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<p>1</p><p>DIREITOS AUTORAIS</p><p>Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os</p><p>direitos sobre ele estão reservados.</p><p>Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar</p><p>e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou</p><p>quaisquer veículos de distribuição e mídia.</p><p>Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações</p><p>legais.</p><p>2</p><p>Introdução aos Delineamentos Experimentais de Sujeito Único</p><p>Luis Humbert</p><p>Introdução</p><p>O estudo científico do comportamento humano é o objetivo principal da</p><p>Análise do Comportamento. O comportamento, como objeto de estudo,</p><p>estabelece diversos desafios ao campo da Análise do Comportamento devido à</p><p>complexidade de fatores que podem estar relacionados ao estabelecimento e</p><p>manutenção dos mais variados repertórios comportamentais.</p><p>Estabelecer uma relação causal entre os eventos ambientais e</p><p>comportamentais exige grande esforço dos cientistas. O tema principal deste</p><p>capítulo é sobre o planejamento necessário durante a condução de</p><p>experimentos para garantir a identificação da relação causal entre os eventos</p><p>investigados. Sendo assim, o termo Delineamento Experimental é utilizado</p><p>para descrever o processo de planejamento das etapas de um experimento.</p><p>É necessária a apresentação de alguns conceitos para realizar uma</p><p>compreensão abrangente deste tema. O primeiro conceito é o de “variável”,</p><p>definido como qualquer evento, situação, comportamento ou característica que</p><p>varia do indivíduo, portanto, tudo que seja sensível à alteração é definida como</p><p>variável (Cozby & Bates, 2015). Cada variável, durante a realização de um</p><p>experimento, recebe uma classificação distinta. Uma das principais variáveis</p><p>classificadas é denominada de variável dependente (VD), usualmente descrita</p><p>na literatura analítico comportamental como a classe de respostas na qual ao</p><p>menos uma das dimensões é mensurada ao longo do tempo. Esta é a variável</p><p>em que o pesquisador tem como objetivo observar os efeitos das manipulações</p><p>realizadas no experimento. Ela, portanto, depende de alguma alteração do</p><p>ambiente para ser modificada.</p><p>Sempre que esse conceito for abordado, tratar-se-á da questão “O que</p><p>eu quero compreender que depende de uma mudança no ambiente para</p><p>acontecer ou para modificar alguma das suas dimensões?”. Abaixo, no Quadro</p><p>1, estão definidas algumas dimensões do comportamento que podem ser</p><p>mensuradas como variáveis dependentes.</p><p>3</p><p>Quadro 1. Dimensões do Comportamento</p><p>Dimensão Definição</p><p>Latência da resposta</p><p>Tempo transcorrido entre a</p><p>apresentação do estímulo e a</p><p>ocorrência da resposta.</p><p>Duração</p><p>Tempo total de ocorrência de uma</p><p>resposta e/ou respostas durante um</p><p>período de observação.</p><p>Frequência/Taxa</p><p>Total de ocorrências de respostas</p><p>dividido pelo tempo observado</p><p>Topografia</p><p>Forma física, observável, do</p><p>comportamento.</p><p>Intervalo entre Respostas</p><p>Tempo transcorrido entre as</p><p>respostas.</p><p>Outra classificação central é o conceito de Variável Independente (VI),</p><p>definida como um evento ambiental cuja presença ou ausência é manipulada</p><p>pelo pesquisador, com o objetivo de analisar os efeitos sobre a variável</p><p>dependente. Relaciona-se com as mudanças ambientais planejadas pelo</p><p>experimentador ou, no caso de pesquisas na Análise do Comportamento</p><p>Aplicada, com as intervenções realizadas. Os pesquisadores têm como</p><p>principal interesse identificar qual a influência da variável independente na</p><p>variável dependente.</p><p>Observar os efeitos da introdução da VI sobre a VD é essencial para a</p><p>conclusão dos estudos. No entanto, para identificar estas influências, outro</p><p>papel do pesquisador relaciona-se ao controle de outros eventos ambientais</p><p>que também podem exercer influência sobre a VD. Esses eventos,</p><p>denominamos de variáveis estranhas ou variáveis intervenientes, que são</p><p>tecnicamente definidos como eventos ambientais que não são do interesse do</p><p>pesquisador, mas podem influenciar o comportamento do participante de modo</p><p>a mascarar os efeitos da variável independente manipulada.</p><p>4</p><p>O controle das variáveis estranhas garante o que é denominado de</p><p>validade interna do experimento, caracterizada pela validação da atribuição da</p><p>relação causal das mudanças na variável dependente à variável independente.</p><p>Quanto maior a validade interna do experimento, maior a confiabilidade nos</p><p>seus resultados, pois é possível determinar que foi realmente a VI responsável</p><p>pelas mudanças observadas sobre a VD. Perone & Hursh (2013) descrevem as</p><p>principais ameaças à validade interna de um experimento como a) história, b)</p><p>maturação, c) testagem e d) instrumentalização.</p><p>A. História, no contexto da experimentação, refere-se à influência de</p><p>fatores externos ao contexto experimental que podem influenciar a variável</p><p>dependente. Em um exemplo de estratégias para redução no consumo de</p><p>bebida alcoólica em mulheres, vamos imaginar que, quando iniciou a</p><p>intervenção, ocorreu também uma greve dos caminhoneiros que reduziu o</p><p>abastecimento de cerveja na cidade e isso pode ter influenciado os dados</p><p>relacionados ao consumo, pois estava em falta nos mercados e bares.</p><p>B. Maturação envolve as questões relacionadas a passagem de tempo e</p><p>mudanças caracteristicamente desenvolvimentais, como idade, marcos sociais</p><p>e cognitivos. Estas variáveis podem envolver processos mais situacionais e</p><p>característicos de etapas do desenvolvimento. Portanto, tais fatores devem ser</p><p>considerados na escolha dos participantes e na confiabilidade dos achados da</p><p>pesquisa.</p><p>C. Testagem refere-se a exposição repetida aos instrumentos avaliativos</p><p>pode afetar o comportamento. No caso, participantes que ao longo do</p><p>experimento serão entrevistados ou responderão escalas diversas vezes</p><p>podem apresentar respostas repetitivas, dificultando a sensibilidade aos efeitos</p><p>da intervenção realizada.</p><p>D. Instrumentalização refere-se a perda de confiabilidade nos dados devido</p><p>a vícios adquiridos no processo de coleta pelos mecanismos utilizados. Isto</p><p>pode ocorrer no uso de instrumentos mecânicos pela falta de manutenção ao</p><p>longo do experimento ou no caso de coleta feita por observadores humanos</p><p>treinados. Uma perda da consistência da coleta pode ocorrer caso não seja</p><p>5</p><p>feita periodicamente uma concordância entre os observadores em relação ao</p><p>que está sendo observado e mensurado.</p><p>Essas principais ameaças à validade interna de um experimento são</p><p>minimizadas com o planejamento adequado das fases do experimento e na</p><p>ordem de apresentação e, quando apropriado, remoção da Variável</p><p>Independente. A organização das fases será abordada em fase posterior deste</p><p>texto, sendo caracterizada a adequabilidade de cada decisão nos</p><p>delineamentos experimentais de sujeito único. Primeiro, foram</p><p>apresentadas e caracterizadas as mudanças que ocorrem ao longo do</p><p>experimento, denominado de fases experimentais, sendo elas: a) Linha de</p><p>Base b) Condição Experimental e/ou intervenção e c) Follow-Up.</p><p>Linha de Base (LB)</p><p>A condição de linha de base, também denominada na literatura como</p><p>fase A ou pré-intervenção, caracteriza-se pela coleta sistemática da variável</p><p>dependente na ausência da variável independente. Ou seja, será a medida</p><p>comparativa de mudanças estabelecidas pela manipulação do pesquisador.</p><p>A coleta de dados realizada nesta fase é crucial na determinação da</p><p>confiabilidade dos dados no período da intervenção. No gráfico 1. está uma</p><p>coleta de linha de base na qual há uma tendência estável, isto quer dizer que</p><p>há pouca variabilidade nos dados e sem mudança nos níveis dos dados. Em</p><p>outras palavras, os pontos de dados estão sempre na mesma média, indicando</p><p>estabilidade. Esse padrão é o esperado para o início de uma intervenção</p><p>comportamental, pois demonstra que não há variáveis estranhas influenciando</p><p>a tendência dos dados.</p><p>Gráfico 1: Linha de Base</p><p>6</p><p>No Gráfico 2 temos uma linha de base com muita variabilidade,</p><p>indicando que possivelmente há variáveis não controladas influenciando o</p><p>comportamento alvo investigado. Em geral, recomenda-se uma investigação</p><p>para o controle destas variáveis e, na ausência deste controle, a confiabilidade</p><p>nos achados pode ser questionada.</p><p>Gráfico 2. Linha de Base com alta variabilidade</p><p>Se o objetivo da pesquisa é reduzir o comportamento, durante a linha de</p><p>base espera-se que, antes de iniciar a intervenção, os dados estejam em uma</p><p>tendência em níveis maiores que 0 e uma tendência que seja oposta aos</p><p>resultados esperados na intervenção. No caso do Gráfico 3., que demonstra</p><p>uma tendência descendente, pode-se considerar que uma intervenção com</p><p>este padrão poderá sofrer críticas de baixa validade interna pois já havia</p><p>fatores não controlados influenciando o comportamento aos níveis esperados</p><p>com a intervenção.</p><p>Gráfico 3. Linha de Base com tendência descendente</p><p>7</p><p>Análise de Dados</p><p>Tendência ascendente: um padrão dos dados que demonstra uma</p><p>tendência crescente nas respostas mensuradas</p><p>Tendência descendente: um padrão dos dados que demonstra uma</p><p>tendência decrescente nas respostas mensuradas</p><p>Variabilidade: um padrão dos dados que demonstra uma tendência irregular,</p><p>podendo ser classificada como alta, baixa ou ausente.</p><p>Condição Experimental</p><p>A fase denominada de condição experimental relaciona-se à introdução</p><p>da variável independente. Também denominado, nas pesquisas, de Fase B ou</p><p>fase de intervenção.</p><p>Nesta fase realiza-se um comparativo dos resultados com o período de</p><p>Linha de Base. O gráfico 4. exemplifica o resultado hipotético, com a</p><p>introdução da VI, no qual há uma redução dos comportamentos inapropriados</p><p>investigados. Em geral, nas pesquisas de sujeito único, a introdução e/ou</p><p>remoção da VI é demarcada por uma linha na vertical denominada linha de</p><p>mudança de fase. O processo de inspeção visual comparando os níveis e</p><p>tendência dos dados com o início da intervenção ao período pós-intervenção é</p><p>o padrão ouro de análise das pesquisas em Análise do Comportamento</p><p>Aplicada.</p><p>Gráfico 4. Introdução da Variável independente</p><p>8</p><p>No gráfico 5. exemplifica a tendência esperada caso a condição</p><p>experimental não tivesse sido iniciada ou caso a intervenção manipulada não</p><p>tivesse apresentado influências sobre a variável dependente.</p><p>Gráfico 5. Expectativa da tendência da linha de base</p><p>Follow-Up</p><p>A fase de follow-up é caracterizada pelo acompanhamento dos efeitos</p><p>da intervenção após o fim do experimento. Pesquisas que apresentam medidas</p><p>de follow-up fornecem boa previsibilidade aos clínicos que consomem as</p><p>pesquisas do que é usual em médio e longo prazo como efeito da intervenção</p><p>realizada.</p><p>Delineamento Experimental de Sujeito Único</p><p>Os delineamentos experimentais de sujeito único são caracterizados e</p><p>definidos como a mensuração sistemática e repetitiva de comportamentos de</p><p>um único organismo, que é comparado entre fases experimentais.</p><p>Considera-se que um dos maiores potenciais dos delineamentos de sujeito</p><p>único é a possibilidade de estabelecer um alto controle sobre as variáveis que</p><p>influenciam o comportamento investigado e sua flexibilidade para</p><p>estabelecimento do controle experimental em um processo de análise</p><p>momento-a-momento.</p><p>9</p><p>Abaixo, está descrita uma variedade de delineamentos amplamente</p><p>utilizados e estudados na Análise do Comportamento Aplicada e uma breve</p><p>caracterização das principais potencialidades e fraquezas de cada</p><p>delineamento em relação a fatores que podem ameaçar sua validade interna.</p><p>As informações descritas foram baseadas nos textos de Perone & Hursh</p><p>(2013), Green, Johnston & Pennypacker (2019) e Bates & Cozby (2015).</p><p>Intervention-Only Design</p><p>O Intervention-Only Design caracteriza-se como um delineamento que</p><p>envolve a mensuração repetitiva dos dados ao longo do tempo. É um</p><p>procedimento muito utilizado principalmente em contextos nos quais uma</p><p>coleta de linha de base pode ser considerada uma decisão antiética. Os dados</p><p>coletados nas sessões iniciais servem como um período comparativo à</p><p>tendência posterior dos dados. Perone & Hursh (2013) descrevem que o</p><p>processo de ascendência, descendência ou variabilidade dos dados servem</p><p>como evidência das relações entre VI e VD. Na figura abaixo está representado</p><p>como usualmente são apresentados os dados desta intervenção. Trata-se de</p><p>um delineamento com muitos fatores que ameaçam a sua validade interna,</p><p>principalmente devido à ausência de um período de linha de base. No exemplo</p><p>abaixo, fatores maturacionais ou históricos podem ser levantados como</p><p>explicativos da mudança do padrão comportamental.</p><p>Gráfico 6. Intervention-Only Design</p><p>10</p><p>Delineamento AB</p><p>O Delineamento AB apresenta características de maior validade interna</p><p>do que o Intervention-Only Design, pois apresenta uma fase pré-intervenção</p><p>de coleta de dados (uma fase de linha de base). Denomina-se delineamento</p><p>AB, pois o período de coleta de linha de base é também denominado de fase A</p><p>e o período intervenção de fase B.</p><p>Deste modo, uma característica central deste delineamento é a coleta</p><p>sistemática do comportamento alvo de estudo na ausência da variável</p><p>independente. A relação causal entre a intervenção e a mudança no</p><p>comportamento alvo é estabelecida pela mudança justaposta à introdução da</p><p>variável independente quando comparado ao padrão comportamental antes de</p><p>sua introdução. Quanto mais distante for a mudança nos níveis dos dados após</p><p>a introdução da variável independente, maiores os riscos de que fatores que</p><p>ameaçam sua validade interna estejam presentes.</p><p>Quanto maior for a coleta do período de linha de base e sua</p><p>estabilidade, maior o controle de fatores que ameaçam sua validade interna.</p><p>Entretanto, isso pode ser antiético em uma série de contextos (ex.</p><p>comportamentos autolesivos, comportamentos essenciais ao autocuidado do</p><p>indivíduo).</p><p>O gráfico 7 abaixo representa os dados que representam</p><p>hipoteticamente um delineamento AB, considerando a redução do</p><p>comportamento com a introdução da variável independente. O gráfico 8</p><p>representa o aumento do comportamento com a introdução da variável</p><p>independente. Já o gráfico 9 representa um delineamento AB no qual a variável</p><p>independente não apresentou influência sobre a variável dependente</p><p>investigada.</p><p>11</p><p>Gráfico 7. Delineamento AB e efeitos da VI</p><p>Gráfico 8. Delineamento AB e efeitos da VI</p><p>Gráfico 8. Delineamento AB e efeitos da VI</p><p>12</p><p>Delineamento ABAB ou Delineamento de Reversão</p><p>O delineamento ABAB é uma extensão do delineamento AB. Tal como</p><p>sugerem as letras em seu nome, trata-se de um planejamento das fases no</p><p>qual a variável independente é removida sucessivas vezes e restabelece-se a</p><p>condição de linha de base. É utilizado em comportamentos que são passíveis</p><p>de restabelecimento ou reversão, como comportamentos inapropriados.</p><p>Esse delineamento aumenta a validade interna do experimento, pois a</p><p>replicação dos resultados é estabelecida com o mesmo sujeito, demonstrando</p><p>alto controle sobre as variáveis estranhas. Observe que na figura do gráfico 9</p><p>há uma replicação dos resultados encontrados na manipulação AB inicial.</p><p>Contudo, para a realização da replicação dos resultados, é necessário</p><p>aguardar os dados na segunda Condição A permanecerem em níveis próximos</p><p>aos da primeira coleta de linha de base.</p><p>Gráfico 9. Delineamento ABAB</p><p>Variações do delineamento ABAB são relacionadas ao que o</p><p>pesquisador deseja mensurar, como, por exemplo, comparação entre</p><p>tratamentos e seus efeitos sobre a variável dependente. Abaixo foram</p><p>exemplificadas algumas modificações ao delineamento de reversão (ABAB).</p><p>Delineamento ABACAC caracteriza-se por uma modificação do</p><p>delineamento ABAB, sendo que há, em fase posterior do experimento, a</p><p>introdução de uma terceira intervenção, simbolizada pela letra C. Nesta</p><p>13</p><p>intervenção há a comparação com sucessivas linhas de base, demonstrando,</p><p>que as mudanças identificadas, tanto na condição B como na condição C, são</p><p>por causa das variáveis independentes manipuladas.</p><p>No gráfico 10 estão apresentados os resultados de um delineamento</p><p>ABACAC. Há, portanto, uma fase na ausência das variáveis independentes em</p><p>que o comportamento ocorre em níveis altos. Hipoteticamente,</p><p>a intervenção</p><p>ocorre com o objetivo de redução deste comportamento alvo, sendo que na</p><p>introdução da condição B o comportamento diminui para metade, e na</p><p>condição C o comportamento ocorre em níveis de zero ou quase zero,</p><p>representando que a condição C teve maior influência sobre a variável</p><p>dependente que a condição B.</p><p>Gráfico 10. Variação do delineamento de Reversão</p><p>Outro exemplo seria uma variação denominada Delineamento ABCB.</p><p>Neste caso, a reversão ocorre com a intervenção B. Em geral, esse</p><p>delineamento pode ser adotado como uma decisão necessária em contextos</p><p>em que eticamente não é possível permanecer com o participante na ausência</p><p>de um tratamento, imagine um contexto de comportamentos de autolesão. Este</p><p>delineamento também mantém sob controle possíveis ameaças à validade</p><p>interna, pois a mudança nos níveis ocorre contingente à mudança das fases e</p><p>os níveis em B são restabelecidos após sua reintrodução (exemplo gráfico 11).</p><p>14</p><p>Gráfico 11. Variação do delineamento de Reversão</p><p>As alternações entre as fases podem ser realizadas de diferentes</p><p>formas, com a introdução de uma terceira (fase D) ou quarta (E) intervenção.</p><p>Não há uma regra específica, exceto a estabilidade do dado, para o</p><p>planejamento destas manipulações.</p><p>Delineamento de Tratamentos Alternados ou Elementos Múltiplos</p><p>Outro delineamento que envolve a comparação entre tratamentos ou</p><p>condições é o Delineamento de Tratamentos Alternados ou Elementos</p><p>Múltiplos. São frequentemente utilizados como sinônimos e referem-se ao</p><p>planejamento de condições experimentais que são intercaladas de modo</p><p>rápido, mensurando suas influências sobre a variável dependente. Rápido,</p><p>neste contexto, é quer dizer dependente do contexto, e o objetivo da pesquisa,</p><p>em alguns casos, pode se relacionar a minutos, horas ou dias (Perone &</p><p>Hursh, 2013; Green, Johnston & Pennypacker, 2019).</p><p>Por exemplo, um pesquisador que quisesse investigar como variável</p><p>dependente o comportamento do aluno permanecer sentado e comparar dois</p><p>diferentes tratamentos, poderia manipular como variável independente se o</p><p>feedback contingente ao aluno permanecer sentado é efetivo como</p><p>Tratamento A em comparação ao Tratamento B, caracterizado por modificar a</p><p>posição do aluno na sala deixando-o mais próximo do quadro e do professor.</p><p>15</p><p>Para isso, realizaria o Tratamento A em alguns dias e o B em outros, de modo</p><p>alternado, medindo o tempo que a criança permaneceria sentada em sala.</p><p>Abaixo, em um resultado hipotético, o gráfico 11 demonstra que o tratamento A</p><p>foi mais efetivo que o B.</p><p>Gráfico 11. Delineamento de Tratamentos Alternados</p><p>Outro contexto de comparação em que se utiliza o Delineamento de</p><p>Tratamentos Alternados pode ser a comparação de duas intervenções sobre</p><p>respostas diferentes. Imagine o contexto que investiga qual de dois tratamentos</p><p>é o mais efetivo no ensino da habilidade de nomear objetos. Pode-se</p><p>implementar a intervenção em dois alvos distintos e investigar em qual deles a</p><p>resposta é estabelecida primeiro. Veja o exemplo abaixo.</p><p>Gráfico 12. Delineamento de Tratamentos Alternados</p><p>16</p><p>É possível considerar que esse delineamento mantém, em algum nível,</p><p>uma reversão dos resultados devido a sua alternação entre os tratamentos,</p><p>sendo um comparativo do outro. Outro contexto no qual o termo “Elementos</p><p>Múltiplos” é mais utilizado é o das pesquisas que envolvem a realização de</p><p>Análises Funcionais Experimentais. No artigo clássico de Iwata, et. al</p><p>(1982/1994), há a manipulação de diferentes contextos alternados de modo</p><p>rápido com intervalo de minutos entre as condições na identificação de qual</p><p>contexto estabelece maior frequência do comportamento investigado. Veja o</p><p>gráfico 13, extraído da pesquisa de Iwata e colaboradores, no qual a condição</p><p>Acadêmica (Academic) demonstra níveis mais altos de problemas de</p><p>comportamento, sendo, possivelmente, o contexto de maior relação causal com</p><p>problema de comportamento.</p><p>Gráfico 13. Análise Funcional Experimental</p><p>Algumas estratégias adicionais são utilizadas para auxiliar os</p><p>participantes a discriminarem as condições experimentais em vigor. Em geral,</p><p>pode-se estabelecer algum estímulo visual que saliente a mudança das</p><p>condições, como um cartão colorido, um som, ou realizar as condições</p><p>experimentais em salas diferentes. Esse tipo de delineamento preserva</p><p>características importantes relacionadas ao aumento da validade interna da</p><p>pesquisa.</p><p>17</p><p>Delineamento de Linha de Bases Múltiplas</p><p>Há comportamentos que não são passíveis de reversão como, por</p><p>exemplo, a aprendizagem de leitura e resolução de problemas matemáticos ou</p><p>um contexto no qual não é ético a remoção da intervenção para analisar seus</p><p>efeitos sobre o comportamento investigado. Para isto, é necessário adotar</p><p>outras estratégias de apresentação das fases experimentais em benefício do</p><p>participante.</p><p>Um modo de evitar os efeitos deletérios destas manipulações é a</p><p>adoção do Delineamento de Linha de Bases Múltiplas. Este delineamento</p><p>consiste na coleta sistemática de condições de linha de base entre diferentes</p><p>participantes, contextos ou habilidades de modo simultâneo (simultâneo, nesse</p><p>contexto, refere-se à proximidade temporal, mas podem envolver minutos,</p><p>horas ou dias).</p><p>Por exemplo, em um Delineamento de Linha de Bases Múltiplas</p><p>entre participantes consiste na coleta de linha de base simultaneamente de</p><p>dois ou mais participantes de uma pesquisa. Após estabelecer estabilidade</p><p>entre as linhas de base, a variável independente é introduzida em um dos</p><p>participantes enquanto os demais permanecem sem intervenção. Após os</p><p>dados se estabilizarem com a introdução da variável independente no</p><p>participante 1, é realizada a introdução da variável independente no</p><p>participante 2 e caso tenha um terceiro participante é realizado desse modo</p><p>sucessivamente. É esperado, nessa manipulação, que antes da introdução da</p><p>variável independente nos participantes 2 e 3, os dados se mantenham</p><p>estáveis na linha de base, portanto servindo de controle às possíveis variáveis</p><p>estranhas que ameacem a validade interna do experimento. O gráfico 14</p><p>representa esse dado entre participantes.</p><p>18</p><p>Gráfico 14. Delineamento de Tratamentos Alternados</p><p>Um único participante pode ter seu comportamento mensurado em</p><p>diferentes contextos e a intervenção realizada em cada contexto analisado,</p><p>descrito como Delineamento de Linha de Bases Múltiplas entre ambientes,</p><p>preservando as mesmas características do delineamento entre participantes. O</p><p>exemplo abaixo caracteriza essas medidas, demonstrando um mesmo</p><p>participante com seu comportamento coletado em 3 ambientes diferentes e a</p><p>intervenção introduzida sucessivamente em cada contexto após a mudança na</p><p>primeira condição.</p><p>19</p><p>Gráfico 15. Delineamento de Tratamentos Alternados</p><p>Por último, outra variação deste delineamento é o Delineamento de</p><p>Linha de Bases Múltiplas entre Estímulos. Uma pesquisa pode avaliar, por</p><p>exemplo, a efetividade de um determinado procedimento no ensino de uma</p><p>habilidade. No gráfico abaixo, imagine que o participante Otavio estava</p><p>aprendendo a nomear diferentes grupos de estímulos, portanto realizou-se uma</p><p>linha de base entre os múltiplos grupos de estímulos e foi analisado se a</p><p>introdução da VI foi a responsável pelas mudanças na VD.</p><p>20</p><p>Gráfico 16. Delineamento de Tratamentos Alternados</p><p>Considerações Finais</p><p>O delineamento de sujeito único é o padrão ouro em pesquisas</p><p>realizadas no campo da Análise do Comportamento Aplicada. Os</p><p>delineamentos descritos representam estratégias úteis há uma variedade de</p><p>desafios que o clínico ou pesquisador podem enfrentar durante a condução de</p><p>intervenções a comportamento socialmente relevante, como: 1)</p><p>irreversibilidade do comportamento, 2) desafios éticos na condução das</p><p>intervenções e investigação da relação funcional, 3) controle de variáveis</p><p>estranhas.</p><p>Essa proposta é passível de críticas em relação a sua validade externa.</p><p>Ou seja, o grau que seus resultados são generalizáveis a outros indivíduos e</p><p>contextos, mas é possível estabelecer</p><p>a validade externa com replicações dos</p><p>21</p><p>experimentos a diferentes participantes, contribuindo, desse modo, ao</p><p>fortalecimento do campo e o desenvolvimento de tecnologias efetivas de</p><p>intervenção.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>COZBY, P. C., BATES, S., KRAGELOH, C., LACHEREZ, P., & VAN ROOY, D.</p><p>(1977). Methods in behavioral research. Houston, TX: Mayfield publishing</p><p>company.</p><p>PERONE, M., & HURSH, D. E. (2013). Single-case experimental designs.</p><p>Johnston, J. M.</p><p>PENNYPACKER, H. S., & GREEN, G. (2019). Strategies and tactics of</p><p>behavioral research and practice. Routledge.</p><p>22</p>

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