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<p>CAMILA CARVALHO NASCIMENTO</p><p>GABRIEL MENEZES</p><p>SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>3ª (TERCEIRA) TURMA</p><p>RECURSO ESPECIAL Nº 2.069.003 - MS</p><p>(2022/03738723)</p><p>RELATORA: MIN. NANCY ANDRIGHI</p><p>MEMORIAIS</p><p>EMELYN JHULIANI PELZL REIS (RECORRIDA)</p><p>SESSÃO DE JULGAMENTO:</p><p>17 DE OUTUBRO DE 2023</p><p>EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO RELATOR DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>RECURSO ESPECIAL Nº 2.069.003 - MS (2022/0373872-3)</p><p>RECORRENTE: MULTIPLO - FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO-PADRONIZADOS MULTISSETORIAL</p><p>RECORRIDO: EMELYN JHULIANI PELZL REIS</p><p>RELATORA: MINISTRA NANCY ANDRIGHI</p><p>I - BREVE SÍNTESE PROCESSUAL</p><p>Trata-se de Recurso Especial, interposto pela Múltiplo - Fundo De Investimento em Direitos Creditórios Não-Padronizados Multissetorial, cujo processo originário refere-se a Ação Declaratória de Inexistência de Dívida c/c com Pedido de Indenização por Danos Morais, bem como requerimento de Tutela de Urgência, devido à manutenção indevida do nome da parte autora nos cadastros de inadimplentes, mesmo após a quitação do débito oriundo da duplicata mercantil que a empresa MÓVEIS ROMERA LTDA havia cedido à Ré por meio de endosso translativo.</p><p>Fora condenada a Ré em 1a instância ao pagamento de indenização no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais, decisão está mantida em acórdão na 2a instância. Visando prequestionamento expresso das questões apontadas nas razões recursais, fora interposto pela empresa ré Recurso Especial quanto à decisão de segunda instância, alegando a violação do art. 114 do CPC.</p><p>A Vice-Presidência do Tribunal do Estado de Mato Grosso do Sul inadmitiu o Recurso de Revista, não o acolhendo com base nos termos do art. 1.030, V do CPC.</p><p>|| - RAZÕES RECUSAIS - PONTO DE ATUAÇÃO</p><p>A pretensão, objeto da Ação, é fundada na manutenção indevida do nome da parte recorrida nos cadastros de inadimplentes, mesmo após a quitação do débito, oriundo da duplicata mercantil que a empresa MÓVEIS ROMERA LTDA havia cedido à recorrente por meio de endosso translativo.</p><p>Preliminarmente, não verifica na presente demanda a necessidade da formação do litisconsórcio passivo entre a recorrente, ora endossatária, e a endossante, ora empresa Móveis Romera.</p><p>No caso em comento, a responsabilidade pela retirada do nome do devedor do cadastro de inadimplentes é solidária, uma vez que se trata de uma cadeia de fornecedores. Podendo, tanto o endossante quanto o endossatário têm responsabilidade independente pela retirada do nome da recorrida do cadastro após a quitação do débito.</p><p>Logo, recorrida, ora credora, pode escolher contra quem deseja demandar, não assistindo razão a alegação de que a endossante Moveis Romera deve figurar como litisconsorte passivo na presente demanda.</p><p>1. Da Responsabilidade do Endossatário</p><p>Excelências, é importante destacar que a duplicata mercantil é um título de crédito regido por princípios fundamentais como cartularidade, literalidade e autonomia. Estes princípios asseguram que o endossatário, ao receber o título por endosso translativo, passa a ser o novo titular dos direitos creditícios, independentemente das relações pessoais pré-existentes entre o devedor e o credor original.</p><p>Conforme a jurisprudência desta Corte, uma vez que o título é endossado, o endossatário adquire o direito de realizar os atos necessários para a inscrição do devedor no cadastro de inadimplentes, sendo legítimo o protesto do título em razão do inadimplemento.</p><p>2. Do Dever de Indenizar pela Manutenção Indevida</p><p>Ocorre, excelência, que manutenção indevida do nome do devedor no cadastro de inadimplentes, após a quitação do débito, constitui ato ilícito que gera o dever de indenizar por dano moral in re ipsa. Uma vez que o credor deve requerer a exclusão do registro desabonador no prazo de cinco dias úteis, a contar do primeiro dia útil subsequente à quitação do débito.</p><p>No caso em tela, a recorrida quitou o débito mediante acordo com o recorrente, porém o nome da recorrida permaneceu negativado por meses após o pagamento. Este atraso na retirada do nome do cadastro de inadimplentes, conforme os fatos delineados pelo Tribunal de origem, caracteriza o ato ilícito que gerou o dano moral.</p><p>Excelências, a recorrida ter efetuado o pagamento para credora originária, Moveis Romera, não se aplica aqui a inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé. A peculiaridade do caso demonstra que o recorrente, na posição de endossatário, participou do acordo para quitação do débito e, portanto, era conhecedor da obrigação de retirar o nome da recorrida do cadastro de inadimplentes.</p><p>Portanto, é claro que a responsabilidade pela reparação dos danos causados a recorrida é solidária, sendo facultativo o litisconsórcio passivo. Não há que se falar em litisconsórcio passivo necessário, visto que a eficácia da sentença que condenou o recorrente ao pagamento de indenização por danos morais não depende da citação do endossante.</p><p>Por fim, ressaltasse que, a empresa Múltiplo por ser endossatária através do endosso translativo, pode realizar o protesto da dívida, em razão do inadimplemento endossada, O dever de remover o nome do devedor no prazo de 05 dias do SPC é do credor. No caso em tela a quitação ocorreu perante o credor original, mas a responsabilidade pela remoção do nome permanece sendo do endossatário, uma vez que ele possui o conhecimento da quitação, visto que o recorrente demorou dois meses para dar baixa ao nome da requerida, realizando somente após determinação judicial, afastando-se, a presunção de boa fé do endossatário.</p><p>Por todo o exposto, requer a manutenção do Acordão Proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, julgando assim, TOTALMENTE IMPROCEDENTE o Recurso Especial interposto pelo recorrente.</p><p>image1.png</p>

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