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<p>PRISÕES</p><p>PRISÃO PROVISÓRIA</p><p>Não tem por objetivo a punição do indivíduo, mas sim impedir que venha ele a praticar novos delitos (relacionados ou não com aquele pelo qual está segregado) ou que sua conduta interfira na apuração dos fatos e na própria aplicação da sanção correspondente ao crime praticado.</p><p>Possui natureza eminentemente cautelar, razão pela qual não viola o princípio da presunção de inocência, tampouco qualquer outro direito ou garantia assegurados na Constituição Federal.</p><p>De acordo com o art. 283 do CPP, ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. O dispositivo guarda relação com o disposto no art. 5.º, LXI, da Constituição Federal, segundo o qual ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. A partir daí, constata-se que a prisão provisória do indivíduo apenas pode decorrer de:</p><p>Prisão em flagrante.</p><p>Ordem escrita da autoridade judiciária competente, resultante de prisão temporária (Lei 7.960/1989) ou de prisão preventiva.</p><p>EFETIVAÇÃO DA PRISÃO: TEMPO E FORMA DE EXECUÇÃO</p><p>Dispõe o art. 283, § 2.º, do CPP que a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições constitucionais quanto à inviolabilidade do domicílio.</p><p>Art. 283 (...)</p><p>§ 2o  A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.</p><p>De fato, essa regulamentação não poderia ser diferente, pois, se a prisão provisória possui natureza cautelar, é natural que haja urgência no seu cumprimento, o que não seria compatível com o estabelecimento de normas rígidas de horário para tanto.</p><p>Entretanto, deverão ser observadas as restrições previstas na CF/88 quanto à violação do domicílio, isto é, aquelas previstas no art. 5.º, XI, dispondo que “a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia por determinação judicial”.</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>O flagrante é forma de prisão autorizada expressamente pela Constituição Federal (art. 5.º, XI). Rege-se pela causalidade, pois o flagrado é surpreendido no decorrer da prática da infração ou momentos depois. Inicialmente, funciona como ato administrativo, dispensando autorização judicial. Portanto, apenas se converte em ato judicial no momento em que ocorre a sua comunicação ao Poder Judiciário, a fim de que seja analisada a legalidade da detenção e adotadas as providências determinadas no art. 310 do CPP.</p><p>Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:</p><p>I - relaxar a prisão ilegal; ou</p><p>II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou</p><p>III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança</p><p>.....................</p><p>.</p><p>A PRISÃO EM FLAGRANTE E O FATO TÍPICO. A ILICITUDE E A CULPABILIDADE</p><p>Para a efetivação da prisão em flagrante, importa, sobretudo, a prática do fato típico, não a impedindo aspectos relativos à ilicitude da conduta ou à culpabilidade do agente.</p><p>Art. 310 (...)</p><p>§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.</p><p>PRISÃO EM FLAGRANTE NAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO</p><p>De acordo com o art. 61 da Lei 9.099/1995, “consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.</p><p>Por outro lado, dispõe o art. 69, parágrafo único, do mesmo diploma, que “ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima”.</p><p>Se, porém, recusar-se ao comparecimento imediato ao Juizado ou a subscrever o termo de compromisso de comparecer à sua sede quando determinado, nesta hipótese deverá a autoridade policial proceder normalmente à lavratura do auto de prisão em flagrante e demais formalidades do art. 304 e seguintes do CPP..</p><p>MODALIDADES DE FLAGRANTE</p><p>Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:</p><p>I - está cometendo a infração penal;</p><p>II - acaba de cometê-la;</p><p>III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;</p><p>IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.</p><p>Classifica-se o flagrante em três modalidades:</p><p>Flagrante próprio (art. 302, I e II, do CPP):caracteriza-se quando o agente está cometendo a infração penal ou acabou de cometê-la.</p><p>Flagrante impróprio ou quase flagrante (art. 302, III, do CPP):ocorre na hipótese em que o agente, muito embora não tenha sido surpreendido cometendo a infração ou acabando de cometê-la, é perseguido, logo após esses atos, de forma ininterrupta pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, sendo, ao final, localizado e preso.</p><p>Flagrante presumido ou ficto (art. 302, IV, do CPP): perfaz-se em relação ao indivíduo que, logo depois da prática da infração, é encontrado portando instrumentos, armas, objetos ou papéis que indiquem, presumidamente, ter sido ele o autor do crime.</p><p>SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>No tocante ao sujeito ativo, o flagrante classifica-se como facultativo ou obrigatório (art. 301 do CPP).</p><p>Facultativo é aquele que pode ser realizado por qualquer pessoa do povo ao perceber situação de flagrância, caso em que a privação da liberdade do flagrado e eventuais consequências físicas que lhe advenham em razão do uso de força (a necessária) para efetuar a prisão justificam-se na excludente de ilicitude do exercício regular de direito (art. 23, III, 2.ª parte, do CP).</p><p>Obrigatório é aquele que deve ser realizado pela autoridade policial e seus agentes, sob pena de sanção disciplinar e, conforme o caso, responsabilidade penal. A ação de prender, neste caso, dá-se em nome do estrito cumprimento de dever legal (art. 23, III, 1.ª parte, do CP)</p><p>.</p><p>SUJEITO PASSIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>Sujeitos passivos do flagrante são, em princípio, todos aqueles que forem surpreendidos em quaisquer das situações mencionadas no art. 302 do CPP. Todavia, ressalvam-se algumas categorias de pessoas que, pela sua própria condição ou pela função que exercem, recebem tratamento especial, a saber:</p><p>Menores de 18 anos: É preciso diferenciar, aqui, se o flagrante de ato infracional ocorreu em relação a criança (quem ainda não completou doze anos de idade) ou a adolescente (quem já alcançou os doze anos, mas não atingiu os dezoito).</p><p>Tratando-se de criança, esta jamais estará sujeita à privação da liberdade em razão da prática de ato infracional (art. 101, § 1.º, do ECA).</p><p>Sendo, porém, adolescente, é possível sua apreensão (não prisão) em flagrante de ato infracional,</p><p>caso em que deverá ser apresentado imediatamente à autoridade policial. Esta, após ouvi-lo, poderá liberá-lo aos pais ou responsáveis, ou, caso não considere prudente esta liberação, apresentá-lo ao Ministério Público imediatamente ou no prazo máximo de vinte e quatro horas (art. 175, caput e § 1.º, da Lei 8.069/1990).</p><p>Presidente da República: De acordo com o art. 86, § 3.º, da CF, somente pode ser preso pela prática de crime comum após sentença condenatória, intuindo-se, pois, que não está sujeito à prisão em flagrante.</p><p>Magistrados e membros do Ministério Público: Tanto os magistrados quanto os membros do Ministério Público somente podem ser presos em flagrante pela prática de crime inafiançável.</p><p>Membros do Congresso Nacional: Admite-se a prisão em flagrante apenas quando se tratar de crime inafiançável, impondo-se, nas vinte e quatro horas seguintes, o encaminhamento dos autos à respectiva Casa Legislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2.º, da CF).</p><p>Membros das Assembleias Legislativas Estaduais: Utiliza-se, em tese, o mesmo raciocínio, por força do art. 27, § 1.º, da Carta Política, dispondo que a tais parlamentares aplicam-se as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidades, imunidades, remuneração, perda de mandato, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.</p><p>Diplomatas estrangeiros: Em decorrência de tratados e convenções internacionais, não podem ser presos em flagrante delito.</p><p>FLAGRANTE ESPERADO, PROVOCADO, FORJADO e RETARDADO</p><p>FLAGRANTE ESPERADO: Também chamado de intervenção predisposta da autoridade, é aquele em que a polícia (via de regra), sabendo, por fontes fidedignas que será praticado um crime, desloca-se até o local em que este deverá acontecer, aguardando o início dos atos de execução ou, conforme o caso, a própria consumação, realizando, ato contínuo, a prisão em flagrante de todos os envolvidos. Esta modalidade de flagrante é válida, implicando tentativa punível ou, até mesmo, a consumação do crime.</p><p>FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO: É aquele pelo qual o agente é instigado a praticar o crime, não sabendo que está sob a vigilância atenta da autoridade ou de terceiros, que só aguardam o início dos atos de execução para realizar o flagrante. Nesta hipótese, o flagrante não poderá ser homologado, pois se trata de evidente hipótese de crime impossível, já que ao agente foram facilitadas as condições para que perpetrasse a infração, objetivando-se, deliberadamente, criar situação de flagrância.</p><p>FLAGRANTE FORJADO: é aquele no qual o fato típico não foi praticado, sendo simulado pela autoridade ou pelo particular com o objetivo direto de incriminar falsamente alguém. Caracteriza-se pela absoluta ilegalidade e sujeita o responsável a responder penalmente por essa conduta – abuso de autoridade ou denunciação caluniosa –, conforme se trate ou não o responsável pela simulação criminosa de uma autoridade no exercício das funções.</p><p>Flagrante retardado: Também chamado de flagrante diferido, consiste na faculdade conferida à polícia no sentido de retardar a prisão em flagrante, visando a obter maiores informações a respeito da ação dos criminosos. É previsto, por exemplo, no art. 8º da Lei nº 12.850/2013, quando faculta a ação controlada, que consiste em “retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações”.</p><p>LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE</p><p>Uma vez apresentado o flagrado à autoridade com incumbência para lavrar o auto de prisão, deverá ele ser cientificado, previamente, quanto a seu direito de não responder as perguntas formuladas, bem como à assistência de advogado, conforme se depreende do art. 5.º, LXIII, da Constituição Federal.</p><p>O art. 306, caput, do CPP determina que “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.</p><p>Realizada a apresentação do preso, incumbirá à autoridade que presidir o auto de prisão proceder da seguinte forma (art. 304 do CPP):</p><p>À oitiva do condutor, ou seja, da autoridade, do agente da autoridade ou do particular que deu a voz de prisão em flagrante.</p><p>À oitiva das testemunhas da infração, que devem ser no mínimo duas.</p><p>À oitiva da vítima, se possível.</p><p>Ao interrogatório do preso.</p><p>À lavratura do auto de prisão em flagrante. Esta formalidade somente será concretizada pelo escrivão após a oitiva dos condutores, testemunhas, vítima e flagrado.</p><p>Vencidas essas etapas, em até vinte e quatro horas após a realização da prisão, deverá a autoridade policial encaminhar ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, no caso de o autuado não ter informado o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública ;</p><p>No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas (art. 306, § 2.º), sendo que tal recibo deverá integrar o rol de documentos que deverão acompanhar o auto de prisão quando encaminhado a juízo.</p><p>Aportando no Poder Judiciário o auto de prisão em flagrante, estabelece o art. 310, caput, do CPP que caberá ao juiz, após recebêlo, promover audiência de custódia, com a presença do flagrado, de seu advogado constituído ou de Defensor Público e de membro do Ministério Público.</p><p>.</p><p>O FLAGRANTE E A APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA</p><p>Aspecto bastante enfatizado na doutrina concerne ao descabimento da prisão em flagrante por apresentação espontânea, vale dizer, aquela em que o próprio suspeito apresenta-se perante a autoridade policial, sendo, então, preso sob o fundamento da flagrância. Em que pese haja algumas discussões, prevalece a posição no sentido de que à autoridade não é lícito prender em flagrante a pessoa que se apresenta espontaneamente.</p><p>Tal entendimento decorre, sobretudo, da exegese do art. 304, caput, do CPP, que usa a expressão “apresentado o preso à autoridade competente...”, pressupondo, portanto, que o sujeito ativo do delito já tenha recebido voz de prisão por ocasião da sua apresentação, pelo condutor, ao Delegado para lavratura do auto.</p><p>.</p><p>PRISÃO PREVENTIVA</p><p>A PRISÃO PREVENTIVA é modalidade de segregação provisória, decretada judicialmente, desde que concorram os pressupostos que a autorizam e as hipóteses que a admitem (arts. 312 e 313 do CPP).</p><p>Possui natureza cautelar, já que tem por objetivo a tutela da sociedade, da investigação criminal/processo penal e da aplicação da pena.</p><p>Como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum in mora (ou periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o primeiro significando o risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à segurança social, à eficácia das investigações policiais/apuração criminal e à execução de eventual sentença condenatória, e o segundo, consubstanciado na possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, em face dos indícios de autoria e da prova da existência do crime verificados no caso concreto.</p><p>Sob pena de implicar constrangimento ilegal, além da observância aos pressupostos que a justificam (art. 312) e às hipóteses de sua admissão (art. 313), a decretação da custódia no caso concreto exige a constatação, pelo juiz, da impossibilidade de sua substituição por outra medida cautelar diversa da prisão, dentre as contempladas no art. 319 do CPP.</p><p>FASES</p><p>De acordo com o art. 311 do CPP, a prisão preventiva é cabível em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal.</p><p>Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.</p><p>.</p><p>19</p><p>LEGITIMAÇÃO</p><p>Na medida</p><p>em que o art. 5.º, LXI, da CF/88l estabelece que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, torna-se evidente que o decreto da prisão preventiva exige necessariamente ordem judicial, sendo vedada a sua determinação por qualquer outra esfera.</p><p>A prisão preventiva não poderá, em regra, ser ordenada pelo juiz ex officio, podendo fazê-lo, então:</p><p>Durante as investigações policiais, por meio de representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público.</p><p>No curso do processo penal, por meio de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação.</p><p>PRESSUPOSTOS DA PRISÃO PREVENTIVA</p><p>Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.</p><p>§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada</p><p>Indício suficiente de autoria: é aquele que, muito embora situado no campo da probabilidade, baseia-se em fatores concretos indicativos de que o indivíduo, efetivamente, possa ter praticado a infração penal sob apuração. Não se demanda, enfim, neste juízo provisório, prova plena de autoria, já que este é grau de certeza exigido por ocasião do mérito da ação penal, quando se visa à condenação do acusado.</p><p>Prova da existência do crime: trata-se da documentação que demonstra, nos autos, a efetiva ocorrência da infração penal.</p><p>Receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada</p><p>FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA</p><p>Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.</p><p>§ 1º  A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).</p><p>Trata-se dos motivos que ensejam a decretação da custódia e sobre os quais deve-se assentar a decisão judicial deferitória, sendo relacionados ao requisito genérico das medidas cautelares, qual seja, o periculum in mora (periculum libertatis) – risco de que a demora das investigações ou da tramitação processual venha a prejudicar o ajuizamento da ação penal ou a prestação jurisdicional.</p><p>Consistem estes fundamentos nos seguintes:</p><p>Garantia da ordem pública;</p><p>Garantia da ordem econômica;</p><p>Conveniência da instrução criminal; e</p><p>Segurança da aplicação da lei penal.</p><p>Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).</p><p>Entende-se justificável a prisão preventiva para a garantia da ordem pública quando a permanência do acusado em liberdade, pela sua elevada periculosidade, importar intranquilidade social em razão do justificado receio de que volte a delinquir.</p><p>A garantia da ordem econômica trata-se de uma variável da garantia da ordem pública, apenas um pouco mais específica do que esta, sendo relacionada a uma determinada categoria de crimes, quais sejam, aqueles que, de acordo com o art. 36, I a IV, da Lei 12.529/2011, tenham por objetivo limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre-iniciativa, dominar mercado relevante de bens ou serviços, aumentar arbitrariamente os lucros ou exercer de forma abusiva posição dominante.</p><p>A prisão preventiva decretada para conveniência da instrução criminal é aquela que visa impedir que o agente, em liberdade, alicie testemunhas, forje provas, destrua ou oculte elementos que possam servir de base à futura condenação.</p><p>A segurança de aplicação da lei penal é motivo da prisão preventiva que se fundamenta no receio justificado de que o agente se afaste do distrito da culpa, impedindo a execução da pena imposta em eventual sentença condenatória.</p><p>Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º): Trata-se de caso acrescentado ao CPP, em face do caráter subsidiário da prisão preventiva ( medida cautelar extrema).</p><p>Perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado: A condicionante introduzida pela Lei 13.964/2019 ao art. 312 do Código de Processo Penal, relativa ao perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado, nada mais é do que a versão em português da expressão latina periculum libertatis, o que abrange os três fundamentos da prisão preventiva: garantia da ordem pública e econômica, conveniência da instrução criminal e segurança da aplicação da lei penal.</p><p>HIPÓTESES EM QUE É ADMISSÍVEL A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA</p><p>Estabelece o art. 313 do CPP que a prisão preventiva, presentes os pressupostos e fundamentos que a autorizam, será admitida nas seguintes hipóteses:</p><p>Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos (art. 313, I, do CPP);</p><p>Indivíduo que comete um novo crime doloso nos cinco anos subsequentes ao cumprimento ou extinção da pena imposta em razão da prática de outro crime doloso anterior – o chamado reincidente em crime doloso (art. 313, II, do CPP);</p><p>Crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa portadora de deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (art. 313, III, do CPP);</p><p>Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la (art. 313, § 1º).</p><p>25</p><p>HIPÓTESES EM QUE NÃO É ADMISSÍVEL A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA</p><p>O regramento incorporado ao Código de Processo Penal permite a conclusão de que não será admitida a decretação judicial da prisão preventiva nas seguintes hipóteses:</p><p>Nas contravenções penais: Não há dúvidas a este respeito. O próprio art. 312 do CPP condiciona a decretação da prisão preventiva à existência de prova da existência do crime, ficando implícita, pois, a proibição à medida quando se tratar de contravenção penal.</p><p>Quando houver provas de ter o agente praticado o fato sob a égide de excludentes de ilicitude: Dispõe o art. 314 do CPP que “a prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal”, referindo-se, pois, ao indivíduo que agiu ao amparo da legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito.</p><p>.</p><p>REVOGAÇÃO E NOVO DECRETO</p><p>Estabelece o art. 316 do CPP que o juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.</p><p>Este dispositivo contempla o princípio da provisionalidade, o qual, juntamente os princípios da excepcionalidade (art. 282, § 4º, parte final e § 6º) e da proporcionalidade (arts. 282, I e II, e 310, II, parte final) devem ser observados em relação à segregação provisória no curso da persecução penal.</p><p>DURAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA</p><p>A legislação não estabelece um prazo máximo de duração da prisão preventiva. Limita-se o art. 316 do CPP a dispor que</p><p>deverá a custódia ser revogada se constatar o juiz a falta de motivos para que subsista. Entretanto, na prática forense, é bastante comum a dedução de pedidos de revogação da medida, sob o fundamento de excesso de prazo na prisão em face da demora na conclusão da instrução criminal.</p><p>A propósito deste entendimento, nota-se que o STF tem deferido a ordem de habeas corpus, nos casos a envolver alegação de excesso de prazo, somente em hipóteses excepcionais, nas quais a mora processual:</p><p>Seja decorrência exclusiva de diligências suscitadas pela atuação da acusação;</p><p>Resulte da inércia do próprio aparato judicial, em atendimento ao princípio da razoável duração do processo, nos termos do art. 5.º, LXXVIII; e,</p><p>Seja incompatível com o princípio da razoabilidade, ou, quando o excesso de prazo seja gritante.</p><p>PRISÃO DOMICILIAR</p><p>A disciplina dos arts. 317 e 318 do Código de Processo Penal contempla a possibilidade de substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. Trata-se, enfim, do recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, de onde apenas poderá sair com prévia autorização judicial.</p><p>Art. 317.  A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.</p><p>Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:</p><p>I - maior de 80 (oitenta) anos;</p><p>II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;</p><p>III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;</p><p>IV - gestante;</p><p>V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;</p><p>VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.</p><p>Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo</p><p>Art. 318-A.  A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:</p><p>I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;</p><p>II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.</p><p>Art. 318-B.  A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.</p><p>PRISÃO TEMPORÁRIA</p><p>A prisão temporária está regulamentada na Lei 7.960/1989, a qual, no art. 1.º, prevê as seguintes hipóteses de cabimento:</p><p>Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;</p><p>Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;</p><p>Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado, nos crimes de homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, epidemia com resultado de morte, envenenamento de água potável ou alimentos ou medicamentos com resultado morte, associação criminosa (art. 288 do CP), genocídio, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro e crimes previstos na Lei do Terrorismo.</p><p>A prisão temporária é cabível somente em relação aos crimes referidos no art. 1.º, III, e desde que concorra pelo menos uma das hipóteses citadas nos incisos I e II.</p><p>PRAZO E LEGITIMIDADE</p><p>Como regra, a custódia terá o prazo de cinco dias, podendo este lapso ser prorrogado por igual período, em caso de excepcional necessidade (art. 2.º, caput).</p><p>Tratando-se, porém, de crimes hediondos e equiparados, dispõe o art. 2.º, § 4.º, da Lei 8.072/1990 que o prazo da temporária será de trinta dias, prorrogáveis por igual tempo, desde que comprovada a extrema necessidade desse proceder.</p><p>Perceba-se que, consoante refere o art. 2.º, § 8.º, da Lei 7.960/1989 (introduzido pela Lei 13.869/2019), o dia do cumprimento do mandado de prisão inclui-se no cômputo do prazo de prisão temporária.</p><p>Tocante à legitimidade, prevê o art. 2º, caput, que a prisão temporária será decretada pelo juiz mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público.</p><p>.</p><p>PROCEDIMENTO</p><p>Diante de representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, o juiz de direito terá o prazo de vinte e quatro horas para decidir fundamentadamente sobre a prisão. Caso a postulação tenha sido realizada pelo Delegado de Polícia, imprescindível, ainda, que, antes de se manifestar, o magistrado colha o parecer do Ministério Público (art. 2.º, § 1.º).</p><p>Deferida a segregação, será expedido mandado de prisão em duas vias, sendo uma entregue ao preso, a qual servirá de nota de culpa (art. 2º, § 4º). Gize-se que, por ocasião da decisão deferitória da custódia, poderá o magistrado, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito (art. 2.º, § 3.º).</p><p>.</p><p>STF define critérios para decretação da prisão temporária</p><p>Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) fixou requisitos para a decretação da prisão temporária, que tem previsão na Lei 7.960/1989. A decisão foi tomada no julgamento, na sessão virtual finalizada em 11/2, das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 3360 e 4109, em que o Partido Social Liberal (PSL) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), respectivamente, questionavam a validade da norma.</p><p>Prevaleceu, no julgamento, o voto do ministro Edson Fachin, que julgou parcialmente procedente as ações para dar interpretação conforme a Constituição Federal ao artigo 1º da Lei 7.960/1989 e fixar o entendimento de que a decretação de prisão temporária está autorizada quando forem cumpridos cinco requisitos, cumulativamente:</p><p>for imprescindível para as investigações do inquérito policial, constatada a partir de elementos concretos, e não meras conjecturas, vedada a sua utilização como prisão para averiguações, em violação ao direito à não autoincriminação, ou quando fundada no mero fato de o representado não ter residência fixa;</p><p>houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes descritos no artigo 1°, inciso III, da Lei 7.960/1989, vedada a analogia ou a interpretação extensiva do rol previsto;</p><p>for justificada em fatos novos ou contemporâneos;</p><p>for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado;</p><p>não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas, previstas nos artigos 319 e 320 do Código de Processo Penal (CPP).</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p>

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