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<p>SISTEMA DE ENSINO SEMI PRESENCIAL</p><p>FISIOTERAPIA</p><p>Thaís de Moura Luiz</p><p>DOR NEUROPÁTICA</p><p>Trabalho apresentado junto à Universidade UnigranRio, como requisito parcial para a obtenção de notas no curso de Fisioterapia</p><p>Rio de Janeiro - RJ</p><p>2024</p><p>A dor neuropática é um tipo de dor crônica que ocorre quando os nervos sensitivos do Sistema Nervoso Central e/ou periférico são feridos ou danificados. Esse tipo de problema está presente em até 10% da população e pode ser incapacitante, causando diferentes sensações de dor. Continue a leitura e veja as principais características da dor neuropática.</p><p>É decorrente de lesão ou disfunção do sistema nervoso periférico ou central. A dor neuropática periférica ocorre quando a lesão</p><p>ou disfunção afeta o sistema nervoso periférico. Quando a disfunção ou lesão afeta o sistema nervoso central, pode ser denominada por dor central,</p><p>que pode ser medular ou encefálica. Entre as síndromes dolorosas neuropáticas, estão incluídas entidades heterogêneas que diferem em etiologia e local da lesão.</p><p>A dor neuropática é um tipo de dor crônica que ocorre quando os nervos sensitivos do Sistema Nervoso Central e/ou periférico são feridos ou danificados. Esse tipo de problema está presente em até 10% da população e pode ser incapacitante, causando diferentes sensações de dor.</p><p>A dor é decorrente de mecanismos periféricos e centrais que resultam</p><p>em transmissão facilitada. Os mecanismos periféricos que aumentam a</p><p>estimulação de neurônios incluem a ação de mediadores sobre as terminações</p><p>nervosas e o efeito da lesão do nervo.</p><p>Na medula espinhal, a inter-relação entre neurônio espinhal,</p><p>excitabilidade e inibição determinam a mensagem que é transmitida para centros supra-espinhais (tálamo, formação reticular, sistema límbico e córtex).</p><p>As fibras aferentes periféricas fazem parte do trato de Lissauer, na</p><p>região posterior da medula espinhal, antes da sinapse medular e antes de projeção para regiões supra-espinhais através das vias ascendentes.</p><p>Os estímulos que atingem a medula espinhal também ativam neurônios</p><p>do sistema simpático e motor, com vaso-constrição e contratura muscular.</p><p>Após lesão de sistema nervoso, periférico ou central, pode ocorrer</p><p>uma cascata de eventos que inclui alterações biológicas importantes na periferia e no sistema nervoso central.</p><p>A interrupção parcial ou total de fibras aferentes causa degeneração de</p><p>terminações pré-sinápticas da célula desaferentada e alterações funcionais e</p><p>morfológicas denominadas de neuroplasticidade.</p><p>Na sinapse, o neurônio que foi desnervado pode ser reiterado por</p><p>outros axônios; as sinapses inibitórias podem ser substituídas por excitatórias,</p><p>formando conexões; as sinapses ineficazes tornam-se ativas e ocorre aumento da efetividade das sinapses.</p><p>A representação sensitiva somática da região desaferentada é mantida</p><p>no sistema nervoso central. Essa memória pode ser ativada após longos períodos, explicando o aparecimento tardio da dor, em alguns pacientes.</p><p>Na região cervical, os tumores invadem a raiz e o plexo, causando degeneração axonal. A compressão de nervos provoca edema e isquemia. Ressecções amplas necessárias para exérese de tumores e linfonodos dessa região também são responsáveis por lesão ou fibrose com compressão de nervo, originando dor neuropática.</p><p>Neuropatia Diabética é distúrbio da função ou alteração patológica de nervo. Pode ser: mononeuropatia (1 nervo), mononeuropatia múltipla (vários nervos) ou polineuropatia (simétrica e bilateral).</p><p>O diabetes mellitus é a causa mais comum de neuropatia periférica</p><p>que, na maioria das vezes ocorre após muitos anos de controle inadequado</p><p>da doença, frequentemente associada a alterações em outros órgãos.</p><p>São observados vários tipos de neuropatias: polineuropatia simétrica distal predominantemente sensorial, motora ou mista; neuropatia autonômica e</p><p>mononeuropatia focal ou multifocal, predominantemente sensorial ou motora.</p><p>A polineuropatia sensorial pode acometer fibras finas, grossas ou ambas. A</p><p>forma mais comum é a polineuropatia simétrica distal.</p><p>O tratamento da dor neuropática pode variar dependendo da origem do problema. Por exemplo, se a causa for diabetes, um melhor controle dos níveis sanguíneos de glicose pode ajudar a deter a progressão da lesão do nervo que causa a dor.</p><p>Muitas vezes, o tratamento da dor neuropática começa com medicamentos. Os medicamentos podem ajudar a reduzir a dor, tornando-a menos debilitante e disruptiva, mas muitas vezes é difícil aliviar completamente a dor com medicamentos.</p><p>CONTROLE INIBITÓRIO</p><p>Os estímulos são modulados em diversos níveis do sistema nervoso</p><p>central, na sua transmissão ascendente e também na decendente, com inibição</p><p>ou potencialização do efeito inicial.</p><p>A inibição descendente tem muitos locais em potencial, onde os</p><p>neurotransmissores podem agir. As áreas envolvidas são: hipotálamo anterior,</p><p>área septal inferior, substância cinzenta periventricular (anterior, mediano e</p><p>posterior), núcleo centro mediano do tálamo, cápsula interna, substância cinzenta periaqueductal (SCPA), e núcleo da rafe. Os mediadores envolvidos na</p><p>inibição são: serotonina (5-HT), noradrenalina (Nor), opióide, GABA, glicina</p><p>e acetilcolina.</p><p>Diversas regiões da SCPA podem estar relacionadas a diferentes formas de analgesia. A via inibitória é transmitida principalmente no funículo</p><p>dorsolateral, podendo ocorrer também pelo ventro-lateral.</p><p>Após lesão de nervo, a ação dos opióides está alterada na medula</p><p>espinhal devido a degeneração de fibras aferentes, com perda de receptores</p><p>opióides das fibras-C. A ação pós-sináptica requer dose maior de opióide</p><p>que a necessária para ação em receptores pré-sinápticos.</p><p>Quando há lesão do tálamo ou da via espinotalâmica, as vias secundárias para a transmissão da dor podem tornar-se ativas. A lesão de núcleo ventroposterolateral do tálamo causa aumento da aferência para o</p><p>hipotálamo, que é área de passagem de muitas fibras envolvidas na transmissão da dor.</p><p>O tálamo tem função importante na fisiopatologia da dor, sendo local</p><p>de convergência de informações sobre estímulos dolorosos e também de</p><p>outras sensações. Na dor neuropática, há sensibilização e hiperatividade</p><p>neuronal em alguns núcleos talâmicos.</p><p>AVALIAÇÃO DA DOR</p><p>Uma história detalhada é fundamental para o paciente com dor</p><p>neuropática, como para qualquer doença. São colhidas informações sobre a dor: início; intensidade; localização; características; frequência; duração; irradiação; fatores que provocam, exacerbam ou aliviam a dor e as alterações que acompanham.</p><p>A intensidade da dor pode ser avaliada através de escalas, sendo as</p><p>mais utilizadas, a analógica visual e a escala verbal. Na escala analógica visual,</p><p>em uma linha de 10 cm, a extremidade à esquerda corresponde à ausência de</p><p>dor, e a extremidade à direita corresponde à dor mais intensa possível.</p><p>O paciente assinala na linha, o local que ele considera que seja a intensidade da dor naquele momento; esse ponto é medido e serve para avaliar a dor em diferentes tempos e para verificar a resposta ao tratamento proposto.</p><p>Na escala verbal, o paciente refere se sua dor é ausente (0), leve (1), moderada (2) ou intensa (3). Existem outras escalas: questionário de Mc Gill, escala numérica, escala de cores, escala de faces, etc. Alterações neurológicas que acompanham são dados importantes para localizar a causa.</p><p>Antecedentes pessoais de doenças como diabetes mellitus, insuficiência renal, herpes zoster, hipotiroidismo, tumor, acidente vascular cerebral ou trauma são informações importantes que podem levar à causa da lesão.</p><p>Medicações e terapêuticas usadas previamente e em uso são importantes porque podem ser causadoras da dor e também para saber se proporcionam alívio da dor. Informações sobre dose, intervalos e tempo de uso das medicações ou procedimentos também são úteis porque esses recursos podem não ter aliviado a dor devido a dose insuficiente ou tempo de tratamento inadequado.</p><p>Devem ser observados: capacidade de deambular, posição antálgica,</p><p>movimentação, limitação da mobilidade, alteração da cor, trofismo muscular,</p><p>edema, aumento da articulação, alterações de pelo e unha, posição dos membros, etc.</p><p>Verificar se há: surgimento ou exacerbação da dor à movimentação da</p><p>região; alteração da força da área atingida; a sensibilidade dolorosa; dor, à</p><p>compressão; diferença de temperatura na região; rigidez articular e alodínia.</p><p>A dor acompanhada de outras alterações:</p><p>Disestesia (sensação anormal, espontânea ou evocada),</p><p>Alodínia (dor a estímulo que normalmente não provoca dor),</p><p>Hiperalgesia (aumento da intensidade da dor),</p><p>Hiperpatia (aumento da reação a estímulo especialmente repetitivo),</p><p>Hipoestesia (diminuição de reação para estímulo doloroso),</p><p>Diminuição da força muscular,</p><p>Alteração do limiar para frio e calor,</p><p>Limitação dos movimentos, rigidez articular,</p><p>Contratura dos tendões,</p><p>Fibrose pericapsular,</p><p>Anquilose,</p><p>Atrofia muscular,</p><p>Aumento do tônus muscular,</p><p>Cãibra</p><p>Atrofia da pele e do tecido celular subcutâneo</p><p>Aumento do crescimento do pelo ou perda de pelos</p><p>Pele esticada e brilhante</p><p>Unhas com aumento de crescimento ou quebradiças,</p><p>Alteração da temperatura do local, geralmente diminuída, mas às vezes aumentada,</p><p>Alteração da cor no local (arroxeada, vermelha ou pálida, dependendo da alteração do fluxo sanguíneo local),</p><p>Hiperidrose ou pele seca, conforme a irrigação do local,</p><p>Osteoporose (em decorrência da imobilização da região e da alteração do sistema simpático),</p><p>Alterações psicológicas (depressão, ansiedade, irritação, raiva, etc.),</p><p>A alodínia está relacionada à excitabilidade periférica e à sensibilização</p><p>central. A hiperalgesia reflete sensibilização de receptores e pode ocorrer após</p><p>lesão de fibras grossas.</p><p>As fibras grossas exercem efeito inibitório através de</p><p>mediadores como GABA e glicina. A hiperalgesia pode envolver a área da</p><p>lesão ou ser maior que essa.</p><p>A hiperpatia reflete desaferentação periférica ou central, resultando em hiperexcitabilidade. O déficit sensorial é observado para estímulos (frio, calor, picada) e a área depende da lesão.</p><p>As opções de tratamento para a dor neuropática dependem da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. Os tratamentos comuns podem incluir medicamentos específicos. A fisioterapia exerce um papel fundamental, uma vez que ajuda a reduzir a intensidade da dor neuropática, auxilia na movimentação da área dolorosa, e também na diminuição da sensibilidade da dor.</p><p>Além desses tratamentos, mudanças no estilo de vida, como exercícios regulares, modificações na dieta e técnicas de controle do estresse, podem ser benéficas para o controle da dor neuropática.</p><p>Assim como nas dores crônicas percebe-se uma tendência a aperfeiçoar abordagens ativas, aquelas que exigem esforço físico e mental dos pacientes, como por exemplo: exercícios, imagética, discriminação táctil, terapia do espelho.</p><p>Entretanto, os tratamentos físicos incluindo exercícios, treino de simulação mental de movimentos (imagética motora), terapia de espelho, drenagem linfática manual, treino de discriminação sensitiva, bloqueio do gânglio estrelado com ultrassom de baixa intensidade ou uso de campos eletromagnéticos pulsados não demonstraram efeitos clinicamente importantes nestes pacientes</p><p>Avanços tecnológicos, como o uso de correntes EMTr e ETCC, também ganham espaço na abordagem terapêutica dessa população, embora careçam de mais estudos.</p><p>A reabilitação pode e dever ser incluída como coadjuvante no tratamento de pacientes com DN. Com a reabilitação proporciona-se maior autonomia e funcionalidade no cotidiano desta população, e estes serem - em alguns casos - os objetivos motivacionais dos pacientes, estando acima do alívio da dor.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CORRÊA FC. Estimulação elétrica da medula espinal para o tratamento da dor por desaferentação. São Paulo: Lemos Editorial; 1997.</p><p>LANGLEY PC, Van Litsenburg C, Cappelleri JC, Carroll D. The burden associated with neuropathic pain in Western Europe. J Med Econ. 2013;16(1):85-95.</p><p>OLIVEIRA Jr JO. Aspectos referentes à fisiopatologia comparada entre dor neuropática e espasticidade. Rev. Dor. 2000</p><p>OLIVEIRA Jr JO. Procedimentos invasivos no tratamento da DN. In: DN: avaliação e tratamento. 2012</p><p>SMART KM, WAND BM, O'Connell NE. Fisioterapia para dor e incapacidade em adultos com síndrome de dor regional complexa (SDRC) tipos I e II. Cochrane Data-base Syst Rev. 2016;2:CD010853.</p><p>WANDERLEY Q M. Irradiação de medula espinhal com laser de arseneto de gálio em ratos: Aspecto anatomopatológico. São Paulo, 1992. [Tese - Mestrado – Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo].</p><p>image1.png</p>