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<p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 1</p><p>Ultrassom</p><p>1 – Introdução:</p><p> Classificado como Calor Profundo.</p><p> É uma modalidade de Hipertermoterapia por Conversão.</p><p> O som é uma onda mecânica que não se propaga no vácuo e apresenta f = 20Hz/20KHz. O</p><p>US enquadra‐se acima deste limite.</p><p> Sofre ação dos fenômenos ópticos, apresentando incidência, reflexão e refração.</p><p> Surgiu nos EUA, sendo inicialmente aplicado como sonar.</p><p> Seu funcionamento pulso‐eco foi adaptado para geração de imagem e realização de</p><p>tratamento.</p><p>2 – US Terapêutico:</p><p> Descoberto em 1917 por Langevin. Utilizado terapeuticamente com sucesso em 1939 por</p><p>Pohlmann (Hospital Martin Luther – Berlin/Alemanha).1</p><p> Apresenta propriedade em aquecer tecidos ricos em colágeno.</p><p> Possui ação térmica (Contínuo) e não‐térmica (Pulsado), este último sendo útil na</p><p>consolidação de fraturas.</p><p> O ar é um péssimo propagador de suas ondas (± 100% reflexão).</p><p> A H2O é uma excelente propagadora (100% transmissão).</p><p> O US É obtido para utilização em Medicina e Fisioterapia através dos Transdutores</p><p>eletroacústicos.</p><p> Apresentam proveito terapêutico, estético ou diagnóstico.</p><p> É produzido através do Efeito Pizoelétrico: A energia elétrica convencional é convertida em</p><p>uma corrente elétrica de alta frequência, que percorre uma ERA (PZT), gerando a onda</p><p>ultrassônica.</p><p> ERA – Área efetiva de radiação no cabeçote. Menor do que a área geométrica do cabeçote.</p><p>Se houver defeito na colagem do cristal ou espaço a emissão será prejudicada.</p><p> Géis fisioterapêuticos: Por serem de base aquosa, apresentam excelente índice de</p><p>propagação (95%),2 sendo totalmente eficientes, não representando em perda inicial de</p><p>energia.</p><p> Funções do Gel: Acoplamento, facilitar deslizamento do transdutor e eliminar presença de</p><p>ar.</p><p> Pode haver dano do aparelho quando este for ligado sem nenhuma substância à frente do</p><p>cabeçote.</p><p> O US só pode ser aferido através da Balança Acústica.</p><p> O Teste da Névoa serve para confirmarmos funcionamento do aparelho.</p><p>3 – Biofísica:</p><p>a) Absorção:</p><p> É a capacidade de reter a radiação.</p><p> Relaciona‐se com a impedância acústica.</p><p> Está intimamente ligada ao fenômeno da refração.</p><p> Cada tecido e f tem seu coeficiente de absorção.</p><p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 2</p><p> A energia acústica das ondas ultrassônicas é mais absorvida por tecidos ricos em colágeno.</p><p> A velocidade de propagação da onda ultrassônica é inversamente proporcional à</p><p>compressibilidade do meio.</p><p> Compressibilidade – Capacidade de uma matéria em sofrer compressão. Maior ou menor.</p><p> Matérias Mais Compressíveis – Menos densas, maior capacidade em sofrer compressão.</p><p>Menor velocidade de propagação da onda US.</p><p> Matérias Menos Compressíveis – Mais densas, menor capacidade em sofrer compressão.</p><p>Maior velocidade de propagação da onda US.</p><p> Quanto maior temperatura tecidual, mais superficial se torna a absorção.3</p><p> Quanto mais resfriado o tecido, mais profunda a absorção.4</p><p> Meios sólidos são melhores transmissores de onda US, pois suas moléculas sendo mais</p><p>próximas umas das outras, repassam a energia mais facilmente.5</p><p> Compressas quentes não facilitam aquecimento profundo.</p><p> O gel fisioterapêutico a 25°C permite melhores níveis de aquecimento.</p><p> Resfriamento prévio por água ou crioterapia podem reduzir resultado de aquecimento.</p><p> Crio x US – Associações terapêuticas.</p><p>b) Atenuação:</p><p> É a diminuição da intensidade do feixe US ao percorrer os tecidos</p><p> Causada por: Índice de absorção tecidual, refrações e reflexões em diferentes interfaces.</p><p> Cada tecido possui um índice de redução em 50% da potência.8</p><p>c) Frequência de Emissão:</p><p> Para obtenção de uma f de US, apenas uma f de corrente alternada deve percorrer o PZT.</p><p> O US 3MHz apresenta possibilidade de aquecer o triplo do que o US 1MHz.</p><p>1 Mhz – Lesões profundas (2,5 a 5cm). Traumato‐Ortopedia, Desportiva e Neurofuncional.</p><p>3 Mhz – Lesões Superficiais (Até 2,5cm). Traumato‐Ortopedia, Desportiva e Dermato‐</p><p>Funcional.</p><p>5MHz – Ação dérmica e epidérmica. Dermato‐Funcional.</p><p>d) Regime de Emissão:</p><p> O ciclo deve ser eleito de acordo com a fase de cicatrização ou estrutura anatômica, não</p><p>devendo estar fora da fase proveitosa ou provocar dor.</p><p> A terapêutica deve ser assintomática, admitindo‐se leve sensação de calor.</p><p> Intensidades máximas:9 USC – 2W/cm². USP – 3W/cm². Acima dos níveis de intensidade,</p><p>haverá lesão tecidual.</p><p> Para se ter resultado de aquecimento uniforme com o US, deve ser USC / +5’ / movimentos</p><p>circulares lentos.10</p><p>Contínuo – Efeito térmico e mecânico. Quanto maior intensidade maior aquecimento.</p><p>100% de emissão durante o tempo de aplicação.</p><p>Pulsado – Efeito mecânico. O corpo absorve rapidamente o estímulo de aquecimento. No</p><p>USP, o organismo se recupera do estímulo no tempo de off. Emissão intervalada.</p><p> 1:2 – 50%</p><p> 1:5 – 20%</p><p> 1:10 – 10%</p><p> 1:20 – 5%</p><p> Possui ainda capacidade de modulação em Subfrequências de USP:</p><p> 16Hz</p><p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 3</p><p> 48Hz</p><p> 100Hz</p><p>e) Cavitação:</p><p> Consiste na formação de cavidades gasosas pela interação da energia do US com os fluidos</p><p>corporais.</p><p> Devemos ter cautela com dose e região durante sua aplicação, pois promove dor periostal.</p><p> Classificação:</p><p> Estável – Benéfica. Energia dissipada e efeitos assimilados.</p><p> Instável – Maléfica. Acúmulo excessivo de energia.</p><p>4 – Efeitos Fisiológicos:</p><p> Efeito mecânico</p><p> Vasodilatação</p><p> Estímulo à produção de NO</p><p> Efeito tixotrópico</p><p> Liberação de fatores de crescimento11</p><p> fluxo sanguíneo</p><p> metabolismo</p><p> fagocitário</p><p> atividade de fibroblastos</p><p> síntese protéica</p><p> Ação sobre nervos periféricos</p><p> Angiogênese12</p><p> Elevação intracelular de Ca++</p><p> permeabilidade celular e capilar</p><p> </p><p>5 – Efeitos Terapêuticos:</p><p> Antiinflamatório/Cicatrizante</p><p> Analgésico</p><p> Fibrinolítico</p><p> Ação reflexa</p><p> Relaxante</p><p> Consolidativo13</p><p>6 – Dosimetria:8</p><p> Envolve INTENSIDADE do estímulo e DURAÇÃO do tratamento.</p><p> O tempo de aplicação depende da área:</p><p> Tempo Máximo: 15’ por área (75/100 cm²).</p><p> Tempo Mínimo: 3’</p><p> Cálculo do TEMPO de tratamento com US:</p><p> Tempo de aplicação= Área/ERA.</p><p> Cálculo da área: Traçar quadrado, calculando base x altura.</p><p> Se o tempo calculado superar o máximo previsto, devemos dividir a área em dois</p><p>quadrantes, realizando metade do tempo calculado em cada uma, resultando em duas</p><p>aplicações.</p><p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 4</p><p> Se o tempo calculado for inferior a 3min., arredondar para 3/4/5 min. utilizando a técnica</p><p>semi‐estática. Aplicações por menos de 3min. são ineficientes.</p><p> Para calcularmos a intensidade devemos levar em consideração o nível de radiação que</p><p>chegará ao local da lesão.</p><p> Para uma maior dissipação de energia, aumentar tempo ou intensidade do tratamento.</p><p> A tabela de redução de potência é utilizada para o cálculo da intensidade</p><p> Guia de Intensidade da onda US:</p><p> Baixa – Até 0,3 W/cm²</p><p> Média – Entre 0,4 W/cm² e 1,2 W/cm²</p><p> Alta – A partir de 1,3 W/cm²</p><p>7 – Técnicas de Aplicação:</p><p>a)Direta:</p><p> Realizadas em superfícies relativamente planas.</p><p> Transdutor deve estar em perfeito contato para não haver presença de ar.</p><p> Gel de acoplamento é obrigatório</p><p> Devemos estabelecer movimentação contínua e uniforme do cabeçote a uma velocidade de</p><p>4cm/s,10 visando uma distribuição homogênea da energia.</p><p> No caso da realização de movimentos rápidos durante a aplicação, a energia absorvida pelo</p><p>tecido será diminuída e mal distribuída.14</p><p> Presente: Transdutores com diferentes</p><p>ERA’s.</p><p> Passado: Foram lançados redutores da área geométrica com a finalidade de aplicação em</p><p>regiões menores, porém caíram em desuso por ineficiência.</p><p>Tipos de Movimentação do Transdutor Eletroacústico:</p><p> Dinâmica – O cabeçote é deslizado sobre a região de forma circular, curta, em</p><p>superposições a fim de garantir tratamento uniforme da área.</p><p> Semi‐estática – O cabeçote realiza movimentos de pouca amplitude para garantir a não</p><p>somação da radiação. Utilizada em lesões pontuais, menores que o TE.</p><p> Estática – Desaconselhada pelo fato de somar estímulos, podendo levar a uma cavitação</p><p>instável e agravar o quadro patológico. O pico de intensidade é muito elevado nesses casos.</p><p>Pode gerar dano tecidual.</p><p>b)Subaquática:</p><p> Indicadas para regiões de superfície irregular ou a relato de dor ao contato.</p><p> Apresenta acoplamento total devido à presença da H2O.</p><p> Utiliza‐se um recipiente plástico ou vítreo para imersão segmentar.</p><p> Os cabeçotes podem ser imersos por serem blindados.</p><p> Acoplar ou manter distância de entre transdutor e região a ser tratada.</p><p> Realizar sutil movimentação do transdutor.</p><p>c)Corretores:</p><p> Utilizada em áreas irregulares como alternativa ao subaquático.</p><p> Realizada com almofadas de gel (correto), luvas de borracha com H2O (incorreto) ou</p><p>preservativos masculinos com H2O (incorreto).6</p><p> Nas aplicações envolvendo látex apresenta grande atenuação, sendo próxima a 80%.6</p><p>d)Reflexo Segmentar:</p><p> Trabalha com um efeito indireto, sonando raízes nervosas.</p><p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 5</p><p> Apresenta resultados sedativos ao longo do trajeto da raiz sonada.</p><p> Autores também sugerem associá‐la a terapia local</p><p>e)Fonoforese:</p><p> Realizada com aplicação direta associada à utilização de medicamentos como substância de</p><p>acoplamento. As substâncias utilizadas devem ser como géis ou emulgéis.</p><p> Pomadas e vaselina devem ser descartados, pois não permitem boa transmissão da onda.</p><p> O US é capaz em aumentar em 15 vezes o coeficiente de difusão de compostos, porém sem</p><p>promover a divisão. A penetração pode chegar a 6cm.5</p><p> Os medicamentos mais utilizados são circulatórios, cicatrizantes e antiinflamatórios.</p><p> A taxa de transmissão deve ser maior que 80% da transmissão da água.15</p><p> Índices de Propagação:2 Feldene Gel – 105%, Profenid Gel – 102%, Gel Fisioterapêutico –</p><p>95%, Voltaren Emulgel – 94%, Reparil Gel – 93%, Cataflan Emulgel – 84%, Scaflan Gel – 83%,</p><p>Calminex Pomada – 52%, Clofenak Gel – 30%, Proflan Creme – 13%, Gelol – 0%.</p><p>8 – Indicações:</p><p> Fraturas9</p><p> Transtornos Cervicodorsolombares</p><p> Processos inflamatórios em Músculos, Ligamentos, Tendões, Fáscias, Bursas, Nervos e</p><p>Cápsulas</p><p> Fibroses e calcificações16</p><p> Entorses</p><p> Edemas / Hematomas / Equimoses</p><p> Síndrome do túnel do carpo</p><p> Artroses</p><p> Osteoporose17</p><p> Incisões cirúrgicas/Úlceras de Pressão</p><p> Celulites/Estrias</p><p> Pré‐cinético</p><p>9 – Contra‐Indicações:</p><p> Indivíduos em fase de crescimento18</p><p> Gravidez</p><p> Próteses cimentadas9</p><p> Próteses de silicone</p><p> Marcapasso cardíaco</p><p> Em região cardíaca</p><p> Proeminências ósseas</p><p>10 – Referências:</p><p>1. Pohlmann R. Uber die absorption des ultraschalls in menschlichen gewebe und ihre</p><p>abbangigkeit von der frequenz. Phys Z. 1939; 40:159‐161.</p><p>2. Mardegan MF, Guirro RR. Agentes de acoplamento de ultrassom terapêutico e fonoforese.</p><p>Fisioter Bras. 2005 Mai‐Jun; 6(3):211‐6.</p><p>3. Furini NJ, Longo G. Ultrassom. Amparo: KLD Biossistemas Equipamentos Eletrônicos;</p><p>4. 2002.</p><p>5. Andrews JR, Harrelson GL, Wilk KE. Reabilitação física das lesões desportivas. Rio de</p><p>Janeiro, Brasil: Guanabara‐Koogan, 2000.</p><p>6. Guirro RR, Cancelieri AS, Santana IL. Avaliação dos meios intermediários utilizados na</p><p>aplicação do ultrassom terapêutico. Rev Bras Fisioter. 2001 Jul‐Dez; 5(2):49‐52.</p><p>7. Wood, E J. Ultra sound as I see it. Physioter. 1973: 3‐7.</p><p>8. Hoogland R. Terapia ultrassônica. Delft, Holanda: ENRAF Nonius; 1986.</p><p>Eletrotermofototerapia</p><p>Material de Apoio</p><p>P r o f . F e r n a n d o C a m p b e l l 6</p><p>9. Garavello I, et al. Efeitos térmicos do ultrassom terapêutico sobre os tecidos ósseo e</p><p>muscular e sobre placa metálica implantada. Rev Bras Ortop. 1997 Jun; 32(6):473‐9.</p><p>10. Sá JN. Mapeamento do campo térmico gerado pelo do ultrassom em fisioterapia.</p><p>Congresso da AFB; Rio de Janeiro: 2009.</p><p>11. Mota FC, et al. Efeitos do ultrassom de baixa intensidade na vascularização de defeitos</p><p>ósseos metafisários distais do rádio de coelhos. Acta Scient Veterin. 2007; 35(4): 1385‐7.</p><p>12. Melo RM, Gouvêa CM, Silva AL. Efeito do ultrassom na prevenção da hérnia incisional</p><p>mediana no rato. Acta Cir Bras. 2005 Jan‐Fev; 20(1):100‐8.</p><p>13. Watanabe Y, et al. Ultrasound for fracture healing: current evidence. J Orthop Trauma.</p><p>2010 Mar; 24 Supl 1:S56‐61.</p><p>14. Michlovitz S. Thermal agents in rehabilitation. 3a Ed. Filadélfia, EUA: F.A. Davis Co, 1996.</p><p>15. Casarotto RA. Agentes acoplantes em fisioterapia: perdas acústicas e térmicas. [Tese]. São</p><p>Paulo: Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo; 1999. 51f.</p><p>16. Ebenbichler GR, et al. Ultrasound therapy for calcific tendinitis of the shoulder. New Engl J</p><p>Med 1999 Mai; 340(20):1533‐38.</p><p>17. Carvalho DC, Cliquet JR A. A ação do ultrassom terapêutico de baixa intensidade em ossos</p><p>de ratas osteopênicas. Acta Ortop Bras. 2003 Jan‐Mar; 11(1):17‐24.</p><p>18. Santos CA, et al. Influência do ultrassom terapêutico na epífise de crescimento ósseo de</p><p>coelhos. Fisioter Pesq. 2005 Abr‐Jun; 12(2):13‐21.</p>