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<p>Página | 1</p><p>CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO</p><p>PROJETO SALA DE AULA VIRTUAL</p><p>DISCIPLINA: Direito Penal III</p><p>PROFESSOR: Rafael Piaia</p><p>NOTA DE AULA – 04:</p><p>DOS CRIMES CONTRA A HONRA</p><p>PONTOS INTRODUTÓRIOS</p><p>➔ Nesta ocasião, estudaremos os principais assuntos relacionados com os</p><p>denominados “crimes contra a honra”;</p><p>➔ Três são os crimes contra a honra definidos no Código Penal: calúnia (art. 138),</p><p>difamação (art. 139) e injúria (art. 140). Cada um desses delitos possui um</p><p>significado próprio, razão pela qual não podem ser confundidos entre si.</p><p>1. CONCEITO DE HONRA</p><p>Masson (2018) ensina que “honra é o conjunto de qualidades físicas,</p><p>morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no</p><p>meio social e promovem sua autoestima. É um sentimento natural, inerente</p><p>a todo homem e cuja ofensa produz uma dor psíquica, um abalo moral,</p><p>acompanhados de atos de repulsão ao ofensor. Representa o valor social do</p><p>indivíduo, pois está ligada à sua aceitação ou aversão dentro de um dos círculos</p><p>sociais em que vive, integrando seu patrimônio. Um patrimônio moral que merece</p><p>proteção.”</p><p>Página | 2</p><p>2. ESPÉCIES DE HONRA</p><p>2.1. HONRA OBJETIVA</p><p>Honra objetiva é a visão que a sociedade tem acerca das qualidades</p><p>físicas, morais e intelectuais de determinada pessoa. É a reputação de cada</p><p>indivíduo no seio social em que está imerso. Trata-se, em suma, do</p><p>julgamento que as pessoas fazem de alguém. (MASSON, 2018).</p><p>Os crimes de calúnia e de difamação atacam a honra objetiva.</p><p>2.2. HONRA SUBJETIVA</p><p>Honra subjetiva, por sua vez, é o sentimento que cada pessoa</p><p>possui acerca das suas próprias qualidades físicas, morais e intelectuais. É o</p><p>juízo que cada um faz de si mesmo (autoestima). Subdivide-se em honra-</p><p>dignidade e honra-decoro (MASSON, 2018).</p><p>A injúria viola a honra subjetiva. Não há atribuição de fato, mas</p><p>imputação de qualidade negativa à vítima.</p><p>Página | 3</p><p>3. CALÚNIA (ART. 138, CPB)</p><p>3.1. CONCEITO</p><p>Caluniar consiste na atividade de atribuir falsamente a alguém a</p><p>prática de um fato definido como crime. Atinge a honra objetiva da</p><p>pessoa, atribuindo-lhe o agente um fato desairoso, no caso particular, um fato</p><p>falso definido como crime</p><p>3.2. OBJETIVIDADE JURÍDICA</p><p>O art. 138 do Código Penal resguarda a honra objetiva, é dizer, a</p><p>reputação da pessoa na sociedade.</p><p>3.3. OBJETO MATERIAL</p><p>É a pessoa que tem sua honra objetiva ofendida pela conduta criminosa.</p><p>3.4. NÚCLEO DO TIPO</p><p>Página | 4</p><p>Ao se utilizar do núcleo do tipo é “caluniar”, o legislador foi redundante.</p><p>Caluniar é imputar, razão pela qual não era necessário dizer: “caluniar alguém,</p><p>imputando-lhe...”. A conduta consiste em atribuir a alguém a prática de um</p><p>determinado fato.</p><p>Esse fato, entretanto, deve ser previsto em lei como criminoso. Há</p><p>de ser definido como crime, qualquer que seja a sua espécie.</p><p>O fato deve ser também verossímil, pois em caso contrário não há calúnia,</p><p>tal como quando se diz que alguém furtou a lua.</p><p>A ofensa se dirija contra pessoa certa e determinada.</p><p>3.5. ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: “FALSAMENTE”</p><p>Essa falsidade pode recair:</p><p>A) sobre o fato: o crime atribuído à vítima não ocorreu; ou</p><p>B) sobre o envolvimento no fato: o crime foi praticado, mas a</p><p>vítima não tem nenhum tipo de responsabilidade em relação a ele.</p><p>3.6. CONSUMAÇÃO</p><p>Consuma-se, quando a imputação falsa de crime chega ao conhecimento</p><p>de terceira pessoa, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não ciência do fato.</p><p>3.7. TENTATIVA</p><p>Na forma escrita é possível a tentativa, como no clássico exemplo da carta</p><p>que se extravia, ou, modernamente, do e-mail corrompido recebido pelo seu</p><p>destinatário (MASSON, 2018).</p><p>3.8. CALÚNIA E DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA: DISTINÇÕES</p><p>Masson (2018), explica que “na calúnia o sujeito se limita a imputar a</p><p>alguém, falsamente e perante terceira pessoa, a prática de um fato definido como</p><p>crime. Na denunciação caluniosa (CP, art. 339), ele vai mais longe. Não</p><p>apenas atribui à vítima, falsamente, a prática de um delito. Leva essa imputação</p><p>Página | 5</p><p>ao conhecimento da autoridade pública, movimentando a máquina estatal</p><p>mediante a instauração de investigação policial, de processo judicial,</p><p>instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de</p><p>improbidade administrativa contra alguém que sabe inocente.”</p><p>3.9. CALÚNIA CONTRA OS MORTOS</p><p>É punível a calúnia contra os mortos (CP, art. 138, § 2.º).</p><p>3.10. EXCEÇÃO DA VERDADE: ART. 138, § 3.º</p><p>Trata-se de incidente processual e prejudicial, pois impede a análise do</p><p>mérito do crime de calúnia, devendo ser solucionado antes da ação</p><p>penal. Ademais, constitui-se em medida facultativa de defesa indireta, pois</p><p>o acusado pelo delito contra a honra não é obrigado a se valer da</p><p>exceção da verdade, e pode defender-se diretamente (exemplo: negativa de</p><p>autoria) (MASSON, 2018).</p><p>Em razão de ser a falsidade da imputação uma elementar do crime</p><p>de calúnia, a regra é a admissibilidade da exceção da verdade.</p><p>4. DIFAMAÇÃO (ART. 139, CPB)</p><p>Página | 6</p><p>4.1. CONCEITO</p><p>Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra objetiva, e, da</p><p>mesma forma que na calúnia, depende da imputação de algum fato a alguém.</p><p>Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta que tenha capacidade para</p><p>macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na</p><p>coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso (MASSON, 2018).</p><p>O sujeito deve referir-se a um acontecimento que contenha</p><p>circunstâncias descritivas, tais como momento, local e pessoas</p><p>envolvidas, não se limitando simplesmente a ofender a vítima.</p><p>Exemplificativamente, falar que um homem é “ébrio contumaz” caracteriza</p><p>injúria, enquanto narrar que ele, em dias determinados, cambaleava em via</p><p>pública de tão bêbado que estava configura difamação (MASSON, 2018).</p><p>A imputação de um fato definido como contravenção penal tipifica o</p><p>crime de difamação, pois a calúnia depende da imputação falsa de crime.</p><p>4.2. OBJETIVIDADE JURÍDICA</p><p>A lei penal protege a honra objetiva.</p><p>4.3. OBJETO MATERIAL</p><p>É a pessoa que tem sua honra objetiva atacada pela conduta criminosa.</p><p>4.4. NÚCLEO DO TIPO</p><p>Masson (2018), explica que “difamar é imputar a alguém um fato ofensivo</p><p>à sua reputação. Consiste, pois, em desacreditar publicamente uma pessoa,</p><p>maculando os atributos que a tornam merecedora de respeito no convívio</p><p>social. E, na linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a</p><p>ocorrência do delito de difamação “dá-se a partir da imputação deliberada</p><p>de fato ofensivo à reputação da vítima, não sendo suficiente a descrição</p><p>de situações meramente inconvenientes ou negativas”</p><p>Página | 7</p><p>4.5. CONSUMAÇÃO</p><p>A difamação atinge a honra objetiva. Consuma-se, portanto, quando</p><p>terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à vítima.</p><p>4.6. TENTATIVA</p><p>Na forma escrita, é possível o conatus. Exemplo: bilhete contendo</p><p>imputação ofensiva à honra alheia que se extravia.</p><p>4.7. EXCEÇÃO DA VERDADE</p><p>Essa é a regra geral: não se admite a exceção da verdade no crime de</p><p>difamação. De fato, seria irrelevante provar a veracidade do fato atribuído à</p><p>vítima, pois ainda assim subsistiria o crime.</p><p>Excepcionalmente, entretanto, o legislador autoriza a exceção da</p><p>verdade. É o que estabelece o parágrafo único do art. 139 do Código</p><p>Penal: “A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário</p><p>público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções”.</p><p>5. INJÚRIA: (ART. 140, CPB)</p><p>Página | 8</p><p>Página | 9</p><p>5.1. CONCEITO</p><p>A injúria é crime contra a honra que ofende a honra subjetiva.</p><p>Consequentemente, ao contrário</p><p>do que ocorre na calúnia e na difamação, não</p><p>há imputação de fato. Caracteriza-se o delito com a simples ofensa da dignidade</p><p>ou do decoro da vítima, mediante xingamento ou atribuição de qualidade</p><p>negativa (MASSON, 2018).</p><p>5.2. OBJETIVIDADE JURÍDICA</p><p>Tutela-se a honra subjetiva.</p><p>5.3. OBJETO MATERIAL</p><p>É a pessoa cuja honra subjetiva é atacada pela conduta criminosa.</p><p>5.4. NÚCLEO DO TIPO</p><p>Injuriar equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o</p><p>conceito que a vítima tem de si própria. Basta a atribuição de qualidade</p><p>negativa, prescindindo-se da imputação de fato determinado. Esse crime,</p><p>normalmente, é comissivo. Mas é possível também a injúria por omissão</p><p>(MASSON, 2018).</p><p>Nada impede a injúria indireta (ou reflexa), nas situações em que</p><p>a injúria, além de atacar a honra da provocada, alcança reflexamente</p><p>pessoa diversa. Exemplo: chamar um homem casado de “corno” importa</p><p>em injuriar também sua esposa (MASSON, 2018).</p><p>5.5. CONSUMAÇÃO</p><p>Dá-se sua consumação quando a ofensa à dignidade ou ao decoro</p><p>chega ao conhecimento da vítima.</p><p>Página | 10</p><p>5.6. TENTATIVA</p><p>É possível quando a injúria for praticada por escrito (exemplo:</p><p>bilhete ofensivo que o garçom de um restaurante entrega para pessoa diversa</p><p>da visada pelo agente), pois, nessa hipótese, o crime é plurissubsistente</p><p>(MASSON, 2018).</p><p>5.7. EXCEÇÃO DA VERDADE</p><p>O crime de injúria é incompatível com a exceção da verdade.</p><p>5.8. PERDÃO JUDICIAL: ART. 140, § 1.º</p><p>§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:</p><p>I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;</p><p>II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.</p><p>5.9. INJÚRIA REAL: ART. 140, § 2.º</p><p>§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua</p><p>natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:</p><p>Página | 11</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena</p><p>correspondente à violência.</p><p>A injúria real, por si só, ingressa no conceito de infração penal</p><p>de menor potencial ofensivo, aplicando-se as disposições compatíveis da Lei</p><p>9.099/1995.</p><p>Trata-se da injúria em que o sujeito escolhe como meio para</p><p>ofender a honra da vítima, não uma palavra, um xingamento, e sim uma agressão</p><p>física capaz de envergonhá-la. Com efeito, o meio de execução é a violência ou</p><p>então vias de fato (MASSON, 2018).</p><p>Mas não é qualquer agressão física que caracteriza a injúria</p><p>real. A agressão deve ser aviltante, é dizer, humilhante. Esse elemento</p><p>normativo do tipo pode ser concretizado pela natureza do ato (exemplos:</p><p>arrancar o fio do bigode de um homem com intenção ultrajante, rasgar a</p><p>saia de uma mulher etc.) ou pelo meio empregado (exemplos: atirar fezes</p><p>na vítima, molhar seu cabelo com cerveja em um bar etc.) (MASSON, 2018).</p><p>5.10. INJÚRIA QUALIFICADA: ART. 140, § 3.º</p><p>§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,</p><p>cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de</p><p>deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>Pena - reclusão de um a três anos e multa.</p><p>De fato, quando fundada em elementos relativos à raça, a injúria</p><p>qualificada não se confunde com o crime de racismo.</p><p>Os crimes de racismo são definidos pela Lei 7.716/1989 (crimes</p><p>resultantes de preconceito de raça ou de cor) e se evidenciam por manifestações</p><p>preconceituosas generalizadas (a todas as pessoas de uma cor de pele</p><p>qualquer) ou pela segregação racial (exemplo: vedar a matrícula de uma criança</p><p>em uma escola por causa da cor da sua pele). Exemplificativamente, chamar</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art140%C2%A73</p><p>Página | 12</p><p>alguém de “amarelo (ou branco ou negro) safado” tipifica injúria qualificada,</p><p>enquanto afirmar que “todos os amarelos (ou brancos ou negros) são</p><p>safados” constitui crime de racismo (MASSON, 2018).</p><p>6. APONTAMENTOS COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA</p><p>6.1. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO À RELAÇÃO ENTRE</p><p>CONDUTA E RESULTADO NATURALÍSTICO</p><p>Os crimes contra a honra pertencem à seara dos delitos</p><p>formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado.</p><p>6.2. SUJEITO ATIVO</p><p>Calúnia, difamação e injúria são crimes comuns ou gerais. Podem</p><p>ser praticados por qualquer pessoa.</p><p>Contudo, algumas pessoas, são imunes aos crimes contra a honra. Não</p><p>os praticam, ainda que ofendam a honra alheia, pois o ordenamento jurídico</p><p>afasta tais pessoas da incidência do Direito Penal. Essas imunidades são</p><p>as seguintes:</p><p>A) IMUNIDADES PARLAMENTARES</p><p>Nos termos do art. 53, caput, da Constituição Federal, com a redação</p><p>determinada pela Emenda Constitucional 35/2001: “Os Deputados e</p><p>Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,</p><p>palavras e votos”. É a chamada imunidade material.</p><p>A imunidade material protege o parlamentar em suas opiniões,</p><p>palavras e votos, desde que relacionadas às suas funções, não</p><p>abrangendo manifestações desarrazoadas e desprovidas de conexão com</p><p>os seus deveres constitucionais (MASSON, 2018).</p><p>O Supremo Tribunal Federal, reforçando esse entendimento, assim se</p><p>pronunciou no polêmico caso em que o então Deputado Federal Jair Bolsonaro,</p><p>Página | 13</p><p>afirmou que sua colega de parlamento Maria do Rosário “não merecia se</p><p>estuprada”:</p><p>Inq 3.932/DF e Pet 5.243/DF, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, j. 21.06.2016, noticiados no Informativo 831</p><p>B) ADVOGADOS</p><p>De acordo com o art. 7.º, § 2.º, da Lei 8.906/1994 – Estatuto da</p><p>Ordem dos Advogados do Brasil, “o advogado tem imunidade profissional,</p><p>não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação</p><p>de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo</p><p>das sanções disciplinares perante a OAB pelos excessos que cometer”.</p><p>O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade</p><p>1.127-8, declarou a inconstitucionalidade da expressão “ou desacato” constante</p><p>deste dispositivo legal.</p><p>A imunidade profissional do advogado não se estende ao crime de</p><p>calúnia.</p><p>6.3. SUJEITO PASSIVO</p><p>Pode ser qualquer pessoa física. Vale ressaltar que os crimes contra a</p><p>honra supõem, em sua configuração estrutural e típica, a existência de um sujeito</p><p>passivo determinado e conhecido.</p><p>Página | 14</p><p>A pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia e difamação, mas nunca de</p><p>injúria.</p><p>6.4. MEIOS DE EXECUÇÃO</p><p>Calúnia, difamação e injúria são crimes de forma livre. Admitem</p><p>quaisquer meios de execução, tais como palavras, escritos, gestos ou meios</p><p>simbólicos, desde que compreensíveis, e, inclusive, a veiculação da ofensa</p><p>pela internet.</p><p>6.5. ELEMENTO SUBJETIVO</p><p>Em regra é o dolo, direto ou eventual.</p><p>Não há crime culposo contra a honra.</p><p>6.6. COMPETÊNCIA</p><p>Em regra, os crimes contra a honra são de competência da Justiça</p><p>Estadual. Serão, contudo, de competência da Justiça Federal quando houver</p><p>ofensa a interesse da União, na forma prevista pelo art. 109, inc. IV, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>7. DISPOSIÇÕES COMUNS</p><p>Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se</p><p>qualquer dos crimes é cometido:</p><p>I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo</p><p>estrangeiro;</p><p>II - contra funcionário público, em razão de suas funções;</p><p>III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da</p><p>calúnia, da difamação ou da injúria.</p><p>IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência,</p><p>exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa,</p><p>aplica-se a pena em dobro. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art141iv</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2</p><p>Página | 15</p><p>§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes</p><p>sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a</p><p>pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>8. EXCLUSÃO DO CRIME</p><p>Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:</p><p>I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu</p><p>procurador;</p><p>II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo</p><p>quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;</p><p>III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação</p><p>ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.</p><p>Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela</p><p>difamação quem lhe dá publicidade.</p><p>9. RETRATAÇÃO</p><p>Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da</p><p>calúnia ou da difamação, fica isento de pena.</p><p>Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a</p><p>difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se</p><p>assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a</p><p>ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)</p><p>Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,</p><p>difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações</p><p>em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá</p><p>satisfatórias, responde pela ofensa.</p><p>Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede</p><p>mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta</p><p>lesão corporal.</p><p>Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da</p><p>Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante</p><p>representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no</p><p>caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de</p><p>2009)</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art20</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13188.htm#art13</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12033.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12033.htm</p><p>Página | 16</p><p>JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. AMEAÇA E INJÚRIA.</p><p>CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO COMUM. JUIZADO ESPECIAL.</p><p>REGIME DA LEI N. 11.340/2006. MOTIVAÇÃO. QUESTÕES DE GÊNERO.</p><p>VULNERABILIDADE DA MULHER. INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA</p><p>PENHA RECONHECIDA. ELEMENTARES DO TIPO. ENTENDIMENTO DO</p><p>TRIBUNAL A QUO. DESFAZIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INCURSÃO EM</p><p>MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.</p><p>1. "A jurisprudência da Terceira Seção deste Superior Tribunal de</p><p>Justiça consolidou-se no sentido de que, para a aplicação da Lei n.</p><p>11.340/2006, não é suficiente que a violência seja praticada contra a</p><p>mulher e numa relação familiar, doméstica ou de afetividade, mas</p><p>também há necessidade de demonstração da sua situação de</p><p>vulnerabilidade ou hipossuficiência, numa perspectiva de gênero."</p><p>(AgRg no REsp 1.430.724/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS</p><p>MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/3/2015, DJe 24/3/2015).</p><p>2. Hipótese em que foi suscitado conflito negativo de competência nos</p><p>autos de procedimento criminal instaurado para a apuração de delitos</p><p>de injúria e ameaça. A juíza suscitante compreendeu se tratar de caso</p><p>envolvendo violência doméstica, enquanto que o juízo suscitado</p><p>entendeu se tratar de crime de menor potencial ofensivo.</p><p>3. O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais compreendeu que a situação</p><p>retratada nos autos se amolda ao contexto de violência doméstica e declarou a</p><p>competência do Juízo da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais da Comarca de</p><p>Araguari-MG. De acordo com a Corte estadual, o vínculo afetivo ou familiar e a</p><p>condição feminina da ofendida foram os motivos preponderantes da ação</p><p>perpetrada pelo agressor.</p><p>4. A partir da moldura fática delineada pelo Tribunal a quo, observou-se que os</p><p>supostos delitos de ameaça (art. 147 do CP) e de injúria (art. 140 do CP) teriam</p><p>ocorrido numa relação íntima de afeto, na qual o agressor conviveu com a</p><p>Página | 17</p><p>ofendida, tendo como aparente motivação a opressão à mulher, uma vez que a</p><p>vítima é permanentemente intimidada pelo ex-companheiro, que a vigia,</p><p>passando na porta de sua casa e proferindo palavras ofensivas, xingando-a de</p><p>prostituta, o que reflete uma posição cultural da subordinação da mulher ao</p><p>homem.</p><p>5. Se o Tribunal de origem, analisando o contexto fático-probatório apresentado</p><p>até então, compreendeu que os crimes supostamente praticados pelo ofensor se</p><p>enquadram no rol de violência doméstica, porque presentes todas as elementares</p><p>descritas na norma, a desconstituição desse entendimento não pode ser satisfeita</p><p>na via do habeas corpus, na medida em que tal análise não se limita a critérios</p><p>estritamente objetivos, exigindo incursão na seara probatória dos autos.</p><p>6. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 682.283/MG, Rel. Ministro</p><p>RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe</p><p>20/09/2021)</p><p>HABEAS CORPUS. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA. ABERTURA</p><p>DE INQUÉRITO POLICIAL. HONRA SUBJETIVA DO PRESIDENTE DA</p><p>REPÚBLICA. INJÚRIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. HABEAS CORPUS</p><p>CONCEDIDO.</p><p>1. Informa a impetrante que "a peça inaugural do procedimento policial</p><p>narra que, em 29 de outubro de 2020, a Paciente teria feito postagem</p><p>na rede social Twitter com os seguintes dizeres: 'Inferno de facada mal</p><p>dada! A gente não tem um dia de sossego nesse país!'", possivelmente</p><p>fazendo alusão a tentativa de homicídio praticada contra o Senhor</p><p>Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO durante o período</p><p>de campanha eleitoral do pleito de 2018, o que agridiria a sua honra,</p><p>sem nenhuma justificativa para tanto, incidindo a figura típica do art.</p><p>140 do Código Penal.</p><p>2. A despeito do ocorrido, e por tudo o que se pode extrair dos autos do</p><p>inquérito, não há nenhum indicativo da intenção da paciente em</p><p>ofender a honra subjetiva do Presidente da República, senão uma</p><p>Página | 18</p><p>manifestação da sua parte, em rede eletrônica social, com uma</p><p>expressão inadequada, inoportuna e infeliz, mas que, pela visão que se</p><p>tem, não é suficiente para supedanear a pretendida imputação penal.</p><p>3. As pessoas são livres na manifestação do seu pensamento, mas</p><p>devem ter, em contrapartida, a consciência de que podem ser</p><p>responsabilizadas pelos eventuais excessos, quando malfiram a honra</p><p>ou o patrimônio jurídico das pessoas referidas ou de terceiros, o que</p><p>não ocorreu no presente caso, por se tratar de um desabafo em rede</p><p>eletrônica social sem indicar sequer (ainda que inferido) o destinatário.</p><p>4. Não obstante a discordância que possa surgir em relação ao comentário da</p><p>paciente, isso apenas se permite no campo da moral ou do senso comum, pois</p><p>do seu conteúdo não se faz possível extrair a lesão real ou potencial à honra do</p><p>Presidente da República, seja porque não se fez nenhuma referência direta à</p><p>essa autoridade, seja porque não expressou nenhum xingamento ou predicativo</p><p>direto contra a sua pessoa, situação em que se faz presente o constrangimento</p><p>ilegal.</p><p>5. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o trancamento</p><p>de inquérito policial, por meio de habeas corpus, é medida de exceção, sendo</p><p>cabível, tão somente, quando inequívoca a ausência de justa causa, pela</p><p>atipicidade do fato imputado (a hipótese) ou pela inexistência de autoria por</p><p>parte do investigado/indiciado.</p><p>6. Habeas corpus concedido, para trancar o Inquérito Policial n.</p><p>1023759-58.2021.4.01.3400 (IPL</p><p>n. 2021.0023386), e todas as medidas</p><p>determinadas em sua decorrência, e determinar o respectivo arquivamento. (HC</p><p>667.203/DF, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR</p><p>CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em</p><p>08/09/2021, DJe 13/09/2021)</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO.</p><p>BUSCA E APREENSÃO EM DOMICÍLIO. ELEMENTOS CONCRETOS</p><p>Página | 19</p><p>AUTORIZADORES DA MEDIDA. NULIDADE DA DECISÃO.</p><p>AFASTAMENTO. WRIT DENEGADO. AGRAVO IMPROVIDO.</p><p>1. Inexiste nulidade em decisão que apresenta descrição fática</p><p>suficiente para embasar a decretação da medida de busca e apreensão</p><p>domiciliar. Quanto aos indícios da prática delituosa, consta que no</p><p>curso do inquérito houve diligenciais que possibilitaram angariar</p><p>indícios contundentes de autoria, em especial os relatórios de</p><p>investigação que demonstraram a conexão habitual estabelecida entre</p><p>os representados e as cópias das publicações com conteúdo criminoso</p><p>trazidas pela autoridade policial.</p><p>2. Após a descrição das provas coligidas, adentrou-se na fundamentação</p><p>específica da medida de busca e apreensão, havendo menção não só ao</p><p>dispositivo legal que norteia a medida, como ainda à argumentação</p><p>anteriormente desenvolvida, da qual se extraem as fundadas razões</p><p>autorizadoras indicadas pelo art. 240, § 1º, do CPP.</p><p>3. Agravo regimental improvido. (AgRg no HC 587.235/PA, Rel. Ministro</p><p>OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª</p><p>REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 17/08/2021, DJe 20/08/2021)</p><p>PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO PENAL PRIVADA.</p><p>QUEIXA-CRIME. REQUISITOS. ART. 41 DO CPP. COMPLETA</p><p>QUALIFICAÇÃO DO QUERELADO. ÔNUS DO QUERELANTE. PRINCÍPIOS.</p><p>DISPONIBILIDADE. CONVENIÊNCIA. OPORTUNIDADE. EXERCÍCIO DO</p><p>DIREITO DE AÇÃO. TUTELA JUDICIAL. INVIABILIDADE. VÍCIO</p><p>FORMAL. SANEAMENTO. INOCORRÊNCIA. ADITAMENTO. INÉPCIA.</p><p>1. Cuida-se de queixa-crime pela suposta prática dos crimes de</p><p>difamação e de injúria, em concurso formal, na qual o querelante visava</p><p>o aditamento da inicial para a inclusão de outras pessoas também</p><p>reputadas responsáveis pela ofensa.</p><p>2. Ante a disponibilidade da ação penal privada, regida, ainda pelos</p><p>princípios da conveniência e da oportunidade, não cabe ao juiz tutelar</p><p>Página | 20</p><p>o regular exercício do direito de queixa, limitando-se, conforme o caso,</p><p>a aplicar o direito cabível à espécie. Precedente.</p><p>3. É requisito da queixa-crime, na forma do art. 41 do CPP, a completa</p><p>qualificação do querelado, com menção expressa ao seu prenome,</p><p>nome, apelido, pseudônimo, idade, estado civil, profissão, filiação,</p><p>residência.</p><p>4. Na hipótese dos autos, ainda que alertado sobre a existência de vício formal</p><p>no pedido de aditamento da queixa-crime, o defeito na qualificação do querelado</p><p>não foi sanado.</p><p>5. Assim, tendo sido conferida ao agravante a possibilidade de correção do erro</p><p>formal e verificada a persistência do vício, impossível o deferimento do pedido de</p><p>aditamento da queixa-crime.</p><p>6. Agravo regimental desprovido. (AgRg nos EDcl na APn 971/DF, Rel.</p><p>Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em</p><p>02/06/2021, DJe 18/06/2021)</p><p>AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.</p><p>PROCESSUAL PENAL.</p><p>CALÚNIA QUALIFICADA. ILEGALIDADE FLAGRANTE. PROCEDÊNCIA</p><p>PARCIAL DA ACUSAÇÃO. POSSIBILIDADE DE OFERECIMENTO DOS</p><p>INSTITUTOS DESPENALIZADORES. SÚMULA N. 337/STJ. AUSÊNCIA.</p><p>SENTENÇA. CONDENAÇÃO. ANULAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO</p><p>PUNITIVA. CONSUMAÇÃO. RECURSO INTERNO. PERDA DO OBJETO.</p><p>HABEAS CORPUS CONCEDIDO, DE OFÍCIO. AGRAVO REGIMENTAL</p><p>PREJUDICADO.</p><p>1. Havendo desclassificação do delito ou procedência parcial da</p><p>pretensão punitiva, é cabível a aplicação dos institutos</p><p>despenalizadores da Lei n. 9.099/1995. Aplicação da Súmula n. 337 do</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>2. A aferição do requisito objetivo da suspensão condicional do</p><p>processo, prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/1995, em se tratando de</p><p>Página | 21</p><p>delitos cometidos em concurso formal, é feita a partir da aplicação da</p><p>fração de aumento referente à quantidade de delitos praticados. No</p><p>caso concreto, sendo 2 (dois) os delitos, aumenta-se a pena mínima</p><p>abstratamente cominada na fração de 1/6 (um sexto).</p><p>Inteligência da Súmula n. 243 do Superior Tribunal de Justiça.</p><p>3. A pena mínima abstratamente prevista para o delito de calúnia (art. 138 do</p><p>Código Penal) é de 6 (seis) meses de detenção. Com o acréscimo de 1/3 (um</p><p>terço) da causa de aumento do art. 141, inciso III, do mesmo Estatuto, vai a 8</p><p>(oito) meses de detenção.</p><p>Considerado que houve dois crimes, em concurso formal, esse quantum é</p><p>majorado em 1/6 (um sexto), finalizando em 9 (nove) meses e 10 (dez) dias de</p><p>detenção. Portanto, quantidade inferior a 1 (um) ano, o que determinava a</p><p>necessidade de que, antes de proferida a condenação, tivesse o Julgador singular</p><p>aberto vista, para eventual oferecimento de proposta de suspensão condicional</p><p>do processo, nos termos do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.</p><p>4. No caso de ação penal privada, a legimitidade para formular a proposta de</p><p>suspensão condicional do processo é do ofendido.</p><p>Precedentes desta Corte Superior.</p><p>5. Não pode subsistir a condenação no caso, por não ter sido conferida ao</p><p>Agravado, então Querelante, a oportunidade de propor, ou não, a suspensão</p><p>condicional do processo, nem ao Agravante de eventualmente aceitá-la.</p><p>6. Desconstituída a condenação - e o marco interruptivo da prescrição dela</p><p>decorrente - está extinta a punibilidade do Agravante pela prescrição da</p><p>pretensão punitiva. Como não houve recurso acusatório contra o acórdão que</p><p>confirmou a sentença, em eventual nova condenação - caso não fosse oferecida</p><p>a proposta de suspensão condicional do processo ou o Agravante não a aceitasse</p><p>-, as reprimendas não poderiam ser superiores àquelas fixadas na sentença ora</p><p>anulada, pela vedação à reformatio in pejus indireta.</p><p>7. Para a reprimenda privativa de liberdade inferior a 1 (um) ano, a prescrição</p><p>ocorre em 3 (três) anos (art. 109, inciso VI, do Código Penal), lapso transcorrido</p><p>Página | 22</p><p>desde o recebimento da queixa-crime, em 02/05/2016. No mesmo prazo</p><p>prescreve a pena de multa (art. 114, inciso II, do mesmo Estatuto) e a</p><p>condenação acessória de reparação de danos morais (art. 118 do referido</p><p>Códex).</p><p>8. Habeas corpus concedido, de ofício, para anular a sentença na parte em que</p><p>condenou o Agravante e, de ofício, declarar extinta a sua punibilidade, pela</p><p>prescrição da pretensão punitiva, ficando prejudicado o agravo regimental,</p><p>ressalvando-se o acesso do Agravado às vias civis. (AgRg no AREsp</p><p>1815689/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em</p><p>22/06/2021, DJe 30/06/2021)</p><p>Página | 23</p><p>QUESTÕES</p><p>01. (FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase)</p><p>Durante uma reunião de condomínio, Paulo, com o animus de ofender a honra</p><p>objetiva do condômino Arthur, funcionário público, mesmo sabendo que o</p><p>ofendido foi absolvido daquela imputação por decisão transitada em julgado,</p><p>afirmou que Artur não tem condições morais para conviver naquele prédio,</p><p>porquanto se apropriara de dinheiro do condomínio quando exercia a função de</p><p>síndico. Inconformado com a ofensa à sua honra, Arthur ofereceu queixa-crime</p><p>em face de Paulo, imputando-lhe a prática do crime de calúnia. Preocupado com</p><p>as consequências de seu ato, após ser regularmente citado, Paulo procura você,</p><p>como advogado(a), para assistência técnica. Considerando apenas as</p><p>informações expostas, você deverá esclarecer que a conduta de Paulo configura</p><p>crime de</p><p>A) difamação, não de calúnia, cabendo exceção da verdade por parte de Paulo.</p><p>B) injúria, não de calúnia, de modo que não cabe exceção da verdade por parte</p><p>de Paulo.</p><p>C) calúnia efetivamente imputado, não cabendo exceção da verdade por parte</p><p>de Paulo.</p><p>D) calúnia efetivamente imputado, sendo possível o oferecimento da exceção</p><p>da</p><p>verdade por parte de Paulo.</p><p>02. (FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase)</p><p>Roberta, enquanto conversava com Robson, afirmou categoricamente que</p><p>presenciou quando Caio explorava jogo do bicho, no dia 03/03/2017. No dia</p><p>seguinte, Roberta contou para João que Caio era um “furtador”. Caio toma</p><p>conhecimento dos fatos, procura você na condição de advogado(a) e nega tudo</p><p>o que foi dito por Roberta, ressaltando que ela só queria atingir sua honra. Caio</p><p>toma conhecimento dos fatos, procura você na condição de advogado(a) e nega</p><p>tudo o que foi dito por Roberta, ressaltando que ela só queria atingir sua honra.</p><p>A) 1 crime de difamação e 1 crime de calúnia.</p><p>B) 1 crime de difamação e 1 crime de injúria.</p><p>C) 2 crimes de calúnia.</p><p>D) 1 crime de calúnia e 1 crime de injúria.</p><p>Página | 24</p><p>03. (FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VI - Primeira Fase) Ana</p><p>Maria, aluna de uma Universidade Federal, afirma que José, professor concursado</p><p>da instituição, trai a esposa todo dia com uma gerente bancária. Ana Maria, aluna</p><p>de uma Universidade Federal, afirma que José, professor concursado da</p><p>instituição, trai a esposa todo dia com uma gerente bancária.</p><p>A) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, sendo cabível, entretanto, a</p><p>oposição de exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da</p><p>afirmação.</p><p>B) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime,</p><p>sendo cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o fim de</p><p>demonstrar a veracidade da afirmação, uma vez que José é funcionário público.</p><p>C) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, não sendo cabível, na</p><p>hipótese, a oposição de exceção da verdade.</p><p>D) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime, não</p><p>sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da verdade.</p><p>04. (FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - II - Primeira Fase) assinale</p><p>a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto: “para a ocorrência</p><p>de __________, não basta a imputação falsa de crime, mas é indispensável que</p><p>em decorrência de tal imputação seja instaurada, por exemplo, investigação</p><p>policial ou processo judicial. A simples imputação falsa de fato definido como</p><p>crime pode consituir __________, que, constitui infração penal contra a honra,</p><p>enquanto a __________ é crime contra a Administração da Justiça”.</p><p>A) denunciação caluniosa, calúnia, denunciação caluniosa.</p><p>B) denunciação caluniosa, difamação, denunciação caluniosa.</p><p>C) comunicação falsa de crime ou de contravenção, calúnia, comunicação falsa</p><p>de crime ou de contravenção.</p><p>D) comunicação falsa de crime ou de contravenção, difamação, comunicação</p><p>falsa de crime ou de contravenção.</p><p>05. (CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase) Acerca dos</p><p>crimes contra a honra, assinale a opção correta.</p><p>A) Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessiva praticada</p><p>em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado e a opinião da</p><p>crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.</p><p>Página | 25</p><p>B) Em regra, a persecução criminal nos crimes contra a honra processa-se</p><p>mediante ação pública condicionada à representação da pessoa ofendida.</p><p>C) Caracterizado o crime contra a honra de servidor público, em razão do</p><p>exercício de suas funções, a ação penal será pública incondicionada.</p><p>D) O CP prevê, para os crimes de calúnia, de difamação e de injúria, o instituto</p><p>da exceção da verdade, que consiste na possibilidade de o acusado comprovar a</p><p>veracidade de suas alegações, para a exclusão do elemento objetivo do tipo.</p><p>Página | 26</p><p>GABARITO: 1 C; 2 B; 3 D; 4 A; 5 A;</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:</p><p>BRASIL. Planalto. Portal da Legislação, 2020. Disponível em:</p><p>http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. Acesso em julho de 2020.</p><p>CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts.</p><p>121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha -11. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador:</p><p>JusPODIVM, 2019.</p><p>GONÇALVES, Victor Eduardo Rios Direito penal : parte especial / Victor</p><p>Eduardo Rios Gonçalves. / coord. Pedro Lenza. – 11. ed. – São Paulo: Saraiva</p><p>Educação, 2021. (Coleção Esquematizado®)</p><p>MASSON, Cleber. Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber</p><p>Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:</p><p>MÉTODO, 2018</p><p>http://www4.planalto.gov.br/legislacao/</p>

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