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O PROCESSO MODERNIZADOR NO IMPÉRIO E A REAÇÃO DA FAMÍLIA PATRIARCAL CICCO, Cláudio. História do Pensamento Jurídico e da Filosofia do Direito. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2009 Faculdade Metropolitana da Grande Recife História e Antropologia Jurídica Professor José Walter Lisboa Cavalcanti A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador Independência patriarcalismo, centralismo (1820-1840): a permanência da sociedade tradicional O século XVIII se encerrou com o afã de se impedir o crescimento de subsistemas no ordenamento jurídico do Estado Pombal e a Lei da Boa Razão Buscava-se libertar da “religiosidade” e do Jusnaturalismo, tornando-se direito positivo À época, o que sustentava o direito das “Ordenações Reais” era o direito divino Com a vinda da Família Real, houve maior contato com as novas idéias francesas Idéias Iluministas, que centravam-se na ciência e na racionalidade 2 História e Antropologia Jurídica A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador O Movimento da Independência foi uma composição do pensamento de Rousseau com a Casa de Bragança Assim, Dom Pedro se tornou Imperador “por graça de Deus” e por “unânime aclamação do povo” Fica reconhecido o caráter sacro da monarquia brasileira Os senhores de engenho, donos de fazendas, latifúndios e antigas sesmarias não esboçaram nenhuma reação contrária ao Império Brasileiro A independência lhes convinha O trono reforçou a estrutura hierárquica Também auxiliou, com a força, aquela comunidade antiquada 3 História e Antropologia Jurídica A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador A implantação de um governo central forte impediu o esfacelamento do território Consequência do mandonismo dos tempos coloniais O império foi antimunicipalista, pois instituiu e nomeava os governos provinciais Também não permitiu a hereditariedade da nobreza A Constituição de 1824, bastante progressista, previu a criação de vários códigos, visando libertar o Brasil das obsoletas Ordenações Reais Criou-se o Código Penal em 1830 O Código de Processo Criminal, de 1832 E o Código Comercial, de 1850 Somente em 1916, é que se cria o Código Civil 4 História e Antropologia Jurídica A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador Os ingleses: influência cultural e modernização Dom Pedro II, em virtude da sua personalidade, buscou a modernização do Brasil Entre 1850 até a Primeira Guerra Mundial, enfrentou o grande processo de mudança social, cultural e econômica Dom Pedro II, foi educado nos ideais iluministas e acreditava na liberdade individual, mobilidade social e expansão econômica Admirava as comunidades industrializadas MAS... Precisava manter a estabilidade e perpetuação do Império, com o apoio dos militares, patriarcas rurais e Igreja Católica 5 História e Antropologia Jurídica A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador A estrutura do Império era firme, só vindo a cair quando perdeu o apoio dos latifundiários, após a abolição da escravatura Aconteceram outros abalos do Império, após a “Questão Militar” e a “Questão Religiosa” O processo de industrialização ocorre desde 1850, mas não era bem visto A origem social preordenava as posições e o serviço público era “asilo” de famílias fidalgas A modernização do Brasil não teria sucesso sem a ajuda da Inglaterra O Código Comercial agilizou o comércio A nova situação econômica trouxe uma gama de modificações para a sociedade e para o direito 6 História e Antropologia Jurídica A influência da Grã-Bretanha no processo modernizador Evolucionismo, Laicismo, Individualismo, Positivismo: sua influência sobre a elite O evolucionismo positivista de Herbert Spencer tratava de uma transformação das teses de Darwin para o campo social Essa teoria causou oposição das igrejas cristãs no Brasil Para o positivismo Comteano, o progresso se faria com ordem sob a direção e uma elite (as Forças Armadas) Houve um processo de dessacralização progressiva do Direito e do Estado Havia uma dicotomia entre a elite (laica) e o povo (católica-bíblica) 7 História e Antropologia Jurídica Reflexos na doutrina dos juristas do Império. A reação contra o C.C. José de Alencar: características de sua obra de ficção: uma análise sociológica A sociedade patriarcal fora atacada no final do século XVIII pelo Racionalismo Iluminista e pelo Contratualismo de Rousseau Unidos contra o poder da metrópole, inicialmente Havia alguns, como José Martiniano de Alencar, que era conservador e buscava o retardamento do Código Civil Alencar ao tratar de assuntos de história, dava sua interpretação para orientar o presente Foi ele um autor das massas e falava contra o Código Civil e o Centralismo de Dom Pedro II 8 História e Antropologia Jurídica Reflexos na doutrina dos juristas do Império. A reação contra o C.C. Alencar tinha uma concepção da sociedade como hierárquica e não liberal-democrática Nas suas obras, pregava, entre outras coisas, A autoridade do pai, ultrapassando as barreiras, inclusive da morte Criticava fortemente aquela sociedade industrial e capitalista, em que o dinheiro compra tudo, ou pretende fazê-lo A honradez dos índios, sertanejos e gaúchos – seres do mundo rural, que vivem distante da “vida moderna, industrializada” Até que ponto os romances regionalistas não são uma crítica ao processo de modernização trazido pelos ingleses em prol da valorização das características regionais dos brasileiros? 9 História e Antropologia Jurídica Reflexos na doutrina dos juristas do Império. A reação contra o C.C. A Consolidação das Leis Civis Após a Independência, as Ordenações continuaram a vigir, com exceção de algumas disposições. A Constituição de 1824, já falava da organização de um Código Civil e Criminal Foi celebrado um contrato entre o Governo Imperial e o Bacharel Augusto Teixeira de Freitas para classificação e consolidação da Lei Civil A partir de 1857, após a Consolidação das Leis Civis, abriu-se caminho para a criação do C.C., sob a responsabilidade de Teixeira de Freitas O “Esboço” criado por Teixeira não satisfez Alencar, foi contumaz contrário a promulgação de um Código Civil 10 História e Antropologia Jurídica Reflexos na jurisprudência A Doutrina Jurídica na década de 70 A autoridade paterna não é pura criação do direito positivo, este apenas regula o movimento de um fato que a mesma natureza estabeleceu. (...) Por isto, nosso Direito não vê na menoridade o fundamento do pátrio poder. Essa era a forma como os doutrinadores da época pensavam o direito. Outras posições doutrinárias: A Constituição não se refere à vida civil As normas sobre a vida civil não devem ser subordinadas à Constituição As Ordenações regulavam a vida civil e não havia necessidade de inovar o direito de família Não cabe ao poder público regular a vida privada 11 História e Antropologia Jurídica Reflexos na jurisprudência A forma como os doutrinadores liam as Ordenações e o Direito Romano, levaram a posições contrárias à nova legislação civil. Negava-se, absurdamente, que se devesse tentar harmonizar com a igualdade jurídica, garantida pela letra da Carta, a legislação civil do país, enquanto que o Código Penal foi criado poucos anos após. As Ordenações Reais mantinha desigual a relação entre o cidadão filho-família (enquanto o pai fosse vivo) e o cidadão emancipado. Isso gerava divergência entre os Tribunais Provinciais e a Suprema Corte 12 História e Antropologia Jurídica Reflexos na jurisprudência A Doutrina Jurídica na década de 80 Entre os anos de 1880 e 1889, observavam-se algumas modificações. Para alguns, o Pátrio Poder poderia ser extinto no caso de imigração Além disso, as necessidades de comércio, impunham a emancipação “não considerar emancipada uma pessoa de 21anos de idade é pensar num direito antigo, enquanto o direito moderno enfatiza estar ela preparada para todos os atos da vida civil” “Já demais tarda o Brasil na organização do CC, mas convém que tenha um Código, senão superior, igual ao dos povos mais cultos. Ao invés, é melhor não ter Código” 13 História e Antropologia Jurídica Reflexos na jurisprudência: ela deixa de ser pacífica nos Tribunais As tendências patriarcalistas nos Tribunais Provinciais A inexistência de um Código Civil dava à jurisprudência dos Tribunais um papel preponderante na adaptação perene da norma à vida quotidiana. No Brasil, as Ordenações ainda vigoravam em matéria civil, mas em Portugal já haviam sido revogadas pelo Código Civil de 1867 Os Tribunais Provinciais pregavam o fortalecimento do patriarcalismo e do pátrio poder A Suprema Corte jurisprudência no sentido da Constituição de 1824, primando pela igualdade 14 História e Antropologia Jurídica
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