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<p>E-book Curso</p><p>Regular 40º</p><p>Exame</p><p>Prof. Guilherme Pedrozo</p><p>Prof. Matheus De Gregori</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>2</p><p>2ª FASE OAB | TRIBUTÁRIO | 39º EXAME | REPESCAGEM</p><p>Direito Tributário</p><p>Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Prof. Matheus Silva De Gregori</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. Abertura e Petição Inicial.................................................................................. 4</p><p>2. Petição Inicial .................................................................................................... 12</p><p>3. Mandado de Segurança .................................................................................... 20</p><p>4. Ação Declaratória e Anulatória .......................................................................... 29</p><p>5. Ação de Consignação em Pagamento .............................................................. 40</p><p>6. Ação de Repetição de Indébito Tributário ......................................................... 45</p><p>7. Ação de Embargos à Exec. Fiscal e Redirecionamento da Exec. Fiscal........... 50</p><p>8. Petição de Exceção de Pré-executividade ........................................................ 55</p><p>9. Teoria Geral dos Recursos .............................................................................. 59b</p><p>10. Recurso de Agravo de Instrumento, Interno e Apelação ................................. 61</p><p>11. Recurso de Agravo Interno e Ordinário Constitucional.................................... 71</p><p>12. Recurso Especial e Recurso Extraordinário .................................................... 76</p><p>13. Tributo ............................................................................................................. 80</p><p>14. Competência Tributária ................................................................................... 82</p><p>15. Limitações ao Poder de Tributar - Princípios ................................................... 90</p><p>16. Limitações ao Poder de Tributar - Imunidades .............................................. 102</p><p>17. Legislação Tributária ..................................................................................... 126</p><p>18. Obrigação Tributária ...................................................................................... 133</p><p>19. Da Constituição do Crédito e da Suspensão da Exigibilidade ....................... 142</p><p>20. Da extinção do crédito tributário .................................................................... 150</p><p>21. Da Prescrição & Decadência ......................................................................... 153</p><p>21. Da exclusão do crédito tributário ................................................................... 159</p><p>22. Da responsabilidade tributária ....................................................................... 172</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>3</p><p>23. Da denúncia espontânea, garantias e privilégios do crédito tributário........... 183</p><p>24. Da Administração Pública ............................................................................. 186</p><p>25. Dos Impostos em Espécie ............................................................................. 192</p><p>26. Taxas............................................................................................................. 238</p><p>27. Contribuição de melhoria ............................................................................... 241</p><p>28. Empréstimos Compulsórios & Contribuições Especiais ................................ 243</p><p>28. Execução Fiscal ............................................................................................ 265</p><p>Olá, aluno(a).</p><p>Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a</p><p>Repescagem da 2ª Fase OAB Tributário do 39º Exame e deve ser utilizado como um roteiro para</p><p>as respectivas aulas. A leitura desse material por si só não contempla a metodologia Ceisc que</p><p>engloba o acompanhamento das aulas do Curso Regular.</p><p>Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.</p><p>Bons estudos, Equipe Ceisc.</p><p>Atualizado em setembro de 2023.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>4</p><p>1. Abertura e Petição Inicial</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Iniciaremos o nosso curso apontando alguns tópicos interessantes sobre a prova, como a</p><p>indicação de marcação no Vade Mecum, bem como os demais tópicos interessantes e</p><p>necessários para o bom desenrolar da preparação de vocês.</p><p>Caro estudante, futuro advogado, a primeira tarefa para começar o estudo para a 2ª fase</p><p>do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, inclui, necessariamente, a análise do edital, pois</p><p>nele estão “as regras do jogo”, ou seja, nele encontramos as informações necessárias sobre o</p><p>que PODE e o que NÃO PODE no Exame da Ordem. Também, encontramos nele os prazos e,</p><p>notadamente, os conteúdos que precisamos dominar para GARANTIR A APROVAÇÃO.</p><p>A prova terá duração de 5 (cinco) horas, das 13h às 18h, no horário oficial de Brasília/DF.</p><p>A prova prático-profissional valerá 10,00 (dez) pontos e será composta de duas partes:</p><p>1ª parte: Redação da peça profissional, valendo 5,00 (cinco) pontos, acerca de</p><p>tema da área jurídica de opção do examinando e do seu correspondente direito</p><p>processual. A peça será desenvolvida em no máximo cinco páginas, sinalizadas,</p><p>sendo o total de 150 linhas.</p><p>2ª parte: Respostas a 4 (quatro) questões discursivas, sob a forma de situações-</p><p>problema, valendo, no máximo, 1,25 (um e vinte e cinco) pontos cada, relativas à</p><p>área de opção do examinando e do seu correspondente direito processual.</p><p>O caderno de textos definitivos da prova prático-profissional NÃO PODERÁ SER</p><p>ASSINADO, RUBRICADO E/OU CONTER QUALQUER PALAVRA E/OU MARCA que o</p><p>identifique em outro local que não o apropriado (capa do caderno), sob pena de ser anulado.</p><p>Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos</p><p>definitivos acarretará a anulação da prova prático-profissional e a eliminação do examinando.</p><p>O caderno de textos definitivos será o único documento válido para a avaliação da prova</p><p>prático-profissional, devendo obrigatoriamente ser devolvido ao fiscal de aplicação ao término da</p><p>prova, devidamente assinado no local indicado (capa do caderno). O caderno de rascunho é de</p><p>preenchimento facultativo e não terá validade para efeito de avaliação, podendo o examinando</p><p>levá-lo consigo após o horário estabelecido.</p><p>Em hipótese alguma haverá substituição do caderno de textos definitivos por erro do</p><p>examinando.</p><p>Cuidado: Se você fizer toda a prova no rascunho e depois passar a limpo, pode não dar</p><p>tempo de terminar!!!</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>5</p><p>As provas prático-profissionais deverão ser manuscritas, em letra legível, com caneta</p><p>esferográfica de tinta azul ou preta, não sendo permitida a interferência e/ou a participação de</p><p>outras pessoas, salvo em caso de examinando portador de deficiência que solicitou atendimento</p><p>especial para esse fim, nos termos deste edital. Nesse caso, o examinando será acompanhado</p><p>por um agente devidamente treinado, para o qual deverá ditar o texto, especificando oralmente</p><p>a grafia das palavras e os sinais gráficos de pontuação.</p><p>O examinando receberá NOTA ZERO nas questões da prova prático-profissional em</p><p>casos de não atendimento ao conteúdo avaliado, de não haver texto, de manuscrever em letra</p><p>ilegível ou de grafar por outro meio que não o determinado no subitem anterior.</p><p>Na redação das respostas às questões discursivas,</p><p>Reza o artigo 38 da LEF que é possível o ajuizamento de ação anulatória para questionar</p><p>legalidade de ato, lançamento ou penalidade que seja realizada de maneira equivocada,</p><p>ou seja, para fins de discussão judicial.</p><p>Ocorre, no presente caso, que houve apreensão das mercadorias e a consequente</p><p>realização do lançamento por tributo compreendido como não satisfeito por parte da</p><p>Secretaria Estadual de Arrecadação.</p><p>Sendo assim, diante da ilegalidade da apreensão da mercadoria (equipamentos = partes</p><p>e peças), torna-se possível o ajuizamento da presente ação anulatória a fim de liberar a</p><p>mercadoria apreendida.</p><p>II – Dos Fatos</p><p>Ocorre que a empresa requerente teve apreensão de suas mercadorias (equipamentos =</p><p>partes e peças) com o intuito de fazer pagar tributo. Assim, procedeu a Secretaria de</p><p>Arrecadação Estadual, diante do alegado não recolhimento da diferença de alíquota de</p><p>imposto, com a retenção das mercadorias pertencentes à empresa. Considerando a</p><p>necessidade de entrega dos equipamentos elaborados pela empresa requerente, não</p><p>restou outra alternativa senão procurar o Poder Judiciário a fim de realizar a prestação</p><p>jurisdicional e resolver a celeuma criada.</p><p>III – Dos Direitos</p><p>Reza a Súmula 323 do STF que é vedado ao fisco a apreensão/retenção de mercadoria</p><p>com o intuito de exigir tributo. No presente caso, ocorreu que a Secretaria de Arrecadação</p><p>Estadual resolveu apreender as mercadorias da empresa requerente, tendo em vista sua</p><p>interpretação de falta de recolhimento de imposto no que tange a diferença de alíquota.</p><p>Sendo assim, considerando o que disposto na Súmula acima elencada, compreende-se</p><p>pela não legalidade da referida apreensão, eis que a empresa depende destes</p><p>equipamentos para produzir e dar sequência às suas atividades.</p><p>Reza o artigo 170 da Constituição Federal, que as empresas terão livre iniciativa para</p><p>produzir e, assim, introduzir mercadorias junto ao mercado comercial. Ocorre no presente</p><p>caso, diante da apreensão indevida, que a empresa Micro Informática está impossibilitada</p><p>de colocar seu produto no mercado. Sendo assim, a presente apreensão igualmente fere</p><p>o princípio da livre iniciativa, conforme o artigo acima exposto.</p><p>É defeso (vedado/proibido) que a administração pública impeça ou faça cessar de forma</p><p>unilateral a atividade profissional do contribuinte, para compeli-lo ao pagamento de</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>38</p><p>tributo, uma vez que tal procedimento redundaria no bloqueio de atividades lícitas, mercê</p><p>de hipótese de autotutela, medida excepcional ante o monopólio da jurisdição. Diante</p><p>disso, considerando o disposto na Súmula 323 do STF e artigo 170 da Constituição,</p><p>compreende-se pela total ilegalidade e inconstitucionalidade do ato.</p><p>IV – Tutela Provisória de Urgência</p><p>Reza o artigo 294 do CPC que poderá a parte requerente solicitar tutela provisória.</p><p>Ademais, o mesmo artigo menciona a possibilidade de solicitar tanto tutela de urgência,</p><p>quanto de evidência. Para o presente caso torna-se amplamente possível a solicitação</p><p>da tutela de urgência, na forma do artigo 300 do CPC, diante do preenchimento dos</p><p>requisitos de probabilidade de direito e do perigo de dano.</p><p>A probabilidade do direito resta devidamente comprovada, eis que houve apreensão ilegal</p><p>das mercadorias, conforme reza a Súmula 323 do STF e a ofensa ao princípio da livre</p><p>iniciativa, conforme reza o artigo 170 da CF.</p><p>Igualmente, resta preenchido o requisito de perigo de dano, eis que a empresa depende</p><p>dos equipamentos para produzir e tem encomenda para entregar.</p><p>Diante do que exposto, restam preenchidos os requisitos do artigo 300 do CPC, para que</p><p>se libere as mercadorias.</p><p>V – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) o deferimento da tutela provisória de urgência, na forma do artigo 294 do CPC, mais</p><p>notadamente da tutela de urgência, na forma do artigo 300 do CPC, uma vez presentes</p><p>os requisitos da probabilidade do direito e do perigo de dano, para que sejam liberadas</p><p>as mercadorias apreendidas.</p><p>b) Caso não seja possibilitada e concedida a tutela de urgência, que seja oportunizado o</p><p>depósito a fim de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do artigo 151, II, do CTN</p><p>e a consequente liberação das mercadorias apreendidas.</p><p>c) Seja julgada procedente a demanda a fim de liberar as mercadorias apreendidas, eis</p><p>que foram realizadas de forma ilegal, na forma do artigo 170 da CF e da Súmula 323 do</p><p>STF.</p><p>d) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente:</p><p>documental, testemunhal e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>39</p><p>e) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer</p><p>contestação da presente demanda.</p><p>f) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos</p><p>termos do artigo 319, VII, do CPC.</p><p>g) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as custas</p><p>processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na forma</p><p>do artigo 85, §3º do CPC.</p><p>Valor da Causa: R$ ...</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>40</p><p>5. Ação de Consignação em Pagamento</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 164 do</p><p>CTN. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar os</p><p>requisitos do artigo 319 do NCPC.</p><p>A presente demanda tem por finalidade garantir ao contribuinte o direito de pagar o tributo</p><p>devido. Para feitos iniciais é importante dizer que caberá a utilização da presente demanda</p><p>quando houver resistência por parte do ente público, houver dúvida para quem deve ser pago o</p><p>tributo (exigência de mais de um ente) ou exigência de pagamentos (por exemplo penalidades –</p><p>exigências administrativas) que não dizem respeito ao tributo que deverá ser satisfeito.</p><p>Igualmente, é importante salientar que se a demanda for julgada procedente, obviamente</p><p>após o trânsito em julgado da decisão, a importância depositada (consignada) será convertida</p><p>em renda, ocorrendo, assim, a extinção do crédito tributário, na forma do artigo 156, VIII, do CTN.</p><p>Agora, se a consignação for julgada improcedente, o Ente Público Competente poderá</p><p>cobrar o crédito tributário, acrescido de juros, assim como eventuais penalidades cabíveis.</p><p>Outrossim, conforme o STJ, a consignatária também servirá, conforme já dito, para</p><p>consignar crédito tributário que tenha sido exigido pelo Ente Público em quantia superior.</p><p>Agora, jamais teremos, por exemplo, a ação consignatária para:</p><p>• Discutir possibilidade de exigência tributária.</p><p>• Obter concessão de parcelamento, anistia ou moratória.</p><p>• Reconhecimento de pagamento (compensação de tributo) através de títulos da dívida</p><p>pública.</p><p>Lembre-se, antes de mais nada, que também teremos previsão legal de consignação nos</p><p>artigos 539 e seguintes do CPC. Temos artigos importantes nele, como por exemplo:</p><p>• Artigo 540 do CPC = consignação do lugar do pagamento.</p><p>• Artigo 542 do CPC = relatório dos nossos pedidos.</p><p>Igualmente, é importante ressaltar que na Ação de Consignação em Pagamento o</p><p>depósito não será faculdade da parte para consignar em pagamento = tenho que depositar,</p><p>conforme o artigo 542, I, do CPC.</p><p>Ademais, se houver mais de um réu na demanda: requer citação para contestarem caso</p><p>queiram, com fundamento no artigo 547 do CPC. Entretanto, se houver somente um réu na</p><p>demanda, requer citação para contestar, caso queira, com</p><p>fundamento no artigo 542, II, do CPC.</p><p>Se um dos réus for a União, independentemente do outro: Será competente a Justiça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>41</p><p>federal.</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de identidade nº. xxx</p><p>e CPF nº. xxx, residente e domiciliado na Rua X, nº. xxx, bairro Z, Município Y, Estado F,</p><p>recebeu cobrança simultânea, por meio de uma mesma guia de documento fiscal, de dois</p><p>tributos: IPTU e Taxa de Conservação das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). No caso</p><p>da referida taxa, certo é que o contribuinte não concorda com sua cobrança, o que o levou,</p><p>por meio de seu advogado, a ajuizar ação judicial a fim de declarar sua</p><p>inconstitucionalidade, havendo pedido liminar, ainda não apreciado para afastar a</p><p>obrigatoriedade do recolhimento da referida exação fiscal. Por outro lado, em relação à</p><p>cobrança do IPTU, pretende o contribuinte efetuar o seu pagamento. No entanto, a guia</p><p>de pagamento é única e contém o valor global dos referidos tributos, tendo o banco</p><p>rejeitado o pagamento parcial relativo somente ao IPTU. Nesse caso, considerando que o</p><p>IPTU ainda não está vencido, bem como o contribuinte não obteve êxito para solucionar</p><p>seu problema na esfera administrativa, elabore a peça adequada para efetuar o pagamento</p><p>do imposto municipal, com base no direito material e processual pertinente. Utilize todos</p><p>os argumentos e fundamentos pertinentes à melhor resposta.</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>42</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública da Comarca ... do Estado ...</p><p>Xisto da Silva, brasileiro, solteiro, administrador, portador da identidade nº XXX, inscrito</p><p>no CPF sob o nº XXX, endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na Rua X, nº XXX,</p><p>Bairro Z, Município Y, Estado F, vem por meio de seu procurador (procuração em anexo),</p><p>estabelecido ..., local onde receberá suas intimações, à presença de Vossa Excelência,</p><p>com fundamento no art. 164, I, do CTN, art. 539 e seguintes do CPC, ingressar com a</p><p>presente:</p><p>AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO COM DEPÓSITO</p><p>Em face do Município ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>estabelecido ..., endereço eletrônico ..., neste ato representado pelo seu procurador, na</p><p>forma do artigo 75, I, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>I – Do Cabimento</p><p>Tendo em vista a necessidade e possibilidade do requerente de satisfazer somente o</p><p>tributo que de fato é devido, torna-se necessário o ajuizamento da presente consignação</p><p>em pagamento, com fulcro no artigo 164, I, do CTN.</p><p>Justifica-se a presente demanda, eis que é direito do requerente o pagamento do tributo</p><p>sem a exigência de outro, por se tratar de obrigações autônomas, sendo assim,</p><p>plenamente possível a consignação do valor devido daquele tributo que de fato pode ser</p><p>cobrado pela Fazenda Pública Municipal.</p><p>II – Do Depósito</p><p>Considerando o que disposto no artigo 542, I, do CPC, deseja a parte solicitar que seja</p><p>expedida guia para depósito do valor que está sendo tributado, a fim de cumprir com o</p><p>que disposto na norma.</p><p>III – Dos Fatos</p><p>Conforme enunciado, o Sr. Xisto da Silva recebeu do Município ... cobrança de IPTU</p><p>cumulada com a cobrança de taxa de limpeza e conservação de logradouro público.</p><p>Ocorre que o requerente compreendeu que a cobrança da presente taxa é</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>43</p><p>inconstitucional, e por isso já ajuizou demanda requerendo o reconhecimento de sua</p><p>inconstitucionalidade através de seu procurador. Ademais, até a presente data não foi</p><p>apreciado o pedido liminar.</p><p>Outrossim, com o intuito de fazer pagar os dois tributos, a fazenda municipal lançou guia</p><p>de pagamento cobrando eles juntos, ou seja, o IPTU e a taxa acima descrita. Logo, tentou</p><p>o requerente efetuar o pagamento somente do IPTU, fato este que lhe fora negado, tendo</p><p>em vista a negativa de recebimento por parte da instituição bancária, eis que na guia</p><p>estava expresso o pagamento único dos dois tributos.</p><p>Diante disso, por compreender indevido o pagamento da taxa, tentou o requerente entrar</p><p>com procedimento administrativo para satisfazer o seu intento de pagar somente o IPTU.</p><p>Recurso administrativo este que lhe fora negado pela fazenda municipal. Sendo assim,</p><p>não resta outra alternativa ao requerente a não ser de provocar o Poder Judiciário, a fim</p><p>de que seja recebido o tributo realmente devido, mas que seja possibilitado o pagamento</p><p>somente deste.</p><p>IV – Do Direito</p><p>Considerando que a parte requerente não obteve êxito no pagamento do tributo que</p><p>realmente é devido, tornou-se necessário o presente ajuizamento da demanda. Ocorre</p><p>que não poderá a Fazenda Pública Municipal exigir dois tributos de maneira simultânea,</p><p>ou seja, cobrar na mesma guia a satisfação do IPTU e da taxa em conjunto, com fulcro</p><p>no artigo 164, I, do CTN.</p><p>Ademais, conforme expresso no enunciado, além de não poder cobrar em conjunto o</p><p>pagamento de dois tributos, a presente taxa cobrada é de fato inconstitucional, eis que é</p><p>cediço no direito brasileiro que taxa somente poderá ser exigida quando for específica e</p><p>divisível, ou seja, que possa ser vista por aquele que recebe, in casu contribuinte, e</p><p>detalhada por parte daquele que presta o serviço, in casu, o município.</p><p>Outrossim, com fundamento no art. 145, II da CF, não se pode compreender como</p><p>possível a exigência da presente taxa, eis que é inconstitucional e está sendo discutida</p><p>em ação autônoma. Sendo assim, exigir dois tributos na mesma guia torna-se exigência</p><p>ilegal, eis que cada tributo tem sua constituição de maneira autônoma.</p><p>Por fim, na forma do artigo 156, VIII do CTN e art. 164, §2º do CPC caberá ao contribuinte</p><p>o direito de consignar em pagamento o valor que compreende devido como forma de</p><p>extinguir o crédito tributário. Logo, no presente caso, considerando a resistência do ente</p><p>competente em receber o valor que o contribuinte compreende devido, compreende-se</p><p>possível a utilização da consignação como forma de converter o valor depositado em</p><p>renda e extinguir o crédito tributário.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>44</p><p>V – Da Suspensão da Exigibilidade</p><p>O requerente encontra-se totalmente respaldado no que tange a possibilidade de</p><p>consignar o valor que de fato é devido, na forma do art. 164, I, do CTN. Considerando</p><p>que, caso não ocorra a suspensão da exigibilidade do crédito, poderá o requerente sofrer</p><p>execução fiscal, vindo a lhe prejudicar em seus negócios e sua vida pessoal. Deseja o</p><p>requerente, com fundamento no art. 151, II, do CTN, que seja deferida a suspensão da</p><p>exigibilidade do crédito tributário, considerando a realização do depósito integral do IPTU</p><p>devido. Igualmente, foi observado o depósito integral em dinheiro, conforme leciona a</p><p>Súmula 112 do STJ.</p><p>VI – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) Que seja deferida por Vossa Excelência a suspensão da exigibilidade do crédito</p><p>tributário, na forma do art. 151, II, do CTN, uma vez ter realizado o depósito de forma</p><p>integral e em dinheiro, conforme leciona a Súmula 112 do STJ.</p><p>b) Que seja deferida a possibilidade de realização do depósito integral em dinheiro</p><p>até</p><p>como forma de suprimento da condição da ação de consignação em pagamento, na forma</p><p>do artigo 542, I do CTN.</p><p>c) Que seja julgada procedente a presente demanda, com a consequente extinção do</p><p>crédito tributário, com fundamento no art. 156, VI e VIII, do CTN combinado com o art.</p><p>164, §2º do CTN.</p><p>d) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente:</p><p>documental, testemunhal e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.</p><p>e) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer</p><p>contestação da presente demanda ou levantar o valor depositado, na forma do artigo 542,</p><p>II do CPC.</p><p>f) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos</p><p>termos do artigo 319, VII, CPC.</p><p>g) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as</p><p>custas processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na</p><p>forma do artigo 85, §3º do CPC.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Valor da Causa R$ ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>45</p><p>6. Ação de Repetição de Indébito Tributário</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 165 do</p><p>CTN. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar os</p><p>requisitos do artigo 319 do NCPC.</p><p>Logo, a regra é bastante clara: utiliza-se a presente ação quando houver pagamento a</p><p>maior ou indevido. Ademais, bastará a comprovação do pagamento para que seja realizado o</p><p>pedido de repetição de indébito tributário.</p><p>Assim, a presente ação serve para recuperar o que foi pago indevidamente.</p><p>Independentemente de motivo, possui-se direito. Não é preciso comprovar motivação do</p><p>pagamento. Trata-se de ação condenatória.</p><p>Quando da condenação em repetição, teremos um título que, via de regra, será precatório.</p><p>Terá que observar a ordem de inscrição e o sistema de pagamento, conforme o artigo 100 da</p><p>CF, mas poderemos buscar a repetição via compensação. Veja, portanto, que na repetitória</p><p>posso utilizar-me para adimplir legislação específica de cada ente competente.</p><p>Assim, quando do pagamento indevido ou a maior tenho duas possibilidades, na forma do</p><p>art. 168 do CTN = tenho 5 anos para buscar. Seja pela via administrativa, seja pela via judicial.</p><p>Lembre-se, se optar pela via judicial, renuncia-se a administrativa.</p><p>Caso opte pela via administrativa e venha a perder (denegar) o pedido, da decisão</p><p>denegatória, terei 2 anos para buscar, conforme reza o artigo 169 do CTN. Via ação de mão</p><p>dupla: anulação e condenação.</p><p>Posso repetir tributo pago prescrito ou decaído? Sim, conforme o artigo 156 do CTN, são</p><p>formas de extinção. Se paguei indevidamente tributo prescrito ou decaído, eram indevidos, e</p><p>conforme o artigo 165, I, do CTN, gerarão direito de repetição.</p><p>O principal motivo da presente ação é evitar o enriquecimento ilícito. Outrossim, é</p><p>importante também alertar que o requerente não precisará esgotar as vias administrativas (ou</p><p>sequer ir para ela) para recorrer à via judicial.</p><p>Vale dizer que: conforme o STJ o pedido administrativo não suspende/interrompe o prazo</p><p>para o contribuinte entrar com a ação de Repetição de Indébito Tributário.</p><p>O prazo para entrar com a demanda será de 5 anos da extinção do tributo ou da decisão</p><p>definitiva que der ganho de causa para o contribuinte.</p><p>MODO DE PAGAMENTO (JUROS E CORREÇÃO) - O artigo 167, § único, do CTN. A</p><p>Súmula 188 do STJ afirma que os juros moratórios serão devidos do Trânsito em Julgado. Mas</p><p>no que tange a correção monetária não existe previsão legal. O STJ afirma ser do pagamento</p><p>indevido. Vide Súmula 162 do STJ.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>46</p><p>Para tributos federais: aplico a taxa SELIC. Correção e juros embutidos na mesma taxa,</p><p>na forma do artigo 39, §4º da Lei 9.250/95. MAS CUIDADO: têm Estados e Municípios que já</p><p>aplicam a taxa SELIC, portanto, se na prova nada falar vai para a regra geral.</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Esta regra vale:</p><p>- Para tributos estaduais.</p><p>- Para tributos distritais.</p><p>- Para tributos municipais.</p><p>Lei Ordinária Municipal, publicada em 05/01/2015, estabeleceu, entre outras providências</p><p>relacionadas ao ISS, a majoração da alíquota para lavagem de veículos pesados de 3%</p><p>para 4%, com vigência a partir de 05/02/2015. Considerando que a Lavagem Fausto Silva</p><p>recolhia no ano de 2014, a título de tributo, o valor de R$ 10.000,00, com base na</p><p>contratação dos seus serviços por construtoras locais, com a majoração da alíquota acima</p><p>mencionada incidente sobre sua atividade, passou a recolher mensalmente o valor de R$</p><p>20.000,00. Entretanto, as referidas construtoras exigiram e obtiveram o desconto do valor</p><p>do aumento do tributo, alegando que seria indevido. Assim sendo, o contribuinte do ISS se</p><p>submeteu ao aumento desse imposto durante o período relativo aos meses de Março de</p><p>2015 até Dezembro de 2015. Ocorre que, em Fevereiro de 2016, mediante notícia</p><p>veiculada no Facebook, o representante legal dessa empresa teve o conhecimento da</p><p>propositura de ações deflagradas por empresas concorrentes questionando a ilegalidade</p><p>do aumento do ISS. Dessa forma, na qualidade de advogado da Lavagem Fausto Silva,</p><p>formule a peça adequada para a defesa dos seus interesses de forma completa e</p><p>fundamentada.</p><p>ATENÇÃO</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>47</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado ...</p><p>Lavagem Fausto Silva, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>com atos constitutivos em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem por meio</p><p>de seu procurador (procuração em anexo), este devidamente estabelecido ..., local onde</p><p>receberá intimações, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 165, I, 166 do</p><p>CTN propor a presente:</p><p>AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO</p><p>Em face do Município ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>endereço eletrônico ..., estabelecido ..., neste ato representada por seu procurador nos</p><p>termos do artigo 75, III, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>I – Cabimento & Tempestividade</p><p>Reza o art. 165, I, do CTN que se torna possível a restituição em face de pagamentos</p><p>realizados pelo contribuinte de forma indevida ou à maior. Ocorre no presente caso que</p><p>o pagamento fora realizado pela parte requerente de maneira indevida. Portanto, está</p><p>presente o requisito para o ajuizamento da presente demanda.</p><p>Reza o art. 166 do CTN que poderá o requerente buscar a restituição de tributos pagos</p><p>indevidamente ou à maior quando, no caso de tributação indireta, ou seja, na presença</p><p>de repercussão tributária, ficar demonstrado que não houve repasse do tributo satisfeito.</p><p>Igualmente, leciona a Súmula 546 do STF que caberá a presente restituição quando</p><p>comprovar-se que não houve repasse e/ou repercussão. Assim, diante do caso previsto</p><p>no enunciado, fica claro que o requerente não repassou o encargo para as empresas que</p><p>se utilizam do seu serviço. Portanto, resta claro a comprovação de que não houve o</p><p>repasse ao consumidor final, ou seja, o contribuinte de fato, sendo possível o ajuizamento</p><p>da respectiva restituição, contrariando o que disposto na Súmula 71 do STF.</p><p>Reza o artigo</p><p>168, I, do CTN, cumulado com o artigo 3º da Lei Complementar 118/05, que</p><p>o prazo para a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação ocorrerá no</p><p>prazo de 5 anos contados do pagamento indevido realizado de forma antecipada. Diante</p><p>disso, resta claro, no presente enunciado, que não transcorreu o presente prazo, sendo</p><p>cabível, portanto, a possibilidade de restituição.</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>48</p><p>Por fim, e não menos importante, torna-se necessário salientar que, conforme</p><p>comprovação em anexo, junta-se a guia de pagamento de tributo indevido, comprovando-</p><p>se, assim, a condição para a ação.</p><p>II – Dos Fatos</p><p>Conforme expresso no enunciado, a Lavagem Fausto Silva fora compelida a satisfazer</p><p>alíquota de ISSQN majorada em 05/01/2015, através de lei ordinária, a partir de</p><p>05/02/2015. Igualmente, tal alíquota majorada redundou à empresa requerente aumento</p><p>no pagamento mensal do referido tributo de R$ 10.000,00 para R$ 20.000,00. Outrossim,</p><p>tal tributo não fora repassado aos contribuintes, tendo, portanto, a requerente satisfeito</p><p>eles entre março de 2015 até dezembro de 2015. Diante do pagamento do tributo</p><p>majorado por 10 meses, a Lavagem Fausto Silva fora cientificado, em fevereiro de 2016,</p><p>que tal contribuição seria indevida, fato este que culminou na busca por um advogado.</p><p>Não restando outra alternativa, frente a inconstitucionalidade, faz-se necessário o</p><p>ingresso da presente demanda, a fim de buscar a devolução do pagamento destes</p><p>tributos.</p><p>III – Dos Direitos</p><p>Reza o artigo 150, III, B e C da CF que os tributos, via de regra, majorados ou criados,</p><p>deverão atender ao princípio da anterioridade do exercício e da anterioridade</p><p>nonagesimal. Ocorre no presente caso, que a empresa requerente fora compelida a</p><p>satisfazer a alíquota majorada de 3% para 4%, após apenas um mês de publicação da</p><p>demanda. Diante disso, considerando a inobservância do princípio da anterioridade do</p><p>exercício, ou seja, a possibilidade de exigência do tributo somente após o primeiro dia útil</p><p>do exercício seguinte, e, da anterioridade nonagesimal, ou seja, a possibilidade da</p><p>exigência do tributo após 90 dias da sua publicação, compreende-se que os pagamentos</p><p>realizados pelo requerente foram ilegais, eis que realizados após 1 mês da publicação da</p><p>norma majorante.</p><p>Reza o artigo 8º da Lei Complementar 116/03 que a alíquota máxima de ISSQN poderá</p><p>ser de até 5%. Ocorre no presente caso que tal alíquota fora majorada para 4%. Diante</p><p>disso, compreende-se da legalidade de tal majoração, cumprindo, assim, a</p><p>municipalidade com o princípio da legalidade.</p><p>IV – Do Modo de Correção e Juros Moratórios</p><p>Reza a Súmula 162 do STJ que o valor do tributo pago indevidamente ou à maior deverá</p><p>ser corrigido monetariamente a partir do pagamento indevido. Igualmente, reza a Súmula</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>49</p><p>188 do STJ e o artigo 167, §º único do CTN que os juros moratórios deverão incidir a</p><p>partir do trânsito em julgado da demanda. Considerando que se trata de tributo de</p><p>competência municipal, deseja a parte requerente que o valor pago indevidamente seja</p><p>corrigido a partir do pagamento indevido e os juros moratórios incidam a partir do trânsito</p><p>em julgado da demanda.</p><p>V – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) Seja a parte contrária citada para que, caso queira, no prazo hábil, venha oferecer</p><p>contestação da presente demanda.</p><p>b) A parte não deseja que seja designada audiência de conciliação ou mediação, nos</p><p>termos do artigo 319, VII, do CPC.</p><p>c) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente a juntada das guias</p><p>de pagamento dos tributos, assim como prova documental e pericial, na forma do art. 319,</p><p>VI, do CPC.</p><p>d) A procedência da presente demanda, a fim de condenar a parte requerida, para que</p><p>restitua os tributos pagos mensalmente entre os meses de março até dezembro de 2015,</p><p>no valor de R$ 100.000,00. Tais valores deverão ser corrigidos através da correção</p><p>monetária a partir do pagamento indevido, na forma da súmula 162 do STJ, e com juros</p><p>moratórios a partir do trânsito em julgado, conforme súmula 188 do STJ e art. 167, § único</p><p>do CTN.</p><p>e) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as</p><p>custas processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na</p><p>forma do artigo 85, §3º do CPC.</p><p>Valor da Causa: R$ 100.000,00.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>50</p><p>7. Ação de Embargos à Exec. Fiscal e Redirecionamento</p><p>da Exec. Fiscal</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>O fundamento legal básico do presente instrumento de defesa encontra-se esculpido no</p><p>artigo 914 e seguintes do NCPC. Entretanto, é importante ressaltar sobre os Embargos à</p><p>Execução Fiscal, o artigo 16 da LEF.</p><p>Mas de onde nasce o Direito da Execução Fiscal? A partir do momento que existe um</p><p>crédito tributário que não foi satisfeito pelo contribuinte. Sendo assim, ocorrerá a inscrição do</p><p>débito em dívida ativa.</p><p>Ademais, a certidão de dívida ativa funciona como título executivo, cuja a mesma será</p><p>utilizada para a cobrança do crédito pelo Ente Público. Vide artigo 202 do CTN.</p><p>Outrossim, conforme Execução de Título Extrajudicial, a Execução Fiscal serve para que</p><p>seja realizado um crédito não pago, ou seja, aquele que é certo, líquido e exigível.</p><p>Tal procedimento correrá em autos apartados da Execução Fiscal e, por isso, inclusive,</p><p>alguns doutrinadores a chamam de ação autônoma. Logo, sua finalidade é de fato proteger o</p><p>contribuinte e os seus direitos.</p><p>Tais Embargos à Execução Fiscal serão ajuizados nos seguintes casos e no prazo de 30</p><p>dias:</p><p>• Intimação da penhora.</p><p>• Do depósito.</p><p>• Da juntada da prova de fiança bancária ou seguro garantia.</p><p>Jamais erre no momento da prova: a garantia do juízo é requisito para admitir os</p><p>Embargos à Execução Fiscal, assim como o prazo de 30 dias. Ademais, caberá Embargos de</p><p>qualquer espécie tributária.</p><p>Tenha atenção na hora de fazer a prova: não basta a garantia do juízo para embargar,</p><p>terá de contar o prazo de 30 dias. Se estiver fora do prazo, não cabe mais embargos. Tudo isso</p><p>conforme o artigo 16 da LEF. Mas se o contribuinte desejar acelerar os embargos, nada impede</p><p>que, caso tenha penhora nos autos, mesmo sem intimação, ele ofereça os embargos à execução.</p><p>Até porque ninguém garante juízo para anulatória ou exceção.</p><p>Mera propositura dos embargos suspenderá a execução? Não. Logo, o bem em garantia</p><p>poderá ser vendido. E o que faço para suspender? Depósito integral em dinheiro (exceção) ou</p><p>o requerimento do efeito suspensivo (regra).</p><p>E como faço requerimento do efeito suspensivo? O art. 294 do CPC fala sobre tutela</p><p>provisória, observando o que disposto no art. 919, §1º, do CPC.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>51</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Em 10.05.2005 Livina Maria Andrade arrematou judicialmente um imóvel por R$</p><p>350.000,00 localizado no Município de Rancho Queimado. Recolheu o ITBI, com base no</p><p>valor arrematado em juízo. A Sra. Livina Maria Andrade é agricultora e utiliza o imóvel para</p><p>a produção agrícola e pecuária. O imóvel está dentro</p><p>da zona urbana definida por lei pelo</p><p>Município, já que a rua onde se encontra o imóvel é asfaltada e o Município fornece água</p><p>e sistema de esgoto sanitário. Em 10.05.2008 recebeu notificação fiscal exigindo</p><p>diferenças no valor do ITBI pago por ocasião da aquisição judicial do imóvel. O Fisco</p><p>Municipal entendeu que o tributo deveria ser calculado com base no valor da avaliação</p><p>judicial realizada no processo de execução, no qual ocorreu a arrematação (R$</p><p>380.000,00). A Sra. Livina permaneceu inerte e foi inscrita em dívida no dia 10.08.2008.</p><p>Em 10.06.2010 foi citada em execução fiscal proposta pelo Município de Rancho</p><p>Queimado para a cobrança do ITBI e do IPTU dos anos de 2007, 2008 e 2009, os quais</p><p>nunca foram pagos. A Sra. Livina teve bens penhorados em 10.07.2010 e lhe procurou,</p><p>em 20.07.2010, para a defesa de seus direitos. Na qualidade de advogado da Sra. Livina,</p><p>elabore a peça processual que melhor atenda o seu direito, especificando seus</p><p>fundamentos.</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>52</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de Rancho</p><p>Queimado do Estado ...</p><p>Distribuição por dependência aos autos do processo nº ...</p><p>Livina Maria Andrade, brasileira, estado civil ..., agricultora, inscrita no CPF sob o nº ...,</p><p>endereço eletrônico ..., residente e domiciliada ..., por meio de seu advogado (com</p><p>procuração anexa), estabelecido ..., local onde receberá intimações, com fulcro no art. 16</p><p>da Lei 6.830/80, vem à presença de Vossa Excelência, opor:</p><p>EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO</p><p>Em face do Município de Rancho Queimado, pessoa jurídica de direito público, inscrita</p><p>no CNPJ sob o nº ..., estabelecida ..., neste ato representada por seu prefeito ou</p><p>procurador, nos termos do art. 75, III do CPC, em face dos fatos e fundamentos abaixo</p><p>aduzidos.</p><p>I – Cabimento</p><p>Nos termos do art. 16 da lei de execução fiscal, poderá a parte executada apresentar</p><p>embargos à execução fiscal se existir garantia do juízo e a observância do prazo de 30</p><p>dias.</p><p>No presente caso houve penhora dos bens de Livina, ocorrendo, assim, a garantia do</p><p>juízo. Ademais, a presente embargante fora intimada da penhora no dia 10/07/2010 e</p><p>procurou seu procurador no dia 20/07/2010, ou seja, estando observado o prazo legal de</p><p>30 dias (art. 16, III, LEF).</p><p>Sendo assim, compreende-se possível o ajuizamento do presente embargos à execução</p><p>fiscal.</p><p>II – Dos Fatos</p><p>Conforme presente caso, houve ajuizamento de execução fiscal contra a Livina, tendo em</p><p>vista, segundo o ente público, o não pagamento do ITBI sobre o valor da avaliação do</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>53</p><p>bem, que foi arrematado pela embargante. Assim, não houve pagamento do IPTU</p><p>referente aos anos de 2007/2008 e 2009.</p><p>Diante do possível débito, e mediante a inscrição em dívida ativa, possibilitou ao</p><p>embargado o ajuizamento de execução fiscal para a cobrança do possível débito da</p><p>embargante.</p><p>III – Dos Direitos</p><p>Conforme reza o art. 15 do decreto lei 57/66, não será objeto de cobrança de IPTU imóvel</p><p>situado em zona urbana, cuja utilização seja realizado para fins rurais.</p><p>Ocorre, no presente caso, que Livina utiliza o imóvel arrematado para fins de produção</p><p>rural, tal seja, agricultura e pecuária. Diante disso, compreende-se que torna-se, mesmo</p><p>com a presença dos elementos do IPTU (art. 32, §1º do CTN), impossível cobrar IPTU da</p><p>embargante, considerando a previsão do art. 15 do decreto lei 57/66.</p><p>Ainda, conforme reza o art. 38 do CTN, o ITBI será satisfeito com base no valor venal do</p><p>bem que fora transmitido. Ocorre no presente caso que Livina satisfez o valor do ITBI</p><p>com base no valor da arrematação. Sendo assim, ilegal a cobrança do ITBI com base no</p><p>valor da avaliação judicial. Posto isso, compreende-se ilegal a cobrança do ente público</p><p>com base no valor da avaliação judicial do bem arrematado, uma vez observado o que</p><p>disposto no art. 38 do CTN.</p><p>IV – Do Efeito Suspensivo</p><p>Nos termos do art. 919, §1º do CPC o magistrado poderá deferir o efeito suspensivo da</p><p>execução fiscal, mediante requerimento do embargante, e presentes os requisitos da</p><p>tutela provisória.</p><p>No presente caso, estão presentes os requisitos da tutela provisória, conforme artigo 294</p><p>do CPC. Ademais, restam configurados, igualmente, os requisitos do art. 300 do CPC,</p><p>uma vez presente a probabilidade do direito e o perigo de dano.</p><p>Ocorre a probabilidade do direito, eis que observou a embargante o que disposto no art.</p><p>38 do CTN (pagamento do ITBI com base no valor da arrematação), assim como não</p><p>deverá satisfazer o IPTU, uma vez que o imóvel tem exploração notadamente rural,</p><p>conforme reza o art. 15 do decreto lei 57/66.</p><p>Também ocorre o perigo de dano, eis que, caso tenha que satisfazer o valor cobrado,</p><p>poderá posteriormente a embargante ajuizar ação de repetição de indébito, tendo que</p><p>possivelmente receber tais valores através de precatória, conforme reza o art. 100 da</p><p>constituição federal. Ademais, se fizesse tal pagamento poderia acarretar danos a sua</p><p>pessoa e família. Diante disso, além de estar garantida a execução fiscal, restam</p><p>presentes os requisitos do art. 919, §1º, cumulados com os artigos 294 e 300 do CPC.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>54</p><p>V – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) a concessão do efeito suspensivo dos embargos para suspender a execução fiscal, eis</p><p>que presentes os requisitos da probabilidade do direito e perigo de dano. Tudo isso,</p><p>conforme art. 919, §1º, cumulado com os artigos 294 e 300 do CPC.</p><p>b) A intimação do município para que, caso queira, venha impugnar os embargos no prazo</p><p>de 30 dias, designando, igualmente, audiência de instrução e julgamento, nos termos do</p><p>art. 17 da LEF.</p><p>c) A procedência dos embargos à execução fiscal, para extinção da execução, e o</p><p>respectivo cancelamento das dívidas ativas referente ao ITBI e IPTU lançados,</p><p>contrariando o que disposto, respectivamente, nos artigos 38 do CTN e 15 do decreto lei</p><p>57/66.</p><p>d) Que seja expedido mandado para que ocorra o levantamento do bem que foi</p><p>penhorado.</p><p>e) A produção de prova admitida em direito, assim como a juntada de documento e do rol</p><p>de testemunhas, conforme reza o art. 16, §2º da LEF.</p><p>f) A condenação da parte embargada nos ônus sucumbenciais. Notadamente em custas</p><p>judiciais, conforme reza o art. 82, §2º do CPC e dos honorários sucumbenciais, conforme</p><p>reza o art. 85, §3º do CPC.</p><p>Valor da Causa: R$ ...</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>55</p><p>8. Petição de Exceção de Pré-executividade</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Tal petição (peça processual) não apresenta fundamento legal próprio. Mas não esqueça</p><p>de colocar a Súmula 393 do STJ.</p><p>Outrossim, para o seu ingresso não será necessária a garantia do juízo, conforme ocorre</p><p>nos Embargos à Execução Fiscal. Ademais, seu processamento será realizado mediante simples</p><p>petição, sem quaisquer autos apartados, dentro da Execução Fiscal.</p><p>Assim, vale dizer: poderão ser suscitadas via Exceção de Pré-Executividade matérias de</p><p>ordem pública e nulidades absolutas. E vamos mais longe: dentro da Exceção não poderá existir</p><p>produção probatória (tudo é pré constituído).</p><p>Tem-se admitido, inclusive, Exceção para questionar nulidade flagrante (totalmente</p><p>visível) quando houver nulidade de título ou ainda no processo. Outrossim, é exemplo de opção</p><p>para utilização da Exceção:</p><p>• Ilegitimidade de Parte.</p><p>• Falta de Condição ou Pressuposto de Ação.</p><p>• Inépcia da Inicial.</p><p>• Falta de citação regular.</p><p>• Falta de capacidade postulatória.</p><p>• Vícios de processo administrativo.</p><p>• Coisa Julgada.</p><p>• Causa Extintiva da Obrigação (Prescrição, Pagamento, Compensação).</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça prática tratada neste capítulo. É</p><p>importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que</p><p>serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>56</p><p>A União Federal ajuizou, em janeiro de 2016, Execução Fiscal contra a empresa Peppa</p><p>Pig Indústria de Brinquedos Ltda. e seus sócios Guigui e Nini. Antes da exigência de IPI,</p><p>constituído em janeiro de 2015, a Fazenda Pública Nacional inscreveu em dívida ativa a</p><p>empresa devedora. A presente execução fiscal foi ajuizada na 1ª Vara da Fazenda Pública</p><p>da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul. Outrossim, é importante ressaltar que no</p><p>contrato social da empresa consta como sócio administrador somente o sócio Nini de forma</p><p>exclusiva. Devidamente citadas as partes, sem haver oferecimento de bens à penhora, o</p><p>pagamento da dívida ou a penhora propriamente dita de eventuais bens em nome dos</p><p>executados, foi efetuada penhora em uma Lambreta 1969 de propriedade de Guigui.</p><p>Diante da penhora realizada no bem móvel de Guigui, o mesmo foi intimado de sua</p><p>realização em 20 de dezembro de 2016. Na qualidade de advogado de Guigui redija a peça</p><p>processual cabível para a defesa do mesmo nos próprios autos da Execução Fiscal,</p><p>considerando, ainda, que o cliente teve penhora nos autos.</p><p>Douto Juízo Federal da 1ª Vara da Fazenda Pública da Seção Judiciária do Estado do Rio</p><p>Grande do Sul</p><p>Execução Fiscal Nº ...</p><p>Guigui, estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF sob o nº ..., com endereço eletrônico</p><p>..., residente e domiciliado ..., vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio</p><p>de seu advogado (procuração anexa), este com endereço profissional ..., local onde</p><p>receberá intimações, nos termos dos artigo 803, Parágrafo Único do CPC e Súmula 393</p><p>do STJ, propor a presente:</p><p>EXCEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE</p><p>Em face da Execução Fiscal ajuizada pela União Federal, pessoa jurídica de direito</p><p>público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., neste ato</p><p>Resolução da Peça</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>57</p><p>representada por seu procurador, na forma do artigo 75, I, do CPC, pelos fatos e</p><p>fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>I – Do Cabimento da EPE</p><p>Reza a Súmula 393 do STJ que existirá possibilidade de cabimento de Exceção de Pré</p><p>Executividade em sede de defesa em Execução Fiscal, desde que a matéria seja de</p><p>ordem pública e seja desnecessária a produção/dilação probatória.</p><p>No presente caso, existe a possibilidade de Exceção de Pré Executividade, uma vez que</p><p>a matéria a ser arguida não carece de dilação probatória e, conforme o próprio enunciado,</p><p>a defesa deverá ser realizada nos autos da Execução Fiscal. Outrossim, a matéria a ser</p><p>arguida independe de ampla produção probatória, ou seja, podendo, assim, o juiz apreciá-</p><p>la de ofício e decidir pela causa impeditiva de realização da Execução Fiscal.</p><p>Diante disso, compreende-se possível o ajuizamento da presente Exceção de Pré</p><p>Executividade, uma vez atendidos os requisitos da Súmula 393 do STJ e o que</p><p>igualmente expresso no enunciado da questão.</p><p>Por fim, vale ressaltar que a parte excipiente anexa à presente petição todos os</p><p>documentos necessários, a fim de comprovar seu direito, mais uma vez justificando a</p><p>desnecessidade de dilação probatória, uma vez que, igualmente, todas as provas</p><p>necessárias são pré constituídas.</p><p>II – Dos Fatos</p><p>O presente caso trata-se de Execução Fiscal movida pela União Federal contra a</p><p>empresa Peppa Pig Indústria de Brinquedos Ltda. e seus sócios, referente ao possível</p><p>IPI devido e não satisfeito. Ocorre que, após tentativas sem sucesso de efetuar a penhora</p><p>de bens da empresa e/ou a satisfação do crédito pelas partes, a União Federal obteve</p><p>êxito na penhora de uma lambreta registrada em nome do sócio Guigui. Considerando</p><p>que o mesmo fora intimado da penhora em 20/12/16, procurou um advogado a fim de</p><p>efetuar sua defesa.</p><p>III – Dos Direitos</p><p>Reza o artigo 135, III, do CTN que somente poderá ser responsabilizado pelo pagamento</p><p>de tributos, pessoalmente, os sócios gestores que cometerem atos abusivos ou com</p><p>excesso de poderes na sua administração do empreendimento comercial.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>58</p><p>No presente caso, houve o simples ajuizamento da Execução Fiscal contra o sócio Guigui,</p><p>que não era administrador, logo, não podendo ser responsabilizado pessoalmente por</p><p>eventuais excessos cometidos pelo sócio administrador Nini.</p><p>Sendo assim, compreende-se pela impossibilidade de realização da Execução Fiscal,</p><p>uma vez que Guigui não fora inscrito na CDA, assim como não poderá ser</p><p>responsabilizado pela dívida fiscal, frente ao que disposto no artigo 135, III, do CTN.</p><p>Igualmente, reza a Súmula 430 do STJ que não caberá responsabilidade de sócio pelo</p><p>mero inadimplemento de tributo.</p><p>No presente caso, houve a responsabilização do sócio pelo simples ajuizamento da</p><p>Execução Fiscal, portanto, reforçando a tese da ilegalidade da cobrança do sócio, bem</p><p>como da Execução Fiscal.</p><p>IV – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) o recebimento da presente Exceção de Pré Executividade.</p><p>b) A intimação da parte contrária para manifestar-se e ter ciência da presente petição, na</p><p>forma do artigo 7º do CPC e artigo 5º, LV, da CF.</p><p>c) Que seja acolhida a presente Exceção de Pré Executividade e dado provimento ao</p><p>pedido, para que seja extinta a presente Execução Fiscal, extinguindo, igualmente, o</p><p>crédito tributário, nos termos do artigo 156, X, do CTN. Igualmente, deseja que seja</p><p>declarada nula a dívida cobrada e a CDA lançada, ordenando o cancelamento da</p><p>inscrição em dívida ativa.</p><p>d) Que seja expedido mandado para que ocorra o levantamento do bem que foi</p><p>penhorado.</p><p>e) A inversão da condenação em custas e honorários advocatícios sucumbenciais na</p><p>forma do artigo 82, §2º e 85, §3º do CPC.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>59</p><p>9. Teoria Geral dos Recursos</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo</p><p>O que é recurso? Uma ferramenta processual que pode ser questionada dentro do</p><p>processo. Um ato de caráter decisório do órgão jurisdicional que está julgando minha causa.</p><p>Poderei, portanto, me manifestar sobre uma discordância e modificar a decisão em razão do</p><p>fundamento cujo mesmo não concordo com a decisão.</p><p>Vale ressaltar que o recurso é questão de livre arbítrio daquele que recorre. Não existe</p><p>obrigação para tanto, fora aquelas condições impostas na lei, como por exemplo, reexame</p><p>necessário.</p><p>Qual a diferença entre Decisão Interlocutória e Sentença: terminar a atuação do juiz de</p><p>primeiro grau, mesmo resolvendo o mérito (enfrenta o mérito da causa) ou não (termina sem</p><p>definir o mérito), quanto a sua decisão final, caberá sentença, assim, será o exaurimento do</p><p>processo dentro do primeiro grau. Só que entre a inicial e a sentença, haverão decisões</p><p>interlocutórias onde o juiz também precisará decidir, mas não terminará o feito. Aqui é o exemplo</p><p>da tutela antecipada ou liminar.</p><p>Já no que tange ao Tribunal. Inicialmente, cabe dizer que lá não serão mais juízes, mas</p><p>sim Desembargadores. Quando recorre alega-se erro quanto ao procedimento ou a matéria.</p><p>Assim, se busca atacar nos recursos: reforma ou anulação.</p><p>Se existe erro de um procedimento, quando alguém desrespeita uma norma legal, existe</p><p>decisão contrariando a lei, como conduzir a forma do processo. Assim, diante deste desrespeito,</p><p>pede-se a anulação. Aqui é erro ad procedendo. Quando estou diante de um erro anulável, pede-</p><p>se ao Tribunal que, caso dê procedência ao pedido, para que seja anulada a decisão, requerendo</p><p>que o processo seja remetido novamente para julgamento. Assim, o Tribunal não faz nova</p><p>decisão.</p><p>Agora, se o feito é conduzido pelo procedimento correto, mas não concordo com o</p><p>conteúdo, aí eu peço a reforma. Aqui é erro ad judicando. Imagine que o juiz sentenciou de</p><p>maneira correta. Julgou de maneira correta, não quer dizer que ele julgou de maneira correta.</p><p>Quando eu recorrer desta sentença, no que tange ao conteúdo, vou pedir para o Tribunal</p><p>• Na Primeira Instância: Decisões Interlocutórias e Sentenças.</p><p>• Nos Tribunais: Acórdãos (Unânimes & Não Unânimes) e Decisões Monocráticas dos</p><p>Relatores (quando eles sozinhos decidem que não precisam submeter a decisão ao</p><p>colegiado).</p><p>QUAIS SERIAM OS ATOS DECISÓRIOS ATACADOS POR RECURSOS?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>60</p><p>reformar a decisão, a fim de que seja proferida nova decisão para modificar àquela. Logo, é uma</p><p>decisão de caráter substitutivo.</p><p>Jamais peça procedência de recurso. Recurso você pedirá sempre provimento. Dar</p><p>provimento é dar julgamento procedente no que tange ao Recurso. Assim, o Desembargador vai</p><p>dar ou não o provimento do Recurso.</p><p>São os requisitos do recurso:</p><p>Para Resp ou RE:</p><p>- Pré-Questionamento.</p><p>- Esgotamento das Vias Recursais Ordinárias.</p><p>E ainda, se for RE:</p><p>- Repercussão Geral.</p><p>INTRÍNSECOS</p><p>•Cabimento (recurso certo)</p><p>•Legitimidade (legitimação, parte, prejudicada)</p><p>•Interesse (é possível)</p><p>•Inexistência de Fatos Impeditivos e Extintivos do direito de recorrer</p><p>EXTRÍNSECOS</p><p>•Tempestividade</p><p>•Preparo</p><p>•Regularidade Formal</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>61</p><p>10. Recurso de Agravo de Instrumento, Interno e Apelação</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>O presente recurso apresenta como fundamento legal o artigo 1.015 do NCPC. Tal medida</p><p>será utilizada pelo contribuinte quando, dentro de um processo judicial, houver decisão</p><p>interlocutória.</p><p>Outrossim, via de regra, tal medida é realizada especialmente quando:</p><p>• O juiz indeferir pedido liminar ou tutela de urgência.</p><p>• O juiz indeferir ou extinguir a petição de Exceção de Pré-Executividade.</p><p>• O juiz indeferir pedido de efeito suspensivo da Execução Fiscal.</p><p>Lembre-se que o presente recurso será utilizado SEMPRE para desafiar decisão</p><p>interlocutória proferida em sede de 1º Grau, ou seja, pelo JUIZ.</p><p>Considerando que repassamos sobre o presente recurso, vamos agora vislumbrar uma</p><p>estruturação da presente peça tratada neste capítulo. É importante dizer que o presente material</p><p>deverá ser complementado com as aulas ao vivo que serão realizadas conforme grade de</p><p>horários.</p><p>Priscila e Márcia são sócias cotistas da Melati Indústria e Comércio Ltda., que responde</p><p>por dívida previdenciária no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Foi proposta</p><p>execução em face da pessoa jurídica e das sócias, que tramita na 2ª Vara Federal da Seção</p><p>Judiciária de Mato Grosso, em Cuiabá. As sócias apresentaram exceção de pré-</p><p>executividade, sob o argumento de que não poderiam responder pelas dívidas da empresa.</p><p>O juiz não acolheu os argumentos das sócias da empresa, mantendo os seus nomes no</p><p>polo passivo da demanda, com fundamento no art. 13 da Lei nº 8.620/1993 combinado com</p><p>o art. 124, inciso II, do Código Tributário Nacional. A decisão foi publicada em 26 de janeiro</p><p>de 2006. Como advogado (a) das sócias, tome as medidas judiciais cabíveis, e considere</p><p>que a ação é contemporânea à época visualizada no problema.</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>62</p><p>Ilustríssimo Senhor Presidente do Tribunal Regional Federal da ... Região</p><p>Processo de nº ...</p><p>Priscila, estado civil ..., profissão ..., inscrita no CPF sob o nº ..., residente e domiciliada</p><p>..., endereço eletrônico ..., e Márcia, estado civil ..., profissão ..., inscrita no CPF sob o nº</p><p>..., residente e domiciliada ..., endereço eletrônico ..., vem por meio de seu procurador</p><p>(procuração anexa), estabelecido ..., local onde receberá intimações, perante Vossa</p><p>Excelência, nos termos do artigo Art. 1.015, §º único do CPC, interpor o presente:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA</p><p>RECURSAL</p><p>Em face de decisão interlocutória que negou acolhimento da Exceção de Pré</p><p>Executividade, nas folhas ..., dos autos do processo de nº ..., que litiga contra a União,</p><p>pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ...,</p><p>estabelecida ..., neste ato representada por seu representante, na forma do artigo 75, I,</p><p>do CPC, pelos fatos e razões de direito abaixo aduzidas.</p><p>I – Do Cabimento e Pressupostos de Admissibilidade</p><p>Conforme reza o artigo 1.015, §º único do CPC, a decisão interlocutória proferida por juiz</p><p>em sede de processo executório, poderá ser impugnada por agravo de instrumento.</p><p>Ocorre no presente caso que as partes agravantes realizaram exceção de pré</p><p>executividade considerando a existência de execução fiscal contra as mesmas.</p><p>Diante disso, torna-se possível e cabível a interposição do presente recurso, visto que</p><p>também estão atendidos os demais requisitos intrínsecos de admissibilidade do recurso,</p><p>ou seja, as partes são legítimas na forma do artigo 996 do CPC, bem como não ocorre</p><p>nenhum fato impeditivo, extintivo do direito de recorrer, na forma dos artigos 998 até 1.000</p><p>do CPC.</p><p>II – Da Tempestividade e do Preparo</p><p>Reza o artigo 1.003, §5º do CPC que poderá ser interposto o presente recurso no prazo</p><p>de 15 dias. Ocorre no presente caso que a decisão foi publicada em 26 de janeiro de</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>63</p><p>2006. Considerando a contemporaneidade da elaboração do presente recurso,</p><p>compreende-se tempestiva a interposição do presente agravo de instrumento.</p><p>Rezam os artigos 1.017, §1º e 1.007 do CPC que para a interposição do presente recurso</p><p>deverá a parte efetuar o pagamento do preparo. Diante desta necessidade, solicitam as</p><p>partes agravantes a juntada do comprovante do pagamento das custas de preparo,</p><p>requisito este indispensável para a realização do presente recurso.</p><p>III – Das Peças Obrigatórias</p><p>Reza o artigo 1.016, IV, do CPC que deverá a parte agravante anexar ao seu recurso</p><p>todos os documentos e peças obrigatórias. Outrossim, previsão igual resta presente no</p><p>artigo 1.017, I e §1º do CPC.</p><p>Igualmente, resta anexado ao presente recurso cópia das procurações dos procuradores</p><p>das partes, com suas devidas qualificações e endereços.</p><p>Por fim, igualmente, resta dizer o agravante que está em anexo cópia da peça portal, da</p><p>decisão interlocutória, do comprovante de intimação da decisão, da guia de recolhimento</p><p>e das cópias da inicial e contestação.</p><p>IV – Das Peças Facultativas</p><p>Reza o artigo 1.017, III, do CPC que poderá a parte recorrente, ora agravante, apresentar</p><p>no presente recurso peças de cunho não obrigatório, ou seja, facultativas. Diante disso,</p><p>apresenta as partes agravantes peças que</p><p>compreendem importantes para o julgamento</p><p>do presente recurso.</p><p>V – Do Conhecimento do Juízo de 1º Grau</p><p>Reza o artigo 1.018 do CPC que para o juízo de admissibilidade do presente agravo de</p><p>instrumento deverão ser obedecidos os seguintes requisitos: a juntada da cópia no prazo</p><p>de até 3 dias do agravo de instrumento, do comprovante de interposição e dos</p><p>documentos que foram anexados ao presente agravo. Diante disso, obedece o agravante</p><p>o que acima exposto para efeitos de não existir inadmissibilidade do presente recurso.</p><p>VI – Dos Fatos</p><p>As partes agravantes peticionaram nos autos da Execução Fiscal desejando as suas</p><p>exclusões do polo passivo, visto que compreendem não serem devedoras da quantia</p><p>tributária devida à título de contribuição previdenciária.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>64</p><p>No presente caso, houve decisão interlocutória proferida pelo magistrado não acolhendo</p><p>o pedido realizado pelas partes, fundamentando sua decisão com fulcro em lei ordinária.</p><p>Diante disso, não restou outra alternativa às agravantes, a não ser de interpor o presente</p><p>recurso.</p><p>VII – Do Direito - Das Razões de Reforma</p><p>Reza a Súmula 430 do STJ que os sócios gerentes não poderão ser responsáveis</p><p>automaticamente por dívida da empresa. No presente caso, além dos sócios não serem</p><p>gerentes, visto que são quotistas, não poderá ser atribuída responsabilidade para às</p><p>mesmas, eis que não podem ser responsabilizadas automaticamente. Diante disso,</p><p>considerando o que previsto na Súmula 430 do STJ, compreende-se pela impossibilidade</p><p>de buscar a responsabilização dos sócios quotistas agravantes.</p><p>Outrossim, reza o artigo 146, III, “a” e “b” da Constituição Federal que somente caberá à</p><p>lei complementar estabelecer quem serão os contribuintes e suas respectivas obrigações.</p><p>No presente caso, a decisão do magistrado foi proferida com fundamento em lei ordinária.</p><p>Diante disso, considerando o que previsto no artigo 146, III, “a” e “b” da Constituição</p><p>Federal, compreende-se pela ilegalidade de tal responsabilização, visto que não caberá</p><p>à lei ordinária legislar em matéria atinente somente à lei complementar.</p><p>VIII – Da Antecipação de Tutela Recursal</p><p>Reza o artigo 995, §º único do CPC combinado com o artigo 1.019, I do CPC que poderão</p><p>as partes agravantes solicitar a concessão da antecipação da tutela recursal.</p><p>Ocorre, no presente caso, que houve indeferimento do pedido de exclusão das sócias da</p><p>execução fiscal, sendo assim proferida decisão interlocutória.</p><p>Diante disso, resta esclarecido que as partes agravantes observam os requisitos</p><p>necessários para o provimento do pedido de tutela recursal, uma vez que estão</p><p>preenchidos os requisitos dispostos no artigo 300 do CPC, ou seja, fundamento relevante</p><p>e perigo de dano.</p><p>IX – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>65</p><p>Após visualizarmos e compreendermos o recurso de Agravo de Instrumento, vamos falar</p><p>um pouco sobre o recurso de Apelação. O presente recurso apresenta como fundamento legal o</p><p>artigo 1.019, II do NCPC. Tal medida será utilizada quando houver sentença, inobstante seja ela</p><p>com ou sem resolução de mérito.</p><p>Mas afinal o que é sentença? Sentença é a decisão proferida pelo JUIZ, em sede de 1º</p><p>GRAU, onde o mesmo encerra sua participação no processo. Vale ressaltar: via de regra, caberá</p><p>apelação, mas nem sempre será somente apelação.</p><p>É importante, ainda, ressaltar que:</p><p>• Julgou os Embargos à Execução? Apelação.</p><p>• Julgou Exceção de Pré-Executividade? Agravo.</p><p>a) seja admitido o presente recurso, uma vez presentes os requisitos e pressupostos de</p><p>admissibilidade, mais notadamente aqueles previstos nos artigos 1.017, §1º combinado</p><p>com o artigo 1.007 e artigo 1.003, §5º, todos do CPC.</p><p>b) Seja intimada a parte agravada para que, desejando, apresente suas contrarrazões no</p><p>prazo legal de 15 dias, na forma do artigo 1.003, §5º do CPC e artigo 1.019, II, do CPC.</p><p>c) Seja intimado o membro do Ministério Público para que, desejando, apresente suas</p><p>considerações sobre o presente recurso, na forma do artigo 1.019, III, do CPC.</p><p>d) Seja deferida por Vossa Excelência o pedido de antecipação de tutela recursal, na</p><p>forma do artigo 995, §º único do CPC e artigo 1.019, I, do CPC.</p><p>e) Por fim, desejam os agravantes que seja provido o presente recurso de agravo de</p><p>instrumento, sendo prolatado novo acórdão, reformando-se a decisão interlocutória</p><p>indeferida, para efeitos de extinguir do polo passivo da Execução Fiscal as sócias</p><p>quotistas, com fundamento na Súmula 430 do STJ e artigo 146, III, “a” e “b”, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>Nestes termos, pede e espera deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>66</p><p>• Acolheu Exceção e Extinguiu Execução? Apelação.</p><p>• Decisão que não concede Mandado de Segurança? Apelação.</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre o recurso, vamos</p><p>agora vislumbrar um modelo de peça-prática do presente recurso tratado neste capítulo. É</p><p>importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao vivo que</p><p>serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Em janeiro de 2007, a Fazenda Nacional lavrou auto de infração em face da pessoa</p><p>jurídica ABC, visando a cobrança de contribuições previdenciárias dos anos de 2005 e</p><p>2006. Não houve impugnação administrativa por parte do contribuinte. Em janeiro de</p><p>2014, a Fazenda Nacional ajuizou execução fiscal em face da pessoa jurídica ABC</p><p>visando a cobrança do referido tributo. Antes mesmo da citação da contribuinte, a</p><p>Fazenda Nacional requereu a inclusão, no polo passivo da execução fiscal, de Carlos,</p><p>gerente da pessoa jurídica ABC, por entender que o não recolhimento da contribuição é</p><p>motivo para o redirecionamento da execução, o que foi acolhido pelo Juízo da 2ª Vara de</p><p>Execuções Fiscais da Seção Judiciária do Estado X. Após garantia do Juízo, Carlos opôs</p><p>embargos de execução alegando a prescrição do crédito tributário, a ausência de</p><p>responsabilidade tributária e, por fim, a nulidade da certidão de dívida ativa, uma vez que</p><p>não constava na Certidão de Dívida Ativa (CDA) o número do auto de infração que</p><p>originou o crédito tributário. No entanto, ao proferir a sentença nos embargos à execução,</p><p>o juiz julgou improcedente o pedido, determinando o prosseguimento da execução fiscal,</p><p>por entender que:</p><p>(i) Inexiste prescrição dos créditos tributários, uma vez que às contribuições</p><p>previdenciárias se aplicam os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91;</p><p>(ii) O mero inadimplemento gera responsabilidade tributária; e</p><p>(iii) A inexistência do número do auto de infração na CDA não gera a referida nulidade.</p><p>Diante do exposto, elabore, como advogado (a) de Carlos, a medida judicial cabível contra</p><p>a decisão publicada na quarta-feira, dia 21/09/2016, dia útil, para a defesa dos interesses</p><p>de seu cliente, abordando as teses, o prazo recursal, todos os fundamentos legais que</p><p>poderiam ser usados em favor do autor, ciente de que inexiste qualquer omissão,</p><p>contradição e/ou obscuridade na decisão. (Valor: 5,00)</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>67</p><p>Douto Juízo Federal da 2ª Vara das Execuções Fiscais da Seção Judiciária do Estado...</p><p>Autos do processo nº ...</p><p>Carlos, nacionalidade, estado civil, inscrito no CPF sob o nº ..., com endereço eletrônico</p><p>..., residente e estabelecido ..., vem por intermédio de seu procurador (procuração em</p><p>anexo), estabelecido este ..., local onde receberá</p><p>intimações, apresentar, com</p><p>fundamento no artigo 1.009 do CPC:</p><p>APELAÇÃO</p><p>Em face da sentença proferida por Vossa Excelência nos autos do processo nº ..., folhas</p><p>..., onde litiga com a União, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº</p><p>..., endereço eletrônico ..., estabelecida ..., pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>I – Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) que o presente recurso seja recebido e admitido, uma vez presentes todos os requisitos</p><p>de admissibilidade.</p><p>b) Que a parte contrária seja intimada para que, caso queira, manifeste-se e apresente</p><p>suas contrarrazões recursais, no prazo de 15 dias, na forma do artigo 1,010, §1º do CPC.</p><p>c) Caso Vossa Excelência compreenda pela não observância dos requisitos de</p><p>admissibilidade, que seja observado o que disposto no artigo 1.010, §3º do CPC.</p><p>d) Que o presente recurso seja remetido para o Tribunal Regional Federal.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>DAS RAZÕES RECURSAIS</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>68</p><p>Egrégio Tribunal Regional Federal da Região ...</p><p>Doutos Desembargadores</p><p>Douto Relator Desembargador</p><p>I – Cabimento</p><p>Reza o artigo 1.009 do CPC que da decisão de 1º grau onde fora proferida sentença,</p><p>caberá a interposição de recurso de apelação.</p><p>Diante disso, considerando que da sentença dos embargos não existe omissão,</p><p>obscuridade ou contradição, compreende-se possível a interposição do presente recurso</p><p>para fazer reformar a decisão proferida pelo juízo de 1º grau.</p><p>Outrossim, resta salientar que estão presentes todos os requisitos de admissibilidade,</p><p>seja aqueles extrínsecos ou intrínsecos para a interposição do presente recurso de</p><p>apelação. Mais notadamente se fazem presentes os requisitos de legitimidade, na forma</p><p>do artigo 996 do CPC. Além disso, não existe causa impeditiva ou extintiva de direito, na</p><p>forma dos artigos 998 até 1000, todos do CPC. E cumpre ainda à parte apelante o</p><p>requisito de forma, exposto no artigo 1.010 do CPC.</p><p>II – Tempestividade e preparo</p><p>Reza o artigo 1.003, §5º do CPC que o presente recurso de apelação deverá ser</p><p>interposto no prazo de 15 dias úteis, igualmente, observando o que leciona o artigo 212</p><p>do CPC. Diante da ocorrência da intimação, no dia 21/09/2016, contando o prazo em</p><p>dias úteis, compreende-se totalmente possível a interposição do presente recurso, uma</p><p>vez que tempestiva a sua realização.</p><p>Igualmente, leciona o artigo 1007 do CPC que deverá a parte apelante realizar o preparo</p><p>(custas judiciais) para que seja interposto o recurso de apelação.</p><p>Diante disso, comprova a parte apelante, conforme guia em anexo, o pagamento das</p><p>custas (preparo) para a realização da interposição do presente recurso.</p><p>III – Fatos</p><p>Doutos Desembargadores. Os presentes embargos à execução fiscal têm origem na</p><p>Execução Fiscal promovida pela União, em razão do possível inadimplemento da Pessoa</p><p>Jurídica ABC, no que tange à contribuições previdenciárias devidas e não satisfeitas.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>69</p><p>Inobstante o ajuizamento da Execução Fiscal, ocorre que a União, não satisfeita em</p><p>ingressar contra a Pessoa Jurídica ABC, acabou por solicitar o redirecionamento, antes</p><p>mesmo da citação da executada, ao apelante, então sócio gerente da empresa Carlos.</p><p>Diante da não concordância de Carlos e da existência da garantia do juízo, o mesmo</p><p>optou em ingressar com Embargos à Execução Fiscal pedindo a sua procedência, tendo</p><p>em vista que: existe prescrição, não houve observância dos requisitos da CDA e não</p><p>existe responsabilidade.</p><p>Assim, diante dos Embargos interpostos, ocorre que houve sentença improcedente.</p><p>Sendo assim, diante da inexistência de obscuridade, contradição ou omissão, resolveu a</p><p>parte apelante interpor o presente recurso.</p><p>IV – Direitos</p><p>Considerando o que disposto na Súmula Vinculante nº 08 do STF compreende-se</p><p>inconstitucional a previsão legal disposta nos artigos 45 e 46 da Lei 8.21291. Além disso,</p><p>os presentes artigos são inconstitucionais em razão da não observância da necessidade</p><p>de lei complementar legislar sobre normais gerais de direito tributário, na forma do artigo</p><p>146, III, “b”, da CF.</p><p>Diante disso, considerando a inconstitucionalidade dos artigos da lei ordinária acima</p><p>referida, compreende-se que houve prescrição das contribuições cobradas, uma vez que</p><p>o auto de infração fora lavrado em 2007 e a Execução Fiscal interposta apenas em 2014,</p><p>logo, decorridos o prazo superior a 5 anos, ocorrendo, portanto, a prescrição, na forma</p><p>do artigo 174 do CTN.</p><p>Leciona, igualmente, o artigo 135 do CTN que somente poderá existir responsabilidade</p><p>do sócio gerente se houver desvio de finalidade ou excesso de poderes. Considerando a</p><p>sua inexistência, compreende-se não ser possível o redirecionamento da Execução Fiscal</p><p>contra o Sócio Gerente Carlos. Outrossim, tal fundamento também guarda relação total</p><p>com o que disposto na Súmula 430 do STJ, eis que, segundo a mesma, o mero</p><p>inadimplemento de tributo pela pessoa jurídica não gera responsabilidade automática do</p><p>sócio gerente.</p><p>Leciona o artigo 202, inciso V, do CTN, que a Certidão de Dívida Ativa deverá cumprir</p><p>requisitos, e um destes é a referência ao nº do auto de infração, cujo qual o débito fora</p><p>originado. Considerando a inexistência de tal consideração na CDA, compreende-se nula</p><p>a mesma. Outrossim, tal fundamento é respaldado pela Lei 6.830/80 no seu artigo 2º, §5º,</p><p>eis que a nulidade de tal CDA acabou por deixar de lado o princípio básico de violação</p><p>ao devido processo legal.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>70</p><p>V – Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) que o presente recurso seja recebido e admitido, eis que presentes todos os requisitos</p><p>de admissibilidade, sejam os intrínsecos e os extrínsecos. Mais notadamente, estão</p><p>presentes os requisitos do preparo, na forma do artigo 1.007 do CPC e da tempestividade,</p><p>na forma do artigo 1.003, §5º do CPC.</p><p>b) Requer a possibilidade de que o relator dê provimento ao presente recurso de forma</p><p>monocrática, uma vez que a decisão viola as súmulas do STF e do STJ, conforme acima</p><p>exposto nas razões recursais, nos termos do artigo 932, V, alínea “a”, do CPC. (Nem</p><p>sempre terá – somente conforme possibilidade aventada pelo CPC).</p><p>c) Entretanto, caso Vossa Excelência compreenda não ser possível julgar</p><p>monocraticamente, que a sentença seja totalmente reformada, sendo assim, provido o</p><p>presente recurso, eis que existe prescrição, ausência de responsabilidade do sócio e</p><p>nulidade de CDA.</p><p>d) Que sejam invertidos os ônus sucumbenciais fixados na sentença, condenando, assim,</p><p>a parte apelada nas custas processuais e nos honorários advocatícios.</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ..</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>71</p><p>11. Recurso de Agravo Interno e Ordinário Constitucional</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>Agravo Interno</p><p>Trata-se de recurso que visa atacar decisão monocrática de Relator, proferida em</p><p>tribunais, levando-a para apreciação do órgão colegiado (Turma ou Câmara). O seu</p><p>fundamento é preservar o princípio da colegialidade (ou seja, as decisões dos tribunais, como</p><p>regra, devem ser colegiadas, e não monocráticas).</p><p>É um recurso que mantém o processo no mesmo grau de jurisdição, portanto. Em vista</p><p>disso, não se exige preparo recursal.</p><p>FUNDAMENTO LEGAL</p><p>CPC, Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo RELATOR caberá agravo interno</p><p>para o</p><p>respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento</p><p>interno do tribunal.</p><p>§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os</p><p>fundamentos da decisão agravada.</p><p>§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o</p><p>recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator</p><p>levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.</p><p>§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para</p><p>julgar improcedente o agravo interno.</p><p>Agravo Interno</p><p>Decisão monocrática</p><p>(Desembargador Relator)</p><p>em TJ ou TRF</p><p>Câmara ou Turma</p><p>em TJ ou TRF</p><p>Decisão monocrática (Ministro</p><p>Relator) em STJ ou STF</p><p>Turma em</p><p>STJ ou STF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>72</p><p>Mas que tipo de decisões são proferidas por relator, que poderiam ser atacadas por</p><p>agravo interno?</p><p>CPC, Art. 932. Incumbe ao relator:</p><p>I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova,</p><p>bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes;</p><p>II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência</p><p>originária do tribunal;</p><p>III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado</p><p>especificamente os fundamentos da decisão recorrida;</p><p>IV - negar provimento a recurso que for contrário a:</p><p>a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio</p><p>tribunal;</p><p>b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça</p><p>em julgamento de recursos repetitivos;</p><p>c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de</p><p>assunção de competência;</p><p>V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a</p><p>decisão recorrida for contrária a:</p><p>a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio</p><p>tribunal;</p><p>b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça</p><p>em julgamento de recursos repetitivos;</p><p>c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de</p><p>assunção de competência;</p><p>VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for</p><p>instaurado originariamente perante o tribunal;</p><p>ESTRUTURA DO AGRAVO INTERNO</p><p>PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO</p><p>1) DOUTO DESEMBARGADOR/MINISTRO RELATOR DA ... TURMA/CÂMARA DO TRIBUNAL...</p><p>2) Qualificação do recorrente de forma completa (art. 319 CPC);</p><p>3) Com fundamento no Art. 1.021 do CPC/15, vem interpor</p><p>AGRAVO INTERNO</p><p>4) Em face de decisão monocrática nestes autos + Qualificação do recorrido (coator e/ou ente público)</p><p>de forma completa;</p><p>5) PEDIDOS</p><p>a) Requerimento de RETRATAÇÃO pelo Relator, conforme art. 1.021, § 2º;</p><p>b) Recebimento e envio para o colegiado (Turma ou Câmara), caso não haja retratação;</p><p>c) Intimação do recorrido para contrarrazões;</p><p>Local, data...</p><p>Advogado/OAB nº...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>73</p><p>PETIÇÃO DE RAZÕES RECURSAIS</p><p>EGRÉGIO TRIBUNAL... DOUTOS DESEMBARGADORES/MINISTROS</p><p>Processo nº:...</p><p>Agravante:...</p><p>Agravado:...</p><p>RAZÕES DE AGRAVO INTERNO</p><p>1. DO CABIMENTO e TEMPESTIVIDADE;</p><p>2. DOS FATOS;</p><p>3. DO DIREITO – razões para reforma;</p><p>4. DOS PEDIDOS;</p><p>Seja conhecido e provido, a fim de....</p><p>Local, data...</p><p>Advogado/OAB nº...</p><p>Recurso Ordinário Constitucional</p><p>Trata-se de um recurso de competência do Supremo Tribunal Federal (STF) ou do</p><p>Superior Tribunal de Justiça (STJ), contra certas decisões de Tribunais de 2º grau ou de Tribunais</p><p>Superiores. O papel do “ROC” é muito parecido com o da Apelação, sendo com esse recurso</p><p>muitas vezes comparado.</p><p>Fundamento Constitucional:</p><p>CF/88, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal:</p><p>II - julgar, em recurso ordinário:</p><p>a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção</p><p>decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>II - julgar, em recurso ordinário:</p><p>b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais</p><p>Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando</p><p>denegatória a decisão;</p><p>c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um</p><p>lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;</p><p>Fundamento Legal:</p><p>CPC, Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:</p><p>I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os</p><p>mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando</p><p>denegatória a decisão;</p><p>II - pelo Superior Tribunal de Justiça:</p><p>a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais</p><p>federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios,</p><p>quando denegatória a decisão;</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>74</p><p>b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo</p><p>internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.</p><p>Lei 12.016/09, Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única</p><p>instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente</p><p>previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.</p><p>Para o que nos interessa, resumo do cabimento do ROC:</p><p>Note que o ROC, nesses casos, é um recurso dentro de processos de ritos especiais,</p><p>como HC, MS, HD e MI. Para fins de Exame de Ordem em direito tributário, sendo o caso dessa</p><p>peça, a grande probabilidade é de um Recurso Ordinário em Mandado de Segurança que</p><p>começou em TJ ou TRF (competência do STJ) ou que começou direto no STJ (competência do</p><p>STF). Não seria impossível, contudo, ser cobrada a hipótese mais rara de cabimento desse</p><p>recurso: uma causa tributária envolvendo organismo internacional e um Município brasileiro</p><p>(hipótese do art. 105, II, “c” da CF/88).</p><p>Atenção: Só cabe ROC em MS se a ordem for denegada!</p><p>Regras importantes sobre a interposição do ROC:</p><p>CPC, Art. 1.028.</p><p>§ 2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante</p><p>o tribunal de origem, cabendo ao seu PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE</p><p>DETERMINAR A INTIMAÇÃO DO RECORRIDO para, em 15 (quinze) dias, apresentar as</p><p>contrarrazões.</p><p>§ 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal</p><p>superior, INDEPENDENTEMENTE DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.</p><p>Recurso Ordinário</p><p>Constitucional</p><p>Em MS, HD e MI</p><p>denegados, originários de</p><p>Tribunal Superior</p><p>STF</p><p>Em MS denegado,</p><p>originário de TJ ou TRF STJ</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>75</p><p>ESTRUTURA DO RECURSO ORDINÁRIO</p><p>PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO</p><p>1) DOUTO DESEMBARGADOR (ou Ministro) PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL...(ou</p><p>STJ)</p><p>2) Qualificação do recorrente de forma completa (art. 319 CPC);</p><p>3) Com fundamento no art. CF/88 e Art. 1.027, I ou II, do CPC, vem interpor</p><p>RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL</p><p>4) Em face do acórdão denegatório prolatado nestes autos, em que litiga contra + Qualificação do</p><p>recorrido (coator e/ou ente público) de forma completa;</p><p>5) PEDIDOS</p><p>a) Requerimento de recebimento e envio para o tribunal ad quem, independentemente de juízo de</p><p>admissibilidade;</p><p>b) Intimação do recorrido para contrarrazões;</p><p>c) Mencionar juntada do comprovante de preparo;</p><p>Local, data...</p><p>o examinando deverá indicar,</p><p>obrigatoriamente, a qual item do enunciado se refere cada parte de sua resposta (“A)”, “B)”, “C)”</p><p>etc.), sob pena de receber NOTA ZERO.</p><p>Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com a extensão</p><p>máxima definida na capa do caderno de textos definitivos; para a redação das respostas às</p><p>questões discursivas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão.</p><p>Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora</p><p>Você não pode escrever fora das linhas de demarcação, sob pena de não ter</p><p>corrigido tudo o que estiver fora da área delimitada e se você errar alguma palavra,</p><p>faça apenas um traço simples e siga escrevendo ao lado. Confira o exemplo:</p><p>ATENÇÃO:</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>6</p><p>do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida.</p><p>O examinando deverá observar atentamente a ordem de transcrição das suas respostas</p><p>quando da realização da prova prático-profissional, devendo iniciá-la pela redação de sua peça</p><p>profissional, seguida das respostas às quatro questões discursivas, em sua ordem crescente.</p><p>Aquele que não observar tal ordem de transcrição das respostas, assim como o número máximo</p><p>de páginas destinadas à redação da peça profissional e das questões discursivas, receberá nota</p><p>0 (zero), sendo vedado qualquer tipo de rasura e/ou adulteração na identificação das páginas,</p><p>sob pena de eliminação sumária do examinando do Exame.</p><p>Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as</p><p>respostas das questões discursivas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a</p><p>palavra “ADVOGADO...”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída NOTA ZERO,</p><p>por se tratar de identificação do examinando em local indevido.</p><p>Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às questões discursivas, o</p><p>examinando deverá incluir todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir</p><p>qualquer identificação além daquelas fornecidas e permitidas no caderno de prova. Assim, o</p><p>examinando deverá escrever o nome do dado seguido de reticências “...” ou “XXX” exemplo:</p><p>Para a realização da prova prático-profissional o examinando deverá ter conhecimento</p><p>das regras processuais inerentes ao fazimento da mesma.</p><p>O texto da peça profissional e as respostas às questões discursivas serão avaliadas</p><p>quanto à adequação ao problema apresentado, ao domínio do raciocínio jurídico, à</p><p>fundamentação e sua consistência, à capacidade de interpretação e exposição e à técnica</p><p>profissional demonstrada, sendo que a mera transcrição de dispositivos legais, desprovida do</p><p>raciocínio jurídico, NÃO ENSEJARÁ PONTUAÇÃO, você deve explicar a sua resposta, jamais</p><p>meramente transcrever o artigo, súmula ou OJ.</p><p>O examinando, ao término da realização da prova prático-profissional, deverá,</p><p>obrigatoriamente, devolver o caderno de textos definitivos, assinado no local indicado (capa do</p><p>caderno), sem qualquer termo, contudo, que identifique as folhas em que foram transcritos os</p><p>textos definitivos.</p><p>Para a realização da prova prático-profissional, deverá comparecer ao local designado</p><p>com antecedência, considerando a necessidade de vistoria do material de consulta permitida</p><p>nesta fase. O examinando deverá estar munido somente de caneta esferográfica de tinta azul ou</p><p>preta, fabricada em material transparente, e só será permitido o acesso ao local de prova munido</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>7</p><p>de documento de identidade com foto original para a realização das provas objetiva e prático-</p><p>profissional. Não será permitido o uso de borracha e/ou corretivo de qualquer espécie durante a</p><p>realização das provas.</p><p>Durante a realização da prova prático-profissional, será permitida, exclusivamente, a</p><p>consulta à legislação, súmulas, enunciados, orientações jurisprudenciais e precedentes</p><p>normativos SEM QUALQUER ANOTAÇÃO OU COMENTÁRIO.</p><p>Legislação com entrada em vigor após a data de publicação deste edital, bem como</p><p>alterações em dispositivos legais e normativos a ele posteriores não serão objeto de avaliação</p><p>nas provas, assim como não serão consideradas para fins de correção das mesmas. Em virtude</p><p>disso, somente será permitida a consulta a publicações produzidas pelas editoras, sendo vedada</p><p>a atualização de legislação pelos examinandos com anotações ou material impresso</p><p>separadamente.</p><p>As remissões a artigo ou lei são permitidas apenas para referenciar assuntos isolados.</p><p>Quando for verificado pelo fiscal advogado que o examinando se utilizou de tal expediente com</p><p>o intuito de burlar as regras de consulta previstas neste edital, formulando palavras, textos ou</p><p>quaisquer outros métodos que articulem a estrutura de uma peça jurídica, o uso do material será</p><p>impedido, sem prejuízo das demais sanções cabíveis ao examinando.</p><p>LEMBRE-SE: não é mais permitido o uso do post-it em branco, somente o de editoras,</p><p>também não é possível usar símbolos para fazer marcações na legislação!!!</p><p>Lembre-se ainda que serão terminantemente proibidos: códigos comentados, anotados,</p><p>comparados ou com organização de índices temáticos estruturando roteiros de peças</p><p>processuais. Jurisprudências. Anotações pessoais ou transcrições. Cópias reprográficas (xerox).</p><p>Impressos da Internet. Informativos de Tribunais. Livros de Doutrina, revistas, apostilas,</p><p>calendários e anotações. Dicionários ou qualquer outro material de consulta. Legislação</p><p>comentada, anotada ou comparada. Súmulas, Enunciados e Orientações Jurisprudenciais</p><p>comentados, anotados ou comparados.</p><p>Quando possível, a critério do fiscal advogado e dos representantes da Seccional da OAB</p><p>presentes no local, poderá haver o isolamento dos conteúdos proibidos, seja por grampo, fita</p><p>adesiva, destacamento ou qualquer outro meio. Caso, contudo, seja constatado que a obra</p><p>possui trechos proibidos de forma aleatória ou partes tais que inviabilizem o procedimento de</p><p>isolamento retro mencionado, o examinando poderá ter seu material recolhido pela fiscalização,</p><p>sendo impedido seu uso. Os materiais que possuírem conteúdo proibido não poderão ser</p><p>utilizados durante a prova prático-profissional, sendo garantido ao fiscal advogado a autonomia</p><p>de requisitar os materiais de consulta para nova vistoria minuciosa durante todo o tempo de</p><p>realização do Exame. O examinando que, durante a aplicação das provas, estiver portando e/ou</p><p>utilizando material proibido, ou se utilizar de qualquer expediente que vise burlar as regras deste</p><p>edital, especialmente as concernentes aos materiais de consulta, terá suas provas anuladas e</p><p>será automaticamente eliminado do Exame.</p><p>As questões e a redação da peça profissional serão avaliadas quanto à adequação das</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>8</p><p>respostas ao problema apresentado. A redação da peça profissional terá o valor máximo de 5,00</p><p>(cinco) pontos e cada questão terá o valor máximo de 1,25 (um e vinte e cinco) pontos. A Nota</p><p>na Prova Prático-Profissional (NPPP) será a soma das notas obtidas nas questões e na redação</p><p>da peça profissional. A NPPP será calculada na escala de 0,00 (zero) a 10,00 (dez) pontos.</p><p>Para cada examinando, a NPPP será obtida pelo seguinte procedimento: poderão ser</p><p>concedidas notas não inteiras para as respostas do examinando tanto na peça profissional</p><p>quanto nas questões; o somatório dessas notas constituirá a nota na prova prático-profissional,</p><p>vedado o arredondamento. Será considerado aprovado o examinando que obtiver NPPP igual</p><p>ou superior a 6,00 (seis) pontos na prova prático-profissional, vedado o arredondamento.</p><p>Nos casos de propositura</p><p>Advogado/OAB nº..</p><p>RAZÕES RECURSAIS</p><p>EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA… (OU EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL)</p><p>Processo nº:...</p><p>Recorrente:...</p><p>Recorrido:...</p><p>RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO</p><p>1. DOS FATOS;</p><p>2. DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO;</p><p>(CF + 1027 CPC, + Arts. 1.003, §5º, art. 1.007, do CPC/15)</p><p>3. DO DIREITO;</p><p>4. DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO ou TUTELA PROVISÓRIA RECURSAL;</p><p>(Art. 1.012, §3º c/c art. 1.029, §5º do CPC/15)</p><p>5. DOS PEDIDOS;</p><p>a) Seja conhecido, com efeito suspensivo;</p><p>b) Seja provido monocraticamente, conforme art. 932 CPC/15;</p><p>c) Seja totalmente provido, a fim de reformar a decisão...</p><p>d) Condenação em custas...</p><p>Local, data...</p><p>Advogado/OAB nº...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>76</p><p>12. Recurso Especial e Recurso Extraordinário</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>Trata-se de recursos em instância de superposição: pressupõe-se, para manejo de</p><p>Recurso Especial (Resp) ou Extraordinário (RE) o esgotamento das instâncias ordinárias. Ou</p><p>seja, são os últimos recursos cabíveis no trâmite processual. Além disso, todas as matérias</p><p>veiculadas em Resp ou RE já devem ter sido apreciadas pelo menos uma vez nas instâncias</p><p>inferiores (prequestionamento).</p><p>Fundamento Constitucional:</p><p>CF/88, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>III - julgar, em RECURSO ESPECIAL, as causas decididas, em única ou última instância,</p><p>pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e</p><p>Territórios, quando a decisão recorrida:</p><p>a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;</p><p>b) julgar válido ATO de governo local contestado em face de lei federal;</p><p>c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.</p><p>CF/88, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal:</p><p>III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última</p><p>instância, quando a decisão recorrida:</p><p>a) contrariar dispositivo desta Constituição;</p><p>b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;</p><p>c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.</p><p>d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das</p><p>questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal</p><p>examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois</p><p>terços de seus membros.</p><p>Fundamento Legal:</p><p>CPC, Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na</p><p>Constituição Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do</p><p>tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:</p><p>I - a exposição do FATO e do DIREITO;</p><p>II - a demonstração do CABIMENTO do recurso interposto;</p><p>III - as RAZÕES do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>77</p><p>Especificamente para o RE, note que há a exigência, para sua admissibilidade, de</p><p>demonstração de repercussão geral:</p><p>CPC, Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do</p><p>recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver</p><p>repercussão geral, nos termos deste artigo.</p><p>§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões</p><p>relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os</p><p>interesses subjetivos do processo.</p><p>§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação</p><p>exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:</p><p>I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;</p><p>III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do</p><p>art. 97 da Constituição Federal .</p><p>ESTRUTURA DO RECURSO ESPECIAL</p><p>PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO</p><p>1) DOUTO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (ou TRF) DO</p><p>ESTADO/SEÇÃO...</p><p>2) Qualificação do recorrente, de forma completa (art. 319 CPC);</p><p>3) Com fundamento no art CF/88 + 1.029 CPC, vem interpor:</p><p>RECURSO ESPECIAL</p><p>4) Em face do acórdão de fls... prolatado nestes autos, em que litiga contra + Qualificação do recorrido</p><p>(ente público) de forma completa;</p><p>5) PEDIDOS</p><p>a) Requerimento de recebimento, uma vez que tempestivo, prequestionada a matéria, esgotadas as vias</p><p>ordinárias e recolhido o preparo;</p><p>b) Intimação do recorrido para contrarrazões;</p><p>c) Concessão de efeito suspensivo, na forma do Art. 1.029, § 5º, III do CPC/15;</p><p>d) Requerimento de que seja admitido e enviado para o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>Local, data...</p><p>Acórdão de</p><p>TJ ou TRF</p><p>Viola Lei Federal</p><p>Interpretação divergente</p><p>Ato local x Lei federal</p><p>Resp STJ</p><p>Viola CF/88</p><p>Declara</p><p>inconstitucionalidade</p><p>Lei local x Lei federal</p><p>RE STF</p><p>Em única instância,</p><p>denegatório de MS ROC STJ</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>78</p><p>Advogado/OAB nº..</p><p>RAZÕES RECURSAIS</p><p>EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DOUTOS MINISTROS</p><p>Processo nº:...</p><p>Recorrente:...</p><p>Recorrido:...</p><p>RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL</p><p>1. DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO;</p><p>2. PREQUESTIONAMENTO e ESGOTAMENTO DAS VIAS ORDINÁRIAS;</p><p>3. DOS FATOS;</p><p>4. DO DIREITO – razões para reforma/anulação;</p><p>5. DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO (ou suspensivo ativo);</p><p>6. DOS PEDIDOS;</p><p>a) Seja conhecido, com efeito suspensivo;</p><p>b) Seja provido monocraticamente, conforme art. 932 CPC/15;</p><p>c) Seja totalmente provido, a fim de reformar a decisão...</p><p>d) Condenação no ônus da sucumbência...</p><p>Local, data...</p><p>Advogado/OAB nº...</p><p>ESTRUTURA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO</p><p>PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO</p><p>1) DOUTO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (ou TRF) DO</p><p>ESTADO/SEÇÃO...</p><p>2) Qualificação do recorrente, de forma completa (art. 319 CPC);</p><p>3) Com fundamento no art .. CF/88 + 1.029 CPC, vem interpor:</p><p>RECURSO EXTRAORDINÁRIO</p><p>4) Em face do acórdão de fls... prolatado nestes autos, em que litiga contra + Qualificação do recorrido</p><p>(ente público) de forma completa;</p><p>5) PEDIDOS</p><p>a) Requerimento de recebimento, uma vez que tempestivo, prequestionada a matéria, esgotadas as vias</p><p>ordinárias e recolhido o preparo;</p><p>b) Intimação do recorrido para contrarrazões;</p><p>c) Concessão de efeito suspensivo, na forma do Art. 1.029, § 5º, III do CPC/15;</p><p>d) Requerimento de que seja admitido e enviado para o Supremo Tribunal Federal;</p><p>Local, data...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>79</p><p>Advogado/OAB nº..</p><p>RAZÕES RECURSAIS</p><p>EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DOUTOS MINISTROS</p><p>Processo nº:...</p><p>Recorrente:...</p><p>Recorrido:...</p><p>RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO</p><p>1. DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO;</p><p>2. PREQUESTIONAMENTO, ESGOTAMENTO DAS VIAS ORDINÁRIAS;</p><p>3. DA REPERCUSSÃO GERAL;</p><p>4. DOS FATOS;</p><p>5. DO DIREITO – razões para reforma/anulação;</p><p>6. DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO (ou suspensivo ativo);</p><p>7. DOS PEDIDOS;</p><p>a) Seja conhecido, com efeito suspensivo;</p><p>b) Seja provido monocraticamente, conforme art. 932 CPC/15;</p><p>c) Seja totalmente provido, a fim de reformar a decisão...</p><p>d) Condenação no ônus da sucumbência...</p><p>Local, data...</p><p>Advogado/OAB nº...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>80</p><p>13. Tributo</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Ao iniciarmos o estudo do direito tributário, parte material, compreende-se necessário</p><p>estudar o conceito</p><p>de tributo e suas repercussões frente a matéria que será objeto de análise na</p><p>presente obra.</p><p>Leciona o artigo 3º do CTN que tributo é:</p><p>Diante do referido acima, compreende-se que tributo é toda prestação pecuniária</p><p>compulsória, ou seja, uma vez prevista em norma criada pelo respectivo ente competente,</p><p>ocorrendo o fato gerador e sem qualquer dispensa prevista na Constituição Federal (imunidades)</p><p>ou em norma infraconstitucional (isenções ou convênios), o tributo terá que ser pago. Diante</p><p>disso, o pagamento de tributo é obrigatório, compulsório.</p><p>Outrossim, o pagamento do referido tributo previsto em norma deverá ser realizado, via</p><p>de regra, em dinheiro. Entretanto, o próprio Código Tributário Nacional faculta a possibilidade de</p><p>pagamento de tributo mediante a dação em pagamento de bem imóvel, uma vez presente tal</p><p>opção nas formas de extinção do crédito tributário.</p><p>Mas questiona-se: será sempre possível realizar a extinção do crédito tributário, ou seja,</p><p>o pagamento mediante dação em pagamento de bem imóvel? A resposta é negativa. Somente</p><p>poderá ser assim realizada mediante a existência de alguns requisitos e observações: a)</p><p>Necessidade de lei específica e b) do respectivo ente competente.</p><p>Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se</p><p>possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada</p><p>mediante atividade administrativa plenamente vinculada.</p><p>Art. 156. Extinguem o crédito tributário:</p><p>(...)</p><p>XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.</p><p>(Incluído pela LCP nº 104, de 2001).</p><p>Art. 3º do CTN</p><p>Art. 156 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>81</p><p>Ainda, além do ponto acima exposto, pergunta-se: poderão os entes competentes criar</p><p>norma infraconstitucional que estabeleça novas formas de extinção do crédito tributário, como</p><p>por exemplo, dação em pagamento de bem móvel?</p><p>Mediante análise legalista e constitucionalista, compreende-se que não, visto que a</p><p>Constituição Federal, no seu artigo 146, é bastante clara ao afirmar que as normas gerais de</p><p>direito tributário somente poderão ser realizadas pela União, mediante lei complementar.</p><p>Entretanto, o STF já compreendeu, quando do julgamento da ADI 2405, que poderão os entes</p><p>criar novas formas de extinção desde que constitucionais.</p><p>Ainda, sobre o conceito de tributo, leciona o artigo 3º do CTN que nenhum tributo poderá</p><p>ter caráter sancionatório, ou seja, ser forma de punição a qualquer pessoa. Por esta razão,</p><p>compreende-se que, se alguém vende drogas, pratica o jogo do bicho ou realiza crime ambiental,</p><p>para este jamais poderá ser criado um tributo como espécie de sanção ou punição pelo ato</p><p>realizado.</p><p>Mas, importante dizer que os frutos oriundos da atividade ilícita poderão ser tributados,</p><p>visto que na forma do artigo 118, I do Código Tributário Nacional abstrai-se a validade dos fatos</p><p>jurídicos praticados pelo contribuinte. Logo, para o direito tributário, aplicamos o princípio da</p><p>pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro.</p><p>Por fim, vale ressaltar que nenhum tributo será pago, sem lei que o estabeleça, atendendo</p><p>ao princípio máximo da legalidade estrita, na forma do artigo 150, I da Constituição Federal, bem</p><p>como o administrador público deverá analisar objetivamente o que contido na norma (vinculação</p><p>total) para tributar o contribuinte, não podendo, assim, realizar nenhum ato discricionário para a</p><p>cobrança do mesmo.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>82</p><p>14. Competência Tributária</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Mas, afinal de contas, quem poderá criar o que compreendemos de tributo? Lembre-se</p><p>que a Constituição Federal não criará nenhum tributo ou fará sua exigência, mas tão somente a</p><p>nossa Carta Mãe entregará poderes para que os respectivos entes competentes (União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios) venham a criar as espécies de tributo.</p><p>Antes de citar quais tipos de tributos os entes poderão criar, importante dizer sobre as</p><p>características da competência tributária.</p><p>a) Indelegável: nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar e/ou majorar</p><p>tributo para outro ente competente na forma do artigo 7º do CTN.</p><p>Entretanto, muito embora indelegável a competência tributária, a capacidade ativa</p><p>tributária poderá ser delegada para outra pessoa jurídica de direito público. Mas do que trata-se</p><p>a capacidade ativa tributária? Exercer a capacidade ativa tributária não compreende o exercício</p><p>da competência de criar e/ou majorar, mas sim o exercício administrativo de fiscalizar, executar</p><p>as normas e arrecadar tributo em nome do ente competente. Leia-se os clássicos exemplos do</p><p>ITR e IR Retido na Fonte.</p><p>b) Facultativa: o ente competente, assim compreendido na forma do texto constitucional,</p><p>somente criará o tributo de sua competência se assim desejar. Veja o que diz o artigo 145 da</p><p>Constituição:</p><p>c) Irrenunciável: nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributária</p><p>para qualquer outro ente ou pessoa jurídica, seja pública ou privada.</p><p>d) Inalterável: a competência tributária não poderá ser alterada mediante norma</p><p>infraconstitucional, podendo sim ser alterada mediante emenda constitucional.</p><p>Após analisada as características da competência tributária, temos de saber quais são os</p><p>tributos que os entes (União, Estados, DF e Municípios) poderão criar, conforme texto</p><p>constitucional.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>83</p><p>Das competências da União, acima expostas, duas questões são extremamente</p><p>importantes e tem recorrência em provas: será sempre e somente da União a competência para</p><p>criar novos tipos de impostos (os chamados residuais) e novas contribuições sociais residuais.</p><p>E tudo isto, somente mediante lei complementar.</p><p>União</p><p>Impostos</p><p>Imposto de Importação</p><p>Imposto de Exportação</p><p>Imposto de Renda</p><p>Imposto Territorial Rural</p><p>Imposto sobre Operações</p><p>Financeiras</p><p>Imposto sobre Grandes</p><p>Fortunas</p><p>Imposto sobre Produtos</p><p>Industrializados</p><p>Imposto Extraordinário de</p><p>Guerra</p><p>Imposto Residual</p><p>Imposto Seletivo</p><p>Taxa</p><p>Contribuiçã</p><p>o de</p><p>Melhoria</p><p>Contribuiçõ</p><p>es Especiais</p><p>Contribuições Sociais</p><p>Contribuição Previdenciária</p><p>de Servidor</p><p>Contribuição de Intervenção</p><p>no Domínio Econômico</p><p>Contribuição de Categoria</p><p>Profissional</p><p>Contribuição sobre Bens e Serviços</p><p>Empréstim</p><p>o</p><p>Compulsór</p><p>io</p><p>Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos</p><p>no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base</p><p>de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.</p><p>Art. 154 e 159 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>84</p><p>Após análise da competência da União, vejamos a competência do Distrito Federal.</p><p>Vale dizer que, na forma do artigo 147 e 155 da Constituição Federal, o Distrito Federal</p><p>terá competência cumulativa dos Estados e dos Municípios.</p><p>Já os Estados poderão criar os seguintes tributos na forma do artigo 155 da Constituição</p><p>Federal:</p><p>Distrito</p><p>Federal</p><p>Impostos</p><p>Imposto Predial Territorial Urbano</p><p>Imposto Transmissão Bens</p><p>Imóveis</p><p>Imposto sobre Serviços</p><p>Imposto sobre Propriedade</p><p>Veicular</p><p>Imposto Transmissão Causa Mortis</p><p>ou Doação</p><p>Imposto sobre Circulação de</p><p>Mercadorias</p><p>Imposto sobre Bens e Serviços</p><p>Taxa</p><p>Contribuiç</p><p>ão de</p><p>Melhoria</p><p>Contribuições</p><p>Especiais</p><p>Contribuição Previdenciária de</p><p>Servidor</p><p>Contribuição sobre Custeio de</p><p>Iluminação Pública</p><p>Art. 195. A seguridade social será financiada</p><p>por toda a sociedade, de forma direta e</p><p>indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos</p><p>Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide</p><p>Emenda Constitucional nº 20, de 1998)</p><p>§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão</p><p>da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>85</p><p>Por fim, os Municípios, na forma do artigo 156 da Constituição Federal, poderão criar os</p><p>seguintes tributos:</p><p>QUESTÃO Nº 01</p><p>Nova lei complementar de iniciativa do Presidente da República, aprovada pelo Congresso</p><p>Nacional e sancionada pelo chefe do Executivo, foi publicada em 10/11/2021, mas</p><p>expressamente prevendo que seus efeitos apenas se produziriam 30 dias após sua publicação.</p><p>Ela determina que, na falência, todos os créditos tributários, inclusive aqueles constituídos antes</p><p>Estados</p><p>Impostos</p><p>Imposto sobre Propriedade Veicular</p><p>Imposto Transmissão Causa Mortis</p><p>ou Doação</p><p>Imposto sobre Circulação de</p><p>Mercadorias</p><p>Imposto sobre Bens e Serviços</p><p>Taxa</p><p>Contribuiçã</p><p>o de</p><p>Melhoria</p><p>Contribuições</p><p>Especiais</p><p>Contribuição Previdenciária de</p><p>Servidor</p><p>Municípios</p><p>Impostos</p><p>Imposto Predial Territorial Urbano</p><p>Imposto Transmissão Bens Imóveis</p><p>Imposto sobre Serviços</p><p>Imposto sobre Bens e Serviços</p><p>Taxa</p><p>Contribuiçã</p><p>o de</p><p>Melhoria</p><p>Contribuições</p><p>Especiais</p><p>Contribuição Previdenciária de</p><p>Servidor</p><p>Contribuição sobre Custeio de</p><p>Iluminação Pública</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>86</p><p>da produção de efeitos da nova lei, terão preferência sobre todos os créditos com garantia real.</p><p>Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Esta lei pode alterar dispositivos expressos do Código Tributário Nacional?</p><p>Sim, pois o Código Tributário Nacional foi recepcionado pela CRFB/88 como lei complementar</p><p>que veicula normas gerais em matéria de legislação tributária, somente podendo ser alterada por</p><p>outra lei complementar nacional, tal como descrito no enunciado, cf. o Art. 146, inciso III, da</p><p>CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 02</p><p>A autarquia municipal responsável pelo serviço de coleta de lixo envia a Marcos Silva, possuidor</p><p>em vias de usucapir imóvel situado no Município X, carnê de cobrança da taxa de coleta de lixo</p><p>proveniente de imóveis, por força de delegação feita regularmente pelo referido ente municipal.</p><p>Marcos insurge-se contra a cobrança, alegando que somente o Município, na qualidade de ente</p><p>federado, poderia cobrar tributos, bem como o fato de que não seria contribuinte dessa taxa, por</p><p>ser mero possuidor do imóvel, devendo a cobrança ser feita diretamente ao proprietário. Diante</p><p>desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) A autarquia municipal pode realizar a cobrança dessa taxa? Justifique.</p><p>Sim, a autarquia municipal pode cobrar essa taxa, desde que por meio da chamada delegação</p><p>de “capacidade tributária ativa”, isto é, a delegação de “funções de arrecadar ou fiscalizar</p><p>tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária,</p><p>conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra”, conforme previsto no Art. 7º, caput,</p><p>do CTN. Portanto, tendo a autarquia municipal recebido a delegação da capacidade tributária</p><p>ativa do Município, poderá realizar a cobrança.</p><p>QUESTÃO Nº 03</p><p>Maria, servidora pública do Estado X, verificou no contracheque referente ao mês de março que</p><p>foi retido de sua remuneração um adicional de 2%, referente ao Imposto sobre a Renda Pessoa</p><p>Física – IRPF. Ao questionar seu órgão de vinculação, obteve a informação de que a cobrança</p><p>tinha por fundamento a Lei Estadual nº 12.345, editada no último dia do exercício imediatamente</p><p>anterior. Indignada com a cobrança, Maria procura você, na condição de advogado(a), para que</p><p>adote as providências cabíveis, a fim de questionar judicialmente o desconto e obter a devolução</p><p>do valor recolhido, já que seu pedido administrativo foi negado. Analisando o contexto fático</p><p>descrito, responda aos itens a seguir.</p><p>B) O Estado X poderia ter estipulado o adicional de IRPF para seus servidores?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>87</p><p>Não. A competência tributária é da União, seja para instituir imposto sobre renda e proventos,</p><p>seja sob a perspectiva da competência residual, na forma do Art. 153, inciso III, ou do Art. 154,</p><p>I, ambos da CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 04</p><p>O Estado XXX, novo Estado da Federação, resultante de desmembramento do Estado YYY, tem</p><p>dificuldade de instituir, cobrar e fiscalizar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos</p><p>Automotores (IPVA) em todos os seus 200 municípios. Assim, decidiu delegar competência</p><p>legislativa a seus Municípios para que instituíssem o tributo, realizassem a cobrança e</p><p>promovessem a fiscalização e a administração do referido tributo, impondo aos Municípios o</p><p>dever de repassar 50% das quantias arrecadadas ao Estado. A empresa de transportes de</p><p>passageiros Sigma, detentora de grande frota de veículos, entendeu por questionar a cobrança</p><p>do IPVA. Diante dos fatos acima expostos, na condição de advogado(a), responda aos itens a</p><p>seguir.</p><p>A) Você vislumbra êxito na pretensão da empresa de transportes Sigma? Justifique.</p><p>Sim. Nos termos do Art. 6º do CTN, a atribuição constitucional de competência tributária é plena,</p><p>ressalvados os limites ali estabelecidos. Todavia, a competência legislativa é indelegável, a teor</p><p>do artigo 7º do CTN, sendo, portanto, ilegal o IPVA que vier a ser instituído por lei municipal.</p><p>Dessa forma, a empresa Sigma encontra respaldo jurídico no referido Art. 7º do CTN.</p><p>B) Se a delegação repousasse apenas sobre as atividades de arrecadação e fiscalização do</p><p>IPVA, seria devida a pretensão da empresa Sigma? Justifique.</p><p>Não. Embora o Art. 7º do CTN vede a delegação de competência legislativa, o mesmo dispositivo</p><p>legal faz ressalva expressa à delegação das atividades de arrecadação e de fiscalização do</p><p>tributo.</p><p>QUESTÃO Nº 05</p><p>O Estado”X” instituiu um adicional de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores</p><p>(IPVA) que tem como fato gerador a propriedade de veículos em mau estado de conservação</p><p>e/ou que possuam duas ou mais multas não pagas. Caio, proprietário de veículo automotor em</p><p>mau estado de conservação e com cinco multas não pagas, é notificado da cobrança do adicional</p><p>do tributo por meio de auto de infração. Como não apresentou defesa e não pagou o tributo, o</p><p>Estado “X” ajuíza execução fiscal. Caio, no entanto, não possui meios para garantir a execução</p><p>fiscal e opor embargos à execução, mas possui todos os documentos que comprovam sua</p><p>defesa. Com base na hipótese formulada, responda aos itens a seguir.</p><p>A) O adicional de IPVA instituído pelo Estado “X” é devido?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>88</p><p>O tributo não é devido por duas razões: primeiro porque sua previsão tem natureza sancionatória</p><p>e, com isso, viola o conceito de tributo do Art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária</p><p>compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato</p><p>ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”);</p><p>segundo, sob a roupagem de “adicional”, criou-se verdadeiro tributo novo, para o qual só a a</p><p>União tem competência, e, ainda assim, com observância dos requisitos do Art. 154, inciso I, da</p><p>CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 06</p><p>Certa empresa de produtos químicos recebeu notificação do Município “X” para que pagasse um</p><p>imposto por ele instituído no ano de 2013. O fato</p><p>gerador do imposto era o ato de poluir o meio</p><p>ambiente e a sua base de cálculo era a quantidade de lixo produzida. Com base em tais fatos,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Pode o fato gerador de um imposto ser o ato de poluir o meio ambiente?</p><p>A resposta é negativa. De acordo com o Art. 3º do CTN é da essência de um tributo não ter</p><p>natureza sancionatória.</p><p>B) O Município “X” teria competência constitucional para criar um novo imposto?</p><p>É negativa a resposta. Só a União tem competência para instituir impostos residuais (isto é,</p><p>impostos não indicados na própria Constituição da República), conforme o Art. 154, inciso I, da</p><p>CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 07</p><p>O deputado federal Y apresentou dois projetos de lei ordinária federal. O primeiro pretende alterar</p><p>o Código Tributário Nacional no que se refere aos artigos que tratam de responsabilidade</p><p>tributária (obrigação tributária) e o segundo pretende instituir uma taxa de licenciamento de</p><p>importação, cuja base de cálculo é o valor aduaneiro do produto importado.</p><p>A) Analise a constitucionalidade do primeiro projeto de lei apresentado pelo deputado.</p><p>O Código Tributário Nacional (Lei Ordinária nº 5.172/66) foi recepcionado pela Constituição</p><p>Federal de 1988 como lei complementar, uma vez que estabelece normas gerais em matéria de</p><p>legislação tributária. Sendo assim, a alteração do CTN, especialmente no que se refere à</p><p>responsabilidade tributária, deve ser feita por lei complementar, conforme o Art. 146, III, “b”, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>QUESTÃO Nº 08</p><p>O Presidente da República editou Medida Provisória estabelecendo normas gerais sobre o</p><p>imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA), relativamente ao seu fato gerador,</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>89</p><p>base de cálculo e contribuintes. Partindo da premissa de que estão preenchidos os requisitos de</p><p>relevância e urgência, responda aos itens a seguir, de forma fundamentada, indicando os</p><p>dispositivos legais pertinentes.</p><p>A) Pode uma Medida Provisória do Presidente da República estabelecer normas gerais sobre o</p><p>imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA), tal como a acima referida?</p><p>Não. De acordo com o Art. 146, inciso III, alínea “a”, da Constituição da República, cabe à Lei</p><p>Complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, definindo, inclusive</p><p>em relação ao IPVA, os respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. Como o</p><p>Art. 62, § 1º, inciso III, da Constituição da República, veda a edição de Medidas Provisórias em</p><p>relação a matéria reservada à Lei Complementar, conclui-se que uma Medida Provisória não</p><p>pode veicular normas gerais sobre o IPVA.</p><p>B) Inexistindo normas gerais relativas ao imposto sobre propriedade de veículos automotores</p><p>(IPVA), podem os legisladores estaduais definir, no âmbito de suas competências, e observados</p><p>os limites impostos pela Constituição Federal, o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes</p><p>desse imposto?</p><p>Sim. Inexistindo normas gerais relativas ao imposto sobre propriedade de veículos automotores</p><p>(IPVA), o legislador estadual, no contexto da competência concorrente, exerce competência</p><p>plena sobre a matéria, nos termos do Art. 24, § 3º, da Constituição da República e Art. 34, § 3º,</p><p>do ADCT.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>90</p><p>15. Limitações ao Poder de Tributar - Princípios</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Para que o ente público, através dos seus poderes constituídos, exerça a sua competência</p><p>tributária, será necessário balizar suas atividades nas limitações ao exercício do poder de tributar</p><p>dispostos na Constituição Federal.</p><p>Princípio da Legalidade</p><p>Reza o artigo 150, I, da Constituição Federal que:</p><p>Logo, conforme acima exposto, nenhum tributo poderá ser criado ou majorado sem lei que</p><p>o estabeleça. Portanto, via de regra, somente o Poder Legislativo poderá criar ou majorar tributo,</p><p>sempre mediante observação do devido processo legislativo.</p><p>E o Poder Executivo não poderá atuar na criação ou majoração de tributos? Obviamente</p><p>que a Constituição Federal lhe reservou possibilidades, até como forma de controlar a economia</p><p>e o mercado. Diante disso, podemos afirmar que houve mitigação ao princípio da legalidade.</p><p>a) 1ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo da União, mediante</p><p>decreto, portaria ou resolução, alterar as alíquotas dos impostos (II, IE, IOF e IPI) abaixo</p><p>descritos.</p><p>Outro fato que pode-se questionar é o do porquê é mitigado aqui o princípio da legalidade:</p><p>tais impostos são extrafiscais, ou seja, servem para regular o mercado econômico.</p><p>Por fim, cabe dizer que tal possibilidade encontra-se respaldada em nosso texto</p><p>constitucional, em seu artigo 153, §1º da Constituição Federal:</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;</p><p>Art. 150, I da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>91</p><p>b) 2ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo, igualmente, por meio</p><p>de decreto ou convênio, reduzir ou restabelecer as alíquotas de CIDE e ICMS Combustível.</p><p>Porém cuidado, não esqueça: aqui não se trata de majoração, mas tão somente redução ou</p><p>retorno das alíquotas anteriores.</p><p>c) 3ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo, também através de</p><p>decreto ou portaria, atualizar base de cálculo de tributo. Mas aqui é importante ressaltar: trata-</p><p>se de mera atualização, recomposição da base, jamais podendo representar onerosidade ao</p><p>contribuinte.</p><p>Assim, é importante também salientar que esta atualização deverá observar os limites</p><p>estabelecidos pelos indexadores oficiais, ou seja, dentro de um máximo permitido observando-</p><p>se estes índices.</p><p>Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:</p><p>§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos</p><p>em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.</p><p>Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:</p><p>§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que</p><p>importe em torná-lo mais oneroso.</p><p>§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a</p><p>atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.</p><p>É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao</p><p>índice oficial de correção monetária.</p><p>Art. 153, §1º da CF</p><p>Art. 97 do CTN</p><p>Súmula 160 do STJ</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>92</p><p>d) 4ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, igualmente, o Poder Executivo Federal,</p><p>mediante Medida Provisória, criar ou majorar qualquer espécie tributária. Entretanto, para que</p><p>assim o faça terá de atender a dois requisitos: que o tributo possa ser criado por lei ordinária e</p><p>que seja convertido em lei no mesmo ano de sua edição.</p><p>e) 5ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, por fim, o Poder Executivo alterar o</p><p>prazo para pagamento de tributo por meio de decreto ou portaria. Compreende-se pela</p><p>desnecessidade de norma, visto que tal matéria não está assim disposta no artigo 97 do CTN,</p><p>ou seja, não sendo necessária lei para tal realização.</p><p>Princípio da Isonomia</p><p>Reza o artigo 150, II, da Constituição Federal que:</p><p>Diante do que compreendido pelo inciso supra citado todos terão tratamento igualitário</p><p>perante a norma tributária, carecendo somente de um trato desigual</p><p>aqueles que se apresentam</p><p>em uma situação de desigualdade.</p><p>Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar</p><p>medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso</p><p>Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os</p><p>previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro</p><p>seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à</p><p>União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação</p><p>equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por</p><p>eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou</p><p>direitos.</p><p>Art. 62 da CF</p><p>Art. 150, II da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>93</p><p>Princípio da Anterioridade</p><p>Tal princípio irá limitar a possibilidade e atividade dos entes competentes de cobrarem os</p><p>tributos por eles respectivamente realizados. Logo, este princípio servirá para informar ao</p><p>contribuinte quando ele deverá e poderá ser cobrado dos respectivos tributos, uma vez</p><p>realizados os fatos geradores dispostos na norma tributária.</p><p>Mas desde já, lembre-se: como se trata de limitação ao exercício da competência</p><p>tributária, ele será observado apenas quando da criação ou majoração de tributo, visto que</p><p>quando tratar-se de medida desonerativa (mais favorável) ao contribuinte, tal norma terá</p><p>aplicação imediata.</p><p>O princípio da anterioridade, com razão precípua da necessidade de evitar a surpresa aos</p><p>contribuintes, é entendido conforme texto constitucional pela anterioridade do exercício e a</p><p>anterioridade nonagesimal.</p><p>Diante disto, na forma do artigo 150, III, B, da Constituição Federal, todo tributo criado ou</p><p>majorado somente poderá ser exigido no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, uma vez</p><p>publicado, por exemplo, no ano de 2017, somente poderá ser exigido no primeiro dia do ano de</p><p>2018.</p><p>E para evitar esta surpresa, houve uma alteração no texto constitucional, vindo a criar o</p><p>princípio da anterioridade nonagesimal. Assim, na forma do artigo 150, III, C, da Constituição</p><p>Federal, todo tributo criado ou majorado, somente poderá ser exigido após 90 (noventa) dias da</p><p>publicação, justamente para evitar as surpresas acima citadas.</p><p>Assim, via de regra, todos os tributos criados ou majorados deverão aguardar as duas</p><p>anterioridades (requisitos cumulativos), ou seja, somente poderão ser exigidos no exercício</p><p>seguinte ao de sua publicação, somado a 90 (noventa) dias, igualmente da publicação.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>III - cobrar tributos:</p><p>b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou</p><p>aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu</p><p>ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº</p><p>42, de 19.12.2003)</p><p>Art. 150 da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>94</p><p>Entretanto, compreendeu por bem o constituinte reservar à alguns tributos uma</p><p>possibilidade de exigência mitigada, justamente para enfrentar o mercado econômico (política</p><p>econômica e social) ou a necessidade de exigência do tributo. Assim, positivou o constituinte,</p><p>mitigando, portanto, os princípios da anterioridade:</p><p>Logo, conforme positivado no parágrafo supra indicado, assim compreendeu o</p><p>constituinte:</p><p>- Terão exigência imediata, ou seja, mesmo que majorados ou criados poderão ser</p><p>exigidos tão logo publicados: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre</p><p>Operações Financeiras, Empréstimo Compulsório de Guerra Externa ou sua Iminência,</p><p>Empréstimo Compulsório de Calamidade e Imposto Extraordinário de Guerra.</p><p>- Outrossim, terão exigência respeitando apenas a anterioridade nonagesimal, ou seja 90</p><p>dias após a sua publicação, sendo, portanto, possível a sua exigência no mesmo ano de sua</p><p>publicação: Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuições Sociais e CIDE/ICMS</p><p>Combustíveis.</p><p>- E terão exigência respeitando apenas a anterioridade do exercício, ou seja, podendo ser</p><p>majorados em 28 de dezembro, publicados em 29 e já exigidos no dia 01 de janeiro: Imposto de</p><p>Renda (alíquotas, base de cálculo) e Base de Cálculo (apenas) de IPVA e IPTU.</p><p>Por fim, outra questão de grande valia sobre o princípio da anterioridade é de que a</p><p>modificação de prazo para pagamento, mesmo que venha a antecipar a</p><p>arrecadação/pagamento, não estará sujeita a anterioridade, na forma da Súmula Vinculante nº</p><p>50 do STF.</p><p>Art. 150 da CF - § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts.</p><p>148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos</p><p>previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos</p><p>impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional</p><p>nº 42, de 19.12.2003)</p><p>Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao</p><p>princípio da anterioridade.</p><p>Art. 150, §1º da CF</p><p>Súmula Vinculante 50</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>95</p><p>Princípio da Irretroatividade</p><p>Reza o artigo 150, III, A, da Constituição Federal que:</p><p>Em face do que disposto na presente alínea, a norma tributária não poderá retroagir, ou</p><p>seja, não poderá atingir fatos geradores que ocorreram antes de sua vigência. Sendo assim,</p><p>aplica-se a lei vigente, alíquota e base de cálculo que estiverem em vigor quando da ocorrência</p><p>do fato gerador. Logo, conclui-se: a norma tributária, via de regra, não poderá retroagir</p><p>justamente para preservar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a proporcionar para todos</p><p>uma segurança jurídica.</p><p>E vale dizer, ainda, que a Constituição Federal não traz nenhuma mitigação ou exceção.</p><p>Entretanto, o Código Tributário Nacional nos apresenta 3 exceções a este princípio:</p><p>a) 1ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que tenha caráter</p><p>interpretativo da norma antiga, que venha solucionar pontos obscuros, portanto, da norma antiga,</p><p>desde que não cause penalidade ao contribuinte, poderá retroagir. Assim, a lei nova de caráter</p><p>interpretativo poderá retroagir, desde que não cause onerosidade ao contribuinte.</p><p>b) 2ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que venha deixar de tratar</p><p>ato como infração (extinguir multa) ou reduzir a infração (reduzir o percentual da multa), poderá</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>III - cobrar tributos:</p><p>a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver</p><p>instituído ou aumentado;</p><p>Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:</p><p>I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de</p><p>penalidade à infração dos dispositivos interpretados;</p><p>Art. 150, III, a da CF</p><p>Art. 106, I do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>96</p><p>retroagir para fatos geradores já ocorridos, desde que exista ato pendente de julgamento</p><p>(seja</p><p>judicial ou administrativo). Vale ressaltar: trata-se de retroatividade mais benéfica somente e tão</p><p>exclusivamente no campo das infrações (jamais no tocante as alíquotas ou base de cálculo).</p><p>c) 3ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: por fim, poderá retroagir norma nova que</p><p>venha instituir ou estabelecer novos critérios de fiscalização e/ou proporcionar ao crédito</p><p>tributário nova classificação.</p><p>Princípio do Não Confisco</p><p>Reza o artigo 150, IV, da Constituição Federal que:</p><p>Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:</p><p>II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:</p><p>a) quando deixe de defini-lo como infração;</p><p>c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da</p><p>sua prática.</p><p>Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e</p><p>rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.</p><p>§1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador</p><p>da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,</p><p>ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas ou</p><p>outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o</p><p>efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.</p><p>Art. 106, II do CTN</p><p>Art. 144 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>97</p><p>Conforme acima exposto, nenhum ente público poderá estabelecer ou exigir tributo com</p><p>caráter confiscatório, ou seja, que impeça o uso adequado da propriedade ou não possibilite o</p><p>livre exercício da atividade privada.</p><p>Logo, o contribuinte não precisará vender seus bens em face da exigência de tributos que</p><p>o impeçam de fazer o livre exercício do direito fundamental da propriedade. Importante, ainda,</p><p>ressaltar que o STF passou a aplicar o presente dispositivo para as multas, ou seja, nenhuma</p><p>multa (penalidade) poderá ser exigida com o caráter confiscatório, como, por exemplo, multa</p><p>moratória (por atraso no pagamento) não poderá ter percentual superior a 20% (vinte por cento).</p><p>Sobre a matéria, importante colacionar 3 súmulas que tem trato recorrente no Exame da</p><p>Ordem, inclusive como teses para peças processuais.</p><p>Princípio da Liberdade de Tráfego</p><p>Reza o artigo 150, V, da Constituição Federal que:</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>IV - utilizar tributo com efeito de confisco;</p><p>Súmula 70 - É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para</p><p>cobrança de tributo.</p><p>Súmula 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para</p><p>pagamento de tributos.</p><p>Súmula 547 - Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira</p><p>estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.</p><p>Art. 150, IV da CF</p><p>Súmulas do STF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>98</p><p>Nenhum tributo poderá impedir o livre exercício do direito de ir e vir, salvo a própria</p><p>mitigação exposta no inciso mencionado no que tange à cobrança de pedágios. Lembrando que,</p><p>salvo melhor juízo, quem cobra pedágio não cobra tributo, mas sim tarifas ou preço público em</p><p>que o contribuinte pagará para permissionários e/ou concessionárias do serviço público.</p><p>Princípio da Uniformidade Geográfica</p><p>Reza o artigo 151, I e II, da Constituição Federal que:</p><p>Tal princípio tem força coercitiva diretamente para a União. Assim, o presente ente</p><p>federativo, em razão do texto constitucional, não poderá tratar os demais entes federativos e</p><p>seus contribuintes de forma desigual. Exemplo: a incidência sobre o Imposto de Renda que será</p><p>considerado no Rio Grande do Sul, igualmente deverá ser no Rio de Janeiro, não podendo haver</p><p>tratamento diferenciado. A justificativa para a presente norma cogente é: respeito à isonomia e</p><p>ao pacto federativo.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos</p><p>interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias</p><p>conservadas pelo Poder Público.</p><p>Art. 151. É vedado à União:</p><p>I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique</p><p>distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em</p><p>detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o</p><p>equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;</p><p>II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos,</p><p>em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;</p><p>Art. 150, V da CF</p><p>Art. 151, I e II da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>99</p><p>Entretanto, o mesmo inciso I trabalha com uma mitigação onde faculta a União conceder</p><p>tratamento diferenciado na tributação de sua competência, a fim de proporcionar</p><p>desenvolvimento socioeconômico de determinada região. Aqui encontra-se o clássico exemplo</p><p>da Zona Franca de Manaus.</p><p>Na forma do inciso II do artigo supra indicado, a União também não poderá conceder</p><p>tratamento diferenciado para seus servidores, bem como as obrigações de dívidas públicas.</p><p>Logo, se um Magistrado Federal tem retenção de 27,5% de seu ordenado, o mesmo deverá valer</p><p>para o Magistrado Estadual, não podendo, portanto, a União conceder tratamento diferenciado</p><p>para o federal em face deste pertencer aos quadros federais.</p><p>Princípio da Isenção Heterônoma</p><p>Reza o artigo 151, III, da Constituição Federal que:</p><p>Na forma do presente inciso, a União não poderá intrometer-se no que tange a benefícios</p><p>fiscais nos tributos que não são de sua competência. Assim, não caberá isenções heterônomas,</p><p>ou seja, a União não poderá conceder isenção de tributos que são de competência dos demais</p><p>entes.</p><p>Entretanto, algumas mitigações compreendidas na realidade como imunidades por</p><p>estarem expressas na Constituição Federal, poderemos visualizar:</p><p>a) 1ª Exceção: Imunidade de ISSQN para serviços destinados ao Exterior.</p><p>Art. 151. É vedado à União:</p><p>III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos</p><p>Municípios.</p><p>Art. 151, III da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>100</p><p>b) 2ª Exceção: Imunidade de ICMS para Mercadorias e Serviços para o Exterior:</p><p>Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:</p><p>III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei</p><p>complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei</p><p>complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)</p><p>II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação</p><p>dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de</p><p>transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as</p><p>prestações se iniciem</p><p>no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de</p><p>1993)</p><p>§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>X - não incidirá:</p><p>a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços</p><p>prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do</p><p>montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)</p><p>Art. 156 da CF</p><p>Art. 156 da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>101</p><p>c) 3ª Exceção: segundo o STF os Tratados ou Convenções Internacionais, uma vez</p><p>ratificados pelo Presidente da República, este agindo como Chefe de Estado (Pessoa Jurídica</p><p>de Direito Público Internacional), poderá isentar tributos estaduais e municipais, observando o</p><p>que disposto no artigo 98 do CTN.</p><p>Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação</p><p>tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.</p><p>Art. 98 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>102</p><p>16. Limitações ao Poder de Tributar - Imunidades</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Imunidade é a dispensa constitucional de pagar tributo, ou seja, tratam-se de formas de</p><p>dispensas constitucionais para que o contribuinte não realize o pagamento do crédito tributário.</p><p>Ademais, vale ressaltar que apresentam-se dois tipos de imunidades: as específicas e as</p><p>genéricas.</p><p>As imunidades específicas são todas aquelas dispostas no texto constitucional, que dizem</p><p>respeito a determinado caso concreto. E o mais importante: poderão albergar qualquer espécie</p><p>tributária. Aqui, exemplificando, apresentam-se os casos no texto constitucional: não incidir ISS</p><p>de serviço destinado ao exterior, não incidir contribuição social para as entidades de assistência</p><p>social sem fins lucrativos, entre outros.</p><p>Outrossim, também apresentam-se na Carta Magna as imunidades genéricas, dispostas</p><p>todas no artigo 150, VI, da Constituição Federal e apresentam dispensa constitucional apenas</p><p>no que tange aos impostos. São espécies de imunidades genéricas:</p><p>a) 1ª Espécie – Art. 150, VI, A, CF – Imunidade Recíproca: os entes públicos (União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão cobrar impostos entre si sobre o patrimônio,</p><p>renda e serviços. Assim, exemplificando, a União não poderá cobrar IR sobre a renda auferida</p><p>pelo Município, bem como o Estado não poderá cobrar IPVA dos automóveis da União.</p><p>Sobre a presente espécie de imunidade genérica vale ressaltar que elas são extensivas</p><p>às autarquias e fundações públicas, na forma do artigo 150, §2º da Constituição Federal, desde</p><p>que a renda, patrimônio e serviços sejam destinados e/ou utilizados para o cumprimento da</p><p>finalidade essencial das referidas entidades públicas citadas.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>VI - instituir impostos sobre:</p><p>a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;</p><p>Art. 150, VI, a da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>103</p><p>Mas para que estas autarquias e fundações públicas gozem de imunidade elas precisam</p><p>cumprir alguns requisitos que estão dispostos no artigo 150, §3º e §4º da Constituição Federal,</p><p>isto é:</p><p>Também cabe ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal, muito embora a omissão</p><p>da Constituição Federal, de que as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também</p><p>terão direito a gozar desta espécie de imunidade genérica, desde que explorem atividade</p><p>essencial pública em caráter de monopólio e não visem lucro. Neste condão, foram deferidas as</p><p>imunidades para os Correios (Agência e não Franquia), Infraero, Casa da Moeda, entre outros.</p><p>§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e</p><p>mantidas pelo poder público e à empresa pública prestadora de serviço postal, no que se</p><p>refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às</p><p>delas decorrentes.</p><p>a. Ser mantidas ou instituídas pelo poder público;</p><p>b. Manter atividade essencialmente pública;</p><p>c. Não entrar na concorrência privada;</p><p>d. Não cobrar taxa ou tarifa.</p><p>§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à</p><p>renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas</p><p>normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou</p><p>pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da</p><p>obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.</p><p>§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o</p><p>patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das</p><p>entidades nelas mencionadas.</p><p>Art. 150, §2º da CF</p><p>REQUISITOS</p><p>Art. 150, §3º, 4º da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>104</p><p>b) 2ª Espécie – Art. 150, VI, B, CF – Imunidade Templos de Qualquer Culto: a presente</p><p>imunidade, tão criticada contemporaneamente, visa proteger a liberdade religiosa. Lembrando</p><p>que a Constituição Federal não objetivou ser aquela ou outra a religião a ser imunizada, visto</p><p>que vivemos em um estado laico.</p><p>Portanto, gozarão desta imunidade toda e qualquer religião que prestigie um Deus, que</p><p>tenha como objetivo levar a palavra de Deus para toda uma comunidade. Entretanto, para que</p><p>estas religiões gozem desta espécie de imunidade genérica sobre seu patrimônio, renda e</p><p>serviços, deverão aplicar seu patrimônio ou renda auferida para o cumprimento da finalidade</p><p>essencial.</p><p>Logo, se a igreja ou templo faz um bingo para manter a “Casa do Senhor”, ou seja, a renda</p><p>auferida será revertida para a finalidade essencial, não terá que pagar impostos sobre tal valor</p><p>recebido. O mesmo vale para cobrança de dízimos, estacionamento para fiéis ou até mesmo</p><p>cemitério em nome da instituição religiosa. Tudo isso, observando o que disposto no artigo 150,</p><p>§4º da Constituição Federal.</p><p>Mas sobre a presente imunidade, algumas perguntas restarão em aberto e faz-se</p><p>necessário a devida resposta:</p><p>Maçonaria goza de imunidade? Não, visto tratar-se de filosofia de vida.</p><p>Cemitério em nome de empresa privada goza de imunidade? Não, visto que</p><p>empresa privada visa lucro.</p><p>Por fim, na forma do artigo 156, §1º - A da CF, se o templo figurar na condição de locatário</p><p>e o contrato lhe imputar o dever de pagar o IPTU, não haverá a incidência do imposto, mesmo</p><p>que o templo figure na condição de inquilino.</p><p>b) 3ª Espécie – Art. 150, VI, C, CF – Imunidade Subjetiva: a presente imunidade</p><p>contempla algumas pessoas, ou seja, observando igualmente o artigo 150, §4º do</p><p>CTN, os partidos políticos e suas fundações, sindicato dos trabalhadores, instituições</p><p>de educação e de assistência social sem fins lucrativos, terão direito a não pagar</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>VI - instituir impostos sobre:</p><p>b) entidades religiosas e templos de qualquer culto, inclusive suas organizações</p><p>assistenciais e beneficentes;</p><p>Art. 150, VI, b da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>105</p><p>impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços, desde que observado o</p><p>cumprimento da norma e a finalidade</p><p>essencial.</p><p>Mas diferente das demais espécies de imunidades genéricas, a norma elenca a</p><p>observação e cumprimento dos requisitos previstos em lei. Qual seria a lei, artigo e seus</p><p>requisitos? São aqueles dispostos no artigo 14 do CTN. Assim, para estas pessoas gozarem</p><p>desta imunidade também deverão ater-se aos requisitos do artigo supra referido.</p><p>Vale ressaltar nesta imunidade, que as entidades de assistência social sem fins lucrativos,</p><p>na forma do artigo 195, §7º da Constituição Federal também terão imunidade no que tange as</p><p>contribuições sociais, tratando-se aqui de clássico exemplo de imunidade específica.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>VI - instituir impostos sobre:</p><p>c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das</p><p>entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,</p><p>sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;</p><p>Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos</p><p>seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:</p><p>I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer</p><p>título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)</p><p>II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos</p><p>institucionais;</p><p>III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de</p><p>formalidades capazes de assegurar sua exatidão.</p><p>Art. 150, VI, c da CF</p><p>Art. 14 do CTN</p><p>Art. 195, §7º da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>106</p><p>E, caso estas pessoas venham a locar um imóvel seu e reverter os valores locatícios para</p><p>o cumprimento da finalidade essencial, gozarão desta imunidade? Sim, na forma da Súmula</p><p>Vinculante 52 e Súmula 724 do STF, continuarão a gozar desta imunidade genérica.</p><p>d) 4ª Espécie – Art. 150, VI, D e E, CF – Imunidade Objetiva: por fim, a presente imunidade</p><p>diz respeito a espécie de imunidade genérica no tocante a alguns objetos. Portanto, os livros,</p><p>periódicos, jornais e papéis destinados a sua impressão, bem como CD´S e DVD´s</p><p>confeccionados por artistas ou intérpretes brasileiros não pagarão impostos.</p><p>Mas é importante que se diga: aqui a imunidade será apenas no tocante ao objeto e não</p><p>sobre eventual renda auferida com a venda do objeto ou imóvel pertencente a fábrica do jornal.</p><p>§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de</p><p>assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.</p><p>Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a</p><p>qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que</p><p>o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram</p><p>tit íd</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>VI - instituir impostos sobre:</p><p>d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.</p><p>e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais</p><p>ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas</p><p>brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo</p><p>na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda</p><p>Constitucional nº 75, de 15.10.2013)</p><p>Súmula Vinculante 52</p><p>Art. 150, VI, d e e da CF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>107</p><p>E para gozarem desta imunidade quais são os requisitos necessários que devem ser</p><p>observados: transmitir um pensamento e ter uma ideia formalmente orientada</p><p>independentemente do conteúdo. Portanto, inclusive as revistas com apelo sexual gozarão desta</p><p>imunidade.</p><p>E as revistas com finalidade de marketing, que desejam prioritariamente vender produtos?</p><p>Estas revistas não gozarão de imunidade.</p><p>Já a lista telefônica gozará desta imunidade? Sim, visto que ela tem caráter informativo.</p><p>Vale ressaltar, ainda, que inclusive o papel fotográfico destinado (Súmula) a impressão</p><p>dos itens acima expostos gozará de imunidade, ao contrário da tinta destinada à impressão, que</p><p>não terá imunidade.</p><p>Por fim, segue importante e recente julgado, que faz contemplar a presente imunidade</p><p>dos livros eletrônicos, decisão esta realizada pelo STF e reconhecida em sede de repercussão</p><p>geral.</p><p>A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis</p><p>fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.</p><p>Súmula 657 do STF</p><p>RE nº 330817-RJ</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>108</p><p>EMENTA - Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Imunidade objetiva</p><p>constante do art. 150, VI, d, da CF/88. Teleologia multifacetada. Aplicabilidade. Livro</p><p>eletrônico ou digital. Suportes. Interpretação evolutiva. Avanços tecnológicos, sociais e</p><p>culturais. Projeção. Aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers). 1. A teleologia</p><p>da imunidade contida no art. 150, VI, d, da Constituição, aponta para a proteção de</p><p>valores, princípios e ideias de elevada importância, tais como a liberdade de expressão,</p><p>voltada à democratização e à difusão da cultura; a formação cultural do povo indene de</p><p>manipulações; a neutralidade, de modo a não fazer distinção entre grupos</p><p>economicamente fortes e fracos, entre grupos políticos etc; a liberdade de informar e de</p><p>ser informado; o barateamento do custo de produção dos livros, jornais e periódicos, de</p><p>modo a facilitar e estimular a divulgação de ideias, conhecimentos e informações etc. Ao</p><p>se invocar a interpretação finalística, se o livro não constituir veículo de ideias, de</p><p>transmissão de pensamentos, ainda que formalmente possa ser considerado como tal,</p><p>será descabida a aplicação da imunidade. 2. A imunidade dos livros, jornais e periódicos</p><p>e do papel destinado a sua impressão não deve ser interpretada em seus extremos, sob</p><p>pena de se subtrair da salvaguarda toda a racionalidade que inspira seu alcance prático,</p><p>ou de transformar a imunidade em subjetiva, na medida em que acabaria por desonerar</p><p>de todo a pessoa do contribuinte, numa imunidade a que a Constituição atribui</p><p>desenganada feição objetiva. A delimitação negativa da competência tributária apenas</p><p>abrange os impostos incidentes sobre materialidades próprias das operações com livros,</p><p>jornais, periódicos e com o papel destinado a sua impressão. 3. A interpretação das</p><p>imunidades tributárias deve se projetar no futuro e levar em conta os novos fenômenos</p><p>sociais, culturais e tecnológicos. Com isso, evita-se o esvaziamento das normas</p><p>imunizantes por mero lapso temporal, além de se propiciar a constante atualização do</p><p>alcance de seus preceitos. 4. O art. 150,</p><p>VI, d, da Constituição não se refere apenas ao método gutenberguiano de produção de</p><p>livros, jornais e periódicos. O vocábulo “papel” não é, do mesmo modo, essencial ao</p><p>conceito desses bens finais. O suporte das publicações é apenas o continente (corpus</p><p>mechanicum) que abrange o conteúdo (corpus misticum) das obras. O corpo mecânico</p><p>não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade, pois a variedade de tipos</p><p>de suporte (tangível ou intangível) que um livro pode ter aponta para a direção de que ele</p><p>só pode ser considerado como elemento acidental no conceito de livro. A imunidade de</p><p>que trata o art. 150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o livro digital (e-book). 5. É</p><p>dispensável para o enquadramento do livro na imunidade em questão</p><p>que seu</p><p>destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e</p><p>decifrar os signos da escrita. Quero dizer que a imunidade alcança o denominado “audio</p><p>book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no suporte CD-Rom, seja em</p><p>qualquer outro). 6. A teleologia da regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>109</p><p>leitores de livros eletrônicos (ou e-readers) confeccionados exclusivamente para esse fim,</p><p>ainda que, eventualmente, estejam equipados com funcionalidades acessórias ou</p><p>rudimentares que auxiliam a leitura digital, tais como dicionário de sinônimos,</p><p>marcadores, escolha do tipo e do tamanho da fonte etc. Esse entendimento não é</p><p>aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphone e laptops, os quais vão</p><p>muito além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. 7. O CD-</p><p>Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo</p><p>textual) é o livro. Tanto o suporte (o CD-Rom) quanto o livro (conteúdo) estão abarcados</p><p>pela imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 8. Recurso</p><p>extraordinário a que se nega provimento. TESE DA REPERCUSSÃO GERAL: 9. Em</p><p>relação ao tema nº 593 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na</p><p>internet, foi aprovada a seguinte tese: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d,</p><p>da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente</p><p>utilizados para fixá-lo.” RE 330817-RJ</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>110</p><p>e) Por fim, segue um quadro retirado da obra do Professor Ricardo Alexandre que trabalha</p><p>as demais formas de imunidades previstas no texto constitucional2:</p><p>Fundamento</p><p>constitucional</p><p>Objeto/Pessoa/Operação imunizadas Tributos cuja</p><p>incidência é</p><p>impedida</p><p>Art. 5.º, XXXIV - Obtenção de certidões, exercício do direito de</p><p>petição</p><p>Taxas em geral</p><p>Art. 5.º, LXXIII - Ação popular, salvo comprovada má-fé Custas judiciais</p><p>(consideradas</p><p>taxas pelo STF)</p><p>Art. 5.º, LXXVI - Registro civil de nascimento e certidão de óbito,</p><p>para os reconhecidamente pobres</p><p>Emolumentos</p><p>(considerados</p><p>taxas pelo STF)</p><p>Art. 5.º, LXXVII - Habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, atos</p><p>necessários ao exercício da cidadania</p><p>Custas judiciais e</p><p>emolumentos</p><p>(considerados</p><p>taxas pelo STF)</p><p>Art. 149, § 2.º, I - Receitas decorrentes de exportação Contribuições</p><p>sociais e de</p><p>intervenção no</p><p>domínio</p><p>econômico</p><p>Art. 153, § 3.º, III - Exportação de produtos industrializados IPI</p><p>Art. 153, § 4.º, II - Pequenas glebas rurais, definidas em lei,</p><p>exploradas por proprietário que não possua outro</p><p>imóvel</p><p>ITR</p><p>Art. 153, § 5.º</p><p>c/c ADCT, art.</p><p>74, § 2.º</p><p>- Ouro definido em lei como ativo financeiro ou</p><p>instrumento cambial</p><p>Tributos em geral,</p><p>salvo CPMF e IOF</p><p>Art. 155, § 2.º, X - Exportações de mercadorias e serviços;</p><p>- Operações que destinem a outros Estados petróleo,</p><p>inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e</p><p>gasosos dele derivados, e energia elétrica;</p><p>ICMS</p><p>2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense;</p><p>São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 509.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>111</p><p>- Prestações de serviço de comunicação nas</p><p>modalidades de radiodifusão sonora e de sons e</p><p>imagens de recepção livre e gratuita</p><p>Art. 155, § 3.º - Operações relativas a energia elétrica, serviços de</p><p>telecomunicações, derivados de petróleo,</p><p>combustíveis e minerais do País</p><p>Impostos em geral,</p><p>exceto II, IE e</p><p>ICMS</p><p>Art. 156, § 2.º, I - Transmissão de bens ou direitos incorporados ao</p><p>patrimônio de pessoa jurídica em realização de</p><p>capital;</p><p>- Transmissão de bens ou direitos decorrente de</p><p>fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa</p><p>jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade</p><p>preponderante do adquirente for a compra e venda</p><p>desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou</p><p>arrendamento mercantil</p><p>ITBI</p><p>Art. 184, § 5.º - Operações de transferência de imóveis</p><p>desapropriados para fins de reforma agrária</p><p>Impostos em geral</p><p>Art. 195, II - Rendimentos de aposentadoria e pensão</p><p>concedidas pelo regime geral de previdência social</p><p>Contribuição</p><p>previdenciária</p><p>Art. 195, § 7.º - Entidades beneficentes de assistência social que</p><p>atendam às exigências estabelecidas em lei</p><p>Contribuições para</p><p>financiamento da</p><p>seguridade social</p><p>Art. 226, § 1.º - Celebração do casamento civil Taxas em geral</p><p>Art. 85 do ADCT - Contas-correntes de depósito especialmente</p><p>abertas e exclusivamente utilizadas para operações</p><p>de:</p><p>a) câmaras e prestadoras de serviços de</p><p>compensação e de liquidação de que trata o</p><p>parágrafo único do art. 2.º da Lei 10.214, de 27 de</p><p>março de 2001;</p><p>b) companhias securitizadoras de que trata a Lei</p><p>9.514, de 20 de novembro de 1997;</p><p>c) sociedades anônimas que tenham por objeto</p><p>exclusivo a aquisição de créditos oriundos de</p><p>operações praticadas no mercado financeiro;</p><p>- Contas-correntes de depósito, relativos a:</p><p>CPMF</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>112</p><p>a) operações de compra e venda de ações,</p><p>realizadas em recintos ou sistemas de negociação de</p><p>bolsas de valores e no mercado de balcão</p><p>organizado;</p><p>b) contratos referenciados em ações ou índices de</p><p>ações, em suas diversas modalidades, negociados</p><p>em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros;</p><p>- Contas de investidores estrangeiros, relativos a</p><p>entradas no País e a remessas para o exterior de</p><p>recursos financeiros empregados, exclusivamente,</p><p>em operações e contratos referidos nas letras “a” e</p><p>“b” do item anterior.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>113</p><p>QUESTÃO Nº 01</p><p>Nova lei complementar de iniciativa do Presidente da República, aprovada pelo Congresso</p><p>Nacional e sancionada pelo chefe do Executivo, foi publicada em 10/11/2021, mas</p><p>expressamente prevendo que seus efeitos apenas se produziriam 30 dias após sua publicação.</p><p>Ela determina que, na falência, todos os créditos tributários, inclusive aqueles constituídos antes</p><p>da produção de efeitos da nova lei, terão preferência sobre todos os créditos com garantia real.</p><p>Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>B) Tal lei viola o princípio da irretroatividade tributária ao estabelecer que se aplica também a</p><p>créditos tributários constituídos antes da sua produção de efeitos?</p><p>Não, pois a irretroatividade tributária é princípio constitucional tributário que se aplica apenas à</p><p>hipótese de cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da</p><p>vigência da lei que os houver instituído ou aumentado, cf. o Art. 150, inciso III, alínea a, da</p><p>CRFB/88, e não à legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação,</p><p>apenas tenha outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, cf. Art. 144, § 1º, do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 02</p><p>O partido político XYZ do Brasil alugou um imóvel de sua propriedade ao locatário Mateus Silva.</p><p>Posteriormente, Mateus recebeu, no imóvel, um carnê contendo cobrança de Taxa de Coleta</p><p>Domiciliar de Lixo, com lançamento efetuado em nome do proprietário. Mateus Silva, verificando</p><p>seu contrato de locação, percebeu que havia previsão de que o locatário deveria arcar com o</p><p>valor do pagamento de taxas que recaíssem sobre o imóvel. Entendendo que a cobrança era</p><p>indevida, por violar a imunidade tributária dos partidos políticos e por não se tratar de serviço</p><p>público remunerável</p><p>por taxa, o locatário promove ação judicial para discutir o débito. Diante</p><p>desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) É devida a cobrança da Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo em relação ao imóvel?</p><p>Sim, a cobrança é devida. A imunidade tributária, que abrange patrimônio, renda e serviços</p><p>relacionados com as finalidades essenciais dos partidos políticos (Art. 150, inciso VI, alínea c,</p><p>c/c. Art. 150, § 4º, da CRFB/88), referese apenas a impostos, nos termos literais do Art. 150,</p><p>inciso VI, caput, da CRFB/88. Ademais, o STF, por meio da Súmula Vinculante 19, já assentou</p><p>que a referida taxa é constitucional, por se tratar de serviço público específico e divisível que não</p><p>viola o Art. 145, inciso II, da CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 03</p><p>Após se lograr vencedora em um processo licitatório privado para fornecimento de 300 notebooks</p><p>para a Associação X, reconhecida como entidade beneficente de assistência social, a pessoa</p><p>jurídica Alpha ingressa com Mandado de Segurança, visando afastar o pagamento do ICMS</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>114</p><p>incidente na importação desses notebooks, sob o fundamento de que a Associação X,</p><p>destinatária final das mercadorias, possui imunidade tributária, por força do disposto no Art. 150,</p><p>inciso VI, alínea c, da CRFB/88. Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Quanto ao mérito, procede o argumento da pessoa jurídica Alpha?</p><p>Não, uma vez que a imunidade tributária subjetiva se aplica a seus beneficiários na posição de</p><p>contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante para a</p><p>verificação da existência da imunidade tributária a repercussão econômica do tributo envolvido,</p><p>conforme decidido pelo STF, quando do julgamento do RE 608872, com repercussão geral</p><p>reconhecida.</p><p>QUESTÃO Nº 04</p><p>O Brasil firmou com um país escandinavo, signatário do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas</p><p>Aduaneiras e Comércio), um tratado, concedendo isenção de ICMS na importação de alguns</p><p>produtos deste país estrangeiro, e garantindo reciprocidade aos similares nacionais, quando</p><p>importados pelo país estrangeiro. Um Estado-membro da Federação brasileira, já tendo sido o</p><p>tratado internacional internalizado, não concordou com a perda de receita que começou a sofrer</p><p>como resultado de sua aplicação. Por isso, promulgou uma lei estadual revogando a isenção</p><p>concedida. Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Tal isenção de ICMS pode ser concedida mediante tratado em que os Estados-membros da</p><p>Federação não são parte?</p><p>Sim, o tratado internacional pode conceder tal isenção. Na verdade, não está presente a vedação</p><p>de isenção heterônoma prevista no Art. 151, inciso III, da CRFB, pois não é a União, enquanto</p><p>ente federado interno, que está a conceder a isenção de tributo estadual, mas sim a República</p><p>Federativa do Brasil, que está a se obrigar no plano internacional. A respeito dessa mesma</p><p>situação, o STF sedimentou seu entendimento por meio da Súmula 575: à mercadoria importada</p><p>de país signatário do GATT, ou membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto sobre</p><p>circulação de mercadorias concedida a similar nacional.</p><p>B) Sendo o ICMS um tributo de competência estadual, lei estadual superveniente pode revogar</p><p>a isenção concedida por um tratado internacional?</p><p>A lei estadual não pode revogar tal isenção, porque o Estado-membro não pode representar a</p><p>República no plano internacional, desobrigando-a de tratado por ela firmado, bem como o Art.</p><p>98 do CTN estabelece que os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a</p><p>legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha, de modo que a lei</p><p>estadual superveniente terá de observar o tratado.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>115</p><p>QUESTÃO Nº 05</p><p>A entidade beneficente de assistência social Associação Lar Das Crianças, devidamente</p><p>registrada e cumprindo todos os requisitos legais para o gozo de imunidade tributária, requereu</p><p>à Receita Federal o reconhecimento de imunidade tributária quanto às contribuições para a</p><p>seguridade social. O Fisco federal negou o pedido, afirmando que a imunidade tributária das</p><p>entidades beneficentes de assistência social somente abarcava impostos, nos termos do Art.</p><p>150, inciso VI, alínea c, da CRFB/88, mas não contribuições. Além disso, o Fisco notificou a</p><p>entidade para que apresentasse a escrituração de suas receitas e despesas, o que a entidade</p><p>se recusou a fazer, alegando que não estava obrigada a manter essa escrituração em razão de</p><p>sua imunidade tributária. Sobre o caso narrado, responda aos itens a seguir.</p><p>A) As entidades beneficentes de assistência social, que cumprem todos os requisitos legais para</p><p>o gozo de imunidade tributária, também fazem jus ao reconhecimento de imunidade tributária</p><p>quanto a contribuições para a seguridade social ou apenas quanto a impostos?</p><p>Sim, as entidades beneficentes de assistência social que cumprem todos os requisitos legais</p><p>para o gozo de imunidade tributária também fazem jus ao reconhecimento de imunidade tributária</p><p>quanto a contribuições para a seguridade social, mas não por força do Art. 150, inciso VI, alínea</p><p>c, da CRFB/88, que de fato versa apenas sobre imunidade de impostos. Existe, contudo, previsão</p><p>específica desta imunidade no Art. 195, § 7º, da CRFB/88, in verbis: “§ 7º. São isentas de</p><p>contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que</p><p>atendam às exigências estabelecidas em lei.” (ainda que, por atecnia do constituinte, tenha sido</p><p>chamada “isenção”).</p><p>B) Está correta tal entidade beneficente de assistência social em se negar a apresentar a</p><p>escrituração de suas receitas e despesas?</p><p>Não. A entidade beneficente de assistência social não está correta ao se negar a apresentar a</p><p>escrituração de suas receitas e despesas. O fato de ser entidade imune não a libera da obrigação</p><p>acessória de manter a escrituração contábil em dia, como se pode ver do próprio Art. 14 do CTN,</p><p>que elenca as condições para que uma entidade beneficente de assistência social possa fruir da</p><p>imunidade, dentre as quais a do inciso III: “manterem escrituração de suas receitas e despesas</p><p>em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão”.</p><p>QUESTÃO Nº 06</p><p>No intuito de aumentar a arrecadação, o prefeito do Município X sancionou lei que fixou uma</p><p>nova base de cálculo do IPTU. A referida lei foi publicada em novembro de 2016, estabelecendo</p><p>que sua vigência se dará após a data de sua publicação. Bruno e Thiago são irmãos que, por</p><p>herança, tornaram-se proprietários de um imóvel, no qual, apenas Thiago reside. Em janeiro de</p><p>2017, Bruno foi notificado do lançamento do IPTU referente ao imóvel de residência de Thiago,</p><p>tendo 30 dias para pagá-lo. Bruno alegou que, pelo fato de apenas Thiago residir no imóvel,</p><p>mesmo ele sendo coproprietário do bem, não precisaria pagar o imposto. Além disso, afirmou</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>116</p><p>que, ainda que tivesse que pagá-lo, a lei que fixou uma nova base de cálculo do IPTU não</p><p>respeitou a anterioridade nonagesimal. Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a</p><p>seguir.</p><p>B) Bruno está correto ao alegar que a lei que fixou uma nova base de cálculo do IPTU violou a</p><p>anterioridade nonagesimal?</p><p>Não. A fixação de nova base de cálculo do IPTU apenas deve respeitar a anterioridade do</p><p>exercício financeiro, estando excepcionada da anterioridade nonagesimal, na forma do Art. 150,</p><p>§ 1º, da CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 07</p><p>João, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Município X, informa que o Fisco Municipal</p><p>cobrou Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) de um</p><p>da peça inadequada para a solução do problema proposto,</p><p>considerando para este fim peça que não esteja exclusivamente em conformidade com a solução</p><p>técnica indicada no padrão de respostas da prova, ou de apresentação de resposta incoerente</p><p>com a situação proposta ou de ausência de texto, o examinando receberá nota ZERO na redação</p><p>da peça profissional ou na questão.</p><p>A indicação correta da peça prática é verificada no nomen iuris da peça</p><p>concomitantemente com o correto e completo fundamento legal usado para justificar</p><p>tecnicamente a escolha feita.</p><p>No que tange a escrita, você, mais do que nunca, precisa ser compreendido, o que</p><p>significa dizer que não basta escrever de forma que somente você entenda. Quem vai corrigir</p><p>sua prova, pode estar exausto, em razão da correção de outras provas, antes da sua, por isso</p><p>facilite a vida do examinador... seja CLARO e OBJETIVO, e coloque as informações que o</p><p>examinador busca identificar na sua peça e questões.</p><p>Além disso, a letra precisa ser legível. Treine, escreva, faça as tarefas de forma</p><p>manuscrita, e tente melhorar a sua letra. Não use termos rebuscados ou inapropriados e tenha</p><p>cuidado com erros de português.</p><p>Por fim, como veremos nas aulas, existem dados importantes e que são imprescindíveis</p><p>para cada peça e questão, por isso interpretar o enunciado é fundamental. Para isso, leia com</p><p>calma, anotando as informações relevantes, e na hora de responder, lembre-se de procurar a</p><p>fundamentação apropriada.</p><p>a. Ter calma;</p><p>b. Redação clara e objetiva;</p><p>c. Dados importantes – vamos ver em cada peça;</p><p>d. Sempre procurar a fundamentação(ou seja, o artigo, súmula ou OJ);</p><p>e. NÃO ESQUEÇA DE INDICAR OS INCISOS E §§ CORRETAMENTE.</p><p>ENTÃO, O QUE VOCÊ PRECISA PARA UMA BOA PROVA?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>9</p><p>Caro estudante, uma questão crucial para a sua aprovação diz respeito à organização do</p><p>seu material e do seu tempo de estudo. Por isso, adquira a legislação que pretende utilizar para</p><p>a prova, e comece a utilizá-la o mais rápido possível. Conhecer a legislação e ter agilidade em</p><p>localizar os fundamentos legais é importantíssimo.</p><p>Também, defina qual horário dedicará para o estudo. Não há um tempo mínimo e máximo,</p><p>pois isso depende de cada pessoa e de sua rotina, mas você precisa entender que, nesse</p><p>período, precisará abdicar de outras atividades e ter FOCO na prova que se aproxima.</p><p>Posteriormente falaremos um pouco mais sobre métodos de estudo, forma de otimização</p><p>e preparação para esta segunda fase. Tenham a certeza e convicção: dá certo, basta caprichar,</p><p>que o resultado não será diverso da aprovação. Antes de falar sobre os requisitos básicos da</p><p>inicial, gostaria que vocês vislumbrassem quais peças poderão ser objeto de cobrança de vocês,</p><p>via de regra, neste nosso Exame.</p><p>a. NÃO É PERMITIDO USAR (...), ____________________________,</p><p>(________), pois pode ser considerado identificação de prova.</p><p>b. Na falta de informações no enunciado não invente dados, utilize: ... OU</p><p>XXX</p><p>c. Não escreva fora da margem!</p><p>d. Não rabisque sua prova. Errou? Faça um traço simples e continue</p><p>escrevendo ao lado.</p><p>e. Você NÃO PONTUARÁ se não especificar o inciso ou §, quando houver,</p><p>não basta indicar o artigo sem especificar!</p><p>f. Jamais assine sua peça, nem no fechamento, coloque apenas a palavra</p><p>ADVOGADO seguida de reticências: Advogado...</p><p>g. JAMAIS INVENTE DADOS QUE NÃO ESTÃO NO ENUNCIADO.</p><p>h. Não faça marcações indevidas na sua legislação, como: símbolos,</p><p>palavras-chave, frases, nomes de lei, estruturação de peça.</p><p>i. Aproveite conscientemente sua folha rascunho, não faça a prova toda nela,</p><p>correndo o risco de não dar tempo suficiente para passar a limpo.</p><p>j. As remissões são permissões, desde que sejam simples remissões.</p><p>Exemplos do que pode: Art. 58, súmula 22 STJ, Lei 8.069/90.</p><p>AÇÕES & PEÇAS (REGRA GERAL)</p><p>https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>10</p><p>As presentes ações poderão levar vocês a confusão no tocante à identificação. Entretanto,</p><p>existem formas bem fáceis e claras que irão apontar quando da utilização de uma demanda e/ou</p><p>respectivamente da outra. Outrossim, faz-se importante ressaltar que temos três grandes</p><p>gêneros/grupos de demandas e/ou peças que poderão ser objeto de cobrança de nossos alunos</p><p>examinandos na 2ª Fase de Direito Tributário.</p><p>Ato contínuo, por fim, vamos falar sobre petição inicial. Mas, afinal de contas, quais são</p><p>os passos básicos de uma petição inicial:</p><p>•Mandado de Segurança</p><p>•Mandado de Segurança Coletivo</p><p>•Ação Declaratória</p><p>•Ação Anulatória</p><p>•Ação de Consignação em Pagamento</p><p>•Ação de Repetição de Indébito Tributário</p><p>•Ação de Embargos à Execução Fiscal</p><p>•Petição de Exceção de Pré Executividade</p><p>Processo Subjetivo</p><p>•Agravo de Instrumento</p><p>•Apelação</p><p>•Agravo Interno</p><p>•Recurso Especial</p><p>•Recurso Extraordinário</p><p>•Recurso Ordinário Constitucional</p><p>•Embargos de Divergência</p><p>Recursos Judiciais</p><p>Passos básicos de uma petição inicial</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>11</p><p>Basicamente são estes os passos de uma peça inicial. Em sala de aula, falaremos</p><p>sobre cada um, sua importância e forma de utilização.</p><p>1) Endereçamento.</p><p>2) Qualificação do Requerente.</p><p>3) Fundamento do Requerente.</p><p>4) Nome da Peça do Requerente.</p><p>5) Qualificação do Requerido.</p><p>6) Cabimento da Demanda.</p><p>7) Descrição dos Fatos.</p><p>8) Descrição dos Direitos.</p><p>9) Pedidos.</p><p>10) Valor da Causa.</p><p>11) Local e Data.</p><p>12) Advogado e OAB.</p><p>...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>12</p><p>2. Petição Inicial</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Quando do estudo da prática processual em direito tributário, algumas questões iniciais</p><p>são relevantes e precisam ser citadas a fim de que exista nexo e lógica no aprendizado didático</p><p>da referida matéria.</p><p>Inicialmente, cabe afirmar que não existe nenhuma codificação especial sobre processo</p><p>tributário e sua formatação, fazendo-se, portanto, utilização tanto de normas específicas (Lei de</p><p>Execução Fiscal, Lei do Mandado de Segurança, entre outras), quanto as gerais, leia-se, Código</p><p>de Processo Civil.</p><p>E, considerando a inexistência de legislação especial, costuma-se dividir as peças</p><p>processuais tributárias em três grandes grupos: processo subjetivo, objetivo e peças recursais.</p><p>Logo, inclusive em face da maior utilização na prática, o presente capítulo irá trabalhar sobre a</p><p>petição inicial na égide do processo subjetivo, levando em consideração a defesa do contribuinte.</p><p>Diante deste contexto, o contribuinte poderá inaugurar a esfera judicial por meio das</p><p>seguintes ações e peças subjetivas: Mandado de Segurança, Ação Declaratória, Ação</p><p>Anulatória, Ação de Consignação em Pagamento, Ação de Repetição de Indébito, Ação de</p><p>Embargos à Execução Fiscal e a Petição de Exceção de Pré Executividade.</p><p>E o que as presentes peças apresentam em comum? A sua estrutura. Lembrando aqui</p><p>que, muito embora o presente texto seja dirigido para quem está estudando para a 2ª Fase da</p><p>OAB em Direito Tributário (no Ceisc), em nada obsta utilizar-se desta estrutura para a prática</p><p>diária da advocacia tributária. Portanto, qual é a estrutura básica destas peças processuais do</p><p>processo subjetivo:</p><p>ESTRUTURA BÁSICA DO PROCESSO SUBJETIVO</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>13</p><p>Endereçamento</p><p>Mas o que é o endereçamento? Endereçamento será o destinatário</p><p>imóvel que o</p><p>sindicato aluga a terceiros e cujo valor é integralmente utilizado para a defesa dos interesses dos</p><p>trabalhadores sindicalizados. João o consulta, sobre a viabilidade da exigência fiscal. Na</p><p>oportunidade, um dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas do Município “X” (sindicato</p><p>patronal) indaga se o IPTU deveria incidir sobre imóvel de propriedade deste Sindicato, nas</p><p>mesmas condições. Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a seguir.</p><p>A) O município está correto em cobrar o IPTU sobre o imóvel de propriedade do sindicato dos</p><p>trabalhadores? Justifique.</p><p>O município não está correto. O sindicato dos trabalhadores tem direito à imunidade tributária</p><p>prevista no Art. 150, inciso VI, alínea c, da CRFB/88, inclusive com relação a imóveis alugados,</p><p>se o aluguel for revertido para suas atividades fins, conforme a Súmula Vinculante nº 52.</p><p>B) Haveria incidência do IPTU sobre o imóvel de propriedade do sindicato patronal? Justifique.</p><p>Sim, pois o direito à imunidade tributária é limitado aos sindicatos de trabalhadores, não</p><p>constando os sindicatos patronais no rol taxativo das entidades imunes, conforme o Art. 150,</p><p>inciso VI, alínea c, da CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 08</p><p>No Estado “X”, até o ano de 2016, o mês para pagamento de Imposto Sobre a Propriedade de</p><p>Veículos Automotores (IPVA) era março, e o valor poderia ser dividido em, no máximo, três</p><p>parcelas. Em janeiro de 2017, foi editada a Lei nº 123 alterando tal sistemática. A nova lei</p><p>estabeleceu o pagamento para o mês de fevereiro do mesmo exercício, sem a possibilidade de</p><p>parcelamento. Diante de tal quadro, responda aos itens a seguir.</p><p>A) A alteração do prazo para pagamento poderia se dar por meio de decreto?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>117</p><p>Sim. O prazo de pagamento não representa majoração do tributo, razão pela qual não se sujeita</p><p>ao princípio da legalidade, conforme o Art. 150, inciso I, da CRFB/88 E/OU o Art. 97 do CTN.</p><p>B) A Lei nº 123 precisa respeitar o princípio da anterioridade do exercício financeiro e o da</p><p>anterioridade nonagesimal?</p><p>Não. A alteração do prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da</p><p>anterioridade do exercício financeiro (anterioridade geral), nem ao princípio da anterioridade</p><p>nonagesimal, conforme a Súmula Vinculante 50.</p><p>QUESTÃO Nº 09</p><p>Antes de realizado qualquer procedimento para a constituição do crédito tributário, determinado</p><p>partido político optou, em 2016, pelo parcelamento da Contribuição para o Financiamento da</p><p>Seguridade Social (COFINS), com vencimentos entre 2005 e 2009, não pagas no prazo</p><p>determinado. Para tanto, nos termos da lei que instituiu o parcelamento, o partido político</p><p>apresentou “confissão irrevogável e irretratável dos débitos”. No entanto, o advogado do partido</p><p>político opina que este deve rescindir o parcelamento, uma vez que, independentemente da</p><p>assinatura do termo de confissão de débitos, a renda dos partidos políticos é imune, e os débitos</p><p>estão alcançados pela decadência. Sobre a hipótese, responda aos itens a seguir.</p><p>A) No que se refere à imunidade dos partidos políticos, o advogado está correto?</p><p>Não. A imunidade da renda dos partidos políticos, prevista no Art. 150, inciso VI, alínea c, da</p><p>CRFB/88, não alcança as contribuições sociais, mas tão somente os impostos.</p><p>QUESTÃO Nº 10</p><p>A União publicou, no Diário Oficial de 30 de junho de 2017, decreto que majorou a alíquota do</p><p>Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No decreto, foi estipulado que a alíquota majorada</p><p>já seria válida para fatos geradores ocorridos a partir do mês seguinte. Tendo em vista a</p><p>anterioridade nonagesimal e a anterioridade do exercício financeiro, responda aos itens a seguir.</p><p>A) É válida a exigência da alíquota majorada no mês seguinte à publicação do decreto?</p><p>Não, pois embora o IPI não se submeta à anterioridade do exercício financeiro, está sujeito à</p><p>anterioridade nonagesimal, na forma do disposto no Art. 150, § 1º, da CRFB/88.</p><p>B) Se, em vez de majorar a alíquota, o decreto alterasse apenas o prazo de recolhimento da</p><p>obrigação tributária, seria válida a sua exigência a partir do mês seguinte ao da publicação?</p><p>Sim, pois a alteração do prazo de recolhimento de tributo não se sujeita ao princípio da</p><p>anterioridade, conforme Súmula Vinculante 50 do STF.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>118</p><p>QUESTÃO Nº 11</p><p>Em 12 de novembro de 2016, o Estado “X” publicou lei para modificar, para além da inflação, a</p><p>tabela que estabelece os valores venais de veículos - base de cálculo do Imposto Sobre a</p><p>Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O fato gerador do tributo, naquela unidade da</p><p>Federação, ocorre em 1º de janeiro de cada ano. Em janeiro de 2017, a autoridade administrativa</p><p>efetuou o lançamento do tributo, já com base nos valores modificados. Diante de tal quadro,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) O Estado “X” pode realizar o lançamento do IPVA, em janeiro de 2017, já com a nova base</p><p>de cálculo instituída em novembro de 2016?</p><p>Sim. A fixação da base de cálculo do IPVA é uma exceção ao princípio da anterioridade</p><p>nonagesimal, conforme o Art. 150, inciso III, alínea c, e o Art. 150, § 1º, ambos da CRFB/88.</p><p>Desse modo, a autoridade administrativa pode realizar a cobrança do IPVA de 2017 já com base</p><p>na nova tabela de valores. Ressalta-se, ainda, que a fixação da base de cálculo do IPVA não é</p><p>exceção ao princípio da anterioridade do exercício. Desse modo, como a nova lei foi editada em</p><p>2016, não há problema em realizar a cobrança pelos novos valores no ano seguinte.</p><p>B) Se a nova lei, publicada em 12 de novembro de 2016, aumentasse a alíquota incidente sobre</p><p>a base de cálculo, a majoração passaria a ser exigível para os fatos geradores ocorridos a partir</p><p>de qual exercício (inclusive)?</p><p>A majoração passaria a ser exigível para os fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 2018</p><p>(ou do exercício de 2018 e seguintes), pois a alteração da alíquota do IPVA deve observar o</p><p>princípio da anterioridade nonagesimal, conforme o Art. 150, inciso III, alínea c, da CRFB/88.</p><p>Desse modo, a majoração da alíquota promovida em novembro de 2016 somente passaria a ser</p><p>aplicável a partir de fevereiro de 2017, após a ocorrência do fato gerador do IPVA de 2017.</p><p>QUESTÃO Nº 12</p><p>A sociedade empresária “X” foi autuada pelo Estado “Z” em 35% do valor do Imposto sobre</p><p>Circulação de Mercadorias e de Serviços (ICMS) devido, em razão do preenchimento incorreto</p><p>de determinado documento fiscal. Observadas diversas inconsistências no auto de infração, os</p><p>advogados da sociedade impugnaram administrativamente a autuação. No curso do processo,</p><p>nova lei foi publicada, estabelecendo nova penalidade para os casos de preenchimento incorreto</p><p>de documentos fiscais, agora no percentual de 15% do valor do imposto. Ocorre que, embora</p><p>pendente a decisão da impugnação, o fisco inscreveu a sociedade em dívida ativa, assinalando,</p><p>no termo de inscrição, a penalidade anterior, de 35%. Com base nessas informações e de acordo</p><p>com o disposto no CTN, responda aos itens a seguir.</p><p>B) O percentual da multa assinalado no ato de inscrição está correto? Fundamente.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>119</p><p>Não. Deve ser aplicada ao contribuinte a penalidade da lei mais benéfica, no percentual de 15%,</p><p>na forma do Art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 13</p><p>A pessoa jurídica A realizou a importação de peças para utilização no processo de fabricação de</p><p>equipamentos eletrônicos. Diante da constatação de que a contribuinte não havia recolhido o</p><p>Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a liberação das mercadorias</p><p>importadas</p><p>foi condicionada ao pagamento do referido tributo, tendo, ainda, sido determinada a</p><p>interdição do estabelecimento da pessoa jurídica A. Diante desse panorama, responda aos itens</p><p>a seguir.</p><p>B) A interdição do estabelecimento realizada pelo Fisco está correta?</p><p>O examinando deverá responder que a interdição do estabelecimento comercial não está correta,</p><p>eis que, na forma da Súmula nº 70 do STF, é inadmissível a interdição de estabelecimento como</p><p>meio coercitivo para cobrança de tributo.</p><p>QUESTÃO Nº 14</p><p>Em abril de 2016, o Estado X publicou lei disciplinando as custas judiciais, concedendo isenção</p><p>a todos os servidores do Poder Judiciário. Sobre a hipótese, responda aos itens a seguir.</p><p>B) É legítima a isenção de custas judiciais concedida aos servidores da justiça?</p><p>Não. O Art. 150, inciso II, da CRFB/88, reconhece a isonomia como uma limitação ao poder de</p><p>tributar. O referido artigo é expresso ao proibir “qualquer distinção em razão da ocupação</p><p>profissional ou função por eles [contribuintes] exercida, independentemente da denominação</p><p>jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”. Portanto, a concessão de benefício fiscal para um</p><p>determinado grupo, em razão da função por ele exercida, viola o princípio de isonomia.</p><p>QUESTÃO Nº 15</p><p>O Estado Alfa editou duas leis relativas ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços</p><p>– ICMS. A primeira, com o objetivo de fomentar a indústria de uma determinada área e atrair</p><p>contribuintes de outros Estados da Federação, concedeu redução da base de cálculo do ICMS</p><p>para pessoas jurídicas que instalassem indústrias dentro daquela região, sem a deliberação dos</p><p>outros Estados. A segunda, de abril de 2016, reduziu o prazo para recolhimento do ICMS. Sobre</p><p>a hipótese, responda aos itens a seguir.</p><p>B) A segunda lei está sujeita ao princípio da anterioridade?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>120</p><p>Não. A alteração do prazo de recolhimento, uma vez que não implica instituição ou majoração</p><p>de tributos, não está sujeita ao princípio da anterioridade. Nesse sentido, é o teor da Súmula</p><p>Vinculante nº 50, do Supremo Tribunal Federal: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento</p><p>de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”.</p><p>QUESTÃO Nº 16</p><p>O governo federal, com o objetivo de proteger a indústria nacional fabricante de aço, publicou,</p><p>no ano de 2015, um decreto que aumentava de 15 para 20% a alíquota do imposto sobre a</p><p>importação de produtos siderúrgicos, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei</p><p>formal. O decreto previu que o aumento já valeria para aquele mesmo exercício financeiro.</p><p>Considerando a hipótese acima, responda aos itens a seguir.</p><p>A) A majoração da alíquota do imposto de importação poderia se dar por meio de um ato do</p><p>Poder Executivo?</p><p>Sim. O Imposto de Importação é exceção ao princípio da legalidade, ou seja, sua alíquota pode</p><p>ser majorada por meio de ato do Poder Executivo, desde que atendidas às condições e aos</p><p>limites estabelecidos em lei, conforme dispõe o Art. 153, §1º, da CRFB/88.</p><p>B) O governo federal agiu legalmente ao exigir a alíquota majorada do imposto de importação no</p><p>mesmo exercício financeiro?</p><p>Sim. Por ser um imposto que tem como função regular o mercado, o Imposto de Importação é</p><p>exceção ao princípio da anterioridade, podendo ser alterado e cobrado ao tempo conveniente,</p><p>conforme o Art. 150, § 1º, da CRFB/88.</p><p>QUESTÃO Nº 17</p><p>Em dezembro de 2014, o Município de Macaé-RJ editou a Lei nº 1.234, estendendo o prazo para</p><p>a cobrança judicial dos créditos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de cinco para seis</p><p>anos. O mesmo Município ajuizou, em 2015, execução fiscal em face da pessoa jurídica Ômega,</p><p>para a cobrança de créditos IPTU não pagos. Os valores desses créditos sofreram correção</p><p>monetária por ato do Poder Executivo em percentual superior ao índice oficial. Diante disso,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>B) É correta a atualização monetária do IPTU em percentual superior aos índices oficiais por ato</p><p>do Poder Executivo?</p><p>Não é correta a atualização monetária do IPTU em percentual superior aos índices oficiais por</p><p>ato do Poder Executivo, uma vez que é defeso ao Município atualizar o IPTU, mediante decreto,</p><p>em percentual superior ao índice oficial de correção monetária, nos termos da Súmula 160 do</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>121</p><p>QUESTÃO Nº 18</p><p>No dia 23 de dezembro de 2013, a União, atendendo aos limites da disciplina legal do Imposto</p><p>sobre Produtos Industrializados (IPI), publicou decreto aumentando a alíquota para automóveis,</p><p>a partir da data de sua publicação. Em vista desse aumento, a pessoa jurídica X decide impugná-</p><p>lo, tendo como base a violação do princípio da anterioridade nonagesimal/noventena. Com</p><p>fundamento no princípio da legalidade tributária, a pessoa jurídica entende, ainda, que o aumento</p><p>da alíquota não poderia ter sido veiculado por meio de decreto, considerando o disposto no Art.</p><p>150, I, da Constituição, que veda a exigência ou o aumento de tributo sem lei que o estabeleça.</p><p>Diante de tal quadro, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Prospera o argumento da pessoa jurídica relativo ao princípio da anterioridade</p><p>nonagesimal/noventena?</p><p>Quanto à alegada violação ao princípio da anterioridade nonagesimal/noventena, o argumento</p><p>está correto, por força do Art. 150, III, c, da Constituição, não excepcionado, para o IPI, pelo Art.</p><p>150, § 1º, da CRFB.</p><p>B) Prospera o argumento da pessoa jurídica relativo ao princípio da legalidade tributária?</p><p>Não há violação ao princípio da legalidade tributária, pois o Art. 153, § 1º, da Constituição, faculta</p><p>ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas</p><p>do IPI.</p><p>QUESTÃO Nº 19</p><p>O Município “X” notificou a instituição de educação “Y” para que realizasse o pagamento do valor</p><p>correspondente ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) referente ao</p><p>imóvel de sua propriedade, alugado a terceiros, por meio do envio de carnê para pagamento do</p><p>tributo pelos correios. Apesar de constatar que o valor dos aluguéis é aplicado no</p><p>desenvolvimento das atividades essenciais da instituição, o Município entendeu que a imunidade</p><p>conferida pelo texto constitucional somente se aplica quando o imóvel é usado como sede da</p><p>instituição. Com base no caso descrito, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.</p><p>A) A cobrança do IPTU, realizada pelo Município “X”, está correta?</p><p>A cobrança feita pelo Município “X” não está correta, tendo em vista que, de acordo com a</p><p>Súmula nº 724, do STF, in verbis, “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU</p><p>o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo Art. 150, VI, c, da Constituição,</p><p>desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.”</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>122</p><p>QUESTÃO Nº 20</p><p>Determinado Estado da Federação brasileira publicou, em 19/12/2013, a Lei Estadual nº 5.678,</p><p>a qual introduziu algumas alterações na Lei Estadual nº 1.234, que dispõe sobre a cobrança do</p><p>imposto sobre transmissão causa mortis e doação – ITCMD no âmbito daquele Estado. A nova</p><p>Lei Estadual nº 5.678 passou a vigorar na data da sua publicação, conforme expressamente</p><p>previsto em um dos seus artigos. Dentre as alterações introduzidas pelo novo diploma legal,</p><p>houve (i) o aumento da alíquota do imposto; e (ii) a redução da penalidade incidente para o caso</p><p>de atraso no pagamento. João, dono de vários veículos, doou um veículo a Pedro em 02/12/2013,</p><p>mas, na qualidade de contribuinte, deixou de efetuar o pagamento</p><p>do imposto no prazo legal,</p><p>que venceu em 17/12/2013, antes do advento da Lei Estadual nº 5.678. Posteriormente, em</p><p>03/01/2014, João doou outro veículo a Tiago. Tendo em vista o exposto, responda aos itens a</p><p>seguir.</p><p>A) João faz jus à penalidade reduzida, introduzida pela Lei Estadual nº 5.678, para o pagamento</p><p>do crédito tributário inadimplido incidente sobre a doação efetuada a Pedro?</p><p>João faz jus à penalidade reduzida introduzida pela Lei Estadual nº 5678, mesmo considerando</p><p>que o prazo de pagamento do imposto devido pela doação a Pedro venceu antes da publicação</p><p>da referida Lei. Isso porque, de acordo com o Art. 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário</p><p>Nacional, que trata da retroatividade benigna, a lei tributária aplica-se a ato ou fato pretérito</p><p>quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua</p><p>prática.</p><p>B) Na doação efetuada a Tiago, incide a alíquota do imposto majorada pela Lei Estadual nº</p><p>5.678?</p><p>Na doação efetuada a Tiago, não incide a alíquota do imposto majorada pela Lei Estadual nº</p><p>5678. De acordo com o Art. 150, inciso III, da Constituição da República, é vedada a cobrança</p><p>do tributo com a alíquota majorada: (i) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada</p><p>a lei que o aumentou (alínea b); (ii) antes de decorridos 90 (noventa) dias da data em que haja</p><p>sido publicada a lei que o aumentou. No caso, embora a Lei nº 5678 tenha sido publicada no</p><p>exercício anterior àquele em que ocorreu o fato gerador (“doação”), em observância à</p><p>anterioridade prevista no Art. 150, inciso III, alínea b, da Constituição da República, entre a data</p><p>da publicação e a realização do fato gerador não transcorreram os 90 (noventa) dias previstos</p><p>no Art. 150, inciso III, alínea c, da Constituição da República. Dessa forma, em razão da</p><p>necessidade de observância do referido dispositivo, a alíquota do imposto, majorada pela Lei</p><p>Estadual nº 5.678, somente incidirá sobre fatos geradores ocorridos após 90 (noventa) dias da</p><p>data de sua publicação.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>123</p><p>QUESTÃO Nº 21</p><p>No município X, a lei determina que, no caso de aquisição de imóvel em hasta pública, o fato</p><p>gerador do Imposto sobre Transmissão inter-vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens</p><p>imóveis (ITBI) ocorre quando do registro do título aquisitivo no Registro de Imóveis. Em março</p><p>de 2012, um imóvel localizado no município X é arrematado em hasta pública, e o arrematante</p><p>paga o ITBI antecipadamente. A emissão da carta de arrematação e o registro da mesma no</p><p>competente cartório do Registro de Imóveis ocorrem em maio do mesmo ano. Em novembro do</p><p>referido exercício, o município X publica lei (vigente a partir da publicação) aumentando a</p><p>alíquota de ITBI e, ato contínuo, emite lançamento para cobrar, do citado arrematante, a</p><p>correspondente diferença de ITBI em relação ao já pago. Responda fundamentadamente:</p><p>B) Procede a cobrança, pelo município X, da diferença referida no enunciado?</p><p>Não, pois a cobrança se volta para fato ocorrido anteriormente à vigência da lei que majorou o</p><p>tributo, o que viola o princípio constitucional da irretroatividade tributária (art. 150, III, “a”, da</p><p>CRFB). Além disso, trata-se de fato ocorrido no mesmo exercício daquele de publicação da lei</p><p>majorante e antes de decorridos noventa dias da referida publicação, o que viola os princípios</p><p>constitucionais da anterioridade de exercício e anterioridade nonagesimal (art. 150, III, “b” e “c”,</p><p>da CRFB) cuja aplicabilidade não é excepcionada pela Carta Política no caso do ITBI.</p><p>QUESTÃO Nº 22</p><p>Uma pessoa jurídica, contribuinte do ICMS do Estado X, foi autuada por não recolhimento do</p><p>ICMS devidamente escriturado, mas não informado em GIA-ICMS, dos meses de janeiro a julho</p><p>de 2011. Foi exigida multa de 80% do valor não recolhido. No mês de maio de 2012, foi ajuizada</p><p>a execução fiscal para cobrança do crédito tributário. Devidamente citada, a sociedade ofereceu</p><p>um caminhão em garantia, que foi aceito pelo exequente e penhorado. A pessoa jurídica</p><p>apresentou embargos à execução, sendo os mesmos desprovidos. Recorreu para o Tribunal de</p><p>Justiça, que, por sua vez, não proveu a apelação. Protocolou recurso especial, estando este</p><p>sujeito ao exame de admissibilidade. A Fazenda Estadual requereu o leilão do veículo, o que foi</p><p>deferido em agosto de 2013. O leilão foi marcado para 16 de dezembro de 2013. No dia 6 de</p><p>dezembro foi publicada lei estabelecendo o percentual da multa para a mesma infração em 50%.</p><p>Diante da hipótese, qual é o percentual de multa que deve prevalecer?</p><p>Deve ser considerado o percentual estabelecido na nova lei (50%), sendo aplicável a lei mais</p><p>benéfica de forma retroativa por força do disposto no artigo 106, II, “c”, do CTN. Isso por tratar-</p><p>se de ato ainda não definitivamente julgado, assim entendida a execução fiscal não</p><p>definitivamente encerrada, ou seja, aquela em que não foram ultimados os atos executivos</p><p>destinados à satisfação da prestação.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>124</p><p>QUESTÃO Nº 23</p><p>A Procuradoria de Estado membro da Federação insurge-se, por meio de ação judicial, contra</p><p>disposição constante de tratado internacional assinado entre os governos do Brasil e de outro</p><p>país aderente ao Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT), o qual prevê a isenção de</p><p>ICMS em relação a determinadas mercadorias importadas, listadas no acordo, quando também</p><p>são isentados do imposto os produtos nacionais do mesmo gênero. A Unidade da Federação,</p><p>acima referenciada, sentindo-se lesada e alegando ter ocorrido a transgressão pela União de</p><p>preceito relativo à competência tributária, busca a anulação da cláusula do pacto internacional.</p><p>Deve ser acolhido o pedido do ente federativo? Responda fundamentadamente, apresentando a</p><p>posição predominante no Supremo Tribunal Federal.</p><p>O candidato deverá, na essência, observar quanto à pergunta, o seguinte: Não. O Presidente da</p><p>República age como Chefe de Estado ao firmar tratados internacionais em nome da soberana</p><p>República Federativa do Brasil (Estado Brasileiro), ou seja, atua em nome do país, visto como</p><p>unidade dos Entes que compõem a Federação, e não em nome exclusivo e único da União.</p><p>Deverá observar, por fim, que o STF entende que a concessão de isenção na via do tratado não</p><p>se sujeita à vedação à concessão de isenção heterônoma, pois o âmbito de aplicação do Art.151,</p><p>III, da CRFB é o das relações das entidades federadas entre si, não alcançando a União quando</p><p>esta se apresenta na ordem externa.</p><p>QUESTÃO Nº 24</p><p>Baseado em uma efetiva hipótese de calamidade pública, o Presidente da República edita, em</p><p>março de determinado ano, Medida Provisória instituindo empréstimo compulsório que passará</p><p>a incidir a partir do mês subsequente. Indaga-se:</p><p>A) Pode o empréstimo compulsório pode ser instituído por Medida Provisória?</p><p>É negativa a resposta relativa à questão A. A Constituição da República veda, expressamente,</p><p>a edição de Medida Provisória para dispor sobre matéria reservada à lei complementar (Art. 62,</p><p>§ 1º, inciso III). E os empréstimos compulsórios só podem ser instituídos por meio de lei</p><p>complementar (CRFB, Art. 148).</p><p>B) Qualquer que seja a resposta à questão anterior, deve o empréstimo compulsório observar o</p><p>princípio da anterioridade?</p><p>Também é negativa a resposta à questão B. A observância ao princípio da anterioridade é</p><p>expressamente excepcionada com relação aos empréstimos compulsórios instituídos por força</p><p>de calamidade pública (CRFB, Art. 150, § 1º, conjugado com Art. 148, inciso I).</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>125</p><p>QUESTÃO Nº 25</p><p>Determinado Prefeito Municipal</p><p>editou o Decreto nº X, publicado em 20/09/2011, a fim de</p><p>modificar os critérios relativos à apuração da base de cálculo do IPTU, tornando-o mais oneroso</p><p>para os contribuintes da respectiva municipalidade. Sabe-se que as mudanças inseridas no</p><p>aludido Decreto só entrariam em vigor a partir do dia 01/01/2012. Nesse caso, o referido ato</p><p>normativo compatibiliza-se com o ordenamento jurídico tributário em vigor? Justifique, com o</p><p>apontamento dos dispositivos legais pertinentes.</p><p>O Decreto nº X é inconstitucional, visto que contraria o Art. 150, I, da CRFB/88 e o Art. 97, § 1º,</p><p>do CTN. Nessa linha, o referido Decreto fere o princípio da legalidade tributária, pois somente a</p><p>lei poderá criar novos critérios relativos à base de cálculo do IPTU, uma vez que a alteração da</p><p>base de cálculo de modo a torná-lo mais oneroso, como ocorreu na hipótese aqui cuidada,</p><p>equipara-se à majoração de tributo.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>126</p><p>17. Legislação Tributária</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>Como introdução, podemos dizer que as fontes materiais do direito tributário são</p><p>aqueles fatos sociais e econômicos relevantes (do ponto de vista da tributação) que</p><p>influenciam a formação e alteração do direito formal. São as situações escolhidas pelo</p><p>legislador, dentre todas as possíveis, para a incidência de tributos: o patrimônio, a renda,</p><p>prestação de serviço, o exercício do poder de polícia etc.</p><p>As fontes formais, por sua vez, são aquelas que conhecemos como “direito”</p><p>propriamente dito: as normas jurídicas. São essas que nos interessam aqui, e podem ser</p><p>classificadas ainda em fontes formais primárias (de onde decorrem as inovações no</p><p>ordenamento jurídico) e fontes formais secundárias (que servem para completar, interpretar,</p><p>integrar e definir o alcance das primárias).</p><p>Legislação Tributária</p><p>No âmbito tributário, temos uma importante definição exposta pelo CTN, no artigo 96,</p><p>que trata as fontes formais do direito tributário (primárias e secundárias) pela expressão</p><p>“legislação tributária”, abarcando diversas fontes normativas. O CTN define a expressão da</p><p>seguinte forma:</p><p>CTN, Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as</p><p>convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no</p><p>todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.</p><p>Portanto, a expressão “legislação tributária” abrange não somente leis e tratados, mas</p><p>decretos e atos infralegais, chamados de “normas complementares”, desde que tratem, total ou</p><p>parcialmente, sobre tributos e relações jurídico-tributárias. Podemos concluir, então, que</p><p>“legislação tributária” não é sinônimo do sentido de “lei” tributária. Trata-se de conceito mais</p><p>amplo, que abrange todas as espécies normativas existentes no direito brasileiro capazes de</p><p>versar sobre matéria tributária.</p><p>Para efeitos de classificação, tendo como norte a letra expressa do CTN, podemos dizer</p><p>que as fontes formais primárias são as leis, tratados e convenções internacionais, e os decretos.</p><p>De forma mais completa, considerando as espécies normativas primárias do art. 59 da CF/88,</p><p>podemos dizer, ainda, que são fontes primárias: a Constituição Federal, as Leis Ordinárias,</p><p>Delegadas e Complementares, as Medidas Provisórias, os Decretos Legislativos e as</p><p>Resoluções.</p><p>Essas são as normas que podem, em tese, criar obrigações no direito tributário brasileiro,</p><p>desde que busquem fundamento direto no texto constitucional, sem intermediação de outra</p><p>norma. Como exemplo, temos as Resoluções do Senado, que dentre outras competências, fixam</p><p>alíquotas máximas ou mínimas de impostos, por ordem constitucional. Nesse caso, figurarão</p><p>como fontes formais primárias.</p><p>Há que se fazer um alerta quanto aos Decretos: embora o CTN os tenha colocado como</p><p>“fonte primária”, apenas os decretos legislativos podem ser considerados “normas primárias”, no</p><p>sentido de criar obrigações. Isso porque os decretos regulamentares, editados pelo chefe do</p><p>poder executivo, jamais inovam na ordem jurídica, servindo apenas para dar fiel execução à lei,</p><p>nos termos do art. 84, IV da CF/88. Além disso, prevê o art. 99 do CTN que o conteúdo e o</p><p>alcance dos decretos se restringem aos das leis em função das quais sejam expedidos. Nesse</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>127</p><p>sentido, por exemplo, não pode um Decreto do Prefeito conceder anistia ou criar multa tributária,</p><p>sem lei prévia que o autorize.</p><p>De outra banda, como fontes formais secundárias, estão as normas complementares, que</p><p>visam complementar (integrar, interpretar e definir o alcance) das normas primárias. A definição</p><p>das tais normas complementares vem no artigo 100 do CTN:</p><p>CTN, Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções</p><p>internacionais e dos decretos:</p><p>I – os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;</p><p>II – as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei</p><p>atribua eficácia normativa;</p><p>III – as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;</p><p>IV – os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os</p><p>Municípios.</p><p>Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de</p><p>penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de</p><p>cálculo do tributo.</p><p>Veja que atos normativos infralegais (ressalvado o Decreto, elencado como fonte primária)</p><p>são exemplos de normas complementares, tais como as Instruções Normativas da Receita</p><p>Federal, Resoluções e Portarias dos entes federados, através dos órgãos competentes.</p><p>As decisões administrativas também estão no rol, quando a lei atribua a elas eficácia</p><p>normativa, a exemplo das Súmulas do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). As</p><p>práticas reiteradas (o “costume administrativo”) igualmente é norma complementar. Por fim, os</p><p>importantes Convênios entre entes federados, a exemplo dos Convênios entre União e</p><p>municípios para delegação das funções de arrecadação e fiscalização do ITR, bem como os</p><p>Convênios interestaduais, necessários para concessão de benefícios fiscais do ICMS, nos</p><p>termos da LC 24/75.</p><p>A Lei Tributária</p><p>Não se deve confundir a expressão legislação tributária, tratada acima, com a expressão</p><p>“lei tributária”. A essa última devemos compreender como lei em sentido estrito, ou seja: normas</p><p>com status formal de lei. Embora todas as espécies elencadas no art. 59 da CF/88 possam ter</p><p>força “legal”, há duas espécies principais de leis que nos interessam: a lei ordinária e a lei</p><p>complementar. Não há hierarquia entre elas, apenas diferentes âmbitos de competência. Sua</p><p>Legislação</p><p>Tributária</p><p>Leis, Tratados e</p><p>Decretos</p><p>Normas</p><p>Complementares</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>128</p><p>diferença consiste no quórum de aprovação: a ordinária, requer maioria simples; a</p><p>complementar, maioria absoluta.</p><p>Saiba que a expressão “lei”, como regra, remete à lei ordinária. Diversamente, quando</p><p>exigido para certo assunto lei complementar, a Constituição utilizará a expressão “lei</p><p>complementar”.</p><p>Pois bem: o art. 97 do CTN dispõe um rol de hipóteses que “somente a lei pode</p><p>estabelecer”. Veja que, aqui, não caberá qualquer espécie de legislação tributária, mas apenas</p><p>lei em sentido estrito. Consagra-se, assim, o que se chama de “princípio da legalidade fechada”</p><p>do direito tributário, impondo que apenas por lei em sentido estrito poderá:</p><p>1. Criar/extinguir tributo;</p><p>2. Majorar/diminuir tributo (há exceções);</p><p>3. Definir base de cálculo e alíquota (há exceções);</p><p>4. Definir fato gerador e sujeito passivo;</p><p>5. Cominar multas;</p><p>6. Definir hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários;</p><p>Dispõe ainda o artigo que se equipara à majoração do tributo a modificação da sua base</p><p>de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. Porém: não será majoração de tributo a</p><p>atualização monetária da base de cálculo, para ajustá-la aos índices oficiais de inflação da</p><p>moeda.</p><p>Portanto, é possível utilizar de instrumentos infralegais (como o Decreto do executivo)</p><p>para atualizar monetariamente o valor do tributo, bem como para outras matérias, como criação</p><p>de obrigações acessórias, desde que não incida em hipótese de reserva de lei, fixada do art. 97</p><p>do CTN.</p><p>Os Tratados e Convenções Internacionais em Matéria Tributária:</p><p>Os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil e outros países passam</p><p>pelo seguinte rito: são assinados pelo chefe do executivo (Presidente da República), aprovados</p><p>pelo Legislativo (Congresso Nacional), através de Decreto Legislativo, ratificados pelo Presidente</p><p>e promulgados, internamente, através de Decreto do executivo. A partir daí terão “força de lei”</p><p>no ordenamento brasileiro.</p><p>DECRETO</p><p>PODE</p><p>Atualizar</p><p>monetariamente a</p><p>base de cálculo</p><p>Criar obrigações</p><p>acessórias</p><p>NÃO PODE</p><p>Majorar/minorar tributo</p><p>fixar multa, alterar sujeito</p><p>passivo conceder isenções,</p><p>etc.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>129</p><p>Tratando de temática tributária, esses instrumentos serão “legislação tributária”, e</p><p>possuem força de revogar e/ou modificar a legislação interna brasileira, devendo ser</p><p>observados pela legislação posterior, conforme art. 98 do CTN. Isso não quer dizer que os</p><p>tradados sejam superiores às leis, mas por serem normas especiais sobre certo tema tributário,</p><p>devem prevalecer sobre as leis gerais, sobrepondo-se sobre as que lhes forem contrárias.</p><p>Ademais, considerando a vedação de que um ente federado conceda isenção de tributo</p><p>de outro ente (princípio da vedação das isenções heterônomas, art. 151, III, da CF/88),</p><p>questiona-se: será possível que um tratado internacional conceda isenção de tributos estaduais</p><p>e municipais? A resposta é positiva. Isso porque na esfera internacional, o Presidente da</p><p>República não é apenas representante da União, mas de todo o Estado brasileiro (a República),</p><p>compreendido aí os outros entes federados (Estados, DF e Municípios), de modo que é</p><p>plenamente possível que um tratado/convenção internacional conceda isenção de tributo</p><p>estadual ou municipal.</p><p>Medidas Provisórias</p><p>A Medida Provisória é ato do chefe do Poder Executivo, com força de lei, e efeitos</p><p>imediatos, com duração de 60 dias, prorrogável pelo mesmo período. Devem ser convertidas em</p><p>lei dentro desse prazo, findo o qual perdem eficácia, mas serão preservados os efeitos</p><p>produzidos durante sua vigência.</p><p>Reza o § 1º, III do art. 62 da CF/88 que é vedada a edição de medidas provisórias sobre</p><p>matéria reservada a lei complementar. Além disso, o § 2º do art. 62 da CF/88 dispõe é possível</p><p>a criação ou majoração de imposto mediante Medida Provisória, mas essa só produzirá efeitos</p><p>se convertida em lei até o final do exercício (ano) em que foi editada.</p><p>Portanto, com base no comando constitucional e na doutrina majoritária, temos que:</p><p>1) Medida Provisória pode criar e majorar tributo, desde que não exigida lei</p><p>complementar (vedada, por exemplo, para Imposto sobre Grandes Fortunas e Empréstimos</p><p>Compulsórios);</p><p>2) Medida Provisória não pode tratar de temas reservados à lei complementar, tais</p><p>como aqueles elencados no art. 146 da CF/88;</p><p>3) Medida Provisória que majore tributo precisa ser convertida em lei no mesmo ano em</p><p>que foi publicada, para que tenha efeitos (exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II,</p><p>que não respeitam anterioridades);</p><p>4) Medida Provisória que aumente II, IE, IPI e IOF terá efeitos imediatos, ainda que não</p><p>seja convertida em lei, sendo preservados seus efeitos durante a sua vigência.</p><p>Lei Complementar</p><p>O instituto da Lei Complementar foi criado pela Constituição de 1967 no Brasil. Trata-se</p><p>de uma lei, com a mesma “força” da lei ordinária, mas a ela são reservados certos assuntos e</p><p>competências, que só por esse tipo normativo podem ser tratados. O seu quórum de aprovação</p><p>é superior ao das leis ordinárias, como já referido. E justamente por isso, os assuntos</p><p>reservados à lei complementar não podem ser tratados por lei ordinária, mas o contrário</p><p>é possível: se não há exigência de lei complementar, ainda assim ela poderá ser utilizada, sendo</p><p>considerada “materialmente” uma lei ordinária.</p><p>Na seara tributária, é preciso saber que quatro tributos exigem lei complementar para</p><p>sua criação: o Imposto Residual, ou “inominado” (art. 154, I, da CF/1988), a Contribuição Social</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>130</p><p>Residual (art. 195, § 4o, da CF/1988), o Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da</p><p>CF/1988) e os Empréstimos Compulsórios (art. 148 da CF/1988).</p><p>Ainda, o art. 146 da CF/88 exige lei complementar para o tratamento de diversos assuntos do</p><p>direito tributário, a exemplo das “normas gerais” de direito tributário. É por essa razão que o</p><p>CTN, embora figure com o “nome” apenas de “Lei” n º 5.172/66, foi recepcionado pela</p><p>CF/67 e pelas Constituições seguintes com status de Lei Complementar. O CTN, assim, é</p><p>materialmente lei complementar. Para alterar ou revogar dispositivo do CTN, portanto, é</p><p>necessária lei complementar, uma vez que se trata da principal norma geral do direito tributário</p><p>brasileiro.</p><p>Nos termos do referido art. 146 da CF/88, é exigida lei complementar para:</p><p>1. Dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária entre os entes federados;</p><p>2. Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (como os requisitos para</p><p>gozo de imunidades condicionadas);</p><p>3. Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:</p><p>a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos, a dos</p><p>respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;</p><p>b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;</p><p>c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades</p><p>cooperativas.</p><p>d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as</p><p>empresas de pequeno porte (o que é feito através da LC 123/06, pelo SIMPLES Nacional);</p><p>Ainda, o Art. 146-A da CF/88 autoriza que lei complementar estabeleça critérios especiais</p><p>de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da</p><p>competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.</p><p>Com fundamento nessas exigências que, por exemplo, temos a Súmula Vinculante 8</p><p>editada pelo STF para declarar inconstitucionais dispositivos de lei ordinária que tratam da</p><p>prescrição e decadência de contribuições previdenciárias, que, sendo créditos tributários, exigem</p><p>lei complementar nesse ponto.</p><p>Atente, ainda, que a exigência de definição de “fatos geradores, bases de cálculo e</p><p>contribuintes” por lei complementar federal restringe-se apenas aos impostos, não</p><p>compreendendo contribuições ou outras espécies tributárias. Para além, é preciso saber que na</p><p>ausência da lei complementar federal definindo tais aspectos, os Estados exercerão competência</p><p>legislativa plena, haja vista se tratar de competência concorrente, aplicando-se o Art. 24, § 3º, da</p><p>CF/88.</p><p>A Vigência e Aplicação da Lei Tributária</p><p>A vigência no tempo e no espaço, bem como a aplicação da lei tributária são temas</p><p>tratados pelos Arts. 101 ao 106 do CTN. O art. 101 deixa claro que, no que não forem contrárias</p><p>ao CTN, devem ser seguidas as disposições aplicáveis às normas jurídicas em geral (como as</p><p>regras da LINDB, por exemplo), acerca da vigência das normas tributárias.</p><p>Quanto à vigência no espaço, o art. 102 consagra o princípio da territorialidade: aplica-se</p><p>a norma tributária no limite territorial do ente tributante. Mas fica ressalvada a possibilidade de</p><p>extraterritorialidade, desde que reconhecida em convênio ou em outra norma específica. É</p><p>preciso lembrar que, no caso do imposto de renda, há regra específica que consagra a</p><p>extraterritorialidade desse tributo, que alcançará a renda auferida no exterior por residente no</p><p>Brasil.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>131</p><p>No que se refere à vigência no tempo, aplica-se a regra geral da LINDB, que no art. 1º,</p><p>estabelece que a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de</p><p>oficialmente publicada, salvo disposição contrária. É preciso, contudo, realizar o estudo deste</p><p>tópico em harmonia com as regras constitucionais das anterioridades, de modo que: lei que cria</p><p>ou majora tributo, mesmo indiretamente, só poderá ter efeitos após decorrida a noventena e a</p><p>anterioridade de exercício.</p><p>Por outro lado, leis tributárias que diminuam ou extingam tributos, ou disponham sobre</p><p>outros aspectos, terão vigência na data que for expressamente adotada pela própria lei, ou 45</p><p>dias depois, se não houver previsão expressa.</p><p>Não se tratando de lei em sentido estrito, para as demais normas de “legislação tributária”, a</p><p>regra será outra, conforme Art. 103 do CTN:</p><p>1. Os atos normativos infralegais terão vigência imediata (data da sua publicação);</p><p>2. As decisões administrativas com eficácia normativa: 30 (trinta) dias após a data da sua</p><p>publicação;</p><p>3. Os convênios entre entes federados, na data neles prevista.</p><p>Os art. 105 do CTN fixa a aplicação imediata da legislação tributária aos fatos geradores</p><p>futuros e aos pendentes, e o art. 106 trata de hipóteses excepcionais de aplicação retroativa da</p><p>lei tributária. São aspectos trabalhados no tema Princípio da Irretroatividade tributária, no</p><p>capítulo Limitações ao Poder de Tributar.</p><p>Note que se trata de regra diferente da LINDB, que elenca como métodos integrativos, no</p><p>art. 4º, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Sendo norma especial, deve-se</p><p>seguir as disposições do CTN, em relação a integração de legislação de natureza tributária.</p><p>O Art. 111 do CTN é de extrema importância, pois limita a possibilidade de utilização das</p><p>técnicas acima, determinando que se deve interpretar de forma restritiva (literal) as normas</p><p>que disponham acerca de:</p><p>1. suspensão ou exclusão do crédito tributário;</p><p>2. outorga de isenção;</p><p>3. dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.</p><p>Fica vedada, portanto, a interpretação extensiva (ampliativa) ou analógica nos casos</p><p>acima. Aproveitando exemplo extraído de questão objetiva do 35º Exame de Ordem, imagine a</p><p>seguinte hipótese: Estado Alfa concedeu isenção de IPVA para automóveis exclusivamente</p><p>elétricos. José é proprietário de um automóvel movido a biogás, combustível considerado</p><p>inovador e não poluente (portanto, “parecido” com automóvel elétrico do ponto de vista</p><p>ambiental). Questiona-se: é possível a concessão do benefício fiscal por analogia e interpretação</p><p>extensiva aos automóveis movidos a combustível de biogás? Não! Pois deve ser interpretada</p><p>literalmente a legislação que dispõe sobre a outorga de isenção.</p><p>Quanto ao artigo 112 do CTN, temos determinação de regra interpretativa favorável ao</p><p>acusado para a lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, para o caso</p><p>de dúvida quanto à: (1) capitulação legal do fato; (2) natureza ou às circunstâncias materiais do</p><p>fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (3) autoria, imputabilidade ou punibilidade; (4)</p><p>Analogia</p><p>Princípios</p><p>gerais de</p><p>direito</p><p>tributário</p><p>Princípios</p><p>gerais de</p><p>direito público</p><p>Equidade</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>132</p><p>natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Atenção: note que se trata de</p><p>interpretação favorável apenas para o caso de dúvida interpretativa, e que não se aplica em</p><p>relação ao tributo devido, mas apenas para infrações e penalidades tributárias.</p><p>Seguindo, temos nos arts. 109 e 110 os preceitos que norteiam a relação do direito privado</p><p>(civil, empresarial, consumidor, trabalhista etc.) com o direito tributário. Sendo assim, os</p><p>princípios gerais de direito privado devem ser observados para pesquisa da definição, do</p><p>conteúdo e do alcance dos seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos</p><p>respectivos efeitos tributários.</p><p>Ou seja: o conceito de fenômenos como “compra e venda”, “doação”, “mercadoria”,</p><p>“serviço” etc. deve seguir a definição dada pelo direito privado, mas isso não interfere nos efeitos</p><p>tributários desses institutos, que terão tratamento específico e autônomo regulados pelo direito</p><p>tributário. Além disso, não pode a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de</p><p>institutos, conceitos e formas de direito privado para definir ou limitar competências tributárias.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>133</p><p>18. Obrigação Tributária</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Teremos a ocorrência da obrigação tributária toda vez que o contribuinte praticar um fato</p><p>(fato gerador) que está descrito em uma lei (hipótese de incidência). Assim, a obrigação nada</p><p>mais é do que o resultado da realização do fato gerador no mundo exterior. Sobre a obrigação</p><p>tributária leciona o CTN:</p><p>No teor do referido artigo conseguimos vislumbrar a existência de dois tipos de obrigação</p><p>tributária: a principal e a acessória.</p><p>A obrigação principal é toda aquela obrigação do contribuinte para o pagamento do tributo</p><p>ou da penalidade (multa). Já a obrigação acessória é toda aquela obrigação que não consiste</p><p>em pagamento, mas sim no ato de fazer ou deixar de fazer. Portanto, são exemplos de</p><p>obrigações acessórias o ato de fazer um speed contábil, um balanço, tirar ou não rasurar uma</p><p>nota fiscal. Lembrando, ainda, que a obrigação acessória tem como objetivo colaborar para a</p><p>fiscalização e o pagamento do crédito tributário.</p><p>Ainda, sobre o referido artigo, mais precisamente na forma do parágrafo 3º, uma vez o</p><p>contribuinte não realizando ou cumprindo com sua obrigação acessória, surgirá uma obrigação</p><p>principal (multa).</p><p>Elisão Fiscal</p><p>Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.</p><p>§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o</p><p>pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito</p><p>dela decorrente.</p><p>§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,</p><p>positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos</p><p>tributos.</p><p>§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em</p><p>obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.</p><p>Art. 113 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>134</p><p>Reza o artigo 116, §º único do CTN:</p><p>O presente parágrafo único faz nascer a subjetividade frente à realização de planejamento</p><p>tributário pelo contribuinte e sua validação ou não. Mas como a presente obra não tem como</p><p>objetivo doutrinar ou suscitar divergências, cabe ao signatário informar que, caso o enunciado</p><p>da peça ou questão no Exame da Ordem deixe claro a existência de ato realizado com a tentativa</p><p>de não pagar tributo, simular ou cometer fraude, poderá o fisco desconsiderar tal ato e cobrar os</p><p>tributos devidos pela realização dos fatos geradores.</p><p>Sujeito Ativo e Passivo da Relação Tributária</p><p>Mas afinal de contas, quem poderá</p><p>cobrar e quem irá pagar a obrigação tributária? Serão,</p><p>respectivamente, o sujeito ativo e passivo da relação tributária.</p><p>O sujeito ativo, na forma do artigo 119 do CTN, é toda pessoa jurídica de direito público</p><p>que tem a competência constitucional para criar e/ou exigir o crédito tributário, observando a</p><p>norma e a realização do fato gerador pelo contribuinte.</p><p>Já o sujeito passivo será aquele responsável pelo pagamento do crédito tributário e até</p><p>mesmo da multa, uma vez realizado o fato gerador ou descumprida eventual obrigação</p><p>acessória. Na forma do artigo 121 do CTN, o sujeito passivo poderá ser tanto o contribuinte</p><p>(aquele que realiza e tem vínculo direto com o fato gerador), quanto o responsável (não realiza</p><p>o fato gerador, mas a norma legal lhe atribui o dever de pagar tributo).</p><p>Das convenções particulares e da Obrigação Tributária</p><p>Reza o artigo 123 do CTN:</p><p>Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e</p><p>existentes os seus efeitos:</p><p>Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios</p><p>jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo</p><p>ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os</p><p>procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)</p><p>Art. 116, §ú do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>135</p><p>Logo, na forma do presente artigo, nenhum contrato, acordo ou instrumento particular</p><p>poderá ser oposto/apresentado contra a fazenda pública a fim de modificar a responsabilidade</p><p>pelo pagamento do crédito tributário. Assim, na realização locatícia, por exemplo, onde 99% dos</p><p>contratos estabelecem a responsabilidade pelo pagamento do IPTU ao locatário, caso este não</p><p>venha a satisfazer o crédito, o fisco irá exigir o IPTU do proprietário, in casu, locador.</p><p>Da Solidariedade</p><p>Reza o artigo 124 do CTN que os sujeitos passivos poderão ser solidariamente obrigados,</p><p>caso exista interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.</p><p>Lembrando, ainda, que tal solidariedade não comportará benefício de ordem, ou seja, quem</p><p>pagará primeiro ou não.</p><p>Ademais, o tema mais recorrente sobre solidariedade é o que disposto no artigo 125 do</p><p>CTN sobre os efeitos da solidariedade. Cito aqui o campeão de cobrança em prova, que é o</p><p>inciso II, onde leciona que eventual isenção concedida em razão de caráter pessoal não será</p><p>estendida para os demais, mantendo-se o saldo devido pelos demais sujeitos passivos (logo,</p><p>desconta-se a cota parte do sujeito isento).</p><p>Da capacidade tributária</p><p>Na forma do artigo 126, I, do CTN a capacidade tributária não dependerá da capacidade</p><p>civil das pessoas naturais. Logo, mesmo que o sujeito passivo não tenha capacidade civil plena</p><p>(por exemplo, seja menor de idade, portador de deficiência) ele terá que pagar tributo. Essa</p><p>conclusão também será estendida para o falido que quebrou uma empresa e hoje realiza outra</p><p>atividade capaz de gerar fato gerador, bem como para sociedades de fato ou irregulares.</p><p>Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à</p><p>responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,</p><p>para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias</p><p>Art. 123 do CTN</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>136</p><p>QUESTÃO Nº 01</p><p>Calçados Couro Bom Ltda. remeteu, por meio de veículos próprios, diversas caixas de sapato</p><p>de uma para outra de suas lojas. Contudo, os veículos foram parados pela fiscalização tributária</p><p>estadual e, não tendo sido emitida nota fiscal das mercadorias transportadas, houve autuação</p><p>pelo Fisco Estadual, que cobrou o valor de ICMS, bem como a multa pela ausência da nota fiscal,</p><p>com base em legislação estadual que impede a circulação física de mercadorias</p><p>desacompanhadas de nota fiscal. Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>B) Está correto o Fisco estadual em multar a sociedade empresária por ausência de nota fiscal?</p><p>Sim, está correto. O Estado pode instituir obrigação acessória para viabilizar o exercício do</p><p>poder-dever fiscalizador da Administração Tributária, ainda que o sujeito passivo da obrigação</p><p>acessória não seja devedor do tributo ou que inexistente hipótese de incidência tributária, nos</p><p>termos do Art. 115 ou do Art. 175, parágrafo único, ou do Art. 194, parágrafo único, ou Art. 113,</p><p>§§ 2º e 3º, todos do CTN. Assim, mesmo que não haja fato gerador de ICMS, a empresa estava</p><p>sim obrigada a emitir Nota Fiscal para o transporte destas mercadorias, ainda que indicando</p><p>nesta Nota que não haveria ICMS a recolher, por se tratar de hipótese de não incidência</p><p>tributária.</p><p>QUESTÃO Nº 02</p><p>João dos Santos, em abril de 2016, declarou, à Receita Federal do Brasil, os rendimentos que</p><p>auferiu no exercício financeiro anterior, reconhecendo o débito tributário do Imposto sobre a</p><p>Renda (IR). Apesar de a declaração ter sido regular, o contribuinte não pagou o Imposto sobre a</p><p>Renda devido. No mês seguinte ao vencimento do tributo, antes do início de qualquer</p><p>procedimento administrativo ou medida de fiscalização, João emite a respectiva guia e faz o</p><p>recolhimento do tributo ao Fisco. Diante de tal quadro, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Em que momento o crédito tributário foi constituído definitivamente?</p><p>O crédito tributário foi constituído com a entrega de declaração pelo contribuinte (ou com o</p><p>vencimento do tributo, o que ocorrer por último), reconhecendo o débito fiscal, dispensada</p><p>qualquer outra providência por parte do Fisco, nos termos da Súmula 436 do Superior Tribunal</p><p>de Justiça.</p><p>QUESTÃO Nº 03</p><p>No intuito de aumentar a arrecadação, o prefeito do Município X sancionou lei que fixou uma</p><p>nova base de cálculo do IPTU. A referida lei foi publicada em novembro de 2016, estabelecendo</p><p>que sua vigência se dará após a data de sua publicação. Bruno e Thiago são irmãos que, por</p><p>herança, tornaram-se proprietários de um imóvel, no qual, apenas Thiago reside. Em janeiro de</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>137</p><p>2017, Bruno foi notificado do lançamento do IPTU referente ao imóvel de residência de Thiago,</p><p>tendo 30 dias para pagá-lo. Bruno alegou que, pelo fato de apenas Thiago residir no imóvel,</p><p>mesmo ele sendo coproprietário do bem, não precisaria pagar o imposto. Além disso, afirmou</p><p>que, ainda que tivesse que pagá-lo, a lei que fixou uma nova base de cálculo do IPTU não</p><p>respeitou a anterioridade nonagesimal. Sobre a hipótese apresentada, responda aos itens a</p><p>seguir.</p><p>A) Bruno está correto ao alegar que não é obrigado ao pagamento do imposto?</p><p>Não. Bruno e Thiago são solidariamente obrigados ao pagamento do IPTU por terem comum</p><p>interesse no bem, diante da copropriedade, na forma do Art. 124, inciso I, do CTN OU do Art. 34</p><p>do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 04</p><p>Mário, 16 anos, ao chegar de viagem do exterior, desacompanhado de seus responsáveis, teve</p><p>sua bagagem verificada pela alfândega. Nesse momento, o representante do fisco identificou</p><p>vinte aparelhos de celular de último tipo e diversos presentes, todos excluídos do conceito de</p><p>bagagem, e promoveu o lançamento do imposto de importação e de multa em nome de Mário,</p><p>por irregularidade na importação das mercadorias que adentraram no país. Representado por</p><p>seu pai, Mário apresentou impugnação ao lançamento do crédito, alegando que não tem</p><p>capacidade civil e que, portanto, não pode ser contribuinte do imposto de importação, tendo o</p><p>provimento negado pela autoridade administrativa. Certo de suas alegações, após transcorrida</p><p>a primeira etapa da esfera administrativa,</p><p>o representante de Mário pretende discutir em segunda</p><p>instância, porém é surpreendido com a exigência, por parte da autoridade administrativa, de</p><p>depósito prévio como garantia de admissibilidade do recurso. A partir dos fatos apresentados,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>A) Mário pode ser considerado contribuinte do imposto de importação? Justifique.</p><p>Sim, de acordo com o Art. 126, inciso I, do CTN, a capacidade tributária não depende da</p><p>capacidade civil das pessoas naturais.</p><p>QUESTÃO Nº 05</p><p>Eduardo arrematou em hasta pública um imóvel situado no Município Alfa, no ano de 2013.</p><p>Eduardo não efetuou o pagamento referente ao IPTU do imóvel nos anos de 2014 e 2015. Em</p><p>2016, surpreende-se com a sua citação, em sede de execução fiscal, para o pagamento do</p><p>imposto referente aos anos de 2012, 2014 e 2015. Em seus Embargos à Execução Fiscal alegou</p><p>que não deveria pagar o imposto referente a 2012 porque arrematou o imóvel em hasta pública.</p><p>Com relação aos anos de 2014 e 2015, argumentou ter alugado o imóvel a Fernando e com ele</p><p>realizado contrato por meio do qual o locatário seria o responsável pelo recolhimento do IPTU.</p><p>Baseando-se na situação acima, responda aos itens a seguir.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>138</p><p>B) Eduardo está correto com relação ao argumento de que Fernando seria o responsável pelo</p><p>IPTU?</p><p>Eduardo não está correto. Conforme o Art. 123 do CTN, as convenções particulares, relativas à</p><p>responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública para</p><p>modificar a definição legal do sujeito passivo. Ou seja, contratos privado não têm força para</p><p>alterar o sujeito passivo definido pela lei. No caso, o contribuinte do IPTU é o proprietário do</p><p>imóvel.</p><p>QUESTÃO Nº 06</p><p>Em março de 2016, a União ajuizou execução fiscal em face da pessoa jurídica Alfa para a</p><p>cobrança de créditos de Imposto sobre a Renda (IRPJ), referentes aos anos-calendários de 2013</p><p>e 2014. De acordo com o exequente, em que pese a declaração dos créditos relativos aos anos-</p><p>calendários em questão, a contribuinte apenas efetuou o pagamento parcial dos tributos, sendo,</p><p>dessa forma, devido o pagamento da diferença inadimplida. Devidamente cientificada da</p><p>demanda, a contribuinte, após o oferecimento de garantia, apresentou embargos à execução,</p><p>objetivando sua extinção, uma vez que a União não instruiu a petição inicial com o demonstrativo</p><p>de cálculo do débito, inviabilizando a ampla defesa. Alegou a contribuinte, ainda, que o crédito</p><p>não poderia ser objeto de execução, eis que não foi realizado, por parte da Administração</p><p>Fazendária, o prévio lançamento por meio de processo administrativo regularmente instaurado.</p><p>Em vista das alegações da pessoa jurídica Alfa, responda aos itens a seguir.</p><p>B) A ausência de prévio lançamento por meio de processo administrativo regularmente</p><p>instaurado inviabiliza a execução do crédito?</p><p>O examinando deverá responder que não, uma vez que a entrega de declaração pelo</p><p>contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer</p><p>outra providência por parte do Fisco, conforme Súmula 436 do Superior Tribunal de Justiça.</p><p>QUESTÃO Nº 07</p><p>Em janeiro de 2014, a pessoa jurídica Beta adquiriu o estabelecimento comercial da pessoa</p><p>jurídica Delta e continuou a explorar a atividade sob outra razão social. Ao adquirir o</p><p>estabelecimento, a pessoa jurídica Beta não elegeu domicílio tributário. Três meses após a</p><p>alienação, a pessoa jurídica Delta iniciou nova atividade no mesmo ramo de comércio. Em janeiro</p><p>de 2015, a pessoa jurídica Beta foi notificada pelo Estado de Minas Gerais para pagamento de</p><p>créditos de ICMS relativos ao estabelecimento adquirido e referentes ao ano de 2013, uma vez</p><p>que, de acordo com o Estado de Minas Gerais, a responsabilidade da pessoa jurídica Beta</p><p>quanto a tais créditos seria integral. Diante disso, responda aos itens a seguir.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>139</p><p>B) Diante da falta de eleição de domicílio tributário pela pessoa jurídica Beta, qual(is) local(is)</p><p>deve(m) ser indicado(s) pela administração tributária para a notificação?</p><p>Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da</p><p>legislação aplicável, considera-se como tal, quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às</p><p>firmas individuais, o lugar da sua sede ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à</p><p>obrigação, o de cada estabelecimento, conforme o Art. 127, II, do Código Tributário Nacional.</p><p>QUESTÃO Nº 08</p><p>Caio tem 10 anos e seu pai o presenteou com uma casa de praia no litoral do Município Y. No</p><p>entanto, Caio não realizou o pagamento do carnê do Imposto sobre a Propriedade Predial e</p><p>Territorial Urbana (IPTU) incidente sobre o imóvel de sua propriedade. Caio, representado por</p><p>seu pai, apresentou uma impugnação ao lançamento do crédito, alegando que Caio não tem</p><p>capacidade civil e que, portanto, não pode ser contribuinte do IPTU. O Município Y negou</p><p>provimento à impugnação e Caio apresentou recurso voluntário ao Conselho Municipal de</p><p>Contribuintes, que foi inadmitido por inexistência de depósito recursal prévio, conforme exigência</p><p>da legislação municipal. A partir da questão proposta, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Caio pode ser considerado contribuinte do imposto? Fundamente.</p><p>Sim. A capacidade tributária independe da capacidade civil das pessoas naturais. Sendo assim,</p><p>Caio é contribuinte do IPTU, independente de não ter capacidade civil. Nesse sentido, o Art. 126,</p><p>inciso I, do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 09</p><p>O Estado X instituiu, em 2010, por meio de lei, taxa pelo serviço de prevenção e extinção de</p><p>incêndio prestado ou colocado à disposição do contribuinte. A referida lei definiu o contribuinte</p><p>como o proprietário de unidade imobiliária, residencial ou não residencial, à qual o serviço estaria</p><p>dirigido, bem como determinou que o valor da taxa seria calculado com base no tamanho da</p><p>unidade imobiliária. Nada se dispôs na lei sobre eventuais responsáveis tributários pelo</p><p>pagamento da taxa. João, na qualidade de proprietário, aluga, desde 2011, seu imóvel, situado</p><p>no referido Estado X, para Pedro. No contrato de locação celebrado entre as partes, o qual foi</p><p>devidamente registrado no Registro de Imóveis, estabeleceu-se, em uma das cláusulas, que a</p><p>responsabilidade pelo pagamento da taxa de prevenção e extinção de incêndio seria</p><p>exclusivamente de Pedro, isentando João de qualquer obrigação sobre ela. Tendo em vista o</p><p>exposto, responda aos itens a seguir.</p><p>B) Considerando que nem João nem Pedro recolheram a taxa de prevenção e extinção de</p><p>incêndio relativas aos exercícios de 2012 e 2013, bem como o que consta no contrato de locação</p><p>celebrado entre eles e registrado no Registro de Imóveis, em face de quem o Estado X deve</p><p>efetuar a cobrança dos exercícios não pagos?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>140</p><p>O Estado X deve efetuar a cobrança da taxa de prevenção e extinção de incêndio, relativa aos</p><p>exercícios de 2012 e de 2013, diretamente de João, proprietário do imóvel, por ser ele o</p><p>contribuinte do tributo, conforme disposto na lei estadual. No caso, é irrelevante para a Fazenda</p><p>Estadual a cláusula constante no contrato de locação celebrado entre as partes, que atribui a</p><p>responsabilidade pelo pagamento da taxa de prevenção e extinção de incêndio exclusivamente</p><p>a Pedro, locatário do imóvel, ainda que o referido contrato tenha sido registrado no Registro de</p><p>Imóveis, tendo em vista que, nos termos do Art. 123 do CTN, salvo disposição de lei em contrário,</p><p>as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem</p><p>ser opostas à Fazenda</p><p>Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações</p><p>tributárias correspondentes.</p><p>QUESTÃO Nº 10</p><p>O setor contábil da pessoa jurídica LP Ltda. entrega ao Fisco a Declaração de Débitos e Créditos</p><p>Tributários Federais (DCTF), devidamente preenchida, com relação ao recolhimento da</p><p>contribuição para o PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional atestou que os respectivos tributos</p><p>declarados no documento foram recolhidos a menor e enviou simples aviso de cobrança, quanto</p><p>à diferença não recolhida. Para participar em procedimento licitatório de seu interesse, a LP Ltda.</p><p>não pode apresentar pendências fiscais e, por isso, interessa saber, com base na situação</p><p>descrita:</p><p>A) Houve a constituição do crédito tributário relativo à diferença do valor já declarado mas não</p><p>recolhido pela LP Ltda.? Qual a posição dominante no STJ sobre o momento da constituição do</p><p>crédito tributário?</p><p>Sim, houve. Ela ocorreu no momento da entrega da DCTF. A Súmula 436 do STJ estabelece</p><p>que: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito</p><p>tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.</p><p>QUESTÃO Nº 11</p><p>João, de apenas 3 anos de idade, recebeu por herança apartamento que foi devidamente</p><p>registrado em seu nome. Ao receber a primeira notificação para o pagamento de imposto predial</p><p>e territorial urbano (IPTU) do referido imóvel no início de 2013, os pais de João deixam de efetuar</p><p>o recolhimento do tributo por entender que a cobrança seria improcedente, em razão da</p><p>incapacidade civil do proprietário do imóvel. Diante deste caso, responda de forma</p><p>fundamentada:</p><p>A) O entendimento dos pais de João está correto?</p><p>Inicialmente o candidato deverá indicar que o entendimento dos pais de João não está correto,</p><p>tendo em vista que a condição de contribuinte independe da capacidade civil, na forma do artigo</p><p>126, I, do Código Tributário Nacional.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>141</p><p>QUESTÃO Nº 12</p><p>Determinada instituição de educação sem fins lucrativos foi autuada pelo Estado “X”, em razão</p><p>do descumprimento de obrigação acessória prevista na legislação estadual. No caso, a</p><p>obrigação acessória consistia em manter o livro de registro do imposto sobre serviços de</p><p>qualquer natureza (ISSQN). Em sua defesa administrativa, a entidade sustentou que, por gozar</p><p>de imunidade tributária, nos termos do Art. 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição da</p><p>República, e por não ser contribuinte do ISSQN, não estava obrigada a manter o livro de registro</p><p>do referido imposto. A tese sustentada na defesa apresentada pela entidade imune é</p><p>procedente? Responda de forma fundamentada.</p><p>A obrigação tributária acessória, nos termos do Art. 113, §2º do CTN, tem por objeto as</p><p>prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos</p><p>tributos. Ou seja, o objetivo das obrigações tributárias acessórias é conferir meios para que a</p><p>Administração Tributária possa fiscalizar o devido cumprimento de uma obrigação principal (de</p><p>pagar o tributo). Diferentemente do que ocorre no Direito Privado, a obrigação tributária acessória</p><p>não depende da existência de uma obrigação tributária principal nem a ela se subordina. A</p><p>referida “acessoriedade” decorre desse caráter instrumental dessa espécie de obrigação, para</p><p>fins de controle do cumprimento da obrigação principal. São deveres instrumentais autônomos</p><p>em relação à obrigação principal, estabelecidos com a finalidade de viabilizar a fiscalização do</p><p>cumprimento das obrigações principais. Assim, obrigação tributária acessória é autônoma em</p><p>relação à obrigação principal, como se pode verificar no Art. 175, parágrafo único, e no Art. 194,</p><p>parágrafo único, todos do CTN. Em razão dessa autonomia, os efeitos da imunidade podem</p><p>restringir-se às obrigações tributárias principais, não dispensando a entidade imune de cumprir</p><p>obrigações acessórias eventualmente previstas na legislação, conforme estabelece o Art. 9º,</p><p>inciso IV, alínea “c”, c/c Art. 14, inciso III, todos do CTN. Assim, no caso em tela, em razão de</p><p>previsão legal, a imunidade tributária da instituição de educação não dispensava a obrigação de</p><p>manter livro de registro do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN). Portanto, a</p><p>tese apresentada na defesa da instituição imune é improcedente.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>142</p><p>19. Da Constituição do Crédito e da Suspensão da</p><p>Exigibilidade</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>Constituição do Crédito Tributário</p><p>A obrigação tributária principal (de pagar) nasce com o fato gerador. Contudo, esse</p><p>vínculo obrigacional ainda é um mero dever: incerto, ilíquido e, portanto, inexigível pelo fisco.</p><p>Sendo assim, é necessário um procedimento administrativo que “transforme” essa obrigação</p><p>tributária em crédito tributário. Então, é preciso dar certeza e liquidez para que a obrigação de</p><p>pagar se torne crédito, passando assim a ser exigível.</p><p>O que é “exigibilidade”? É a possiblidade de cobrança administrativa pelo fisco.</p><p>E como é constituído o crédito? Através do Lançamento Tributário.</p><p>O CTN, no art. 142, define lançamento como procedimento administrativo “tendente a</p><p>verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria</p><p>tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor</p><p>a aplicação da penalidade cabível”.</p><p>Note que se trata de atividade administrativa (não é legislativa nem jurisdicional),</p><p>privativa da autoridade competente de cada ente (auditor fiscal, por exemplo).</p><p>Nessa atividade de lançamento:</p><p>1. Determina-se a matéria tributável (certeza);</p><p>2. Calcula-se o montante do tributo devido (liquidez);</p><p>3. Identifica-se o sujeito passivo (quem deve);</p><p>4. Se for o caso, propõe-se multa;</p><p>Formaliza-se, assim, o crédito tributário.</p><p>Portanto: é o lançamento que constitui o crédito tributário.</p><p>• Fato Gerador = nasce Obrigação Tributária (incerta, ilíquida e inexigível).</p><p>• Obrigação Tributária + Lançamento Tributário = Crédito Tributário (certo, líquido e</p><p>exigível).</p><p>HIPÓTESE DE</p><p>INCIDÊNCIA</p><p>FATO</p><p>GERADOR</p><p>OBRIGAÇÃO</p><p>TRIBUTÁRIA</p><p>PRINCIPAL</p><p>LANÇAMENT</p><p>O</p><p>TRIBUTÁRIO</p><p>CRÉDITO</p><p>TRIBUTÁRIO</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>143</p><p>Quanto ao aspecto temporal: se houver um intervalo de tempo entre o fato gerador e o</p><p>lançamento, qual legislação devemos aplicar? Ora, a legislação que vigia quando nasceu a</p><p>obrigação.</p><p>Portanto, eis a regra: aplica-se ao lançamento a legislação do momento do fato</p><p>gerador. Conforme art. 144 do CTN, “o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato</p><p>gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada</p><p>ou revogada”. Além disso, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no</p><p>lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao “câmbio do dia da ocorrência do</p><p>fato gerador da obrigação”, conforme art. 143 do CTN.</p><p>Porém, há exceções, previstas no §1º do art. 144 do CTN. Aplica-se, no lançamento, a</p><p>lei posterior ao fato gerador, quando essa lei tenha:</p><p>1. Instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,</p><p>2. Ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou</p><p>3. Outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, para atribuir</p><p>responsabilidade tributária a terceiros.</p><p>Sendo assim, retroage, para alcançar um fato gerador anterior a sua vigência, a lei que</p><p>se encaixe nas situações acima.</p><p>Modalidades de Lançamento</p><p>O referido procedimento administrativo de lançamento pode ocorrer de três formas,</p><p>com diferentes graus de participação</p><p>do sujeito passivo (contribuinte ou responsável). São</p><p>chamadas de modalidades de lançamento.</p><p>1) O Lançamento de Ofício, também chamado de “lançamento direto”, é aquele feito</p><p>sem participação alguma do contribuinte. Ou seja, o ente tributante identifica a ocorrência do</p><p>fato gerador, faz o cálculo do valor devido, emite a guia e notifica o contribuinte para que seja</p><p>realizado o pagamento. Só resta ao contribuinte fazer o pagamento ou impugnar o lançamento,</p><p>no prazo previsto. Exemplos de tributos com lançamento de ofício: IPVA, IPTU, Taxas e</p><p>Contribuição de Iluminação Pública. As multas, é claro, sempre são lançadas de ofício.</p><p>A notificação do lançamento é o ato que cientifica o contribuinte da existência do</p><p>crédito, dando-lhe o prazo para pagar (ou impugnar o lançamento). Essa notificação pode</p><p>ocorrer de diversos meios, conforme já fixou o STJ:</p><p>Súmula 397 STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do</p><p>carnê ao seu endereço.</p><p>STJ - Resp 1.320.825 - RJ (2012/0083876-8): O IPVA é lançado de ofício no início de</p><p>cada exercício (art. 142 do CTN) e constituído definitivamente com a cientificação do</p><p>contribuinte para o recolhimento da exação, a qual pode ser realizada por qualquer</p><p>meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento,</p><p>com instruções para a sua efetivação.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>144</p><p>O art. 149 do CTN enumera as hipóteses em que o lançamento poderá ser efetuado e</p><p>revisto de ofício.</p><p>2) O Lançamento por Declaração, ou “misto”, é aquele “efetuado com base na</p><p>declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação</p><p>tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis</p><p>à sua efetivação”, conforme art. 147 do CTN.</p><p>É cabível em situações em que o fisco precisa ser informado, pelo sujeito passivo, a</p><p>respeito do fato gerador. Após a declaração, o fisco calculará o valor do tributo e emitirá a guia.</p><p>São exemplos de lançamento por declaração: ITBI e ITCMD.</p><p>Admite-se a retificação das informações por iniciativa do próprio declarante. Porém,</p><p>quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só será admissível retificar mediante prova do erro, e</p><p>antes de notificada a conclusão do lançamento.</p><p>3) O Lançamento por Homologação, ou “autolançamento”, é aquele em que o sujeito</p><p>passivo faz tudo: calcula, paga, declara, e autoridade fiscal apenas fiscaliza, homologando o</p><p>lançamento. Conforme art. 150 do CTN, esse autolançamento ocorre “quanto aos tributos cuja</p><p>legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da</p><p>autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando</p><p>conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa”.</p><p>Haverá, contudo, uma homologação tácita caso, após efetuado o pagamento, o fisco</p><p>quedar inerte após 05 (cinco) anos. Saiba que, na maioria dos casos, é isso que ocorre: o</p><p>contribuinte declara e paga o tributo, de acordo com a legislação aplicável, e o fisco nada faz,</p><p>estando “homologado” o lançamento após o prazo decadencial de 05 (cinco) anos. Enquanto</p><p>não escoado tal prazo, poderá o fisco autuar o contribuinte, caso verifique pagamento “a</p><p>menor”, acrescido de multa moratória.</p><p>E se o contribuinte, antes da iniciativa do fisco, verificar que está em atraso, e pagar o</p><p>tributo faltante, terá o benefício de não dever multa moratória? Não, pois conforme a Súmula</p><p>360 do STJ, o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a</p><p>lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo (com atraso).</p><p>A maioria dos tributos, atualmente, tem como regra essa modalidade de lançamento, a</p><p>exemplo de: IR, IPI, ITR, ICMS, ISS, PIS/COFINS e contribuições previdenciárias.</p><p>Sendo assim, eis as três modalidades, no sentido de maior participação do sujeito</p><p>passivo:</p><p>Lançamento</p><p>de Ofício</p><p>Lançamento por</p><p>Declaração</p><p>Lançamento por</p><p>Homologação</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>145</p><p>Importante saber que, caso o sujeito passivo não realize os atos a seu encargo, nas</p><p>hipóteses de lançamento por declaração ou por homologação, será cabível o lançamento de</p><p>ofício suplementar. Ou seja: o lançamento de ofício caberá, subsidiariamente, mesmo</p><p>quando não for a regra.</p><p>Exemplo: GuiGui declarou e pagou R$ 10 mil de imposto de renda, mas deveria ter</p><p>pagado R$ 15 mil. O fisco, ao fiscalizá-lo, verifica o pagamento a menor, e lança (constitui) o</p><p>crédito dos R$ 5 mil faltantes. Esses R$ 5 mil, que deveriam ter sido lançados por homologação,</p><p>foram lançados de ofício pela autoridade, haja vista o erro/omissão do sujeito passivo.</p><p>Revisão do Lançamento</p><p>Questiona-se: é possível alterar lançamento já realizado, mesmo após intimado</p><p>(notificado) o sujeito passivo para pagamento? Sim, conforme previsto no art. 145 do CTN, em</p><p>virtude de:</p><p>1) Impugnação do sujeito passivo;</p><p>2) Recurso de ofício ou iniciativa de ofício da autoridade administrativa.</p><p>Sendo assim, o lançamento não é imutável, podendo ser alterado por iniciativa do</p><p>contribuinte ou do fisco. Porém, muita atenção ao parágrafo único o art. 149: a revisão do</p><p>lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Será</p><p>ilegal, portanto, uma revisão do lançamento que iniciou após ocorrida a decadência ou prescrição</p><p>do crédito respectivo.</p><p>É importante, ainda, conhecer a possibilidade do Arbitramento, prevista no art. 148 do</p><p>CTN. Caberá arbitramento, pela autoridade fiscal, dos valores que compõem a base de cálculo</p><p>“sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos</p><p>prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente</p><p>obrigado”. Exemplo: certa empresa fraudou documentos, não sendo possível saber sua</p><p>verdadeira receita em determinado exercício. O fisco procederá ao arbitramento do lucro, para</p><p>ter a base de cálculo sobre a qual incidirá o tributo.</p><p>Atenção: o arbitramento não é modalidade de lançamento, mas apenas um</p><p>procedimento possível (uma técnica), como meio para o lançamento, nos casos acima</p><p>mencionados, sempre dentro de parâmetros legais e com contraditório do interessado.</p><p>Por fim, é preciso abordar uma situação excepcional, em que o crédito será constituído</p><p>sem o lançamento formal. Isso se dá nas situações em que o sujeito passivo é obrigado a</p><p>declarar e pagar antecipadamente o tributo (lançamento por homologação), mas acaba apenas</p><p>declarando, sem recolher os valores declarados ao fisco.</p><p>Veja que, mesmo que não haja pagamento, apenas a declaração do débito pelo sujeito</p><p>passivo já constitui o tributo, dispensando o lançamento formal pela autoridade:</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>146</p><p>Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal</p><p>constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.</p><p>Podemos dizer, assim, que nesse caso o crédito estará constituído sem lançamento</p><p>algum. Trata-se de situação extremamente importante e muito explorada em provas.</p><p>Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário</p><p>Após constituído o crédito tributário, este estará dotado de exigibilidade. Ou seja, pode</p><p>ser cobrado pelo fisco, através de notificação e prazo para pagamento. Contudo, algumas</p><p>situações suspendem a referida exigibilidade do crédito, impedindo, temporariamente, a</p><p>cobrança administrativa ou judicial deste crédito. O crédito continua vivo, mas não poderá ser</p><p>cobrado enquanto vigente alguma das causas de suspensão de sua exigibilidade.</p><p>Por força do art. 146, III, b, da CF/1988, as hipóteses de suspensão</p><p>da demanda, ou seja,</p><p>será o juízo responsável pelo julgamento do litígio, da causa controversa em que o contribuinte</p><p>buscará a solução para os seus problemas. Tal previsão encontra-se disposta no artigo 319, I,</p><p>do Código de Processo Civil.</p><p>Normalmente a grande regra no direito tributário é de que as causas serão ajuizadas em</p><p>1º Grau (quem julga será um juiz singular), na Justiça Federal (Subseção) se houver interesse</p><p>da União, Autarquia Federal ou Empresa Pública Federal, na forma do artigo 109, I, da</p><p>Constituição Federal, ou como critério residual na Justiça Estadual (Comarca) caso não haja a</p><p>incidência da regra do artigo supra referido.</p><p>Assim, como primeiro critério de endereçamento faz-se necessário estabelecer se o seu</p><p>processo será dirigido para a Justiça Federal ou Estadual. Após analisado o presente critério,</p><p>deverá ser analisado pelo representante do contribuinte se não existe a possibilidade da petição</p><p>inicial ser dirigida aos Juizados Especiais.</p><p>Mas existe possibilidade de endereçamento para os Juizados Especiais? Sim, tanto a</p><p>Justiça Federal, quanto a Justiça Estadual apresentam seus próprios juizados especiais. Na</p><p>Justiça Federal teremos os Juizados Especiais Federais e na Justiça Estadual os Juizados</p><p>Especiais da Fazenda Pública.</p><p>1) Endereçamento.</p><p>2) Qualificação do Requerente.</p><p>3) Fundamento do Requerente.</p><p>4) Nome da Peça do Requerente.</p><p>5) Qualificação do Requerido.</p><p>6) Cabimento da Demanda.</p><p>7) Descrição dos Fatos.</p><p>8) Descrição dos Direitos.</p><p>9) Pedidos.</p><p>10) Valor da Causa.</p><p>11) Local e Data.</p><p>12) Advogado e OAB.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>14</p><p>E qual é o critério para que tais petições iniciais sejam dirigidas para os juizados? Trata-</p><p>se de critério cumulativo onde deverá o autor da demanda ser pessoa física, micro empresa ou</p><p>empresa de pequeno porte e a demanda a ser ajuizada ter valor igual ou inferior a 60 Salários</p><p>Mínimos Nacionais. Caso estejam presentes estes dois requisitos de forma cumulativa, o</p><p>procedimento deverá ser dirigido para os Juizados Especiais Federais (observando-se o critério</p><p>do artigo 109, I, da CF) ou para os Juizados Especiais da Fazenda Pública.</p><p>Lembrando, ainda, que jamais poderão ser dirigidos para os Juizados: Mandado de</p><p>Segurança, Embargos à Execução Fiscal e Exceção de Pré Executividade, em face de previsão</p><p>expressa na norma.</p><p>Art. 3º. Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas</p><p>de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários-mínimos, bem como</p><p>executar as suas sentenças.</p><p>§ 1º. Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:</p><p>I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado</p><p>de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais</p><p>(...)</p><p>Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:</p><p>I – Como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,</p><p>assim definidas na Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996;</p><p>Art. 2º. É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar</p><p>e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos</p><p>Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários-mínimos.</p><p>§ 1º. Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:</p><p>I – As ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,</p><p>populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais (...)</p><p>Art. 5º. Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:</p><p>I – Como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte,</p><p>assim definidas na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.</p><p>Lei 10.259/2001</p><p>Lei 12.153/2009</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>15</p><p>Logo, o segundo critério, para efeitos de definição do endereçamento, é analisar a</p><p>possibilidade de direcionamento da causa para os Juizados ou não.</p><p>Por fim, para efeitos de endereçamento, ainda é necessário ater-se a qual comarca ou</p><p>subseção deverá ser dirigida a petição inicial. E, para efeitos deste critério, recomenda-se a</p><p>utilização e observância dos artigos do Código de Processo Civil.</p><p>Diante disso, como terceiro critério para o endereçamento, a demanda será distribuída,</p><p>via de regra, no local do domicílio do requerente da demanda. Mas cuidado: caso trate-se de</p><p>embargos à execução fiscal ou exceção de pré executividade, tais peças deverão ser</p><p>endereçadas para o local onde tramita a execução fiscal.</p><p>Findas as exposições sobre endereçamento, os mesmos se apresentarão da seguinte</p><p>forma:</p><p>Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a</p><p>União.</p><p>Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de</p><p>domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação</p><p>da coisa ou no Distrito Federal.</p><p>Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado</p><p>ou o Distrito Federal.</p><p>Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser</p><p>proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a</p><p>demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.</p><p>Art. 51 e 52 do Código de Processo Civil</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>16</p><p>Qualificação do Requerente</p><p>A qualificação do requerente deverá observar estritamente o que disposto no artigo 319,</p><p>II, do Código de Processo Civil. Diante disso, deverá constar na qualificação obrigatoriamente os</p><p>seguintes itens: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a</p><p>profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da</p><p>Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”.</p><p>Para efeitos de 2ª Fase do Exame de Ordem, questiona-se: se não houver a presença de</p><p>tais itens acima expostos no enunciado, poderão ser criados? A resposta é negativa. Lembrando</p><p>que nada poderá ser criado ou imaginado no Exame de Ordem, sob pena do examinador</p><p>considerar como identificação de peça e o examinando vir a reprovar.</p><p>Lembrando, antes de citar alguns exemplos, que no momento de elaborar tal qualificação,</p><p>deverá o examinando fazer a indicação do advogado (procurador) e endereço para intimação,</p><p>visto que somente este último detém capacidade postulatória para representação em juízo.</p><p>Endereçamento para a Justiça Estadual</p><p>•Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de ... do</p><p>Estado ...</p><p>Endereçamento para os Juizados Especiais da Fazenda Pública</p><p>•Douto Juízo de Direito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública da Comarca</p><p>de ... do Estado ...</p><p>Endereçamento para a Justiça Federal</p><p>•Douto Juízo Federal da ... Vara (Federal/Fazenda Pública) da Subseção</p><p>Judiciária ... da Seção Judiciária do Estado ...</p><p>Endereçamento para os Juizados Especiais Federais</p><p>•Douto Juízo Federal dos Juizados Especiais Federais da Subseção Judiciária ...</p><p>da Seção Judiciária do Estado ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>17</p><p>Fundamento e Nome da Peça</p><p>Toda peça processual terá um fundamento e uma denominação. Para efeitos práticos</p><p>(prática na advocacia) a certeza de tais quesitos muito pouco altera a possibilidade de</p><p>recebimento ou não da peça vestibular. Entretanto, para efeitos de 2ª Fase de Exame da Ordem,</p><p>tais requisitos são imprescindíveis para a correção da peça processual.</p><p>da exigibilidade</p><p>devem ser tratadas por lei complementar. Essas hipóteses estão listadas no CTN, nos incisos</p><p>do art. 151. São cinco causas, muito cobradas no Exame de Ordem:</p><p>São situações que impedem a execução fiscal, mas não o lançamento. Ou seja, caso</p><p>uma dessas causas ocorra antes mesmo de o crédito estar constituído (uma liminar preventiva,</p><p>por exemplo), ainda assim será possível ao fisco realizar o lançamento do crédito, que desde</p><p>logo estará com exigibilidade suspensa. Isso porque há prazo para o fisco realizar o lançamento</p><p>(decadência), que segue correndo enquanto a exigibilidade está suspensa. A prescrição, por</p><p>outro lado, não transcorre durante o período de suspensão da exigibilidade do CT, uma vez que</p><p>o fisco está impedido de propor a execução fiscal.</p><p>Vejamos brevemente as hipóteses acima listadas:</p><p>1) Moratória: trata-se de dilação do prazo para pagamento do tributo. Ou seja,</p><p>aumenta-se o prazo para pagar um tributo já constituído. Durante esse prazo, a exigibilidade está</p><p>suspensa. Pode ser concedida em caráter geral (para número indeterminado de contribuintes,</p><p>sem exigência de autorização individual), ou em caráter individual (exige requisitos, que serão</p><p>conferidos pela autoridade competente, que confirmará por despacho o direito ao benefício fiscal</p><p>SUSPENSÃO DA</p><p>EXIGIBILIDADE</p><p>DO CT</p><p>MORATÓRIA DEPÓSITO</p><p>INTEGRAL RECURSO ADM.</p><p>LIMINAR ou</p><p>TUTELA</p><p>ANTECIPADA</p><p>PARCELAMENTO</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>147</p><p>do contribuinte, individualmente). Costuma ser utilizada como medida política, para incentivo de</p><p>determinado setor ou para amenizar crises econômicas ou calamidades.</p><p>Exige lei em sentido estrito, do ente competente, para sua concessão.</p><p>Atenção, porém, para a possibilidade de uma moratória “heterônoma” conforme Art. 152,</p><p>I, “b”, do CTN: a União pode, por lei, conceder moratória de tributos estaduais e municipais,</p><p>desde que faça o mesmo com seus tributos e com as obrigações de direito privado.</p><p>2) Depósito do montante integral: trata-se de uma garantia prestada ao credor, pelo</p><p>devedor. Atenção: depositar, aqui, não significa “pagar”. Significa garantir ao credor (fazenda</p><p>pública) de que o valor exigido está “reservado”, caso o contribuinte perca a discussão. É uma</p><p>faculdade (opção) do contribuinte, caso deseje a suspensão da exigibilidade enquanto discute</p><p>judicialmente o crédito. Apesar de poder ser feito também na via administrativa, não há</p><p>necessidade, uma vez que o recurso administrativo, por si só, suspende a exigibilidade do</p><p>crédito. Além disso, o STF entende indevida a exigência de depósito como requisito para</p><p>utilização da impugnação e recursos administrativos:</p><p>Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios</p><p>de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.</p><p>O depósito precisa ser integral (de todo o valor exigido) e em dinheiro, e também não</p><p>pode ser obrigatório como condição de acesso ao processo judicial (salvo na ação de</p><p>consignação em pagamento, como será visto em capítulo próprio).:</p><p>Súmula 112 do STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se</p><p>for integral e em dinheiro.</p><p>Súmula Vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de</p><p>admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito</p><p>tributário.</p><p>3) Reclamações e Recursos administrativos: em cada ente federado poderá haver</p><p>nomes distintos para esse instrumento, tais como impugnação, recurso, defesa, etc. Trata-se de</p><p>decorrência do direito fundamental ao devido processo administrativo, bem como dos direitos de</p><p>petição, do contraditório e da ampla defesa. Desenvolve-se como um específico tipo de processo</p><p>administrativo, referenciado como Processo Administrativo Fiscal (PAF) ou Processo</p><p>Administrativo Tributário (PAT).</p><p>É regulado por leis próprias, de cada ente federado. Na esfera federal, inicia-se com a</p><p>“impugnação”, conforme art. 14 do Decreto 70.235/72: “a impugnação da exigência instaura a</p><p>fase litigiosa do procedimento”.</p><p>O seu mero manejo suspende a exigibilidade do crédito, impedindo a inscrição em dívida</p><p>ativa e o ajuizamento da execução fiscal, até que finde seu curso, através de decisão final</p><p>irrecorrível.</p><p>Segundo o STJ, a reclamação ou recurso administrativo, mesmo intempestivo,</p><p>“suspende a exigibilidade do crédito tributário e, por consequência o curso do prazo prescricional,</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>148</p><p>enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN" (STJ, RCD</p><p>no AREsp 623.936/RO, DJe de 19/02/2015).</p><p>Por essa mesma razão, o STJ firmou entendimento de que não há prescrição</p><p>intercorrente no PAF: “entre a impugnação do lançamento e a data da intimação da decisão final</p><p>do processo administrativo fiscal ocorre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o que</p><p>impede o curso do prazo prescricional” (STJ, AgRg no AgRg no AREsp 210.314, j. 28.04.2015).</p><p>Como visto, é inconstitucional a exigência de depósito prévio de dinheiro ou bens para</p><p>viabilizar a defesa administrativa, sendo assim um grande instrumento que não exige dispêndio</p><p>financeiro, mesmo porque não há custas e ônus sucumbencial nesse âmbito. Ademais, não é</p><p>necessária (embora recomendada) a constituição de advogado pelo contribuinte, que pode fazer</p><p>sua defesa diretamente junto ao órgão fiscal.</p><p>Por fim, questiona-se: é obrigatório que se utilize desse meio (via administrativa) para</p><p>apenas depois ingressar no judiciário? Não! Isso porque a Constituição não exige que o</p><p>contribuinte requeira administrativamente, primeiro, como condição de acesso ao Poder</p><p>Judiciário. Trata-se do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, consagrado no Art.</p><p>5º, XXXV, da CF/88.</p><p>Contudo, cabe um alerta: não é possível a utilização simultânea dos processos</p><p>administrativo e judicial para discutir um mesmo crédito tributário. Com efeito, o emprego de</p><p>medida judicial pelo contribuinte, questionando determinado débito tributário, importa em</p><p>renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa contra a mesma hipótese (e em</p><p>desistência do recurso porventura já apresentado), conforme o Art. 38, parágrafo único, da Lei</p><p>nº 6.830/1980. No mesmo sentido:</p><p>Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo</p><p>sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do</p><p>lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível</p><p>apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da</p><p>constante do processo judicial.</p><p>4) Liminar ou Tutela Antecipada: diversamente da via administrativa, na esfera judicial,</p><p>o mero acionamento não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Será necessário o</p><p>depósito integral (conforme acima) ou uma concessão de tutela provisória pelo Juízo, com o fim</p><p>de suspender a exigibilidade do crédito enquanto se discute o processo.</p><p>Deve ser expressamente requerido pelo contribuinte, através de advogado. Sendo em</p><p>sede de Mandado de Segurança, possuirá sempre o nome de “liminar”, independentemente de</p><p>ser concedida antes ou após oitiva da parte adversa, haja vista nomenclatura específica da Lei</p><p>do Mandado de Segurança (Lei 12.016/09). Nos demais procedimentos, será fundamentado,</p><p>conforme o caso, na urgência ou evidência, de acordo com a disciplina do CPC/15, no art. 294 e</p><p>seguintes.</p><p>É possível a concessão da liminar antes mesmo do lançamento, de forma preventiva?</p><p>Sim. Isso pode ocorrer em ação declaratória ou mandado de segurança preventivo, por exemplo.</p><p>Nessa hipótese, o fisco não estará impedido de realizar o lançamento, mas o crédito será</p><p>constituído desde já com a exigibilidade suspensa,</p><p>enquanto perdurar a tutela concedida.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>149</p><p>5) Parcelamento: trata-se de hipótese em que se fraciona o crédito em parcelas,</p><p>adiando o prazo final para pagamento do tributo. Conforme art. 155-A, depende de lei específica</p><p>de cada ente para regular a forma e condições para sua concessão, que será efetuada em cada</p><p>caso através de requerimento do contribuinte ou de ofício. Salvo disposição de lei em contrário,</p><p>o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.</p><p>Por se tratar de confissão extrajudicial do débito, é causa de interrupção da prescrição,</p><p>em favor do fisco:</p><p>Súmula 653 STJ. O pedido de parcelamento fiscal, ainda que indeferido, interrompe o</p><p>prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial do débito.</p><p>Mas cuidado: se o parcelamento ocorrer após a ocorrência da decadência ou prescrição,</p><p>a confissão do contribuinte não será suficiente para fazer renascer o crédito já extinto.</p><p>Importante: as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito não dispensam o</p><p>cumprimento das obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito</p><p>seja suspenso. Exemplo: GuiGui está com benefício de parcelamento fiscal de crédito de Imposto</p><p>de Renda, mas permanece obrigado, nesse período, a realizar declarações e outras obrigações</p><p>acessórias relativas aos créditos parcelados desse tributo.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>150</p><p>20. Da extinção do crédito tributário</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>A extinção do crédito tributário representa o fim da relação obrigacional entre o fisco e o</p><p>contribuinte. São várias as situações que representam essa extinção, e estão listadas no art. 156</p><p>do CTN. Assim como na suspensão, as causas de extinção do crédito tributário só podem ser</p><p>modificadas por lei complementar, por força do art. 146, III, b, da CF/88. Nesse sentido, a Súmula</p><p>Vinculante nº 8, que declarou como inconstitucionais leis ordinárias que tratavam de prescrição</p><p>e decadência, visto que apenas lei complementar pode tratar de normas gerais de direito</p><p>tributário.</p><p>Contudo, é importante saber que já decidiu o STF (ADI 2405/02) pela possibilidade de</p><p>previsão de outras formas de extinção do crédito pelos entes federados, desde que não</p><p>afrontem a CF/88. Pelo entendimento do Supremo, portanto, o art. 156 do CTN não é um rol</p><p>taxativo. A exemplo, temos que a dação em pagamento de bens móveis pode ser prevista como</p><p>forma de extinção, embora não prevista no CTN:</p><p>Não há reserva de Lei Complementar Federal para tratar de novas hipóteses de</p><p>suspensão e extinção de créditos tributários. Possibilidade de o Estado-Membro</p><p>estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. (STF, ADI</p><p>2405/19)</p><p>De toda sorte, vejamos as hipóteses previstas no art. 156 do CTN:</p><p>O pagamento é a forma mais tradicional e regular de extinção de um crédito, através da</p><p>entrega de valor (dinheiro) ao ente tributante. O prazo para pagamento, não havendo regra</p><p>específica, será de trinta dias após a notificação do lançamento. O pagamento parcial extingue</p><p>parcialmente o crédito. A imposição de multa, naturalmente, não será descontada do valor a ser</p><p>pago pelo tributo.</p><p>Não sendo feito no prazo legal o pagamento, há acréscimo automático de juros</p><p>moratórios, de um por cento ao mês, como regra, conforme art. 161 do CTN.</p><p>EXTINÇÃO</p><p>DO</p><p>CRÉDITO</p><p>TRIBUTÁRI</p><p>O</p><p>1. pagamento</p><p>2. compensação</p><p>3. transação</p><p>4. remissão</p><p>5. prescrição e a decadência</p><p>6. conversão de depósito em renda</p><p>7. pagamento antecipado e a homologação do lançamento</p><p>8. consignação em pagamento</p><p>9. decisão administrativa irreformável</p><p>10. decisão judicial passada em julgado</p><p>11. dação em pagamento em bens imóveis</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>151</p><p>Diversamente do direito privado (civil), o pagamento parcial de parcelas não poderá fazer</p><p>presumir que as demais estão quitadas, bem como o pagamento de determinado exercício não</p><p>faz presumir que os anteriores estão quitados, na forma do art. 158 do CTN. Ademais, conforme</p><p>o art. 162 do CTN, o pagamento poderá ser efetuado em moeda corrente, cheque ou vale postal.</p><p>E nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico, a</p><p>exemplo dos produtos com aquele “selo” de IPI.</p><p>O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nada mais são que</p><p>desdobramentos da hipótese pagamento, nas situações em que o tributo for lançado por</p><p>homologação.</p><p>A compensação é a forma de extinção do crédito em que as duas partes (Estado e</p><p>contribuinte) são credor e devedor reciprocamente. Por exemplo: GuiGui tem direito à restituição</p><p>de parte de seu imposto de renda pago no exercício anterior, porém tem dívida fiscal relativa a</p><p>contribuição previdenciária patronal ao INSS. É possível que se “compense” os valores,</p><p>abatendo o valor que se tem a receber com o valor que precisa ser pago. A compensação</p><p>depende de lei que autorize sua realização, conforme requisitos de cada ente. Ainda, o art. 170-</p><p>A veda a compensação mediante o aproveitamento de tributo que esteja em contestação judicial</p><p>pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado.</p><p>Preenchidos os requisitos previstos na lei, torna-se um direito ao contribuinte realizar a</p><p>compensação, caso seja do seu interesse. O Mandado de Segurança é instrumento hábil para</p><p>declarar o direito à compensação. Contudo, não será possível convalidar compensação já feita</p><p>através de MS, conforme entendimento do STJ.</p><p>Súmula 213 do STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração</p><p>do direito à compensação tributária.</p><p>Súmula 460 do STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação</p><p>tributária realizada pelo contribuinte.</p><p>Súmula 461 do STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por</p><p>compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em</p><p>julgado.</p><p>A transação nada mais é do que um “acordo”. Forma de extinção do crédito por</p><p>concessões recíprocas. Os descontos concedidos por pagamento antecipado são exemplos</p><p>disso: o fisco renuncia a uma parte do valor do tributo, e o contribuinte abre mão do prazo maior</p><p>que tinha para pagá-lo. A transação somente poderá ser realizada mediante lei específica do</p><p>ente competente, em que tal norma delimitará as condições para a realização da transação.</p><p>Caberá a transação, a ser feita pela autoridade competente, em litígios judiciais ou</p><p>administrativos.</p><p>A remissão é uma forma de “perdão” da dívida. A extinção do crédito se dá sem</p><p>nenhuma contrapartida ao fisco, que dispensa gratuitamente o seu crédito. Pode abarcar tributo</p><p>e multa tributária. Igualmente, só pode ser concedida por lei específica do ente competente,</p><p>conforme art. 150, § 6o, da CF/88. Só é possível em relação a créditos já constituídos, não pode</p><p>ser concedida para créditos futuros. Entre as causas que autorizam a remissão, estão a diminuta</p><p>importância do crédito tributário, considerações de equidade, em relação com as características</p><p>pessoais ou materiais do caso, e condições peculiares a determinada região do território da</p><p>entidade tributante. A remissão será concedida por despacho fundamentado, de forma individual,</p><p>ou geral, devendo utilizar-se dos parâmetros da moratória para sua realização.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>152</p><p>A conversão de depósito em renda é simples: após derrota do contribuinte que realizou</p><p>depósito para garantir o crédito (suspendendo a exigibilidade), ou de penhora de dinheiro em</p><p>processo judicial,</p><p>a autoridade judicial determina a destinação do depósito para a Fazenda</p><p>Pública vencedora, extinguindo o crédito tributário que estava em discussão.</p><p>A consignação em pagamento é situação em que o contribuinte entende devido o</p><p>tributo e quer pagar, mas não está conseguindo. Pode parecer estranho, mas é isso mesmo: o</p><p>credor, fazenda pública, está em mora. Conforme art. 164 do CTN, a importância de crédito</p><p>tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos de (1) recusa de</p><p>recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao</p><p>cumprimento de obrigação acessória, (2) de subordinação do recebimento ao cumprimento de</p><p>exigências administrativas sem fundamento legal e (3) de exigência, por mais de uma pessoa</p><p>jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.</p><p>O contribuinte deverá, através de advogado, propor uma Ação de Consignação em</p><p>Pagamento, depositando em juízo o valor que entende devido. Após, julgando-se procedente a</p><p>presente ação, o dinheiro que fora depositado, na forma do art. 542, I, do CPC, será convertido</p><p>em renda, vindo a extinguir o crédito tributário pela consignação.</p><p>As decisões administrativa e judicial são hipóteses em que a autoridade judicial ou</p><p>administrativa, respectivamente, declaram em processos de sua competência que o crédito está</p><p>extinto.</p><p>A dação em pagamento em bens imóveis é hipótese que depende de lei regulando a</p><p>forma e condições de sua ocorrência. Trata-se de situação em que, ao invés de pagar o tributo</p><p>devido, o contribuinte oferece bem imóvel à fazenda pública, que após devido procedimento,</p><p>aceita o bem, com finalidade de extinguir o crédito tributário. A dação em pagamento é um acordo</p><p>convencionado entre credor e devedor, onde o credor pode consentir em receber prestação</p><p>diversa da que lhe é devido.</p><p>Por fim, temos as hipóteses mais importantes de extinção do crédito tributário: a</p><p>prescrição e a decadência. Elas serão estudadas em aula separada, com o professor</p><p>Guilherme Pedrozo.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>153</p><p>21. Da Prescrição & Decadência</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo</p><p>Certamente, trata-se dos institutos que mais despertam dúvidas para os estudantes do</p><p>direito tributário. Logo, pode-se sinteticamente definir que: o prazo para que a Administração</p><p>Tributária, por meio da autoridade competente, promova a constituição do crédito tributário será</p><p>decadencial. Já o prazo para que se ajuíze a ação de execução fiscal será prescricional. Assim,</p><p>operada a decadência, tem-se por extinto o direito de lançar/constituir. Verificada a prescrição,</p><p>tem-se impossibilitado o manejo da exigência do crédito tributário.</p><p>Lembre-se de que, diferentemente do direito civil, aqui no Direito Tributário o pagamento</p><p>do crédito prescrito gerará o direito à sua repetição, na medida em que, além de a pretensão</p><p>estar extinta em razão da ocorrência desta modalidade de extinção do crédito tributário, o seu</p><p>direito igualmente restará extinto.</p><p>Ademais, ressalta-se: o lançamento será exatamente o marco que separa, na linha do</p><p>tempo, a prescrição da decadência, porque a decadência será o prazo para constituição do</p><p>crédito e a prescrição, o prazo para exigência do crédito.</p><p>Vamos agora verificar as modalidades de decadência e prescrição.</p><p>Regra geral do prazo decadencial (art. 173, I, do CTN)</p><p>O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco)</p><p>anos contados do primeiro dia do exercício seguinte (ano posterior) àquele em que o lançamento</p><p>poderia ter sido efetuado.</p><p>Logo, o início do prazo para constituição do crédito tributário, normalmente, não será do</p><p>fato gerador, mas sim do primeiro dia do exercício seguinte daquele que ocorreu a externalização</p><p>da hipótese de incidência no mundo real.</p><p>Percebe-se nitidamente que a Administração Pública poderá ter mais do que 5 (cinco)</p><p>anos para exercer o direito de constituir o crédito na prática, visto que, se um fato gerador ocorre</p><p>em 2-2-2018, inicia-se a contagem apenas em 1º-1-2019.</p><p>Por fim, importante ressaltar que tal prazo aplica-se:</p><p>a) aos tributos sujeitos a lançamento por ofício e declaração;</p><p>b) aos tributos sujeitos a lançamento por homologação quando lançados com dolo, fraude</p><p>ou simulação ou que sequer tenham sido constituídos/declarados (lançados),</p><p>observando-se, respectivamente, o teor do art. 150, § 4º, do CTN e da Súm. nº 555 do</p><p>STJ.</p><p>Exceção –lançamento por homologação (art. 150, § 4º, do CTN)</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>154</p><p>Conforme exposto, em geral, o prazo para constituição do crédito tributário será de 5</p><p>(cinco) anos, observado o marco inicial do primeiro dia do ano posterior àquele em que ocorreu</p><p>o fato gerador.</p><p>Entretanto, quando se tratar de lançamento por homologação, o prazo decadencial será</p><p>contado exatamente da data da ocorrência do fato gerador. Assim, se o contribuinte antecipou o</p><p>pagamento dentro do prazo legal, mesmo que o valor recolhido tenha sido menor, compreende-</p><p>se que a homologação ulterior deverá ocorrer dentro do prazo de 5 (cinco) anos, contados da</p><p>data do fato gerador.</p><p>Mas, atenção: esta regra da contagem do fato gerador somente ocorrerá quando se tratar</p><p>de tributo sujeito ao lançamento por homologação e este for declarado a menor e sem dolo, sem</p><p>fraude ou sem simulação.</p><p>Assim, nos demais casos de lançamento por homologação em que não houver</p><p>lançamento ou ele for realizado com dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial passará</p><p>para a regra geral (Súm. nº 555 do STJ e art. 173, I, do CTN), ou seja, primeiro dia do exercício</p><p>subsequente àquele em que ocorreu o fato gerador.</p><p>Também nunca é demais ressaltar que as bancas de concurso ainda insistem em cobrar</p><p>o prazo decadencial para a realização do lançamento das contribuições para o financiamento da</p><p>seguridade social, visto que a própria lei fala em 10 (dez) anos, desconsiderando, assim, posição</p><p>do Supremo Tribunal Federal fixada em 2008 por meio da Súm. Vinc. nº 8, os quais</p><p>compreenderam que tal prazo é inconstitucional, sendo tal lapso igual aos demais (5 anos).</p><p>Por fim, é muito importante afirmar: e se o contribuinte declarou o crédito tributário, por</p><p>exemplo, ICMS, mas não efetuou o pagamento do tributo? Aplica-se a Súm. nº 436 do STJ,</p><p>compreendendo-se, portanto, o início do prazo prescricional, visto que o crédito já foi constituído</p><p>pelo próprio contribuinte, não mais se tratando de decadência, mas sim de prescrição.</p><p>Regra especial – antecipação da contagem (art. 173, par. ún.,, do CTN)</p><p>Uma vez iniciada a constituição do crédito tributário e/ou realizada qualquer medida</p><p>preparatória indispensável ao lançamento, considera-se tal ato modalidade de antecipação da</p><p>contagem do prazo decadencial.</p><p>Logo, quando a Administração Pública adota medida preparatória para o lançamento,</p><p>antes mesmo da sua constituição, considera-se que a partir da data em que o sujeito passivo</p><p>toma ciência do termo de fiscalização inicia-se a contagem do prazo decadencial de 5 (cinco)</p><p>anos.</p><p>É importante dizer que: qualquer ato posterior cometido pela Administração Pública não</p><p>inibirá a contagem do prazo decadencial já iniciado anteriormente pela fiscalização.</p><p>Assim, imagine o seguinte exemplo: Guilherme tem uma loja de fogões e realiza fato</p><p>gerador do ICMS em 1º-3-2018. Ocorre que Guilherme não declara e muito menos paga o ICMS</p><p>devido. Quando teria início o prazo decadencial? Em 1º-1-2019, uma vez observada a Súm. nº</p><p>555 do STJ. Entretanto, vamos imaginar que em 1º-6-2018 fora realizada fiscalização no</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário</p><p>| Prof. Matheus De Gregori</p><p>155</p><p>estabelecimento de Guilherme. O que ocorrerá? Ocorrerá a antecipação da contagem do prazo</p><p>decadencial, ou seja, terá início em 1º-6-2018.</p><p>Regra especial anulação do lançamento por vício formal (art. 173, II, do CTN)</p><p>Vamos supor que o signatário receba uma notificação para pagar crédito tributário e acabe</p><p>por interpor recurso administrativo, visto compreender que a autoridade que efetuou a</p><p>constituição é incompetente para tanto. E uma vez sendo provido o recurso administrativo, é</p><p>anulado o lançamento por vício formal. Compreende-se que, contados da data em que se torna</p><p>definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado,</p><p>apresenta-se como consequência a devolução do prazo para o fisco a fim de que este venha a</p><p>constituir o crédito.</p><p>Logo, o fisco ganhará mais 5 (cinco) anos para constituir o crédito tributário realizado</p><p>anteriormente com vício formal. Lembre-se de que, para ocorrer a devolução do prazo integral</p><p>para constituição, o vício deve ser de forma e não de matéria.</p><p>O que se compreende por vício de forma? Por exemplo, lançamento realizado por</p><p>autoridade incompetente.</p><p>Prescrição</p><p>Prescrição é o prazo que o fisco terá para exigir o crédito tributário, ou seja, prazo para</p><p>cobrar o crédito tributário que não foi voluntariamente satisfeito pelo sujeito passivo da obrigação.</p><p>Ademais tal ato constitui-se em modalidade de extinção do crédito tributário e é regulada pelo</p><p>Código Tributário Nacional no seu artigo 174.</p><p>Assim, com base no referido artigo, o prazo que o representante do ente competente terá</p><p>para promover ação para a cobrança do crédito tributário será de 5 (cinco) anos, tendo como</p><p>data inicial a constituição em definitivo</p><p>Mas afinal de contas, o que é a constituição em definitivo? A constituição em definitivo é</p><p>a formalização em definitivo do crédito tributário. Tal formalização ocorrerá através do</p><p>lançamento e/ou declaração por parte do sujeito passivo na forma da Súmula 436 do STJ.</p><p>Entretanto, lembre-se que para que o crédito possa ser exigido (para que o ente venha a</p><p>ingressar com ação para cobrar) não bastará a constituição em definitivo do crédito, mas também</p><p>teremos de ter o vencimento, ou seja, o inadimplemento do pagamento na data aprazada.</p><p>Portanto, para título de fixação do início do prazo prescricional é sempre importante</p><p>lembrar que se faz necessário a constituição em definitivo do crédito e o vencimento do mesmo,</p><p>ou seja, o não pagamento voluntário na data de vencimento. Findo o prazo para o pagamento</p><p>teremos o início do prazo de 5 anos para que o representante do ente venha promover a</p><p>execução fiscal.</p><p>Logo, vamos imaginar o seguinte exemplo: Guilherme recebeu o carnê de IPTU para</p><p>realizar o pagamento do tributo até o dia 31/03/2020. Guilherme não realiza o pagamento</p><p>espontâneo até a data aprazada. Quando terá início o prazo prescricional? No dia 01/04/2020,</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>156</p><p>ou seja, a partir desta data abre-se a contagem do prazo prescricional de 5 (cinco) anos para</p><p>que o representante do fisco venha inscrever Guilherme em dívida ativa e promover a Execução</p><p>Fiscal (ação necessária para exigir o IPTU).</p><p>E, até quando o fisco municipal, através de seu representante, terá para exigir o IPTU de</p><p>Guilherme? Até o dia 31/03/2025, visto que acaso complete os 5 (cinco) anos sem o ajuizamento</p><p>da execução fiscal (01/04/2025) teremos a ocorrência da prescrição na forma do artigo 174 do</p><p>CTN e consequentemente a extinção do crédito tributário na forma do artigo 156, V do CTN.</p><p>Mas afinal de contas, a quem caberá regular o instituto da prescrição? Poderão os entes</p><p>competentes, dentro do exercício de sua competência (para seus tributos) regular as normas</p><p>gerais sobre prescrição? A resposta é negativa. Visto que, na forma do artigo 146, III, B da</p><p>Constituição Federal combinado com o artigo 24, §1º da Constituição Federal a competência</p><p>para editar as normas gerais sobre a prescrição será da União e mediante lei complementar. E</p><p>qual norma geral que regulamenta a prescrição? É o CTN.</p><p>Portanto, é sempre importante referir que nenhum ente poderá regular, ao seu contento,</p><p>suas próprias normas gerais sobre prescrição. Isto vale tanto para a União, quanto para os</p><p>Estados, Distrito Federal e os Municípios. Prova disto é que a própria União tentou regular,</p><p>através de normatização própria, prazo prescricional diverso para as contribuições de seguridade</p><p>social. E, após certo tempo, o próprio Supremo Tribunal Federal tratou de declarar</p><p>inconstitucional tal regulamentação, editando inclusive Súmula Vinculante de nº 08 sobre o tema.</p><p>Por fim, outros temas específicos sobre prescrição sempre são importantes de serem</p><p>ensinados, lembrados e relembrados.</p><p>O primeiro ponto é o artigo 174, parágrafo único do CTN que trabalha as regras de</p><p>interrupção da prescrição. Mas afinal de contas o que é interrupção? Interrupção é a devolução</p><p>integral do prazo prescricional, ou seja, a devolução do prazo de 5 anos para o representante do</p><p>ente público tentar exigir o crédito tributário.</p><p>E dentro das regras de interrupção dispostas no parágrafo único supramencionado, nunca</p><p>é demais relembrar que na forma do inciso primeiro o despacho (decisão interlocutória inicial em</p><p>processo de execução fiscal) que manda citar o executado interromperá o prazo prescricional.</p><p>Aliás, esta regra de interrupção tem demasiada importância para o cômputo do prazo final</p><p>do prazo prescricional, visto que para muitos doutrinadores este seria o prazo final para o</p><p>ajuizamento da execução fiscal. Assim sendo, o prazo inicial será do dia posterior ao vencimento</p><p>(prazo para o pagamento espontâneo) e o prazo final seria a data do despacho que manda citar</p><p>o executado.</p><p>Entretanto, como entre a data da distribuição (ajuizamento da execução fiscal) e a data</p><p>do despacho que manda citar o executado não existe ingerência por parte do credor (ente</p><p>público), compreende que o inciso primeiro do parágrafo único do artigo 174 do CTN deverá ser</p><p>interpretado em conjunto com o artigo 240, §1º do CPC, isto é, retroagindo a data do despacho</p><p>até a data da propositura (ajuizamento) da execução fiscal. Tal fato inclusive fora sumulado pelo</p><p>STJ através da Súmula 106.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>157</p><p>Logo, para efeitos didáticos, realizada a leitura do artigo 174 do CTN em combinado com</p><p>o artigo 240, §1º do CPC e/ou Súmula 106 do STJ, compreende-se que a data inicial da</p><p>contagem do prazo prescricional quinquenal será o dia seguinte daquele que ocorreu o</p><p>vencimento (prazo para pagamento voluntário) e a data final será a data do ajuizamento da</p><p>execução fiscal.</p><p>Igualmente, na forma do inciso IV, todo e qualquer ato que reconheça judicialmente a</p><p>dívida tributária, igualmente interromperá o prazo prescricional, como por exemplo, através do</p><p>parcelamento. Uma vez realizado o parcelamento teremos a interrupção do prazo prescricional,</p><p>ou seja, a devolução do prazo de 5 anos para o fisco tentar exigir o crédito o tributário. Também</p><p>é importante ressaltar aqui que o prazo somente terá início quando rescindido (inadimplido) o</p><p>parcelamento, visto que enquanto o sujeito passivo mantém o pagamento do parcelamento,</p><p>estará suspensa a exigibilidade, não estando contando o prazo de prescrição.</p><p>Por fim, é importante referir ainda que na forma da S. 653 do STJ o pedido de</p><p>parcelamento fiscal, mesmo que indeferido, irá interromper o prazo prescricional, eis que irá</p><p>caracterizar confissão extrajudicial do débito.</p><p>Ainda, existirá a possibilidade da ocorrência da prescrição intercorrente com a finalidade</p><p>de evitar que as Execuções Fiscais sejam eternas (vitalícias). Logo esta prescrição</p><p>intercorrente</p><p>ocorrerá dentro dos autos da Execução Fiscal, podendo extinguir o crédito tributário e</p><p>consequentemente a Execução Fiscal. Esta prescrição é disciplinada pela súmula 314 do STJ:</p><p>“Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,</p><p>findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.”</p><p>Ainda, sobre a prescrição é relevante dizer que a 1ª Seção do STJ definiu em julgamento</p><p>de recurso repetitivo como devem ser aplicados o artigo 40 e parágrafos da LEF e a sistemática</p><p>para a contagem da prescrição intercorrente. Aliás, este julgamento definiu alguns requisitos</p><p>importantes sobre a aplicação da Súmula 314 do STJ. E neste julgado, foi aprovado que:</p><p>1º) O prazo de 1 ano de suspensão do processo tem início automaticamente na data da</p><p>ciência da Fazenda Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens</p><p>penhoráveis.</p><p>2º) Independentemente de manifestação da Fazenda Pública, findo o prazo de 1 (um) ano</p><p>de suspensão inicia-se automaticamente o prazo prescricional intercorrente.</p><p>3º) Ultrapassado o prazo de 5 (cinco) anos o qual o magistrado, depois de ouvida a</p><p>Fazenda Pública, poderá de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente.</p><p>4º) A efetiva constrição patrimonial e a efetiva citação são aptas a interromper o curso da</p><p>prescrição intercorrente, não bastando a simples petição solicitando a busca de bens den-tro dos</p><p>autos.</p><p>E finalizando prescrição, sobre os arts. 174 e 142 do CTN, o STJ publicou a Súmula 622</p><p>prevendo "a notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a</p><p>constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para</p><p>a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>158</p><p>pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança</p><p>judicial.”</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>159</p><p>21. Da exclusão do crédito tributário</p><p> Conteúdo do Prof. Matheus De Gregori.</p><p>As formas de exclusão do crédito tributário estão dispostas no art. 175 do CTN e são</p><p>apenas duas: a isenção e a anistia. Elas impedem a constituição do crédito (o lançamento).</p><p>São dispensas legais da obrigação principal, ou seja, necessitam de lei do ente competente</p><p>para o tributo. Trata-se de benefícios fiscais, medidas de desoneração concedidas pela</p><p>vontade política do ente tributante.</p><p>Importante: e exclusão do crédito (isenção ou anistia) apenas dispensa da obrigação</p><p>principal, mantendo-se o contribuinte com os deveres relativos às obrigações acessórias</p><p>do tributo isentado ou da multa anistiada. Vejamos os detalhes de cada uma das modalidades.</p><p>• Isenção</p><p>A isenção é a dispensa legal do pagamento de tributo. Aplica-se apenas para</p><p>tributo, não para as multas tributárias decorrentes de infrações. Difere da imunidade tributária,</p><p>que é hipótese de não-incidência prevista na Constituição, enquanto as isenções serão sempre</p><p>previstas em norma infraconstitucional.</p><p>Ainda quando prevista em contrato, a isenção é sempre decorrente de lei que</p><p>especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se</p><p>aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração, conforme art. 176 do CTN. Segundo o mesmo</p><p>artigo, a isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em</p><p>virtude de condições a ela peculiares. Assim, poderá o ente competente determinar apenas</p><p>uma região que gozará da dispensa do dever de pagar tributo.</p><p>A isenção pode ser revogada?</p><p>Através de Lei, sim! Exceto quando concedida por prazo certo e em razão</p><p>determinadas condições. Nesse caso, as chamadas isenções onerosas ou por prazo</p><p>determinado não podem ser revogadas a qualquer tempo, em nome da segurança jurídica e</p><p>boa-fé do contribuinte, conforme art. 178 do CTN e Súmula 544 do STF.</p><p>A revogação da isenção precisa observar o princípio da anterioridade?</p><p>A concessão da isenção, por ser benéfica, pode ter efeitos imediatos. Contudo, sua</p><p>revogação, por ser entendida como “aumento indireto de tributo”, necessita aguardar as</p><p>anterioridades, conforme entendimento fixado pelo STF:</p><p>Aplica-se o princípio da anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses de</p><p>redução ou de supressão de benefícios ou de incentivos fiscais, haja vista que tais</p><p>situações configuram majoração indireta de tributos. (STF. Plenário. RE 564225 AgR-</p><p>EDv-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2019).</p><p>As isenções poderão ter caráter individual ou geral. A de caráter individual só alcançará</p><p>determinadas pessoas, que preenchem determinados requisitos, mediante análise da</p><p>autoridade administrativa competente, que reconhecerá o direito à isenção através de</p><p>despacho, conforme art. 179 do CT, não gerando direito adquirido.</p><p>Nesse caso (isenção individual), tratando-se de tributo periódico (como IPVA e IPTU,</p><p>pagos anualmente), conforme art. 179, § 1o, do CTN, o despacho será renovado antes da</p><p>expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>160</p><p>do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da</p><p>isenção. Contudo, há mitigação dessa necessidade de renovação, no caso de imposto de</p><p>renda, conforme entendimento do STJ:</p><p>Súmula 436 do STJ: O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do</p><p>Imposto de Renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos</p><p>sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade.</p><p>Muito importante: no caso específico do ICMS, as isenções ou benefícios fiscais,</p><p>além de lei autorizativa do Estado, precisam ser precedidas de autorização através de</p><p>Convênio do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária), órgão com representação</p><p>de todos os Estados, que deve aprovar por unanimidade a concessão do benefício. Trata-se de</p><p>exigência do artigo 155, § 2o, XII, g, da CF/88, bem como da LC 24/75, que visa evitar ou</p><p>mitigar os efeitos da chamada “guerra fiscal” entre os Estados brasileiros.</p><p>• Anistia</p><p>A anistia é a dispensa legal do pagamento de multa, através do “perdão” de fatos</p><p>que configuram infração tributária.</p><p>Através de lei, o ente competente exclui o crédito que poderia ser constituído a partir de</p><p>infrações cometidas, dispensando o sujeito passivo da multa tributária.</p><p>Só há anistia de infrações, jamais de tributos, e só poderá incidir sobre fatos</p><p>pretéritos (infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede), sendo</p><p>impossível “perdoar por antecedência”. Conforme art. 180 do CTN, a anistia não abrange: a)</p><p>“aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa</p><p>qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por</p><p>terceiro em benefício daquele” e, b) “salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de</p><p>conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas”.</p><p>A anistia poderá ser realizada sobre apenas parte de determinado território e/ou região,</p><p>sendo possível, portanto, a delimitação da extensão do referido instituto. Ademais, assim como</p><p>as isenções, a anistia poderá ser concedida em caráter geral ou individual, na forma do art. 181</p><p>do CTN.</p><p>Lembre-se: igualmente à moratória e à isenção, na forma do art. 182 do CTN, a</p><p>anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da</p><p>autoridade administrativa, em requerimento no qual o interessado faça prova do preenchimento</p><p>das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em</p><p>lei para sua concessão.</p><p>ISENÇÃO ANISTIA</p><p>Dispensa do tributo Dispensa da multa (infração)</p><p>Apenas para fatos posteriores Apenas para fatos pretéritos</p><p>Exige Lei Exige Lei</p><p>Caráter geral ou individual Caráter geral ou individual</p><p>Exclusão do crédito tributário Exclusão do crédito tributário</p><p>QUESTÃO Nº 01</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>161</p><p>João, residente no estado X, é proprietário de veículo licenciado no município Y, situado no</p><p>estado X. João não pagou o IPVA do carro, com vencimento previsto para a data de</p><p>11/05/2017, data esta publicada no Diário Oficial, pelo ente público, em calendário</p><p>específico para recolhimento do IPVA. Considerando que não houve envio de</p><p>correspondência à residência de João, responda aos itens a seguir.</p><p>B) Qual será o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento da Execução Fiscal,</p><p>na hipótese de constituição definitiva do crédito de IPVA?</p><p>Na hipótese de constituição definitiva do crédito de IPVA, o prazo prescricional deverá ser</p><p>contado a partir do dia seguinte à data estipulada como vencimento do imposto, ou seja, a</p><p>partir de 12/05/2017, conforme entendimento específico fixado pelo STJ, em Recurso</p><p>Repetitivo. (REsp nº 1.320.825-RJ).</p><p>QUESTÃO Nº 02</p><p>A sociedade empresária ABC Ltda. realizou, em 10/01/2014, fato gerador de um tributo</p><p>sujeito a lançamento por homologação. O prazo final para entrega da declaração e</p><p>pagamento era 10/02/2014, mas a empresa nem entregou a declaração, nem pagou o</p><p>tributo devido. Em razão disso, o Fisco, em 05/02/2019, realizou lançamento de ofício do</p><p>tributo devido, notificando a contribuinte, em 15/02/2019, para impugnar ou pagar o débito</p><p>em 30 dias. A sociedade empresária, no entanto, nem pagou, nem impugnou</p><p>administrativamente tal lançamento. O débito é inscrito em dívida ativa e, em 10/06/2019,</p><p>é ajuizada ação de execução fiscal contra ela, com despacho do juiz ordenando a citação,</p><p>em 30/06/2019. A sociedade empresária, ao fazer sua defesa em embargos à execução</p><p>fiscal, alega que o direito de lançar aquele crédito tributário já havia sido alcançado pela</p><p>decadência, pois, nos termos do Art. 150, § 4º, do CTN, aplicável aos tributos sujeitos a</p><p>lançamento por homologação, já havia transcorrido mais de cinco anos entre a data do fato</p><p>gerador e o lançamento efetuado pelo Fisco. Diante desse cenário, responda aos itens a</p><p>seguir.</p><p>A) Tem razão a sociedade empresária em sua alegação?</p><p>A sociedade empresária não tem razão. Como não houve sequer declaração do tributo</p><p>devido, o Fisco teve de efetuar um lançamento de ofício, cujo início do prazo decadencial,</p><p>nos termos do Art. 173, inciso I, do CTN, não se vincula ao fato gerador, mas sim ao primeiro</p><p>dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria ter sido efetuado. Portanto,</p><p>não se trata de caso de aplicação do Art. 150, § 4º, do CTN, de acordo com a própria</p><p>orientação da Súmula 555 do STJ: “Quando não houver declaração do débito, o prazo</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>162</p><p>decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente</p><p>na forma do Art. 173, inciso I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito</p><p>passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa”.</p><p>É inequívoco que o prazo decadencial de cinco anos não se consumara em 05/02/2019,</p><p>pois deve ser contado do primeiro dia do exercício seguinte, e não do fato gerador, ocorrido</p><p>em 10/01/2014.</p><p>B) Caso a sociedade empresária houvesse declarado corretamente o tributo devido em</p><p>10/02/2014, mas não tivesse efetuado o seu recolhimento, seria possível ajuizar a execução</p><p>fiscal em 10/06/2019?</p><p>Não seria mais possível. Caso a sociedade empresária houvesse declarado corretamente ao</p><p>Fisco o valor devido em 10/02/2014, nos termos da Súmula 436 do STJ, a simples entrega da</p><p>declaração correta já constitui o crédito tributário, contando-se o prazo prescricional de 5 anos</p><p>para a propositura da ação de execução fiscal, a partir daí. Portanto, já teria ocorrido a prescrição</p><p>quando do ajuizamento da execução fiscal.</p><p>QUESTÃO Nº 03</p><p>A pessoa jurídica X, na condição de importadora de produtos industrializados, ajuizou medida</p><p>judicial pleiteando a restituição de valores pagos a título de Imposto sobre Produtos</p><p>Industrializados (“IPI”). No caso em questão, o contribuinte pagou o tributo em operação de</p><p>revenda por ocasião da saída de seu estabelecimento e entendeu que o pagamento foi feito</p><p>indevidamente, uma vez que não houve processo de industrialização no Brasil. Em seu pleito, a</p><p>pessoa jurídica X requereu, em sede de antecipação de tutela, a compensação dos valores</p><p>pagos a título de IPI, objeto de contestação. Com base nos fatos apresentados acima, responda</p><p>aos itens a seguir.</p><p>B) É possível requerer, em sede de antecipação de tutela, a compensação de eventual tributo</p><p>pago indevidamente?</p><p>Não. De acordo com o Art. 170-A do CTN, é vedada a compensação mediante o aproveitamento</p><p>de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da</p><p>respectiva decisão judicial.</p><p>QUESTÃO Nº 04</p><p>José da Silva, aposentado, foi acometido de neoplasia maligna (câncer), doença prevista em lei</p><p>como moléstia grave e que autoriza a concessão de isenção de Imposto sobre a Renda da</p><p>Pessoa Física sobre os proventos de aposentadoria. Ele apresentou seus exames e laudos de</p><p>seus médicos particulares, requerendo à Receita Federal do Brasil que a isenção fosse</p><p>reconhecida. O Fisco federal, contudo, negou o pedido, exigindo que fosse apresentado laudo</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>163</p><p>médico oficial, e não de médicos privados. Diante da negativa, José da Silva buscou a declaração</p><p>do seu direito à isenção pela via judicial. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.</p><p>A) A apresentação de laudo médico oficial é imprescindível para o reconhecimento judicial da</p><p>isenção?</p><p>Não, a apresentação de laudo médico oficial não é o único meio de prova habilitado à</p><p>comprovação da existência de moléstia grave para fins de isenção de imposto, não sendo</p><p>imprescindível para o reconhecimento judicial da isenção, de acordo com a Súmula 598 do STJ:</p><p>“É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da</p><p>isenção do Imposto sobre a Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente</p><p>demonstrada a doença grave por outros meios de prova.”</p><p>B) Se, após o tratamento adequado, José da Silva não apresentar mais sintomas da</p><p>enfermidade, a isenção deverá ser revogada por ele não cumprir mais o requisito de ser portador</p><p>de moléstia grave, nos termos do Art. 179, § 2º, do CTN?</p><p>Não, apesar da previsão do Art. 179, § 2º, do CTN, a isenção não deverá ser revogada, em razão</p><p>da gravidade da doença (que sempre inspira acompanhamento constante ou cuidados médicos</p><p>ou medicamentosos posteriores), mesmo que a pessoa não apresente mais os sintomas do</p><p>câncer após o tratamento, nos termos da Súmula 627 do STJ: “O contribuinte faz jus à concessão</p><p>ou à manutenção da isenção do imposto sobre a renda, não se lhe exigindo a demonstração da</p><p>contemporaneidade dos sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade”.</p><p>QUESTÃO Nº 05</p><p>Mário, 16 anos, ao chegar de viagem do exterior, desacompanhado de seus responsáveis, teve</p><p>sua bagagem verificada pela alfândega. Nesse momento, o representante do fisco identificou</p><p>vinte aparelhos de celular de último tipo e diversos presentes, todos excluídos do conceito de</p><p>bagagem, e promoveu o lançamento do imposto de importação e de multa em nome de Mário,</p><p>por irregularidade na importação das mercadorias que adentraram no país. Representado por</p><p>seu pai, Mário apresentou impugnação ao lançamento do crédito, alegando que não tem</p><p>capacidade civil e que, portanto, não pode ser contribuinte do imposto de importação, tendo o</p><p>provimento negado pela autoridade administrativa. Certo de suas alegações, após transcorrida</p><p>a primeira etapa da esfera administrativa, o representante de Mário pretende discutir em segunda</p><p>instância, porém é surpreendido com a exigência, por parte da autoridade administrativa, de</p><p>depósito prévio como garantia de admissibilidade do recurso. A partir dos fatos apresentados,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>B) Ressalvada a excepcionalidade da eventual ausência de bens, é possível a exigência por</p><p>parte da autoridade administrativa de depósito prévio ou de outra forma de garantia como</p><p>requisito de admissibilidade dos recursos na esfera administrativa?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>164</p><p>Na esfera administrativa, é inconstitucional a exigência de depósito prévio ou outra forma de</p><p>garantia, conforme preceitua a Súmula Vinculante 21 do STF.</p><p>QUESTÃO Nº 06</p><p>Antes de realizado qualquer procedimento para a constituição do crédito tributário, determinado</p><p>partido político optou, em 2016, pelo parcelamento da Contribuição para o Financiamento da</p><p>Seguridade Social (COFINS), com vencimentos entre 2005 e 2009, não pagas no prazo</p><p>determinado. Para tanto, nos termos da lei que instituiu o parcelamento, o partido político</p><p>apresentou “confissão irrevogável e irretratável dos débitos”. No entanto, o advogado do partido</p><p>político opina que este deve rescindir o parcelamento, uma vez que, independentemente da</p><p>assinatura do termo de confissão de débitos, a renda dos partidos políticos é imune, e os débitos</p><p>estão alcançados pela decadência. Sobre a hipótese, responda aos itens a seguir.</p><p>B) A alegação sobre a ineficácia da confissão de débitos, no que se refere aos débitos</p><p>alcançados pela decadência, está correta?</p><p>Sim. O parcelamento postulado depois de transcorrido o prazo decadencial não restabelece o</p><p>crédito tributário, uma vez que já estava extinto por força da decadência. Essa é a orientação</p><p>pacificada pelo STJ, em julgamento pela sistemática dos Recursos Repetitivos, no qual foi</p><p>consolidada a orientação de que “A decadência, consoante a letra do Art. 156, inciso V, do CTN,</p><p>é forma de extinção do crédito tributário. Sendo assim, uma vez extinto o direito, não pode ser</p><p>reavivado por qualquer sistemática de lançamento ou autolançamento, seja ela via documento</p><p>de confissão de dívida, declaração de débitos, parcelamento ou de outra espécie qualquer”.</p><p>QUESTÃO Nº 07</p><p>A União ajuizou, em 2016, execução fiscal em face da pessoa jurídica “X”. Estavam em cobrança</p><p>dois débitos distintos: um deles era relativo ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)</p><p>vencido no final do mês de março de 2009, regularmente declarado pelo contribuinte no mesmo</p><p>mês, mas que não foi recolhido; o outro era relativo à multa pelo descumprimento, em 2014, de</p><p>obrigação acessória do IPI. Regularmente citada, a pessoa jurídica “X” alegou a ocorrência de</p><p>prescrição do débito relativo ao ano de 2009. Para tanto, sustentou que foi ultrapassado o prazo</p><p>de cinco anos para a exigência do imposto – pois tal prazo tivera início com o vencimento do</p><p>tributo, já que o montante devido foi oportunamente declarado. No que se refere à multa,</p><p>sustentou a inexigibilidade da obrigação, porquanto referente a uma operação específica que,</p><p>no momento de sua realização, estava coberta por isenção concedida pela própria União</p><p>(isenção esta que efetivamente existia em 2014). Com base no caso relatado, responda aos itens</p><p>a seguir.</p><p>A) Conforme sustentado pela contribuinte, operou-se a prescrição no presente caso?</p><p>Sim, já que de acordo com a Súmula 436 do STJ, “A entrega de declaração pelo contribuinte</p><p>reconhecendo débito fiscal constitui crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>165</p><p>parte do fisco,” razão pela qual o prazo prescricional teve início com o vencimento do tributo, em</p><p>março de 2009, estando a prescrição consumada desde março de 2014.</p><p>B) Está correto o argumento da pessoa jurídica “X” quanto à improcedência da multa?</p><p>Não, pois de acordo com o Art. 175, parágrafo único, do CTN, a exclusão do crédito tributário</p><p>não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo</p><p>crédito seja excluído ou dela consequente.</p><p>QUESTÃO Nº 08</p><p>A sociedade empresária “X” foi autuada pelo Estado “Z” em 35% do valor do Imposto sobre</p><p>Circulação de Mercadorias e de Serviços (ICMS) devido, em razão do preenchimento incorreto</p><p>de determinado documento fiscal. Observadas diversas inconsistências no auto de infração, os</p><p>advogados da sociedade impugnaram administrativamente a autuação. No curso do processo,</p><p>nova lei foi publicada, estabelecendo nova penalidade para os casos de preenchimento incorreto</p><p>de documentos fiscais, agora no percentual de 15% do valor do imposto. Ocorre que, embora</p><p>pendente a decisão da impugnação, o fisco inscreveu a sociedade em dívida ativa, assinalando,</p><p>no termo de inscrição, a penalidade anterior, de 35%. Com base nessas informações e de acordo</p><p>com o disposto no CTN, responda aos itens a seguir.</p><p>A) O fisco poderia ter inscrito o contribuinte em dívida ativa naquele momento? Justifique</p><p>Não. A impugnação administrativa é hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,</p><p>impedindo que o fisco inscreva o crédito tributário em dívida ativa, na forma do Art. 151, inciso</p><p>III, c/c o Art. 201, ambos do CTN</p><p>QUESTÃO Nº 09</p><p>Em 2015, devido a uma grande enchente que assolou o município X, foi aprovada uma lei que</p><p>reabria, por um ano, o prazo de pagamento do IPTU já vencido dos contribuintes proprietários</p><p>de imóveis localizados nas áreas atingidas pela enchente. Com base nessa situação, responda</p><p>aos itens a seguir.</p><p>A) Qual o nome do instituto tributário utilizado para ajudar os contribuintes das áreas mais</p><p>atingidas pela enchente? Aponte o seu dispositivo legal.</p><p>O instituto é o da moratória, que é uma das modalidades de suspensão de exigibilidade do crédito</p><p>tributário. Caracteriza-se por ser uma prorrogação do prazo de pagamento de tributo pelo ente</p><p>competente para instituí-lo. Está previsto no Art. 151, inciso I, e nos artigos 152 a 155, todos do</p><p>CTN.</p><p>B) A lei poderia ter delimitado a aplicação desse instituto a apenas um conjunto de sujeitos</p><p>passivos, como fez neste caso, aplicando-o somente aos contribuintes das áreas mais atingidas?</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>166</p><p>Sim, a lei que institui a moratória pode delimitar os sujeitos passivos que dela se beneficiarão,</p><p>na forma do Art. 152, parágrafo único, do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 10</p><p>O Estado X estabeleceu alíquotas diferenciadas de Imposto sobre a Propriedade de Veículos</p><p>Automotores (IPVA), entre veículos nacionais e importados. Segundo a legislação estadual, a</p><p>alíquota dos veículos importados será superior à dos veículos nacionais. Caio, proprietário de</p><p>um automóvel importado, ajuizou ação questionando a diferença entre as alíquotas. No entanto,</p><p>o juiz de 1ª instância determinou a realização do depósito integral do montante discutido, sob</p><p>pena de extinção do processo sem julgamento de mérito, por entender que o depósito é requisito</p><p>de admissibilidade de ação judicial. Sobre a hipótese, responda aos itens a seguir.</p><p>B) Ao determinar a realização do depósito, o juiz está correto?</p><p>O juiz não está correto. A exigência de depósito prévio, como requisito de admissibilidade de</p><p>ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário, é inconstitucional,</p><p>conforme redação da Súmula Vinculante nº 28 do Supremo Tribunal Federal.</p><p>QUESTÃO Nº 11</p><p>Em 2015, a pessoa jurídica "X" verificou a existência de débito de Imposto sobre a Renda (IRPJ)</p><p>não declarado, referente ao ano calendário de 2012. Antes do início de procedimento</p><p>administrativo ou medida de fiscalização, realizou o pagamento do tributo devido, acrescido dos</p><p>juros de mora. Ao constatar o pagamento, a União notificou a contribuinte para que pagasse</p><p>multa sancionatória incidente sobre o tributo pago extemporaneamente. Adicionalmente, efetuou</p><p>o lançamento do IRPJ referente ao ano calendário 2008, que também não havia sido declarado</p><p>nem pago pela contribuinte. Diante disso, responda aos itens a seguir.</p><p>B) É correta a cobrança do IRPJ referente ao ano calendário 2008?</p><p>Não está correta a cobrança do IRPJ referente ao ano calendário de 2008, uma vez que se trata</p><p>de crédito tributário atingido pela decadência, na forma do Art. 173, inciso I, do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 12</p><p>Em dezembro de 2014, o Município de Macaé-RJ editou a Lei nº 1.234, estendendo o prazo para</p><p>a cobrança judicial dos créditos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de cinco para seis</p><p>anos. O mesmo Município ajuizou, em 2015, execução fiscal em face da pessoa jurídica Ômega,</p><p>para a cobrança de créditos IPTU não pagos. Os valores desses créditos sofreram correção</p><p>monetária por ato do Poder Executivo em percentual superior ao índice oficial. Diante disso,</p><p>responda aos itens a seguir.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>167</p><p>A) O Município de Macaé-RJ agiu corretamente ao editar a Lei nº 1.234?</p><p>O Município de Maricá-RJ não agiu corretamente ao editar a Lei nº 1.234, já que cabe à União,</p><p>por meio de lei complementar, estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,</p><p>especialmente sobre prescrição, conforme Art. 146, III, b, da Constituição Federal.</p><p>QUESTÃO Nº 13</p><p>Caio tem 10 anos e seu pai o presenteou com uma casa de praia no litoral do Município Y. No</p><p>entanto, Caio não realizou o pagamento do carnê do Imposto sobre a Propriedade Predial e</p><p>Territorial Urbana (IPTU) incidente sobre o imóvel de sua propriedade. Caio, representado por</p><p>seu pai, apresentou uma impugnação ao lançamento do crédito, alegando que Caio não tem</p><p>capacidade civil e que, portanto, não pode ser contribuinte do IPTU. O Município Y negou</p><p>provimento à impugnação e Caio apresentou recurso voluntário ao Conselho Municipal de</p><p>Contribuintes, que foi inadmitido por inexistência de depósito recursal prévio, conforme exigência</p><p>da legislação municipal. A partir da questão proposta, responda aos itens a seguir.</p><p>B) É constitucional a exigência do depósito como condição para o recurso administrativo,</p><p>conforme decisão do Conselho Municipal? Justifique.</p><p>Conforme a Súmula Vinculante nº 21 do Supremo Tribunal Federal, a exigência de um depósito</p><p>prévio como requisito de admissibilidade de recurso administrativo é inconstitucional, pois fere o</p><p>Art. 5º, incisos XXXIV (direito de petição independente do pagamento) e LV (assegurados o</p><p>contraditório e a ampla defesa).</p><p>QUESTÃO Nº 14</p><p>Em 2008, constou na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) da pessoa</p><p>jurídica AB&C Participações Ltda. que era devido, a título de Contribuição para o Financiamento</p><p>da Seguridade Social – COFINS, o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). No entanto, a</p><p>AB&C Participações Ltda. não efetuou o recolhimento antes do vencimento do tributo. Em 2009,</p><p>antes do início de qualquer fiscalização por parte da Fazenda Nacional, a AB&C Participações</p><p>Ltda. efetuou o recolhimento daquele montante da COFINS informado no ano anterior na DCTF,</p><p>sem, no entanto, o acréscimo da multa de mora, em razão da ocorrência da denúncia</p><p>espontânea. Por não concordar com a AB&C Participações Ltda., a Fazenda Nacional lavrou</p><p>auto de infração cobrando o valor integral do tributo (deduzido do montante já recolhido), sendo</p><p>a AB&C Participações Ltda. intimada para pagar ou apresentar defesa. Sobre o caso, responda</p><p>aos itens a seguir.</p><p>B) Caso a pessoa jurídica proponha ação anulatória buscando desconstituir o auto de infração,</p><p>poderá apresentar, simultaneamente, defesa no processo administrativo?</p><p>Não. A Lei nº 6.830/1980 (a chamada Lei de Execuções Fiscais) prevê, em seu Art. 38, parágrafo</p><p>único, que “A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo (que é a ação</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>168</p><p>anulatória) importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do</p><p>recurso acaso interposto”.</p><p>QUESTÃO Nº 15</p><p>Em 2001, Caio Silva comprou um imóvel de Tício Santos. Em 2002, a Fazenda Nacional</p><p>inscreveu em dívida ativa créditos decorrentes do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física –</p><p>IRPF, que em 2000 haviam sido objeto de constituição definitiva contra Tício. Em 2007, a</p><p>Fazenda Nacional ajuizou execução fiscal visando à cobrança dos créditos de IRPF. Após Tício</p><p>ser citado sem garantir o Juízo, a Fazenda Nacional requereu a penhora do imóvel vendido a</p><p>Caio, visto que a alienação foi realizada quando o fato gerador do IRPF já tinha ocorrido, o que</p><p>a tornaria, segundo a Fazenda Nacional, fraudulenta.</p><p>B) Qual o argumento que Tício, contribuinte do IRPF, poderia alegar em sua defesa, em eventual</p><p>oposição de embargos à execução?</p><p>Tício poderá alegar que os créditos cobrados na execução fiscal foram alcançados pela</p><p>prescrição. Isso porque, conforme destacado no enunciado, os créditos foram constituídos em</p><p>2000. Sendo assim, a Fazenda teria até o ano de 2005, conforme previsto no Art. 174, do CTN,</p><p>para cobrar os créditos tributários. No entanto, a execução fiscal somente foi ajuizada em 2007,</p><p>quando os créditos já estavam prescritos.</p><p>QUESTÃO Nº 16</p><p>Ocorre o fato gerador do imposto sobre transmissão causa mortis e doação (ITCMD) em</p><p>15.01.2001. Como não houve o recolhimento do imposto devido nem declaração por parte do</p><p>contribuinte, em 17.07.2006 a Fazenda Estadual realiza o lançamento de ofício do imposto,</p><p>dando ciência ao contribuinte. Após a interposição tempestiva de impugnação administrativa pelo</p><p>contribuinte contra o lançamento e trâmite regular do processo administrativo tributário, o crédito</p><p>foi constituído definitivamente em 10.06.2007, sendo o sujeito passivo notificado, pessoalmente,</p><p>na mesma data. Em razão de o valor do crédito tributário estar abaixo do limite de ajuizamento</p><p>previsto na legislação estadual para a sua cobrança judicial, a Fazenda Estadual não ajuizou a</p><p>respectiva Execução Fiscal. Em 24.07.2012, a fim de regularizar sua situação junto ao Fisco, o</p><p>contribuinte realiza o pagamento da dívida. Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.</p><p>A) Na data em que foi realizado o pagamento, o crédito tributário estava decaído?</p><p>No caso em tela, não se pode falar em decadência. Com efeito, nos termos do Art. 173, inciso I,</p><p>do CTN, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 05 anos</p><p>contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido</p><p>realizado. Como o lançamento poderia ser realizado no exercício de 2001, já que o fato gerador</p><p>foi praticado 15/01/2001, o prazo de 05 anos iniciou-se no primeiro dia útil do exercício seguinte,</p><p>ou seja, 01/01/2002. Dessa forma, como o lançamento foi realizado em 17/07/2006, não</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>169</p><p>transcorreram os 05 anos previstos no CTN para a extinção do direito da Fazenda Pública</p><p>constituir o crédito.</p><p>B) Na data em que foi realizado o pagamento, o crédito tributário estava prescrito?</p><p>No que concerne à prescrição, o artigo 174, do CTN, estabelece que</p><p>a ação para a cobrança do</p><p>crédito tributário prescreve em 05 anos contados da data da sua constituição definitiva. O crédito</p><p>em questão foi definitivamente constituído em 10/06/2007. Portanto, em 24/07/2012, quando foi</p><p>efetuado o pagamento, a dívida já estava prescrita.</p><p>C) Caso efetue o pagamento de um crédito prescrito, pode o contribuinte pleitear a restituição da</p><p>quantia que foi paga?</p><p>Nos termos do artigo 156, inciso V, do CTN, a prescrição extingue o crédito tributário. Assim, se</p><p>na data do pagamento o crédito tributário já estava extinto, pode-se afirmar que o pagamento é</p><p>indevido. Em sendo indevido, o contribuinte pode pleitear a restituição da quantia paga nos</p><p>termos do Art. 165 do CTN.</p><p>QUESTÃO Nº 17</p><p>A empresa XYZ deixou de declarar e pagar imposto sobre a renda, devido no ano calendário</p><p>2006. No início de 2013, a empresa decidiu incluir todos os valores não declarados e não pagos</p><p>em um parcelamento previsto em lei federal assinando, para tanto, termo de confissão de dívida.</p><p>Após quitação integral do parcelamento, a empresa XYZ percebeu que, antes mesmo da inclusão</p><p>dos valores no referido programa, os débitos já tinham sido atingidos pela decadência, tendo em</p><p>vista que em nenhum momento houve a constituição do crédito através do lançamento. Diante</p><p>disso, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.</p><p>A) Considerando o instrumento de confissão de dívida assinado pelo contribuinte, bem como a</p><p>quitação integral do tributo, é possível que o contribuinte pleiteie a restituição dos valores que</p><p>foram atingidos pela decadência?</p><p>O examinando deve afirmar que a decadência é forma de extinção do crédito tributário, incidindo,</p><p>neste caso, o disposto no Art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Nesse contexto, o</p><p>instrumento de confissão de dívida assinado pelo contribuinte não tem o condão de restabelecer</p><p>o crédito tributário, havendo inclusive entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça</p><p>em sede de recurso repetitivo Sendo assim, é possível que a pessoa jurídica “XYZ” pleiteie a</p><p>restituição dos valores que foram atingidos pela decadência.</p><p>B) Tratando-se de tributo sujeito a lançamento por homologação não pago e não declarado, que</p><p>dispositivo do Código Tributário Nacional é aplicável para regular a contagem do prazo para o</p><p>Fisco realizar o lançamento?</p><p>O prazo é regido pelo Art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Conforme assentado pela</p><p>jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo: “O prazo</p><p>decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-</p><p>se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado,</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>170</p><p>nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da</p><p>previsão legal, o mesmo não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do</p><p>contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”.</p><p>QUESTÃO Nº 18</p><p>Em 20/05/95, a Receita Federal, em decorrência de fiscalização realizada na sede da empresa</p><p>ABC, constatou que a empresa não havia declarado, e consequentemente recolhido, a COFINS</p><p>referente a todos os meses do exercício de 1990. Notificada a empresa, esta impugnou, sem</p><p>sucesso, o auto de infração e, depois, recorreu administrativamente ao Conselho de</p><p>Contribuintes. Em 20/07/04, adveio a decisão definitiva, confirmando o ato da autoridade</p><p>tributária, sendo a empresa notificada da referida decisão na própria data. A União Federal</p><p>ajuizou execução fiscal relativa ao crédito em 20/06/2009, sendo que o despacho de citação foi</p><p>exarado em 20/08/10, entretanto, não encontrada de pronto a executada, a exequente não mais</p><p>movimentou o processo. Examine as questões envolvidas e responda aos itens a seguir,</p><p>utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.</p><p>A) Analise a constituição do crédito tributário pelo Fisco, referindo se ocorreu de forma regular</p><p>ou não, bem como se adveio dentro do prazo legal.</p><p>A constituição do crédito tributário ocorreu de forma regular pelo Fisco, pois como a empresa</p><p>não havia declarado qualquer valor a recolher a título de COFINS, deve ser aplicada a regra</p><p>prevista no artigo 173, I do CTN, que estipula que o prazo decadencial somente se inicia no</p><p>primeiro dia útil do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador. Assim, não se verificou</p><p>a decadência do direito de lançar o tributo.</p><p>B) Houve, na hipótese, interrupção ou suspensão do prazo de cobrança do crédito fiscal?</p><p>Houve, inicialmente, suspensão do prazo de cobrança com a apresentação de impugnação</p><p>administrativa que, conforme previsto no artigo 151, III do CTN, suspende a exigibilidade do</p><p>crédito tributário, o qual somente retoma a sua plena exigibilidade após a sua constituição</p><p>definitiva, ocorrido após o término do processo administrativo. Portanto, conforme previsto no</p><p>artigo 174 do CTN, a execução fiscal deve ser ajuizada no prazo de 5 (cinco) anos a contar do</p><p>encerramento do processo administrativo, sob pena de restar caracterizada a ocorrência de</p><p>prescrição. No presente caso, o primeiro ato que interrompeu a fluência do prazo prescricional</p><p>ocorreu com a determinação de citação do devedor. Como a executada não foi encontrada, o</p><p>processo deve ser suspenso na forma do artigo 40 da LEF Lei n. 6830/80.</p><p>C) A propositura da execução em 20/06/2009 e o despacho de citação em 20/08/2010</p><p>resguardarão o direito da Fazenda Pública?</p><p>Como a execução fiscal foi ajuizada antes do prazo prescricional, o crédito tributário exigido</p><p>através da presente execução não se encontra prescrito, já que a demora na citação decorreu</p><p>de motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, na forma da Súmula 106 do STJ.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>171</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>172</p><p>22. Da responsabilidade tributária</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo</p><p>Normalmente, todo tributo será satisfeito pela pessoa que realiza o fato gerador, ou seja, aquele que tem</p><p>vínculo direto com a realização da hipótese descrita em norma legal. Entretanto, o art. 121 do CTN afirma que</p><p>também poderá ser sujeito passivo da relação tributária, além do contribuinte, o responsável.</p><p>Mas afinal de contas quem é o responsável? Será aquele que não tem vínculo direto com a realização (fato)</p><p>da hipótese prevista na norma, entretanto, a lei lhe atribui responsabilidade/dever para satisfazer o crédito tributário.</p><p>Logo não será contribuinte, mas poderá ser obrigado a pagar tributo.</p><p>Outrossim, antes de iniciarmos os tipos de responsabilidade, é importante referir que o próprio CTN afirma</p><p>e entrega a possibilidade ao legislador ordinário de estabelecer hipóteses específicas de responsabilidade tributária,</p><p>conforme leciona o art. 128.</p><p>Como a presente obra não tem o condão de exaurir qualquer matéria exposta, vamos trabalhar</p><p>especificamente a responsabilidade por transferência (terceiros, sucessão e pessoal) que está disciplinada entre os</p><p>arts. 130 e 135 do CTN.</p><p>22.1 RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE DE BEM IMÓVEL E MÓVEL</p><p>Reza o art. 130 do CTN que:</p><p>Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse</p><p>imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de sub-</p><p>rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.</p><p>Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.</p><p>O que disposto no artigo supra se trata da responsabilidade dos adquirentes</p><p>de bens imóveis.</p><p>Portanto, todos os tributos devidos relativos ao bem imóvel que fora adquirido (impostos, taxas e</p><p>contribuição de melhoria) serão transferidos ao adquirente do bem.</p><p>Entretanto, o adquirente apenas não poderá ser responsabilizado quando houver comprovação</p><p>da negativa de débitos (possuir certidão negativa na data da compra) ou quando adquirir o bem em leilão</p><p>judicial, visto que neste último caso, os valores das dívidas estarão sub-rogadas pelo preço pago em hasta</p><p>pública. Logo, se houver saldo pendente de pagamento pelo antigo devedor, mesmo com a realização da</p><p>arrematação (compra), o adquirente não poderá ser exigido pelo saldo devido.</p><p>Por fim, sobre que acima exposto, cabe dizer que terá a mesma hipótese de responsabilidade o</p><p>adquirente de bem móvel na forma do art. 131, I, do CTN. Outrossim decidiu o STJ que as mesmas</p><p>possibilidades de exclusão/negativa de “herança” dos débitos tributários do adquirente de bem imóvel</p><p>aplica-se para o adquirente de bem móvel.</p><p>22.2 RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES</p><p>Reza o art. 131, II e III, do CTN que será de responsabilidade do espólio e/ou meeiros e herdeiros</p><p>eventuais débitos tributários devidos pelo de cujus. Portanto na lavra dos referidos incisos estaremos</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>173</p><p>diante de uma responsabilidade por sucessão. Importante referir que o herdeiro e/ou meeiro somente</p><p>poderão ser denominados responsáveis acaso venham receber algum bem ou valor na partilha. Se acaso</p><p>nada receberem, nenhum crédito tributário do de cujus lhe poderá ser exigido.</p><p>Art. 131. São pessoalmente responsáveis:</p><p>II – o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou ad</p><p>limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;</p><p>III – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.</p><p>Outrossim, a responsabilidade dos sucessores (herdeiro/meeiro) abrangerá tanto os valores dos</p><p>tributos devidos, quanto os montantes referentes às penalidades sofridas pelo de cujus.</p><p>22.3 RESPONSABILIDADE NAS OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS</p><p>Reza o art. 132 do CTN que toda unidade resultante de operação societária passará a ser</p><p>responsável pelos créditos tributários devidos pela empresa anterior. Diante disso é correto afirmar que</p><p>toda unidade resultante quando da ocorrência de uma fusão, incorporação, transformação e cisão passará</p><p>a ser responsável pelos débitos tributários da empresa antiga.</p><p>Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em out ra é</p><p>responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou</p><p>incorporadas.</p><p>Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a</p><p>exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra</p><p>razão social, ou sob firma individual.</p><p>Logo, se a empresa A foi incorporada pela empresa B, passará a empresa B a ser responsável</p><p>tributária pelos débitos fiscais da empresa A. De outro lado, se a empresa Y e W realizaram uma fusão,</p><p>vindo a criar a empresa X, esta última será devedora dos tributos devidos pela empresa Y e W.</p><p>O parágrafo único do referido art. 132 do CTN também trabalha com outra hipótese de</p><p>responsabilidade. Ocorrerá aqui quando da extinção de uma empresa, e esta for continuada por qualquer</p><p>sócio antigo ou espólio, seja sob o mesmo ou outro CNPJ, a nova empresa passará a ser responsável pelos</p><p>débitos fiscais da empresa antiga.</p><p>Vale ressaltar ainda que tal responsabilidade abrangerá igualmente as multas moratórias e</p><p>punitivas na forma da Súmula nº 554 do STJ.</p><p>Súmula nº 554 do STJ. Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos</p><p>devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da</p><p>sucessão.</p><p>22.4 RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL</p><p>Reza o art. 133 do CTN que será responsável tributário todo o adquirente de estabelecimento ou</p><p>fundo de comércio, que der continuidade (sucessão) aos negócios do estabelecimento adquirido, sob o</p><p>mesmo ou outro CNPJ, por eventuais débitos tributários devidos pelo antigo estabelecimento até a data</p><p>do trespasse.</p><p>Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de out ra, por qualquer título, fundo de comércio ou</p><p>estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social</p><p>ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data</p><p>do ato:</p><p>I – integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>174</p><p>II – subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da</p><p>alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.</p><p>§ 1º O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial:</p><p>I – em processo de falência;</p><p>II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.</p><p>§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo quando o adquirente for</p><p>I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recup</p><p>judicial;</p><p>II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recup</p><p>judicial ou de qualquer de seus sócios; ou</p><p>III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão</p><p>§ 3º Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada perma</p><p>conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, some</p><p>ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.</p><p>Outrossim, a presente responsabilidade do adquirente poderá ser integral ou subsidiária. Será</p><p>integral quando o vendedor do estabelecimento não continuar no mercado e/ou não retornar no prazo</p><p>de até 6 (seis) meses. Neste caso terá o adquirente responsabilidade integral e solitária do</p><p>estabelecimento ou do fundo de comércio que adquiriu.</p><p>De outro lado, acaso o alienante (vendedor) continuar no mercado comercial e/ou retornar no</p><p>prazo de até 6 (seis) meses a responsabilidade será subsidiária do adquirente, ou seja, primeiro a</p><p>autoridade fazendária deverá tentar cobrar o vendedor e se acaso não obter êxito é que poderá cobrar</p><p>do adquirente. Nesse caso, portanto a responsabilidade do adquirente será subsidiária.</p><p>Ainda, é importante referir que o retorno ao mercado por parte do vendedor poderá ser tanto na</p><p>mesma atividade que ele explorava antes da venda do estabelecimento, quanto em qualquer outra</p><p>atividade.</p><p>Por fim, acaso uma pessoa física ou jurídica venha a adquirir o estabelecimento ou fundo de</p><p>comércio em um procedimento de falência ou recuperação judicial, este estará desobrigado a ter de</p><p>satisfazer os créditos tributários devidos pelo antigo proprietário. Tal desoneração somente não ocorrerá</p><p>neste caso, acaso o adquirente do estabelecimento ou fundo de comércio em um processo de falência ou</p><p>recuperação judicial seja antigo sócio, parente ou laranja da empresa que venha a ser alienada.</p><p>22.5 RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SÓCIO ADMINISTRADOR</p><p>Por fim, no tocante ao tema responsabilidade tributária, sempre se torna importante e relevante</p><p>tratar sobre o</p><p>Em cada capítulo do presente texto iremos trabalhar individualmente sobre o fundamento</p><p>e o nome de cada peça processual possível no direito tributário. Lembrando sempre que o</p><p>candidato deverá colocar tais requisitos de forma expressa e legível, a fim de que o examinador</p><p>não tenha dúvidas sobre a escolha por ele realizada.</p><p>Qualificação do Requerido</p><p>Para qualificar em face de quem será realizado o processo, ou seja, o réu da ação judicial,</p><p>deverá observar-se o que disposto igualmente no artigo 319, II, do CPC. Entretanto, como em</p><p>nosso direito tributário, o requerido normalmente é uma pessoa jurídica de direito público,</p><p>compreende-se necessário acrescer em tal qualificação a representação processual do mesmo</p><p>exposta no artigo 75 do CPC.</p><p>Importante ainda ressaltar que tal qualificação, para efeitos de 2ª Fase de Exame da</p><p>Qualificação da Pessoa Física</p><p>•Nome, prenome, estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF sob o nº ...,</p><p>endereço eletrônico ..., residente e domiciliado ..., neste ato representado por</p><p>seu procurador (procuração em anexo), estabelecido ..., local onde receberá</p><p>intimações.</p><p>Qualificação da Pessoa Jurídica</p><p>•Nome da Empresa, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o</p><p>nº ..., estabelecida ..., endereço eletrônico ..., neste ato representada por seu</p><p>procurador (procuração anexa), estabelecido ..., local onde receberá</p><p>intimações.</p><p>Exemplo de Fundamtação e Nome da Peça</p><p>•(...) vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 38 da Lei</p><p>6.830/80, propor a presente ação ANULATÓRIA.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>18</p><p>Ordem, é genérica, ou seja, a ação será ajuizada em face da União, Estado, Distrito Federal ou</p><p>Município. Somente será diferenciada quando tratar-se de Mandado de Segurança.</p><p>Cabimento</p><p>Após realizada a fase preambular da petição inicial, ou seja, informei quem irá julgar e</p><p>apreciar meus pedidos (Endereçamento), quem está propondo a demanda (Requerente),</p><p>fundamentos e nome da peça (Ação Escolhida) e em face de quem estarei ajuizando</p><p>(Requerido), iniciaremos as fases dos tópicos processuais.</p><p>Inaugura os presentes tópicos aquele que denomino de cabimento, ou seja, o que justifica</p><p>a opção pela ação escolhida pelo requerente e seu procurador. O presente tópico trata-se da</p><p>justificativa do porquê da ação escolhida pelo examinando ou requerente.</p><p>Dos Fatos</p><p>Após à realização do cabimento, caberá ao examinando descrever os fatos que levaram</p><p>a ocorrência do litígio (problema), ou seja, o que ocorreu de fato para seu cliente requerer a</p><p>prestação jurisdicional.</p><p>Para efeitos de Exame da Ordem caberá ao examinando informar/descrever, sempre</p><p>observando suas próprias palavras (cópia não será considerada), os fatos conforme descritos no</p><p>enunciado, desde que não traga nenhuma inovação.</p><p>Dos Direitos</p><p>Descritos os fatos que levaram o contribuinte a desejar a prestação jurisdicional faz-se</p><p>Qualificação da Pessoa Jurídica de Direito Público</p><p>•Ente Público (União, Estado, Distrito Federal ou Município), pessoa jurídica de</p><p>direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ..., estabelecida ..., endereço</p><p>eletrônico ..., representada neste ato por seu representante ..., na forma do</p><p>artigo 75, (ver o inciso que se encaixa) do CPC.</p><p>I - Do Cabimento</p><p>•Reza o artigo 38 da LEF que poderá a parte desconstituir, via Ação Anulatória,</p><p>lançamento realizado equivocamente ou ilegalmente. No presente caso,</p><p>compreende-se pela ilegalidade do presente lançamento, portanto, sendo</p><p>cabível a utilização da presente ação anulatória.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>19</p><p>necessário elaborar o ponto mais importante e pontuado da peça processual no Exame da</p><p>Ordem: os direitos (direito material) do seu cliente.</p><p>Lembre-se: nenhum problema apresentado, para efeitos de Exame da Ordem, será livre</p><p>de vícios, ilegalidades ou inconstitucionalidades. Portanto, na análise do caso, o candidato</p><p>deverá extrair do enunciado as informações necessárias para identificar tais lesões ao direito</p><p>material.</p><p>Por fim, é importante acrescer que neste item da peça processual, o candidato poderá</p><p>igualmente falar sobre o cabimento de eventual liminar ou tutela provisória. Entretanto, para</p><p>efeitos de Exame da Ordem, recomenda-se abrir um tópico novo abaixo do presente item.</p><p>Dos Pedidos</p><p>Finalizando a peça processual deverá ser elaborado o resumo das intenções com a peça</p><p>vestibular, isto é, o candidato irá citar de forma breve e objetiva os seus pedidos. Tais itens irão</p><p>variar a depender da peça processual que será redigida. Portanto, recomenda-se a análise de</p><p>cada peça para verificar a lista dos pedidos.</p><p>Valor da Causa</p><p>O valor da causa representa a expressão financeira do objeto da demanda que está sendo</p><p>ajuizada. Lembrando que para efeitos do Exame da Ordem somente deverá ser mencionado o</p><p>valor da ação se houver expresso no enunciado tal número correspondente.</p><p>Do Local, Data, Advogado e nº da OAB</p><p>Recomenda-se que tais itens sejam apenas mencionados (citados e acrescidos das</p><p>reticências), não devendo o examinando colocar qualquer local, data, nome de advogado e/ou</p><p>número de inscrição nos quadros da ordem dos advogados.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>20</p><p>3. Mandado de Segurança</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 5º, LXIX,</p><p>da CF, combinado com o artigo 1º da Lei 12.016/2009. Importante dizer que tal demanda desfruta</p><p>de status de remédio constitucional, onde para aqueles que o utilizam fundamenta-se sempre na</p><p>seguinte premissa: “direito líquido e certo”.</p><p>Mas esse direito líquido e certo seria de quem? Daquele que venha sofrer uma ilegalidade</p><p>ou abuso de poder, ou que até mesmo tenha medo de sofrer.</p><p>Mas quem cometerá tais atos? Esses atos são realizados pela autoridade pública ou</p><p>agente de pessoa jurídica. Mas atenção: sempre no exercício de poder dado pelo Poder Público.</p><p>Ademais, onde encaixa-se o Mandado de Segurança dentro do processo fiscal? Lembre-</p><p>se que, conforme o artigo 3º do CTN, o ato de cobrar tributo está vinculado à lei. Logo, se houver</p><p>cobrança sem respaldo legal, poderemos estar frente à utilização da presente demanda.</p><p>Lembre-se que o Mandado de Segurança poderá ser repressivo ou preventivo. Assim,</p><p>usa-se o repressivo para fatos que sucedem o lançamento. Já o preventivo, quando houver uma</p><p>lei, mas que ainda não produziu efeitos sobre determinado contribuinte.</p><p>Outrossim, no que tange ao direito líquido e certo, quer dizer aquela norma que está</p><p>devidamente postada e poderá ser de pleno comprovada pelo ínclito julgador. Lembre-se e não</p><p>esqueça: uma das grandes diferenças no Mandado de Segurança é que não existirá dilação</p><p>probatória, logo, as provas deverão ser anexadas e provadas de pleno (pré-constituída).</p><p>Queridos alunos, vocês não entrarão com MS contra Ente Público, mas sim contra aquele</p><p>representante do ente que cometeu o ato ilegal ou abusivo.</p><p>Ademais, nunca é demais salientar que o prazo para a propositura da demanda será de</p><p>120 dias (art. 23 da Lei 12.016/09), contados da ciência do ato a ser impugnado por parte do</p><p>prejudicado. Cuidado na hora da prova também: tal prazo jamais se interromperá ou suspenderá</p><p>(uma vez iniciado, vai até o fim).</p><p>Mas e no que tange ao Mandado Preventivo? A doutrina majoritária compreende que não</p><p>Aquele que Entra com Mandado de Segurança = Polo Ativo = Impetrante</p><p>Aquele que Cometeu o Ato Ilegal ou Abusivo = Polo Passivo = Impetrado</p><p>SE LIGA NA DICA</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário |</p><p>art. 135, III, do CTN. O referido artigo e inciso leciona sobre a responsabilidade pessoal do</p><p>gerente, administrador e diretor.</p><p>Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos</p><p>praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:</p><p>III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.</p><p>E para iniciar este subitem é importante questionar: poderá o sócio administrador, gerente, diretor ser</p><p>responsabilizado pessoalmente por débitos tributários de suas respectivas empresas? A resposta é, normalmente,</p><p>não.</p><p>Diante disso, na forma da Súmula nº 430 do STJ, o mero inadimplemento de tributo por parte da</p><p>empresa não poderá gerar responsabilidade automática do sócio administrador. Logo, via de regra, este</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>175</p><p>não poderá ser chamado à responsabilidade pessoal.</p><p>De outro lado e excepcionalmente, existirão duas possibilidades básicas para que este sócio</p><p>administrador possa ser responsabilizado pessoalmente pelos débitos da empresa. Primeiramente, o</p><p>mesmo poderá ser responsabilizado pessoalmente quando ocorrer o caso do art. 135, III, do CTN, ou seja,</p><p>houver comprovação que o mesmo realizou ato com excesso de poderes, infração à lei, estatuto ou</p><p>contrato social.</p><p>Assim, de primeiro momento e excepcionalmente, o sócio administrador somente poderá ser</p><p>responsabilizado pessoalmente caso exista comprovação de que, por exemplo, ele realizou apropriação</p><p>indébita previdenciária de INSS retido do seu funcionário indevidamente.</p><p>Ademais, também poderá ser responsabilizado pessoalmente o sócio administrador quando</p><p>houver comprovação de dissolução irregular da empresa, isto é, simplesmente decidiram encerrar as</p><p>atividades sem comunicar o novo endereço ou realizar a extinção adequada da empresa. Logo, na forma</p><p>da Súmula nº 435 do STJ, poderá haver responsabilidade pessoal do sócio-administrador quando ocorrer</p><p>dissolução irregular da empresa.</p><p>Também se torna importante referir que, comumente, o ônus da prova, a fim de comprovar a</p><p>responsabilidade pessoal do sócio administrador será da Fazenda Pública. Somente não será, torna-se</p><p>possível inclusive a presunção de legitimidade do débito, quando ocorrer a inscrição em dívida ativa do</p><p>sócio administrador, visto que acaso este ato ocorra, a certidão gozará de presunção de veracidade na</p><p>forma do art. 204 do CTN.</p><p>22.6 RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO</p><p>Essa modalidade de responsabilidade também apresenta como fundamento o art. 128 do CTN,</p><p>imputando-se o dever legal de pagar para terceira pessoa, apesar desta não ter realizado o fato gerador,</p><p>considerando a existência de vínculo com o fato, sendo-lhe atribuído o dever do pagamento.</p><p>Porém, na responsabilidade por substituição, a lei poderá determinar que a terceira pessoa venha</p><p>a substituir o contribuinte. Neste sentido, a doutrina costuma afirmar que, quando da ocorrência do fato</p><p>gerador, o contribuinte sequer irá participar da relação jurídica tributária, eis que o tributo já nascerá sob</p><p>responsabilidade de terceiro.</p><p>Existem duas espécies de responsabilidade por substituição: (i) regressiva (para trás), ou; (ii)</p><p>progressiva (para frente). Esta última encontra-se devidamente fundamentada no artigo 150, § 7º da CF.</p><p>Vale ressaltar que os entes competentes poderão adotar essas modalidades de substituição,</p><p>desde que o façam para seus respectivos tributos e mediante disposição expressa em lei, e terá como</p><p>justificativa de adoção a melhor centralização e fiscalização para com a arrecadação tributária.</p><p>A responsabilidade por substituição para trás poderá ser conceituada como uma postergação</p><p>(diferimento) do dever de pagar tributo, apesar de já ter ocorrido o fato gerador, a fim de que o próximo</p><p>contribuinte que participa da cadeia produtiva, irá substituir o contribuinte da cadeia anterior (cadeia “de</p><p>trás”) no pagamento do tributo devido.</p><p>Já a responsabilidade por substituição para frente poderá ser conceituada como o dever de o</p><p>responsável substituto antecipar o pagamento do tributo cujo fato presume-se que irá ocorrer, ou seja, o</p><p>responsável irá pagar o tributo devido cujo fato sequer ocorreu. Trata-se verdadeiramente, neste caso,</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>176</p><p>na antecipação do pagamento do tributo.</p><p>22.7 DENÚNCIA ESPONTÂNEA</p><p>A denúncia espontânea é a verdadeira delação premiada do contribuinte que está em mora para</p><p>com a autoridade fazendária, ou seja, é o mandamento legal que autoriza ao contribuinte que se autodelata</p><p>para a autoridade fazendária ao não pagamento da multa tributária. Tal instituto encontra-se previsto no</p><p>art. 138 do CTN.</p><p>Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pag</p><p>tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando</p><p>do tributo dependa de apuração.</p><p>Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento ad</p><p>ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.</p><p>Diante do acima exposto, compreende-se o instituto da denúncia espontânea como aquela</p><p>modalidade em que autoriza o contribuinte praticante de fato gerador de tributo que não realizou a</p><p>declaração e muito menos o pagamento, possa tardiamente realizar a sua autodelação, a fim de não ficar</p><p>em débito com a autoridade fazendária. E para este contribuinte que se entrega para o fisco, o mesmo</p><p>gozará do benefício de não ter de pagar multa tributária.</p><p>Mas atenção: o benefício da denúncia espontânea, somente poderá ser utilizado pelo</p><p>contribuinte, quando a autoridade fazendária não tem conhecimento sobre o fato gerador e sequer</p><p>realizou qualquer medida inicial fiscalizatória para tanto.</p><p>Assim, imagine que o Prof. Fofo de Ogum viaje anualmente para os Estados Unidos. Ocorre que, em</p><p>sua última viagem o mesmo resolveu importar 20 aparelhos celulares da marca iPhone e 10 notebooks da</p><p>marca Apple. Inobstante a importação ter se concretizado o referido contribuinte nada pagou de tributos</p><p>para realizar o desembaraço aduaneiro quando de sua chegada ao Brasil. Passados 10 meses do fato, o Prof.</p><p>Fofo de Ogum, boa pessoa que é, resolve satisfazer os créditos tributários devidos em decorrência desta</p><p>importação, considerando ainda que a autoridade fazendária não tem nenhum conhecimento sobre o fato.</p><p>Logo, o mesmo, acaso utilize-se do benefício da denúncia espontânea terá o direito de pagar os tributos</p><p>devidos em decorrência da importação livre da multa tributária.</p><p>Por fim, outra questão importante sobre o referido instituto é que, acaso o tributo seja declarado e</p><p>posteriormente (após o vencimento) venha a ser pago, não terá o contribuinte o direito da dispensa da</p><p>multa. Tudo isso, visto que neste caso, o fisco já terá conhecimento do fato gerador em razão da constituição</p><p>do crédito. Tal afirmação encontra-se respaldada pela Súmula nº 360 do STJ.</p><p>Mas tenha cuidado: mesmo o tributo que seja constituído pelo lançamento por homologação</p><p>poderá gozar deste benefício. Somente não gozará se já fora declarado pelo contribuinte.</p><p>QUESTÃO Nº 01</p><p>João dos Santos, em abril de 2016, declarou, à Receita Federal do Brasil, os rendimentos que</p><p>auferiu no exercício financeiro anterior, reconhecendo o débito tributário do Imposto sobre a</p><p>Renda (IR). Apesar de a declaração ter sido regular, o contribuinte não pagou o Imposto sobre a</p><p>Renda devido. No mês seguinte ao vencimento do tributo, antes do início de qualquer</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>177</p><p>procedimento administrativo ou medida</p><p>Prof. Matheus De Gregori</p><p>21</p><p>existe prazo decadencial, pois a cada dia que passa, a ameaça se prospera. Importante salientar,</p><p>ainda, conforme Lei própria do Mandado de Segurança, que não caberá o presente remédio</p><p>constitucional quando:</p><p>E como eu, aluno, fundamento um Mandado de Segurança? Conjuga-se os termos do</p><p>artigo 1º da Lei Própria, do art. 5º, LXIX da CF, combinado com o artigo 319 do Novo Código de</p><p>Processo Civil.</p><p>É importante dizer que, na maioria das vezes, a utilização do Mandado de Segurança</p><p>remonta a ideia de utilização do pedido liminar. Outrossim, tenha cuidado, eis que nos termos do</p><p>artigo 7º, §2º da Lei própria, não caberia liminar em MS nas seguintes condições. Entretanto</p><p>tal parágrafo foi julgado inconstitucional pelo STF.</p><p>Art. 5º - Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:</p><p>I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente</p><p>de caução;</p><p>II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;</p><p>III - de decisão judicial transitada em julgado.</p><p>§ 2º - Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos</p><p>tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou</p><p>equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de</p><p>vantagens ou pagamento de qualquer natureza.</p><p>Art. 5º da Lei 12.016/2009</p><p>Art. 7º, §2º da Lei 12.016/2009</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>22</p><p>Também existirá uma possibilidade, remota é verdade, de Mandado de Segurança</p><p>Coletivo. Neste caso, os efeitos irão atingir determinado grupo de pessoas. Não será qualquer</p><p>pessoa que poderá impetrar. O rol taxativo está no artigo 5º, LXX (70) da CF. Assim, o que muda</p><p>aqui serão os efeitos da decisão.</p><p>Lembrando ainda que no MS Coletivo só posso impetrar na defesa dos filiados, e conforme</p><p>finalidades/objetivos institucionais. Assim, por exemplo, a OAB não poderá tutelar direito dos</p><p>médicos.</p><p>Já no que tange a suspensão da exigibilidade do crédito: toda vez que for possível você</p><p>deverá pedir. No Mandado de Segurança, são duas formas: depósito e liminar (jamais</p><p>antecipação de tutela provisória de urgência ou de evidência).</p><p>Por fim, ATENÇÃO se eu não souber se é MS Repressivo ou Preventivo. Na dúvida,</p><p>coloque só Mandado de Segurança. E antes de irmos para a demonstração da peça, colaciono</p><p>- Mandado de Segurança é para proteção de direito líquido e certo. Logo, não caberá no</p><p>Mandado de Segurança dilação probatória. As provas documentais deverão ser juntadas</p><p>junto com a inicial, assim, admite-se prova documental, mas jamais no curso do</p><p>processo.</p><p>- Súmula 271 do STF - não posso cumular MS com Repetição de Indébito.</p><p>O MS é um rito mais célere (rápido) e tem prioridade de andamento. O MS não permite</p><p>condenação de honorários sucumbenciais. Mas o que são honorários sucumbenciais?</p><p>São aqueles honorários devidos para o advogado da parte contrária.</p><p>- A FGV tem dito também sobre MS: ingresse com a ação menos custosa para o cliente.</p><p>Considere que só precise comprovar através de prova documental.</p><p>- E se for para o Rito Ordinário? A prova te dará pistas, do tipo: precisa provar através de</p><p>prova pericial. Não bastam somente os documentos para comprovação. Logo, se a prova</p><p>mencionar quaisquer destas expressões: advogado quer honorários ou preciso de provas</p><p>(periciais, testemunhas), não posso entrar com MS.</p><p>CUIDADO</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>23</p><p>importante resumo para fixação sobre o Mandado de Segurança1:</p><p>Competência A da pessoa jurídica a qual a autoridade está vinculada.</p><p>Legitimidade ativa a) Titular do direito lesado ou ameaçado.</p><p>b) Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas,</p><p>qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança (artigo 1.º, §</p><p>3.º, da Lei 12.016/2009).</p><p>c) Terceiro que tenha direito em condições idênticas à do titular: pode</p><p>impetrar Mandado de Segurança caso o titular não o faça em prazo</p><p>razoável, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando</p><p>notificado judicialmente (artigo 3.º).</p><p>Legitimidade</p><p>passiva</p><p>Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato</p><p>impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática (artigo 6.º, §</p><p>3.º, da Lei 12.016/2009).</p><p>São equiparados os representantes ou órgãos de partidos políticos e os</p><p>administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de</p><p>pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do</p><p>poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.</p><p>Legitimidade</p><p>passiva</p><p>Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de</p><p>ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem</p><p>de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada (artigo 2.º</p><p>da Lei 12.016/2009).</p><p>Litisconsórcio</p><p>ativo</p><p>É admitido até o despacho inicial (artigo 10, § 2.º, Lei 12.016/2009).</p><p>Litisconsórcio</p><p>passivo</p><p>necessário</p><p>Pessoa jurídica de direito público a quem se liga a autoridade. Terá ela</p><p>a legitimidade para recorrer.</p><p>Causa de pedir Alegação e demonstração da:</p><p>a) lesão ou ameaça de lesão (ameaça fundada);</p><p>b) ato ilegal ou praticado com abuso de poder por autoridade ou</p><p>equiparado;</p><p>c) a direito líquido e certo do impetrante;</p><p>d) se o caso, a condição de prejudicado indireto pelo ato, quanto a seu</p><p>interesse processual específico.</p><p>Súmula 625 do Supremo Tribunal Federal: “Controvérsia sobre matéria</p><p>de direito não impede concessão de mandado de segurança”.</p><p>Pedido Concessão da segurança para suprir a ilegalidade ou abuso de</p><p>autoridade.</p><p>1 NASSER, Guilherme Sacomano. Prática tributário / Guilherme Sacomano Nasser, Nathaly Campitelli Roque;</p><p>coordenação Alvaro de Azevedo Gonzaga, Nathaly Campitelli Roque – 3. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:</p><p>Forense; São Paulo: MÉTODO: 2015.Página 184 e 185.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>24</p><p>Prazo Caberá mandado de segurança no prazo máximo de 120 dias contado</p><p>do ato impugnado (art. 23 da Lei 12.016/2009).</p><p>Valor da causa Benefício material a ser aferido pela demanda.</p><p>Intimação da</p><p>autoridade</p><p>Requerimento de intimação da autoridade, para apresentar informações</p><p>no prazo de 10 (dez) dias e da pessoa jurídica de direito público a quem</p><p>a autoridade pertence (artigo 7.º, I, Lei 12.016/2009).</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre o Mandado de</p><p>Segurança, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Zeta é uma sociedade empresária cujo objeto social é a compra, venda e montagem de peças</p><p>metálicas utilizadas em estruturas de shows e demais eventos. Para o regular exercício de sua</p><p>atividade, usualmente necessita transferir tais bens entre seus estabelecimentos, localizados entre</p><p>diferentes municípios do Estado de São Paulo. Apesar de nessas operações não haver</p><p>transferência da propriedade dos bens, mas apenas seu deslocamento físico entre diferentes filiais</p><p>de Zeta, o fisco do Estado de São Paulo entende que há incidência de Imposto sobre Circulação</p><p>de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS nesse remanejamento. Diante da falta de</p><p>recolhimento do imposto, o fisco já reteve por mais de uma vez, por seus Auditores Fiscais,</p><p>algumas mercadorias que estavam sendo deslocadas entre as filiais, buscando, assim, forçar o</p><p>pagamento do imposto pela sociedade empresária. Considere que, entre a primeira retenção e a</p><p>sua constituição como advogado, passaram-se</p><p>menos de dois meses. Considere, ainda, que todas</p><p>as provas necessárias já estão disponíveis e que o efetivo pagamento do tributo, ou o depósito</p><p>integral deste, obstaria a continuidade das operações da empresa que, ademais, não quer se</p><p>expor ao risco de eventual condenação em honorários, no caso de insucesso na medida</p><p>judicial a ser proposta. Com receio de sofrer outras cobranças do ICMS e novas retenções, e</p><p>também pretendendo a rápida liberação das mercadorias já apreendidas, uma vez que elas são</p><p>essenciais para a continuidade de suas atividades, a sociedade empresária Zeta o procura para,</p><p>na qualidade de advogado, elaborar a petição cabível, ciente de que, entre a retenção e a</p><p>constituição do advogado, há período inferior a 120 (cento e vinte) dias, e que, para a</p><p>demonstração dos fatos, há a necessidade, apenas, de prova documental que lhe foi entregue.</p><p>(Valor: 5,00 pontos)</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>25</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado de</p><p>São Paulo.</p><p>Zeta, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., atos constitutivos</p><p>em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem respeitosamente, por intermédio</p><p>de seu procurador (procuração em anexo), este estabelecido ..., local onde receberá</p><p>intimações, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, LXIX, da CF e</p><p>Art. 1º e Seguintes da Lei 12.016/09, impetrar:</p><p>MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO COM PEDIDO LIMINAR</p><p>Em face de ato do Delegado da Receita Estadual, integrante dos quadros dos servidores</p><p>do Estado de São Paulo, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o nº ...,</p><p>estabelecido ..., neste ato onde poderá ser representado pelo Procurador do Estado, na</p><p>forma do artigo 75, II, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>I – Cabimento</p><p>No presente caso existe lesão à direito líquido e certo da parte impetrante, uma vez que</p><p>está sendo cobrado da mesma imposto não devido e, consequentemente, a retenção</p><p>indevida das suas mercadorias.</p><p>Diante disso, leciona o artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal que caberá para toda</p><p>lesão à direito líquido e certo a possibilidade de reparação via instrumento mandamental.</p><p>Igualmente, leciona o artigo 1º e seguintes da Lei 12.016/09 sobre a possibilidade de</p><p>reparação à lesão, como no presente caso ocorre, via Mandado de Segurança.</p><p>Logo, frente ao que exposto, compreende-se possível a impetração do presente Mandado</p><p>de Segurança, eis que presentes os requisitos para a sua interposição, visto que: existe</p><p>necessidade de rápida reparação, a demanda a ser ajuizada não possibilita a condenação</p><p>em honorários, bem como estão presentes todos os documentos para a comprovação do</p><p>direito da parte.</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>26</p><p>II – Tempestividade</p><p>Leciona o artigo 23 da Lei 12.016/09 que a parte lesada terá prazo decadencial de 120</p><p>dias para impetrar Mandado de Segurança quando da ocorrência de lesão a direito líquido</p><p>e certo. Tal prazo tem seu cômputo inicial a partir da ciência do ato.</p><p>No presente caso, conforme expresso no enunciado, existe prazo inferior à 2 meses da</p><p>ciência do ato.</p><p>Diante disso, compreende-se possível e tempestiva a utilização do Mandado de</p><p>Segurança, a fim de reparar a lesão da parte impetrante.</p><p>III – Dos Fatos</p><p>A empresa Zeta tem como objeto a comercialização de peças metálicas. Ocorre que</p><p>frente a necessidade de transportar tais peças entre seus estabelecimentos, o fisco do</p><p>Estado de São Paulo resolveu tributar tal operação, mesmo não ocorrendo modificação</p><p>de titularidade dos bens transportados. Ademais, por intermédio de seus auditores, o fisco</p><p>resolveu reter as mercadorias com o intuito de cobrar os tributos compreendidos como</p><p>devidos pelos mesmos. Diante disso, considerando a lesão ocorrida frente à empresa</p><p>impetrante, torna-se possível o ajuizamento do presente Mandado de Segurança, a fim</p><p>de reparar o ato manifestamente ilegal e inconstitucional realizado pela parte impetrada.</p><p>IV – Dos Direitos</p><p>Leciona o artigo 155, II, da Constituição Federal, que teremos a incidência de ICMS toda</p><p>vez que ocorrer operações relativas à circulação de mercadorias.</p><p>No presente caso, não existe a presente circulação, tendo em vista que a titularidade da</p><p>propriedade não é alterada pelo simples fato de haver transferência dos bens da</p><p>impetrante entre seus estabelecidos.</p><p>Diante disso, tendo em vista a não modificação de titularidade de propriedade dos bens</p><p>da empresa impetrante, compreende-se pela não possibilidade e não ocorrência do fato</p><p>gerador de ICMS. Outrossim, tal fundamento corresponde ao que disposto na Súmula</p><p>166 do STJ.</p><p>Leciona a Súmula 323 do STF que é vedada a conduta de apreender mercadorias ou</p><p>retê-las com o intuito de obrigar contribuinte a pagar tributo. No presente caso, houve</p><p>retenção de mercadorias da parte impetrante, eis que compreendeu o fisco estadual</p><p>sobre a incidência de ICMS nas operações de transferência dos bens pertencentes a</p><p>empresa.</p><p>Sendo assim, além de não existir tal incidência de imposto, torna-se ilegal a</p><p>retenção/apreensão de mercadorias para obrigar o pagamento de impostos, conforme</p><p>leciona a Súmula 323 do STF.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>27</p><p>V – Da Liminar</p><p>Leciona o artigo 7º, III, da Lei 12.016/09 que poderá o magistrado, através de solicitação</p><p>da parte, conceder medida liminar, uma vez presentes os requisitos da fumaça do bom</p><p>direito e perigo de demora.</p><p>No presente caso, resta comprovada a fumaça do bom direito, eis que, conforme acima</p><p>explicitado, não existe a incidência de ICMS na presente operação realizada pela</p><p>empresa, frente ao que disposto na Súmula 166 do STJ e compreende-se, igualmente,</p><p>pela impossibilidade de retenção de mercadoria, na forma da Súmula 323 do STF.</p><p>Igualmente, o perigo de demora está claramente demonstrado, eis que se porventura</p><p>continuar a ocorrer a retenção de mercadorias da parte impetrante, assim como mantiver</p><p>a decisão de não liberar aquelas apreendidas, a parte não poderá dar continuidade aos</p><p>seus serviços, colocando em risco a sua empresa.</p><p>Diante do que exposto, compreende-se possível a concessão da medida liminar, uma vez</p><p>presentes os requisitos dispostos no artigo 7º, III, da Lei 12.016/09.</p><p>Por fim, deseja a parte que tal medida liminar seja deferida sem solicitação de caução,</p><p>eis que a empresa não apresenta suporte para contemplar tal pedido, caso seja solicitada.</p><p>VI – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>a) A concessão da medida liminar, uma vez presentes os requisitos do artigo 7º, III, da</p><p>Lei 12.016/09, a fim de que exista a liberação das mercadorias retidas, assim como seja</p><p>impossibilitada a cobrança de imposto e que o fisco não realize mais retenções de</p><p>mercadorias da parte impetrante.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>28</p><p>b) Que a parte impetrada seja notificada, para que, desejando, preste esclarecimentos na</p><p>forma do artigo 7º, I, da Lei 12.016/09.</p><p>c) Que seja cientificado o representante legal da autoridade coatora, para que tome</p><p>ciência da presente ação, assim como do ato realizado pela autoridade, e que lhe seja</p><p>enviada cópia da inicial. Tudo isso na forma do art. 7º, II, da Lei 12.016/09.</p><p>d) Que seja intimado o Membro do Ministério Público, fiscal da lei, a fim de tomar ciência</p><p>da presente demanda, na forma do artigo 12, da Lei 12.016/09.</p><p>e) Que seja confirmada a presente liminar e mantida até a sentença, e que ao</p><p>final seja</p><p>concedida a segurança, a fim de: liberar as mercadorias apreendidas e que novas não</p><p>sejam retidas, na forma da Súmula 323 do STF, bem como implique na impossibilidade</p><p>de lançamento de ICMS, eis que não existe fato gerador para tanto, na forma do artigo</p><p>155, II, da CF.</p><p>f) Que seja condenado o representante da autoridade impetrada nas custas processuais</p><p>na forma do artigo 85, P. 3 do CPC.</p><p>Valor da Causa: R$ ...</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>29</p><p>4. Ação Declaratória e Anulatória</p><p> Conteúdo do Prof. Guilherme Pedrozo.</p><p>Após vista a nossa primeira demanda e peça sempre possível de cair em nossa OAB,</p><p>vamos falar um pouco sobre a Ação Declaratória. Vale ressaltar que tal demanda confunde-se</p><p>muito com o Mandado de Segurança Preventivo, visto que ambos servem para afastar a ameaça</p><p>concreta de lesão.</p><p>A presente Ação Declaratória apresenta como fundamento legal básico o que lecionado</p><p>no artigo 19 do NCPC. Outrossim, quando do ajuizamento igualmente o requerente deverá</p><p>vislumbrar os requisitos do artigo 319 do NCPC.</p><p>A ação declaratória apresenta como finalidade a declaração de existência ou inexistência</p><p>de relação jurídica tributária, e as suas devidas consequências jurídicas.</p><p>Lembre-se e não esqueça: em exame da OAB, via de regra, você utilizará a presente</p><p>demanda quando inexistir a constituição do crédito tributário (inexistir lançamento). Porém,</p><p>deverá haver algum ato concreto que sinalize a incerteza jurídica no que tange ao ato de ser</p><p>cobrado ou não.</p><p>Agora, se já houver lançamento tributário, você, estimado aluno, já poderá começar a</p><p>pensar em demanda Anulatória de Débito Fiscal.</p><p>Mas tenha atenção: se você, contribuinte, deseja afastar possível cobrança futura, e na</p><p>mesma demanda repetir aquele tributo pago indevidamente, é totalmente pleno e cabível uma</p><p>Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica-Tributária cumulada com Repetição de</p><p>Indébito Tributário. Se, caso for este seu pedido, não esqueça do artigo 165 do CTN e do pedido</p><p>de repetição.</p><p>Ressalta-se, ainda, que a presente Ação Declaratória poderá ser utilizada para todo e</p><p>qualquer tipo de tributo, inclusive no que tange a declaração de inexistência de cumprimento-</p><p>dever das obrigações acessórias. Para isto, vide o artigo 113, §1 e 2º do CTN.</p><p>Aonde vou entrar com a presente ação: no local de domicílio do contribuinte.</p><p>Ademais, não esqueça, portanto, quando caberá ação declaratória:</p><p>• Declarar existência ou inexistência de relação jurídica-tributária.</p><p>• Declarar autenticidade ou falsidade de documento tributário.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>30</p><p>E você poderá ficar com dúvidas, como optar pela Ação Declaratória ou Mandado de</p><p>Segurança Preventivo? Buenas, sugiro ir para o rito especial, ou seja, analisar a possibilidade</p><p>de cabimento de Mandado de Segurança Preventivo quando estiverem presentes algumas</p><p>condições descritas no próprio enunciado:</p><p>• Enunciado falar na possibilidade de adoção de procedimento mais célere.</p><p>• Enunciado falar na possibilidade de procedimento menos custoso.</p><p>• Enunciado falar na impossibilidade de dilação probatória.</p><p>Depois de trabalhados alguns aspectos relevantes da Ação Declaratória trago importante</p><p>quadro resumido sobre ela:</p><p>Critérios da regra matriz de</p><p>incidência tributária</p><p>Defeito</p><p>Material Não ser o fato concreto passível da incidência daquela</p><p>tributação.</p><p>Temporal a) O fato não ter ocorrido.</p><p>b) Já ter havido a decadência do direito de lançar.</p><p>Territorial O fato não ter ocorrido nos limites da competência do</p><p>sujeito ativo.</p><p>Pessoal O ente que pretende a cobrança não é o sujeito ativo da</p><p>obrigação tributária;</p><p>O interessado não é o sujeito passivo da obrigação</p><p>tributária.</p><p>Quantitativo Inconstitucionalidade e/ou ilegalidade da base de cálculo</p><p>ou da alíquota;</p><p>Alíquota e/ou base de cálculo pretendidos em desacordo</p><p>com a regência legal da matéria.</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Enunciado da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>31</p><p>A Igreja Guigui Faz Passar, com sede na cidade de Santa Cruz do Sul – RS resolve, aos</p><p>finais de semana, vender bolos e negrinhos a fim de obter renda para a manutenção da</p><p>igreja. Ocorre que, através de notícia veiculada em vários portais da internet, o Secretário</p><p>da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul informa que passará a cobrar ICMS pelas</p><p>comercializações realizadas pela Igreja Guigui Faz Passar, conforme lei que entrará em</p><p>vigor no ano de 2017. Temendo, assim, ser tributada, a Igreja Guigui Faz Passar resolve</p><p>lhe procurar para que seja garantido o seu direito de não pagar tributo. Você, como</p><p>procurador da Igreja Guigui Faz Passar, deverá, portanto, utilizar o procedimento judicial</p><p>adequado a fim de defender os interesses da mesma, ciente da necessidade de produção</p><p>probatória.</p><p>...</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>32</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca de Santa Cruz do</p><p>Sul do Estado do Rio Grande do Sul</p><p>Igreja Guigui Faz Passar, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>atos constitutivos em anexo, estabelecida ..., endereço eletrônico ..., na cidade de Santa</p><p>Cruz do Sul – RS, vem respeitosamente, por intermédio de seu advogado (com</p><p>procuração em anexo), estabelecido ..., local onde receberá intimações, perante Vossa</p><p>Excelência, com fulcro nos artigos 19, I do CPC, ajuizar a presente:</p><p>AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA</p><p>COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA</p><p>Em face do Estado do Rio Grande do Sul, pessoa jurídica de direito público, inscrita no</p><p>CNPJ sob o nº ..., estabelecido ..., endereço eletrônico ..., neste ato representado por seu</p><p>procurador, nos termos do artigo 75, II, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo</p><p>aduzidos.</p><p>I – Cabimento</p><p>Reza o artigo 19, I, do CPC que caberá ação declaratória a fim de declarar a inexistência</p><p>da relação jurídica. Ocorre no presente caso, tendo em vista a possibilidade concreta de</p><p>continuar a ser a parte requerente tributada. Assim, deseja que seja declarada a</p><p>impossibilidade de pagar o referido imposto de ICMS. Diante disso, compreende-se</p><p>possível o presente ajuizamento, a fim de afastar a ameaça concreta frente a</p><p>possibilidade do fisco continuar a cobrar indevidamente o ICMS, diante da realização de</p><p>comercialização de bolos e negrinhos.</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>33</p><p>II – Dos Fatos</p><p>A Igreja Guigui Faz passar resolveu, aos finais de semana, a fim de implementar novas</p><p>rendas para manter a igreja e sua finalidade, comercializar bolos e negrinhos. Ocorre que,</p><p>após notícia veiculada em vários portais de internet, soube a parte requerente da</p><p>legislação que poderá implicar em efeitos futuros de tributação nas presentes</p><p>comercializações. Logo, compreendendo pela não possibilidade legal de tais atos, deseja</p><p>a Igreja buscar seus direitos, a fim de ser declarada a impossibilidade de ser tributada</p><p>pelo fato de comercializar negrinhos e bolos, a fim de obter renda para manter</p><p>suas</p><p>finalidades.</p><p>III – Dos Direitos</p><p>Reza o artigo 150, VI, B, da Constituição Federal, que gozará de imunidade os templos</p><p>de qualquer culto no que tange a não possibilidade de ser tributado de impostos. No</p><p>presente caso, existe clara e manifesta intenção do fisco de tributar a comercialização de</p><p>bolos e negrinhos da Igreja Guigui Faz Passar. Logo, considerando a norma acima</p><p>exposta, e diante do manejamento do lucro obtido para o cumprimento da manutenção e</p><p>finalidade essencial da Igreja, compreende-se impossível tal tributação, frente ao que</p><p>deseja que seja provida e declarada a inconstitucionalidade da referida norma.</p><p>IV – Da Tutela Provisória de Urgência</p><p>Reza o artigo 294 e 300 do CPC que poderá ser concedida a tutela provisória de urgência</p><p>toda vez que presentes a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao</p><p>resultado útil do processo.</p><p>Sendo assim, a probabilidade do direito está respaldada no artigo 150, VI, b da</p><p>Constituição Federal, onde está proibida a instituição de impostos frente aos Templos de</p><p>Qualquer Culto. Ademais, o perigo de dano resta configurado de forma implícita, uma vez</p><p>que a Igreja poderá ser tributada e terá que contribuir aos cofres públicos ao invés de ter</p><p>possibilidade financeira de manter a sua igreja e finalidade.</p><p>Em face do que acima exposto, deseja a parte requerente, já que presentes todos os</p><p>requisitos, a concessão da tutela provisória de urgência para que seja suspensa à</p><p>exigibilidade do crédito na forma do artigo 151, V do CTN.</p><p>V – Dos Pedidos</p><p>Ante o exposto, requer:</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>34</p><p>Após realizados os estudos sobre a Ação Declaratória, passaremos à famosa Ação</p><p>Anulatória.</p><p>O fundamento legal básico da presente demanda encontra-se esculpido no artigo 38 da</p><p>Lei nº 6.830/80. Outrossim, quando do ajuizamento, igualmente, o requerente deverá vislumbrar</p><p>os requisitos do artigo 319 do CPC.</p><p>A presente ação anulatória de débito fiscal tem por finalidade a anulação de lançamento</p><p>tributário que seja viciado (ilegal). Sendo assim, jamais esqueça: para você utilizar a presente</p><p>demanda é necessário a notícia de constituição de crédito tributário.</p><p>a) O deferimento da tutela provisória, na forma do artigo 294 do CPC, mais notadamente</p><p>da tutela de urgência, na forma do artigo 300 do CPC, uma vez presentes os requisitos</p><p>da probabilidade do direito e do perigo de dano, para que sejam antecipados os efeitos</p><p>da tutela, a fim da parte requerente não poder ser cobrada do ICMS. Tudo isso,</p><p>igualmente, a fim de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do artigo 151, V do</p><p>CTN.</p><p>b) A citação da parte requerida, para que, desejando, venha contestar a presente ação</p><p>no prazo legal.</p><p>c) Seja julgada procedente a demanda, a fim de ser declarada a inexistência da relação</p><p>jurídica tributária, reconhecendo o direito da parte requerente de não ser tributada, frente</p><p>a ameaça concreta, considerando a inconstitucionalidade do ICMS, conforme reza o</p><p>artigo 150, VI, B, da CF.</p><p>e) Seja possível a produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente</p><p>testemunhal, documental e pericial, na forma do artigo 319, VI, do CPC.</p><p>f) A parte requerente vem informar que não deseja a audiência de conciliação e/ou</p><p>mediação, na forma do artigo 319, VII, do CPC.</p><p>g) Que seja condenada a parte requerida nos ônus sucumbenciais, notadamente as</p><p>custas processuais, na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários advocatícios, na</p><p>forma do artigo 85, §3º do CPC.</p><p>Valor da Causa: R$ ...</p><p>Nestes termos, pede deferimento.</p><p>Local ... Data ...</p><p>Advogado ... OAB ...</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>35</p><p>Outra questão que é de extrema valia é aquela que fala sobre depósito para ingresso da</p><p>demanda. Conforme já deve ser de seu conhecimento, por intermédio da Súmula Vinculante nº</p><p>28, o STF compreendeu não ser possível a exigência de qualquer depósito para o ingresso de</p><p>demanda judicial.</p><p>Lembre-se que para suspender não bastará o ajuizamento da ação, visto que você muito</p><p>possivelmente terá que suspender: por meio de depósito integral em dinheiro ou por meio da</p><p>tutela provisória. A regra na sua demanda será solicitar tutela provisória.</p><p>Depósito: é uma escolha do contribuinte. Ninguém será obrigado a depositar e poderá ser</p><p>realizado em qualquer fase do processo. O depósito interrompe fluência dos juros e correção.</p><p>Logo, se perder a ação no máximo será conversão.</p><p>COMO FAÇO NA PROVA? Depósito ou tutela de urgência? O enunciado da questão irá</p><p>te direcionar. Se o problema falar em falta de dinheiro ou quebrado, te socorre da tutela de</p><p>urgência. E se o problema falar em condições ou meios pelo cliente, te socorre do depósito</p><p>integral em dinheiro. Assim, na prova, o que você deverá fazer? Optar entre depósito ou tutela</p><p>de urgência. Mas se ficar na dúvida pede inicialmente a tutela de urgência e em caso de não</p><p>concessão, peça depósito.</p><p>Ademais, a ação anulatória poderá ser utilizada para toda e qualquer espécie de tributo.</p><p>Considerando que repassamos por alguns dos principais tópicos sobre a presente</p><p>demanda, vamos agora vislumbrar um modelo de peça-prática da presente ação tratada neste</p><p>capítulo. É importante dizer que o presente material deverá ser complementado com as aulas ao</p><p>vivo que serão realizadas conforme grade de horários.</p><p>Ação Anulatória -> rito ordinário comum. Logo, a única dúvida que você poderá ter é se é</p><p>MS Repressivo ou ação Anulatória. E aí o que você fará, primeiro descarte se não é</p><p>mandado de segurança:</p><p>• Rito mais célere.</p><p>• Rito menos custoso.</p><p>• Preferência no julgamento.</p><p>• Não tem honorários sucumbenciais.</p><p>• Não tem dilação probatória.</p><p>LEMBRE-SE</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>36</p><p>Equipamentos (partes e peças) que estavam sendo transportados para a empresa Micro</p><p>Informática Ltda. e que seriam utilizados em sua produção foram apreendidos, sob a</p><p>alegação da Secretaria de Arrecadação Estadual de que a nota fiscal que os acompanhava</p><p>não registrava uma diferença de alíquota devida ao Fisco e não teria havido, portanto, o</p><p>recolhimento do imposto. Na ocasião, houve o auto de infração e foi realizado o respectivo</p><p>lançamento. A empresa, que tem uma encomenda para entregar, procura você, na</p><p>condição de advogado, para a defesa de seus interesses. Na qualidade de advogado da</p><p>empresa Micro Informática, apresente a peça processual cabível para a defesa dos</p><p>interesses da empresa, empregando todos os argumentos e fundamentos jurídicos</p><p>cabíveis, considerando ainda a necessidade de obter condenação da parte contrária nos</p><p>honorários advocatícios de sucumbência.</p><p>Douto Juízo de Direito da ... Vara (Cível/Fazenda Pública) da Comarca ... do Estado ...</p><p>Micro Informática Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>com atos constitutivos em anexo, endereço eletrônico ..., estabelecida ..., vem por meio</p><p>de seu procurador (procuração em anexo), este devidamente estabelecido ..., local onde</p><p>receberá intimações, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 38 da Lei 6.830/80,</p><p>propor a presente:</p><p>AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA</p><p>Em face do Estado ..., pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº ...,</p><p>endereço eletrônico ..., estabelecido ..., neste ato representado por seu procurador, nos</p><p>termos do artigo 75, II, do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos.</p><p>Enunciado da Peça</p><p>Resolução da Peça</p><p>2ª Fase Tributário | 40º Exame de Ordem</p><p>Direito Tributário | Prof. Guilherme Pedrozo da Silva</p><p>Direito Tributário | Prof. Matheus De Gregori</p><p>37</p><p>I – Cabimento</p>