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Prévia do material em texto

<p>Sociedades no Código Civil</p><p>Prof. Alexandre Assumpção</p><p>Descrição Teoria geral das sociedades no Código Civil e tipos simples, em nome</p><p>coletivo, em comandita simples e cooperativa.</p><p>Propósito O conhecimento das sociedades no Código Civil é essencial para a</p><p>prática do profissional do direito tanto na área do contencioso societário</p><p>quanto no consultivo e na mediação e conciliação.</p><p>Preparação Antes de iniciar seu estudo, você deve ter acesso ao Código Civil</p><p>atualizado e à Lei nº 5.764/1971.</p><p>Objetivos</p><p>Módulo 1</p><p>Noções gerais</p><p>Módulo 2</p><p>Sociedades</p><p>simples, em</p><p>Módulo 3</p><p>Sociedades</p><p>de sociedades</p><p>Reconhecer o conceito de</p><p>sociedade e seus</p><p>elementos.</p><p>nome coletivo</p><p>e em</p><p>comandita</p><p>simples</p><p>Distinguir os tipos</p><p>societários simples, em</p><p>nome coletivo e em</p><p>comandita simples.</p><p>cooperativas</p><p>Identificar as</p><p>características da</p><p>sociedade cooperativa.</p><p>Introdução</p><p>Estudaremos as noções gerais de sociedades previstas no Capítulo Único</p><p>do Título II do Livro II da Parte Especial do Código Civil (CC), bem como</p><p>alguns tipos societários previstos no Subtítulo II, como as sociedades</p><p>simples, em nome coletivo e em comandita simples.</p><p>Além disso, abordaremos as características fundamentais das sociedades</p><p>cooperativas que lhe imprimem singularidade e alguns aspectos da</p><p>legislação especial, ou seja, da Lei nº 5.764, de 1971.</p><p></p><p>1 - Noções gerais de sociedades</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de sociedade e</p><p>seus elementos.</p><p>Sociedade e seus elementos</p><p>De acordo com o art. 981, caput, do Código Civil (CC):</p><p>O contrato de sociedade é realizado entre pessoas que se</p><p>comprometem reciprocamente a contribuir, com o aporte de</p><p>bens ou de serviços, para o exercício de atividade econômica,</p><p>sendo partilhados os resultados dessa atividade entre eles.</p><p>Em complemento, o parágrafo único prevê que a atividade é capaz de restringir-</p><p>se à realização de um ou mais negócios determinados, ou seja, a sociedade</p><p>pode ter um propósito específico para sua constituição e funcionamento.</p><p>Ao contrário do Código de 1916, o atual não atribui o nomen juris sociedade a</p><p>qualquer associação de pessoas, submetendo-a a uma disciplina geral e</p><p>distinguindo as sociedades umas das outras de acordo com a atuação e as</p><p>consequências de sua extinção. Portanto, as associações de fins não</p><p>econômicos não se incluem no conceito de sociedade, razão pela qual são</p><p>disciplinadas na Parte Geral (arts. 53 a 61).</p><p>Como contrato, a sociedade é modalidade de negócio jurídico e deve respeitar</p><p>os elementos para sua validade e os quatro elementos essenciais, sendo três</p><p>deles indicados no conceito legal.</p><p>Os elementos comuns</p><p>Os elementos comuns do contrato de sociedade são aqueles indicados no art.</p><p>104 do CC para a validade do negócio jurídico:</p><p></p><p>Agente</p><p>capaz.</p><p></p><p>Objeto</p><p>lícito,</p><p>possível,</p><p>determinado</p><p>ou</p><p>determinável.</p><p></p><p>Forma</p><p>prescrita ou</p><p>não defesa</p><p>em lei.</p><p>Desse modo, tais exigências se refletem na capacidade do sócio, na licitude da</p><p>atividade econômica e na forma dada ao contrato.</p><p>Capacidade</p><p>A capacidade civil plena é atingida aos 18 anos completos para a pessoa natural</p><p>(art. 5º). Não se aplicam as normas de incapacidade para a pessoa jurídica,</p><p>ressalvando-se que ela pode ser sócia salvo vedação expressa de lei, desde que</p><p>seja regular sua constituição.</p><p>Ao determinar às juntas comerciais o arquivamento de contratos ou suas</p><p>alterações de sociedade que envolvam sócio incapaz, o CC admite a</p><p>participação de incapazes em sociedades (empresárias ou cooperativas) no art.</p><p>974, §3º, desde que sejam atendidos, de forma conjunta, os seguintes</p><p>pressupostos:</p><p>O sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade.</p><p>O capital social deve ser totalmente integralizado.</p><p>O sócio relativamente incapaz tem de ser assistido, e o absolutamente</p><p>incapaz precisa ser representado por seus representantes legais.</p><p>Por isso, o requisito da capacidade civil plena não será obstáculo para a</p><p>participação nas referidas sociedades, exceto se algum dos requisitos estiver</p><p>ausente.</p><p>Outro destaque deve ser dado à restrição parcial da participação de pessoas</p><p>casadas em sociedade. Embora o casamento seja uma causa legal de</p><p>emancipação (art. 5º, parágrafo único, II) e o art. 977 do CC reconheça a</p><p>possibilidade de os cônjuges contratarem sociedade entre si ou com terceiros,</p><p>haverá vedação se eles tiverem casado no regime da comunhão universal de</p><p>bens ou se lhes for imposta a separação obrigatória de bens (art. 1.641).</p><p>Objeto</p><p>O objeto da sociedade, além de lícito, possível, determinado ou determinável,</p><p>deve, por exigência do art. 981, constituir uma atividade econômica</p><p>(especulativa). O objetivo é diferenciar a sociedade de outras espécies de</p><p>pessoas jurídicas que podem desempenhar atividades lícitas, mas sem</p><p>finalidade lucrativa.</p><p>Atenção!</p><p>Ressaltamos que o objeto não precisa ser uma empresa, pois o CC manteve a</p><p>divisão das sociedades quanto ao objeto em simples e empresárias.</p><p>A forma do contrato</p><p>Não há forma obrigatória para a validade do contrato de sociedade. Entretanto, o</p><p>CC distingue as sociedades em:</p><p>Personi�cadas</p><p>(Subtítulo I)</p><p>Precisam ter contrato</p><p>escrito.</p><p>Não personi�cadas</p><p>(Subtítulo II)</p><p>Não precisam ter contrato</p><p>escrito.</p><p>As sociedades não personificadas não possuem personalidade jurídica e os</p><p>efeitos dela decorrentes, como a autonomia patrimonial em favor dos sócios. As</p><p>não personificadas são a sociedade em comum (arts. 986 a 990) e a sociedade</p><p>em conta de participação (arts. 991 a 996).</p><p>A sociedade em comum é identificada pelo não cumprimento de alguma</p><p>formalidade necessária ao seu funcionamento regular (um exemplo é a falta de</p><p>arquivamento do contrato) e permanecerá assim até que se regularize. A</p><p>sociedade em conta de participação está dispensada do cumprimento dessas</p><p>formalidades, porém, em razão disso, não pode jamais adquirir personalidade</p><p>jurídica.</p><p>Os elementos especí�cos</p><p>Da definição legal do art. 981, extraem-se três elementos específicos ao contrato</p><p>de sociedade: pluralidade de contratantes (“pessoas”), contribuição para o</p><p>exercício de atividade econômica e coparticipação nos resultados. Há ainda um</p><p>quarto elemento implícito no conceito, embora fique ausente na redação do</p><p>dispositivo: a affectio societatis.</p><p>Pluralidade de sócios e possiblidade de a sociedade ser</p><p>unipessoal</p><p>A pluralidade de contratantes decorre do próprio conceito de sociedade, que</p><p>denota a reunião de pessoas para atingir fins comuns. O ato constitutivo é um</p><p>contrato plurilateral, em que cada sócio afigura-se titular de direitos e obrigações</p><p>perante a sociedade, e não em relação aos outros.</p><p>As manifestações de vontade e as prestações assumidas visam à realização dos</p><p>objetivos comuns e à repartição entre os contratantes dos resultados. Por</p><p>conseguinte, as hipóteses e os efeitos da extinção da sociedade mostram-se</p><p></p><p>diversos dos demais contratos, admitindo-se sua resolução apenas em relação a</p><p>certos sócios.</p><p>Atenção!</p><p>Excepcionalmente, admite-se a constituição de sociedades unipessoais tanto no</p><p>CC (sociedade do tipo limitada, art. 1.052, §1º) quanto em determinadas leis</p><p>especiais: subsidiária integral (Lei nº 6.404/1976, art. 251), empresa pública (Lei</p><p>nº 13.303/2016, art. 3º) e sociedade unipessoal de advocacia (Lei nº</p><p>8.906/1994, art. 15). Nesse caso, o ato constitutivo não é um contrato, e sim um</p><p>ato unilateral de vontade do sócio único.</p><p>A contribuição dos sócios</p><p>Os sócios são obrigados a contribuir para que a sociedade realize sua atividade</p><p>econômica. Tal contribuição pode se dar em bens ou em serviços, a depender da</p><p>natureza da sociedade, isto é, simples ou empresária.</p><p>É obrigatória a existência de capital, todos os sócios precisam contribuir</p><p>em bens e, se quiserem, adicionalmente em serviços. O capital deve ser</p><p>expresso em moeda nacional e declarado no contrato.</p><p>É possível a existência de sócio com contribuição em serviços, porém</p><p>esse capital é obrigatório (art. 997, III). O capital pode ser dispensado nas</p><p>cooperativas (art. 1.094, I, CC).</p><p>A coparticipação nos resultados</p><p>juros</p><p>limitados ao capital.</p><p>E</p><p>Pagamento de juros limitados ao capital, affectio societatis,</p><p>vendas a dinheiro e à vista.</p><p>Considerações �nais</p><p>Vimos que a sociedade pode ser fruto de um contrato plurilateral ou de um ato</p><p>unilateral de vontade do sócio único. Quando a sociedade é pluripessoal, certos</p><p>elementos, como a affectio societatis, a reciprocidade de obrigações com a</p><p>pessoa jurídica e a partilha dos resultados se fazem presentes.</p><p>O Código Civil (CC) não regula todos os tipos de sociedades, pois tanto as</p><p>sociedades cooperativas quanto as por ações são reguladas em leis especiais.</p><p>Ademais, as disposições do tipo simples servem de base normativa para outros</p><p>tipos de sociedade, sejam elas personificadas ou não personificadas. O CC, na</p><p>verdade, regula as sociedades de pessoas, ou seja, aquelas nas quais a pessoa</p><p>do sócio tem um papel preponderante para a realização do objeto social.</p><p>A sociedade simples se trata daquela cujo objeto não é empresa ou é empresa</p><p>rural, embora seus sócios arquivem o contrato no Registro Civil de Pessoas</p><p>Jurídicas. Nesse tipo de sociedade, podem tomar parte tanto as pessoas</p><p>naturais quanto as jurídicas, enquanto os sócios podem ajustar se respondem</p><p>ou não subsidiariamente pelas obrigações sociais.</p><p>Já nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, a participação de</p><p>pessoas jurídicas é vedada no primeiro tipo ou restrita aos sócios comanditários</p><p>no segundo. Além disso, não há possibilidade de escolha da responsabilidade</p><p>pelas obrigações sociais, que é ilimitada na sociedade em nome coletivo,</p><p>enquanto na sociedade em comandita simples ela depende da categoria do</p><p>sócio.</p><p>As sociedades cooperativas possuem muitas singularidades que se ajustam aos</p><p>princípios do cooperativismo. Por essa razão, elas mereceram do legislador um</p><p>tratamento diferenciado, inclusive no tocante à imposição do regime jurídico</p><p>simples qualquer que seja seu objeto.</p><p>Podcast</p><p>Para encerrar, ouça um resumo das diferentes espécies de sociedades reguladas</p><p>pelo Código Civil.</p><p></p><p>Explore +</p><p>Confira a indicação que separamos especialmente para você!</p><p>Leia O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária, de</p><p>Pinho (2003).</p><p>Referências</p><p>BORBA. J. E. T. Variabilidade ou dispensa do capital socialDireito Societário. 19.</p><p>ed. São Paulo: Atlas, 2022.</p><p>BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso Avançado de Direito Comercial. 11. ed.</p><p>São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.</p><p>BRASIL. Casa Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código</p><p>Civil.</p><p>COELHO, F. U. Novo manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo: Revista dos</p><p>Tribunais, 2020.</p><p>GONÇALVES NETO, A. de A. Lições de Direito Societário. São Paulo: Juarez de</p><p>Oliveira, 2018.</p><p>MARTINS, F. Curso de Direito Comercial. 39. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.</p><p>NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa – teoria geral da empresa</p><p>e Direito Societário. v. 1. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.</p><p>TEIXEIRA, T. Direito Empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.</p><p>TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial – teoria geral e Direito Societário.</p><p>v. 1. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.</p><p>Material para download</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo</p><p>completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>O que você achou do conteúdo?</p><p>Relatar problema</p><p>javascript:CriaPDF()</p><p>Os sócios devem partilhar entre si os resultados (lucros e perdas) da atividade</p><p>econômica desenvolvida pela pessoa jurídica. Nas sociedades sem</p><p>personalidade jurídica (sociedade em comum e em conta de participação), os</p><p>Sociedades empresárias </p><p>Sociedades simples </p><p>lucros não decorrem das operações realizadas pela sociedade, e sim por cada</p><p>um dos integrantes individualmente ou pelo sócio ostensivo, ainda que no</p><p>interesse comum.</p><p>A coparticipação nos lucros e nas perdas mostra-se essencial no contrato de</p><p>sociedade, sendo direito do sócio a percepção do lucro e dever a participação</p><p>nas perdas. Será considerada nula a cláusula que deixar de atribuir parcela do</p><p>lucro a um sócio ou exonerá-lo de participação nas perdas com vistas à</p><p>constituição de sociedade leonina (art. 1.008).</p><p>A a�ectio societatis</p><p>É o liame entre os sócios, elemento intencional presente na sociedade e ausente</p><p>no estado de comunhão pelo qual cada participante espontaneamente assume</p><p>obrigações no interesse comum, ainda que os interesses particulares sejam</p><p>perfeitamente identificáveis. Tal elemento manifesta-se externamente na</p><p>disposição dos contratantes em compartilhar os destinos da pessoa jurídica,</p><p>participando de ganhos e perdas comuns.</p><p>Trata-se do único elemento que não está presente no art. 981. Mesmo assim, ele</p><p>influencia os destinos da sociedade.</p><p>Exemplo</p><p>Quando o sócio se retira imotivadamente se a sociedade for contratada por</p><p>prazo indeterminado (cf. art. 1.029).</p><p>A affectio societatis se destaca nas sociedades de estrutura personalista,</p><p>constituídas por conta do caráter pessoal dos sócios. Não basta, no entanto, o</p><p>propósito de cooperar: os sócios precisam conjugar esforços direcionados a um</p><p>fim comum.</p><p>Aquisição da personalidade</p><p>jurídica pela sociedade</p><p>Embora a natureza de contrato seja atribuída à sociedade pelo art. 981, o</p><p>instituto também é reputado como pessoa jurídica de direito privado pelo art. 44,</p><p>II. Ao contrário da pessoa natural, que possui personalidade independentemente</p><p>de registro civil (art. 2º), as pessoas jurídicas de direito privado, de acordo com o</p><p>art. 45, adquirem personalidade com a inscrição de seus atos constitutivos em</p><p>registro próprio.</p><p>Em linha com o art. 45, o art. 985 traz os mesmos requisitos para a aquisição da</p><p>personalidade jurídica pela sociedade: inscrição do documento de constituição,</p><p>seja por instrumento público ou particular, no registro próprio, na forma da lei.</p><p>De acordo com o art. 986, enquanto não estiverem arquivados os atos</p><p>constitutivos ou se o forem em desacordo com as prescrições legais, a</p><p>sociedade será denominada “em comum”, não personificada. Os sócios em</p><p>comum respondem ilimitadamente pelas obrigações assumidas por cada um no</p><p>interesse coletivo, sendo excluído do benefício de ordem previsto no art. 1.024</p><p>aquele que contratou pela sociedade.</p><p>A referência ao art. 1.150 pelo art. 985 alerta para a dualidade de registros</p><p>segundo o regime da sociedade. Atribui-se competência à junta comercial para a</p><p>inscrição do contrato, no caso de sociedade empresária, e ao Registro Civil de</p><p>Pessoas Jurídicas, para as sociedades do tipo simples.</p><p>O requerimento e as condições para o arquivamento deverão observar os</p><p>preceitos da legislação especial em vigor. Para as sociedades empresárias e</p><p>cooperativas, a legislação aplicável é a do Registro Empresarial (Lei nº</p><p>8.934/1994 e Decreto 1.800/1996); para as sociedades do tipo simples, a do</p><p>Registro Civil de Pessoas Jurídicas (Lei nº 6.015/1973).</p><p>Sociedade e seus elementos</p><p>Confira como se caracteriza uma sociedade, como ela adquire personalidade e</p><p>quais são os seus elementos.</p><p></p><p>Sociedade simples e</p><p>sociedade empresária</p><p>Confira as distinções entre a sociedade simples e a empresária.</p><p>Distinção entre sociedade simples e</p><p>sociedade empresária</p><p>O art. 982 do CC preserva o critério tradicional no direito brasileiro ao adotar o</p><p>objeto como elemento distintivo, porém sem estar mais baseado nos atos de</p><p>comércio para qualificar a sociedade como comercial, e sim no exercício de</p><p>empresa. Dessa forma, salvo previsões legais específicas:</p><p>Toda sociedade cujo objetivo se traduzir no exercício</p><p>profissional de atividade econômica organizada para a</p><p>produção ou circulação de bens ou de serviços será</p><p>empresária.</p><p>Serão consideradas simples as sociedades que exercerem atividade não</p><p>empresarial, como as que reúnem profissionais liberais, artistas, cientistas e</p><p>literatos, sem agregar elemento de empresa, nos termos do parágrafo único do</p><p>art. 966.</p><p>Em oposição às sociedades empresárias, a referência à sociedade simples</p><p>efetuada pelo art. 982 diz respeito à espécie societária. A expressão é</p><p>empregada pelo codificador com conotação distinta no art. 997, em que se</p><p>refere à sociedade simples como tipo societário. Ao se referir ao objeto da</p><p>sociedade empresária, o art. 982 menciona o “empresário sujeito a registro” com</p><p>remissão ao art. 967. A intenção do legislador é ressalvar o tratamento</p><p>diferenciado reservado às sociedades que exploram empresa rural, as quais</p><p>seguem presumidamente o regime das sociedades simples.</p><p>Hipóteses dissonantes à regra estabelecida pelo artigo, a título exemplificativo,</p><p>são a sociedade de advogados (Lei nº 8.906/1994, arts. 15 e 16) e os aeroclubes</p><p>(Lei nº 7.565/1986, art. 97). Ambos constituem sociedades simples</p><p>independentemente da forma com que o objeto é exercido.</p><p>Prevalência do tipo sobre o objeto</p><p>O parágrafo único do art. 982 afasta o critério do objeto para distinguir as</p><p>sociedades em simples e empresárias. Haverá prevalência do critério do tipo (ou</p><p>da forma jurídica) adotado(a) em relação ao objeto quando se tratar de</p><p>cooperativas e sociedades por ações (expressão que engloba os tipos</p><p>sociedade anônima e sociedade em comandita por ações):</p><p>É sempre vinculada ao regime das sociedades simples, sendo regulada</p><p>pelos arts. 1.093 a 1.096 do CC em conjunto com a Lei nº 5.764/1971,</p><p>que disciplina a constituição, o funcionamento e a dissolução dela. Os</p><p>arts. 3º e 4º dessa lei apresentam a cooperativa como sociedade de</p><p>natureza civil, com forma e regime jurídico próprios, sem fins lucrativos e</p><p>não sujeita à falência, ainda que exerça atividade empresária. Logo, a</p><p>razão para o tratamento diferenciado decorre da lei especial de</p><p>cooperativas.</p><p>Sociedade cooperativa </p><p>É tradicionalmente considerada empresária (outrora denominada</p><p>“mercantil”) independentemente de seu objeto por razões históricas</p><p>ligadas à sua origem, mostrando-se imprescindível a descrição no</p><p>estatuto de uma ou mais atividades lucrativas não contrárias à lei, à</p><p>ordem pública e aos bons costumes (cf. art. 2º, caput, e §1º da Lei nº</p><p>6.404/1976).</p><p>Tratamento diferenciado para sociedade</p><p>que explora empresa rural</p><p>A sociedade que explora empresa rural, isto é, aquela cujo objeto é uma</p><p>atividade própria de empresário rural, é considerada, a priori, sociedade simples.</p><p>Ela, assim, fica excluída do regime das sociedades empresárias, e o registro</p><p>próprio é o Registro Civil de Pessoas Jurídicas.</p><p>Da mesma forma que aos empresários rurais individuais, faculta-se a essa</p><p>sociedade a inscrição dos atos constitutivos no Registro Público de Empresas</p><p>Mercantis da respectiva sede, momento em que, a partir de inscrita, ela fica</p><p>equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Nessas condições, a</p><p>sociedade rural se sujeitará à legislação aplicável aos empresários e às</p><p>sociedades empresárias, assim como à Lei de Falência e Recuperação de</p><p>Empresas (Lei nº 11.101/2005).</p><p>Para que a sociedade possa valer-se da faculdade que lhe é franqueada, o</p><p>legislador impôs a adoção, quer no momento da constituição, quer por meio de</p><p>transformação, de um dos tipos próprios das sociedades empresárias, sendo</p><p>excluídos desse rol os tipos companhia e em comandita por ações.</p><p>Tipos societários</p><p>Confira detalhes sobre os tipos societários existentes no nosso direito.</p><p>Sociedade anônima ou companhia </p><p>A escolha do tipo societário pode ou não influenciar o regime jurídico da</p><p>sociedade. Apenas nos casos de cooperativas</p><p>e sociedades por ações não</p><p>existe impacto, já que o objeto não determina o regime. O art. 983 prevê cinco</p><p>tipos societários para a sociedade empresária, cada um com regras próprias:</p><p>Esse rol se considera exaustivo. O CC trata dos dois últimos de maneira</p><p>genérica, cabendo à lei especial (Lei nº 6.404/1976) primazia sobre suas</p><p>disposições (arts. 1.089 e 1.090). A sociedade simples pode adotar qualquer um</p><p>dos tipos de sociedade empresária ou um tipo próprio (também denominado</p><p>simples):</p><p>Em nome coletivo</p><p>Em comandita</p><p>simples</p><p>Limitada</p><p>Anônima</p><p>(ou companhia)</p><p>Comandita por ações</p><p>O regime jurídico está atrelado ao objeto (exceto se o tipo for companhia</p><p>ou comandita por ações).</p><p>Será o regime simples, pois, apesar de o art. 983 permitir a constituição</p><p>de sociedade simples por meio de qualquer um dos tipos regulados nos</p><p>arts. 1.039 a 1.092, tal escolha implicaria a atribuição do regime</p><p>empresarial, porque o ordenamento brasileiro considera as companhias e</p><p>as sociedades em comandita por ações sociedades empresárias</p><p>independentemente de seu objeto.</p><p>Verifica-se, desse modo, a incompatibilidade entre a natureza de sociedade</p><p>simples e a adoção de qualquer uma dessas estruturas. Assim constituída, a</p><p>sociedade simples (em razão de seu objeto) será considerada obrigatoriamente</p><p>empresária ainda que não exerça atividade econômica organizada.</p><p>A escolha do tipo societário pode ser imposta por lei,</p><p>como adverte o art. 983, parágrafo único.</p><p>É o caso da sociedade em conta de participação, uma sociedade não</p><p>personificada que tem sua existência reconhecida em documento escrito de</p><p>constituição arquivado em qualquer registro; como tal, ela é dispensada das</p><p>formalidades impostas às demais sociedades, sejam elas empresárias ou</p><p>simples.</p><p>Nessa estrutura, quem atua em proveito comum é o sócio ostensivo, em nome</p><p>próprio e com responsabilidade pessoal e ilimitada. Por isso, o legislador não</p><p>atribuiu à sociedade em conta de participação a natureza de sociedade simples</p><p>ou empresária, porque, de fato, a atividade social não é exercida por ela.</p><p>As sociedades cooperativas constituem outra exceção. Sendo um tipo próprio,</p><p>elas assumem a condição de sociedade simples por força de lei. Trata-se de</p><p>Primeiro caso </p><p>Segundo caso </p><p>uma entidade constituída para atuar em benefício de seus membros, os</p><p>cooperados, com características próprias enumeradas no art. 1.094.</p><p>A exploração de certas atividades pode vincular-se a um ou alguns tipos</p><p>específicos de sociedade, conforme regra estabelecida em lei especial. Nesses</p><p>casos, o legislador exige requisitos suplementares para a constituição da</p><p>sociedade a fim de proteger o público, os consumidores e os credores,</p><p>submetendo-a à fiscalização de órgão da administração pública direta ou</p><p>indireta.</p><p>Podemos mencionar os seguintes casos:</p><p>As operadoras de seguros privados devem adotar a forma de</p><p>sociedades anônimas ou cooperativas, tendo as cooperativas que atuar</p><p>apenas em seguros agrícolas, de saúde e de acidentes do trabalho</p><p>(Decreto-Lei nº 73/1966, art. 24).</p><p>As entidades abertas de previdência privada operadoras de planos de</p><p>benefícios de caráter previdenciário, concedidos em forma de renda</p><p>continuada ou pagamento único, devem adotar a forma de sociedade</p><p>anônima (Lei Complementar nº 109/2001, art. 36).</p><p>Se adotar a forma de pessoa jurídica, a Empresa Simples de Crédito</p><p>(ESC) tem de ser sociedade limitada (art. 2º da Lei Complementar nº</p><p>167/2019).</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>João, com 15 anos, é o único herdeiro de Mathias, sócio de uma sociedade</p><p>empresária. O contrato da sociedade permite que o herdeiro de qualquer</p><p>sócio o suceda independentemente do consentimento de qualquer sócio. A</p><p>esse respeito, assinale a única alternativa correta.</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A resposta se fundamenta no art. 974, §3º, do CC: “I – o sócio incapaz não</p><p>pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser</p><p>totalmente integralizado; e III – o sócio relativamente incapaz deve ser</p><p>A</p><p>A junta comercial deve verificar se o capital da sociedade é</p><p>superior a R$ 100.000,00, se está integralizado e se o contrato</p><p>contém cláusula permissiva da sucessão.</p><p>B</p><p>A junta comercial precisa verificar se o capital da sociedade é</p><p>superior a R$ 100.000,00, se a João foi atribuída a</p><p>administração da sociedade e se a sociedade é por prazo</p><p>indeterminado.</p><p>C</p><p>A junta comercial tem de verificar se o contrato contém</p><p>cláusula permissiva da sucessão, se João está assistido por</p><p>seu representante legal e se a sociedade é por prazo</p><p>determinado.</p><p>D</p><p>A junta comercial deve verificar se João não exercerá a</p><p>administração da sociedade, se o capital social está</p><p>totalmente integralizado e se o herdeiro está assistido por seu</p><p>representante legal.</p><p>E</p><p>A junta comercial precisa verificar deverá verificar se João não</p><p>exercerá a administração da sociedade, se a sociedade é</p><p>enquadrada como microempresa e se o herdeiro está</p><p>assistido por seu representante legal.</p><p>assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus</p><p>representantes legais” (LEI nº 10.406, 2002).</p><p>Questão 2</p><p>Cinco amigos decidiram formar uma sociedade, mas não se preocuparam</p><p>com as formalidades legais referentes à sua regularização. Nesses termos, a</p><p>sociedade é denominada pelo Código Civil (CC) como</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>O art. 986 do CC denomina como em comum a sociedade constituída sem a</p><p>observação das formalidades do art. 985.</p><p>A em comum.</p><p>B personificada.</p><p>C por ações.</p><p>D em conta de participação.</p><p>E de fato.</p><p>2 - Sociedades simples, em nome coletivo e em</p><p>comandita simples</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os tipos societários simples,</p><p>em nome coletivo e em comandita simples.</p><p>Sociedade simples</p><p>Caracterização da sociedade simples</p><p>Cabe apontar que o termo “simples” utilizado no Livro II do Código Civil (CC) para</p><p>as sociedades tem três sentidos distintos.</p><p>O primeiro sentido se refere ao objeto desenvolvido pela sociedade, que se opõe</p><p>ao termo “empresária” no caput do art. 982. O segundo diz respeito ao regime</p><p>imposto a certas sociedades, como a cooperativas, no parágrafo único do</p><p>mesmo artigo. Por fim, a sociedade simples também é um tipo societário não</p><p>empresarial com regras próprias, de acordo com o caput do art. 983. Vamos nos</p><p>concentrar agora sobre esse último sentido.</p><p> A sociedade simples é originária do direito suíço (Código de</p><p>Obrigações de 1911, art. 530), sendo as disposições sobre</p><p>ela fonte subsidiária para os demais tipos societários</p><p>quando eles não se revestirem de forma especial. Em linhas</p><p>gerais, o CC seguiu a mesma orientação, pois as normas</p><p>das sociedades simples (arts. 997 a 1.038) podem servir,</p><p>além de regramento próprio desse tipo, como disciplina</p><p>supletiva de outros empresariais ou não (cf. arts. 986, 996,</p><p>1.040, 1.046, 1.053, 1.089 e 1.096). Decorre disso a</p><p>relevância do seu estudo e conhecimento.</p><p> A técnica adotada foi inovadora, pois tanto o Código</p><p>Comercial quanto o anterior Código Civil tinham disposições</p><p>e princípios gerais que se aplicavam a todos os tipos de</p><p>sociedades. O Código Civil atual almejou instituir uma</p><p>regulamentação mínima para as sociedades empresárias a</p><p>partir do tipo simples. Com isso, a sociedade simples</p><p>passou a representar um núcleo mínimo do direito</p><p>societário, isto é, o embrião de toda forma de estruturação</p><p>das sociedades de pessoas. A partir dessa estrutura mínima</p><p>de organização, torna-se possível estabelecer</p><p>particularidades para os demais tipos societários regulados</p><p>tanto no CC como em leis especiais.</p><p> De acordo com a sistemática adotada pelo CC, a sociedade</p><p>simples destina-se ao exercício de atividades econômicas</p><p>não organizadas ou excluídas do conceito de empresa. É o</p><p>caso das cooperativas (art. 4º da Lei nº 5.764/1971) e das</p><p>sociedades de advogados, que são definidas por lei como</p><p>não empresárias (Lei nº 8.906/1994, art. 15), bem como das</p><p>sociedades que exercem pequenas atividades</p><p>negociais</p><p>sem organização.</p><p>A sociedade simples apresenta características próprias das sociedades de</p><p>pessoas, tais como:</p><p>Simplicidade do contrato social (apenas poucas cláusulas além das</p><p>obrigatórias, em geral).</p><p>Administração exclusiva por sócios pessoas naturais.</p><p>Inexistência de órgãos sociais em caráter obrigatório.</p><p>Impossibilidade de cessão da quota-parte do sócio a quem não faça</p><p>parte da sociedade e, quando possível, restrições à realização desse</p><p>negócio jurídico.</p><p>Possibilidade de resolução da sociedade em relação ao sócio por</p><p>questões particulares dele (falência, insolvência, interdição,</p><p>falecimento, desentendimentos com os demais sócios etc.).</p><p>Impossibilidade de restrição ou eliminação do direito a voto nas</p><p>deliberações.</p><p>Possibilidade de previsão de solidariedade entre os sócios pelas</p><p>obrigações sociais de forma subsidiária.</p><p>Vedação de funcionamento permanente com um único sócio.</p><p>Quórum de maioria absoluta, no mínimo, ou unanimidade para</p><p>alterações das cláusulas obrigatórias.</p><p>Contrato social: cláusulas obrigatórias e</p><p>arquivamento</p><p>O contrato da sociedade simples deve ser escrito por se tratar de sociedade</p><p>personificada, podendo assumir seu instrumento de forma pública ou particular</p><p>desde que contenha, no mínimo, as indicações do artigo 997. A ausência de</p><p>contrato escrito impõe a aplicação das normas da sociedade em comum até que</p><p>a sociedade esteja regularizada nos termos do art. 985.</p><p>Além das cláusulas obrigatórias, a serem indicadas a seguir, é permitido aos</p><p>sócios estabelecer outras necessárias ao funcionamento da sociedade, à</p><p>realização de seu objeto e às relações internas. Contudo, as disposições</p><p>contidas em instrumento separado que sejam contrárias ao contrato ou até</p><p>mesmo aquelas firmadas verbalmente não produzirão efeitos em relação a</p><p>terceiros em virtude da falta de publicidade imposta pela lei (art. 997, parágrafo</p><p>único).</p><p>Devem constar do contrato social:</p><p>A qualificação de todo os sócios pelo nome, nacionalidade, estado civil,</p><p>profissão e residência se forem pessoas naturais. No caso de sócio</p><p>pessoa jurídica, é necessário constar o nome (social ou empresarial), a</p><p>nacionalidade e a sede.</p><p>O objeto da sociedade, que tem de se conformar com o arts. 104 e 982.</p><p>A denominação social, que é o nome da pessoa jurídica. Embora não</p><p>seja considerada nome empresarial, tal denominação, em razão da</p><p>natureza da sociedade, goza da proteção conferida a esse nome por</p><p>força do art. 1.155, parágrafo único, do CC.</p><p>A sede da sociedade, ou seja, o município onde se centraliza a</p><p>atividade e/ou onde se localiza a administração. A sociedade pode</p><p>instituir filial, seja no próprio ato de constituição ou por deliberação</p><p>posterior dos sócios (art. 1.000).</p><p>O prazo de duração da sociedade, que pode ser determinado ou</p><p>indeterminado, não suprindo a lei a vontade das partes em caso de</p><p>omissão. A escolha implica distintas soluções para os casos de</p><p>retirada do sócio (art. 1.029) e de dissolução (art. 1.033, I).</p><p>A indicação do valor do capital, expresso em moeda corrente e</p><p>formado pela contribuição em qualquer espécie de bem, móvel ou</p><p>imóvel, corpóreo ou incorpóreo, inclusive de direitos suscetíveis de</p><p>avaliação e alienação, desde que sirvam à sociedade no</p><p>desenvolvimento do objeto.</p><p>O valor da quota do sócio. O capital divide-se em quotas que podem ou</p><p>não representar o mesmo valor. Se ele apresentar valor distinto, as</p><p>deliberações societárias deverão considerá-lo, pois o valor das quotas</p><p>determina o cômputo dos votos (CC, art. 1.010). Os sócios podem</p><p>decidir representar fisicamente as quotas sociais. Nesse caso, cabe a</p><p>eles decidir sobre a emissão de certificados.</p><p>A indicação, em caráter facultativo, das prestações em serviço</p><p>assumidas por algum sócio para a realização do objeto social. Tal</p><p>permissivo restringe-se à sociedade simples, não se autorizando a</p><p>contribuição à sociedade exclusivamente em serviços nos demais tipos</p><p>societários, salvo nas sociedades cooperativas. Na presença dessa</p><p>espécie de sócio, o contrato deve estipular suas obrigações e as</p><p>sanções ao sócio inadimplente com tais deveres.</p><p>As pessoas naturais responsáveis pela administração da sociedade,</p><p>bem como os poderes e as atribuições, especialmente quem poderá</p><p>usar o nome social e se haverá assunção conjuntiva ou disjuntiva de</p><p>obrigações, sendo certo que, no caso omisso, considera-se disjuntiva a</p><p>administração.</p><p>As regras de participação de cada sócio nos lucros e nas perdas. Será</p><p>vedada a exclusão de quaisquer sócios da participação nos resultados,</p><p>considerando-se nula a cláusula que assim dispuser (art. 1.008). A</p><p>distribuição poderá ser proporcional ou não à participação no capital,</p><p>dependendo do que os sócios ajustarem no contrato (art. 1.007).</p><p>A última cláusula obrigatória refere-se à responsabilidade dos sócios</p><p>pelas obrigações sociais, que pode ser subsidiária ou não. Pelo regime</p><p>de responsabilidade subsidiária, os bens particulares dos sócios, após</p><p>a execução dos bens sociais, poderão ser chamados a responder</p><p>perante terceiros por dívidas sociais que excedam as forças do</p><p>patrimônio da pessoa jurídica (art. 1.024), sem solidariedade entre si,</p><p>salvo se ela for prevista nos termos do art. 1.023. Do contrário, se a</p><p>inexistência de responsabilidade subsidiária for expressamente</p><p>consignada no contrato, os sócios responderão apenas até o valor das</p><p>respectivas quotas.</p><p>De acordo com o art. 998, compete ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas do</p><p>local da sede social o arquivamento do contrato. A ausência de registro implica</p><p>irregularidade da sociedade, a qual se considera sociedade em comum (art.</p><p>986). Nesses casos, a sociedade não assume obrigações perante terceiros; no</p><p>entanto, os sócios vinculam-se às obrigações entre eles estabelecidas no</p><p>contrato (art. 990).</p><p>O contrato deve ser apresentado ao órgão no prazo de 30 dias. Após o decurso</p><p>desse período, não se veda o arquivamento (art. 1.151); entretanto, os efeitos do</p><p>registro, quando ele for concedido, apenas retroagirão até a data do pedido de</p><p>arquivamento, e não a da constituição.</p><p>Obrigações e direitos dos</p><p>sócios</p><p>Embora o CC trate na Seção II (arts. 1.001 a 1.009) dos direitos e das obrigações</p><p>dos sócios, há outros dispositivos fora dessa seção que também abordam esse</p><p>tema. Em razão do caráter geral das normas da sociedade simples, a relação de</p><p>obrigações e de direitos apresentados se aplicará, no que couber, a outros tipos.</p><p>A eficácia das obrigações dos sócios independe do arquivamento do contrato no</p><p>Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 1.001). Assim, a simples assinatura</p><p>vincula os sócios às prestações necessárias à integralização do capital e ao</p><p>cumprimento das formalidades para o funcionamento regular da sociedade,</p><p>salvo disposição expressa em sentido contrário. Da mesma forma, as</p><p>obrigações por eles assumidas em relação à sociedade persistem até sua plena</p><p>liquidação, com o pagamento de todos os credores, ainda que não se exerça</p><p>mais o objeto social.</p><p>A dissolução sem o pagamento aos credores ou a partilha fraudulenta do</p><p>remanescente constitui um ato irregular e, sem embargo da extinção da</p><p>sociedade, não finda a responsabilidade dos sócios pelo passivo não solvido até</p><p>o valor do que eles receberam em partilha.</p><p>Obrigações dos sócios</p><p>A relação elencada a seguir é exemplificativa e tem por base as disposições do</p><p>tipo simples. O contrato social ou as normas para determinado tipo de</p><p>sociedade podem trazer obrigações diversas ou novas.</p><p>O sócio admitido em sociedade já constituída é responsável</p><p>pelas dívidas sociais anteriores à admissão, conforme a</p><p>responsabilidade do tipo societário (art. 1.001).</p><p>Acompanhe as obrigações aqui. </p><p>O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções</p><p>sem o consentimento dos demais sócios, o qual é expresso em</p><p>modificação do contrato social (art. 1.002).</p><p>Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos no</p><p>contrato, às contribuições estabelecidas. Aquele que deixar de</p><p>fazê-lo nos 30 dias seguintes ao da notificação pela sociedade</p><p>se tornará remisso e responderá perante ela pelo dano</p><p>emergente da mora. Quanto ao sócio remisso, a maioria dos</p><p>demais sócios pode preferir a exclusão dele em vez da</p><p>indenização ou reduzir sua quota ao montante já realizado (art.</p><p>1.004).</p><p>O sócio que, a título de integralização da quota social, transmitir</p><p>domínio, posse ou uso responderá pela evicção tal qual o</p><p>vendedor.</p><p>O sócio que transferir crédito responderá pela solvência do</p><p>devedor (art. 1.005).</p><p>O sócio de serviços não pode, salvo convenção em contrário,</p><p>empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de</p><p>ser privado de seus lucros e dela excluído (art. 1.006).</p><p>Com exceção do sócio de serviços, o sócio deve participar das</p><p>perdas sofridas pela sociedade na proporção das respectivas</p><p>quotas, salvo estipulação de critério diverso (art. 1.007).</p><p>Os sócios respondem solidariamente perante a sociedade pelo</p><p>recebimento de lucros ilícitos ou fictícios, conhecendo ou</p><p>devendo conhecer-lhes a ilegitimidade (art. 1.009).</p><p>O sócio que se retirou da sociedade ou dela foi excluído ou os</p><p>seus herdeiros respondem pelas obrigações sociais anteriores</p><p>até dois anos após a resolução da sociedade averbada, assim</p><p>como pelas obrigações sociais posteriores e no mesmo prazo,</p><p>enquanto não se requerer a averbação (art. 1.032). Tal</p><p>obrigação é imposta aos ex-sócios ou aos herdeiros mesmo</p><p>após a extinção do vínculo com a sociedade.</p><p>Direitos dos sócios</p><p>São direitos dos sócios, sem prejuízo de outros fixados em lei ou no contrato:</p><p>Participar dos lucros, na proporção das respectivas quotas,</p><p>salvo estipulação em contrário. O sócio cuja contribuição</p><p>consiste em serviços somente participa dos lucros na</p><p>proporção da média do valor das quotas (art. 1.007).</p><p>Votar nas deliberações sociais, sendo o quórum de deliberação</p><p>aferido por maioria de votos, contados segundo o valor das</p><p>quotas de cada um (art. 1.010), exceto para as deliberações que</p><p>modificarem cláusulas obrigatórias do contrato, situação na</p><p>qual se exige unanimidade (art. 999).</p><p>Os sócios têm direito de receber dos administradores contas</p><p>justificadas de sua administração e precisam apresentar-lhes o</p><p>inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de</p><p>resultado econômico (art. 1.020).</p><p>O sócio pode, a qualquer tempo, examinar os livros e os</p><p>documentos, bem como o estado da caixa e da carteira da</p><p>sociedade, salvo estipulação que determine época própria (art.</p><p>1.021).</p><p>O sócio pode retirar-se da sociedade motivada ou</p><p>imotivadamente. Na sociedade por prazo indeterminado, isso é</p><p>feito mediante notificação aos demais sócios com antecedência</p><p>mínima de 60 dias. Já na de prazo determinado, o sócio tem de</p><p>provar judicialmente justa causa (art. 1.029).</p><p>O sócio retirante, o excluído ou os herdeiros do sócio têm direito</p><p>de receber da sociedade o valor da(s) quota(s), considerado o</p><p>montante efetivamente realizado. A liquidação é feita, salvo</p><p>disposição contratual em contrário, com base na situação</p><p>patrimonial da sociedade à data da resolução, a qual, por sua</p><p>vez, é verificada em balanço especialmente levantado (art.</p><p>1.031).</p><p>Acompanhe os direitos aqui. </p><p>Sociedade simples</p><p>Confira as principais características da sociedade simples.</p><p>Administração, resolução e</p><p>dissolução da sociedade</p><p>simples</p><p>Confira as principais questões sobre a gestão e o encerramento da sociedade</p><p>simples.</p><p>Administração da sociedade simples</p><p>A sociedade se relaciona com terceiros por meio de sua administração, que é</p><p>desempenhada pelos administradores. O administrador é o órgão (de gestão) da</p><p>pessoa jurídica por meio do qual seus atos jurídicos são aperfeiçoados.</p><p>Não se trata de um mandato, já que tal técnica pressupõe a existência de duas</p><p>vontades: a do representante e a do representado. É a lei que atribui ao</p><p></p><p>administrador tal papel (art. 1.022), seja de modo disjuntivo ou conjuntivo (arts.</p><p>1.013 e 1.014).</p><p>Embora a designação da pessoa natural (ou pluralidade) que exercerá a</p><p>administração deva constar do contrato, é possível que a nomeação ocorra em</p><p>instrumento separado após o arquivamento do contrato, que também deve ser</p><p>levado a registro (art. 1.012). Como se trata de cláusula obrigatória do contrato,</p><p>a aprovação unânime do administrador eleito impõe-se (art. 999).</p><p>Atenção!</p><p>Somente o sócio poderá exercer a administração da sociedade simples,</p><p>conclusão extraída do art. 1.013 (que faculta a administração a qualquer dos</p><p>sócios), caso não exista uma designação para atuação conjunta no contrato.</p><p>Não havendo restrição de poderes no contrato ou no ato separado de nomeação,</p><p>os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da</p><p>sociedade. Entretanto, a oneração ou a venda de bens imóveis dependerá do que</p><p>a maioria dos sócios decidir, exceto se tais atos constituírem objeto da</p><p>sociedade (art. 1.015).</p><p>Cumpre ao administrador, que deve ser pessoa natural (art. 997, VI) e sem</p><p>impedimento legal para a função (cf. art. 1.011, §1º), atuar com diligência na</p><p>gestão social. Segundo o CC, “O administrador da sociedade deverá ter, no</p><p>exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e</p><p>probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios” (LEI nº</p><p>10.406, 2002).</p><p>Espera-se que o administrador se paute pela gestão de seus negócios sociais do</p><p>mesmo modo que conduz seus negócios particulares, guardadas as devidas</p><p>proporções e peculiaridades de gestão de uma sociedade e dos interesses</p><p>envolvidos. Ao se afastar do dever de diligência e de outros a eles relacionados,</p><p>como o de lealdade, sigilo ou probidade, ele pratica ato ilícito e responde perante</p><p>sociedade e terceiros prejudicados pelos danos decorrentes (art. 1.016).</p><p>O CC enumera algumas condutas que ensejarão tal responsabilidade:</p><p>A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios (art. 1.009).</p><p>A realização de operações pelo administrador, sabendo ou devendo</p><p>saber que estava agindo em desacordo com a maioria (art. 1.013, §2º).</p><p>A aplicação sem consentimento escrito dos sócios de créditos ou de</p><p>bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, tendo de restituí-los à</p><p>sociedade, ou pagar o equivalente com todos os lucros resultantes, e,</p><p>se houver prejuízo, responder por ele também (art. 1.017, caput).</p><p>Tomar parte, tendo em qualquer operação interesse contrário ao da</p><p>sociedade, na correspondente deliberação (art. 1.017, parágrafo único).</p><p>Além das obrigações de prestar contas ao sócio e lhe franquear acesso a livros e</p><p>documentos, é vedado ao administrador fazer-se substituir no exercício de suas</p><p>funções, ou seja, somente os sócios podem autorizar tal substituição. Por outro</p><p>lado, o administrador está autorizado, nos limites de seus poderes, a constituir</p><p>mandatários da sociedade, especificando no instrumento os atos e as operações</p><p>que poderão praticar.</p><p>Dica</p><p>Os poderes conferidos ao mandatário, que pode ser um sócio ou não, são</p><p>revogáveis a qualquer tempo (art. 1.019).</p><p>Resolução e dissolução da sociedade</p><p>simples</p><p>O vínculo jurídico entre a sociedade e os sócios pode ser extinto, total ou</p><p>parcialmente, em determinadas situações. A extinção parcial não implica a</p><p>dissolução da sociedade nem a liquidação do seu patrimônio, mas altera o</p><p>quadro social e impõe a liquidação da quota do ex-sócio.</p><p>Para tais situações, o CC utiliza a expressão “resolução da sociedade em relação</p><p>a um sócio”. Já quando a sociedade cessa a realização de sua atividade e</p><p>iniciam-se a liquidação e o pagamento coletivo dos credores, o termo utilizado é</p><p>“dissolução”.</p><p>A resolução da sociedade simples pode ocorrer:</p><p>Por morte de sócio, exceto se o contrato autorizar o ingresso do</p><p>sucessor ou se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição</p><p>do sócio falecido (art. 1.028).</p><p>Por ato de vontade do sócio, com ou sem justa causa (quebra de</p><p>affectio societatis), desde que haja notificação aos demais sócios, com</p><p>antecedência mínima de 60 dias (art. 1.029).</p><p>Por decisão judicial em ação ajuizada por sócio, provando justa causa,</p><p>no caso de sociedade constituída por prazo determinado (art.</p><p>1.029).</p><p>Por exclusão extrajudicial de sócio remisso deliberada pela maioria dos</p><p>demais sócios (art. 1.004, parágrafo único).</p><p>Por exclusão judicial de sócio por falta grave ou por incapacidade</p><p>superveniente (art. 1.030, caput).</p><p>De pleno direito, em razão da decretação da falência do sócio (art.</p><p>1.030, parágrafo único).</p><p>De pleno direito, em razão da liquidação integral da quota para</p><p>pagamento a credor particular de sócio (art. 1.030, parágrafo único).</p><p>Em todas essas situações, a sociedade não se dissolve, mas ocorre a liquidação</p><p>da quota do ex-sócio com apuração judicial ou extrajudicial de seus haveres (art.</p><p>1.031), mantendo-se intocada a continuidade da sociedade com os</p><p>remanescentes. A dissolução resulta na cessação da atividade econômica e na</p><p>posterior liquidação do patrimônio.</p><p>A causa pode decorrer de lei (art. 1.033), de decisão judicial (art. 1.034) ou de</p><p>previsão contratual, a ser verificada judicialmente quando contestada (art.</p><p>1.035). A dissolução constitui sequência de atos praticados para a extinção da</p><p>pessoa jurídica a partir de um fato jurídico que a desencadeia (dissolução</p><p>propriamente dita), vindo na sequência a realização do ativo, o pagamento do</p><p>passivo, a partilha do remanescente entre os sócios e, por fim, a extinção da</p><p>sociedade.</p><p>Atenção!</p><p>Durante todo o processo de dissolução e posterior liquidação, a sociedade</p><p>conserva sua personalidade jurídica, a qual somente se extingue após o</p><p>cancelamento de sua inscrição no registro próprio (art. 51 do CC).</p><p>O âmbito de incidência das disposições sobre a dissolução não se limita às</p><p>sociedades simples, aplicando-se também a todas as sociedades de pessoas,</p><p>empresárias ou não, salvo as sociedades cooperativas (v. arts. 1.044, 1.051 e</p><p>1.087). Já as sociedades por ações possuem suas causas dissolutórias</p><p>reguladas em lei especial (Lei nº 6.404/1976, art. 206).</p><p>As causas de dissolução de pleno direito são as seguintes:</p><p>Término do prazo de duração, salvo se os sócios se mantiverem inertes</p><p>após o decurso do prazo e a sociedade continuar em atividade. Nesse</p><p>caso, a lei considera a sociedade prorrogada por prazo indeterminado.</p><p>Consenso dos sócios na sociedade contratada por prazo determinado.</p><p>Deliberação dos sócios por maioria absoluta do capital na sociedade</p><p>de prazo indeterminado.</p><p>Extinção da autorização para funcionar caso a sociedade dependa dela.</p><p>Graças ao requerimento de qualquer um dos sócios e mediante sentença</p><p>proferida em ação pelo procedimento comum, a sociedade também poderá ser</p><p>dissolvida judicialmente quando for anulada sua constituição, exaurido o fim</p><p>social ou verificada sua inexequibilidade. Por defeito do ato respectivo, decai em</p><p>três anos o direito de anular a constituição, contado o prazo da publicação de</p><p>sua inscrição no registro (art. 45, parágrafo único, CC).</p><p>Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar imediatamente</p><p>a investidura do liquidante, que representará a pessoa jurídica até sua extinção</p><p>(art. 1.105), e restringir a gestão própria aos negócios inadiáveis, sendo vedadas</p><p>novas operações, pelas quais eles responderão solidária e ilimitadamente (art.</p><p>1.036).</p><p>Sociedade em nome</p><p>coletivo</p><p>Confira agora sobre sociedade em nome coletivo e suas principais</p><p>características.</p><p>Atualmente, a sociedade em nome coletivo é regulada no CC entre os arts. 1.039</p><p>a 1.044. Trata-se de uma sociedade de pessoas por excelência, ou seja, a pessoa</p><p>do sócio se apresenta como elemento fundamental não só nas relações internas</p><p>da sociedade, como também perante terceiros. Um de seus traços mais</p><p>marcantes é o fato de que somente pessoas físicas podem tomar parte nela,</p><p>sendo que todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas</p><p>obrigações sociais, diferenciando-se, portanto, da sociedade simples.</p><p>Dessa forma, os sócios de sociedade em nome coletivo podem sofrer execução</p><p>sobre seu patrimônio pessoal pelas dívidas contraídas pela pessoa jurídica.</p><p>Além disso, respondem solidariamente entre eles, de modo que o credor pode</p><p>acionar qualquer um deles para obter pagamento.</p><p>Os sócios não podem afastar a solidariedade, afigurando-se ineficaz em relação</p><p>a terceiros a cláusula do contrato que assim disponha. Contudo, eles estão</p><p>autorizados a pactuar internamente sobre a responsabilidade de cada um,</p><p>aumentando-a ou diminuindo-a em relação à proporção de participação nas</p><p>perdas.</p><p>A espécie societária remonta às sociedades familiares existentes na Idade</p><p>Média, nas quais só se admitia a participação de membros de determinada</p><p>família. Paulatinamente, tais sociedades assumiram características</p><p>comerciais a partir da constituição de um patrimônio social distinto do</p><p>familiar, respondendo pelas obrigações assumidas por qualquer um dos</p><p>sócios. Surgia, assim, a sociedade coletiva, o que evidenciava a existência de</p><p>um mandato recíproco entre os sócios pelo qual todos se encontravam</p><p>autorizados a agir e obrigar a sociedade (o patrimônio em comum) mediante</p><p>o uso da firma.</p><p>Além da regulação própria, o art. 1.040 determina a aplicação supletiva das</p><p>disposições referentes à sociedade simples. Com isso, o legislador reafirma a</p><p>natureza intuitu personae desse tipo societário.</p><p>Todavia, o tipo em nome coletivo não é necessariamente submetido ao regime</p><p>das sociedades simples, já que o critério do objeto previsto no caput do art. 982</p><p>se aplica a ele. Desse modo, a sociedade poderá ser simples ou empresária se</p><p>exercer ou não empresa, o que inclui a opção de escolha de registro no caso de</p><p>empresa rural (cf. art. 984).</p><p></p><p>Por determinação do art.</p><p>1.041, as cláusulas do</p><p>contrato da sociedade</p><p>simples (art. 997), no que</p><p>couber, se aplicam ao</p><p>contrato da sociedade em</p><p>nome coletivo. Assim,</p><p>devem ser respeitadas as</p><p>disposições específicas do</p><p>tipo.</p><p></p><p>Os sócios são</p><p>necessariamente pessoas</p><p>físicas, a “denominação” a</p><p>que se refere o inciso II do</p><p>art. 997 corresponde à firma</p><p>social e as contribuições</p><p>em prestação de serviços</p><p>às quais o sócio está</p><p>obrigado (inciso V), caso</p><p>existam, são realizadas</p><p>adicionalmente à</p><p>contribuição ao capital</p><p>(inciso III).</p><p>Por conta da regra própria de responsabilidade (art. 1.039), o inciso VIII é</p><p>inaplicável; por isso, os sócios não podem afastar a responsabilidade subsidiária</p><p>no contrato.</p><p>Seja ou não empresária, a sociedade tem de adotar firma. No caso de sociedade</p><p>empresária, precisa observar o art. 1.157 na formação da firma, que pode ou não</p><p>conter os patronímicos de todos os sócios, os quais, por sua vez, têm idêntica</p><p>responsabilidade perante terceiros.</p><p>Caso não identifique individualmente todos os sócios, deve-se utilizar o aditivo “e</p><p>companhia” por extenso ou abreviado, como Borges & Companhia. Se os nomes</p><p>de todos os sócios estão indicados, o uso de qualquer outro aditivo está</p><p>dispensado, como no caso de Borges, Sá e Gomes.</p><p>Um aspecto nitidamente personalista da sociedade é</p><p>o fato de que apenas os sócios podem ser</p><p>administradores (art. 1.042).</p><p>Como órgão da pessoa jurídica, o administrador está autorizado, na ausência de</p><p>poderes especiais ou restrições contratuais, a praticar todos os atos necessários</p><p></p><p>à realização do objeto. Por aplicação supletiva do art. 1.018, os administradores</p><p>podem constituir procuradores ad negotia para atuar em nome da sociedade,</p><p>com poderes revogáveis.</p><p></p><p>O art. 1.043 aponta um</p><p>traço distintivo da</p><p>sociedade em nome</p><p>coletivo da simples. Nesse</p><p>tipo, o credor particular de</p><p>sócio pode liquidar sua</p><p>quota para realização do</p><p>crédito (art. 1.026,</p><p>parágrafo único). Aplica-se</p><p>a mesma regra apenas para</p><p>a sociedade em nome</p><p>coletivo constituída por</p><p>prazo indeterminado.</p><p></p><p>Na constituição por prazo</p><p>determinado, o credor</p><p>particular de sócio não</p><p>pode, antes de a sociedade</p><p>dissolver-se, pretender a</p><p>liquidação da quota do</p><p>devedor, embora esteja</p><p>autorizado a requerer a</p><p>penhora de lucros ainda não</p><p>distribuídos, já que, além do</p><p>amparo no art. 1.026, caput,</p><p>do CC, não há empecilho</p><p>para isso.</p><p>O impedimento à liquidação da quota deixa de existir caso ocorra uma das</p><p>situações previstas</p><p>no parágrafo único do art. 1.043, ou seja, a prorrogação</p><p>tácita da sociedade (inciso I) ou o acolhimento de pretensão por ele oposta</p><p>dentro de 90 dias da prorrogação contratual (inciso II).</p><p>A prorrogação tácita da sociedade se dá quando os sócios não iniciam a</p><p>dissolução após o término do prazo de duração da sociedade, passando a</p><p>funcionar por tempo indeterminado (art. 1.033, I). A segunda situação ocorre</p><p>quando eles decidem pela prorrogação da sociedade com alteração contratual e</p><p>arquivamento no registro peculiar. Nesse caso, o ato dilatório deve ser publicado</p><p>para que os credores do sócio saibam da continuidade da pessoa jurídica, o que</p><p>lhes, dentro de 90 dias, permite pleitear judicialmente o pagamento sobre a</p><p>quota do sócio, justificando seu direito.</p><p>Por fim, o art. 1.044 dispõe que as causas de dissolução de pleno direito da</p><p>sociedade em nome coletivo serão as mesmas da sociedade simples (art.</p><p>1.033), com o acréscimo da hipótese de declaração de falência se a sociedade</p><p></p><p>for empresária. Caso ela não seja, ocorrerá a dissolução pela declaração de</p><p>insolvência (art. 1.052 do CPC/2015 c/c art. 786 do CPC/1973).</p><p>Sociedade em comandita</p><p>simples</p><p>Confira as principais características da sociedade em comandita simples.</p><p>A sociedade em comandita simples é regulada nos arts. 1.045 a 1.051 do CC.</p><p>Sua característica fundamental é a presença simultânea de sócios com</p><p>responsabilidades distintas pelas obrigações. Veja a relação:</p><p></p><p>Sócio comanditário</p><p>(pessoa natural ou</p><p>jurídica)</p><p>Tem responsabilidade</p><p>limitada ao valor de sua</p><p>quota.</p><p></p><p>Comanditado (apenas</p><p>pessoa natural)</p><p>Tem responsabilidade</p><p>ilimitada e responde de</p><p>modo subsidiário pelas</p><p>dívidas sociais, como os</p><p>sócios em nome coletivo.</p><p>Por aplicação do art. 1.046, que impõe a disciplina da sociedade em comandita</p><p>pelas normas da sociedade em nome coletivo e da simples, nessa ordem, o</p><p>contrato social também deverá seguir as cláusulas do art. 997, no que couber, e</p><p></p><p>identificar cada um dos sócios, tornando pública, após o registro, a extensão da</p><p>responsabilidade de cada um.</p><p>A sociedade em comandita simples a depender da atividade por ela exercida</p><p>(vide comentários ao art. 982), pode caracterizar-se como:</p><p></p><p>Simples (não</p><p>empresária)</p><p></p><p>Empresária</p><p>Em qualquer caso, por aplicação do art. 1.046, a sociedade deverá adotar firma</p><p>social e, se a sociedade for empresária, observar na formação a regra do art.</p><p>1.057.</p><p>Como existe necessariamente um sócio de responsabilidade limitada, nem</p><p>todos poderão ter seu patronímico na firma (apenas o sócio comanditado). Por</p><p>essa razão, a firma social conterá ao final o aditivo “& Companhia ou & Cia”, que</p><p>indica a presença dos sócios omitidos na firma.</p><p>A administração da sociedade é privativa do sócio</p><p>comanditado (art. 1.047).</p><p>A regra é um efeito da atribuição dada a ele da responsabilidade ilimitada. O</p><p>legislador visa a impedir que a limitação de responsabilidade do comanditário o</p><p>estimule a obrigar a sociedade em operações arriscadas e de retorno duvidoso,</p><p>levando a pessoa jurídica a um endividamento progressivo e à insolvência</p><p>patrimonial, além de garantir a terceiros que a administração é exercida por</p><p>quem responde ilimitadamente pelos débitos da sociedade.</p><p>Apesar de a norma impedir que os sócios comanditários representem a</p><p>sociedade, eles podem os exercer poderes de fiscalização e participar da</p><p>administração interna da sociedade. Também é possível, com fundamento no</p><p>art. 1.047, parágrafo único, que o comanditário seja constituído procurador da</p><p>sociedade para negócio determinado (mandatário ad hoc) e com poderes</p><p>especiais, não se tornando, portanto, administrador. O contrato pode impor-lhes</p><p>outras restrições desde que não elimine ou restrinja direitos políticos essenciais</p><p>derivados da titularidade das quotas.</p><p></p><p>Atenção!</p><p>O comanditário que, ultrapassando a proibição legal, negociar em nome da</p><p>sociedade com terceiros ou fizer constar seu nome na firma social responderá</p><p>ilimitadamente pelas obrigações sociais.</p><p>Outra característica da sociedade em comandita simples diz respeito à</p><p>resolução da sociedade em relação ao sócio comanditário e ao comanditado por</p><p>morte. Para cada um existe uma solução distinta.</p><p>No caso de morte de sócio comanditado, não há</p><p>regra especí�ca na disciplina da sociedade.</p><p>A norma da sociedade simples que trata de resolução da sociedade por morte</p><p>de sócio (art. 1.028) precisa ser aplicada subsidiariamente, ou seja, há a</p><p>liquidação da quota em favor dos sucessores, podendo o contrato dispor de</p><p>modo diverso. Por sua vez, no caso de morte de sócio comanditário, a</p><p>sociedade, salvo disposição do contrato, continuará com seus sucessores, que</p><p>designarão quem os represente (art. 1.050).</p><p>Por fim, o art. 1.051 dispõe que as causas de dissolução de pleno direito da</p><p>sociedade em comandita simples são as mesmas da sociedade em nome</p><p>coletivo (art. 1.044), havendo o acréscimo da hipótese de ausência de</p><p>recomposição após o decurso de mais de 180 dias de uma das categorias de</p><p>sócio. Sobre tal situação, é preciso fazer alguns breves comentários.</p><p>Apesar de a presença dos sócios de natureza distinta – comanditário e</p><p>comanditado – se mostrar essencial à sociedade em comandita simples, o</p><p>legislador admite, em homenagem ao princípio da preservação da sociedade e</p><p>da atividade por ela desempenhada, a ausência temporária de um deles. Durante</p><p>o período legal (180 dias), caso a sociedade se mantenha apenas com sócios</p><p>comanditários, os sócios precisam nomear um administrador provisório,</p><p>vedando-lhes a lei o exercício da administração da sociedade, sob pena de</p><p>responderem ilimitadamente pelas obrigações sociais</p><p>Após o decurso de tal período, caso não se supra a ausência, considera-se</p><p>dissolvida a sociedade de pleno direito. O administrador provisório não assumirá</p><p>a condição de sócio, isto é, não responderá ilimitada e subsidiariamente pelas</p><p>obrigações sociais pretéritas, bem como por aquelas contraídas até o ingresso</p><p>de novo sócio comanditado.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Levando em consideração as características, a conceituação e os elementos</p><p>da sociedade em nome coletivo, marque a alternativa correta.</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>O art. 1.044 dispõe que as causas de dissolução de pleno direito da</p><p>sociedade em nome coletivo serão as mesmas da sociedade simples (art.</p><p>A</p><p>A espécie societária remonta às sociedades familiares</p><p>existentes na Idade Moderna.</p><p>B</p><p>Além da regulação própria, o art. 1.040 determina a aplicação</p><p>supletiva das disposições referentes à sociedade cooperativa.</p><p>C</p><p>Qualquer pessoa, e não apenas os sócios, pode ser um</p><p>administrador (art. 1.042).</p><p>D</p><p>O administrador só poderá praticar todos os atos necessários</p><p>à realização do objeto da sociedade quando poderes</p><p>especiais lhe forem outorgados.</p><p>E</p><p>Caso não seja sociedade empresária, ocorrerá a dissolução</p><p>pela declaração de insolvência.</p><p>1.033), havendo o acréscimo da hipótese de declaração de falência se a</p><p>sociedade for empresária (art. 1.052 do CPC/2015 c/c art. 786 do</p><p>CPC/1973). Não possuindo tal natureza, a dissolução será por declaração de</p><p>insolvência.</p><p>Questão 2</p><p>Uma sociedade em comandita simples é formada por quatro pessoas</p><p>naturais: Patrocínio Araguari e Esmeralda Passos são os sócios</p><p>comanditados; Leopoldina Formiga e Mateus Espinosa, os sócios</p><p>comanditários. De acordo com a regra legal de formação tanto da firma como</p><p>dessa sociedade, aponte a única alternativa que indica corretamente um</p><p>exemplo da firma.</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>Com base no art. 1.157 do CC, a opção A está correta, pois contém o</p><p>patronímico de sócio comanditado (Passos) e o aditivo (& Companhia) de</p><p>forma abreviada. As demais alternativas estão erradas por não observarem</p><p>as regras do art. 1.057.</p><p>A Passos & Cia.</p><p>B Formiga & Cia.</p><p>C Araguari, Passos, Formiga, Espinosa.</p><p>D Passos, Espinosa & Cia.</p><p>E Araguari, Passos, Espinosa.</p><p>3 - Sociedades cooperativas</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de</p><p>identi�car as características da</p><p>sociedade cooperativa.</p><p>Origem das cooperativas e</p><p>princípios do</p><p>cooperativismo</p><p>O que são cooperativas?</p><p>Entenda o que são as cooperativas e o que deu origem a este conceito.</p><p></p><p>A sociedade cooperativa regula-se pelos arts. 1.093 a 1.096 do Código Civil (CC)</p><p>em conjunto com a Lei nº 5.764/1971, que disciplina a constituição, o</p><p>funcionamento e a dissolução dela. Os arts. 3º e 4º dessa lei apresentam a</p><p>cooperativa como sociedade de natureza civil (atualmente, a natureza é simples)</p><p>com forma e regime jurídico próprios, sem fins lucrativos e não sujeita à falência,</p><p>ainda que ela exerça atividade empresária. Desse modo, a razão para o</p><p>tratamento diferenciado decorre da lei especial de cooperativas.</p><p>Embora a Lei de Cooperativas afirme que a cooperativa é uma sociedade “sem</p><p>fins lucrativos”, tal característica foi afastada pelo CC. Sendo assim:</p><p> Se a sociedade cooperativa mantivesse a finalidade</p><p>puramente assistencial aos cooperados, ou seja, fosse uma</p><p>“sociedade sem fins lucrativos”, não se regularia pelo livro</p><p>referente ao direito de empresa, e sim pela parte geral, em</p><p>que estão disciplinadas as associações (arts. 53-61).</p><p> Ao se referir à cooperativa, a lei sempre a identifica como</p><p>sociedade; como tal, os sócios almejam o lucro proveniente</p><p>da atividade econômica explorada, havendo a partilha entre</p><p>si dos resultados (art. 981).</p><p>A origem das cooperativas tem relação com o aparecimento, no século XIX, do</p><p>movimento cooperativista. O cooperativismo foi uma reação de trabalhadores da</p><p>indústria têxtil inglesa contra as péssimas condições de trabalho e</p><p>remuneratórias a que eles estavam sujeitos – em parte, advindas do êxodo rural</p><p>e da grande oferta de mão de obra.</p><p>No ano de 1844, na localidade de Rochdale, em Manchester, no interior da</p><p>Inglaterra, 28 tecelões decidiram unir suas parcas economias a fim de constituir</p><p>uma sociedade denominada Sociedade dos Pioneiros Probos de Rochdale, que</p><p>se dedicaria à compra e à venda de artigos adquiridos por eles. O diferencial dela</p><p>era a preocupação dos fundadores em não reproduzir internamente as mesmas</p><p>características do modelo societário da época (e até hoje vigente em sua quase</p><p>totalidade), no qual o maior investidor tem o poder de controlar a sociedade,</p><p>enquanto os demais sócios ficam subordinados ao seu poder decisório.</p><p>Na elaboração dos estatutos da Sociedade dos Pioneiros Probos de Rochdale,</p><p>estavam presentes valores, como honestidade, solidariedade, ajuda mútua,</p><p>responsabilidade, democracia, igualdade e equidade. Tais valores passaram a</p><p>ser a base para a elaboração dos princípios do cooperativismo:</p><p> A ressalva do art. 1.093 à legislação especial não pode levar</p><p>à evidente incompatibilidade de vários dispositivos do CC</p><p>com a legislação especial.</p><p> Entre as características da sociedade cooperativa arroladas</p><p>no art. 1.094, situa-se a distribuição dos resultados entre os</p><p>cooperados em proporção ao valor das operações</p><p>efetuadas por eles com a sociedade (inciso VII).</p><p> Assim, a cooperativa é uma pessoa jurídica de direito</p><p>privado da espécie sociedade, e não da espécie associação.</p><p>Adesão livre</p><p>Controle democrático</p><p>Distribuição do</p><p>excedente na</p><p>proporção das</p><p>operações</p><p>Pagamento de juros</p><p>limitados ao capital</p><p>Neutralidade política</p><p>e religiosa</p><p>Vendas a dinheiro e à</p><p>vista</p><p>Fomento da educação</p><p>Apenas os três primeiros itens foram incorporados ao direito cooperativo</p><p>brasileiro como características das sociedades cooperativas. A despeito dessa</p><p>omissão, em 2012, a Lei nº 12.690, que dispõe sobre a organização e o</p><p>funcionamento das cooperativas de trabalho, incorporou em seu art. 3º todos os</p><p>atuais princípios do cooperativismo.</p><p>Desse modo, a Lei nº 12.690/2012 fez os seguintes acréscimos:</p><p>A preservação dos direitos sociais, do valor social do trabalho e da livre</p><p>iniciativa.</p><p>A não precarização do trabalho.</p><p>O respeito às decisões da assembleia.</p><p>A participação na gestão em todos os níveis de decisão de acordo com</p><p>o previsto em lei e estatuto.</p><p>As cooperativas e a</p><p>legislação brasileira</p><p>Características das sociedades</p><p>cooperativas</p><p>Confira detalhes sobre as características das sociedades cooperativas no direito</p><p>brasileiro.</p><p></p><p>Os arts. 1.093 e 1.096 apontam uma hierarquia entre as disposições do Capítulo</p><p>VII do Subtítulo II, dedicado à sociedade cooperativa em relação à lei especial, e</p><p>as disposições situadas em outros Capítulos, Títulos ou Livros do Código Civil</p><p>(CC). O primeiro determina que a sociedade cooperativa se rege pelo capítulo</p><p>próprio, mas resguarda a legislação especial quando o CC é omisso no mesmo</p><p>capítulo.</p><p>Desse modo, o CC não revoga a legislação especial, mas a complementa, já que</p><p>a sociedade “reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo” (LEI nº 10.406,</p><p>2002). Em aditamento, o art. 1.096 determina a aplicação das disposições da</p><p>sociedade do tipo simples às cooperativas apenas em caso de omissão da Lei</p><p>nº 5.764/1971, ou seja, supletivamente. As características do art. 1.094, com</p><p>isso, ficam preservadas.</p><p>Descreveremos a seguir as características trazidas pelo art. 1.094:</p><p>O dispositivo modificou parcialmente o art. 4º, II, da Lei nº 5.764/1971.</p><p>Ele não autoriza a constituição de cooperativa sem capital, apenas com</p><p>capital mínimo e variável. Já a lei de 1971 admite tanto o capital variável</p><p>quanto a ausência dele.</p><p>A falta de menção na lei especial à dispensa do capital deve ser</p><p>interpretada como uma lacuna a ser preenchida pelo CCl.</p><p>Enquanto as demais sociedades devem ter obrigatoriamente o capital</p><p>fixo (indicado pelo seu valor em moeda nacional no contrato e</p><p>modificável em condições restritas sempre com alteração do ato</p><p>constitutivo), a cooperativa precisa informar no estatuto o “capital</p><p>mínimo” (art. 21, III), de modo que, resguardado o capital mínimo, o</p><p>ingresso ou a retirada de cooperados não torna obrigatória a alteração do</p><p>estatuto.</p><p>Se os sócios optarem pela dispensa de capital, a responsabilidade será</p><p>ilimitada (art. 1.095, §2º). A responsabilidade limitada está vinculada ao</p><p>valor das quotas-partes (fração do capital), que é inexistente nesse caso.</p><p>I - Variabilidade ou dispensa do capital social </p><p>Um dos princípios do cooperativismo é a adesão livre ou a não limitação</p><p>ao número de sócios. Contudo, o CC estabelece, de modo genérico, a</p><p>necessidade de um mínimo, sem precisar qual seria, dizendo apenas que</p><p>é o “necessário a compor administração da sociedade”.</p><p>Essa lacuna é suprida pelo art. 6º da Lei nº 5.764/1971, que adotou os</p><p>seguintes quantitativos: 20 pessoas naturais nas cooperativas singulares,</p><p>3 cooperativas singulares nas centrais e federações de cooperativas e 3</p><p>federações ou centrais de cooperativas nas confederações de</p><p>cooperativas.</p><p>Em consonância com a natureza de sociedade de pessoas, a vedação ao</p><p>sócio de subscrever a quantidade de quotas que bem entender configura</p><p>uma característica da cooperativa. Para as cooperativas que se</p><p>constituem com capital, a lei estabelece tanto um limite em relação à</p><p>quantidade quanto ao valor.</p><p>Com tal expediente, além da fixação de um mínimo de 20 sócios, não se</p><p>pode caracterizar as cooperativas como sociedades de fachada,</p><p>alcunhadas dessa forma pela presença de mais de 1 sócio. Porém, na</p><p>prática, elas são unipessoais, pois a quase totalidade do capital pertence</p><p>a uma única pessoa – e, por conseguinte, ela controla a sociedade com o</p><p>peso de seu voto.</p><p>Caso a cooperativa tenha capital, os sócios poderão optar entre a</p><p>responsabilidade ilimitada ou limitada. A responsabilidade limitada tem</p><p>como referencial o valor de suas quotas e o prejuízo verificado nas</p><p>operações sociais, uma vez guardada a proporção de sua participação</p><p>nas mesmas operações (art. 1.095, §1º).</p><p>II - Concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a</p><p>administração da sociedade, sem limitação de número máximo </p><p>III - Limitação do valor da soma de quotas do capital social que</p><p>cada sócio poderá tomar </p><p>IV - Intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos</p><p>à sociedade,</p><p>ainda que por herança </p><p>Nas sociedades cooperativas, vigora a regra mais restritiva quanto à</p><p>cessão de quotas no direito societário, ou seja, não é permitida a</p><p>transferência dela a quem não faça parte da sociedade, mesmo que seja</p><p>um sucessor causa mortis do sócio. Trata-se da adoção em grau máximo</p><p>do caráter intuitu personae e do aspecto ímpar de uma sociedade em que</p><p>a figura do sócio é tão importante, porque, mesmo que a unanimidade</p><p>dos sócios consinta, nem assim o legislador permite o ingresso de um</p><p>terceiro.</p><p>Tampouco é permitido regular a cessão das quotas-partes no estatuto,</p><p>pois essa é uma característica do tipo cooperativa e não pode ser</p><p>afastada. A intransferibilidade das quotas não implica fechar a</p><p>cooperativa ao ingresso de novos membros. Pelo contrário: a adesão é</p><p>livre e ilimitada, embora o sócio só possa ingressar por subscrição de</p><p>quotas ou por sua transmissão a outro sócio, sem envolver estranhos.</p><p>Enquanto nas demais sociedades tanto o quórum de instalação quanto o</p><p>de deliberação são fixados em função do valor da quota ou das ações</p><p>com direito a voto, nas cooperativas vigora uma igualdade formal entres</p><p>os sócios típica de sociedades constituídas com intuitu personae.</p><p>A cooperativa é o tipo societário no qual as decisões podem ter a alcunha</p><p>de democráticas, já que serão tomadas por maioria de pessoas e de</p><p>votos. Isso só é possível pelo sistema do voto por cabeça, e não pelo</p><p>valor da quota-parte. Tal regra está em perfeita consonância com o</p><p>“controle democrático” (princípio clássico do cooperativismo).</p><p>Os quóruns de instalação e deliberação são fixados na Lei nº 5.764/1971.</p><p>Entretanto, existem matérias importantes, como a reforma do estatuto ou</p><p>a mudança do objeto, que não podem ser aprovadas pelo quórum de</p><p>maioria de votos dos presentes, exigindo um quórum qualificado de dois</p><p>terços dos votos dos presentes (art. 46).</p><p>V - Quórum para a assembleia geral funcionar e deliberar fundado</p><p>no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social</p><p>representado</p><p></p><p>Em decorrência do princípio cooperativo do controle democrático, o voto</p><p>é singular. Como a aferição do quórum nas votações é sempre por</p><p>cabeça, e não em relação ao total do capital ou ao valor da quota-parte, o</p><p>voto nas referidas deliberações também segue a mesma regra, ou seja, é</p><p>computado por cabeça, sendo vedado tanto o voto plural (atribuir mais de</p><p>um voto ao mesmo associado) quanto a utilização do valor da quota-</p><p>parte como parâmetro (art. 42 da Lei nº 5.764/1971).</p><p>A vontade deve ser coletiva, mas o voto é sempre singular. É na</p><p>cooperativa que, em toda a sua plenitude, se concretiza o princípio</p><p>majoritário das deliberações, isto é, os sócios ausentes, os dissidentes e</p><p>os que abstiveram ficam vinculados a elas, pois eles são, de fato,</p><p>minoritários no quadro social, e não porque suas quotas-partes</p><p>representam uma parcela menor do capital.</p><p>Não se aplica às cooperativas a seguinte disposição do art. 1.007 do CC:</p><p>o sócio participa dos lucros e das perdas na proporção das respectivas</p><p>quotas, salvo estipulação em contrário. Tal exceção se justifica em razão</p><p>de uma das “regras de ouro” do cooperativismo, ou seja, o 3º princípio,</p><p>segundo o qual o excedente é distribuído na proporção das operações de</p><p>cada cooperado. Com isso, o critério é o valor das operações efetuadas</p><p>pelo associado.</p><p>O objetivo dessa regra é estimular o trabalho em prol da coletividade e</p><p>recompensar aqueles que tiveram a melhor produtividade nas</p><p>negociações com a cooperativa, ficando excluídas aquelas efetuadas</p><p>com terceiros. Também é possível atribuir um juro fixo de até 12% ao ano</p><p>ao capital realizado, ou seja, ao valor integralizado das quotas-partes de</p><p>cada integrante (art. 24, §3º, da Lei nº 5.764/1971).</p><p>VI - Direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou</p><p>não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua</p><p>participação</p><p></p><p>VII - Distribuição dos resultados proporcionalmente ao valor das</p><p>operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser</p><p>atribuído um juro fixo ao capital realizado</p><p></p><p>Destinado a compensar perdas e atender ao desenvolvimento das</p><p>atividades da cooperativa, o fundo de reserva é um elemento obrigatório</p><p>do seu patrimônio. A Lei nº 5.764/1971 também prevê o fundo de</p><p>assistência técnica, educacional e social, cuja finalidade é prestar</p><p>assistência a associados e familiares, podendo ser estendido aos</p><p>empregados se assim dispuser o estatuto (em linha com o art. 4º, X).</p><p>Outros fundos estatutários podem ser criados por autorização do art. 28,</p><p>§1º, da Lei nº 5.764/1971. Contudo, caberá à assembleia geral deliberar</p><p>quais serão os recursos destinados à formação, à finalidade e à</p><p>aplicação dos recursos e da liquidação.</p><p>O fundo de reserva é formado por, no mínimo, 10% das sobras líquidas do</p><p>exercício. Desse modo, a cooperativa deve reservar os recursos para ele</p><p>antes de efetuar a distribuição de participações nos resultados, inclusive</p><p>em razão de sua indivisibilidade.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Um dos princípios do cooperativismo é a adesão livre e voluntária dos</p><p>membros. Entretanto, a Lei de Cooperativas estabelece números mínimos de</p><p>acordo com a categoria de cooperativa. Indique a única alternativa correta.</p><p>VIII - Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda</p><p>que em caso de dissolução da sociedade </p><p>A</p><p>Mínimo de 10 pessoas físicas nas cooperativas singulares,</p><p>mínimo de 2 cooperativas singulares nas cooperativas</p><p>centrais ou federações de cooperativas e mínimo de 2</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A alternativa D, segundo o art. 6º da Lei nº 5.764/1971, dispõe corretamente</p><p>sobre os números mínimos de acordo com a categoria da cooperativa.</p><p>Questão 2</p><p>federações de cooperativas ou cooperativas centrais nas</p><p>confederações de cooperativas.</p><p>B</p><p>Mínimo de 50 pessoas físicas nas cooperativas singulares,</p><p>mínimo de 15 cooperativas singulares nas cooperativas</p><p>centrais ou federações de cooperativas e mínimo de 15</p><p>federações de cooperativas ou cooperativas centrais nas</p><p>confederações de cooperativas.</p><p>C</p><p>Mínimo de 15 pessoas físicas nas cooperativas singulares,</p><p>mínimo de 5 cooperativas singulares nas cooperativas</p><p>centrais ou federações de cooperativas e mínimo de 5</p><p>federações de cooperativas ou cooperativas centrais nas</p><p>confederações de cooperativas.</p><p>D</p><p>Mínimo de 20 pessoas físicas nas cooperativas singulares,</p><p>mínimo de 3 cooperativas singulares nas cooperativas</p><p>centrais ou federações de cooperativas e mínimo de 3</p><p>federações de cooperativas ou cooperativas centrais nas</p><p>confederações de cooperativas.</p><p>E</p><p>Mínimo de 100 pessoas físicas nas cooperativas singulares,</p><p>mínimo de 10 cooperativas singulares nas cooperativas</p><p>centrais ou federações de cooperativas e mínimo de 10</p><p>federações de cooperativas ou cooperativas centrais nas</p><p>confederações de cooperativas.</p><p>Além de tipo societário, a cooperativa reflete os princípios do movimento</p><p>cooperativista surgido no século XIX e cristalizado nos estatutos da</p><p>sociedade de homens probos de Rochdale. Das alternativas abaixo, assinale</p><p>a única que contém corretamente alguns desses princípios.</p><p>Parabéns! A alternativa C está correta.</p><p>O ponto fulcral da criação Sociedade dos Pioneiros Probos de Rochdale foi a</p><p>preocupação em distanciar-se do modelo societário típico da época,</p><p>construindo um tipo societário calcado em diversos valores, os quais, com o</p><p>tempo, transformaram-se nos próprios princípios do cooperativismo: adesão</p><p>livre, controle democrático, distribuição do excedente na proporção das</p><p>operações, pagamento de juros limitados ao capital, neutralidade política e</p><p>religiosa, vendas a dinheiro e à vista e fomento da educação.</p><p>A Adesão livre, intangibilidade do capital, fomento da educação.</p><p>B</p><p>Distribuição do excedente na proporção das operações, voto</p><p>plural, adesão livre.</p><p>C</p><p>Venda a dinheiro e à vista, neutralidade política e religiosa,</p><p>fomento da educação.</p><p>D</p><p>Boa-fé objetiva, controle democrático, pagamento de</p>

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