p><p>décadas de vida. Associadas às transformações demográficas, as doenças</p><p>crônico-degenerativas têm se apresentado em maior número, com</p><p>correspondente aumento da prevalência das demências. Cerca de 5% da</p><p>população com mais de 65 anos até 80 anos de idade apresenta quadro</p><p>demencial. Para o grupo etário com mais de 80 anos e até 85 anos, esse</p><p>percentual situa-se entre 10% e 40% e cresce para mais de 47% em na faixa</p><p>etária das idades superiores a 85 anos. O quadro cognitivo agrava-se sempre</p><p>quando existem problemas emocionais e outros relacionados à alimentação, ao</p><p>descondicionamento físico, ao uso inadequado de medicamentos, a ambientes</p><p>estressantes ou com presença de obstáculos a serem transpostos.</p><p>Considerando que os tratamentos de base medicamentosa têm indicações</p><p>e resultados diversificados em função da causa básica da doença, da natureza</p><p>de cada caso e da presença ou não de outros distúrbios concomitantes da saúde,</p><p>o Programa Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia (PIGG) do Hospital</p><p>Universitário Antônio Pedro (HUAP) da Universidade Federal Fluminense (UFF),</p><p>desenvolveu e vem aplicando desde 1987 um método não medicamentoso que</p><p>inclui no tratamento dos pacientes com presença de demência os seus familiares</p><p>e cuidadores. Estima-se que, em 2025, haverá cerca de 32 milhões de idosos</p><p>no Brasil. As demências, caracterizadas pela perda das habilidades cognitivas e</p><p>emocionais, são consideradas um problema de Saúde Pública que interfere na</p><p>vida diária dos idosos, despertando, em consequência, mais interesse pela</p><p>pesquisa neste campo. O comprometimento da memória é um dos principais</p><p>4</p><p>temas de pesquisa sobre o processo de envelhecimento. Pouca atenção tem</p><p>sido dispensada à compreensão e investigação da memória em um contexto</p><p>particular, frequentemente vivenciado pelos idosos e seus familiares, que se</p><p>relaciona aos idosos em instituições de longa permanência. Nesses ambientes</p><p>é cada vez mais importante a capacitação de profissionais com enfoque não</p><p>apenas momentâneo, mas que se promova um processo contínuo de</p><p>atendimento integral e qualificado à saúde do idoso. Pesquisadores da</p><p>longevidade humana explicam que o aumento da expectativa de vida tem</p><p>coincidido com uma concentração da longevidade média. A curva de</p><p>sobrevivência está tomando uma forma que indica o aumento da expectativa de</p><p>vida dessa população.</p><p>O estudo do envelhecimento cognitivo humano vem progredindo</p><p>significativamente nos últimos 50 anos. Há consenso, atualmente, que</p><p>determinados déficits de memória também caracterizam o envelhecimento</p><p>saudável e natural do ser humano. Essa afirmação se apoia em estudos que</p><p>detectaram diferenças entre adultos jovens e idosos em tarefas envolvendo a</p><p>memória operacional e a memória episódica; pesquisas relacionadas aos</p><p>processos mnésicos que encontraram diferenças significativas entre jovens e</p><p>idosos durante a codificação e o resgate das informações; e, ainda, evidências</p><p>que apontam para uma lentidão no processamento das informações em idosos.</p><p>O treino cognitivo na terceira idade</p><p>A reabilitação, ou a busca por melhoras em determinadas funções</p><p>cognitivas, teve um início provável na Alemanha, durante a Primeira Guerra</p><p>Mundial, com o objetivo de auxiliar a memória de soldados com lesões cerebrais.</p><p>Durante a Segunda Guerra Mundial, Luria (1990) teve um papel importante na</p><p>reabilitação neuropsicológica, pois foi o responsável pela organização de um</p><p>hospital para soldados com aquela condição neurológica. A reabilitação tem por</p><p>fim melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares, maximizando o</p><p>aproveitamento das funções total ou parcialmente preservadas por meio do</p><p>ensino de “estratégias compensatórias, aquisição de novas habilidades e a</p><p>adaptação às perdas permanentes” (D’Almeida, Pinna, Martins, Siebra & Moura,</p><p>2004, p. 4). O processo de reabilitação proporciona uma conscientização do</p><p>5</p><p>paciente a respeito de suas capacidades remanescentes, produzindo uma</p><p>mudança na auto-observação e, possivelmente, uma aceitação de sua nova</p><p>realidade. Wilson (2009) diferencia a reabilitação cognitiva da reabilitação</p><p>neuropsicológica. A reabilitação cognitiva visa capacitar pacientes e familiares a</p><p>conviver, diminuir e ou superar as deficiências cognitivas derivadas de lesões</p><p>neurológicas, mas foca-se, principalmente, na melhora das funções cognitivas</p><p>administrando treinos cognitivos.</p><p>Já a reabilitação neuropsicológica trata dos déficits cognitivos e das</p><p>alterações emocionais e comportamentais, melhorando</p><p>enquanto o número de cuidadores informais,</p><p>possivelmente, diminuirá. Durante as últimas décadas, um pouco por todo</p><p>mundo, o cuidador tornou-se para a academia um recorrente alvo de estudo. As</p><p>crescentes descobertas em torno do “ser” cuidador e das implicações do cuidar,</p><p>como a sobrecarga, têm mobilizado vários recursos do sistema político a nível</p><p>local, nacional e internacional. Uma das maiores preocupações centradas no</p><p>cuidador é a gestão da carga de trabalho e a gestão emocional.</p><p>Os frequentes resultados apurados pelos processos de investigação, que</p><p>têm sido desenvolvidos, registam que os cuidadores de PNC apresentam altos</p><p>níveis de stress e sobrecarga, talvez justificado pela elevada idade dos</p><p>cuidadores, pelos baixos níveis de literacia, poucas competências e parco</p><p>suporte social. O cuidador informal tem socialmente um valor acrescentado. Por</p><p>isso mesmo, a criação de redes para que os mesmos sejam suficientemente</p><p>apoiados, supervisionados e valorizados, com vista a manter a sua capacidade</p><p>37</p><p>de cuidar, é uma necessidade. Quando um familiar assume o papel de cuidador,</p><p>não sabe quando e como terminará esta transição, em especial nos casos</p><p>crónicos, como é o caso da PNC. Caracteristicamente, é um processo de</p><p>transição longo, exigente e instável. A dependência da PNC aumenta com o</p><p>passar dos anos, de modo que o cuidador informal, tendencialmente, acaba por</p><p>assumir, cada vez mais, tarefas no domínio do cuidar ao longo do processo de</p><p>deterioração global da pessoa cuidada.</p><p>Se por um lado, um conjunto de estudos se tem centrado na identificação</p><p>dos problemas que os cuidadores experienciam, na mesma linha de</p><p>pensamento, mas centrados na resolução dos problemas, existem estudos que</p><p>procuram produzir conhecimento sobre as melhores ferramentas para capacitar</p><p>o cuidador para o desempenho do seu papel. Estudos conduzidos no contexto</p><p>da psicoeducação, por exemplo, e capacitação para o desenvolvimento de</p><p>atividades de EC apuraram que estas competências foram positivas para o</p><p>próprio cuidador e para o receptor de cuidados, ou para a relação entre ambos.</p><p>Por conseguinte, orientar e treinar o cuidador para o desenvolvimento de</p><p>intervenções não farmacológicas no âmbito da EC poderá ser, para algumas</p><p>díades, a estratégia adequada.</p><p>Intervenções não farmacológicas na fragilidade cognitiva</p><p>O aumento significativo do número de pessoas afetadas pelas PNC carece</p><p>de recursos/respostas societais e serviços de maior qualidade, mas acima de</p><p>tudo, cuidados mais diferenciados e direcionados para esta fragilidade cognitiva.</p><p>A fragilidade na pessoa idosa é uma condição que resulta do declínio fisiológico</p><p>e biológico associado ao envelhecimento, manifestada pela diminuição de</p><p>reservas homeostáticas e da resistência aos agentes externos e/ou eventos</p><p>causadores de stress. Uma recente revisão sobre a efetividade das intervenções</p><p>na prevenção do progresso de pré-fragilidade e fragilidade na pessoa idosa</p><p>evidencia que a deterioração cognitiva é uma causa significativa de</p><p>vulnerabilidade. Os estudos demonstraram que a combinação de intervenções,</p><p>nas quais se inclui o uso de atividades cognitivas, é particularmente útil, e com</p><p>impactos cumulativos na prevenção da fragilidade. De acordo com Phaneuf, a</p><p>conceção dos cuidados de enfermagem à pessoa com demência (PNC), quer</p><p>38</p><p>seja em casa ou em contexto de cuidados formais, deve sustentar-se numa</p><p>intenção terapêutica, com um conjunto de atividades estruturadas.</p><p>Estas atividades podem oscilar entre simples intervenções para simplificar</p><p>a vida diária, até intervenções mais complexas que permitem à pessoa evoluir e</p><p>conservar o seu potencial. Devem, igualmente, conter atividades de estimulação</p><p>intelectual que combinam com ações quotidianas, particularmente ricas no plano</p><p>afetivo, impregnadas de um caráter relacional intenso e de um espírito que,</p><p>também, pode ser lúdico. Esta abordagem terapêutica permite que as ações</p><p>quotidianas banais ou menos estimulantes possam ser transformadas em</p><p>momentos de prazer e de ocupação com um objetivo terapêutico previamente</p><p>concebido. Neste sentido, as intervenções de estimulação podem ser adotadas</p><p>para a capacitação da pessoa para o seu autocuidado e, assim, constituir um</p><p>recurso para um melhor desempenho do papel do cuidador. As intervenções não</p><p>farmacológicas surgem como uma opção de resposta complementar para intervir</p><p>na complexidade de todo o processo que envolve as respostas humanas na PNC</p><p>major. Estas intervenções não farmacológicas incluem um conjunto de</p><p>abordagens possíveis, como a estimulação multissensorial, treino e reabilitação</p><p>cognitiva, o toque, terapia de validação, entre outras.</p><p>As intervenções de natureza psicossocial, como é exemplo a EC, têm</p><p>evidenciado a sua eficácia no contexto da deterioração cognitiva, sustentando-</p><p>se na ideia de que a PNC major mantém a capacidade cognitiva de processar</p><p>informação, bem como a possibilidade de ativar o seu sistema de redes</p><p>neuronais. Entende-se por EC a implementação de um conjunto de atividades</p><p>significativas e terapêuticas, que decorrem ao longo de várias sessões,</p><p>normalmente, em contexto social, e que visam a estimulação de vários domínios</p><p>entre os quais: atenção, funções executivas, memória, linguagem, entre outros.</p><p>Assim, a EC é uma abordagem que se foca na estimulação intelectual e social</p><p>através de atividades, exercícios e discussões relevantes. Nestas atividades,</p><p>várias técnicas podem ser incorporadas ou associadas, como a reminiscência,</p><p>estimulação sensorial, treino e a reabilitação cognitiva, a orientação para a</p><p>realidade, entre outras. Organizações como a Alzheimer’s Disease International</p><p>39</p><p>e a National Institute for health and Care Excellence (NICE) recomendam a EC</p><p>nas PNC major.</p><p>Existem evidências que suportam a eficácia da EC, nomeadamente, na</p><p>cognição, humor, bem-estar, atividade funcional, qualidade de vida e</p><p>competências comunicacionais. Além disso, a EC apresenta uma boa relação</p><p>custo-benefício. De facto, os resultados sugerem que esta prática está associada</p><p>a um menor risco de deterioração cognitiva, pelo que deverá ser iniciada o mais</p><p>cedo possível. A EC contribui para o aumento de reservas cerebrais e cognitivas,</p><p>reforçando a proteção contra a evolução do quadro de declínio, atrasando o seu</p><p>início e prevenindo a dependência e a incapacidade da pessoa para se</p><p>autocuidar. Tradicionalmente, a EC é desenvolvida em grupo, com sessões</p><p>temáticas programadas, envolvendo a presença de um profissional de saúde em</p><p>contexto institucional, como hospitais, unidades de reabilitação comunitárias,</p><p>lares ou centros de dia. O desenvolvimento de intervenções cognitivas como a</p><p>estimulação cognitiva, reabilitação ou treino, em contexto domiciliário, é uma</p><p>área de interesse para a prática clínica que se quer, cada vez mais, comunitária</p><p>e menos institucionalizada. Neste contexto, vários estudos têm explorado esta</p><p>prática e programas de estimulação têm sido construídos com este propósito.</p><p>Apresentação geral do manual</p><p>O programa foi concebido para ser aplicado individualmente, três vezes por</p><p>semana, durante 25 semanas, completando assim um total de 75 sessões. Para</p><p>cada sessão prevê-se uma duração média de 30 minutos. Toda a informação</p><p>contida no manual está direcionada para o cuidador. Os conteúdos deste manual</p><p>estão organizados em duas partes. A primeira está centrada no “como” utilizar o</p><p>manual e na apresentação de boas práticas, a que os autores designaram de</p><p>princípios-chave. A segunda parte corresponde às 75 sessões de EC individual,</p><p>incluindo, adicionalmente, as soluções de algumas das atividades incorporadas</p><p>nestas sessões. Os princípios-chave guiam os cuidadores familiares/informais</p><p>durante as sessões de EC individual, adequando as intervenções à realidade da</p><p>PNC. Seguem, em síntese, os 13 princípios-chave.</p><p>40</p><p>1) Estimular a mente. O principal</p><p>objetivo da EC é ativar e envolver a mente,</p><p>oferecendo a possibilidade de realização de atividades estimulantes. Existe uma</p><p>forte evidência que após o diagnóstico de uma PNC, as pessoas, geralmente,</p><p>privam-se de atividades estimulantes. Este facto conduz a uma deterioração</p><p>adicional, devido à perda de capacidades e confiança.</p><p>2) Desenvolver novas ideias, pensamentos e associações. A comunicação com</p><p>a PNC é tendencialmente centrada na informação referente ao passado, a qual</p><p>pode ser "demasiado ensaiada", e menos estimulante. Os programas de EC</p><p>encorajam a aplicação de técnicas que utilizem o conhecimento da pessoa, mas</p><p>também que a leve a desenvolver novas formas de pensar.</p><p>3) Utilizar a orientação de forma sensível. A orientação é um objetivo importante</p><p>dos programas de EC, embora a forma como a PNC é orientada seja crucial. A</p><p>colocação de perguntas diretas à pessoa pode ser desmoralizante. Neste</p><p>sentido, a orientação deve ser utilizada de forma subtil e implícita no início de</p><p>cada sessão, sendo exemplos o diálogo sobre festas e datas importantes do</p><p>presente ou do futuro.</p><p>4) Focar-se em opiniões mais do que em factos, de forma a enaltecer os pontos</p><p>fortes da pessoa. Ao questionar a opinião da pessoa, obtêm-se respostas que</p><p>podem ser divertidas, tristes, inusuais, controversas ou intrigantes, mas não</p><p>erradas. Pelo contrário, centrar-se apenas nos factos pode conduzir ao dualismo</p><p>certo ou errado.</p><p>5) Utilizar a reminiscência enquanto auxílio no "aqui" e no "agora". Utilizar</p><p>memórias passadas pode tornar-se útil e divertido durante as sessões de EC. A</p><p>reminiscência pode ser utilizada para celebrar a vida familiar, a personalidade, o</p><p>percurso profissional, os passatempos e as realizações da PNC. Além disto, a</p><p>reminiscência pode ser útil na orientação, especialmente, em atividades de</p><p>contraste entre a atualidade e o passado.</p><p>6) Proporcionar estímulos que suportem a memória. Pistas multissensoriais são</p><p>realmente importantes, dado que a memória funciona melhor quando submetida</p><p>41</p><p>a mais do que um estímulo sensorial. Frequentemente, a combinação dos</p><p>sentidos torna a estimulação multissensorial mais efetiva.</p><p>7) Estimular a linguagem e a comunicação. Existe evidência que comprova que</p><p>as capacidades comunicacionais se desenvolvem favoravelmente quando a</p><p>pessoa é envolvida em atividades estimulantes.</p><p>8) Estimular a capacidade de planeamento diário. A capacidade de planear,</p><p>organizar e sequenciar, também conhecidas como capacidades da função</p><p>executiva, encontram-se, comummente, debilitadas na PNC. Nos programas de</p><p>EC, as sessões incentivam a discussão e aplicação de atividades que</p><p>contemplem estas funções, de forma a encorajar a pessoa a utilizar novamente</p><p>estas ferramentas.</p><p>9) Utilizar uma abordagem centrada na pessoa, na qual as qualidades únicas da</p><p>pessoa são determinadas pela sua história de vida. As experiências que</p><p>moldaram a sua personalidade e atitudes conduzem a uma variedade de</p><p>capacidades, interesses e preferências. A EC individual pretende disponibilizar</p><p>um conjunto de experiências agradáveis à pessoa, valorizando a diversidade das</p><p>suas opiniões e crenças, respeitando deste modo a sua individualidade.</p><p>10) Oferecer escolha de atividades. As sessões do MD3 oferecem à pessoa um</p><p>conjunto de atividades alternativas, caso as atividades descritas não estejam de</p><p>acordo com as suas preferências. Ao oferecer atividades alternativas dá-se a</p><p>oportunidade a que a PNC se envolva num programa que procura adaptar-se a</p><p>si.</p><p>11) Proporcionar uma atmosfera agradável e divertida de aprendizagem, de</p><p>forma a que as atividades do programa de EC levem a pessoa a sentir-se capaz</p><p>e capacitada.</p><p>12) Maximizar o potencial. Existe evidência de que a PNC é competente no</p><p>processo de aprendizagem com o devido encorajamento e apoio. Um dos</p><p>aspetos cruciais centra-se na reconstrução da memória e capacidades</p><p>cognitivas da pessoa, ao disponibilizar-lhe a oportunidade de treinar estas</p><p>competências. Isto envolve o disponibilizar de tempo à pessoa, para que esta se</p><p>42</p><p>sinta capaz de concluir as atividades propostas ao seu ritmo, e não de forma</p><p>passiva, atingindo o seu potencial.</p><p>13) Fortalecer a relação entre a PNC e os indivíduos que a rodeiam. A nível da</p><p>EC individual, pretende-se que o cuidador e a PNC passem tempo de qualidade</p><p>juntos. O programa de EC individual oferece a oportunidade a familiares e</p><p>amigos de se sentirem envolvidos no processo terapêutico, focando-se na</p><p>qualidade da interação com a PNC, numa lógica de proximidade e diversão.</p><p>Como já referido, a segunda parte do manual do PECI-MD3 centra-se nas</p><p>atividades (sessões), cada uma delas com dois níveis de dificuldade (Nível A e</p><p>B). A estrutura das 75 sessões segue sempre o mesmo alinhamento: (i)</p><p>apresentação inicial de tópicos que proporcionam a discussão ora no contexto</p><p>da orientação para a realidade (por exemplo: data, hora, clima), ora sobre</p><p>assuntos da atualidade; seguindo-se (ii) a atividade temática específica.</p><p>Um cuidado centrado na pessoa e na família</p><p>Como já referido, a PNC e o seu processo de evolução caracterizam-se por</p><p>alterações em domínios cognitivos específicos, como a atenção, funções</p><p>executivas, capacidade de aprendizagem, memória, linguagem, percepção</p><p>motora e cognição social, que tendem a interferir com a autonomia do indivíduo.</p><p>A par da perda de competências cognitivas, outras áreas do funcionamento</p><p>ficam afetadas, tal como o processo de interação. Frequentemente, a pessoa vai</p><p>perdendo as suas funções sociais, como o seu papel no seio familiar ou</p><p>profissional. Deste modo, a PNC pode ser profundamente afetada por um</p><p>conjunto de limitações impostas, muitas vezes, até por terceiros, que afetam</p><p>ainda mais a sua capacidade de aprendizagem, autoestima e competências</p><p>relacionais. Usualmente, no cuidado e na relação, não se potenciam as</p><p>capacidades da PNC e priva-se o indivíduo, já neurologicamente prejudicado, da</p><p>sua própria personalidade e identidade, minimizando as suas capacidades e</p><p>estatuto social. A dialética do processo de socialização das PNC tem sido alvo</p><p>de estudo. Kitwood, no seu referencial teórico - abordagem centrada na pessoa,</p><p>pela promoção da sua própria personalidade (personhood) - afirmava que a</p><p>interação com as PNC recaía numa dinâmica contígua ao paradigma biomédico,</p><p>43</p><p>centrada nas repercussões dos mecanismos neuropatológicos da doença, o que</p><p>se reflete negativamente na prestação de cuidados.</p><p>Deste modo, o autor introduziu a necessidade de partilha entre</p><p>profissionais, cuidadores e familiares da PNC de uma visão assente no</p><p>pressuposto de que os seres humanos são profundamente afetados pela</p><p>psicologia social que os rodeia. Segundo este referencial teórico, a autoestima,</p><p>é essencial para uma boa aprendizagem, eficácia e construção de relações</p><p>significativas com os outros. Contrariamente, quando a autoestima se encontra</p><p>ausente ou deteriorada, a pessoa sente-se incapacitada, entrando num ciclo de</p><p>desalento e fracasso. Neste sentido, Kitwood apresenta dez processos e</p><p>interações entendidos como "malignos" uma vez que tendem a despersonalizar</p><p>a PNC:</p><p>a) deslealdade - a representação desonesta usada para que a PNC cumpra os</p><p>desejos de terceiros (por exemplo, uma institucionalização contra a vontade do</p><p>próprio);</p><p>b) descapacitação - embora a pessoa consiga realizar determinada atividade,</p><p>ainda que com mais dificuldades ou lentidão, esta acaba por ser realizada por</p><p>outro;</p><p>c) infantilização - reforço, de forma implícita ou explicita, de que a PNC possui</p><p>mentalidade e capacidades de uma criança;</p><p>d) intimidação - incutida sensação de medo à PNC, podendo, em alguns casos,</p><p>ocorrer ameaças ou até agressão física;</p><p>e) rotulagem - diagnóstico é associado ao declínio e consequente perturbação</p><p>progressiva, resultando numa alteração na forma como a pessoa é tratada</p><p>subsequentemente;</p><p>f) estigmatização</p><p>- semelhante ao conceito de rotulagem, embora na</p><p>estigmatização também se associem conotações de exclusão social;</p><p>44</p><p>g) ultrapassagem - a nível do ritmo de conclusão de atividades diárias, onde é</p><p>negado à PNC um ritmo próprio, comummente mais lento do que outrora;</p><p>h) invalidação - quando as experiências e emoções são esquecidas ou</p><p>descuidadas;</p><p>i) banimento - quando a pessoa é vista pelos outros, de alguma forma, como</p><p>intolerável sendo privada física e/ou psicologicamente de contato humano</p><p>sustentável;</p><p>j) objetificação - quando a PNC deixa de ser tratada enquanto ser humano,</p><p>passando a ser perspectivada, meramente, como um corpo vazio.</p><p>Nesta linha de pensamento, torna-se imperativo que os profissionais de</p><p>saúde em geral e os enfermeiros em particular reconheçam as necessidades</p><p>específicas das PNC e dos seus cuidadores, as quais dependem e surgem da</p><p>diversidade, como a tipologia familiar, género, etnia, idade, religião e crenças.</p><p>WHO reconhece como prioritária a determinação de intervenções mais eficazes</p><p>na educação, formação e suporte formal e informal dos cuidadores da PcPNC.</p><p>94 Consequentemente, novos desafios são colocados à disciplina e aos</p><p>cuidados de enfermagem. A prática de enfermagem e o seu corpo de</p><p>conhecimentos beneficiam da efetividade das intervenções no domínio da</p><p>cognição e da qualidade de vida aplicadas à PNC. Por outro lado, capacitar o</p><p>cuidador para o desempenho do seu papel, com a melhor competência possível,</p><p>é outra demanda profissional.</p><p>45</p><p>7. TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO COGNITIVAS /</p><p>NEUROPSICOLÓGICAS</p><p>A seguir serão apresentadas as técnicas ou estratégias de reabilitação da</p><p>memória. As técnicas de treinamento e repetição partem do princípio de que</p><p>“exercícios” da memória podem trazer melhora significante e global do</p><p>funcionamento mnéstico (BOTTINO, et al., 2002). Quando o treinamento envolve</p><p>memória implícita e de procedimento e o treinamento realizado visa alguma</p><p>habilidade específica, são relatados resultados positivos. A melhora no</p><p>desempenho, nesses casos, não depende de generalização para outras</p><p>atividades, como: a utilização de um computador ou outro equipamento. É</p><p>importante frisar que o treino deve ser realizado dentro do próprio contexto em</p><p>que a habilidade será posteriormente utilizada, este deve envolver tarefas</p><p>ligadas a déficits individuais específicos na reabilitação em pacientes com</p><p>Demência de Alzheimer (DA).</p><p>As estratégias de aprendizagem ou técnicas mnemônicas referem-se a</p><p>formas de aprimorar o armazenamento, a codificação e/ou a evocação de</p><p>informações aprendidas. Para pacientes com DA, algumas dessas técnicas são</p><p>consideradas eficazes. Um exemplo é facilitar a evocação do nome da pessoa</p><p>associando-o a características físicas, ou seja, por meio do pareamento de</p><p>estímulos verbais e visuais. Juntamente com o aprimoramento dos recursos</p><p>mnemônicos, foi proposta a mnemotécnica cuja aplicação é uma combinação ou</p><p>associação de informações mentais para serem recordadas em conjunto. Podem</p><p>46</p><p>ser utilizadas histórias que se relacionem a conteúdos, a fim de serem</p><p>lembrados, objeto a ser recordado por palavras sem sentido, ou ainda uma</p><p>característica da pessoa ligada a nomes e rostos (WILSON, 2011).</p><p>O aprendizado sem erros é outra técnica que pode ser eficiente, desde que</p><p>aplicada por outra pessoa. Trata-se de uma técnica que reduz as chances de</p><p>erros do paciente, propiciando seu sucesso na execução da tarefa, ou seja, o</p><p>reforço das respostas corretas. Nessa técnica, não há acentuação ou reforço das</p><p>respostas com erro. A aprendizagem de um procedimento baseia-se, conforme</p><p>Baddeley e Wilson (1994 apud DA-SILVA et al., 2011), no fortalecimento da</p><p>emissão de uma resposta entre significativas possibilidades de respostas</p><p>possíveis; pois sendo a resposta errada repetida, acaba fortalecendo e</p><p>dificultando a aprendizagem. Além do mais, ao aumentar a possibilidade do</p><p>paciente obter sucesso, aumentará a motivação dele; o que também provoca e</p><p>está associado à facilitação da aprendizagem e, por conseguinte uma melhor</p><p>memorização. Para obter êxito na execução desse aprendizado, é preciso</p><p>realizar um programa que impeça o sujeito amnésico de emitir “respostas-</p><p>palpites” ou em forma de tentativa e erro. A base da técnica descrita apoia-se</p><p>em estudos com memória implícita, a qual aponta que um indivíduo é capaz de</p><p>aprender e desempenhar uma habilidade, mesmo que ele não consiga lembrá-</p><p>la.</p><p>A técnica de estratégias compensatórias (EC) da memória tem como</p><p>proposta ensinar um caminho alternativo para o registro e a evocação das</p><p>informações verbais por meio do recurso visual. Com isso, a pessoa aprende a</p><p>utilizar uma imagem visual para memorizar, por exemplo, uma lista de itens. A</p><p>EC utiliza-se de apoios externos como gravadores, agendas, sinalizadores,</p><p>cartazes etc., produzindo resultados benéficos, contudo esse procedimento está</p><p>indicado somente na fase inicial da doença. Na fase intermediária os resultados</p><p>são menores, dependendo do terapeuta e do auxílio do cuidador, devido ao</p><p>avanço da doença. A técnica de orientação à realidade (TOR) é o treino</p><p>sistemático de informações presentes e contínuas, amparadas por estímulos</p><p>ambientais de orientação espacial e temporal, tendo como objetivo amenizar o</p><p>quadro confusionais dos idosos. Desenvolvida por James Folson</p><p>47</p><p>(1968 apud Abrisqueta-Gomez et al. 2012), a terapia de orientação a realidade</p><p>(TOR), é uma das mais conhecidas e validadas técnicas de intervenção</p><p>psicológica no tratamento de pessoas com demência.</p><p>A TOR tem como princípio apresentar dados de realidade ao paciente de</p><p>forma contínua e organizada, com o objetivo de criar estímulos ambientais para</p><p>facilitar a orientação, considerando ainda que a realidade não consiste apenas</p><p>em orientação temporal. Esta técnica procura estimular o paciente a se engajar</p><p>em atividades sociais e melhorar a comunicação pelas sinalizações no ambiente,</p><p>informação contínua, linguagem clara ou não verbal e treinamento de</p><p>habilidades cognitivas, utilizando as atividades adequadas às suas dificuldades.</p><p>Resultados de estudos indicam que a estimulação cognitiva utilizada na TOR</p><p>está relacionada à melhora na capacidade de aprender coisas novas. A TOR</p><p>pode ser realizada de duas formas: a primeira pode ser constituída em pequenos</p><p>grupos de três a seis pessoas, durante 30 a 60 minutos, quando trabalham com</p><p>exercícios de orientação temporal e discussão de eventos atuais, do próprio</p><p>ambiente ou mais geral, jogos e atividades com ênfase nas características</p><p>cognitivas. Pode também ser utilizada a estimulação sensorial para pessoas com</p><p>danos mais severos, objetivando melhorar a consciência de situações atuais.</p><p>Além disso, pode-se utilizar música para estimular o engajamento no grupo.</p><p>A segunda é de natureza informal e contínua que envolve um esquema diário de</p><p>24 horas, com reforço das informações de orientação sobre o meio-ambiente</p><p>com quadro de avisos sinalizadores e outras ajudas de memória. As informações</p><p>se realizam em cada contato do paciente com os cuidadores ou acompanhantes,</p><p>os quais comentam sua situação (onde está de onde veio, para onde vai, a hora</p><p>e situação que se sucedem no seu entorno). Tais informações são passadas de</p><p>forma lenta, clara e objetiva, utilizando as mais diversas formas de comunicação</p><p>como olhares, gestos, voz, sons, contato físico e por meio de alguns objetos:</p><p>calendário, relógio, revista, figuras, música etc.</p><p>A técnica das reminiscências (TR) foi considerada como fator</p><p>desencadeante de angústia e estresse até os anos 60. Só na década de noventa</p><p>que Butler (1963 apud Camara et al. 2009) destacou a importância de o idoso</p><p>48</p><p>fazer uma revisão da própria vida; uma técnica considerada como ocorrência</p><p>natural do ser humano. Ela consiste na estimulação e valorização das</p><p>informações e experiências agradáveis da vida</p><p>do paciente, abrindo espaço para</p><p>que suas narrativas possam ser convertidas em orientação para o presente, para</p><p>que o idoso possa ordenar no tempo os eventos que foram significantes para ele</p><p>no decorrer de sua vida. Isso possibilita a pessoa dar novo sentido a certos</p><p>acontecimentos de sua história. A TR basicamente envolve discussão de</p><p>atividades e experiências do passado, com objetivo de estimular o resgate de</p><p>informações por meio de figuras, álbuns de fotos de família, canções antigas,</p><p>cartas, presentes, filmes, jornais, jogos e outros estímulos relacionados à</p><p>juventude, os quais são solicitados do paciente e/ou familiares. A técnica tem</p><p>por objetivo melhorar a comunicação, aumentar o senso de identidade pessoal,</p><p>oferecer uma atividade agradável em companhia de outros, melhorar o bem</p><p>estar, o humor e/ou individualizar os cuidados. Porém essa técnica não deve ser</p><p>confundida com a terapia de revisão de vida, pois esta envolve a avaliação de</p><p>memórias pessoais, muitas vezes dolorosas Da-Silva (2011), já que tem como</p><p>objetivo criar novos sentidos para o passado por meio do resgate da própria</p><p>história e/ou dos eventos vividos no contexto social.</p><p>Quanto à psicoterapia na reabilitação neuropsicológica, Judd</p><p>(1999 apud Santos et al., 2008), propôs o conceito de neuropsicoterapia (Npt),</p><p>que se caracteriza pela aplicação do conhecimento neuropsicológico na</p><p>psicoterapia em pacientes cérebro-lesados, sendo possível também a</p><p>reabilitação cognitiva de déficits na autorregulação e na inteligência social,</p><p>visando melhorar dificuldades cognitivas, emocionais e comportamentais das</p><p>lesões cerebrais decorrentes. Isso favorece a integração do senso de identidade</p><p>com base em elementos da personalidade pré e pós-lesão. A Npt auxilia também</p><p>o paciente e a família no enfrentamento da doença, preparando ambos para o</p><p>futuro. Seus conteúdos são a reabilitação emocional, a autoconsciência e o self</p><p>(SANTOS et al., 2008).</p><p>A partir da descrição das estratégias de reabilitação neuropsicológica, é</p><p>possível afirmar que a RN pode ser concebida como uma psicoterapia,</p><p>considerando-se os desafios impostos pela demência, uma vez que todo</p><p>49</p><p>processo e objetivos envolvidos na RN são análogos aos psicoterapêuticos.</p><p>Compartilham o mesmo objetivo geral, ambas as abordagens – o</p><p>desenvolvimento individual por meio da adaptação às condições desfavoráveis</p><p>e uma relação de ajuda, promovendo sentido e mudanças. Além dessas</p><p>congruências, ambas compartilham os mesmos contextos e ambientes</p><p>terapêuticos, reorganizados com a atenção voltada aos objetivos para</p><p>estabelecer uma efetiva relação terapêutica, à medida que buscam aumentar a</p><p>consciência e autonomia do paciente por meio de metas realistas, as quais</p><p>aperfeiçoam o ajustamento dele. Portanto, considerando a semelhança da RN à</p><p>psicoterapia, esta envolve também tanto o manejo do processo de luto e a</p><p>readaptação do self, quanto o estabelecimento das metas para o futuro, das</p><p>estratégias de solução de problemas, bem como o desenvolvimento de</p><p>estratégias de enfrentamento: a psicoeducação, o manejo do estresse, o</p><p>ajustamento emocional e o apoio interpessoal.</p><p>A Terapia Comportamental (TC) é outra abordagem importante como parte</p><p>das estratégias de RN. McMillan e Greenwood afirmaram que a reabilitação</p><p>neuropsicológica deve navegar pelos campos da neuropsicologia clínica, análise</p><p>comportamental, retreinamento cognitivo e psicoterapia individual e grupal, pois</p><p>neste ponto começa ser evidenciado o intercâmbio entre a reabilitação</p><p>neuropsicológica e a análise do comportamento. Parece que a interface entre</p><p>neuropsicologia e terapia comportamental surgiu com William Gaddes (1968),</p><p>que argumentou que esta união seria especialmente útil para os distúrbios de</p><p>aprendizado da infância. As técnicas comportamentais são estruturadas com</p><p>base nos trabalhos experimentais de Skinner no começo do século XX, tendo</p><p>como premissa que o comportamento é influenciado pelas circunstâncias nas</p><p>quais se encontra inserido. O eixo central desta abordagem é o</p><p>condicionamento, cujo princípio diz respeito a comportamentos que podem ser</p><p>modificados, a partir de mudanças nas condições do ambiente, por meio de</p><p>estímulos reforçadores e situações aversivas. O processo de aprendizagem com</p><p>pessoas demenciadas torna-se possível quando o foco é o reaprendizado com</p><p>técnicas que apresentam novas tarefas já conhecidas e a manutenção de tarefas</p><p>preservadas. Portanto, as técnicas comportamentais têm como objetivo a</p><p>promoção de mudança no comportamento não funcional do doente, por meio do</p><p>50</p><p>aprendizado ou por meio da reestruturação do ambiente com o intuito de</p><p>melhorar o desempenho do paciente.</p><p>A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) foi desenvolvida por Aaron</p><p>Beck no início dos anos 1970, a qual apresenta como premissa básica que os</p><p>comportamentos e os afetos das pessoas são determinados pela sua maneira</p><p>de perceber o mundo. Beck iniciou seus estudos no campo da depressão e,</p><p>segundo ele, a causa básica dessa patologia são os pensamentos espontâneos</p><p>negativos e automáticos, que se concentram em si mesmos. Trata-se de crenças</p><p>que levam as pessoas a se notarem como inadequadas, promovendo</p><p>desesperança quanto ao futuro e agravando sua condição afetiva presente, o</p><p>que resulta em inatividade e perpetuação do problema. O tratamento com base</p><p>na psicologia cognitiva apoia-se na habilitação do indivíduo, para avaliar a</p><p>realidade dos eventos, de forma a reorganizar seus pensamentos e modificar</p><p>suas crenças, e assim busca determinar formas mais adaptativas de estado de</p><p>humor e comportamento.</p><p>O objetivo da TCC é proporcionar maior conforto emocional ao paciente,</p><p>melhorar sua autoestima e capacidade de atenção. Consiste em restaurar a</p><p>dignidade da pessoa e abrandar o aspecto degenerativo da doença, por meio de</p><p>uma escuta empática e sem julgamentos, sem a contestação dos pontos de vista</p><p>da pessoa, valorizando seu ser como um todo. Deve-se evitar discutir a realidade</p><p>ou discordar do paciente. Busca-se acessar a emoção subjacente às palavras</p><p>da pessoa, validando esses sentimentos como verdadeiros, independentemente</p><p>de nossa concepção de realidade atual. Pode ser aplicada individualmente ou</p><p>em grupos pequenos. Utiliza-se música como atividade integradora do grupo e</p><p>as pessoas são encorajadas a ter um papel específico tal como: responsável</p><p>pela música, pela recepção de novas pessoas, entre outras. São escolhidos</p><p>tópicos de discussão, a fim de promover a aproximação dos conhecimentos e</p><p>experiências das pessoas e membros do grupo.</p><p>A psicoeducação de cuidadores, como é denominada, ou orientação aos</p><p>familiares sobre o tratamento, trata-se de outra técnica importante. Tem sido</p><p>enfatizado por pesquisadores que vários fatores podem gerar impacto sobre o</p><p>51</p><p>cuidador e desestruturar sua vida, destacam-se estes: a falta de informação</p><p>sobre a evolução da doença e os encargos estressantes e emocionais</p><p>provocados por ela. Sendo assim a orientação aos familiares tem uma</p><p>característica psicoeducativa, tendo em vista que fornece informações,</p><p>esclarecendo sobre a doença, ensina como lidar com situações diárias, além de</p><p>possibilitar a troca de experiências com outras pessoas que vivem situações</p><p>semelhantes. É importante frisar que se os cuidadores são bem orientados e</p><p>emocionalmente estruturados, possuem mais condições de continuar usando as</p><p>técnicas de reabilitação cognitiva e, por sua vez, contribuem para a melhoria da</p><p>qualidade de vida de si mesmos e dos pacientes. Contudo, para que as técnicas</p><p>de Reabilitação Neuropsicológicas alcancem uma eficácia satisfatória devem</p><p>fazer parte de um programa de reabilitação bem estruturado, constituído de</p><p>outras especialidades formando uma equipe no atendimento aos pacientes.</p><p>7.1 Programa De Reabilitação Neuropsicológica</p><p>O Programa de Reabilitação Neuropsicológica (PRN) deve estar associado</p><p>a uma AN</p><p>sensível para reconhecer diferentes perfis cognitivos de demências e</p><p>seus estágios, principalmente o inicial e o intermediário, e ainda promover</p><p>estimulações cognitivas e comportamentais preventivas que possam lentificar a</p><p>evolução da doença. A validade e confiança no PRN impõem-se considerando o</p><p>desenvolvimento de um modelo com base nos conceitos da neurociência</p><p>cognitiva, como os sistemas de memória (operacional, explícita, implícita,</p><p>episódica e semântica), além daqueles associados a um possível incremento ou</p><p>estimulação da memória. De acordo com os resultados, o PRN sugere</p><p>fundamentos sobre a efetividade da estimulação das capacidades cognitivas</p><p>mnemônicas residuais ou preservadas, além de compreender por meio de quais</p><p>meios tais sistemas, mesmo que prejudicados possam estar, de alguma forma,</p><p>ativos.</p><p>Segundo Wilson (2011), devem-se observar alguns critérios nas primeiras</p><p>etapas quando se é solicitado a examinar uma pessoa com comprometimento</p><p>de memória, para ajudá-la com problemas cotidianos, provavelmente haverá</p><p>informações no encaminhamento das causas das dificuldades, ou seja, se a</p><p>pessoa sofreu trauma encefálico, acidente vascular cerebral, encefalite ou</p><p>52</p><p>anoxia ou se há diagnóstico de demência. Um ponto nesse processo que não</p><p>deve ser descartado, diz respeito a real natureza dos problemas, a qual pode ser</p><p>omitida. Neste sentido, uma entrevista e uma avaliação podem ser necessárias.</p><p>No entanto, se a pessoa já tenha passado por uma avaliação, então isso</p><p>pode ser suficiente para um mapeamento cognitivo dos pontos fortes e fracos do</p><p>indivíduo: a pessoa está funcionando dentro da média ou superior de habilidade,</p><p>ou ela está abaixo da média e, portanto, com déficit? Está abaixo do nível pré-</p><p>morbidade esperado? O nível de comprometimento da memória é grave,</p><p>moderado ou leve? O paciente tem níveis de memória em todas as modalidades</p><p>ou a memória verbal está melhor ou pior que a memória visual? Há um período</p><p>significativo amnésia retrógrada? O span de memória imediata está dentro da</p><p>amplitude normal (como é esperado para a maioria das pessoas com</p><p>funcionamento de memória comprometido)? E as outras habilidades cognitivas?</p><p>A pessoa tem habilidades de linguagem e de leitura? Os escores nos testes de</p><p>funcionamento visuoperceptivo e visuoespacial são normais? Há evidências de</p><p>atenção e habilidades executivas fracas? E quanto às dificuldades emocionais?</p><p>A pessoa sofre de ansiedade grave, depressão ou transtorno de estresse? Uma</p><p>avaliação emocional detalhada usando os procedimentos adequados deve</p><p>complementar a avaliação neuropsicológica. Um bom perfil de funcionamento</p><p>intelectual poderá ajudar a selecionar o programa e estratégias corretos, por isso</p><p>a importância de considerar as questões acima, a fim de realizar uma</p><p>programação estrategicamente adequada.</p><p>Abrisqueta-Gomez (2012) lembra que a Comissão de Credenciamento de</p><p>Serviços de Reabilitação, recomenda que os profissionais que atendam</p><p>indivíduos com lesões cerebrais, além de sua especialidade trabalhem em</p><p>conjunto com outras disciplinas. De acordo com o National Institute for Clinical</p><p>Excelence (NICE), equipes de reabilitação podem atuar de diversas formas:</p><p>multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar. Na equipe multidisciplinar os</p><p>profissionais trabalham lado a lado, com intervenções paralelas, mas não</p><p>necessariamente em estreita relação, e ocorre normalmente em hospitais. Na</p><p>equipe interdisciplinar a abordagem é mais integradora, com um único conjunto</p><p>de metas, muitas vezes em sessões conjuntas de disciplinas diferentes. Já na</p><p>53</p><p>equipe transdisciplinar os papeis individuais das disciplinas são estendidos,</p><p>ocorrendo intervenções que frequentemente atravessam as linhas limites entre</p><p>as disciplinas (ABRISQUETA-GOMEZ, 2012).</p><p>8. 10 ATIVIDADES DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA</p><p>REALIZAR COM O SEU FAMILIAR</p><p>A Doença de Alzheimer (DA), tipo mais comum de demência (50-80%</p><p>dos casos, de acordo com a Associação Internacional de Alzheimer – ADI),</p><p>prejudica progressivamente a memória, o comportamento e a capacidade</p><p>funcional. No entanto, os estudos têm demonstrado que a estimulação</p><p>cognitiva em idosos com DA tem melhorado o desempenho e o</p><p>comportamento nas atividades de vida diária, graças à plasticidade cerebral.</p><p>Nos casos de idosos com demência, o que ocorre é que as capacidades</p><p>preservadas compensam as comprometidas pela doença.</p><p>Manter os parentes em hobbies e atividades que lhes deram prazer no</p><p>passado é importante após o diagnóstico da doença e uma das formas de</p><p>estimulação cognitiva, que dentre outros benefícios, auxiliam a: Ativar as</p><p>memórias; aproximar o familiar da pessoa doente; encorajar a comunicação;</p><p>diminuir a ansiedade e irritabilidade comuns a muitos pacientes com esta</p><p>54</p><p>doença; fazer as pessoas com o diagnóstico sentirem-se mais engajadas com</p><p>a vida; melhorar a qualidade de vida do familiar e do paciente.</p><p>Mas afinal, quais as melhores atividades para pessoas com Alzheimer?</p><p>Isto é muito individual! É importante proporcionar atividades que tenham</p><p>algum significado, que não sejam apenas para preencher o tempo.</p><p>Considerar os interesses que eles tinham no passado, sabendo que muitas</p><p>vezes as atividades deverão ser adaptadas para a realidade atual devido ao</p><p>estágio da doença ou por segurança, afinal, o que antes era prazeroso, não</p><p>pode ser frustração no presente. Indicamos 10 atividades que podem ser</p><p>realizadas com o seu familiar de forma prazerosa. Elas não devem ser</p><p>propostas de uma só vez, faça em dias e horários diferentes, respeite o</p><p>estágio da doença em que a pessoa se encontra e faça adaptações quando</p><p>necessário</p><p>1) Cantem ou toquem uma canção – escolha de acordo com o gosto do seu</p><p>familiar. Tente buscar canções que ele possa cantar junto, se perceber que</p><p>ele soube cantar boa parte da música, pare de tocar e deixe-o cantando a</p><p>capela.</p><p>2) Vejam álbuns de fotos – antigas ou recentes as fotografias são sempre</p><p>uma excelente opção, um elo entre o passado e o presente, um bom gatilho</p><p>para iniciar uma conversa, recordar uma história, nomes, datas, eventos.</p><p>Muito da história de vida e da opinião sobre o seu familiar poderá ser</p><p>descoberto neste momento!</p><p>3) Assistam vídeos da família – para esta opção também valem os vídeos</p><p>recentes ou antigos; muitas vezes temos que ligar antigos aparelhos para</p><p>conseguir transmitir as imagens, isso será outro exercício cognitivo. Quantas</p><p>recordações! Que diversão será ver as roupas, cabelos, como cresceram as</p><p>crianças!</p><p>4) Cozinhem pratos típicos da família – toda família tem o seu prato típico,</p><p>doce ou salgado, talvez os dois! Aquela receita que só os mais velhos têm</p><p>55</p><p>que são símbolo de aniversários, Natal, Páscoa, ou outra tradição, é o</p><p>momento ideal de compartilhar e aprender a receita!</p><p>5) Releiam um livro que seu familiar gostava – não importa que ele já tenha</p><p>lido, releiam, juntos podem ir conversando sobre o enredo, compartilhando</p><p>ideias! Podem intercalar quem fará a leitura em voz alta, isso trabalha</p><p>diferentes funções cognitivas.</p><p>6) Leiam um jornal ou uma revista – costuma levar o seu familiar para</p><p>consultas médicas ou exames? Que tal aproveitar este momento e lerem</p><p>juntos alguma reportagem? Conversem a respeito, tecem seus comentários</p><p>e críticas, façam conexões com a história de vida.</p><p>7) Façam artesanatos e artes juntos – pintura, crochê, tricô, costura, bordado,</p><p>entre outros trabalhos manuais, são excelentes, mas podem ser mais</p><p>complicados a depender do estágio da doença. Vale buscar opções</p><p>diferentes ao que seu familiar estava habituado para ser mais simples e</p><p>prazeroso. Existem opções lindas específicas para este público à venda.</p><p>8) Cuidem de plantas ou visitem um parque – auxilie ou incentive seu familiar</p><p>a ter plantas para cuidar, talvez ervas aromáticas que poderão ser colocadas</p><p>na comida.</p><p>9) Assistam vídeos compartilhados nas</p><p>redes sociais – atualmente é comum</p><p>recebermos vídeos engraçados ou motivacionais nas redes sociais,</p><p>raramente compartilhamos com o nosso familiar com Alzheimer; além de não</p><p>ficarmos isolados ao smartphone, criaremos mais um momento de integração</p><p>e comunicação.</p><p>10) Façam chamadas de vídeo para outros familiares – utilizem a tecnologia</p><p>a seu favor, uma chamada por vídeo com parentes distantes pode ser muito</p><p>enriquecedor e estimular bastante a cognição.</p><p>Caso seu familiar não goste ou resista em participar das atividades, dê-</p><p>lhe um tempo, não se zangue, pois em nada irá ajudar! Tente proporcionar a</p><p>atividade com uma aproximação diferente, expondo o que será feito, de forma</p><p>56</p><p>diferente, ou apenas “puxando assunto”. Pergunte a ele(a) quais atividades</p><p>gostaria de realizar, ou o que gostaria de modificar em algo que já fazem em</p><p>conjunto. Lembre-se de se concentrar no processo, no momento presente e</p><p>não no resultado, não há problema se ele(a) não se recordar do que fizeram</p><p>algum tempo depois, ou se o nome do parente para quem telefonaram não</p><p>for lembrado, o importante é que enquanto a atividade estiver sendo</p><p>realizada, exista prazer, para ambos! A demência pode afastar o idoso das</p><p>atividades, da família e dos amigos, mas mantendo essas relações e</p><p>interesses podemos reduzir drasticamente os prejuízos à cognição e</p><p>melhorar a qualidade de vida de todos.</p><p>Alguns vídeos a respeito do assunto abordado:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=77BtkftiBPk</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=dq2d4gYA-nw</p><p>57</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mVfarHR75xM</p><p>58</p><p>9. REFERÊNCIAS</p><p>ABRISQUETA-GOMEZ, J. et al. Reabilitação neuropsicológica. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2012. 368 p.</p><p>AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). DSM-5. Manual</p><p>Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed; 2014.</p><p>Canal da FelizIdade. O QUE É: REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA |</p><p>REABILITAÇÃO COGNITIVA | ESTIMULAÇÃO COGNITIVA | FelizIdade.</p><p>YouTube. 18 de Janeiro de 2022. Disponível em <</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mVfarHR75xM></p><p>CELICH K.L.S. Dimensões do processo de cuidar: a visão das enfermeiras.</p><p>Rio de Janeiro: EPUB; 2004.</p><p>CECAGNO S.; SOUZA M.D.; JARDIM V.M.R. Compreendendo o contexto</p><p>familiar no processo saúde-doença. Acta Sci Health Sci 2004; 26 (1): 107-12.</p><p>CERQUEIRA, A; OLIVEIRA, N. Programa de apoio a cuidadores: uma ação</p><p>terapêutica e preventiva na atenção à saúde dos idosos. Psicol. USP, v.13, p. 1-</p><p>11, 2002.</p><p>CASEMIRO F. G.; et al. Impacto da estimulação cognitiva sobre depressão,</p><p>ansiedade, cognição e capacidade funcional em adultos e idosos de uma</p><p>universidade aberta da terceira idade. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. Rio de</p><p>Janeiro; 19(4):683-694, 2016.</p><p>DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos</p><p>mentais. São Paulo: Artmed, 2 ed. 2008. 438 p.</p><p>FONTOURA, D, R; Organizadores, Teoria e Prática na Reabilitação</p><p>Neuropsicológica, São Paulo: Vetor Editora, 2017.</p><p>FREITAS, E V L.; NERI, A L; CANÇADO, F A X, DOLL, J.; GORZONI, M. L.</p><p>(Eds.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara</p><p>Koogan, 2017.</p><p>GROISMAN, D. Oficinas terapêuticas para idosos com demência. Rio de</p><p>Janeiro: IPUB; 2004.</p><p>HOLDERBAUM, C.S., RINALDI, J., BRANDÃO, L.; PARENTE, M.A.M.P. A</p><p>intervenção cognitiva para pacientes portadores de demência do tipo</p><p>Alzheimer. In: PARENTE, M.A.M.P. e colaboradores. Cognição e</p><p>Envelhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap.16. p. 259-273.</p><p>Holiste Psiquiatria. Estimulação Cognitiva em Idosos | Michelle Campos.</p><p>YouTube. 18 de Janeiro de 2022. Disponível em: <</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=77BtkftiBPk>.</p><p>59</p><p>IZQUIEDO, I. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2018</p><p>JECKEL-NETO E.A; CUNHA, G.L. Teorias Biológicas do Envelhecimento. In:</p><p>FREITAS E.V.; PY, L.; CANÇADO F.A.X.; DOLL J.; GORZONI M.L. Tratado de</p><p>geriatria e gerontologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. Cap. 2</p><p>Parte 1. p. 13-22.</p><p>LAKS, J.; MARINHO, V; ENGELHARDT, E. Diagnóstico Clínico da Doença de</p><p>Alzheimer. In BOTTINO, C. M. c, LAKS, J., & BLAY, S. L. Demência e</p><p>transtornos cognitivos em idosos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.</p><p>Cap.16. p. 173-176</p><p>MALLOY-DINIZ, Leandro F. et al. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2010. 432 p.</p><p>MACHADO, J.C.B. Doença de Alzheimer. In: FREITAS, E.V.; PY, L.; CANÇADO</p><p>F.A.X.; DOLL J.; GORZONI M.L. Tratado de geriatria e gerontologia. 2 ed. Rio</p><p>de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. Cap. 8, p. 133-147</p><p>MARQUES, S. Cuidadores familiares de idosos: relatos de histórias. 186f.</p><p>Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo,</p><p>Ribeirão Preto, 2000</p><p>NERI, A L. Palavras-chave em gerontologia. Campinas, SP: Editora Alínea,</p><p>2014</p><p>PORTELLA, M.R.; PASQUALOTTI, A.; GAGLIETTI, M. Envelhecimento</p><p>Humano saberes e fazeres. Passo Fundo: Ed Universidade de Passo Fundo,</p><p>2006</p><p>RIBEIRO, E.E. Envelhecência- Envelhecer bem e com qualidade. Rio de</p><p>Janeiro: UNATIUERJ, 2008.</p><p>Saúde do Adulto e do Idoso. ATIVIDADES DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA</p><p>PARA IDOSOS. YouTube. 18 de Janeiro de 2022. Disponivel: <</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=dq2d4gYA-nw>.</p><p>TEIXEIRA, A.L.; DINIZ B. S.; MALLOY-DINIZ, L.F. Psicogeriatria – Na prática</p><p>clínica, São Paulo: Person Clinical Brasil, 2017.</p><p>WILSON, Barbara A. Reabilitação da memória: integrando teoria e prática.</p><p>Tradução: Clarissa Ribeiro; revisão técnica: Rochele Paz Fonseca. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2011. 304 p, 23 cm.</p><p>a qualidade de vida do</p><p>paciente. Muitos estudos indicam que intervenções complexas envolvendo</p><p>técnicas de memorização, relaxamento e atenção podem gerar efeitos positivos</p><p>e duradouros em idosos, especialmente quando empregadas em grupo.</p><p>Segundo Guerreiro e Caldas (2001), diversos pesquisadores encontraram uma</p><p>relação positiva entre o desempenho cognitivo do idoso e uma estimulação</p><p>continuada. O exercício diário da mente promoveria a vivacidade mental e as</p><p>atividades promotoras de estimulação mental contribuiriam, ainda, para a</p><p>prevenção do declínio cognitivo. Neely (2000) ressalta que um dos maiores</p><p>ganhos da aplicação de pesquisas sobre o treino de memória é entender a</p><p>complexidade de fatores relacionados ao aprimoramento da memória, a fim de</p><p>se desenvolver uma intervenção eficiente nesse processo cognitivo. A autora</p><p>prevê o aprimoramento da memória em função de vários fatores críticos, como,</p><p>por exemplo, as diferenças individuais, questões metodológicas e as habilidades</p><p>e processos treinados, e chama a atenção para as habilidades e processos que</p><p>deveriam ser focalizados a fim de atingir este objetivo.</p><p>Ela sugere que para assegurar os benefícios positivos em intervenções de</p><p>memória é necessário direcionar o treino a tarefas particulares, habilidades e</p><p>comportamentos que são de interesse primário do aprendiz. Diversos estudos</p><p>têm corroborado a hipótese de que mudanças, tanto cognitivas quanto</p><p>neurobiológicas, ocorrem em idosos (independente da faixa etária) que utilizam</p><p>treino cognitivo, incluindo idosos saudáveis, normais e aqueles portadores de</p><p>alguma classe específica de patologia cognitiva. No que se refere</p><p>especificamente a aspectos de memória, Belleville e cols. (2006) demonstraram</p><p>que pacientes canadenses com comprometimento cognitivo leve (CCL)</p><p>6</p><p>conseguiram melhorar suas performances em memória episódica quando</p><p>submetidos a um treino de memória multifatorial. Resultados semelhantes foram</p><p>verificados na Alemanha por Kurz, Pohl, Ramsenthaler e Sorg (2008) com o</p><p>mesmo tipo de população tendo coletado, além de medidas de memória,</p><p>medidas de humor e de atividades de vida diária que evidenciaram alterações</p><p>positivas e significativas nessas avaliações.</p><p>Na população brasileira, Irigaray, Schneider e Gomes (2011) obtiveram</p><p>resultados semelhantes em avaliações de desempenhos cognitivos, qualidade</p><p>de vida e de bem-estar psicológico. Além dessas questões, há uma preocupação</p><p>relacionada à escolaridade, ao envelhecimento e à cognição, pois,</p><p>especificamente no caso dos idosos institucionalizados, verificam-se poucos</p><p>estudos sobre o seu padrão de desempenho em avaliações neuropsicológicas.</p><p>Os testes envolvidos nas avaliações neuropsicológicas representam uma tarefa</p><p>incomum para grupos de diferentes culturas ou analfabetos, assim como treinos</p><p>que possam produzir benefícios a essa população. Para a execução do treino</p><p>desenvolvido neste trabalho foram desenvolvidas duas versões, sendo uma mais</p><p>relacionada à rotina do idoso e outra menos relacionada à sua rotina. Uma</p><p>análise do ambiente foi realizada para orientar que elementos estariam mais e</p><p>menos relacionados à rotina desse idoso. Esses elementos se referiam ao</p><p>ambiente físico da instituição, atividades realizadas pelos idosos</p><p>(jogos/hobbies), alimentos disponíveis nas refeições, objetos pessoais</p><p>encontrados na instituição, além de pessoas e profissões a que eles tinham</p><p>acesso naquele local. Então, com base nessas informações e em aspectos</p><p>relacionados ao funcionamento da memória, elaboramos treinos específicos</p><p>que, de forma extensiva, multifatorial e baseado em antigas e novas tecnologias,</p><p>facilitassem o exercício cognitivo dos idosos.</p><p>Avaliando os ganhos cognitivos</p><p>Os testes neuropsicológicos aplicados, especificamente, na população</p><p>idosa devem ser breves, simples e de fácil administração, para que atinjam o</p><p>seu principal objetivo, que é servir como instrumento rápido de avaliação,</p><p>triagem e estratificação de risco, e para que possam ser aplicados em qualquer</p><p>unidade básica de saúde. A escolha de um ou outro teste dependerá da</p><p>7</p><p>familiaridade que o examinador tenha com sua interpretação. Atualmente, um</p><p>dos testes mais aplicados na avaliação neuropsicológica é o Mini Mental State –</p><p>MMS, que avalia orientação, aprendizagem, controle mental, denominação,</p><p>repetição, compreensão de uma ordem tripla e a cópia de um desenho. Outro</p><p>instrumento é o teste de Avaliação Rápida das Funções Cognitivas – ARFC, que</p><p>tem uma correlação alta e significativa com o MMS e permite que se faça, em</p><p>menos de 15 minutos (dependendo das limitações apresentadas pelo indivíduo</p><p>a ser examinado), um miniexame neuropsicológico verificando a orientação,</p><p>aprendizagem, memória imediata, cálculo mental, raciocínio e julgamento,</p><p>compreensão, denominação, repetição, compreensão de uma forma escrita,</p><p>fluidez verbal, praxias ideomotora e construtiva, identificação de um desenho e</p><p>a escrita.</p><p>Além de avaliar a capacidade cognitiva, é necessário identificar a</p><p>ocorrência de comorbidades, como doenças cerebrais, demências e depressão,</p><p>pois algumas das queixas de perda de memória estão associadas a quadros</p><p>depressivos, nos quais as capacidades intelectuais do idoso encontram-se</p><p>prejudicadas. A fim de verificar a existência de um eventual distúrbio de</p><p>personalidade e ou de estado depressivo pode-se recorrer à Escala de</p><p>Depressão Montgomery e AsbergMADRS, assim como à Escala de Depressão</p><p>Geriátrica EDG. A eficácia do treino de memória precisa ser avaliada e deve-se</p><p>considerar a possibilidade de diferentes testes de memória produzirem</p><p>resultados diferentes sobre os benefícios do treino administrado. Van Erven e</p><p>Janczura (2004) ressaltam o efeito do tipo de teste de memória no desempenho,</p><p>pois as limitações da capacidade são específicas ao tipo de teste, podendo</p><p>refletir a dificuldade da pessoa para integrar as informações.</p><p>A literatura relata que as falhas de memória dos idosos estão associadas a</p><p>diversos fatores, uns mais do que outros, dependendo daqueles que são mais</p><p>salientados pelo tipo de teste aplicado. Outro fator importante, quando se</p><p>consideram os benefícios do treino cognitivo, é a influência da escolaridade dos</p><p>participantes. O Brasil é um país em que, além da baixa escolaridade, há um</p><p>grande número de analfabetos. Existem poucas pesquisas sobre o desempenho</p><p>de analfabetos em avaliações neuropsicológicas, pois o uso desse grupo como</p><p>medida de desempenho ainda representa uma tarefa incomum. Esses autores</p><p>8</p><p>destacam a necessidade de estudos sobre o desempenho neuropsicológico que</p><p>supram falhas e forneçam dados sobre fatores e variações nessa população.</p><p>Esta pesquisa contribui na investigação sobre os efeitos de diferentes treinos</p><p>cognitivos no desempenho de memória e medidas neuropsicológicas em idosos</p><p>institucionalizados, e examina a relação entre a escolaridade dos idosos e a</p><p>intervenção proposta. Além disso, é objetivo deste trabalho oferecer aos</p><p>profissionais envolvidos com essa população uma ferramenta que poderá</p><p>contribuir para a reabilitação de idosos institucionalizados.</p><p>1. ENVELHECIMENTO</p><p>O mundo está envelhecendo e desafiando as políticas públicas, para</p><p>podermos acompanhar de forma efetiva este crescimento diário, precisamos</p><p>compreender o indivíduo em sua história de vida, sua especificidade. Sabemos</p><p>que cada pessoa tem autonomia e independência diferentes, além das</p><p>incapacidades funcionais, limitações de origem cognitiva, sensorial e física,</p><p>como também nutricional e o uso de medicamentos indiscriminado. A população</p><p>mundial está envelhecendo. Com a evolução tecnológica e medicinal, a</p><p>qualidade de vida vem melhorando a cada dia, contribuindo para o aumento de</p><p>sua expectativa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, até o ano de 2050,</p><p>o número de pessoas com 60 anos ou mais chegará a 2 bilhões, o que</p><p>representará um quinto da população</p><p>do planeta. O Estatuto do Idoso, através</p><p>da Lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003, pontua durante toda a sua construção</p><p>a necessidade de termos um olhar diferenciado para as pessoas idosas,</p><p>envelhecer de forma consciente, sabendo dos seus direitos e deveres. Na</p><p>9</p><p>construção deste olhar, fica evidente o quanto é importante a preservação da</p><p>saúde da pessoa idosa, tanto física, ambiental, mental (cerebral) e espiritual, a</p><p>sua relação diária com as atividades rotineiras, buscando novas formas de se de</p><p>viver e se movimentar.</p><p>Segundo Schötler (2018), “um dos fundamentos da exercitação cerebral é</p><p>“executar o rotineiro de uma forma diferente”, estimulando, assim, as células</p><p>cinzentas.” [...] “A rotina é veneno para o cérebro!” Ao envelhecer, a maioria das</p><p>pessoas se queixa mais frequentemente de esquecimentos cotidianos. Esse</p><p>transtorno da memória relacionado à idade é muito frequente. A memória é a</p><p>capacidade para reter e fazer uso posterior de uma experiência, condição</p><p>necessária para desenvolver uma vida independente e produtiva. Um problema</p><p>da memória é sério, quando afeta as atividades do dia-a-dia, ou seja, quando a</p><p>pessoa tem problemas para recordar como fazer coisas cotidianas. As</p><p>intervenções neste processo de reabilitação, irão envolver as atividades, já</p><p>estabelecidas no dia-a-dia, e as indicações terapêuticas, nas quais serão</p><p>pontuadas de acordo com o objetivo do tratamento, sabendo que o cérebro</p><p>precisa de exercício, consequentemente, de estímulos sensoriais, visuais, motor</p><p>e auditivos, de forma discriminada, fazendo o diferencial na continuidade de um</p><p>envelhecimento ativo e saudável. Uma parte importante do trabalho de</p><p>reabilitação é justamente ajudar os pacientes e familiares, além dos cuidadores,</p><p>a entenderem os limites do trabalho: tirar o foco da ideia de “voltar ao normal” e</p><p>direcionar os esforços para a melhora gradual e para a adaptação (FONTOURA,</p><p>2017. p. 16).</p><p>Resolver problemas, adaptar a mudanças e perdas, são processos que ao</p><p>longo do tempo, acarretam deficiências decorrentes de doenças, alterações no</p><p>comportamento, fatores sociais, psicológicos, familiar e pessoal. A pessoa idosa</p><p>dependendo do contexto no qual está inserida, e como ocorre o envelhecimento,</p><p>pode perder a sua autonomia e/ou independência. Trabalhar com foco na</p><p>redução do impacto das deficiências significa favorecer e estimular a</p><p>participação do paciente em atividades que lhes façam sentido e o incluam na</p><p>vida social da melhor maneira possível. As atividades realizadas por uma</p><p>pessoa, a importância dada a ela e as situações nas quais estão envolvidas</p><p>diariamente, são específicas podendo variar de acordo com a dificuldade</p><p>10</p><p>existente. Desta forma, a reabilitação terá um enfoque diferente para cada</p><p>pessoa, estabelecendo metas individuais. É trabalhar em duas vias, que envolve</p><p>pacientes, familiares e profissionais.</p><p>Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), reabilitação é</p><p>reconduzir os pacientes ao mais alto nível possível de adaptação física,</p><p>psicológica e social; um conjunto de medidas que procurem reduzir o impacto de</p><p>condições incapacitantes e desvantajosas para um ótimo nível possível de</p><p>integração social. Por fim, na mesma citação, para Baltes e Baltes (1990), o</p><p>envelhecimento bem-sucedido, traduz-se na realização do potencial para o</p><p>alcance do bem-estar físico, social e psicológico avaliado como pelo indivíduo e</p><p>pelo seu grupo de idade, tendo como parâmetro as condições objetivas</p><p>disponíveis para tanto e os valores sociais sobre essas condições e sobre o que</p><p>é ou seria desejável para que as pessoas possam realizar o seu potencial.</p><p>2.1 Aspectos Psicológicos Do Envelhecimento E Da Velhice</p><p>Por muitas décadas a Psicologia enquanto ciência procura compreender o</p><p>desenvolvimento humano e descrever como, da infância para a vida adulta e</p><p>velhice, se alteram as habilidades cognitivas, especialmente como estas</p><p>habilidades são adquiridas e como evoluem com a idade. A gerontologia, como</p><p>ciência e prática de assistência ao idoso, pode e deve trabalhar para esse</p><p>benefício, não apenas a evitar ou retardar as doenças, mas também privilegiar o</p><p>envelhecimento sadio, o que requer a manutenção e o fortalecimento das</p><p>funções físicas e psíquicas do idoso, bem como o seu engajamento social por</p><p>meio de atividades produtivas e de relações interpessoais significativas. Quanto</p><p>mais a pessoa interage com o ambiente e se socializa, mais seu cérebro se</p><p>modifica, criando novas ligações entre os neurônios, as chamadas sinapses.</p><p>Tais programas estimulam não só a memória, mas também a linguagem falada</p><p>e escrita, o raciocínio, a atenção, a criatividade e outros processos cognitivos,</p><p>bem como capacidades emocionais e habilidades sociais, uma vez que tudo se</p><p>interliga no sistema nervoso central e se influencia mutuamente.</p><p>No entanto, mesmo afetado pelas perdas, é importante estabelecer a</p><p>noção das possíveis adaptações que podem levar a uma nova construção deste</p><p>envelhecimento, buscando um bem-estar de sua própria condição. Podendo</p><p>11</p><p>iniciar novas ideias de possibilidades na continuidade do desenvolvimento,</p><p>compensando as perdas e/ou atenuado as mesmas (fatores positivos ou</p><p>negativos), realizando atividades e buscando um novo modo de encarar, aceitar,</p><p>escolher, envolver e desenvolver habilidades que possam ter passado</p><p>despercebidas. Nos anos de 1990, a expressão paradoxo do bem-estar, surgiu</p><p>exatamente para fazer referência auto relatos positivos de satisfação com a vida,</p><p>estados emocionais e senso de ajustamento e crescimento pessoal, mesmo na</p><p>presença dos riscos e perdas que caracterizam o envelhecimento normativo. A</p><p>psicologia como ponto de apoio e princípios do reconhecimento deste</p><p>envelhecimento, possibilita novas crenças de como envelhecer, como continuar</p><p>inserido dentro de uma sociedade que muitas vezes, coloca o idoso em um papel</p><p>improdutivo, não gerando rendas, lucros ou benefícios, enquanto o idoso busca</p><p>o seu bem-estar, viver da forma que acredita e almeja ser a melhor, realizando</p><p>atividades, sonhos e desejos antes não alcançados.</p><p>A psicoterapia com pacientes torna-se uma importante alternativa de</p><p>tratamento. Entretanto, demanda um conhecimento das particularidades desse</p><p>público a fim de entender o que pode ser esperado como resultado da terapia.</p><p>Compreender o idoso por meio da vivência de sua geração e de seu contexto,</p><p>além da idade cronológica, permite envolver na terapia crenças e regras sociais</p><p>que possivelmente seu comportamento. A psicologia e o envelhecimento,</p><p>pontuam conjuntamente este ser, individual, singular e ao mesmo tempo plural,</p><p>quando se remete e se transforma. O estado psicológico e o envelhecimento</p><p>andam juntos, por estarem acima de tudo em buscar do bem-estar, de uma</p><p>qualidade de vida. Proporcionar na velhice, está qualidade é princípio básico de</p><p>saúde que envolver não só o psicológico, mas o nutricional, o motor, os sentidos,</p><p>a socialização, entre outros importantes e necessários.</p><p>2.2 Estimulação E Reabilitação Cognitiva</p><p>A manutenção da cognição é de relevância para a promoção da</p><p>independência e autonomia do idoso e sua estimulação pode prevenir ou mesmo</p><p>retardar o processo de degeneração do cérebro. As intervenções cognitivas</p><p>consistem em técnicas que visam estimular, habilitar e/ou reabilitar déficits em</p><p>processos mentais e comportamentais decorrentes de disfunções encefálicas.</p><p>12</p><p>Enquanto a habilitação é voltada para estimular o desenvolvimento de uma</p><p>função que não se desenvolveu de forma satisfatória, a reabilitação visa</p><p>recuperar processos que, anteriormente funcionais, se tornaram deficitários no</p><p>decorrer da vida. Reabilitar significa restituir ao estado anterior, preservar,</p><p>restaurar, estimular e promover novas habilidades, o nosso cérebro precisar está</p><p>em constante atividade, para que seja possível novas conexões neuronais,</p><p>manter o cérebro ativo</p><p>é tão importante quanto a atividade física, alimentação e</p><p>cuidados básico da vida diária. A memória depende da saúde mental, a qual</p><p>sofre influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais, bem como da saúde</p><p>física. Está relacionada com as emoções, o nível de escolaridade, o autoconceito</p><p>e a autoestima, que determinam as expectativas de desempenho, a motivação,</p><p>as metas, a alimentação, o sono, etc.</p><p>As intervenções cognitivas consistem em técnicas que visam estimular,</p><p>habilitar e/ou reabilitar déficits em processos mentais e comportamentais</p><p>decorrentes de disfunções encefálicas. Enquanto a habilitação é voltada para</p><p>estimular o desenvolvimento de uma função que não se desenvolveu de forma</p><p>satisfatória, a reabilitação visa recuperar processos que, anteriormente</p><p>funcionais, se tornaram deficitários no decorrer da vida. O uso das intervenções</p><p>cognitivas auxilia como parte no processo de recuperação, a plasticidade</p><p>cerebral (capacidade do cérebro de receber novas conexões), auxilia no</p><p>tratamento, possibilitando preservar o funcionamento das habilidades existente.</p><p>Com a estimulação cognitiva, o idoso irá desenvolver melhor suas funções</p><p>executivas, que muitas vezes são afetadas devido ao envelhecimento, e isso</p><p>contribuirá para a realização de tarefas básicas em seu cotidiano,</p><p>proporcionando ao mesmo uma melhor autonomia que lhe dará mais confiança</p><p>e motivação para continuar sua vida em sociedade de uma forma saudável. “A</p><p>estimulação por sua vez, abrange técnicas que visam aprimorar funções já</p><p>desenvolvidas ou prevenir seu declínio durante o envelhecimento” (TEIXEIRA;</p><p>DINIZ; MALLON-DINIZ, 2017).</p><p>“Memória” significa aquisição, formação, conservação e evocação de</p><p>informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem:</p><p>só se “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de</p><p>recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos,</p><p>13</p><p>aquilo que foi aprendido. O objetivo da RC é recuperar as habilidades,</p><p>desloquear as funções cognitivas comprometidas, estimular a socialização; e do</p><p>grupo de apoio familiar é de conscientizar quanto aos sintomas da demência</p><p>fornecendo esclarecimentos, resgatar a relação paciente/familiar, prevenir</p><p>doenças dos cuidadores/familiar (grupo de apoio), redução da interdependência,</p><p>despertar interesses variados, afetividade, orientação para a realidade, estimular</p><p>a segurança, preparar para complicações e até óbito entre muitos outros objetivo</p><p>que por fim auxiliam na melhora da qualidade de vida tanto do paciente como do</p><p>cuidador/familiares.</p><p>2. ESTIMULAÇÃO COGNITIVA, TREINO COGNITIVO OU</p><p>REABILITAÇÃO COGNITIVA, PARA QUEM SERVE?</p><p>A Dra. Gislaine Gil, neuropsicóloga pela Faculdade de Medicina da USP,</p><p>nessa reportagem diferencia três tipos de Intervenção Cognitiva e explica para</p><p>quem serve. Na intervenção cognitiva, os conceitos de treinamento cognitivo,</p><p>reabilitação cognitiva e estimulação cognitiva são as abordagens mais</p><p>populares. Essas abordagens são complementares, e a escolha de uma</p><p>determinada abordagem depende dos objetivos de aprimoramento ou</p><p>manutenção cognitiva e do perfil cognitivo da população-alvo, sejam esses</p><p>idosos normais ou com Transtorno Neurocognitivo Leve ou Maior (Demência,</p><p>sendo a mais prevalente a doença de Alzheimer). O treinamento cognitivo</p><p>geralmente envolve a prática guiada de tarefas padrão para aumentar ou manter</p><p>funções cognitivas específicas, como a memória.</p><p>14</p><p>A reabilitação cognitiva, conhecida como uma abordagem individualizada,</p><p>também envolve a prática de algumas tarefas, mas geralmente visa objetivos</p><p>pessoais a fim de melhorar, um de cada vez, deficiências específicas na vida</p><p>cotidiana, em vez de melhorar o desempenho em tarefas cognitivas específicas.</p><p>As famílias costumam estar muito envolvidas na reabilitação cognitiva, a fim de</p><p>encontrar estratégias para atingir as metas estabelecidas para e / ou pelo</p><p>paciente. A estimulação cognitiva promove o envolvimento em atividades que</p><p>visam uma melhoria geral do funcionamento cognitivo e social, sem objetivos</p><p>específicos. Convém sempre estimular a pessoa assistida (o idoso) a</p><p>desempenhar todas as atividades diárias de rotina e prazer. A vida não precisa</p><p>apresentar apenas obrigações e respostas às necessidades fisiológicas. As</p><p>lembranças das nossas experiências, histórias e vivências trazem consigo os</p><p>sentimentos que tivemos na ocasião, além de exercitar nossa memória. Algumas</p><p>atividades, desde as mais básicas, são importantes para manter as funções que</p><p>vão se prejudicando com a idade. Os nossos sentidos (visão, olfato, paladar,</p><p>audição e tato), a nossa memória, a capacidade de abstração, de criar e</p><p>organizar as ideias, são as principais atividades cerebrais que se alteram com a</p><p>velhice. O corpo precisa se manter ativo para funcionar bem: se ficar parado,</p><p>igual ao carro antigo que foi deixado de lado há anos e nunca mais foi usado,</p><p>enferruja e deixa de funcionar.</p><p>“O cuidador de idosos não deve fazer tudo pelo idoso. Quanto mais</p><p>ativa a pessoa assistida, mais independente ela será, inclusive na parte</p><p>cognitiva. “</p><p>Adriano Machado, fundador da Acvida</p><p>Para quem serve?</p><p>Todas as três abordagens podem ser úteis para idosos com</p><p>deficiências cognitivas, enquanto apenas o treinamento e a estimulação</p><p>cognitiva são adequados para idosos saudáveis que querem manter-se</p><p>funcionais ao longo do processo de envelhecimento, finaliza a Dra. Gislaine</p><p>Gil. Importância da Reabilitação Cognitiva é maior em casos de pessoas que</p><p>apresentam declínio cognitivo. Perdas cognitivas afetam o dia-a-dia, por</p><p>15</p><p>exemplo, em casos de demência, como a Doença de Alzheimer (DA). Vale</p><p>lembrar que os estudos têm apresentado resultados positivos aliando terapias</p><p>não farmacológicas a intervenções farmacológicas para potencializar os efeitos</p><p>do tratamento.</p><p>Reabilitação e estimulação cognitiva: você conhece as diferenças?</p><p>A importância do cuidado com a saúde mental vem se tornando cada vez</p><p>mais evidente na vida dos brasileiros. Uma vez que a vida e a autonomia de todo</p><p>e qualquer indivíduo estão diretamente conectados com o bom funcionamento</p><p>de suas habilidades cognitivas, cuidar da saúde mental e preservar as funções</p><p>cognitivas se tornaram atos mais frequentes. Estimulação cognitiva e</p><p>reabilitação são tratamentos que, muitas vezes, geram dúvidas acerca de seus</p><p>métodos e objetivos. É comum encontrarmos pacientes com problemas</p><p>psicológicos ou neurológicos em dúvida sobre o tratamento mais adequado para</p><p>o seu caso devido às semelhanças encontradas entre a estimulação cognitiva e</p><p>a reabilitação. Portanto, neste blog post iremos explicar detalhe por detalhe o</p><p>que é a estimulação cognitiva e reabilitação, a diferença entre elas e suas</p><p>respectivas vantagens para diferentes tipos de pacientes.</p><p>Definindo a estimulação cognitiva</p><p>A estimulação cognitiva tem como objetivo principal melhorar o</p><p>desempenho das funções cognitivas dos indivíduos, como o raciocínio lógico, a</p><p>memória, a atenção e a capacidade de resolver problemas, entre outras. A</p><p>estimulação cognitiva apresenta vantagens para todas as idades, desde crianças</p><p>até idosos. Para crianças, a estimulação cognitiva vai potencializar e</p><p>desenvolver as habilidades cognitivas importantes para a aprendizagem:</p><p>memória, atenção, foco, planejamento, organização, criatividade, raciocínio</p><p>lógico, linguagem, velocidade de processamento, dentre outras habilidades</p><p>importantes para o bom desempenho escolar. A Estimulação Cognitiva atua</p><p>como uma intervenção precoce e preventiva de possíveis comportamentos</p><p>disruptivos no futuro. A estimulação cognitiva também apresenta diversas</p><p>vantagens para idosos. A prática atua diretamente na ativação dos circuitos</p><p>cerebrais e ajuda na promoção do bem-estar e na preservação da saúde mental</p><p>16</p><p>e das funções cognitivas, evitando o declínio cognitivo, comum</p><p>no processo de</p><p>envelhecimento.</p><p>Os exercícios cognitivos objetivam a estimulação de funções como</p><p>atenção, memória, percepção e linguagem por meio de tarefas orais e escritas.</p><p>A estimulação cognitiva também apresenta diversas vantagens para idosos. A</p><p>prática atua diretamente na ativação dos circuitos cerebrais e ajuda na promoção</p><p>do bem-estar e na preservação da saúde mental e das funções cognitivas,</p><p>evitando o declínio cognitivo, comum no processo de envelhecimento. Os</p><p>exercícios cognitivos objetivam a estimulação de funções como atenção,</p><p>memória, percepção e linguagem por meio de tarefas orais e escritas.</p><p>Como funciona a reabilitação</p><p>Reabilitar significa fazer com que um indivíduo retorne à sua função social</p><p>original, com um comportamento e desempenho iguais ou semelhantes ao</p><p>estado anterior à doença (AVC) ou acidente. Portanto, reabilitar é um processo,</p><p>geralmente multiprofissional, de inserção do indivíduo na sociedade. Atualmente</p><p>existem dois tipos de reabilitação: a reabilitação física, que tem como objetivo</p><p>principal prevenir deformidades e possibilitar aquisições das funções motoras,</p><p>melhorando, dessa forma, a qualidade de vida de indivíduos com algum tipo de</p><p>deficiência. Os resultados da reabilitação física são a melhora e as modificações</p><p>na funcionalidade do indivíduo ao longo do tempo, por conta de conjunto de</p><p>técnicas. O segundo tipo de reabilitação se refere a clínicas de reabilitação para</p><p>dependentes químicos.</p><p>Diferença entre reabilitação e estimulação cognitiva</p><p>A estimulação cognitiva promove um conjunto de atividades que desafiam</p><p>as habilidades cognitivas de indivíduos, como atenção, memória, função</p><p>executiva, linguagem e percepção. O foco da estimulação cognitiva é desafiar a</p><p>mente por meio de exercícios específicos e promover reserva cognitiva de forma</p><p>preventiva, evitando o declínio cognitivo, comum ao processo de</p><p>envelhecimento. A estimulação cognitiva ajuda pacientes com doenças</p><p>neuropsicológicas e neurodegenerativas como depressão e Alzheimer,</p><p>oferecendo recursos e estratégias compensatórias para desenvolver suas</p><p>17</p><p>habilidades cognitivas, evitando a aceleração do declínio. A reabilitação, em</p><p>contrapartida, apresenta tratamentos para indivíduos com deficiência auditiva,</p><p>física, intelectual ou visual, temporária ou permanente. A reabilitação é indicada</p><p>para pacientes fisicamente debilitados, lesionados ou acidentados.</p><p>Vantagens da estimulação cognitiva</p><p>Assim como a reabilitação, a estimulação cognitiva apresenta diversas</p><p>vantagens para indivíduos de diferentes idades. A estimulação cognitiva estimula</p><p>a autonomia, melhora a qualidade das relações interpessoais, promove a</p><p>motivação, desenvolve a capacidade de raciocinar e de resolver problemas.</p><p>Além disso, as atividades propostas pela estimulação cognitiva ensinam a</p><p>controlar e dirigir a atenção, resultando em uma consequente melhora na</p><p>memória. Quando potencializamos nossa memória, a compreensão e a</p><p>absorção de conhecimentos também são beneficiadas e, consequentemente,</p><p>contribui para a manutenção do bem-estar físico e mental.</p><p>A memória é prejudicada com o passar do tempo?</p><p>A memória é uma função que geralmente fica prejudicada, particularmente</p><p>nos processos demenciais. Está relacionada ao aprendizado, às nossas</p><p>experiências anteriores, ao conhecimento que temos para traduzir em palavras</p><p>algo que sabemos: nome de objetos (cadeira, colher); processos automáticos</p><p>que executamos, como escrever e dirigir; recuperar informações armazenadas.</p><p>A memória, e consequentemente a aprendizagem, são influenciadas pela</p><p>atenção (concentração sem distração ou seleção do que focar), pelo</p><p>conhecimento que temos (cores, formas), e pela linguagem (escrita, fala e</p><p>leitura). As nossas funções executivas, que são nossa capacidade de perceber,</p><p>raciocinar e resolver problemas, também podem ficar prejudicadas se a memória</p><p>sofrer algum dano. Por isso é tão importante a manutenção da estimulação</p><p>cognitiva para idosos numa rotina diária, capaz de auxiliar a manutenção da</p><p>memória, e com isso auxiliar a preservação das funções executivas.</p><p>18</p><p>O cuidador pode ajudar a estimular?</p><p>De modo geral, a estimulação cognitiva para idosos pode ser efetuada</p><p>através de algumas atividades conduzidas pelo cuidador, com o intuito de</p><p>exercitar a memória, o raciocínio, a orientação de tempo e espaço, e a melhora</p><p>da marcha. Tudo isso vai depender das capacidades preservadas pelo idoso</p><p>assistido e da sua receptividade. A vantagem desse tipo de atividade, quando</p><p>bem empregada, além de melhorar as funções cerebrais, é proporcionar uma</p><p>ocupação que distraia, divirta e descontraia. Quando um cuidador de idosos</p><p>interage por meio de jogos, alongamentos, desenhos, músicas, fotos antigas e</p><p>histórias, faz com que seu assistido exercite várias funções importantes para o</p><p>cérebro, e ainda promove momentos de relaxamento, descontração e diversão.</p><p>Para avaliar o grau de preservação dessas funções cerebrais, um terapeuta</p><p>ocupacional pode ser necessário para sugerir exercícios que comprovadamente</p><p>ajudem a melhorar ou retardar os danos. A seguir, sugerimos algumas atividades</p><p>que podem ajudar cuidadores de idosos a interagir com seus assistidos.</p><p>Exercícios que trabalham a memória</p><p> Jogo da memória com imagens ou formas;</p><p> Responder perguntas sobre sua vida passada (nomes, lugares, datas);</p><p> Dar nome a objetos, partes do corpo, dias da semana, meses, estações, fatos</p><p>históricos, datas comemorativas;</p><p> Leitura de textos curtos seguida de questionamentos sobre acontecimentos,</p><p>personagens e o que eles faziam no contexto;</p><p> Repetir uma sequência de letras, palavras ou números.</p><p>Para trabalhar a atenção</p><p> Ligar os números ao dominó correspondente;</p><p> Perguntar antes do almoço o que se tomou de café da manhã, e antes da</p><p>janta relembrar o que foi almoçado;</p><p>19</p><p> Escutar música prestando atenção aos diferentes instrumentos, tentando</p><p>distingui-los;</p><p> Atividades que exijam desenvolver duas tarefas ao mesmo tempo.</p><p>Para trabalhar o conhecimento aprendido sobre cores, objetos e formas</p><p> Perguntar a cor da roupa que se está usando;</p><p> Perguntar qual a cor de algum alimento;</p><p> Diferenciar objetos reais de não reais;</p><p> Reconhecer formas de animais, objetos, alimentos;</p><p> Denominar expressões faciais (raiva, medo, alegria, tristeza).</p><p>Trabalhar capacidades de movimentos</p><p> Realizar um movimento e pedir que o assistido o imite;</p><p> Identificar movimentos e gestos e seus significados (pedido de silêncio com o</p><p>dedo indicador sobre os lábios, por exemplo);</p><p> Desenhar uma forma geométrica e pedir que ele/ela a copie;</p><p> Pedir com a fala ou com a escrita que ele/ela desenhe algo (uma flor, uma</p><p>bola, etc.).</p><p>Trabalhar a linguagem</p><p> Descrever a função de objetos (carro, televisão);</p><p> Copiar palavras ou fazer um ditado de palavras ou pequenas frases;</p><p> Leitura em voz alta;</p><p> Citar palavras que comecem com uma mesma letra.</p><p>20</p><p>Trabalhar as funções executivas</p><p> Se situar no tempo: há quantas horas almoçou? Quando foi seu último</p><p>passeio ao shopping?</p><p> Listar passos para executar uma tarefa: tomar banho, preparar-se para ir</p><p>dormir;</p><p> Jogar utilizando o raciocínio lógico e espacial: jogos de dominó, damas,</p><p>xadrez, baralho, sudoku;</p><p> Resolver problemas: jogo da velha, labirinto, ordenar cenas de uma história.</p><p>Estimulação cognitiva para idosos: conheça o TO</p><p>É importante citar que os exercícios citados acima terão pouca ou nenhuma</p><p>efetividade se forem executados de forma esparsa, não programada, sem seguir</p><p>qualquer tipo de sistemática. Reforçamos também que as sugestões de</p><p>estimulação cognitiva para idosos apresentadas neste artigo são feitas em</p><p>caráter geral e não substituem a avaliação personalizada de um profissional de</p><p>Terapia Ocupacional (TO). O Terapeuta Ocupacional (TO) é o profissional de</p><p>nível superior que trabalha a recuperação de pessoas com problemas cognitivos,</p><p>afetivos, psíquicos, dentre outros, independente de sua origem. Consulte um</p><p>profissional de sua confiança</p><p>A Reabilitação Cognitiva é uma intervenção não farmacológica que tem</p><p>como principais objetivos:</p><p> Diminuir as dificuldades cognitivas de acordo com o grau de declínio do</p><p>paciente.</p><p> Melhorar ou amenizar as alterações de comportamento que o idoso com</p><p>demência normalmente sofre.</p><p> Retardar a progressão da doença e o declínio funcional.</p><p> Melhorar a autoestima e qualidade de vida do paciente.</p><p>Para isso, é preciso ativar as funções cognitivas preservadas para permitir</p><p>que elas compensem as comprometidas. Isso ocorre em função da plasticidade</p><p>21</p><p>cognitiva. A plasticidade é a capacidade do cérebro adulto de se adaptar de</p><p>acordo com as circunstâncias. Após uma avaliação cognitiva e a partir das</p><p>queixas do paciente e de seus familiares, o profissional que realizará a</p><p>Reabilitação consegue definir o tipo de atividade que será desenvolvido. Alguns</p><p>exemplos são exercícios com papel e lápis, jogos que estimulem habilidades</p><p>como atenção, memória e raciocínio, jogos computadorizados, pintura, uso de</p><p>estratégias para facilitar as atividades de vida diária do paciente, entre outras.</p><p>Realizando as sessões de Reabilitação Cognitiva regularmente e com</p><p>dedicação, o paciente tende a se sentir mais independente e confiante em</p><p>situações que desafiam seu desempenho cognitivo. Além de melhorar os</p><p>relacionamentos interpessoais. A autoestima mais elevada é uma das primeiras</p><p>mudanças que observamos neste tipo de tratamento. Vale ressaltar a</p><p>importância de um cuidador ou de um familiar para incentivar o idoso. Realizar</p><p>as atividades sugeridas diariamente é essencial para a eficácia do tratamento.</p><p>Lembrando que esta abordagem deve ser feita sempre com paciência e empatia</p><p>para não desmotivar o idoso. Além disso, é importante que esse acompanhante</p><p>observe qualquer alteração no cotidiano que indique melhora ou piora do quadro</p><p>para relatar aos profissionais envolvidos para oferecer o melhor tratamento a</p><p>este idoso. O gerontólogo só existe por causa do envelhecimento populacional</p><p>e da importância dos idosos. Então vamos nos empenhar para proporcionar o</p><p>melhor envelhecimento às pessoas que amamos. Lembrando que todos</p><p>estamos envelhecendo e chegaremos nesta fase um dia.</p><p>22</p><p>3. COMO ACONTECE A ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS</p><p>A estimulação cognitiva é um processo de mudança que visa estimular e,</p><p>em alguns casos, reabilitar as funções físicas, psicológicas e sociais do</p><p>indivíduo. Nos idosos, a estimulação cognitiva (sigla EC) tem como objetivo</p><p>ajudar pacientes e familiares a conviver ou superar os déficits cognitivos e as</p><p>limitações emocionais, ambientais e sociais, proporcionando melhora na</p><p>qualidade de vida, incluindo melhor interação social. Ocupa-se especificamente</p><p>do estímulo das funções mentais complexas (memória, linguagem, funções</p><p>executivas e visuoespaciais). A estimulação cognitiva é parte essencial da</p><p>reabilitação e manutenção das habilidades gerais, é uma intervenção ampla,</p><p>envolvendo não apenas a realização de tarefas escritas, mas também a família,</p><p>profissionais envolvidos quando houver e o ambiente do paciente seja idoso ou</p><p>não.</p><p>A estimulação cognitiva deve ser personalizada para cada indivíduo a partir</p><p>do perfil cognitivo e do repertório intelectual e social do paciente anterior à</p><p>doença ou pode também ser realizada em grupos. O processo inicia-se com uma</p><p>avaliação cognitiva, chamada Avaliação Geral das Funções Mentais, que inclui</p><p>o mapeamento das funções cognitivas alteradas e preservadas, um exame do</p><p>perfil de personalidade, perfil ocupacional e intelectual e rede social do paciente.</p><p>Este mapeamento irá determinar as metas da reabilitação ou da estimulação,</p><p>23</p><p>vaia ajudar a identificar os recursos que serão trabalhados na reabilitação, e</p><p>quais poderão ser aprimorados, sempre pensando em tentativas com erros e</p><p>acertos.</p><p>Técnicas simples de estimulação das habilidades mentais</p><p>A estimulação cognitiva (EC) envolve o ensino e a prática de estratégias de</p><p>memória compensatórias, como o uso de associações verbais, categorização e</p><p>a criação de imagens mentais. São realizadas tarefas cognitivas de</p><p>memorização, de linguagem, de planejamento, ordenação e lógica e atividades</p><p>visuoconstrutivas para a estimulação das principais funções. As atividades</p><p>propostas devem ser adequadas ao nível intelectual e cultural do paciente,</p><p>gerando motivação e sensação de competência. Também são implementados</p><p>apoios externos, como o uso de agendas, calendários, listas de tarefas, alarmes</p><p>e agendas eletrônicas, entre outros recursos computadorizados. Para pacientes</p><p>com prejuízo mental ou chamado comprometimento cognitivo significativo, que</p><p>dependem de ajuda de outras pessoas para atividades diárias, a EC baseia-se</p><p>em técnicas que usam a repetição e a memorização implícita. Bons exemplos</p><p>são a técnica de aprendizagem sem erro, a evocação espaçada e a redução</p><p>gradual de apoio, que podem ser usadas conjuntamente.</p><p>O terapeuta apresenta informações selecionadas e essenciais ao paciente,</p><p>como o nome de seu cuidador. O paciente irá repetir o nome em espaços</p><p>gradualmente maiores de tempo, inicialmente com o apoio das sílabas iniciais</p><p>do nome que serão retiradas aos poucos, até o paciente conseguir falar o nome</p><p>com confiança, com mínima chance de cometer erro. A reorganização do</p><p>ambiente físico também é essencial e a casa deve fornecer pistas visuais para a</p><p>redução da desorientação. As portas de cômodos e armários podem conter</p><p>figuras ou nomes escritos para fácil identificação de seu conteúdo. Muitos</p><p>pacientes deixam de reconhecer sua própria casa. É importante selecionar</p><p>objetos, quadros e relíquias familiares que possam ajudá-los a reconhecer o</p><p>ambiente familiar. É comum esquecer quem são os familiares. A construção de</p><p>um livro de memória, com o apoio do terapeuta que atua com a intervenção de</p><p>estimulação cognitiva, poderá auxiliar na manutenção da memória</p><p>autobiográfica. O exame do livro, que deve conter fotos e nomes dos familiares,</p><p>24</p><p>antes de visitas e eventos poderá ajudar o paciente a reconhecer as pessoas e</p><p>a sentir-se mais seguro.</p><p>4. REABILITAÇÃO COGNITIVA NO PACIENTE COM DOENÇA DE</p><p>ALZHEIMER</p><p>No atendimento neuropsicológico de pacientes com doença de Alzheimer</p><p>(DA) é frequente o familiar relatar que seu ente querido está esquecendo o nome</p><p>de amigos, tem dificuldade para encontrar a palavra certa durante o discurso ou</p><p>perde o fio de uma história ao ler o jornal ou iniciar uma tarefa sem os materiais</p><p>necessários. Isso ocorre pois a DA é o tipo mais prevalente de demência, que é</p><p>uma síndrome associada às condições neuropatológicas que causam declínio</p><p>cognitivo importante, a partir de nível anterior de desempenho. A alteração</p><p>cognitiva pode ocorrer em um ou mais domínios cognitivos, sendo eles: atenção</p><p>complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem,</p><p>perceptomotor ou cognição social e levar à perda da independência funcional.</p><p>A projeção de casos diagnosticados até o ano de 2050 será de 16 milhões.</p><p>Ainda não há cura para a doença, mas é particularmente importante retardar o</p><p>declínio cognitivo e funcional, visto que evitar uma queda de 2 pontos no teste</p><p>de rastreio MMSE (Mini Exame do Estado Mental) pode poupar uma família de</p><p>gastar milhares de dólares anualmente, além de manter a funcionalidade por um</p><p>período maior de tempo, atrasando a necessidade de cuidados mais intensos e</p><p>institucionalização. Os medicamentos como os inibidores da colinesterase e a</p><p>25</p><p>memantina fornecem benefícios limitados, mas há evidências que sugerem que</p><p>os métodos farmacológicos, associados aos não-farmacológicos, como a</p><p>reabilitação cognitiva (RC), podem maximizar os benefícios funcionais para</p><p>pacientes com demência, além de ter uma boa custo-efetividade</p><p>tendo a</p><p>qualidade de vida como medida de desfecho.</p><p>A RC é o processo de reaprender habilidades cognitivas que foram</p><p>perdidas devido à alteração cerebral. Se essas habilidades não puderem ser</p><p>reaprendidas, outras capacidades serão usadas para compensar as funções</p><p>cognitivas alteradas. Na demência por doença de Alzheimer, compensar as</p><p>funções cognitivas para minimizar o impacto funcional é o objetivo. Isso é</p><p>possível pois, em seu estágio inicial, algumas funções, como a memória</p><p>implícita, estão preservadas e podem ser alvo de intervenção. Logo, métodos</p><p>compensatórios são utilizados para promover maior autonomia e qualidade de</p><p>vida pelo maior período de tempo, aprimorando as habilidades dos pacientes</p><p>para compensar a alteração do funcionamento cognitivo. Os benefícios da</p><p>RC permanecem até um ano após seu término.</p><p>Princípios de plasticidade cerebral na reabilitação cognitiva</p><p>O envelhecimento traz alterações estruturais e funcionais, incluindo o</p><p>funcionamento neuromodulatório. Entretanto, descobriu-se que o sistema</p><p>nervoso tem a capacidade de ajustar sua organização estrutural em resposta ao</p><p>meio ambiente, ou seja, o cérebro tem a capacidade de se reestruturar para se</p><p>adaptar às circunstâncias em mudança decorrentes de novos estressores. Clare</p><p>e colaboradores (2010) num estudo controlado randomizado, simples-cego,</p><p>consistindo de RC versus sem tratamento nos pacientes com DA leve,</p><p>encontraram um aumento nos sinais dependentes de oxigênio no sangue no</p><p>grupo submetido a RC em áreas que fazem parte da rede para codificação</p><p>associativa visual e aprendizagem (área fusiforme direita, córtex para-</p><p>hipocampal direito, junção do córtex parieto-temporal direito, córtex pré-frontal</p><p>medial direito). Os indivíduos na condição controle mostraram atividade</p><p>reduzida. Assim, evidencia-se que que o sistema nervoso central pode alterar</p><p>dinamicamente sua estrutura, graças à sua plasticidade neural, mesmo em</p><p>pessoas idosas com DA.</p><p>26</p><p>Estratégias cognitivas utilizadas na reabilitação cognitiva</p><p>Ao planejar o cuidado do paciente em reabilitação cognitiva é fundamental</p><p>avaliar os pontos fortes e fracos da cognição, a partir da avaliação</p><p>neuropsicológica. Depois dessa avaliação, o profissional determinará as queixas</p><p>cognitivas que afetam as tarefas e rotinas diárias do paciente e verificará como</p><p>ele as gerencia. Além disso, identificará as áreas em que o paciente está mais</p><p>preparado e motivado para alcançar mudança, o que ajuda a estabelecer metas</p><p>pessoalmente significativas. Em certas situações, pode ser apropriado e</p><p>desejável incluir membros da família ou cuidador para permitir que sejam</p><p>identificadas metas realistas. Por exemplo, para uma pessoa com demência</p><p>lembrar dos nomes de todas as pessoas que conhece pode simplesmente não</p><p>ser alcançável. Se lembrar os nomes é crucial para o paciente, um conjunto</p><p>limitado de nomes precisará ser especificado. Definido o objetivo, na sequência</p><p>o reabilitador recrutará as melhores estratégias cognitivas para alcançá-lo.</p><p>Como relatado anteriormente, pacientes com DA apresentam intacta a memória</p><p>implícita, logo estratégias cognitivas que a envolvam serão fundamentais para o</p><p>sucesso da RC. São muitas as estratégias cognitivas, sendo as mais utilizadas</p><p>a aprendizagem sem erros, a recuperação espaçada e o desaparecimento de</p><p>pistas.</p><p> Aprendizagem sem erros</p><p>A aprendizagem sem erros é um procedimento projetado para ensinar</p><p>habilidades que reduz ou elimina erros de aprendizado ou o emparelhamento</p><p>incorreto de informações. Evitando os erros de aprendizagem, fortes conexões</p><p>associativas são formadas para sequências de habilidades corretas.</p><p>Inicialmente, o treinamento é altamente estruturado e muitas dicas e sugestões</p><p>são fornecidas para incentivar o aprendizado bem-sucedido e a recordação de</p><p>informações de treinamento. Com o tempo, à medida que essas associações se</p><p>fortalecem, as sugestões ambientais podem ser removidas. Por exemplo, ao</p><p>ensinar uma pessoa os passos de fazer ovos mexidos, o ambiente de</p><p>treinamento pode inicialmente ser montado de modo a estimular cada um dos</p><p>passos e como essas sequências de ações se tornam mais automáticas e</p><p>implícitas, as sugestões ambientais podem ser removidas lentamente.</p><p>27</p><p> Desaparecimento de pistas</p><p>O desaparecimento de pistas é uma técnica de redução sistemática de</p><p>informações. Quando o paciente com DA está aprendendo alguma informação,</p><p>começa-se com a quantidade de pistas para que a pessoa tenha sucesso na</p><p>evocação da informação e, então, lentamente diminuem-se as sugestões. Ao</p><p>final da tarefa o profissional de RC estará sempre trabalhando com a quantidade</p><p>mínima de sugestões necessárias, por exemplo, para que o paciente recorde</p><p>onde mora.</p><p> Recuperação espaçada (RE)</p><p>A recuperação espaçada ajuda a aumentar a retenção de informações,</p><p>sendo benéfica em associações nomes-rostos, nomeação de objetos, memória</p><p>para localização de objeto, utilização de um calendário, auxílio para a pessoa se</p><p>lembrar de usar o caderno de anotações para responder perguntas (por</p><p>exemplo, “Quando minha filha vem me visitar?) e outras atribuições da memória</p><p>prospectiva (lembrar-se de uma intenção no futuro). Na RE os ensaios ocorrem</p><p>em intervalos de expansão gradual. Por exemplo, ao mostrar uma foto de um</p><p>rosto junto com um nome, o paciente deverá lembrá-lo após vários intervalos</p><p>definidos (por exemplo, 5 segundos, 10 segundos, 30 segundos, 1 minuto, 2</p><p>minutos, 5 minutos). Se uma resposta correta for dada, o intervalo é expandido.</p><p>Se não, a resposta correta é ensaiada, pedindo-se ao paciente que repita a</p><p>resposta correta, e o intervalo é encurtado para o intervalo anterior em que a</p><p>recordação bem-sucedida ocorreu. As sessões de teste ocorrem dentro do</p><p>contexto de uma situação que proporciona interação social e reduz as</p><p>demandas, como uma conversa casual.</p><p>Obstáculos à reabilitação cognitiva</p><p>28</p><p>Assim como todas as terapias, sejam essas medicamentosas ou não, há</p><p>obstáculos também na RC. Pessoas com DA podem ter dificuldade para aderir</p><p>à reabilitação devido a:</p><p> Anosognosia</p><p>É muito comum que pacientes com demência por doença de Alzheimer</p><p>neguem a presença ou a gravidade dos prejuízos cognitivos e funcionais, apesar</p><p>de evidências palpáveis em contrário. A anosognosia tem sido descrita como</p><p>uma falta de consciência ou percepção da doença, que pode representar um</p><p>mecanismo de defesa, um prejuízo nos processos cognitivos que sustentam</p><p>o insight, ou ambos.</p><p> Depressão</p><p>A depressão é uma doença relatada com grande frequência em pacientes</p><p>com doença de Alzheimer em estágios iniciais. Ela pode ser um fator confundidor</p><p>significativo em qualquer tipo de programa de RC porque exacerba ou pode ser</p><p>a causa de déficits cognitivos, em vez da deterioração relacionada à DA. A</p><p>depressão em si parece ser um fator de risco para D.A. Independentemente da</p><p>etiologia, a depressão pode levar a uma espiral descendente de desesperança</p><p>e prejudicar o engajamento do paciente em RC.</p><p> Pensamentos disfuncionais</p><p>Crenças derrotistas são esquemas disfuncionais que são automaticamente</p><p>gerados em resposta a sentimentos de desesperança (por exemplo: “Se eu não</p><p>consigo lembrar este nome, eu sou um fracasso completo e não adianta fazer o</p><p>resto da reabilitação”). Esses pensamentos disfuncionais levam os pacientes a</p><p>assumirem o pior resultado e contribuem para um fraco senso de</p><p>autocompetência que influencia tanto o humor quanto o comportamento e,</p><p>portanto, piora as habilidades cognitivas e funcionais, impedindo que as pessoas</p><p>usem até suas habilidades cognitivas mais intactas.</p><p> Entender a importância da tarefa</p><p>29</p><p>Outro fator que contribui para o pouco engajamento na RC é a</p><p>compreensão do paciente sobre o propósito por trás das tarefas específicas.</p><p>Embora algumas tarefas de RC tenham alto engajamento, como lembrar nomes</p><p>de pessoas conhecidas, para</p><p>outras tarefas, como atividades de atenção</p><p>sustentada que envolvem o rastreamento de um alvo na tela de um computador,</p><p>esse propósito pode não ser evidente. Em casos como este, é imperativo que</p><p>uma justificativa adequada para tarefas específicas seja fornecida aos pacientes</p><p>repetidamente. Pode-se explicar que praticar o rastreamento de um alvo na tela</p><p>de um computador pode melhorar a concentração, e essa concentração é o</p><p>primeiro passo para lembrar detalhes importantes, como o nome de um ente</p><p>querido.</p><p>Estratégias para promover a aderência</p><p>Se por um lado há obstáculos, por outro existem estratégias para promover</p><p>a aderência ao tratamento em RC. São elas:</p><p> Envolvimento da família e/ou do cuidador</p><p>Para alguns pacientes com DA pode ser fundamental envolver membros</p><p>da família ou o cuidador para ajudar a alertar ou relembrar as atividades</p><p>aprendidas na RC. Eles também podem fornecer uma avaliação independente</p><p>do nível atual das metas que o paciente estabeleceu e atingiu na RC.</p><p> Intervenção realista e motivacional</p><p>A intervenção em RC deve se concentrar em situações reais da vida</p><p>cotidiana. A identificação de onde e por que as dificuldades específicas surgem</p><p>no envolvimento ou na conclusão de uma atividade facilitará a seleção de metas</p><p>realistas e realizáveis e planos de intervenção mais eficazes e motivadores.</p><p> Senso de auto eficácia</p><p>Identificar algo que pode ser modificado para melhorar a situação atual e</p><p>trabalhar com esse objetivo pode ajudar a melhorar o senso de autoeficácia (a</p><p>crença de que podemos influenciar ou exercer controle sobre aspectos de nossa</p><p>situação) e bem-estar. A realização bem-sucedida do objetivo desejado pode</p><p>30</p><p>criar uma sensação de satisfação. O tratamento em RC se mostra cada vez mais</p><p>promissor e seu sucesso demonstra estar entrelaçado às estratégias cognitivas</p><p>e aos fatores que impactam na adesão e promovem a aderência. Envolver a</p><p>família e o cuidador no tratamento é fundamental, pois objetiva esclarecimentos</p><p>sobre o quadro clínico e sua evolução, com apontamento de habilidades e</p><p>dificuldades do paciente, além de problemas de comportamento possíveis.</p><p>Ainda, há orientações para auxiliar a generalização das aquisições em RC para</p><p>o ambiente doméstico e compartilhamento de medos e angústia quanto ao</p><p>futuro.</p><p>5.1 Demência ou doença de Alzheimer</p><p>A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vez pelo</p><p>neurologista alemão Alois Alzheimer em 1907, porém ele morreu antes de</p><p>divulgar os resultados de seu estudo e os grandes achados desse pesquisador</p><p>só foram descobertos em 1995 no porão da Universidade de Frankfurt. Alois</p><p>verificou a existência de placas senis (atualmente chamadas de agregados de</p><p>proteínas beta-amiloíde) no espaço extracelular e de emaranhados</p><p>neurofibrilares, como resultado da hiperfosforilação da proteína TAU, no interior</p><p>das células, nos neurotúbulos, o que determina a morte neuronal. Dessa forma,</p><p>a demência é caracterizada por declínio cognitivo múltiplo, que envolve o</p><p>comprometimento da memória, e pelo menos um dos transtornos cognitivos</p><p>como: afasia (prejuízo na linguagem secundário à ruptura da função cerebral),</p><p>apraxia (incapacidade de realizar atividades motoras complexas, apesar da</p><p>capacidade motora intacta), agnosia (falha em reconhecer ou identificar objetos,</p><p>apesar de funções sensoriais intactas) ou distúrbio da função executiva como</p><p>planejamento, organização, sequência e abstração.</p><p>Entretanto existem diversas etiologias para as demências. Algumas</p><p>demências são reversíveis como as causadas por: toxidade medicamentosa,</p><p>depressão, infecção do sistema nervoso, hematomas subdurais, tumores</p><p>cerebrais primários, hidrocefalia de pressão normal, envenenamento orgânico e</p><p>metálico, disfunções da tireoide e paratireoide, e deficiências nutricionais como</p><p>B12, B6, tiamina e ácido fólico. Outras são irreversíveis, dentre estas, as quatro</p><p>(04) causas mais frequentes são: doença de Alzheimer, demência vascular,</p><p>31</p><p>demência com corpos de Lewy e as demências frontotemporais. Sendo a doença</p><p>de Alzheimer o tipo de demência mais frequente entre os idosos, Vilela e</p><p>Caramelli (2006) relatam que a DA evolui de forma lenta e progressiva, com</p><p>duração média de oito anos entre o início dos sintomas e o óbito. Dentre o grupo</p><p>de idosos com demência, cerca de 50 a 66% dos casos são decorrentes da</p><p>doença de Alzheimer, 12 a 18% são demências secundárias a infartos cerebrais</p><p>múltiplos, 8% a 18% são resultados da associação de ambas e 8% têm etiologia</p><p>indeterminada (CONVERSO e IARTELLI, 2007; ALMEIDA, 1998).</p><p>Em particular a DA, é caracterizada por alterações cognitivas,</p><p>comportamentais e de atividades de vida diária, com preservação do</p><p>funcionamento motor e sensorial até as fases mais avançadas. O primeiro</p><p>sintoma da DA, como nas demais demências, é o declínio da memória,</p><p>especialmente para fatos recentes e a desorientação espacial, posteriormente</p><p>aparecem alterações de linguagem, distúrbios de planejamento e de habilidades</p><p>visuoespaciais. Na DA, ocorre perda substancial de neurônios e de sinapses,</p><p>que começam no córtex (envolvidos com a função da linguagem e raciocínio), e</p><p>posteriormente acometem o hipocampo, que é uma área do cérebro importante</p><p>no armazenamento da memória, ocasionando a incapacidade progressiva e</p><p>irreversível de memorizar informações recém adquiridas. Porém, por meio de</p><p>estímulos e atividades de treinamento do cérebro, também chamado de</p><p>estimulação cognitiva, pode-se minimizar a evolução da doença. Nesse caso, os</p><p>profissionais buscam estimular atividades que são comuns na vida e rotina desse</p><p>idoso.</p><p>A DA pode ser caracterizada em três estágios, um estágio inicial</p><p>caracterizado com perdas cognitivas, podendo surgir alterações de</p><p>comportamento, um estágio intermediário, no qual os pacientes tornam-se</p><p>afásicos e apráxicos, juntamente a uma síndrome hipertônica e bradicinética, e</p><p>o estágio final gravemente demente, com perda da deambulação, com reflexo</p><p>de preensão palmar e reflexos de sucção presentes. Para Sá et.al.(2006, p. 102):</p><p>O idoso demenciado desenvolve uma relação extrema de dependência com seu</p><p>cuidador [...] Depender do outro gera angústia, pois não é possível ter plena</p><p>autonomia para realizar alguma atividade, além de ser algo que requer grande</p><p>32</p><p>confiança e segurança no outro. Como essa confiança só existe com pessoas</p><p>que já se conhece a um bom tempo, em que há uma relação de companheirismo,</p><p>amizade e respeito, na maioria das vezes quem assume os cuidados com o idoso</p><p>é o membro mais próximo da família. Porém, mesmo com tamanha afinidade,</p><p>essa pessoa não se sente preparada para assumir os cuidados diretos ao idoso</p><p>doente.</p><p>5.1.1 Estimulação cognitiva</p><p>A estimulação cognitiva em idosos, que vem a ser a temática central deste</p><p>estudo, nos últimos anos vem tornando-se algo possível em função de um</p><p>conceito defendido na Neurociência, a plasticidade cerebral. Mudanças</p><p>adaptativas na estrutura e funções do sistema nervoso podem ser chamadas de</p><p>plasticidade cerebral, termo introduzido por volta de 1930, pelo fisiologista</p><p>alemão Albrecht Bethe (FERRARI et. al., 2001). Vários estudos e pesquisas vêm</p><p>procurando caracterizar e determinar como as funções cognitivas se relaciona</p><p>com o envelhecimento. Essa foi uma das mais importantes descobertas</p><p>científicas das últimas décadas, colocando um ponto final num dos dogmas da</p><p>Neurociência que postulava que os neurônios em adultos não se reproduziam.</p><p>Para Pascual-Leone et. al. (2005, p. 396), “(...) a plasticidade neural é uma</p><p>propriedade intrínseca do Sistema Nervoso que ocorre ao longo de toda a vida</p><p>[...]” como resposta ao ambiente interno e externo à lesão ou comprometimento</p><p>que este indivíduo se encontra. Dessa forma, sabe-se que a plasticidade</p><p>cerebral é bem reduzida em idosos, devido às condições fisiológicas do</p><p>envelhecimento, independente de um processo patológico.</p><p>Contudo, a estimulação cognitiva em idosos tem objetivos mais modestos,</p><p>como diz Singer, 2003, que é a de manter as funções existentes e permitir que</p><p>elas compensem as funções comprometidas. Diversas técnicas podem ser</p><p>utilizadas na estimulação cognitiva com o idoso como: a terapia de orientação à</p><p>realidade, que consiste em treino sistemático de informações presentes e</p><p>contínuas, amparadas por estímulos ambientais de orientação espacial e</p><p>temporal, pontos que orientam a pessoa com o mundo. Essa terapia utiliza</p><p>atividades do dia a dia do indivíduo, como ver calendário, jornais, vídeos,</p><p>fotografias e familiares, o que auxilia na execução de tarefas diárias do idoso.</p><p>33</p><p>Outra técnica, de acordo com os autores supracitados (ibid. p.264), é a terapia</p><p>de reminiscência, em que se utilizam experiências passadas vivenciada pelos</p><p>idosos, suas próprias histórias, que objetivam manter ou restaurar a memória</p><p>autobiográfica do idoso reduzindo assim sua necessidade de ajuda e interação</p><p>do idoso com o ambiente. Essa estratégia é muito utilizada em reuniões em</p><p>grupo, pelo menos uma vez por semana.</p><p>Os autores acrescentam ainda que o uso de apoios externos também é</p><p>uma técnica e envolve o treino e a utilização de instrumentos, que podem ser</p><p>eletrônicos como celulares e computadores, e também não eletrônicos como</p><p>agendas, planejamento diário e semanal, cartão de dicas, horários escritos.</p><p>Podem funcionar como um ponto de apoio para a lembrança e realização de</p><p>atividades simples da vida diária do idoso (ibid. p.268). A aprendizagem sem</p><p>erros, segundo os mesmos autores, consiste em levar o idoso a aprender novas</p><p>informações sem cometer erros. Essa aprendizagem tem como base a memória</p><p>implícita - que se encontra relativamente preservada em idosos com Alzheimer</p><p>(ibid. 267).</p><p>5. CONCEPTUALIZAÇÃO DOS CONCEITOS CENTRAIS</p><p>Envelhecimento e a Saúde Mental</p><p>As alterações demográficas decorrentes do envelhecimento apresentam</p><p>um grande impacto nos países desenvolvidos, como Portugal, pela falta de</p><p>políticas sociais e programas de saúde que sustentem estas alterações. Se, por</p><p>um lado, temos o envelhecimento, outro dado não menos preocupante é a saúde</p><p>mental e o bem-estar emocional de quem envelhece. World Health Organization</p><p>(WHO, 2013) alerta para o facto de que as perturbações neuropsicológicas e</p><p>neurocognitivas mais comuns neste grupo etário são as PNC (demências), a</p><p>depressão e as perturbações da ansiedade. Estima-se que exista um elevado</p><p>subdiagnóstico destas perturbações geriátricas, tanto pela falta de sensibilização</p><p>por parte dos idosos e suas famílias, como pelos próprios profissionais de saúde.</p><p>O subdiagnóstico destas condições clínicas representa uma dimensão</p><p>verdadeiramente alarmante, com o correspondente impacto na saúde destes</p><p>indivíduos, seus familiares e no sistema de saúde em geral.</p><p>34</p><p>Perturbação Neurocognitiva (PNC)</p><p>A deterioração cognitiva progressiva, clinicamente representada nestes</p><p>últimos anos pelo conceito de demência, passou em 2013, por sugestão do</p><p>grupo de trabalho das PNC do Manual de Diagnóstico e Estatística das</p><p>Perturbações Mentais – 5ª edição (DSM-5) da American Psychiatric Association,</p><p>a designar-se PNC major. De acordo com o DSM-5, o diagnóstico de PNC major</p><p>implica o aparecimento de deterioração cognitiva num contexto que não é o do</p><p>delirium ou o de outras doenças mentais. As PNC podem ser classificadas</p><p>quanto ao grau de deterioração cognitiva em dois subtipos - major e ligeira -, e</p><p>quanto à etiologia, que pode variar entre doença de Alzheimer, Vascular, Corpos</p><p>de Lewy, Frontotemporal e outras. As PNC (ligeira ou major) caracterizam-se por</p><p>uma alteração significativa relativamente ao funcionamento anterior, em um ou</p><p>mais domínios cognitivos, tais como atenção, funções executivas, aprendizagem</p><p>e memória, capacidade perceptiva, motora ou cognição social. No entanto, na</p><p>PNC ligeira, os défices cognitivos não interferem nas atividades instrumentais</p><p>complexas. Sendo que a mesma poderá nunca evoluir para PNC major, apesar</p><p>de existir uma grande probabilidade que tal aconteça. As taxas de conversão</p><p>das PNC ligeira para major, ao ano, podem oscilar entre os 11 e os 41%. Na</p><p>35</p><p>PNC major, as alterações cognitivas interferem, no mínimo, com a realização</p><p>das atividades instrumentais complexas.</p><p>A evolução da PNC major é multifatorial, pois depende de várias variáveis,</p><p>constituindo-se como uma condição crónica acompanhada por uma deterioração</p><p>global do indivíduo. A nível mundial, os valores de prevalência das PNC são</p><p>muito elevados. Em 2001, em todo o mundo existiam, aproximadamente, 24</p><p>milhões de PNC major. Em 2010, este valor ultrapassou os 35 milhões,</p><p>perspectivando-se que em 2030 ascenda aos 74 milhões e em 2050 existirão,</p><p>aproximadamente, 132 milhões de pessoas com algum grau de PNC major. Em</p><p>2015 surgiram 9,9 milhões de novos casos. Na Europa Ocidental, a prevalência</p><p>estimada é de aproximadamente 7%5 e a prevalência estimada da PNC ligeira</p><p>é de 2,5 a 15,6%. De acordo com o relatório Dementia in Europe, a prevalência</p><p>do fenómeno em Portugal ronda os 6%, o que se traduz entre 160,000 a 185,000</p><p>pessoas. O impacto económico da PNC major é muito significativo. Em termos</p><p>mundiais, em 2018 o valor com gastos diretos e indiretos resultantes das PNC,</p><p>rondou um trilião de dólares americanos, acarretando sérias implicações para as</p><p>autoridades governamentais e sociedade global.</p><p>Envelhecer em Casa e em Família</p><p>Ageing in place - envelhecer em casa ou na comunidade - é uma meta a</p><p>atingir, em particular nos países economicamente mais favorecidos,</p><p>pretendendo-se que as pessoas vivam de forma independente no domicílio o</p><p>maior tempo possível, dentro dos limites permitidos pela patologia, pelo apoio</p><p>dado pelo cuidador, sistema de saúde e a sociedade, em geral. Estar inserido</p><p>na comunidade, pelo maior tempo possível, é um fator protetor do processo de</p><p>envelhecimento e, em particular, da deterioração cognitiva pois promove um</p><p>envelhecimento mais ativo e, consequentemente, mais saudável. Todavia,</p><p>envelhecer em casa com uma deterioração cognitiva implica ter uma estrutura</p><p>familiar e/ou económica que proporcione condições para que a pessoa idosa</p><p>possa expressar o seu máximo potencial, dando-lhe poder de decisão para a</p><p>manutenção das suas capacidades físicas, cognitivas e espirituais. O valor social</p><p>da família é milenar. À família compete proporcionar a todos os seus elementos</p><p>a resposta a várias necessidades, entre elas físicas, emocionais, psicológicas,</p><p>36</p><p>financeiras, educativas, sociais, entre outras. À família acresce também o valor</p><p>da saúde, nomeadamente a responsabilidade pela saúde dos “seus”; este valor</p><p>é, por sua vez, socialmente incalculável. O valor acrescentado da família assume</p><p>particular importância na pessoa idosa, visto que ela, preferencialmente, escolhe</p><p>envelhecer na sua própria casa. Portanto, equacionar o envelhecer em casa é</p><p>ter presente que, entre outras coisas, a família terá de ser um elemento ativo e</p><p>funcional nesse processo.</p><p>Ser cuidador de uma pessoa com perturbação neurocognitiva</p><p>Dissertar sobre envelhecer em casa, em situações de pessoas idosas com</p><p>algum grau de deterioração cognitiva, é também incluir o cuidador informal</p><p>(familiar ou não) e/ou formal. Entende-se por cuidador informal um elemento da</p><p>família ou pessoa próxima que cuida de forma sistemática da pessoa idosa,</p><p>mediante as suas necessidades. Já o cuidador formal é um elemento que,</p><p>geralmente, é remunerado e que tem a função de auxiliar a pessoa idosa no</p><p>desempenho das suas atividades instrumentais e/ou básicas de vida diária,</p><p>dependendo do grau de dependência. No cuidado domiciliário da PNC, as redes</p><p>de apoio - cuidador informal/formal – sofrerão, futuramente, grandes desafios,</p><p>pela intensificação da procura e baixa oferta. A prevalência de idosos com PNC</p><p>continuará a aumentar,</p>

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