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Educação para os Direitos Humanos
Você irá explorar o estudo das perspectivas da educação para os direitos humanos no Brasil e no mundo.
Profa. Inês Barbosa de Oliveira
1. Itens iniciais
Propósito
Conhecer a fundamentação legal, os conceitos e os desafios da educação para os direitos humanos, a fim de
que profissionais da área tenham uma visão e atuação democrática e inclusiva nos contextos educacional e
social.
Objetivos
Relacionar a educação com o direito à dignidade e cidadania.
 
Identificar princípios e desafios da relação entre direitos humanos e educação.
 
Reconhecer a relevância da educação para os direitos humanos.
Introdução
A relação entre a educação e os direitos humanos é complexa e multifacetada. Por essa razão, existem muitos
modos de abordar o tema e buscar compreender sua importância na atualidade.
Agora, você terá oportunidade de estudar a educação para os direitos humanos a partir da estreita relação
entre o direito à educação e o direito à cidadania e dignidade. Poderá compreender que o direito à educação é
universal e, por isso mesmo, pode ser entendido como direito humano.
Você também irá conhecer os vários princípios e desafios implicados no ato de educar para os direitos
humanos, além de refletir sobre a necessidade de experiências educativas voltadas à cidadania, democracia e
paz social, nos diferentes níveis de educação.
Tudo isso tendo como fim a promoção de uma sociedade mais justa e democrática, na qual os direitos
humanos possam ser efetivos para todos, superando a mera intencionalidade de promoção no futuro.
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Mulher segurando a Constituição.
1. A relação entre a educação e os fundamentos da Constituição
Direito à educação em dispositivos legais e documentos
Neste vídeo, vamos conversar sobre as noções de educação, dignidade humana e cidadania e entender como
elas aparecem nas legislações brasileiras, vide a Constituição de 1988 e a LDB. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Pensar no direito à educação também é considerá-la como direito humano. Isso significa transcender o campo
individual do direito constitucional à educação e adentrar o campo da percepção de que a dignidade humana
depende do acesso à educação básica, necessária para o exercício da cidadania plena.
Na Constituição Federal de 1988 (CF), lê-se, no artigo 6º, que a educação é um direito social, juntamente com
a saúde e segurança, entre outros direitos. Elencar a educação como direito social insere a formação
educacional no rol das obrigações de fazer do Estado. Trata-se de prestações positivas no sentido de
oportunizar aos cidadãos, sejam eles quais forem, garantias de direitos cujo objetivo é promover a redução
das desigualdades sociais.
A CF reforçou a ideia de cidadão como sujeitos
sociais ativos que contribuem para o
desenvolvimento de um Estado democrático
social de direito.
 
Nesse contexto, o tema dos direitos humanos
como condição para o exercício da cidadania
ganha importância na sociedade brasileira.
Outro documento que marca a importância do
tema é o Plano Nacional de Educação (PNE), no
qual a educação se impõe como condição
fundamental para o desenvolvimento nacional.
O PNE propõe o crescimento cultural da sociedade por meio da educação, com o objetivo de reduzir os
desequilíbrios regionais que hoje existem no país.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), em seu artigo 1º, estabelece a abrangência da
educação. Na mesma LDB, o capítulo 4 reconhece a importância dela para criação e difusão da cultura, como
forma de desenvolvimento do pensamento reflexivo, além de fazer com que os sujeitos sociais se percebam
como cidadãos com um papel a cumprir no seio da sociedade.
Educação, cidadania e dignidade
A Constituição Federal de 1988 traz, como princípios fundamentais do Estado democrático de direito, em seu
artigo 1º inciso II e III, a dignidade da pessoa humana e a cidadania. São dois fundamentos de grande
importância na formação da sociedade.
Princípio da cidadania
Alunos de uma escola pública em Aquidabã, Sergipe.
Pelo princípio da cidadania, toda a pessoa tem
direito à educação. É certo que muitas crianças
e jovens não têm ou não tiveram acesso à
escola.
Por isso, tornam-se essenciais a criação e a
manutenção de políticas públicas que se
preocupem com a efetivação da educação para
todo cidadão.
A educação, sendo um direito inalienável de
todo cidadão, é dever do Estado. Nesse
sentido, o Estado deve garantir o acesso à
educação e a permanência de todas as
pessoas, independentemente de raça, cor, sexo ou nacionalidade.
A incorporação dos direitos humanos na educação se torna primordial para a formação dos sujeitos sociais
como participantes de uma sociedade na qual seus direitos estejam assegurados. Desse modo, ao contrário
do que afirmam alguns críticos, os direitos humanos são para todos, e não devem ser privilégios de parcelas
da sociedade.
Portanto, podemos afirmar que a indissociabilidade entre a educação e os direitos humanos também inclui a 
cidadania ativa.
Educação e cidadania
Como direito constitucional fundamental, a educação é elemento constitutivo do acesso à condição de
cidadão pleno, aquele que conhece e exerce seus direitos, reconhecendo, também, os direitos dos demais
cidadãos. Nesse sentido, os direitos humanos são considerados pilares para organização do próprio Estado.
O Estado democrático de direito tem como alguns de seus fundamentos:
 
Cidadania 
 
Dignidade da pessoa humana
A consolidação da cidadania eleva a condição daquele que vive em sociedade e, ao mesmo tempo, promove a
dignidade da pessoa humana. É fundamental que todo cidadão reconheça os seus direitos, visto que esse
reconhecimento é o que permite a atuação cidadã em busca de melhorias na qualidade de vida.
A cidadania é um processo em construção que tem como elemento propulsor a educação.
Dignidade, cidadania e democracia
A dignidade da pessoa humana está relacionada ao direito do indivíduo, enquanto a cidadania se refere ao
social, ao direito de todos.
De qualquer maneira, dignidade e cidadania estão interligadas de tal modo que o indivíduo, ao exercer a
cidadania, participa não só da sociedade civil, mas também das atividades do Estado, buscando a melhoria na
qualidade de vida individual e coletiva.
Os sujeitos sociais exercem a cidadania ao participarem ativamente na gestão da sociedade e nas
transformações necessárias que ela sofre, desempenhando seus direitos civis, políticos e sociais.
A democracia é inerente ao exercício da cidadania no que se refere à atuação do ser humano na
sociedade em que está inserido. Do mesmo modo, o exercício da cidadania é fundamental para a
dinâmica do Estado.
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Ao exercer a cidadania, o cidadão reconhece e exercita seus direitos, em uma luta constante pela sua
efetivação em prol de melhorias em seu ambiente social e de seus semelhantes, e, principalmente, pela
concretização da democracia.
Educação como condição da dignidade humana
Neste vídeo, vamos aprender mais sobre o conceito de dignidade humana e entender como ela está
relacionada com o direito à educação. 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Os direitos humanos e o exercício da cidadania são pilares para a organização do próprio Estado e da
sociedade.
É objetivo da educação formar a pessoa para a cidadania, pelo conhecimento, pela possibilidade de opções
ou alternativas de intervenção na sociedade e pela plenitude dos direitos. Consequentemente, também é
objetivo da educação formar para a dignidade da pessoa – princípio fundamental do Estado brasileiro,
conforme estabelece o art. 1º da CF.
Uma combinação entre o inciso III do artigo 1º da Constituição Federal e o artigo 6º permite afirmar que, para
que a pessoa humana possa ter dignidade (CF, art. 1º, III), é necessário assegurar os direitos sociais previstos
no art. 6º da mesma Constituição. São eles:
Saúde
 
Educação
 
Trabalho
 
Lazer
Segurança
 
Previdência social
 
Proteção à maternidade e infância
 
Assistênciadas normas à realidade
	Direitos humanos no Brasil e direito à educação
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Educação como direito humano
	Educar para aprender
	Atuação e programas da Unesco
	Cidadania global
	Comentário
	Programa de Educação para a Paz, Direitos Humanos e Democracia
	Programa mundial para Educação em Direitos Humanos
	2005-2009
	2010-2014
	2015-2019
	Educar para aprender
	Conteúdo interativo
	Educação para o desenvolvimento sustentável
	Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH)
	Comentário
	Formação crítica
	Principais dimensões conceituais e os objetivos da EDS
	Habilidades cognitivas
	Habilidades socioemocionais
	Habilidades comportamentais
	Objetivo 1
	Objetivo 2
	Objetivo 3
	Objetivo 4
	Objetivo 5
	Objetivo 6
	Objetivo 7
	Objetivo 8
	Dimensões de objetivos
	Primeira dimensão
	Segunda dimensão
	Terceira dimensão
	Educação para o desenvolvimento sustentável
	Conteúdo interativo
	Educação para os direitos humanos no Brasil
	CF
	ECA
	LDB
	Experiências locais
	Projeto de escola cidadã - São Paulo (1990)
	Escola plural - Belo Horizonte (1994)
	Planos e diretrizes
	2006 - PNEDH
	2012 - DNEDH
	Comentário
	Unesco na educação para os direitos humanos no Brasil
	Primeira Infância em Primeiro Lugar
	Gol do Brasil
	Mãe Favela
	Ação pela Cidadania
	Educação livre (EduLivre)
	Fundo de Cidadania pela Educação
	Educação para os direitos humanos no Brasil
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referênciasaos desamparados
O Estado democrático de direito tem o princípio da dignidade da pessoa humana como basilar. Também é
possível afirmar que a educação está intimamente ligada ao princípio da dignidade humana. De qualquer
forma, a dignidade da pessoa humana, em si, não é um direito fundamental, mas um atributo próprio a todo
ser humano.
O direito à educação, portanto, como direito fundamental do homem, deve ser analisado em consonância com
o princípio da dignidade da pessoa humana.
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Comentário
Para muitos juristas e educadores, os direitos à vida e à educação, entre outros, aparecem como
consequência imediata da dignidade da pessoa humana e, como tal, tornam-se um fundamento da
República Federativa do Brasil. 
Sentidos da dignidade humana
A concepção e o sentido atual de dignidade humana são determinados pelo contexto pós-guerra, diante da
reação ao totalitarismo e seus horrores, por meio de acordos e documentos, como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Ao pontificar que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos (ONU, 1948), a Declaração
nos oferece o conceito de dignidade humana a partir do contexto político e jurídico internacional.
Há duas perspectivas de dignidade mais frequentes nos estudos sobre o tema:
1. Relacionada à ideia de igualdade.
2. Relacionada à ideia de dignitas romana de posição e função hierárquica.
dignitas romana 
O termo dignitas na Roma Antiga estava relacionado com a dignidade como um mérito, um cargo ou
algum tipo de grau.
As duas perspectivas formam os eixos históricos e filosóficos relacionados à concepção de dignidade
humana.
Atualmente, o predomínio do eixo filosófico é perceptível, assumindo-se a centralidade da pessoa humana e
sua liberdade como princípios que contribuíram para delimitar e sustentar o sentido contemporâneo de
dignidade humana:
O indivíduo tem dignidade, pois possui valor em si mesmo, não tem preço e não se configura como meio
à vontade externa/de outros. Essa é a característica peculiar da natureza humana.
(DANTAS, 2018, p. 56)
No artigo 101 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, podemos identificar uma defesa da
dignidade humana que assume, atualmente, também um estatuto jurídico por desempenhar papel relevante na
proteção dos direitos humanos, sobretudo em relação à questões complexas.
Abordagens jurídicas sobre o conceito de dignidade
No campo jurídico, muitos autores também têm se debruçado sobre o tema da dignidade da pessoa humana.
Vejamos, a seguir, três abordagens sobre o conceito de dignidade.
Barcellos (2002)
A partir da perspectiva legal, Barcellos (2002) conclui que o princípio da dignidade humana na
Constituição brasileira, como consequência de seu valor fundamental, tem como conteúdos os
direitos individuais e políticos, bem como os direitos sociais e culturais e econômicos.
A materialidade desse princípio, em relação às condições básicas de existência, ocorre por meio dos
direitos sociais definidos no artigo 6º da CF.
Sarlet (2007)
Ainda no campo do direito, Sarlet (2007) defende que a dignidade da pessoa humana é caracterizada
pela dimensão ontológica e intersubjetiva. O autor compreende que a perspectiva ontológica se
assenta no valor intrínseco do indivíduo – como em Sarmento – e é a condição que qualifica cada
pessoa como tal.
A dignidade humana, portanto, deve ser sempre respeitada como valor inerente ao indivíduo. Embora
possa ser violada, não pode ser suprimida.
Sarlet (2007) ainda defende que a dignidade humana também possui dimensão social, uma vez que
os indivíduos, como iguais em dignidade, estão submetidos ao contexto da vida em sociedade e das
relações sociais, configurando uma dimensão intersubjetiva.
Sarmento (2016)
Para Sarmento (2016), dignidade é um princípio que está relacionado com a concepção de pessoa
humana, a qual subjaz a Constituição Federal e a moralidade crítica.
A pessoa humana é concebida como possuidora de valor em si mesma, não constituindo mero
instrumento a serviço do Estado ou de terceiros. Desse modo, a dignidade da pessoa humana
representa o princípio que alimenta e está presente no conteúdo de todos os direitos fundamentais
afirmados na Constituição, mesmo que em intensidades diferentes.
Limitações no avanço do direito à educação
A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra que toda pessoa tem direito à educação. Infelizmente,
porém, a realidade é ainda bem cruel.
É inegável que, em muitos lugares, o crescimento econômico permitiu financiar a expansão da educação. No
entanto, esse desenvolvimento não é uniforme e nem equilibrado. De qualquer forma, muitas conquistas vêm
sendo possíveis.
Alunos chegando à uma escola pública em Itu, São
Paulo.
Unidade municipal de educação infantil (Umei) Therezinha Calil Petrus, inaugurada
na cidade de Niteroi, Rio de Janeiro, em 2024.
Surgem, a todo momento, muitas e valiosas realizações científicas e culturais que contribuem para melhor
qualidade de vida – uma das metas da educação como direito.
Os avanços, no entanto, não são considerados suficientes, e muitas questões sobre educação permanecem
inconclusas.
Declaração Mundial sobre Educação para Todos
Em 1990, foi realizada a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia. O tema
estava relacionado ao fato de que a educação precisava ser: um direito fundamental de todos, mulheres e
homens, de todas as idades, no mundo inteiro (Declaração Mundial sobre Educação para Todos, 1990, p. 2).
Apesar de historicamente sabermos que a educação é uma condição necessária para o progresso pessoal e
social conquistados até hoje, também sabemos que não é suficiente.
A educação é um instrumento universalmente
válido para criar oportunidades de conquista de
uma vida e um mundo melhores, em todos os
sentidos: mais sadio, mais próspero e
ambientalmente mais puro, e que, ao mesmo
tempo, favoreça o progresso social, econômico
e cultural, a tolerância e a cooperação
internacional (Declaração Mundial sobre
Educação para Todos, 1990).
Embora acreditar nisso seja razoável e essa
seja a perspectiva de compreensão mais
avançada do direito à educação, é preciso
considerar os problemas enfrentados pela
realidade educacional. As condições para esse
sucesso não vêm sendo criadas. Ao contrário, são criados problemas e dificuldades para muitos, cujos direitos
são desrespeitados e desconsiderados no processo educacional.
No contexto da busca pela educação para todos, há duas fortes razões para que educação e
escolaridade não sejam igualadas. Em primeiro lugar, muitas escolas ao redor do mundo não conseguem
oferecer uma experiência que possa ser chamada efetivamente de educação [...]. Além de poder não ter
quase nenhum significado, a escola pode ser positivamente prejudicial.
(MCCOWAN, 2011, p. 12)
Necessidades básicas de aprendizagem
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos apresenta o objetivo de satisfazer às necessidades básicas
de aprendizagem de todos. Para tanto, propõe, no primeiro artigo, que cada indivíduo – criança, jovem ou
adulto –, deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas
necessidades básicas de aprendizagem.
Segundo a Declaração, as necessidades básicas de aprendizagem incluem:
Criança escrevendo no caderno de estudos.
Instrumentos essenciais
Leitura e escrita, oralidade, cálculo, solução de
problemas, entre outros.
Conteúdos básicos
Conhecimentos, habilidades, valores e atitudes,
entre outros.
Os instrumentos essenciais e os conteúdos básicos, por sua vez, são necessários para:
A vida e o trabalho dignos.
 
A aprendizagem continuada.
 
A sobrevivência dos seres humanos.
 
A participação plena no desenvolvimento.
 
O desenvolvimento pleno de suas potencialidades.
 
A qualidade de vida, a tomada de decisões fundamentadas.
Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990), a satisfação dessas necessidades deve
conferir, aos membros da sociedade, a possibilidade e a responsabilidade de:Promover a Educação de outros.
 
Defender a causa da justiça social.
 
Proteger o meio ambiente.
 
Ser tolerante com os sistemas sociais, políticos e religiosos que difiram dos seus.
 
Assegurar respeito aos valores humanistas e aos direitos humanos comumente aceitos.
 
Trabalhar pela paz e pela solidariedade internacionais em um mundo interdependente.
Educação básica
A Declaração segue enunciando os princípios dessa educação para todos e defende a educação básica, que
deve ser proporcionada a todos, independentemente da idade e sem qualquer discriminação.
É necessário, para tanto, universalizar a
educação básica e melhorar sua qualidade,
bem como tomar medidas efetivas para reduzir
as desigualdades. A educação básica se torna
fundamento para a aprendizagem e o
desenvolvimento humano permanentes.
 
Para que a educação básica se torne universal
e igualitária, é necessário oferecer a todos a
oportunidade de alcançar e manter um padrão
mínimo de qualidade da aprendizagem,
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superando obstáculos de qualquer natureza para tal objetivo.
Deve haver a inclusão e a garantia da qualidade da formação das minorias, dos grupos excluídos, dos
discriminados e daqueles que possuem alguma necessidade educacional especial.
Comentário
O processo de educação não ocorre em situação de isolamento. Ele se dá em um contexto social,
político, ambiental. Dessa forma, os cuidados básicos, como aqueles relacionados com a nutrição e a
saúde integral, são essenciais. 
Responsabilidade coletiva e dificuldades
As necessidades básicas de aprendizagem precisam ser contempladas integralmente valendo-se da junção
de ações no âmbito de cada país e, até mesmo, por meio da cooperação entre diferentes países. Nesse
sentido, a Declaração defende que o atendimento às necessidades básicas de aprendizagem de todas as
pessoas é responsabilidade de todas as nações e povos.
Apesar de todas as intenções e propostas da Declaração, o que se vem assistindo no mundo nas últimas
décadas é o aprofundamento de desigualdades, a fragilização da educação básica pública, mesmo em países
ricos, e a crescente cassação dos direitos educacionais das populações subalternizadas – exatamente
aquelas que mais precisam que a proposta funcione.
Do ponto de vista dos direitos de todos à educação, o mundo caminha, hoje, de modo fortemente
desfavorável, e algumas mudanças de rumo vêm se tornando cada vez mais urgentes.
Declaração Mundial sobre Educação para Todos
Neste vídeo, vamos entender mais a Declaração Mundial sobre Educação para Todos e debater seus impactos
na educação básica.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
A dignidade da pessoa humana e a cidadania são fundamentais na formação da sociedade, sendo um direito
humano. Assinale a alternativa que relaciona corretamente a dignidade da pessoa humana com a cidadania.
A
A dignidade da pessoa humana e a cidadania são igualmente direitos civis sem relação com a educação.
B
Embora interligadas, a dignidade da pessoa humana se vincula ao direito do indivíduo, e a cidadania se
relaciona ao direito de todos, ao social.
C
A cidadania se vincula aos sujeitos sociais no exercício de seus direitos, enquanto a dignidade é um direito
coletivo, social.
D
O direito à dignidade da pessoa humana depende de como a cidadania é exercida pelas pessoas.
E
A busca da qualidade de vida individual e coletiva está relacionada apenas com a dignidade, e não com a
cidadania.
A alternativa B está correta.
A dignidade da pessoa humana e a cidadania são fundamentais na formação da sociedade. A dignidade da
pessoa humana está relacionada ao direito do indivíduo, enquanto a cidadania se liga ao social, ao direito
de todos. Cidadania e dignidade estão interligadas, assim, o exercício da cidadania pelo indivíduo permite
que ele participe tanto da sociedade civil quanto das atividades do Estado, em prol de mais qualidade de
vida individual e coletiva. Os sujeitos sociais exercitam sua cidadania ao se envolverem na gestão da
sociedade e nas transformações pelas quais ela passa. Assim, esses sujeitos exercem seus direitos civis,
políticos e sociais.
Questão 2
No campo de educação, as noções de dignidade humana e cidadania estão relacionadas. Considere as
afirmativas a seguir:
 
I. A formação para a cidadania é objetivo da educação, assim como para a dignidade da pessoa.
 
II. A dignidade da pessoa humana deve ser assegurada pelos direitos sociais, entre eles a educação,
estabelecidos constitucionalmente.
 
III. Embora a educação seja uma forma de se exercer cidadania e obter dignidade, ela não se constitui como
um direito.
 
Assinale a alternativa correta.
A
Apenas a afirmativa I é verdadeira.
B
Apenas a afirmativa II é verdadeira.
C
Apenas a afirmativa III é verdadeira.
D
Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
E
As afirmativas I, II e III são verdadeiras.
A alternativa D está correta.
A educação deve ter o objetivo e o compromisso com a formação para a cidadania e para a dignidade da
pessoa humana. Nesse sentido, ela é tanto um direito assegurado constitucionalmente quanto um meio de
também assegurar o direito à cidadania e à dignidade humana. Além disso, em uma inter-relação, o direito à
educação, entre outros direitos, deve ser visto como consequência ou implicação do direito à dignidade da
pessoa humana.
2. Princípios e desafios da relação entre direito e educação
Princípios e dimensões dos direitos humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi adotada pela Organização das Nações das Unidas
(ONU) em 10 de dezembro de 1948, no contexto do pós-guerra.
O documento reafirma a crença nos direitos do homem, na dignidade e nos valores humanos das pessoas. Sua
aprovação e divulgação também foram uma convocação de todos os estados-membros a promoverem o
respeito universal, bem como a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem
distinção de raça, sexo, língua ou religião.
O conceito de direitos humanos está ligado à ideia de liberdade de expressão e igualdade perante a lei.
Princípios dos direitos humanos
À luz da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pode-se dizer que os direitos humanos contemporâneos
se fundamentam em três princípios:
1
Princípio da inviolabilidade da pessoa
Não se pode impor sacrifícios a um indivíduo sempre que tais sacrifícios resultem em benefício de
outra pessoa. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis,
conforme o inciso X do artigo 5º da CF. O caput desse mesmo artigo estabelece a igualdade de
todos perante a lei, sem qualquer tipo de distinção.
2
Princípio da autonomia da pessoa
Toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, desde que seus atos não prejudiquem
terceiros. De acordo com o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a liberdade e a
igualdade em dignidade e direitos existem desde o nascimento.
3
Princípio da dignidade da pessoa
Fonte dos demais direitos e arrolada como princípio fundamental na CF. A dignidade da pessoa
humana é um princípio que se caracteriza pela definição de um valor inerente à pessoa, à sua
condição de ser humano.
Os direitos têm uma dinamicidade, já que não nascem prontos nem ficam congelados em sua primeira
formulação, uma vez que outras necessidades e situações emergem com o tempo. Desse modo, os direitos
costumam ser organizados em gerações ou dimensões.
Atualmente, a maior parte dos estudiosos dá preferência ao termo dimensões, em virtude de sua amplitude.
As diferentes dimensões se articulam e interpenetram, em uma perspectiva de complementariedade entre
elas.
Dimensões ou gerações de direitos
Em 1979, o jurista tcheco Karel Vasak (1929-2015) criou uma classificação de dimensões ou gerações de
direitos, a partir dos princípios da Revolução Francesa. O objetivo era situar as diferentes categorias de
direitos humanos:
Liberdade – primeira geração
Referente à ideia de liberdadeindividual, garantida nos direitos civis e direitos políticos. Os direitos
civis ou individuais são universais (alcançam todas as pessoas) e os direitos políticos são restritos ao
exercício da cidadania (atingem somente os eleitores, por exemplo).
Igualdade – segunda geração
Referente à garantia de direito a oportunidades iguais a todas às pessoas, ou seja, obrigação do
Estado de assegurar os direitos sociais, econômicos e culturais.
Fraternidade – terceira geração
Referente aos ideais de fraternidade e solidariedade, que se vinculam aos direitos difusos (não é
possível determinar os titulares dos direitos nem mensurar exatamente o número de beneficiários) e
aos direitos coletivos (número definível de titulares que se encontram na mesma condição). O direito
ambiental, o direito de comunicação, os direitos do consumidor, entre outros, estão inseridos nos
direitos de terceira geração.
Outros direitos vêm sendo considerados fundamentais. Nesse sentido, atualmente, existe uma quarta e,
talvez, quinta geração ou dimensão de direitos.
Na quarta dimensão, estariam o direito à democracia, à informação, ao pluralismo e à bioética. Além disso,
pensa-se em uma quinta dimensão – a dos direitos à esperança e à paz.
O direito à educação e à dignidade são, nesse contexto, reconhecidamente interligados. O Estado deve
garantir ambos, já que ambos fazem parte das gerações de direito reconhecidos e articulados.
Direitos humanos hoje e problemas globais
Notícias sobre desrespeito à grande parte dos direitos humanos chegam a todo momento. A própria situação
da educação traz dúvidas quanto ao nível de respeito ao reconhecimento da formação educacional como
direito em muitos países, inclusive o Brasil.
Há um longo caminho a seguir para que os direitos humanos se universalizem, dentro e fora do Brasil. Muitas
vezes, também em locais diferentes, percebe-se um engatinhar nas garantias mínimas. Em outras
circunstâncias, retrocessos são percebidos.
Reflexão
Cabe aqui pensar sobre os problemas enfrentados para assegurar um conjunto de direitos e, mais
especificamente, o direito humano à educação. 
A desigualdade e o desequilíbrio econômico são ainda elementos inibidores na propagação e implantação dos
direitos humanos para todos, mas não são as únicas questões que se podem colocar.
Em novos tempos, temos novas dimensões dos direitos humanos. No entanto, ainda há velhos problemas e,
nem sempre, em função de desigualdades sociais.
Direito à vida
Em relação ao direito à vida, fala-se da pena de morte em alguns países. No entanto, a pena de morte não é a
única forma de infração do direito à vida. Os conflitos entre nações, o terrorismo, a criminalidade, os ataques
População tomando a vacina da covid-19 em São Paulo.
deliberados contra civis ou grupos de refugiados e a violência policial são as novas-velhas formas que ferem o
princípio do direito à vida.
Comentário
A ONU divulgou que em 2024 no mundo ainda existem mais de quarenta milhões de vítimas da
escravidão moderna. Entre elas, 25% são crianças. Isso pode incluir o tráfico de pessoas, a exploração
sexual, o casamento forçado e o recrutamento forçado de crianças para uso em conflitos armados. 
Há problemas que atingem países e sujeitos diferentes, mas que atentam contra o mais elementar e fundante
direito humano – o direito à vida.
A pandemia causada pela covid-19 trouxe outras evidências sobre as dificuldades de assegurar a vida às
diferentes populações do mundo. Em alguns países, não houve preocupação maior com a vida e foi necessária
a intervenção da comunidade internacional no problema.
Quanto às pesquisas e vacinas, os países mais
endinheirados puderam fazer e capitanear
pesquisas, saindo na frente na imunização de
seus cidadãos, assegurando-lhes a vida.
Se a vida é um direito humano universal, é
essencial que o direito à vacina seja ampliado
para todos os países, para todos os cidadãos.
As questões migratórias, as guerras civis, os
muitos refugiados decorrentes desses conflitos,
a pobreza extrema de populações ao redor do
globo e outros problemas endêmicos que o
mundo enfrenta – tudo isso não tem sido pautado com firmeza pela ONU.
A esperança de dias melhores para essas populações soa cada vez mais vã. Apesar do direito à vida ser o
princípio de maior relevância para todos e de interesse de todas as nações, resguardá-lo, tanto em nível
nacional quanto internacional, é ainda extremamente difícil.
Desafios mundiais para a garantia dos direitos humanos
Iremos, agora, refletir sobre duas questões importantes:
Quais são os principais desafios e as perspectivas para implementação dos direitos humanos?
 
Quais são as grandes inquietudes e as grandes tensões que afetam a proteção desses direitos?
A seguir, veremos quais são os sete desafios que se destacam.
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Enfrentamento da tensão entre o universalismo e o relativismo cultural
Nesse campo de discussão, o sociólogo e professor português Boaventura de Sousa Santos vem
defendendo uma concepção multicultural dos direitos humanos inspirada no diálogo entre culturas. O
objetivo é compor o que o pensador português chamava de multiculturalismo emancipatório e que,
atualmente, formula-se como interculturalidade emancipatória.
A ideia central é a de formulação de um universalismo pluralista, não etnocêntrico. Tal universalismo
incluiria, no campo dos direitos humanos, perspectivas não individualistas de direito humano, por
meio de diálogos entre a cultura dos países europeus e os valores de outras culturas – asiáticas e
indígenas.
Seriam reformuladas, nessa perspectiva, algumas compreensões dos direitos individuais,
incorporando os direitos mais coletivos, próprios dessas culturas, como elementos dos direitos
humanos – aí sim, universais.
Enfrentamento das diferentes formas de fundamentalismo
As relações entre Estado e religião ainda são muito problemáticas em muitas nações. Há, porém,
outras formas de fundamentalismo – político, econômico e outros – que também comprometem o
exercício dos direitos humanos.
A educação é um direito de difícil exercício em algumas culturas e diante de determinados valores. A
imposição de uma moral única e de valores baseados nela compromete qualquer projeto de
sociedade pluralista aberta e democrática, inclusive porque prejudica as possibilidades de
implantação de uma educação voltada aos direitos humanos.
Direito ao desenvolvimento
Trata-se do desenvolvimento perante as desigualdades econômicas e sociais que caracterizam o
planeta. Em 2024, os 15% mais ricos do mundo concentram 85% da renda mundial, enquanto os 85%
mais pobres concentram somente 15%.
A pobreza, acima de qualquer guerra ou somatório das guerras, é a principal causa mortis do mundo.
Nesse contexto de desigualdade, a América Latina é a região mais desigual, e o Brasil é o campeão da
desigualdade.
Isso não quer dizer que o Brasil seja o mais pobre, incluindo a América Latina, mas que a diferença
entre os mais ricos e os mais pobres é muito acentuada. Tal fato se reflete na educação, uma vez que,
diante dessas desigualdades, o acesso à educação e a permanência na escola são direitos negados à
boa parte da população.
Proteção dos direitos sociais
Trata-se da proteção dos direitos sociais diante dos dilemas da globalização econômica, que têm
agravado ainda mais as desigualdades sociais.
A pobreza se torna uma ameaça sistêmica fundamental à estabilidade em um mundo que se globaliza.
A fragilização do Estado o torna crescentemente incapaz de cumprir suas responsabilidades de
assegurar esses direitos.
Homem segurando a Constituição.
Respeito à diversidade
Trata do respeito à diversidade, de modo que a intolerância não impeça a vida tranquila de suas
vítimas. Nesse caso, as vítimas mais comuns são os pobres, as mulheres, os não brancos, os não
heterossexuais, as pessoas com deficiência, os migrantes, entre outros.
O direito à diferença precisa se articular com o direito à igualdade.
Oposição entre o combate ao terrorismo e a preservação das liberdades públicas
Consiste na oposição entreo combate ao terrorismo e a preservação das liberdades públicas. Desde
o 11 de setembro de 2001, medidas restritivas ao terrorismo afrontam as liberdades de muitos.
A solução para o problema, nesse caso, estaria em mais investimento no respeito mútuo e na
promoção dos direitos humanos. Isso pode e deve ser feito por meio de uma educação para os
direitos humanos.
Fortalecimento do Estado de Direito e a construção da paz
Diz respeito à exigência ética de fortalecer o Estado de Direito e a construção da paz nas esferas
global, regional e local, mediante uma cultura de direitos humanos que rompa com o unilateralismo e
incentive o multilateralismo.
A construção do Estado democrático de direito, baseado na legalidade e na legitimidade dos acordos
entre diferentes, é o que permite à sociedade poder assegurar os direitos humanos a todos.
Princípios e dimensões dos direitos humanos
Neste vídeo, vamos conversar sobre os princípios e as dimensões dos direitos humanos, assim como os
desafios atuais e os problemas globais para a atuação dos direitos humanos. 
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Direitos humanos no Brasil e direito à educação
Um grande marco para os direitos humanos no
Brasil foi a Constituição Federal de 1988,
também conhecida como Constituição cidadã.
No quesito direitos humanos, a CF procura
resguardar os direitos básicos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
 
Embora esses direitos sejam bem formulados e
claros, muitos não são exercidos por imensas
parcelas da população. Isso torna o caminho
em direção à sua efetivação longo e árduo.
Muitos problemas se devem à pobreza ou à
falta de condições de acesso aos direitos. No entanto, infelizmente, há problemas internos de violência que
nada têm a ver com problemas estruturais e materiais do país. Seu enfrentamento se daria por meio de outra
educação, para os direitos humanos e para o reconhecimento da igualdade de direitos, na diferença entre
comportamentos, valores, modos de estar no mundo e de compreendê-lo.
O desafio, portanto, de uma educação para os direitos humanos no Brasil vem acompanhado de uma luta mais
básica, já que trata dos chamados direitos de primeira dimensão. Tal dimensão envolve o direito à vida e à
liberdade, além da dignidade humana em sua expressão mais simples.
Atenção
A educação não é um “depois” em relação às garantias. Trata-se de direitos interligados, e é possível
considerar a necessidade de uma educação para os direitos humanos para evitar tantos desperdícios de
vidas. Paralelamente a isso, pode-se fomentar uma maior consciência social em relação à
responsabilidade cidadã com o combate às diferentes formas de violência e o investimento em direitos
humanos para todos. 
Direitos humanos e a educação como direito
A educação como direito humano é entendida de múltiplas formas:
1
Primeira
É um direito individual de acesso a conhecimentos necessários ao exercício pleno da cidadania e à
preparação para o trabalho. Em outras palavras, é uma ferramenta para o crescimento pessoal.
2
Segunda
É um direito que envolve a autonomia dos sujeitos sociais.
 
3
Terceira
Do ponto de vista mais coletivo, o direito à educação pode operar como um mecanismo de
equalização social, de conscientização e de democratização da sociedade, já que também pode ser
fator de preparação para o reconhecimento do outro, o respeito aos direitos de todos e o
desenvolvimento da capacidade de interação com grupos sociais distintos.
 
4
Quarta
O status de direito humano da educação se relaciona estreitamente com a questão da dignidade
humana, que requer a possibilidade de autonomia social, o conhecimento formal básico para
ampliação da compreensão de mundo e a atuação social mais efetiva.
 
De acordo com Claude (2005, p. 38), a educação é um direito que tem, pelo menos, três faces: social,
econômica e cultural. Vejamos!
Direito social
Promove o desenvolvimento pleno da personalidade humana no contexto da comunidade.
Direito econômico
Promove autossuficiência econômica pelo emprego ou trabalho autônomo.
Direito cultural
Promove a construção de uma cultura universal de direitos humanos.
Objetivos do direito à educação
A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece a educação como um direito e elenca condições e
critérios para o que seria sua efetivação.
A Declaração também exibe algumas marcas dos conflitos entre diferentes países na redação do documento,
já que alguns valorizavam mais fatores coletivos de formação enquanto outros buscavam assegurar a
escolarização formal.
Comentário
Devemos lembrar que, em 1948, o que se buscava era usar, positivamente e em busca de paz, a triste
memória da Segunda Guerra Mundial e seus milhões de mortos. 
O artigo 26 vincula o direito à educação a três objetivos:
Pleno desenvolvimento da personalidade humana e fortalecimento do respeito aos direitos do ser
humano e às liberdades fundamentais.
 
Promoção da compreensão, da tolerância e da amizade entre todas as nações e a todos os grupos
raciais e religiosos.
 
Incentivo às atividades da ONU para a manutenção da paz.
Vejamos, a seguir, cada um desses objetivos.
Desenvolvimento pleno da personalidade
Traz uma noção abstrata, mas muito operacional, de “desenvolvimento pleno da personalidade”. Essa noção
opera como um fio temático e é encontrada em muitas outras passagens da Declaração, como os artigos 22 e
29, além do já referido artigo 26.
O mais relevante na noção de desenvolvimento pleno da personalidade é o fato do seu forte significado “na
consolidação de um conceito holístico da natureza humana – de seres essencialmente livres, social e
1. 
2. 
3. 
potencialmente instruídos e capazes de participar de tomadas de decisão fundamentais” (Claude, 2005, p.
40).
Promoção da compreensão, da tolerância e da amizade
“Promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e os grupos raciais ou religiosos” é
um objetivo positivo para que a educação possa exercer um papel político e social importante na garantia de
colocação em prática da Declaração.
Incentivo às atividades da ONU
Aponta para uma forte preocupação da ONU, naquele momento de elaboração da Declaração, com a
implementação de iniciativas globais e locais de investimentos na paz, ou seja, na convivência pacífica entre
grupos sociais, étnicos e políticos, nos diferentes países e entre diferentes países.
Educação como direito no Brasil: das normas à realidade
Embora seja signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e possuidor de uma legislação bastante
consistente no que diz respeito ao direito à educação, o Brasil enfrenta muitas dificuldades nesse campo.
Algumas dessas dificuldades ocorrem por descaso com o compromisso do Estado com a população. Outras
muitas dificuldades se dão em virtude das desigualdades sociais imensas que caracterizam o país.
Grandes segmentos populacionais não conseguem exercer seu direito constitucional à educação de qualidade
simplesmente por falta de acesso à escolas, pela miséria em que vivem ou pelo desconhecimento completo
de seus direitos constitucionais.
Escola improvisada em acampamento do Movimento dos Sem Terra (MST) às
margens da rodovia BR 101, na cidade de Eunápolis, Bahia.
Soma-se a esses problemas o pouco investimento do Estado em educação. Como consequência, temos a
baixa qualidade e pouca quantidade de espaços escolares apropriados às suas necessidades, a péssima
remuneração dos docentes, bem como as políticas educacionais confusas e não consolidadas.
Apesar das importantes iniciativas educacionais favoráveis à consolidação da educação pública, laica, gratuita
e de qualidade para todos, temos de encarar o fato de que, no Brasil, ainda não se pode falar de pleno
exercício do direito à educação.
A situação é ainda mais prejudicada por políticas educacionais recentes, que trazem dificuldades à educação
pública no país, por meio da proibição de investimentos, da precarização da escola pública e de políticas
curriculares nocivas à efetivação do direitode todos à educação. Isso ocorre uma vez que tais políticas se
voltam à competição meritocrática, à exclusão social que dela emerge e à retração do sistema público de
educação.
Alunos de uma escola pública na Região Amazônica,
Pará.
Do ponto de vista do acesso, muito tem sido
feito, uma vez que a quase totalidade da
população em idade escolar está nas escolas –
pelo menos, no ensino fundamental. 
 
No entanto, os problemas de não
aprendizagem, evasão, repetência e abandono
seguem muito reais para as parcelas mais
pobres da população.
Restam, ainda, os milhares de jovens e adultos
que seguem buscando uma formação escolar –
direito atendido pela noção de educação ao
longo da vida – e o acesso à melhores condições de vida.
Também cabe lembrar os muitos problemas enfrentados pelos estudantes de escolas públicas e privadas de
baixa qualidade acadêmica, e a impossibilidade de ascenderem às melhores universidades, aos melhores
postos de trabalho e, portanto, à vida digna que o exercício do direito à educação deveria lhes possibilitar.
Direitos humanos no Brasil e direito à educação
Neste vídeo, vamos abordar os direitos humanos no Brasil e o direito à educação. Confrontaremos as
normativas pautadas para a educação no campo dos direitos humanos e a realidade brasileira.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Analise as afirmativas sobre os três princípios básicos dos direitos humanos.
 
I. Os princípios basilares dos direitos humanos na Declaração Universal dos Direitos Humanos são o princípio
da inviolabilidade da pessoa, o princípio da autonomia da pessoa e o princípio da dignidade da pessoa.
 
II. Não há, na Constituição Federal de 1988, qualquer relação ou repercussão dos princípios estabelecidos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, já que é um documento internacional.
 
III. A igualdade de todos perante a lei e a garantia de que o direito à vida, à liberdade, à segurança e à
propriedade deve ser inviolável são aspectos do princípio da inviolabilidade da pessoa.
 
Assinale a alternativa correta:
A
Apenas a afirmativa I é verdadeira.
B
Apenas a afirmativa II é verdadeira.
C
Apenas a afirmativa III é verdadeira.
D
Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
E
Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
A alternativa E está correta.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagra os princípios da inviolabilidade da pessoa, da
autonomia da pessoa e da dignidade da pessoa como fundamentos dos direitos humanos. O primeiro
desses três princípios, relacionado com a inviolabilidade da pessoa, implica o reconhecimento de que todos
são iguais perante a lei, independentemente de qualquer tipo de distinção. Outro aspecto do princípio da
inviolabilidade da pessoa está relacionado com a garantia de que os direitos fundamentais não devem ser
violados. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garante, em seu artigo 5º, a inviolabilidade desses
direitos.
Questão 2
Assinale a alternativa em que é possível identificar uma afirmativa que apresenta, corretamente, um desafio
para a garantia dos direitos humanos.
A
Entre os fundamentalismos existentes no mundo, o fundamentalismo religioso é o único que ainda representa
riscos para a proteção à vida e à garantia dos direitos fundamentais.
B
O universalismo pluralista e não etnocêntrico representa uma ameaça aos direitos humanos, assim como o
relativismo cultural.
C
As desigualdades sociais e econômicas podem trazer prejuízos ao desenvolvimento dos países, mas não
impactam a garantia dos direitos humanos ou o risco à vida e aos direitos básicos.
D
As políticas de segurança e o combate às ameaças terroristas acabam, muitas vezes, resultando em limitação
ou ofensa ao direito de liberdade de muitos.
E
Não há necessidade de se garantir o Estado democrático de direito para que se efetive uma cultura de direitos
humanos e o multilateralismo.
A alternativa D está correta.
A garantia e a efetividade das liberdades públicas e individuais podem ficar comprometidas e entrarem em
conflito com medidas de segurança que visem o combate ao terrorismo. Nessas situações, o desafio se
manifesta na tensão entre a restrição à liberdade de todos, diante das medidas restritivas em face da
ameaça terrorista ou de alguma escalada da violência, e o direito às liberdades individuais.
Logotipo da UNESCO.
3. Educação como direito humano
Educar para aprender
Passados mais de setenta anos desde a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
permanece o desafio de levar às populações do planeta o conhecimento e as possibilidades de luta pelos
direitos humanos.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no cenário internacional,
é a agência responsável pela proposição de contribuir para a consolidação da paz e segurança do mundo, a
erradicação da pobreza, o desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural por meio da educação, da
ciência, da cultura e da comunicação.
O relatório presidido pelo político francês Jacques Delors e elaborado para a Unesco, intitulado Educação, um
tesouro a descobrir (Unesco, 2010), propõe quatro pilares para a educação:
 
1. Aprender a conhecer
2. Aprender a fazer
3. Aprender a conviver
4. Aprender a ser
A proposta do relatório era a de incentivar uma educação que fosse além da aprendizagem de conhecimentos
específicos. A educação, na verdade, deveria estar voltada “a ensinar a pensar, saber comunicar-se e
pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo; enfim,
ser socialmente competente” (Paraná, 2021).
Atuação e programas da Unesco
Para atingir seus objetivos, a Unesco trabalha com programas de alfabetização, técnicos e de formação de
professores, programas científicos internacionais, promoção de mídia independente e liberdade de imprensa,
projetos de história regional e cultural, promoção de diversidade cultural, traduções de literatura mundial,
acordos de cooperação internacional para garantir o patrimônio cultural e natural mundial, bem como para
preservar os direitos humanos e tentar superar a atual segregação digital mundial.
A Unesco assume, como uma de suas missões, contribuir
para a construção da paz, reduzindo a pobreza,
promovendo o desenvolvimento sustentável e o diálogo
intercultural, concentrando seus esforços na diminuição da
taxa de analfabetismo e na eliminação da desigualdade de
gênero no mundo.
A agência vem trabalhando com um conceito ampliado de
cidadania, ao propor a noção de cidadania global que
veremos a seguir.
Cidadania global
É uma perspectiva de compreensão na qual o cidadão é colocado como pertencente a uma comunidade mais
ampla, que transcende as fronteiras nacionais e enfatiza a nossa humanidade comum.
Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos
apresentado a conselho da ONU.
Para a Unesco, cidadão global é o conjunto de indivíduos que pensa e age para um mundo mais
justo, pacífico e sustentável. O incentivo ao uso da interconectividade, que permite unir o local e o
global, o nacional e o internacional, é um dos caminhos propostos para que a cidadania global se
efetive na prática.
Ao propor que se traga o conceito de cidadania global para a sala de aula, no trabalho de educação em e para
os direitos humanos, a Unesco espera equipar alunos de todas as idades com valores, conhecimentos e
habilidades baseados no respeito aos direitos humanos e na sua promoção. Desse modo, é possível ampliar a
justiça social no mundo, respeitando a diversidade de indivíduos, de culturas e de modos de conhecer o
mundo, promovendo a igualdade de gênero e a sustentabilidade ambiental.
A ideia base dessa proposta é a de empoderar os alunos para que sejam cidadãos globais responsáveis, ou
seja, que busquem um mundo e um futuro melhores para todos por meio de ações efetivas em suas vidas
cotidianas.
Comentário
Apesar dos muitos problemas com as desigualdades sociais e a falta de acesso até mesmo à águae a
alimentos básicos de partes significativas das populações do planeta, é necessário fazer avançar, onde
for possível, projetos como a cidadania global. Essa perspectiva pode formar cidadãos globais aptos a
lutarem também contra esse estado das coisas. 
A Década das Nações Unidas para a Educação em matéria de Direitos Humanos (1995-2004) permitiu a
proposição, por parte da Unesco, do Programa de Educação para a Paz, Direitos Humanos e Democracia.
Programa de Educação para a Paz, Direitos Humanos e Democracia
O programa da Unesco foi aprovado na assembleia da entidade, realizada em novembro de 1995, em Paris.
Ele traz um conjunto de recomendações para os países. As recomendações vão desde alguns princípios até
um conjunto de estratégias e recomendações pontuais que envolvem as condições sugeridas para sua
implementação.
O objetivo último do programa é a educação para a paz, os direitos humanos e a democracia.
Programa mundial para Educação em Direitos Humanos
Em 2004, um plano de ação elaborado para
buscar assegurar que a educação em direitos
humanos avançasse no planeta, propôs um
programa estruturado em três fases. 
 
O objetivo desse programa era promover a
implementação de programas de educação
sobre direitos humanos em todos os setores da
sociedade e em diferentes países.
O objetivo maior do programa era o de
combater estereótipos e violência, adotando o
respeito pela diversidade, e promovendo a
tolerância, o diálogo intercultural e inter-religioso e a inclusão social.
A seguir, veja como foram estabelecidas as três fases.
2005-2009
O programa enfatizou a implementação da educação em direitos humanos nos sistemas de ensino
fundamental e médio dos diferentes países membros.
2010-2014
A exigência era de integrar a educação em direitos humanos no sistema de ensino superior e na
formação de profissionais da educação, servidores públicos e profissionais das forças de segurança
pública. A razão para essa ênfase na segunda fase é clara: envolve profissionais que contribuem para
a formação ou que têm responsabilidade de resguardar os direitos da população.
2015-2019
O programa esteve voltado para jornalistas e outros profissionais da mídia, promovendo a formação
em direitos humanos para os que atuam na área da comunicação.
Além desses programas e atuações, podemos mencionar as ações voltadas para as questões ambientais.
Entre elas, sobressai a preocupação com a necessidade de se educar para um desenvolvimento sustentável.
Educar para aprender
Neste vídeo, vamos conversar sobre a noção de educar para aprender a partir da atuação da Unesco e seus
programas. 
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Educação para o desenvolvimento sustentável
O documento intitulado Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, da
ONU, reflete uma visão integrada e interdependente das soluções para o desenvolvimento sustentável em
ligação com a educação.
Conforme o preâmbulo da Agenda 2030, em todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) há
temas que dialogam com o cumprimento dos direitos humanos. Os ODS, assim como os direitos humanos, são
integrados e indivisíveis. Por essa razão, sua aplicação exige uma abordagem sistêmica, integrada e que
envolve esforços globais.
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH)
A abordagem pedagógica com os ODS é uma oportunidade para, a partir da perspectiva da Educação para o
Desenvolvimento Sustentável (EDS), discutir os direitos humanos no ensino fundamental. No caso brasileiro,
tal discussão visa contribuir para a implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
(PNEDH) e a promoção de uma cultura de paz em um ambiente não discriminatório, de valorização e respeito
às diversidades presentes nas escolas.
No documento do MEC em parceria com a Unesco (Brasil, 2020, p. 5), no qual essa parte da proposta se
fundamenta, há uma importante defesa da realização de ações.
Essas ações devem ser contextualizadas com a realidade das escolas, capazes de contribuir para a Agenda
2030 sair do papel. Com isso, pode-se ajudar a dar vida e significado às metas no cotidiano das escolas, para
todos sem exceção, o que é fundamental para a transformação local no âmbito desse movimento global.
Comentário
Sendo um tema transversal relacionado a todos os ODS, a educação se converte em uma estratégia
essencial na busca de sua concretização. A educação em geral e, especialmente, a EDS permitem uma
melhor compreensão dos desafios que os ODS representam. 
Formação crítica
A EDS também contribui para capacitar os indivíduos a debater e enfrentar os temas contemporâneos,
favorecendo uma percepção da interdependência entre os âmbitos local e global, contribuindo para o
investimento em mudanças sociais, econômicas e ambientais e buscando solucionar problemas que as afetam
(Unesco, 2016).
A Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) nasce, conceitualmente, da necessidade de uma
educação capaz de abordar os muitos desafios ambientais que a humanidade enfrenta. Ela é, portanto, uma
proposta de educação que busca contribuir para a formação crítica, capaz de levar os sujeitos a identificarem
elementos insustentáveis da vida em sociedade e agirem em prol de mudanças.
Principais dimensões conceituais e os objetivos da EDS
Ainda de acordo com a EDS, suas principais dimensões conceituais (Brasil, 2020, p.37) são:
Habilidades cognitivas
Os estudantes adquirem conhecimentos,
compreensão e raciocínio crítico sobre
questões globais e sobre a interconectividade/
interdependência entre países e diferentes
populações.
Habilidades socioemocionais
Os estudantes têm o sentimento de pertencer a
uma humanidade comum, ao compartilhar
valores e responsabilidades e possuir direitos.
Eles demonstram empatia, solidariedade e
respeito por diferenças e diversidade.
Habilidades comportamentais
Os estudantes agem de forma efetiva e
responsável nos contextos local, nacional e
global, em prol de um mundo mais pacífico e
sustentável.
Além disso, sempre no documento orientador da Educação para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil, os
objetivos elencados são:
1 Objetivo 1
Fornecer uma visão geral e sistêmica sobre o conjunto dos ODS.
 
2
Objetivo 2
Incentivar a abordagem integrada dos ODS nos sistemas de educação.
 
3
Objetivo 3
Mostrar a importância de se trabalhar a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) nas
escolas como parte das políticas públicas de educação.
 
4
Objetivo 4
Colaborar com a formação continuada de docentes por meio das temáticas abordadas nos ODS e
de ações pedagógicas para o desenvolvimento de conteúdos propostos.
 
5
Objetivo 5
Estimular os estudantes a pensarem, sentirem e agirem em consonância com o movimento local e
global pelo alcance dos ODS.
 
6
Objetivo 6
Evidenciar o papel da escola na transformação socioambiental, considerando-a em sua relação
com a comunidade a que pertence.
 
7
Objetivo 7
Estabelecer parâmetros para a abordagem dos ODS na escola, integrando currículo, Projetos
Político Pedagógicos (PPP), gestão e espaço físico.
 
8Objetivo 8
Sensibilizar a comunidade escolar para a importância da realização de ações transformadoras
(individuais e coletivas) nos locais onde estão inseridas para o alcance dos ODS e garantia dos
direitos humanos no Brasil e no mundo (Brasil, 2020, p. 15).
 
Dimensões de objetivos
Como último destaque, em relação às escolas, são elencadas três dimensões de objetivos que inscrevem uma
escola nos ODS:
Primeira dimensão
Reconhecendo a promoção de aprendizagens como função social da escola, por meio da construção
e do compartilhamento de conhecimentos e pelo convívio social entre diferentes sujeitos e culturas.
Segunda dimensão
Trata da formação de “valores, habilidades, atitudes e comportamentos fundamentais para o alcance
do desenvolvimento sustentável” (Brasil, 2020), buscando investir na formação cidadã.
Terceira dimensão
Diz respeito ao espaço escolar, que pode se tornar um lugar no qual “as criançase os jovens
vivenciam na prática as mudanças culturais em direção à sustentabilidade” (Brasil, 2020). Também
está relacionada com a busca de uma gestão escolar que inspire alterações no espaço físico da
escola de modo a contribuir para a efetivação dessas mudanças.
Educação para o desenvolvimento sustentável
Neste vídeo, vamos entender mais sobre como a educação é um caminho para a sociedade e um direito para
o desenvolvimento sustentável.
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Educação para os direitos humanos no Brasil
A discussão acerca de educação em direitos humanos no Brasil surge em meados dos anos 1980, no período
imediatamente após a ditadura militar (1964-1985), com o início da redemocratização do país.
Três publicações no período são consideradas decisivas e, por isso, tornaram-se referência em qualquer
debate sobre a educação para os direitos humanos no Brasil:
CF
Constituição Federal de 1988.
ECA
Estatuto da Criança e Adolescente em 1990 (Lei
8.069/1190).
LDB
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
– LDB/1996 (Lei 9.394/96).
A partir da Constituição de 1988, novas iniciativas ganham forças. O exercício da cidadania, princípio basilar
constitucional, é uma das finalidades reconhecidas da educação.
A prática educativa “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, com a
finalidade do pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” está elencada no artigo 2º da LDB.
Experiências locais
Duas experiências locais, nos anos 1990, são emblemáticas por serem iniciativas voltadas a assegurar o
direito à educação – direito humano fundamental e tão desrespeitado em nosso país quando se trata de
atender populações subalternizadas ou classes populares. Vejamos!
Projeto de escola cidadã - São Paulo (1990)
De acordo com o Instituto Paulo Freire, a escola cidadã defende a educação permanente e tem uma
formatação própria para cada realidade local, de modo a respeitar as características histórico-
culturais, os ritmos e as conjunturas específicas de cada comunidade, sem perder de vista a
dimensão global do mundo em que vivemos (Menezes, 2001).
Escola plural - Belo Horizonte (1994)
É uma proposta político-pedagógica criada em 1994 pela Secretaria Municipal de Educação de Belo
Horizonte. Segundo tal proposta, o estudante é considerado o centro de todo o processo educativo, o
que torna a reformulação dos tempos e espaços escolares um dos seus principais eixos. Propunha-se,
ainda, o rompimento com a concepção tradicional de ensino e aprendizagem, buscando incorporar a
realidade social ao processo e considerando as questões e os problemas enfrentados pelos sujeitos
concretos como objeto de conhecimento.
No contexto da discussão do texto base da LDB/96, foi criado um curso de pós-graduação lato sensu na
Universidade Federal da Paraíba, em 1995, e a cátedra Unesco de educação para a paz, direitos humanos,
democracia e tolerância, em 2007.
Planos e diretrizes
Veja a seguir quando e como foram criados o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) e as
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH).
12006 - PNEDH
É lançado o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH). O PNEDH apresenta
objetivos bastante detalhados e ambiciosos, reconhecendo “o papel estratégico da educação em
direitos humanos para o fortalecimento do Estado democrático de direito” (Brasil, 2007).
2
2012 - DNEDH
O Ministério da Educação publica as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos
(DNEDH), aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), em consonância com a
Constituição Federal, com a LDB/96 e com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
(PNEDH).
As diretrizes reconhecem a Educação em Direitos Humanos (EDH) como um dos eixos fundamentais do direito
à educação, ao conceituá-la como “o uso de concepções e práticas educativas fundadas nos direitos
humanos e em seus processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de
sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e coletivas” (Brasil, 2012).
Essas diretrizes estão voltadas para a vida, para a convivência e para a construção de sociedades nas quais a
dignidade humana seja garantida e valorizada.
Conforme as DNEDH, o objetivo principal da Educação em Direitos Humanos é “a formação para a vida e para
a convivência, no exercício cotidiano dos direitos humanos como forma de vida e de organização social,
política, econômica e cultural nos níveis regionais, nacionais e global” (Brasil, 2012). Nesse sentido, o ambiente
educacional deve ser espaço e tempo de promoção dos direitos humanos e da educação para os direitos
humanos.
Comentário
Tanto na educação básica quanto no ensino superior, a educação para os direitos humanos deve
acontecer de forma transversal e interdisciplinar. Pode ainda ser trabalhada de outras formas, como
conteúdo específico de disciplinas já oferecidas na estrutura curricular ou de maneira mista, integrando
a abordagem transversal e disciplinar. 
Unesco na educação para os direitos humanos no Brasil
Além das iniciativas próprias do governo brasileiro e de ações locais, a Unesco também segue desenvolvendo
diferentes projetos educativos para os direitos humanos no Brasil, como o projeto Ensinar respeito por todos.
A presença da Unesco na educação para os direitos humanos envolve diferentes iniciativas e atores sociais,
trabalhando em diferentes campos e setores na proteção de populações vulneráveis ou necessitadas de maior
proteção de seus direitos.
Das políticas para a infância à proteção de vítimas econômicas da pandemia da covid-19, muitas iniciativas
buscam proteger diferentes direitos humanos. Alguns desses projetos são:
1 Primeira Infância em Primeiro Lugar
Parceria da Petrobrás com a Unesco. Tem como meta aperfeiçoar as políticas públicas e os serviços
socioassistenciais para a primeira infância (0 a 6 anos) e para gestantes.
2
Gol do Brasil
Ação social da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltada para crianças e adolescentes de 6
a 17 anos em situação de vulnerabilidade. A Unesco no Brasil reforça a ação desse projeto por meio
de um acordo de cooperação internacional.
3
Mãe Favela
Parceria com a Central Única das Favelas (CUFA). Dá apoio a famílias lideradas por mulheres que
tiveram sua renda afetada pelo surto da covid-19.
4
Ação pela Cidadania
Parceria com a ONG Ação pela Cidadania, buscando identificar grupos vulneráveis para oferecer
alimentos e artigos de higiene durante a pandemia da covid-19 no Brasil.
5
Educação livre (EduLivre)
Plataforma on-line, lançada pelo Sesi, com conteúdo e recursos com o objetivo de preparar o jovem
para vagas de emprego.
6
Fundo de Cidadania pela Educação
Parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, voltada para educação inclusiva,
equitativa e de qualidade.
Os programas, os projetos, as ações e a legislação podem contribuir para a construção de uma cultura de paz,
de respeito aos direitos humanos e de desenvolvimento sustentável.
Também é necessária uma educação integral e integradora, em e para os direitos humanos, que viabilize a
formação e a sensibilização dos sujeitos para a garantia e o exercício plenos da dignidade humana, bem como
dos demais valores e direitos fundamentais.
Educação para os direitos humanos no Brasil
Neste vídeo, vamos abordar a educação como prática e direito humano no Brasil. Abordaremos tanto
legislações brasileiras que estabelecem essa relação, como a atuação da Unesco no país.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A educação para os direitos humanos é relevante e necessária para a construção:
A
de uma cidadania global.
B
da política desenvolvimentista do ponto de vista econômico.
C
de leis que protejam os valores nacionalistas.
D
das riquezas materiais.
E
de currículos padronizados.
A alternativa A está correta.A cidadania global é um conceito amplo de cidadania e que deve ser trabalhado em sala de aula,
considerando a necessidade de desenvolver conhecimentos e habilidades que contribuam para a
observância dos direitos humanos.
Questão 2
A publicação pelo MEC das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH), em 2012,
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), evidencia a relevância da educação para os direitos
humanos porque:
A
essas diretrizes obrigam as escolas e universidades a constituírem uma disciplina obrigatória em seus
currículos chamada de direitos humanos.
B
essas diretrizes reconhecem a Educação em Direitos Humanos (EDH) como um dos fundamentos do direito à
educação.
C
fica estabelecida a obrigatoriedade de assistência jurídica, por parte da escola ou da universidade, aos alunos
que forem vítimas de violação de seus direitos.
D
as diretrizes têm o mesmo valor e poder normativo que a LDB/96 e o artigo 5º da Constituição Federal de
1988.
E
escolas e universidades são o único espaço institucional em que é possível desenvolver projetos e ações de
educação para os direitos humanos.
A alternativa B está correta.
A relevância e a necessidade da educação para os direitos humanos ficam, de certo modo, evidenciadas
com a publicação das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. A apropriação dessas
diretrizes pelo sistema educacional é uma forma de se reconhecer a Educação em Direitos Humanos como
um pilar do processo educacional e, até mesmo, do direito à educação.
4. Conclusão
Considerações finais
Vimos que a educação, além de um direito social inalienável, é um pré-requisito para se usufruir dos demais
direitos civis, políticos e sociais, emergindo como um componente básico dos direitos humanos. Nesse
sentido, a educação tem relação de interdependência com a dignidade humana, a cidadania, a construção de
uma cultura de paz e de uma sociedade democrática e plural.
Podemos verificar que o Brasil enfrenta grandes desafios relacionados com a desigualdade social, o
preconceito ainda muito forte contra grandes parcelas da população e a exclusão do efetivo exercício do
direito à educação.
Finalmente, é importante registrar a inseparabilidade entre a educação como direito humano e a educação
para os direitos humanos, já que ambas se realimentam e fortalecem uma à outra. Desse modo, somente
juntas podem assegurar o cumprimento dos objetivos da educação para uma cidadania plena, a solidariedade
e a democracia.
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Navegue pelo portal da Unesco no Brasil para acessar e ler os principais instrumentos internacionais legais
que tratam dos direitos humanos.
 
Acesse o portal da USP e leia o principal documento sobre educação para os direitos humanos, Educação
para a Paz, os Direitos Humanos e a Democracia.
 
Acesse o portal do Ministério de Educação (MEC) e leia o texto integral das Diretrizes nacionais para a
Educação em Direitos Humanos e do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
Ah, temos um vídeo também!
 
Acesse o canal da UNIVESP no YouTube e assista à entrevista, com o professor Francisco Cordão, sobre
direitos humanos na escola.
Referências
BARCELLOS, A. P. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa
humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União. Brasília:
Congresso Nacional, 1988.
 
BRASIL. Ministério de Educação. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: SEDH, MEC/MJ/
Unesco, 2007.
 
BRASIL. MEC/CNE. Resolução 01/2012. Estabelece Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos.
Diário Oficial da União. Brasília‐DF, Seção 1, p. 48, 30 mai. 2012. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
 
BRASIL. MEC/UNESCO. Educação para o desenvolvimento sustentável na escola: caderno introdutório.
Editado por Tereza Moreira e Rita Silvana Santana dos Santos. Brasília: Unesco, 2020.
 
CLAUDE, R. P. Direito à educação e educação para os direitos humanos. Sur, Rev. int. Direitos Humanos. Vol. 2,
n. 2, 2005. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
 
DANTAS, A. Dignidade da pessoa humana: Proeja IFRJ e direito à educação. [Tese]. Doutorado em Educação.
Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.
 
MCCOWAN, T. O direito universal à educação: silêncios, riscos e possibilidades. Práxis Educativa, 6(1), 9-20,
2011. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
 
MENEZES, E. T. Dicionário interativo da educação brasileira – EducaBrasil. Verbete escola cidadã. São Paulo:
Midiamix, 2001.
 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral
das Nações Unidas, Paris, 1948. Consultado na internet em: 20 mar. 2021.
 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Organização do trabalho pedagógico: pensadores da educação –
Jacques Delors. Dia a dia Educação, Curitiba, 2021. Consultado na internet em: 20 mar. 2021.
 
SARLET, I.W. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. São
Paulo: Livraria do Advogado, 2001.
 
SARMENTO, D. Dignidade da pessoa humana. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
 
UNESCO. Educação um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre
Educação para o século XXI. Brasília: Unesco, 2010.
 
UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Conferência Mundial de Educação para Todos,
Jomtien, Tailândia, 5 a 9 de março de 1990. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
	Educação para os Direitos Humanos
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. A relação entre a educação e os fundamentos da Constituição
	Direito à educação em dispositivos legais e documentos
	Conteúdo interativo
	Educação, cidadania e dignidade
	Princípio da cidadania
	Educação e cidadania
	Dignidade, cidadania e democracia
	Educação como condição da dignidade humana
	Conteúdo interativo
	Comentário
	Sentidos da dignidade humana
	Abordagens jurídicas sobre o conceito de dignidade
	Barcellos (2002)
	Sarlet (2007)
	Sarmento (2016)
	Limitações no avanço do direito à educação
	Declaração Mundial sobre Educação para Todos
	Necessidades básicas de aprendizagem
	Instrumentos essenciais
	Conteúdos básicos
	Educação básica
	Comentário
	Responsabilidade coletiva e dificuldades
	Declaração Mundial sobre Educação para Todos
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Princípios e desafios da relação entre direito e educação
	Princípios e dimensões dos direitos humanos
	Princípios dos direitos humanos
	Princípio da inviolabilidade da pessoa
	Princípio da autonomia da pessoa
	Princípio da dignidade da pessoa
	Dimensões ou gerações de direitos
	Liberdade – primeira geração
	Igualdade – segunda geração
	Fraternidade – terceira geração
	Direitos humanos hoje e problemas globais
	Reflexão
	Direito à vida
	Comentário
	Desafios mundiais para a garantia dos direitos humanos
	Enfrentamento da tensão entre o universalismo e o relativismo cultural
	Enfrentamento das diferentes formas de fundamentalismo
	Direito ao desenvolvimento
	Proteção dos direitos sociais
	Respeito à diversidade
	Oposição entre o combate ao terrorismo e a preservação das liberdades públicas
	Fortalecimento do Estado de Direito e a construção da paz
	Princípios e dimensões dos direitos humanos
	Conteúdo interativo
	Direitos humanos no Brasil e direito à educação
	Atenção
	Direitos humanos e a educação como direito
	Primeira
	Segunda
	Terceira
	Quarta
	Direito social
	Direito econômico
	Direito cultural
	Objetivos do direito à educação
	Comentário
	Desenvolvimento pleno da personalidade
	Promoção da compreensão, da tolerância e da amizade
	Incentivo às atividades da ONU
	Educação como direito no Brasil:

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