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Arte X design

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Arte X design: Qual a distância entre a Arte e o design?
Segundo o dicionário Aurélio, Arte quer dizer:
“Capacidade que tem o homem de, dominar a matéria, Por em prática uma ideia; Habilidade, engenho; Ofício (em especial nas artes manuais); Artes Plásticas: As que manifestam por meio de elementos visuais e táteis, reproduzindo formas imaginárias.
Se voltarmos um pouco a história e chegarmos ao período pré- histórico, vamos hoje valorar dentro da história da arte peças e elementos tidos com arte pura , porém essas peças neste período estava desenvolvido para algum fim, ou seja tinha uma significação sobrenatural de poderes mágicos, enfim…, as próprias pinturas das cavernas, especulam os arqueólogos, eram produzidas para garantir uma boa caça. 
Ao contrário, o século XIX veio ensinarmos a possibilidade que tem a obra de arte de independizar-se de toda função estranha para convertir-se em um fim último…. Ou seja, configurações que valem por si mesmas. É esta uma das razões do refinamento hoje da arte e a transformação de sua própria função. Na contemporaneidade a arte cumprir um outro papel, o de fazer pesar, questionar… longe de ser um elemento puramente estética, contemplativo, passando hoje a ser vista com um certo estranhamento. É a partir dai que vamos encontrar perguntas ou comentários corriqueiras, como: Isso é Arte?; O quê? Isso meu filho faz melhor!
Uma coisa é bons termos claro: tudo pode ser Arte, mas nem Tudo é ARTE.
Com o advento da revolução industrial, arte e técnica dialogam constantemente, não querendo aqui descartar a presença da técnica em períodos anteriores. E quando pensamos em técnica remetemos a questão funcional, é neste momento que incorporamos outras disciplinas que fazem parte da grande família das artes visuais, onde podemos inserir o Design. E o que é o design? A palavra Design, como todos sabem, vem do inglês e que dizer projetar, compor visualmente ou colocar em prática um plano intencional. Não parece que já escutamos isso antes? Sim. Realmente, quando classificamos o que seria arte. Mas então onde podemos diferenciar a arte do design ou design da arte? O que diferencia uma disciplina da outra é a sua intenção. A intenção do resultado final da obra. No design o resultado final tem uma intenção de suprir uma necessidade, de atender a um mercado a um público específico. Enquanto a arte busca suprir a necessidade do seu próprio autor, suas inquietudes, questionamentos os quais podem ou não gerar uma resposta ao público.
Na pós-modernidade essas fronteiras vão se estreitando, porém em campos bem definidos. Hoje quando vemos a cadeira dos irmãos Campana no MOMA-NY, preguntamos, é Design ou arte? Sim é Design, mas essa peça passa agora a ser institucionalizada entrando para o clã das obras de artes – sendo Design. A cadeira dos irmãos Campana atende uma necessidade, uma funcionalidade, sua relação com o mercado, por ser uma peça que pode ser reproduzida e atingir um mercado consumidor, porém possui seu valor estético e inovador para ser inserido no sistema das artes. O qual, podemos classificar sistema das artes aplicadas.
No que diz respeito às artes visuais, hoje na contemporaneidade, existe uma linguagem artística classificada como arte pública. Quando escutamos falar em arte pública remetemos a questão com, escultura, monumentos, etc., mas essa arte pública que falamos insere-se em um campo expandido como classifica Rosalin Krauss. Hoje o espaço ganha outra dimensão, a obra gera outros significados e outros interesses inserida em campo aberto a inúmeras possibilidades. A arte pública é uma arte longe de estar dentro das paredes de museus e instituições controladoras que ditam isso é arte, isso não é arte. Arte público busca um discurso social, voltado para uma crítica a um sistema dominador, procurando inserir-se no cotidiano das pessoas, indo ao encontro delas, denunciando, questionando, manifestando seus pensamentos e indignação a essa cultura globalizada, massificada.
Os artistas que hoje trabalham nessa vertente, vêm se apropriando, se é que podemos chamar de apropriação, dos meios de expressão do Design, meios esses que tem como estratégias a comunicação visual direta para atingir a um público alvo.
Hoje quando vemos um trabalho do Artista Norte Americano, Dennis Adams, só para ter como exemplo, no qual interfere em estrutura de outdoor, pontos de ônibus, utilizando-se do design construtivo e anúncios publicitários para trazer ao público suas inquietudes e questionamentos sobre a cidade e suas problemáticas, vemos que a arte e o design caminham juntos, porém com intensões ou necessidades diferentes.
Temos outros exemplos como o grupo poro de Porto Alegre, que trabalham com arte e design desenvolvendo intervenções públicas e muitos outros artistas e grupos que vem se manifestando no espaço público desde o físico ao virtual.
Neste momento o artista deixa de trabalhar com os meios e materiais ligados tradicionalmente as expressões artísticas, e passa a usar meios que atinjam diretamente o público que se encontra envolvidos em uma cultura de massa, onde as informações são imediatizadas através de signos e símbolos.
A arte e o Design sempre caminharam juntos, aliás, não só essas duas linguagens. Nos anos oitenta, quando os fenômenos híbridos se estenderam de forma consciente e pragmática, as linguagens artísticas passam a hibridizar-se com outras linguagens e expressões. E aí percebemos que as fronteiras entre uma área e outra, entre uma linguagem e outra, entre uma técnica e outra desaparecem, passando a fazer parte de um todo, sem deixar que desapareça as características de cada área, cada linguagem.
Por tanto, podemos assim dizer que a distancia entre arte e design estar na intenção de cada autor, onde este procura suprir uma necessidade seja ela pessoal, seja ela do mercado. Arte e design caminham de mãos dadas sempre, onde buscam expressa de forma visual e táteis uma ideia.
Por: Bia Santos
COMENTÁRIOS
1- Voltamos na história na época da Revolução Industrial, o motivo pelo qual havia a necessidade de uma nova área chamada “Design” era exatamente o verdadeiro sentido do design que é o projeto, ou seja, além dos fatores estéticos e funcionais, existe também a demanda da produção.
Sem um projeto técnico não há como fazer cópias idênticas e aí perde a função do design. As cadeiras dos irmão Campana, de ursinhos, pedaços de madeira ou qualquer outra não podem ser reproduzidas, logo não pode ser considerado design, apesar de serem arquitetos. Qualquer um pode fazer arte, mas nem todos podem fazer design.
2- Temos que perceber que o que o designer faz não é “apenas” arte. A arte é mais uma ferramenta tomada pelos designers para desenvolver projetos. Sem ela é impossível fazer design de qualidade, como também é impossível sem técnicas de materiais, metodologia, semiótica, etc. Já minha impressão sobre os irmão Campana é exatamente a contrária, eles se utilizam do design para fazer arte. Com excelente qualidade (que podem ser objetos de desejo e de uso), mas fazem objetos artísticos.
Fonte: http://grupoartehibrida.blogspot.com.br/2006/12/arte-x-design-qual-distncia-entre-arte.html

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