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<p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 1/51</p><p>DIREITOS HUMANOS E</p><p>CONSTITUIÇÃO</p><p>FEDERAL DE 1988</p><p>Aula 1</p><p>DA REVOLUÇÃO</p><p>AMERICANA AOS DIREITOS</p><p>DE SEGUNDA GERAÇÃO</p><p>Da Revolução Americana aos</p><p>direitos de segunda geração</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, você conhecerá alguns fatos históricos primordiais</p><p>para a construção dos direitos humanos. Esse conteúdo é</p><p>importante para a sua prática profissional, pois, para compreender o</p><p>significado dos direitos humanos no cenário atual, torna-se</p><p>necessário entender como se deu sua construção. Prepare-se para</p><p>mais uma jornada de aprendizagem! Vamos lá!</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 2/51</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Desejo boas-vindas à segunda unidade de aprendizagem da</p><p>disciplina Legislação Social e Direitos Humanos. Nesta etapa de</p><p>estudos, investigaremos os efeitos da Revolução Americana e da</p><p>Revolução Francesa, que questionaram o Estado absolutista e as</p><p>restrições de direitos adotadas na época em que ocorreram,</p><p>ocasionando, assim, uma ruptura com essa forma de governo e</p><p>impactando a internacionalização dos direitos humanos e dos</p><p>direitos fundamentais. Inicialmente, analisaremos as revoluções e as</p><p>primeiras dimensões de direitos, nas quais se inserem os direitos</p><p>sociais. Em seguida, apresentaremos as motivações para a eclosão</p><p>dessas revoluções, verificando como tais episódios históricos</p><p>influenciaram a formação das primeiras gerações de direitos</p><p>humanos: a primeira, para os direitos civis e políticos; e a segunda,</p><p>para os direitos sociais. Para concluir, descreveremos o contexto</p><p>das questões sociais para a composição e caracterização dos</p><p>direitos sociais.</p><p>Quando falamos sobre direitos humanos no tempo presente, é</p><p>possível estabelecer uma ligação com os fatos históricos ocorridos</p><p>no passado? Eles influenciaram a garantia de direitos que temos</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 3/51</p><p>atualmente? Quais os principais documentos históricos dos direitos</p><p>humanos? Vamos, juntos, refletir sobre essas questões durante este</p><p>percurso de aprendizagem. Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>A evolução dos direitos humanos, que exerceram influência sobre</p><p>os direitos fundamentais elencados na Constituição Federal de</p><p>1988, apresenta reflexos de diversas lutas e mudanças ocorridas ao</p><p>longo da história. Bobbio (1992) menciona que os direitos do</p><p>homem não nascem todos de uma vez. Ferrajoli (2002), por sua</p><p>vez, afirma que a luta dos direitos humanos é uma construção social</p><p>constante para proteger aquele considerado mais fraco contra a lei</p><p>do mais forte.</p><p>A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948,</p><p>posteriormente reiterada pela Declaração e Programa de Ação de</p><p>Viena, de 1993, pode ser entendida como o primeiro grande marco</p><p>atrelado ao conceito mais moderno de direitos humanos, visto que o</p><p>mundo se uniu após a Guerra, principalmente em razão dos atos</p><p>perpetrados no período do nazismo, para elevar os direitos</p><p>humanos a um referencial capaz de orientar o cenário internacional.</p><p>Assim, a partir do período do pós-guerra, duas vertentes passam a</p><p>ser analisadas para assegurar uma maior proteção aos direitos dos</p><p>homens: o Direito Constitucional, baseado na dignidade humana, e</p><p>o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Em resumo, o</p><p>segundo se torna responsável por nortear e servir de parâmetro</p><p>para a elaboração das Constituições de cada Estado.</p><p>A Revolução Americana (1776) é considerada outro grande marco</p><p>para os direitos humanos junto aos Estados Modernos, já que teve</p><p>grande influência na transcrição de valores que hoje são listados</p><p>como direitos fundamentais em nossa Carta Magna, a Constituição</p><p>Federal de 1988.</p><p>Os direitos fundamentais americanos ganharam maior visibilidade</p><p>com a Declaração de Independência de 1776. Anteriormente a isso,</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 4/51</p><p>já eram adotados direitos oriundos do sistema inglês, os quais foram</p><p>mantidos com a independência e acrescidos de novos direitos,</p><p>como o respeito à igualdade, direitos inalienáveis e direitos à</p><p>liberdade. Um dos direitos que posteriormente inspirou a nossa</p><p>Carta Magna foi a legitimação do poder do povo. Ou seja, cria-se o</p><p>conceito de um poder constituinte que emana da vontade popular.</p><p>Bobbio (1992, p. 1108) discorre acerca da influência da Revolução</p><p>Americana sobre o conceito de República da seguinte maneira:</p><p>Com a revolução americana, este significado da palavra</p><p>República mudou totalmente: os americanos (John Adams,</p><p>Alexander Hamilton) chamaram ao Estado e à Federação,</p><p>Repúblicas, não só porque não existia instituição monárquica,</p><p>mas também porque a sua democracia era uma democracia</p><p>representativa, baseada na separação dos poderes e num</p><p>sistema de pesos e contrapesos entre os vários órgãos do</p><p>Estado.</p><p>Assim, a Revolução Americana se caracterizou como um evento</p><p>decisivo na luta dos direitos sociais e no combate às arbitrariedades</p><p>antes enfrentadas. Nesse contexto, ficou estabelecido que, apesar</p><p>de os governos serem efetivados entre os homens, com o</p><p>consentimento dos governados, qualquer forma de governo</p><p>tendente a limitar direitos deveria ser abolida ou alterada com o fim</p><p>de instauração de um novo governo capaz de manter os direitos</p><p>garantidos, como a segurança e a felicidade.</p><p>Aspectos como os objetivos de luta da Revolução Americana</p><p>estimularam a construção dos direitos sociais, que tem uma</p><p>propensão a demonstrar a importância que o contexto histórico</p><p>possui na formação desses direitos e dos direitos humanos em nível</p><p>mundial. É nos anseios de liberdade e respeito pela vida e pelo</p><p>trabalho humano que também advêm os elementos históricos que</p><p>concretizam a ideologia da Revolução Francesa, objeto de análise</p><p>do nosso estudo a seguir.</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 5/51</p><p>Siga em Frente...</p><p>Revolução Francesa</p><p>Atualmente, um dos documentos considerados mais importantes</p><p>para assegurar os direitos humanos é a Declaração Universal dos</p><p>Direitos Humanos de 1948. Entretanto, como aprendemos</p><p>anteriormente, a luta para garantir tais direitos decorreu de diversos</p><p>eventos históricos, bem como de violações.</p><p>Após séculos de transgressões dos direitos humanos,</p><p>especificamente no século XVII, duas revoluções foram primordiais</p><p>para que se instaurasse um novo parâmetro referente aos direitos</p><p>humanos: a Independência dos Estados Unidos da América,</p><p>mencionada no bloco de estudos anterior, ocorrida em 1776; e a</p><p>Revolução Francesa, de 1789.</p><p>Em resumo, foi a partir da Revolução Americana que os Estados</p><p>Unidos da América declararam sua independência das influências</p><p>exercidas pela Inglaterra e passaram a redigir direitos próprios,</p><p>visando à autonomia de seu povo, com a elaboração da</p><p>Constituição de 1787.</p><p>Já no panorama da Revolução Francesa, os ideais iluministas</p><p>buscavam retirar a França de uma crise política e econômica, na</p><p>qual a população era vista como súdita de um soberano absolutista.</p><p>Na época, todo poder emanava de um monarca ou rei, e a influência</p><p>era exercida unicamente por um membro da Igreja, do clero, da</p><p>corte real de Versalhes e de nobres.</p><p>A sociedade era dividida por classes sociais, as quais eram</p><p>representadas pelos detentores de cargos religiosos, que não se</p><p>sujeitavam ao pagamento de impostos e julgamentos em tribunais</p><p>comuns; e pelos nobres, que também não pagavam impostos e</p><p>viviam em terras próprias e castelos, sustentados pelo esforço de</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html</p><p>de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 41/51</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>DIREITOS HUMANOS E</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL</p><p>DE 1988</p><p>Direitos humanos e Constituição</p><p>Federal de 1988</p><p>Olá, estudante!</p><p>No vídeo a seguir, você terá acesso a uma revisão dos conteúdos</p><p>apreendidos ao longo desta unidade de aprendizagem. Assim, será</p><p>possível relembrar considerações primordiais acerca dos direitos</p><p>humanos. Você também aprofundará o seu entendimento sobre a</p><p>influência dos direitos humanos na elaboração das Constituições</p><p>dos estados e na ampliação dos direitos fundamentais, analisará a</p><p>relevância do embasamento dos direitos na dignidade da pessoa</p><p>humana e, por fim, traçará um perfil populacional do Brasil e dos</p><p>problemas sociais vivenciados, bem como das violações aos direitos</p><p>humanos identificadas pela Comissão Interamericana de Direitos</p><p>Humanos.</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 42/51</p><p>Ponto de Chegada</p><p>A Revolução Americana é considerada um grande marco para a</p><p>consecução dos direitos humanos, visto que, após a Declaração de</p><p>Independência de 1776, os direitos fundamentais americanos</p><p>ganharam mais visibilidade. Já na Revolução Francesa, ideais</p><p>iluministas tinham a intenção de retirar a França de uma crise</p><p>política e econômica vivenciada em razão dos abusos do poder da</p><p>monarquia. Nessa época, a sociedade era dividida em classes;</p><p>apenas o monarca e os membros da Igreja, do clero e da corte real</p><p>de Versalhes tinham poder decisório. A população trabalhadora era</p><p>encarregada do pagamento de altas taxas tributárias que arcavam</p><p>com as regalias das classes mais altas. Rebeliões populares</p><p>levaram à tomada da Bastilha, à queda do poder absolutista e ao</p><p>surgimento de direitos dos cidadãos.</p><p>Anos depois, a internacionalização dos direitos humanos impactou a</p><p>elaboração das Constituições dos Estados e a ampliação dos</p><p>direitos fundamentais com base na dignidade da pessoa humana.</p><p>No Brasil, por meio da Constituição Federal de 1988, os direitos</p><p>fundamentais foram inseridos em um título próprio e subdivididos</p><p>em direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de</p><p>nacionalidade e direitos políticos e compreendidos a partir de</p><p>gerações/dimensões.</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 43/51</p><p>Durante a nossa jornada de aprendizagem, também estudamos</p><p>sobre os desastres humanos vivenciados na Segunda Guerra</p><p>Mundial, principalmente no período do nazismo, que causou a morte</p><p>de 11 milhões de pessoas que não eram consideradas titulares de</p><p>direitos por não pertencerem à raça pura ariana. Verificamos, ainda,</p><p>a influência da Liga nas Nações, após a Primeira Guerra Mundial,</p><p>sobre o contexto de surgimento da Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU) em 1945. O objetivo primordial dessa organização é manter a</p><p>paz e a segurança internacional. A ONU é responsável pela</p><p>elaboração da Declaração Universal dos Diretos do Homem.</p><p>Também analisamos as características próprias dos direitos</p><p>fundamentais, como a universalidade, a imprescritibilidade, a</p><p>inalienabilidade, a relatividade e a complementariedade.</p><p>Investigamos os direitos individuais e coletivos em espécie,</p><p>sobretudo no que se refere aos chamados direitos basilares, que</p><p>são a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade.</p><p>Dentro do tema dos direitos sociais, abordamos o direito ao trabalho</p><p>e as modificações ocorridas por causa da reforma trabalhista, como</p><p>uma maior flexibilidade na negociação entre empregado e</p><p>empregador, e o surgimento de novas modalidades de trabalho,</p><p>como o trabalho intermitente e o home office.</p><p>Por fim, tratamos dos problemas sociais vivenciados no Brasil, como</p><p>a fome, a desigualdade social, a corrupção, a dificuldade no acesso</p><p>à saúde, ao emprego e à educação, etc., que ferem os direitos</p><p>fundamentais. Traçamos o perfil populacional do Brasil, que conta</p><p>com 203,1 milhões de habitantes, sendo 61% residentes em centros</p><p>urbanos. Nesse contexto, pôde-se perceber uma redução do</p><p>crescimento populacional, com o consequente envelhecimento da</p><p>população. Além disso, mencionamos os problemas relacionados</p><p>aos direitos humanos identificados pela Comissão Interamericana</p><p>de Direitos Humanos no ano de 2018.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 44/51</p><p>Para contextualizar sua aprendizagem, ciente dos direitos</p><p>assegurados pela Constituição Federal de 1988, relembre-se dos</p><p>direitos fundamentais e de suas respectivas subdivisões. A partir da</p><p>Constituição Federal de 1988, os direitos fundamentais foram</p><p>ampliados em nossa Carta Magna e passaram a ser integralmente</p><p>baseados na dignidade da pessoa humana por influência da</p><p>internacionalização dos direitos humanos. O legislador optou por</p><p>inserir os direitos fundamentais em um título próprio, o Título II da</p><p>Constituição Federal, e os segmentou, de acordo com o tema a eles</p><p>atrelado, em direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos</p><p>políticos e direitos de nacionalidade.</p><p>No tópico dos direitos individuais e coletivos, há os chamados</p><p>direitos basilares, elencados no caput do art. 5º, que são o direito à</p><p>vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.</p><p>Entretanto, no mesmo tópico, especificamente no inciso VI, a</p><p>Constituição assegura a liberdade de consciência e de crença.</p><p>Imagine que você trabalhe como advogado de um hospital de sua</p><p>cidade e tenha recebido uma intimação sobre um processo que trata</p><p>da colisão entre direitos fundamentais, visto que, em um caso de</p><p>emergência, os médicos do hospital, na intenção de salvar a vida de</p><p>um paciente que estava inconsciente, realizaram uma transfusão de</p><p>sangue. Entretanto, depois de o paciente retomar a consciência e</p><p>descobrir sobre o procedimento efetuado, optou por ingressar com</p><p>uma ação para responsabilizar os médicos e o hospital, visto que</p><p>era testemunha de Jeová, isto é, seguidor de uma religião que</p><p>proíbe, com base em passagens bíblicas, a transfusão de sangue,</p><p>mesmo em situações que podem acarretar a morte.</p><p>Para contextualizar o caso em análise de modo mais adequado, é</p><p>preciso compreender que a denominação religiosa das</p><p>Testemunhas de Jeová possui cerca de 8 milhões de adeptos em</p><p>mais de 240 países. Seus seguidores realizam um trabalho de</p><p>pregação de casa em casa. Fundamentados na Bíblia Cristã,</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 45/51</p><p>especialmente nos livros de Gênesis, Levítico e Atos, em que</p><p>trechos mencionam a proibição de ingerir o sangue proveniente de</p><p>qualquer tipo de carne, pois a alma de todo tipo de carne é seu</p><p>sangue, e também por entenderem que a abstenção de sangue foi</p><p>adotada ao longo da história pelos primeiros cristãos, até mesmo</p><p>para fins medicinais, os representantes dessa religião não admitem</p><p>a realização de transfusão de sangue por considerarem tal prática</p><p>uma ofensa aos princípios bíblicos.</p><p>Esse tema levanta um conflito entre dois direitos fundamentais</p><p>elencados nos direitos individuais e coletivos: o direito à vida e o</p><p>direito à liberdade de consciência e de crença. Como foi estudado</p><p>em aulas anteriores, nenhum direito presente na Constituição</p><p>Federal é absoluto, pois é passível de relativização, a depender do</p><p>caso concreto. Como advogado do hospital e com base nas</p><p>decisões dos tribunais, você acha que o hospital deve ser</p><p>responsabilizado? Como o embate entre direitos fundamentais pode</p><p>ser solucionado?</p><p>Reflita</p><p>Para aprofundar seu entendimento sobre os assuntos estudados</p><p>nesta etapa de aprendizagem, é interessante que você reflita sobre</p><p>as seguintes questões:</p><p>Diante de tudo o que foi estudado até agora, é possível afirmar</p><p>que os direitos</p><p>humanos são direcionados a apenas um grupo</p><p>de pessoas, mais especificamente para aqueles que infringem</p><p>leis, como é muito difundido pelo senso comum?</p><p>Pode-se constatar que os direitos humanos são direitos que</p><p>recebemos pelo simples fato de sermos humanos? São direitos</p><p>universais, merecidos por todos?</p><p>Resolução do estudo de caso</p><p>Estudante, alicerçados nos conhecimentos dos temas abordados</p><p>nesta unidade de aprendizagem, podemos identificar uma forma de</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 46/51</p><p>atuação considerando o caso descrito. Inicialmente, é preciso</p><p>relembrar que os direitos fundamentais presentes na Constituição</p><p>Federal de 1988 não são absolutos; portanto, são passíveis de</p><p>relativização, a depender do caso concreto. A colisão entre direitos</p><p>fundamentais é um tema que causa muita controvérsia em nosso</p><p>ordenamento jurídico, e a doutrina majoritária entende que, nesse</p><p>contexto, um dos princípios fundamentais deve ceder.</p><p>Em relação a esse tema, Alexy (1988, p. 97) afirma que “Em um</p><p>caso concreto, o princípio P1 tem um peso maior que o princípio</p><p>colidente P2 se houver razões suficientes para que P1 prevaleça</p><p>sobre P2 sob as condições C, presentes nesse caso concreto”.</p><p>Nesse sentido, ainda que exista a mesma hierarquia entre os</p><p>direitos fundamentais mencionados na Constituição Federal, em</p><p>determinados casos um deles deverá prevalecer para que ocorra</p><p>um equilíbrio na relação fundamental. Contudo, tal análise deve</p><p>observar o princípio da proporcionalidade, a fim de que a solução</p><p>mais justa seja adotada.</p><p>Na situação que estamos analisando, o paciente estava</p><p>inconsciente e não tinha condições de manifestar sua vontade em</p><p>razão da gravidade do caso. A equipe médica, após uma análise,</p><p>entendeu que a transfusão de sangue era a única forma de salvar a</p><p>vida do paciente, objetivo que foi alcançado. Por esse motivo, o</p><p>hospital e a equipe não devem ser responsabilizados, pois</p><p>prevalece o direito à vida. Silva (2010, p. 424) alega que</p><p>Os casos envolvendo convicção religiosa, como o das</p><p>Testemunhas de Jeová́ que se recusam a receber transfusão</p><p>sanguínea têm dado margem a grandes debates e são</p><p>exemplos de dilemas éticos. A legislação brasileira prevê a</p><p>possibilidade de o médico intervir se houver risco de dano,</p><p>como quadro de choque hipovolêmico e risco de morte</p><p>iminente. Nesse caso, existe um interesse maior de preservar</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 47/51</p><p>a vida do paciente, mesmo contra a sua opinião. É um</p><p>paternalismo justificado.</p><p>Inclusive, o Código Penal (Brasil, 1940), no art. 135, trata como</p><p>crime a omissão de socorro, quando alguém deixa de prestar</p><p>assistência sendo possível fazê-lo. Já o Conselho Federal de</p><p>Medicina, seguindo o posicionamento do Superior Tribunal de</p><p>Justiça (STJ), exprimiu seu parecer a respeito desse tema a partir</p><p>da Resolução nº 1.021/80:</p><p>Em caso de haver recusa em permitir a transfusão de</p><p>sangue, o médico, obedecendo ao seu Código de Ética</p><p>Médica, deverá observar a seguinte conduta: 1º - Se não</p><p>houver iminente perigo de vida, o médico respeitará a</p><p>vontade do paciente ou de seus responsáveis. 2º - Se houver</p><p>iminente perigo de vida, o médico praticará a transfusão de</p><p>sangue, independentemente do consentimento do paciente</p><p>ou de seus responsáveis. (CFM, 1980, [s. p.]).</p><p>Para as demais situações, isto é, quando não há iminente perigo de</p><p>vida e outros tratamentos podem ser empregados, será preciso</p><p>analisar cada caso. Vale destacar que está pendente de julgamento</p><p>no STF, em repercussão geral, o Tema 1069, que trata do direito de</p><p>autodeterminação das Testemunhas de Jeová de se submeterem a</p><p>tratamento médico realizado sem transfusão de sangue, em razão</p><p>da consciência religiosa.</p><p>Dê o play!</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 48/51</p><p>Assimile</p><p>Estudante, veja na figura a seguir a linha do tempo dos Direitos</p><p>Humanos aos Direitos Fundamentais (CF/88)</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 49/51</p><p>Figura 1 | Direitos Humanos aos Direitos Fundamentais</p><p>(CF/88)</p><p>Referências</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 50/51</p><p>ALEXY, R. Sistema jurídico, principios jurídicos y razón práctica.</p><p>Doxa, Barcelona, n. 5, 1988.</p><p>BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo:</p><p>Malheiros Editores, 2019.</p><p>BRASIL, C. I. do. População do Brasil passa de 203 milhões, mostra</p><p>Censo 2022. Agência Brasil, 28 jun. 2023. Disponível em:</p><p>https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-</p><p>06/populacao-do-brasil-passa-de-203-milhoes-mostra-censo-</p><p>2022#:~:text=Com%2084%2C8%20milh%C3%B5es%20de,02%25</p><p>%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20do%20pa%C3%ADs.</p><p>Acesso em: 11 set. 2023.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal,</p><p>[2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: 3 set. 2023.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código</p><p>Penal. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-</p><p>lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 11 set. 2023.</p><p>CFM. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.021. Rio de</p><p>Janeiro: CFM, 1980. Disponível em:</p><p>https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/1980/10</p><p>21_1980.pdf. Acesso em: 11 set. 2023.</p><p>FERREIRA FILHO, M. G. Direitos humanos fundamentais. 15. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>PIOVESAN, F. Direitos humanos e justiça internacional. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/.</p><p>Acesso em: 31 ago. 2023.</p><p>SILVA, H. B. e. Beneficência e paternalismo médico. Revista</p><p>Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 10, p. s419-s425,</p><p>dez. 2010. Disponível em:</p><p>https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-06/populacao-do-brasil-passa-de-203-milhoes-mostra-censo-2022#:~:text=Com%2084%2C8%20milh%C3%B5es%20de,02%25%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20do%20pa%C3%ADs</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm</p><p>https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/1980/1021_1980.pdf</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/</p><p>https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-06/populacao-do-brasil-passa-de-203-milhoes-mostra-censo-2022#:~:text=Com%2084%2C8%20milh%C3%B5es%20de,02%25%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20do%20pa%C3%ADs</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm</p><p>https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/1980/1021_1980.pdf</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 51/51</p><p>https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/FPSjgw7STz35dnyhgYRpRcH/abstrac</p><p>t/?lang=pt. Acesso em: 31 ago. 2023.</p><p>6/51</p><p>98% da população de trabalhadores e camponeses, que pagavam</p><p>altas taxas tributárias e viviam na miséria.</p><p>Em 12 de julho de 1789, diante dessa realidade de exploração do</p><p>cidadão francês, iniciaram-se as rebeliões populares em Paris, que</p><p>desencadearam, em 14 de julho de 1789, a tomada da Bastilha, o</p><p>símbolo da Revolução Francesa. Com isso, ocorreu a queda do</p><p>poder absolutista e o surgimento de um Estado de Direito, regido</p><p>pela soberania popular, o que viabilizou a titularidade de direitos por</p><p>parte dos cidadãos.</p><p>Os dois eventos mencionados, seguidos da Primeira e Segunda</p><p>Guerras Mundiais, criaram uma perspectiva sobre a necessidade de</p><p>instituir tratados internacionais para a proteção dos direitos</p><p>humanos.</p><p>A partir do entendimento acerca desse contexto histórico, podemos</p><p>alegar que é na Revolução Francesa que ficam claros os anseios</p><p>sociais que permanecem latentes até os diais atuais, assim como o</p><p>tríptico Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que consiste no elo de</p><p>união entre os homens, fundado na igualdade de direitos de todos</p><p>os seres humanos livres.</p><p>Com a evolução dos direitos humanos, estes passaram a ser</p><p>divididos em dimensões, termo rechaçado pela doutrina moderna,</p><p>que adota a palavra “gerações”. Os direitos de primeira geração são</p><p>os direitos civis e políticos, os quais exigem uma prestação negativa</p><p>por parte do Estado, ou seja, uma abstenção, respeitando, assim,</p><p>as liberdades individuais. Já os direitos de segunda geração</p><p>correspondem aos direitos sociais, econômicos e culturais.</p><p>Diferentemente da primeira categoria, eles exigem uma prestação</p><p>positiva por parte do Estado, a fim de que este promova elementos</p><p>capazes de garantir os direitos. Por fim, os direitos de terceira</p><p>geração surgiram a partir da Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos e se referem aos direitos coletivos, também chamados de</p><p>direitos de solidariedade.</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 7/51</p><p>Direitos sociais e suas características</p><p>Como verificamos nos blocos de estudo anteriores, a Revolução</p><p>Americana e a Revolução Francesa representaram uma ruptura com</p><p>os antigos padrões adotados, caracterizados pela centralização do</p><p>poder na mão de poucos, bem como pela garantia de direitos a</p><p>apenas uma parcela da população, a depender da classe social à</p><p>qual o indivíduo pertencia.</p><p>Após esses eventos históricos, somados à Primeira e à Segunda</p><p>Guerras Mundiais, o mundo se mobilizou para adequar a proteção</p><p>aos direitos humanos e evitar que novas violações, como as</p><p>ocorridas no período do nazismo, voltassem a ser vivenciadas,</p><p>gerando, assim, o que a doutrina chama de internacionalização dos</p><p>direitos humanos.</p><p>As declarações e os tratados internacionais passaram a reger a</p><p>dignidade humana, que precisa ser adotada no âmbito de cada</p><p>Estado, principalmente no que se refere à elaboração das</p><p>Constituições. Nesse sentido, a internacionalização dos direitos</p><p>humanos teve grande influência sobre o surgimento dos direitos</p><p>fundamentais, inclusive na Constituição Federal Brasileira de 1988.</p><p>O Brasil, ao adotar a CF de 1988, optou por inserir os direitos</p><p>fundamentais em um título específico (Título II). Nossa Carta Magna</p><p>elenca, nos arts. 5º a 17, os direitos e as garantias fundamentais,</p><p>dividindo-os em direitos individuais e coletivos, direitos sociais,</p><p>direitos de nacionalidade e direitos políticos.</p><p>Em relação aos direitos sociais, estes caminham com a ideia da</p><p>tradição francesa de liberdade, igualdade e fraternidade, sendo</p><p>considerados pilares para a sustentação da doutrina dos direitos</p><p>fundamentais.</p><p>Como mencionado previamente, os direitos fundamentais são</p><p>estudados a partir de gerações ou dimensões, e a doutrina clássica</p><p>destaca três delas, sendo a primeira voltada para os direitos civis e</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 8/51</p><p>políticos, a segunda, para os direitos sociais, e a terceira, para os</p><p>direitos de solidariedade.</p><p>Os direitos sociais apresentam uma ideia de igualdade material e,</p><p>por essa razão, são classificados como de segunda geração,</p><p>exigindo do Estado uma prestação positiva. Ou seja, cabe ao Poder</p><p>Público agir e criar formas concretas para que tais direitos sejam</p><p>efetivados. Tavares (2012, p. 837) explica que os direitos sociais</p><p>“são aqueles que exigem do Poder Público uma atuação positiva,</p><p>uma forma atuante de Estado na implementação da igualdade social</p><p>dos hipossuficientes. São, por esse exato motivo, conhecidos</p><p>também como direitos a prestação, ou direitos prestacionais”.</p><p>Os direitos fundamentais sociais têm a finalidade de requerer</p><p>prestações sociais estatais que ensejam as garantias de assistência</p><p>social, saúde, educação e formas de liberdades materiais concretas</p><p>para o indivíduo. Em resumo, os direitos sociais asseguram uma</p><p>igualdade entre os indivíduos, representando uma dívida da</p><p>sociedade com o cidadão. Nesse sentido, tais direitos reivindicam</p><p>uma prestação do Estado para que sejam efetivados no</p><p>cumprimento da concretização das soluções às carências humanas</p><p>individuais e às desigualdades sociais, positivando direitos.</p><p>Por fim, é válido ressaltar que o contexto dos direitos humanos</p><p>possui uma trajetória de muitas lutas e ideais que anseiam por</p><p>igualdade, fraternidade e humanidade, desde os primórdios da</p><p>Revolução Americana e da Revolução Francesa. Trata-se de uma</p><p>jornada marcada pela intenção incessante de garantir a todos a</p><p>igualdade de direitos e o respeito à vida e à dignidade humana, o</p><p>que permanece em constante latência para que seja concretizado</p><p>no cenário social atual.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Agora já sabemos o quanto as Revoluções Francesa e Americana</p><p>influenciaram o campo dos direitos humanos no tempo presente. A</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 9/51</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948,</p><p>especificamente no art. 1º, estabelece que “Todos os seres</p><p>humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São</p><p>dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos</p><p>outros com espírito de fraternidade” (ONU, 1948, [s. p.]). O referido</p><p>documento foi um marco na história dos direitos humanos. A sua</p><p>elaboração contou com representantes de diversas regiões do</p><p>mundo e sua promulgação foi realizada na Assembleia Geral das</p><p>Nações Unidas, a fim de que todos os países pudessem utilizá-la</p><p>como base.</p><p>Em Viena, no ano de 1993, foi ratificado o entendimento sobre a</p><p>indivisibilidade dos direitos humanos, com seus preceitos vinculados</p><p>aos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e também culturais.</p><p>Além disso, a Declaração traz em seu bojo os direitos de</p><p>solidariedade, de paz e de desenvolvimento.</p><p>Saiba Mais</p><p>Para aprofundar seus conhecimentos, especificamente no que se</p><p>refere à influência da Revolução Americana e da Revolução</p><p>Francesa sobre a evolução dos direitos humanos que culminaram</p><p>nos direitos sociais, faça a leitura do livro Direitos humanos e</p><p>cidadania, de Laura Degaspare e Luiz Fernando Bandin, disponível</p><p>na sua Biblioteca Virtual.</p><p>Outra leitura fundamental nesse processo de conhecimento é a obra</p><p>Direitos humanos: breve história de uma grande utopia, de</p><p>Mondaini, que está disponível na Minha Biblioteca.</p><p>Também recomendo que você leia o texto Direitos humanos: da</p><p>construção histórica aos dias atuais, de Cleyson de Moraes Mello,</p><p>disponível na Biblioteca Virtual.</p><p>Para complementar sua análise em relação aos documentos</p><p>históricos vinculados aos direitos humanos, indico a apreciação da</p><p>https://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087051b54aa8872fb6669d5</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788562938368/pageid/0</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/208176</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html</p><p>10/51</p><p>Declaração e Programa de Ação de Viena, publicada em 1993.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BECKER, C. The declaration of independence. Nova York:</p><p>Harcourt, Brace and Company, 1922.</p><p>BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo:</p><p>Malheiros Editores, 2019.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal,</p><p>[2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: 3 set. 2023.</p><p>FERRAJOLI, L. Diritti fondamentali: um dibattito teórico, a cura di</p><p>Ermanno Vitale. Roma: Bari, Laterza, 2002.</p><p>FERREIRA FILHO, M. G. Direitos humanos fundamentais. 15. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>MAHLKE, H. Direitos humanos. Londrina, PR: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2017.</p><p>ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos</p><p>Direitos Humanos da ONU, 1948. Disponível em:</p><p>https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-</p><p>humanos. Acesso em: 14 dez. 2023.</p><p>SERIACOPI, G. C. A.; SERIACOPI, R. A Revolução Francesa. In:</p><p>SERIACOPI, G. C. A.; SERIACOPI, R. História: volume único. São</p><p>Paulo: Ática, 2005.</p><p>TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 10. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>Aula 2</p><p>https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/declaracao_viena.pdf</p><p>https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/declaracao_viena.pdf</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 11/51</p><p>OS DIREITOS HUMANOS -</p><p>DECLARAÇÃO UNIVERSAL</p><p>DOS DIREITOS DO HOMEM</p><p>DE 1948</p><p>Os direitos humanos: Declaração</p><p>Universal dos Direitos do Homem,</p><p>de 1948</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, aprofundaremos nossa análise sobre os tópicos</p><p>mencionados na aula anterior. Trataremos da importância de três</p><p>grandes marcos para os direitos humanos. Iniciaremos o conteúdo</p><p>discorrendo sobre a Segunda Guerra Mundial, a fim de identificar o</p><p>contexto histórico em que esse conflito ocorreu. Em seguida,</p><p>falaremos sobre a criação da Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU). Por fim, comentaremos sobre um dos eventos mais</p><p>influentes para a constituição dos direitos humanos: a elaboração da</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos.</p><p>Prepare-se para esta jornada de aprendizagem! Vamos lá!</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 12/51</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Vamos começar esta aula com a seguinte reflexão: como uma</p><p>guerra pode interferir na garantia dos direitos humanos? Quais são</p><p>os organismos internacionais que atuam como guardiões e</p><p>fiscalizadores de tais direitos?</p><p>Na segunda etapa desta unidade de aprendizagem, investigaremos</p><p>o efeito que as grandes guerras, principalmente a Segunda Guerra</p><p>Mundial, exerceram sobre a evolução dos direitos humanos. A partir</p><p>do contexto vivenciado no pós-guerra, o mundo percebeu a</p><p>necessidade de elevar os direitos humanos a um referencial teórico,</p><p>baseado na universalidade e na indivisibilidade, o qual fosse capaz</p><p>de evitar que novas atrocidades contra o ser humano</p><p>acontecessem. Nesse sentido, iniciaremos nossa discussão</p><p>comentando sobre a Segunda Guerra Mundial. Mais à frente,</p><p>falaremos sobre o surgimento da Organização das Nações Unidas</p><p>(ONU) e seu objetivo de manter a paz social a partir de atos</p><p>fundamentados na diplomacia. Para concluir, trataremos da</p><p>importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos de</p><p>1948, documento elaborado pela ONU para assegurar a proteção</p><p>dos direitos básicos do homem.</p><p>15/10/24, 01:41 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 13/51</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Segunda Guerra Mundial</p><p>Ao analisar o contexto histórico sobre direitos humanos, podemos</p><p>afirmar que a abordagem mais moderna acerca do tema foi</p><p>introduzida pela Declaração Universal de 1948. A melhor</p><p>estruturação e a consequente positivação dos direitos humanos no</p><p>plano internacional se iniciou no período do pós-guerra,</p><p>especificamente depois da Segunda Guerra Mundial, como resposta</p><p>às inúmeras violações cometidas durante o nazismo.</p><p>A Era Hitler representou uma das maiores transgressões dos</p><p>direitos humanos já perpetradas por um Estado. Na época, o ser</p><p>humano foi tratado como “descartável”, o que levou a catastróficos</p><p>resultados, com o envio de 18 milhões de indivíduos aos campos de</p><p>concentração e a morte de aproximadamente 11 milhões de</p><p>pessoas, dentre elas judeus, ciganos, homossexuais e comunistas.</p><p>Tal fato ocorreu porque a titularidade de direitos foi condicionada ao</p><p>pertencimento a uma raça, chamada de raça pura ariana.</p><p>No período da Segunda Guerra Mundial, que perdurou de 1939 a</p><p>1945, o mundo foi marcado por grandes conflitos e pelo genocídio</p><p>praticado no nazismo. Assim, diante da massiva violação aos</p><p>direitos humanos, foi necessário elevar o tema a um referencial</p><p>teórico capaz de orientar a conduta de todos os Estados. Esse</p><p>cenário deu início à chamada internacionalização dos direitos</p><p>humanos, que culminou em uma ação conjunta entre os Estados</p><p>para a proteção do ser humano. Em relação a esse tema, Piovesan</p><p>(2019, p. 57) destaca que</p><p>É nesse cenário que se vislumbra o esforço de reconstrução</p><p>dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 14/51</p><p>orientar a ordem internacional contemporânea. Com efeito, no</p><p>momento em que os seres humanos se tornam supérfluos e</p><p>descartáveis, no momento em que vige a lógica da</p><p>destruição, em que é cruelmente abolido o valor da pessoa</p><p>humana, torna-se necessária a reconstrução dos direitos</p><p>humanos, como paradigma ético capaz de restaurar a lógica</p><p>do razoável. A barbárie do totalitarismo significou a ruptura do</p><p>paradigma dos direitos humanos, por meio da negação do</p><p>valor da pessoa humana como valor-fonte do Direito.</p><p>Após esse período catastrófico, os Estados perceberam que, se</p><p>existisse um sistema efetivo de proteção internacional voltado aos</p><p>direitos humanos, toda a barbárie poderia ter sido evitada, já que o</p><p>nazismo e o fascismo chegaram ao poder utilizando argumentos</p><p>baseados na própria lei vigente para praticar as violações</p><p>testemunhadas.</p><p>Nascem, assim, duas vertentes para reconstruir os direitos</p><p>humanos: o Direito Internacional dos Direitos Humanos, que</p><p>direcionou seus esforços para a criação de uma espécie de</p><p>“constitucionalismo global”, em que todos os Estados se unem como</p><p>forma de proteger os direitos fundamentais e limitar a atuação</p><p>individualizada dos Estados; e o Direito Constitucional Ocidental,</p><p>caracterizado pela elaboração de normas constitucionais sempre</p><p>pautadas na dignidade humana.</p><p>Nesse contexto, como resultado dos esforços internacionais, a</p><p>proteção voltada aos direitos humanos deixa de ser individualizada</p><p>aos Estados, visto que o tema possui relevância e interesse</p><p>internacional. Isso impacta o conceito de soberania dos Estados,</p><p>que deixa de ser absoluto e passa por relativizações para a</p><p>proteção do ser humano, o qual deve ser sempre tratado como um</p><p>titular de direitos, seja no plano nacional ou internacional.</p><p>Siga em Frente...</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 15/51</p><p>Organização das Nações Unidas</p><p>Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo se encontrava em</p><p>um grande estado de devastação resultante do período de guerra,</p><p>que durou de 1939 a 1945. Estima-se que no pós-guerra havia mais</p><p>de 30 milhões de pessoas feridas e 50 milhões de mortos nas mais</p><p>diversas cidades que colapsaram com as batalhas.</p><p>França, Alemanha</p><p>e Inglaterra apresentavam grande desolação, e</p><p>milhões de vidas foram perdidas na Polônia, bem como no Japão –</p><p>em razão das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos nas</p><p>cidades de Hiroshima e Nagasaki – e nos campos de concentração</p><p>da Alemanha. O mundo vivenciava um cenário de divisão política</p><p>entre o capitalismo adotado pelos Estados Unidos e o socialismo</p><p>implementado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.</p><p>Além disso, iniciava-se a Guerra Fria, dando origem a um novo</p><p>período de instabilidade e incertezas.</p><p>Antes do cenário da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1919, com</p><p>o fim da Primeira Guerra Mundial, que ocorreu por causa da</p><p>Conferência de Paz de Versalhes, vários Estados se uniram com o</p><p>objetivo de utilizar mecanismos jurídicos para evitar a ocorrência de</p><p>uma nova grande guerra. Foi nesse contexto que surgiu a Liga das</p><p>Nações, também chamada de Sociedade das Nações. A Liga tinha o</p><p>objetivo principal de promover a cooperação entre diversos países,</p><p>seguindo bases do direito internacional, para impedir que</p><p>divergências políticas culminassem em uma nova guerra. Acontece</p><p>que as maiores potências, como os Estados Unidos, o Japão, a</p><p>Alemanha e a União Soviética, decidiram não participar da Liga ou</p><p>se retiraram dela em um dado momento. Assim, com o passar dos</p><p>anos e o início da Segunda Guerra Mundial, a Liga das Nações</p><p>encerrou suas atividades por não conseguir alcançar seu objetivo de</p><p>manutenção da paz.</p><p>Entretanto, foi a partir dessa organização intergovernamental que</p><p>emergiu a ideia para a posterior formação da Organização das</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 16/51</p><p>Nações Unidas (ONU) em 1945. A ONU é definida como uma</p><p>organização internacional que conta com a cooperação de</p><p>diferentes governos, com o propósito primordial de manter a paz e a</p><p>segurança internacional e, a partir disso, permitir a cooperação entre</p><p>os povos para solucionar problemas que ferem direitos humanos,</p><p>liberdades individuais, crises humanitárias, problemas ambientais,</p><p>etc.</p><p>A elaboração da ONU foi oficializada em 24 de outubro de 1945, por</p><p>meio da Carta das Nações Unidas. Em um primeiro momento,</p><p>contava com 51 membros, o que mudou com o passar dos anos, já</p><p>que, atualmente, 193 Estados fazem parte dessa organização. Por</p><p>visar à manutenção da paz a partir de relações diplomáticas, a ONU</p><p>não segue a lei de nenhum país. Sua sede está situada na cidade</p><p>de Nova Iorque. É composta por seis órgãos principais: o Conselho</p><p>de Segurança; a Assembleia Geral; o Conselho Econômico e Social;</p><p>o Conselho de Tutela; o Tribunal Internacional de Justiça; e o</p><p>Secretariado. Em 1948, a ONU, na intenção de buscar soluções</p><p>para os problemas vivenciados no mundo e dar mais ênfase aos</p><p>direitos humanos, publicou a Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos, que será o tema central do próximo bloco de estudos.</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos</p><p>Como aprendemos nos blocos de estudo anteriores, depois do</p><p>período do pós-guerra e das atrocidades cometidas durante o</p><p>nazismo, ou Era Hitler, diversas mudanças aconteceram no cenário</p><p>internacional para assegurar uma maior proteção aos direitos</p><p>humanos. Uma das principais transformações implementadas foi a</p><p>criação da proteção no plano internacional, que se deu com a</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, documento</p><p>que passou a adotar os direitos humanos como universais e</p><p>indivisíveis.</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 17/51</p><p>A universalidade abordada pela Declaração Universal de 1948 teve</p><p>foco direcionado ao ser humano como um titular de direitos e um ser</p><p>moral, o qual carece de uma proteção coletiva e universal. Já no</p><p>que se refere à indivisibilidade, o documento trata da relação entre</p><p>os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais,</p><p>entendendo que a violação de um desses direitos exerce impacto</p><p>sobre os demais.</p><p>Apesar de a Declaração Universal ser considerada o primeiro</p><p>grande marco para a conceituação contemporânea dos direitos</p><p>humanos, ela não é única, pois, a partir desse documento, diversos</p><p>instrumentos internacionais foram adotados mediante pactos e</p><p>tratados, como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a</p><p>Convenção contra a Tortura, a Convenção sobre a Eliminação de</p><p>Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, entre outros.</p><p>A grande importância atribuída à Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos se justifica pelo fato de que esse foi o primeiro documento</p><p>elaborado pela ONU e aprovado em uma Assembleia Geral que</p><p>tratou dos direitos primordiais dos seres humanos, visando à</p><p>garantia de direitos básicos, independentemente da análise de</p><p>demais valores, como etnia, credo e posição social.</p><p>A Declaração Universal dos Direitos Humanos é composta por um</p><p>preâmbulo e 30 artigos que discorrem sobre temas que asseguram</p><p>os direitos básicos dos seres humanos, como as liberdades em</p><p>relação à religião, propriedade, imprensa, expressão; direito à vida;</p><p>proibição à escravidão e ao tratamento desumano e degradante;</p><p>direito de defesa; direito à nacionalidade, etc.</p><p>Vale ressaltar, ainda, que o preâmbulo da Declaração Universal dos</p><p>Direitos Humanos menciona o contexto histórico em que o</p><p>documento foi desenvolvido e a necessidade de proteção dos</p><p>direitos humanos ao exibir a seguinte afirmação:</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 18/51</p><p>Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos</p><p>humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a</p><p>consciência da humanidade [...]. Considerando ser essencial</p><p>que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei,</p><p>para que o ser humano não seja compelido, como último</p><p>recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão [...]; Agora</p><p>portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser</p><p>atingido por todos os povos e todas as nações, com o</p><p>objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade</p><p>tendo sempre em mente esta Declaração, esforce-se, por</p><p>meio do ensino e da educação, por promover o respeito a</p><p>esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas</p><p>progressivas de caráter nacional e internacional, por</p><p>assegurar o seu reconhecimento e a sua observância</p><p>universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios</p><p>Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob</p><p>sua jurisdição. (ONU, 1948, [s. p.]).</p><p>Logo, percebe-se a relevância do documento em questão, e resta</p><p>clara a necessidade de sua elaboração diante de todo o cenário de</p><p>guerra vivenciado nos últimos séculos.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Os direitos humanos se configuram como direitos de cada indivíduo.</p><p>Os seres humanos são os titulares desses direitos, e isso deve</p><p>acontecer independentemente das diferenças entre as pessoas,</p><p>como as referentes à cultura, origem, raça e condição social. Dessa</p><p>forma, podemos afirmar que se trata de direitos universais.</p><p>A universalidade traz consigo a compreensão e a importância da</p><p>igualdade no acesso a direitos, como também da dignidade, uma</p><p>vez que fazemos parte da mesma humanidade. O princípio da</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 19/51</p><p>dignidade é, segundo Comparato (2001, p. 1), “o reconhecimento</p><p>universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém –</p><p>nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou</p><p>nação – pode afirmar-se superior aos demais”. Infelizmente, já</p><p>sabemos que, antes da assinatura da Declaração dos Direitos</p><p>Humanos, em 1948, tivemos uma longa e dolorosa história,</p><p>proveniente de guerras, cheia de violações aos direitos humanos.</p><p>Esperamos que o mundo sempre busque um futuro de paz e</p><p>dignidade</p><p>no decorrer de sua evolução.</p><p>Saiba Mais</p><p>Para aprofundar seus conhecimentos e analisar, de modo mais</p><p>detalhado, os direitos básicos dos seres humanos, que são</p><p>assegurados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos,</p><p>convido você a fazer a leitura dos 30 artigos que compõem esse</p><p>documento.</p><p>Para obter mais informações sobre a Organização das Nações</p><p>Unidas, inclusive no que diz respeito à sua atuação no Brasil, sugiro</p><p>que você acesse e explore a página oficial dessa organização.</p><p>Para relembrar os principais fatos relacionados à Segunda Guerra</p><p>Mundial, de forma resumida, assista ao vídeo Segunda Guerra</p><p>Mundial (1939 -1945).</p><p>Por fim, ainda na intenção de ampliar seus estudos sobre a</p><p>Segunda Guerra Mundial, indico a leitura da obra Segunda Guerra</p><p>Mundial para leigos, escrita por Keith Dickson, disponível na</p><p>Biblioteca Virtual.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BECKER, C. The declaration of independence. Nova York:</p><p>Harcourt, Brace and Company, 1922.</p><p>BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos</p><p>https://brasil.un.org/pt-br</p><p>http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=5923</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555205787/pages/recent</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 20/51</p><p>BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo:</p><p>Malheiros Editores, 2019.</p><p>COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos.</p><p>2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.</p><p>FERRAJOLI, L. Diritti fondamentali: um dibattito teórico, a cura di</p><p>Ermanno Vitale. Roma: Bari, Laterza, 2002.</p><p>FERREIRA FILHO, M. G. Direitos humanos fundamentais. 15. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>MAHLKE, H. Direitos humanos. Londrina, PR: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2017.</p><p>ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos</p><p>Direitos Humanos da ONU, 1948. Disponível em:</p><p>https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-</p><p>humanos. Acesso em: 14 dez. 2023.</p><p>PIOVESAN, F. Direitos humanos e justiça internacional. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/.</p><p>Acesso em: 31 ago. 2023.</p><p>SERIACOPI, G. C. A.; SERIACOPI, R. A Revolução Francesa. In:</p><p>SERIACOPI, G. C. A.; SERIACOPI, R. História: volume único. São</p><p>Paulo: Ática, 2005.</p><p>TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 10. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>Aula 3</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS,</p><p>INDIVIDUAIS, COLETIVOS,</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 21/51</p><p>SOCIAIS E TRABALHISTAS</p><p>Direitos fundamentais, individuais,</p><p>coletivos, sociais e trabalhistas</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, aprofundaremos nosso entendimento sobre os</p><p>assuntos mencionados nesta etapa de aprendizagem. Trataremos,</p><p>então, dos direitos fundamentais, direitos individuais e coletivos,</p><p>direitos sociais e trabalhistas.</p><p>Prepare-se para esta jornada de aprendizagem! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta aula, abordaremos os direitos que todos os profissionais</p><p>devem conhecer, pelo fato de serem universais! Quais são eles?</p><p>Vamos conhecer os direitos fundamentais, direitos individuais e</p><p>coletivos, direitos sociais e trabalhistas, além de propor uma análise</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 22/51</p><p>final acerca da reforma trabalhista do direito brasileiro. Os direitos</p><p>sobre os quais estudaremos compõem um arcabouço mais</p><p>completo acerca dos direitos humanos, como você mesmo já</p><p>estudou ao analisar a Declaração dos Direitos do Homem.</p><p>Os direitos fundamentais são inerentes à própria condição humana?</p><p>Vamos conversar sobre isso!</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Direitos fundamentais</p><p>Como aprendemos em aulas anteriores, após as brutalidades e</p><p>diversas violações aos direitos humanos ocorridas no período da</p><p>Primeira e Segunda Guerras Mundiais, os Estados perceberam a</p><p>necessidade de uma cooperação para elevar os direitos humanos a</p><p>um referencial teórico que fosse capaz de orientar a ação dos</p><p>países, de forma universal, com foco voltado às garantias do ser</p><p>humano.</p><p>Para suprir essa demanda, ocorreu a internacionalização dos</p><p>direitos humanos no período do pós-guerra e sua reconstrução com</p><p>base em duas vertentes. A primeira é o Direito Internacional dos</p><p>Direitos Humanos, que buscou criar um constitucionalismo global,</p><p>no qual os Estados cooperassem entre si, a fim de proteger os</p><p>direitos fundamentais do ser humano e limitar violações motivadas</p><p>por ações individualizadas de Estados. Já a segunda é o Direito</p><p>Constitucional Ocidental, em que o Direito Internacional dos Direitos</p><p>Humanos passa a reger e orientar a elaboração de Constituições</p><p>por parte dos Estados, na intenção de que as normas sejam sempre</p><p>voltadas para a dignidade humana.</p><p>No Brasil, diversas Constituições fizeram menção aos direitos</p><p>fundamentais, entretanto a Constituição Federal de 1988, após o</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 23/51</p><p>período de ditadura militar, trouxe uma inovação legislativa e</p><p>ampliou os direitos e as garantias fundamentais previstos nas leis</p><p>anteriores, inserindo-os, inclusive, em um título próprio (Título II).</p><p>Em um primeiro momento, é importante entender o conceito dos</p><p>direitos e das garantias fundamentais. Esse tema é um instrumento</p><p>legal utilizado como forma de proteção aos indivíduos diante da</p><p>atuação estatal e por conta da internacionalização dos direitos</p><p>humanos. Todos esses direitos são baseados na dignidade da</p><p>pessoa humana e buscam assegurar o chamado mínimo existencial</p><p>para uma vida adequada.</p><p>Como mencionado, a Constituição Federal de 1988 reservou um</p><p>título próprio para tratar dos direitos e das garantias fundamentais.</p><p>Assim, os arts. 5º ao 17 versam sobre esse assunto. Além disso, o</p><p>legislador optou por realizar uma subdivisão entre os direitos em</p><p>razão do tema. O art. 5º especifica os direitos individuais e coletivos.</p><p>Os arts. 6º ao 11 discorrem sobre os direitos sociais. Os arts. 12 e</p><p>13 abordam os direitos de nacionalidade. Por fim, os arts.14 a 17</p><p>tratam dos direitos políticos.</p><p>É importante ressaltar, ainda, que, apesar de os direitos e as</p><p>garantias fundamentais serem muitas vezes tratados como</p><p>sinônimos, tais conceitos são distintos. Os direitos fundamentais,</p><p>por exemplo, correspondem a declarações e prerrogativas que o</p><p>Estado brasileiro reconhece. As garantias fundamentais, por sua</p><p>vez, não são prerrogativas, mas sim instrumentos utilizados para</p><p>que os direitos sejam cumpridos, como as emendas constitucionais.</p><p>Em função de sua importância para o direito brasileiro, os direitos</p><p>fundamentais possuem características próprias para atribuir uma</p><p>maior proteção ao cidadão, como: universalidade, já que são</p><p>direitos de todos, sem distinção; imprescritibilidade, pois o decurso</p><p>do tempo não gera a prescrição dos direitos; inalienabilidade, que</p><p>versa sobre a proibição de transferência de direitos; relatividade,</p><p>visto que nenhum direito é considerado absoluto e, a depender do</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 24/51</p><p>caso concreto, pode ser relativizado; complementariedade, porque</p><p>todos os direitos devem ser analisados em conjunto, e não de</p><p>maneira individualizada; e irrenunciabilidade, já que são direitos que</p><p>não podem ser renunciados.</p><p>Você já aprendeu que a Constituição Federal de 1988 ampliou os</p><p>direitos fundamentais presentes no texto constitucional brasileiro, e</p><p>o legislador optou por dividir os direitos, de acordo</p><p>com o tema a</p><p>eles relacionado, em direitos individuais e coletivos, direitos sociais,</p><p>direitos de nacionalidade e direitos políticos. Neste bloco de</p><p>estudos, concentraremos nossa atenção nos direitos individuais e</p><p>coletivos, direitos sociais em espécie e direitos trabalhistas, que</p><p>estão inseridos no rol dos direitos sociais.</p><p>O art. 5º da Constituição Federal trata dos direitos individuais e</p><p>coletivos, e, em seu texto, assegura direitos chamados de basilares,</p><p>ou seja, direitos fundamentais que são tomados como base para</p><p>que todos os outros existam. O referido artigo postula que “Todos</p><p>são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,</p><p>garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País</p><p>a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à</p><p>segurança e à propriedade […]” (Brasil, 1988, [s. p.]). Nesse</p><p>contexto, os chamados direitos basilares são o direito à vida, à</p><p>liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, e a</p><p>manutenção desses direitos é o que permite a relação entre o</p><p>Estado e o indivíduo. O principal direito é o direito à vida, visto que</p><p>ele preza pela existência do ser humano e, além disso, por uma</p><p>existência com qualidade e uma vida digna, razão pela qual a</p><p>Constituição veda a prática de atos que contrariam esse direito.</p><p>Para tanto, determina-se que ninguém é obrigado a fazer algo</p><p>senão em virtude de lei, e proíbe-se a tortura ou o tratamento</p><p>desumano e degradante.</p><p>O direito à igualdade versa sobre o tratamento igualitário entre os</p><p>membros de uma sociedade, independentemente de credo, classe,</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 25/51</p><p>etnia, raça, etc. O texto legal utiliza como forma de igualdade a</p><p>chamada igualdade material, baseada no conceito de Aristóteles</p><p>que discorre acerca da necessidade de tratar os iguais de forma</p><p>igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas</p><p>desigualdades.</p><p>O direito à segurança diz respeito à ação do Estado na interferência</p><p>da vida do indivíduo, visto que, nesse caso, abrange-se a</p><p>possibilidade de punição para atos que violam a legislação vigente</p><p>no país, mas também formas de proteção ao indivíduo quando</p><p>violações são cometidas por parte do Estado. A Constituição</p><p>Federal cita como exemplos a impossibilidade de punição por crime</p><p>que não esteja tipificado na legislação e a proibição de condenação</p><p>penal sem julgamento.</p><p>O direito à propriedade estabelece normas de proteção para a</p><p>regularização de propriedades e discorre sobre formas de</p><p>distribuição de propriedades para os mais necessitados, que não</p><p>possuem condição de moradia e subsistência.</p><p>Em relação aos direitos sociais, o legislador inseriu o Capítulo II da</p><p>Constituição Federal para abordá-los e elencou como tipos de</p><p>direitos sociais “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a</p><p>moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a</p><p>proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos</p><p>desamparados” (Brasil, 1988, [s. p.]).</p><p>Especificamente no que se refere ao direito ao trabalho, o legislador</p><p>estipula, do art. 7º ao 11, direitos básicos dos trabalhadores para</p><p>que as atividades sejam desenvolvidas seguindo a legislação do</p><p>país. Dentre esses direitos, estão, por exemplo, proteção contra</p><p>despedida arbitrária, seguro-desemprego, fundo de garantia do</p><p>tempo de serviço, salário mínimo que atenda às necessidades</p><p>básicas, proibição à redução do salário (salvo por convenção ou</p><p>acordo coletivo), remuneração de trabalho noturno maior do que o</p><p>diurno, etc.</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 26/51</p><p>Siga em Frente...</p><p>Reforma Trabalhista</p><p>O direito ao trabalho é tão importante que foi relacionado no rol dos</p><p>direitos fundamentais, mais especificamente dentro dos direitos</p><p>sociais. O Capítulo II da Constituição Federal de 1988, que vai do</p><p>art. 6º ao 11 e trata dos direitos sociais, dedicou-se, quase de modo</p><p>integral, a discorrer sobre os direitos dos trabalhadores,</p><p>mencionados do art. 7º ao 11.</p><p>A lei que dispõe sobre os direitos trabalhistas é a Consolidação das</p><p>Leis Trabalhistas (CLT), criada antes da nossa Carta Magna, em</p><p>1943. Ao longo dos anos, diversas modificações ocorreram tanto</p><p>nesse instrumento legislativo quanto na relação de trabalho. Então,</p><p>em 2017, para acompanhar as mudanças sociais, o legislador</p><p>entendeu como necessária a realização de uma reforma trabalhista.</p><p>A reforma trabalhista pode ser entendida como um emaranhado de</p><p>normas elaboradas pelo Governo Federal com a finalidade de</p><p>atualizar o texto da CLT, sob o Decreto nº 5.452/1943, viabilizando a</p><p>geração de novos empregos e o estímulo do setor econômico do</p><p>país.</p><p>A reforma foi publicada no dia 13 de julho de 2017 e passou por um</p><p>período de vacância de 120 dias, entrando em vigor em 11 de</p><p>novembro de 2017. Com o novo texto legal, mais de 117 artigos</p><p>foram modificados na CLT, e as principais mudanças para o</p><p>empregado se referiam aos seguintes aspectos: possibilidade de</p><p>parcelamento de férias; desobrigatoriedade na contribuição sindical;</p><p>proibição do trabalho de grávidas e lactantes em locais com</p><p>insalubridade média ou mínima; mudança na jornada de trabalho;</p><p>previsibilidade de acordos coletivos prevalecerem a lei; e</p><p>necessidade de pagamento de honorários de sucumbência no caso</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 27/51</p><p>de perder ações trabalhistas ajuizadas. Já para os empregadores, a</p><p>reforma gerou uma maior flexibilidade na relação de emprego,</p><p>tornando os direitos trabalhistas mais ajustáveis, a depender do</p><p>modelo de trabalho e de um potencial maior nível de segurança</p><p>jurídica.</p><p>Depois da aprovação do Decreto, a legislação responsável por criar</p><p>a reforma foi a Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, razão pela</p><p>qual as empresas tiveram que se atualizar para que estivessem</p><p>adequadas à nova determinação. A reforma concedeu ao</p><p>trabalhador um maior espaço para negociação, visto que a CLT</p><p>estipulava regras sobre as condições de trabalho que apenas eram</p><p>seguidas. Após a mudança, gerou-se a possibilidade de desenvolver</p><p>convenções e acordos coletivos, os quais, anteriormente, só</p><p>poderiam ser elaborados pelos sindicatos. O tema deu origem a</p><p>críticas à doutrina, pois a CLT trazia regras que ofereciam mais</p><p>vantagens aos trabalhadores, considerados a parte mais “fraca” da</p><p>relação de emprego. Entretanto, com a oportunidade de promover</p><p>uma negociação direta e que se sobreponha à lei, as condições</p><p>podem não ser as mais benéficas para o empregado.</p><p>Outra mudança notória foi a constituição do chamado trabalho</p><p>intermitente. Nesse caso, firma-se um contrato de trabalho</p><p>esporádico entre o empregador e o empregado, o que produz uma</p><p>maior flexibilização no cumprimento da jornada de trabalho, a qual,</p><p>antes da reforma, poderia totalizar 44 horas semanais, com duas</p><p>horas extras por dia. Atualmente, a lei menciona que a jornada</p><p>máxima diária pode ser de 12 horas, com 36 horas de descanso,</p><p>desde que respeitado o limite de 44 horas semanais.</p><p>Por fim, é válido salientar que outras alterações foram percebidas,</p><p>como a jornada parcial, o tempo de deslocamento do colaborador, a</p><p>redução na pausa para almoço, hora extra para intervalo</p><p>intrajornada, banco de horas por acordo individual e a</p><p>regulamentação do home office.</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 28/51</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Após a internacionalização ocorrida durante o período pós-guerra,</p><p>os direitos humanos exerceram um grande impacto sobre a</p><p>elaboração das Constituições dos Estados. Frente a esse cenário, e</p><p>depois dos períodos de repressão vivenciados no Brasil, como a</p><p>ditadura militar, os direitos e as garantias fundamentais, que já eram</p><p>previstos</p><p>em outros textos constitucionais, receberam uma</p><p>ampliação e foram inseridos em um título próprio dentro da nossa</p><p>Constituição Federal. O legislador optou por dividir os direitos</p><p>fundamentais de acordo com o tema a eles relacionado,</p><p>classificando-os em: direitos individuais e coletivos; direitos sociais;</p><p>direitos de nacionalidade; e direitos políticos. Os direitos</p><p>fundamentais são inerentes à própria condição humana, entretanto</p><p>o que os torna distintos é o fato de constarem na própria Carta</p><p>Magna.</p><p>Com o passar dos anos e diante do desenvolvimento da sociedade,</p><p>outros direitos vinculados à condição humana e à complexidade das</p><p>relações sociais podem surgir.</p><p>Saiba Mais</p><p>Para aprofundar seus conhecimentos e analisar os direitos humanos</p><p>de maneira mais detalhada, recomendo que você leia os capítulos</p><p>11, 12 e 16 da obra Introdução ao direito, de Debora Sant’Ana</p><p>Fuckner Clementino. Esses capítulos tratam dos direitos trabalhistas</p><p>e das dimensões dos direitos fundamentais. O livro está disponível</p><p>na Biblioteca Virtual, no parceiro Senac.</p><p>Também sugiro a leitura da obra intitulada Direitos fundamentais, de</p><p>Jose Adércio Leite Sampaio, disponível na Biblioteca Virtual.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>https://www.bibliotecadigitalsenac.com.br/?from=busca%3FcontentInfo%3D1658%26term%3Ddireito#/legacy/epub/1658</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/212539</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 29/51</p><p>BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo:</p><p>Malheiros Editores, 2019.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal,</p><p>[2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: 3 set. 2023.</p><p>BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da</p><p>República, [2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso</p><p>em: 10 set. 2023.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-</p><p>Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n º 6.019, de 3 de</p><p>janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de</p><p>julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de</p><p>trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 10 set. 2023.</p><p>FERRAJOLI, L. Diritti fondamentali: um dibattito teórico, a cura di</p><p>Ermanno Vitale. Roma: Bari, Laterza, 2002.</p><p>FERREIRA FILHO, M. G. Direitos humanos fundamentais. 15. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>MAHLKE, H. Direitos humanos. Londrina, PR: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2017.</p><p>PIOVESAN, F. Direitos humanos e justiça internacional. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/.</p><p>Acesso em: 31 ago. 2023.</p><p>TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 10. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 30/51</p><p>Aula 4</p><p>DIREITOS HUMANOS E</p><p>SOCIEDADE BRASILEIRA</p><p>Direitos humanos e sociedade</p><p>brasileira</p><p>Olá, estudante!</p><p>Nesta videoaula, vamos conversar sobre aspectos sociais do</p><p>contexto brasileiro e sua relação com os direitos humanos. Você</p><p>também conhecerá duas instituições que a população pode e deve</p><p>acessar, com a finalidade de garantir seus direitos. Prepare-se para</p><p>esta jornada de aprendizagem! Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante!</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 31/51</p><p>Quando você ouve o termo “direitos humanos”, vem à sua mente</p><p>algo positivo ou negativo? E quando falamos sobre violações de</p><p>direitos humanos? Há alguma instituição que possa defender a</p><p>população ou lhe garantir direitos? Nesta aula, faremos uma breve</p><p>retomada aos conceitos básicos que discorrem sobre os direitos</p><p>fundamentais, sua divisão e os direitos basilares elencados no art.</p><p>5º da Constituição Federal de 1988. Aprenderemos que, apesar da</p><p>ampliação dos direitos fundamentais em nossa Carta Magna – que</p><p>ocorreu após o período de ditadura militar –, o Brasil ainda se</p><p>depara com diversos problemas sociais, cuja maioria decorre da</p><p>desigualdade social resultante de uma grande concentração de</p><p>renda para proveito de uma pequena parcela populacional. Também</p><p>traçaremos um perfil da sociedade brasileira, um aspecto importante</p><p>para compreender e buscar soluções frente aos problemas sociais.</p><p>Para concluir, apresentaremos duas importantes instituições</p><p>relacionadas à garantia de direitos humanos, às quais a população</p><p>pode recorrer em casos de violações.</p><p>Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Problemas sociais brasileiros</p><p>Como aprendemos nas aulas anteriores, o Brasil, apesar de</p><p>discorrer sobre os direitos fundamentais em várias de suas</p><p>Constituições, passou por uma renovação jurídica a partir da</p><p>Constituição Federal de 1988. Isso ocorreu especialmente a partir</p><p>da ampliação dos direitos fundamentais no âmbito constitucional, de</p><p>sua inserção em um título específico e de sua subdivisão em direitos</p><p>individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade e</p><p>direitos políticos.</p><p>Os direitos fundamentais são considerados prerrogativas ofertadas</p><p>para o indivíduo e buscam garantir o chamado mínimo existencial,</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 32/51</p><p>ou seja, condições básicas para que os cidadãos tenham uma vida</p><p>digna. No âmbito dos direitos individuais e coletivos, situam-se os</p><p>chamados direitos basilares, que permitem a existência de todos os</p><p>demais. São eles o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à</p><p>segurança e à propriedade. Porém vários outros direitos são</p><p>assegurados constitucionalmente, como a educação, a saúde, a</p><p>alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, etc.</p><p>Apesar de a nossa Carta Magna estipular diversos direitos, é</p><p>evidente a dificuldade no cumprimento dos mandamentos</p><p>constitucionais. O país enfrenta diversos problemas sociais, os</p><p>quais são derivados, na maioria das vezes, da desigualdade social,</p><p>e essa complexidade não é recente. A assimetria e a separação de</p><p>classes são notadas desde o período da colonização, quando os</p><p>portugueses escravizaram os indígenas e os negros trazidos da</p><p>África. Com o decorrer da história, os negros, após o fim da</p><p>escravidão, não passaram por um processo de integração social e</p><p>tiveram que buscar formas de assegurar sua sobrevivência. Por</p><p>esse motivo, são utilizados como mão de obra precária e</p><p>subempregada até os dias atuais.</p><p>Assim começou um dos principais problemas sociais enfrentados</p><p>em nosso país: a desigualdade social. Desde o período da</p><p>colonização, uma grande parcela da população vive à margem da</p><p>sociedade, na linha da pobreza e, por vezes, sendo vítima de</p><p>preconceitos oriundos da notória situação de diferença entre</p><p>classes. Esse problema social gera diversos outros, como também</p><p>constantes violações aos direitos fundamentais.</p><p>Dentre os efeitos adversos mais evidentes, podemos citar o</p><p>desemprego e o subemprego, comumente observados em países</p><p>subdesenvolvidos, visto que o mercado de trabalho não comporta a</p><p>absorção de toda a mão de obra, entre outros fatores. Além disso,</p><p>em diversas cidades, não há investimentos públicos e incentivos</p><p>fiscais para a ampliação de zonas industriais que poderiam gerar</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 33/51</p><p>inúmeros empregos. Em função da desigualdade e da falta de</p><p>emprego, surge o problema da fome.</p><p>O Brasil é considerado um dos países com a maior quantidade de</p><p>terras cultiváveis, porém o índice de desnutrição entre os cidadãos é</p><p>expressivo, seja pela insuficiência de políticas públicas que</p><p>incentivem a agricultura familiar, seja pela grande ênfase dada ao</p><p>latifúndio para que aconteça a exportação de bens de consumo e</p><p>matéria-prima.</p><p>Os problemas sociais estão todos interligados e são muitos; ao sair</p><p>na rua, você facilmente os perceberá. Além dos já mencionados,</p><p>podemos apontar: a violência, que impacta diretamente a população</p><p>e a qualidade de vida, assim como prejudica o progresso do turismo</p><p>no país e o desenvolvimento econômico; a corrupção política, em</p><p>razão da falta de gestão adequada e de transparência; a</p><p>precariedade na prestação de serviços públicos, como transporte,</p><p>saúde, educação; e os problemas ambientais, que inserem o Brasil</p><p>em diversas manchetes internacionais por causa dos índices de</p><p>desmatamento da Floresta Amazônica.</p><p>Perfil populacional e desigualdade social</p><p>No bloco de estudos anterior, tratamos de alguns dos problemas</p><p>sociais que afetam o Brasil, dentre os quais encontra-se a</p><p>desigualdade social, uma questão observada em todo o mundo,</p><p>mas principalmente nos países considerados subdesenvolvidos. A</p><p>desigualdade social pode ser compreendida como a diferença</p><p>econômica que reside entre grupos de uma mesma sociedade, a</p><p>qual pode ser causada por inúmeros fatores – por exemplo, a falta</p><p>de investimentos em pilares básicos, como educação, saúde e</p><p>geração de emprego. Nesse sentido, a desigualdade social</p><p>desencadeia graves consequências para a população e o</p><p>desenvolvimento econômico do país. Em decorrência, sobretudo, da</p><p>discrepância na distribuição de renda, surge uma cadeia de</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 34/51</p><p>adversidades, como: o aumento do desemprego, que implica</p><p>maiores índices de violência e criminalidade, bem como a</p><p>dificuldade de acesso aos estudos para qualificação profissional; o</p><p>agravo da fome, que acarreta maiores gastos com saúde; o atraso</p><p>no desenvolvimento da economia do país, etc.</p><p>Para estabelecer o perfil populacional de um país, vários</p><p>indicadores são utilizados. O Produto Interno Bruto (PIB), por</p><p>exemplo, é adotado como forma de determinar o crescimento</p><p>econômico de uma nação, enquanto o Índice de Desenvolvimento</p><p>Humano (IDH) é usado para avaliar o bem-estar populacional. Um</p><p>importante índice aplicado para medir a desigualdade social é o</p><p>chamado Índice de Gini, ou Coeficiente de Gini, que estipula a</p><p>concentração de riqueza em uma parcela da população.</p><p>No Brasil, o órgão responsável pelos indicadores é o Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano de 2021, após a</p><p>realização de pesquisas, constatou-se que a região Nordeste era a</p><p>que apresentava o maior índice de desigualdade, em detrimento da</p><p>região Sul, que exibiu maior igualdade. Comparado às demais</p><p>nações do mundo, o Brasil se situa entre os dez países com maior</p><p>índice de desigualdade social.</p><p>Para além do tema da desigualdade social, faz-se necessário traçar</p><p>um perfil populacional do Brasil para compreender a evolução da</p><p>sociedade e o impacto que esse processo pode exercer sobre a</p><p>manutenção ou o surgimento de novos problemas sociais.</p><p>De acordo com dados apurados pelo IBGE a partir do censo</p><p>demográfico efetuado em 2022, o Brasil conta com 203,1 milhões</p><p>de pessoas, o que, em comparação ao censo realizado no ano de</p><p>2010, representa um aumento de 6,5%, o equivalente a 12,3</p><p>milhões de pessoas. Mesmo diante de um número tão alto,</p><p>verificou-se que, do ano de 2010 a 2022, a taxa de crescimento</p><p>anual da população foi a menor desde 1872.</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 35/51</p><p>A região Sudeste do país representa um total de 41,8% da</p><p>população brasileira, e os estados mais populosos, segundo o</p><p>censo, são: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Atualmente,</p><p>61% da população vive em áreas urbanas e 57% está em centros</p><p>urbanos com mais de 100 mil habitantes.</p><p>Por fim, vale destacar que a população brasileira tem envelhecido,</p><p>visto que o número de jovens está cada vez menor e o de idosos,</p><p>maior. Houve uma redução na quantidade de homens e mulheres</p><p>com até 34 anos. Além disso, em todos os grupos etários, a</p><p>mortalidade masculina é maior do que a feminina.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Contrapontos sobre a temática dos direitos</p><p>humanos</p><p>Possivelmente você já ouviu críticas direcionadas ao termo “direitos</p><p>humanos” ou até mesmo às “pessoas que defendem os direitos</p><p>humanos”. Algumas dessas objeções referem-se a uma possível</p><p>seletividade desses direitos, sob a justificativa de que seriam direitos</p><p>voltados para quem infringe leis, entre outros argumentos. É certo</p><p>que, a respeito essa temática, podemos indicar pontos positivos e</p><p>negativos. Tais contrapontos também precisam ser analisados. Não</p><p>nos cabe, neste momento, promover um juízo acerca de todas</p><p>essas questões, mas vale salientar que, quando estudamos algo</p><p>sob diferentes perspectivas, conseguimos obter um aprendizado</p><p>mais amplo. Será mesmo que os direitos humanos são aplicados,</p><p>na prática, a todos na sociedade? Refletir sobre a universalidade é</p><p>importante.</p><p>Torna-se urgente a busca pelo resgate do verdadeiro sentido dos</p><p>direitos humanos, ainda que muitas vezes ele caia em falas</p><p>populistas, banhadas em ideologias. Essa reflexão é válida até</p><p>15/10/24, 01:42 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 36/51</p><p>mesmo para que a expressão não se torne vazia ou para evitar que</p><p>tudo entre no escopo dos direitos humanos.</p><p>Agora que você já conheceu todo o percurso histórico e principais</p><p>defesas inerentes aos direitos humanos, fica mais fácil avaliar</p><p>criticamente aquilo que é colocado no bojo dessa categoria de</p><p>direitos básicos e aquilo que é uma redução de conceito causada</p><p>por aproximações ideológicas.</p><p>Ministério Público e Defensoria Pública</p><p>Você conhece ou já ouviu falar sobre o Ministério Público e a</p><p>Defensoria Pública? Imagino que, se ainda não teve contato com</p><p>essas instituições, você provavelmente já leu alguma notícia que as</p><p>envolvesse, tanto em nível federal ou estadual. Já que estamos</p><p>tratando de direitos, garantias e violações, é fundamental dar</p><p>destaque às referidas instituições.</p><p>A Constituição Federal de 1988 define a função do Ministério</p><p>Público. Como postula o art. 127, ao Ministério Público é incumbida</p><p>“a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses</p><p>sociais e individuais indisponíveis” (Brasil, 1988, [s. p.]). Essa</p><p>instituição tem como responsabilidade a proteção de liberdades</p><p>civis, com o objetivo de assegurar direitos individuais e sociais.</p><p>O Ministério Público é parte do Sistema de Justiça, embora seja</p><p>uma instituição que não está subordinada a nenhum dos três</p><p>poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário). Tem</p><p>atuação independente e autônoma para cumprir suas respectivas</p><p>atribuições. Como publicou o Ministério Público do Estado do</p><p>Paraná,</p><p>É muito ampla a gama de atuação do Ministério Público, que</p><p>se envolve diretamente com questões das mais relevantes,</p><p>atuando em defesa da saúde pública, do meio ambiente, do</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 37/51</p><p>patrimônio público, dos direitos da criança e do adolescente,</p><p>das famílias, do idoso e das pessoas com deficiência, dos</p><p>direitos do</p><p>consumidor, dos direitos humanos, enfim, quase</p><p>todas as áreas relacionadas aos direitos fundamentais da</p><p>cidadania. (Ministério Público do Paraná, 2022, [s. p.]).</p><p>Uma das áreas de atuação do Ministério Público corresponde</p><p>exatamente à defesa dos direitos humanos. Ao identificar violações</p><p>desses direitos, você, enquanto cidadão, pode contatar o Ministério</p><p>Público. Além disso, mesmo que não seja acionada, a instituição</p><p>pode agir por conta própria, considerando os direitos e as</p><p>transgressões presentes na sociedade.</p><p>É interessante que você acesse o portal do Ministério Público do</p><p>seu estado. Verifique as promotorias existentes, as áreas de</p><p>atuação, as formas de acesso, bem como os trabalhos realizados e</p><p>divulgados. Em muitas áreas de atuação profissional, precisaremos</p><p>estabelecer uma relação com essa instituição, a fim de conseguir</p><p>encaminhamentos, esclarecimentos, solicitações e para a produção</p><p>de relatórios.</p><p>A Defensoria Pública, por sua vez, é definida pelo art. 134 da</p><p>Constituição Federal de 1988:</p><p>Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente,</p><p>essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,</p><p>como expressão e instrumento do regime democrático,</p><p>fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos</p><p>direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e</p><p>extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma</p><p>integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso</p><p>LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Brasil, 1988, [s.</p><p>p.]).</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 38/51</p><p>Desse modo, cabe à Defensoria Pública garantir assistência jurídica</p><p>gratuita para pessoas que não podem pagar por honorários de um</p><p>advogado. É possível solicitar o auxílio tanto da Defensoria Pública</p><p>da União, cujo atendimento é voltado à Justiça Federal, Justiça do</p><p>Trabalho e Justiça Eleitoral, quanto das Defensorias Estaduais, com</p><p>atendimentos direcionados a diversas áreas, como: defesa da</p><p>saúde, das mulheres, dos idosos, dos direitos humanos; área de</p><p>família, infância e juventude; medidas socioeducativas; execuções</p><p>penais; entre outros segmentos. Pesquise pelo portal da Defensoria</p><p>Pública do seu estado e confira as áreas de atendimento, bem como</p><p>as formas de acesso.</p><p>Além de contatar as instituições citadas, é importante salientar que,</p><p>enquanto cidadãos, podemos acompanhar e cobrar os</p><p>representantes da população que ocupam cargos do Poder</p><p>Executivo ou Legislativo, por exemplo, no que tange à garantia de</p><p>direitos fundamentais. Quão envolvidos os vereadores de fato estão</p><p>com a proteção às famílias, às crianças e aos idosos? Como os</p><p>Conselhos Municipais de Políticas Públicas têm avaliado a</p><p>execução de serviços fundamentais para a população? Toda essa</p><p>realidade atravessa nosso cotidiano profissional, de modo que</p><p>conhecer as instâncias da sociedade é essencial.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Existem inúmeras expressões da questão social latentes em nosso</p><p>país, ainda que o Brasil tenha muitas riquezas. Tais manifestações</p><p>atingem os mais variados grupos e territórios, totalizando uma</p><p>grande parcela da sociedade. São muitos os problemas sociais que</p><p>afetam diretamente a população, como desemprego, trabalho</p><p>infantil, aumento da mortalidade, desnutrição, analfabetismo,</p><p>violência, falta de acesso com qualidade a diversas políticas sociais.</p><p>Esses são alguns dos fatores que exercem impacto sobre toda a</p><p>sociedade e prejudicam o desenvolvimento do país, em um nível</p><p>macro, e o bem-estar de cada pessoa, sob um olhar micro.</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 39/51</p><p>Enquanto profissional da área social, é importante que você</p><p>desenvolva um olhar atento e crítico para essa realidade. Deve-se</p><p>conhecer para intervir. É preciso entender o contexto presente, as</p><p>formas de acesso às políticas sociais públicas e privadas, os meios</p><p>de garanti-las ou as formas de reivindicá-las.</p><p>Saiba Mais</p><p>Para que você aprofunde seus conhecimentos, minha primeira</p><p>sugestão de material complementar é a obra Problemas sociais:</p><p>uma análise sociológica da atualidade, de Linda A. Mooney, David</p><p>Knox e Caroline Schacht, disponível na Minha Biblioteca.</p><p>Também sugiro a leitura do artigo Os pontos positivos de diferentes</p><p>tradições: o que se pode ganhar e o que se pode perder</p><p>combinando direitos e desenvolvimento?, de Roberto Archer.</p><p>Em relação aos contrapontos afetos aos direitos humanos, é</p><p>interessante que você leia a parte II, do capítulo I, presente no livro</p><p>Direitos fundamentais: retórica e historicidade, de Sampaio. O autor</p><p>dedica um capítulo à crítica aos direitos humanos. A obra está</p><p>disponível na Biblioteca Virtual.</p><p>Para solidificar seus estudos sobre o atendimento prestado pelas</p><p>Defensorias Públicas dos estados, confira a listagem dessas</p><p>instituições.</p><p>Acesse, também, o resultado final de uma pesquisa sobre direitos</p><p>humanos articulada pela ONU Mulheres em 2021. Os dados obtidos</p><p>colaborarão muito com o seu processo de aprendizagem.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.</p><p>BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo:</p><p>Malheiros Editores, 2019.</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788522124077/pageid/0</p><p>https://www.scielo.br/j/sur/a/3j73dcNYN8FvhbCNbhpXLrt/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/21253904</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/21253904</p><p>https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/21253904</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal de 1988</p><p>https://alexandria-html-published.platosedu.io/2c4c612d-c86e-445f-997f-d03347fba523/v1/index.html 40/51</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal,</p><p>[2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>Acesso em: 3 set. 2023.</p><p>BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da</p><p>República, [2023]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso</p><p>em: 10 set. 2023.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-</p><p>Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de</p><p>janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de</p><p>julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de</p><p>trabalho. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 10 set. 2023.</p><p>FERRAJOLI, L. Diritti fondamentali: um dibattito teórico, a cura di</p><p>Ermanno Vitale. Roma: Bari, Laterza, 2002.</p><p>FERREIRA FILHO, M. G. Direitos humanos fundamentais. 15. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>MAHLKE, H. Direitos humanos. Londrina, PR: Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A., 2017.</p><p>O MINISTÉRIO Público. Ministério Público do Paraná, 14 dez.</p><p>2022. Disponível em: https://mppr.mp.br/Pagina/O-Ministerio-</p><p>Publico. Acesso em: 28 jan. 2024.</p><p>PIOVESAN, F. Direitos humanos e justiça internacional. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/.</p><p>Acesso em: 31 ago. 2023.</p><p>TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 10. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610198/</p><p>15/10/24, 01:43 Direitos Humanos e Constituição Federal</p>

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