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<p>UNIDADE 3.</p><p>Trabalho com grupos: teoria e técnica I</p><p>Verônica Valente de Souza</p><p>OBJETIVOS DA UNIDADE</p><p> Conhecer as diversas formas de trabalhar com grupos em Psicologia a fim de diferenciar</p><p>treinamento e terapia;</p><p> Explorar a gama de técnicas, dinâmicas de grupo, situações grupais, diagnósticos de grupo e</p><p>feedbacks;</p><p> Aprofundar o conhecimento teórico sobre teorias e técnicas de grupo, contribuindo para o</p><p>esclarecimento da importância de trabalhar grupos na Psicologia.</p><p>TÓPICOS DE ESTUDO</p><p>A Psicologia e o trabalho com grupos</p><p>// Treinamento e terapia: teoria e técnica</p><p>// Dinâmicas de grupo: diversos contextos</p><p>// Autoconhecimento na experiência grupal</p><p>Os grupos e os seus fenômenos</p><p>// Diagnósticos de grupo</p><p>// Feedback individual e de grupo</p><p>// As técnicas de sensibilização e a motivação</p><p>A Psicologia e o trabalho com grupos</p><p>A Psicologia surgiu a partir dos estudos de Sigmund Freud e da Psicanálise, sendo difundida ao longo dos</p><p>anos de maneira global. Além disso, foi transformada e ampliada na busca por diversas formas de</p><p>entender as relações e os comportamentos humanos, seja como forma de compreender as pessoas</p><p>através de questões mais profundas, como na abordagem psicanalítica, ou como fruto de seus</p><p>comportamentos e cognições, como na abordagem cognitivo-comportamental.</p><p>Independente da abordagem ou da forma de significar a experiência humana, a Psicologia se construiu,</p><p>inicialmente, a partir de uma lógica clínica e individual, configurando-se como a primeira forma de</p><p>inserção dos psicólogos em práticas com grupos. Além disso, houve a entrada nos serviços de saúde</p><p>conforme afirma Dimenstein (2000), que aponta as primeiras atividades nos hospitais e ambulatórios de</p><p>saúde mental, expandindo-se posteriormente para os demais segmentos de saúde e sendo, portanto, o</p><p>embrião do trabalho psicológico com grupos a partir da extensão da clínica tradicional.</p><p>Ao longo dos anos, a abrangência da atuação com diversos grupos e áreas foi ampliada, e na atualidade</p><p>o profissional de Psicologia pode trabalhar em diferentes contextos: na saúde, nas organizações, na</p><p>educação e na clínica, além de outros segmentos. Ressalta-se que a atuação em tais espaços propicia</p><p>grandes avanços e ganhos para os grupos, uma vez que a intervenção mediadora possibilita a criação de</p><p>vínculos, a significação e ressignificação das vivências, a aquisição de novos sentidos para experiências</p><p>diversas, a apropriação do novo e a compreensão das diferenças.</p><p>Portanto, são observados benefícios significativos no que diz respeito ao trabalho da Psicologia dos</p><p>grupos, sendo possível considerar que, ao se trabalhar com grupos, amplia-se o conhecimento e</p><p>encontra-se amparo. Além disso, há ainda a identificação com experiências similares, criando, portanto,</p><p>um sentimento de pertencimento, além de ganhos em aspectos práticos relacionados a determinados</p><p>contextos de atuação que envolvem tempo, espaço e quantidade superior de indivíduos.</p><p>Logo, é possível destacar os prós decorrentes da prática grupal em Psicologia, se comparada com esse</p><p>trabalho em seu formato individual, conforme é possível observar no Quadro 1:</p><p>Quadro 1. Aspectos do trabalho individual e com grupos em psicologia.</p><p>É válido salientar que, embora o trabalho com grupos seja de grande valia para a prática psicológica, o</p><p>mesmo não se aplica a todas as situações. Como na prática psicoterápica, os ganhos individuais são de</p><p>enorme importância; essa modalidade é mais indicada que a psicoterapia grupal em situações</p><p>específicas.</p><p>TREINAMENTO E TERAPIA: TEORIA E</p><p>TÉCNICA</p><p>Conforme dito, há duas formas de se trabalhar com grupos em Psicologia: treinamento e terapia, sendo</p><p>sua diferenciação extremamente importante.</p><p>O treinamento é direcionado para questões referentes à aprendizagem de competências, para a</p><p>especialização e para o contexto organizacional, não estando restrito exclusivamente a este último,</p><p>embora seja bastante conhecido dentro das organizações e na área de recursos humanos. A terapia, por</p><p>sua vez, deriva da tradição psicológica clássica e está associada à clínica e às mais diversas abordagens</p><p>psicoterapêuticas.</p><p>No que diz respeito ao trabalho com grupos, ambas são ferramentas de extrema importância, uma vez</p><p>que a prática do treino de habilidades permite aperfeiçoar e fornecer conhecimento acerca de uma área</p><p>específica. Logo, no contexto grupal, tal procedimento é imprescindível para promover o</p><p>desenvolvimento institucional e fortalecer as estratégias de ação do grupo em prol dos objetivos</p><p>compartilhados.</p><p>Já a terapia, inicialmente desenvolvida no formato individual, ao ser ampliada para o contexto coletivo</p><p>promove mudança, transformação, cura e enfrentamento de situações diversas dentro de uma vasta</p><p>gama de setores. Dessa maneira, a terapia de grupo se configura como uma aliada do fazer psicológico,</p><p>visto que permite a resolução de divergências grupais e busca tanto o tratamento de questões de saúde</p><p>propriamente ditas como pretende trazer à tona apontamentos para a resolução de conflitos.</p><p>Nesse sentido, as seções seguintes visam aprofundar as diferenças e os conceitos de treinamento e</p><p>terapia, levando em consideração a amplitude dos mesmos, e verificando como se dá sua realização na</p><p>teoria e na prática.</p><p>// Treinamento: teoria</p><p>Do ponto de vista histórico, o treinamento atravessou três fases em seu desenvolvimento, as quais</p><p>revelaram a relação do homem com elementos diversos e como tais relações implicaram na forma com</p><p>que se realizou a prática psicológica. De acordo com Mattos (1992), as três fases de evolução do</p><p>treinamento encontram-se na Figura 1.</p><p>Figura 1. Evolução humana no treinamento.</p><p>Em seus estudos, Mattos (1992) aponta que em cada fase do desenvolvimento um aspecto foi</p><p>evidenciado. Na primeira delas, a ênfase dá-se na relação homem – objeto. A partir dessa perspectiva, o</p><p>treinamento baseava-se em uma visão instrumental do homem, ou seja: a ideia de que ele era apenas o</p><p>manuseador dos instrumentos; logo, o objetivo principal consistia em atingir a produtividade e os</p><p>resultados concretos. Aqui temos, portanto, uma visão reducionista da forma de treinar, pautada na</p><p>supervalorização dos resultados em detrimento dos elementos subjetivos e humanos propriamente</p><p>ditos. Isto justifica, por exemplo, que determinados treinamentos tenham sido comparados a uma</p><p>espécie de adestramento.</p><p>A segunda fase diz respeito à associação homem – recurso. Aqui, o homem passa a ser visto como um</p><p>recurso adicional, ou seja: um elemento que deve ser especializado para aumentar a produtividade.</p><p>Ainda de acordo com o autor, nessa etapa ocorre o aprimoramento das habilidades humanas com o</p><p>objetivo de qualificar o produto final. Embora haja uma preocupação com as pessoas, tal preocupação</p><p>se justifica na melhoria e no aumento dos resultados esperados. Todavia, é nessa fase que ocorre a</p><p>aproximação do homem com as organizações, mesmo que o foco ainda esteja voltado para as</p><p>necessidades da empresa e não dos indivíduos.</p><p>A terceira fase é chamada de homem – pessoa e caracteriza-se por ampliar a forma com que os</p><p>indivíduos são enxergados dentro das instituições, passando de instrumentos e/ou instrumentos</p><p>capacitados em prol da produtividade e dos resultados para serem vistos como seres totais, ou seja:</p><p>capazes de expressar sentimentos, atitudes e comportamentos complexos. Além disso, os indivíduos</p><p>tornam-se capazes de participar dentro das organizações como profissionais críticos, reflexivos e aptos</p><p>a promover mudanças e transformações positivas, não apenas replicar algo previamente estabelecido.</p><p>A partir desse ponto de vista histórico, é possível perceber como o treinamento evoluiu no que diz</p><p>respeito a sua visão sobre o homem e como seu papel dentro das instituições foi sendo transformado.</p><p>Quadro 2. Diferenças entre o treinamento do passado e do presente.</p><p>O treinamento é, portanto, uma atividade que deve ocorrer nas</p><p>diversas instituições de forma contínua.</p><p>Além disso, possui níveis diferentes: operacional, pessoal e administrativo. Dessa forma, a prática possui</p><p>como função otimizar os trabalhos nas organizações e requer instrutores que estejam aptos para tal</p><p>feito. Ao discorrer sobre o treinamento, Macian (1987) destaca sua importância pedagógica, uma vez que</p><p>envolve educação e aprendizagem, pois visa promover o crescimento pessoal e consequentemente o</p><p>desenvolvimento organizacional.</p><p>Entretanto, existem diferentes formas de treinamento que levam em consideração o contexto de sua</p><p>realização, as pessoas a que se destina e as diferentes maneiras de aplicação, bem como o objetivo para</p><p>o qual se propõe (Quadro 3).</p><p>Quadro 3. Tipos de treinamento.</p><p>É válido salientar que todas as formas supracitadas podem ser congregadas e utilizadas em conjunto</p><p>com o objetivo de otimizar tanto o relacionamento quanto os resultados dentro de grupos e</p><p>organizações. Todas elas têm como foco capacitar e promover capacidades e qualidades nos</p><p>integrantes dos grupos. Ainda, de acordo com Macian (1987), a amplitude do treinamento leva o</p><p>indivíduo a refletir mais sobre seu papel dentro das organizações.</p><p>// Treinamento: prática</p><p>A prática do treinamento possibilita observar os resultados que a teoria busca. Para tanto, torna-se</p><p>necessária uma ação metodológica, ou seja: uma ordem que envolve etapas que se complementam.</p><p>Segundo Macian (1987), antes de iniciar o treinamento propriamente dito, deve haver clarificação sobre</p><p>o que se almeja com esse processo. Isto inclui o questionamento relativo à necessidade (ou não) de</p><p>treinamento.</p><p>Figura 2. Vantagens e desvantagens do treinamento.</p><p>Portanto, ao considerar realizar o treinamento, é necessário ponderar sobre a sua necessidade, mas</p><p>sempre destacando que empregá-lo promove ganhos para as organizações. Nesse sentido, o seguinte</p><p>questionário é concebido: Por que treinar? Em que treinar? A quem treinar? Como treinar? Quando</p><p>treinar? Estas questões levam a uma maior compreensão sobre a necessidade do treinamento. É</p><p>necessário também respeitar uma sequência de ações relativas a esse processo, conforme afirmam</p><p>Bohlander e Snell (2003).</p><p>Figura 3. Vantagens e desvantagens do treinamento. Fonte: BOHLANDER; SNELL, 2003.</p><p>Na primeira fase de levantamento de necessidades, são identificadas e levantadas as necessidades das</p><p>organizações ou grupos a fim de decidir as estratégias a serem adotadas. Essa fase também é</p><p>denominada de fase de análise e averigua aspectos diferentes: há a análise da empresa, que investiga os</p><p>modos de gestão, recursos e políticas, entre outros; a análise da tarefa, que verifica a tarefa a ser</p><p>realizada, suas especificidades e quem possui maior aptidão para a execução, além de habilidades e</p><p>desempenho; e a análise da pessoa, que se propõe a identificar quais funcionários precisam de</p><p>treinamento e os déficits a serem melhorados.</p><p>Na segunda fase, a de projeto de programa, o treinamento é esquematizado. Neste momento, os</p><p>objetivos que se pretende com a prática são discutidos e elencados. Eles se dividem em: objetivos</p><p>instrucionais, de prontidão e de motivação.</p><p>EXPLICANDO...</p><p>Nos objetivos instrucionais, instruções são dadas e as habilidades e conhecimentos a serem</p><p>desenvolvidos são destacados; nos objetivos de prontidão e motivação, as estratégias de treinamento</p><p>são enfocadas, ou seja, as diretivas a serem seguidas prontamente; por fim, os objetivos de</p><p>aprendizagem e estratégias motivam e promovem o interesse em fazer parte da organização, bem como</p><p>de crescer junto a ela.</p><p>Na terceira fase de implementação ocorre o treinamento, no qual mobilizam-se estratégias de ação, uso</p><p>de recursos materiais e estrutura de realização, ou seja, o enquadre da técnica aplicada, tendo em vista</p><p>otimizar o tempo e obter o melhor resultado. A quarta fase, a de avaliação, corresponde ao processo de</p><p>avaliar o treinamento, o alcance dos objetivos, a aprendizagem, os pontos positivos, os pontos negativos</p><p>e o que se pode e deve mudar. De acordo com Bohlander e Snell (2003), a eficácia do treinamento pode</p><p>ser verificada através de quatro níveis de avaliação:</p><p>Ressalta-se que todas as fases do treinamento são importantes e necessárias, uma vez que permitem</p><p>aprofundar as relações entre a equipe e trazem à tona elementos subjetivos que por ventura possam</p><p>intervir de alguma forma no trabalho ou desempenho de funções dentro das organizações ou grupos.</p><p>Nesse contexto, o psicólogo representa o papel de coordenador ou facilitador, promovendo o</p><p>desenvolvimento de potencialidades, aspectos sociais, mentais, pessoais e profissionais dos indivíduos.</p><p>// Terapia: teoria</p><p>A terapia consiste em uma prática automaticamente associada aos profissionais de Psicologia, sendo,</p><p>portanto, mais facilmente assimilada, o que significa que ela se encontra presente no imaginário popular</p><p>relacionado a esta área do saber. No que diz respeito à diferenciação entre treinamento e terapia,</p><p>Moscovici (1985) afirma que esta se dá justamente a partir da percepção dos indivíduos.</p><p>A terapia ampliada para a perspectiva grupal, por sua vez, se caracteriza pela visão de grupo como</p><p>paciente, ou seja: um grupo adoecido, não com uma doença propriamente dita, mas com uma condição</p><p>que atrapalha seu desempenho ou impede seu desenvolvimento, e que precisa ser tratado. Nessa forma</p><p>de intervenção a abordagem é mais indireta, diferentemente do treinamento: aqui, busca-se fazer os</p><p>membros compreenderem suas dificuldades através de insights.</p><p>Assim como o treinamento, a terapia também almeja adaptação e transformação – no entanto, a</p><p>segunda auxilia na melhora das dificuldades interpessoais e, com isso, no alívio da ansiedade. Na</p><p>terapia, todas as expectativas são depositadas na figura do profissional, ao passo que no treinamento</p><p>ele representa um facilitador ou coordenador.</p><p>Existem diversos tipos de terapia de grupo, sendo que cada uma delas está associada a uma abordagem</p><p>psicoterapêutica diferente e trabalha com aspectos específicos do comportamento e realidade</p><p>humanos. As mais comuns são a terapia de grupo psicanalítica, terapia de grupo cognitivo-</p><p>comportamental, Gestalt-terapia de grupo, terapia de grupo humanista e psicodrama.</p><p>A técnica da terapia, em si, é indicada para trabalhar questões que provocam sofrimento e impedem o</p><p>desenvolvimento dos indivíduos, sendo utilizada geralmente em casos de ansiedade, depressão,</p><p>relacionamentos interpessoais, grupos de ajuda, relacionamentos afetivos e grupos terapêuticos, entre</p><p>outros. Suas indicações incluem a fomentação do autoconhecimento e a evolução das habilidades do</p><p>grupo, promovendo com isso seu crescimento e o alcance dos objetivos estabelecidos.</p><p>A terapia de grupo é indicada para casos nos quais a interação entre os indivíduos participantes podem</p><p>proporcionar avanço terapêutico tanto para a pessoa quanto para o grupo, o que evidencia sua</p><p>característica holística. A demanda para a terapia grupal surge ainda em sua modalidade individual,</p><p>quando o psicólogo percebe que o procedimento coletivo pode gerar ganhos para o paciente. O contexto</p><p>da pandemia de COVID-19, iniciada em 2020, fez surgir outro arranjo interessante de terapia: a terapia</p><p>remota ou online, que pode ser realizada tanto de forma individual quanto grupal.</p><p>Quadro 4. Benefícios da terapia de grupo.</p><p>// Terapia: prática</p><p>A prática da terapia, conforme visto, varia de acordo com sua abordagem. Todavia, de acordo com Haley</p><p>(1998), há uma ideia geral sobre como ocorre o processo terapêutico, sendo esta uma técnica que faz</p><p>uso da interação entre os indivíduos em que questões compartilhadas e sofrimentos comuns podem ser</p><p>trabalhados coletivamente. Isto promove a transformação a partir das experiências vividas, ou seja: no</p><p>grupo, cada indivíduo se torna agente de sua própria mudança e contribui para a evolução dos demais</p><p>participantes a partir de uma dialética</p><p>grupal.</p><p>Tendo isso em mente, ressalta-se que a prática da terapia pode ser representada da seguinte maneira:</p><p>Figura 4. Etapas da terapia.</p><p>De acordo com a sequência, a primeira parcela diz respeito à formação dos grupos. Ela não se dá de</p><p>maneira aleatória, uma vez que cabe ao psicólogo mapear as demandas de trabalho a serem vivenciadas</p><p>pelo grupo, bem como identificar as necessidades a serem geridas. É a partir disso que se organiza o</p><p>enquadramento das técnicas que serão implementadas. Nesse trabalho, o profissional deve se atentar,</p><p>por exemplo, para grandes disparidades ou a incapacidade de adequação de um indivíduo dentro de um</p><p>grupo, intervindo ou modificando a dinâmica grupal a partir disso. Neste processo, a presença do</p><p>psicólogo é imprescindível e abrange as mais variadas formas de terapia, visto que ele participa como</p><p>coordenador e auxilia na condução terapêutica.</p><p>A segunda etapa é a realização da técnica. O número de participantes deve ser, em média, de 6 a 8</p><p>pessoas. Nas sessões iniciais, são fornecidos esclarecimentos e orientações em relação ao</p><p>funcionamento do grupo, o que é seguido por uma breve apresentação dos indivíduos que o compõem.</p><p>Em seguida, executa-se uma dinâmica de grupo que conta com técnicas previamente escolhidas para o</p><p>melhor aproveitamento do procedimento.</p><p>O tempo de realização da técnica varia de acordo com o</p><p>contexto, mas tem duração média de 1 hora e pode ser</p><p>semanal ou quinzenal, além da possibilidade de haver</p><p>sessões intercaladas com sessões individuais, de acordo</p><p>com a necessidade. Assim, é durante a terapia que são</p><p>trabalhadas questões relacionadas a conflitos, sofrimentos,</p><p>motivações e elementos a serem transformados dentro do</p><p>grupo.</p><p>A terceira fase é o compartilhamento, fase em que ocorre a troca das experiências vivenciadas. De forma</p><p>democrática, todos os participantes são convidados a expor seus ganhos, aprendizados e dificuldades</p><p>identificados na realização do trabalho em grupo. Trata-se, portanto, de uma etapa fundamental para o</p><p>processo terapêutico, uma vez que questões e pontos de vista são elaborados.</p><p>Um ponto muito importante a ser frisado é o sigilo e a confidencialidade do processo: o grupo deve</p><p>acordar entre si um pacto de respeito, da mesma forma que ocorre na terapia individual, marcado pela</p><p>ética do sigilo, que deve ser ampliada para o formato grupal. Isto faz com que haja respeito em relação às</p><p>questões que emergirem no processo.</p><p>DINÂMICAS DE GRUPO: DIVERSOS</p><p>CONTEXTOS</p><p>Dentro do estudo da Psicologia grupal, as dinâmicas de grupo possuem um papel importante e</p><p>acabaram tornando-se sinônimos do trabalho do profissional de Psicologia, o que pode ser verificado no</p><p>senso comum que associa o trabalho do psicólogo ao profissional que aplica dinâmicas de grupo.</p><p>Todavia, sabe-se que de forma alguma essa é a única competência da profissão, o que torna necessário</p><p>destacar a importância das dinâmicas em diversos contextos.</p><p>O conceito de dinâmica de grupo foi utilizado pela primeira vez nos estudos de Kurt Lewin a partir da</p><p>definição de campo grupal e dos fenômenos observados dentro dos grupos de trabalho. De acordo com</p><p>Minicucci (1997), na realização das tarefas em grupo destacam-se algumas forças psicológicas: coesão,</p><p>coerção, pressão social, atração, rejeição, resistência à mudança, interdependência, equilíbrio e quase</p><p>equilíbrio. Em suas definições, cada uma das forças supracitadas possui um papel que determina a</p><p>realização da atividade grupal.</p><p>Quadro 5. Fenômenos do trabalho de grupo.</p><p>Esses fenômenos são observados na realização das dinâmicas grupais e funcionam como uma micro</p><p>representação das questões a serem alcançadas com tal atividade, uma vez que revelam como os</p><p>diferentes indivíduos caminham para chegar a um determinado resultado dentro dos grupos. No entanto,</p><p>cada grupo apresenta resultados diferentes, que podem ser semelhantes, mas jamais iguais, visto que</p><p>componentes contextuais como tempo, espaço, período histórico, objetivo e outros desenham a marcha</p><p>de cada um deles.</p><p>Em sentido amplo, ao falar sobre dinâmica de grupo, é importante não limitar o significado da técnica,</p><p>visto que ela não se restringe a direcionar o trabalho dos grupos: pelo contrário, ela soma outras</p><p>funções, como promoção do autoconhecimento; possui caráter educacional, à medida que possibilita a</p><p>aprendizagem; mantém a ordem dos grupos; e revela caminhos para obter o sucesso e alcançar os</p><p>objetivos.</p><p>Por se tratar de uma atividade que possibilita o aprimoramento do engajamento e da colaboração entre</p><p>os indivíduos, a dinâmica de grupo é realizada em diferentes contextos: nas organizações, no contexto</p><p>educacional e na área psicossocial.</p><p>A forma mais comum e mais conhecida é a organizacional.</p><p>Nessa área, a técnica é utilizada pelos profissionais dos</p><p>Recursos Humanos nos processos de recrutamento, seleção</p><p>e treinamento, configurando-se como uma ferramenta que</p><p>avalia as competências dos indivíduos que se propõem a</p><p>concorrer por uma vaga de trabalho ou, ainda, julga o</p><p>desempenho dos colaboradores que já fazem parte da</p><p>instituição. Além disso, a prática possibilita melhorar e</p><p>aperfeiçoar a forma com que a equipe interage entre si e</p><p>realiza seu trabalho a partir do desenvolvimento de certas</p><p>habilidades e do sentimento de equipe.</p><p>No contexto educacional, a técnica possui um caráter de solução de problemas e auxilia no</p><p>engajamento a partir de tarefas e objetivos. Logo, é possível aplicá-la em contextos que vão de educação</p><p>básica e educação superior a treinamento e capacitação, sendo esta, portanto, uma ferramenta que</p><p>permite compreender os grupos e aperfeiçoar o processo de aprendizagem.</p><p>No trabalho com grupos da área psicossocial, destaca-se o valor cultural, uma vez que ao trabalhar com</p><p>grupos comunitários emergem as diferentes culturas e formas de existir dentro dos grupos. Nesse</p><p>contexto, há a valorização do compartilhamento das experiências e ação direta no loco grupal, ou seja:</p><p>torna-se possível perceber o impacto na comunidade a partir da comunicação e da partilha de</p><p>satisfações e descontentamentos de seus membros.</p><p>Em cada um desses contextos, o papel do psicólogo é determinante no resultado almejado. De acordo</p><p>com Zimerman (2000), o coordenador ou grupoterapeuta deve se atentar para todos os elementos dentro</p><p>da dinâmica para melhor conduzi-la.</p><p>EXPLICANDO...</p><p>O contexto relativo ao grupoterapeuta surgiu a partir dos estudos de David Zimerman. O autor</p><p>acrescenta que esta é uma figura importante no processo terapêutico, visto que possui papel de</p><p>condutor. Além disso, para Zimerman, o grupoterapeuta ou coordenador deve possuir as seguintes</p><p>características: ser verdadeiro, coerente, ético, respeitoso, paciente, empático, comunicativo e ter senso</p><p>de humor.</p><p>Com isso, o profissional deve estar atento para fenômenos emergentes, como: as ansiedades</p><p>relacionadas ao processo, as quais são diversas e dizem respeito às apreensões individuais somadas à</p><p>experiência grupal; as defesas lançadas e que funcionam como resistências, mas que podem contribuir</p><p>com o processo; e os processos de identificação, que fortalecem os vínculos e permitem a coesão do</p><p>grupo rumo ao objetivo proposto.</p><p>Portanto, independente do contexto, ao aplicar a técnica de grupo, o profissional deve estar atento a</p><p>esses fenômenos, além de compreender seu papel, com o objetivo de facilitar a experiência e conduzir</p><p>cada grupo da melhor maneira, otimizando seus recursos em prol da evolução e do crescimento.</p><p>AUTOCONHECIMENTO NA EXPERIÊNCIA</p><p>GRUPAL</p><p>Ao discorrer sobre experiência grupal, isto é imediatamente associado ao elemento coletivo; portanto,</p><p>pensa-se em conhecimento de grupo e fenômenos relacionados ao conviver com o outro.</p><p>No entanto, seria possível obter autoconhecimento dentro de um contexto grupal? Conhecer a si mesmo</p><p>é viável quando se permite abrir a mente, ouvir o outro e apreender, a partir de diversas experiências,</p><p>o</p><p>que é seu, o que é do outro e o que é compartilhado. Nesse sentido, sim, é possível angariar</p><p>autoconhecimento em experiências grupais.</p><p>Ao longo da vida, o ser humano que se encontra em condições normais de desenvolvimento experimenta</p><p>a vivência em diversos grupos: familiar, escolar e profissional, entre outros. Em cada contexto do qual se</p><p>participa, é possível extrair algum aprendizado, bem como definir o que se quer e o que não é necessário.</p><p>Portanto, a partir dessas experiências, o indivíduo vai se edificando e se conhecendo/reconhecendo a</p><p>partir do olhar do outro, do sentimento de pertencimento aos grupos e de suas aproximações e</p><p>afastamentos.</p><p>Todas essas experiências são armazenadas na mente dos indivíduos, tanto aquelas positivas,</p><p>representadas por afinidades e aproximações, quanto as negativas, através de aversões e afastamentos.</p><p>A memória, portanto, se torna um elemento fundamental para balizar o autoconhecimento nos grupos,</p><p>uma vez que as percepções do que se encontra no mundo exterior variam devido aos fatores</p><p>previamente experienciados, o que constitui o autoconhecimento a partir de uma lógica coletiva e</p><p>experimentada mediante vivências anteriores.</p><p>Nessa lógica, as subjetividades auxiliam a compor a aprendizagem, e são essas mesmas subjetividades</p><p>que, somadas entre si dentro da experiência grupal, promovem o autoconhecimento a partir do outro e</p><p>do todo. Entende-se aqui que não somos apenas seres fechados em nós mesmos, mas que nos</p><p>formamos a partir de outrem, de todas as experiências acumuladas ao longo da vida e das diversas</p><p>formações grupais experimentadas.</p><p>VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA?</p><p>O treinamento é uma forma de melhorar os resultados dentro de uma organização. De acordo com o</p><p>conteúdo estudado, quais são os tipos de treinamento? Assinale a alternativa correta.</p><p>(X) Treinamento por integração, técnico-operacional, gerencial e comportamental.</p><p>( ) Treinamento técnico-operacional, gerencial e comportamental.</p><p>( ) Treinamento por integração, de necessidades, gerencial e comportamental.</p><p>Correta - Muito bem, a resposta está correta!</p><p>O treinamento se subdivide em quatro tipos: treinamento por integração, treinamento técnico-</p><p>operacional, treinamento gerencial e treinamento comportamental.</p><p>Os grupos e os seus fenômenos</p><p>Ao discorrer sobre grupos e seus fenômenos, discorremos também sobre todas as questões que</p><p>emergem durante o trabalho grupal. Essas questões ultrapassam o contexto no qual se realiza o</p><p>trabalho, visto que representam um recorte da sociedade: seus conflitos, suas tensões, seu mal-estar,</p><p>sua latência e suas vicissitudes. Não é possível pensar de maneira grupal sem partir de algo formado por</p><p>inúmeras partes e, nesse sentido, o grupal é uma macro representação política, econômica, social e</p><p>humana da forma com que se constrói o mundo e as diversas sociedades.</p><p>Em seus estudos sobre as massas e o ego, Freud (2006) destacou que a peculiaridade mais notável dos</p><p>grupos humanos, seja quais forem os indivíduos que os compõem, sua finalidade, seus modos de vida</p><p>ou seu caráter e inteligência, é que esses sujeitos se agruparam em uma tentativa de manter um</p><p>pensamento coletivo que os faz sentir, pensar e agir de maneira distinta da forma como agiriam se</p><p>estivessem fora do grupo, em estado individual.</p><p>Segundo esse pensamento, os grupos, além de serem uma forma de construir a vida humana e</p><p>direcionar seu curso, possibilitam transcender o pensamento individual para algo maior: o pensamento</p><p>de grupo, que inaugura, portanto, o principal dos fenômenos – a sociedade humana. Há dessa maneira</p><p>uma fórmula que se soma, cujo resultado é algo totalmente novo e diferente. Com isso, e corroborando</p><p>com o pensamento de Perls (1977), os grupos excedem a soma das partes (Figura 5):</p><p>Figura 5. Equação da formação dos grupos.</p><p>DIAGNÓSTICOS DE GRUPO</p><p>O trabalho em grupo envolve questões variadas, bem como contextos muito diferentes. Logo, há de se</p><p>pensar que para cada grupo existe uma forma de conduzir adequadamente o processo de ação. No</p><p>entanto, é possível questionar como definir a melhor forma de trabalho dentro de grupos específicos.</p><p>Para isso, existe uma ferramenta chamada diagnóstico de grupo, e é através dela que se elaboram e</p><p>definem quais intervenções são mais adequadas, além de como torná-las possíveis. Realiza-se,</p><p>portanto, o levantamento de questões relacionadas às características do grupo que se pretende</p><p>trabalhar. A Figura 6 ilustra, de forma artística, as questões a serem levadas em consideração na</p><p>elaboração de um diagnóstico de grupo.</p><p>Figura 6. Elaboração do diagnóstico de grupo. (Adaptado).</p><p>De acordo com Zimerman (2000), trabalhar com diferentes grupos requer do psicólogo uma postura</p><p>flexível e adaptável aos mais variados contextos, uma vez que reconhecer as peculiaridades dos grupos</p><p>com os quais se trabalha é o segredo para obter resultados mais consistentes, sobretudo nas</p><p>conjunturas em que se prioriza o alcance de metas. Assim sendo, não há dúvidas que o primeiro contato</p><p>com um grupo é determinante para a realização de um diagnóstico que consiga abarcar as questões de</p><p>maior urgência.</p><p>No primeiro contato, visualizam-se questões referentes ao ambiente grupal, às bases para a realização</p><p>do trabalho, à forma com que o grupo se organiza, às habilidades, às impressões, às experiências</p><p>existentes, aos interesses e às diversas personalidades de seus componentes. Além disso, deve haver a</p><p>apreensão da forma com que o grupo se comunica e suas aparentes necessidades.</p><p>Logo, a realização do diagnóstico de grupo deve levar em consideração elementos imprescindíveis: o</p><p>contexto em que o grupo está inserido, suas necessidades e suas características. Para isso, realizam-se</p><p>alguns questionamentos que balizam e facilitam a elaboração do diagnóstico.</p><p>Quadro 6. Questões referentes à elaboração de um diagnóstico de grupo.</p><p>Tais questionamentos devem ser levantados para que se crie um diagnóstico de grupo; no entanto, é</p><p>necessário ter em mente que estas não são questões universais: para cada formação grupal, elas podem</p><p>ser modificadas, ampliadas ou reduzidas, de acordo com a realidade em que são aplicadas. Para isso, o</p><p>profissional deve coletar as informações através de pesquisas, entrevistas, questionamentos,</p><p>observação direta, consulta em arquivos existentes, análise de arquivos descritivos fornecidos por</p><p>profissionais anteriores, aplicação de testes e dinâmicas de grupos. Para fins didáticos, o Quadro 7 traz</p><p>um exemplo de diagnóstico de grupo.</p><p>CURIOSIDADE...</p><p>De acordo com a Resolução 06 do Conselho Federal de Psicologia, todos os documentos escritos</p><p>decorrentes de prestação de serviços psicológicos, bem como os materiais que os fundamentaram,</p><p>estejam eles na forma física ou digital, deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos.</p><p>Quadro 7. Exemplo de diagnóstico de grupo.</p><p>VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA?</p><p>O diagnóstico de grupo é uma técnica que tem como objetivo identificar as questões a serem</p><p>trabalhadas nos mais diferentes arranjos. Quais características devem ser identificadas pelo profissional</p><p>de Psicologia ao elaborar um diagnóstico de grupo? Assinale a alternativa correta.</p><p>( ) As necessidades do grupo e seu contexto histórico.</p><p>(X) O contexto, as necessidades e as características do grupo.</p><p>( ) As abordagens psicoterapêuticas e as características do grupo.</p><p>Correta - Muito bem, a resposta está correta!</p><p>O psicólogo deve identificar o contexto em que o grupo está inserido, suas necessidades e suas</p><p>características para que possa elaborar o diagnóstico de grupo.</p><p>FEEDBACK INDIVIDUAL E DE GRUPO</p><p>O feedback é uma técnica utilizada no trabalho de grupos em Psicologia, configurando-se como uma</p><p>forma de comunicar resultados através de devolutivas, o que aponta a existência de inúmeras formas de</p><p>falar e anunciar mensagens para participantes ou colaboradores</p><p>nos mais diversos grupos. É importante</p><p>destacar que o feedback não se trata apenas de uma mensagem disparada de qualquer forma: pelo</p><p>contrário, deve ser executada de forma cuidadosa objetivando orientar, ensinar e corrigir sem</p><p>constranger, humilhar ou recriminar os indivíduos.</p><p>Quadro 8. Elementos permitidos e não permitidos no feedback.</p><p>Quanto às formas de devolutiva, o feedback pode ser realizado de maneira verbal, quando a devolutiva é</p><p>falada ou escrita, e não verbal, quando é executada na forma de gestos e linguagem não verbal. No que</p><p>diz respeito à forma com que o feedback se apresenta, este pode ser positivo, quando a devolutiva é</p><p>favorável, ou negativo, quando visa corrigir algo feito ou orientar no sentido de mudança. Por fim,</p><p>verificaremos a diferenciação e as características de duas formas específicas de feedback: o individual e</p><p>o de grupo.</p><p>Figura 7. Diferença entre feedback individual e feedback em grupo. (Adaptado).</p><p>O feedback individual pode ser realizado de maneira formal ou informal, e a comunicação se dá de forma</p><p>mais pessoal. Como vantagens, destacam-se os menores riscos de constrangimento, bem como a</p><p>crítica mais direcionada e assertiva, o que faz com que a comunicação seja mais profunda e diretiva. No</p><p>feedback em grupo, a comunicação ocorre de forma mais ampla e com um grupo de pessoas. Como</p><p>vantagens, destacam-se a influência positiva no grupo e a otimização do tempo, visto que a devolutiva</p><p>ocorre para um maior número de pessoas.</p><p>Independente da forma com que é feito, o uso dessa ferramenta é indispensável. Moreira (2009) chama a</p><p>atenção para os ganhos do feedback, o qual reforça as boas práticas organizacionais e de grupo,</p><p>melhora o desempenho de toda equipe e garante melhores resultados. Isto faz com o que as questões</p><p>intragrupos se resolvam com maior agilidade e de forma mais positiva, criando com isso um ambiente de</p><p>desenvolvimento contínuo e harmônico.</p><p>AS TÉCNICAS DE SENSIBILIZAÇÃO E A</p><p>MOTIVAÇÃO</p><p>A motivação é um fator muito importante para trabalhos em grupo, visto que um grupo motivado realiza</p><p>mudanças e conquista resultados. Isso posto, sabe-se que cada indivíduo possui elementos particulares</p><p>que lhe geram motivação; entretanto, alguns fatores são universais ao discorrer sobre o tema. Maslow</p><p>(2000) acreditava que a forma com que os diferentes indivíduos se motivam obedece a uma ordem que</p><p>ele chamou de pirâmide das necessidades, a qual descreve que as necessidades humanas seguem uma</p><p>ordem hierárquica que vai das necessidades básicas até as necessidades de autorrealização.</p><p>De acordo com o autor, para que as necessidades mais complexas (topo da pirâmide) pudessem ser</p><p>satisfeitas, o indivíduo teria que satisfazer antes as necessidades primárias (base da pirâmide). Portanto,</p><p>as necessidades fisiológicas se encontram na base e são seguidas pelas necessidades de segurança,</p><p>pelas necessidades sociais, pelas necessidades de estima e por último as necessidades de</p><p>autorrealização, conforme é possível visualizar na Figura 8.</p><p>Figura 8. Pirâmide de Maslow. Fonte: MASLOW, 2000. (Adaptado).</p><p>Portanto, de acordo com o autor, a motivação segue essa hierarquia, na qual há uma universalidade das</p><p>necessidades mais básicas, sendo, no entanto, mais complexa no que diz respeito às necessidades de</p><p>realização pessoal. Isto ocorre porque cada ser humano possui desejos subjetivos no que diz respeito ao</p><p>seu próprio ideal de máxima realização.</p><p>As técnicas de sensibilização surgem nesse contexto relativo à motivação de grupos e são ferramentas</p><p>de grande importância no trabalho com os coletivos, sendo utilizadas como uma forma de preparo para</p><p>mudanças de comportamentos indesejáveis nos contextos educacional, organizacional e comunitário.</p><p>Antunes (2012) as descreve como instrumentos de transmissão de informação para assimilação e</p><p>construção de criatividade, permitindo o crescimento e agregando conhecimento aos indivíduos. Dessa</p><p>forma, tais técnicas são utilizadas em diversos contextos com o intuito de desenvolver habilidades, bem</p><p>como vivenciar sentimentos e experiências.</p><p>O foco da motivação é possibilitar, de forma imediata, a execução de atividades ou a solução de</p><p>problemas, configurando-se como uma estratégia de uso amplo em processos como orientação</p><p>educacional e treinamentos de pessoal, além de diversas circunstâncias que envolvam grupos. Para</p><p>utilizar as técnicas de sensibilização, a técnica recorre ao método heurístico com o objetivo de</p><p>confirmar, a partir dos eventos objetivos, os princípios necessários para os bons resultados da técnica e</p><p>sua aplicação.</p><p>EXPLICANDO...</p><p>O método heurístico se apoia em três princípios básicos: o conhecimento obtido a partir de fatos e</p><p>experiências; o conhecimento que deve ser comprovado e não contradizer os fatos; e o conhecimento</p><p>que se justifica quando a experiência é confirmada por um conhecimento já existente.</p><p>A aplicação das técnicas pode ser realizada de forma dinâmica através de exposições, ensaios e</p><p>reflexões. É vantajoso que isso não ocorra de maneira estática, mas que se adapte ao contexto em que</p><p>está sendo implementada. Ademais, os materiais utilizados devem fornecer condições de trabalho</p><p>interessantes e ampliar o espectro de ação da ferramenta, sendo possível lançar mão de elementos</p><p>lúdicos que favoreçam a criatividade e o desenvolvimento das potências do grupo. O Quadro 9 apresenta</p><p>exemplos de técnicas de sensibilização.</p><p>Quadro 9. Exemplos de técnicas de sensibilização.</p><p>Logo, é possível perceber que as técnicas de sensibilização se somam a todos os instrumentos de</p><p>trabalho de grupo utilizados por psicólogos nos mais diversos contextos, sempre visando somar e</p><p>motivar o trabalho em equipe e, com isso, dar rumo aos resultados estabelecidos. É válido salientar a</p><p>complexidade dos fenômenos estudados, uma vez que tanto a Psicologia quanto os grupos, em seus</p><p>diversos arranjos, não são estáticos: ao contrário, se encontram em um movimento constante de</p><p>transformação e evolução.</p><p>VAMOS REFORÇAR O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA?</p><p>O feedback contribui grandemente para a comunicação dentro das organizações e dos grupos. Tendo</p><p>isso em mente e de acordo com o conteúdo estudado, não são formas de realizar o feedback:</p><p>( ) De forma construtiva e de modo que auxilie o processo de trabalho em grupo.</p><p>(X) Necessariamente de forma formal e verbal.</p><p>(X) Necessariamente de forma grupal e de modo que auxilie o trabalho do grupo.</p><p>Correta - Muito bem, a resposta está correta!</p><p>O feedback deve auxiliar no processo de trabalho em grupo, contribuir com a aprendizagem de forma</p><p>construtiva, apontar erros a serem modificados e promover o crescimento do grupo.</p><p>Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?!</p><p>SINTETIZANDO</p><p>Em Psicologia, o trabalho com grupos vem se desenvolvendo ao longo do tempo e passou de uma prática</p><p>clínica individual para uma prática relacionada a coletivos que cada vez mais expande seu campo de</p><p>atuação para contextos como organizações, escolas, serviços de saúde e comunidades.</p><p>Dentro do arcabouço de técnicas utilizadas no escopo da Psicologia, destacam-se o treinamento e a</p><p>terapia. O primeiro é direcionado ao aprendizado e a especialização das competências e se desenvolveu</p><p>passando por três fases distintas: homem – objeto, com ênfase na visão instrumental do humano;</p><p>homem – recurso, buscando a especialização em prol da produtividade; e homem – pessoa, ampliando a</p><p>importância do componente humano dentro das instituições. Quanto à subdivisão, tem-se o</p><p>treinamento por integração, o treinamento técnico-operacional, o treinamento gerencial e o treinamento</p><p>comportamental.</p><p>A segunda, por sua vez, vem da tradição clínica psicológica e está diretamente associada a uma</p><p>abordagem psicoterapêutica, que pode ser individual ou em grupo e é caracterizada por alguns</p><p>benefícios: permitir a troca de experiências, possibilitar a orientação, favorecer a</p><p>comunicação,</p><p>promover o autoconhecimento, gerar motivação e permitir o crescimento pessoal. Em sua prática, há</p><p>três fases distintas: formação de grupos, realização da técnica e compartilhamento das experiências.</p><p>Outra técnica de grande relevância para a Psicologia é a dinâmica de grupo, aplicada nos contextos</p><p>organizacional, educacional e psicossocial. Ela apresenta determinadas forças psicológicas, como</p><p>coesão, pressão social, atração, rejeição, resistência à mudança, interdependência, equilíbrio e quase</p><p>equilíbrio.</p><p>Para melhor trabalhar com os grupos e obter autoconhecimento e potências para alcançar os resultados</p><p>esperados, torna-se necessário realizar um diagnóstico de grupo, que é um levantamento a respeito do</p><p>grupo de trabalho, suas necessidades, seu contexto e suas características. Com isso o trabalho flui com</p><p>maior facilidade, bem como o sucesso almejado pode ser alcançado com mais frequência.</p><p>Por fim, é importante enfatizar a importância da comunicação dentro do trabalho de grupo, uma vez que,</p><p>quando não há partilha e devolutiva, o processo fica pouco elucidado, e, portanto, estagnado. Para isso,</p><p>a técnica utilizada é o feedback, o qual pode ser individual, quando a comunicação é pessoal e restrita,</p><p>ou em grupo, quando a equipe é comunicada sobre os resultados. Tal comunicação pode se dar através</p><p>de técnicas de sensibilização que ampliam as formas de expressão dos elementos do grupo,</p><p>proporcionando motivação para o trabalho.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo, de sensibilização e de ludopedagogia. Rio de</p><p>janeiro: Vozes, 2012.</p><p>BOHLANDER, G.; SNELL, S. A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira, 2003.</p><p>CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n. 6, de 29 de março de 2019. Diário Oficial da União,</p><p>Brasília, DF, 29 mar. 2019. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 28 set.</p><p>2021.</p><p>DIMENSTEIN, M. A cultura profissional e o ideário individualista: implicações para a prática no campo da</p><p>assistência pública à saúde. Estudos de Psicologia (Natal), [s.l.], v. 5, n. 1, 2000.</p><p>FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 2006.</p><p>HALEY, J. Aprendendo e ensinando terapia. Porto Alegre: Artmed, 1998.</p><p>LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1978.</p><p>MACIAN, L. M. Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos. São Paulo: EPU, 1987.</p><p>MASLOW, A. H. A theory of human motivation (1943). Psychological Review, [s.l.], v. 50, 2000.</p><p>MATTOS, R. A. De recursos a seres humanos: o desenvolvimento humano na empresa. Brasília: Livre,</p><p>1992.</p><p>MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 1997.</p><p>MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: Livros Técnicos Científicos, 1985.</p><p>MOREIRA, B. L. Dicas de feedback: a ferramenta essencial da liderança. Rio de Janeiro: Qualitymark,</p><p>2009.</p><p>PERLS, F. Gestalt-terapia explicada. São Paulo: Summus, 1977.</p><p>ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.</p>