Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais e seu papel no Estado democrático de direito.
Prof. Elias Suzano Mendes
1. Itens iniciais
Propósito
Entender o conceito de direito fundamental, quais são os direitos colocados nessa categoria pela Constituição
Federal e de que forma a sua compreensão é importante para a boa atuação no setor público e para a defesa
da democracia.
Objetivos
Compreender o conceito de direito fundamental e as suas classificações.
Reconhecer o tratamento dado pela Constituição Federal aos direitos fundamentais.
Preparação
É importante que, ao longo do estudo, você tenha em mãos a Constituição Federal de 1988.
Introdução
O Brasil é um Estado democrático de direito, conforme expresso no art. 1º da Constituição Federal de 1988.
Isso significa, em primeiro lugar, que em nosso país vigora a ideia de governo da maioria, como decorrência da
soberania popular. É por isso que ocorrem eleições periódicas, por meio das quais se escolhem os
representantes do povo de acordo com a vontade da maioria manifestada nas urnas.
 
Entretanto, o Estado democrático de direito também possui outro requisito essencial: a existência de uma
Constituição que, além de definir a estrutura básica do Estado, protege os direitos fundamentais. É justamente
esse o objetivo principal buscado pela Constituição Brasileira de 1988.
 
Isso nos mostra que a estruturação e a atuação do poder público estão intimamente ligadas aos direitos
fundamentais que se busca proteger. Afinal, o fim último do Estado, por meio das suas instituições, é
promover a proteção e a concretização dos direitos fundamentais. Compreendê-los, portanto, é indispensável
para uma boa gestão pública e para a atuação do poder público no exercício das suas mais variadas
competências.
 
Estudar os direitos fundamentais elencados na Constituição, a partir da sua conceituação e com a análise dos
direitos em espécie, permitirá uma melhor compreensão da nossa democracia, dos direitos que o cidadão
possui em face do Estado e de que modo a administração pública pode repensar a sua gestão para atuar cada
vez melhor na concretização desses direitos tão importantes.
• 
• 
1. Direitos fundamentais e as suas classificações
Breve histórico dos direitos fundamentais
Ao longo das sociedades antigas e da história, observamos períodos em que são reconhecidos direitos
pontuais a determinados grupos ou categoria de indivíduos. Vejamos:
Decreto do rei persa Ciro II
É o caso do decreto do rei persa Ciro II, permitindo que os povos exilados na
Babilônia retornassem às suas terras de origem ou a restrição de penas
corporais no Império Romano.
Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia
A primeira declaração moderna de direitos fundamentais é de 1776: a 
Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, uma das treze colônias
inglesas na América, à qual se seguiu a Constituição dos Estados Unidos da
América, aprovada na Convenção de Filadélfia de 1787 e que foi objeto de
diversas emendas garantidoras de importantes direitos fundamentais, como
a liberdade de religião, o direito de propriedade etc.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Outro marco importantíssimo nesse processo histórico foi a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, fruto da Revolução Francesa e da
sua luta contra o absolutismo.
Declaração Universal dos Direitos do Homem
Tivemos, também, a Declaração Universal dos Direitos do Homem,
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de
dezembro de 1948, reconhecendo diversos direitos, como a dignidade da
pessoa humana, o direito à vida, à liberdade etc.
A partir desse processo histórico, podemos falar em três gerações de direitos fundamentais que surgiram ao
longo do tempo:
Primeira geração
É formada por direitos individuais que buscavam proteger o indivíduo perante os excessos e os
abusos do Estado. São direitos ligados, sobretudo, às liberdades. Ex.: liberdade de reunião, direito
de ir e vir etc.
Segunda geração
Surge no século XX e caracteriza-se por direitos que exigem uma prestação do Estado. Não basta que
o Estado se abstenha de cometer abusos e de violar os direitos individuais. É preciso mais: ele deve
atuar para consolidar direitos sociais e culturais. Essa é a geração dos direitos sociais e coletivos. Ex.:
direito à saúde, direitos da seguridade social.
Terceira geração
Surge na segunda metade do século XX e está associada aos ideais de solidariedade e fraternidade. É
nesse momento que surgem os direitos difusos, como o direito ao meio ambiente equilibrado (art. 225
da Constituição de 1988).
Atenção
Já existem defensores de uma quarta geração de direitos fundamentais, que seriam aqueles
relacionados ao desenvolvimento tecnológico e biológico. São discussões delicadas em torno de
assuntos jurídica e moralmente controvertidos, como clonagem, eutanásia etc. 
Observamos que a consolidação dos direitos fundamentais em diferentes sociedades e ordenamentos
jurídicos é fruto de um longo e complexo processo histórico, que se acentuou especialmente após a Segunda
Guerra Mundial. Os horrores causados pela guerra e pelos regimes totalitários deixaram clara a necessidade
de se reconhecer direitos inatos a todos os seres humanos, de modo a protegê-los de abusos e
autoritarismos. É nesse contexto que os diferentes Estados modernos começam a se preocupar em elaborar
um catálogo de direitos fundamentais que não seja meramente uma declaração política, mas também uma
fonte para a sua aplicação concreta à realidade.
As gerações dos direitos fundamentais
Neste vídeo, conheça mais sobre as gerações dos direitos fundamentais. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Conceito de direitos fundamentais
A Constituição de um Estado democrático, como é o caso do Brasil, possui, entre as suas funções principais, a
proteção de direitos fundamentais. A própria topografia dos dispositivos constitucionais que os preveem já
indica a sua importância, tendo em vista que o catálogo de direitos fundamentais se encontra no início do
texto constitucional.
 
Tradicionalmente, as Constituições brasileiras começavam tratando da estrutura do Estado e, no final,
versavam sobre os direitos fundamentais. A Constituição de 1988 inverteu isso: os primeiros artigos tratam de
direitos. Essa mudança topográfica transmite a ideia de que o mais importante são os direitos. O Estado existe
em boa parte para protegê-los, promovê-los e assegurar que a pessoa humana seja respeitada.
O constituinte entendeu que os direitos são parte integrante da própria essência da Constituição, alçando-os
à categoria de cláusulas pétreas, de modo que nem mesmo uma emenda pode suprimi-los (art. 60, §4º).
 
Conceituá-los, porém, não é tarefa fácil. Além de o seu conteúdo ter variado ao longo da história e dos
diferentes contextos políticos e culturais, a sua nomenclatura, muitas vezes, confunde-se com outras. Vamos,
aqui, pontuar as principais diferenças entre as nomenclaturas mais comuns a fim de facilitar a compreensão
da extensão e do conteúdo dos direitos fundamentais:
Reconhecendo a dificuldade de se estabelecer um conceito preciso de direitos fundamentais, José Afonso da
Silva (2020) prefere utilizar a expressão direitos fundamentais do homem. O autor explica:
No qualitativo fundamentais, acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a
pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem
no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e
materialmente efetivados. Do homem, não como macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana.
Direitos fundamentais do homem significa direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos
fundamentais. É com esse conteúdo que a expressão “direitos fundamentais” encabeça o Título II da
Constituição, que se completa, como direitos fundamentais da pessoa humana, expressamente, no art.
17.
Silva, 2020
Direitos humanos 
São tratados no âmbitodo
direito internacional e se
referem, genericamente, a
todos os seres humanos,
sem considerar as
peculiaridades de cada país
ou comunidade, como
religião, etnia etc.
 Possuem a
pretensão de
serem
atemporais e
universais,
aplicáveis a
todos os povos
e em todos os
tempos.
Direitos fundamentais 
São tratados de maneira
diferente pelos Estados, de
acordo com as suas próprias
Constituições. Como cada
ordenamento jurídico
dispõe, diferentemente,
acerca do rol de direitos
fundamentais, eles nem
sempre correspondem ao rol
de direitos humanos.
 São apenas
aqueles
estabelecidos
pelo Estado,
conforme o
seu direito
positivo
interno.
É possível apontar, também, a diferença entre direitos e garantias fundamentais. Enquanto os direitos
fundamentais são os enunciados que estabelecem o conteúdo de um direito (Ex.: direito à vida, à liberdade
religiosa), as garantias fundamentais são instrumentos previstos na Constituição para a defesa e a proteção
daqueles direitos (ex.: habeas corpus, que busca proteger o direito à liberdade de locomoção).
Características dos direitos fundamentais
Estudaremos, a seguir, as principais características dos direitos fundamentais apontadas pela doutrina:
Universalidade
Significa que os direitos são de todos. O que faz alguém ser titular de um direito? Ser pessoa humana.
A sua titularidade independe de gênero, categoria ou qualquer tipo de classe ou segmentação. Todos
os seres humanos possuem igual dignidade.
A partir dessa premissa, o caput do art. 5º da Constituição pode suscitar algumas dúvidas. Vejamos a
sua redação:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (CF, 1988).
As primeiras perguntas que surgem são: o estrangeiro que não reside no país não tem direitos
fundamentais? O turista não tem direito à vida, por exemplo?
O entendimento majoritário é de que, apesar da redação do dispositivo constitucional, o estrangeiro
não residente no país também é titular de direitos fundamentais desde que compatíveis com a sua
condição, pois a universalidade não impede a existência de alguns direitos específicos de
determinados grupos. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o réu estrangeiro
sem domicílio no Brasil deve ter assegurados:
“Os direitos básicos que resultam do postulado do devido processo legal, notadamente as
prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade
entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado
processante.” (HC 94.016, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, 2ª T, DJE de 27-2-2009).
Em que pese afirmarmos a universalidade como uma característica dos direitos fundamentais, há
direitos que pressupõem certos requisitos, por exemplo, a nacionalidade no caso dos direitos
políticos. Há outros que são específicos para determinados grupos, como o direito fundamental
garantido às presidiárias.
• 
• 
Relatividade
Significa dizer que não há direitos absolutos. Eles podem sofrer restrições. Se o direito de
propriedade fosse absoluto, como ficaria a proteção do meio ambiente, por exemplo? Ou no caso da
liberdade de expressão, que é um direito que frequentemente se choca com outros, como ficaria a
proteção da intimidade?
Muitas vezes, a lei impõe uma restrição a um direito fundamental. É o caso das leis ambientais, que
restringem o direito de propriedade e exigem o cumprimento de uma série de regras que visa à
proteção do meio ambiente. Um exemplo é o Código Florestal (Lei n° 12.651/2012), que possui
diversas regras restritivas ao direito de propriedade.
O legislador, entretanto, não consegue prever nem solucionar todos os possíveis conflitos entre
direitos fundamentais. Assim, muitas vezes, no caso concreto, é preciso que o Judiciário resolva essa
colisão restringindo um direito em prol de outro, buscando, um equilíbrio. Um exemplo famoso é o
caso Ellwanger, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse julgamento, o Tribunal entendeu que a
liberdade de expressão, apesar de ser um direito fundamental importantíssimo, não é um direito
absoluto. Dessa maneira, ela não protege o discurso de ódio, o racismo nem a publicação de livros
antissemitas.
Há um princípio de interpretação constitucional que norteia o intérprete diante desses casos difíceis
de conflitos entre direitos e normas constitucionais, chamado princípio da concordância prática:
"Consiste, essencialmente, numa recomendação para que o aplicador das normas
constitucionais, deparando-se com situações de concorrência entre bens constitucionalmente
protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não
acarrete a negação de nenhum." (Mendes; Coelho; Branco; 2007).
Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto nos dão um exemplo do emprego da concordância
prática pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Habeas Corpus 80.240 (STF, HC
80240, Relator(a): Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2001, publicado no DJ
14-10-2005). Trata-se do caso de um líder indígena intimado para depor em uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI). Diante das normas constitucionais que garantem os poderes da CPI e
os direitos dos indígenas à sua cultura, o Tribunal, para conciliar as normas em conflito no caso,
decidiu que o depoimento poderia ser feito, mas apenas no interior das terras indígenas e na
presença de antropólogo e de representante da Funai.
Ou seja, considerando a relatividade dos direitos fundamentais e os seus possíveis conflitos em um
caso concreto, deve-se buscar sempre uma solução que leve ao equilíbrio entre eles.
Historicidade
Os direitos fundamentais foram conquistados historicamente e as mudanças na sociedade
influenciam a leitura que se faz deles.
Os direitos não são realidades metafísicas, e sim realidades históricas e concretas. Eles foram
conquistados e ampliados ao longo da história, surgindo em diferentes etapas.
Inalienabilidade
Não possuem conteúdo econômico e não podem ser negociados ou transferidos:
“se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são
indisponíveis.” (Silva, 2020).
• 
• 
Imprescritibilidade
Os direitos fundamentais não se extinguem pelo decurso do tempo e o seu exercício não se sujeita a
qualquer prazo.
Irrenunciabilidade
Não se pode renunciar aos direitos fundamentais. O titular do direito pode até não o exercer, mas isso
não implica a renúncia ao direito.
Aplicabilidade imediata
A Constituição Federal, no art. 5º, §1º, dispõe expressamente que:
“As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais têm aplicação imediata.”
Houve, aqui, uma preocupação do constituinte em dar plena efetivação aos direitos fundamentais,
evitando o que acontecera sob a égide de Constituições pretéritas, em que os direitos previstos na
Constituição, muitas vezes, eram apenas retórica, uma simples proclamação política, sem qualquer
aplicação concreta.
A ideia da aplicabilidade imediata é a de que os direitos valem imediatamente e independem de
concretização legislativa, de regulamentação, para surtirem seus efeitos. O titular dos direitos pode
invocá-los com base apenas na Constituição.
Não exaustividade ou atipicidade
Um direito não precisa estar positivado na Constituição para ser considerado fundamental. Vejamos a
redação do art.5º, §2º da Constituição:
"Os direitos e as garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte". (CF, 1988).
Isso significa que é possível ter direitos fundamentais fora do catálogo formal previsto na
Constituição. Eles podem estar em tratados internacionais de direitos humanos, por exemplo. Qual é o
principal critério para apontar direito fundamental fora do catálogo? O princípio da dignidade da
pessoahumana.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a ADI 939 (STF, ADI 939, Relator Sidney Sanches,
Tribunal Pleno, julgado em 15/12/1993, publ. DJ 18/03/1994), decidiu que o princípio da anterioridade
tributária, apesar de não estar no rol dos direitos fundamentais elencados pela Constituição, e sim no capítulo
referente à tributação, é um direito fundamental.
Classificações
Existem inúmeras classificações que variam conforme o autor e o critério adotado. Uma delas, por exemplo,
divide os direitos fundamentais de acordo com o conteúdo:
• 
• 
1 Direitos fundamentais do homem-indivíduo
Reconhecem autonomia aos particulares e se identificam com os direitos individuais. Ex.: liberdade,
igualdade e propriedade.
2
Direitos fundamentais do homem-nacional
São aqueles que definem a nacionalidade.
3
Direitos fundamentais do homem-cidadão
São os direitos políticos, como o direito de eleger e de ser eleito.
4
Direitos fundamentais do homem-social
São os direitos assegurados ao ser humano em suas relações sociais e culturais, como o direito à
saúde e à educação.
5
Direitos fundamentais do homem membro de uma coletividade
São os direitos coletivos. Incluem-se, aqui, o direito de petição (art. 5º, xxxiv, a) e o direito de greve
(art. 9º e 37, vii).
6
Direitos fundamentais de terceira geração ou do homem-solidário
Trata-se de uma classe mais recente de direitos, como o direito ao meio ambiente, à paz e ao
desenvolvimento.
Vejamos outra classificação, com base no texto da Constituição Federal de 1988:
 
Direitos individuais (art. 5º).
Direitos à nacionalidade (art. 12).
Direitos políticos (arts. 14 a 17).
Direitos sociais (arts. 6º e 193).
Direitos coletivos (art. 5º).
Direitos solidários (arts. 3º e 225).
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Atenção
Há, também, os direitos econômicos, previstos na Constituição, no Título da Ordem Econômica e
Financeira (arts. 170 e seguintes). 
Eficácias dos direitos fundamentais
Além da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, eles também suscitam importantes
questionamentos a respeito da sua eficácia.
 
Tradicionalmente, os direitos fundamentais eram aplicados à relação entre o indivíduo e o Estado,
verticalmente. Isso se explica até mesmo pela primeira geração de direitos fundamentais, criados para a
defesa do indivíduo contra o poder absoluto do Estado.
 
Essa noção, contudo, foi mudando ao longo do tempo, pois notou-se a existência de lesões a direitos que não
provêm somente do Estado, mas podem se originar de relações entre patrão e empresa, entre loja e
comprador, entre pai e filho, por exemplo. São relações muito variadas nas quais nem sempre o Estado está
presente.
 
Surge, então, a ideia da eficácia horizontal dos direitos fundamentais (em contraposição à eficácia vertical),
que significa a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. Porém, é importante ressaltar que
há o risco de comprometer a liberdade individual e a espontaneidade das relações sociais.
 
Vejamos um exemplo dessa problemática:
Exemplo
Vamos supor que alguém pertença a uma associação. A associação, de maneira discriminatória, resolve
expulsar os sócios. Isso é possível? Até que ponto a liberdade e a autonomia privada protegem esse tipo
de conduta? Explicação: O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de analisar um caso
parecido (o Recurso Extraordinário 158.215), envolvendo a expulsão do membro de uma cooperativa sem
que lhe fosse dado o direito de defesa. A Corte entendeu que “na hipótese de exclusão de associado
decorrente de conduta contrária aos estatutos, impõe-se a observância ao devido processo legal,
viabilizado o exercício amplo da defesa” (STF, RE 158215, Relator Marco Aurélio, Segunda Turma, julgado
em 30/04/1996, publ. DJ 07/06/1996). 
Vejamos outro exemplo de um caso também enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal:
Exemplo
Uma empresa francesa que estabelecia vantagens exclusivas para empregados franceses, criando uma
discriminação em relação a funcionários de outras nacionalidades. O fato de ser uma empresa privada, à
qual se aplica a autonomia e a livre iniciativa, protege esse tipo de conduta? Explicação: Mais uma vez, a
Corte Suprema entendeu que os direitos fundamentais também devem ser aplicados às relações
privadas, declarando inconstitucional a discriminação perpetrada pela empresa: “[…] Ao recorrente, por
não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto
do Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao
empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princípio da igualdade: C.F., 1967, art. 153, §1º; C.F.,
1988, art. 5º, caput. II – A discriminação que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou
extrínseca do indivíduo, como o sexo, a raça, a nacionalidade, o credo religioso etc., é inconstitucional.
[…]”(STF, RE 161243, Relator Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 29/10/1996, publ. DJ
19/12/1997). 
Existe controvérsia em torno da maneira de aplicar os direitos fundamentais às relações privadas.
Verificando o aprendizado
Teoria da eficácia indireta ou mediata 
Um primeiro entendimento defende que essa
aplicação deve ser feita pelo legislador. E, se a
lei, ao tratar de direito privado, violar direitos
fundamentais ou não os proteger
adequadamente, será inconstitucional. Ou
seja, os direitos fundamentais não devem ser
automaticamente aplicados às relações entre
particulares.
Teoria da eficácia direta ou imediata 
Um segundo
entendimento
defende que essa
aplicação deve ser
feita diretamente
pelo juiz,
independentemente
da atuação do
legislador. Este, ao
julgar as causas,
deve levar em
consideração os
direitos
fundamentais,
mesmo que sejam
causas privadas.
 A principal porta de
entrada dos direitos
fundamentais na
atividade
jurisdicional são as
cláusulas gerais de
direito privado. Ex.:
bons costumes,
boa-fé, ordem
pública. Elas devem
ser concretizadas,
devem ser lidas de
uma maneira que
protejam e
promovam os
direitos
fundamentais.
Questão 1
A respeito das dimensões dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta:
A
Os direitos de primeira geração são tipicamente de cunho social.
B
O direito ao meio ambiente equilibrado foi um dos primeiros direitos fundamentais a ser protegido.
C
Os direitos difusos são típicos da terceira geração de direitos fundamentais, marcada, especialmente, pelo
ideal de solidariedade.
D
O direito à liberdade só começa a ser protegido na segunda metade do século XX.
A alternativa C está correta.
A terceira geração de direitos fundamentais se caracteriza pelo surgimento dos direitos difusos, como é o
caso do direito ao meio ambiente, previsto no art. 225 da Constituição de 1988.
Questão 2
“Os direitos fundamentais podem sofrer restrições e não se sujeitam a qualquer prazo para
serem exercidos”.
A afirmação se refere a quais características dos direitos fundamentais?
A
Irrenunciabilidade e aplicabilidade imediata.
B
Relatividade e imprescritibilidade.
C
Historicidade e indisponibilidade.
D
Atipicidade e eficácia horizontal.
A alternativa B está correta.
Dizer que os direitos fundamentais podem ser restringidos, refere-se, expressamente, à relatividade dos
direitos fundamentais, que não são absolutos. Em seguida, dizer que o seu exercício não se sujeita a prazo,
é uma clara referência à imprescritibilidade dos direitos fundamentais.
2. Tratamento constitucional dos direitos fundamentais
Direitos individuais e coletivos consagrados na
Constituição
Fala, mestre!
O vídeo aborda a importância de uma das melhores leis brasileiras em termos de proteção à criança e ao
adolescente, surgida após o código de menores. No entanto, destaca que essas leis não são devidamente
implementadas, principalmente no que tange ao direito de pais de religiões de matriz africana em levar seus
filhos aos ambientes religiosos sem serem criminalizados. Há casos de perda de guarda de crianças devido a
rituais religiosos, apesar da lei garantireste direito. Falta de conhecimento e preconceito acabam
influenciando decisões judiciais injustas. A fala propõe a necessidade de defender esses direitos pela família e
sociedade, independentemente da classe social. A oradora compartilha suas experiências como magistrada,
onde buscava justiça ao examinar diretamente situações para garantir que nenhum preconceito ou ignorância
interferisse na justiça. Ela defende que todas as religiões devem ser respeitadas de forma igualitária.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Os direitos individuais estão previstos no art. 5º e respectivos incisos da Constituição Federal. Podem ser
conceituados, conforme ensina José Afonso da Silva (2020), como aqueles que reconhecem autonomia aos
particulares, garantindo a iniciativa e a independência aos indivíduos diante dos demais membros da
sociedade política e do próprio Estado.
Atividade
Em relação aos destinatários, será que eles se aplicam, também, às pessoas jurídicas ou apenas às pessoas
físicas?
Chave de resposta
O entendimento majoritário é o de que esses direitos também se lhes aplicam desde que haja
compatibilidade com a natureza da pessoa jurídica. O direito à vida ou de ir e vir, por óbvio, não são
aplicáveis às pessoas jurídicas. Contudo, há diversos outros direitos que se estendem a elas, como o
direito de propriedade, o sigilo das correspondências, entre outros. Há, inclusive, direitos que são típicos
de pessoas jurídicas, como o direito à propriedade das marcas e ao nome da empresa.
No tópico relativo às características dos direitos fundamentais, nós também já vimos a controvérsia provocada
pela redação do caput do art. 5º da Constituição, que, aparentemente, exclui o estrangeiro não residente no
país da titularidade dos direitos fundamentais ali elencados.
 
Naquela oportunidade, vimos que o entendimento amplamente majoritário, inclusive agasalhado pelo Supremo
Tribunal Federal, é o de que a Constituição não excluiu os direitos fundamentais do estrangeiro não residente
no país.
Atenção
No processo de elaboração constitucional, cogitou-se colocar os direitos coletivos em capítulo especial.
Tal proposta, porém, foi rejeitada, mantendo-se o capítulo intitulado “Dos Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos”. 
Eles são, na verdade, direitos cuja titularidade é individual, mas cujo exercício requer a participação conjunta
de diversas pessoas. Incluem-se, nessa categoria, os direitos de reunião, de associação, entre outros.
 
O rol de direitos elencados no art. 5º é extenso e, por isso, estudaremos mais detidamente, a seguir, aqueles
que são mais relevantes e que suscitam maior controvérsia:
Direito de propriedade
Está previsto nos seguintes incisos do art. 5º:
XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade atenderá à sua função social.
§1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e
sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
A Constituição também fixa requisitos para o atendimento da propriedade rural:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. (CF, 1988).
Existem, também, outros dispositivos constitucionais com previsões específicas acerca do direito de
propriedade ao longo de toda a Constituição (Ex.: arts. 5º, XXIV; 182 etc.).
A partir dos dispositivos citados, vemos que a própria Constituição já define um limite para o direito
de propriedade, ao exigir que ela atenda à sua função social. Essa decisão do constituinte supera a
antiga ideia de que a propriedade é absoluta.
Uma questão que se põe diz respeito ao conceito de função social. O art. 1228 do Código Civil fixa
alguns parâmetros:
Atenção!
Seguindo essa linha, o Supremo Tribunal Federal já afirmou, expressamente, que o direito de
propriedade não se revela absoluto, estando relativizado pela Constituição.
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Liberdade de expressão
Está prevista no art. 5º, IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato”.
É vital para uma democracia, que pressupõe debate público, amplo acesso a ideias e pontos
de vista divergentes. Em qualquer espaço, pressupõe-se que cada pessoa, para poder decidir
sobre algo, deva ter acesso às informações mais variadas.
A ideia subjacente a esse direito fundamental é de que a democracia exige um espaço público
de discussão robusto, plural, dinâmico no qual diferentes pontos de vista possam ser
devidamente debatidos sem a tirania de uma única ideia.
Tem por fim a autonomia, a realização pessoal de cada indivíduo, na medida em que o
indivíduo, como um ser social, tem a necessidade de se comunicar, moldando a sua
personalidade conforme interage com os outros do seu meio.
A necessidade de se proteger a liberdade de expressão como corolário da própria democracia
tem sido reiterada pelo Supremo Tribunal Federal em diversos julgados:
“A Democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a liberdade de expressão
for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao pluralismo de ideias, que por sua vez é um valor
estruturante para o salutar funcionamento do sistema democrático. A livre discussão, a ampla
participação política e o princípio democrático estão interligados com a liberdade de expressão, tendo
por objeto não somente a proteção de pensamentos e ideias, mas também opiniões, crenças,
realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, no sentido de garantir a real participação
dos cidadãos na vida coletiva. São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida
finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime
democrático” (STF, ADI 4451, Relator Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 21/06/2018,
publ. DJ 06/03/2019).
Atenção!
Conforme visto no tópico relativo às características dos direitos fundamentais, o Supremo Tribunal
Federal não inclui discursos de ódio ou racistas no âmbito de proteção da liberdade de expressão.
• 
• 
• 
• 
• 
Liberdade religiosa
Liberdade de religião não é apenas o direito de professar, publicamente, determinada religião
mas também o direito de não ter nenhuma.
Tema mais polêmico diz respeito à possibilidade de, com base na liberdade religiosa, tentar
converter outras pessoas e atrair fiéis para determinada seita religiosa.
O Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o tema e entendeu que essas atitudes estão
protegidas pela liberdade de religião:
“A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço público, e inclui o
direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de religião. O discurso
proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão religiosa. […] A liberdade política pressupõe a
livre manifestação do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso dos argumentos
críticos. Consenso e debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a
divulgação de informações. […] (STF, ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, julgado em
16/05/2018, publ. DJ 23/10/2018).
Outro ponto polêmico relacionado a esse direito envolve a discussão em torno da
admissibilidade ou não do sacrifício de animais como manifestação religiosa. Como se sabe,
essa é uma prática cultural presenteem diversas religiões, especialmente nas de matriz
africana. O debate nos coloca um conflito entre dois direitos fundamentais: a liberdade
religiosa e a proteção ao meio ambiente.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal também já se manifestou sobre o assunto ao analisar uma lei,
do Rio Grande do Sul, que permitia o sacrifício de animais em ritos religiosos. A Corte fixou a seguinte
tese:
“É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o
sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.
Dessa maneira, entendeu que a prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são patrimônio
cultural imaterial e constituem os modos de criar, fazer e viver de várias comunidades religiosas,
devendo tal direito ser protegido (STF, RE 494601, Relator Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em
28/03/2019, publ. DJ 19/11/2019).
• 
• 
• 
• 
Liberdade de reunião
Está prevista no art. 5º, XVI:
“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local,
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.”.
Da leitura do dispositivo, concluímos que se exige apenas o mero aviso à autoridade competente. Não
cabe à autoridade definir o local, nem tomar medidas para dificultar a reunião. A Constituição, porém,
ressalta que não se pode atrapalhar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.
Busca-se, assim, evitar o abuso de direito que vise atrapalhar outras reuniões, além de se evitar
eventuais conflitos que coloquem em risco a ordem pública.
Na lição de José Afonso da Silva (2020), reunião é qualquer agrupamento formado, em certo
momento, com o objetivo comum de trocar ideias ou de receber manifestação de pensamento
político, filosófico, religioso, científico ou artístico. Ela protege passeatas e manifestações nos
logradouros públicos.
Note-se que a liberdade de reunião tem grande relevância, pois, por meio dela, é possível exercer
outras liberdades, como as de expressão e de locomoção. Assim, tal direito fundamental é
instrumento para proteção de outros direitos fundamentais.
Direitos sociais
Os direitos sociais são aqueles ligados à igualdade. Trata-se de prestações positivas a serem oferecidas direta
ou indiretamente pelo Estado a fim de conceder melhores condições de vida àqueles que não possuem uma
situação social digna.
 
Vimos que os direitos sociais surgem na segunda geração de direitos fundamentais, caracterizados por
exigirem uma prestação positiva do Estado para atender às necessidades dos indivíduos. Não é mais
suficiente que o Estado se abstenha de violar direitos; é preciso que ele atue para protegê-los e concretizá-
los.
 
O art. 6º da Constituição enumera como direitos sociais:
 
Educação.
Saúde.
Alimentação.
Trabalho.
Moradia.
Transporte.
Lazer.
Segurança.
Previdência social.
Proteção à maternidade e à infância.
Assistência aos desamparados.
 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Todos os direitos mencionados exigem uma prestação positiva do Estado, ou seja, uma política pública para
garanti-los, o que gera custos. Assim, os direitos sociais trazem o desafio de qual será a parcela desse direito
que será exigível do Estado.
Entre eles, o direito à saúde merece uma análise mais detida. A Constituição deixa claro que a saúde é um
direito de todos e dever do Estado. Ela é tratada com mais detalhes nos arts. 196 e seguintes da Constituição,
nos quais também há regras de competências dos entes federados para a implementação de políticas
públicas de saúde.
 
A consagração do direito à saúde tem provocado inúmeros debates em torno da extensão desse direito e dos
limites da interferência do Judiciário na sua aplicação. Se a Constituição garante o direito à saúde, então é
possível requerer, judicialmente, qualquer tratamento médico ou remédio perante o Poder Público? Esse é um
tema que tem desafiado todos os entes federados no país, que recebem, diariamente, milhares de ações
judiciais com demandas dessa natureza.
 
O Supremo Tribunal Federal - STF, sempre que provocado, tenta estabelecer parâmetros para a interferência
do Judiciário na concretização desse direito. A Corte Suprema já entendeu que, em regra, o Estado não é
obrigado a fornecer medicamentos de alto custo solicitados judicialmente quando não estiverem previstos na
relação do Programa de Dispensação de Medicamentos em Caráter Excepcional, do Sistema Único de Saúde
(SUS).
O direito à alimentação e à moradia buscam consagrar o direito à saúde e a uma vida digna, tendo
servido de esteio para diversos programas sociais de renda mínima e de crédito à moradia
implementados nas últimas décadas. Em 2020, eles voltaram a ter destaque nacional com o auxílio
emergencial implementado pelo governo federal diante dos impactos econômicos e sociais da
pandemia de COVID-19.
Com base no direito à moradia, os tribunais, inclusive o Supremo Tribunal Federal, têm entendido que, no caso
de construções irregulares, ainda que se reconheça o poder-dever do poder público de demoli-las, ele é
obrigado a implementar medidas para mitigar os efeitos sobre as famílias que ali se encontram. É muito
comum que o poder público, em especial o município, seja obrigado a oferecer alguma opção de moradia ou
algum benefício assistencial antes de retirar as pessoas que ocupam áreas irregulares ou de risco.
 
O art. 7º da Constituição também estabelece uma série de outros direitos sociais aos trabalhadores urbanos e
rurais, por exemplo:
 
Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.
Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.
Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
A extensão da exigibilidade do direito fundamental à saúde
• 
• 
• 
• 
Assista ao vídeo, a seguir, para saber mais sobre a extensão da exigibilidade do direito fundamental à saúde.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
A respeito da liberdade religiosa, marque a alternativa correta:
A
Ela não está prevista, expressamente, na Constituição Brasileira de 1988.
B
Estabelece que todo cidadão, obrigatoriamente, precisa escolher uma religião.
C
O indivíduo é livre para escolher a sua religião, mas o Estado estabelece uma religião oficial.
D
A liberdade religiosa permite a prática de cultos religiosos, ainda que envolvam o sacrifício de animais.
A alternativa D está correta.
A liberdade religiosa garante a prática livre e pública de todas as seitas religiosas e, conforme já decidido
pelo Supremo Tribunal Federal, é constitucional a lei que permite o sacrifício de animais para fins religiosos.
Questão 2
Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos fundamentais previstos na Constituição
Federal de 1988:
A
O direito de propriedade, desde que atenda à sua função social, é absoluto.
B
O direito à saúde autoriza que o brasileiro ou o estrangeiro residente no país requeira, judicialmente, qualquer
tipo de medicamento, desde que possua receita médica.
C
O direito à moradia está no rol dos direitos sociais e exige que o poder público atue para garanti-lo.
D
O discurso racista está protegido pela Constituição, mas não o discurso de ódio.
A alternativa C está correta.
O direito à moradia foi expressamente previsto no art. 6º da Constituição como direito social. E, como tal, o
poder público é obrigado a atuar, por meio de políticas públicas, para garanti-lo.
3. Conclusão
Considerações finais
Ao longo do nosso estudo, vimos a trajetória de surgimento e consolidação dos direitos fundamentais e as
sucessivas gerações de direitos que ganharam espaço nas Constituições dos diferentes Estados ao redor do
mundo.
 
Dos direitos individuais aos difusos, passando pelos direitos sociais,pudemos compreender melhor as
características definidoras dos direitos fundamentais e por que eles possuem um lugar de destaque no
ordenamento jurídico, estando, inclusive, no rol das cláusulas pétreas.
 
Analisamos, também, as dificuldades e as controvérsias que desafiam a aplicação desses direitos e vimos
alguns direitos em espécie cuja relevância exige um estudo mais aprofundado.
 
Tudo isso nos permite entender melhor o que podemos esperar do Estado como cidadãos e analisar
criticamente o papel que o poder público vem desempenhando na concretização dos direitos previstos na
Constituição.
Podcast
Agora, o professor Thiago Aleluia encerra o tema falando sobre direitos fundamentais.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore+
Para saber mais sobre os direitos fundamentais, leia o artigo O conteúdo essencial dos direitos
fundamentais e a eficácia das normas constitucionais, do professor Virgílio Afonso da Silva, disponível
no repositório da USP.
 
Confira o artigo sobre os direitos sociais, O reconhecimento dos direitos sociais como fundamentais no
Brasil, de autoria de José Carlos Bortoloti e Guilherme Pavan Machado, disponível no Portal de
Publicações Eletrônicas da UERJ.
Referências
BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção de
um novo modelo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988.
 
MENDES, G. F.; COELHO, I. M.; BRANCO, P. G. G. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.
 
• 
• 
SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 43. ed. São Paulo: Malheiros, 2020.
 
SOUZA NETO, C. P.; SARMENTO, D. Direito constitucional: teoria, história e métodos de trabalho. 2. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2017.
	Direitos fundamentais
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Preparação
	Introdução
	1. Direitos fundamentais e as suas classificações
	Breve histórico dos direitos fundamentais
	Decreto do rei persa Ciro II
	Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia
	Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
	Declaração Universal dos Direitos do Homem
	Primeira geração
	Segunda geração
	Terceira geração
	Atenção
	As gerações dos direitos fundamentais
	Conteúdo interativo
	Conceito de direitos fundamentais
	Características dos direitos fundamentais
	Universalidade
	Relatividade
	Historicidade
	Inalienabilidade
	Imprescritibilidade
	Irrenunciabilidade
	Aplicabilidade imediata
	Não exaustividade ou atipicidade
	Classificações
	Direitos fundamentais do homem-indivíduo
	Direitos fundamentais do homem-nacional
	Direitos fundamentais do homem-cidadão
	Direitos fundamentais do homem-social
	Direitos fundamentais do homem membro de uma coletividade
	Direitos fundamentais de terceira geração ou do homem-solidário
	Atenção
	Eficácias dos direitos fundamentais
	Exemplo
	Exemplo
	Verificando o aprendizado
	A respeito das dimensões dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta:
	“Os direitos fundamentais podem sofrer restrições e não se sujeitam a qualquer prazo para serem exercidos”.
	A afirmação se refere a quais características dos direitos fundamentais?
	2. Tratamento constitucional dos direitos fundamentais
	Direitos individuais e coletivos consagrados na Constituição
	Fala, mestre!
	Conteúdo interativo
	Atenção
	Direito de propriedade
	Liberdade de expressão
	Liberdade religiosa
	Liberdade de reunião
	Direitos sociais
	A extensão da exigibilidade do direito fundamental à saúde
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	A respeito da liberdade religiosa, marque a alternativa correta:
	Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988:
	3. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina