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<p>Universidade Federal de Uberlândia</p><p>Psicologia Social II</p><p>Atividade acadêmica para complemento de carga horária</p><p>Dra. Maristela de Souza Pereira</p><p>Ana Valéria da Silva Azevedo (12211PSI001)</p><p>Análise dos Papéis de Gênero a partir das Perspectivas Sociológica, Psicológica e</p><p>Latino-Americana da Psicologia Social</p><p>Primeiramente, é fundamental salientar que cada uma dessas perspectivas oferece</p><p>uma lente distinta para entender o fenômeno dos papéis de gênero, refletindo também os</p><p>métodos de pesquisa empregados. Nesse sentido, a perspectiva sociológica destaca a</p><p>importância das normas sociais e culturais, enquanto a psicológica foca nos processos</p><p>internos e interpessoais. Por sua vez, a perspectiva Latino-americana enfatiza as</p><p>desigualdades estruturais e a necessidade de transformação social. Cada uma dessas visões</p><p>está intimamente relacionada à sua cultura e às necessidades emergentes de seus respectivos</p><p>contextos de surgimento e propagação. Considerando isso, torna-se valioso estudar como os</p><p>papéis de gênero são concebidos em cada uma dessas perspectivas.</p><p>A Psicologia Social Sociológica concentra-se no estudo da experiência social que o</p><p>indivíduo adquire por meio de sua participação em diferentes grupos sociais (Ferreira, 2010).</p><p>Sob essa ótica, essa perspectiva examina os papéis de gênero, analisando como as dinâmicas</p><p>grupais influenciam a forma como os indivíduos reproduzem essas atribuições. Nesse</p><p>sentido, busca-se compreender como os papéis atribuídos aos gêneros são reforçados por</p><p>normas culturais e expectativas sociais. Um exemplo metodológico hipotético que converge</p><p>com a Psicologia Social Sociológica no estudo dos papéis de gênero é o uso de experimentos</p><p>controlados em grupo. Nesse tipo de estudo, os participantes são divididos em grupos e</p><p>expostos a diferentes condições que manipulam variáveis relacionadas a normas de gênero,</p><p>como expectativas sociais sobre comportamento masculino ou feminino. Em seguida,</p><p>medem-se as respostas comportamentais ou atitudinais dos indivíduos, como conformidade</p><p>com papéis de gênero ou atitudes em relação a violação dessas normas. Através da</p><p>comparação dos grupos experimentais, é possível analisar de forma quantitativa como as</p><p>dinâmicas sociais reforçam ou transformam os papéis de gênero em diferentes contextos.</p><p>Já a Psicologia Social Psicológica busca explicar os sentimentos, pensamentos e</p><p>comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de outras pessoas, possuindo,</p><p>assim, um enfoque mais intrapsíquico (Ferreira, 2010). Nesse sentido, ao considerar o tema</p><p>dos papéis de gênero, essa vertente se concentra nos processos intraindividuais que</p><p>influenciam a conformidade a esses papéis, como a maneira pela qual os indivíduos percebem</p><p>e respondem às expectativas sociais. Nesse contexto, o indivíduo pode tanto aceitar quanto</p><p>resistir às normas sociais de gênero, dependendo das interações sociais e de fatores como</p><p>autopercepção e autovalorização, que influenciam seus comportamentos. Um exemplo</p><p>metodológico hipotético na Psicologia Social Psicológica, aplicado ao estudo dos papéis de</p><p>gênero, seria o uso de um experimento de priming social. Nesse estudo, os participantes</p><p>seriam divididos em dois grupos: um grupo receberia estímulos relacionados a normas</p><p>tradicionais de gênero (por exemplo, imagens ou palavras que reforçam estereótipos de</p><p>gênero), enquanto o outro grupo seria exposto a estímulos neutros ou contrários a essas</p><p>normas. Em seguida, seria medida a conformidade dos participantes com papéis de gênero</p><p>em situações específicas, como a escolha de atividades ou a expressão de emoções. Esse</p><p>método permitiria avaliar como os processos internos, como a autopercepção e a</p><p>sensibilidade às expectativas sociais, influenciam a aceitação ou resistência aos papéis de</p><p>gêneros após a exposição a estímulos específicos.</p><p>A perspectiva Latino-Americana busca pensar as relações da Psicologia com o</p><p>contexto, investigando como ela se produz e como produz efeitos nesse contexto. Além disso,</p><p>é caracterizada pelo saber situado e pela intervenção, sendo profundamente atravessada pela</p><p>transformação social. Para exemplificar, podemos adotar a ótica da Psicologia Social Crítica</p><p>brasileira, especialmente sob a perspectiva teórica de Sílvia Lane. Essa abordagem é</p><p>considerada uma práxis e implica a rejeição da neutralidade científica, reconhecendo que</p><p>tanto pesquisadores quanto pesquisados são produtos e agentes de contextos</p><p>histórico-culturais, o que implica em um trabalho colaborativo e na valorização das vozes dos</p><p>sujeitos. Assim, resulta em pesquisas que, conscientemente ou não, realizam intervenções</p><p>sociais e ações que podem tanto produzir quanto transformar as condições sociais existentes</p><p>(Cordeiro, 2013).</p><p>A Psicologia Social Crítica enfatiza como as relações de poder, ideologias e</p><p>desigualdades estruturais moldam os papéis de gênero, propondo uma análise que vai além da</p><p>simples descrição de comportamentos e busca promover mudanças sociais. Assim, a</p><p>Psicologia Social Crítica vê os papéis de gênero como formas de opressão institucionalizadas</p><p>que servem aos interesses da classe e da cultura dominante. Um exemplo de estudo hipotético</p><p>a partir dessa ótica seria a análise das diferenças salariais entre homens e mulheres e como o</p><p>trabalho de cuidado não remunerado influencia esse contexto, fundamentada em relatos de</p><p>sujeitos que se identificam com essas categorias em um grupo de interação em uma</p><p>comunidade específica. Reconhecendo que tanto pesquisadores quanto pesquisados são</p><p>produtos e agentes de contextos histórico-culturais relacionados à temática, é essencial</p><p>refletir sobre a experiência dos sujeitos de pesquisa em relação ao assunto, adotando uma</p><p>posição de horizontalidade. Isso se torna ainda mais relevante ao considerar que as estruturas</p><p>sociais e econômicas perpetuam a desigualdade e os papéis de gênero de forma taxativa,</p><p>assumindo que a troca de relatos reflexivos acerca do tema já provoca uma transformação em</p><p>todos os presentes. Além disso, pensando além, seria possível discutir com os sujeitos</p><p>participantes políticas locais que promovam estratégias comunitárias que valorizem ou</p><p>remanejem o trabalho de cuidado não remunerado, se for o caso. Dessa forma, a Psicologia</p><p>Social Crítica se posiciona não apenas como um campo de exposição das diferenças, mas</p><p>como uma ferramenta ativa de transformação social, em que tanto os participantes quanto o</p><p>psicólogo social se tornam agentes de mudança no enfrentamento das desigualdades de</p><p>gênero existentes.</p><p>Referências</p><p>Ferreira, M. C.. (2010). A Psicologia Social contemporânea: principais tendências e</p><p>perspectivas nacionais e internacionais. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 26(spe),</p><p>51–64. https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005</p><p>Cordeiro, M. P.. (2013). Psicologias sociais cientificista e crítica: um debate que continua.</p><p>Psicologia: Ciência E Profissão, 33(3), 716–729.</p><p>https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000300015</p><p>https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005</p><p>https://doi.org/10.1590/S1414-98932013000300015</p>

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