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<p>UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE</p><p>FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS</p><p>DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA</p><p>DISCIPLINA: PROCESSOS E REGIMES POLÍTICO NA ÁFRICA AUSTRAL –</p><p>Prof. Doutor Sérgio Chichava.</p><p>Tema: Leitura Recomendada</p><p>Discente: Gildo Chau, 4º Ano Laboral, 2022</p><p>(12/04/2022)</p><p>Democratização em África: Institucionalização de poder político em África</p><p>Às eleições como únicas vias para ascensão e permanência no poder em África, são vistas</p><p>por muitos analistas ou estudiosos como elementos importantes no processo de</p><p>democratização e institucionalização de poder político em África (a realização das</p><p>eleições regulares por um lado e a limitação de mandatos presidenciais por outro lado.</p><p>A limitação pelo mandatos presidenciais é também vista como elemento especialmente</p><p>importante de pesos contrapesos e de controlo de abusos num continente em que as</p><p>instituições judiciais e de controlo democrático brilham pela sua fraqueza.</p><p>A limitação pelo mandatos presidenciais é também vista de forma positiva pela opinião</p><p>pública africana. Por exemplo num estudo de Afrobarometer em 2015 mostra que 75%</p><p>dos cidadãos de 34 países africanos apoiam esta cláusula.</p><p>Portanto, este contraste entre a opinião pública e formas extras-constitucionais (morte</p><p>violenta, golpe de estado, etc) que caracterizou a saída ou permanência no poder de</p><p>muitos presidentes africanos durante o período de 1960 até aos finais de 1980 mostra uma</p><p>certa institucionalização de poder político em África. Esses, são dois elementos que</p><p>mostram a uma certa institucionalização de poder político em África (a introdução de</p><p>limite de mandatos e opinião pública).</p><p>2</p><p>Entre 1990 a 2015 a maior parte dos presidentes de africanos 28 neste caso, abandou o</p><p>poder pelas vias previstas na constituição (pleitos eleitorais, morte natural, limitação</p><p>constitucional de mandato, etc). Entretanto, há um número não desprezível de 13</p><p>presidentes que deixou a permanência no poder por meios violentos ou extras-</p><p>constitucionais. Portanto, entre 90 e 2017 os presidentes de países africanos enfrentaram</p><p>38 vezes a limitação de mandato, em 18 destes casos os presidentes tentaram ignorar e</p><p>emendar a constituição de forma a ficar mais tempo no poder. Contudo apenas 12 foram</p><p>sucedidos.</p><p>O outro ponto é que os países que até 2017 não possuíam o limite de mandatos</p><p>presidenciais, só em 13, os limites tinham sido revogados.</p><p>Analisando casos de Chefes de Estado africanos que, entre 1990 e 2015, estavam no</p><p>poder, Posner & Young (2018, 265–68) afirmam que 36 estavam a cumprir o segundo</p><p>mandato, e que por imperativo constitucional estavam impedidos de voltar a concorrer.</p><p>De acordo com os autores, estes presidentes tinham três opções:</p><p>➢ 1) respeitar os limites de mandatos estabelecidos pela Constituição;</p><p>➢ 2) tentar alterar a Constituição, de modo a permitir um terceiro mandato;</p><p>➢ 3) descartar a Constituição e prolongar o seu mandato por meios extra-</p><p>constitucionais.</p><p>Deste grupo, apenas dois optaram pela terceira opção, um deles após tentativas</p><p>fracassadas de usar o Parlamento e o Tribunal Constitucional para a aprovação de uma</p><p>emenda constitucional que lhe garantisse o terceiro mandato. Dos demais, 20, entre os</p><p>quais o antigo presidente de Moçambique Joaquim Chissano, optaram pela primeira</p><p>opção; e 16 escolheram a segunda opção. Dos que escolheram a segunda opção, 11</p><p>lograram mudar a Constituição, não tendo os outros cinco conseguido, em virtude da forte</p><p>oposição do Parlamento ou da pressão dos militares. O facto de apenas dois terem</p><p>escolhido a terceira opção, e de cinco dos que optaram pela segunda não terem conseguido</p><p>alcançar os seus intentos, são exemplos apontados como prova de uma certa</p><p>institucionalização do poder político em África.</p><p>A escolha de uma destas alternativas geralmente depende de alguns factores</p><p>contextuais:</p><p>3</p><p>➢ O primeiro tem que ver, segundo Posner & Young (2018: 270), com a opinião</p><p>pública: líderes que acreditam gozar de enorme popularidade e que em caso de</p><p>concorrerem pela terceira vez facilmente ganharão as eleições sentem-se mais</p><p>tentados a alterar a Constituição, quebrando a limitação de mandatos. Este</p><p>sentimento é, muitas vezes, reforçado pelo resultado obtido nas eleições</p><p>anteriores.</p><p>➢ A coesão da oposição foi também apontada como instrumental para o sucesso</p><p>das transições democráticas em África, no final dos anos 1980 e princípio dos</p><p>anos 1990;</p><p>➢ Outro factor é a existência de uma oposição forte. Cheeseman (2019) afirma que</p><p>uma oposição forte e organizada é crucial para bloquear tentativas de forçar um</p><p>terceiro mandato, tendo impedido, em muitos casos, esse tipo de veleidades.</p><p>➢ O outro factor que influencia o respeito ou não do limite de mandatos</p><p>presidenciais inscritos na Constituição, tem que ver, segundo Posner & Young</p><p>(2018: 270), com a idade do presidente. Em contraste com os mais novos, em</p><p>geral, presidentes mais velhos têm mais inclinação para abandonar o poder,</p><p>quando o segundo mandato constitucionalmente permitido chega ao fim. Isto</p><p>acontece por várias razões, nomeadamente declínio da sua saúde, reconhecimento</p><p>de que os anos que ainda restariam para governar são poucos, ou existência de um</p><p>filho que o possa substituir. Líderes relativamente mais jovens, além das benesses</p><p>e privilégios que aspiram obter por ficarem mais tempo no cargo de presidente,</p><p>têm receio de virem a ser levados à justiça, em virtude de terem cometido algumas</p><p>práticas extra-constitucionais, tendendo, por isso, a rever a limitação</p><p>constitucional de mandatos, para ficarem mais tempo no cargo e continuarem a</p><p>gozar de imunidade. No período em análise por Posner & Young (2018), a maior</p><p>parte dos líderes africanos que forçaram uma revisão constitucional do limite de</p><p>mandatos tinha uma idade média de 65 anos. Em contrapartida, os que por força</p><p>da Constituição não podiam concorrer para um terceiro mandato e respeitaram</p><p>esta prescrição tinham, em média, 70 anos.</p><p>➢ O outro factor apontado por Posner & Young (2018: 270) tem que ver com os</p><p>custos de tentar alterar a Constituição. Aqui, a ênfase é dada à dependência do</p><p>país em ajuda externa, o que o deixa vulnerável às pressões dos doadores,</p><p>particularmente aqueles que recebem altos níveis de Ajuda Oficial ao</p><p>Desenvolvimento (AOD). Entre os países cujos presidentes tentaram um terceiro</p><p>4</p><p>mandato, contrariando o previsto na Constituição, a média geral da AOD</p><p>representava 9,3 % da Renda Nacional Bruta (RNB), sendo de 14,1 % para</p><p>aqueles em que a Constituição foi respeitada e os presidentes abandonaram</p><p>livremente o poder.</p><p>Tema: Partidos Africano e Democracias</p><p>Existem duas dimensões para analisar os partidos políticos africano:</p><p>➢ A primeira dimensão é genérica - isto permite ver se um partido é étnico,</p><p>clientelista ou programático;</p><p>➢ A segunda dimensão é o respeito pelas regras democráticas - aqui olha-se para</p><p>democracia de uma forma geral, mas também dentro de cada partido (democracia</p><p>intrapartidária e extrapartidária).</p><p>Para este autor, a etnicidade joga um papel importante na constituição e funcionamento</p><p>dos partidos políticos africanos. O clientelismo é visto como um modo de funcionamento</p><p>dos estados africanos.</p><p>Dicotomia entre Etnicidade e Clientelismo</p><p>Para Lemavrhed, o Clientelismo e Etnicidade não funcionam de uma forma independente</p><p>ou separada, mas o Clientelismo é uma relação mais personalizada, enquanto a Etnicidade</p><p>é um fenómeno do grupo.</p><p>Portanto, o Clientelismo e Etnicidade são dois grandes factores que bloqueiam a</p><p>consolidação de democratização em África. Partindo de trabalho deste autor, Sebastian</p><p>Elischer, estabelece uma categoria de partidos africanos. E diz que em África basicamente</p><p>existem três tipos de partidos políticos:</p><p>➢ Partido Étnico - cujo o clientelismo corresponde</p><p>há um grupo étnico-linguístico.</p><p>Neste partido, mais do que o clientelismo a estrutura de partido é dominado pelas</p><p>relações étnicas; a etnia se sobrepõe a tudo.</p><p>➢ Partido Clientelista- em contraste com anterior. No Clientelista, o clientelismo</p><p>extravasa linhas étnicas.</p><p>➢ Partido Ideológico ou Programático - cujo o elemento aglutinador é a existência</p><p>de uma ideologia ou programa.</p><p>Para este autor, há elementos que é preciso olhar para distinguir esses três tipos genéricos:</p><p>5</p><p>➢ O primeiro elemento é a composição da liderança- se o partido é capaz de recrutar</p><p>além do seu grupo étnico ou se os elementos do partido pertencem exclusivamente</p><p>da mesma etnia;</p><p>➢ Facções intrapartidária- se as facções dentro do partido são organizadas em termos</p><p>étnicos ou não;</p><p>➢ Objectivos do partido- como o partido se organiza para obter apoio, mais profanos</p><p>é através de etnia, clientelismo ou ideologia;</p><p>➢ Resultados eleitorais- se o partido tem apoiante a nível nacional ou num</p><p>determinado grupo que se identifica com a sua liderança.</p><p>Portanto, basicamente o que nós podemos concluir é que em África a maior parte dos</p><p>partidos políticos africanos são étnicos ou clientelistas, há poucos partidos programáticos.</p><p>Os partidos Africanos contribuem para o processo de democratização?</p><p>Assim sendo, os países africanos não contribuem para o processo de democratização em</p><p>África, são um obstáculo. Não só, de uma forma geral, em África desde a introdução das</p><p>eleições fundadoras, às eleições tem sido em grande parte dos países a única via de</p><p>ascensão e permanência no poder. Mas isso não quer dizer que às eleições sejam</p><p>competitivas. E porque a maior parte das eleições produziram regimes híbridos, ou que</p><p>estão na zona cinzenta fez com que não se estabilizasse um sistema de partido em África.</p><p>O que nós temos é um partido forte ou dominante rodeado por um número de pequenos</p><p>partidos; as clivagens partidárias caracterizadas por conflitos étnicos e há uma ausência</p><p>flagrante de debates ideológicos. O outro ponto é que a competição pela eleição</p><p>legislativo a tem sido secundária, o principal foco tem sido às eleições presidenciais,</p><p>porque é no presidente onde se concentra o poder dos recursos e a concentração do poder</p><p>tem sido nefasto. Não há em África, uma oposição estável e meramente viável. Há uma</p><p>correlação forte entre a oposição fraca e democracia frágil.</p><p>O outro aspecto que podemos olhar ao longo deste tempo quase 35 anos de</p><p>multipartidarismo em África é ausência de alternância. De uma forma geral, em África</p><p>os partidos que ganharam as eleições fundadoras ainda permanecem no poder.</p><p>Como presidencialismo mina a democratização?</p><p>Dos 45 sistemas multipartidários existentes em África, apenas 4 são regimes</p><p>parlamentares. O presidencialismo mina a democratização porque os presidentes tomam</p><p>6</p><p>decisões importantes sem recorrer ao parlamento; controlam fundos que não estão</p><p>sujeitos ao dispor do parlamento; controlam o legislativo, agenda, etc.</p><p>TPC O que Frederick Chiluba fez na Zambia?</p><p>Em resumo, a terceira vaga de democratização não aumentou a competição colectiva, os</p><p>partidos políticos que dominavam antes da democratização continuam a denominar o</p><p>cenário político, o parlamento é extremamente fraco, a concentração de poder dos</p><p>recursos ainda continua nas mãos de presidentes. Porém, o período pós autoritarismo é</p><p>menos repressivo, as liberdades pessoais crescem, etc, isso são alguns ganhos.</p><p>Mas porque isso tudo? Porque o objectivo dos que lutaram pela democratização em</p><p>primeiro lugar, não significava a transformação de maneira de governar, mas sim a sua</p><p>reivindicação pela democracia não era pela reforma de governar, mas era sim um meio</p><p>para eles próprios terem oportunidade de governar através das eleições- “Pluralismo não</p><p>constitucionalismo.”</p><p>Deste modo, houve poucas reformas a nível da constituição para que diminuísse a</p><p>excessiva concentração de poder nas mãos dos presidentes, mas sim o direito dos partidos</p><p>políticos terem acesso a participação política, liberdade de pensamento e expressão,</p><p>limites de mandatos, etc.</p><p>Portanto, em relação a oposição de uma forma geral, é que o principal partido da posição</p><p>tem a menor representação comparando com o partido no governo, que há uma</p><p>instabilidade no sistema partidário- os partidos da oposição não participam regularmente</p><p>nas eleições.</p><p>Há existência de uma grande proporção considerável de candidatos independentes em</p><p>três razões:</p><p>➢ As vantagens que incumbente tira pelo facto de estar no poder; acesso limitado</p><p>dos recursos por parte da oposição e a fraca legitimidade.</p><p>Num contexto difícil em que às eleições não são livres nem justa, como é que oposição</p><p>pode fazer para reverter ou sobreviver a situação?</p><p>Há algumas estratégias:</p><p>➢ Nalguns países a oposição procura financiamento nas empresas privadas;</p><p>7</p><p>➢ Concorrer apenas em eleições locais, como forma de ganhar uma certa</p><p>legitimidade e visibilidade.</p><p>Tema: Democracia Minimalista</p><p>Minimalist Conception of Democracy: A Defense (Adam Przeworski, 1999)</p><p>Concepção Minimalista de Democracia: Uma Defesa</p><p>A democracia minimalista, funda as suas premissas ou se estabelece criticando a teoria</p><p>clássica da democracia.</p><p>Tpc? Quem são os teóricos da democracia clássica?</p><p>De acordo com Adam Przeworski, a teoria clássica parte do postulado segundo o qual a</p><p>sociedade é caracterizada pela existência uma harmonia básica no que diz respeito a</p><p>interesses e a valores. Ou seja, defende a existência de um bem comum, um interesse</p><p>geral ou uma vontade geral. E os executores desse bem comum seriam os políticos, ou</p><p>seja, o papel das instituições representativas ou dos políticos seria de identificar e</p><p>implementar esse bem comum sem interferência dos cidadãos. E de acordo com a teoria</p><p>clássica, a oposição ao governo era indesejável e o espaço deveria ser consensual.</p><p>Joseph Schumpeter, tenta superar a definição de democracia clássica do século XVIII.</p><p>Para teoria clássica, o método democrático é um arranjo institucional para se chegar a</p><p>decisões políticas que realizam o bem comum, fazendo o próprio povo decidir às questões</p><p>através de eleições dos indivíduos e esses indivíduos devem se reunir para realizar a</p><p>vontade desse povo. Joseph Schumpeter vai superar essa visão a partir da interpretação</p><p>da existência de um bem comum, vontade geral em três argumentos:</p><p>➢ Para diferentes indivíduos de grupos o bem comum significa coisas diferentes,</p><p>não há um bem comum determinante; a vontade geral também não existe já que a</p><p>sua formulação advém da concepção do bem comum;</p><p>➢ Mesmo se existisse um bem comum suficientemente definido, que fosse aceitado</p><p>para todos, isso não implicaria respostas igualmente definidas para situações</p><p>isoladas;</p><p>➢ Como consequência das duas afirmações anteriores o conceito de vontade geral</p><p>ou comum não faz sentido.</p><p>O que é democracia para Schumpeter (1942)?</p><p>8</p><p>A democracia é:</p><p>➢ Apenas um sistema em que os governantes são seleccionados por eleições</p><p>competitivas;</p><p>➢ A democracia é um método político, ou seja, um certo tipo de arranjo institucional</p><p>para se alcançarem decisões políticas - legislativas e administrativas -, e, portanto,</p><p>não pode ser um fim em si mesma, não importando as decisões que produza sob</p><p>condições históricas dadas (p. 304);</p><p>➢ Um acordo institucional para se chegar a decisões políticas em que os indivíduos</p><p>adquirem o poder de decisão através de uma luta competitiva pelos votos da</p><p>população (p. 336);</p><p>➢ Método que uma nação usa para chegar a decisões (p.305);</p><p>➢ Livre competição pelo voto livre (p.338);</p><p>➢ um Governo aprovado pelo povo (p.308).</p><p>Portanto, o objectivo de Schumpeter é defender a concepção minimamente de democracia</p><p>usando como ponto de partida a concepção minimalista de Karl Popper (1962: 124), o</p><p>defende como o único sistema em que os cidadãos podem se livrar dos governos sem</p><p>derramamento de sangue.</p><p>Isto é, através das eleições. Nesta perspectiva, a democracia</p><p>permite livrar se de governo de forma pacífica e o melhor meio de regular conflitos.</p><p>Portanto, os teóricos da democracia minimalista se distanciam dos clássicos.</p><p>Milagres da democracia</p><p>Um dos milagres da democracia é que as forças políticas conflituantes obedecem aos</p><p>resultados de votação; quem tem armas obedece quem não tem; os titulares arriscam o</p><p>controle dos cargos governamentais ao realizar eleições; os perdedores esperam pela</p><p>chance de ganhar o cargo; os conflitos são regulados, processados de acordo com regras</p><p>democráticas. portanto, isso não é consenso, mas também não é caos.</p><p>Porém, nem sempre esse milagre funciona em todas circunstâncias. Mas há condições</p><p>para que esse milagre opera de forma duradouros e estáveis.</p><p>➢ Primeiro, a expectativa de vida da democracia em um país com renda per capita</p><p>inferior a US$ 1.000 é de cerca de 8 anos. Entre US$ 1.001 e US$ 2.000, uma</p><p>democracia média pode esperar 18 anos. Mas acima de US$ 6.000, as democracias</p><p>duram para sempre;</p><p>9</p><p>Vários outros factores afectam a sobrevivência das democracias, mas todos são</p><p>insignificantes em comparação com a renda per capita. Dois são particularmente</p><p>relevantes.</p><p>➢ Em primeiro lugar as democracias são mais propensas a cair quando um partido</p><p>controla uma grande parcela (mais de dois terços) dos assentos no legislativo;</p><p>➢ Em segundo lugar, as democracias são mais estáveis quando os chefes de governo</p><p>mudam com frequência, mais de uma vez a cada 5 anos. Assim, é mais provável</p><p>que a democracia sobreviva quando nenhuma força única domina a política</p><p>completa e permanentemente;</p><p>Finalmente, a estabilidade das democracias depende de seus arranjos institucionais</p><p>particulares:</p><p>➢ As democracias parlamentares são muito mais duráveis do que as presidenciais</p><p>puras. A expectativa de vida da democracia no presidencialismo é 21 anos,</p><p>enquanto no parlamentarismo é de 72 anos;</p><p>➢ Os sistemas presidencialistas são menos estáveis sob qualquer distribuição de</p><p>assentos;</p><p>➢ A razão mais provável de as democracias presidencialistas serem mais frágeis do</p><p>que as parlamentares é que os presidentes raramente mudam porque são</p><p>derrotados nas eleições. A maioria deles deixa o cargo porque são obrigados a</p><p>fazê-lo por limites de mandatos impostos constitucionalmente. Por sua vez,</p><p>sempre que os presidentes em exercício podem concorrer e concorrer, dois em</p><p>cada três ganham a reeleição. Assim, o presidencialismo parece dar uma vantagem</p><p>excessiva aos titulares quando eles são legalmente autorizados a concorrer à</p><p>reeleição. Três factos ocorrem:</p><p>➢ (1) as democracias têm maior probabilidade de sobreviver nos países ricos;</p><p>➢ (2) eles são mais propensos a durar quando nenhuma força política domina;</p><p>➢ e (3) eles são mais propensos a perdurar quando os eleitores podem escolher</p><p>governantes por meio de eleições.</p><p>E esses factos se somam: a democracia dura quando oferece às forças conflituantes uma</p><p>oportunidade de fazer avançar seus interesses no âmbito institucional. Portanto, enquanto</p><p>algumas dessas condições são económicas, outras são políticas e institucionais.</p>

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