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EUROPA MEDIEVAL História e Antropologia Jurídica Professor José Walter Lisboa Cavalcanti Faculdade Metropolitana da Grande Recife INTRODUÇÃO Se estende do século V d.C. até o século XV Da queda do Império Romano do Ocidente, em 476, até a tomada de Constantinopla, em 1453. Alta Idade Média (séculos V a IX) Período de desconstrução e construção Finda o mundo romano, nasce um novo mundo Católico e germânico Os povos invasores (germânicos) tinham hábitos muito distintos dos romanos A guerra era primordial para a economia germânica 2 INTRODUÇÃO Com as invasões germânicas, formaram-se vários reinos, alterando a dinâmica social de todos Vândalos, no norte da África Ostrogodos, na Península Itálica Visigodos, na Península Ibérica Anglo-Saxões, na atual Inglaterra Francos, na França Os camponeses livres perdem independência Os guerreiros detiveram a propriedade da terra Surge uma elite guerreira 3 INTRODUÇÃO Baixa Idade Média (séculos IX ao XV) Momento onde foi superado o momento de integração entre os dois mundos Consolida-se o feudalismo Há imensas modificações, que se constituem no nascedouro da Moderna Renascimento do comércio, das cidades, universidades e grandes catedrais A sociedade medieval se consolida Homens livres (guerreiros ou religiosos) e servos 4 INTRODUÇÃO Os servos não eram escravos, mas eram homens “não-livres” Não eram bens alienáveis Estavam “presos” à terra Havendo mudança de propriedade da terra, os servos teriam um outro senhor Não poderiam, via de regra, mudar de feudo quando quisessem 5 SISTEMA FEUDAL Características “Feudalidade é um tipo de sociedade baseado numa organização muito particular entre os homens: laços de dependência de homem para homem estabelecendo uma hierarquia entre os indivíduos. Um homem, o vassalo, confia-se a outro homem, que escolhe para seu amo, e que aceita esta entrega voluntária.” A sobrevivência é o motivo que leva à vassalagem Sobrevivência não era apenas defender-se, mas ter capacidade de atacar 6 SISTEMA FEUDAL Contrato Feudo-Vassálico A concessão de um feudo era feita através de contrato, com ritos e formalidades bilaterais, dentro de um cerimonial: Homenagem, ato de auto-entrega Fé, juramento de fidelidade Investidura, consistia na entrega do benefício O benefício podia ser uma porção de terras um castelo sem terras 7 SISTEMA FEUDAL Efeitos do Contrato Feudo-Vassálico Gerava o poder do senhor (suserano) sobre o vassalo Obrigação de fidelidade Obrigação de proteção e de sustento Ajuda militar e material do vassalo Obrigação de auxiliar ao senhor com conselhos O concilium era uma assembléia deliberativa, presidida pelo senhor da Corte (cúria), com função de julgar causas que lhes eram dirigidas 8 SISTEMA FEUDAL Fim do Contrato Feudo-Vassálico Inicialmente não poderia ser rompido, pois eram sagrados e eternos Todavia às vezes era quebrado pela força ou interesses de uma das partes, mas isso não era “legal” Podia haver renúncia do feudo Podia haver rompimento por sanção Descumprimento dos deveres Excomunhão da igreja 9 SISTEMA FEUDAL Uso e Propriedade no Contrato Feudo-Vassálico Propriedade e posse se confundem O feudo, embora de propriedade do senhor, não era alienável Excluía a hereditariedade do usufruto, pois era pessoal Todavia era comum os filhos dos vassalos assumirem a vassalagem,praticando seus próprios ritos. As FILHAS também poderiam assumir a herança, através dos seus maridos 10 SISTEMA FEUDAL Relações Feudo-Vassálicas e a Justiça Quem mandava para o servo comum, no dia-a-dia, era o senhor feudal A doação do benefício poderia ser de natureza pública (cunhar moeda e fazer justiça) Com o tempo, a jurisdição senhorial, passou a ser exercida conjuntamente com o Conselho de Vassalos No fim da Idade Média, surgiram, nas cidades, também algumas cortes que decidiam sobre questões criminais 11 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Germânico Possuíam direito consuetudinário influenciado pela oralidade, já que não utilizavam escrita A família é a principal instituição, baseada no poder absoluto do pai Os filhos após armados e as filhas ao se casarem se tornavam maiores, mas a família continua responsável Com o tempo, as tribos germânicas, mesmo escrevendo suas leis, não procura impô-las aos romanos (personalidade das leis) 12 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Canônico (cânon=regras) Direito da Igreja Católica Importante pela forçada Igreja Católica e por ser um direito escrito Havia domínio quase absoluto da igreja no campo religioso Foi responsável pelo domínio do direito privado Influenciou alguns direitos dos nossos dias Tinham como fonte o ius divinum, a legislação canônica, os costumes e os princípios do Direito Romano 13 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Canônico (cânon=regras) Em 313, Constantino permitiu às partes submeterem-se, voluntariamente, à jurisdição do bispo de sua região, dando, então à decisão episcopal o mesmo valor de um julgamento laico. Aos clérigos foi dado o privilégio de foro Com o enfraquecimento do poder laico a jurisdição eclesiástica aumentava seu poder, julgando: Padres; cruzados; docente e discente de universidades; pobres; viúvas e órfãos e outras pessoas que infringissem as leis canônicas, adulteras, usura e outros 14 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Canônico (cânon=regras) Na área penal, o processo estava atrelado à queixa, à acusação Prova “irracional” (ordálias unilaterais ou bilaterais) Ferro em brasa Água fervente Prova do cadáver – sangramento Julgamento da cruz Abolidas pela Igreja desde 1215, mas persistiu até XIX, na Rússia. 15 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Romano Foi bastante utilizado na Idade Média, diretamente ou como fonte de inspiração Personalidade das leis, onde o Direito Romano era utilizado para os romanos e o Direito Germânico para as tribos invasoras Mas em algumas regiões o Direito Romano fora descartado Na Europa Oriental (Bizâncio), continuou sendo utilizado durante toda a Idade Média 16 DIREITOS DA IDADE MÉDIA Direito Romano Sabedores do Direito Romano eram os advogados, mas não eram nada bem vistos na Idade Média: “Admira-me poderem vossos religiosos ouvidos suportar as discussões dos advogados, esses eternos combates de palavras em que a inocência é frequentemente imolada e o crime favorecido, e onde, enfim, perde a verdade a sua candura. Fazei calar essas línguas víboras, que destilam o fel da sátira e o veneno da calúnia; fechai esses lábios impuros, dos quais fluem ondas de iniquidade” – Papa Eugênio III “Santo Ivo era Betrão, e, coisa que ao povo espanta, advogado sem ser ladrão!” 17 DIREITOS DA IDADE MÉDIA INQUISIÇÃO É um dos temas mais populares do direito medieval, muito embora não seja exclusivamente medieval Existiu até o século XIX e foi mais forte durante o início da Idade Moderna. A Inquisição era o tribunal especial para julgar e condenar os hereges, pessoas ou grupos que acreditavam em um catolicismo considerado “desviado” ou praticavam atos que indicados como bruxaria ou feitiçaria. Caso de Joana D’Arc. 18 DIREITOS DA IDADE MÉDIA O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares O processo inquisitorial não era diferente em nada do processo comum da Idade Média e Idade Moderna. O Direito de acusar pertencia somente a parte lesada e sem que houvesse queixa era impossível instaurar o processo. O procedimento era público, oral e formalista O julgamento era tal e qual um duelo de fato, as partes batiam-se verbalmente e reconhecia-se a razão daquele que vencesse o embate. 19 DIREITOS DA IDADE MÉDIA O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares Não havia qualquer intenção de considerar as pessoas iguais perante a lei, isto apesar deste conceito não poder ser desconhecido pelos homens medievais ou, pelo menos para os estudiosos da Idade Média, visto que, está na Bíblia, que todos devem ser tratados igualmente diante da justiça. E a Bíblia é, com certeza, o livro mais conhecido na Idade Média. A tortura não era aplicada a nobres e penas para plebeus e nobres eram diferenciadas. 20 DIREITOS DA IDADE MÉDIA O Tribunal do Santo Ofício e os Tribunais Seculares As penas de morte eram impostas, entre outras formas pelo esquartejamento, fogo, roda, forca e decapitação. Esta brutalidade do processo e das penas pode ser entendida através de vários fatores que são, para nós, hoje, ainda um tanto incomodamente próximos. As penas eram formas de vingança e não formas de inserir o indivíduo novamente na sociedade. 21 HISTÓRIA DO DIREITO Geral e Brasil Flávia Lages de Castro Capítulo VII – A Europa Medieval LUMEN JURIS, 2008 22