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<p>9</p><p>DIREITO ADMINISTRATIVO</p><p>RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO</p><p>Sumário</p><p>1. Conceito e fundamento teórico 3</p><p>2. Evolução histórica 4</p><p>2.1 Teoria da irresponsabilidade do Estado 4</p><p>2.2 Teoria Civilista 4</p><p>2.3 Teoria subjetiva da responsabilidade na culpa do agente 5</p><p>2.4 Responsabilidade subjetiva na culpa do serviço – Teoria da culpa administrativa. 5</p><p>2.5 Teoria da Responsabilidade objetiva 6</p><p>2.6 Excludentes de responsabilidade 6</p><p>2.6.1 Teoria do risco integral 6</p><p>2.6.2 Teoria do risco administrativo 6</p><p>3. Responsabilidade Civil no Brasil 7</p><p>3.1. Sujeitos ou Agentes estatais: 8</p><p>3.2. Conduta: 11</p><p>3.3. Dano 14</p><p>3.4. Reparação do dano - Ação judicial de reparação civil 15</p><p>3.5. Prescrição e Ação regressiva 16</p><p>3.6. Responsabilidade por atos LEGISLATIVOS 17</p><p>3.7. Responsabilidade por atos JUDICIAIS 17</p><p>3.8. Responsabilidade decorrente de obras públicas 18</p><p>4. Excludentes de responsabilidade 18</p><p>5. Tipos de responsabilidades 18</p><p>- Civil: 19</p><p>- Administrativa: 19</p><p>a) Crimes funcionais: 19</p><p>b) Crimes não funcionais: 20</p><p>6. Jurisprudência selecionada 20</p><p>7. Dispositivos para o ciclo de legislação 21</p><p>ATUALIZADO ATÉ 12/09/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.]</p><p>RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO</p><p>1. Conceito e fundamento teórico</p><p>A responsabilidade civil é um dever jurídico de reparação de um dano causado por pessoas jurídicas ou privadas. A responsabilidade civil do Estado também decorre da reparação de um dano, mas agora no contexto da atuação de seus agentes.</p><p>A responsabilidade do Estado ocorre, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, ainda que não haja norma expressa nesse sentido, ao fundamento de que “não há sujeitos irresponsáveis”.</p><p>E por que falamos responsabilidade extracontratual? O objetivo de nosso estudo será a responsabilidade decorrente de ação ou omissão estatal que cause prejuízos a outrem, também chamada de responsabilidade aquiliana. A responsabilidade civil do Estado tem regras e princípios próprios. Não estamos falando aqui da responsabilidade contratual, ou seja, aquela que o Estado se obriga nos negócios jurídicos que assume, assim como os particulares e pessoas jurídicas que com ele contratam. Por isso, é preferível falar em “Responsabilidade Extracontratual do Estado”, “Responsabilidade Aquiliana” ou “Responsabilidade Civil do Estado”.</p><p>A responsabilidade civil do Estado será considerada extracontratual quando se originar do descumprimento de uma obrigação prevista em lei e possui, dentre outros, dois princípios fundamentais em sua teoria: o princípio da legalidade e o princípio da igualdade.</p><p>O princípio da legalidade é a base da responsabilidade das condutas ILÍCITAS causadas pelo Estado; por outro lado, o princípio da igualdade é o fundamento para a responsabilização do Estado em condutas LÍCITAS, já que os prejuízos também devem ser repartidos.</p><p>Assim, de acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “a responsabilidade extracontratual do Estado é a obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”.</p><p>Veja uma alternativa correta elaborada pela FCC, em 2018, sobre o referido conceito: “A responsabilidade do Estado pode se dar em razão da celebração de contratos, no que se refere ao contratado, e extra contratualmente, pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, não sendo necessário a demonstração de culpa ou dolo, mas sim do nexo de causalidade entre a conduta dos servidores e os danos sofridos”Parte superior do formulário</p><p>2. Evolução histórica</p><p>Em regra, nos concursos de analista e técnico, não há muita cobrança e evoluções históricas e teorias. No entanto, em relação ao tema Responsabilidade Civil, é de extrema importância saber a evolução histórica, pois ela faz parte da essência do tema.</p><p>2.1 Teoria da irresponsabilidade do Estado Também conhecida como Teoria Feudal, Regalista ou Regaliana, tem sua fase mais célebre como seu resumo: ‘The king can not be wrong’: “O rei não erra”. Nasceu nos Estados Absolutistas e, nessa época, se acreditava que os poderes monárquicos tinham origem divina e a imagem do rei se confundia com a própria noção de Estado, motivo pelo qual um ato do Estado, portanto, nunca estava “errado”.</p><p>A superação dessa teoria se deu com a jurisprudência francesa, em 1873, no caso Agnes Blanco, uma menina de 5 anos que, ao passar em frente a uma fábrica de processamento de tabaco, foi atropelada e ferida gravemente por um vagonete que saiu subitamente de dentro do estabelecimento, tendo uma perna amputada.</p><p>O vagonete pertencia a uma empresa estatal de manufatura de tabaco de Bourdeax e era conduzido por quatro empregados. Seu pai ingressou com uma ação judicial contra o Estado, alegando sua responsabilidade em razão do ato cometido por seus agentes.</p><p>2018 – AOCP – TRT 1 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça. Assinale a alternativa correta no tocante à responsabilidade extracontratual do Estado. A) O marco histórico do início das teorias publicistas foi o caso Blanco, ocorrido em 1873 na França, a partir do qual interpretou-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do Código Civil.</p><p>2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos abrange os danos morais e materiais (CERTA).</p><p>2.2 Teoria Civilista</p><p>Essa teoria também é conhecida como intermediária ou mista. Aqui, já se passa a exigir os fundamentos básicos da responsabilidade:</p><p>· Ação ou omissão (conduta) de um agente público – dolosa ou culposa;</p><p>· Dano</p><p>· Nexo de causalidade entre o dano e a conduta.</p><p>Num primeiro momento, procurava-se distinguir dois tipos de atitude estatal: os atos de império e os atos de gestão. Os atos de império são aqueles praticados pelo Poder Público com fundamento nas suas prerrogativas de autoridade, supremacia sobre os particulares e poder soberano. Aqui, não haveria responsabilidade, já que as normas de direito público sempre protegiam a figura do Estado. Já os atos de gestão são aqueles praticados em situação de igualdade com os particulares, tanto na administração do patrimônio como dos serviços do Estado, aproximando-se dos atos de Direito Privado.</p><p>2.3 Teoria subjetiva da responsabilidade na culpa do agente</p><p>Para comprovar a responsabilidade subjetiva, a vítima tem que demonstrar a conduta do Estado, seja ela comissiva ou omissiva, sob pena de haver enriquecimento ilícito, o dano, o nexo causal e o dolo ou culpa do agente. Só existe responsabilidade subjetiva nas condutas ilícitas.</p><p>2.4 Responsabilidade subjetiva na culpa do serviço – Teoria da culpa administrativa.</p><p>Também chamada de culpa anônima ou faute du service. Agora, não se exige mais a identificação do agente causador do dano: a responsabilidade passa para a prestação do serviço público. Atenção: A responsabilidade subjetiva AINDA PERMANECIA, mas agora a culpa do agente foi substituída pela falha da prestação do serviço (ou culpa do serviço), que poderiam ocorrer de três formas:</p><p>· Inexistência do serviço;</p><p>· Mau funcionamento do serviço;</p><p>· Retardamento ou atraso do serviço.</p><p>Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, "a responsabilidade por falha do serviço ou culpa do serviço (faute du service, seja qual for a tradução que se lhe dê), não é, de modo algum, modalidade de responsabilidade objetiva, ao contrário do que entre nós e alhures, às vezes tem-se inadvertidamente suposto. É responsabilidade subjetiva porque</p><p>baseada na culpa (ou dolo), como sempre advertiu o Prof. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello. Outro fator que há de ter concorrido para robustecer este engano é a circunstância de que em inúmeros casos de responsabilidade por faute du service necessariamente haverá de ser admitida uma "presunção de culpa", pena de inoperância desta modalidade de responsabilização, ante a extrema dificuldade (às vezes instransponível) de demonstrar-se que o serviço operou abaixo dos padrões devidos, isto é, com negligência, imperícia ou imprudência, vale dizer, culposamente. Em face da presunção de culpa, a vítima do dano fica desobrigada de comprová-la. Tal presunção, entretanto, não elide o caráter subjetivo desta responsabilidade, pois, se o Poder Público demonstrar que se comportou com diligência, perícia e prudência - antítese da culpa -, estará isento da obrigação de indenizar, o que jamais ocorreria se fora objetiva a responsabilidade." (Curso de Direito Administrativo, 27a ed., p. 1.004)</p><p>2.5 Teoria da Responsabilidade objetiva</p><p>Para essa teoria, é desnecessária a comprovação da culpa – do agente público ou dos serviços – para responsabilizar o Estado por eventuais prejuízos causados a terceiros. Bastaria o dano e o nexo causal e já se estaria configurado dever de indenizar.</p><p>O fundamento dessa teoria está na solidariedade social e no risco administrativo, pois a atuação do Estado pode, em alguns casos, causar dano ao administrado (“o risco é grande”) e, se o ato beneficia toda a coletividade, esta também tem o dever de dividir os prejuízos causados (“solidariedade social”). Daí que acarretam responsabilidade do Estado não só os danos produzidos no próprio EXERCÍCIO da atividade pública do agente, mas também aqueles que só puderam ser produzidos graças ao fato de o agente PREVALECER-SE da CONDIÇÃO de agente público. O que importará é saber se a sua qualidade de agente público foi determinante para a conduta lesiva.</p><p>2.6 Excludentes de responsabilidade</p><p>2.6.1 Teoria do risco integral</p><p>Não admite excludente. Não se admite que o Estado deixe de ser responsabilizado se houver a ruptura do nexo causal (ex: caso fortuito). Assim, o Estado deve indenizar todo e qualquer prejuízo, ainda que a culpa seja exclusiva da vítima. Ex: Um sujeito resolve se matar e invade uma usina tóxica, lá se contaminando.</p><p>Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro (2009, p. 647/648) “ocorre que, diante de normas que foram sendo introduzidas no direito brasileiro, surgiram hipóteses em que se aplica a teoria do risco integral, no sentido que lhe atribui Hely Lopes Meirelles, tendo em vista que a responsabilidade do Estado incide independentemente da ocorrência das circunstâncias que normalmente seriam consideradas excludentes de responsabilidade. É o que ocorre nos casos de danos causados por acidentes nucleares (art. 21, XXIII, d, da Constituição Federal) e também na hipótese de danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis nº 10.309, de 22/11/2001, e 10.744, de 9/10/2003. Também o Código Civil previu algumas hipóteses de risco integral nas relações obrigacionais, conforme artigos 246, 393 e 399.”</p><p>“A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar”. REsp 1.374.284-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/8/2014. Informativo 545, STJ.</p><p>*#NÃOCONFUNDA: A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. Assim, a responsabilidade CIVIL ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, a responsabilidade é SUBJETIVA. STJ. 1ª Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650).</p><p>2.6.2 Teoria do risco administrativo</p><p>A responsabilidade objetiva pode ser excluída se alguma causa for capaz de romper o nexo de causalidade. Assim, admite-se excludentes como o caso fortuito, força maior, fato de terceiro e culpa exclusiva da vítima. Veja, a responsabilidade continua objetiva, mas pode ser afastada.</p><p>A culpa concorrente não afasta a responsabilidade, mas a jurisprudência entende que a indenização deve ser reduzida de acordo com a participação de cada um e, quando não for possível medi-la, será de 50%. Repare que a culpa concorrente apenas irá interferir no quantum indenizatório e não na caracterização da responsabilidade. É o que se denomina de sistema da compensação das culpas. Art. 945 cc.</p><p>A teoria que prevalece em concursos para servidor é a da doutrina clássica, encabeçada por Hely Lopes Meirelles, que defende a teoria do risco administrativo com aplicação da teoria do risco integral, excepcionalmente, para:</p><p>· Responsabilidade civil por danos nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da CF/88);</p><p>· Responsabilidade civil por danos ambientais (art. 225, §3º);</p><p>· Responsabilidade civil por União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo, excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei. n. 10.744/2003)</p><p>Resumindo:</p><p>No Brasil, a regra é a Teoria do Risco ADMINISTRATIVO.</p><p>A exceção é a Teoria do Risco INTEGRAL, nas hipóteses acima.</p><p>2018 – FCC – TRT 2 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Suponha que determinado cidadão tenha sofrido ferimentos enquanto aguardava uma audiência em um prédio do Poder Judiciário, ocasionados por um servidor que buscava conter um tumulto que se formou no local em razão de protestos de determinada categoria de funcionários públicos. Referido cidadão buscou a responsabilização civil do Estado pelos danos sofridos. De acordo com o que predica a teoria do risco administrativo, o Estado: e) pode ser responsabilizado, independentemente de culpa ou dolo de seus agentes, excluindo-se tal responsabilidade se comprovada culpa de terceiros.</p><p>#COMOCAIU #TJSC2024</p><p>*(Atualizado em 10/05/2020) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF Para que o Município seja responsável por acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir (concedeu licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular) Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado</p><p>3. Responsabilidade Civil no Brasil</p><p>A responsabilidade extracontratual objetiva está prevista no art. 37 §6º CF/88: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: §6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.</p><p>Esse artigo tem como fundamento a teoria do risco administrativo e só é aplicado em condutas comissivas praticadas</p><p>por agentes estatais.</p><p>ART 37 PARAGRAFO 5º CF – TEORIA RISCO ADMINISTRATIVO</p><p>2018 – FCC – TRT 6 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Dano comprovadamente causado a terceiro por concessionária de serviço público em razão do funcionamento inadequado do serviço prestado, implica responsabilidade: d) da concessionária de serviço público, que está autorizada, em caso de dolo ou culpa, a mover ação de regresso contra o causador do evento danoso.</p><p>3.1. Sujeitos ou Agentes estatais:</p><p>O termo “agente” não se identifica apenas com o termo “servidor”. Possui, na verdade, uma conotação muito mais ampla, pois podem ser agentes sem vínculo de trabalho, membros dos Poderes da República, empregados públicos e agentes colaboradores sem remuneração. A exigência do artigo supracitado é que este agente atue nessa qualidade, ou seja, no exercício de suas funções.</p><p>#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. LESÃO CORPORAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO PERTENCENTE À CORPORAÇÃO. POLICIAL MILITAR EM PERÍODO DE FOLGA. Caso em que o policial autor do disparo não se encontrava na qualidade de agente público. Nessa contextura, não há falar de responsabilidade civil do Estado. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 363.423-SP. Relator: Min. Carlos Britto).</p><p>Sujeitos responsáveis pelas condutas comissivas:</p><p>a) Pessoas Jurídicas de Direito Público;</p><p>b) Pessoas Jurídicas de Direito Privado;</p><p>c) Entidades do terceiro setor que receberam delegação do Poder Público.</p><p>· Pessoas Jurídicas de direito público: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias, fundações públicas com personalidade de direito público e consórcios públicos também com personalidade jurídica de direito público.</p><p>· De acordo com Di Pietro, as entidades do terceiro setor que receberem delegação do Poder Público, a qualquer título, também respondem de forma objetiva: são os serviços sociais autônomos, as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e organizações sociais (OS). No entanto, ressalto que esse tema possui divergência na doutrina, tanto que José dos Santos Carvalho Filho aponta que apenas os serviços sociais autônomos poderiam ser responsabilizados. Devem prestar o serviço de forma delegada pelo Poder Público, sendo necessário que haja um vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o seu delegatário. Desse modo, algumas pessoas privadas só aparentemente prestam serviços públicos, mas como o fazem sob o regime de direito privado, sem qualquer elo jurídico típico com o Poder Público, não estão inseridas na regra constitucional. É o caso, por exemplo, de sociedades religiosas, de associações de moradores, de fundações criadas por particulares, muitas das quais se dedicam à assistência social, à educação, ao atendimento de comunidades, etc. Sua responsabilidade é regida pelo Direito Civil.</p><p>· Pessoas Jurídicas de direito privado, PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO: Empresa pública, Sociedade de Economia Mista, fundação pública com personalidade de direito privado, consórcio público com personalidade de direito privado e permissionárias. Assim, se as empresas públicas e sociedades de economia mista explorarem atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva comum do Direito Civil. Leiam o artigo abaixo:</p><p>Art. 173, CF/88. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.</p><p>§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:</p><p>I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;</p><p>II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;</p><p>III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;</p><p>IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;</p><p>V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.</p><p>§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.</p><p>§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.</p><p>§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.</p><p>§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.</p><p>Em relação às empresas prestadoras de serviços públicos, é importante mencionar que a TITULARIDADE do serviço é da PESSOA POLÍTICA que transferiu a execução do serviço e, por esse motivo, em caso de inadimplência da concessionária ou permissionária, o Estado responderá de forma subsidiária pelos débitos.</p><p>Questão interessante e que é muito cobrado em provas (principalmente pela banca FCC) é a CONDIÇÃO DE USUÁRIO. O não usuário pode se valer da responsabilidade objetiva (art. 37, §6º) para exigir a reparação? O STF modificou o seu posicionamento anterior, ampliando o manto da responsabilidade, de modo que agora aplica-se indistintamente a todos os usuários e terceiros (RE 591.847).</p><p>O Relator Min. Ricardo Lewandowski afirmou que “não se pode interpretar restritivamente o alcance do referido art. 37, §6º, sobretudo porque o texto magno, interpretado à luz do princípio da isonomia, não permite que se faça qualquer distinção entre os chamados ‘terceiros’, isto é, entre os usuários e não-usuários do serviço público, vez que todos eles, de igual modo, podem sofrer danos em razão da ação administrativa do Estado, seja ela realizada diretamente, seja por meio de pessoa jurídica de direito privado”.</p><p>#CASCADEBANANA #NOVIDADELEGISLATIVA</p><p>Outra novidade interessante é sobre o trabalho dos NOTÁRIOS e TABELIÃES. As atividades notariais e de registro são desempenhadas, em regra, por delegados de ofício público ou por profissões oficiais ou profissões públicas independentes, que exercem função destinada à tutela pública de interesses privados e que tem por fim alcançar o interesse público da segurança jurídica. Se inserem, portanto, na ampla categoria de agentes públicos, como particulares em colaboração com a Administração. Ressalte-se que, no exercício da sua atividade, os notários e tabeliães também produzem atos administrativos dotados de todos os atributos e sujeitos aos requisitos previstos pelo direito administrativo.</p><p>O art. 22 da Lei nº 8.935/94 foi novamente alterado, agora com o objetivo de instituir a responsabilidade SUBJETIVA para os notários e registradores. De acordo com o artigo 236, da CF/88, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. A Lei nº 13.286/2016 alterou a redação do art. 22 da Lei nº 8.935/94, que passa a ser a seguinte:</p><p>Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.</p><p>Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.</p><p>Esse tema teve a repercussão geral reconhecida, com julgamento em 27.02.2019, com a seguinte decisão:</p><p>O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 777 da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos, em parte, nos termos e limites</p><p>de seus votos, os Ministros Edson Fachin e Roberto Barroso, e, integralmente, o Ministro Marco Aurélio. Em seguida, por maioria, fixou-se a seguinte tese: "O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa", vencido o Ministro Marco Aurélio. Não participou da votação da tese o Ministro Gilmar Mendes. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 27.2.2019.</p><p>RESUMO DAS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA LEI Nº 13.286/2016:</p><p>ANTES DA LEI 13.286/2016</p><p>DEPOIS DA LEI 13.286/2016</p><p>A responsabilidade civil dos notários e registradores era OBJETIVA (vítima não precisava provar dolo ou culpa).</p><p>A responsabilidade civil dos notários e registradores passou a ser SUBJETIVA (vítima terá que provar dolo ou culpa).</p><p>O prazo prescricional para a vítima ingressar com a ação judicial contra o notário/registrador era de 5 anos.</p><p>O prazo prescricional foi reduzido para 3 anos.</p><p>3.2. Conduta:</p><p>- Conduta comissiva:</p><p>· Conduta comissiva ilícita – o fundamento é o princípio da legalidade e a responsabilidade é objetiva.</p><p>· Conduta comissiva lícita – o fundamento é o princípio da isonomia, pois o dano é consequência de um ato lícito do Estado, que age “no interesse de todos” e a responsabilidade é objetiva.</p><p>- Conduta omissiva:</p><p>Em regra, a responsabilidade por omissão é subjetiva. Esse é o entendimento pacífico da jurisprudência. Há casos em que a omissão estatal pode provocar danos e os exemplos mais comuns nas últimas provas são: danos provocados por multidões, roubos, acidentes decorrentes de não conservação das vias públicas, deslizamentos de terra por omissão em obras de contenção de encostas, etc. Veja que, nesses atos, não houve uma ação do Estado, mas sim uma omissão que gerou prejuízos e que o ESTADO POSSUÍA O DEVER DE EVITAR.</p><p>De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, “não bastará, então, para configurar-se responsabilidade estatal, a simples relação entre ausência do serviço (omissão estatal) e o dano sofrido. Com efeito, inexistindo obrigação legal de impedir um certo evento danoso, seria um verdadeiro absurdo imputar ao Estado responsabilidade por um dano que não causou...é necessário que o Estado haja incorrido em ilicitude, por não ter ocorrido para impedir um dano ou por haver sido insuficiente neste mister, em razão de comportamento inferior ao padrão legal exigível”.</p><p>Os acontecimentos suscetíveis de acarretar responsabilidade estatal por omissão ou atuação insuficiente são os seguintes:</p><p>a) fato da natureza a cuja lesividade o Poder Público não obstou, embora devesse fazê-lo. (...)</p><p>b) comportamento material de terceiros cuja atuação lesiva não foi impedida pelo Poder Público, embora pudesse e devesse fazê-lo. Cite-se, por exemplo, o assalto processado diante de agentes policiais que ficaram inertes.</p><p>Para a doutrina tradicional, a responsabilidade do Estado por omissão é subjetiva, de forma que o pagamento da indenização pressupõe a comprovação de dolo ou culpa por parte do Estado.</p><p>Todavia, de acordo com o atual entendimento do STF acerca da matéria, o dever de indenizar os danos resultantes de omissão estatal submete-se à teoria objetiva quando constatada a inobservância de dever legal ESPECÍFICO de agir para impedir a ocorrência do resultado danoso. Leia com atenção: DEVE ESPECÍFICO DE AGIR.</p><p>É o que se chama de “posição de garantidor” ou “relação de custódia”. Exemplo: caso de agressão física a aluno por colega, em escola estadual.</p><p>Pedi que você, futuro servidor, focasse na frase “dever específico de agir” porque há diferença de tratamento quando o dever de agir for genérico. Por exemplo, o Estado não conseguir evitar todos os furtos de carro e, apesar de possuir o dever de segurança, nessa situação será considerado um dever genérico de agir; por outro lado, se ocorre um homicídio dentro de um presídio, o dever de segurança dos presos era um dever específico e será considerado como uma conduta omissiva específica.</p><p>(TRT 11ª Região, 2017 – FCC). Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso, um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local, ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A propósito do tema, é correto afirmar que: o Estado responderá pelos danos, haja vista sua conduta omissiva culposa, no entanto, a indenização será proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso.</p><p>#APROFUNDACOACH</p><p>E se o preso, sob vigilância do Estado, cometer suicídio. Há responsabilidade? Se o Estado conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada, não haverá indenização, pois houve o rompimento do nexo causal entre o resultado morte e a omissão estatal.</p><p>Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819).</p><p>Perceba que, apesar da responsabilidade CONTINUAR SENDO OBJETIVA, o Estado não terá o dever de indenizar. Entendeu aqui? Estamos falando de uma exceção da exceção.</p><p>Recapitulando:</p><p>1. Em regra, condutas omissivas possuem responsabilidade subjetiva.</p><p>2. Uma conduta omissiva poderá ter responsabilidade objetiva se o Estado possuía dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF/88.</p><p>3. Em alguns casos, como esse do suicídio do preso, se o Estado conseguir comprovar que o fato não poderia ser evitado (causa excludente), a responsabilidade continua sendo objetiva, mas não haverá obrigação de indenização.</p><p>4. Assim, nem sempre que houver um suicídio, haverá responsabilidade civil do Estado. Ok?</p><p>A responsabilidade do Estado é objetiva. A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia pública é objetiva. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1305249/SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2017.</p><p>Por fim, ainda quanto aos atos omissivos, há situações em que o evento danoso é causado pelo Estado, ainda que o ato em si não tenha sido praticado por um dos seus agentes. Imagine, por exemplo, um presídio construído em um bairro residencial: a situação danosa (construção do presídio) foi causada pelo Estado, embora possível ato danoso (ex: roubo praticado por um detendo que fugiu) não seja praticado por um de seus agentes.</p><p>A doutrina e jurisprudência tem sinalizado que tais casos - danos produzidos pela própria ação do Estado – ensejam a aplicação do princípio da responsabilidade objetiva, em razão da exposição de terceiros a riscos. Essa é, inclusive, a posição do Celso Antônio Bandeira de Mello. Situação oposta, por exemplo, ocorreria se os detentos fogem do presídio e, em outro bairro, praticam atos de violência. Não se pode dizer, nesse caso, que a exposição do risco teve correlação com os atos de violência. Nessa hipótese, só caberá responsabilizar o Estado se o serviço de guarda dos delinquentes não houver funcionado ou houver funcionado mal, pois será caso de responsabilidade por comportamento omissivo, e não pela geração de risco oriundo de guarda de pessoas perigosas.</p><p>#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA</p><p>Prestem muita atenção nos casos concretos, pois as bancas usam a jurisprudência para criar a questão!</p><p>· Homicídio que ocorre pois o hospital público não fornece condições mínimas de segurança (Atualizado em 12/09/2022)*</p><p>Caso concreto: o hospital não possuía nenhum serviço de vigilância e o evento morte decorreu de um disparo com arma de fogo contra a vítima dentro do hospital.</p><p>A conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança e, por conseguinte, despreza o dever</p><p>de zelar pela incolumidade física dos seus pacientes contribuiu de forma determinante e específica para o homicídio praticado em suas dependências, afastando-se a alegação da excludente de ilicitude, qual seja, fato de terceiro. RESP OBJETIVA</p><p>STJ. 2ª Turma.REsp 1708325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 24/05/2022 (Info 740).</p><p>· Animais soltos em pistas</p><p>CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. UNIÃO E DNIT. ACIDENTE RODOVIÁRIO. ANIMAL EM RODOVIA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. PROVIMENTO DA APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL. PREJUDICADA APELAÇÃO DO PARTICULAR. 1. Apesar do lamentável infortúnio que ceifou a vida do cônjuge ou genitor das autoras, a União e o DNIT não podem ser responsabilizados objetivamente por todos os acidentes causados pelo trânsito de animais em rodovias federais. A responsabilidade estatal por condutas omissivas é subjetiva, fundada no princípio da faute du service. Assim, a prestação do serviço defeituoso somente a enseja quando for razoável exigir da Administração uma conduta impeditiva do resultado danoso.</p><p>· Assaltos</p><p>Pelo fato de a segurança pública ser dever do Estado, isso não quer dizer que a ocorrência de qualquer crime acarrete a responsabilidade objetiva dele, máxime quando a realização deste é propiciada, como no caso entendeu o acórdão recorrido, pela ocorrência de culpa do estabelecimento bancário, o que, consequentemente, ensejou a responsabilidade deste com base no artigo 159 do Código Civil. Inexiste, pois, no caso, a alegada ofensa frontal ao artigo 144 da Constituição. Agravo a que se nega provimento. (STF - AI: 239107 SP, Relator: Min. MOREIRA ALVES, Data de Julgamento: 19/10/1999, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 12-11-1999 PP-00096 EMENT VOL-01971-07 PP-01436)</p><p>· Cadáver humano em reservatório de água</p><p>Foi encontrado um cadáver humano em decomposição em um dos reservatórios de água que abastece uma cidade. Determinado consumidor ajuizou ação de indenização contra a empresa pública concessionária do serviço de água e o STJ entendeu que ela deveria ser condenada a reparar os danos morais sofridos pelo cliente. Ficou configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água. Além disso, restou caracterizada a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral, quando a Companhia não garantiu a qualidade da água distribuída à população. O dano moral, no caso, é in re ipsa, ou seja, o resultado danoso é presumido. STJ. 2ª Turma. REsp 1492710-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 (Info 553).</p><p>· Furto ocorrido no pátio da concessionária que administra a rodovia</p><p>A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).</p><p>*(Atualizado em 28/12/2020) Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).</p><p>3.3. Dano</p><p>O dano pode ser decorrente de uma conduta lícita ou ilícita e pode ser moral ou material.</p><p>Se a conduta for LÍCITA, o dano deve ser:</p><p>a. Jurídico: lesão a um direito.</p><p>b. Certo: determinado ou determinável.</p><p>c. Particularizado (ou dano especial): o prejuízo deve ser específico para uma ou algumas pessoas.</p><p>d. Anormal: Depende do caso concreto, já que o dano deve superar os ônus normais do dia-a-dia. Por exemplo, o trânsito é um ônus normal, mas se a construção de uma nova rota para desafoga-lo causar excessiva desvalorização no local, poderá ser compelido a indenizar os moradores.</p><p>Se a conduta for ILÍCITA, o dano deve ser:</p><p>a. Jurídico: lesão a um direito – não basta a lesão econômica.</p><p>b. Certo: dano real.</p><p>3.4. Reparação do dano - Ação judicial de reparação civil</p><p>De acordo com a jurisprudência, a ação deve ser ajuizada contra a pessoa jurídica. Dessa forma, haverá uma dupla proteção à vítima, pois esta poderá ajuizar a ação diretamente contra o Estado e, em regra, a responsabilidade será objetiva. A ação contra o Estado é um privilégio do particular, pois este não precisará comprovar a culpa do agente público causador do dano.</p><p>Por outro lado, o STF entende que o artigo 37, §6º da CF/88 também é uma garantia para o agente público, em razão do princípio da impessoalidade, pois os atos não podem ser imputados à sua pessoa, mas sim ao ente público em nome do qual atua.</p><p>Da conjugação dos dois conceitos acima criou-se a TEORIA DA DUPLA GARANTIA: uma em favor da vítima (particular), possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em favor do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. (Informativo 436 STF, rel. Carlos Brito, RE 327904/SP).</p><p>A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).</p><p>2018 – CESPE – STM. Um servidor público federal que, no exercício de sua função, causar danos a terceiros poderá ser demandado diretamente pela vítima em ação indenizatória (ERRADA).</p><p>3.5. Prescrição e Ação regressiva</p><p>No que toca à responsabilidade civil dos servidores pelos danos causados ao erário, a Constituição Federal prevê, em seu art. 37, §5º., que “a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. Posicionando-se a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é passível de prescrição a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.</p><p>O entendimento</p><p>atual e consolidado é que o prazo prescricional das ações contra o Estado é QUINQUENAL (Dec. nº 20910/32).</p><p>No entanto, nos casos decorrentes de indenização por danos morais por atos ocorridos durante o regime militar de exceção, serão imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info 523).</p><p>O termo inicial do prazo prescricional ocorre no momento em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio da actio nata. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.333.609-PB, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2012 (Info 507)). Ressalte-se que o termo inicial da prescrição de pretensão indenizatória decorrente de suposta tortura e morte de preso custodiado pelo Estado, nos casos em que não chegou a ser ajuizada ação penal para apurar os fatos, é a data do arquivamento do inquérito policial.</p><p>O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por danos morais pelo mesmo episódio político. julgado em 5/4/2016 (Info 581 STJ).</p><p>*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Não é necessário o ajuizamento de ação autônoma para o pagamento dos consectários legais inerentes à reparação econômica devida a anistiado político e reconhecida por meio de Portaria do Ministro da Justiça, a teor do disposto no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e no art. 6º, § 6º, da Lei 10.559/2002. STF. 1ª Turma. RMS 36182/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2019 (Info 940).</p><p>É devida a incidência de correção monetária e juros moratórios em ação mandamental para pagamento de retroativos devidos àqueles declarados anistiados políticos, independentemente de decisão expressa nesse sentido. STJ. 1ª Seção. AgInt no MS 24.212-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 652).</p><p>Os juros de mora e a correção monetária constituem consectários legais da condenação, de modo que incidem independentemente de expresso pronunciamento judicial. STF. Plenário. RE 553710 ED, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 01/08/2018.</p><p>SÚMULA 383 STF</p><p>A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.</p><p>3.6. Responsabilidade por atos LEGISLATIVOS</p><p>Como regra, não haverá responsabilidade do Estado por atos legislativos, pois a lei é genérica e abstrata. Por outro lado, como exceção, a doutrina tem admitido a responsabilidade por atos legislativos nos seguintes casos:</p><p>a. Leis de efeito concreto: tais leis podem ser constitucionais ou inconstitucionais; são consideradas de efeitos concretos porque atingem pessoas determinadas.</p><p>b. Nos casos de leis declaradas inconstitucionais em controle concentrado: a publicação de uma lei inconstitucional poderá gerar dever de indenização e a doutrina reconhece, inclusive, a indenização decorrente de reconhecimento incidental. Uma curiosidade: a modulação dos efeitos na declaração de inconstitucionalidade foi criada, dentre outros motivos, para evitar a responsabilização estatal #ABREOOLHOJOVEM</p><p>O STJ no RESP 593.522/SP, rel. Eliana Calmon entendeu que somente cabe responsabilidade do Estado por ato do legislativo quando a lei for declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado (Informativo 297, 18 a 22/09/2007).</p><p>c. Omissão legislativa: alguns o doutrinadores também entendem que a omissão legislativa também pode ser considerada para fins de responsabilização do Estado.</p><p>3.7. Responsabilidade por atos JUDICIAIS</p><p>Em regra, os atos judiciais (ou jurisdicionais) não dão origem à responsabilização do Poder Público. Estamos falando aqui dos atos praticados pelo juiz no exercício de suas funções, que decorre do princípio da livre convicção do magistrado. Essa é a regra. Como exceção, será possível a responsabilização em decorrência de atos judiciais sempre que houver previsão legal.</p><p>Ex: art. 5.º, LXXV, CF: o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.</p><p>A exceção está prevista apenas em relação à área criminal, ainda que esse erro seja decorrente de culpa. Não é extensiva à seara cível e somente caberá responsabilização REGRESSIVA ao JUIZ, caso fique comprovado que este agiu com DOLO no exercício da função (NCPC, art. 143).</p><p>Já quanto aos atos administrativos (ou atos judiciários), há responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos de sua configuração. Enquadram-se aqui os atos de todos os órgãos de apoio administrativo e judicial do Poder Judiciário.</p><p>Perceba: atos judiciais/jurisdicionais são diferentes de atos judiciários/administrativos.</p><p>ATOS JUDICIAIS/JURISDICIONAIS</p><p>ATOS JUDICIÁRIOS/ADMINISTRATIVOS</p><p>Atuação do magistrado, enquanto Poder Judiciário</p><p>Atuação como Administração Pública</p><p>3.8. Responsabilidade decorrente de obras públicas</p><p>Se o dano foi causado apenas pelo fato da obra, ou seja, pela própria obra em si (“só fato da obra”), o Estado será objetivamente responsabilizado.</p><p>Por outro lado, caso o dano ocorra por culpa do executor da obra - quando o Estado passa ao particular, através de um contrato administrativo, os atos de execução - nesses casos, a responsabilidade será subjetiva do empresário causador do dano.</p><p>Lei nº 8.666/96. Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.</p><p>4. Excludentes de responsabilidade</p><p>4.1 Culpa da vítima</p><p>a. Se for CULPA EXCLUSIVA da vítima, haverá EXCLUSÃO da responsabilidade do Estado;</p><p>b. Se for CULPA CONCORRENTE, haverá REDUÇÃO da responsabilidade do Estado: A participação da conduta da vítima para o resultado é considerada para diminuir a responsabilidade do Poder Público.</p><p>Esta Corte tem admitido que a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito público seja REDUZIDA ou EXCLUIDA conforme haja culpa concorrente do particular ou tenha sido este o exclusivo culpado (Ag. 113.722-3-AgRg e RE 113.587)” (RE 120924, Rel. Moreira Alves, 25.05.1993)</p><p>4.2 Culpa de terceiro</p><p>Os atos praticados por terceiros, no caso concreto, podem quebrar o nexo de causalidade e excluir a responsabilidade estatal.</p><p>4.3 Caso fortuito e força maior</p><p>Para a jurisprudência, ambos os conceitos são iguais. A doutrina, no entanto, conceitua força maior como um acontecimento exterior, estranho à vontade das partes – há questões que falam em “evento natural irresistível”; já o caso fortuito é o evento interno, imprevisível, decorrente de causa desconhecida, de evento interno, decorrente de falha na Administração.</p><p>5. Tipos de responsabilidades</p><p>Regra: a independência das instâncias. Isso quer dizer que as decisões podem ser diferentes.</p><p>Exceção: Comunicação das instâncias.</p><p>a) Absolvido na seara penal: esta hipótese é de absolvição geral, ou seja, o agente deverá ser absolvido em todas as instâncias. Mas, a absolvição deve ser baseada em: - inexistência do fato e negativa de autoria</p><p>ABSOLVE SÓ GENTE FINA – FATO INEXISTENTE – NEGATIVA DE AUTORIA</p><p>Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.</p><p>Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.</p><p>Importante atentar para o fato de que qualquer outro fundamento para a absolvição não justifica a comunicação das instâncias.</p><p>b) Se no processo penal for reconhecida uma excludente penal essa questão faz coisa julgada no processo civil.</p><p>Não significa que ele será absolvido nos dois. Ex.: legítima defesa é que faz coisa julgada e não a decisão. Não se discute mais a legítima defesa. Não significa a absolvição geral.</p><p>*(Atualizado em 07.06.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado na ação penal não fulmina o interesse processual no exercício da pretensão indenizatória a ser deduzida no juízo cível pelo mesmo fato. STJ. 3ª Turma. REsp 1.802.170-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).</p><p>Efeitos da decisão penal nas esferas civil e administrativa – no caso dos servidores públicos</p><p>- Civil:</p><p>Decisão condenatória: só causa reflexo se o fato ilícito penal se caracterizar como fato ilícito civil, ocasionando prejuízo aos cofres públicos.</p><p>Lembre-se: Decisão absolutória para trazer reflexos na esfera civil, deve ser baseada em: - inexistência do fato e - negativa de autoria.</p><p>- Administrativa:</p><p>a) Crimes funcionais:</p><p>Condenação: sempre haverá reflexo na seara administrativa.</p><p>Absolvição: se por insuficiência de provas, não influirá na seara administrativa.</p><p>Obs.: Resíduo Administrativo: nomenclatura utilizada pelo STF para caracterizar situação na qual as provas que não foram suficientes para a CONDENAÇÃO PENAL podem ser residualmente suficientes para condenação na ESFERA ADMINISTRATIVA. É o que ocorre nas hipóteses de ABSOLVIÇÃO por FALTA DE PROVAS.</p><p>Súmula 18, STF: Pela FALTA RESIDUAL, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público.</p><p>b) Crimes não funcionais:</p><p>Condenação: só repercutirá nos casos em que a pena impuser a perda da liberdade. Se por tempo inferior a 4 anos, o servidor ficará afastado do cargo, recebendo o benefício de auxilio-reclusão. Se superior a 4 anos, perderá o cargo (CP, art. 92.I, b).</p><p>Absolvição: não acarretará nenhum efeito na seara administrativa.</p><p>6. Jurisprudência selecionada</p><p>*(Atualizado em 10.04.2020): #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A União, na condição de acionista controladora da Petrobras, não pode ser submetida à cláusula compromissória arbitral prevista no Estatuto Social da Companhia, seja em razão da ausência de lei autorizativa, seja em razão do próprio conteúdo da norma estatutária. Caso concreto: um grupo de acionistas da Petrobrás formulou requerimento para instauração de procedimento arbitral perante a Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM-BOVESPA) contra a União e a Petrobrás, no qual pedem o ressarcimento pelos prejuízos decorrentes da desvalorização dos ativos da Petrobras, em razão dos desgastes oriundos da Operação Lava Jato. O procedimento foi instaurado com base no art. 58 do Estatuto Social da Petrobrás, onde consta uma cláusula compromissória dizendo que as disputas que envolvam a Companhia, seus acionistas, administradores e conselheiros fiscais deverão ser resolvidas por meio de arbitragem. A União afirmou que não estava obrigada a participar dessa arbitragem, argumento que foi acolhido pelo STJ. STJ. 2ª Seção. CC 151.130-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/11/2019 (Info 664).</p><p>*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O Ministério da Fazenda editou a Portaria nº 492/1994, reduzindo de 30% para 20% a alíquota do imposto de importação dos brinquedos em geral. Com a redução da alíquota, houve a entrada de um enorme volume de brinquedos importados no Brasil, oriundos especialmente da China, sendo estes bem mais baratos que os nacionais. Como resultado, várias indústrias de brinquedos no Brasil foram à falência e, mesmo as que permaneceram, sofreram grandes prejuízos. Uma famosa indústria de brinquedos ingressou com ação contra a União afirmando que a Portaria, apesar de ser um ato lícito, gerou prejuízos e que, portanto, o Poder Público deveria ser condenado a indenizá-la. O STJ não concordou com o pedido. Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária no caso de o ente público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado planejamento específico. A referida Portaria tinha finalidade extrafiscal e a possibilidade de alteração das alíquotas do imposto de importação decorre do próprio ordenamento jurídico, não havendo que se falar em quebra do princípio da confiança. O impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias pelas sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo. Não havia direito subjetivo da indústria quanto à manutenção da alíquota do imposto de importação. STJ. 1ª Turma. REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 04/09/2018 (Info 634). STF. 1ª Turma. ARE 1175599 AgR/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 10/12/2019 (Info 963)</p><p>*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF #IMPORTANTE A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. STF. Plenário. RE 1027633/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2019 (repercussão geral) (Info 947).</p><p>O STF decidiu que a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento somente ocorre quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal (RE 841526/RS). Não haverá responsabilidade civil do Estado se o Tribunal de origem, com base nas provas apresentadas, decide que não se comprovou que a morte do detento foi decorrente da omissão do Poder Público e que o Estado não tinha como montar vigilância a fim de impedir que o preso ceifasse sua própria vida. Tendo o acórdão do Tribunal de origem consignado expressamente que ficou comprovada causa impeditiva da atuação estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder Público e o resultado danoso. STJ. 2ª Turma. REsp 1305259/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/02/2018.</p><p>Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).</p><p>A demora injustificada da Administração em analisar o pedido de aposentadoria do servidor público gera o dever de indenizá-lo, considerando que, por causa disso, ele foi obrigado a continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o necessário. Exemplo de demora excessiva: mais de 1 ano. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1469301/SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 21/10/2014. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 483398/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/10/2016.</p><p>É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus). O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 27 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1277724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563).</p><p>Determinada pessoa foi presa e torturada por policiais. Foi instaurado inquérito policial para apurar o ocorrido. Qual será o termo de início da prescrição da ação de indenização por danos morais? • Se tiver sido ajuizada ação penal contra os autores do crime: o termo inicial da prescrição será o trânsito em julgado da sentença penal. • Se o inquérito policial tiver</p><p>sido arquivado (não foi ajuizada ação penal): o termo inicial da prescrição da ação de indenização é a data do arquivamento do IP. STJ. 2ª Turma. REsp 1443038-MS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 12/2/2015 (Info 556).</p><p>A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano? NÃO. A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa. O ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público. Essa posição foi denominada de tese da dupla garantia. STF. 1ª Turma. RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006. STF. 1ª Turma. RE 593525 AgR-segundo, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/08/2016. Obs: existe um julgado do STJ em sentido contrário, mas é posição minoritária (STJ. 4ª Turma. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013. Info 532).</p><p>Caso o Poder Público tenha reconhecido administrativamente o débito, o termo inicial do prazo prescricional de 5 anos para que servidor público exija seu direito será a data desse ato de reconhecimento. Para o STJ, o reconhecimento do débito implica renúncia, pela Administração, ao prazo prescricional já transcorrido. STJ. 1ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 51586-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012 (Info 509).</p><p>*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Não há direito de regresso, portanto, não é cabível a execução regressiva proposta pela Eletrobrás contra a União em razão da condenação das mesmas ao pagamento das diferenças na devolução do empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica ao particular contribuinte da exação. STJ. 1ª Seção. REsp 1.576.254-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/06/2019 (recurso repetitivo – Tema 963) (Info 655)</p><p>7. Dispositivos para o ciclo de legislação</p><p>DIPLOMA</p><p>DISPOSITIVOS</p><p>CF</p><p>Art. 5º, LXXV, art. 21, XXIII, “d”, da CF/88; art. 37, §5º; e §6º; art. 225, §3º.</p><p>Lei nº 8.935/94</p><p>Art. 22 a 24</p><p>Código de Processo Penal</p><p>Art. 66</p><p>Código Civil</p><p>Art. 935</p><p>Decreto 20.910/1932</p><p>Art. 1º</p><p>image3.png</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.jpeg</p>