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<p>Autora: Profa. Wanda Schumann Racanicchi</p><p>Colaboradores: Prof. Roni Muraoka</p><p>Profa. Christiane Mazur Doi</p><p>Produção Jornalística</p><p>em Rádio</p><p>Professora conteudista: Wanda Schumann Racanicchi</p><p>Mestre em Ecologia com ênfase em Jornalismo Ambiental, pós‑graduada em Metodologia da Pesquisa Científica.</p><p>Ministra aulas de História do Jornalismo e da Comunicação, Radiojornalismo, Mídia Digital, Produção em Áudio,</p><p>Jornalismo Ambiental, Técnicas de Entrevista, Pesquisa e Reportagem. É autora de vários artigos sobre meio ambiente</p><p>e pesquisa temas relacionados a sustentabilidade.</p><p>© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou</p><p>quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem</p><p>permissão escrita da Universidade Paulista.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>R118p Racanicchi, Wanda Schumann.</p><p>Produção Jornalística em Rádio / Wanda Schumann Racanicchi. –</p><p>São Paulo: Editora Sol, 2023.</p><p>136 p., il.</p><p>Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e</p><p>Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230.</p><p>1. Rádio. 2. Jornalismo. 3. Programas. I. Título.</p><p>CDU 070.489.1</p><p>U517.40 – 23</p><p>Profa. Sandra Miessa</p><p>Reitora</p><p>Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez</p><p>Vice-Reitora de Graduação</p><p>Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo</p><p>Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa</p><p>Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini</p><p>Vice-Reitora de Administração e Finanças</p><p>Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia</p><p>Vice-Reitor de Extensão</p><p>Prof. Fábio Romeu de Carvalho</p><p>Vice-Reitor de Planejamento</p><p>Profa. Melânia Dalla Torre</p><p>Vice-Reitora das Unidades Universitárias</p><p>Profa. Silvia Gomes Miessa</p><p>Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal</p><p>Profa. Laura Ancona Lee</p><p>Vice-Reitora de Relações Internacionais</p><p>Prof. Marcus Vinícius Mathias</p><p>Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária</p><p>UNIP EaD</p><p>Profa. Elisabete Brihy</p><p>Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto</p><p>Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli</p><p>Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar</p><p>Material Didático</p><p>Comissão editorial:</p><p>Profa. Dra. Christiane Mazur Doi</p><p>Profa. Dra. Ronilda Ribeiro</p><p>Apoio:</p><p>Profa. Cláudia Regina Baptista</p><p>Profa. M. Deise Alcantara Carreiro</p><p>Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes</p><p>Projeto gráfico:</p><p>Prof. Alexandre Ponzetto</p><p>Revisão:</p><p>Andressa Picosque</p><p>Leonardo do Carmo</p><p>Sumário</p><p>Produção Jornalística em Rádio</p><p>APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7</p><p>INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7</p><p>Unidade I</p><p>1 RÁDIO É EMOÇÃO E INFORMAÇÃO .............................................................................................................9</p><p>1.1 O crescimento dos conteúdos de áudio na forma de podcasts ........................................ 12</p><p>1.2 Análise do podcast O assunto ......................................................................................................... 17</p><p>2 PRODUÇÃO EM ÁUDIO ................................................................................................................................. 21</p><p>2.1 O segredo do texto radiofônico ...................................................................................................... 22</p><p>2.2 Edição com ética................................................................................................................................... 28</p><p>2.3 Manual de radiojornalismo .............................................................................................................. 28</p><p>2.4 A importância de uma boa locução.............................................................................................. 29</p><p>3 DEFINIÇÃO DE PAUTAS ................................................................................................................................. 35</p><p>3.1 A notícia ................................................................................................................................................... 37</p><p>3.2 Triagem com critérios ......................................................................................................................... 39</p><p>3.3 Tipos de entrevista ............................................................................................................................... 41</p><p>3.4 O povo fala .............................................................................................................................................. 52</p><p>4 JORNALISTA MULTIFUNCIONAL ................................................................................................................. 54</p><p>4.1 A entrevista ............................................................................................................................................. 57</p><p>4.2 O entrevistado ....................................................................................................................................... 58</p><p>4.3 A reportagem ......................................................................................................................................... 59</p><p>4.4 Tipos de programas .............................................................................................................................. 61</p><p>4.5 Jornalismo investigativo no rádio ................................................................................................. 66</p><p>Unidade II</p><p>5 JORNALISMO ESPECIALIZADO EM MEIO AMBIENTE ......................................................................... 72</p><p>5.1 Jornalismo científico ........................................................................................................................... 83</p><p>5.2 Radiojornalismo ético ......................................................................................................................... 85</p><p>5.3 Emissoras jornalísticas e musicais ................................................................................................. 91</p><p>6 EMISSORAS DIGITAIS ..................................................................................................................................... 95</p><p>6.1 Formatos de programas: o radiojornal ........................................................................................ 96</p><p>6.2 O programa de rádio que virou livro ............................................................................................ 99</p><p>6.3 A paixão pelo futebol no rádio .....................................................................................................100</p><p>6.4 Esportes alternativos.........................................................................................................................104</p><p>Unidade III</p><p>7 HUMOR E HISTÓRIA .....................................................................................................................................109</p><p>7.1 Humor no rádio ...................................................................................................................................109</p><p>7.2 Mais histórias do rádio .....................................................................................................................110</p><p>7.3 O padre e o italiano ...........................................................................................................................112</p><p>7.4 Testemunha ocular da história .....................................................................................................113</p><p>8 POLÍTICA NO RÁDIO .....................................................................................................................................114</p><p>8.1 A mulher da casa abandonada .....................................................................................................121</p><p>7</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>O objetivo desta disciplina é preparar o futuro jornalista para ingressar</p><p>amenizar a</p><p>situação que o país está vivendo em relação à pandemia?</p><p>4) Quais reflexos o senhor acredita que esta pandemia pode trazer para a área da</p><p>saúde no futuro?</p><p>5) Com a pandemia, o número de pedidos através de aplicativos de entregas aumentou</p><p>mais de 94%, de acordo com um estudo realizado pela empresa Mobills. Um alimento</p><p>produzido por um indivíduo infectado pelo vírus Sars‑CoV‑2 pode ser contaminado</p><p>e transmitir a doença para o consumidor?</p><p>6) A covid‑19 pode ser transmitida para os animais?</p><p>7) O doutor acredita que reduzir o horário de funcionamento dos comércios é realmente</p><p>uma boa ideia, tendo em vista que, com menos tempo, mais pessoas vão circular no</p><p>mesmo horário?</p><p>8) Desde o começo da pandemia, este é o momento em que o Brasil está encarando o</p><p>pior cenário no aumento do número de casos e mortes – inclusive recentemente foi</p><p>publicada a notícia de que um jovem de 22 anos morreu na fila de espera da UTI em</p><p>São Paulo. Qual seria o melhor método que os hospitais deveriam seguir para evitar</p><p>que cenas como essa se tornem comuns?</p><p>49</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>9) Onde foi que o governo brasileiro errou, já que temos quase 3 mil mortes diariamente?</p><p>10) Em quanto tempo o senhor estima que o Brasil conseguirá lidar com a situação?</p><p>11) Fornecimento de vacinas para clínicas particulares: o senhor é a favor ou contra?</p><p>12) Hoje, nosso país tem uma contagem de cerca de 3 mil mortes por dia. O que pode ser</p><p>feito para que o número diminua, levando em conta todas as medidas de prevenção</p><p>e tentativas dos governadores?</p><p>13) Nós já estamos no período de vacinação e eu gostaria de saber se daqui a um ano,</p><p>por exemplo, poderemos voltar à nossa vida normal.</p><p>14) Eu queria fazer um paralelo entre as vacinações contra a gripe suína, em 2009, e</p><p>contra a covid‑19, atualmente. Quando enfrentávamos a epidemia de gripe suína,</p><p>em três meses vacinamos 92 milhões de pessoas. Por que agora, com quase o mesmo</p><p>tempo, só vacinamos aproximadamente 12 milhões?</p><p>15) O uso de máscaras e o distanciamento social ainda são as formas mais efetivas de se</p><p>prevenir contra o vírus. Recentemente foi noticiado, mais uma vez, sobre as máscaras</p><p>de pano não serem tão eficientes quanto imaginávamos. Isto é verdade? Se sim, qual</p><p>máscara devemos utilizar?</p><p>16) No começo da quarentena, o medo era uma sensação constante para todos nós.</p><p>Sendo assim, algumas medidas de proteção eram utilizadas, tais como a troca de</p><p>roupa ao chegar em casa e a higienização dos produtos trazidos da rua. Estas práticas</p><p>são realmente efetivas e necessárias?</p><p>17) A Baixada Santista vai entrar em lockdown inteligente na terça‑feira. Muitos</p><p>comércios e comerciantes serão seriamente afetados. O senhor acha que essa é a</p><p>saída para o momento que vivemos?</p><p>18) Pelo andar da carruagem, o senhor acha que é possível uma terceira onda no Brasil?</p><p>Ou as vacinas vão impedir isso?</p><p>19) Desde que começaram a surgir as vacinas, a OMS e diversos especialistas da saúde</p><p>orientam que os países vacinem primeiro os idosos e pessoas na linha de frente da</p><p>área da saúde. A Indonésia, que hoje tem pouco menos de 40 mil mortes, optou por</p><p>vacinar primeiro pessoas de 18 a 59 anos. De acordo com o presidente e a liderança</p><p>da saúde no país, a prioridade são as pessoas que movem a economia e que saem</p><p>de casa e se espalham por todo lugar e voltam à noite para casa, para suas famílias.</p><p>Seria mesmo uma melhor opção vacinar os mais jovens primeiro?</p><p>50</p><p>Unidade I</p><p>20) Além dos hospitais, as funerárias também estão em colapso. Vivemos um período</p><p>muito crítico. Hospitais de campanha são a solução?</p><p>21) Só as vacinas resolvem ou é preciso vacinas e isolamento?</p><p>22) Quais são as diferenças entre as várias vacinas que estão sendo aplicadas em todos</p><p>os países? Todas são eficientes?</p><p>23) A Coronavac, por usar vírus inativado, é mais segura?</p><p>24) E a vacina da AstraZeneca? A Europa a proibiu e depois voltou atrás. Ficam dúvidas?</p><p>25) O vírus fica por quanto tempo nos objetos? Já temos estudos?</p><p>26) Como fazer as pessoas entenderem que temos que parar de aglomerar? Faltam</p><p>campanhas governamentais para sensibilizar a população sobre os cuidados que</p><p>devemos ter?</p><p>27) Como podemos acelerar a nossa vacinação, que está muito lenta?</p><p>28) Em 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) relacionou o desmatamento,</p><p>a perda de biodiversidade, a invasão do homem em áreas de florestas nativas e o</p><p>desequilíbrio que lamentavelmente deu espaço para a pandemia. O que é preciso</p><p>fazer rapidamente para reverter essa situação?</p><p>29) E os outros países? Qual país o senhor acredita que teve mais sucesso no combate</p><p>à pandemia?</p><p>30) O que é preciso fazer rapidamente para reverter essa situação em geral, Dr. Vecina?</p><p>A entrevista concedida pelo Dr. Vecina teve três horas de duração e trouxe importantes ensinamentos</p><p>aos alunos. Depois, os estudantes editaram várias sonoras e produziram podcasts sobre o assunto.</p><p>Hoje, além de serem transmitidas nas emissoras tradicionais, as entrevistas são também publicadas</p><p>na internet, e a chamada da matéria conta pontos para a audiência. Você pode preparar uma arte com o</p><p>conteúdo. Neste caso, é importante que o painel de divulgação seja objetivo, com um título informativo,</p><p>chamativo e que resuma a importância da temática, como foi feito no painel para a entrevista com</p><p>o Dr. Gonzalo Vecina.</p><p>51</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Lembrete</p><p>É importante que o jornalista de rádio pense na foto que vai selecionar</p><p>para a matéria, já que o material produzido também será publicado nos</p><p>sites da emissora.</p><p>Figura 20</p><p>52</p><p>Unidade I</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode acompanhar as informações que o Dr. Gonzalo Vecina</p><p>traz sobre a pandemia no YouTube. Deixamos como exemplo a entrevista</p><p>concedida por ele ao jornal da TV Cultura:</p><p>QUANDO a pandemia de covid‑19 terminará no Brasil? Médico Gonzalo</p><p>Vecina opina. 31 dez. 2021. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal Jornalismo</p><p>TV Cultura. Disponível em: https://bit.ly/3X4Blvo. Acesso em: 18 jan. 2023.</p><p>Observação</p><p>Observem que as técnicas e o processo de entrevista radiofônica são</p><p>praticamente os mesmos da entrevista para TV. Algumas falas, no entanto,</p><p>devem ser introduzidas na apresentação da matéria de rádio para descrever</p><p>o ambiente dos fatos, já que a transmissão não acompanha imagens.</p><p>3.4 O povo fala</p><p>A entrevista com populares é essencial para democratizar a matéria, ilustrar as informações e traçar</p><p>o quadro do acontecimento que se pretende divulgar. Há várias maneiras de divulgar entrevistas com</p><p>a população no rádio, TV ou internet: podem ser ao vivo ou gravadas, editadas com várias sonoras em</p><p>sequência, sem identificar nomes ou funções, ou podem identificar determinada classe.</p><p>Se os depoimentos forem editados, é preciso selecionar as sonoras mais audíveis e impactantes,</p><p>mas que permitam que o tema seja apresentado com transparência e a maior imparcialidade possível.</p><p>A expressão popular aprofunda o assunto.</p><p>A maneira mais objetiva e simples de demonstrar o resultado das entrevistas realizadas sobre</p><p>determinado tema é editar uma sonora de entrevistado na sequência da outra. O ideal é que as declarações</p><p>sejam rápidas, para que se possa ouvir muitas opiniões sem se tornar cansativo. O repórter precisa fazer</p><p>a mesma pergunta para todos os entrevistados para que o resultado fique mais claro.</p><p>Observação</p><p>Um segmento do tipo “o povo fala” não é pesquisa de opinião.</p><p>53</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Veja a matéria publicada pela BBC sobre o retrato da fome no Brasil:</p><p>Figura 21</p><p>Fonte: Consumo… (2021).</p><p>Saiba mais</p><p>Veja a reportagem completa:</p><p>CONSUMO de pé de galinha em alta e outros 5 dados que revelam</p><p>retrato da fome no Brasil. BBC News Brasil, 5 out. 2021. Disponível em:</p><p>https://bbc.in/3iqQJ6A. Acesso em: 12 jan. 2023.</p><p>54</p><p>Unidade I</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Depois de ler essa matéria, como você gravaria com os populares? Fica a seu encargo sugerir a</p><p>pergunta que deve ser feita a todos os populares e que resulte no detalhamento do tema.</p><p>Saiba mais</p><p>Veja, como exemplo, o programa Opinião,</p><p>da TV Cultura, que fez</p><p>um povo fala com a seguinte questão sobre a fome na pandemia:</p><p>“O que é preciso para garantir a segurança alimentar e não voltarmos</p><p>a fazer parte do mapa da fome da ONU?”. Repare que, neste vídeo,</p><p>todos responderam à mesma pergunta.</p><p>OPINIÃO: a pandemia e a fome no Brasil: 18/2/2021. 18 fev. 2021.</p><p>1 vídeo (26 min). Publicado pelo canal Jornalismo TV Cultura. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3X5D5ES. Acesso em: 2 dez. 2022.</p><p>Lembrete</p><p>Entrevistas com a população no rádio seguem a mesma técnica da TV.</p><p>Não é preciso identificar os entrevistados.</p><p>4 JORNALISTA MULTIFUNCIONAL</p><p>Os jornalistas de rádio e internet atualmente têm várias funções, e muitas vezes fazem todo o</p><p>trabalho para produzir uma matéria. Eles pesquisam, criam a pauta, entrevistam, redigem o texto,</p><p>elaboram a reportagem, editam, produzem, fotografam, apresentam.</p><p>Como exemplo, veja o trabalho de conclusão de curso do aluno de Jornalismo da UNIP, Nicolas</p><p>Pedrosa, que idealizou o blog Correio continental e inseriu podcast e videocast. Para desenvolver esse</p><p>projeto, ele entrevistou várias pessoas, pesquisou, preparou as pautas, estudou o perfil dos entrevistados,</p><p>investigou, detectou os problemas da cidade, contatou as fontes, fotografou, apresentou – enfim, apenas</p><p>Pedrosa fez todo este trabalho.</p><p>55</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Acesse o blog e observe o trabalho realizado:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3keVCQI. Acesso em: 21 nov. 2022.</p><p>Figura 22</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3Iqp0NL. Acesso em: 5 jan. 2023.</p><p>O podcast Da ponte pra cá, parte desse trabalho de conclusão de curso, aborda os problemas de</p><p>São Vicente e aponta possíveis soluções na entrevista com Sandra Conti, vice‑prefeita da cidade.</p><p>56</p><p>Unidade I</p><p>Figura 23</p><p>Fonte: Pedrosa (2021a).</p><p>57</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>O podcast Da ponte pra cá pode ser ouvido no Spotify:</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3Iqp0NL. Acesso em: 21 nov. 2022.</p><p>Para descobrir e divulgar a história, o desenvolvimento e os problemas da cidade de São Vicente, no</p><p>litoral de São Paulo, Nicolas Pedrosa extrapolou as funções e até criou a arte e comerciais – também</p><p>apresentados por ele – para o blog.</p><p>Observação</p><p>Para editar os trabalhos do Correio continental, Pedrosa usou os</p><p>programas Audacity, para áudio, e Movie Maker Editor, para vídeo.</p><p>4.1 A entrevista</p><p>Preparar uma entrevista significa pesquisar com antecedência o assunto que será abordado, analisar</p><p>o perfil de cada fonte de informação e verificar o local dos acontecimentos. Contudo, muitas vezes o</p><p>repórter não tem o tempo necessário para estudar o tema ou contatar a fonte principal, pois vários</p><p>acontecimentos são imprevisíveis e o rádio pede agilidade e rapidez na divulgação.</p><p>Algumas entrevistas são realizadas a distância, embora o repórter prefira o contato com os</p><p>entrevistados. Durante a pandemia, por exemplo, devido ao distanciamento social, muitas tiveram que</p><p>ser gravadas remotamente. Vários aplicativos viabilizam essa modalidade, como Skype, Zoom e Anchor.</p><p>Saiba mais</p><p>Esses e outros aplicativos são apresentados numa matéria publicada no</p><p>site da Rede de Jornalistas Internacionais:</p><p>RADCLIFFE, D. 12 aplicativos para gravar entrevistas remotas. Ijnet,</p><p>5 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3w0vXhg. Acesso em: 12 jan. 2023.</p><p>58</p><p>Unidade I</p><p>Entrevistas muito longas são cansativas. Se for preciso alongar o assunto, insira outros entrevistados</p><p>para diversificar. Se a entrevista não for ao vivo, você pode cortar alguns pontos na edição.</p><p>Você deve também determinar a duração da entrevista e selecionar a pauta de acordo com o tempo</p><p>disponível para que o resultado da produção seja claro e objetivo. Muitas vezes, a conversa vai em</p><p>outra direção, e você tem que conduzir o diálogo para não sair do tema central. Não interrompa o</p><p>entrevistado, para que ele complete o raciocínio, mas também não o deixe sair do contexto.</p><p>É possível ainda que a ideia original da entrevista seja alterada, porque depende das respostas do</p><p>entrevistado. Insista em abordar a fonte que melhor pode informar e que tenha mais credibilidade.</p><p>Faça perguntas curtas e uma de cada vez, para que o entrevistado não se perca ao responder.</p><p>Além disso, antes da entrevista, pergunte a pronúncia correta do nome do entrevistado, e, no decorrer</p><p>da conversa, repita mais vezes a função e o nome dele para que o ouvinte assimile.</p><p>4.2 O entrevistado</p><p>A Rádio Eldorado de São Paulo apresentou o podcast Som a Pino Entrevista, comandado por Roberta</p><p>Martinelli, produzido por Julia Corá e montado por Moacir Biazzy. A cada programa, a jornalista musical</p><p>conduz uma entrevista diferente, abordando as novidades da música brasileira.</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode ouvir no link a seguir a entrevista que Caetano Veloso</p><p>concedeu a esse podcast em 2021. Ele comenta sobre seu novo álbum e</p><p>também sobre o então atual momento do Brasil:</p><p>CAETANO Veloso: “não consigo crer que uma situação ruim torne as</p><p>pessoas mais inventivas”. Entrevistadora: Roberta Martinelli. Entrevistado:</p><p>Caetano Veloso. Som a Pino Entrevista, nov. 2021. Podcast. Disponível em:</p><p>https://spoti.fi/3X4ZQs7. Acesso em: 8 dez. 2022.</p><p>Para produzir a entrevista com Caetano Veloso, por exemplo, foi preciso pesquisar a vida dele e</p><p>suas  músicas, traduzir resumidamente gostos e preferências, além de selecionar efeitos sonoros</p><p>e ilustrações musicais de outros compositores ou atores que ele mencionou. Caetano Veloso foi</p><p>informado com antecedência sobre o objetivo do programa, o tempo estimado de duração e a temática</p><p>a ser abordada.</p><p>59</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Figura 24</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3X4ZQs7. Acesso em: 5 jan. 2023.</p><p>Você ouviu Roberta Martinelli conversar com Caetano sobre a música “Hey Jude”, dos Beatles. Foi por</p><p>isso que a produção selecionou essa composição para inserir no podcast. Ilustrações e efeitos musicais</p><p>enriquecem e destacam a matéria para prender a atenção do ouvinte.</p><p>4.3 A reportagem</p><p>A dúvida é o princípio da sabedoria.</p><p>Aristóteles</p><p>A reportagem tem como conteúdo o testemunho direto dos fatos atuais ou histórias vividas por</p><p>pessoas relacionadas. O jornalista estuda o desdobramento dos fatos com pesquisas e entrevistas e apura</p><p>com rigor todas as informações. A vida de repórter não é fácil, mas é bem dinâmica e movimentada.</p><p>Todos os dias surge uma novidade, uma matéria nova a ser explorada, seja no sol, na chuva ou na</p><p>tempestade, em festas ou desmoronamentos.</p><p>O repórter precisa adotar critérios para avaliar o que é notícia importante e o que deve ser</p><p>divulgado com mais urgência, e deve saber interpretar os fatos e convencer as pessoas da necessidade</p><p>de entrevistas, sempre também as avisando sobre o seu objetivo. A reportagem depende do poder de</p><p>observação do profissional.</p><p>60</p><p>Unidade I</p><p>O jornalista deve se empenhar em cada matéria que produz e trabalhar com imparcialidade e sabedoria</p><p>para checar os fatos com várias fontes e desenvolver um bom material. Hoje, o bom profissional fica</p><p>conectado a todo momento para atualizar as informações.</p><p>Nas reportagens, o jornalista só deve narrar os fatos checados e comprovados. Deve questionar,</p><p>ouvir várias fontes, avaliar todos os lados da questão, enfatizar a parte contrária, apurar as informações</p><p>e descobrir a notícia como ela realmente é.</p><p>No Manual de radiojornalismo: produção, ética e internet, Barbeiro e Lima (2003) sintetizam de</p><p>maneira bem objetiva as principais técnicas para a produção da reportagem. A seguir, relacionamos</p><p>algumas delas, mas sugerimos que você depois leia as demais presentes no livro:</p><p>• a reportagem deve ser completa, com começo, meio e fim – nunca presuma que o ouvinte já</p><p>conhece os antecedentes do fato;</p><p>• a reportagem deve ser iniciada com um fato novo, mesmo que o assunto seja conhecido;</p><p>• detalhes desnecessários para o entendimento do fato devem ser dispensados;</p><p>• a narração precisa ser direta, para que o ouvinte não se perca;</p><p>• o repórter deve conferir os números que usa na reportagem;</p><p>• é preciso ter cuidado</p><p>com o uso de adjetivos;</p><p>• não é função do repórter querer mudar comportamentos;</p><p>• para fazer uma reportagem, não é preciso arriscar a vida;</p><p>• a liberdade de imprensa não autoriza o repórter a cometer qualquer deslize e não lhe dá imunidade</p><p>contra toda a sociedade;</p><p>• repórter desinformado dificilmente escapa de ser manipulado pela fonte.</p><p>Muitas reportagens são feitas ao vivo, uma vez que o radiojornalismo exige imediatismo, e por isso</p><p>o profissional deve dominar uma boa técnica de improviso. Nem sempre o jornalista tem tempo para</p><p>se preparar, portanto, é preciso ficar alerta e se comunicar constantemente com a redação, já que o</p><p>trabalho é em equipe.</p><p>Antes de apresentar a matéria nas emissoras ou em sites, é necessário apurar rigorosamente os</p><p>fatos e selecionar as fontes principais. Na reportagem expositiva, os fatos são apresentados de modo</p><p>imparcial. Na opinativa já existe o parecer do jornalista, e na interpretativa os fatos são analisados por</p><p>profissionais especializados para chegar a uma conclusão sobre o assunto. O texto da reportagem é</p><p>61</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>informativo, mas muitas vezes o jornalista expõe alguns comentários com base nas informações dos</p><p>seus entrevistados.</p><p>Como disse Gilbert Keith Chesterton, “não foi o mundo que piorou; as coberturas jornalísticas é que</p><p>melhoraram muito”. No dia a dia, o jornalista cobre várias matérias, e em algumas ele se aprofunda e</p><p>elabora um trabalho com mais destaque. A característica da reportagem é uma maior e mais detalhada</p><p>estrutura textual, com várias informações apuradas em pesquisas e um número mais diversificado</p><p>de entrevistas. Uma reportagem pode ter caráter opinativo para desenvolver determinada temática.</p><p>Na reportagem especial, o volume de informações cresce, e aumenta também o tempo de produção.</p><p>Ferraretto (2014, p. 167) alerta em Rádio: teoria e prática que a grande reportagem é um meio termo</p><p>entre a reportagem comum, do dia a dia, e o documentário:</p><p>aparece como ampliação quantitativa e, muito mais profundamente,</p><p>qualitativa do trabalho usual e cotidiano corporificado nos boletins dos</p><p>repórteres de uma emissora de rádio. Não chegando a ter a abrangência de</p><p>uma documentário, adentra o terreno do jornalismo interpretativo.</p><p>Saiba mais</p><p>A Rádio TST, do Tribunal Superior do Trabalho, publicou uma reportagem</p><p>especial com o título “Discriminação racial no ambiente de trabalho”.</p><p>É interessante acompanhar todos os detalhes, inclusive as perguntas</p><p>elaboradas ao entrevistado para conseguir o objetivo central. A matéria foi</p><p>produzida e apresentada por Rafael Silva:</p><p>SILVA, R. Reportagem especial: discriminação racial no ambiente de trabalho.</p><p>Justiça do Trabalho, 21 nov. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3Zup84X. Acesso</p><p>em: 12 jan. 2023.</p><p>4.4 Tipos de programas</p><p>Existem vários tipos de programas: radiojornal, síntese noticiosa, boletim informativo, edição extra,</p><p>toque informativo, programa de entrevistas, informativo especializado, programa de opinião, jornada</p><p>esportiva, programa humorístico, documentário, programa de variedades, mesa‑redonda etc.</p><p>No radiojornal, na síntese noticiosa, no boletim e no toque informativo as técnicas são praticamente</p><p>as mesmas, o que muda é o tempo de transmissão. O jornal radiofônico pode ter duração de 30 minutos</p><p>a 4 horas, dependendo da programação da emissora. Uma síntese noticiosa pode se estender por</p><p>5 minutos, e o toque informativo e o boletim radiofônico variam entre 2 e 3 minutos, com os principais</p><p>fatos do momento. Em todos estes programas as notícias seguem uma hierarquia, sendo apresentadas</p><p>na ordem de importância para o ouvinte.</p><p>62</p><p>Unidade I</p><p>Os noticiários precisam prender a atenção até o final, com a sequência das notas e os principais fatos.</p><p>Sua estrutura segue sempre a linha editorial, e as notícias são agrupadas por similaridade de assuntos.</p><p>Apesar de o modelo variar, deixamos um exemplo de roteiro de síntese noticiosa:</p><p>• abertura;</p><p>• notícias por editorias;</p><p>• comercial;</p><p>• notícia final;</p><p>• encerramento.</p><p>Nos noticiários, a entrada ao vivo da reportagem é opcional e depende da demanda. No radiojornal,</p><p>por exemplo, pelo tempo de duração, geralmente é acionada toda a equipe de reportagem disponível</p><p>com as matérias atualizadas.</p><p>A edição extra ou plantão divulga um fato importante que não pode esperar o noticiário geral para ser</p><p>transmitido. Geralmente, a notícia entra após uma vinheta criada especialmente para chamar a atenção.</p><p>Saiba mais</p><p>Observe nesta indicação um exemplo de vinheta:</p><p>VINHETA do Plantão CBN. 29 jan. 2017. 1 vídeo (12 s). Publicado</p><p>pelo canal Televinhetas. Disponível em: https://bit.ly/3CIajSy. Acesso em:</p><p>17 jan. 2022.</p><p>Os informativos especializados abordam os mais variados assuntos, que podem ser política, economia,</p><p>variedades, polícia, trânsito, medicina, entre outros. Trata‑se de um pequeno noticiário temático,</p><p>desenvolvido com entrevistas para aprofundar a questão. Alguns são patrocinados.</p><p>Nos programas de entrevistas, de opinião e na jornada esportiva geralmente são convidados</p><p>especialistas em determinados assuntos para discutir a questão. A conclusão fica por conta dos</p><p>ouvintes. Os jornalistas fazem um trabalho de pesquisa e contatam os entrevistados mais importantes e</p><p>capacitados para desenvolver cada assunto.</p><p>63</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Confira um exemplo de jornada esportiva:</p><p>JORNADA esportiva. 6 jun. 2021. 1 vídeo (274 min). Publicado pelo canal</p><p>Itatiaia. Disponível em: https://bit.ly/3ZwQgjJ. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>A produção do documentário demanda mais tempo, porque o repórter precisa levantar tanto os fatos</p><p>atuais como os que já aconteceram e merecem retrospectiva. Geralmente, o jornalista escolhe assuntos</p><p>importantes e impactantes para narrar a história. As grandes reportagens inseridas são diversificadas</p><p>e apresentam vários depoimentos de pessoas envolvidas no presente ou no passado para reconstruir</p><p>os fatos ou aprofundar o tema.</p><p>Por serem mais longos, documentários pedem uma ilustração mais detalhada, com músicas de</p><p>passagem para engrandecer o conteúdo e despertar a atenção do ouvinte ou efeitos sonoros que</p><p>alertam ou separam a temática desenvolvida.</p><p>Deixamos como exemplo a série Praia dos Ossos, documentário publicado na internet como podcast,</p><p>em que a repórter relembra a morte da socialite Ângela Diniz. O crime, cometido pelo empresário Raul</p><p>Street, conhecido como Doca Street, aconteceu em dezembro de 1976 e foi muito divulgado. Doca era</p><p>companheiro de Ângela e, numa discussão na praia dos Ossos, em Búzios, Rio de Janeiro, a matou com</p><p>quatro tiros no rosto.</p><p>Trata‑se de uma minissérie produzida e apresentada por Branca Vianna, que começou o trabalho em</p><p>2019 com o objetivo de questionar a popularidade e o respaldo dado a Doca Street, abordando a questão</p><p>do feminicídio. Perceba alguns dos recursos utilizados pela apresentadora nesta grande produção:</p><p>• suspense, para envolver o ouvinte no assunto;</p><p>• detalhamento dos fatos;</p><p>• diversos percursos para contar a história;</p><p>• cinquenta entrevistas para reforçar os acontecimentos;</p><p>• entrevista concedida por Doca Street;</p><p>• sequenciamento do assunto;</p><p>• leitura de livros, jornais e revistas;</p><p>• riqueza narrativa;</p><p>• efeitos sonoros.</p><p>64</p><p>Unidade I</p><p>Figura 25</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3VHPUUt. Acesso em: 17 jan. 2023.</p><p>Saiba mais</p><p>A Rádio Novelo, que publica Praia dos Ossos, é uma produtora de</p><p>podcasts criada em 2019, no Rio de Janeiro, e desenvolve projetos próprios</p><p>ou em parceria. Você pode ouvir outros projetos interessantes e instrutivos</p><p>no seu site:</p><p>Disponível em: https://www.radionovelo.com.br. Acesso em: 13 jan. 2023.</p><p>Praia dos Ossos faz grande sucesso e estreou já nos Top Podcasts da</p><p>Apple Podcasts em setembro de 2020. Atingiu o topo das paradas e continua</p><p>a figurar entre os 10 primeiros lugares com frequência:</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3VHPUUt. Acesso em: 11 dez. 2021.</p><p>65</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Outro exemplo de documentário, agora em vídeo, foi realizado</p><p>por Richard Roger, aluno da UNIP,</p><p>no trabalho de conclusão de curso Desenganados. De acordo com o idealizador, a produção traz o</p><p>depoimento de familiares que tiveram o quadro clínico de parentes revertido por meio de suas crenças.</p><p>Richard Roger complementa o estudo entrevistando profissionais de saúde e especialistas, como</p><p>médicos, enfermeiros e físicos. O intuito do trabalho, segundo ele, é evidenciar com os depoimentos</p><p>que a fé, aliada à medicina, pode trazer resultados surpreendentes e reverter casos desenganados ou</p><p>em cuidados paliativos. A ideia não é confrontar a ciência, mas apresentar uma alternativa na busca da</p><p>cura e do melhor tratamento.</p><p>Figura 26</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3CpuJQ6. Acesso em: 18 dez. 2022.</p><p>Todo jornalista deve ficar atento para selecionar os entrevistados que mais acrescentam novidades</p><p>às notícias, já que o trabalho do repórter é buscar informações, checá‑las, repercuti‑las e transmiti‑las</p><p>para as pessoas entenderem o assunto.</p><p>No rádio, as matérias devem ser praticamente simplificadas, facilitadas, porque a pessoa ouve a</p><p>informação e precisa compreendê‑la imediatamente. No caso do podcast, por ser gravado, o ouvinte</p><p>pode voltar ao ponto que não conseguiu entender, mas mesmo assim é preferível que a linguagem seja</p><p>clara, já que muitas pessoas preferem ouvir sem interrupção.</p><p>É essencial que o repórter procure fontes boas e atuais, e que as informações sejam precisas e</p><p>demonstrem a credibilidade do jornalismo praticado.</p><p>66</p><p>Unidade I</p><p>4.5 Jornalismo investigativo no rádio</p><p>O bem mais precioso de um jornalista é a sua reputação.</p><p>Israel Dideoli</p><p>O jornalismo investigativo pede tempo e astúcia do profissional, que faz um trabalho de detetive com</p><p>postura midiática. O repórter precisa cruzar informações, buscar fatos escondidos, pesquisar leis, checar</p><p>e rechecar várias vezes. No rádio, o trabalho investigativo é igual ao de profissionais das várias mídias; a</p><p>diferença é a narração, que precisa ser mais detalhada para colocar o ouvinte a par dos acontecimentos.</p><p>Ser investigativo é trabalhar com toda vivacidade e capacidade criativa, mergulhando nos</p><p>acontecimentos para detectar os pontos verdadeiros de um fato, repercutir as fontes exatas e desvendar</p><p>o que existe por trás da notícia. Nem sempre o jornalista investigativo tem sucesso, porque muitas</p><p>das pessoas envolvidas temem retaliação e se negam a conceder entrevistas. Entra aí um trabalho de</p><p>persuasão do profissional, que às vezes tem que trabalhar com o sigilo da fonte. Se o jornalista tiver</p><p>credibilidade, o fato de não revelar a fonte pouco impacta a qualidade da reportagem.</p><p>Para McLeish (2001), o repórter precisa ser sincero, cordial, atencioso, prestativo e competente.</p><p>O autor enumera ainda as informações que o entrevistado precisa saber no momento da entrevista:</p><p>• Sobre o que será? Não exatamente as perguntas, mas o tema, de modo geral, e os limites do assunto.</p><p>• Vai ser ao vivo ou gravado?</p><p>• Quanto tempo vai durar? Trata‑se de todo um programa ou é uma matéria curta? Isto estabelece</p><p>a profundidade com que o assunto pode ser tratado e ajuda a evitar que o entrevistado grave uma</p><p>entrevista longa sem saber que será editada para uma outra duração.</p><p>• Qual é o contexto? A entrevista faz parte de uma abordagem mais ampla sobre o assunto,</p><p>com contribuições de outras pessoas, ou é uma simples matéria de noticiário ou de programa</p><p>de variedades?</p><p>• Qual é o público? É para uma emissora local, uma rede, uma agência de notícias?</p><p>• Onde? É no estúdio ou em algum outro lugar?</p><p>• Quando? Quanto tempo o entrevistado tem para se preparar?</p><p>Crime organizado, tráfico de pessoas, tráfico de drogas, assédio, corrupção, contrabando. Denúncias</p><p>relacionadas a estes e outros assuntos interessantes muitas vezes chegam ao repórter investigativo,</p><p>que vai à luta para descobrir ponto a ponto a verdadeira notícia e suas repercussões. Muitas vezes, o</p><p>resultado é gratificante para o jornalista, que pôde contribuir para o fim de tristes histórias de abuso,</p><p>entre outros crimes.</p><p>67</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Para entender o trabalho de um repórter investigativo, indicamos a entrevista concedida por um</p><p>profissional bem famoso e competente: Agostinho Teixeira. De forma divertida, explicativa e curiosa, o</p><p>jornalista conversou com os apresentadores do programa #Sem Pauta, da Rádio Bandeirantes, em 2019.</p><p>Saiba mais</p><p>A entrevista está publicada no YouTube:</p><p>SEM PAUTA — 19/9/2019 — convidado de hoje: Agostinho Teixeira.</p><p>19 set. 2019. 1 vídeo (60 min). Publicado pelo canal Rádio Bandeirantes.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3ZsnaCd. Acesso em: 13 jan. 2023.</p><p>Teixeira atualmente trabalha na rádio e TV Bandeirantes. Ele foi convidado para a entrevista no</p><p>estúdio da emissora e contou detalhes de sua profissão. Alertou que o jornalista precisa de sorte para</p><p>conseguir um bom entrevistado disposto a denunciar, sendo papel do repórter investigativo ser insistente</p><p>e perseverante, como, aliás, é função de todo profissional da mídia. Nesta entrevista, Teixeira conta ainda</p><p>que recebe ameaças, com mensagens e ligações intimidando inclusive seus familiares, e que ele precisa</p><p>do respaldo da polícia.</p><p>Saiba mais</p><p>A Pública é uma agência de jornalismo investigativo sem fins lucrativos.</p><p>Você pode acessar seu site para obter informações e ouvir podcasts:</p><p>Disponível em: https://apublica.org. Acesso em: 13 jan. 2023.</p><p>Indicamos neste portal especificamente o sexto episódio do podcast</p><p>Até que se prove o contrário, “O que vem depois da injustiça”, que investiga</p><p>os danos financeiros e emocionais da injustiça:</p><p>O QUE VEM DEPOIS da injustiça. Produção: Ciro Barros, José Cícero e</p><p>Ricardo Terto. Até que se prove o contrário, [s.d.]. Podcast. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3vYXHm6. Acesso em: 13 jan. 2023.</p><p>68</p><p>Unidade I</p><p>Resumo</p><p>A unidade I aborda a importância e as transformações do rádio,</p><p>apresentando conceitos e exemplos de novos modelos de negócios e</p><p>apontando a produção de programas e entrevistas em vários formatos,</p><p>como os podcasts, que viraram febre e um empreendimento de sucesso.</p><p>Foi também discutido o surgimento do videocast, do rádio na internet e das</p><p>plataformas de streaming.</p><p>O conteúdo foi exemplificado com textos e podcasts elaborados por</p><p>alunos da UNIP. Por meio da análise de sites, blogs, portais e programas</p><p>jornalísticos, teve o intuito de viabilizar a produção de novas matérias.</p><p>Fazem parte do conteúdo as técnicas de redação, locução e desenvolvimento</p><p>dos vários tipos de entrevistas e reportagens do dia a dia, especiais e</p><p>investigativas, além de documentários radiofônicos, painéis e debates, com</p><p>destaque para a triagem de notícias e a seleção de pautas. A triagem das</p><p>notícias é criteriosa, para que as principais sejam divulgadas a determinado</p><p>público e de acordo com o perfil de emissoras e sites. Foi ainda mostrado o</p><p>desenvolvimento detalhado das pautas e os imprevistos que podem ocorrer</p><p>nas redações, como a queda do material apurado.</p><p>Na linha de produção radiofônica, foi destacada a importância do texto</p><p>bem redigido, com técnicas e análises para que se transmita matérias claras,</p><p>objetivas e diretas, que possam ser captadas rapidamente pelos ouvintes.</p><p>69</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. (Enade 2018, adaptada) Leia o texto a seguir:</p><p>Multimídia e multitarefa tornaram‑se termos importantes para se entender o mercado de trabalho</p><p>dos jornalistas. O primeiro indica que o profissional deverá ser capaz de fazer trabalhos para mais de</p><p>um veículo midiático, como jornal, rádio e TV, ao mesmo tempo. O segundo estabelece que o jornalista</p><p>deverá fazer múltiplas tarefas, como redigir textos e captar imagens, funções que até bem pouco</p><p>tempo atrás competiam a profissionais distintos. O novo perfil dos profissionais de jornalismo se deve à</p><p>reconfiguração do mercado de trabalho provocada pelas tecnologias digitais, sentida no Brasil a partir dos</p><p>anos 2000, e à reordenação dos negócios das grandes empresas de mídia, que precisaram se diversificar</p><p>para superar crises,</p><p>invadindo setores como o cinema, a indústria musical e o entretenimento.</p><p>Adaptado de: BERTOLINI, J. Jornalista multimídia e multitarefa: o perfil contemporâneo</p><p>do trabalho precário no jornalismo. Animus: Revista Interamericana de</p><p>Comunicação Midiática, v. 16, n. 31, p. 213‑228, 2017.</p><p>Com base na leitura e considerando o trabalho exercido pelos jornalistas de rádio, avalie as afirmativas:</p><p>I – Os repórteres têm a função de apurar com rigor as informações e, se houver necessidade, exercem</p><p>outras atividades, realizando entradas ao vivo e gravando passagens e sonoras com celulares.</p><p>II – As demandas de consumo, a reconfiguração do mercado de trabalho e o acesso a novas</p><p>tecnologias, como a captação audiovisual por meio de aparelho celular, exigem que os jornalistas</p><p>acumulem múltiplas funções dentro das emissoras de rádio.</p><p>III – Os repórteres podem assumir, também, a função de editor de áudio, reorganizando o material</p><p>jornalístico e produzindo subprodutos para outras plataformas.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>A) II, apenas.</p><p>B) III, apenas.</p><p>C) I e II, apenas.</p><p>D) I e III, apenas.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Resposta correta: alternativa E.</p><p>70</p><p>Unidade I</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: os dispositivos móveis ampliaram as atuações do repórter, que pode gravar e editar</p><p>depoimentos.</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: trata‑se da multitarefa que atinge várias áreas profissionais. O jornalista, no atual</p><p>contexto, exerce várias funções.</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: o repórter, com as novas tecnologias, pode editar o áudio a distância, e o material pode</p><p>ser disponibilizado em outras plataformas.</p><p>Questão 2. (Enade 2006, adaptada) Há correntes do pensamento comunicacional que discorrem</p><p>sobre a falta de imagem no rádio. Alguns teóricos consideram que essa falta de imagem seria compensada</p><p>pela imaginação visual do ouvinte. Para outros, a falta de imagem no rádio não é uma deficiência e,</p><p>sim, uma vantagem em relação a outros meios, pois a “cegueira” o transforma em um meio poderoso de</p><p>expressão intelectual.</p><p>Com relação a esse assunto, avalie os itens a seguir:</p><p>I – O recurso de adjetivação é imprescindível para a compreensão da mensagem no texto radiofônico.</p><p>II – A linguagem radiofônica é constituída de quatro elementos: a palavra, a música, os efeitos</p><p>sonoros e o silêncio.</p><p>III – A “cegueira” a que o texto se refere é própria do rádio e constitui a chave da estética de uma</p><p>narrativa sonora invisível.</p><p>IV – A ausência de imagens no rádio é a chave de acesso ao mundo interior do ouvinte, que conecta</p><p>os sons com sua experiência, podendo colocar em movimento seus devaneios.</p><p>V – A falta da imagem e da escrita, que compromete o entendimento da mensagem no texto</p><p>radiofônico, deve ser compensada por elementos sonoros para a compreensão da referida mensagem.</p><p>71</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>São corretos apenas os itens:</p><p>A) I, II e IV.</p><p>B) I, II e V.</p><p>C) I, III e V.</p><p>D) II, III e IV.</p><p>E) III, IV e V.</p><p>Resposta correta: alternativa D.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: o uso excessivo de adjetivos deixa o texto mais subjetivo e, muitas vezes, mais prolixo,</p><p>o que não contribui para os atributos de simplicidade e clareza.</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: palavra, música, efeitos sonoros e silêncio são os elementos básicos da linguagem</p><p>do rádio.</p><p>III – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: a palavra “cegueira” foi usada para referir‑se ao fato de que, no rádio, não é possível</p><p>utilizar recursos visuais. A linguagem radiofônica desenvolveu‑se, assim, em função dessa limitação,</p><p>resgatando expedientes da oralidade (o ritmo, por exemplo), adicionados aos demais recursos de som,</p><p>como músicas, efeitos sonoros e silêncios.</p><p>IV – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: a falta de imagens, segundo alguns autores, abre o campo interpretativo do ouvinte,</p><p>que pode, então, projetar imagens mentais e ativar sua memória sonora, dotando a escuta do rádio de</p><p>mais subjetividade.</p><p>V – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: a ausência de recursos visuais e escritos não compromete o entendimento do</p><p>texto radiofônico.</p><p>no mercado de trabalho com</p><p>bons conhecimentos teóricos e práticos sobre o rádio e habilitá‑lo a adequá‑los ao radiojornalismo</p><p>atual. Este conteúdo aponta os formatos para uma produção completa e detalhada de materiais que</p><p>podem ser tanto transmitidos em veículos tradicionais como publicados na internet.</p><p>O curso pretende traçar as técnicas de produção com as principais diretrizes para o aprendizado</p><p>de locução, edição e apresentação de programas, noticiários, reportagens e redação radiofônica para</p><p>resultar no radiojornal, com ênfase na interatividade deste veículo de comunicação de massa e no</p><p>acompanhamento em tempo real.</p><p>No ano em que a primeira transmissão de rádio no Brasil completava um século, o consumo desse</p><p>meio de comunicação aumentou, segundo o Inside Radio 2022, estudo da Kantar Ibope Media (2022)</p><p>realizado em 13 regiões metropolitanas brasileiras. De acordo com este levantamento, 83% da população</p><p>dessas regiões ouvem rádio, e o grande detalhe é que, apesar da audiência pelo celular, o método</p><p>surpreende: as pessoas preferem o aparelho tradicional, já que o escutam em casa.</p><p>O radioentretenimento inova‑se a cada dia, assim como o radiojornalismo, e o papel do jornalista</p><p>radiofônico ganha importância neste contexto.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Este livro‑texto pretende informar o aluno das várias perspectivas do rádio como agente de</p><p>comunicação, e divide‑se em três unidades. A primeira aborda as transformações desse veículo, com</p><p>conceitos e exemplos dos novos modelos de negócios, e aponta para a produção de programas e entrevistas</p><p>em vários formatos, como os podcasts, que viraram febre e um empreendimento de sucesso. Por meio</p><p>da análise de sites, blogs e programas jornalísticos, apresenta, por exemplo, técnicas de redação  e</p><p>locução para o desenvolvimento dos vários tipos de entrevistas e reportagens do dia a dia, especiais e</p><p>investigativas, além de documentários radiofônicos, painéis e debates, buscando diversificar as pautas.</p><p>A segunda unidade traz conceitos e exemplos do jornalismo especializado em meio ambiente e do</p><p>jornalismo científico, além de mostrar formatos de programas esportivos, com foco nas informações</p><p>dos meios tradicionais ou conectados em rede, que compartilham informações e utilizam linguagens</p><p>específicas nesta diversidade de formas. Outro objetivo é a produção aprofundada do jornal radiofônico,</p><p>e para isso é preciso entender checagem e triagem das informações, repercutir as fontes certas e derrubar</p><p>as fake news para fechar as matérias. No radiojornalismo, com a interatividade das multiplataformas, o</p><p>grande desafio está na produção em tempo real com participação do repórter ao vivo. Neste contexto,</p><p>está inserida no curso a ideia de que se deve levar em conta principalmente o trabalho ético.</p><p>A terceira unidade mostra o humor no rádio, com outras histórias deste veículo, desde a sua invenção</p><p>até o Repórter Esso, um dos modelos de radiojornalismo, e acrescenta a política no rádio com exercício</p><p>e artigo para análise. No final, apresenta a série famosa do podcast A mulher da casa abandonada, que</p><p>criou polêmica.</p><p>9</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Unidade I</p><p>1 RÁDIO É EMOÇÃO E INFORMAÇÃO</p><p>O rádio começa de um sonho, vira uma paixão e termina numa</p><p>eterna conquista.</p><p>Cyro César</p><p>Nos últimos anos, o profissional do rádio precisou se reinventar e se adequar ao ambiente</p><p>multiplataforma, pois, além do som e da locução, ele precisa agora inserir fotos e vídeos para publicar</p><p>as informações também nos sites.</p><p>Trabalhar em rádio exige doses de boa vontade e amor à profissão. Os fatos diários são ilimitados</p><p>e imprevisíveis e muitas vezes as notícias merecem detalhamento e dedicação. O que sempre fazemos</p><p>questão de lembrar – mas não com um pensamento crítico ou de contrariedade – é que o jornalista de</p><p>rádio fica de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana. O fato de ter que divulgar informações ao</p><p>vivo faz o profissional ficar alerta o tempo todo.</p><p>Luiz Artur Ferraretto (2014) aponta que, no desempenho da profissão, nem sempre é possível</p><p>estabelecer o primeiro contato com a fonte principal, que vai destacar a notícia correta. Para que a</p><p>investigação dos fatos seja verdadeira e completa, é preciso que o jornalista se dedique ao trabalho</p><p>com empenho e competência e insista nas apurações exatas durante a transmissão em tempo real.</p><p>Boas matérias são feitas com ótimas fontes, com riqueza de detalhes e edição dos principais conteúdos</p><p>captados pelo jornalista na checagem dos fatos. Quem se atreve a contradizer uma informação que</p><p>repercutiu com pessoas de notório saber ou mesmo com a população que presenciou ou viveu o</p><p>fato em si? Isto é bem diferente da divulgação de fake news, que serão discutidas mais adiante, dada</p><p>a gravidade do que ocorre atualmente.</p><p>Como disse Francisco Djacyr S. de Souza (2010), “amor ao rádio é amor a uma causa que busque</p><p>antes de tudo um mundo melhor para todos indistintamente”. O bom jornalista não se prende a partidos</p><p>ou lucros. Ele trabalha com determinação, ética e convicção de que fará o melhor para informar</p><p>os ouvintes e internautas da maneira mais correta. Seguindo o raciocínio da dedicação ao trabalho</p><p>radiofônico, destacamos que o bom jornalista raramente deixa as produções incompletas, e se sente</p><p>realizado ao concluir uma tarefa que informa, presta serviços, ajuda as pessoas incondicionalmente com</p><p>esclarecimentos importantes ou entretém, já que essas são as principais funções também do profissional</p><p>de rádio. Para contribuir com a formação de uma sociedade construtiva e altruísta, é necessário ser um</p><p>bom profissional, com ética e imparcialidade.</p><p>A notícia no rádio é divulgada imediatamente após a checagem. É assim que podemos afirmar que,</p><p>se houver neste sentido uma competição com outros veículos de comunicação, o rádio ganha. Isso</p><p>10</p><p>Unidade I</p><p>porque, em um primeiro momento, nos meios tradicionais, esse veículo não precisa de foto, imagem</p><p>ou qualquer outro complemento para transmitir um acontecimento. Além disso, o rádio nos permite,</p><p>como nenhum outro meio, ouvi‑lo ao mesmo tempo que realizamos outra tarefa, seja no trabalho, no</p><p>carro, em casa etc. Essa constatação é confirmada por Ferraretto (2014), para quem essa é a chave do</p><p>futuro do rádio.</p><p>Ferraretto (2001) aponta ainda que, quando surgem, as tecnologias costumam ser caras e dirigidas</p><p>às classes sociais mais abastadas, mas isso muda quando são massificadas, tornando‑se acessíveis</p><p>às populações mais pobres. Por isso, a linguagem radiofônica é coloquial e precisa ser democrática.</p><p>Falamos para um público universal e não sabemos quem no momento está do outro lado, ouvindo a</p><p>informação. Determinadas emissoras ou sites pesquisam o perfil dos seus ouvintes, mas muitas vezes</p><p>não se consegue entender quem realmente assimila as mensagens do momento. Portanto, é preciso</p><p>divulgar matérias relevantes e de utilidade pública, que ajudem as pessoas com informações corretas.</p><p>O rádio se adequa às plataformas e não perde importância diante de outros veículos de comunicação.</p><p>Ele se adaptou à TV e à internet (nesta última, o rádio também prima pelo imediatismo, mas já pede a arte,</p><p>a imagem ou o podcast). Considerado o meio de entretenimento e prestação de serviços e informação</p><p>mais acessível, ganha audiência e interage com a população, sempre inovando e demonstrando sua</p><p>força e agilidade. Vale observar que, em termos de audiência, o rádio cresceu na web, mas no interior do</p><p>Brasil – por exemplo, nas cidades mais afastadas –, muitas vezes o único meio de comunicação é ainda</p><p>o rádio tradicional.</p><p>Saiba mais</p><p>Luiz Artur Ferraretto ministra aulas de Rádio no curso de Jornalismo</p><p>da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal</p><p>do Rio Grande do Sul e é autor de vários livros de jornalismo, como o</p><p>indicado a seguir:</p><p>FERRARETTO, L. A. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 2. ed. Porto</p><p>Alegre: Sagra Luzzatto, 2001.</p><p>Paul Chantler e Sim Harris já afirmavam em 1992 que, quando a televisão se popularizou, na década</p><p>de 1950, surgiram previsões</p><p>anunciando a morte do rádio. Contudo, o rádio continua empolgante</p><p>e diversificado, e milhões de pessoas buscam notícias de interesse através dele. Como já disse Billy</p><p>Collins, “o rádio é um meio perfeito para transmitir poesia, sobretudo porque há somente a voz, não há</p><p>distrações visuais” (tradução nossa).</p><p>Hoje, com suas múltiplas funções, esse meio de comunicação atinge cada vez mais ouvintes, e na</p><p>pandemia foi de grande importância, salvando vidas com a prestação de serviços essenciais à sociedade.</p><p>11</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Atualmente, a internet também dá suporte à transmissão radiofônica e viabiliza a interação entre</p><p>ouvintes e produtores para a divulgação imediata de muitas notícias. A rádio tradicional funciona por</p><p>meio de amplitude modulada (AM) ou frequência modulada (FM), enquanto uma rádio on‑line está</p><p>conectada a plataformas digitais, mas a principal diferença entre elas é o alcance dos ouvintes.</p><p>Com a internet e o novo jeito de fazer e ouvir rádio, o ouvinte pode acessar a programação jornalística</p><p>e as músicas, escutando‑as de onde estiver. São necessários um computador, notebook ou smartphone, e</p><p>o sinal transmitido é completamente digital, sem mais depender de antenas de transmissão para certo</p><p>alcance territorial, diferentemente das emissoras tradicionais.</p><p>A rádio on‑line usa plataformas de streaming para transmitir conteúdos ao vivo e gravados. Graças</p><p>aos podcasts, que podem ser ouvidos a qualquer hora e em qualquer lugar, as pessoas consomem cada</p><p>vez mais conteúdos via streaming.</p><p>Saiba mais</p><p>Hoje é possível ouvir rádios do mundo inteiro ao vivo. Basta um clique:</p><p>‘RADIO Garden’: ouça rádios do mundo inteiro ao vivo em mapa</p><p>interativo. Hypeness, 23 dez. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3vyFyeL.</p><p>Acesso em: 20 out. 2022.</p><p>Mesmo com o surgimento de outras mídias, o rádio continua o mais popular: apesar de todas</p><p>as facilidades da web rádio, uma pesquisa de 2022 da Kantar Ibope Media, realizada em 13 regiões</p><p>metropolitanas do Brasil, mostra que 80% das pessoas preferem escutar rádio no aparelho tradicional,</p><p>e mais de 60% o escutam em casa.</p><p>A pandemia, o isolamento social e o home office contribuíram para o aumento do consumo</p><p>nas residências. Aliás, na pandemia, muitos jornalistas não puderam trabalhar em home office, mas</p><p>tomaram todo o cuidado ao realizar seu trabalho presencialmente, sem deixar de transmitir informações.</p><p>Equipes foram reforçadas para informar a população, e o jornalismo tomou a frente com notícias de</p><p>utilidade pública.</p><p>Algumas emissoras veiculam jornais com imagens pela internet, e não apenas áudio, pois a tecnologia</p><p>de streaming permite a transmissão desses dados sem a necessidade de o usuário baixar o conteúdo,</p><p>acessando‑o de maneira on‑line. Um exemplo de plataforma que permite essa transmissão é o YouTube.</p><p>12</p><p>Unidade I</p><p>Saiba mais</p><p>Ouça no link a seguir o jornal Primeira hora, da Rádio Bandeirantes,</p><p>transmitido pela internet:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3GeMxhZ. Acesso em: 25 out. 2022.</p><p>1.1 O crescimento dos conteúdos de áudio na forma de podcasts</p><p>O sucesso do Spotify explica o boom do mercado de podcasts.</p><p>Matheus Riga</p><p>Figura 1</p><p>Adaptado de: https://bit.ly/40Eq1bL. Acesso em: 3 jan. 2023.</p><p>Durante a pandemia e com as medidas de isolamento, constatou‑se a necessidade de as pessoas</p><p>usarem muito a tela do computador, permanecendo várias horas em plataformas para reuniões, aulas</p><p>ou entrevistas, o que ocasionava um cansaço visual. Especialmente nesse período, cresceu muito o</p><p>consumo de podcasts. Os brasileiros hoje se interessam pelos conteúdos digitais em áudio, e a diversidade</p><p>dos assuntos atrai diferentes públicos, que buscam entretenimento e informação.</p><p>13</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>A internet surgiu no final dos anos 1960, e com a rede surgiram novas maneiras de se comunicar.</p><p>Em 2004, o jornal inglês The Guardian publicou um artigo em que se cunhava o termo podcast</p><p>(HAMMERSLEY, 2004). A palavra é uma junção de pod (personal on demand – numa tradução literal,</p><p>pessoal sob demanda), retirada de iPod, e broadcast (transmissão de rádio ou televisão).</p><p>Videocast é o podcast em vídeo, frequentemente distribuído em formato MP4 ou disponibilizado</p><p>em sites de streaming, como o YouTube, que usa essa tecnologia para transmitir vídeos em tempo</p><p>real. Em inglês, a palavra stream significa córrego ou riacho, e por isso a palavra streaming remete ao</p><p>fluxo – na tecnologia, indica um fluxo de dados ou conteúdo multimídia.</p><p>Um podcast não tem hora certa para ir ao ar, e, em vez de sintonizar numa emissora de rádio, podemos</p><p>ouvi‑lo pela internet.</p><p>Alunos da Universidade Paulista (UNIP) criam todos os anos vários podcasts no decorrer desta</p><p>disciplina, concebidos como avaliações semestrais e trabalhos de conclusão de curso. O resultado tem</p><p>sido muito positivo, e as produções são publicadas na internet. Assim, os alunos aprendem procedimentos</p><p>de triagem para definir a temática, criar a pauta e aprofundar a matéria, além de critérios de produção,</p><p>edição, sonoplastia e técnicas de reportagem, apresentação e redação de texto.</p><p>Veja a seguir alguns exemplos de podcasts elaborados por alunos da UNIP. Ao acessar os links, você</p><p>pode ouvir as produções.</p><p>Figura 2</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3WI2KmU. Acesso em: 22 nov. 2022.</p><p>14</p><p>Unidade I</p><p>Figura 3</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3QePPqe. Acesso em: 22 nov. 2022.</p><p>A produção apresentada na figura 3 faz parte do Parabólica, um podcast realizado em três episódios:</p><p>Figura 4</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3ibvoh5. Acesso em: 22 nov. 2022.</p><p>15</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Figura 5</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3vAAre2. Acesso em: 22 nov. 2022.</p><p>Figura 6</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3G6sMJo. Acesso em: 19 jun. 2022.</p><p>16</p><p>Unidade I</p><p>Figura 7</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3vDuOM9. Acesso em: 21 dez. 2022.</p><p>O Spotify, conhecido serviço de streaming de música, lançou sua própria plataforma de podcasting,</p><p>chamada Anchor. Nela, você pode criar seu podcast em formato de áudio ou vídeo e distribuí‑lo para</p><p>ser assistido nos aplicativos para celulares Android e iPhone e para os sistemas Windows e MacOS.</p><p>Com isso, pode ser acessado em todos os países que utilizam Spotify.</p><p>Saiba mais</p><p>O Anchor traz informações sobre a gravação e distribuição de podcasts</p><p>em seu site:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3WZ2DmA. Acesso em: 12 out. 2022.</p><p>Você ainda pode compartilhar podcasts do Spotify no Instagram Stories. É só entrar no app para iOS</p><p>ou Android, visitar a aba, navegar e encontrar o podcast que deseja.</p><p>17</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Observação</p><p>Diversos editores de áudio e vídeo podem ser usados na criação do seu</p><p>podcast. Para a edição de vídeos, uma opção mais simples e fácil de usar é</p><p>o VideoPad, e para o trabalho com áudio há o Audacity.</p><p>Com a crescente popularidade do formato, foi estabelecido o Dia Nacional do Podcast, celebrado em</p><p>21 de outubro. A Rádio Primeira, de São Vicente, na Baixada Santista, uma emissora on‑line, produziu</p><p>um programa especial para comemorar a data:</p><p>Figura 8</p><p>Disponível em: https://spoti.fi/3G8QViB. Acesso em: 21 out. 2022.</p><p>1.2 Análise do podcast O assunto</p><p>A multiplicidade e a pluralidade de vozes são sempre recomendáveis no</p><p>jornalismo, mas tornam‑se imperativas quando a sociedade está tão</p><p>polarizada, tão avessa ao contraditório.</p><p>Renata Lo Prete</p><p>O podcast diário O assunto, criado em 26 de agosto de 2019, discute temas brasileiros e internacionais.</p><p>Um dos principais podcasts do Brasil, já no seu primeiro semestre superou a marca de 7 milhões de</p><p>downloads. Esse sucesso traz junto grandes patrocinadores. O assunto virou referência e, segundo a</p><p>18</p><p>Unidade I</p><p>jornalista Renata Lo Prete, consolidou a liderança no segmento justamente sem renunciar à sobriedade</p><p>e ao compromisso com a notícia. Foi o primeiro de uma série de podcasts da equipe jornalística</p><p>do Grupo Globo, e logo se tornou o programa de áudio brasileiro mais baixado na América Latina</p><p>(O ASSUNTO…, 2020).</p><p>Figura 9</p><p>Fonte: Lo Prete</p><p>(2021).</p><p>19</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Ouça o podcast sobre a manifestação dos jovens contra o aquecimento</p><p>global na reunião do clima em 2021, na Escócia:</p><p>LO PRETE, R. O Assunto #570: clima – jovens à frente do movimento. G1,</p><p>1º nov. 2021. Disponível em: http://glo.bo/3GxQgsm. Acesso em: 3 jan. 2023.</p><p>Ao analisar o formato e conteúdo desse episódio, observamos que no início foi inserida uma</p><p>ilustração sonora para transportar o internauta ao local e explicar a temática. Em seguida, repórteres</p><p>e comentaristas apresentaram manchetes curtas para expor o assunto. Após a apresentação do tema,</p><p>com detalhes e dados, foram selecionadas opiniões sobre o acontecimento para também reforçar a</p><p>veracidade das informações. Em seguida, a apresentadora entra com as entrevistas contextualizadas</p><p>para aprofundar a temática e introduzir convidados e repórteres.</p><p>Os vários apresentadores e os muitos repórteres que formam essa equipe comprometida com a</p><p>divulgação da matéria usam casualmente na edição os sons ambientes e mais ilustrações sonoras com</p><p>passagens musicais para chamar a atenção do internauta e servir de complemento.</p><p>As repercussões e a diversidade de vozes para abranger o tema, sem posicionamentos e com muita</p><p>objetividade, fazem de O assunto, com duração de cerca de 30 minutos, uma rica e atraente produção.</p><p>Para publicar um podcast, os entrevistados devem autorizar o uso de sua imagem e voz, tanto</p><p>para fins acadêmicos quanto, dependendo do caso, para fins profissionais. Se foi produzido por um</p><p>profissional que trabalha em um veículo de comunicação do mercado e os entrevistados já estão cientes</p><p>que a matéria vai ao ar e concordam com a divulgação, o termo de autorização não se faz necessário.</p><p>As músicas que serão inseridas em um podcast, tanto para vinhetas quanto para ilustrações, também</p><p>precisam de autorização. Muitos alunos perguntam: ao produzir uma matéria jornalística para rádio ou</p><p>internet, com trechos de apenas 10 segundos de músicas, é preciso pagar direito autoral? A resposta é</p><p>sim, mesmo que a matéria não tenha fins lucrativos e os trechos musicais sejam curtos ou apenas para</p><p>ilustração. Quando você tiver que escolher uma música para seu próximo vídeo ou áudio, para evitar</p><p>problemas, opte por faixas disponíveis em bancos de áudio gratuitos, como a biblioteca de áudio do</p><p>YouTube, em que sempre há novas músicas.</p><p>Além disso, tome cuidado ao ilustrar o seu trabalho jornalístico com músicas, porque às vezes elas</p><p>fazem o efeito contrário. Se a música selecionada não for condizente com a matéria ou se perturbar o</p><p>ouvinte com a pouca qualidade, a produção fica prejudicada. A música tem que complementar</p><p>ideias e emoções.</p><p>Quem fiscaliza publicações com músicas, tanto na internet quanto em transmissões das emissoras</p><p>de rádio e TV, é o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), entidade privada brasileira</p><p>20</p><p>Unidade I</p><p>responsável por arrecadar e distribuir os direitos autorais das músicas aos seus autores. Hoje, para</p><p>fazer valer a legislação, existem algoritmos que logo identificam irregularidades, e muitas empresas de</p><p>comunicação já pagam com antecedência as taxas ao Ecad. Trabalhar com ética ainda é a melhor maneira.</p><p>Atualmente, o campo audiovisual cresceu bastante, e a produção em vídeo atrai muito os internautas.</p><p>Se a mensagem do seu podcast for em vídeo, pode ser chamada de videocast. Outra modalidade é o Vodcast,</p><p>abreviação de vídeo podcast, desenvolvida pela Jet‑Stream, uma empresa holandesa que descobriu uma</p><p>maneira de indicar a direção de arquivos que redirecionam o usuário para um streaming de vídeo.</p><p>Webcast, por sua vez, é a transmissão de áudio e vídeo ao vivo pela internet, utilizando a tecnologia</p><p>de streaming. Esse tipo de conteúdo pode ser distribuído por meio da internet ou de redes corporativas</p><p>e intranet.</p><p>Lembrete</p><p>O podcast é um arquivo de áudio transmitido pela internet em</p><p>plataformas de streaming que pode ser acessado a qualquer momento.</p><p>É  parecido com programas de rádio, e a diferença está no seu formato</p><p>digital, disponível apenas na internet.</p><p>Saiba mais</p><p>O Flow Podcast e o Podpah são exemplos de podcast em que os</p><p>apresentadores e convidados têm mais liberdade, sem conversa prévia e</p><p>sem pauta, com uma linguagem bem coloquial:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3jY0FEE. Acesso em: 5 jan. 2023.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3igWcwt. Acesso em: 5 jan. 2023.</p><p>Para produzir um podcast, é preciso conhecer o público‑alvo, entender para quem você vai contar</p><p>o assunto. É preciso saber ainda em quais regiões e classes sociais o seu produto vai ser consumido.</p><p>A Globo realizou uma pesquisa em parceria com o Ibope em julho de 2020 e constatou que 57% dos</p><p>ouvintes brasileiros de podcasts começaram a ouvi‑los na pandemia, e entre os que já os consumiam o</p><p>aumento na audiência foi de 31%. Foram entrevistadas mil pessoas em todo o país (PODCASTS…, 2021).</p><p>Ao analisar as classes sociais, a mesma pesquisa apurou que a classe C (51%) é a que mais escuta</p><p>podcasts, seguida pelas classes A/B (35%) e D (14%). Os brasileiros com idade entre 25 e 34 anos são</p><p>os que mais consomem esse formato, mas as outras faixas etárias não ficam muito atrás, confirmando</p><p>o caráter multigeracional do podcast. As regiões brasileiras que mais os consomem são Sudeste (46%)</p><p>e Nordeste (26%), seguidas de Norte/Centro‑Oeste (15%) e Sul (13%), e as plataformas mais acessadas</p><p>são YouTube (56%) e Spotify (40%), de acordo com a pesquisa.</p><p>21</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode acessar essa pesquisa pelo link:</p><p>PODCASTS e a crescente presença entre os brasileiros. Gente, 17 jul.</p><p>2021. Disponível em: https://bit.ly/3jH2cPn. Acesso em: 21 nov. 2022.</p><p>O que diferencia o podcast de um programa de rádio é seu formato digital, disponível somente na</p><p>internet, e o seu crescimento se justifica pelo fato de poder ser acessado a qualquer momento e onde</p><p>você quiser. Pelo smartphone, por exemplo, você pode ouvi‑lo tanto on‑line como off‑line: é só baixar</p><p>o áudio e salvá‑lo na plataforma de streaming.</p><p>Com a internet, o radiojornalismo também mudou. As emissoras podem adotar a programação no</p><p>formato podcast, que pode ser inserida na íntegra ou em trechos. Além disso, atualmente o profissional</p><p>de rádio é multiplataforma: ele trabalha com texto, som, foto e vídeo para publicar as informações</p><p>também nos sites.</p><p>Saiba mais</p><p>Um levantamento de 2021 apontou que o Brasil é o terceiro país que</p><p>mais ouve podcasts. Veja a notícia:</p><p>ÁUDIO digital em alta: Brasil está entre os países que mais consomem</p><p>podcasts. SindiRádio, 6 out. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3VIRWUh.</p><p>Acesso em: 22 nov. 2022.</p><p>2 PRODUÇÃO EM ÁUDIO</p><p>Uma boa produção radiofônica pode causar impacto social quando divulgada na mídia. Para isso,</p><p>deve ser completa, com detalhes que enriqueçam o programa na edição, na sonoplastia, nas passagens</p><p>musicais e nas chamadas. Cabe aqui observar a importância da repetição das chamadas na programação,</p><p>já que esta é rotativa e não se sabe em qual momento o ouvinte vai sintonizar determinado programa.</p><p>Hoje, com o rádio na internet, já é possível explicar o conteúdo na manchete e na foto, para o</p><p>internauta clicar no assunto de sua preferência. Nas emissoras tradicionais, no entanto, a chamada deve</p><p>ser especial, informativa e repetitiva, para que o tema e o conteúdo fiquem claros para o ouvinte e não</p><p>haja dupla interpretação ou desentendimento.</p><p>22</p><p>Unidade I</p><p>Saiba mais</p><p>Sugerimos que você assista ao documentário Orson Welles: la historia</p><p>detrás de “War of the worlds”, sobre a transmissão de rádio de A guerra</p><p>dos mundos, dirigida por Orson Welles, e seu impacto social e midiático.</p><p>O documentário está no YouTube, com legendas em espanhol, mas a</p><p>plataforma disponibiliza o recurso de legendas automáticas em português:</p><p>ORSON Welles: la historia detrás de “War of the Worlds”. 2 mar.</p><p>2012. 1 vídeo (11 min). Publicado pelo canal Ricardo Peri. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3IlbFGD. Acesso em: 15 out. 2022.</p><p>Também há resenhas do</p><p>livro publicadas na internet, como a</p><p>recomendada a seguir:</p><p>VINÍCIUS, P. Resenha: “A guerra dos mundos” de H. G. Wells. Ficções</p><p>Humanas, 4 jun. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3WZZjrt. Acesso em:</p><p>15 out. 2021.</p><p>Ao produzir um programa especial ou documentário, é essencial que o jornalista se aprofunde nas</p><p>histórias que serão divulgadas, seja lendo livros, ouvindo podcasts ou assistindo a programas de TV ou</p><p>vídeos na internet.</p><p>O jornalista radiofônico pode ainda analisar filmes, shows, peças teatrais, obras publicadas ou</p><p>programas em destaque nas diversas mídias.</p><p>Observação</p><p>Você pode criar um teaser, destacando uma declaração importante do</p><p>entrevistado para chamar atenção ao tema e o que será abordado a seguir.</p><p>Em geral, o teaser é usado na abertura ou no encerramento dos programas.</p><p>2.1 O segredo do texto radiofônico</p><p>O profissional de rádio se destaca pela facilidade de transmitir informações em tempo real. Para que</p><p>isso aconteça da maneira mais coloquial e objetiva possível, é necessário observar, treinar e se empenhar</p><p>na redação de bons textos. No início, é preciso redigir e ler, mas depois de algum tempo o profissional se</p><p>acostuma ao improviso da entrada ao vivo, pois, ao entender e praticar as técnicas de redação, a matéria</p><p>fica mais fácil de ser expressa.</p><p>23</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>O texto começa com o lead, a informação principal, e aborda as seguintes questões: o que, quem,</p><p>como, quando, onde e por quê. O lead precisa estar sempre atualizado, com frases curtas e pontuação</p><p>adequada para que o locutor não perca o fôlego, e depois se detalha a notícia. O ponto mais importante</p><p>deve estar sempre no início, e a retrospectiva dos acontecimentos, para não deixar o texto velho, pode</p><p>entrar em seguida.</p><p>Sempre recomendamos aos alunos que redijam o texto e o leiam em voz alta para saber se está</p><p>fácil de ser entendido, se há redundância na informação ou se alguma palavra poderia ser eliminada</p><p>ou substituída por outra mais simples, para que todos compreendam sem esforço. Um texto objetivo,</p><p>conciso, coloquial, claro e informativo ajuda o apresentador e facilita o entendimento do ouvinte,</p><p>que assimila melhor um texto atraente, sensacional. Observe, contudo, que sensacional é diferente</p><p>de sensacionalista: o ideal é um texto com informações interessantes e com repercussões que</p><p>tenham credibilidade.</p><p>Saiba mais</p><p>Diversos livros de radiojornalismo publicados no Brasil trazem técnicas</p><p>de redação, como os indicados a seguir:</p><p>BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de radiojornalismo: produção, ética e</p><p>internet. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Campus, 2003.</p><p>FERRARETTO, L. A. Rádio: teoria e prática. São Paulo: Summus, 2014.</p><p>MCLEISH, R. Produção de rádio: um guia abrangente de produção</p><p>radiofônica. 4. ed. São Paulo: Summus, 2001.</p><p>A repetição de palavras e as gírias, por exemplo, enfraquecem o texto, e só são usadas quando não</p><p>houver alternativa para a compreensão do tema. O redator deve ser exato ao descrever com detalhes a</p><p>notícia, de modo a fazer com que o ouvinte assimile rapidamente a informação. As regras gramaticais</p><p>são essenciais, e é importante escrever na ordem direta, com sujeito, depois verbo e em seguida o</p><p>predicado, pois isso facilita a assimilação do conteúdo. Tente evitar muitas vírgulas, quês e apostos para</p><p>simplificar ao máximo a narrativa. O texto radiofônico precisa ser acessível.</p><p>No Manual de jornalismo para rádio, TV e novas mídias, Barbeiro e Lima (2013) apontam técnicas</p><p>que podem ser usadas para redigir o texto considerando a instantaneidade do meio. Veja algumas das</p><p>suas colocações:</p><p>24</p><p>Unidade I</p><p>• o ouvinte só tem uma chance para entender, e quer ouvir rapidamente e assimilar o assunto;</p><p>• a mensagem se dissolve quando levada ao ar;</p><p>• o rádio exige agilidade do jornalista;</p><p>• a mensagem deve contar uma história, mas sem apelar a uma linguagem vulgar;</p><p>• o texto deve respeitar as regras do idioma;</p><p>• a pressa não é desculpa para textos mal redigidos;</p><p>• a concentração é fundamental para elaborar textos em tempo hábil e sem erros;</p><p>• o uso do ontem no lead envelhece a notícia no rádio;</p><p>• os artigos não devem ser suprimidos, especialmente nas manchetes;</p><p>• as siglas mais conhecidas e de partidos políticos não precisam ser desdobradas;</p><p>• a adjetivação excessiva ou inadequada enfraquece a qualidade do texto.</p><p>Saiba mais</p><p>Sugerimos a leitura do livro de Barbeiro e Lima (2013), porque essas</p><p>técnicas e informações são utilizadas até hoje:</p><p>BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. Manual de jornalismo para rádio, TV e novas</p><p>mídias. Rio de Janeiro: Campus, 2013.</p><p>Algumas redações têm manuais específicos. O jornalista e escritor Thiago Uberreich (2017) publicou</p><p>um manual de redação para uso interno da rádio Jovem Pan, apontando que não teve a pretensão de</p><p>mostrar regras absolutas para o texto jornalístico de rádio:</p><p>Existem opiniões, estilos e formatos diferentes, dependendo da emissora e</p><p>da corrente editorial. Mas o que ninguém discute é a clareza que o texto de</p><p>rádio deve ter. Quanto mais cuidadoso for o texto, mais chamativo será para</p><p>o ouvinte. Não devemos nos esquecer que o rádio não pode ser improvisado</p><p>a todo o momento. O texto tem de ser o guia para quem trabalha no rádio.</p><p>Quanto mais enxuto e conciso, mais direto o repórter, o editor e até o</p><p>apresentador serão.</p><p>25</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Chantler e Harris (1992) dão algumas dicas de redação do texto. Sobre o modo coloquial de se</p><p>expressar no rádio, eles têm a seguinte opinião:</p><p>Quando você escreve para ser ouvido, o que você faz é simplesmente</p><p>armazenar palavras no papel para depois dizê‑las às pessoas, na linguagem</p><p>oral. No entanto, escrever para rádio nem sempre segue as normas dos</p><p>livros de gramática, porque muitas vezes é necessário escrever como se fala</p><p>(CHANTLER; HARRIS, 1992, p. 54)</p><p>É importante que cada trecho contenha informação, apresentada com palavras e frases curtas, pois</p><p>é preciso escrever de modo simples para atingir um público heterogêneo. Além disso, confira sempre</p><p>se o texto que você redigiu não está tendencioso ou parcial, com excesso de adjetivos ou informações</p><p>supérfluas. Para escrever para rádio, é preciso saber cortar palavras desnecessárias ou que poderiam</p><p>comprometer pessoas. Vale repetir que nada é melhor para o jornalista do que ter uma postura ética.</p><p>Muitas são as opiniões hoje sobre qual seria o melhor formato, se texto corrido ou manchetado.</p><p>Uberreich (2017) explica o porquê de se fazer um texto em manchete:</p><p>A manchete no rádio é uma frase com, no máximo, duas linhas, usando uma</p><p>fonte 14. As manchetes são intercaladas por um espaço em branco para</p><p>facilitar a leitura e detectar as palavras repetidas. Algumas emissoras de</p><p>rádio aboliram o texto manchetado por não trabalharem mais com locutores.</p><p>O texto começou a ser feito no formato de manchete pelos redatores</p><p>justamente para facilitar a leitura dos locutores. Os textos são feitos em</p><p>manchete par, já que normalmente são dois presentes no estúdio. Outras</p><p>rádios pararam de usar a manchete por acreditar que, abolindo o formato, o</p><p>texto seria mais moderno, menos formal. Discordo dessa tese. O texto pode</p><p>ser moderno, independente ou não de estar manchetado. O fato é: escrever</p><p>no formato de manchete, independente de quem vai ler, um locutor ou você</p><p>mesmo, o texto fica mais claro. Você consegue observar melhor o texto,</p><p>ao contrário das sentenças agrupadas. Devemos lembrar que o texto será</p><p>ouvido por alguém. Com o texto manchetado, você detecta, por exemplo, as</p><p>palavras repetidas com mais facilidade. E outra: com a manchete tendo, no</p><p>máximo, duas linhas, quem estiver lendo não vai perder o fôlego.</p><p>O jornalista de rádio, como todo jornalista, precisa estar bem informado para saber contar a história</p><p>e se aprofundar na notícia. A redação de um texto exige conhecimento e pesquisa, e para relatar um</p><p>acontecimento podemos imaginar um quadro: tente descrever as cores, a paisagem, os personagens, a</p><p>riqueza de detalhes e até a moldura; tente passar ao ouvinte a emoção,</p><p>o que esse cenário transmite e</p><p>com o que nos permite sonhar.</p><p>26</p><p>Unidade I</p><p>Nem todas as imagens, no entanto, nos permitem sonhar com bons momentos. Veja as imagens</p><p>utilizadas em matérias sobre a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26):</p><p>Figura 10</p><p>Fonte: Jatobá (2021).</p><p>27</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Figura 11</p><p>Fonte: Passarinho (2021).</p><p>Trata‑se de um cenário de poluição na figura 10 e desmatamento na figura 11. Você está vendo essas</p><p>fotos, mas o ouvinte não as vê: ele vai entender o contexto com as suas palavras. O que essas fotos</p><p>transmitem? O que pode estar relacionado a este assunto para você descrever no seu texto e informar o</p><p>conteúdo da matéria? Se você entrar ao vivo em uma emissora de rádio ou produzir um podcast sobre</p><p>isso, terá que detalhar a imagem, transmitir seu significado e alertar sobre os acontecimentos atuais</p><p>relacionados a esta temática.</p><p>28</p><p>Unidade I</p><p>Hoje, vivemos em sério atrito com o meio ambiente, e isso causa desgastes e pandemias. Muitas</p><p>pessoas não reconhecem que os recursos da natureza são finitos e que temos a obrigação de preservar</p><p>o meio em que vivemos para não faltarem recursos às futuras gerações. É uma questão de solidariedade</p><p>tornar o mundo mais sustentável e cuidar das árvores, dos pássaros, da natureza.</p><p>Muitos profissionais do rádio se especializam em jornalismo ambiental, e várias emissoras há tempos</p><p>dão grande destaque ao tema para levar informações e alertar as pessoas. Na unidade II, vamos estudar</p><p>mais detalhadamente o jornalismo ambiental no rádio e explicar como a mídia pode abordar e esclarecer</p><p>essa temática para ajudar as pessoas a viver melhor.</p><p>2.2 Edição com ética</p><p>Editar é selecionar as várias sonoras de uma entrevista realizada para transmitir um acontecimento.</p><p>A edição resumida, mas que não perde os principais detalhes, torna o relato explicativo e atraente.</p><p>O editor precisa conhecer o assunto e escolher e organizar as entrevistas e matérias para transmitir</p><p>informações claras e objetivas num tempo adequado, de maneira que o ouvinte entenda a sequência.</p><p>A tarefa do editor é revisar o material e simplificar e destacar os principais trechos para que tudo fique</p><p>informativo e interessante. Editar é eliminar trechos desnecessários das entrevistas, mas sem dar a</p><p>impressão de artificialidade, já que é preciso preservar o ritmo das falas de maneira natural.</p><p>As primeiras frases fazem a diferença, pois devem cativar a audiência para que o ouvinte não mude</p><p>de emissora ou clique em outro site. Além disso, corrigir os erros das sonoras é essencial, como eliminar</p><p>tosses e silêncio em demasia – mas fique atento à respiração do entrevistado, para que o corte de edição</p><p>não fique muito brusco.</p><p>Preservar o verdadeiro sentido do assunto é primordial. O jornalista pode até ser processado caso</p><p>inverta a ordem das informações gravadas em determinada entrevista. A sonoras precisam ser significativas</p><p>e verdadeiras.</p><p>Também tenha cuidado ao editar a matéria para não a deixar redundante e, quando escrever o texto</p><p>do locutor, observe se não está apenas repetindo as palavras ditas pelo entrevistado. O importante é que</p><p>a sonora do entrevistado complemente o texto do locutor.</p><p>2.3 Manual de radiojornalismo</p><p>Barbeiro e Lima (2003) esclarecem no Manual de radiojornalismo: produção, ética e internet a</p><p>maneira mais simples e os cortes ideais para uma boa edição. Além de sugerir a leitura desse livro,</p><p>deixamos aqui algumas de suas orientações:</p><p>• As sonoras devem ser as mais opinativas possíveis. O contexto e o enredo devem estar no texto</p><p>redigido pelo editor.</p><p>29</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>• O editor não opina no texto, quem opina é o entrevistado. Sonoras opinativas são sempre mais</p><p>contundentes e chamam mais a atenção do ouvinte.</p><p>• Não se pode mudar o sentido da entrevista ou se posicionar a favor ou contra uma ideia, já que o</p><p>bom editor deve ser imparcial e mostrar sempre a realidade dos fatos.</p><p>• Sonoras que contenham emoção também rendem boas edições. Um choro, uma gargalhada ou</p><p>uma frase em tom de desabafo às vezes dizem mais que uma declaração de 50 segundos. Mas</p><p>é preciso cuidado: a emoção pode ser tanto um instrumento enriquecedor quanto o caminho</p><p>para desinformação.</p><p>• Grandes acontecimentos, como um julgamento de grande impacto na opinião pública, sessões</p><p>de uma comissão parlamentar de inquérito ou outro grande assunto, merecem tratamento de</p><p>edição especial.</p><p>• O editor‑chefe tem a função de coordenar o trabalho de outros editores e fica encarregado da</p><p>avaliação editorial, que, dependendo de cada veículo de comunicação, pode ter uma linha a</p><p>ser seguida.</p><p>Muitos entrevistados fazem cursos para falar um tempo a mais sobre o assunto e ficar em evidência.</p><p>No livro Mídia training: como usar a mídia a seu favor, Barbeiro (2015, p. 13) explica:</p><p>a imprensa pode contribuir para que sua organização obtenha o atributo</p><p>de credibilidade. Não o único caminho, mas é um dos mais percebidos pela</p><p>sociedade. Ela ajuda a construir a admirabilidade da marca, porque tem</p><p>grande influência na opinião pública.</p><p>A habilidade e eficácia do editor entram em ação quando não existe um trecho certo para edição, ou</p><p>seja, quando o entrevistado não encerra o raciocínio de modo objetivo e a fala permanece sem ponto.</p><p>Muitas vezes essa postura é proposital, mas às vezes pode ser falta de clareza do entrevistado.</p><p>Observação</p><p>Existem programas gratuitos e simples para editar arquivos MP3, como</p><p>o já mencionado Audacity, o Cakewalk by BandLab ou o mpTrim.</p><p>2.4 A importância de uma boa locução</p><p>Antes de adentrar o assunto desta seção, cabe apontar a diferença entre o trabalho do locutor e o</p><p>do apresentador, conforme Ferraretto (2014, p. 83):</p><p>30</p><p>Unidade I</p><p>Se o locutor tem a leitura como base do seu trabalho, o apresentador</p><p>fundamenta a sua atividade em uma espécie de improviso estruturado,</p><p>embora essa expressão pareça contraditória. Cada vocábulo dito por ele não</p><p>corresponde necessariamente a uma palavra previamente escrita – daí o</p><p>improviso –, mas a condução do programa orienta‑se por um roteiro ou</p><p>espelho elaborado antes da transmissão, de onde se explica o estruturado.</p><p>Os apresentadores de uma emissora all news precisam ser bem informados, conhecer os temas que</p><p>serão repercutidos e saber interpretar os fatos, principalmente ao entrevistar pessoas ao vivo. No caso</p><p>de uma rádio musical, além de anunciar com clareza e interpretar bem, o apresentador precisa também</p><p>conhecer os fatos, porque mesmo em emissoras musicais há alguns noticiários. É bom enfatizar que o</p><p>jornalista, independentemente da função desempenhada – se a de locutor, apresentador ou outra –, tem</p><p>que estar sempre atualizado, ler bastante, ouvir noticiários de rádio e TV, acessar sites oficiais ou mesmo</p><p>alternativos, ler jornais, livros e revistas para poder complementar seu conhecimento.</p><p>Falar no rádio exige interpretação de texto e, para isso, você deve se concentrar ao máximo,</p><p>principalmente se a entrada for ao vivo. Além disso, o bom locutor sabe pronunciar as palavras</p><p>corretamente, valoriza os pontos e as vírgulas, dá ênfase ao assunto que está sendo divulgado e transmite</p><p>o fato de maneira clara e precisa.</p><p>Para se tornar um bom locutor, é preciso treino, e para isso existem vários livros e cursos sobre a</p><p>prática de locução.</p><p>Figura 12</p><p>Fonte: César (2010).</p><p>31</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Indicamos a leitura da obra de Cyro César, pois traz apontamentos</p><p>essenciais para a aprendizagem:</p><p>CÉSAR, C. Como falar no rádio: prática de locução AM e FM. São Paulo:</p><p>Summus, 2010.</p><p>Além de publicar livros sobre locução, o radialista Cyro César</p><p>gravou também vários vídeos no YouTube, que podem ser acessados</p><p>para treinamento:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3GQg42U. Acesso em: 18 jan. 2022.</p><p>O Senac disponibiliza cursos de locução para rádio tradicional e podcast. No trecho “O que vou</p><p>aprender?” do site do curso para podcast, o Senac indica as várias técnicas e estilos de locução que</p><p>pretende abordar:</p><p>—</p><p>Conhecer os tipos de plataformas e transmissões de podcast</p><p>— Usar técnicas e estilos de locução como comercial, entrevista,</p><p>musical, variedades, publicitário e documental</p><p>— Interpretar peças em áudio</p><p>— Fazer entrevistas em áudio para diversas mídias</p><p>— Improvisar em situações inesperadas</p><p>— Diferenciar textos informativos e opinativos</p><p>— Usar a voz com precisão e clareza</p><p>— Utilizar equipamentos de captação e gravação de áudio como</p><p>microfones, gravadores, fones de ouvido e softwares</p><p>— Fazer a projeção vocal usando os equipamentos (LOCUÇÃO…, [s.d.]).</p><p>32</p><p>Unidade I</p><p>Saiba mais</p><p>Para saber mais sobre esses cursos, aqui indicados porque são muito</p><p>práticos e interessantes para complementar os estudos, você pode acessar</p><p>o site do Senac.</p><p>LOCUÇÃO para podcast. Senac, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3X5dYRY.</p><p>Acesso em: 28 nov. 2022.</p><p>Muitos alunos, no início de cada ano letivo, contam em segredo que não querem falar no rádio, pois</p><p>não gostam da própria voz. Em resposta, sempre observamos que existem vozes diferentes, diversificadas,</p><p>e que seria muito triste e até bem chato se todas as vozes fossem iguais, pois é essa diversidade que</p><p>forma a riqueza de uma equipe. É o timbre que permite diferenciar as vozes em uma conversa, e isso</p><p>se torna essencial no rádio, já que não podemos ver as imagens. O mesmo acontece no podcast.</p><p>Ao fazer entrevistas, você percebe como a voz reflete o estado emocional das pessoas. Usamos a</p><p>nossa voz para expressar sentimentos, e existem maneiras diferentes de transmitir uma informação;</p><p>contudo, em todas podemos falar numa linguagem mais coloquial, da maneira como conversamos, para</p><p>poder interagir com o ouvinte e transmitir as informações com clareza.</p><p>Quando falamos da alegria das pessoas em um desfile de uma escola de samba no carnaval, por</p><p>exemplo, nossa euforia se manifesta de uma maneira, e ao divulgar a tristeza com o número de pessoas</p><p>que morreram em consequência da covid‑19, a interpretação é outra. É claro que o repórter tenta ser</p><p>imparcial, mas esses casos pedem uma interpretação diferenciada, e o repórter geralmente está incluído</p><p>no meio dos acontecimentos.</p><p>No caso do apresentador de um radiojornal, que deve informar tanto as notícias alegres como as</p><p>tristes, a fala deve seguir firme e objetiva, com uma leve mudança na entonação. Preste atenção no</p><p>modo como um noticiário em emissoras de rádio tradicionais ou na internet é apresentado.</p><p>Se a entrada do repórter na emissora for ao vivo e de improviso, é importante deixar a emoção</p><p>de lado em algumas coberturas e transmitir os acontecimentos objetivamente, para que o ouvinte</p><p>compreenda a informação sem vieses. O locutor deve transmitir a notícia de maneira clara, sem pular ou</p><p>atropelar palavras, para que o ouvinte entenda perfeitamente o conteúdo.</p><p>A apresentação de um comercial, por sua vez, é mais teatral, diferente da jornalística, que tem ritmo</p><p>e objetividade. É necessário ser expressivo sem ser emotivo. O importante é comunicar o fato, mudar</p><p>o tom, fazer algumas pausas e usar certa expressividade para conquistar o ouvinte.</p><p>O locutor deve ler o texto antes da apresentação sempre que o tempo permitir. Há, no entanto, fatos</p><p>que acontecem quando o profissional já se encontra no estúdio, apresentando o noticiário, e a leitura</p><p>não pode ser feita com antecipação; neste caso, a boa leitura depende da prática do profissional.</p><p>33</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>A linguagem para o podcast também é a radiofônica, e a locução segue métodos tradicionais que já</p><p>foram testados e aprovados.</p><p>Várias técnicas podem ser exploradas para melhorar a pronúncia e divulgar a informação de maneira</p><p>mais atraente, convidativa. Além dos recursos e técnicas usados na apresentação de uma matéria, alguns</p><p>profissionais, como fonoaudiólogos, nos auxiliam a melhorar a dicção e interpretação.</p><p>Lembrete</p><p>O modo como o apresentador conversa com o ouvinte faz toda a</p><p>diferença. Você sabe que o texto deve ser objetivo, simples e claro, e a</p><p>interpretação precisa ser a mais coloquial possível para que haja interação.</p><p>Veja algumas técnicas para exercitar a locução:</p><p>• inspirar antes do início da frase;</p><p>• pontuar corretamente para não perder o sentido;</p><p>• falar de maneira segura;</p><p>• manter a tranquilidade;</p><p>• não se exaltar nem exagerar no tom;</p><p>• falar com naturalidade, pois ajuda na interpretação;</p><p>• alterar a altura de voz quando o som ambiente estiver elevado;</p><p>• usar o silêncio para significar distância e reflexão;</p><p>• não ignorar os detalhes do final da frase.</p><p>Muitas pessoas gesticulam bastante, e os gestos podem ajudar a apresentar um fato, a enfatizar</p><p>palavras. Contudo, você só pode abusar da gesticulação se a emissora não estiver ao vivo, pois, da</p><p>mesma maneira que as mãos podem auxiliar, também podem tornar o visual cansativo.</p><p>Observação</p><p>Os italianos, conhecidos pela personalidade extrovertida, têm o</p><p>hábito de falar com as mãos, e algumas pontuações da história indicam</p><p>que esses gestos foram sendo criados pelos oradores da Roma Antiga e</p><p>imitados pelo povo.</p><p>34</p><p>Unidade I</p><p>Existem vários exercícios de relaxamento indicados para a voz, como vibrar os lábios, emitindo o som</p><p>“brrrrrr”, e bocejar várias vezes para relaxar articulações e musculatura. Um bom fonoaudiólogo pode</p><p>sugerir os melhores exercícios em cada caso e trabalhar a musculatura da face para melhorar a voz.</p><p>Saiba mais</p><p>Além de se consultar com fonoaudiólogos, você pode assistir a alguns</p><p>vídeos sobre o assunto na internet:</p><p>EXERCITE os músculos da face e melhore sua voz! (com dicas):</p><p>#Comunica. 14 maio 2018. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal Cá me</p><p>disse. Disponível em: https://bit.ly/3WYgx8A. Acesso em: 29 nov. 2022.</p><p>O filme O discurso do rei (2010), que em 2011 ganhou o Oscar de Melhor Filme e outras três estatuetas,</p><p>é indicado para motivar estudantes que iniciam a trajetória no mundo comunicacional e que pretendem</p><p>gravar podcasts ou fazer reportagens radiofônicas.</p><p>Figura 13</p><p>Fonte: O discurso… (2010).</p><p>35</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Nesta história, o príncipe Albert da Inglaterra é o próximo a ascender ao trono como rei George VI,</p><p>mas ele se sente inferiorizado e incapaz porque tem um problema de fala. A mulher do príncipe, então,</p><p>contrata um fonoaudiólogo para ajudá‑lo a superar a gagueira. No decorrer do tratamento, surge uma</p><p>grande amizade entre o príncipe e o fonoaudiólogo, que usa meios não convencionais para ensinar</p><p>o futuro monarca a falar com segurança. O filme dá exemplos de superação e mostra todo o empenho</p><p>necessário para vencer o medo de falar em público.</p><p>Observação</p><p>Para manter uma boa voz é preciso cuidar da saúde, se alimentar de</p><p>maneira saudável, ter disciplina, não tomar muito gelado, evitar o fumo e</p><p>dormir pelo tempo apropriado.</p><p>3 DEFINIÇÃO DE PAUTAS</p><p>Notícia: aquilo que é novo, interessante e verdadeiro.</p><p>Robert McLeish</p><p>Em uma entrevista com um ministro da Saúde sobre a eficácia da dose de reforço da vacina contra</p><p>a covid‑19, quais seriam as perguntas essenciais a fazer ao entrevistado para permitir que o ouvinte ou</p><p>internauta entenda claramente o porquê dessa vacina?</p><p>Primeiramente, é preciso pesquisar o assunto para desenvolver a pauta. Se for um acontecimento</p><p>inesperado e imediato e você não tiver tempo para pesquisar, saiba fazer as perguntas principais,</p><p>começando com as do lead. As perguntas a seguir, por exemplo, podem ser inseridas na pauta para</p><p>desenvolver a reportagem:</p><p>• Ministro, quais vacinas pedem dose de reforço nesse esquema vacinal?</p><p>• Repetir as doses da vacina mantém a proteção contra os casos graves?</p><p>• Quais são as vacinas liberadas pelo governo para a próxima dose?</p><p>• E quem tomou a vacina Janssen, que, segundo os cientistas, seria em dose única, tem que tomar</p><p>reforço?</p><p>• Quem não tomar a dose de reforço fica desprotegido?</p><p>• O governo vai disponibilizar vacinas suficientes?</p><p>36</p><p>Unidade I</p><p>• O anúncio feito pelo governo causou dúvidas sobre o intervalo ideal entre as doses, principalmente</p><p>da Janssen. Como vai funcionar esse reforço?</p><p>• Qual é o</p><p>intervalo ideal para cada dose das vacinas? Varia de acordo com cada estado?</p><p>• Hoje, quais são os dados sobre a eficácia das vacinas aplicadas no Brasil, como as da AstraZeneca,</p><p>Pfizer, Coronavac e Janssen?</p><p>• Quais são os índices esperados para alcançar a imunidade coletiva?</p><p>Às vezes, você precisa fazer perguntas básicas mesmo que saiba as respostas, pois é importante que</p><p>elas surjam das palavras do entrevistado para que a população assimile o fato.</p><p>Observação</p><p>O pauteiro deve seguir a linha editorial da empresa e considerar</p><p>seu público‑alvo.</p><p>E agora, a pauta caiu? Esta é uma questão que frequentemente ouvimos nas redações. Algumas</p><p>perguntas da pauta podem ser derrubadas ou dependem da resposta de cada entrevistado.</p><p>Às  vezes, as  informações disponíveis sobre os fatos mudam, e a pauta precisa ser refeita ou perde</p><p>totalmente a validade.</p><p>Ocasionalmente, os redatores e repórteres se empenham na produção de determinada matéria, mas</p><p>as informações mudam ou a chefia de redação pede para abrir espaço a outros acontecimentos mais</p><p>importantes, que precisam ser transmitidos com maior urgência. Dificilmente os profissionais gostam</p><p>de cancelar a própria reportagem, pois foi trabalhada com empenho e dedicação para ser transmitida</p><p>em determinado momento.</p><p>Há ainda casos em que o repórter grava o áudio e não percebe que a qualidade sonora ficou ruim.</p><p>Esse é outro motivo para descartar o próprio trabalho, já que rádio é som e precisa estar bem audível.</p><p>Tudo precisa ser bem checado para que a notícia em tempo real seja divulgada sem erro e não fique</p><p>desatualizada.</p><p>37</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>3.1 A notícia</p><p>A primeira essência do jornalismo é saber o que se quer saber, a segunda é</p><p>descobrir quem o vai dizer.</p><p>John Gunther</p><p>A notícia é o mais comum dos gêneros jornalísticos: um texto informativo curto, claro, direto,</p><p>objetivo. Toda notícia deve ser atual e verdadeira para interessar aos ouvintes, e o conteúdo deve ser</p><p>preciso e importante para a vida política, econômica e cotidiana. Existem as hard news, que são as</p><p>notícias mais pesadas, mais importantes, e as soft news, mais leves, envolvendo assuntos menos tensos,</p><p>como cultura, esporte e entretenimento. Independentemente da categoria, a informação precisa ser</p><p>interessante, sempre com algum dado novo.</p><p>Para fazer a triagem dos fatos e filtrar as informações, é necessário adotar alguns critérios e valores,</p><p>descobrindo o que o público gostaria de saber, qual informação agradaria mais, qual notícia seria</p><p>urgente de acordo com o perfil do ouvinte. Escolha os acontecimentos mais divulgados nas várias</p><p>mídias, considerando a proximidade geográfica, fatos de interesse nacional ou internacional, pessoal</p><p>ou econômico, notícias que causam surpresa e impacto ou que provocam indignação. Divulgue os</p><p>fatos com as devidas repercussões – por exemplo, se a notícia afeta o seu bolso, se causa injustiça, se</p><p>aconteceram catástrofes com grandes perdas de vida ou bens.</p><p>Observação</p><p>O bom humor também é importante para a seleção do noticiário, assim</p><p>como a originalidade, com descobertas e invenções.</p><p>O lead, a primeira parte da notícia, é essencial para o texto jornalístico. Trata‑se, na realidade, de um</p><p>resumo das principais informações atualizadas.</p><p>Lembrete</p><p>No lead, é preciso desenvolver o assunto respondendo seis perguntas</p><p>básicas: o que, quem, como, quando, onde, por quê. A ordem pode variar,</p><p>mas, para que o texto fique bem informativo, é importante que se responda</p><p>a estas questões.</p><p>38</p><p>Unidade I</p><p>Observe o lead da notícia divulgada no site da Jovem Pan:</p><p>Figura 14</p><p>Fonte: Protesto… (2021).</p><p>Como podemos ver, o lead responde às seis perguntas básicas:</p><p>• o que: uma manifestação;</p><p>• quem: ativistas;</p><p>• como: policiais disparando tiros para o ar e realizando prisões;</p><p>• quando: sexta‑feira, 19 de novembro de 2021;</p><p>• onde: Roterdã, Holanda;</p><p>• por que: endurecimento das restrições da covid‑19.</p><p>Para publicar a notícia no site, é preciso selecionar uma foto e uma chamada que prendam a atenção</p><p>do internauta para que clique na matéria. Se esta notícia for publicada como podcast, também é preciso</p><p>escolher uma boa imagem.</p><p>39</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>3.2 Triagem com critérios</p><p>É um erro terrível teorizar antes de termos informação.</p><p>Arthur Conan Doyle</p><p>As notícias selecionadas para um noticiário devem atender a alguns critérios de importância e busca</p><p>da verdade. A informação precisa ser clara e objetiva para que o ouvinte não entenda o acontecimento</p><p>de maneira equivocada. Detalhar a informação e acrescentar novas fontes enriquece o assunto.</p><p>Cada tema exige uma técnica até para fazer a triagem, porque não se pode misturar, por exemplo,</p><p>festas e acidentes ou catástrofes, e não se deve ser parcial na escolha. É preciso saber apurar, averiguar,</p><p>indagar, conhecer a fundo o que se pretende noticiar. É importante saber perguntar para oferecer ao</p><p>ouvinte as respostas mais adequadas.</p><p>Buscar evidências e o maior número possível de ângulos para contar uma história é regra do</p><p>jornalismo. O jornalista seleciona as informações que chegam na redação e vai atrás das melhores</p><p>fontes para checar e confirmar as evidências, sem fazer pré‑julgamentos e sem pressupor, para não</p><p>influenciar o ouvinte.</p><p>Lembrete</p><p>Não é função do jornalista acusar, defender ou julgar.</p><p>Pessoas, instituições, documentos, e‑mails, polícia, bombeiros, hospitais e outras organizações são</p><p>fontes de informação, assim como os comunicados enviados por diversas entidades e assessorias de</p><p>imprensa, além de informações prestadas por funcionários públicos, especialistas, livros, relatórios.</p><p>Várias pesquisas são feitas pela internet, mas é preciso consultar sites seguros e sempre checar as fontes.</p><p>O objetivo é informar fatos importantes para a sociedade, acompanhar o dia a dia e transmitir</p><p>ocorrências reais, sem interferências ou fake news. É importante estar atento aos acontecimentos e</p><p>acompanhar a repercussão de uma notícia para que o ouvinte fique atualizado.</p><p>Muitas vezes, o repórter testemunha o fato ou coleta testemunhos, reconstituindo os acontecimentos</p><p>com o depoimento das pessoas. Algumas fontes são anônimas, porque quem presta informações pede</p><p>que sua identidade seja preservada, pois vive situação de risco.</p><p>Fontes oficiais são autorizadas a falar em nome de instituições, partidos ou grupos, empresas ou</p><p>organizações. Fontes oficiosas, por sua vez, entendem do tema, mas não são autorizadas a falar em</p><p>nome do segmento ou área do conhecimento, pois são independentes e testemunhais.</p><p>40</p><p>Unidade I</p><p>Observação</p><p>Compare os fatos mais relevantes e aprofunde‑se nos fatos mais</p><p>importantes.</p><p>Como já disse Heródoto Barbeiro (2015), “a mídia sabe que não consegue vender notícia velha, por</p><p>isso não tente dar notícia ultrapassada ao jornalista”. As emissoras de rádio têm sempre o noticiário</p><p>atualizado e buscam em tempo integral novas informações. Deixamos como exemplo a CBN, que</p><p>também publica as últimas notícias no seu site.</p><p>Figura 15</p><p>Disponível em: http://glo.bo/3X1Y2jw. Acesso em: 10 jan. 2023.</p><p>41</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>A Rede CBN está presente em diversas cidades. A CBN São Paulo, por</p><p>exemplo, está ao vivo nas frequências 90.5 FM e 780 AM. As diversas</p><p>programações da rede podem ser ouvidas também on‑line:</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3XgY1Ze. Acesso em: 10 jan. 2023.</p><p>3.3 Tipos de entrevista</p><p>Para produzir uma reportagem, é essencial conversar com a pessoa certa ou com várias fontes que</p><p>possam conceder informações mais detalhadas sobre determinado assunto. Notícias que repercutem</p><p>merecem ser aprofundadas, e ganha quem tem mais dados para complementar o tema.</p><p>Há vários tipos de entrevistas: informal, noticiosa, interpretativa, emocional, coletiva, exclusiva,</p><p>ao vivo etc. Chantler e Harris (1992) definem a entrevista informal como aquela que revela fatos ou</p><p>informações, e apontam para a aplicação do lead no desenvolvimento do assunto. Analise no exemplo</p><p>a seguir a notícia publicada em 29 de novembro de 2021, no</p><p>site do Terra:</p><p>Figura 16</p><p>Fonte: Ferrari (2021).</p><p>42</p><p>Unidade I</p><p>Veja como o lead da entrevista responde às perguntas básicas:</p><p>• o que: o risco global da variante Ômicron é muito alto;</p><p>• quem: Organização Mundial da Saúde;</p><p>• como: documento enviado aos governos;</p><p>• quando: 29 de novembro de 2021;</p><p>• onde: África do Sul;</p><p>• por que: pode haver outro pico da covid‑19 com consequências graves.</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode ouvir esta matéria gravada no site do Terra:</p><p>FERRARI, L. Risco global da ômicron é “muito alto”, diz OMS; G7 se</p><p>reúne. Terra, 29 nov. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3IpMPFo. Acesso</p><p>em: 29 nov. 2022.</p><p>Na entrevista interpretativa, o entrevistado comenta fatos já divulgados. Por exemplo: o preço da</p><p>gasolina subiu novamente. Que tipo de impacto isso vai ter na inflação? No caso, seria necessário</p><p>que um especialista analisasse o assunto. Veja a matéria a seguir, publicada no site da revista digital</p><p>Auto Esporte. Observe também a foto que ilustra o conteúdo.</p><p>43</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Figura 17</p><p>Fonte: Albuquerque (2021).</p><p>44</p><p>Unidade I</p><p>Inicialmente são apresentadas as informações do tema, seguidas da entrevista com o especialista</p><p>André Braz, coordenador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, que interpreta</p><p>o impacto do aumento na inflação.</p><p>Exemplo de aplicação</p><p>Você poderia gravar um boletim radiofônico – bem objetivo e simples, com duração máxima de</p><p>5 minutos – para uma emissora tradicional ou um podcast para um site sobre o impacto do preço dos</p><p>combustíveis na inflação.</p><p>Como seria essa produção? Você poderia, por exemplo, inserir no texto de abertura as informações</p><p>sobre o aumento do preço dos combustíveis. Em seguida, entraria a sonora gravada de André Braz, que</p><p>você entrevistaria, editando o trecho principal. Na sequência teria o pé da matéria e o seu encerramento</p><p>como repórter.</p><p>Depois do texto redigido e da sonora editada, é só gravar.</p><p>Você poderia também salvar esse mesmo boletim em MP3 no formato podcast e publicar no site da</p><p>emissora com a foto e a chamada.</p><p>A entrevista emocional é a mais complicada, porque o profissional precisa cobrir as várias</p><p>manifestações emocionais, como a euforia em um jogo de futebol ou no carnaval e a tristeza em</p><p>acidentes, desastres e mortes. Às vezes, o próprio profissional se envolve com a alegria de um evento</p><p>esportivo ou as consequências de uma pandemia. Um exemplo disso foi a entrada ao vivo do jornalista</p><p>Kleber Teixeira, da Inter TV Cabugi, ao noticiar que Natal estava há 30 dias sem mortes por covid‑19.</p><p>Figura 18</p><p>Fonte: Carvalho (2021).</p><p>45</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode ver mais detalhes da notícia e a reação emocionada do</p><p>repórter no link a seguir:</p><p>CARVALHO, M. Repórter chora ao vivo ao noticiar que hospital em Natal</p><p>está há 30 dias sem mortes por covid‑19. O Povo, 7 out. 2021. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3ImoDnp. Acesso em: 29 nov. 2022.</p><p>A entrevista exclusiva, por sua vez, é concedida a um profissional, órgão de imprensa ou grupo</p><p>restrito, com exclusividade. A importância desta entrevista está também no fato de que outros meios</p><p>de comunicação solicitarão ao repórter ou grupo que lhes permita divulgar o conteúdo antes de</p><p>outros meios.</p><p>Saiba mais</p><p>Veja, como exemplo, a entrevista exclusiva concedida por Alexandre de</p><p>Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, por telefone ao Jornal da</p><p>Manhã da rádio Jovem Pan:</p><p>MINISTRO do STF, Alexandre de Moraes concede entrevista exclusiva ao</p><p>Jornal da Manhã. 18 abr. 2018. 1 vídeo (14 min). Publicado pelo canal Jovem</p><p>Pan News. Disponível em: https://bit.ly/3CCyOkc. Acesso em: 2 dez. 2022.</p><p>Já a entrevista ao vivo pede muita atenção, tanto do repórter como do apresentador, porque as</p><p>informações são divulgadas em tempo real e podem conter erros ou exageros. O que os profissionais de</p><p>rádio podem fazer, neste caso, é mudar de assunto ou encerrar o mais rapidamente a entrevista, mas</p><p>para isso é preciso ter agilidade e prática. Muitos entrevistados aproveitam ainda a entrevista ao vivo para</p><p>fazer campanhas eleitorais e não deixam um ponto de edição para que a entrevista seja encerrada.</p><p>Às vezes, a entrevista ao vivo é motivo de grande emoção, como no caso da âncora do Jornal da</p><p>Band, que teve que entrevistar o pai, vítima da tragédia do desabamento em Miami.</p><p>46</p><p>Unidade I</p><p>Figura 19</p><p>Fonte: Pai… (2021).</p><p>Por fim, a entrevista coletiva é diferente. Às vezes, ela pode ser improvisada, mas geralmente é</p><p>agendada pela assessoria de imprensa quando se pretende fazer pronunciamentos oficiais ou transmitir</p><p>novas informações para várias mídias, e o(s) entrevistado(s) responde(m) a jornalistas de vários veículos</p><p>de comunicação. Esta entrevista é organizada, e normalmente cada órgão de imprensa tem tempo</p><p>e número limitado de perguntas. É relevante, portanto, considerar os objetivos da pauta que vai</p><p>ser explorada.</p><p>47</p><p>PRODUÇÃO JORNALÍSTICA EM RÁDIO</p><p>Saiba mais</p><p>Na CPI da Pandemia, por exemplo, senadores e epidemiologista</p><p>concederam entrevistas coletivas à imprensa após sessão do Senado:</p><p>CPI da Pandemia: senadores e epidemiologista concedem entrevista</p><p>coletiva: 24/6/2021. 24 jun. 2021. 1 vídeo (14 min). Publicado pelo canal</p><p>TV Senado. Disponível em: https://bit.ly/3IlsGQN. Acesso em: 11 jan. 2023.</p><p>Em 2021, alunos do curso de Jornalismo da UNIP Santos produziram uma entrevista coletiva remota</p><p>com o médico sanitarista e professor Dr. Gonzalo Vecina Neto. A pauta foi preparada em detalhes com</p><p>antecedência, e após a entrevista os alunos gravaram podcasts sobre o assunto.</p><p>O importante é entender que, para qualquer entrevista – ao vivo, gravada ou remota –, se os</p><p>jornalistas tiverem oportunidade, o ideal é que pesquisem e desenvolvam a pauta antecipadamente,</p><p>porque ajuda no momento da transmissão.</p><p>Deixamos a seguir o conteúdo da pauta produzida pelos alunos da UNIP, já que, por problemas</p><p>técnicos, a entrevista não pôde ser gravada.</p><p>Destaque</p><p>Boa noite. Hoje, nós vamos falar sobre as medidas de combate à covid‑19. Agradecemos</p><p>ao médico sanitarista Dr. Gonzalo Vecina Neto, que concordou em nos conceder esta</p><p>entrevista coletiva.</p><p>O Dr. Vecina é professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo</p><p>(USP), ex‑presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ex‑secretário</p><p>municipal de Saúde de São Paulo e ex‑CEO do Hospital Sírio Libanês.</p><p>Esta entrevista faz parte da nossa aula de Produção Jornalística em Rádio, ministrada</p><p>pela professora Wanda Schumann, e participam os alunos do quarto e quinto semestre</p><p>de Jornalismo da Universidade Paulista (UNIP). Eu sou Richard Roger, representante da</p><p>turma, e vou dar início à coletiva.</p><p>Em pouco mais de um ano de pandemia, foram registrados cerca de 2 milhões e</p><p>700 mil mortes e 122 milhões e 700 mil casos da doença. Pesquisadores afirmam que o</p><p>Brasil vive hoje o maior colapso sanitário de sua história.</p><p>48</p><p>Unidade I</p><p>Mas quais são as medidas mais urgentes e importantes para combater esse inimigo</p><p>invisível? A primeira pergunta que eu gostaria de fazer ao Dr. Gonzalo é:</p><p>1) Em meados de janeiro de 2021 houve notícias em torno do tratamento precoce.</p><p>Muitos médicos e cientistas afirmam que não há tratamento precoce para covid‑19.</p><p>O  então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se contradisse algumas vezes ao</p><p>defender o tratamento precoce e depois negar que o havia defendido. Quais são suas</p><p>expectativas para o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o senhor acredita</p><p>que desta vez o Ministério da Saúde defenderá as questões técnicas e científicas ao</p><p>invés de políticas?</p><p>2) O que a gente pode notar é a descentralização de ordens vindas do Ministério da</p><p>Saúde, dando aos governadores o direito de conduzir o combate à pandemia. O senhor</p><p>acredita que, se as ordens e condutas fossem centralizadas, vindas diretamente do</p><p>Ministério aos estados e municípios, isso teria evitado tantos conflitos políticos em</p><p>torno de um assunto tão sério?</p><p>3) Quais medidas o senhor acha que poderiam ser tomadas para ajudar a</p>

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