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<p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>101</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Tecnologias Móveis: o uso do celular como suporte para a</p><p>educação</p><p>DOI: 10.18247/1983-2664/educaonline.v7n1p101-115</p><p>João Batista Bottentuit Junior</p><p>Universidade Federal do Maranhão - UFMA</p><p>jbbj@terra.com.br</p><p>Romulo Fernando Lemos Gomes</p><p>Instituto Federal do Maranhão - IFMA</p><p>romulogomes83@gmail.com</p><p>Resumo</p><p>Neste artigo, apresenta-se resultado de levantamento bibliográfico sobre informação</p><p>móvel. Inicialmente, busca-se entender a conceituação na área, visto que</p><p>terminologias como “tecnologia móvel” são comumente confundidas com tecnologia</p><p>sem fio, por exemplo, apesar das diferenças. Em seguida, são expostas e analisadas</p><p>experiências de uso de dispositivos móveis, em situações de m-learning. Por fim,</p><p>ganha destaque o framework VirTraM, elaborado para construir aplicações</p><p>educacionais em dispositivos móveis com recursos de realidade virtual. A pesquisa</p><p>permitiu concluir que o celular é um meio privilegiado, na atualidade, para</p><p>disponibilização de conteúdo educativo, no lugar em que o usuário esteja.</p><p>Palavras chave: Tecnologia Móvel; educação; realidade virtual; celular.</p><p>mailto:jbbj@terra.com.br</p><p>mailto:romulogomes83@gmail.com</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>102</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Mobile Technologies cellphone use as support for education</p><p>Abstract</p><p>This article presents results of bibliographic information on mobile. Initially, we seek</p><p>to understand the concepts in the area, since terminology such as mobile technology</p><p>are commonly confused with wireless technology, for example, despite differences.</p><p>They are then exposed and analyzed experiences of using mobile devices for m-</p><p>learning situations. Finally, the framework is highlighted VirTraM to build educational</p><p>applications developed for mobile devices with virtual reality capabilities. The</p><p>research concluded that the cell is a privileged, nowadays, for providing educational</p><p>content, the place where the user is.</p><p>Keywords: Mobile Technology, education, virtual reality, cellphone.</p><p>Introdução</p><p>Na palma das mãos, o usuário tem televisão, GPS, rádio, acesso a jogos e</p><p>Internet, relógio, calculadora, uma série de outros aplicativos e também pode fazer e</p><p>receber ligações telefônicas com rapidez e facilidade. Os celulares da atualidade</p><p>(também conhecidos como smartphones) permitem uma convergência maior de</p><p>mídia e, por isso, têm ganhado destaque como tecnologia privilegiada na área de</p><p>telecomunicações.</p><p>Os celulares deixaram de ser apenas meios para que as pessoas</p><p>conversem; passaram a incorporar sistemas para entretenimento, compartilhamento</p><p>de dados e também de informação. A pergunta que norteou a produção desta</p><p>pesquisa foi: os instrumentos de informação móvel podem ser utilizados com</p><p>propósito educacional?</p><p>O objetivo foi identificar como as tecnologias de informação móveis, sem</p><p>fios e ubíquas podem servir para fins educativos. Para isso, realizou-se</p><p>levantamento de produções acadêmicas sobre a temática, a fim de verificar as</p><p>experiências que já foram relatadas cientificamente e analisar como sua</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>103</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>potencialidade tecnológica pode favorecer a dimensão educativa de sua utilização.</p><p>O primeiro passo foi entender a conceituação da diversidade de termos</p><p>que se encontra na área. Em muitos casos, são usados como sinônimos, mas</p><p>possuem aspectos diferenciados. Um esforço para minimizar essa deficiência foi</p><p>empreendido por Saccol & Reinhard (2007), partindo do estado da arte dos estudos</p><p>em Sistema da Informação. Em Lemos (2007), encontra-se uma abordagem não só</p><p>tecnológica, mas social, ao considerar que o celular proporciona nova forma de</p><p>apropriação do espaço público.</p><p>A partir daí verificou-se que para além das facilidades de comunicação e</p><p>troca de dados o celular também pode ser usado para fins educacionais, inclusive</p><p>uma área de estudo encontra-se em grande desenvolvimento, ou seja, o mobile</p><p>learning, m-learning ou aprendizagem móvel. Um grupo de pesquisadores ao redor</p><p>do mundo investigam as potencialidades desta ferramenta em contexto educativo e</p><p>os resultados já provam que esta possibilita grandes possibilidades e experiências</p><p>diferenciadas.</p><p>Ao partir para a análise dos casos, apresenta-se a experiência de m-</p><p>learning. Nela, são materializadas em situações de uso da tecnologia móvel para</p><p>disponibilização de conteúdos complementares que sejam acessados extraclasse ou</p><p>mesmo quando se possibilita a revisão das aulas em áudio (podcasts) ou vídeo</p><p>(vidcast). Isso já era possível nos computadores convencionais, mas a tecnologia</p><p>móvel deu condições de mobilidade, tornando essas atividades ainda mais</p><p>interessantes para os alunos.</p><p>Também a guisa de exemplificação recorre-se ao produto apresentado por</p><p>Marçal et al (2005), o Virtual Training for Mobile Devices (VirTraM) - um framework</p><p>que permite o desenvolvimento de aplicações educacionais, que os autores</p><p>consideram inovadoras, como a possibilidade de transformação de ambientes reais</p><p>em virtuais.</p><p>O levantamento dessas experiências mostrou que as tecnologias de informação</p><p>móvel podem auxiliar no processo educacional, ao proporcionar acesso a conteúdo</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>104</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>educativo, em qualquer tempo (anytime) e no local (anywhere) em que o usuário</p><p>estiver.</p><p>Horizontes Conceituais</p><p>Um esforço para preencher as lacunas conceituais foi empreendido por</p><p>Reinhard & Saccol (2007), a partir de levantamento do estado da arte das pesquisas</p><p>nessa área. Ao analisar artigos científicos em publicações internacionais, chegaram</p><p>a algumas definições, expostas a seguir, as quais tomamos como aporte para este</p><p>artigo.</p><p>Como Tecnologias de Informação Móveis (mobile), as autoras consideram</p><p>aquelas que possuem condição de portabilidade. O usuário pode levar o dispositivo</p><p>a qualquer lugar. Atendem a esse requisito, por exemplo, um laptop ou um PDA</p><p>comum, mesmo sem capacidade de acesso a redes sem fio (REINHARD &</p><p>SACCOL, 2007). Ao citar Weilenmann (2003), autoras incluem nesse rol qualquer</p><p>tecnologia que possa ser usada em movimento, como o walkman por exemplo.</p><p>Reinhard & Saccol (2007) ressaltam, porém, que o termo mobile está mais</p><p>relacionado a dispositivos de TI Móveis e Sem Fio, em aparelhos que podem ser</p><p>conectados a uma rede, principalmente à internet, sem que se utilize fio. Comentam</p><p>ainda que os termos “Móvel” (mobile) e “Sem Fio” (wireless) são usualmente</p><p>tomados como sinônimos.</p><p>Já as Tecnologias de Informação Sem Fio (wireless) são aquelas em que</p><p>os dispositivos são conectados a uma rede ou a outro aparelho por links de</p><p>comunicação sem fio. Os celulares, a transmissão de dados via satélite, a tecnologia</p><p>de infravermelho (infrared - IR), bluetooth, wireless LAN (Rede Local sem fio) são</p><p>tipos de tecnologia sem fio. A advertência, neste caso, é que nem sempre a conexão</p><p>sem fio está relacionada a mobilidade. É possível que um computador de mesa</p><p>também seja conectado a uma rede assim.</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>105</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Outro conceito encontrado por Reinhard & Saccol (2007) é o da Computação</p><p>Ubíqua.</p><p>Nela, diversos computadores estão interconectados por redes sem fio. Há</p><p>protocolos de comunicação para o trânsito entre dispositivos distintos e entre as</p><p>redes (que podem estar nos prédios, ruas, carros etc.). O que muda é que a eles são</p><p>embutidos sensores, tornando os computadores “conscientes” de cada usuário ou</p><p>de cada ambiente, sem necessidade de se carregar dispositivos específicos.</p><p>A informação na Computação Ubíqua pode ser acessada de qualquer lugar</p><p>e a qualquer tempo. Os termos “computação pervasiva” (pervasive computing) ou</p><p>“embutida” (embbeded) dizem respeito a formas de computação ubíqua, mas</p><p>apenas com algumas de suas características.</p><p>A Computação Ubíqua tem como objetivos básicos a</p><p>Interação natural com as pessoas, com objetos do dia-a-dia, servindo</p><p>de interfaces para ambientes computacionais; serem tecnologias</p><p>inteligentes, sensíveis a diferentes contextos e atividades humanas,</p><p>capazes de reagir a elas; e comunicação, tanto pessoa-objetos</p><p>quanto objetos-a-objetos (REINHARD; SACCOL, 2007, p. 180).</p><p>O ambiente de informação nômade, por sua vez, envolve elementos</p><p>tecnológicos, sociais e organizacionais interconectados. Possibilitam a mobilidade</p><p>física e social dos serviços comunicacionais e computacionais, dentro e fora de</p><p>fronteiras organizacionais.</p><p>Uma tendência crescente é o uso de dispositivos móveis e sem fio para</p><p>negócios, o que fez emergia os conceitos de Comércio Móvel, Negócios Móveis e</p><p>Comércio Ubíquo. Não nos ateremos, entretanto, nessa discussão. Nossa proposta</p><p>é avançar para o uso dessas tecnologias para fins educacionais.</p><p>Esse quadro de conceitos, como assinalado acima, foi construído a partir</p><p>de pesquisas em revistas internacionais. Ao volver seus olhos a pesquisas feitas no</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>106</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Brasil, REINHARD; SACCOL (2007, p. 187) constataram que:</p><p>a produção científica brasileira a respeito de tecnologias Móveis,</p><p>Sem Fio e Ubíquas até o momento pode ser considerada incipiente.</p><p>Contudo cabe notar que os poucos estudos localizados se baseiam,</p><p>em sua maioria, em pesquisas empíricas a respeito do tema. Isso</p><p>indica a oportunidade e possibilidade de pesquisas futuras que</p><p>ofereçam contribuições consistentes sobre o uso dessas tecnologias</p><p>em nosso contexto.</p><p>Não só no Brasil, mas em todo o mundo, o uso dos celulares, com todas</p><p>as possibilidades de convergência que já são reais, tornou-se um dos aspectos</p><p>mais importantes para se compreender atualmente.</p><p>M-LEARNING: o potencial do celular</p><p>Faz tempo que os telefones celulares deixaram de ser instrumentos</p><p>apenas de fazer e receber ligações telefônicas. Além das funções de conversação,</p><p>são capazes de produzir texto, imagens, sons, indicar localização (GPS), acessar a</p><p>internet, jogar, entre outras.</p><p>André Lemos (2007), ao analisar essa ferramenta, a posiciona como a</p><p>mais importante convergência midiática da atualidade. Pelas múltiplas</p><p>possibilidades do dispositivo, o autor classifica a tecnologia utilizada nos celulares</p><p>como híbrida.</p><p>Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),</p><p>divulgados na imprensa no mês de julho, o número de linhas de telefonia móvel</p><p>chegou a 255 milhões em todo o país. No Nordeste, há a menor densidade, com</p><p>112,64 acessos para 100 habitantes. A maior densidade está no Centro-Oeste, com</p><p>155,83 para cada 100 habitantes. Essa quantidade superou a de telefonia fixa.</p><p>É relevante também o avanço da tecnologia. Os celulares estão cada vez</p><p>mais sofisticados, alcançando a chamada 3ª geração. Lemos (2007) criou o</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>107</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>conceito Dispositivo Híbrido Móvel de Conexão Multirredes (DHMCM) para tentar</p><p>dar conta da multiplicidade de funções disponíveis nos celulares de hoje.</p><p>Para o autor, esse conceito ajuda a expandir a compreensão material do</p><p>aparelho, deixando de percebê-lo como um telefone. Portanto,</p><p>o telefone celular é um Dispositivo (um artefato, uma</p><p>tecnologia de comunicação); Híbrido, já que congrega funções de</p><p>telefone, computador, máquina fotográfica, câmera de vídeo,</p><p>processador de texto, GPS, entre outras; Móvel, isto é, portátil e</p><p>conectado em mobilidade funcionando por redes sem fio digitais,</p><p>ou seja, de Conexão; e Multirredes, já que pode empregar</p><p>diversas redes, como: Bluetooth e infravermelho, para conexões de</p><p>curto alcance entre outros dispositivos; celular, para as diversas</p><p>possibilidades de troca de informações; internet (Wi-Fi ou Wi-Max) e</p><p>redes de satélites para uso como dispositivo GPS. (LEMOS, 2007, p.</p><p>2)</p><p>Sua análise não se restringe à dimensão tecnológica, mas também social.</p><p>Lemos (2007) considera que o celular proporciona nova forma de apropriação do</p><p>espaço público. Com esse dispositivo, os usuários, diz o autor, reconhecem outros</p><p>usuários, deixam suas marcas eletrônicas em textos, som, vídeo, e conseguem</p><p>localizar ou mesmo mapear.</p><p>Para autores como Myers et al (2003, apud LEMOS, 2007), a computação</p><p>móvel materializada nos celulares é o novo paradigma dominante da computação.</p><p>Emerge nesse cenário a possibilidade de esses dispositivos móveis serem</p><p>usados na educação. É o que se tem chamado de Mobile Learning ou m-Learning.</p><p>Na avaliação de Lemos (2007), o potencial dos celulares para educar se configura</p><p>quando o dispositivo é tomado como parte de um modelo de aprendizagem</p><p>integrado. Para isso, o dispositivo precisa ser usado de forma transparente e com</p><p>alto grau de mobilidade (AHONEN; SYVÄNEN, 2003, apud LEMOS, 2007).</p><p>Para Bottentuit Junior (2012, p.130)</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>108</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Mobile learning (M-learning), aprendizagem móvel ou aprendizagem</p><p>com mobilidade é um conceito criado para a aprendizagem que</p><p>utiliza recursos móveis, ou seja, equipamentos e dispositivos que</p><p>permitam ao aprendiz a locomoção enquanto acessam o conteúdo, a</p><p>este nível se enquadram dispositivos como: os celulares</p><p>smartphones, notebooks, netbooks, palmtops, tablet pc, personal</p><p>digital assitent (PDA), pocket pc etc.</p><p>Para avançar no conceito de m-Learning, tomamos como subsídio a</p><p>pesquisa de Totti et al (2011), sobre as possibilidades para a educação a distância.</p><p>Os pesquisadores observaram que a análise destas atividades demonstrou que as</p><p>aplicações educacionais mais inovadoras são aquelas que incorporam número maior</p><p>de características e funcionalidades autênticas do m-learning. Mas que</p><p>características e funcionalidades são essas?</p><p>Inicialmente, Totti et al (2011) demonstram que os dispositivos e</p><p>aplicativos estão mais customizados e individualizados – mas não individualistas.</p><p>O usuário pode postar sua foto, criar perfis e avatares, o que, na análise dos</p><p>autores, humaniza o ambiente. Isso colabora para uma perspectiva pedagógica</p><p>centrada no aluno.</p><p>Mas para que a m-learning seja autêntica são necessários alguns critérios,</p><p>como a mobilidade do aprendente, a aprendizagem em todo ambiente e acessível</p><p>em qualquer parte (ubíqua) e a combinação de elementos virtuais e reais</p><p>(pervarsividade) (VALENTIM, 2009, apud TOTTI et al, 2011).</p><p>A m-learning materializa-se em situações como o uso da tecnologia móvel</p><p>para disponibilização de conteúdos complementares que sejam acessados</p><p>extraclasse ou mesmo quando se possibilita a revisão das aulas em áudio (podcasts)</p><p>ou vídeo. Nos computadores convencionais isso já era possível, ressaltam os</p><p>pesquisadores. A tecnologia</p><p>móvel, entretanto, deu condições de mobilidade, dando</p><p>chances ao aluno acessar de qualquer lugar.</p><p>Totti et al (2011) apresentam ainda como exemplo projetos em que os</p><p>alunos comunicam-se e colaboram com colegas e professores, usando seus</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>109</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>computadores portáteis. A atividade é realizada, principalmente, com celulares, mas</p><p>também pode ser feita com computadores comuns. Os autores também</p><p>encontraram potencial de utilização na aprendizagem de idiomas, com estímulo à</p><p>conversação entre professores e alunos ou entre os colegas de turma.</p><p>Ganha destaque entre as possibilidades educacionais as aplicações em</p><p>realidade virtual. Por elas, o aluno pode fazer passeios e excursões a cidades,</p><p>monumentos, museus etc. (TOTTI et al, 2011). Com as aplicações gráficas, é</p><p>possível reproduzir o interior, uma paisagem ou a geografia desses ambientes. Os</p><p>recursos estão ainda mais sofisticados agora com a tecnologia de visão de 3D.</p><p>Para Bottentuit Junior (2012, p.131)</p><p>A aprendizagem móvel é uma modalidade que se aplica</p><p>perfeitamente aos dias atuais, uma vez as pessoas possuem cargas</p><p>de trabalho cada vez maiores e em muitos casos não conseguem</p><p>frequentar a um curso regular e acabam optando por alternativas que</p><p>possam contornar esta dificuldade, podendo a aprendizagem ocorrer</p><p>em vários contextos e locais.</p><p>Os autores observaram que em alguns casos está havendo apenas</p><p>transposição dos conteúdos produzidos para desktop para os dispositivos móveis,</p><p>sem, contudo, buscar a adequação aos critérios de ubiquidade e pervasão. O uso da</p><p>m-learning também é vista com ânimo pelos pesquisadores na educação de pessoas</p><p>de comunidades nômades, itinerantes, por trabalhadores móveis, externos e de</p><p>campo. Lemos (2007) também compartilha dessa ideia.</p><p>Para o autor,</p><p>O m-Learning surge como uma importante alternativa de ensino e</p><p>treinamento à distância, na qual podem ser destacados os seguintes</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>110</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>contar com um dispositivo computacional para execução de tarefas,</p><p>anotação de ideias, consulta de informações via Internet, registro de</p><p>fatos através de câmera digital, gravação de sons e outras</p><p>funcionalidades existentes; 2) possibilidades de acesso ao conteúdo,</p><p>incrementando e incentivando a utilização dos serviços providos pela</p><p>instituição, educacional ou empresarial; disponíveis, através de</p><p>novas tecnologias que dão suporte tanto à fornecer meios</p><p>para o desenvolvimento de métodos inovadores de ensino e</p><p>de treinamento, utilizando os novos recursos de computação e de</p><p>mobilidade. (MARÇAL et al, 2005, p. 3)</p><p>Entram também no leque de possibilidades educativas os jogos</p><p>pedagógicos, mas com cuidados em não reproduzir formas ultrapassadas de</p><p>exercícios e avaliação, que se baseiam na repetição.</p><p>Nestas aplicações deve-se ter um olhar crítico redobrado. A</p><p>aprendizagem móvel, baseada no construtivismo, não condiz com</p><p>aplicações que colocam o computador como máquina de ensinar e</p><p>o aluno como expectador passivo, imóvel e sem voz. Assim,</p><p>observa-se que esses jogos são uma possibilidade muito</p><p>interessante para educação, mas há outras opções mais</p><p>interessantes que incorporam aos jogos funcionalidades autênticas</p><p>da educação como a ubiquidade e a pervasão. (TOTTI et al, 2011,</p><p>p. 4-5).</p><p>A advertência dos autores, portanto, aponta para a necessidade de</p><p>incorporação desses dispositivos na educação, mas em contextos construtivistas, nos</p><p>quais o aluno é percebido como construtor e autor de seu conhecimento. Além</p><p>disso, devem ser observadas as características autênticas do m-learning, que são</p><p>a mobilidade do aluno e do conteúdo, o acesso a qualquer hora e em qualquer</p><p>lugar, a localização e o contexto do usuário além da possibilidade de mesclar</p><p>cenários reais e virtuais (TOTTI et al, 2011). Na avaliação deles, somente dessa</p><p>forma seria justificada a m-learning.</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>111</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>VirTraM: modelo de dispositivo móvel para a educação</p><p>Como objeto de pesquisa para evidenciar essa tendência, Marçal et al</p><p>(2005) apresentaram o Virtual Training for Mobile Devices (VirTraM). Trata-se de</p><p>um framework que permite o desenvolvimento de aplicações educacionais, que os</p><p>autores consideram inovadoras. Nele, são incorporados recursos de realidade</p><p>virtual em dispositivos móveis.</p><p>A ideia dos idealizadores do VirTraM é permitir que os usuários possam</p><p>imergir, navegar e interagir em ambiente sintético tridimensional, feito por</p><p>computador e transmitido por canais multissensoriais. Com isso, seria possível criar</p><p>uma variedade de situações, inclusive com fins educativos.</p><p>Os autores sugerem:</p><p>Através de cenários tridimensionais, é possível representar uma</p><p>grande variedade de situações voltadas para diversas áreas de</p><p>aplicação, tais como: excursões virtuais em mundos reais (como</p><p>museus, terrenos, etc.) ou imaginários e representação de</p><p>objetos (carros, máquinas, etc.) ou personificações de seres</p><p>reais (homem, animal, etc.) ou imaginários (alienígenas).</p><p>(MARÇAL et al, 2005, p. 4)</p><p>Esses ambientes serviriam, portanto, como apoio à aprendizagem. A</p><p>vantagem desse suporte está na possibilidade de os alunos experimentarem</p><p>situações reais em um ambiente virtual.</p><p>O VirTraM, apresentado por Marçal et al (2005), dá condições para a</p><p>construção de aplicações educacionais, por meio de dispositivos móveis com</p><p>recursos de realidade virtual.</p><p>Seus idealizadores indicaram os requisitos comuns que o VirTraM deverá</p><p>atender: a) mobilidade: de qualquer lugar e a qualquer momento, a aplicação poderá</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>112</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>ser acessada, sem necessidade de conexão de dados (com ou sem fio); b)</p><p>interatividade: esse é um dos principais pontos. Deve ser capaz de oferecer ao</p><p>usuário a possibilidade de escolher caminhos dentro do mundo virtual, com</p><p>navegação livre e manipulação dos objetos tridimensionais; c) portabilidade</p><p>(heterogeneidade): é a capacidade de a aplicação ser executada em diferentes</p><p>plataformas, compatível tanto com telefones celulares quanto com PDAs, em</p><p>diferentes sistemas operacionais; d) facilidade de uso: simples e fácil de usar, já que</p><p>o propósito é o usuário atingir sua finalidade (de aprendizagem, por exemplo), e não</p><p>a utilização da aplicação móvel por si só; e) informação essencial: manter a</p><p>informação essencial e descartar as informações supérfluas; f) conteúdo:</p><p>informações que possibilitem melhor entendimento do ambiente virtual.</p><p>Para experimentação do VirTraM, foi escolhido o museu virtual, com a</p><p>proposta de representar museus do mundo real em ambiente virtual. Diferente da</p><p>maioria dos museus que possuem páginas na internet e não utilizam recursos de</p><p>virtualidade, o museu do VirTraM tem ambientes tridimensionais interativos,</p><p>possibilitando a navegação, simulação e sensação de imersão.</p><p>Como vantagens, os autores indicam a maior exploração do acervo do</p><p>museu, porque o estudante, ao navegar, pode se aproximar e manipular as obras.</p><p>Nos museus de ciências, conseguem visualizar e simular experimentos e, assim, fixar</p><p>conceitos teóricos. Além disso, estimula o poder de ilustração, pois a realidade</p><p>virtual permite que se tenha uma visão em três dimensões.</p><p>Ao</p><p>utilizar recursos de realidade, Marçal et al (2005) querem propiciar</p><p>excursões virtuais interativas e aumentar a motivação para a aprendizagem. Outro</p><p>uso possível é no interior dos museus, como guias virtuais e fornecendo informações</p><p>importantes sobre as obras durante as visitas. O protótipo elaborado pelos autores</p><p>não foi baseado em um ambiente real.</p><p>No museu da VirTraM, o ambiente tridimensional possui duas salas, com</p><p>quadros e uma escultura. Quem visita, consegue navegar por esses espaços,</p><p>olhando para os lados, em cima ou embaixo. Tudo isso pelas teclas do celular. Os</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>113</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>produtores disponibilizaram, ainda, objetos em 3D. Por meio de um menu, o usuário</p><p>escolhe se quer consultar, por exemplo, a descrição de uma obra, sem necessidades</p><p>de luvas ou óculos especiais.</p><p>Considerações Finais</p><p>O VirTram é uma mostra significativa do potencial que as tecnologias de</p><p>informação móvel possuem. Com dispositivos que simulam, no ambiente virtual, a</p><p>realidade, é possível que conteúdos educacionais sejam disponibilizados aos</p><p>usuários, para acesso no local em que estiverem.</p><p>Neste artigo, pôde-se observar que a portabilidade é uma das principais</p><p>condições para se considerar uma tecnologia de informação como móvel. O termo</p><p>mobile, portanto, está relacionado a dispositivos de TI Móveis e Sem Fio, em</p><p>aparelhos que podem ser conectados a uma rede, principalmente à internet, sem</p><p>que se utilize fio.</p><p>Com as possibilidades que os celulares possuem, tornaram-se importante</p><p>meio para que se ofereça suporte à educação formal, de forma lúdica, criativa e,</p><p>portanto, com mais atrativos aos usuários. Desse modo, conclui-se que na atualidade</p><p>não se deve prescindir do aporte das tecnologias de informação móvel na promoção</p><p>do processo de ensino-aprendizagem.</p><p>Referências</p><p>BOTTENTUIT JUNIOR, João Batista . Do Computador ao Tablet: Vantagens</p><p>Pedagógicas na Utilização de Dispositivos Móveis na Educação. Revista</p><p>Educaonline, v. 6, p. 125-149, 2012.</p><p>LEMOS, A. Cibercultura e Mobilidade. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências</p><p>da Comunicação. Rio de Janeiro, 2005.</p><p>MARÇAL, E. et al. Aprendizagem utilizando Dispositivos Móveis com Sistemas de</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>114</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Realidade Virtual. In: Revista Novas Tecnologias na Educação. V. 3, Nº 1, Maio,</p><p>Brasil, 2005.</p><p>REINHARD, N; SACCOL, A. Tecnologias de Informação Móveis, Sem Fio e</p><p>Ubíquas: definições, estado-da-arte e oportunidades de pesquisa. RAC, v. 11,</p><p>n. 4, Out./Dez. 2007: 175-198</p><p>TOTTI, A et al. m-Learning: possibilidades para a educação a distância.</p><p>Varginha/MG, 2011.</p><p>Sobre os Autores</p><p>João Batista Bottentuit Junior</p><p>Doutor em Educação com área de especialização em</p><p>Tecnologia Educativa pela Universidade do Minho (2011),</p><p>Mestre em Educação Multimídia pela Universidade do</p><p>Porto (2007), Tecnólogo em Processamento de Dados</p><p>pelo Centro Universitário UNA (2002). É Especialista em</p><p>Docência no Ensino Superior pela PUC-MG (2003) e</p><p>Engenharia de Sistemas pela ESAB (2010). É professor</p><p>da Universidade Federal do Maranhão, atuando no</p><p>Departamento de Educação II e Núcleo de Educação a</p><p>Distância NEAD-UFMA, atualmente coordena o curso de</p><p>Licenciatura em Pedagogia a Distância. Atua na área de</p><p>Educação, Informática, Metodologia da Pesquisa e</p><p>Tecnologia Educativa. É avaliador de cursos de</p><p>graduação presenciais e a distância do MEC/INEP.</p><p>Volume 7 - No 1 - Janeiro/Abril de 2013</p><p>115</p><p>Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação</p><p>Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação – LATEC/UFRJ</p><p>Romulo Fernando Lemos Gomes</p><p>Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela</p><p>Universidade Federal do Maranhão (2007). Especialista</p><p>em Assessoria de Comunicação Pública, Política e</p><p>organizacional, pela Faculdade São Luís (2008).</p><p>Mestrando no Programa de Pós-graduação em Cultura e</p><p>Sociedade/UFMA. É jornalista do Instituto Federal de</p><p>Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) -</p><p>Campus Maracanã. Tem experiência na área de</p><p>Comunicação, com ênfase em Assessoria de</p><p>Comunicação, Jornalismo Científico, Educomunicação,</p><p>Editoração e Programa Radiofônico, além de organização</p><p>de eventos científicos e técnicos.</p><p>Revista EducaOnline, Volume 7, No 1, Janeiro/abril de 2013. ISSN: 1983-2664. Este artigo foi</p><p>submetido para avaliação em 22/1/2013 e aprovado para publicação em 12/2/2013. DOI:</p><p>10.18247/1983-2664/educaonline.v7n1p101-115.</p>