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<p>i</p><p>INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA</p><p>MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA</p><p>2019</p><p>MANUAL DE NUTRIÇÃO E SAÚDE PÚBLICA</p><p>Nutrição e Saúde Pública</p><p>Código: CFE-PG-ISCED-034</p><p>Total Horas: 125</p><p>Créditos (SNATCA): 05</p><p>ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO</p><p>ii</p><p>Direitos de autor (copyright)</p><p>Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED),</p><p>e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou</p><p>total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónico, mecânico,</p><p>gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto</p><p>Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)).</p><p>A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos</p><p>judiciais em vigor no País.</p><p>Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)</p><p>Direcção de pós-Graduação, Pesquisa e Extensão</p><p>Avenida Mártires da Revolução No 2405/2177 - Macuti</p><p>Beira - Moçambique</p><p>Telefone: 23313689/90</p><p>Cel: +258823109525/847322199</p><p>Fax: 23323501</p><p>E-mail: mestrado@isced.ac.mz</p><p>Website: www.isced.ac.mz</p><p>iii</p><p>Agradecimentos</p><p>O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual</p><p>agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste</p><p>manual:</p><p>Pela Coordenação</p><p>Pelo design</p><p>Direção da Pós-graduação do ISCED</p><p>Gabinete de Monitoria e Avaliação de Qualidade do ISCED</p><p>Financiamento e Logística</p><p>Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância</p><p>(IAPED)</p><p>Elaborado por:</p><p>Msc. Lucinda Manjama Mestre em Nutrição e Saúde, pela Universidade Federal de Goiás,</p><p>Brasil e Elda Cardoso Famba, Técnica Superior e Acessora em Nutrição</p><p>iv</p><p>ÍNDICE</p><p>Visão geral 1</p><p>Bem-vindo ao Módulo de Nutrição em Saúde Pública ..................................................... 1</p><p>Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1</p><p>Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2</p><p>Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2</p><p>Ícones de actividade ......................................................................................................... 4</p><p>Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4</p><p>Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6</p><p>Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 7</p><p>Avaliação ........................................................................................................................... 7</p><p>TEMA I: CONSIDERAÇÕES GERAIS 9</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.1. Introdução à Nutrição ............................................................ 10</p><p>Introdução ............................................................................................................ 10</p><p>Sumário ................................................................................................................. 16</p><p>Exercícios de auto-avaliação ................................................................................. 16</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Principais Grupos de Alimentos ............................................. 19</p><p>Introdução ............................................................................................................ 19</p><p>Sumário ................................................................................................................. 29</p><p>Exercícios de auto – avaliação .............................................................................. 29</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Factores que Influenciam os Hábitos Alimentares ................ 31</p><p>Introdução ............................................................................................................ 31</p><p>Sumário ................................................................................................................. 33</p><p>Exercícios de auto-avaliação ................................................................................. 33</p><p>Exercícios……………………………………………………………………………………………………………………35</p><p>TEMA II: PROBLEMAS NUTRICIONAIS EM SAÚDE PÚBLICA 40</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 2.1. Principais problemas Nutricionais em Saúde Pública. .......... 41</p><p>Introdução…………..……………………………………………………………………………………………41</p><p>Sumário.................................................................................................................. 57</p><p>Exercícios de auto-avaliação ................................................................................. 58</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 2.2. Quadro Conceptual da Desnutrição ...................................... 60</p><p>Introdução ............................................................................................................. 60</p><p>Sumário.................................................................................................................. 67</p><p>Exercícios de auto-avaliação ................................................................................. 68</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Principais Intervenções na Área de Saúde Pública ................ 70</p><p>Introdução ............................................................................................................. 70</p><p>Sumário.................................................................................................................. 76</p><p>Exercícios de auto-avaliação ................................................................................. 77</p><p>Exercícios ............................................................................................................... 79</p><p>v</p><p>TEMA III: AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM BASE NA AVALIAÇÃO DIETETICA 84</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 3.1. Inquéritos Alimentares .......................................................... 85</p><p>Introdução ............................................................................................................. 85</p><p>Sumário.................................................................................................................. 95</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................. 96</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 3.2. Metódos de Avaliação Alimentar ......................................... 98</p><p>Introdução ............................................................................................................. 98</p><p>Sumário................................................................................................................ 109</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 109</p><p>Exercícios ............................................................................................................. 111</p><p>TEMA IV: AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DO ESTADO NUTRICIONAL 117</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 4.1. Introdução Métodos de Avaliação Nutricional .................... 118</p><p>Introdução ........................................................................................................... 118</p><p>Sumário................................................................................................................ 132</p><p>Exercícios de auto-avaliação ............................................................................... 132</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 4.2. Principais indicadores Antropométricos Nutricionais. ........ 135</p><p>Introdução ........................................................................................................... 135</p><p>Sumário................................................................................................................</p><p>alimentar, as mães poderiam preparar papas</p><p>fermentadas e enriquecidas tanto doces como salgadas para as</p><p>crianças, mas a maioria afirmou não ter condições financeiras mas</p><p>ainda assim, existiram algumas mães que afirmaram comprar as papas</p><p>instantâneas (não ideais para as crianças menores de 2 anos) que não</p><p>é muito sustentável dada a situação económica das mesmas e por</p><p>outro lado, podem não ser devidamente preparadas em termos de</p><p>higiene e preparação (diluições ou concentrações inadequadas) que</p><p>pode culminar com a desnutrição das crianças.</p><p>Alguns estudos referem que a existência de tabus durante a gravidez</p><p>onde as mulheres reportam que existem alimentos prejudiciais para a</p><p>saúde da mãe e do bebé. Os alimentos mencionados como prejudiciais</p><p>para a mulher grávida ou lactante foram: piripiri, cana-de-açúcar,</p><p>farinha de mandioca e peixe seco o consumo de carnes de ovelha,</p><p>carne de porco e de caça onde a carne de vaca e piripiri fazem com</p><p>que o umbigo demore cair. O consumo de ovos muitas vezes é</p><p>considerado, como prejudicial pois segundo as lendas populares “o</p><p>bebé pode nascer careca” ou “a grávida vai ter vontade de defecar</p><p>durante o parto o que dificultará o processo”, e acham que “comer</p><p>gelados/sorvete pode provocar abortos”. Devido a condição de</p><p>pobreza algumas gestantes referem que comem de tudo mesmo</p><p>apesar dos riscos devido aos tabus.</p><p>Outros tabus importantes reportados foram o ovo, a comida do dia</p><p>33</p><p>anterior e alguns tipos de peixe porque “o bebé nasce mole, sonolento</p><p>e demora a dar o primeiro grito ao nascer”. Algumas mulheres</p><p>referem que não se deveria comer comidas amargas nem tomar</p><p>medicamentos amargos ao exemplo do Quinino (Anti Malárico). Certas</p><p>mulheres rurais acreditam que na gravidez não devem comer sangue</p><p>de animais pois correm o risco de perder muito sangue durante o</p><p>parto ou que não se pode comer fígado pois o bebé pode nascer</p><p>careca e se comerem ovos o bebé não encontra o caminho de saída no</p><p>parto. O consumo de álcool durante a gravidez é proibido.</p><p>Em relação a amamentação à primeira hora muitas mães referem que</p><p>deram o colostro mas, não sabem porque devem dar o colostro. Em</p><p>muitos locais do país o colostro é considerado leite sujo e por esse</p><p>motivo não deve ser oferecido as crianças. A prática de administração</p><p>de medicamentos tradicionais ainda continua muito preocupante</p><p>devido a percepção de que estes medicamentos previnem a epilepsia.</p><p>Segundo o Inquérito Demográfico de Saúde (IDS, 2011), apenas 43%</p><p>das crianças são exclusivamente amamentadas no país, a introdução</p><p>da alimentação complementar começa a partir dos 4 meses segundo</p><p>orientação que é passada pelas mães e outras mulheres mais velhas</p><p>na família. Esta prática deve-se a percepção local de que a criança não</p><p>fica satisfeita apenas com o leite materno, a criança fica com fome e</p><p>começa a seguir com os olhos e a puxar a mão da mãe para a boca, e a</p><p>criança demonstra que já quer comer alimentos sólidos arrancando a</p><p>comida da mão da mãe.</p><p>Sumário</p><p>Os hábitos alimentares influenciam negativamente a alimentação da</p><p>família e principalmente da criança pequena. A proibição de consumo</p><p>de alimentos como carnes, peixes pelas mulheres grávidas contribui</p><p>para que as mulheres não ganhem peso durante a gravidez. Os tabus</p><p>alimentares como a administração de medicamentos tradicionais às</p><p>crianças antes dos 6 meses de vida compromete o cumprimento da</p><p>recomendação do aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6</p><p>meses de vida da criança sendo este o período em que o organismo da</p><p>criança não esta preparado para receber alimentos diferentes do leite</p><p>materno. Reconhecendo que o aleitamento materno exclusivo é um</p><p>factor protector para muitas doenças há necessidade de sensibilizar as</p><p>mães para a adopção desta recomendação.</p><p>Exercícios de autoavaliação</p><p>1. Quais são os alimentos que as mulheres grávidas não devem</p><p>consumir segundo os tabus?</p><p>34</p><p>Resposta: as mulheres grávidas não devem comer alguns tipos de</p><p>carne, peixe e ovos.</p><p>2. Quais são os factores de risco para a desnutrição no país?</p><p>Resposta: a prática inadequada do aleitamento materno exclusivo</p><p>e aleitamento continuado, o baixo consumo de frutas e vegetais e</p><p>o baixo consumo de peixe, o consumo excessivo de sal (sódio) e</p><p>açúcares simples.</p><p>3. Quais são as consequências do consumo de ovos segundo os</p><p>tabus?</p><p>Resposta: o consumo de ovos é considerado, como prejudicial uma</p><p>vez que o bebé pode nascer careca e a grávida vai ter vontade de</p><p>defecar o que dificulta o parto e comer gelados/sorvete pode</p><p>provocar abortos.</p><p>4. Quais são os outros factores que influenciam o consumo de</p><p>uma dieta adequada?</p><p>Resposta: o estado nutricional da criança é influenciado pelo</p><p>consumo de uma dieta adequada como a práticas de alimentação</p><p>infantil e a ingestão alimentar da criança, bem como a exposição</p><p>às doenças.</p><p>5. Qual é a importância dos medicamentos tradicionais?</p><p>Resposta: a prática de administração de medicamentos é muito</p><p>preocupante devido a percepção de que estes medicamentos</p><p>previnem a epilepsia.</p><p>6. Segundo o IDS; 2011 qual é a percentagem de crianças que são</p><p>exclusivamente amamentadas?</p><p>Resposta: apenas 43% das crianças são exclusivamente</p><p>amamentadas nos primeiros 6 meses.</p><p>7. Quando deve iniciar a introdução de alimentos</p><p>complementares?</p><p>Resposta: A introdução de alimentos complementares deve iniciar</p><p>a partir dos 6 meses de idade.</p><p>8. Como é que as práticas alimentares são transmitidas as novas</p><p>gerações?</p><p>Resposta: As mulheres mais velhas (sogras, tias, avós), líderes</p><p>comunitários, matronas, práticas de medicina tradicional tem o</p><p>papel de passar oralmente a mensagens sobre as práticas de</p><p>alimentação infantil.</p><p>9. Quais são os benefícios do aleitamento materno?</p><p>Resposta: o aleitamento materno é um factor protector para a</p><p>35</p><p>prevenção de doenças e da desnutrição nas crianças.</p><p>10. Considera que o país apresenta estudos suficientes para</p><p>fundamentar as práticas de alimentação infantil?</p><p>Resposta: O país precisa de mais estudos que possam aprofundar o</p><p>conhecimento cultural (tabus e hábitos) relacionados as práticas</p><p>de alimentação infantil.</p><p>1. O que é um guia alimentar?</p><p>2. Qual é a importância do guia alimentar?</p><p>3. Como se chama o guia alimentar moçambicano?</p><p>4. Como esta representado o guia alimentar moçambicano?</p><p>5. Compare os 3 guias alimentares que se encontram neste tema.</p><p>6. Quantos grupos de alimentos apresenta o guia alimentar</p><p>moçambicano?</p><p>7. Qual é a função do grupo dos alimentos construtores?</p><p>8. Mencione pelo menos 6 alimentos do grupo construtores.</p><p>9. Qual é a função do grupo dos alimentos protectores?</p><p>10. Mencione pelo menos 6 alimentos do grupo dos protectores.</p><p>11. Descreva alimentação saudável.</p><p>12. Descreva a importância da água para o organismo.</p><p>13. Discuta as funções dos 4 grupos de alimentos.</p><p>14. Identifique pelo menos 3 alimentos de cada um dos grupos de</p><p>alimentos.</p><p>15. Qual é a função do grupo dos alimentos de base?</p><p>16. Liste pelo menos 4 alimentos deste grupo.</p><p>17. Qual é a função dos grupos alimentos de energia concentrada?</p><p>18. Mencione pelo menos 5 alimentos deste grupo.</p><p>19. Elabore um menu saudável para um dia.</p><p>20. Em suas palavras defina a Nutrição.</p><p>21. Quais são os factores que influenciam a alimentação infantil?</p><p>22. Como é que estes factores são transmitidos as novas gerações?</p><p>23. Quem são os responsáveis por esta transmissão?</p><p>24. Será que os tabús influenciam negativamente a alimentação</p><p>Exercícios</p><p>36</p><p>infantil?</p><p>25. Em suas palavras defina aleitamento materno exclusivo.</p><p>26. Em poucas palavras debruce-se sobre desnutrição.</p><p>27. Quais são as práticas de alimentação infantil existentes no país?</p><p>28. Quais são os factores de risco para a desnutrição no país?</p><p>29. Quais são os benefícios do aleitamento materno?</p><p>30. Considera que o país apresenta estudos suficientes para</p><p>fundamentar as práticas de alimentação infantil?</p><p>Guia de correção</p><p>1. Guia alimentar é um instrumento</p><p>usado para educar a</p><p>população sobre como ter uma alimentação saudável com base</p><p>em alimentos localmente disponíveis. Ele pode se apresentar</p><p>em forma de pirâmide, roda de acordo com a especificidade de</p><p>cada País.</p><p>2. O Guia alimentar representa um importante instrumento de</p><p>Educação Alimentar e Nutricional capaz de informar a todos os</p><p>grupos etários os princípios básicos de uma alimentação</p><p>saudável.</p><p>3. O Guia alimentar de Moçambique é o cartaz a nossa</p><p>alimentação.</p><p>4. O cartaz a nossa alimentação esta representado por 4 grupos</p><p>de alimentos, onde três grupos de alimentos acompanhantes</p><p>(são os caris) estão a volta do grupo dos alimentos de base. O</p><p>cartaz também apresenta a água que é importante para as</p><p>diferentes reacções no organismo e recomenda a prática</p><p>regular da actividade física.</p><p>5. O guia alimentar Português é uma roda de alimentos dividida</p><p>em segmentos que representam sete grupos de alimentos. A</p><p>pirâmide alimentar é composta por uma base e o topo e várias</p><p>camadas distribuídos ao logo da mesma.</p><p>6. O cartaz a nossa alimentação é composto por quatro grupos de</p><p>alimentos.</p><p>7. O grupo dos construtores fornecem proteínas que têm como</p><p>principal tarefa: Construção e reparação dos tecidos do corpo,</p><p>Produção de anticorpos. Cada grama fornece 4 kcal.</p><p>8. Os alimentos do grupo construtores são: carnes, aves, feijão,</p><p>ovo, leite, peixes, camarão, etc.</p><p>9. Os alimentos protectores fornecem vitaminas e minerais que</p><p>tem como principal tarefa fortalecer o sistema imunológico e</p><p>37</p><p>proteger o organismo de doenças. Cada grama fornece 4 Kcal.</p><p>10. Os alimentos protectores são: Banana, laranja, couve,</p><p>espinafre, cenoura, tomate, malambe, papaia, etc.</p><p>11. Alimentação Saudável é aquela que tem todos os nutrientes</p><p>que necessitamos para nos manter vivos, garantindo um bom</p><p>crescimento e desenvolvimento.</p><p>12. A água é imprescindível à vida, possuindo funções essenciais</p><p>no nosso organismo: transporte de nutrientes e de produtos</p><p>resultantes do metabolismo, regulação da temperatura</p><p>corporal, interferência no funcionamento de todos os sistemas</p><p>e órgãos, sendo o meio onde são realizadas todas as reações</p><p>do organismo.</p><p>13. O grupo dos construtores são boas fontes de proteínas</p><p>importantes para a construção dos tecidos do organismo. O</p><p>grupo dos protectoes são ricos em vitaminas e minerais que</p><p>são micronutrientes necessários ao organismo e devem ser</p><p>ingeridos diariamente. O grupo de alimentos de base são</p><p>formados principalmente por hidratos de carbono que</p><p>fornecem energia necessária para o funcionamento do</p><p>organismo (corpo). Por fim o grupo dos alimentos de energia</p><p>concentrada são gorduras e estes alimentos devem ser</p><p>consumidos em pequenas quantidades.</p><p>14. Alimentos construtores: vaca, cabrito, carneiros, porco, carne</p><p>de caça, gafanhoto, caracol;</p><p>Alimentos protectores: alface, abóbora, laranja, manga;</p><p>Alimentos de base: Milho, arroz, mandioca, batata, batata-</p><p>doce;</p><p>Alimentos de energia concentrada: amendoim, castanha, óleos,</p><p>banhas.</p><p>15. Alimentos de base/ cereais, tubérculos e raízes são formados</p><p>principalmente por hidratos de carbono que fornecem energia</p><p>necessária para o funcionamento do organismo (corpo). Eles</p><p>fornecem 4kcal por cada grama.</p><p>16. Os alimentos de base são: pães, batata, banana verde, milho,</p><p>trigo, aveia, arroz, madumbe, inhame.</p><p>17. Os alimentos de energia concentrada são como co-factores</p><p>enzimáticos, pigmentos fotossensíveis que ajudam nos</p><p>dobramentos de proteínas, no trato digestivo como agentes</p><p>emulsificantes, como hormônios, entre outras funções.</p><p>18. Os alimentos de energia concentrada são: óleos, banha,</p><p>amendoim, castanha, gergelim.</p><p>38</p><p>19. Café da manhã: Leite e mandioca e papaia;</p><p>Almoço: Xima com verdura de couve com coco e peixe</p><p>grelhado;</p><p>Lanche: Sumo natural de laranja com batata-doce de polpa</p><p>alaranjada e banana;</p><p>Jantar: Esparguete com carne de vaca e salada de pepino e</p><p>laranja;</p><p>Ceia: Abacate.</p><p>20. Nutrição: é a ciência que estuda os alimentos, seus nutrientes,</p><p>bem como sua acção, interação e balanço em relação a saúde e</p><p>doença, além dos processos pelos quais o organismo ingere,</p><p>absorve, transporta, utiliza e excreta os nutrientes.</p><p>21. Os factores que influenciam a alimentação infantil são: os</p><p>hábitos culturais, questões de género e a forma como os</p><p>recursos alimentares estão disponíveis ou acessíveis para as</p><p>famílias.</p><p>22. Os factores são transmitidas de geração em geração pelas</p><p>mulheres mais velhas (sogras, tias, avós), líderes comunitários,</p><p>matronas, práticas de medicina tradicional tem o papel de</p><p>passar oralmente a mensagens sobre as práticas de</p><p>alimentação infantil.</p><p>23. Os responsáveis pela transmissão são os mais velhos,</p><p>influentes a nível da comunidade.</p><p>24. Sim, alguns tabus principalmente os proibitivos influenciam</p><p>negativamente na alimentação e saúde da criança por</p><p>impedirem que ela obtenha dos alimentos os nutrientes</p><p>necessários para o seu desenvolvimento.</p><p>25. Aleitamento materno exclusivo (AME): trata-se da alimentação</p><p>de um bebé apenas com leite materno da própria mãe ou uma</p><p>ama-de-leite ou leite materno extraído, e sem outros líquidos</p><p>ou sólidos exceptuando as vitaminas, suplementos mineiros ou</p><p>medicamentos em gotas ou xarope.</p><p>26. Desnutrição: designa o fraco estado nutricional provocado pela</p><p>nutrição deficitária ou nutrição excessiva (subnutrição ou</p><p>sobrenutrição).</p><p>27. As práticas de alimentação infantil no país são: administração</p><p>do colostro a primeira hora após o parto apesar de algumas</p><p>mães desprezarem esse leite, aleitamento materno exclusivo</p><p>até ao 6 mês (apenas 55% dos bebes são amamentados</p><p>exclusivamente), alimentação complementar porém observa-</p><p>se fraco enriquecimento das papas e alimentação da criança</p><p>39</p><p>mesmo em famílias com alimentos disponíveis.</p><p>28. Os factores de risco para a desnutrição são: a prática</p><p>inadequada do aleitamento materno exclusivo e aleitamento</p><p>continuado, o baixo consumo de frutas e vegetais e o baixo</p><p>consumo de peixe, o consumo excessivo de sal (sódio) e</p><p>açúcares simples.</p><p>29. Os benefícios do aleitamento materno são: protege o bebé</p><p>contra doenças, especialmente contra a diarreia e infecções</p><p>respiratórias; é alimento completo para recém-nascidos até</p><p>aos primeiros 6 meses de idade; aumenta a ligação entre a mãe</p><p>e o bebé; tem água suficiente mesmo em dias de muito calor; é</p><p>de fácil digestão; está sempre pronto a temperatura certa e</p><p>limpo.</p><p>30. O país precisa de mais estudos que possam aprofundar o</p><p>conhecimento cultural (tabus e hábitos) relacionados as</p><p>práticas de alimentação infantil.</p><p>_________________________________________________________</p><p>40</p><p>TEMA II: PROBLEMAS NUTRICIONAIS EM SAÚDE PÚBLICA</p><p>Caro estudante, no segundo tema do nosso módulo iremos nos</p><p>debruçar em torno de três (3) itens fundamentais sobre os problemas</p><p>nutricionais em Saúde Pública, como são apresentados a seguir:</p><p>• Unidade Temática 2.1. Principais problemas Nutricionais em Saúde</p><p>Pública</p><p>• Unidade Temática 2.2. Quadro Conceptual da desnutrição</p><p>• Unidade Temática 2.3.Principais Intervenções na área de Saúde</p><p>Pública.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>41</p><p>Unidade Temática 2.1. Principais problemas Nutricionais em Saúde Pública.</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade, pretendemos que você desenvolva uma postura</p><p>diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Identificar os principais problemas de saúde pública</p><p>relacionados à nutrição;</p><p>▪ Descreva o quadro conceptual da desnutrição;</p><p>▪ Mencione pelo menos 5 intervenções na área de Nutrição.</p><p>1. Situação Nutricional no Mundo</p><p>A desnutrição infantil é um problema de dimensões alarmantes em</p><p>boa parte do mundo. Associada à pobreza e à desigualdade,</p><p>é um</p><p>expressivo factor de mortalidade de crianças nos países em</p><p>desenvolvimento, apesar dos esforços realizados nas últimas décadas</p><p>para reduzir esse índice. De acordo com os dados do UNICEF (2014),</p><p>51 milhões de crianças a mundial sofrem de desnutrição conforme</p><p>apresentado abaixo no Gráfico 1.</p><p>Gráfico 1. Estimativa Mundial da Desnutrição em crianças menores de 5</p><p>anos.</p><p>Fonte: UNICEF, 2014.</p><p>Segundo o Lancet (2013), 12,6% das mortes de crianças menores de 5</p><p>anos nos países em desenvolvimento estão relacionadas à</p><p>42</p><p>desnutrição, tanto Desnutrição Aguda Moderada (DAM) como a</p><p>Desnutrição Aguda Grave (DAG).</p><p>Gráfico 2. Total de mortes de crianças menores de 5 anos.</p><p>Fonte: Lancet, 2013.</p><p>Ela também aumenta o risco de uma série de doenças e pode afetar o</p><p>crescimento e o desenvolvimento cognitivo. Além disso, crianças</p><p>desnutridas têm mais probabilidade de apresentar complicações de</p><p>saúde na idade adulta. Por isso, a segurança alimentar e nutricional é</p><p>uma questão básica da saúde para a infância (UNICEF, 2006).</p><p>Por outro lado, nos últimos o mundo vive uma transição</p><p>alimentar/nutricional também conhecida como uma mutação</p><p>antropológica, isto devido a transição demográfica, o crescente</p><p>desenvolvimento industrial e tecnológico (Souza et al, 2017).</p><p>No Brasil, ao comparar pesquisas nacionais de 1970, 1980 e 1990,</p><p>observa-se um declínio da desnutrição com redução de</p><p>aproximadamente 72% da baixa estatura para a idade (Desnutrição</p><p>Crónica) em crianças. Por outro lado, o excesso de peso entre as</p><p>crianças dos 5 a 9 anos aumentou de 13,8% para 19,1% nas raparigas e</p><p>de 10,4% para 14,3%, em rapazes. Em mulheres adultas, a evolução foi</p><p>de 22,2% (1974/1975) para 39,1% (1989) e 47,0% (1995/1996), o que</p><p>totalizou um aumento de 112% no sobrepeso (IMC ≥ 25,0Kg/m2)</p><p>(Souza et 2017).</p><p>Ainda no Brasil, o padrão alimentar e dietético alterou-se rapidamente</p><p>onde observa-se um aumento do consumo de refrescos, biscoitos,</p><p>embutidos e refeições industrializadas, bem como a redução do</p><p>consumo de alimentos fonte de proteína animal, raízes e tubérculos.</p><p>Associada a isso, a mortalidade por Doenças Não Transmissíveis (DNT)</p><p>aumentou em mais de três vezes entre as décadas de 1930 e 1990.</p><p>43</p><p>Também nesse período, observou-se um aumento da prevalência da</p><p>anemia e redução do bócio (deficiência de iodo) sendo apontada como</p><p>factor de sucesso a iodização do sal da cozinha (Souza et al. 2017).</p><p>Tais paradoxos são verificados também em países que historicamente</p><p>têm superado o problema da fome, desnutrição e pobreza extrema.</p><p>Segundo estimativas da OMS, a deficiência de iodo na Europa</p><p>permanece como problema de saúde pública, ainda que seja</p><p>predominante a forma leve da carência. Em 2011, ainda existiam 32</p><p>países com esse problema no mundo, e 11 (34%) deles estavam na</p><p>Europa, o maior percentual em termos continentais. Por outro lado, a</p><p>obesidade também tem-se revelado como importante desafio na</p><p>Europa, com rápido crescimento entre os grupos de menor nível de</p><p>renda e escolaridade.</p><p>Nos Estados Unidos, a manutenção de profundas desigualdades de</p><p>renda e raça também tem contribuído para problemas nos padrões</p><p>alimentares e dietéticos. Os mais pobres e que vivem em condição de</p><p>insegurança alimentar têm maior probabilidade de serem obesos, uma</p><p>vez que estão mais expostos a reduzida qualidade dos alimentos a</p><p>preço acessível.</p><p>Os paradoxos entre escassez e excessos, o global e o local, o</p><p>desenvolvimento e a desigualdade, são constantes contradições da</p><p>sociedade pós-moderna e têm interferido na forma de se comportar,</p><p>comer, se relacionar e adoecer das pessoas. À medida que a</p><p>obesidade, a anemia e outras deficiências nutricionais convivem no</p><p>mesmo corpo e em todas as classes sociais, se diferenciam pelo</p><p>contexto sociocultural em que estas pessoas estão inseridas e podem</p><p>interferir nos desdobramentos em virtude do acesso, conhecimento e</p><p>outras condições, ou a falta delas, de enfrentamento do problema.</p><p>A nível global, podemos observar algumas iniciativas para a melhoria</p><p>da nutrição, como o caso da Cidade de Berkeley, na Califórnia, foi a</p><p>primeira nos Estados Unidos a aprovar a aplicação de imposto de</p><p>aproximadamente 10% para as bebidas açucaradas.</p><p>No Reino Unido a medida foi mais recente (2016) e no Brasil encontra-</p><p>se em tramitação um Projecto de Lei (1.755/2007) para proibição da</p><p>venda de refrescos nas escolas de educação primária. O Brasil adoptou</p><p>também medidas de proporções mais amplas como incentivo à</p><p>produção local e familiar com garantia de compra, a exemplo do</p><p>Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a inclusão da agricultura</p><p>familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).</p><p>Já o Chile e o Equador adoptaram um sistema de rotulagem, cujas</p><p>44</p><p>informações e alertas gráficos são colocados na frente dos pacotes</p><p>para chamar atenção dos consumidores quanto à qualidade do</p><p>alimento. No entanto, existem outras iniciativas, como a regulação do</p><p>marketing e propaganda de alimentos, que continuam sendo um</p><p>desafio tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.</p><p>A Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição (2014) trouxe um</p><p>conjunto de acções políticas que os governos se comprometeram em</p><p>implementar para enfrentar a malnutrição em todas as suas formas</p><p>(sobrepeso e obesidade, desnutrição, deficiências de micronutrientes).</p><p>Entre as acções propostas destacam-se o fortalecimento de locais para</p><p>produção e processamento de alimentos, especialmente por</p><p>pequenos agricultores; incentivo à redução de gordura saturada,</p><p>açúcares e sal de alimentos e bebidas; formação de recursos humanos;</p><p>regulamentação do marketing e propaganda de alimentos,</p><p>especialmente quanto à comercialização dos substitutos do leite</p><p>materno; criação de ambientes propícios para a promoção da</p><p>actividade física desde as fases iniciais da vida, dentre outras acções</p><p>(Souza et al, 2017).</p><p>2. Situação Nutricional no país</p><p>A fome e a insegurança alimentar tem vindo a aumentar apesar dos</p><p>níveis de desnutrição infantil estarem a diminuir. No entanto, a</p><p>prevalência da obesidade tem vindo a aumentar. As causas de</p><p>desnutrição e outras formas de malnutrição são complexas e</p><p>multissectoriais e estão profundamente enraizadas nas estruturas</p><p>políticas e económicas e os factores ideológicos que influenciam o</p><p>controlo de recursos (PAMRDC, 2010).</p><p>As rápidas mudanças demográficas, sociais e económicas em muitos</p><p>países de baixa e média renda, tem conduzido a uma maior</p><p>urbanização e a mudanças no padrão alimentar, os estilos de vida e os</p><p>hábitos alimentares. Em consequência, os hábitos alimentares voltam-</p><p>se para um maior consumo de alimentos altamente processados e</p><p>hipercalóricos com alto teor de gorduras saturadas, açúcares e sal e</p><p>baixo teor de fibra (PAMRDC, 2010).</p><p>A desnutrição é o principal problema nutricional de Moçambique,</p><p>seguido pelas deficiências de micronutrientes, nomeadamente a</p><p>vitamina A, o ferro e o Iodo. Estudos realizados nos últimos anos</p><p>confirmam que o combate a desnutrição crónica em crianças menores</p><p>de 5 anos mantêm-se estacionária apesar do investimento feito nesta</p><p>área. Em 2003, a prevalência de desnutrição crónica era de 48%,</p><p>passou a 44% em 2008 e em 2011 e 2013 a prevalência manteve-se</p><p>45</p><p>em 43% uma redução de 0.7% ao ano (PAMRDC, 2010).</p><p>Gráfico 3. Evolução da desnutrição crónica em menores de 5 anos em</p><p>Moçambique segundo inquéritos realizados no período de 2003 a 2013.</p><p>Fonte: SETSAN, 2014.</p><p>A Desnutrição é uma doença de natureza multissectorial cujas raízes</p><p>se encontram principalmente na pobreza. As causas da desnutrição</p><p>são agrupadas em três níveis: As causas imediatas que incluem: 1)</p><p>aleitamento materno insuficiente, 2) consumo inadequada de</p><p>alimentos e 2) as doenças infeciosas. As causas subjacentes: 1) a</p><p>insegurança alimentar (fraca produção, acesso a alimentos e falta de</p><p>dinheiro para comprar alimentos), 2) baixa qualidade dos cuidados</p><p>para mães e crianças e 2) disponibilidade</p><p>inadequada de serviços de</p><p>saúde, saneamento e falta de acesso a fontes de água potável</p><p>(PAMRDC, 2010).</p><p>A ingestão inadequada de nutrientes e/ou infecções representam as</p><p>causas directas mais comuns de desnutrição. Medidas como</p><p>aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, introdução</p><p>de alimentação complementar adequada a partir dos seis meses de</p><p>idade, reeducação alimentar, higiene alimentar e individual adequada</p><p>e cumprimento do calendário de vacinações contribuem para o</p><p>melhor estado de saúde das crianças e consequentemente do seu</p><p>estado nutricional (UNICEF, 1998).</p><p>Quanto às deficiências de micronutrientes, segundo o IDS, em 2011,</p><p>69% das crianças de 6 a 59 meses apresentavam algum grau de</p><p>anemia ferropênica. A prevalência da anemia no país está</p><p>correlacionada com a situação socioeconómica da criança. A anemia</p><p>também afecta 54% das mulheres em idade reprodutiva.</p><p>A deficiência de iodo é endêmica no país e estima-se que afecta 30%</p><p>das mulheres em idade reprodutiva e 68% da população em idade</p><p>46</p><p>escolar (MISAU 2006). Em 2011, o inquérito revelou que apenas 45%</p><p>dos agregados familiares consumiam sal iodado.</p><p>A deficiência de vitamina A atingia em 2002, 69% das crianças de 6 a</p><p>59 meses, dos quais 14% tinham deficiência severa e 55% moderada</p><p>(MISAU, 2003). Em 2011, o inquérito identificou 69% de crianças</p><p>menores de 5 anos tinham deficiência de anemia.</p><p>O país vive neste momento a dupla carga da nutrição, onde os</p><p>problemas nutricionais ligados a défice e excesso partilham o espaço</p><p>ou seja coexistência de excesso de peso e doenças crónicas não</p><p>transmissíveis como: diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão</p><p>arterial, e ainda desnutrição e deficiências de micronutrientes. Em</p><p>2005, 21.2% da população estava acima do peso (sendo 13.5% dos</p><p>homens e 27.1% das mulheres) e 7.5%, obesa estas prevalências</p><p>tiveram um aumento significativo segundo o STEPS, 2015 onde a</p><p>prevalência de obesidade aumentou para 9.7%, a hipertensão arterial</p><p>para 39% e a diabetes para 7.4%, no entanto, a prevalência da</p><p>desnutrição crónica manteve-se estacionária em 43% segundo o</p><p>inquérito realizado em 2013.</p><p>Tabela 1. Evolução de Indicadores entre 2005 e 2015 em Moçambique - em</p><p>Participantes com Idades entre 25 e 64 Anos.</p><p>Prevalência (%)</p><p>2005 2014/2015</p><p>Obesidade (índice de massa corporal ≥30 kg/m2) 5.0 9.7</p><p>Hipertensão arterial 33.1 39.0</p><p>Diabetes 2.8 7.4</p><p>Fonte: Steps, 2005, 2015.</p><p>A característica da transição nutricional refere-se às mudanças</p><p>negativas nos padrões alimentares, relacionado a um aumento no</p><p>consumo de alimentos industrializados ou ultra processados, ricos em</p><p>açúcar refinado e gorduras trans (hidrogenada) e um reduzido</p><p>consumo de alimentos ricos em frutas, vegetais, carbohidratos</p><p>complexos (integrais) e fibras. Em Moçambique, o consumo de frutas e</p><p>hortaliças é conhecidamente baixo e a maioria dos alimentos</p><p>processados consumidos são ricos em gorduras e açúcares, como</p><p>biscoitos e bebidas açucaradas, provenientes em sua maioria de</p><p>importação.</p><p>3. Classificação da Situação Nutricional segundo a OMS</p><p>Tabela 2. Classificação da gravidade da desnutrição.</p><p>47</p><p>Fonte: OMS, 2006.</p><p>Tabela 3. Classificação da gravidade da deficiência de micronutrientes.</p><p>Fonte: OMS, 2006.</p><p>4. PRINCIPAIS INTERVENÇÕES NA ÁREA DE SAÚDE PÚBLICA</p><p>4.1. ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO DURANTE OS PRIMEIROS 6</p><p>MESES</p><p>O aleitamento materno é a principal estratégia natural de</p><p>sobrevivência da criança porque desempenha um papel importante na</p><p>nutrição e hidratação, na imunização, no crescimento e</p><p>desenvolvimento e, na segurança alimentar e nutricional. Estes</p><p>factores permitem que a criança atinja seu potencial máximo de</p><p>crescimento e desenvolvimento.</p><p>Muitos estudos realizados em países em desenvolvimento mostram</p><p>que as crianças que não recebem aleitamento materno têm</p><p>probabilidade de 6 a 10 vezes maior de morrer durante os primeiros</p><p>meses de vida, em comparação com as crianças que são alimentadas</p><p>com o leite materno.</p><p>Quadro 2. Vantagens do Aleitamento Materno</p><p>O bebé amamentado</p><p>Sistema de defesa</p><p>(imunológico)</p><p>Melhor resposta a vacinação. O leite humano ajuda</p><p>a amadurecer o sistema de defesa.</p><p>QI (coeficiente de</p><p>inteligência)</p><p>Colesterol e outros tipos de gorduras do leite</p><p>humano potencializam o crescimento do tecido</p><p>nervoso.</p><p>Olhos Melhor acuidade visual.</p><p>48</p><p>Pele Menos casos de Eczema alérgico em crianças</p><p>amamentadas.</p><p>Ouvido Bebés amamentados têm menos infecções de</p><p>ouvido.</p><p>Intestino Menos episódios de intestino preso.</p><p>Trato Urinário Menos infecções em crianças amamentadas</p><p>Rins O leite humano tem menos sal e menos proteína</p><p>que os leites artificiais e, não sobrecarregam os rins</p><p>do bebé. As proteínas do leite materno são de</p><p>melhor qualidade e digestibilidade que as dos leites</p><p>artificiais.</p><p>Boca Desenvolvimento dos músculos da face pelo ato de</p><p>sugar, favorecer a fala e correcto posicionamento</p><p>dos dentes.</p><p>Paladar Mudanças sutis no sabor do leite materno</p><p>preparam a criança para aceitar melhor diferentes</p><p>sabores dos alimentos sólidos e no</p><p>desenvolvimento de gostos variados.</p><p>Sistema respiratório Bebés amamentados têm menos infecções</p><p>respiratórias superiores graves, menos chiados,</p><p>menos gripes e menos risco de pneumonia.</p><p>Sistema digestivo Bebés amamentados têm menos casos de diarreia</p><p>e infecções gastrointestinais. Além disto, 6 meses</p><p>de amamentação exclusiva reduz o risco de alergias</p><p>alimentares.</p><p>Sistema endócrino Amamentação reduz o risco de desenvolver</p><p>diabetes.</p><p>Coração e sistema</p><p>circulatório</p><p>Bebés amamentados têm menor taxa de colesterol</p><p>quando adultos. E sua frequência cardíaca é menor.</p><p>4.2. ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR ADEQUADA A PARTIR DOS 6</p><p>MESES, CONTINUANDO COM A AMAMENTAÇÃO ATÉ AOS 24 MESES.</p><p>Alimentação complementar é a passagem gradual do aleitamento</p><p>materno exclusivo ou dos substitutos do leite materno, para a</p><p>alimentação familiar. A palavra “complementar” mostra a importância</p><p>da continuação da amamentação juntamente com os alimentos</p><p>complementares.</p><p>Depois dos seis meses de vida, as crianças precisam receber alimentos</p><p>49</p><p>complementares ao leite materno.</p><p>A introdução precoce, antes dos 6 meses, de alimentos</p><p>complementares aumenta a morbimortalidade infantil como</p><p>consequência de uma menor ingestão dos factores de protecção</p><p>existentes no leite materno. Para além de substituir parte do leite</p><p>materno, mesmo quando a frequência da amamentação é mantida,</p><p>muitas vezes a introdução de alimentos complementares não é</p><p>adequada.</p><p>Quadro 3. Alimentação complementar.</p><p>Alimento Importância</p><p>Leite materno Fornece nutrientes de alta qualidade que protege de</p><p>doenças e boa quantidade de energia</p><p>Alimentos de base</p><p>(milho, arroz, batatas,</p><p>mandioca, mapira,</p><p>inhame, mexoeira,</p><p>dentre outros).</p><p>Fornecem energia, um pouco de proteínas e</p><p>vitaminas.</p><p>Alimentos de origem</p><p>animal (miudezas, carnes</p><p>vermelhas, frango,</p><p>peixes e ovos)</p><p>Fornecem proteína de alta qualidade, ferro heme,</p><p>zinco e vitaminas.</p><p>Produtos lácteos (leite,</p><p>iogurte, queijo)</p><p>Fornecem proteínas, vitaminas (Vitamina A e Folato)</p><p>e cálcio.</p><p>Verduras de folhas</p><p>verdes e legumes</p><p>amarelos, vermelhos e</p><p>alaranjados. (couve,</p><p>espinafre, cenoura,</p><p>pimento, dentre outros)</p><p>Fornecem vitaminas (especialmente, Vitamina A, C e</p><p>Folato)</p><p>Leguminosas (feijões,</p><p>grão de bico, lentilhas,</p><p>ervilhas, amendoim)</p><p>Fornecem proteína, energia e ferro não-heme.</p><p>Sementes (girassol,</p><p>abóbora, gergelim,</p><p>dentre outras)</p><p>Fornecem energia</p><p>Óleos e gorduras (óleos</p><p>vegetais, manteiga)</p><p>Fornecem energia</p><p>50</p><p>4.3. A fortificação alimentar caseira com Múltiplos Micronutrientes</p><p>em Pó</p><p>A fortificação alimentar caseira com multi-micronutrientes em pó</p><p>(MNP) é uma estratégia de prevenção e controle das deficiências de</p><p>vitaminas e minerais, especialmente da anemia e deficiência de ferro e</p><p>consiste na adição directa de um pó, composto por vários</p><p>micronutrientes, aos alimentos</p><p>prontos para servir às crianças. Os</p><p>MNP devem ser adicionados directamente na comida semi-sólida ou</p><p>esmagada (papas ou purês) preparada para as crianças entre os 6 e 23</p><p>(59) meses de idade.</p><p>Os MNP são apresentados em pequenas saquetas de dose única de 1</p><p>grama, equivalente a quantidade recomendada para consumo diário.</p><p>Cada saqueta contém 15 vitaminas e minerais que vai deixar a criança</p><p>mais forte e com menos risco de ficar doente.</p><p>As crianças entre os 24-59 meses de idade também podem beneficiar-</p><p>se da fortificação alimentar caseira com MNP, seguindo a mesma</p><p>dosagem que as crianças entre os 6-23 meses de idade. No entanto, os</p><p>MNP serão fornecidos de forma gratuita apenas às crianças dos 6-23</p><p>meses de idade.</p><p>Dosagem recomendada</p><p>Usar 1 saqueta por dia, de modo que sejam usadas as 60 saquetas.</p><p>Não há problema se esquecer de usar 1 saqueta, continue o esquema</p><p>no dia seguinte até que as 60 saquetas sejam usadas. É importante</p><p>que todas as saquetas fornecidas para a criança sejam usadas, e</p><p>somente 1 saqueta por dia seja consumida por criança.</p><p>Tabela 4. Dosagem de MNPs.</p><p>Esquema de fornecimento do MNP</p><p>Faixa etária Quantidade Fornecida Quantidade total administrada</p><p>por ano</p><p>6 a 23</p><p>meses</p><p>60 saquetas de 6 em 6</p><p>meses</p><p>120 saquetas</p><p>Fonte: MISAU, 2015.</p><p>4.4. Tratamento da Desnutrição Aguda</p><p>O Estado Nutricional Óptimo de um indivíduo é reflectido pela</p><p>manutenção dos processos vitais de sobrevivência, crescimento,</p><p>desenvolvimento e actividade. Qualquer desvio do estado nutricional</p><p>óptimo resulta em distúrbios nutricionais referidos como malnutrição.</p><p>Malnutrição: é o estado patológico resultante tanto da deficiente</p><p>ingestão e/ou absorção de nutrientes pelo organismo (desnutrição ou</p><p>51</p><p>subnutrição), como da ingestão e/ou absorção de nutrientes em</p><p>excesso (sobrenutrição).</p><p>As diferentes formas de desnutrição que podem aparecer isoladas ou</p><p>em combinação incluem:</p><p>Desnutrição aguda: manifesta-se através de baixo peso para altura</p><p>e/ou edema bilateral;</p><p>Desnutrição crónica: manifesta-se através de baixa altura para idade;</p><p>Desnutrição de micronutrientes: as formas mais comuns de</p><p>desnutrição de micronutrientes estão relacionadas com as deficiências</p><p>de ferro, vitamina A, iodo.</p><p>O crescimento insuficiente (CI) é diagnosticado numa criança, quando</p><p>esta não apresenta ganho de peso entre duas pesagens consecutivas,</p><p>num intervalo não inferior a 1 mês e não superior a 3 meses, o que</p><p>significa curva de crescimento horizontal ou em declínio, da curva no</p><p>Cartão de Saúde da Criança.</p><p>A desnutrição aguda é causada pelo deficiente consumo alimentar</p><p>e/ou aparecimento de uma enfermidade, num passado recente,</p><p>resultando na perda de peso num período recente e/ou aparecimento</p><p>de edema bilateral.</p><p>De acordo com a condição clínica, a desnutrição aguda pode ser</p><p>classificada em ligeira, moderada ou grave. A desnutrição aguda grave</p><p>manifesta-se através das seguintes condições clínicas:</p><p>• Marasmo (emagrecimento grave);</p><p>• Kwashiorkor (edema bilateral);</p><p>• Kwashiorkor-marasmático, ou emagrecimento grave com</p><p>edema bilateral.</p><p>Os indicadores nutricionais chave para o diagnóstico da desnutrição</p><p>aguda são:</p><p>1. Perímetro braquial (PB);</p><p>2. Peso para estatura (P/E) para crianças dos 6-59 meses;</p><p>3. Índice da massa corporal para idade (IMC/Idade) para crianças e</p><p>adolescentes dos 5-15 anos de idade;</p><p>4. Edema bilateral (edema em ambos os pés).</p><p>Os indicadores do P/E e IMC/Idade mostram como o peso e estatura</p><p>(altura ou comprimento) das crianças ou adolescentes se comparam</p><p>com o peso e estatura das outras crianças ou adolescentes da</p><p>população padrão da OMS, do mesmo sexo e idade.</p><p>52</p><p>Quadro 4. Parâmetros de Classificação da Desnutrição Aguda.</p><p>Indicadores</p><p>Nutricionais</p><p>Edema</p><p>Bilateral</p><p>P/E ou</p><p>IMC/Idade</p><p>Perímetro Braquial (PB)</p><p>Desnutrição</p><p>aguda grave</p><p>(DAG)</p><p>Presente</p><p>diminuição da resistência às</p><p>infecções como o sarampo, diarreia e infecções respiratórias agudas, o</p><p>que resulta no aumento das taxas de mortalidade na infância.</p><p>Devem ser suplementadas:</p><p>✓ Todas as crianças de 6-59 meses de idade;</p><p>✓ Todas as crianças que recebem tratamento para xeroftalmia,</p><p>sarampo, desnutrição grave, diarreia (mais de 2 semanas) e</p><p>Infecções das vias Respiratórias Altas (IRA´s) grave.</p><p>Quadro 5. Doses de vitamina A</p><p>Idade Dosagem</p><p>6 - 11 meses 100.000 UI -1 cápsula azul ou meia cápsula, o que</p><p>equivale a 4 gotas</p><p>12 – 59 meses 200.000 UI- 1 cápsula vermelha- cápsula inteira, o</p><p>que equivale a 8 gotas</p><p>4.6. PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA DE FERRO</p><p>Estudos apontam que não só a anemia, mas também a deficiência leve</p><p>ou moderada de ferro pode causar efeitos adversos no</p><p>desenvolvimento cognitivo, na capacidade imunológica e</p><p>consequentemente à maior predisposição a infecções (WHO/OMS,</p><p>2001). Os grupos de maior risco para desenvolver anemia e deficiência</p><p>de ferro são mulheres grávidas e crianças, particularmente as menores</p><p>de dois anos de idade.</p><p>A deficiência de ferro e anemia ferropriva são determinadas, quase</p><p>sempre, pela ingestão deficiente de alimentos ricos em ferro ou pela</p><p>inadequada absorção pelo organismo. Desta forma, é importante</p><p>observar sua adequação quantitativa e qualitativa na dieta. Os</p><p>alimentos mais acessíveis para a população contêm ferro de baixo</p><p>55</p><p>aproveitamento biológico (de origem vegetal), um outro agravante é a</p><p>baixa ingestão de alimentos que promovem a absorção de ferro (boas</p><p>fontes de Vitamina C). Além disto, em algumas fases da vida ocorre</p><p>aumento dos requerimentos de ferro, como na gravidez e lactação,</p><p>aumentando o risco de deficiência ou anemia.</p><p>Os mais afectados pela deficiência de Ferro são:</p><p>✓ Crianças menores de dois anos;</p><p>✓ Mulheres grávidas.</p><p>A criança com anemia pode apanhar mais facilmente infecções,</p><p>piorando ainda mais sua saúde, neste caso, precisa ser levada ao</p><p>serviço de saúde para ser tratada com doses medicamentosas de</p><p>ferro.</p><p>4.6.1. Anemia na Mulher grávida</p><p>Durante a gravidez, a deficiência de ferro aumenta o risco de</p><p>mortalidade materna e de crianças no período pré-natal e perinatal e</p><p>de prematuridade. Além disto, dada a sua condição fisiológica, a</p><p>mulher tem as suas necessidades nutricionais aumentadas, para além</p><p>de estar mais susceptível à infecção, em especial a malária. A</p><p>suplementação com sulfato ferroso é uma das estratégias para a</p><p>redução da anemia por deficiência de Ferro na mulher grávida e seu</p><p>filho e, para a redução do baixo peso à nascença (BPN), assim como do</p><p>risco de mortalidade materna. A prevenção da malária também</p><p>constitui outra medida para prevenir complicações durante a gravidez</p><p>tanto para a mãe como para a criança. A malária é um dos factores de</p><p>risco para o aumento das taxas de anemia e uma das principais causas</p><p>de morte no País.</p><p>4.6.2. Anemia em crianças</p><p>As crianças em idade pré-escolar constituem grupo bastante</p><p>vulnerável para a anemia ferropriva necessitando de especial atenção</p><p>pelos prejuízos que podem acarretar: comprometimento do</p><p>desenvolvimento mental, atraso de crescimento e desenvolvimento</p><p>físico, aumento na frequência de morbidades, dentre outros.</p><p>No período escolar a anemia ferropriva é particularmente deletéria</p><p>pois crianças anêmicas são sonolentas e desatentas; o que pode</p><p>resultar em menor aprendizagem.</p><p>As pessoas diagnosticadas com anemia por deficiência de ferro, por</p><p>meio do exame de sangue, necessitam tomar medicamentos que</p><p>contenham ferro e, às vezes, Folato ou outros micronutrientes.</p><p>Os medicamentos devem ser ingeridos de acordo com as</p><p>recomendações do profissional de saúde. Alguns efeitos colaterais</p><p>como, dor no estômago e indigestão podem ser minimizados, se o</p><p>medicamento for tomado juntamente com as refeições ou antes de</p><p>56</p><p>dormir. Durante o tratamento, as fezes podem ficar escuras.</p><p>Muitas vezes é preciso fazer tratamento para outras causas de</p><p>anemia, além da deficiência de ferro, que são: infecções por lombrigas</p><p>ou outros parasitas e malária. Enfermidades frequentes no nosso país.</p><p>4.7. SUPLEMENTAÇÃO COM SAL FERROSO PARA AS ADOLESCENTES</p><p>A adolescência é o período que vai dos 10 aos 19 anos completos.</p><p>Uma grande preocupação com a saúde das raparigas adolescentes</p><p>actualmente ocorre devido a fase de crescimento acelerado em que se</p><p>encontra e a gravidez, que quando acontece nesta fase merece</p><p>cuidados especiais, pois a saúde da rapariga e do bebé ficam em risco.</p><p>É comum as adolescentes desenvolverem anemia durante a gravidez.</p><p>A gravidez na adolescência aumenta o risco de nascimento de crianças</p><p>de baixo peso (</p><p>moluscos, mariscos e peixes de água salgada).</p><p>Sumário</p><p>A nutrição é um problema que chama atenção em todo o mundo,</p><p>milhares de crianças principalmente em países em vias de</p><p>desenvolvimento onde a prevalência de desnutrição crónica e as</p><p>doenças infeciosas são um problema de saúde pública. Por outro lado,</p><p>nos países desenvolvidos o grande problema esta virado para o</p><p>excesso onde a prevalência das doenças não transmissíveis são a</p><p>grande preocupação. No entanto, devido as mudanças no perfil</p><p>58</p><p>epidemiológico o pais já começa a perceber o aumento significativo da</p><p>prevalência das doenças não transmissíveis incluindo em indivíduos</p><p>mais jovens. A situação nutricional constitui um problema de saúde</p><p>pública pois as prevalências de deficiências de vitaminas e minerais</p><p>são muito elevadas. No país a deficiência de Vitamina A é de 68%, de</p><p>Ferro é 68% e apenas 54% de crianças vivem em agregados familiares</p><p>que consomem sal iodado. Várias intervenções são implementadas</p><p>com o foco para o aleitamento materno exclusivo, alimentação</p><p>complementar e a suplementação com micronutrientes essenciais.</p><p>Exercícios de autoavaliação</p><p>1. Qual destes não é um problema nutricional de saúde pública</p><p>no país?</p><p>a. Desnutrição aguda;</p><p>b. Desnutrição Crónica</p><p>c. Deficiência de micronutrientes</p><p>d. Todas as anteriores são correctas.</p><p>2. Quais são as principais deficiências nutricionais de saúde</p><p>pública no país.</p><p>Resposta: As principais deficiências nutricionais de saúde pública</p><p>são: de Vitamina A, Deficiência de Ferro e deficiência de iodo.</p><p>3. Qual das seguintes não é uma forma clínica da desnutrição</p><p>aguda.</p><p>a. Marasmo</p><p>b. Kwashiorkor</p><p>c. Kwashirkor-marasmático</p><p>d. Obesidade.</p><p>4. Qual é a prevalência da deficiência dos principais</p><p>micronutrientes no país em crianças dos 5-59 meses.</p><p>Resposta: Deficiência de Vitamina A 69%, Deficiência de Ferro 69%</p><p>e deficiência de Iodo 54%.</p><p>5. Quais são os indicadores nutricionais usados para o diagnóstico</p><p>da desnutrição aguda?</p><p>Resposta: Os indicadores usados são: Perímetro braquial, peso por</p><p>estatura para crianças dos 6-59 meses, índice de massa corporal</p><p>59</p><p>para a idade para crianças dos 5 a 18 anos e edema bilateral.</p><p>6. São componentes do programa de reabilitação nutricional os</p><p>seguintes excepto:</p><p>a. Envolvimento Comunitário</p><p>b. Tratamento da desnutrição no ambulatório</p><p>c. Tratamento da desnutrição no internamento</p><p>d. Suplementação alimentar</p><p>e. Educação nutricional com demostrações culinárias</p><p>f. Hortas escolares</p><p>7. Quais são os limites de coorte para classificar a desnutrição</p><p>aguda usando o perímetro braquial?</p><p>Resposta: os limites de coorte são 11.5 e 12.5</p><p>cm normal.</p><p>8. Qual é a dose de desparasitante que é administrada as</p><p>crianças?</p><p>Resposta: A dose é de 100mg de Mebendazol oral, duas vezes por</p><p>dia durante 3 dias (6 comprimidos) ou 500mg de Mebendazol oral,</p><p>em dose única (apenas 1 comprimido).</p><p>9. Como é que os parasitas intestinais prejudicam a saúde das</p><p>crianças?</p><p>Resposta: O estado físico e o apetite da criança são negativamente</p><p>afectados, desempenho cognitivo das crianças na escola fica</p><p>comprometido, a infecção constantes por parasitas reduz a</p><p>capacidade do corpo de resistir às outras infecções.</p><p>10. Quais são as consequências das doenças de deficiência de Iodo</p><p>durante a gravidez e infância?</p><p>Resposta: As consequências são aborto, nascimento de bebé</p><p>morto, baixo peso do bebé, atraso mental, surdez, mudez e</p><p>crescimento retardado, dificuldade de aprender.</p><p>60</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 2.2. Quadro Conceptual da Desnutrição</p><p>Introdução</p><p>Pretende-se nesta unidade temática que o estudante tenha o domínio</p><p>do quadro conceptual da desnutrição, factores contribuintes e as</p><p>principais causas da desnutrição.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Descrever o quadro lógico da desnutrição;</p><p>▪ Identificar as causas da desnutrição;</p><p>▪ Descrever as consequências da desnutrição.</p><p>1. Quadro Lógico da Desnutrição</p><p>A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifatorial</p><p>cujas raízes se encontram na pobreza.</p><p>Segundo o Protocolo de Reabilitação Nutricional, MISAU, 2010, o</p><p>estado nutricional óptimo de um indivíduo é reflectido pela</p><p>manutenção dos processos vitais de sobrevivência, crescimento,</p><p>desenvolvimento e actividade. Qualquer desvio do estado nutricional</p><p>óptimo resulta em distúrbios nutricionais referidos como malnutrição.</p><p>Malnutrição: é o estado patológico resultante tanto da deficiente</p><p>ingestão e/ou absorção de nutrientes pelo organismo (desnutrição ou</p><p>subnutrição), como da ingestão e/ou absorção de nutrientes em</p><p>excesso (sobrenutrição).</p><p>As diferentes formas de desnutrição que podem aparecer isoladas ou</p><p>em combinação incluem:</p><p>Desnutrição aguda: manifesta-se através de baixo peso para altura</p><p>e/ou edema bilateral;</p><p>Desnutrição crónica: manifesta-se através de baixa altura para idade;</p><p>Desnutrição por deficiência de micronutrientes: as formas mais</p><p>comuns de desnutrição por deficiência de micronutrientes estão</p><p>relacionadas com as deficiências de ferro, vitamina A, iodo.</p><p>A desnutrição aguda é causada pelo deficiente consumo alimentar</p><p>e/ou aparecimento de uma enfermidade, num passado recente,</p><p>resultando na perda de peso num período recente e/ou aparecimento</p><p>de edema bilateral.</p><p>De acordo com a condição clínica, a desnutrição aguda pode ser</p><p>classificada em ligeira, moderada ou grave. A desnutrição aguda grave</p><p>manifesta-se através das seguintes condições clínicas:</p><p>61</p><p>➢ Marasmo (emagrecimento grave)</p><p>➢ Kwashiorkor (edema bilateral)</p><p>➢ Kwashiorkor-marasmático, ou emagrecimento grave com</p><p>edema bilateral</p><p>A desnutrição não é apenas um simples resultado da ingestão de</p><p>muito poucos alimentos, mas de uma combinação de factores:</p><p>insuficiência de proteínas, energia e micronutrientes, infecções ou</p><p>doenças frequentes, maus cuidados e más práticas alimentares,</p><p>serviços de saúde inadequados e água e saneamento impróprios</p><p>(UNICEF, 2014).</p><p>As causas da desnutrição, tanto da mãe como da criança, actuam em</p><p>vários níveis, incluindo as causas imediatas a nível individual e as</p><p>causas subjacentes a nível da família e da comunidade, conforme se</p><p>mostra na figura a seguir, derivada do quadro conceptual</p><p>originalmente proposto pelo UNICEF (PAMRDC, 2010).</p><p>Figura 5. Quadro conceptual da desnutrição.</p><p>Fonte: PAMRDC, 2010.</p><p>A nível das causas imediatas, a desnutrição pode ser causada tanto</p><p>pela inadequada ingestão de alimentos, como também pelo</p><p>aparecimento de infecções.</p><p>A nível das causas subjacentes existem três tipos de causas,</p><p>nomeadamente: a insegurança alimentar, a falta de serviços de saúde</p><p>e de higiene, bem como de saneamento ambiental e os cuidados</p><p>maternos e infantis adequados. Cada uma das causas subjacentes é</p><p>62</p><p>essencial, mas não é, por si, só suficiente. A segurança alimentar é um</p><p>elemento importante para manter um bom estado nutricional, e é</p><p>definida como o acesso físico e económico aos alimentos de qualidade</p><p>e em quantidade suficientes que sejam social e culturalmente</p><p>aceitáveis. A segurança nutricional é o resultado da boa saúde, de um</p><p>ambiente saudável e de boas práticas e cuidados com as mães e</p><p>crianças. No contexto familiar, pode haver segurança alimentar sem</p><p>que necessariamente os membros da família apresentem segurança</p><p>nutricional. A segurança alimentar é, consequentemente, uma</p><p>condição necessária mas não suficiente para a segurança nutricional.</p><p>As causas básicas actuam a nível da sociedade como um todo e</p><p>reflectem os recursos potenciais disponíveis, tanto naturais, como</p><p>tecnológicos e humanos e também a estrutura política e a identidade</p><p>cultural. (PAMRDC, 2010).</p><p>2. Principais causas da desnutrição</p><p>Segundo o PAMRDC (2010), as causas da desnutrição são agrupadas</p><p>em três níveis: As causas imediatas que incluem: 1) consumo</p><p>inadequada de alimentos e 2) as doenças</p><p>infeciosas. As causas</p><p>subjacentes: 1) a insegurança alimentar (fraca produção, acesso a</p><p>alimentos e falta de dinheiro para comprar alimentos), 2) baixa</p><p>qualidade dos cuidados para mães e crianças e 3) disponibilidade</p><p>inadequada de serviços de saúde, saneamento e falta de acesso a</p><p>fontes de água potável. As causas básicas incluem: 1) Pobreza, 2) Falta</p><p>de acesso a educação e 3) Problemas de género.</p><p>A ingestão inadequada de nutrientes e/ou infecções representam as</p><p>causas diretas mais comuns de desnutrição. Medidas como</p><p>aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, introdução</p><p>de alimentação complementar adequada a partir dos seis meses de</p><p>idade, reeducação alimentar, higiene alimentar e individual adequada</p><p>e cumprimento do calendário de vacinações contribuem para o</p><p>melhor estado de saúde das crianças e consequentemente do seu</p><p>estado nutricional (UNICEF, 1998).</p><p>As infecções que causam a desnutrição a nível imediato do indivíduo</p><p>também afectam a grande maioria da população e podem ser a causa</p><p>da desnutrição crónica em Moçambique. Entre os grupos alvo</p><p>pertinentes para desnutrição crónica, estima-se que, em 2010, 16%</p><p>das mulheres em idade reprodutiva (15-49 anos) são seropositivas</p><p>para o HIV/SIDA. Vários estudos mostram que metade das mulheres</p><p>grávidas que se apresentam nas consultas pré-natais têm doenças</p><p>sexualmente transmissíveis (DST). A taxa de prevalência da sífilis está</p><p>entre 5 e 15%. Segundo o Ministério da Saúde42, a malária é a</p><p>principal razão de consulta externa (44%) e de internamento no</p><p>serviço de pediatria (57%), e um estudo de âmbito nacional encontrou</p><p>uma prevalência de 58.9%de malária em crianças. A prevalência da</p><p>febre nas crianças menores de cinco anos, que é utilizada por</p><p>aproximação para determinar a ocorrência da malária, foi de 24 % a</p><p>63</p><p>nível nacional, segundo o MICS (2008). Os parasitas gastrointestinais</p><p>também afligem metade da população, sendo 47% com schistosoma</p><p>haematobium e 53% com helmintíases transmitidos pelo solo.</p><p>Acredita-se que a incidência de todas estas doenças é capaz de elevar</p><p>a desnutrição crónica em Moçambique. Mais de metade da população</p><p>apresenta, pelo menos, uma das causas imediatas da desnutrição, e</p><p>presume-se que a inadequada ingestão de nutrientes e/ou de</p><p>infecções represente uma das principais causas da desnutrição. Isto é</p><p>preocupante porque existe uma sinergia entre a infecção e a ingestão</p><p>inadequada de nutrientes, o que faz com que o efeito combinado dos</p><p>dois seja maior ainda.</p><p>A segurança alimentar a nível dos agregados familiares parece</p><p>apresentar melhorias significativas na última década. Nas últimas duas</p><p>décadas, a produção e a disponibilidade de alimentos de base,</p><p>particularmente o milho, a mandioca e os feijões aumentou</p><p>consideravelmente, tendo permitido uma redução da ajuda alimentar</p><p>externa. Porém, a qualidade da dieta é bastante pobre. O cálculo do</p><p>índice de consumo alimentar indica que o consumo de alimentos e a</p><p>diversificação da dieta é inadequado em 31% dos agregados familiares</p><p>das zonas rurais e 23% das zonas peri urbanas. A adequação da</p><p>qualidade da dieta é pior em Gaza, Manica e Inhambane (</p><p>situação de segurança alimentar, apesar de</p><p>estar melhor do que há dez anos atrás em termos quantitativos, ainda</p><p>está precária em termos qualitativos. Os cuidados da mãe e da criança</p><p>também estão muito aquém dos desejáveis, sendo a gravidez precoce,</p><p>a falta de aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses e</p><p>uma alimentação complementar adequada os principais</p><p>constrangimentos A gravidez precoce provoca uma competição entre</p><p>o crescimento da mãe e o crescimento do feto, tornando-se assim</p><p>uma causa imediata da desnutrição crónica. E, apesar do acesso aos</p><p>serviços de saúde ter melhorado muito, o acesso à água potável e às</p><p>condições de saneamento ainda são muito preocupantes.</p><p>Segundo a mesma fonte entre as causas básicas, a pobreza possui um</p><p>grande peso, não obstante ter reduzido consideravelmente nos</p><p>últimos anos. A percentagem da população moçambicana que vive</p><p>abaixo da linha da pobreza desceu de 69% entre 1996/97 para 54%</p><p>entre 2002/03 e prevê-se que seja de 45% em 2009/10. Porém, é</p><p>importante salientar que, há vários anos, o salário mínimo não é</p><p>suficiente para adquirir a cesta básica de alimentos, o que torna difícil</p><p>o acesso aos alimentos em quantidade e em qualidade suficiente, de</p><p>modo que a população tenha uma alimentação equilibrada. As</p><p>mudanças no custo da cesta básica estão relacionadas com a variação</p><p>dos preços de alguns produtos que fazem parte da cesta. O impacto</p><p>destas variações de preços altera de distrito para distrito, o que</p><p>culmina inevitavelmente em mudanças nas práticas alimentares e</p><p>repercute-se no consumo de alimentos com menor valor nutritivo. A</p><p>falta de acesso à educação é outro factor importante que não</p><p>contribui para a redução da desnutrição crónica em Moçambique. As</p><p>taxas de instrução são baixas, embora existam melhorias significativas.</p><p>A taxa líquida de ingresso no primeiro grau chegou a ser de 95.5% a</p><p>nível nacional, um aumento significativo comparado a 2003 (69.4%).</p><p>De acordo com dados mais recentes, a taxa de alfabetizados adultos</p><p>cresceu de 46.4% em 2003 para 48.1% em 2005. Ao comparar a taxa</p><p>de alfabetização por género, a taxa para mulheres é de 33.3%</p><p>enquanto a taxa dos homens alfabetizados foi de 66.7%. As crenças e</p><p>as tradições culturais também fazem parte das causas básicas,</p><p>podendo algumas ter efeitos positivos e outras contribuírem</p><p>negativamente. Entre as tradições negativas, talvez a mais importante</p><p>para a desnutrição crónica sejam os casamentos prematuros.</p><p>Embora proibidos por lei (o Artigo 30 da Lei de Família proíbe o</p><p>casamento antes dos 18 anos de idade), os casamentos prematuros</p><p>continuam difundidos nas zonas rurais, visto que as raparigas são</p><p>66</p><p>muitas vezes retiradas da escola para o casamento. Mais de metade</p><p>das mulheres casa-se antes de completar 18 anos de idade, sendo 60%</p><p>na área rural55 e, uma vez casadas, os maridos habitualmente as</p><p>proíbem de retornarem à escola. A taxa de casamentos prematuros é</p><p>elevada. Em 2004, 21% das raparigas casaram-se aos quinze anos de</p><p>idade, o que causa o elevado número de gravidezes precoces (24% das</p><p>mulheres de 15 a 19 anos de idade já têm dois filhos). O mesmo grupo</p><p>etário compreende aos 13,4% de todas as mulheres grávidas. A maior</p><p>parte destas gravidezes são indesejadas.</p><p>Vários estudos realizados em Moçambique procuraram analisar as</p><p>determinantes com maior influência na desnutrição crónica. As causas</p><p>mais importantes estão relacionadas ao nível de educação da mãe e os</p><p>cuidados com a criança; os factores socioeconómicos como o emprego</p><p>da mãe; à qualidade da água e o saneamento; e à qualidade dos</p><p>serviços de saúde. A mesma análise foi realizada com os dados do</p><p>MICS 2008 onde também se observou que a educação da mãe, a</p><p>qualidade da água e saneamento e a duração de aleitamento materno</p><p>foram os factores que contribuíram para explicar a desnutrição crónica</p><p>nas crianças menores de cinco anos. Estes estudos de associações</p><p>estatísticas não comprovam a causalidade, mas as evidências têm</p><p>fundamento, como foi mostrado no Brasil, onde a prevalência de</p><p>desnutrição crónica nas crianças menores de cinco anos de idade</p><p>declinou de 37% em 1974 para 7% em 2006, e dois terços do declínio</p><p>podem ser atribuídos a quatro factores: acesso melhorado para a</p><p>continuidade de cuidados de nutrição e de saúde das mães e crianças;</p><p>acesso melhorado à educação e à informação para meninas e</p><p>mulheres; melhoria na cobertura de serviços de saneamento e</p><p>provisão de água e melhoria do poder de compra das famílias.</p><p>Em suma, podemos concluir que, entre as causas básicas da</p><p>desnutrição crónica, a pobreza, a falta de educação e os problemas de</p><p>género estão entre os mais importantes. Enquanto a resolução das</p><p>causas imediatas da desnutrição crónica na população como um todo</p><p>exige um esforço muito grande, a resolução das causas básicas e</p><p>subjacentes, embora mais sustentável, pode levar várias décadas. Por</p><p>outro lado, a resolução das causas imediatas e subjacentes para as</p><p>mães grávidas e crianças menores de dois anos de idade é urgente e</p><p>necessária para uma redução drástica da desnutrição crónica. Nada</p><p>fazer a curto prazo acarreta um custo maior do que os custos das</p><p>intervenções disponíveis e necessárias. O ideal é que as duas coisas</p><p>sejam feitas ao mesmo tempo, agindo tanto sobre as causas imediatas</p><p>quanto sobre as subjacentes.</p><p>3. Consequências da desnutrição.</p><p>Na desnutrição grave ocorrem alterações no sistema nervoso central</p><p>responsável pelas funções intelectuais dos indivíduos que incidem</p><p>sobre a anatomia do cérebro redução do peso, do tamanho, do</p><p>67</p><p>volume, do número de células, da quantidade de mielina etc.</p><p>Segundo a OMS (2006) desnutrição aguda é responsável por 36% das</p><p>mortes de crianças no mundo inteiro. Está associada a várias outras</p><p>doenças e ainda hoje é considerada a doença que mais mata crianças</p><p>com menos de cinco anos.</p><p>Para UNICEF (2014), refere que crianças que foram desnutridas e que</p><p>não se recuperaram em estatura apresentam um quociente</p><p>respiratório maior do que crianças que nunca foram desnutridas. Isso</p><p>significa que o organismo delas “deseja” fisiologicamente acumular</p><p>gordura corporal. Um quociente respiratório mais alto significa que a</p><p>oxidação de gordura no corpo é menor; portanto, a criança crescerá</p><p>menos, ganhará menos músculos, menos ossos, e tenderá a usar a</p><p>energia que ingeriu para acúmulo de gordura.</p><p>Segundo o mesmo autor, as condições insalubres de moradia são a</p><p>principal causa para o ciclo de consumo inadequado de alimentos, daí</p><p>decorrendo um aumento das doenças: baixo peso ao nascer,</p><p>desmame inadequado, infecções frequentes e infância, como vimos.</p><p>Se prosseguir a alimentação inadequada na adolescência e na vida</p><p>adulta, haverá ganho de peso insuficiente na gestação, e</p><p>consequentemente a criança nascerá com baixo peso e já desnutrida,</p><p>como se pode ver no ciclo abaixo.</p><p>Figura 6. Ciclo do consumo inadequado de alimentos.</p><p>Fonte: SETSAN, 2010.</p><p>Sumário</p><p>Os problemas nutricionais resultam para além do desequilíbrio no</p><p>consumo por excesso ou deficiência, mas da correlação com outros</p><p>factores como por exemplo as condições socioeconómicas e do meio</p><p>ambiente em que as populações vivem, o nível educacional</p><p>Ciclo consumo inadequado de alimentos /aumento de doenças</p><p>68</p><p>principalmente da mulher, o acesso e os cuidados de saúde recebidos,</p><p>prevalência e controlo das doenças infeciosas e parasitárias, as</p><p>condições de habitação, dentre outros. A desnutrição tem várias</p><p>causas podendo ser agrupadas em: imediatas, subjacentes e as</p><p>básicas. O estado nutricional da população é um dos indicadores</p><p>utilizado no diagnóstico de saúde da população. A baixa estatura é um</p><p>indicador qualitativo da pobreza.</p><p>Exercícios de autoavaliação</p><p>1. O que é desnutrição?</p><p>Resposta: é uma doença de natureza clínico-social multifatorial cujas</p><p>raízes se encontram na pobreza</p><p>2. Por suas palavras defina malnutrição?</p><p>Resposta: é o estado patológico resultante tanto da deficiente</p><p>ingestão e/ou absorção</p><p>de nutrientes pelo organismo como da</p><p>ingestão e/ou absorção de nutrientes em excesso (sobrenutrição).</p><p>3. Quais são os tipos de desnutrição que conhece?</p><p>Resposta: Desnutrição aguda, desnutrição crónica e desnutrição por</p><p>deficiência de micronutrientes</p><p>4. Qual das seguintes não é a forma clínica da desnutrição aguda</p><p>grave?</p><p>a. Marasmo</p><p>b. Kwashiorkor</p><p>c. Kwashiorkor marasmático</p><p>d. Obesidade (opção correcta)</p><p>5. Mencione as causas imediatas da desnutrição</p><p>Resposta: a desnutrição pode ser causada tanto pela inadequada</p><p>ingestão de alimentos, como também pelo aparecimento de infecções.</p><p>6. Enumere as causas subjacentes da desnutrição?</p><p>Resposta: As causas subjacentes da desnutrição são a insegurança</p><p>alimentar, a falta de serviços de saúde e de higiene, bem como de</p><p>saneamento ambiental e os cuidados maternos e infantis adequados</p><p>7. Quais são as consequências da desnutrição?</p><p>Resposta: As consequências da desnutrição incluem a alterações no</p><p>sistema nervoso central responsável pelas funções intelectuais dos</p><p>indivíduos que incidem sobre a anatomia do cérebro redução do peso,</p><p>do tamanho, do volume, do número de células, da quantidade de</p><p>mielina incluindo uma contribuição na taxa de mortalidade.</p><p>69</p><p>8. Quais são as causas básicas da desnutrição?</p><p>Resposta: as causas básicas actuam a nível da sociedade como um</p><p>todo e reflectem os recursos potenciais disponíveis, tanto naturais,</p><p>como tecnológicos e humanos e também a estrutura política e a</p><p>identidade cultural.</p><p>9. A gravidez na adolescência pode ser considerada uma causa</p><p>imediata da desnutrição crónica?</p><p>Resposta: A gravidez em meninas abaixo de 18 anos de idade traz</p><p>grandes riscos de saúde tanto para a mãe como para o filho que vai</p><p>nascer. Nestes casos, é provável que haja complicações no parto e um</p><p>risco de a criança nascer prematura. Bebés nascidos de mães com</p><p>idade inferior a 18 anos têm, em média, menos 200g no peso ao</p><p>nascer, pois o crescimento da mãe é priorizado em detrimento do</p><p>crescimento do feto. Esta competição entre o crescimento da mãe e o</p><p>crescimento do feto torna-se uma causa imediata da desnutrição</p><p>crónica, provocada pela gravidez precoce.</p><p>10.Fale do ciclo vicioso da desnutrição sobre o consumo alimentar.</p><p>Resposta: as condições insalubres de moradia são a principal causa</p><p>para o ciclo de consumo inadequado de alimentos, daí decorrendo um</p><p>aumento das doenças: baixo peso ao nascer, desmame inadequado,</p><p>infecções frequentes e infância, como vimos. Se prosseguir a</p><p>alimentação inadequada na adolescência e na vida adulta, haverá</p><p>ganho de peso insuficiente na gestação, e consequentemente a</p><p>criança nascerá com baixo peso e já desnutrida, como se pode ver no</p><p>ciclo abaixo.</p><p>70</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Principais Intervenções na Área de Saúde Pública</p><p>Introdução</p><p>Pretende-se nesta unidade temática que o estudante tenha o domínio</p><p>sobre as intervenções sensíveis e específicas que contribuem para a</p><p>prevenção e combate a desnutrição.</p><p>1. Intervenções para a prevenção da desnutrição</p><p>1.1. Intervenções do Sector Saúde</p><p>1.2. Educação nutricional.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Faz parte do protocolo das US fornecer educação nutricional as</p><p>mulheres grávidas e lactantes, incluindo educação sobre o aleitamento</p><p>materno exclusivo, alimentação complementar, dieta equilibrada e</p><p>boas práticas de higiene pessoal e dos alimentos. A promoção do</p><p>aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de vida é uma</p><p>intervenção chave para reduzir a desnutrição crónica. Em 2009, o</p><p>Ministério da Saúde, em colaboração com os parceiros, iniciou a</p><p>implementação de um Plano de Comunicação e Mobilização Social</p><p>para a Promoção, Protecção e Apoio ao Aleitamento Materno em</p><p>Moçambique.</p><p>1.3. Suplementação alimentar e nutricional</p><p>O Programa de Reabilitação Nutricional (PRN) faz o suplemento</p><p>nutricional das crianças identificadas com desnutrição aguda. Para o</p><p>tratamento da desnutrição aguda grave, quase todos os distritos do</p><p>país utilizam o Plumpy Nut como suplemento terapêutico. Para o</p><p>tratamento da desnutrição aguda moderada, utiliza-se o CSB como</p><p>Objectivos</p><p>• Entender o papel das intervenções sensíveis à Nutrição;</p><p>• Entender o papel das intervenções Específicas à nutrição;</p><p>• Compreender a janela de oportunidade para a prevenção da</p><p>desnutrição (1000 dias).</p><p>71</p><p>suplemento alimentar. No entanto, este programa de suplementação</p><p>alimentar tem grandes problemas de cobertura. Os resultados deste</p><p>programa mostraram uma redução na mortalidade das crianças.</p><p>1.4. Suplementação com micronutrientes e desparasitação.</p><p>No âmbito da prevenção das deficiências de micronutrientes, o MISAU</p><p>possui programas de suplementação com micronutrientes e o</p><p>programa de desparasitação cujos grupos-alvo são as mulheres</p><p>grávidas/lactantes e as crianças menores de 5 anos de idade. O</p><p>programa de desparasitação inclui ainda crianças e adolescentes que</p><p>são desparasitados nas escolas. Como forma de aumentar as</p><p>coberturas destas intervenções e de outras de Sobrevivência Infantil, o</p><p>MISAU iniciou, em 2008, as Semanas Nacionais de Saúde da Criança</p><p>(SNSC) que, em 2010, passaram a incluir também a componente</p><p>materna. Através destas semanas, o MISAU tem conseguido atingir</p><p>coberturas aceitáveis de suplemento com vitamina A e desparasitação</p><p>em crianças menores de 5 anos de idade.</p><p>2. Intervenções do Sector da Educação</p><p>Dos programas e intervenções existentes que se dirigem à saúde</p><p>escolar, existem alguns que podem ter impacto na redução da</p><p>desnutrição crónica, dos quais se destacam: a alimentação escolar,</p><p>hortas escolares, educação nutricional e promoção de saúde sexual e</p><p>reprodutiva.</p><p>2.1. Alimentação escolar</p><p>O Programa de Alimentação Escolar do Ministério da Educação</p><p>(MINEDH) está a ser implementado com o apoio do PMA e da JAM. A</p><p>alimentação escolar contribui para reduzir a desnutrição crónica ao</p><p>fornecer uma refeição com alimentos de alto valor nutritivo, suprindo</p><p>as necessidades diárias recomendadas, com o objectivo de assegurar</p><p>que as raparigas fiquem na escola e evitando, dessa forma, a gravidez</p><p>e o casamento precoces.</p><p>2.2. Educação nutricional</p><p>De acordo com o curriculum escolar, os professores devem ensinar</p><p>aos alunos nas escolas primárias e secundárias sobre nutrição em</p><p>geral, alimentos de alto valor nutricional e a higiene pessoal e dos</p><p>alimentos. Mas, entrevistas feitas com representantes do MINEDH</p><p>com experiência na área, revelaram que muitos professores não</p><p>abordam assuntos de nutrição de forma sistemática, porque não</p><p>existe uma disciplina específica para nutrição, devendo esta ser</p><p>72</p><p>abordada como um assunto transversal.</p><p>2.3. Hortas Escolares</p><p>As hortas escolares têm como objectivo ensinar o aluno a conviver</p><p>com a horta para assegurar a diversificação da dieta alimentar. A FAO</p><p>implementa um projecto especial de hortas.</p><p>2.4. Prevenção da gravidez precoce</p><p>A gravidez precoce é uma causa forte da desnutrição crónica. Desde o</p><p>ano 1999 até 2010 o Programa Geração Biz (PGB) tem sido</p><p>implementado e, gradualmente, expandido para escolas secundárias</p><p>em todas as províncias do país, com o objectivo de promover a saúde</p><p>sexual e reprodutiva. As componentes centrais do PGB são a educação</p><p>de pares, a distribuição de preservativos nos cantos de</p><p>aconselhamento nas escolas secundárias e o estabelecimento de</p><p>Serviços de Saúde Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ), que tem</p><p>como princípio básico sensibilizar os jovens e contribuir para a</p><p>prevenção da gravidez precoce e do HIV.</p><p>3. SECTOR DA ACÇÃO SOCIAL</p><p>3.1. O Programa Subsídio de Alimentos (PSA)</p><p>Distribui alimentos para pessoas vulneráveis em todas as províncias.</p><p>Os grupos-alvo deste programa são os idosos com reconhecida</p><p>incapacidade permanente para o trabalho, pessoas portadoras de</p><p>deficiência, doentes crónicos e mulheres grávidas em situação de</p><p>desnutrição. É particularmente em relação ao apoio às mulheres</p><p>139</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 139</p><p>Exercícios ............................................................................................................. 141</p><p>TEMA V: AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 148</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 5.1. Pilares da Segurança Alimentar ........................................... 149</p><p>Introdução ........................................................................................................... 149</p><p>Sumário................................................................................................................ 154</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 155</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 5.2. Relação entre Segurança alimentar e Nutricional ............... 157</p><p>Introdução………………………………………………………………………………………………………157</p><p>Sumário................................................................................................................ 161</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 162</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 5.3. Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar e</p><p>Nutricional .................................................................................................................... 164</p><p>Introdução………………………………………………………………………………………………………164</p><p>Sumário................................................................................................................ 171</p><p>Exercícios de Auto-avaliação .............................................................................. 171</p><p>Exercícios............................................................................................................. 173</p><p>TEMA VI: SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL 179</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 6.1. Vigilância Nutricional ........................................................... 180</p><p>Introdução ........................................................................................................... 180</p><p>Sumário................................................................................................................ 183</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 183</p><p>vi</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 6.2. Inquéritos Nutricionais ........................................................ 186</p><p>Introdução ........................................................................................................... 186</p><p>Sumário................................................................................................................ 188</p><p>Exercício da Auto-avaliação ................................................................................. 188</p><p>Exercícios ............................................................................................................. 190</p><p>TEMA VII: ASSISTÊNCIA ALIMENTAR EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA 195</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 7.1. Emergência em Nutrição ..................................................... 196</p><p>Introdução ........................................................................................................... 196</p><p>Sumário................................................................................................................ 216</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 216</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 7.2. Principais Intervenções Na Resposta a Emergência ............ 219</p><p>Introdução ........................................................................................................... 219</p><p>Sumário................................................................................................................ 228</p><p>Exercícios de Auto-avaliação ............................................................................... 229</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 7.3. Intervenções nos Campos De acomodação ......................... 232</p><p>Introdução ........................................................................................................... 232</p><p>Sumário................................................................................................................ 237</p><p>Exercícios de Auto-Avaliação............................................................................... 238</p><p>Exercícios ………………………………………………….……………………………………………………240</p><p>BIBLIOGRAFIA 246</p><p>1</p><p>Visão geral</p><p>Bem-vindo ao Módulo de Nutrição em Saúde Pública</p><p>Caro estudante, bem-vindo ao módulo de Nutrição em Saúde</p><p>Pública. Nutrição em Saúde Pública é um campo das ciências que</p><p>se ocupa com o estudo da interação entre os diferentes factores</p><p>contribuintes associados à Nutrição e Saúde Pública.</p><p>Esta cadeira permitirá que o prezado estudante compreenda,</p><p>conheça os principais conceitos ligados a nutrição, saúde pública,</p><p>os problemas nutricionais que afectam a população moçambicana.</p><p>Neste módulo, serão discutidos assuntos como: quadro lógico da</p><p>desnutrição, os diferentes métodos de avaliação e classificação do</p><p>estado nutricional, a condução de inquéritos nutricionais, o</p><p>sistema de vigilância nutricional e a abordagem da emergência</p><p>nutricional.</p><p>Objectivos do Módulo</p><p>Ao terminar o estudo deste módulo de Nutrição em Saúde Pública</p><p>deverás ser capaz de: identificar e analisar os factores</p><p>contribuintes para a desnutrição, aplicar diferentes métodos de</p><p>avaliação do estado nutricional, dominar diferentes estratégias de</p><p>investigação; construir e aplicar instrumentos de recolha de</p><p>informação para a vigilância nutricional; analisar e interpretar os</p><p>resultados obtidos e propor soluções para as problemáticas</p><p>identificadas.</p><p>2</p><p>Objectivos</p><p>• Conhecer os conceitos de nutrição, género, saúde e</p><p>Saúde Pública;</p><p>• Identificar a interação entre as acções sensíveis e</p><p>específicas à nutrição;</p><p>• Saber desenhar a árvore do problema e identificar as</p><p>causas da malnutrição;</p><p>• Conceber instrumentos de recolha e análise de dados;</p><p>• Desenhar e conduzir inquéritos nutricionais;</p><p>• Programar projectos de investigação/acção;</p><p>• Produzir uma representação antecipada de resposta a</p><p>emergência em nutrição;</p><p>• Propor soluções para problemas detectados.</p><p>Quem deveria estudar este módulo</p><p>Este Módulo foi concebido para estudantes dos cursos de</p><p>mestrado em Nutrição e Saúde Pública do ISCED. Poderá ocorrer,</p><p>contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar</p><p>seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não</p><p>sendo necessário para tal se inscrever, mas poderão adquirir o</p><p>manual.</p><p>Como está estruturado este módulo</p><p>Este módulo de Nutrição em Saúde Pública, para estudantes do</p><p>curso de mestrado em Nutrição e Saúde Pública do ISCED, está</p><p>estruturado como se segue:</p><p>Páginas introdutórias</p><p>▪ Um índice completo.</p><p>▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,</p><p>resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para</p><p>melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta</p><p>secção com atenção antes de começar o seu estudo, como</p><p>componente de habilidades de estudos.</p><p>3</p><p>Conteúdo desta Disciplina / Módulo</p><p>Este módulo está estruturado em sete (7) Temas. Cada tema, por</p><p>sua vez comporta certo número de unidades temáticas</p><p>visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza</p><p>por conter uma introdução, objectivos e conteúdos. No final de</p><p>cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados</p><p>antes exercícios de autoavaliação, só depois é que aparecem os de</p><p>avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes</p><p>características: Puros exercícios teóricos, problemas não</p><p>resolvidos e actividades práticas algumas.</p><p>Outros recursos</p><p>A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si,</p><p>num cantinho, mesmo recôndito deste nosso vasto Moçambique e</p><p>cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,</p><p>apresenta uma lista de recursos</p><p>grávidas em situação de desnutrição que a acção social pode</p><p>contribuir para reduzir a desnutrição crónica.</p><p>4. SECTOR DA AGRICULTURA</p><p>4.1. Promoção da produção agrícola de alimentos com alto valor</p><p>nutritivo.</p><p>Para assegurar às famílias moçambicanas a disponibilidade e o acesso</p><p>físico aos alimentos, o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar</p><p>tem promovido o aumento da produção de alimentos nutritivos,</p><p>através da implementação de um leque de programas nacionais vitais,</p><p>que visam a diversificação do consumo alimentar, nomeadamente o</p><p>73</p><p>milho, arroz, trigo, mandioca, batata, amendoim, soja, feijões, frango e</p><p>peixe. Estes programas estão a ser implementados de forma</p><p>intensificada e assentes no uso de tecnologias melhoradas de</p><p>produção, tais como a tracção animal, irrigação, fertilizantes,</p><p>sementes certificadas, extensão agrária, controle da sanidade vegetal</p><p>e animal. No âmbito da promoção de alimentos nutritivos, o MASA</p><p>implementa o Programa de Extensão Rural que tem como objectivo</p><p>educar pequenos produtores em todo o país para o cultivo e produção</p><p>de alimentos, entre os quais se incluem os alimentos com alto valor</p><p>nutritivo.</p><p>5. SECTOR DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO</p><p>5.1. Programa de Iodização do Sal</p><p>No sector da indústria e comércio, a forma de contribuir para a</p><p>redução da desnutrição crónica é através da indústria de alimentos.</p><p>Em Moçambique, a única intervenção nesta área é o Programa</p><p>Nacional de Iodização do Sal para a redução da carência de iodo.</p><p>5.2. Programa Nacional de Fortificação de alimentos</p><p>Em 2016 foi aprovada a estratégia nacional de fortificação de</p><p>alimentos, o Decreto nº 9/2016 de 18 de Abril reforça que a farinha de</p><p>trigo, de milho, o óleo, o açúcar e sal são alimentos que devem ser</p><p>obrigatoriamente fortificado segundo as normas nacionais.</p><p>5.3. Monitoria do Código de Comercialização dos Substitutos do</p><p>Leite materno</p><p>No âmbito da promoção, protecção e apoio ao Aleitamento Materno</p><p>Exclusivo, a 22 de Outubro de 2008 entrou em vigor o Código de</p><p>Comercialização dos Substitutos do Leite Materno (CCSLM) que foi</p><p>aprovado pelo Diploma Ministerial n⁰ 129/2007 (de 03 de Outubro),</p><p>assinado pelos Ministros da Saúde e Indústria e Comércio. O CCSLM</p><p>visa proteger e promover o aleitamento materno de forma efectiva,</p><p>assegurando para o efeito o uso apropriado dos substitutos do leite</p><p>materno e visando regulamentar a comercialização, publicidade e</p><p>venda dos produtos alimentares infantis. O Código aplica-se aos</p><p>substitutos do leite materno, quando comercializado ou de outro</p><p>modo representado como um substituto parcial ou total do leite</p><p>materno. Os substitutos do leite materno incluem alimentos e bebidas</p><p>tais como:</p><p>▪ Alimentos infantis;</p><p>▪ Fórmulas de seguimento;</p><p>▪ Outros produtos de leite;</p><p>74</p><p>▪ Sumos e chás para bebés;</p><p>▪ Misturas de cereais e vegetais.</p><p>O Código também se aplica aos biberões, tetinas e chuchas. Uma vez</p><p>que o aleitamento materno exclusivo é recomendado durante 6</p><p>meses, todos os alimentos complementares comercializados ou de</p><p>outro modo representados para uso antes dos 6 meses são substitutos</p><p>do leite materno.</p><p>De forma resumida o CCSLM refere que:</p><p>• Publicidade: É proibida a publicidade dos produtos acima</p><p>indicados.</p><p>• Amostras: É proibida a distribuição de amostras grátis às mães</p><p>das crianças, aos seus familiares ou trabalhadores de saúde.</p><p>• Unidades Sanitárias: É proibida a promoção de produtos, isto é,</p><p>exposição de produtos, cartazes, calendários ou distribuição de</p><p>materiais promocionais. É proibida a utilização de profissionais</p><p>de saúde que sejam pagos pelas companhias que fabricam ou</p><p>comercializam estes produtos.</p><p>• Trabalhadores de Saúde: É proibida a entrega de ofertas ou</p><p>amostras aos trabalhadores de saúde. Informações dos</p><p>produtos devem ser reais e científicas.</p><p>• Fornecimentos: É proibido o fornecimento de substitutos do</p><p>leite materno de baixo custo ou grátis para qualquer local do</p><p>sistema de saúde.</p><p>• Informação: Materiais informativos e educativos devem</p><p>explicar os benefícios do aleitamento materno, os riscos de</p><p>saúde associados à alimentação por biberão e os custos de</p><p>utilização da fórmula infantil.</p><p>• Rótulos: Os rótulos dos produtos devem claramente declarar a</p><p>superioridade do aleitamento materno, a necessidade de</p><p>aconselhamento do trabalhador de saúde e um aviso sobre os</p><p>riscos de saúde. Não é permitida a apresentação de nenhuma</p><p>fotografia ou desenho de crianças, outras figuras ou texto</p><p>idealizando o uso de fórmula infantil.</p><p>• Qualidade: Produtos não apropriados, tais como leite</p><p>condensado, não devem ser promovidos para bebés. Todos os</p><p>produtos devem ser de alta qualidade (padrões do Codex</p><p>Alimentarius) e levar em conta as condições climáticas e</p><p>condições de armazenamento do País onde eles são usados.</p><p>Anualmente são realizadas, no mínimo, 3 monitorias da</p><p>implementação do CCSLM a nível nacional, onde uma equipa</p><p>composta pelos técnicos da saúde e da Inspecção Nacional das</p><p>Actividades Económicas (INAE) se fazem presentes nos</p><p>75</p><p>estabelecimentos comerciais para a monitoria da comercialização</p><p>desses produtos e aplicação da sansão correspondente aos casos de</p><p>infracção dos artigos do Código.</p><p>6. SECTOR DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO</p><p>Melhorar o acesso a água limpa e saneamento e estabelecer boas</p><p>práticas de higiene contribuem para reduzir a desnutrição crónica,</p><p>pois evita-se a contaminação dos alimentos, melhora-se a qualidade</p><p>nutritiva e previne-se contra as doenças infeciosas. Além das</p><p>intervenções para melhorar as infraestruturas, existem actividades de</p><p>mobilização das comunidades para adoptarem boas práticas de</p><p>higiene. Várias organizações implementam projectos nesta área nas</p><p>comunidades.</p><p>7. Mil dias para a prevenção da desnutrição - Janela de</p><p>oportunidade.</p><p>A série Lancet (2006), identificou a necessidade de concentrar-se no</p><p>período crítico que se estende desde a concepção até ao segundo ano</p><p>de vida da criança porque a nutrição adequada e o crescimento</p><p>saudável nestes 1000 dias têm um efeito benéfico permanente para o</p><p>resto da vida. Também se reiterou a necessidade de priorizar os</p><p>programas nacionais de nutrição, aumentar a integração com</p><p>programas de saúde, aprimorar as abordagens intersectoriais e</p><p>melhorar o enfoque e a coordenação do sistema de nutrição global</p><p>formado por órgãos internacionais, entidades doadoras, instituições</p><p>de ensino superior, sociedade civil e sector privado. É nesta fase que</p><p>devemos promover a protecção da saúde, possibilitando a afirmação</p><p>plena do potencial de nascimento, crescimento e desenvolvimento</p><p>humano, com qualidade de vida e cidadania. Todos os sectores da</p><p>saúde têm uma oportunidade de influenciar na redução da</p><p>desnutrição crónica nesta fase, através da aglutinação e coordenação</p><p>cada vez mais forte na implementação das suas actividades. Todos os</p><p>sectores de saúde devem ter em conta que este único período de</p><p>janela para prevenir a desnutrição crónica. Considerando que a</p><p>desnutrição crónica resulta do fraco desenvolvimento do feto e do</p><p>crescimento insuficiente da criança durante os 2 primeiros anos de</p><p>vida e que os factores mais importantes que influenciam a desnutrição</p><p>crónica são:</p><p>➢ O estado de saúde da mãe antes e durante a gravidez;</p><p>76</p><p>➢ A alimentação, cuidados e o estado de saúde da criança nos</p><p>primeiros 2 anos de vida.</p><p>➢ A nossa janela de oportunidade para o combate a desnutrição</p><p>crónica</p><p>Figura 7. Esquema dos (1000) mil dias</p><p>Fonte: Lancet, 2006.</p><p>8. Programas e intervenções específicas à Nutrição</p><p>Programas ou intervenções que consideram os determinantes</p><p>imediatos da nutrição e desenvolvimento fetal e infantil como</p><p>adequação na ingestão de alimentos e nutrientes, práticas de</p><p>alimentação, cuidados de crianças e criação dos filhos e baixa carga de</p><p>doenças infeciosas.</p><p>Exemplos: nutrição e saúde materna, da adolescente e no período pré-</p><p>concepcional; suplementação materna alimentar ou com</p><p>micronutrientes; incentivo ao aleitamento</p><p>materno ideal; alimentação</p><p>complementar e práticas de alimentação responsiva e estimulação;</p><p>suplementação alimentar; diversificação alimentar e fortificação de</p><p>alimentos ou suplementação com micronutrientes para crianças;</p><p>tratamento da desnutrição aguda grave, prevenção e tratamento de</p><p>doenças; nutrição em situação de emergência.</p><p>9. Programas e intervenções sensíveis à nutrição</p><p>Programas ou intervenções que consideram os determinantes básicos</p><p>da nutrição e desenvolvimento fetal e infantil, como segurança</p><p>alimentar, recursos para cuidados adequados de crianças ao nível</p><p>materno, familiar e comunitário, acesso a serviços de saúde e a um</p><p>ambiente higiênico e seguro, incorporando metas e acções</p><p>nutricionais específicas. Programas sensíveis à nutrição podem servir</p><p>como plataforma para distribuição de intervenções nutricionais</p><p>específicas, potencialmente aumentando sua extensão, cobertura e</p><p>eficácia.</p><p>77</p><p>Exemplos: agricultura e segurança alimentar, redes de proteção social,</p><p>desenvolvimento na primeira infância, saúde mental materna,</p><p>capacitação da mulher, proteção infantil, escolaridade, água,</p><p>saneamento e higiene, serviços de saúde e de planeamento familiar.</p><p>Sumário</p><p>As acções específicas são implementadas pelo sector saúde e</p><p>respondem a actividades como a promoção do aleitamento materno</p><p>dentro da primeira hora após o parto, aleitamento materno exclusivo</p><p>até aos 6 meses, aleitamento continuado até aos 2 anos ou mais,</p><p>alimentação complementar adequada e responsiva, suplementação</p><p>com Vitamina A, Ferro e ácido fólico (FeFo), micronutrientes em pó</p><p>(MNP), desparasitação, tratamento da desnutrição aguda (moderada e</p><p>grave), abordagem da nutrição comunitária, planeamento familiar,</p><p>prevenção e tratamento da malária e tratamento das infecções de</p><p>transmissão sexual. As acções sensíveis à nutrição levadas a cabo pelos</p><p>diferentes sectores tendo em conta as suas orientações como:</p><p>educação, género, criança e acção social, pescas, agricultura, indústria</p><p>e comércio, obras públicas e habitação e juventude e desportos. Estas</p><p>acções devem ser coordenadas de modo a garantir melhor uso dos</p><p>recursos.</p><p>Exercícios de autoavaliação</p><p>1. Faz parte dos sectores que implementam acções sensíveis a</p><p>nutrição todas excepto:</p><p>a) Educação</p><p>b) Obras públicas e habitação</p><p>c) Indústria e comércio</p><p>d) Agricultura</p><p>e) Administração Estatal.</p><p>2. Não fazem parte das acções específicas à nutrição as seguintes:</p><p>a. Aleitamento materno exclusivo</p><p>b. Aleitamento continuado ate 5 anos ou mais</p><p>c. Tratamento da desnutrição aguda e moderada</p><p>d. Planeamento familiar</p><p>e. Prevenção e tratamento da malária.</p><p>78</p><p>3. Quais são as intervenções levadas a cabo pelo sector da</p><p>educação para a prevenção da desnutrição?</p><p>a) Alimentação escolar</p><p>b) Educação nutricional</p><p>c) Hortas escolares</p><p>d) Prevenção da gravidez precoce</p><p>e) Todas as anteriores.</p><p>4. Qual é o papel do sector das obras públicas na prevenção da</p><p>desnutrição?</p><p>Resposta: Melhorar as infraestruturas, o acesso a água limpa e</p><p>saneamento e estabelecer boas práticas de higiene pois evita-se a</p><p>contaminação dos alimentos, melhora-se a qualidade nutritiva e</p><p>previne-se contra as doenças infeciosas.</p><p>5. Qual é a contribuição do sector da agricultura na prevenção da</p><p>desnutrição?</p><p>Resposta: assegurar às famílias a disponibilidade e o acesso físico aos</p><p>alimentos, através da promoção do aumento da produção de</p><p>alimentos nutritivos, através da implementação de um leque de</p><p>programas nacionais vitais, que visam a diversificação do consumo</p><p>alimentar.</p><p>6. Como é que o sector de acção social contribui para a prevenção</p><p>da desnutrição?</p><p>Resposta: Através da implementação do Programa Subsídio de</p><p>Alimentos (PSA) Distribui alimentos para pessoas vulneráveis (idosos,</p><p>portadores de deficiência, doentes crónicos e mulheres grávidas) em</p><p>todas as províncias.</p><p>7. Qual é o período que corresponde aos 1000 dias</p><p>Resposta: Os mil dias correspondem ao período crítico que se estende</p><p>desde a concepção até ao segundo ano de vida da criança.</p><p>8. Quais são as acções específicas a nutrição?</p><p>Resposta: promoção do aleitamento materno dentro da primeira hora</p><p>após o parto, aleitamento exclusivo até aos 6 meses e continuado até</p><p>aos 24 meses ou mais, boas práticas da alimentação complementar</p><p>adequada até aos 24 meses, promoção da alimentação infantil</p><p>adequada, suplementação com Vitamina A, FeFo, Iodo, MNP,</p><p>desparasitação, educação nutricional, prevenção e tratamento da</p><p>desnutrição aguda, monitoria do CCSLM.</p><p>9. Quais são as acções sensíveis a nutrição?</p><p>79</p><p>Resposta: são as acções levadas a cabo pelos sectores de educação</p><p>(lanche escolar, suplementação com FeFo as raparigas adolescentes e</p><p>educação alimentar e nutricional); Juventude e desportos (Educação</p><p>alimentar e nutricional e prevenção da gravidez precoce); Pescas</p><p>(educação alimentar e nutricional); Agricultura e segurança alimentar</p><p>(educação alimentar e nutricional, biofortificação e hortas caseiras);</p><p>Indústria e comércio (fortificação alimentar, monitoria do CCSLM).</p><p>10.Quais são os factores importantes que influenciam a desnutrição</p><p>crónica nos primeiros 2 anos de vida?</p><p>Resposta: os factores que influenciam a desnutrição crónica nos</p><p>primeiros 2 anos de vida são: o estado de saúde da mãe antes e</p><p>durante a gravidez; a alimentação, cuidados e o estado de saúde da</p><p>criança nos primeiros 2 anos de vida e nossa janela de oportunidade</p><p>para o combate a desnutrição.</p><p>1. Quais são os principais problemas nutricionais do país?</p><p>2. Qual é a prevalência da deficiência de vitamina A em crianças</p><p>menores de 59 meses no país?</p><p>3. Qual é a prevalência de deficiência de ferro em crianças</p><p>menores de 59 meses?</p><p>4. Qual é a situação das doenças não transmissíveis no país?</p><p>5. Qual é o objectivo da suplementação com ferro e ácido fólico</p><p>para a rapariga adolescente?</p><p>6. Qual é o objectivo da suplementação com ferro e ácido fólico a</p><p>mulher grávida?</p><p>7. Qual é a prevalência da desnutrição crónica em menores de 59</p><p>meses no nosso país?</p><p>8. Qual é a prevalência da desnutrição aguda no nosso país?</p><p>9. Quantas doses de Vitamina A a criança deve fazer por ano?</p><p>10. Quantas doses de vitamina A uma criança de 59 meses deve</p><p>fazer?</p><p>11. No país qual é a faixa etária das crianças suplementadas com</p><p>micronutrientes em pó?</p><p>12. Qual é a dose de vitamina administrada as crianças dos 6 a 59</p><p>Exercícios</p><p>80</p><p>meses?</p><p>13. Quando deve iniciar a desparasitação das crianças menores de</p><p>59 meses?</p><p>14. Diferencia a desnutrição aguda da desnutrição crónica.</p><p>15. Debruce-se sobre a desnutrição por deficiência de</p><p>micronutriente.</p><p>16. Identifique as causas básicas da desnutrição.</p><p>17. Descreva as causas imediatas da desnutrição.</p><p>18. Explique as causas subjacentes da desnutrição.</p><p>19. Descreva o ciclo vicioso do consumo inadequado de alimentos.</p><p>20. Menciona pelo menos 4 acções sensíveis à nutrição que</p><p>contribuem para a prevenção da desnutrição.</p><p>21. Mencione pelo menos 4 acções específicas à nutrição que</p><p>contribuem para a prevenção da desnutrição.</p><p>22. Indique os sectores que contribuem para a prevenção da</p><p>desnutrição.</p><p>23. Justifique a importância dos 1000 dias na prevenção da</p><p>desnutrição.</p><p>24. Debruce-se sobre o papel do sector saúde na prevenção da</p><p>desnutrição.</p><p>25. Qual é o objectivo do código de comercialização dos</p><p>substitutos do leite materno?</p><p>26. Quais são os componentes do programa de reabilitação</p><p>nutricional?</p><p>27. Quais são as formas clínicas da desnutrição aguda?</p><p>28. Quais são as consequências da falta de iodo?</p><p>29. Quais são as diferentes formas de desnutrição (simples ou</p><p>combinadas)</p><p>30. Fale da importância da educação nutricional.</p><p>Guia de correção</p><p>1. Os principais problemas nutricionais são a desnutrição crónica</p><p>e a deficiência de micronutrientes (Vitamina A, Iodo, ferro).</p><p>2. A prevalência de deficiência de Vitamina A em Moçambique é</p><p>de 69% em crianças dos 6 aos 59 meses.</p><p>3. A prevalência</p><p>da deficiência de ferro é de 69% e a deficiência</p><p>81</p><p>de Iodo 54%.</p><p>4. Apesar de altos índices de desnutrição no País, devido as</p><p>mudanças no perfil epidemiológico o País já começa a perceber</p><p>o aumento significativo da prevalência das doenças não</p><p>transmissíveis incluindo em indivíduos mais jovens.</p><p>5. O objectivo da suplementação com ferro e ácido fólico na</p><p>rapariga adolescente é a prevenção da anemia, reposição da</p><p>perda do ferro durante o período menstrual e redução do risco</p><p>da geração de bebés com desnutrição crónica futuramente,</p><p>quebrando desta forma o ciclo da desnutrição.</p><p>6. O objectivo da suplementação com ferro e ácido fólico a</p><p>mulher grávida é da prevenção da anemia durante a gravidez,</p><p>garantir que a hemoglobina esteja adequada no momento do</p><p>parto, diminuir a probabilidade da hemorragia pós parto.</p><p>7. Actualmente a prevalência da desnutrição crónica em menores</p><p>de 59 meses no nosso país é de 43%.</p><p>8. Actualmente a prevalência da desnutrição aguda no nosso país</p><p>é de 6%.</p><p>9. A criança a partir dos 6 meses de idade deve fazer duas doses</p><p>de vitamina A por ano.</p><p>10. Uma criança de 59 meses deve fazer 10 doses de vitamina A.</p><p>11. No País todas as crianças dos 6 aos 23 meses suplementadas</p><p>com micronutrientes em pó.</p><p>12. A dose de vitamina administrada as crianças dos 6 aos 11</p><p>meses é de 100.000UI e as crianças dos 12 aos 59 meses é de</p><p>200.000UI.</p><p>13. A desparasitação das crianças deve iniciar pontualmente aos 12</p><p>meses de idade.</p><p>14. A desnutrição aguda é caracterizada por uma perda rápida de</p><p>peso em curto espaço de tempo devido a uma infecção ou</p><p>ingestão.</p><p>15. As deficiências de micronutrientes são um problema de saúde</p><p>global significativo. As mulheres que sofrem deficiências de</p><p>micronutrientes têm maior risco de morrer durante o parto,</p><p>dando à luz um bebê com baixo peso ou mentalmente</p><p>debilitado; saúde precária e desenvolvimento de bebés</p><p>amamentados. As crianças pequenas que sofrem de</p><p>deficiências de micronutrientes têm um risco aumentado de</p><p>morrer devido a uma infecção e comprometimento do</p><p>desenvolvimento mental e físico.</p><p>16. As causas básicas incluem: 1) Pobreza, 2) Falta de acesso a</p><p>82</p><p>educação e 3) Problemas de género.</p><p>17. As causas imediatas que incluem: 1) consumo inadequada de</p><p>alimentos e 2) as doenças infeciosas.</p><p>18. As causas subjacentes: 1) a insegurança alimentar (fraca</p><p>produção, acesso a alimentos e falta de dinheiro para comprar</p><p>alimentos), 2) baixa qualidade dos cuidados para mães e</p><p>crianças e 3) disponibilidade inadequada de serviços de saúde,</p><p>saneamento e falta de acesso a fontes de água potável.</p><p>19. As condições insalubres de moradia são a principal causa para</p><p>o ciclo de consumo inadequado de alimentos, daí decorrendo</p><p>um aumento das doenças: baixo peso ao nascer, desmame</p><p>inadequado, infecções frequentes e infância, como vimos. Se</p><p>prosseguir a alimentação inadequada na adolescência e na vida</p><p>adulta, haverá ganho de peso insuficiente na gestação, e</p><p>consequentemente a criança nascerá com baixo peso e já</p><p>desnutrida, como se pode ver no ciclo abaixo.</p><p>20. As acções sensíveis são levadas a cabo pelos sectores de</p><p>educação (lanche escolar, suplementação com FeFo as</p><p>raparigas adolescentes e educação alimentar e nutricional);</p><p>Juventude e desportos (Educação alimentar e nutricional e</p><p>prevenção da gravidez precoce); Pescas (educação alimentar e</p><p>nutricional); Agricultura e segurança alimentar (educação</p><p>alimentar e nutricional, biofortificação e hortas caseiras);</p><p>Indústria e comércio (fortificação alimentar, monitoria do</p><p>CCSLM).</p><p>21. As acções específicas são implementadas pelo sector saúde e</p><p>respondem a actividades como a promoção do aleitamento</p><p>materno dentro da primeira hora após o parto, aleitamento</p><p>materno exclusivo até aos 6 meses, aleitamento continuado</p><p>até aos 2 anos ou mais, alimentação complementar adequada</p><p>e responsiva, suplementação com Vitamina A, Ferro e ácido</p><p>fólico (FeFo), micronutrientes em pó (MNP), desparasitação,</p><p>tratamento da desnutrição aguda (moderada e grave),</p><p>abordagem da nutrição comunitária, planeamento familiar,</p><p>prevenção e tratamento da malária e tratamento das infecções</p><p>de transmissão sexual.</p><p>22. Os sectores são: Educação; Obras públicas e habitação;</p><p>Indústria e comércio; Agricultura; Género e Acção Social;</p><p>Desporto.</p><p>23. É nesta fase que devemos promover a protecção da saúde,</p><p>possibilitando a afirmação plena do potencial de nascimento,</p><p>crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de</p><p>83</p><p>vida e cidadania. Portanto, todos os sectores têm uma</p><p>oportunidade de influenciar na redução da desnutrição crónica</p><p>nesta fase, através da aglutinação e coordenação cada vez mais</p><p>forte na implementação das suas actividades. Todos os</p><p>sectores de saúde devem ter em conta que este único período</p><p>de janela para prevenir e reverter o quadro da desnutrição</p><p>crónica.</p><p>24. O sector saúde para a prevenção da desnutrição crónica</p><p>participa com as sessões de educação alimentar e nutricional,</p><p>as suplementações com micronutrientes, suplementação</p><p>alimentar e reabilitação nutricional.</p><p>25. O objectivo do Código de comercialização dos Substitutos do</p><p>Leite Materno (CCSLM) é o de regulamentar o comércio e</p><p>publicidade dos substitutos do leite materno como as fórmulas</p><p>infantis, biberões, chuchas, tetinas e mais.</p><p>26. As componentes do Programa de Reabilitação Nutricional</p><p>(PRN) são: Envolvimento comunitário; Tratamento da</p><p>Desnutrição no Internamento (TDI); Tratamento da</p><p>Desnutrição em Ambulatório (TDA); Suplementação alimentar</p><p>e Educação nutricional e demonstrações culinárias.</p><p>27. As formas clínicas da desnutrição são: Marasmo</p><p>(emagrecimento grave); Kwashiorkor (edema bilateral);</p><p>Kwashiorkor-marasmático, ou emagrecimento grave com</p><p>edema bilateral.</p><p>28. A deficiência de iodo é responsável pela redução do</p><p>crescimento e desenvolvimento infantil, causando sérias</p><p>consequências à saúde das crianças como: baixa estatura,</p><p>apatia, atraso no desenvolvimento cerebral, prejuízos na</p><p>capacidade motora, fala e audição, entre outros.</p><p>29. As diferentes formas de desnutrição que podem aparecer</p><p>isoladas ou em combinação incluem: Desnutrição aguda:</p><p>manifesta-se através de baixo peso para altura e/ou edema</p><p>bilateral; Desnutrição crónica: manifesta-se através de baixa</p><p>altura para idade; Desnutrição de micronutrientes: as formas</p><p>mais comuns de desnutrição de micronutrientes estão</p><p>relacionadas com as deficiências de ferro, vitamina A, iodo.</p><p>30. As prácticas e hábitos alimentares inadequados contribuem</p><p>para a ocorrência de problemas nutricionais tanto por défice</p><p>como por excesso, daí a importância da educação nutricional</p><p>para a consciencialização da população para a adopção de boas</p><p>práticas de alimentação e nutrição.</p><p>84</p><p>TEMA III: AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM BASE NA AVALIAÇÃO DIETETICA</p><p>Introdução da Unidade Temática III</p><p>Caro estudante, neste terceiro módulo iremos nos debruçar em torno</p><p>de dois (2)</p><p>itens fundamentais sobre a avaliação nutricional e</p><p>dietética, como são apresentados a seguir:</p><p>Unidade Temática 3.1. Inquéritos Alimentares</p><p>Unidade Temática 3.2.Metódos de Avaliação Alimentar.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>UNIDADE Temática 3.1. Inquéritos Alimentares</p><p>Introdução</p><p>Esta unidade pretende dotar aos estudantes de capacidade para</p><p>conduzir inquéritos nutricionais que incluem variáveis</p><p>antropométricas e de consumo alimentar relevante para avaliação e</p><p>monitoria das condições de saúde, alimentação e nutrição da</p><p>população que permitem classificar a qualidade de vida da população.</p><p>A realização de estudos nutricionais é complexa devido a</p><p>complexidade dos tabús e hábitos culturais.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>85</p><p>Objectivos</p><p>▪ Caracterizar os diferentes inquéritos nutricionais;</p><p>▪ Conhecer os diferentes métodos de avaliação nutricional;</p><p>▪ Conhecer os principais indicadores nutricionais.</p><p>A avaliação do consumo alimentar é realizada para fornecer</p><p>subsídios para o desenvolvimento e implantação de planos</p><p>nutricionais e deve integrar um protocolo de atendimento para</p><p>avaliação nutricional, cujo objetivo deve ser o de estimar se a</p><p>ingestão de alimentos está adequada ou inadequada e o de</p><p>identificar hábitos inadequados e/ou a ingestão excessiva de</p><p>alimentos com pobre conteúdo nutricional (Fisberg, 2009).</p><p>Os Inquéritos Alimentares constituem os métodos utilizados para</p><p>avaliar o consumo alimentar do individuo. Esses geralmente podem</p><p>ser retrospectivos (Recordatório de 24h, Questionário de</p><p>Frequência Alimentar e História Alimentar) ou prospectivos (Registo</p><p>Alimentar).</p><p>Os inquéritos alimentares quantitativos são aplicados quando o</p><p>objectivo é colher informações sobre a ingestão e a posterior</p><p>comparação dos valores obtidos com as necessidades individuais.</p><p>Em relação à ingestão, os dados devem refletir a dieta habitual,</p><p>uma vez que os efeitos da ingestão inadequada surgem somente</p><p>após uma exposição prolongada a uma situação de risco alimentar</p><p>(dificuldades na identificação correta dos alimentos, na</p><p>quantificação das receitas e pratos culinários, alguns requerem</p><p>habilidades cognitivas).</p><p>Existem alguns fatores que podem interferir na avaliação dos</p><p>inquéritos dietéticos que podem afectar, em maior ou menor grau,</p><p>a qualidade dos resultados. Dentre esses factores encontram-se o</p><p>entrevistado (pode se esquecer de relatar os alimentos realmente</p><p>consumidos ou relatar alimentos que não foram consumidos); o</p><p>entrevistador (as palavras utilizadas para fazer as perguntas,</p><p>reações verbais ou não verbais diante das respostas do paciente, a</p><p>inabilidade de promover uma relação empática com o paciente e</p><p>omissões de perguntas) e o método de inquérito utilizado para</p><p>coletar e, subsequentemente analisar a informação obtida.</p><p>Necessidades e Recomendações Nutricionais- DRI</p><p>Necessidades nutricionais são definidas como a quantidade de</p><p>nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que o indivíduo</p><p>sadio deve ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas</p><p>normais e prevenir sintomas de deficiências. As recomendações são</p><p>86</p><p>usadas para a planificação e avaliação de dietas de indivíduos e</p><p>populações saudáveis. Alguns conceitos de referência:</p><p>1. Necessidade Média Estimada- EAR- representa o valor de</p><p>ingestão de um nutriente, estimado para cobrir as necessidades em</p><p>50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado</p><p>fisiológico e sexo. É utilizado como base para estabelecer as RDA e</p><p>também para avaliar a adequação e a planificação da ingestão</p><p>dietética de grupos populacionais.</p><p>2. Ingestão Dietética Recomendada- RDA- é o nível de ingestão</p><p>dietética suficiente para cobrir as necessidades de quase todos os</p><p>indivíduos saudáveis (97%a 98%) em determinada faixa etária,</p><p>estado fisiológico e sexo. A ingestão dietética recomendada é um</p><p>valor a ser usado como meta de ingestão na prescrição da dieta</p><p>para indivíduos saudáveis, não devendo ser utilizado para avaliação</p><p>da adequação da dieta e nem para planificação de cardápios de</p><p>grupos populacionais.</p><p>3. Ingestão adequada- AI- nível de ingestão de nutrientes a ser</p><p>utilizado em substituição de RDA quando as evidências científicas</p><p>não são suficientes para o cálculo da necessidade (EAR). Tais</p><p>recomendações de ingestão baseiam-se no consumo médio de</p><p>nutrientes observado ou estimado experimentalmente de um</p><p>grupo ou grupos de indivíduos considerados saudáveis. A ingestão</p><p>adequada (AI) deve ser usada como meta de consumo de</p><p>nutrientes na prescrição da dieta para indivíduos saudáveis.</p><p>4. Nível Máximo de Ingestão Tolerável- UL- nível mais alto de</p><p>ingestão diária de nutrientes isento de risco de efeitos adversos à</p><p>saúde para quase todos os indivíduos de uma população. O nível</p><p>máximo tolerável, portanto, não é nível de ingestão recomendável,</p><p>uma vez que se questiona os benefícios do consumo de nutrientes</p><p>acima de valores de RDRs ou Ais.</p><p>Figura 8. Avaliação de ingestão dietética de nutrientes.</p><p>Fonte: FAO, 2009.</p><p>87</p><p>Avaliação Subjectiva Geral</p><p>A Avaliação Nutricional Subjetiva Geral (ANSG) é método clínico de</p><p>avaliação do estado nutricional, que considera não apenas</p><p>alterações da composição corporal, mas também alterações</p><p>funcionais do paciente. É método simples, de baixo custo e não-</p><p>invasivo, podendo ser realizado à beira do leito (Barbosa-Silva;</p><p>Barros, 2002).</p><p>Com o propósito de complementar os métodos usuais de avaliação</p><p>nutricional, alguns pesquisadores têm utilizado a ANSG como uma</p><p>opção para a detecção de pacientes com risco de desnutrição</p><p>(Yamauti et al, 2006).</p><p>Originalmente, a ASG foi desenvolvida e validada para pacientes</p><p>cirúrgicos, obtendo grande aceitação na práctica clínica, sendo</p><p>atualmente utilizada não apenas em pacientes cirúrgicos, mas</p><p>também na sua forma original ou após adaptações em várias outras</p><p>situações clínicas e com diversos objetivos (avaliar o estado</p><p>nutricional; determinar a prevalência de desnutrição; verificar</p><p>complicações pós-operatórias e avaliar a validade convergente de</p><p>parâmetros). Por se tratar de método subjetivo, sua precisão</p><p>depende da experiência do observador. Porém, quando usado por</p><p>observadores experientes, apresenta boa precisão do diagnóstico.</p><p>A ANSG tem sido amplamente utilizada, por se tratar de método de</p><p>fácil execução, dispensando recursos dispendiosos e podendo ser</p><p>realizado por profissionais não clínicos de equipe multidisciplinar do</p><p>acompanhamento e tratamento nutricional.</p><p>Esse método contempla a História e o Exame Físico. Em relação à</p><p>história são cinco as características observadas: perda de peso nos</p><p>últimos 6 meses, alteração na ingestão alimentar, presença de</p><p>sintomas gastrointestinais, alteração da capacidade funcional e</p><p>diagnóstico principal e sua relação com as necessidades</p><p>nutricionais. Quanto ao exame físico, três características são</p><p>observadas: perda de gordura subcutânea, depleção muscular</p><p>(perda de glicogénio nos músculos) e presença de edema. A partir</p><p>dos componentes da história e exame físico, é identificado o estado</p><p>nutricional do paciente, que vai desde bem nutrido a gravemente</p><p>desnutrido.</p><p>Para se determinar a presença de edema bilateral, deve-se fazer</p><p>uma pressão firme com o dedo polegar no dorso de ambos os pés</p><p>contando 1..., 2..., 3... (durante três segundos). Em seguida, o dedo</p><p>polegar é retirado e, se se formarem cavidades nos locais</p><p>pressionados, a presença de edema é afirmada. As cavidades</p><p>permanecerão em ambos os pés por muitos segundos.</p><p>88</p><p>O edema bilateral normalmente começa nos pés e na região pré-</p><p>tibial. É importante testar ambos os pés; se a cavidade não aparece</p><p>em ambos os pés, o edema não tem origem nutricional. Uma</p><p>segunda pessoa deverá repetir o teste para confirmar a presença de</p><p>edema bilateral.</p><p>Existem três graus de edema bilateral, que são classificados</p><p>pelo</p><p>sinal positivo (+; ++; +++). Quando não se verifica a presença de</p><p>edema bilateral, classifica-se como "ausente" (ver Tabela 1.6).</p><p>Nota: Na impossibilidade de arranjar uma segunda pessoa para</p><p>repetir o teste, faça uma segunda medição para verificar a presença</p><p>e classificação do edema bilateral.</p><p>Tabela 5.Indicador para avaliação da gravidade do edema bilateral</p><p>Se não existir edema bilateral, considerar como “Ausente.”</p><p>Grau + Grau ++ Grau +++</p><p>89</p><p>Edema ligeiro:</p><p>Geralmente confinado</p><p>ao dorso dos pés</p><p>Edema moderado: Sobre</p><p>os pés, as pernas, as</p><p>mãos, ou antebraços</p><p>Edema grave: Em todo o</p><p>corpo (inclui ambos os</p><p>pés, pernas, braços, e</p><p>rosto e pálpebras)</p><p>Figura 9. Ficha de Avaliação Nutricional Sujectiva Geral.</p><p>Fonte: DETSKY et al. (1987).</p><p>Recordatório de 24 horas (R24h)</p><p>O R24h consiste em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas</p><p>ingeridas no período anterior à entrevista, que podem ser as 24 horas</p><p>precedentes ou, mais comumente, o dia anterior. O questionamento</p><p>sobre o dia anterior geralmente facilita a recordação. Trata-se de uma</p><p>entrevista pessoal conduzida pelo nutricionista durante a consulta. A</p><p>qualidade da informação coletada dependerá da memória e da</p><p>cooperação do paciente, assim como da capacidade do profissional em</p><p>estabelecer um canal de comunicação do qual se obtenha o</p><p>90</p><p>conhecimento por meio do diálogo (Fisberg, 2009).</p><p>A informação obtida por esse método é influenciada pela habilidade</p><p>do indivíduo em recordar, de forma precisa, seu consumo de</p><p>alimentos. Essa habilidade varia de acordo com a idade, sexo, nível de</p><p>escolaridade, entre outros fatores. A idade é o fator que mais</p><p>influencia as respostas, sobretudo nas idades extremas, quando se</p><p>requer que uma pessoa responsável relate a informação. A mesma</p><p>dificuldade pode ocorrer para pessoas com algum tipo de deficiência</p><p>cognitiva. Avalia-se que as crianças a partir de 12 ou 13 anos possam</p><p>responder a entrevistas com precisão, sem ajuda de adultos (Fisberg,</p><p>2009).</p><p>Além da descrição do tipo de alimento consumido, é necessário que o</p><p>indivíduo responda detalhadamente sobre o tamanho e o volume da</p><p>porção consumida. Para favorecer esse processo, o profissional poderá</p><p>utilizar álbuns de fotografias, modelos tridimensionais de alimentos ou</p><p>de medidas caseiras. Para determinar o valor calórico consumido</p><p>deve-se utilizando tabelas de composição de alimentos, programas</p><p>eletrónicos, determinações ou necessidades nutricionais,</p><p>recomendações nutricionais da FAO- OMS 1985.</p><p>Uma das vantagens do R24h é a rápida aplicação e o imediato período</p><p>de recordação, condições que predispõem a uma maior participação.</p><p>Tanto o método R24h como o registro alimentar avaliam a dieta atual</p><p>e estimam valores absolutos ou relativos da ingestão de energia e</p><p>nutrientes amplamente distribuídos no total de alimentos oferecidos</p><p>ao indivíduo. Isso pode ser feito porque o método permite um</p><p>ilimitado nível de especificidade. Outras vantagens são: o paciente não</p><p>precisa ser alfabetizado e o método é o que menos propício a</p><p>alteração no comportamento alimentar.</p><p>Questionário de Frequência Alimentar (QFA)</p><p>É importante avaliar a frequência de consumo de determinados</p><p>alimentos, tanto daqueles que se consumidos em excesso, podem</p><p>comprometer a qualidade da dieta e o estado de saúde, quanto</p><p>daqueles que são fonte de nutrientes e compostos bioativos</p><p>relacionados à manutenção e à promoção da saúde. A partir de uma</p><p>lista de alimentos, solicita-se ao indivíduo que informe a frequência de</p><p>consumo de cada alimento e com essa informação, utilizada de forma</p><p>qualitativa, avalia-se a necessidade de modificações na dieta,</p><p>indicando a inclusão ou exclusão de alimentos na etapa de orientação</p><p>dietética. Esse método, é conhecido como questionário de frequência</p><p>alimentar (QFA), tem sua utilização na clínica distinta em relação aos</p><p>estudos epidemiológicos, nos quais seu emprego é extensivo.</p><p>É considerado o mais prático e informativo método de avaliação em</p><p>estudos que investigam a associação entre o consumo dietético e a</p><p>ocorrência de desfechos clínicos, em geral relacionados às doenças</p><p>91</p><p>não transmissíveis (DNT). É amplamente utilizado em grandes estudos</p><p>epidemiológicos que devem considerar fatores como custo e logística</p><p>da coleta e análise do inquérito alimentar.</p><p>O QFA é composto por uma lista de alimentos predefinida e uma</p><p>seção com a frequência de consumo (número de vezes que o indivíduo</p><p>consome um determinado alimento por dia, semana, mês ou ano).</p><p>Alguns questionários, adicionalmente, podem também conter uma</p><p>porção média de referência consumida, para que o indivíduo relate se</p><p>o seu consumo é maior ou menor. Quando inclui a quantidade</p><p>consumida, é chamado de Questionário Quantitativo de Frequência</p><p>Alimentar (QQFA). A escolha dos alimentos que compõem a lista é</p><p>norteada pela hipótese do estudo (alimentos e/ou alimentos fonte de</p><p>nutrientes que se deseja investigar) e por outros procedimentos</p><p>metodológicos.</p><p>A lista do QFA é finita de alimento, portanto, não é capaz de</p><p>contemplar todos os alimentos consumidos pelos indivíduos. Os</p><p>alimentos são limitados a aqueles considerados como de maior</p><p>contribuição para os nutrientes investigados. Reconhecendo-se,</p><p>portanto, as limitações do uso do QFA no ambiente clínico, a utilização</p><p>desse instrumento não é recomendada quando se objetiva avaliar</p><p>quantitativamente a ingestão de nutrientes.</p><p>Tabela 6. Modelo de Questionário de Frequência Alimentar</p><p>Tabela 7. Modelo de uma ficha de QFA.</p><p>92</p><p>História alimentar</p><p>O método de história alimentar consiste em uma extensa entrevista</p><p>com o propósito de gerar informações sobre os hábitos alimentares</p><p>atuais e passados. São coletadas informações sobre número de</p><p>refeições diárias, local das refeições, apetite, preferências e aversões</p><p>alimentares, uso de suplementos nutricionais e informações adicionais</p><p>sobre tabagismo, práctica de exercícios físicos, entre outras.</p><p>Adicionalmente, utiliza-se um formulário semelhante ao R24h, para</p><p>que o paciente relate os alimentos consumidos habitualmente, com</p><p>maiores detalhes sobre o tipo, quantidades consumidas (tamanho das</p><p>porções), frequência de consumo e variações sazonais. Essa etapa</p><p>pode ser iniciada perguntando ao individuo o que ele costuma</p><p>consumir logo que acorda, ou o que habitualmente compõe o seu</p><p>pequeno-almoço, e o mesmo pode ser feito para todas as outras</p><p>refeições e lanches.</p><p>Entre as vantagens do método está a descrição da dieta habitual. As</p><p>desvantagens são a necessidade de treinamento do nutricionista, a</p><p>dependência da capacidade de memória do paciente, o longo tempo</p><p>de administração (uma a duas horas) e o alto custo para verificar e</p><p>codificar as informações colhidas.</p><p>Para a análise de informações dessa natureza, utilizam-se como</p><p>referências os guias alimentares e as recomendações estabelecidas</p><p>por órgãos de saúde, instrumentos que têm o mérito de conter</p><p>recomendações à população, visando a alimentação saudável e a</p><p>promoção da saúde, geralmente apresentadas na forma de princípios</p><p>e/ou diretrizes.</p><p>93</p><p>3.6 Diário alimentar ou registo alimentar</p><p>Da mesma forma que o R24h, o diário alimentar recolhe informações</p><p>sobre a ingestão atual de um indivíduo ou de um grupo populacional.</p><p>Neste método, também conhecido como registro alimentar, o</p><p>paciente ou pessoa responsável anota, em formulários especialmente</p><p>desenhados, todos os alimentos e bebidas consumidos ao longo de um</p><p>ou mais dias, devendo anotar também os alimentos consumidos fora</p><p>de casa. Normalmente, o método pode ser aplicado durante três,</p><p>cinco ou sete dias incluindo pelo menos um dia do final de semana</p><p>(períodos maiores que sete dias podem comprometer a aderência e a</p><p>fidedignidade dos dados).</p><p>O diário alimentar pode ser aplicado de duas formas:</p><p>1.O indivíduo deve registrar o tamanho da porção consumida;</p><p>2.Todos os alimentos</p><p>devem ser pesados e registrados antes de</p><p>ser consumidos incluindo as sobras.</p><p>Essa última forma de aplicação é utilizada, em geral, em estudos nos</p><p>quais é necessário estimar com precisão nutrientes, nem sempre</p><p>disponíveis em tabelas de composição de alimentos. Em ambos os</p><p>casos, o indivíduo registrará de forma detalhada o nome da</p><p>preparação, os ingredientes que a compõem, a marca do alimento e a</p><p>forma de preparação. Devem também ser anotados detalhes como</p><p>adição de sal, açúcar, óleo e molhos, se a casca do alimento foi</p><p>ingerida e também se o alimento ou bebida consumido era regular,</p><p>diet ou light.</p><p>Para a melhor estimativa do tamanho da porção, o indivíduo poderá</p><p>contar com o auxílio de medidas caseiras tradicionalmente usadas,</p><p>podendo recorrer também a fotografias de diferentes tamanhos de</p><p>porções e modelos tridimensionais de alimentos. Os registros têm sido</p><p>o método de preferência de muitos profissionais. Vale salientar que o</p><p>registro do tamanho da porção do alimento no mesmo momento do</p><p>consumo é característica importante deste método, pois o viés da</p><p>memória é minimizado.</p><p>94</p><p>Tabela 8. Modelo de formulário de Registo Alimentar.</p><p>Tabela 9. Vantagens e Desvantagens dos métodos de inquéritos nutricionais.</p><p>Método Vantagens Desvantagens</p><p>Avaliação Nutricional</p><p>Subjectiva Global (ANSG)</p><p>Avaliação simples</p><p>Depende da experiência</p><p>do observador</p><p>Não-invasiva</p><p>Fácil execução</p><p>Baixo custo</p><p>Pode ser aplicada em</p><p>poucos minutos ao lado</p><p>da cama do paciente</p><p>hospitalizado</p><p>Boa sensibilidade e</p><p>especificidade</p><p>Depende da experiência</p><p>do observador</p><p>Recordatório de 24h</p><p>Rápida aplicação Depende da memória do</p><p>entrevistado</p><p>Não altera a ingestão</p><p>alimentar</p><p>Depende da capacidade de</p><p>o entrevistador</p><p>estabelecer uma boa</p><p>comunicação e evitar a</p><p>indução de respostas</p><p>Pode ser utilizado em</p><p>qualquer faixa etária e em</p><p>analfabetos</p><p>Um único recordatório não</p><p>estima a dieta habitual</p><p>Baixo custo A ingestão relatada pode</p><p>ser atípica</p><p>Diário ou registo</p><p>Os alimentos são</p><p>anotados no momento do</p><p>consumo</p><p>Consumo pode ser</p><p>alterado, pois o indivíduo</p><p>sabe que está sendo</p><p>avaliado Requer que o</p><p>indivíduo saiba ler e</p><p>escrever</p><p>Não depende da memória Há dificuldade para</p><p>estimar as porções</p><p>95</p><p>alimentar Menor erro quando há</p><p>orientação detalhada para</p><p>o registro</p><p>Exige alto nível de</p><p>motivação e colaboração</p><p>Mede o consumo atual Menor adesão de pessoas</p><p>do sexo masculino</p><p>Identifica tipos de</p><p>alimentos e preparações</p><p>consumidos e horários</p><p>das refeições</p><p>As sobras são computadas</p><p>como alimento ingerido</p><p>Requer tempo</p><p>O indivíduo deve conhecer</p><p>medidas caseiras</p><p>Questionário de</p><p>Frequência Alimentar</p><p>Estima a ingestão habitual</p><p>do indivíduo</p><p>Depende da memória dos</p><p>hábitos alimentares</p><p>passados e de habilidades</p><p>cognitivas para estimar o</p><p>consumo médio em longo</p><p>período de tempo</p><p>pregresso</p><p>Não altera o padrão de</p><p>consumo</p><p>Desenho do instrumento</p><p>requer esforço e tempo</p><p>Baixo custo Dificuldades para a</p><p>aplicação conforme o</p><p>número e a complexidade</p><p>da lista de alimentos</p><p>Classifica os indivíduos em</p><p>categorias de consumo</p><p>Quantificação pouco exata</p><p>Elimina as variações de</p><p>consumo do dia-a-dia</p><p>Não estima o consumo</p><p>absoluto, visto que nem</p><p>todos os alimentos</p><p>consumidos pelo indivíduo</p><p>podem constar na lista</p><p>A digitação e a análise do</p><p>inquérito são</p><p>relativamente simples,</p><p>comparadas a outros</p><p>métodos</p><p>História Alimentar Elimina as variações de</p><p>consumo do dia-a-dia</p><p>Requer entrevistadores</p><p>treinados</p><p>Leva em consideração a</p><p>variação sazonal</p><p>Depende da memória do</p><p>entrevistado</p><p>Fornece a descrição da</p><p>ingestão habitual em</p><p>relação aos aspectos</p><p>qualitativos e</p><p>quantitativos</p><p>Tempo de administração</p><p>longo</p><p>Sumário</p><p>A avaliação alimentar é uma etapa fundamental para análise da</p><p>situação tanto individual como colectiva. Existem vários métodos de</p><p>avaliação alimentar e cada um apresenta a sua vantagem e</p><p>desvantagem e deve ser escolhido de acordo com o objectivo do</p><p>estudo. A informação colhida neste tipo de análise permite desenhar o</p><p>96</p><p>guia alimentar adequado ao grupo-alvo específico. Os inquéritos</p><p>devem ser conduzidos em épocas adequadas respondendo aos</p><p>objectivos da avaliação.</p><p>Exercícios de Autoavaliação</p><p>1. Defina inquéritos alimentares?</p><p>Resposta: Os Inquéritos Alimentares constituem os métodos utilizados</p><p>para avaliar o consumo alimentar do individuo ou população.</p><p>2. Para que serve um inquérito nutricional?</p><p>Resposta: A avaliação do consumo alimentar é realizada para fornecer</p><p>subsídios para o desenvolvimento e implantação de planos</p><p>nutricionais e deve integrar um protocolo de atendimento para</p><p>avaliação nutricional, cujo objetivo deve ser o de estimar se a ingestão</p><p>de alimentos está adequada ou inadequada e o de identificar hábitos</p><p>inadequados e/ou a ingestão excessiva de alimentos com pobre</p><p>conteúdo nutricional.</p><p>3. Os inquéritos podem ser: indique a resposta correcta</p><p>a. Retrospectivos</p><p>b. Prospectivos</p><p>c. As alíneas a. e b. estão correctas</p><p>d. As alíneas a. e b. estão incorrectas.</p><p>4. Dos inquéritos listados abaixo, indique o inquérito prospectivo</p><p>a. Recordatório de 24h,</p><p>b. Questionário de Frequência Alimentar</p><p>c. História Alimentar</p><p>d. Registo Alimentar</p><p>e. Todas as alíneas são correctas.</p><p>5. Descreva a necessidade média estimada.</p><p>Resposta: representa o valor de ingestão de um nutriente, estimado</p><p>para cobrir as necessidades em 50% dos indivíduos saudáveis de</p><p>determinada faixa etária, estado fisiológico e sexo. É utilizado como</p><p>base para estabelecer as RDA e também para avaliar a adequação e a</p><p>planificação da ingestão dietética de grupos populacionais.</p><p>6. Em suas palavras defina Nível Máximo de Ingestão Tolerável-</p><p>97</p><p>UL?</p><p>Resposta: o nível máximo de ingestão tolerável é nível mais alto de</p><p>ingestão diária de nutrientes isento de risco de efeitos adversos à</p><p>saúde para quase todos os indivíduos de uma população. O nível</p><p>máximo tolerável, portanto, não é nível de ingestão recomendável,</p><p>uma vez que se questiona os benefícios do consumo de nutrientes</p><p>acima de valores de RDRs ou AIs.</p><p>7. O que avaliação subjectiva geral?</p><p>Resposta: A Avaliação Nutricional Subjetiva Geral (ANSG) é método</p><p>clínico de avaliação do estado nutricional, que considera não apenas</p><p>alterações da composição corporal, mas também alterações funcionais</p><p>do paciente. É método simples, de baixo custo e não-invasivo,</p><p>podendo ser realizado em individuo acamados.</p><p>8. Qual é a importância do questionário de frequência alimentar</p><p>(QFA)?</p><p>Resposta: Questionário de Frequência Alimentar é importante avaliar</p><p>a frequência de consumo de determinados alimentos, tanto daqueles</p><p>que se consumidos em excesso, podem comprometer a qualidade da</p><p>dieta e o estado de saúde, quanto daqueles que são fonte de</p><p>nutrientes e compostos bioativos relacionados à manutenção e à</p><p>promoção da saúde.</p><p>9. Como pode ser aplicado o diário alimentar?</p><p>Resposta: O diário alimentar pode ser aplicado de duas formas: o</p><p>indivíduo deve registrar o tamanho da porção consumida e Todos os</p><p>alimentos devem ser pesados e registrados antes de ser consumidos</p><p>incluindo as sobras.</p><p>10. Mencione as vantagens e desvantagens do diário ou registo</p><p>alimentar.</p><p>Resposta: Vantagens - Os alimentos são anotados no momento do</p><p>consumo, não depende da memória, menor erro quando há</p><p>orientação detalhada para o registo, mede o consumo actual e</p><p>identifica tipos de alimentos e preparações consumidos e horários das</p><p>refeições. Desvantagens- Consumo pode ser alterado, pois o indivíduo</p><p>sabe que está sendo avaliado, requer que o indivíduo saiba ler e</p><p>escrever, há dificuldade para estimar as porções, exige alto nível de</p><p>motivação e colaboração, menor adesão de pessoas do sexo</p><p>masculino, as sobras são computadas como alimento ingerido, requer</p><p>98</p><p>tempo e o indivíduo deve conhecer medidas caseiras.</p><p>Unidade Temática</p><p>3.2. Métodos de Avaliação Alimentar</p><p>Introdução</p><p>Esta unidade pretende dotar aos estudantes de capacidade para</p><p>identificar e selecionar o método adequado para a realização de</p><p>inquéritos nutricionais relevantes para avaliação e monitoria das</p><p>condições de saúde, alimentação e nutrição da população que</p><p>permitem classificar a qualidade de vida da população.</p><p>Nesta unidade temática, pretendemos que você tenha um domínio</p><p>sobre os métodos de avaliação alimentar.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>• Identificar os diferentes métodos de avaliação alimentar;</p><p>• Descrever as vantagens e desvantagens de cada um dos</p><p>métodos;</p><p>• Diferenciar inquéritos individuais e populacionais.</p><p>Directrizes para medir diversidade da dieta individual e no agregado</p><p>familiar</p><p>Segundo a FAO, a obtenção de dados detalhados sobre o acesso a</p><p>alimentos no agregado familiar ou a ingestão alimentar individual é</p><p>demorado e caro, e requer um alto nível de habilidade técnica tanto</p><p>na colheita como na análise de dados. A diversidade da dieta é uma</p><p>medida qualitativa do consumo de alimentos que reflete o acesso do</p><p>agregado familiar a uma variedade de alimentos e a adequação de</p><p>nutrientes na dieta dos indivíduos. O questionário de diversidade da</p><p>dieta representa uma ferramenta de avaliação rápida, fácil de usar, de</p><p>fácil administração e de baixo custo.</p><p>Segundo a mesma fonte os padrões de diversidade da dieta descritos</p><p>nestas diretrizes consistem de uma contagem simples de grupos de</p><p>alimentos que o agregado familiar ou um indivíduo consumiu nas</p><p>últimas 24 horas. As diretrizes descrevem o uso do questionário da</p><p>diversidade alimentar, tanto a nível do agregado familiar como</p><p>individual, para o qual o cálculo da pontuação é ligeiramente diferente</p><p>em cada caso.</p><p>99</p><p>A escala da diversidade da dieta alimentar do agregado familiar</p><p>(HDDS) destina-se a refletir, no momento a forma, a capacidade</p><p>económica de um agregado familiar para aceder a uma variedade de</p><p>alimentos. A diversidade da dieta alimentar está associada a vários</p><p>factores socioeconómicos.</p><p>As escalas da diversidade da dieta alimentar individual visam refletir</p><p>sobre a adequação em termos de nutrientes. A escala da diversidade</p><p>da dieta alimentar foi validada para vários grupos segundo a</p><p>idade/sexo como medidas substitutas para macro e/ou adequação de</p><p>micronutrientes da dieta. As pontuações foram positivamente</p><p>correlacionadas a densidade adequada de micronutrientes de</p><p>alimentos complementares para lactentes e crianças pequenas.</p><p>A diretriz fornece um questionário padronizado de aplicabilidade</p><p>universal a partir da qual vários padrões de diversidade alimentar</p><p>podem ser calculados, sendo possível adaptá-los sempre que</p><p>necessário ao contexto local tendo em conta a cultura, população ou</p><p>localização específica. O questionário pode ser usado tanto no</p><p>agregado familiar como a nível individual de acordo com o objectivo</p><p>do inquérito.</p><p>1º Passo</p><p>Descreva os alimentos (refeições e lanches) que consumiu ou bebeu</p><p>durante o dia e a noite do dia de ontem, seja em casa ou fora de casa.</p><p>Comece com o primeiro alimento ou bebida da manhã. Anote todos os</p><p>alimentos e bebidas mencionadas. Quando mencionar pratos</p><p>compostos, descreva a lista de ingrediente.</p><p>2º Passo</p><p>Agregados familiares muitas vezes incluem alimentos ingeridos por</p><p>qualquer membro da família e excluem alimentos comprados e</p><p>comidos fora de casa. Quando a informação estiver completa,</p><p>preencha os grupos de alimentos com base nas informações registadas</p><p>acima. Para qualquer grupo de alimentos não mencionado, pergunte</p><p>ao entrevistado se um item alimentar do respectivo grupo foi</p><p>consumido.</p><p>Quadro 6. Modelo dos Grupos de Alimentos para o Questionário.</p><p>Nº</p><p>pergunta</p><p>Grupo de</p><p>alimentos</p><p>Exemplos Sim/</p><p>Não</p><p>100</p><p>1 Cerais</p><p>Milho / farinha de milho, arroz, trigo,</p><p>mapira/sorgo/mexoeira ou</p><p>quaisquer outros grãos ou alimentos</p><p>feitos a partir destes (por exemplo, pão,</p><p>macarrão, mingau ou outro produto de</p><p>cereais) + inserir alimentos locais, por</p><p>ex. ugali, xima, mingau ou pasta</p><p>2 Raízes e</p><p>tubérculos de</p><p>cor branca</p><p>Batatas brancas, inhame branco,</p><p>mandioca branca, ou outros alimentos</p><p>feitos de raízes</p><p>3 Vegetais e</p><p>tubérculos</p><p>ricos em</p><p>vitamina A</p><p>Abóbora, cenoura, batata-doce, que são</p><p>laranja dentro + outros localmente</p><p>vegetais ricos em vitamina A disponíveis</p><p>(por ex. pimentão vermelho)</p><p>4 Vegetais de</p><p>folha verde-</p><p>escura</p><p>Vegetais de folha verde-escuros,</p><p>incluindo formas selvagens + folhas ricas</p><p>em vitamina A disponíveis localmente,</p><p>como amaranto, folhas de mandioca,</p><p>couve, espinafre.</p><p>5 Outros</p><p>vegetais</p><p>Outros vegetais (por exemplo, tomate,</p><p>cebola, beringela) + outros disponíveis</p><p>localmente legumes</p><p>6 Frutas ricas</p><p>em Vitamina</p><p>A</p><p>Manga madura, melão, damasco (fresco</p><p>ou seco), papaia madura, pêssego seco e</p><p>suco de fruta 100% feito a partir destas</p><p>frutas + outras frutas ricas em vitamina</p><p>A localmente disponíveis</p><p>7 Outras frutas Outras frutas, incluindo frutos silvestres</p><p>e Sumo de fruta 100% feito a base</p><p>destas frutas</p><p>8 Vísceras Fígado, rim, coração ou outras carnes ou</p><p>alimentos preparados à base de sangue</p><p>9 Carnes Carne bovina, carne de porco, cordeiro,</p><p>cabra, coelho, frango, pato, outras aves,</p><p>insectos</p><p>10 Ovos Ovos de galinha, pato ou qualquer outro</p><p>ovo</p><p>11 Peixe e</p><p>mariscos</p><p>Peixe seco ou fresco e marisco</p><p>12 Leguminosas</p><p>nozes e</p><p>sementes</p><p>Feijões secos, ervilhas secas, lentilhas,</p><p>nozes, sementes ou alimentos feitos a</p><p>partir deles (por exemplo, hummus,</p><p>manteiga de amendoim)</p><p>13 Leite e</p><p>derivados</p><p>Leite, queijo, iogurte ou outros</p><p>derivados de leite</p><p>14 Óleos e</p><p>gorduras</p><p>Óleo, gorduras ou manteiga adicionados</p><p>aos alimentos ou usados para</p><p>cozinhados</p><p>101</p><p>15 Doces Açúcar, mel, refresco adocicado ou</p><p>bebidas açucaradas, alimentos</p><p>açucarados, como chocolates, doces,</p><p>biscoitos e bolos</p><p>16 Especiarias,</p><p>temperos e</p><p>bebidas</p><p>Especiarias (pimenta preta, sal),</p><p>temperos prontos (molho de soja, molho</p><p>picante), café, chá, bebidas alcoólicas</p><p>A nível do agregado familiar: Você ou alguém da sua casa comeu alguma</p><p>coisa (refeição ou lanche) FORA da casa ontem?</p><p>Diferenças ao nível do agregado familiar e indivíduo</p><p>O questionário sobre diversidade da dieta alimentar pode ser usado</p><p>para colher informações nível do agregado familiar ou individual. A</p><p>decisão sobre qual será nível de colheita de informações depende em</p><p>parte da finalidade e dos objectivos da pesquisa. Se a avaliação da</p><p>adequação da dieta é a principal preocupação, é melhor colher</p><p>informações ao nível do indivíduo.</p><p>Outra consideração importante para a escolha entre agregado familiar</p><p>e indivíduo é a frequência de refeições/lanches comprados e</p><p>consumidos fora de casa. E se refeições/lanches são comprados e</p><p>consumidos fora de casa regularmente por um ou mais membros da</p><p>família, administrando o questionário no nível individual é mais</p><p>apropriado, pois não é possível captar com precisão as refeições/</p><p>lanches comprados e consumidos fora de casa ao nível do agregado</p><p>familiar.</p><p>Período de referência</p><p>A FAO usa um período de referência das 24 horas anteriores. Usando</p><p>um período de recordatório de 24 horas não fornece uma indicação da</p><p>dieta habitual de um indivíduo, mas fornece avaliação da dieta ao nível</p><p>da população e pode ser útil para monitorar o progresso ou</p><p>intervenções alvo. Existem vários outros períodos válidos para análise</p><p>como os 3 ou 7 dias anteriores, e no caso de alguns alimentos, os</p><p>anteriores 30 do mês.</p><p>O período de recordatório de 24 horas foi escolhido pela FAO, pois</p><p>está menos sujeito a erro, menos pesado para o inquirido e também</p><p>está de acordo com o período de tempo de recordação usado em</p><p>muitos estudos sobre diversidade da dieta alimentar. Dados baseados</p><p>no recordatório de 24 horas são mais fáceis do que com períodos mais</p><p>102</p><p>longos.</p><p>Consumo de alimentos fora de casa</p><p>Mesmo nos</p><p>países em desenvolvimento, é uma prática cada vez mais</p><p>comum consumir refeições e lanches fora de casa. A última pergunta</p><p>do questionário pergunta se alguém ao nível do agregado familiar, ou</p><p>ao nível individual comeu fora de casa. Esta questão está incluída para</p><p>captar informações sobre a compra e consumo de refeições e lanches</p><p>preparados fora de casa. Em situações em que comer fora de casa é</p><p>muito comum, a aplicação do questionário ao nível individual pode ser</p><p>preferida em relação ao nível do agregado familiar.</p><p>Consumo Atípico</p><p>Padrões de consumo podem ser atípicos durante períodos festivos.</p><p>Recomenda-se não utilizar o questionário durante feriados/</p><p>celebrações nacionais ou durante períodos Ramadã, fins-de-semana,</p><p>em que é provável que o consumo de alimentos não reflita uma típica</p><p>dieta. Questões relacionadas a dias atípicos podem ser adicionadas ao</p><p>questionário para excluir níveis de agregado familiar e individual, ou</p><p>usar em análise, conforme apropriado para finalidades da pesquisa.</p><p>Uma pergunta deste tipo pode ser redigida da seguinte maneira:</p><p>“Ontem foi dia de comemoração ou de festa onde você comeu</p><p>alimentos especiais ou onde você comeu mais, ou menos do que o</p><p>habitual?</p><p>Fonte primária de aquisição de alimentos</p><p>Às vezes é vantajoso conhecer a fonte primária de compras de</p><p>alimentos para toda a dieta ou para certos grupos de alimentos</p><p>(cereais, frutas, óleos/ gorduras, carnes, ovos ou legumes).</p><p>Consumo de alimentos fortificados</p><p>Alimentos fortificados não são levados em consideração no</p><p>questionário. No entanto, pode ser útil para obter informações sobre a</p><p>disponibilidade local e uso de alimentos fortificados, particularmente</p><p>aqueles fortificados com ferro, iodo ou vitamina A.</p><p>Quando Medir a Diversidade Da Dieta</p><p>A época ideal do ano para medir a diversidade alimentar do agregado</p><p>familiar ou indivíduos depende do objectivo da pesquisa ou da</p><p>103</p><p>actividade de vigilância. A tabela a seguir descreve vários cenários para</p><p>auxiliar usuários em potencial na planificação de pesquisas.</p><p>Tabela 10. Quando medir a Diversidade da Dieta.</p><p>Objectivo Período</p><p>Avaliação da situação de segurança</p><p>alimentar em zonas rurais em</p><p>comunidades que sobrevivem a base</p><p>da agricultura</p><p>Quando os suprimentos de comida</p><p>ainda estão adequados (pode ser de</p><p>até 4-5 meses após a colheita</p><p>principal).</p><p>Olhando para a diversidade da dieta</p><p>em diferentes pontos do ciclo</p><p>agrícola é uma maneira de investigar</p><p>a sazonalidade e a segurança</p><p>alimentar.</p><p>Em muitas áreas há importantes</p><p>diferenças sazonais na dieta</p><p>Uma avaliação mais completa da</p><p>dieta habitual, diversidade da dieta</p><p>deve ser medida durante diferentes</p><p>épocas.</p><p>Em comunidades não baseadas na</p><p>agricultura</p><p>Qualquer época do ano (se</p><p>sazonalidade não é um problema)</p><p>Avaliação da situação de segurança</p><p>alimentar em zonas rurais em</p><p>comunidades que sobrevivem a base</p><p>da agricultura</p><p>Durante o período de maior escassez</p><p>de alimentos, como imediatamente</p><p>antes da colheita ou imediatamente</p><p>após emergências ou desastres</p><p>naturais. Isso também pode servir</p><p>como uma linha de base para</p><p>monitorar a mudança devida a uma</p><p>intervenção ou para investigar a</p><p>sazonalidade</p><p>Avaliação situação de segurança</p><p>alimentar em comunidades</p><p>dependentes da práctica da</p><p>agricultura.</p><p>No momento de preocupação para</p><p>identificar uma possível situação</p><p>insegurança alimentar.</p><p>Também pode servir como uma linha</p><p>de base para monitorar mudanças</p><p>devido a uma intervenção.</p><p>104</p><p>Monitoria da situação de programas</p><p>de segurança alimentar/nutrição ou</p><p>programas agrícolas como colheita e</p><p>intervenções de subsistência e</p><p>diversificação</p><p>Medidas repetidas para avaliar o</p><p>impacto da intervenção na qualidade</p><p>da dieta, realizada na mesma época</p><p>do ano linha de base (para evitar</p><p>interferências devido a diferenças</p><p>sazonais)</p><p>Questões técnicas para discutir antes da colheita de dados</p><p>Critérios mínimos: a equipe terá que decidir antes da colheita de</p><p>dados, incluir ou não alimentos consumidos em quantidades muito</p><p>pequenas.Quando a informação é recolhida ao nível do agregado</p><p>familiar, não há necessidade de quantidades abaixo das quais os</p><p>alimentos não são considerados, então mesmo pequenas quantidades</p><p>de alimentos (por exemplo, uma porção muito pequena de carne</p><p>incluída em um prato misto) será contada, esto é porque a pontuação</p><p>é projectada para refletir o acesso econômico aos alimentos e,</p><p>portanto, até mesmo pequenas quantidades de um item alimentar</p><p>refletem alguma capacidade de comprar esse item.</p><p>Para mulheres de 15 a 49 anos, as escalas de diversidade alimentar</p><p>foram mais fortemente correlacionadas. Itens alimentares individuais</p><p>que podem ser classificados em mais de um grupo de alimentos: a</p><p>equipe terá que decidir sobre a classificação de grupo de alimentos</p><p>mais apropriada para alimentos que podem ser classificados em mais</p><p>de um grupo de alimentos. Alguns exemplos comuns de itens</p><p>alimentares que podem ser classificados em mais de um grupo de</p><p>alimentos é a pimenta, que pode ser classificada como outros</p><p>vegetais" ou "especiarias, condimentos e bebidas, e pó de peixe, que</p><p>pode ser classificado como Peixe e marisco ou especiarias,</p><p>condimentos e bebidas.</p><p>Essas decisões são tomadas da melhor maneira depois de levar em</p><p>consideração o contexto, incluindo a quantidade típica de alimentos</p><p>consumidos. Por exemplo, muitas culturas usam pimenta como</p><p>tempero ou condimento adicionado às refeições. Dependendo do</p><p>contexto, isso pode significar que uma pequena colherada de flocos</p><p>secos de pimenta seja adicionada a um prato inteiro, ou que várias</p><p>colheres de pimenta fresca são comidas como acompanhamento para</p><p>a refeição. No primeiro caso, a pimenta seca é melhor incluída no</p><p>grupo de alimentos temperos, condimentos e bebidas, enquanto no</p><p>segundo caso, como a quantidade de pimenta fresca que é consumida,</p><p>é mais apropriado incluí-la no grupo de alimentos outros vegetais.</p><p>Uma vez tomadas as decisões, cada alimento individual para o qual</p><p>houve incerteza pode ser listado sob o grupo mais apropriado para</p><p>105</p><p>que todos os enumeradores sejam consistentes na atribuição deste</p><p>item alimentar ao grupo de alimentos acordado.</p><p>Pratos mistos: a equipe terá que concordar numa maneira de</p><p>desagregar pratos mistos para registar todos os componentes</p><p>individuais em seus respectivos grupos de alimentos.</p><p>Por via de regra, alguns alimentos básicos só se listam abaixo do seu</p><p>ingrediente principal. Por exemplo, o pão é colocado no grupo de</p><p>cereais, mesmo que sejam adicionados óleo, ovos ou açúcar em</p><p>pequenas quantidades durante a coinfecção. No entanto, muitas</p><p>culturas geralmente preparam e comem pratos misturados (como</p><p>guisados ou molhos). Atenção especial deve ser dada a certos</p><p>ingredientes que podem não ser lembrados espontaneamente, como</p><p>gorduras adicionadas ou óleos, ou ingredientes secundários, como</p><p>pequenas quantidades de carne ou legumes. Antes de começar a</p><p>colheita de dados, a equipe deve identificar produtos misturados</p><p>comumente consumidos e registar todos os ingredientes no prato</p><p>misturado.</p><p>Óleo de palma vermelho: Outra questão importante a ser monitorada</p><p>na comunidade, área ou país onde a pesquisa está ocorrendo é se o</p><p>óleo de palma vermelho ou nozes de palma são consumidos, pois são</p><p>fontes extremamente boas de vitamina A. Quando estes alimentos</p><p>fazem parte da cultura, mesmo que sejam usados apenas por uma</p><p>pequena percentagem de pessoas, é importante perguntar sobre eles.</p><p>Instruções para Administrar o Questionário</p><p>A abordagem para colher informações sobre a diversidade da dieta</p><p>alimentar descrita nas diretrizes é um recordatório qualitativo de 24</p><p>horas de todos os alimentos e bebidas consumidos pelo entrevistado</p><p>(nível individual) / ou qualquer outro membro do agregado familiar</p><p>(nível familiar).</p><p>Nível individual: Para administrar o questionário em nível individual, a</p><p>população de interesse (por exemplo, uma mulher em idade</p><p>reprodutiva) deve ser escolhida antes do início</p><p>da colheita de dados. O</p><p>entrevistado é questionado sobre todos os alimentos que ele / ela</p><p>consumiu no dia anterior, dentro e fora de casa.</p><p>Nível do agregado familiar: Se o questionário for administrado ao nível</p><p>do agregado familiar, o inquirido deverá ser a pessoa que foi</p><p>responsável pela preparação da refeição para a família no dia anterior.</p><p>O entrevistado é questionado sobre todos os alimentos ingeridos</p><p>dentro de casa durante o dia e a noite anterior, por qualquer membro</p><p>106</p><p>da família.</p><p>Isto pode ser feito da seguinte forma:</p><p>➢ Peça ao entrevistado para mencionar todos os alimentos</p><p>(refeições e lanches) consumidos ontem durante o dia e a</p><p>noite. Comece com a primeira comida / bebida consumida logo</p><p>pela manhã anterior. Registe esses itens nos espaços</p><p>fornecidos no topo do questionário.</p><p>➢ Depois que o entrevistado relembra todos os alimentos e</p><p>bebidas consumidos, sublinhar os alimentos correspondentes</p><p>na lista sob o grupo de alimentos apropriado e escreva na</p><p>coluna ao lado do grupo de alimentos, se pelo menos um dos</p><p>alimentos desse foi sublinhado. Se a comida não estiver listada</p><p>em nenhum grupo, escreva-a na margem e discuta com o</p><p>supervisor.</p><p>➢ Pesquise mais para lanches comidos entre as principais</p><p>refeições.</p><p>➢ Pesquise para alimentos especiais dados a crianças ou</p><p>mulheres grávidas/lactantes.</p><p>➢ Pesquise para alimentos adicionados, como açúcar no chá, óleo</p><p>em pratos mistos ou frituras. Se um prato misto foi comido,</p><p>pergunte e sublinhe todos os ingredientes do prato.</p><p>➢ Quando a entrevista estiver concluída, verifique os grupos de</p><p>alimentos onde nenhum alimento foi sublinhado.</p><p>➢ Não é necessário ler para o entrevistado o nome exato do</p><p>grupo alimento, mas simplesmente pergunte (por exemplo)</p><p>sobre frutas, vegetais ou tubérculos se os grupos não foram</p><p>previamente indicados. Escreva “0” na coluna da direita do</p><p>questionário quando é certo que nenhum alimento nesse</p><p>grupo foi comido.</p><p>➢ Existem várias vantagens do método de recordatório em</p><p>comparação com a leitura de todos os alimentos de cada grupo</p><p>a partir do questionário e perguntando à pessoa se esses</p><p>alimentos foram comidos:</p><p>1) Demora menos tempo.</p><p>2) É menos entediante para o entrevistado do que ter</p><p>que dizer Sim ou Não para cada comida.</p><p>3) Envolve activamente o entrevistado no processo de</p><p>entrevista.</p><p>4) Facilita a consideração dos ingredientes utilizados em</p><p>pratos mistos.</p><p>Análise dos Dados da Diversidade da Dieta</p><p>107</p><p>Os dados colhidos através do questionário de diversidade da dieta</p><p>alimentar podem ser analisados de várias maneiras. Uma escala de</p><p>diversidade alimentar pode ser criada, que é a soma dos diferentes</p><p>grupos de alimentos consumidos. As pontuações para diferentes</p><p>subpopulações, como urbana ou rural, pode então ser analisado para</p><p>fornecer mais informações sobre as dietas das subpopulações com</p><p>diferentes características demográficas ou econômicas. A população</p><p>pode ser estratificada de acordo com um indicador de vulnerabilidade,</p><p>como categorias de índice de riqueza, e as pontuações de cada grupo</p><p>podem ser comparadas.</p><p>Também é útil concentrar-se em grupos de alimentos individuais de</p><p>interesse, além de a informação como uma pontuação. Por exemplo, a</p><p>proporção de famílias ou indivíduos que consumiram frutas e vegetais</p><p>ricos em vitamina A podem ser calculados. Em formação sobre o</p><p>consumo de grupos alimentares individuais também pode ser usado</p><p>para investigar Padrões Por exemplo, a população pode ser dividida</p><p>em quintis para um indicador de interesse (por exemplo, riqueza) ou</p><p>pelo quintil da pontuação da diversidade alimentar (por exemplo,</p><p>quintis) para identificar diferentes padrões alimentares em todos os</p><p>subgrupos da população.</p><p>A escala da diversidade dietética</p><p>O HDDS (índice de segurança alimentar no agregado familiar) e o</p><p>WDDS (índice da diversidade da dieta na Mulher) são calculados com</p><p>base em diferentes números de grupos de alimentos porque as</p><p>pontuações são usadas para diferentes propósitos. O HDDS destina-se</p><p>a fornecer uma indicação de acesso econômico a alimentos do</p><p>agregado familiar assim, itens que requerem recursos para obter, tais</p><p>como temperos, açúcar e alimentos açucarados, e bebidas, são</p><p>incluídos na pontuação. Pontuações individuais devem refletir a</p><p>qualidade nutricional da dieta. O WDDS reflete a probabilidade de</p><p>adequação de micronutrientes da dieta e, portanto, os grupos de</p><p>alimentos incluídos na escala são adaptados a esse propósito.</p><p>Pesquisas anteriores mostraram que o grupo de alimentos gordurosos</p><p>e oleosos não contribui para a densidade de micronutrientes da dieta</p><p>e este grupo de alimentos não faz parte do WDDS.</p><p>No entanto, é importante calcular a proporção de indivíduos que</p><p>consomem gorduras e óleos como um indicador separado, porque o</p><p>óleo é um importante contribuinte para a densidade de energia e</p><p>melhora a absorção de carotenoides vegetais e vitaminas</p><p>lipossolúveis.</p><p>108</p><p>Doze grupos de alimentos são propostos para o HDDS, enquanto nove</p><p>grupos de alimentos são proposto para o WDDS. Os grupos de</p><p>alimentos usados para calcular HDDS e WDDS são listados nas tabelas</p><p>abaixo. Para ambas as pontuações, de determinados grupos de</p><p>alimentos são agregados no questionário.</p><p>Quadro 7. Agregação de indicadores do questionário do HDDS.</p><p>Número da</p><p>pergunta</p><p>Grupo de alimento</p><p>1 Cerais</p><p>2 Tubérculos e raízes brancas</p><p>3 Vegetais</p><p>4 Frutas</p><p>5 Carnes</p><p>6 Ovos</p><p>7 Peixe e outros mariscos</p><p>8 Leguminosas, sementes e amêndoas</p><p>9 Leite e derivados</p><p>10 Óleos e gorduras</p><p>11 Doces</p><p>12 Especiarias, temperos e bebidas</p><p>Quadro 8. Agregação de grupos de alimentos do questionário WDDS.</p><p>Número</p><p>de</p><p>pergunta</p><p>Grupo de alimento</p><p>1 Cereais ricos em amido</p><p>2 Vegetais de folhas verde escuros</p><p>3 Outros vegetais e frutas ricas em vitamina A</p><p>4 Outras frutas e vegetais</p><p>5 Vísceras</p><p>6 Carnes e peixe</p><p>7 Ovos</p><p>8 Leguminosas, sementes e amêndoas</p><p>9 Leite e derivados</p><p>109</p><p>Como se pode notar nas tabelas acima alguns grupos de alimentos no</p><p>questionário de diversidade da dieta estão combinado em um único</p><p>grupo de alimentos para criar o HDDS e o WDDS. O potencial intervalo</p><p>de pontuação é 0-12 para HDDS e 0-9 para WDDS (não 0-16, que é o</p><p>número de perguntas no questionário antes da agregação em grupos</p><p>para criar cada pontuação). Os grupos de alimentos considerados na</p><p>escala de WDDS colocam mais em enfase a ingestão de</p><p>micronutrientes em relação ao aceso económico aos alimentos (FAO,</p><p>2009/2016).</p><p>Sumário</p><p>A escala da diversidade da dieta pode ser avaliada a nível individual ou</p><p>a nível de agregado familiar dependendo do objectivo do estudo. O</p><p>questionário da diversidade da dieta apresenta 16 perguntas que</p><p>depois são agregados para se obter a pontuação para HDDS para</p><p>avaliação do poder económico e a pontuação do WDDS para a</p><p>obtenção do valor nutricional da dieta.</p><p>Exercícios de Autoavaliação</p><p>1. O que é diversidade da dieta?</p><p>Resposta: A diversidade dietética é uma medida qualitativa do</p><p>consumo de alimentos que reflete o acesso do agregado familiar a</p><p>uma variedade de alimentos e a adequação de nutrientes na dieta dos</p><p>indivíduos.</p><p>2. Onde pode ser usado o questionário da diversidade da dieta?</p><p>Resposta: o questionário da diversidade da dieta pode ser usado tanto</p><p>a nível do agregado familiar como a nível individual, para o qual o</p><p>cálculo do a pontuação é ligeiramente diferente em cada caso.</p><p>3. A que se destina o questionário da diversidade da dieta a nível do</p><p>agregado familiar?</p><p>Resposta: o questionário da diversidade da dieta alimentar do</p><p>agregado familiar destina-se a refletir, no momento a forma, a</p><p>capacidade económica de um agregado familiar para aceder a uma</p><p>variedade de alimentos e está associado a vários factores</p><p>socioeconómicos.</p><p>4. Quando é que se deve medir a diversidade da dieta?</p><p>110</p><p>Resposta: A época ideal do ano para medir a diversidade da dieta do</p><p>agregado familiar ou indivíduos depende do objectivo da pesquisa ou</p><p>da</p><p>actividade de vigilância.</p><p>5. Quantos grupos de alimentos estão agregados no indicador HDDS?</p><p>Resposta: o indicador HDDS esta agregado em 12 grupos.</p><p>6. Quantos grupos de alimentos estão agregados no indicador WDDS?</p><p>Resposta: o indicador WDDS esta agregado em 9 grupos.</p><p>7. Quais são os grupos de alimentos agregados no indicador HDDS?</p><p>Resposta: os grupos de alimentos do indicador HDDS são: cerais</p><p>tubérculos e raízes brancas, vegetais, frutas, carnes, ovos, peixe e</p><p>outros mariscos, leguminosas, sementes e amêndoas, leite e</p><p>derivados, óleos e gorduras, doces e especiarias, temperos e bebidas.</p><p>8. Quais são os grupos de alimentos agregados no indicador WDDS?</p><p>Resposta: os grupos de alimentos do indicador WDDS são: Cereais</p><p>ricos em amido, Vegetais de folhas verde escuros, Outros vegetais e</p><p>frutas ricas em vitamina A, Outras frutas e vegetais, Vísceras, Carnes e</p><p>peixe, Ovos e Leguminosas, sementes e amêndoas.</p><p>9. Quais são as instruções para administrar o questionário?</p><p>Resposta: Nível individual- Para administrar o questionário em nível</p><p>individual, a população de interesse por exemplo uma mulher em</p><p>idade reprodutiva deve ser escolhida antes do início da colheita de</p><p>dados e o entrevistado é questionado sobre todos os alimentos que</p><p>consumiu no dia anterior, dentro e fora de casa. Nível do agregado</p><p>familiar: o inquirido deverá ser a pessoa que for responsável pela</p><p>preparação da refeição para toda a família no dia anterior. O</p><p>entrevistado é questionado sobre todos os alimentos ingeridos dentro</p><p>de casa durante o dia e a noite anterior, por qualquer membro da</p><p>família.</p><p>10. Quais são as vantagens do método de recordatório em</p><p>comparação com a leitura de todos os alimentos de cada grupo a</p><p>partir do questionário?</p><p>Resposta: As vantagens são: Demora menos tempo, é menos</p><p>entediante para o entrevistado do que ter que dizer Sim ou Não para</p><p>cada comida, envolve activamente o entrevistado no processo de</p><p>entrevista e facilita a consideração dos ingredientes utilizados em</p><p>111</p><p>pratos mistos.</p><p>Exercícios</p><p>1. Qual é o objectivo da avaliação alimentar?</p><p>2.Quando são aplicados os inquéritos quantitativos?</p><p>3.Quais são só factores que podem interferir na avaliação dos</p><p>inquéritos dietéticos?</p><p>4. Fale da necessidade média estimada.</p><p>5. Defina avaliação nutricional subjectiva geral.</p><p>6. Quais são as características em relação a história contempladas na</p><p>avaliação nutricional subjectiva geral?</p><p>7. Quais são as características em relação ao exame físico</p><p>contempladas na avaliação nutricional subjectiva geral?</p><p>8. Como se determina a presença de edema?</p><p>9. Quais são os níveis de edema e como se classificam?</p><p>10. Quando é que se considera que o edema é de origem nutricional?</p><p>11. Em que consiste o método do recordatório de 24 horas?</p><p>12. Mencione as vantagens e desvantagens do método de</p><p>recordatório de 24 horas</p><p>13. Debruce-se sobre o questionário de frequência alimentar.</p><p>14. Quais são as limitações dos métodos de questionário de frequência</p><p>alimentar?</p><p>15. Quais são as vantagens e desvantagens do questionário de</p><p>frequência alimentar?</p><p>15. Quais são as vantagens e desvantagens do método de história</p><p>alimentar?</p><p>16. Qual é a diferença entre os métodos diário alimentar e</p><p>recordatório de 24 horas?</p><p>17. Como pode ser aplicado o método diário alimentar?</p><p>18. Fale do método diário alimentar.</p><p>19. Quais são as vantagens e desvantagens do método diário</p><p>alimentar?</p><p>20. Fale da importância da fonte primária de aquisição de alimentos.</p><p>21. Qual é a importância de registar o consumo de alimentos</p><p>fortificados?</p><p>22. Qual é a vantagem de desagregar os pratos mistos durante a</p><p>realização de um inquérito?</p><p>23. Qual é a diferença entre o método de questionário de frequência</p><p>alimentar e Registo alimentar?</p><p>24. Em que consiste o método da história alimentar?</p><p>25. Qual é a importância da avaliação nutricional?</p><p>26.A que se destina o questionário da diversidade da dieta a nível do</p><p>agregado familiar?</p><p>112</p><p>27. Qual é a diferença entre a necessidade média estimada e nível</p><p>máximo de ingestão tolerável?</p><p>28. Qual é a diferença entre ingestão dietética recomendada e a</p><p>ingestão adequada?</p><p>29. Que cuidados se deve ter ao administrar o questionário quando o</p><p>consumo é feito fora de casa?</p><p>30. Como estimar a porção de alimentos durante os questionários?</p><p>Guia de correcção</p><p>1. A avaliação do consumo alimentar é realizada para fornecer</p><p>subsídios para o desenvolvimento e implantação de planos</p><p>nutricionais e deve integrar um protocolo de atendimento para</p><p>avaliação nutricional, cujo objetivo deve ser o de estimar se a</p><p>ingestão de alimentos está adequada ou inadequada e o de</p><p>identificar hábitos inadequados e/ou a ingestão excessiva de</p><p>alimentos com pobre conteúdo nutricional.</p><p>2. Os inquéritos alimentares quantitativos são aplicados quando o</p><p>objectivo é colher informações sobre a ingestão e a posterior</p><p>comparação dos valores obtidos com as necessidades individuais.</p><p>3. Os factores que podem interferir na avaliação dos inquéritos</p><p>dietéticos são: o entrevistado (pode se esquecer de relatar os</p><p>alimentos realmente consumidos ou relatar alimentos que não</p><p>foram consumidos); o entrevistador (as palavras utilizadas para</p><p>fazer as perguntas, reações verbais ou não verbais diante das</p><p>respostas do paciente, a inabilidade de promover uma relação</p><p>empática com o paciente e omissões de perguntas) e o método</p><p>de inquérito utilizado para coletar e, subsequentemente analisar</p><p>a informação obtida.</p><p>4. A Necessidade Média Estimada- EAR- representa o valor de</p><p>ingestão de um nutriente, estimado para cobrir as necessidades</p><p>em 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária,</p><p>estado fisiológico e sexo. É utilizado como base para estabelecer</p><p>as RDA e também para avaliar a adequação e a planificação da</p><p>ingestão dietética de grupos populacionais.</p><p>5. A Avaliação Nutricional Subjetiva Geral (ANSG) é método clínico</p><p>de avaliação do estado nutricional, que considera não apenas</p><p>113</p><p>alterações da composição corporal, mas também alterações</p><p>funcionais do paciente. É método simples, de baixo custo e não-</p><p>invasivo, podendo ser realizado à beira do leito.</p><p>6. Em relação à história são cinco as características observadas:</p><p>perda de peso nos últimos 6 meses, alteração na ingestão</p><p>alimentar, presença de sintomas gastrointestinais, alteração da</p><p>capacidade funcional e diagnóstico principal e sua relação com as</p><p>necessidades nutricionais.</p><p>7. Quanto ao exame físico, três características são observadas:</p><p>perda de gordura subcutânea, depleção muscular (perda de</p><p>glicogénio nos músculos) e presença de edema. A partir dos</p><p>componentes da história e exame físico, é identificado o estado</p><p>nutricional do paciente, que vai desde bem nutrido a gravemente</p><p>desnutrido.</p><p>8. Para se determinar a presença de edema bilateral, deve-se fazer</p><p>uma pressão firme com o dedo polegar no dorso de ambos os pés</p><p>contando 1..., 2..., 3... (durante três segundos). Em seguida, o</p><p>dedo polegar é retirado e, se se formarem cavidades nos locais</p><p>pressionados, a presença de edema é afirmada.</p><p>9. Existem três graus de edema bilateral, que são classificados pelo</p><p>sinal positivo (+; ++; +++). Quando não se verifica a presença de</p><p>edema bilateral, classifica-se como "ausente".</p><p>10. Se considera edema nutricional quando a cavidade aparece em</p><p>dois pés. Por isso é importante testar ambos os pés; se a cavidade</p><p>não aparece em ambos os pés, o edema não tem origem</p><p>nutricional.</p><p>11. O R24h consiste em definir e quantificar todos os alimentos e</p><p>bebidas ingeridas no período anterior à entrevista, que podem ser</p><p>as 24 horas precedentes ou, mais comumente, o dia anterior.</p><p>12. As vantagens do Recordatório de 24h são: rápida aplicação, não</p><p>altera a ingestão alimentar, pode ser utilizado em qualquer faixa</p><p>etária e em analfabetos, baixo custo. As desvantagens são:</p><p>depende da memória do entrevistado, depende da capacidade de</p><p>o entrevistador estabelecer uma boa comunicação e evitar</p><p>didácticos adicionais ao seu</p><p>módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na</p><p>biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos</p><p>relacionado com o seu curso como: livros e/ou módulos, CD, CD-</p><p>ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico</p><p>disponível na biblioteca, pode ter acesso a plataforma digital</p><p>moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.</p><p>Autoavaliação e Tarefas de avaliação</p><p>Tarefas de autoavaliação para este módulo encontram-se no final</p><p>de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos</p><p>exercícios de autoavaliação apresentam duas características:</p><p>primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,</p><p>exercícios que mostram apenas respostas.</p><p>Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de autoavaliação</p><p>mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de</p><p>dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.</p><p>Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de</p><p>campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de</p><p>correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame</p><p>do fim do módulo. Pelo que, caro estudante fazer todos os</p><p>exercícios de avaliação é uma grande vantagem.</p><p>4</p><p>Comentários e sugestões</p><p>Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados</p><p>aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-</p><p>pedagógica, etc. Pode ser que graças as suas observações, o</p><p>próximo módulo venha a ser melhorado.</p><p>Ícones de actividade</p><p>Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas</p><p>margens das folhas. Estes ícones servem para identificar</p><p>diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar</p><p>uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,</p><p>uma mudança de actividade, etc.</p><p>Habilidades de estudo</p><p>O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a</p><p>aprender. Aprender aprende-se.</p><p>Durante a formação e desenvolvimento de competências, para</p><p>facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará</p><p>empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons</p><p>resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e</p><p>eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando</p><p>estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos</p><p>que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos</p><p>estudos, procedendo como se segue:</p><p>1º Praticar a leitura. Aprender a distância exige alto domínio de</p><p>leitura.</p><p>2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).</p><p>3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e</p><p>assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).</p><p>4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua</p><p>aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.</p><p>5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou</p><p>as de estudo de caso se existir.</p><p>IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,</p><p>5</p><p>respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido</p><p>no início deste item, antes de organizar os seus momentos de</p><p>estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:</p><p>Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo</p><p>melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da</p><p>semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num</p><p>sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em</p><p>cada hora, etc.</p><p>É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido</p><p>estudado durante um determinado período de tempo; Deve</p><p>estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao</p><p>seguinte quando achar que já domina bem o anterior.</p><p>Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler</p><p>e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é</p><p>juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos</p><p>conteúdos de cada tema, no módulo.</p><p>DICA IMPORTANTE: não recomendamos estudar seguidamente por</p><p>tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora</p><p>intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso</p><p>(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que</p><p>durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos</p><p>das actividades obrigatórias.</p><p>Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual</p><p>obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento</p><p>da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado</p><p>volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,</p><p>criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência</p><p>lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai</p><p>em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente</p><p>incapaz!</p><p>Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma</p><p>avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda</p><p>sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões</p><p>de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo,</p><p>estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área</p><p>em que está a se formar.</p><p>Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que</p><p>matérias deve estudar durante a semana. Face ao tempo livre que</p><p>resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo</p><p>quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.</p><p>É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será</p><p>6</p><p>uma necessidade para o estudo das diversas matérias que</p><p>compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar</p><p>a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as</p><p>partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos,</p><p>vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a</p><p>margem para colocar comentários seus relacionados com o que</p><p>está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir</p><p>à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;</p><p>Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado</p><p>não conhece ou não lhe é familiar;</p><p>Precisa de apoio?</p><p>Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o</p><p>material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas</p><p>como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis</p><p>erros ortográficos, fraca visibilidade, páginas trocadas ou</p><p>invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento</p><p>e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,</p><p>SMS, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta</p><p>participando a preocupação.</p><p>Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes</p><p>(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua</p><p>aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da</p><p>comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se</p><p>torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,</p><p>estudante – CR, etc.</p><p>As sessões presenciais/virtuais são um momento em que você,</p><p>caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com</p><p>staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do</p><p>ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões</p><p>presenciais/virtuais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar</p><p>assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.</p><p>O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%</p><p>do tempo de estudos a distância, é de muita importância, na</p><p>medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de</p><p>aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira</p><p>ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas.</p><p>Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os</p><p>conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e</p><p>unidade temática, no módulo.</p><p>7</p><p>Tarefas (avaliação e autoavaliação)</p><p>O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e</p><p>auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é</p><p>importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues</p><p>duas semanas antes das sessões presenciais/virtuais seguintes.</p><p>Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não</p><p>cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação</p><p>a</p><p>indução de respostas, um único recordatório não estima a dieta</p><p>habitual, a ingestão relatada pode ser atípica.</p><p>13. O Questionário de Frequência Alimentar é composto por uma lista</p><p>de alimentos predefinida e uma seção com a frequência de</p><p>consumo (número de vezes que o indivíduo consome um</p><p>114</p><p>determinado alimento por dia, semana, mês ou ano). Alguns</p><p>questionários, adicionalmente, podem também conter uma</p><p>porção média de referência consumida, para que o indivíduo</p><p>relate se o seu consumo é maior ou menor.</p><p>14. As limitações do Questionário de Frequência Alimentar são:</p><p>depende da memória dos hábitos alimentares passados e de</p><p>habilidades cognitivas para estimar o consumo médio em longo</p><p>período de tempo pregresso, o desenho do instrumento requer</p><p>esforço e tempo, dificuldades para a aplicação conforme o</p><p>número e a complexidade da lista de alimentos, quantificação</p><p>pouco exata e não estima o consumo absoluto, visto que nem</p><p>todos os alimentos consumidos pelo indivíduo podem constar na</p><p>lista.</p><p>15. As vantagens da história alimentar são: elimina as variações de</p><p>consumo do dia -a -dia, leva em consideração a variação sazonal,</p><p>e fornece a descrição da ingestão habitual em relação aos</p><p>aspectos qualitativos e quantitativos. As desvantagens deste</p><p>método são: requer entrevistadores treinados, depende da</p><p>memória do entrevistado, tempo de administração longo.</p><p>16. A diferença entre o diário alimentar e o recordatório de 24h é que</p><p>o diário alimentar pode ser aplicado durante três, cinco ou sete</p><p>dias incluindo pelo menos um dia do final de semana enquanto o</p><p>recordatório apenas colhe informação das últimas 24h.</p><p>17. O diário alimentar pode ser aplicado de duas formas: 1. O</p><p>indivíduo deve registrar o tamanho da porção consumida; 2.Todos</p><p>os alimentos devem ser pesados e registrados antes de ser</p><p>consumidos incluindo as sobras.</p><p>18. O diário alimentar recolhe informações sobre a ingestão atual de</p><p>um indivíduo ou de um grupo populacional. Neste método,</p><p>também conhecido como registro alimentar, o paciente ou pessoa</p><p>responsável anota, em formulários especialmente desenhados,</p><p>todos os alimentos e bebidas consumidos ao longo de um ou mais</p><p>dias, devendo anotar também os alimentos consumidos fora de</p><p>casa.</p><p>19. As vantagens do diário alimentar são: os alimentos são anotados</p><p>no momento do consumo, menor erro quando há orientação</p><p>detalhada para o registro, não depende da memória, mede o</p><p>consumo atual. As desvantagens deste método são: consumo pode</p><p>ser alterado, pois o indivíduo sabe que está sendo avaliado, requer</p><p>que o indivíduo saiba ler e escrever, há dificuldade para estimar as</p><p>115</p><p>porções, exige alto nível de motivação e colaboração, menor</p><p>adesão de pessoas do sexo masculino, as sobras são computadas</p><p>como alimento ingerido, requer tempo, o indivíduo deve conhecer</p><p>medidas caseiras.</p><p>20. Às vezes é vantajoso conhecer a fonte primária de compras de</p><p>alimentos para toda a dieta ou para certos grupos de alimentos</p><p>(cereais, frutas, óleos/ gorduras, carnes, ovos ou legumes), pois</p><p>temos a certeza que os alimentos são seguros e adequados para a</p><p>nossa saúde.</p><p>21. É importante registra o consumo dos alimentos fortificados para</p><p>obter informações sobre a disponibilidade local e uso de alimentos</p><p>fortificados, particularmente aqueles fortificados com ferro, iodo</p><p>ou vitamina A.</p><p>22. É importante desagregar os pratos mistos para registar todos os</p><p>componentes individuais em seus respectivos grupos de alimentos.</p><p>23. O questionário de frequência alimentar avalia a frequência de</p><p>consumo de determinados alimentos, tanto daqueles que se</p><p>consumidos em excesso, podem comprometer a qualidade da</p><p>dieta e o estado de saúde, quanto daqueles que são fonte de</p><p>nutrientes e compostos bioativos relacionados à manutenção e à</p><p>promoção da saúde. Já o registo alimentar recolhe informações</p><p>sobre a ingestão atual de um indivíduo ou de um grupo</p><p>populacional.</p><p>24. O método de história alimentar consiste em uma extensa</p><p>entrevista com o propósito de gerar informações sobre os hábitos</p><p>alimentares atuais e passados. São coletadas informações sobre</p><p>número de refeições diárias, local das refeições, apetite,</p><p>preferências e aversões alimentares, uso de suplementos</p><p>nutricionais e informações adicionais sobre tabagismo, práctica de</p><p>exercícios físicos, entre outras.</p><p>25. A avaliação do estado nutricional tem como objectivo identificar os</p><p>distúrbios nutricionais que irão possibilitar o desenho de</p><p>intervenções adequadas de forma a garantir uma recuperação ou</p><p>manutenção do estado de saúde do individuo ou população.</p><p>26. O questionário da diversidade da dieta alimentar do agregado</p><p>familiar destina-se a refletir, no momento a forma, a capacidade</p><p>económica de um agregado familiar para aceder a uma variedade</p><p>de alimentos e está associado a vários factores socioeconómicos.</p><p>27. Necessidade Média Estimada- EAR- representa o valor de ingestão</p><p>de um nutriente, estimado para cobrir as necessidades em 50%</p><p>116</p><p>dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado</p><p>fisiológico e sexo. É utilizado como base para estabelecer as RDA e</p><p>também para avaliar a adequação e a planificação da ingestão</p><p>dietética de grupos populacionais. Já o Nível Máximo de Ingestão</p><p>Tolerável- UL representa o nível mais alto de ingestão diária de</p><p>nutrientes isento de risco de efeitos adversos à saúde para quase</p><p>todos os indivíduos de uma população.</p><p>28. A Ingestão Dietética Recomendada- RDA-A é um valor a ser usado</p><p>como meta de ingestão na prescrição da dieta para indivíduos</p><p>saudáveis, não devendo ser utilizado para avaliação da adequação</p><p>da dieta e nem para planificação de cardápios de gripose</p><p>populacionais. Enquanto que a Ingestão adequada- AI- é nível de</p><p>ingestão de nutrientes a ser utilizado em substituição de RDA</p><p>quando as evidências científicas não são suficientes para o cálculo</p><p>da necessidade (EAR).</p><p>29. Para administrar o questionário em nível individual, a população</p><p>de interesse por exemplo uma mulher em idade reprodutiva deve</p><p>ser escolhida antes do início da colheita de dados e o entrevistado</p><p>é questionado sobre todos os alimentos que consumiu no dia</p><p>anterior, dentro e fora de casa. É importante captar essa</p><p>informação para obter-se o consumo real.</p><p>30. Para a melhor estimativa do tamanho da porção, o indivíduo</p><p>poderá contar com o auxílio de medidas caseiras tradicionalmente</p><p>usadas, podendo recorrer também a fotografias de diferentes</p><p>tamanhos de porções e modelos tridimensionais de alimentos.</p><p>117</p><p>TEMA IV: AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>Caro estudante, no quarto tema do nosso módulo iremos debruçar-</p><p>nos em torno de dois (2) itens fundamentais sobre a avaliação</p><p>antropométrica e sua importância:</p><p>UNIDADE 4.1 Introdução Métodos de Avaliação Nutricional</p><p>UNIDADE 4.2 Principais Indicadores Antropométricos Nutricionais.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Unidade Temática 4.1. Métodos de Avaliação Nutricional</p><p>Introdução</p><p>Pretende-se nesta unidade temática que o estudante tenha o domínio</p><p>sobre os métodos de avaliação nutricional.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Entender o que é avaliação do estado nutricional;</p><p>▪ Descrever os diferentes métodos de avaliação nutricional;</p><p>▪ Mencionar a importância de pelo menos 2 métodos de avaliação</p><p>nutricional.</p><p>A avaliação do estado nutricional é uma etapa fundamental no estudo</p><p>118</p><p>de uma população, para que possamos verificar se o crescimento está</p><p>se afastando do padrão esperado por doença e/ou por condições</p><p>sociais desfavoráveis. A avaliação do estado nutricional tem como</p><p>objectivo identificar os distúrbios nutricionais que irão possibilitar o</p><p>desenho de intervenções adequadas de forma a garantir uma</p><p>recuperação ou manutenção do estado de saúde do individuo ou</p><p>população. Avaliações do crescimento permitem conhecer o estado de</p><p>bem-estar geral de crianças individualmente, de grupos de crianças,</p><p>ou da comunidade/população onde vivem. Acompanhar</p><p>adequadamente o crescimento da população desde seu nascimento</p><p>permite prevenir e identificar desvios do crescimento normal e alertar</p><p>sobre problemas gerais de saúde onde elas vivem. O crescimento</p><p>normal é condicionado a inúmeros processos fisiológicos que</p><p>dependem do atendimento de várias necessidades durante a vida fetal</p><p>e a infância. Embora a adequação do crescimento seja insuficiente, por</p><p>si só, para avaliar adequadamente o estado de saúde de um indivíduo</p><p>ou de uma população, o crescimento físico normal é um pré-requisito</p><p>para qualquer estratégia de promoção do bem-estar infantil.</p><p>O estado nutricional de uma indivíduo reflete o grau no qual as</p><p>necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo atendidas. O</p><p>equilíbrio entre a ingestão e as necessidades de nutrientes estão a ser</p><p>atendidas. A ingestão de nutrientes depende do consumo real de</p><p>alimentos, que é influenciado por factores como: condições</p><p>económicas, comportamento alimentar, ambiente emocional,</p><p>influências culturais, efeitos de vários estágios de doença sobre</p><p>apetite e a capacidade de consumir e absorver os nutrientes</p><p>adequados. As necessidades de nutrientes também são influenciados</p><p>por uma série de factores que incluem o stress fisiológico, como</p><p>infecção, processos crónicos ou agudos de uma doença, febre ou</p><p>trauma, estados anabólicos normais de crescimento, gravidez ou</p><p>reabilitação, manutenção do corpo e bem-estar e stress psicológico.</p><p>Quando a ingestão de nutrientes é adequada e responde as</p><p>necessidades diárias do organismo e quaisquer demandas metabólicas</p><p>aumentadas, o individuo mantém-se no estado de nutrição óptimo. O</p><p>estado óptimo promove o crescimento e o desenvolvimento, mantém</p><p>a saúde geral, sustenta as actividades diárias e auxilia o corpo na</p><p>proteção contra doenças crónicas apropriadas de avaliação podem</p><p>detectar uma deficiência nutricional nos estágios iniciais de</p><p>desenvolvimento, permitindo que a ingestão dietética seja melhorada</p><p>119</p><p>mediante aporte nutricional e aconselhamento antes que uma</p><p>condição mais grave se instale.</p><p>A avaliação do estado nutricional de indivíduos saudáveis difere da</p><p>avaliação do estado nutricional de indivíduos doentes. Os doentes em</p><p>risco nutricional podem ser identificados com base nas informações</p><p>obtidas na triagem feita rotineiramente no momento do internamento</p><p>hospitalar.</p><p>Indivíduos de diferentes idades têm necessidades nutricionais</p><p>distintas; por isso, é essencial padronizar a avaliação nutricional a ser</p><p>usada para cada faixa etária.</p><p>Os métodos usados para avaliar o estado nutricional incluem:</p><p>Quadro 9. Comparação entre os métodos.</p><p>Métodos Objectivos Método Subjectivo</p><p>Antropometria Exame Físico</p><p>Composição corporal Avaliação Subjectiva Global</p><p>Parâmetros Bioquímicos</p><p>Consumo alimentar</p><p>Um parâmetro único/isolado não pode ser usado para caracterizar a</p><p>situação nutricional geral do individuo ou população, é necessário</p><p>empregar uma associação de vários indicadores para melhorar a</p><p>precisão e a acurácia do diagnóstico nutricional.</p><p>Antropometria</p><p>A antropometria envolve as técnicas de obtenção de medidas</p><p>corporais físicas de um indivíduo e as relaciona a um padrão que</p><p>reflita o crescimento e desenvolvimento de um indivíduo ou</p><p>população. Estes dados são úteis quando refletem medidas precisas e</p><p>são registadas por um determinado tempo.</p><p>A antropometria não deve ser entendida como uma simples acção de</p><p>pesar e medir, mas sobretudo, como uma atitude de vigilância. Isso</p><p>significa ter um olhar atento para o estado nutricional, permitindo</p><p>uma acção precoce, quando constatada alguma alteração. Não se</p><p>pode esquecer de que essas medidas irão subsidiar acções voltadas</p><p>para a promoção e assistência à saúde tanto individual quanto</p><p>colectivamente.</p><p>Objectivos da Antropometria:</p><p>120</p><p>➢ Permite identificar riscos à saúde associados a índices</p><p>excessivamente altos ou baixos de gordura corporal;</p><p>➢ Proporciona o monitoramento de mudanças na composição</p><p>corporal, associadas aos processos de crescimento,</p><p>desenvolvimento, maturação e idade;</p><p>➢ Propicia o acompanhamento das variáveis relacionadas ao</p><p>crescimento e desenvolvimento físico em relação à idade</p><p>cronológica e maturacional;</p><p>➢ Avaliar a condição recente do estado nutricional</p><p>➢ Possibilita a identificação de disfunções no crescimento ou de</p><p>perfil morfológico de risco.</p><p>➢ Avaliar o desempenho de programas nutricionais que tenham</p><p>como objectivo melhorar o estado nutricional das crianças</p><p>As medidas antropométricas mais usadas são: altura, peso, dobras</p><p>cutâneas e a circunferência abdominal.</p><p>Altura/comprimento (estatura): pode ser obtida usando uma</p><p>abordagem directa ou indirecta. O método directo envolve um</p><p>altímetro ou estadiómetro e a pessoa deve ser capaz de ficar me pé ou</p><p>permanecer erecta. O método indirecto inclui a altura do braço, altura</p><p>deitado e da altura do joelho podem ser opções para os indivíduos que</p><p>por algum motivo não podem ficar em pé ou em posição erecta.</p><p>Os pontos de referência antropométricos são, na sua generalidade,</p><p>saliências ósseas facilmente identificáveis por palpação ou locais</p><p>determinados a partir da projecção desses pontos. O medidor deve</p><p>detectar os pontos com os dedos polegares e indicador, tendo o</p><p>cuidado de não puxar a pele, e marcá-los com lápis dermográfico ou</p><p>com uma caneta de feltro fina. Após a marcação de cada ponto deve</p><p>confirmar-se sempre a sua exactidão.</p><p>Ao fazer esta padronização, devem-se considerar diversos factores</p><p>relativos ao uso dos métodos para a avaliação do estado nutricional,</p><p>incluindo:</p><p>➢ Custos para sua utilização;</p><p>➢ Nível de habilidade pessoal requerido para aplicá-los</p><p>adequadamente;</p><p>➢ Tempo necessário para executá-los;</p><p>➢ Receptividade por parte da população estudada;</p><p>➢ Possíveis riscos para a saúde.</p><p>Quadro 10. Vantagens e desvantagens da antropometria.</p><p>Vantagens Desvantagens</p><p>121</p><p>➢ Simplicidade técnica;</p><p>➢ Utilização de informações</p><p>presentes nas fichas de</p><p>atendimento (peso, idade e sexo);</p><p>➢ Permite a padronização de</p><p>resultados e avaliações, ganhando</p><p>valor comparativo internacional;</p><p>➢ Sensível em crianças menores de</p><p>6 anos de idade;</p><p>➢ Possibilita triagem preliminar dos</p><p>casos prováveis de desnutrição</p><p>atual e,</p><p>➢ Possibilita diagnósticos de</p><p>prevalência de desnutrição em</p><p>populações.</p><p>➢ Às vezes a idade é desconhecida;</p><p>➢ Não relaciona altura, não reflete o</p><p>verdadeiro crescimento linear;</p><p>➢ Não possibilita o diagnóstico da</p><p>natureza da desnutrição (não</p><p>distingue casos atuais dos casos de</p><p>desnutrição pregressa e dos casos de</p><p>desnutrição crônica)</p><p>➢ Não distingue crianças desnutridas</p><p>com edema das crianças normais.</p><p>Os dados antropométricos são de grande importância para a avaliação</p><p>do estado nutricional e incluem: peso corporal, estatura, relação peso</p><p>por estatura, dobras cutâneas e circunferências.</p><p>Peso corporal: é um parâmetro de avaliação do estado nutricional</p><p>importante. As medidas de peso corporal podem ser confundidas por</p><p>alteração de fluidos corporais e electrólitos, de acordo com o grau de</p><p>hidratação, edema, ascite e estado dialítico. Variações de> 0.5kg/dia</p><p>indicam perda ou ganho de peso e devem ser interpretados com</p><p>cuidado-não correspondem a uma real alteração no peso corporal.</p><p>Quadro 11. Perda Ponderal de Peso.</p><p>Tempo Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%)</p><p>1 Semana 1-2 >2</p><p>1 Mês 5 >5</p><p>3 Meses 7.5 >7.5</p><p>6 Meses 10 >10</p><p>Peso actual: medido numa balança calibrada de plataforma ou</p><p>electrónica, no centro do qual o individuo deverá posicionar-se de pé,</p><p>descalço e com roupas leves. Em crianças que não conseguem ficar em</p><p>pé a balança de relógio com capulana ou pediátrica podem ser</p><p>usadas.</p><p>Peso actual é o peso que o individuo possui no momento da medição.</p><p>Peso habitual: aferido com base na noção do individuo sobre o seu</p><p>peso, utilizando como referência quando não é possível medir o peso</p><p>actual.</p><p>Estatura: é definida como o tamanho ou altura de um ser humano.</p><p>122</p><p>Reflete inadequações nutricionais de caráter crónico quando</p><p>comparado com a idade. Quando usado em conjunto com o peso</p><p>corporal, compões os indicadores peso/estatura em crianças de 5 anos, que são usados</p><p>para avaliar inadequações nutricionais de carácter agudo. A estatura</p><p>pode ser estimada a partir da: medição da altura do joelho, medição</p><p>da estatura recumbente.</p><p>Índice de massa corporal: um dos mais importantes indicadores para o</p><p>disgnóstico do estado nutricional em indivíduos> de 5 anos.</p><p>O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida do grau de obesidade</p><p>de uma pessoa. Através do cálculo de IMC é possível saber se alguém</p><p>está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua estatura.</p><p>O IMC é calculado através da divisão do peso pelo resultado do</p><p>quadrado da altura.</p><p>Tabela 11. Classificação do estado nutricional com base no IMC.</p><p>Fonte: OMS, 2006.</p><p>Quadro 12. Vantagens e desvantagens do IMC.</p><p>Vantagens Desvantagens</p><p>Simples e fácil de medir</p><p>Baixo custo</p><p>Simplicidade de aplicação e</p><p>interpretação</p><p>Boa correlação com as medidas</p><p>de morbilidade e mortalidade</p><p>Baixa correlação com a massa corporal</p><p>magra</p><p>Não fornece informações sobre a</p><p>composição corporal e distribuição da</p><p>gordura corporal</p><p>Modificações que ocorrem na estatura e</p><p>composição corporal no envelhecimento</p><p>podem comprometer a sua aplicabilidade.</p><p>Em idosos com mais de 60 anos ocorrem mudanças biológicas</p><p>relacionadas com a idade próprias deste processo incluem a</p><p>progressiva diminuição da massa corporal magra e de líquidos</p><p>corpóreos, o aumento da quantidade de tecido gorduroso, a</p><p>123</p><p>diminuição de vários órgãos (como rins, fígado, pulmões) e, sobretudo,</p><p>uma grande perda de músculos esqueléticos. Todos esses aspectos</p><p>justificam a busca de condutas e diagnósticos nutricionais que visem a</p><p>melhoria da qualidade de vida desse grupo etário. Algumas das</p><p>medidas antropométricas recomendadas na avaliação nutricional do</p><p>idoso são peso, estatura, circunferência do braço e dobras cutâneas</p><p>tricipital e subescapular. Estas medidas permitem predizer, de forma</p><p>operacional, a quantidade de tecido adiposo e muscular.</p><p>Índice de Massa Corpórea (IMC): O IMC é um bom indicador do estado</p><p>nutricional do idoso e consiste em uma medida secundária obtida</p><p>através de duas medidas primárias: peso (kg) dividido pela estatura</p><p>(m) ao quadrado. Para a classificação do estado nutricional do idoso a</p><p>partir do índice de massa corpórea utilizam-se os pontos de corte</p><p>segundo o quadro 13 abaixo:</p><p>Quadro 13. Classificação do estado nutricional dos idosos com base no IMC.</p><p>IMC Classificação</p><p>27 Sobrepeso</p><p>Mulheres grávidas e lactantes:</p><p>Durante a gravidez ocorrem alterações fisiológicas como alteração no</p><p>estado de hidratação. Isto pode invalidar as medidas antropométricas.</p><p>O peso pré-gestacional é o peso medido em vários momentos durante</p><p>a gravidez é muitas vezes usado para avaliar o estado nutricional da</p><p>mãe. Considera-se 1.5Kg/mês ganho de peso adequado para a</p><p>gravidez.</p><p>Circunferências</p><p>Segundo Acuna et. al (2007), sempre que se torna necessário avaliar</p><p>de forma mais completa a composição corporal, dados</p><p>antropométricos adicionais devem ser colhidos. As circunferências são</p><p>afectadas pelos constituintes do corpo como a massa gorda, massa</p><p>muscular e tamanho ósseo. É possível medir uma grande variedade de</p><p>circunferências corporais, porém as principais circunferências</p><p>utilizadas são:</p><p>1. Circunferência do braço (CB) / Perímetro Braquial (PB): é muito</p><p>utilizada, pois a sua combinação com a medida da prega cutânea</p><p>tricipital (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas, calcular a</p><p>124</p><p>circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço</p><p>(AMA), área de músculo sem osso, que são correlacionadas com a</p><p>massa muscular total, sendo utilizadas para diagnosticar alterações da</p><p>massa muscular corporal total e, assim, o estado nutricional protéico.</p><p>Quando comparado com valores de referência, apresenta boa</p><p>sensibilidade e correlação com morbimortalidade.</p><p>2. Circunferência da cintura: sua medida não deve ser feita sobre</p><p>roupas, o sujeito permanece em pé, com os pés juntos, os braços</p><p>estendidos lateralmente e o abdómem relaxado. A medida deve ser</p><p>tomada em plano horizontal com fita não elástica no ponto mais</p><p>estreito do tronco. É indicador de adiposidade profunda.</p><p>3. Circunferência do quadril: deve ser medida com paciente vestindo</p><p>roupas leves e soltas, em pé, com os braços levantados para os lados e</p><p>os pés juntos. O examinador senta ao lado do sujeito para melhor</p><p>visualizar o nível da extensão máxima dos glúteos, dispondo a fita</p><p>antropométrica em plano horizontal, que deve ser estendida sobre a</p><p>pele sem comprimir as partes moles.</p><p>4. Relação da cintura para o quadril (RCQ): é calculada dividindo a</p><p>medida da circunferência da cintura (cm) pela do quadril (cm). É</p><p>fortemente associada à gordura visceral, sendo um índice aceitável de</p><p>gordura intra-abdominal. É a medida de adiposidade mais</p><p>frequentemente utilizada, permitindo diferenciar a obesidade ginoide</p><p>de e androide. Uma RCQ de 1,0 ou mais para homens e de 0,8 ou mais</p><p>para mulheres é indicativo de obesidade androide e risco aumentado</p><p>de doenças relacionadas com a obesidade.</p><p>5. Pregas Cutâneas: a gordura subcutânea corresponde a 50% da</p><p>gordura armazenada do corpo, e pode refletir de maneira acurada o</p><p>conteúdo de gordura corporal total, baseado no fato de que a</p><p>espessura da gordura é relativamente constante. A medida das pregas</p><p>ou dobras cutâneas (PC) apresenta duas vantagens: 1) fornecer uma</p><p>maneira relativamente simples e não-invasiva de estimar a gordura</p><p>corporal; 2) caracterizar a distribuição da gordura subcutânea.</p><p>Uso das pregas cutâneas não é indicado em crianças menores de 6</p><p>meses devido a grande variação intra e inter individual e a falta de</p><p>valores de referência internacionalmente aceitáveis.</p><p>Quadro 14: Vantagens e Desvantagens das pregas cutâneas.</p><p>Vantagens Desvantagens</p><p>125</p><p>- Simples</p><p>- Baixo custo</p><p>- Serve para avaliar reservas</p><p>corporais</p><p>- Menos invasivo que outros</p><p>métodos directos de avaliação da</p><p>composição corporal</p><p>- Resultados afectados por espessura</p><p>da pele, elasticidade do tecido</p><p>adiposo e grau de hidratação</p><p>- Requer avaliador com bastante</p><p>habilidade e experiência</p><p>Normas Básicas Para Tomar As Medidas Antropométricas</p><p>Segundo o Protocolo de Reabilitação Nutricional I, 2010, os</p><p>indicadores nutricionais são calculados através de medições</p><p>antropométricas. A seguir apresentam-se instruções essenciais para</p><p>tomar-se medidas antropométricas.</p><p>Medição do Comprimento e Altura</p><p>Deve-se medir o comprimento às crianças menores de 2 anos de idade</p><p>ou com estatura menor que 87cm. Isto significa que, estas crianças são</p><p>medidas deitadas.</p><p>Deve-se medir a altura às crianças de 2 ou mais anos de idade ou com</p><p>estatura igual ou superior a 87cm. Isto significa que estas crianças são</p><p>medidas de pé.</p><p>Se for difícil determinar a idade da criança, pode-se medir o</p><p>comprimento da criança e, se a medida for superior a 87cm, então</p><p>deve-se medir a sua altura (medição de pé).</p><p>Se, por alguma razão (ex: doença, fraqueza) uma criança de 2 anos ou</p><p>mais de idade ou com altura igual ou superior a 87cm, não podem</p><p>manter-se em pé, pode-se medir o seu comprimento (medição</p><p>deitada) e subtrair 0,7cm da medição obtida.</p><p>Antes de iniciar a medição fale com o cuidador e explique o que</p><p>pretende fazer e peça a colaboração do mesmo.</p><p>1. Coloque a placa de medição em cima da mesa ou da cama ou numa</p><p>superfície plana e retire os sapatos da criança.</p><p>2. Coloque a criança deitada</p><p>de costas no meio da placa com a cabeça</p><p>virada para frente, braços nos lados e os pés nos ângulos correctos da</p><p>placa.</p><p>3. Enquanto segura os calcanhares ou joelhos da criança, desloque o</p><p>indicador de medição até a parte inferior dos pés da criança.</p><p>126</p><p>4. Tire a medida com uma precisão de 0,1cm e em voz alta anuncie o</p><p>valor.</p><p>5. O assistente, segurando a cabeça no devido lugar, repete o registo</p><p>de medição. Para crianças com idade superior a 2 anos ou altura igual</p><p>ou superior a 87 cm, subtraia 0,7 cm da medição.</p><p>.</p><p>Figura 10. Medição do comprimento.</p><p>Fonte: MISAU, 2010.</p><p>Medição da altura em crianças de 24 meses de idade ou mais e</p><p>adolescentes</p><p>Placa de Medição da Altura [24 meses ou mais ou 87 cm de altura]</p><p>1. Coloque a criança na placa de medição, de pé e no meio da placa,</p><p>com os braços de lado.</p><p>2. O doente deve estar descalço e os pés devem estar juntos e com os</p><p>calcanhares no chão.</p><p>3. Os tornozelos e joelhos da criança devem ser pressionados de forma</p><p>firme contra a placa.</p><p>4. Os calcanhares, parte traseira das pernas, nádegas, ombros e</p><p>127</p><p>cabeça das crianças devem tocar a parte traseira da placa.</p><p>5. O medidor deve segurar a cabeça do doente. Os olhos devem</p><p>formar uma linha paralela com o chão.</p><p>6. A pessoa que mede lê a medição em voz alta com uma precisão de</p><p>0,1cm.</p><p>7. O assistente, segurando os pés da criança, repete a leitura em voz</p><p>alta.</p><p>8. A pessoa que mede regista a altura.</p><p>Figura 12. Medição da altura.</p><p>Fonte: MISAU, 2010.</p><p>PESO</p><p>O peso é outra medida facilmente obtida e muito eficaz. Em crianças,</p><p>é uma medida de adequação nutricional muito sensível que a altura e</p><p>reflete a ingestão nutricional recente. O peso fornece também uma</p><p>avaliação bruta das reservas adiposas e muscular globais. O peso é a</p><p>soma de todos os componentes corpóreos e reflete o equilíbrio</p><p>proteico-energético do indivíduo. A cada 10 pesagens a balança deve</p><p>ser calibrada de modo a evitar erros de medição durante a pesagem.</p><p>128</p><p>Algumas considerações sobre o peso corporal.</p><p>Quadro 15. Diferentes tipos de peso.</p><p>Peso actual Para a sua obtenção, em uma balança calibrada de</p><p>plataforma ou eletrónica o indivíduo deverá posicionar-se</p><p>em pé, no centro da base da balança, descalço e roupas</p><p>leves.</p><p>Peso habitual É utilizado como referência na avaliação das mudanças</p><p>recentes de peso e em casos de impossibilidade de medir o</p><p>peso actual</p><p>Peso ideal O modo mais práctico para cálculo do peso ideal ou</p><p>desejável é pela utilização do índice de massa corporal.</p><p>O peso ideal= IMC x estatura (m)2</p><p>Peso</p><p>adequado</p><p>A percentagem de adequação do peso actual em relação ao</p><p>peso ideal é calculada a partir da fórmula</p><p>Peso adequado (%) = Peso actual x 100</p><p>Peso ideal</p><p>PERÍMETRO BRAQUIAL</p><p>A avaliação do Perímetro braquial (PB ou MUAC) é geralmente</p><p>utilizada nas avaliações rápidas porque ela pode ser feita rapidamente</p><p>e requer muito poucos instrumentos (somente a fita do Perímetro</p><p>Braquial).</p><p>Mulheres grávidas e lactantes (mães de crianças menores de 6 meses)</p><p>estão em maior risco de desnutrição pois as suas necessidades</p><p>nutricionais são aumentadas para promover um adequado ganho de</p><p>peso, desenvolvimento fetal, e produção do leite.</p><p>No entanto, as medidas podem não ser muito precisas se o avaliador</p><p>não tiver domínio das técnicas de medição. Assim, os resultados</p><p>devem ser utilizados cautelosamente.</p><p>O PB é obtido através da medição da circunferência do braço. A</p><p>circunferência do braço nos inquéritos é medida no braço esquerdo.</p><p>Para se encontrar o local correcto para a medição, o cotovelo do</p><p>paciente é flectido na posição de 90°C. A fita de PB é usada para</p><p>localizar o ponto médio entre a parte final do ombro (acrómio) e a</p><p>ponta do cotovelo (olecrano); este ponto médio deve ser marcado</p><p>com uma caneta de tinta fácil de lavar.</p><p>O braço é então estendido ao longo do corpo, com a palma da mão</p><p>virada para a perna, e a fita de PB é colocada justamente à volta do</p><p>129</p><p>braço, na marca do ponto médio. A fita não deve estar muito</p><p>apertada. Finalmente, regista-se a medida indicada entre as duas setas</p><p>na fita de PB.</p><p>Figura 11. Medição do Perímetro Braquial.</p><p>Fonte: MISAU, 2010.</p><p>INSTRUÇÕES DE MEDIÇÃO.</p><p>1. Peça a pessoa para dobrar o seu braço não dominante (geralmente</p><p>e o esquerdo) fazendo um ângulo de 90 graus.</p><p>2. Com a mão localize a elevação no ombro e a parte final do cotovelo.</p><p>3. Coloque a fita do perímetro braquial (onde se localizam as setas) no</p><p>ombro e faça a medição entre o ombro e o cotovelo.</p><p>4. Localize o ponto médio e marque-o com uma caneta de tinta fácil</p><p>de lavar.</p><p>5. Com o braço da pessoa relaxado e descaído ao longo do corpo,</p><p>enrole a fita do PB à volta do braço no ponto marcado com a tinta (em</p><p>paralelo como pequeno furo que se encontra na fita de PB). Introduza</p><p>a ponta da fita de perímetro braquial na ranhura existente na mesma.</p><p>Não deve haver qualquer espaço entre a pele e a fita, mas também</p><p>não aperte demasiado.</p><p>6. Faça a leitura em milímetros a partir do ponto marcado com a tinta,</p><p>exactamente onde a seta aponta para dentro (na janelinha existente</p><p>na fita de PB) e anote o resultado no questionário.</p><p>130</p><p>Quadro 16. Classificação do estado nutricional usando PB por faixa etária.</p><p>Idade Desnutrição</p><p>grave</p><p>Desnutrição</p><p>moderada</p><p>Normal</p><p>6-59 Meses</p><p>ou de perfil morfológico de risco.</p><p>5. Quais são as medidas antropométricas mais usadas?</p><p>Resposta: As medidas antropométricas mais usadas são: altura, peso,</p><p>dobras cutâneas e a circunferência abdominal.</p><p>6. Quais são as vantagens do índice de massa corporal?</p><p>Resposta: as vantagens são simples e fácil de medir, baixo custo,</p><p>simplicidade de aplicação e interpretação, boa correlação com as</p><p>133</p><p>medidas de morbilidade e mortalidade.</p><p>7. Quais são as desvantagens do índice de massa corporal?</p><p>Resposta: as desvantagens do índice de massa corporal são: baixa</p><p>correlação com a massa corporal magra, não fornece informações</p><p>sobre a composição corporal e distribuição da gordura corporal,</p><p>modificações que ocorrem na estatura e composição corporal no</p><p>envelhecimento podem comprometer a sua aplicabilidade.</p><p>8. Descreva a relação entre os indicadores circunferência da</p><p>cintura e do quadril.</p><p>Resposta: a Relação a circunferência da cintura para o quadril (RCQ): é</p><p>calculada dividindo a medida da circunferência da cintura (cm) pela do</p><p>quadril (cm). É fortemente associada à gordura visceral, sendo um</p><p>índice aceitável de gordura intra-abdominal.</p><p>9. Descreva as vantagens das pregas cutâneas?</p><p>Resposta: as vantagens do uso das pregas cutâneas para a avaliação</p><p>do estado nutricional são métodos simples, baixo custo, serve para</p><p>avaliar reservas corporais, menos invasivo que outros métodos</p><p>directos de avaliação da composição corporal.</p><p>10. Mencione os instrumentos antropométricos?</p><p>Resposta: Os instrumentos antropométricos são: altímetro, balança</p><p>(plataforma, pediátrica, tipo relógio) e fita de perímetro braquial.</p><p>Unidade Temática 4.2. Principais Indicadores Antropométricos Nutricionais.</p><p>Introdução</p><p>Esta unidade pretende dotar os estudantes de conhecimentos sobre</p><p>os principais indicadores nutricionais e sua interpretação.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>134</p><p>Os principais indicadores para monitorar o estado nutricional de uma</p><p>criança menor de 5 anos de idade são o baixo peso, baixa estatura e</p><p>crescimento insuficiente que são obtidos através da medição da altura</p><p>ou comprimento e peso da criança, juntamente com a idade em</p><p>meses.</p><p>Em 2006 a OMS divulgou novos padrões para o crescimento infantil.</p><p>Os novos padrões de crescimento oferecem uma nova maneira de</p><p>analisar dados nutricionais da criança. O que significa que as</p><p>diferenças no crescimento das crianças menores de 5 anos são mais</p><p>influenciadas por nutrição, prácticas de alimentação, meio ambiente e</p><p>saúde do que pela genética.</p><p>Cada um dos três indicadores do estado nutricional pode ser expresso</p><p>em unidades de desvio padrão (z-score) a partir da mediana da</p><p>população de referência.</p><p>Peso Para Idade</p><p>É um indicador chave para a desnutrição que pode refletir tanto a</p><p>desnutrição aguda como a crónica. Crianças cujo peso para a idade</p><p>situa-se abaixo de -2DP/Z-score, abaixo da mediana da população de</p><p>referência são consideradas moderadamente desnutridas, e as</p><p>crianças que apresentam o peso para a idade abaixo de -3DP/Z-score</p><p>são consideradas severamente desnutridas.</p><p>Altura Para a Idade</p><p>E uma medida de crescimento linear. Crianças cuja altura é maior que</p><p>-2DP/Z-score abaixo da mediana da população de referência são</p><p>considerados baixos para a sua idade e são classificados como tendo</p><p>desnutrição crónica moderada, e aquelas cuja altura é maior que -</p><p>3DP/Z-score abaixo da mediana são classificados como sofrendo de</p><p>desnutrição crónica grave também chamada de nanismo que resulta</p><p>da baixa ingestão durante um longo período e doença recorrente ou</p><p>crónica.</p><p>Objectivos</p><p>• Conhecer os indicadores nutricionais;</p><p>• Interpretar os indicadores nutricionais.</p><p>135</p><p>Peso Para Altura</p><p>Para as crianças cujo peso para a altura é maior que -2DP/Z-score,</p><p>abaixo da mediana da população de referência são classificados como</p><p>baixo peso moderado, enquanto as que apresentam o peso para a</p><p>altura maior que -3DP/Z-score classificam-se como baixo peso grave,</p><p>geralmente resultado de uma deficiência nutricional recente. Este</p><p>indicador apresenta mudanças sazonais significativas associadas à</p><p>mudança na disponibilidade de alimentos e prevalência de doenças.</p><p>Diagnóstico nutricional na criança</p><p>No caso das crianças, a avaliação do crescimento é a medida que</p><p>melhor define a saúde e o estado nutricional. Distúrbios na saúde e</p><p>nutrição, independentemente de suas etiologias, invariavelmente</p><p>afectam o crescimento infantil.</p><p>Os valores antropométricos representam o grau de ajustamento entre</p><p>o potencial genético de crescimento e os factores ambientais</p><p>favoráveis e nocivos. Os padrões de crescimento infantil da OMS</p><p>representam, então, as melhores oportunidades de cumprir as</p><p>possibilidades genotípicas de crescimento das crianças.</p><p>Os parâmetros antropométricos usualmente utilizados para avaliar o</p><p>estado nutricional de crianças são:</p><p>➢ Peso;</p><p>➢ Estatura (altura ou comprimento);</p><p>➢ Perímetros cefálico e braquial.</p><p>Os valores desses dados antropométricos deverão ser sempre</p><p>analisados em função da idade e do sexo da criança, que são os</p><p>principais determinantes de sua evolução.</p><p>Pela aferição do peso e da altura podem ser calculados os três índices</p><p>antropométricos mais frequentemente empregados:</p><p>➢ Peso/idade</p><p>➢ Estatura/idade</p><p>➢ Peso/estatura (0-5 anos) ou IMC/Idade (> 5 anos)</p><p>Classificação do Estado Nutricional</p><p>Após retiradas as medidas de crescimento é necessário interpretar o</p><p>resultado utilizando o Desvio Padrão (DP). Desvio Padrão ou Escore Z é</p><p>a medida de variabilidade ou de dispersão de um grupo de dados, isto</p><p>é, indica o quanto em média um determinado dado ou valor encontra-</p><p>136</p><p>se acima ou abaixo da média ou da mediana de referência (WHO,</p><p>1995).</p><p>Os valores do DP são comparados em relação aos padrões de</p><p>referência que são construídos a partir de estudo de medidas obtidas</p><p>em populações normais, ou seja, que vivem em condições</p><p>socioeconómicas e ambientais favoráveis ao pleno desenvolvimento</p><p>dos seus potenciais de crescimento e desenvolvimento, saúde e</p><p>nutrição. Com esses dados constroem-se curvas ou tabelas onde casa</p><p>medida é comparada de acordo com o sexo e a idade da pessoa a ser</p><p>analisada (WHO, 1983).</p><p>Tabela 13. Principais indicadores nutricionais e sua classificação.</p><p>Fonte: MISAU, 2018.</p><p>Tabela 14. Pontos de corte para classificação utilizando Perímetro Braquial.</p><p>Fonte: MISAU, 2010.</p><p>O Estudo de Referência de Crescimento Multicêntrico da OMS (MGRS)</p><p>foi realizado entre 1997 e 2003 para gerar novas curvas de</p><p>137</p><p>crescimento para avaliar o crescimento e desenvolvimento de bebés e</p><p>crianças pequenas em todo o mundo. Espera-se que as novas curvas</p><p>de crescimento forneçam um único padrão internacional que</p><p>represente a melhor descrição de crescimento fisiológico para todas as</p><p>crianças, desde o nascimento até os cinco anos de idade, e estabeleça</p><p>o bebé amamentado como modelo normativo para crescimento e</p><p>desenvolvimento. Os padrões podem ser usados em qualquer lugar do</p><p>mundo, já que o estudo mostrou que, quando suas necessidades de</p><p>nutrição, saúde e cuidados são atendidas crescem em padrões</p><p>semelhantes.</p><p>Os benefícios adicionais dos novos padrões de crescimento incluem o</p><p>seguinte:</p><p>- Os novos padrões estabelecem bebés amamentados como modelo</p><p>para o crescimento e desenvolvimento normal. Como resultado, as</p><p>políticas de saúde e apoio público à amamentação serão fortalecido.</p><p>- Os novos padrões ajudarão a identificar melhor as crianças com</p><p>algum tipo de desnutrição e com sobrepeso / obesidade.</p><p>- Novos padrões como IMC (índice de massa corporal) são úteis para</p><p>medir o aumento da obesidade</p><p>- Gráficos que mostram padrões da taxa de crescimento esperada ao</p><p>longo do tempo e permitem aos cuidadores e profissionais de saúde a</p><p>identificar precocemente crianças em risco de se tornarem</p><p>desnutridas ou com excesso de peso em vez de esperar até que o</p><p>problema seja atingido.</p><p>Além dos padrões de crescimento físico, os Padrões de Crescimento</p><p>Infantil da OMS incluem seis marcos motores grosseiros (sentado sem</p><p>apoio, em pé com a ajuda, mãos e joelhos rastejando, andando com</p><p>assistência, sozinho e caminhando sozinho) que se espera que crianças</p><p>saudáveis atinjam durante faixas etárias especificadas entre 4 e 18</p><p>meses.</p><p>Os gráficos específicos utilizados dependerão da idade da criança, o</p><p>que determina se a criança é medida deitada ou de pé. É importante</p><p>usar a curva de crescimento específico do sexo e idade pois as</p><p>meninas e os meninos apresentam padrões de crescimento diferente.</p><p>O registo de crescimento permite que possam ser observadas</p><p>atempadamente os problemas de crescimento.</p><p>Nível de habilidades e os conhecimentos são necessários para medir o</p><p>peso e o comprimento/altura (estatura) de crianças; avaliar o</p><p>crescimento em relação aos novos padrões de crescimento; e</p><p>138</p><p>aconselhar as mães sobre crescimento e alimentação. Erros na</p><p>medição e no desenho da curva são muito comuns.</p><p>Sumário</p><p>Os principais indicadores usados para avaliar o estado nutricional são</p><p>peso para idade, comprimento para idade, altura para a idade, peso</p><p>para comprimento, peso para altura e índice de massa corporal. Cada</p><p>um destes indicadores deve ser avaliado com o máximo de cuidado</p><p>possível respeitando os limites estabelecidos internacionalmente para</p><p>grupo alvo em análise. O perímetro braquial é outro indicador usado</p><p>para avaliar a situação nutricional sendo muito usando nas</p><p>comunidades para a avaliação e identificação precoce da desnutrição</p><p>aguda.</p><p>________________________________________________________</p><p>Exercícios e Autoavaliação</p><p>1. Quais são os principais indicadores para monitorar o estado</p><p>nutricional em crianças menores de 5 anos.</p><p>Resposta: Os principais indicadores para monitorar o estado</p><p>nutricional de uma criança menor de 5 anos de idade são o baixo</p><p>peso, baixa estatura e crescimento insuficiente.</p><p>2. Debruce-se sobre o indicador PESO PARA IDADE</p><p>Resposta: é um indicador chave para a desnutrição que pode refletir</p><p>tanto a desnutrição aguda como a crónica. Crianças cujo peso para a</p><p>idade situa-se abaixo de -2DP/Z-score, abaixo da mediana da</p><p>população de referência são consideradas moderadamente</p><p>desnutridas, e as crianças que apresentam o peso para a idade abaixo</p><p>de -3DP/Z-score são consideradas severamente desnutridas.</p><p>3. Debruce-Se Sobre o Indicador Altura Para a Idade.</p><p>Resposta: é uma medida de crescimento linear. Crianças cuja altura é</p><p>maior que -2DP/Z-score abaixo da mediana da população de</p><p>referência são considerados baixos para a sua idade e são classificados</p><p>como tendo desnutrição crónica moderada, e aquelas cuja altura é</p><p>maior que -3DP/Z-score abaixo da mediana são classificados como</p><p>sofrendo de desnutrição crónica grave também chamada de nanismo</p><p>que resulta da baixa ingestão durante um longo período e doença</p><p>139</p><p>recorrente ou crónica.</p><p>4. Debruce-se sobre o indicador Peso Para Altura- Baixo-</p><p>Peso/Crescimento Insuficiente.</p><p>Resposta: Para as crianças cujo peso para a altura é maior que -2DP/Z-</p><p>score, abaixo da mediana da população de referência são classificados</p><p>como baixo peso moderado, enquanto as que apresentam o peso para</p><p>a altura maior que -3DP/Z-score classificam-se como baixo peso grave,</p><p>geralmente resultado de uma deficiência nutricional recente. Este</p><p>indicador apresenta mudanças sazonais significativas associadas à</p><p>mudança na disponibilidade de alimentos e prevalência de doenças.</p><p>5. Quais são os parâmetros antropométricos usados para avaliar o</p><p>estado nutricional em crianças?</p><p>Resposta: Os parâmetros antropométricos usualmente utilizados para</p><p>avaliar o estado nutricional de crianças são: Peso; Estatura (altura ou</p><p>comprimento) e Perímetros cefálico e braquial.</p><p>6. Quais são os índices antropométricos mais frequentemente</p><p>empregados pela aferição do peso e da altura?</p><p>Resposta: Pela aferição do peso e da altura podem ser calculados os</p><p>três índices antropométricos mais frequentemente empregados:</p><p>Peso/idade, Estatura/idade e Peso/estatura (0-5 anos) ou IMC/Idade</p><p>(> 5 anos).</p><p>7. Diferencie peso actual do peso habitual.</p><p>Resposta: Peso actual é o peso que o individuo possui no momento da</p><p>medição. Peso habitual é o peso do individuo aferido com base na</p><p>noção do individuo sobre o seu peso, utilizando como referência</p><p>quando não é possível medir o peso actual.</p><p>8. Quais são os benefícios dos novos padrões de crescimento?</p><p>Resposta: -Os novos padrões estabelecem bebés amamentados como</p><p>modelo para o crescimento e desenvolvimento normal. Como</p><p>resultado, as políticas de saúde e apoio público à amamentação serão</p><p>fortalecido, ajudarão a identificar melhor as crianças com algum tipo</p><p>de desnutrição e com sobrepeso / obesidade, como IMC (índice de</p><p>massa corporal) são úteis para medir o aumento da obesidade e</p><p>permitem aos cuidadores e profissionais de saúde a identificar</p><p>precocemente crianças em risco de se tornarem desnutridas ou com</p><p>excesso de peso em vez de esperar até que o problema seja atingido.</p><p>140</p><p>9. Porque é importante o registo por idade e sexo?</p><p>Resposta: É importante usar a curva de crescimento específico do sexo</p><p>e idade pois as meninas e os meninos apresentam padrões de</p><p>crescimento diferente.</p><p>10. Qual é a importância de ter conhecimento e habilidade para a</p><p>medição do peso e estatura?</p><p>Resposta: Nível de habilidades e os conhecimentos são necessários</p><p>para medir o peso e o comprimento/altura (estatura) de crianças;</p><p>avaliar o crescimento em relação aos novos padrões de crescimento; e</p><p>aconselhar as mães sobre crescimento e alimentação.</p><p>Exercícios</p><p>1.Qual é o objectivo da avaliação nutricional?</p><p>2.Qual é a importância da avaliação do crescimento?</p><p>3. Quais são os métodos usados para a avaliação do estado</p><p>nutricional?</p><p>4. Qual é a importância da manutenção do estado óptimo de</p><p>crescimento e o desenvolvimento?</p><p>5. Mencione pelo menos 3 objectivos da antropometria.</p><p>6. Quais são os pontos de referência para a medição antropométrica?</p><p>7. Quais são as vantagens da antropometria?</p><p>8. Quais são as desvantagens de antropometria?</p><p>9. Defina estatura?</p><p>10. Como se calcula o índice de massa corporal (IMC)?</p><p>11. Quais são os limites de corte para avaliação do estado nutricional</p><p>usando o índice de massa corporal?</p><p>12. Quais são as vantagens do índice de massa corporal?</p><p>13. Quais são as desvantagens do índice de massa corporal?</p><p>14. Quais são as mudanças biológicas relacionadas com a idade</p><p>ocorrem em idosos?</p><p>15. Quais são os pontos de corte para a classificação do estado</p><p>nutricional dos idosos?</p><p>16. Que cuidados devemos ter ao avaliar o estado nutricional da</p><p>mulher grávida?</p><p>17. Debruce-se sobre a circunferência do braço (perímetro braquial)</p><p>18. Defina pregas cutâneas e diga quais são as vantagens?</p><p>19. As pregas cutâneas são usadas em crianças menores de 6 meses?</p><p>Justifique?</p><p>20. Como é feita a medição do comprimento em crianças menores de</p><p>2 anos?</p><p>21. Como é feita a medição da altura em crianças maiores de 2 anos?</p><p>141</p><p>22. Quais são os parâmetros usados para classificar o estado</p><p>nutricional usando o perímetro braquial?</p><p>23. Quais são os principais indicadores usados para classificar o estado</p><p>nutricional em crianças menores de 5 anos?</p><p>24. Diferencie o indicador peso para idade do indicador altura para</p><p>idade</p><p>25. Fale do indicador peso para altura.</p><p>26.Diferencie peso actual do peso habitual.</p><p>27. Quais são os indicadores antropométricos usados para classificar o</p><p>estado nutricional?</p><p>28. Mencione os instrumentos antropométricos?</p><p>30. Fale da importância do indicador altura para idade.</p><p>Guião de correcção</p><p>1. A avaliação do estado nutricional tem como objectivo identificar os</p><p>distúrbios nutricionais que irão possibilitar o desenho de</p><p>intervenções adequadas de forma a garantir uma recuperação ou</p><p>manutenção do estado de saúde do individuo ou</p><p>população.</p><p>2. A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde</p><p>e o estado nutricional, pois os distúrbios na saúde e nutrição,</p><p>independentemente de suas etiologias, invariavelmente afectam o</p><p>crescimento infantil.</p><p>3. Os métodos para avaliação nutricional dividem-se em Métodos</p><p>Objectivos, Antropometria, Composição corporal, Parâmetros</p><p>Bioquímicos e Consumo alimentar e os Métodos Subjectivos</p><p>Exame Físico e Avaliação Subjectiva Global.</p><p>4. É importante da manutenção do estado óptimo de crescimento e o</p><p>desenvolvimento para a garantia da saúde do indivíduo,</p><p>proporcionando assim capital humano activo para o aumento do</p><p>Produto Interno Bruto do País.</p><p>5. Os objectivos da antropometria são: Permite identificar riscos à</p><p>saúde associados a índices excessivamente altos ou baixos de</p><p>gordura corporal; Proporciona o monitoramento de mudanças na</p><p>composição corporal, associadas aos processos de crescimento,</p><p>desenvolvimento, maturação e idade; Propicia o acompanhamento</p><p>das variáveis relacionadas ao crescimento e desenvolvimento físico</p><p>em relação à idade cronológica e maturacional; Avaliar a condição</p><p>recente do estado nutricional ou Possibilita a identificação de</p><p>disfunções no crescimento ou de perfil morfológico de risco.</p><p>6. Os pontos de referência antropométricos são, na sua generalidade,</p><p>saliências ósseas facilmente identificáveis por palpação ou locais</p><p>142</p><p>determinados a partir da projecção desses pontos. O medidor deve</p><p>detectar os pontos com os dedos polegar e indicador, tendo o</p><p>cuidado de não puxar a pele, e marcá-los com lápis dermográfico</p><p>ou com uma caneta de feltro fina. Após a marcação de cada ponto</p><p>deve confirmar-se sempre a sua exactidão.</p><p>7. As vantagens da antropometria são: Simplicidade técnica;</p><p>utilização de informações presentes nas fichas de atendimento</p><p>(peso, idade e sexo); permite a padronização de resultados e</p><p>avaliações, ganhando valor comparativo internacional; sensível em</p><p>crianças menores de 6 anos de idade; possibilita triagem</p><p>preliminar dos casos prováveis de desnutrição atual e possibilita</p><p>diagnósticos de prevalência de desnutrição em populações.</p><p>8. As desvantagens da antropometria são: por vezes a idade é</p><p>desconhecida; não relaciona altura, não reflete o verdadeiro</p><p>crescimento linear; não possibilita o diagnóstico da natureza da</p><p>desnutrição (não distingue casos atuais dos casos de desnutrição</p><p>pregressa e dos casos de desnutrição crônica); não distingue</p><p>crianças desnutridas com edema das crianças normais.</p><p>9. A estatura é definida como o tamanho ou altura de um ser</p><p>humano. Reflete inadequações nutricionais de caráter crónico</p><p>quando comparado com a idade.</p><p>10. O IMC é calculado dividindo com o peso (kg) pela altura (em</p><p>metros) ao quadrado (kg/m2) – IMC = Peso (kg)/Altura (m2).</p><p>11. Os limites de coorte usando IMC são: O IMC menor que 18.5 é</p><p>considerado como desnutrição, entre 18,5 e 24,9 significa normal,</p><p>maior ou igual a 25 significa excesso de peso, e maior ou igual a 30</p><p>significa obesidade.</p><p>12. As vantagens do IMC são: método de avaliação nutricional rápida;</p><p>simples, barata e não invasiva; é uma medida para rastrear o</p><p>estado do peso nas populações e uma ferramenta de triagem para</p><p>identificar potenciais problemas de peso em indivíduos.</p><p>13. As desvantagens do IMC são: pode superestimar a gordura</p><p>corporal em atletas ou aquelas com mais músculos; pode</p><p>subestimar a gordura corporal em adultos mais velhos que</p><p>perderam a massa muscular; não mede a gordura corporal</p><p>diretamente, portanto não deve ser usado como ferramenta de</p><p>diagnóstico único.</p><p>143</p><p>14. As mudanças biológicas relacionadas com a idade que ocorrem</p><p>nos idosos são: a progressiva diminuição da massa corporal magra</p><p>e de líquidos corpóreos; o aumento da quantidade de tecido</p><p>gorduroso, a diminuição de vários órgãos (como rins, fígado,</p><p>pulmões) e, sobretudo, uma grande perda de músculos</p><p>esqueléticos.</p><p>15. Os pontos de coorte para a classificação do estado nutricional dos</p><p>idosos utilizando o IMC são: menor que 22 reflete desnutrição;</p><p>entre 22 a 27 significa normal; e maior que 27 reflete sobrepeso</p><p>ou obesidade.</p><p>16. Ao avaliar o estado nutricional da mulher grávida devemos ter</p><p>atenção em não utilizar o peso pois o mesmo está alterado devido</p><p>ao peso do bebé. É recomendável que se faça a avaliação com</p><p>outros técnicas como a medição do Perímetro Braquial.</p><p>17. Circunferência do braço (CB) ou Perímetro Braquial é muito</p><p>utilizada, pois a sua combinação com a medida da prega cutânea</p><p>tricipital (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas, calcular</p><p>a circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do</p><p>braço (AMA), área de músculo sem osso, que são correlacionadas</p><p>com a massa muscular total, sendo utilizadas para diagnosticar</p><p>alterações da massa muscular corporal total e, assim, o estado</p><p>nutricional protéico. Quando comparado com valores de</p><p>referência, apresenta boa sensibilidade e correlação com</p><p>morbimortalidade.</p><p>18. As pregas cutâneas nos dizem a quantidade de gordura existente</p><p>no corpo considerando que a gordura subcutânea corresponde a</p><p>50% da gordura armazenada do corpo, e pode refletir de maneira</p><p>acurada o conteúdo de gordura corporal total, baseado no fato de</p><p>que a espessura da gordura é relativamente constante. A medida</p><p>das pregas ou dobras cutâneas (PC) apresenta duas vantagens: 1)</p><p>fornecer uma maneira relativamente simples e não-invasiva de</p><p>estimar a gordura corporal; 2) caracterizar a distribuição da</p><p>gordura subcutânea.</p><p>19. Uso das pregas cutâneas não é indicado em crianças menores de 6</p><p>meses devido a grande variação intra e inter individual e a falta de</p><p>valores de referência internacionalmente aceitáveis.</p><p>20. Antes de iniciar a medição do comprimento, explique ao cuidador</p><p>da criança o que pretende fazer e peça a colaboração do mesmo.</p><p>- Coloque-se a placa de medição em cima da mesa ou da cama</p><p>144</p><p>ou numa superfície plana e retire os sapatos da criança.</p><p>- Coloque-se a criança deitada de costas no meio da placa com</p><p>a cabeça virada para frente, braços nos lados e os pés nos</p><p>ângulos correctos da placa.</p><p>- Enquanto segura-se os calcanhares ou joelhos da criança,</p><p>desloca-se o indicador de medição até a parte inferior dos pés</p><p>da criança.</p><p>- Tira-se a medida com uma precisão de 0,1cm e em voz alta</p><p>anuncie o valor.</p><p>- O assistente, segurando a cabeça no devido lugar, deve</p><p>repetir o registo de medição.</p><p>21. Para medir a altura segue-se os seguintes passos:</p><p>-Coloque-se a criança na placa de medição, de pé e no meio da</p><p>placa, com os braços de lado.</p><p>- O doente deve estar descalço e os pés devem estar juntos e</p><p>com os calcanhares no chão.</p><p>- Os tornozelos e joelhos da criança devem ser pressionados de</p><p>forma firme contra a placa.</p><p>- Os calcanhares, parte traseira das pernas, nádegas, ombros e</p><p>cabeça das crianças devem tocar a parte traseira da placa.</p><p>- O medidor deve segurar a cabeça do doente. Os olhos devem</p><p>formar uma linha paralela com o chão.</p><p>- A pessoa que mede lê a medição em voz alta com uma</p><p>precisão de 0,1cm.</p><p>- O assistente, segurando os pés da criança, repete a leitura em</p><p>voz alta.</p><p>- A pessoa que mede regista a altura.</p><p>22. Os parâmetros para a classificação do estado nutricional utilizando</p><p>o Perímetro Braquial são 11.5 e</p><p>12.5 cm normal.</p><p>23. Os principais indicadores para monitorar o estado nutricional de</p><p>uma criança menor de 5 anos de idade são o baixo peso, baixa</p><p>145</p><p>estatura e crescimento insuficiente.</p><p>24. O peso para idade é um indicador chave para a desnutrição que</p><p>pode refletir tanto a desnutrição aguda como a crónica, já a altura</p><p>para a idade reflete o quadro de desnutrição crónica.</p><p>25. Para as crianças cujo peso para a altura é maior que -2DP/Z-score,</p><p>abaixo da mediana da população de referência são classificados como</p><p>baixo peso moderado, enquanto as que apresentam o peso para a</p><p>altura maior que -3DP/Z-score classificam-se como baixo peso grave,</p><p>geralmente resultado de uma deficiência nutricional recente. Este</p><p>indicador apresenta mudanças sazonais significativas associadas à</p><p>mudança na disponibilidade de alimentos e prevalência de doenças.</p><p>26. O peso actual é o peso que o individuo possui no momento da</p><p>medição. Peso habitual é o peso do individuo aferido com base na</p><p>noção do individuo sobre o seu peso, utilizando como referência</p><p>quando não é possível medir o peso actual.</p><p>27. Os principais indicadores antropométricos são: Peso por Idade,</p><p>Altura por Idade e Peso por Altura.</p><p>28. Os instrumentos antropométricos são: altímetro, balança</p><p>(plataforma, pediátrica, tipo relógio) e fita de perímetro braquial.29.</p><p>Descreva a importância do indicador peso por altura.</p><p>29. Para as crianças cujo peso para a altura é maior que -2DP/Z-score,</p><p>abaixo da mediana da população de referência são classificados como</p><p>baixo peso moderado, enquanto as que apresentam o peso para a</p><p>altura maior que -3DP/Z-score classificam-se como baixo peso grave,</p><p>geralmente resultado de uma deficiência nutricional recente. Este</p><p>indicador apresenta mudanças sazonais significativas associadas à</p><p>mudança na disponibilidade de alimentos e prevalência de doenças.</p><p>30. O indicador altura por idade é uma medida de crescimento linear.</p><p>Crianças cuja altura é maior que -2DP/Z-score abaixo da mediana da</p><p>população de referência são considerados baixos para a sua idade e</p><p>são classificados como tendo desnutrição crónica moderada, e aquelas</p><p>cuja altura é maior que -3DP/Z-score abaixo da mediana são</p><p>classificados como sofrendo de desnutrição crónica grave também</p><p>chamada de nanismo que resulta da baixa ingestão durante um longo</p><p>período e doença recorrente ou crónica.</p><p>146</p><p>TEMA V: AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL</p><p>Caro estudante, neste tema iremos nos debruçar em torno de três (3)</p><p>itens fundamentais sobre a segurança alimentar e nutricional, como</p><p>são apresentados a seguir:</p><p>Unidade Temática 5.1. Pilares da Segurança Alimentar</p><p>Unidade Temática 5.2. Relação entre Segurança Alimentar e</p><p>Nutricional</p><p>Unidade Temática 5.3. Classificação Integrada de Fases.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>UNIDADE Temática 5.1. Pilares da Segurança Alimentar</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade temática, pretendemos que você tenha um domínio</p><p>sobre os pilares de Segurança Alimentar e Nutricional.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Identificar os pilares de Segurança Alimentar e Nutricional;</p><p>▪ Descrever e caracterizar os diferentes pilares.</p><p>A segurança alimentar é definida geralmente como uma situação em</p><p>que “todas as pessoas têm acesso a qualquer hora a alimentos</p><p>nutricionais suficientes e seguros de forma a manterem uma vida</p><p>saudável e activa”. Esta simples afirmação envolve muitas questões</p><p>desde produção alimentar, distribuição, promoção, propaganda e</p><p>comercialização, preparação, processamento e armazenamento, para</p><p>a população e saúde, educação, emprego e lucro.</p><p>A segurança alimentar é um assunto multissectorial que vai muito</p><p>além da produção agrícola e alimentar isoladamente. É necessário</p><p>abordar a necessidade de um abastecimento contínuo de alimentos,</p><p>147</p><p>incluindo durante os períodos de escassez (sazonalidade) como a</p><p>fome, falhas nas colheitas e instabilidade económica e política.</p><p>A segurança alimentar é diferente da auto-suficiência alimentar, que</p><p>se refere à produção doméstica suficiente para corresponder às</p><p>necessidades da população. A segurança alimentar inclui tanto a</p><p>produção doméstica de alimentos juntamente com a capacidade de</p><p>importar de forma a atender às necessidades nutricionais e não</p><p>apenas calórica da população.</p><p>A segurança alimentar do agregado familiar refere-se tanto à</p><p>produção, disponibilidade e à estabilidade dos alimentos, juntamente</p><p>com o poder de compra da família. É um assunto para os indivíduos</p><p>dentro dos agregados familiares, para os agregados familiares como</p><p>um todo, para nações e para a comunidade internacional.</p><p>Ao nível do agregado familiar, é possível que os membros individuais</p><p>de uma família estejam malnutridos enquanto outros têm alimentos</p><p>suficientes. A nível nacional, podem existir províncias ou distritos em</p><p>os alimentares estão disponíveis e são suficientes para a população</p><p>como um todo, e existindo ainda assim famílias ou áreas do país em</p><p>situação de insegurança alimentar, devido aos baixos níveis de</p><p>produção ou níveis de lucro reduzidos.</p><p>Assim, melhorar a segurança alimentar significa tanto assegurar que as</p><p>pessoas têm os meios para produzir alimentos suficientes e de</p><p>qualidade para o seu próprio consumo – ou a oportunidade de ganhar</p><p>lucro regular suficiente para comprá-los nos mercados acessíveis.</p><p>O género é relevante para a maioria destes assuntos uma vez que as</p><p>mulheres são geralmente afectadas de forma diferente que os homens</p><p>devido ao seu diferente acesso a recursos financeiros. Em todos os</p><p>casos, seria necessário avaliar quem são os principais afectados pela</p><p>insegurança alimentar, qual a relação em a segurança alimentar e</p><p>nutricional, entre outras análises estruturais.</p><p>Segundo a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional a</p><p>segurança alimentar e nutricional é definida como o direito de todas</p><p>as pessoas, a todo o momento, ao acesso físico, económico, e</p><p>sustentável a uma alimentação adequada, em quantidade, qualidade,</p><p>e aceitável no contexto cultural, para satisfazer as necessidades e</p><p>preferências alimentares, para uma vida saudável e activa.</p><p>Na ESAN II, a SAN define-se como o direito de todas as pessoas, a todo</p><p>o momento, ao acesso físico, económico, e sustentável a uma</p><p>alimentação adequada, em quantidade, qualidade, e aceitável no</p><p>148</p><p>contexto cultural, para satisfazer as necessidades e preferências</p><p>alimentares, para uma vida saudável e activa.</p><p>A ESAN II reconhece os seguintes pilares de SAN: a Produção e</p><p>Disponibilidade suficiente de alimento para o consumo; o Acesso físico</p><p>e económico aos alimentos; o Uso e Utilização adequadas dos</p><p>alimentos, Adequação para que os alimentos sejam social, ambiental e</p><p>culturalmente aceitáveis incluindo a absorção dos nutrientes pelo</p><p>organismo, e a Estabilidade do consumo alimentar a todo o tempo.</p><p>Figura 12. Pilares/ Dimensões de segurança Alimentar e Nutricional.</p><p>Fonte: SETSAN, 2007.</p><p>Os pilares de Segurança Alimentar e Nutricional são: a Produção e</p><p>Disponibilidade suficiente de alimento para o consumo; o Acesso físico</p><p>e económico aos alimentos; o Uso e Utilização adequadas dos</p><p>alimentos, Adequação para que os alimentos sejam social, ambiental e</p><p>culturalmente aceitáveis incluindo a absorção dos nutrientes pelo</p><p>organismo, e a Estabilidade do consumo alimentar a todo o tempo.</p><p>Produção e Disponibilidade</p><p>A ESAN II reconhece a necessidade de incrementar a produção local de</p><p>alimentos adequados para cobrir as necessidades nutricionais em</p><p>termos de quantidade (energia) e qualidade (que assegure todos os</p><p>nutrientes essenciais). Porém, a disponibilidade de alimentos</p><p>assegura-se não apenas através da produção para o auto-sustento da</p><p>população, como também por meio de importações líquidas (incluindo</p><p>ajuda alimentar), deduzidas as perdas e outras utilizações para fins</p><p>não alimentares.</p><p>Disponibilidade</p><p>Acesso</p><p>Uso e</p><p>Utilização</p><p>Estabilidade</p><p>149</p><p>Ferramentas de análise Macro:</p><p>A folha de balanço alimentar permite descreve todos os componentes</p><p>da disponibilidade de alimentos total em um ano.</p><p>Estimativa de Produção agrícola: Para estimar a produção,</p><p>recorre-se</p><p>à:</p><p>➢ Dados meteorológicos;</p><p>➢ Dados agronómicos e dos estágios da cultura;</p><p>➢ Índice de vegetação por fotos de satélites;</p><p>➢ Uso de insumos agrícolas e,</p><p>➢ Dados de referência.</p><p>Esta informação pode ser encontrada nos relatórios sobre o censo</p><p>agropecuário, trabalho do inquérito agrícola, dentre outros estudos e</p><p>inquéritos disponíveis.</p><p>Ferramentas de análise Micro:</p><p>Estimativas das reservas nos agregados familiares: que podem ser</p><p>avaliados através dos seguintes métodos: Levantamento de dados nos</p><p>agregados familiares; e Diagnósticos rápidos</p><p>Análise de reservas de produtos que consiste em estimar a quantidade</p><p>de produtos alimentares disponíveis a nível dos agregados familiares e</p><p>na determinação da quantidade da oferta a nível dos mercados locais.</p><p>Acesso</p><p>Relaciona-se com a capacidade de as famílias e indivíduos disporem de</p><p>recursos suficientes para a aquisição de alimentos adequados às suas</p><p>necessidades e a existência de infraestruturas e mecanismos que</p><p>assegurem a obtenção dos mesmos. Isso implica a existência de uma</p><p>distribuição justa da renda nacional, um sistema efectivo de mercados,</p><p>sistemas de comunicação, redes de segurança social formais e</p><p>informais e assistência alimentar às populações mais carenciadas.</p><p>Portanto, o acesso está relacionado com a criação de um ambiente</p><p>propício para que as famílias e indivíduos consigam ter e usar recursos</p><p>suficientes para a sua alimentação adequada.</p><p>Promover – significa que o Estado deve envolver-se pró-activamente</p><p>em actividades destinadas a fortalecer o acesso das pessoas aos</p><p>recursos, meios e à sua utilização com vista a garantia dos seus</p><p>direitos humanos.</p><p>Prover – refere-se a obrigação do Estado de garantir a alimentação,</p><p>150</p><p>moradia adequada, educação e saúde aos indivíduos ou agregados</p><p>familiares (As) que, em situação de emergência de origem estrutural</p><p>ou conjuntural, não conseguem satisfazer essas necessidades.</p><p>Ferramentas de análise:</p><p>Análise do poder de compra dos agregados familiares: avalia a</p><p>possibilidade do agregado familiar adquirir os alimentos básicos</p><p>essenciais, e pode ser influenciada pelo rendimento familiar e os</p><p>preços aplicados no mercado.</p><p>Acompanhamento dos mercados alimentícios: que faz o controla da</p><p>disponibilidade dos alimentos, a estrutura e os preços destes, bens e</p><p>serviços adjacentes.</p><p>As fontes de informação disponíveis são:</p><p>➢ Sistema de informação de mercados agrícolas;</p><p>➢ Boletim de comércio;</p><p>➢ Inquéritos nacionais sobre mercados e,</p><p>➢ Transitabilidade das vias de acesso.</p><p>Uso e Utilização</p><p>O uso e utilização dos alimentos é constituído por dois aspectos:</p><p>➢ O uso de alimentos, que se refere aos aspectos</p><p>socioeconómicos da SAN, aos hábitos alimentares e aos</p><p>conhecimentos que a população tem sobre a nutrição;</p><p>➢ A utilização relaciona-se com os aspectos biológicos, ou seja, a</p><p>capacidade corpo humano absorver os alimentos adequados e</p><p>convertê-los em energia. Esta relaciona-se directamente com a</p><p>saúde da população.</p><p>O uso e utilização adequados de alimentos avaliam-se a nível</p><p>individual e familiar. A nível familiar, relacionam-se com o processo de</p><p>transformação dos alimentos disponíveis numa dieta adequada</p><p>(incluindo a escolha dos alimentos, o processamento, a preparação e</p><p>distribuição intra- familiar).</p><p>A nível individual, considera-se a ingestão e a absorção dos alimentos</p><p>e acção biológica dos nutrientes no corpo. A utilização a nível</p><p>individual pode ser afectada por doenças que inibem a absorção de</p><p>nutrientes ou que aumentam a sua necessidade. Os factores a</p><p>considerar a nível familiar estão relacionados com a ocupação do</p><p>tempo da mulher, conhecimentos, hábitos alimentares, a alimentação</p><p>infantil e amamentação, utilização dos serviços de saúde preventiva e</p><p>151</p><p>curativa, hábitos de higiene, tabus e crenças.</p><p>A nível comunitário, há um conjunto de factores que afectam a</p><p>utilização adequada a nível familiar e individual tais como a qualidade</p><p>do meio ambiente (patógenos biológicos, poluentes químicos no ar,</p><p>alimentos e água) e a disponibilidade, custo e qualidade de fontes de</p><p>abastecimento de água potável, serviços de electricidade, saneamento</p><p>básico e serviços primários de saúde.</p><p>Ferramentas de análise</p><p>Para o uso:</p><p>➢ Análise do comportamento alimentar do consumidor</p><p>➢ Consideram-se dois aspectos: ambientais e individuais.</p><p>Para a utilização:</p><p>Análises antropométricas e clínicas. As fontes disponíveis de</p><p>informação no nosso país são: Inquéritos demográficos de saúde;</p><p>Vigilância nutricional; e Inquéritos nutricionais.</p><p>Adequação</p><p>Adequação significa que o alimento deve ter qualidade nutricional</p><p>suficiente para satisfazer as necessidades dietéticas dos indivíduos;</p><p>deve ser seguro para a alimentação humana e livre de substâncias</p><p>adversas ou contaminantes e deve ser culturalmente aceitável para as</p><p>pessoas a que se destina. Ainda, preferivelmente, o alimento não deve</p><p>comprometer a satisfação de outras necessidades essenciais; deve ser</p><p>de origem nacional e ser social, económica e ambientalmente</p><p>sustentável.</p><p>Estabilidade</p><p>O alimento deve ser adequado, disponível, acessível e útil</p><p>continuamente. A estabilidade deve ser garantida a nível individual,</p><p>familiar e social. Embora a estabilidade não seja uma dimensão da</p><p>SAN, por si só, é considerada como um pilar nesta estratégia para</p><p>salientar a necessidade da constância das demais dimensões da SAN.</p><p>A abordagem integrada da SAN permite visualizar a importância das</p><p>interligações das diferentes componentes da cadeia alimentar, bem</p><p>como a implementação dos pilares da ESAN II.</p><p>A abordagem de SAN integra as seguintes componentes:</p><p>152</p><p>➢ O ambiente socioeconómico e político do país;</p><p>➢ A produção e disponibilidade e, o acesso aos alimentos;</p><p>➢ As condições de saúde, água e saneamento do meio;</p><p>➢ As políticas de promoção e protecção da saúde e,</p><p>➢ O consumo alimentar e a utilização do alimento pelo</p><p>organismo.</p><p>Sumário</p><p>Os pilares/dimensões de segurança alimentar e nutricional devem ser</p><p>analisados como um todo. No entanto, muitas vezes baseia-se apenas</p><p>no pilar disponibilidade e acesso que descrem muito bem a situação</p><p>da segurança alimentar e não se aborda com maior profundidade o</p><p>pilar sobre uso e utilização que concentra mais indicadores sobre a</p><p>segurança nutricional. A segurança alimentar é muito afectada pela</p><p>sazonalidade e pela flutuação dos preços no mercado. Esta simples</p><p>afirmação envolve muitas questões desde produção alimentar,</p><p>distribuição, promoção, propaganda e comercialização, preparação,</p><p>processamento e armazenamento, para a população e saúde,</p><p>educação, emprego e lucro.</p><p>Exercícios de Autoavaliação</p><p>1. Defina segurança alimentar</p><p>Resposta: A segurança alimentar é definida geralmente como uma</p><p>situação em que todas as pessoas têm acesso a qualquer hora a</p><p>alimentos nutricionais suficientes e seguros de forma a manterem</p><p>uma vida saudável e activa.</p><p>2. Mencione os pilares da segurança alimentar e nutricional</p><p>segundo o ESANII.</p><p>Resposta: Os pilares de Segurança Alimentar e Nutricional são: a</p><p>Produção e Disponibilidade suficiente de alimento para o consumo; o</p><p>Acesso físico e económico aos alimentos; o uso e utilização adequada</p><p>dos alimentos, Adequação para que os alimentos sejam social,</p><p>ambiental e culturalmente aceitáveis incluindo a absorção dos</p><p>nutrientes pelo organismo, e a Estabilidade do consumo alimentar a</p><p>todo o tempo.</p><p>3. Fale do pilar disponibilidade.</p><p>Resposta: a disponibilidade de alimentos assegura-se não apenas</p><p>através da produção para o auto-sustento da população, como</p><p>também por meio de importações líquidas (incluindo ajuda alimentar),</p><p>deduzidas as perdas e outras utilizações para fins não alimentares.</p><p>4. Fale do pilar acesso.</p><p>Resposta: Relaciona-se com a capacidade de as famílias e indivíduos</p><p>disporem de recursos suficientes para a aquisição de alimentos</p><p>153</p><p>adequados às suas necessidades e a existência de infraestruturas e</p><p>mecanismos que assegurem a obtenção dos</p><p>mesmos. Isso implica a</p><p>existência de uma distribuição justa da renda nacional, um sistema</p><p>efectivo de mercados, sistemas de comunicação, redes de segurança</p><p>social formais e informais e assistência alimentar às populações mais</p><p>carenciadas. Portanto, o acesso está relacionado com a criação de um</p><p>ambiente propício para que as famílias e indivíduos consigam ter e</p><p>usar recursos suficientes para a sua alimentação adequada.</p><p>5. Fale do pilar uso e utilização.</p><p>Resposta: O uso e utilização dos alimentos é constituído por dois</p><p>aspectos:</p><p>O uso de alimentos, que se refere aos aspectos socioeconómicos da</p><p>SAN, aos hábitos alimentares e aos conhecimentos que a população</p><p>tem sobre a nutrição; e a utilização relaciona-se com os aspectos</p><p>biológicos, ou seja, a capacidade corpo humano absorver os alimentos</p><p>adequados e convertê-los em energia. Esta relaciona-se directamente</p><p>com a saúde da população.</p><p>6. Debruce-se sobre a estabilidade.</p><p>Resposta: A estabilidade deve ser garantida a nível individual, familiar</p><p>e social. Embora a estabilidade não seja uma dimensão da SAN, por si</p><p>só, é considerada como um pilar nesta estratégia para salientar a</p><p>necessidade da constância das demais dimensões da SAN.</p><p>7. Qual a importância da adequação de alimentos segundo o</p><p>ESAN?</p><p>Resposta: a adequação implica que o alimento deve ter qualidade</p><p>nutricional suficiente para satisfazer as necessidades dietéticas dos</p><p>indivíduos; deve ser seguro para a alimentação humana e livre de</p><p>substâncias adversas ou contaminantes e deve ser culturalmente</p><p>aceitável para as pessoas a que se destina e não deve comprometer a</p><p>satisfação de outras necessidades essenciais; deve ser de origem</p><p>nacional e ser social, económica e ambientalmente sustentável.</p><p>8. Quais são as fontes de informação de segurança alimentar no</p><p>país?</p><p>Resposta: as fontes disponíveis de informação no nosso país são:</p><p>Inquéritos demográficos de saúde; Vigilância nutricional, Inquérito de</p><p>indicadores múltiplos e Inquéritos nutricionais.</p><p>9. Quais são as fontes de informação disponíveis para a</p><p>disponibilidade de alimentos?</p><p>Resposta: as fontes de informação sobre o acesso a alimentos são:</p><p>Sistema de informação de mercados agrícolas, Boletim de comércio,</p><p>Inquéritos nacionais sobre mercados e Transitabilidade das vias de</p><p>acesso.</p><p>10. Quais são as ferramentas usadas para estimar a produção e</p><p>disponibilidade de alimentos?</p><p>Resposta: Para estimar a produção, recorre-se à: Dados</p><p>meteorológicos, Dados agronómicos e dos estágios da cultura, Índice</p><p>154</p><p>de vegetação por fotos de satélites, Uso de insumos agrícolas e Dados</p><p>de referência.</p><p>Unidade Temática 5.2. Relação entre Segurança Alimentar e Nutricional</p><p>Introdução</p><p>Apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma postura</p><p>diferente na construção do conhecimento sobre a relação entre a</p><p>segurança alimentar e nutricional.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Objectivos</p><p>▪ Descrever a relação entre a Segurança Alimentar e Segurança</p><p>Nutricional;</p><p>▪ Compreender as interações entre a segurança alimentar das</p><p>famílias.</p><p>A alimentação é uma necessidade humana fundamental e sua carência</p><p>vem sendo utilizada como expressão de pobreza de tal forma que os</p><p>indicadores de indigência (uma condição ainda mais adversa que a</p><p>pobreza) comumente adotados se confundem com o</p><p>dimensionamento da fome. O valor da linha de indigência corresponde</p><p>à renda necessária para aquisição de uma cesta básica alimentar capaz</p><p>de suprir suas necessidades nutricionais, na realidade às necessidades</p><p>energéticas (Rocha, 1998; 2005).</p><p>Nas economias capitalistas, em geral, existem várias fontes legítimas</p><p>de acesso ao alimento para além da compra direta no mercado, tais</p><p>como a produção privada para o próprio consumo e também outros</p><p>fluxos envolvendo transferências através de heranças ou subsídios</p><p>governamentais. São múltiplas, portanto, as influências e factores que</p><p>determinam a capacidade dos indivíduos alcançarem ou não a</p><p>Segurança Alimentar e Nutricional. A segurança alimentar é uma</p><p>condição necessária mas, não suficiente para prevenir a malnutrição e</p><p>garantir uma nutrição adequada.</p><p>155</p><p>Figura 13. Esquema relação Segurança alimentar e nutricional.</p><p>Fonte: Gross et al. (2000).</p><p>Segundo a FAO (2008), as famílias podem abastecer-se em géneros</p><p>alimentícios graças à sua própria produção ou aos produtos</p><p>comprados, mas fazem-no geralmente pela combinação dos dois</p><p>casos. Certos factores ajudam as comunidades a ter suficientes</p><p>alimentos variados ao nível familiar. Citemos, nomeadamente, o</p><p>acesso a água suficiente, a terra fértil, a sementes, ao material de</p><p>plantio, a utensílios agrícolas, a conselhos técnicos, ao crédito, a um</p><p>bom sistema de armazenagem. A juntar a estes, um número suficiente</p><p>de membros saudáveis da família, suficientemente robustos para</p><p>trabalhar no campo e arranjar emprego fora da exploração agrícola.</p><p>Contudo, muitas comunidades rurais não têm, durante todo o ano,</p><p>acesso a quantidades suficientes de alimentos de base frescos ou</p><p>conservados, e o seu acesso aos legumes e frutos frescos é muitas</p><p>vezes sazonal. As famílias vendem frequentemente demasiados</p><p>alimentos, seja porque precisam de dinheiro, seja porque as</p><p>possibilidades de armazenagem e de conservação dos alimentos por</p><p>períodos longos são insignificantes ou inexistentes.</p><p>As famílias podem recorrer a estratégias variadas para assegurar um</p><p>acesso contínuo a uma variedade de alimentos nutritivos. Estas</p><p>estratégias incluem a produção de alimentos na horta durante todo o</p><p>ano (desde que haja água suficiente) e a conservação, processamento</p><p>156</p><p>e armazenagem adequada dos alimentos. As famílias podem assim</p><p>precaver-se contra as quebras sazonais, mas tal implica planificar</p><p>antecipadamente e reflectir sobre a forma mais eficaz de utilizar os</p><p>recursos disponíveis de modo evitar os períodos de fome. As opções</p><p>tecnológicas apropriadas permitem aumentar a produção das hortas,</p><p>assim como transformar e conservar os alimentos de base perecíveis,</p><p>tais como as leguminosas, os legumes e os frutos, a fim de garantir</p><p>reservas e melhorar o valor comercial dos produtos.</p><p>A segurança alimentar das famílias é uma condição essencial a uma</p><p>alimentação adequada, mas não garante sempre um bom estado</p><p>nutricional. Este último necessita de atingir níveis satisfatórios,</p><p>nomeadamente nas crianças pequenas e nos membros da família mais</p><p>vulneráveis no plano nutricional. Uma tal atenção supõe</p><p>conhecimentos sobre as necessidades alimentares e nutricionais dos</p><p>diferentes membros da família. Os conhecimentos ajudam a pessoa</p><p>responsável pela prestação de cuidados à família, geralmente a mãe, a</p><p>tomar as decisões certas sobre os tipos de alimentos, as quantidades a</p><p>preparar e a servir às crianças e aos adultos durante as refeições. Para</p><p>além dos conhecimentos e da experiência na área da nutrição, esta</p><p>pessoa deve igualmente dispor de tempo suficiente para cuidar das</p><p>crianças e preparar a alimentação.</p><p>Em muitas culturas africanas, as mulheres são as principais</p><p>responsáveis pela produção de alimentos e pela prestação de cuidados</p><p>à família. Também têm muitas outras responsabilidades, como ir</p><p>buscar a água e a lenha, armazenar, transformar e vender os</p><p>alimentos. Nas épocas de grande actividade agrícola, corre-se o risco</p><p>de negligenciarem os cuidados e a alimentação das crianças. Porém,</p><p>apesar destes obstáculos, existem várias soluções que permitem às</p><p>famílias cuidar melhor dos seus membros mais vulneráveis. Podemos</p><p>mencionar as tecnologias que permitem poupar tempo às mulheres,</p><p>por exemplo no que se refere ao abastecimento de água.</p><p>Outras soluções estão mais orientadas para as pessoas, implicando</p><p>que a comunidade ou os indivíduos modifiquem as suas tradições ou o</p><p>seu modo de vida. Assim, todos os membros da comunidade, adultos e</p><p>jovens, deviam conhecer melhor as vantagens de uma boa nutrição e</p><p>boa saúde, assim como as numerosas possibilidades de acção</p><p>comunitária ou individual, por exemplo,</p><p>do</p><p>estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de</p><p>campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da</p><p>disciplina/módulo.</p><p>Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os</p><p>mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.</p><p>Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,</p><p>contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,</p><p>respeitando os direitos do autor.</p><p>O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es).</p><p>Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um</p><p>autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade</p><p>científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a</p><p>realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).</p><p>Avaliação</p><p>Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,</p><p>estando eles fisicamente separados e muito distantes do</p><p>docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja</p><p>uma avaliação mais fiável e consistente.</p><p>Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com</p><p>um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os</p><p>conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial</p><p>conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A</p><p>avaliação do estudante consta detalhada do regulamento da</p><p>avaliação.</p><p>Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e</p><p>aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de</p><p>frequência para ir aos exames.</p><p>Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou módulo e</p><p>decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no</p><p>mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,</p><p>determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.</p><p>1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade</p><p>intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.</p><p>8</p><p>A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da</p><p>cadeira.</p><p>Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)</p><p>trabalhos e 1 (um) (exame).</p><p>Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados</p><p>como ferramentas de avaliação formativa.</p><p>Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em</p><p>consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de</p><p>cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as</p><p>recomendações, a identificação das referências bibliográficas</p><p>utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.</p><p>Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de</p><p>Avaliação.</p><p>9</p><p>TEMA I: CONSIDERAÇÕES GERAIS</p><p>Introdução</p><p>Caro estudante, no primeiro tema do nosso módulo iremos nos</p><p>debruçar em torno de três (3) itens fundamentais sobre os principais</p><p>conceitos ligados a área de Nutrição e Saúde Pública, como são</p><p>apresentados a seguir:</p><p>• Unidade Temática 1.1. Introdução à Nutrição</p><p>• Unidade Temática 1.2. Principais Grupos de Alimentos</p><p>• Unidade Temática 1.3. Factores que influenciam hábitos</p><p>alimentares.</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>10</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.1. Introdução à Nutrição</p><p>Introdução</p><p>Caro estudante, você ingressou-se no curso de mestrado em Nutrição</p><p>e Saúde Pública onde a aquisição de habilidades e atitudes em relação</p><p>aos principais conceitos de Nutrição que lhe irão permitir uma</p><p>introdução à Nutrição e melhor percepção dos conteúdos.</p><p>Por isso, nesta unidade temática, pretendemos que você desenvolva</p><p>uma postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Demostrar conhecimento sobre os conceitos de Nutrição,</p><p>Género, Saúde, Saúde Pública;</p><p>▪ Compreender a interação entre os conceitos.</p><p>Introdução à Nutrição</p><p>Como todos os seres vivos, o ser humano sobrevive e se multiplica por</p><p>causa da alimentação e dos hábitos saudáveis. A alimentação é a base</p><p>de sobrevivência e o meio de ligação entre o meio externo e o meio</p><p>interno. A busca constante pelo alimento contribuiu para o processo</p><p>evolutivo do que se vive hoje, desde a descoberta do fogo que os</p><p>hábitos alimentares vêm sofrendo mudanças (Krause, 2005).</p><p>Segundo Cuppari (2007, p. 65), é ciência que estuda os alimentos, seus</p><p>nutrientes, bem como sua acção, interação e balanço em relação a</p><p>saúde e doença, além dos processos pelos quais o organismo ingere,</p><p>absorve, transporta, utiliza e excreta os nutrientes.</p><p>A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a</p><p>promoção, prevenção e a proteção da saúde, possibilitando o alcance</p><p>do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com</p><p>11</p><p>qualidade de vida (PNAN, 2011).</p><p>A Nutrição em Saúde Pública é a parte da Saúde Pública que enfoca os</p><p>aspectos da alimentação e nutrição relacionados ao bem-estar de</p><p>saúde das populações. O interesse no estudo da nutrição humana por</p><p>parte dos profissionais de saúde pauta-se na influência que os fatores</p><p>nutricionais sejam por deficiência ou por excesso, exercem no perfil de</p><p>morbi-mortalidade das nações. A complexidade dessas relações</p><p>constitui ainda um grande desafio que exige um maior entendimento</p><p>das suas bases epidemiológicas, e abordagem integrada de aspectos</p><p>biológicos, ambientais, comportamentais e políticos (Taddei, et al.</p><p>2011).</p><p>Alguns conceitos</p><p>Alimentação: é o processo pelo qual os seres vivos adquirem do</p><p>mundo exterior os alimentos que compões a dieta (Fisberg et al.,</p><p>2004).</p><p>Alimentação Saudável: É aquela que tem todos os nutrientes que</p><p>necessitamos para nos manter vivos, garantindo um bom crescimento</p><p>e desenvolvimento (Laroca e Camargo, 2016).</p><p>Alimentos: Substância que fornece os elementos necessários ao</p><p>organismo humano para a sua formação, manutenção e</p><p>desenvolvimento (MISAU, 2005).</p><p>Alimentação infantil e da Criança pequena (IYCF/ALCP): refere-se a</p><p>recomendações específicas e princípios orientadores da nutrição</p><p>óptima, de saúde e desenvolvimento das crianças. Um conjunto de</p><p>oito indicadores de IYCF/ALCP ao nível da população foi elaborado</p><p>para: (i) avaliar as tendências da IYCF/ALCP com o tempo; (ii) melhorar</p><p>a concentração das intervenções; e (iii) monitorizar o progresso</p><p>alcançado na concretização das metas e avaliar o impacto das</p><p>intervenções (MISAU, 2005).</p><p>Aleitamento materno exclusivo (AME): trata-se da alimentação de um</p><p>bebé apenas com leite materno da própria mãe ou uma ama-de-leite</p><p>ou leite materno extraído, e sem outros líquidos ou sólidos</p><p>exceptuando as vitaminas, suplementos mineiros ou medicamentos</p><p>em gotas ou xarope (MISAU, 2005).</p><p>Baixo peso: diz respeito ao baixo peso para a idade, definido como</p><p>mais de 2 SD/DP (Desvio Padrão) abaixo da média de dados de</p><p>referência relativos ao género (OMS, 2006).</p><p>Baixo peso à nascença (LBW/BPN): designa o peso à nascença inferior</p><p>12</p><p>a 2 500g. A nível da população, a proporção de infantes com baixo</p><p>peso à nascença serve muitas vezes de indicador de um problema de</p><p>saúde pública multifacetado que engloba a desnutrição materna a</p><p>longo prazo, a pouca saúde, o trabalho árduo e cuidados de saúde</p><p>durante a gravidez fracos (OMS, 2006).</p><p>Biofortificação: designa o desenvolvimento de variedades de culturas</p><p>agrícolas básicas densas em micronutrientes com recurso a práticas de</p><p>cruzamento tradicionais ou a biotecnologia (Silveira, et al. 2005).</p><p>Código de comercialização dos Substitutos do Leite Materno (CCSLM):</p><p>trata-se de um conjunto de recomendações destinadas a regulamentar</p><p>o comércio e publicidade dos substitutos do leite materno, biberões,</p><p>chuchas e tetinas (MISAU, MIC, 2007).</p><p>Doenças de Origem Alimentar (DOA): designa doenças de origem</p><p>alimentar abarcam um amplo espectro de doenças e constituem um</p><p>problema crescente para a saúde pública em todo o mundo. Elas</p><p>resultam da ingestão de alimentos contaminados por</p><p>microorganismos ou químicos. A contaminação dos alimentos pode</p><p>ocorrer</p><p>instalando creches ou</p><p>encorajando os pais a cuidarem de forma activa dos seus filhos.</p><p>Para além de beneficiar da segurança alimentar e dos cuidados</p><p>familiares, um indivíduo deve igualmente estar bem de saúde para</p><p>aproveitar ao máximo os alimentos que consome, caso contrário</p><p>certos nutrientes serão desperdiçados. Por exemplo, os nutrientes</p><p>157</p><p>podem passar pelo sistema digestivo sem serem absorvidos, como é o</p><p>caso das pessoas que sofrem de diarreia, ou podem ser utilizados por</p><p>parasitas, tais como os vermes intestinais.</p><p>É por isso que as famílias devem esforçar-se por prevenir as doenças</p><p>transmissíveis e as infecções parasitárias, praticando uma boa higiene</p><p>ambiental e pessoal, bebendo água potável e procurando manter os</p><p>alimentos sãos e limpos. Quando um membro da família adoece, deve</p><p>ir ao centro de saúde ou pedir conselho ao agente de saúde da aldeia.</p><p>Se as infecções que impedem uma boa utilização dos alimentos e dos</p><p>nutrientes pelo corpo não forem tratadas, corre-se o risco de</p><p>malnutrição.</p><p>Cultivar legumes variados em pequenas quantidades é uma boa</p><p>estratégia para proteger o ambiente; isso permite conservar a</p><p>biodiversidade e melhorar a segurança alimentar e a nutrição. As</p><p>mulheres que trabalham na agricultura contribuem particularmente</p><p>para a diversidade das culturas, visto serem elas que utilizam os</p><p>recursos genéticos para desenvolver novas variedades, em função das</p><p>necessidades e das preferências da sua família. O facto de se</p><p>praticarem diversas culturas reduz o risco de uma perda total de</p><p>produção em caso de doença. Permite igualmente às famílias</p><p>diversificar o seu padrão alimentar, preparar um número maior de</p><p>pratos e aumentar a qualidade nutritiva das refeições.</p><p>Durante a estação das chuvas, as famílias dispõem de vários legumes</p><p>de folha tradicionais, que crescem espontaneamente nos campos ou</p><p>são semi-cultivados, mas estas variedades nem sempre estão</p><p>disponíveis durante a estação seca. Assim, o facto de os cultivar na</p><p>horta, particularmente durante a estação seca, aumenta a oferta de</p><p>legumes durante essa estação e salvaguarda as falhas provocadas por</p><p>uma eventual perda da colheita, com a vantagem de que as culturas</p><p>tradicionais estão melhor adaptadas à região. Para garantir a</p><p>disponibilidade das sementes durante a estação seca, os agricultores</p><p>devem ter o cuidado de as guardar desde o fim da estação das chuvas,</p><p>de as armazenar correctamente e de as semear no espaço bem regado</p><p>da horta.</p><p>O bem-estar nutricional pressupõe o acesso a alimentos saudáveis e</p><p>nutritivos, em quantidades suficientes, de forma a satisfazer as</p><p>necessidades alimentares de todos os membros da família, ao longo</p><p>de todo o ano. Mas segurança alimentar e bem-estar nutricional não</p><p>significam somente produzir alimentos em quantidade suficiente. As</p><p>pessoas devem também ter conhecimentos sobre nutrição, saber que</p><p>tipos de alimentos consumir e como prepará-los nas quantidades e</p><p>158</p><p>proporções certas, e de um modo que seja seguro e higiénico.</p><p>A possibilidade de dispor de alimentos suficientes de boa qualidade</p><p>para o consumo familiar depende de vários factores. A produção</p><p>familiar é um dos meios que permitem assegurar que a família</p><p>disponha permanentemente de alimentos. Contudo, para produzir</p><p>alimentos variados em quantidade suficiente, na horta ou nos campos,</p><p>é preciso ter acesso a recursos adequados, nomeadamente terra,</p><p>água, sementes, equipamento, conhecimentos, competência e mão-</p><p>de-obra. As estradas e os meios de transporte para os mercados são</p><p>necessários para a compra ou venda de alimentos e de outros artigos</p><p>essenciais. Os membros da família também necessitam de ter acesso</p><p>aos serviços públicos e comerciais, assim como a emprego fora da</p><p>exploração agrícola, durante os períodos de baixa actividade agrícola.</p><p>Nas zonas rurais onde a possibilidade de ganhar dinheiro é limitada, a</p><p>capacidade de produzir a maior parte dos alimentos na horta e nos</p><p>campos, não precisando de os comprar no mercado, garante uma</p><p>melhor segurança alimentar das famílias. Esta segurança é tributária</p><p>de um aprovisionamento alimentar regular e durável, durante todo o</p><p>ano. Porém, em muitas zonas rurais, as famílias confrontam-se muitas</p><p>vezes com a escassez de alimentos, porque a produção vegetal é</p><p>sazonal e por vezes insuficiente</p><p>Relação Entre Pobreza e Segurança Alimentar e Nutricional</p><p>A pobreza é tanto uma causa como uma consequência da insegurança</p><p>alimentar e nutricional. As pessoas pobres têm dificuldade de acesso a</p><p>recursos como terra, água, sementes, saneamento básico, serviços de</p><p>saúde, educação, crédito ou mesmo acesso a mercados onde se</p><p>possam comprar e vender os alimentos.</p><p>Essa falta de acesso a recursos leva as populações a entrar num círculo</p><p>vicioso do qual não conseguem sair, pois não lhes são dadas as</p><p>oportunidades para subsistirem pelos seus próprios meios. A maior</p><p>causa desta situação são os problemas estruturais que afectam as</p><p>sociedades e as economias dos países, pelo que se justifica discutir e</p><p>implementar políticas públicas que enfrentem o problema e sejam</p><p>condizentes com a melhoria das condições de vida de toda a</p><p>população. Contudo, é também importante perceber qual a</p><p>abordagem da pobreza que utilizamos na definição das políticas</p><p>públicas (SETSAN, 2007).</p><p>Sumário</p><p>A segurança alimentar e nutricional depende de acções</p><p>159</p><p>multissectoriais de garantia de acesso aos bens da natureza, incluindo</p><p>as sementes, de garantia de acesso à água para consumo e produção</p><p>de alimentos, da garantia de serviços públicos adequados de saúde,</p><p>educação, transporte, entre outros, de acções de prevenção e controle</p><p>de doenças infeciosas e da desnutrição, do fortalecimento da</p><p>agricultura familiar, da produção e da produtividade e de acções</p><p>específicas para mulheres e populações rurais.</p><p>Exercícios de Autoavaliação</p><p>1.Que factores ajudam as comunidades a ter suficientes alimentos</p><p>variados a nível da família?</p><p>Resposta: os factores que podem influenciar são: o acesso a água</p><p>suficiente, a terra fértil, a sementes, ao material de plantio, a</p><p>utensílios agrícolas, a conselhos técnicos, ao crédito, a um bom</p><p>sistema de armazenagem.</p><p>2. Defina segurança nutricional</p><p>Resposta: a segurança nutricional é alcançada quando o acesso seguro</p><p>aos alimentos realmente nutritivos é associado a um ambiente</p><p>sanitário, a par de serviços e cuidados de saúde condizentes, o que</p><p>garante uma vida saudável e activa para todos os membros da família.</p><p>3. Quais são as estratégias de sobrevivência mais comuns dos</p><p>agregados familiares?</p><p>Resposta: As estratégias incluem a produção de alimentos na horta</p><p>durante todo o ano (desde que haja água suficiente) e a conservação,</p><p>processamento e armazenagem adequada dos alimentos.</p><p>4. Mencione os cuidados que os agricultores devem tomar para</p><p>garantir a disponibilidade de alimentos durante a estação seca.</p><p>Resposta: Para garantir a disponibilidade das sementes durante a</p><p>estação seca, os agricultores devem ter o cuidado de as guardar</p><p>desde o fim da estação das chuvas, de as armazenar</p><p>correctamente e de as semear num espaço bem regado da horta.</p><p>5. Qual é a relação entre a pobreza e a segurança alimentar e</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: A pobreza é tanto uma causa como uma consequência</p><p>160</p><p>da insegurança alimentar e nutricional. As pessoas pobres têm</p><p>dificuldade de acesso a recursos como terra, água, sementes,</p><p>saneamento básico, serviços de saúde, educação, crédito ou</p><p>mesmo acesso a mercados onde se possam comprar e vender os</p><p>alimentos.</p><p>6. A segurança alimentar é condição para a segurança</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: A segurança alimentar é uma condição necessária mas,</p><p>não suficiente para prevenir a malnutrição e garantir uma nutrição</p><p>adequada.</p><p>7. Quais são as vantagens de conhecimento sobre nutrição?</p><p>Resposta: todos os membros da comunidade, adultos e jovens,</p><p>deviam conhecer melhor as vantagens de uma boa nutrição e boa</p><p>saúde, assim como as numerosas possibilidades de acção</p><p>comunitária ou individual, por exemplo, instalando creches ou</p><p>encorajando os pais a cuidarem de forma activa dos seus filhos</p><p>8. Quais são os factores que afectam a absorção de alimentos?</p><p>Resposta: as famílias devem esforçar-se por prevenir as doenças</p><p>transmissíveis e as infecções parasitárias, praticando uma boa</p><p>higiene ambiental e pessoal, bebendo água potável e procurando</p><p>manter os alimentos sãos e limpos de modo a garantir a absorção</p><p>de alimentos.</p><p>9. Como a pobreza pode afectar a segurança alimentar e</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: a pobreza é tanto uma causa como uma consequência</p><p>da insegurança alimentar e nutricional. As pessoas pobres têm</p><p>dificuldade de acesso a recursos como terra, água, sementes,</p><p>saneamento básico, serviços de saúde, educação, crédito ou</p><p>mesmo acesso a mercados onde se possam comprar e vender os</p><p>alimentos.</p><p>10. Fale do círculo da segurança alimentar e nutricional.</p><p>Resposta: A maior causa desta situação são os problemas</p><p>estruturais que afectam as sociedades e as economias dos países,</p><p>pelo que se justifica discutir e implementar políticas públicas que</p><p>enfrentem o problema e sejam condizentes com a melhoria das</p><p>161</p><p>condições de vida de toda a população.</p><p>Unidade Temática 5.3. Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar e Nutricional</p><p>Apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma postura</p><p>diferente na construção do conhecimento. Nesta unidade temática</p><p>abordaremos sobre a análise integrada de fases da Segurança</p><p>Alimentar e Nutricional.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Objectivos</p><p>▪ Mencionar as diferentes ferramentas;</p><p>▪ Mencionar as fases de classificação;</p><p>▪ Descrever o que é a classificação integrada de fases.</p><p>Introdução</p><p>IPC (análise integrada de fases) é um conjunto de protocolos para</p><p>classificar a gravidade e identificar as causas da insegurança alimentar</p><p>e fornecer conhecimento útil através da consolidação de uma</p><p>evidência abrangente sobre a insegurança alimentar.</p><p>Um processo para a criação de consenso técnico entre as principais</p><p>partes interessadas permitindo que toda a comunidade de segurança</p><p>alimentar tenha uma linguagem comum para classificar as situações</p><p>de segurança alimentar. Permite a comparabilidade no espaço e no</p><p>tempo, Análise integrada da segurança alimentar, a criação de</p><p>consenso técnico com base nos padrões, transparência e evidências,</p><p>simplificação da complexidade e a relevância para a tomada de</p><p>decisões.</p><p>O IPC fundamenta-se em 4 funções:</p><p>1.Criação de Consenso: Partes interessadas de várias agências</p><p>compõem um grupo técnico e fazem análise colaborativa;</p><p>2.Classificação da gravidade e identificação das causas composto por 3</p><p>ferramentas:</p><p>2.1.Quadro Analítico: permite analisar as evidências com um</p><p>162</p><p>Quadro Analítico Integrado;</p><p>2.2. Tabelas de Referência: referencia as evidências em relação</p><p>aos padrões internacionais;</p><p>2.3. Análise de Planilhas: Analisar as evidências de forma</p><p>transparente, metódica e consensual.</p><p>3.Comunicação para Acção: transforma as análises em informações</p><p>concisas para acção;</p><p>4.Garantia da Qualidade.</p><p>Contribuições especiais do IPC</p><p>O IPC incorpora muitos elementos dos sistemas de classificação</p><p>previamente descritos e faz novas contribuições, a saber:</p><p>• Habilita a meta estratégica de salvar vidas mediante a inclusão da</p><p>fase de crise aguda de alimentação e sustento, e da inclusão da análise</p><p>de bens de subsistência nos resultados de referência, no quadro</p><p>estratégico de resposta e nas planilhas de análise.</p><p>• Integra diversos resultados de referência (indicadores de nutrição),</p><p>para permitir maior adaptabilidade a diferentes situações, praticidade</p><p>em função de limitações de dados e mais oportunidades de</p><p>triangulação.</p><p>• Inclui explicitamente aspectos fundamentais adicionais da análise da</p><p>situação, como causas, magnitude, tendências projectadas, condições</p><p>subjacentes e o nível de confiança da análise.</p><p>• Dá aplicação prática ao conceito de convergência de evidências em</p><p>apoio a uma classificação da fase. Tal praticidade deve‐se ao caráter</p><p>altamente complexo e dinâmico da classificação de situações de</p><p>segurança alimentar e à ampla variação na disponibilidade de dados.</p><p>• Inclui um quadro estratégico de resposta ao mesmo tempo</p><p>abrangente, genérico e de ampla aplicação associado a cada fase.</p><p>• Inclui aspectos multissetoriais de questões humanitárias, tanto como</p><p>resultados de referência como no quadro estratégico de resposta.</p><p>• Oferece protocolos de alerta precoce e vincula os diferentes níveis</p><p>de risco ao sistema de fases de classificação.</p><p>• Possibilita maior rigor e transparência ao apoiar a classificação com</p><p>163</p><p>uma abordagem baseada em evidências, com o uso de planilhas de</p><p>análise padronizadas.</p><p>• Desenvolve protocolos cartográficos para possibilitar a comunicação</p><p>clara e padronizada de uma análise complexa.</p><p>• Desenvolve tabelas demográficas padronizadas que identificam o</p><p>número de pessoas em crise por fronteiras administrativas e sistemas</p><p>de subsistência.</p><p>Análise da segurança alimentar do IPC distingue entre duas condições</p><p>de insegurança alimentar: aguda e crônica. De acordo com o IPC:</p><p>Insegurança alimentar aguda é qualquer insegurança alimentar</p><p>encontrada num momento específico de uma gravidade que ameaça</p><p>vidas ou meios de subsistência, ou ambos, independentemente das</p><p>causas, contexto ou duração. Informar os objectivos estratégicos de</p><p>curto prazo, por ex: ajuda alimentar/em dinheiro, redistribuição de</p><p>bens, apoio às necessidades básicas, salvar vidas.</p><p>Ou</p><p>Insegurança alimentar aguda é toda a insegurança alimentar de uma</p><p>gravidade que ameaça as vidas e/ou meios de subsistência,</p><p>geralmente mais ligada a quantidade de comida. Independentemente</p><p>das causas, contexto ou duração formas muito graves da insegurança</p><p>alimentar aguda são geralmente conduzidas por choques/eventos</p><p>externos aquelas pessoas nas fases mais graves (Fases 4 ou 5), não se</p><p>espera que continuem lá por muito tempo sem piorar (e</p><p>possivelmente morrer) ou melhorar.</p><p>Insegurança alimentar crônica é a insegurança alimentar que persiste</p><p>ao longo do tempo principalmente devido a causas estruturais. Esta</p><p>persistência é determinada com base na análise de condições em</p><p>circunstâncias não excepcionais. Informar os objectivos estratégicos</p><p>de médio e longo prazos (ex: desenvolvimento estrutural, políticas</p><p>para o desenvolvimento agrícola e rural e estratégias de reforço dos</p><p>meios de subsistência e capacidade adaptativa).</p><p>A Insegurança Alimentar Aguda e a Insegurança Alimentar Crónica não</p><p>se excluem simultaneamente. Uma área ou agregado familiar pode</p><p>experimentar insegurança alimentar aguda ou crónica, ou ambos</p><p>simultaneamente. Insegurança alimentar aguda recorrente é</p><p>frequentemente relacionada à insegurança alimentar crónica em uma</p><p>relação bidirecional de causa e efeito. Por um lado, os agregados</p><p>familiares classificados como cronicamente inseguros podem</p><p>enfrentar uma maior probabilidade de insegurança alimentar quando</p><p>164</p><p>ocorrem choques enquanto, por outro lado, os agregados familiares</p><p>que experimentam crises de insegurança podem esgotar suas</p><p>estratégias ou meios de subsistência/ sobrevivência, ou uma</p><p>combinação, e passar por uma maior experiência de insegurança</p><p>alimentar crônica. Portanto, é necessário examinar a natureza e as</p><p>ligações entre as doenças crônicas e insegurança alimentar aguda, a</p><p>fim de desenvolver estratégias de resposta eficazes e adequadas.</p><p>Figura 14. Esquema da vulnerabilidade.</p><p>Fonte: SETSAN, 2014.</p><p>Análise integrada de fases da segurança alimentar aguda: Toda a</p><p>insegurança alimentar encontrada num ponto específico no tempo de</p><p>gravidade que ameaça as vidas e/ou meios de subsistência</p><p>independentemente das causas, contexto ou duração.</p><p>Análise integrada de fases da segurança alimentar crónica</p><p>Tem como objectivo identificar a diferentes níveis de insegurança</p><p>alimentar crónica com base numa convergência de evidência</p><p>disponível a nível da população. A classificação</p><p>destina-se a orientar a</p><p>tomada de decisões associadas ao melhoramento da segurança</p><p>alimentar a médio e longo prazo. Para cada indicador listado, a tabela</p><p>identifica limites que correspondem tanto quanto possível à descrição</p><p>dos níveis de INSAC na primeira linha. Com base nos respectivos</p><p>limites para cada indicador é usada uma convergência de evidência</p><p>disponível para fazer uma estimativa de percentagem de agregados</p><p>familiares a cada nível de insegurança alimentar crónica na área de</p><p>estudo. A área é então classificada no nível mais grave que afecta pelo</p><p>menos 20% da população. Limites apresentados para indicadores</p><p>165</p><p>susceptíveis de mudança dentro de um ano são definidos para a</p><p>estação de escassez dos em não ocorreram circunstâncias não</p><p>excepcionais.</p><p>O IPC da insegurança alimentar crónica apresenta 4 níveis e a</p><p>descrição de cada nível tem um título diferente e descrição clara dos</p><p>resultados para população neste nível. Cada nível apresenta uma</p><p>descrição das implicações chave para a resposta. A acção é necessária</p><p>para todos os quatro níveis, no entanto, a acção urgente é necessária</p><p>nos níveis 3 e 4.</p><p>Quadro 17. Resumo Diferenças entre o IPC da Insegurança Alimentar Aguda</p><p>e Insegurança Alimentar Crónica.</p><p>Factor Crónico Agudo</p><p>Abordagem</p><p>de Análise</p><p>Persistência da insegurança alimentar é</p><p>determinada com base na análise das</p><p>condições sob circunstâncias não</p><p>excepcionais.</p><p>“Retratos” da gravidade da insegurança</p><p>alimentar para os períodos actuais ou</p><p>projectados.</p><p>Indicadores</p><p>Indicadores de mudança rápida são</p><p>referenciados para as circunstâncias não</p><p>excepcionais.</p><p>Indicadores de mudança lenta, tais</p><p>como desenvolvimento retardado, são</p><p>incluídos na análise mesmo quando</p><p>captados durante as condições</p><p>excepcionais.</p><p>Indicadores de mudança rápida são</p><p>indicadores analisados como retratos.</p><p>Indicadores de mudança lenta não são</p><p>incluídos no Quadro de Referência e,</p><p>portanto, não são directamente usados</p><p>para a classificação.</p><p>Foco no</p><p>consumo</p><p>alimentar</p><p>Foco na identificação de lacunas de</p><p>qualquer tamanho na qualidade e no</p><p>consumo alimentar</p><p>Foco na identificação de lacunas</p><p>significativas na quantidade da comida</p><p>consumida que podem perigar vidas ou</p><p>meios de subsistência.</p><p>166</p><p>Meios</p><p>simples de</p><p>subsistência</p><p>Foco na análise das estratégias dos</p><p>meios de subsistência, bens, políticas,</p><p>instituições e processos que existem sob</p><p>condições não excepcionais.</p><p>Foco nas mudanças das estratégias dos</p><p>meios de subsistência e bens como</p><p>resultado de uma incapacidade para</p><p>assegurar quantidades suficientes de</p><p>comida ou artigos não alimentares</p><p>IPC</p><p>Compatível</p><p>Análise do IPC compatível não é uma</p><p>opção; toda a Análise do IPC Crónico</p><p>espera-se que siga todas as funções do</p><p>IPC, e protocolos incluídos na Adenda ao</p><p>Manual do IPC Crónico,</p><p>Possível de fazer uma análise do IPC</p><p>Compatível seguindo todas as funções do</p><p>IPC e protocolos excepto para o protocolo</p><p>sobre a criação de consenso</p><p>Fonte: IPC, 2017. www.ipcinfo.org.</p><p>Análise integrada de fases da desnutrição aguda</p><p>Permite a Classificação de IPC Desnutrição Aguda – provê com análises</p><p>completas de desnutrição aguda como indicador de resultado e,</p><p>factores alimentares e não alimentares (factores alimentares são</p><p>fornecidos pelas análises de IPC InSAN. A Classificação de IPC</p><p>Insegurança Alimentar e Classificação de IPC Desnutrição Aguda</p><p>complementam-se. Juntos eles providenciam com uma análise</p><p>completa situação de segurança alimentar e nutricional.</p><p>Em 2013, o comité directivo do IPC endossou a resolução para</p><p>desenvolver o IPC para classificação da Desnutrição Aguda em fases. A</p><p>ferramenta do IPC para a Desnutrição Aguda ficou finalizada em</p><p>Dezembro 2015 e a última versão saiu em Agosto 2016. Moçambique</p><p>iniciou a implementação desta ferramenta no mesmo ano.</p><p>As análises de IPC Insegurança Alimentar não eram capazes de explicar</p><p>as causas do paradigma sobre baixos níveis de Insegurança Alimentar</p><p>Aguda e Altos níveis de Desnutrição Aguda ou Altos níveis de</p><p>Insegurança Alimentar e Baixos níveis de Desnutrição Aguda.</p><p>Tabela de referência da insegurança alimentar aguda para</p><p>classificação de grupo domiciliar</p><p>Utilização: Classificação de áreas baseadas na prevalência de</p><p>Desnutrição Aguda (DG) medida usando ambas P/A e Perímetro</p><p>braquial (PB)</p><p>Propósito: Para guiar a tomada de decisão no encaminhamento de</p><p>Desnutrição aguda a curto e longo termo.</p><p>Desnutrição Aguda Grave por P/A pode vir de pesquisas</p><p>representativas ou postos sentinelas e Desnutrição Aguda Grave por</p><p>Perímetro Braquial pode vir de pesquisas representativas, postos-</p><p>167</p><p>sentinela ou triagem (triagem simples ou exaustiva).</p><p>Critério mínimo foi estabelecido para cada tipo de informação</p><p>incluindo o seguinte:</p><p>Pesquisas representativas:</p><p>As pesquisas devem ser representativas na unidade de análise,</p><p>validadas pelo grupo de nutrição nacional, ou grupo de trabalho de</p><p>informação de nutrição e mesma época, dados antropométricos que</p><p>vêm dos sistemas de monitoria de segurança alimentar. Outras</p><p>secções cruzadas de pesquisas serão consideradas para classificações</p><p>providenciadas que cumprem padrões mínimos para pesquisas de</p><p>nutrição como previamente definidas e seguindo o seguinte: o</p><p>desenho da amostragem de nutrição é feito na unidade de análise</p><p>tendo pelo menos 25 grupos por unidade de análise, se as pesquisas</p><p>cobrirem somente parte da unidade de análise, só a área coberta pela</p><p>pesquisa será classificada. PB de pesquisas representativas na unidade</p><p>de análise devem seguir a orientação para pesquisa, Nível</p><p>administrativo com pelo menos 20 grupos/lugar e não mais do que</p><p>200 crianças podem ser usadas como unidade de análise e a</p><p>verificação de plausibilidade deve ser aplicada na recolha de dados</p><p>antropométricos.</p><p>Postos de Sentinela</p><p>Postos de sentinela são geralmente intencionalmente selecionados</p><p>com base em alguns critérios pré-estabelecidos. Dados</p><p>antropométricos vindos de postos de sentinela devem ter: pelo menos</p><p>75 crianças que são escolhidas aleatoriamente, pelo menos 4 locais</p><p>por unidade de análise, Prevalência será calculada tomando média de</p><p>todos os locais em uma determinada unidade de análise (sem pesos</p><p>aplicados). Nenhum dado de tendência será usado na classificação,</p><p>contudo os dados de tendência podem ser usados (mesmas épocas de</p><p>anos anteriores) na interpretação de resultados. Os dados de postos</p><p>de sentinela serão sujeitos ao mesmo verificador de plausibilidade que</p><p>os da pesquisa. Os dados de avaliações rápidas devem ser tratados</p><p>como postos de sentinela se eles são realizados para fins de</p><p>referência. Os Dados podem ser tanto PB ou P/A.</p><p>Triagem</p><p>A selecção de crianças deve ser aleatória ou exaustiva. Pelo menos 200</p><p>crianças por local devem ser mensuradas (ou todas mensuradas se</p><p>exaustivo, e nesse caso pode ser</p><p>conhecimento rápido da situação.</p><p>Sumário</p><p>A análise integrada de fases (IPC) é um conjunto de protocolos que</p><p>permite classificar a gravidade e identificar as causas da insegurança</p><p>alimentar e da desnutrição aguda e fornecer conhecimento útil</p><p>através da consolidação de uma evidência abrangente sobre a</p><p>insegurança alimentar e desnutrição aguda. Com este protocolo é</p><p>possível classificar em fases a insegurança alimentar aguda e crónica e</p><p>a desnutrição aguda. Este protocolo apresenta 4 funções a saber:</p><p>Criação de Consenso, Classificação da gravidade e identificação das</p><p>causas, Comunicação para Acção e Garantia da Qualidade. A função</p><p>classificação da gravidade e identificação das causas é considerada a</p><p>mais importante e é constituída por 3 instrumentos: Quadro Analítico,</p><p>a tabelas de Referência e a planilha de análises.</p><p>Exercícios de Autoavaliação</p><p>1. O que análise integrada de fases?</p><p>Resposta: É um conjunto de protocolos para classificar a gravidade e</p><p>identificar as causas da insegurança alimentar e desnutrição aguda e</p><p>fornecer conhecimento útil através da consolidação de uma evidência</p><p>abrangente sobre a insegurança alimentar e desnutrição aguda</p><p>169</p><p>2. Quais são as vantagens da análise integrada de fases?</p><p>Resposta: criação de consenso técnico entre as principais partes</p><p>interessadas permitindo que toda a comunidade de segurança</p><p>alimentar tenha uma linguagem comum para classificar as situações</p><p>de segurança alimentar e desnutrição aguda, transparência e</p><p>evidências, simplificação da complexidade e a relevância para a</p><p>tomada de decisões.</p><p>3. Quantas funções possui a análise integrada de fases?</p><p>Resposta: a análise integrada de fases possui 4 funções.</p><p>4. Quais são as funções da análise integrada de fases?</p><p>Resposta: as funções da análise integrada de fases são: Criação de</p><p>Consenso, Classificação da gravidade e identificação das causas,</p><p>Comunicação para Acção e Garantia da Qualidade.</p><p>5. Quais são as ferramentas da função classificação da gravidade e</p><p>identificação das causas?</p><p>Resposta: As ferramentas são quadro analítico, tabelas de referência e</p><p>planilha de análise.</p><p>6. Quantas análises integradas podem ser feitas?</p><p>Resposta: Pode-se analisar a segurança alimentar aguda, segurança</p><p>alimentar crónica e desnutrição aguda.</p><p>7. Defina insegurança alimentar aguda segundo a análise integrada de</p><p>fases.</p><p>Resposta: Insegurança Alimentar Aguda é toda a insegurança</p><p>alimentar de uma gravidade que ameaça as vidas e/ou meios de</p><p>subsistência, geralmente mais ligada a quantidade de comida.</p><p>8.Defina insegurança alimentar crónica segundo a análise integrada de</p><p>fases.</p><p>Resposta: Insegurança alimentar crônica é a insegurança alimentar</p><p>que persiste ao longo do tempo principalmente devido a causas</p><p>estruturais. Esta persistência é determinada com base na análise de</p><p>condições em circunstâncias não excepcionais.</p><p>9. Quantos níveis apresenta a análise integrada de fases da</p><p>170</p><p>insegurança alimentar crónica?</p><p>Resposta: a análise integrada de fases da insegurança alimentar</p><p>crónica apresenta 4 níveis. Cada nível apresenta uma descrição das</p><p>implicações chave para a resposta. A acção é necessária para todos os</p><p>quatro níveis, no entanto, a acção urgente é necessária nos níveis 3 e</p><p>4.</p><p>10. Quais são as fontes de informação para a análise de integrada de</p><p>fases da desnutrição aguda?</p><p>Resposta: Desnutrição Aguda Grave por P/A pode vir de pesquisas</p><p>representativas ou postos sentinelas e Desnutrição Aguda Grave por</p><p>Perímetro Braquial pode vir de pesquisas representativas, postos-</p><p>sentinela ou triagem (triagem simples ou exaustiva).</p><p>Exercícios</p><p>1. Defina a segurança alimentar.</p><p>2. Diferencie a segurança alimentar e segurança alimentar.</p><p>3. Defina a insegurança alimentar.</p><p>4. Fale da insegurança nutricional.</p><p>5. Quais são os aspectos a ter em conta no pilar produção e</p><p>disponibilidade?</p><p>6. Quais são os aspectos a ter em conta no pilar acesso?</p><p>7. Quais são os aspectos a ter em conta no pilar uso e utilização?</p><p>8. Quais são as fases de insegurança alimentar aguda?</p><p>9. Quais são os níveis de insegurança alimentar crónica?</p><p>10. Quais são as fontes de informação para a análise de integrada</p><p>de fases da desnutrição aguda?</p><p>11. Na sua percepção quais são os sectores que contribuem para a</p><p>segurança alimentar?</p><p>12. Fale das ferramentas de análise micro do pilar produção</p><p>disponibilidade.</p><p>13. Fale das ferramentas de análise macro do pilar produção e</p><p>disponibilidade.</p><p>14. Fale das ferramentas de análise do pilar acesso.</p><p>15. Quais são as ferramentas de análise do pilar uso e utilização?</p><p>16. O que é análise integrada de fases?</p><p>17. Quantas análises integradas de fases existem?</p><p>18. A segurança alimentar é condição para a segurança</p><p>nutricional?</p><p>19. Qual é a relação entre a análise integrada de segurança</p><p>alimentar e desnutrição aguda?</p><p>171</p><p>20. Qual é o objectivo da análise integrada de fases?</p><p>21. Fale da importância da pesquisa representativa na análise</p><p>integrada.</p><p>22. Como devem ser colhidos os dados nos postos de sentinela.</p><p>23. Explique por suas palavras a situação em que a insegurança</p><p>alimentar é elevada, mas a desnutrição aguda é baixa.</p><p>24. Explique por suas palavras a situação em que a insegurança</p><p>alimentar é elevada e a desnutrição aguda é elevada.</p><p>25. Explique por suas palavras a situação e que a desnutrição</p><p>aguda é alta e a segurança alimentar é baixa.</p><p>26. Qual é a relação entre segurança alimentar e nutricional e a</p><p>pobreza?</p><p>27. Quando é que a segurança alimentar pode ser garantida e a os</p><p>níveis de desnutrição são elevados?</p><p>28. Quais são os pilares de segurança alimentar e nutricional?</p><p>29. Descreva o pilar adequação e sua importância.</p><p>30. Fale do círculo da segurança alimentar e nutricional.</p><p>Guião de correcção</p><p>1. A segurança alimentar é definida geralmente como uma</p><p>situação em que todas as pessoas têm acesso a qualquer hora</p><p>a alimentos nutricionais suficientes e seguros de forma a</p><p>manterem uma vida saudável e activa.</p><p>2. A segurança alimentar das famílias é a disponibilidade e acesso</p><p>do alimento e é uma condição essencial a uma alimentação</p><p>adequada, mas não garante sempre um bom estado</p><p>nutricional. A Segurança nutricional é o uso e utilização dos</p><p>nutrientes que deve atingir níveis satisfatórios, principalmente</p><p>nas crianças pequenas e nos membros da família mais</p><p>vulneráveis no plano nutricional adequado.</p><p>3. Insegurança alimentar é a ausência ou insuficiência de</p><p>alimentos para a população como um todo, que pode ser</p><p>devido aos baixos níveis de produção ou níveis de lucro</p><p>reduzidos.</p><p>4. Insegurança nutricional pode ou não estar directamente ligada</p><p>a insegurança alimentar, caracterizando por uma</p><p>indisponibilidade de nutrientes essenciais no organismo,</p><p>resultado de uma privação alimentar, mau uso dos alimentos</p><p>ou má utilização dos nutrientes pelo organismo.</p><p>5. No pilar produção e disponibilidade a que reconhecer a</p><p>necessidade de incrementar a produção local de alimentos</p><p>adequados para cobrir as necessidades nutricionais em termos</p><p>de quantidade (energia) e qualidade (que assegure todos os</p><p>nutrientes essenciais). Porém, a disponibilidade de alimentos</p><p>assegura-se não apenas através da produção para o auto-</p><p>172</p><p>sustento da população, como também por meio de</p><p>importações líquidas (incluindo ajuda alimentar), deduzidas as</p><p>perdas e outras utilizações para fins não alimentares.</p><p>6. O pilar acesso relaciona-se com a capacidade das famílias e</p><p>indivíduos disporem de recursos suficientes para a aquisição de</p><p>alimentos adequados às suas necessidades e a existência de</p><p>infraestruturas e mecanismos que assegurem a obtenção dos</p><p>mesmos. Isso implica a existência de uma distribuição justa da</p><p>renda nacional, um sistema efectivo de mercados, sistemas de</p><p>comunicação, redes de segurança social formais e informais e</p><p>assistência alimentar às populações mais carenciadas.</p><p>Portanto, o acesso está relacionado com a criação de um</p><p>ambiente propício para que as famílias e indivíduos</p><p>consigam</p><p>ter e usar recursos suficientes para a sua alimentação</p><p>adequada.</p><p>7. O uso e utilização dos alimentos é constituído por dois</p><p>aspectos: o uso de alimentos, que se refere aos aspectos</p><p>socioeconómicos da Segurança Alimentar Nutricional, aos</p><p>hábitos alimentares e aos conhecimentos que a população tem</p><p>sobre a nutrição; e a utilização relaciona-se com os aspectos</p><p>biológicos, ou seja, a capacidade corpo humano absorver os</p><p>alimentos adequados e convertê-los em energia.</p><p>8. São 5 fases de insegurança alimentar aguda: Fase 1 – Mínimo;</p><p>fase 2 – Destacada; fase 3 – Crise; fase 4 – emergência; fase 5 –</p><p>catástrofe/fome.</p><p>9. A análise integrada de fases da insegurança alimentar crónica</p><p>(IAC) apresenta 4 níveis que são: nível 1- sem IAC, nível 2 – IAC</p><p>ligeira; nível 3 – IAC Moderada e nível 4 IAC grave. Cada nível</p><p>apresenta uma descrição das implicações chave para a</p><p>resposta. A acção é necessária para todos os quatro níveis, no</p><p>entanto, a acção urgente é necessária nos níveis 3 e 4.</p><p>10. Desnutrição Aguda Grave por P/A pode vir de pesquisas</p><p>representativas ou postos sentinelas e Desnutrição Aguda</p><p>Grave por Perímetro Braquial pode vir de pesquisas</p><p>representativas, postos-sentinela ou triagem (triagem simples</p><p>ou exaustiva.</p><p>11. Na minha opinião os sectores que contribuem para a segurança</p><p>alimentar são: agricultura, saúde, obras públicas, educação.</p><p>12. As ferramentas de análise micro do pilar disponibilidade</p><p>Ferramentas de análise Micro estimam as reservas nos</p><p>agregados familiares que podem ser avaliados através dos</p><p>seguintes métodos: levantamento de dados nos agregados</p><p>familiares; e Diagnósticos rápidos.</p><p>13. As ferramentas de análise micro do pilar produção e</p><p>disponibilidade envolve a folha de balanço alimentar que</p><p>permite descrever todos os componentes da disponibilidade de</p><p>173</p><p>alimentos total em um ano. Para estimar a produção, recorre-</p><p>se à: Dados meteorológicos; Dados agronómicos e dos estágios</p><p>da cultura; Índice de vegetação por fotos de satélites; Uso de</p><p>insumos agrícolas; e Dados de referência.</p><p>14. As ferramentas de análise do pilar acesso são: Análise do</p><p>poder de compra dos agregados familiares que avalia a</p><p>possibilidade do agregado familiar adquirir os alimentos</p><p>básicos essenciais, e pode ser influenciada pelo rendimento</p><p>familiar e os preços aplicados no mercado; e o</p><p>acompanhamento dos mercados alimentícios que faz o</p><p>controla da disponibilidade dos alimentos, a estrutura e os</p><p>preços destes, bens e serviços adjacentes.</p><p>15. As ferramentas de análise para o uso são: análise do</p><p>comportamento alimentar do consumidor onde consideram-se</p><p>dois aspectos: ambientais e individuais. Para a utilização são:</p><p>Análises antropométricas e clínicas.</p><p>16. Análise integrada de fases é um conjunto de protocolos para</p><p>classificar a gravidade e identificar as causas da insegurança</p><p>alimentar e desnutrição aguda e fornecer conhecimento útil</p><p>através da consolidação de uma evidência abrangente sobre a</p><p>insegurança alimentar e desnutrição aguda.</p><p>17. Pode-se analisar a segurança alimentar aguda, segurança</p><p>alimentar crónica e desnutrição aguda.</p><p>18. A segurança alimentar é uma condição necessária, mas não</p><p>suficiente para prevenir a malnutrição e garantir uma nutrição</p><p>adequada.</p><p>19. A análise integrada de fases da desnutrição aguda permite a</p><p>Classificação de IPC Desnutrição Aguda – provê com análises</p><p>completas de desnutrição aguda como indicador de resultado</p><p>e, factores alimentares e não alimentares (factores alimentares</p><p>são fornecidos pelas análises de IPC InSAN. A classificação de</p><p>IPC Insegurança Alimentar e Classificação de IPC Desnutrição</p><p>Aguda complementam-se. Juntos eles providenciam com uma</p><p>análise completa situação de segurança alimentar e nutricional.</p><p>20. O objectivo da análise integrada é o de criar de consenso</p><p>técnico entre as principais partes interessadas permitindo que</p><p>toda a comunidade de segurança alimentar tenha uma</p><p>linguagem comum para classificar as situações de segurança</p><p>alimentar.</p><p>21. As pesquisas devem ser representativas na unidade de</p><p>análise, validadas pelo grupo de nutrição nacional, ou grupo de</p><p>trabalho de informação de nutrição e mesma época, dados</p><p>antropométricos que vêm dos sistemas de monitoria de</p><p>174</p><p>segurança alimentar para garantir a qualidade da análise.</p><p>22. Os Postos de sentinela são geralmente intencionalmente</p><p>selecionados com base em alguns critérios pré-estabelecidos.</p><p>Dados antropométricos vindos de postos de sentinela devem</p><p>ter: pelo menos 75 crianças que são escolhidas aleatoriamente,</p><p>pelo menos 4 locais por unidade de análise, e a prevalência</p><p>será calculada tomando média de todos os locais em uma</p><p>determinada unidade de análise.</p><p>23. A situação em que a insegurança alimentar é elevada, mas a</p><p>desnutrição aguda é baixa pode ocorrer quando o agregado</p><p>familiar tem acesso a produtos mínimos porem nutritivos e as</p><p>estratégias de sobrevivência se ajustam para minimizar os</p><p>efeitos da insegurança alimentar. Também a amamentação</p><p>pode contribuir para os baixos níveis de insegurança alimentar.</p><p>24. Quando a situação em que a insegurança alimentar é elevada</p><p>e a desnutrição aguda é elevada pode ser reflexo de uma</p><p>privação do acesso a alimentos e falta de condições para</p><p>criação de estratégias de sobrevivência, pode acontecer em</p><p>casos de desastres naturais e outras emergências.</p><p>25. A situação em que a desnutrição aguda é alta e a segurança</p><p>alimentar é baixa é a mais comum no País, onde o agregado</p><p>familiar não tem acesso a alimentos e consequentemente não</p><p>se alimenta devidamente gerando um quadro de desnutrição</p><p>aguda que se não tratada e se repetitiva torna-se crónica.</p><p>26. A pobreza é tanto uma causa como uma consequência da</p><p>insegurança alimentar e nutricional. As pessoas pobres têm</p><p>dificuldade de acesso a recursos como terra, água, sementes,</p><p>saneamento básico, serviços de saúde, educação, crédito ou</p><p>mesmo acesso a mercados onde se possam comprar e vender</p><p>os alimentos.</p><p>27. A segurança alimentar pode ser garantida e a os níveis de</p><p>desnutrição são elevados quando o nível de conhecimento</p><p>sobre a preparação e utilização dos alimentos são deficientes.</p><p>Neste tipo de situações as acções de educação nutricional</p><p>incluindo as demostrações culinárias com alimentos</p><p>localmente disponíveis, educação sanitária, promoção de</p><p>saúde devem ser reforçadas envolvendo sempre as pessoas</p><p>influentes da comunidade.</p><p>28. Os pilares de Segurança Alimentar e Nutricional são: a</p><p>Produção e Disponibilidade suficiente de alimento para o</p><p>consumo; o Acesso físico e económico aos alimentos; o uso e</p><p>utilização adequada dos alimentos, Adequação para que os</p><p>175</p><p>alimentos sejam social, ambiental e culturalmente aceitáveis</p><p>incluindo a absorção dos nutrientes pelo organismo, e a</p><p>Estabilidade do consumo alimentar a todo o tempo.</p><p>29. Adequação significa que o alimento deve ter qualidade</p><p>nutricional suficiente para satisfazer as necessidades dietéticas</p><p>dos indivíduos; deve ser seguro para a alimentação humana e</p><p>livre de substâncias adversas ou contaminantes e deve ser</p><p>culturalmente aceitável para as pessoas a que se destina.</p><p>Ainda, preferivelmente, o alimento não deve comprometer a</p><p>satisfação de outras necessidades essenciais; deve ser de</p><p>origem nacional e ser social, económica e ambientalmente</p><p>sustentável.</p><p>30. A maior causa desta situação são os problemas estruturais que</p><p>afectam as sociedades e as economias dos países, pelo que se</p><p>justifica discutir e implementar políticas públicas que</p><p>enfrentem o problema e sejam condizentes com a melhoria</p><p>das condições de vida de toda a população.</p><p>176</p><p>TEMA VI: SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL</p><p>Caro estudante, no presente tema do nosso módulo iremos debruçar-</p><p>nos em torno de dois (2) itens</p><p>fundamentais sobre a condução de</p><p>inquéritos nutricionais e sua importância:</p><p>Unidade Temática 6.1 Vigilância Nutricional</p><p>Unidade temática 6.2 Principais indicadores do sistema Vigilância</p><p>Alimentar e Nutricional</p><p>Por isso, apelamos ao caro estudante, para que desenvolva uma</p><p>postura diferente na construção do conhecimento.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Unidade Temática 6.1. Vigilância Nutricional</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade temática, pretendemos que você tenha um domínio</p><p>sobre a vigilância nutricional.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Conhecer os indicadores de vigilância nutricional;</p><p>▪ Conhecer a importância do controle de crescimento.</p><p>O papel da monitoria do crescimento e desenvolvimento da criança,</p><p>para a promoção da sua sobrevivência, tem sido muitas vezes</p><p>subestimado. Muitos pais param de levar as crianças ao Controlo do</p><p>Crescimento quando completam o calendário vacinal. Entretanto, as</p><p>crianças menores de cinco anos estão numa fase de crescimento e</p><p>desenvolvimento em que necessitam de maior atenção e cuidados de</p><p>saúde e nutrição. As crianças nascidas de mães HIV+ são mais</p><p>susceptíveis ao Crescimento Insuficiente, são mais vulneráveis às</p><p>infecções e facilmente se tornam desnutridas. Por isso, estas crianças</p><p>precisam de ser acompanhadas com maior atenção e regularidade, de</p><p>177</p><p>modo a terem a assistência necessária no devido tempo.</p><p>Esta sessão dá aos participantes uma ideia do papel do Controlo do</p><p>Crescimento na promoção da saúde e nutrição infantil e, ajuda aos</p><p>trabalhadores de saúde a identificar e intervir aos primeiros sinais de</p><p>desenvolvimento da desnutrição nas crianças, bem como o cálculo dos</p><p>principais indicadores de vigilância nutricional.</p><p>Vigilância Nutricional</p><p>É um conjunto de actividades contínuas e de rotina de observação,</p><p>colheita e análise de dados e informações que permitem descrever as</p><p>condições nutricionais da população e tem como objectivo apoiar a</p><p>tomada de decisões políticas, auxiliar no planificação, monitoria e</p><p>gestão de programas relacionados com a melhoria dos padrões do</p><p>estado nutricional e, ainda, do consumo alimentar da população</p><p>(MISAU, 2009).</p><p>Os Pontos de Sentinela e vigilância nutricional tem como objectivo</p><p>fazer o diagnóstico descritivo e analítico da situação nutricional das</p><p>crianças menores de 5 anos, contribuindo para a identificação da</p><p>natureza e magnitude dos problemas directamente relacionados à</p><p>nutrição; vigilância das taxas de desnutrição e de sobrepeso e</p><p>identificação das potenciais áreas de risco, por fim de desenhar planos</p><p>de intervenção específicos e avaliação do resultado do impacto das</p><p>mesmas (MISAU, 2009).</p><p>É o seguimento do estado nutricional das crianças e/ou adultos de</p><p>uma determinada região. Os dados são colhidos diariamente em vários</p><p>sectores das Unidades Sanitárias (US) e analisados mensalmente a</p><p>nível Distrital, Provincial e Nacional em tempo real pelo Sistema de</p><p>Informação de Saúde para Monitoria e Avaliação (SIS-MA) (MISAU,</p><p>2009).</p><p>Indicadores do Sistema de Vigilância Nutricional</p><p>▪ Baixo Peso à Nascença (BPN);</p><p>▪ Crescimento Insuficiente (CI);</p><p>▪ Baixo Peso (P/I);</p><p>▪ Desnutrição Aguda (Peso para Estatura ou PB);</p><p>▪ Desnutrição Crónica (Altura para Idade).</p><p>Vigilância Nutricional através do Controlo do Crescimento</p><p>A antropometria não deve ser entendida como uma simples acção de</p><p>pesar e medir, mas sobretudo, como uma atitude de vigilância. Isso</p><p>significa ter um olhar atento para o estado nutricional, permitindo</p><p>178</p><p>uma acção precoce, quando constatada alguma alteração. Não se</p><p>pode esquecer que essas medidas irão subsidiar acções voltadas para</p><p>a promoção e assistência à saúde tanto individual quanto</p><p>colectivamente.</p><p>Através do controlo do crescimento é possível acompanhar o estado</p><p>nutricional das crianças de uma determinada comunidade ao longo do</p><p>tempo. Desde o nascimento, a criança deve ser pesada todos os meses</p><p>de modo a poder controlar o seu crescimento e desenvolvimento.</p><p>Procedimentos para o Controlo do Crescimento da Criança</p><p>O Crescimento das crianças deverá ser acompanhado ao longo do</p><p>tempo, desde o nascimento até aos 59 meses de idade. Nesta faixa</p><p>etária, as crianças devem aumentar o seu peso mensalmente. No</p><p>primeiro ano de vida elas ganham peso em cerca de 500g mensais nos</p><p>primeiros 6 meses e, 250-300g nos meses seguintes até aos 12 meses.</p><p>Essas crianças com idade dos 0 aos 12 devem ser avaliadas e</p><p>controladas mensalmente nas Consultas de Crianças Sadia (CCS) ou em</p><p>Risco (CCR) dependendo da condição geral da criança.</p><p>No segundo ano de vida, as crianças aumentam cerca de 100-200g</p><p>mensalmente. Estas são pesadas a cada dois meses até aos 3 anos de</p><p>idade. Dos 3 aos 5 anos a criança deve ser avaliada a cada 3 meses.</p><p>Cálculo dos Principais Indicadores do Sistema de Vigilância</p><p>Nutricional</p><p>Baixo Peso à Nascença (BPN): colhido diariamente na maternidade</p><p>logo após o nascimento do bebé, onde considera-se BPN peso ao</p><p>nascimento menos que 2,5kg. O indicador BPN é calculado pela</p><p>seguinte fórmula:</p><p>BPN = Nº de recém-nascidos com peso> 2,5kg x 100</p><p>Nº total de nados vivos</p><p>Crescimento Insuficiente (CI): indicador colhido diariamente na CCS. É</p><p>considerado CI quando o peso é estacionário ou reduzido em duas</p><p>pesagens consecutivas em intervalo de tempo não superior a 3 meses</p><p>e inferior a 1 mês. Este indicador é calculado pela fórmula abaixo:</p><p>CI = Nº de crianças atendidas com CI x 100</p><p>Nº total de crianças atendidas</p><p>Baixo Peso (P/I): indicador colhido diariamente na CCS e CCD.</p><p>Considera-se baixo peso para a idade se a criança apresentar um baixo</p><p>179</p><p>peso em relação à sua idade de acordo com o grau de severidade</p><p>correspondente (moderada ou grave). Baixo Peso/Idade moderado</p><p>define-se como criança com P/I ≥-3 e</p><p>de 5</p><p>anos?</p><p>Resposta: Porque as crianças menores de cinco anos estão numa fase</p><p>de crescimento e desenvolvimento em que necessitam de maior</p><p>atenção e cuidados de saúde e nutrição, especialmente as crianças</p><p>expostas ao HIV ou com crescimento insuficiente.</p><p>1. Onde são colhidos e analisados os dados da vigilância</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: Os dados são colhidos diariamente em vários sectores das</p><p>Unidades Sanitárias (US) e analisados mensalmente a nível Distrital,</p><p>Provincial e Nacional em tempo real pelo Sistema de Informação de</p><p>Saúde para Monitoria e Avaliação (SIS-MA).</p><p>2. Quais os principais indicadores de vigilância nutricional?</p><p>Resposta: Indicadores do Sistema de Vigilância Nutricional são: Baixo</p><p>Peso à Nascença (BPN), Crescimento Insuficiente (CI), Baixo Peso (P/I);</p><p>Desnutrição Aguda (Peso para Estatura ou PB) e Desnutrição Crónica</p><p>(Altura para Idade).</p><p>3. Quais os procedimentos para controle de crescimento das</p><p>crianças?</p><p>Resposta: As crianças com idade dos 0 aos 12 meses devem ser</p><p>avaliadas e controladas mensalmente nas Consultas de Crianças Sadia</p><p>(CCS) ou em Risco (CCR) dependendo da condição geral da criança. A</p><p>partir dos 12 meses são pesadas a cada dois meses até aos 3 anos de</p><p>idade. Dos 3 aos 5 anos a criança deve ser avaliada a cada 3 meses na</p><p>Unidade Sanitária.</p><p>4. Como se calcula o indicador da desnutrição aguda?</p><p>Resposta: Desnutrição Aguda =</p><p>Nº de crianças atendidas com Desnutrição Aguda (P/E ou PB) x 100</p><p>Nº total de crianças atendidas</p><p>181</p><p>5. Como se calcula o indicador de baixo peso a nascença?</p><p>Resposta: BPN = Nº de recém-nascidos com peso> 2,5kg x 100</p><p>Nº total de nados vivos</p><p>7.Quando é colhido o indicador baixo peso à nascença?</p><p>Resposta: este indicador é colhido diariamente na maternidade logo</p><p>após o nascimento do bebé, onde considera-se BPN peso ao</p><p>nascimento menos que 2,5kg.</p><p>8.Como é colhido o indicador crescimento insuficiente?</p><p>Resposta: este indicador colhido diariamente na Consulta da Criança</p><p>Sadia. Considera-se Crescimento Insuficiente quando o peso é</p><p>estacionário ou reduzido em duas pesagens consecutivas em intervalo</p><p>de tempo não superior a 3 meses e inferior a 1 mês.</p><p>9. Como é colhido o indicador baixo peso?</p><p>Resposta: este indicador colhido diariamente na Consulta da Criança</p><p>Sadia e Consulta da Criança Doente. Considera-se baixo peso para a</p><p>idade se a criança apresentar um baixo peso em relação à sua idade de</p><p>acordo com o grau de severidade correspondente (moderada ou</p><p>grave). Baixo Peso/Idade moderado define-se como criança com P/I ≥-</p><p>3 e</p><p>Sumário</p><p>Os inquéritos nutricionais disponibilizam informação para avaliação</p><p>das necessidades, planificação das intervenções, monitoria e avaliação</p><p>dos programas. Inquéritos que incluem variáveis antropométricas e de</p><p>consumo alimentar são relevantes para avaliação e monitoria das</p><p>condições de saúde, alimentação e nutrição da população.</p><p>Exercício da Autoavaliação</p><p>1. Quais são os 3 principais métodos de avaliação nutricional na</p><p>população?</p><p>Resposta: Os principais métodos são: Avaliação nutricional rápida,</p><p>Inquéritos nutricionais e Vigilância Nutricional.</p><p>2. Qual é o objectivo da avaliação nutricional rápida?</p><p>Resposta: A avaliação nutricional rápida permite: Verificar a existência</p><p>ou tratar a emergência em nutrição; estimar o número de pessoas</p><p>afectadas; Determinar as necessidades imediatas, identificar os</p><p>recursos locais disponíveis e as necessidades de recursos externos;</p><p>185</p><p>Providenciar a triagem inicial de modo a incluir os potenciais</p><p>beneficiários nos programas de apoio alimentar específicos.</p><p>3.Qual é o objectivo do inquérito nutricional?</p><p>Reposta: os inquéritos nutricionais permitem determinar a prevalência</p><p>da desnutrição e identificar as causas da desnutrição.</p><p>3.Qual é o objectivo da vigilância nutricional?</p><p>Resposta: a vigilância nutricional permite: Identificar as tendências</p><p>(evolução) das taxas de desnutrição ou sobrenutrição.</p><p>4.Quais são os métodos de colheita de dados usados na avaliação</p><p>nutricional rápida?</p><p>Resposta: os métodos de colheita de dados durante a avaliação</p><p>nutricional rápida são: Observação directa da população e do</p><p>ambiente; Entrevistas com informantes-chaves; Revisão dos registos</p><p>disponíveis nos centros de saúde ou centros de ajuda alimentar</p><p>existentes e Triagem nutricional.</p><p>5.Porque são avaliadas crianças menores de 5 anos?</p><p>Resposta: As crianças 6-59 meses são geralmente as avaliadas por</p><p>serem as nutricionalmente vulneráveis e actuarem como proxy do</p><p>estado nutricional da população geral.</p><p>6.Qual é a importância de incluir mulheres durante a avaliação</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: Mulheres que cuidam de crianças pequenas são muitas</p><p>vezes nutricionalmente vulneráveis e tem mais probabilidade de</p><p>estarem grávidas ou a amamentarem</p><p>6. Quais são os critérios para a seleção de beneficiários?</p><p>Resposta: A selecção de beneficiários para programas de apoio</p><p>alimentar normalmente envolve 2 etapas: 1) triagem nutricional</p><p>utilizando o PB; 2) aqueles identificados como desnutridos são em</p><p>seguida avaliados através do Peso/Altura</p><p>7. Que informação é colhida durante a realização de um inquérito</p><p>nutricional?</p><p>Resposta: a colecta de informações antropométricas que são usadas</p><p>para determinar a prevalência de desnutrição na população, dados</p><p>186</p><p>sobre morbilidade e mortalidade e informações sobre as causas da</p><p>desnutrição, a cobertura da vacinação e suplementação com vitamina</p><p>A e Micronutrientes em pó.</p><p>8. Onde podem- se realizar os inquéritos?</p><p>Resposta: A população a ser inquirida pode ser os refugiados ou</p><p>deslocados internos que vivem nos campos de reassentamento ou</p><p>pessoas que vivem em específicas áreas administrativas.</p><p>10.Fale da representatividade dos resultados dos inquéritos?</p><p>Resposta: Os resultados dos inquéritos são apenas representativos de</p><p>uma área geográfica do qual a amostra do inquérito foi selecionada e</p><p>não podem ser generalizados para as populações que estão além da</p><p>área do inquérito.</p><p>Exercícios</p><p>1. Defina vigilância nutricional.</p><p>2. Qual é o objectivo dos postos de sentinela e vigilância nutricional?</p><p>3. Como são colhidos os dados?</p><p>4. Quais são os indicadores do sistema de vigilância nutricional?</p><p>5. Como dever ser feita a antropometria?</p><p>6. Fale da importância do controlo de crescimento.</p><p>7. Fale dos procedimentos para o controlo de crescimento.</p><p>8. Como é colhido o indicador baixo peso a nascença?</p><p>9. Quando é que se considera crescimento insuficiente?</p><p>10. Caracterize o baixo-peso.</p><p>11. Como e que se define a desnutrição aguda moderada?</p><p>12. Defina o indicador desnutrição aguda grave.</p><p>13. Caracterize a desnutrição crónica.</p><p>14. Quais são os diferentes métodos de avaliação nutricional?</p><p>15. Qual é o grupo alvo da avaliação nutricional?</p><p>16. Os resultados dos inquéritos podem ser extrapolados para outras?</p><p>17. Quando é que se pode incluir outros grupos nos inquéritos e fazer</p><p>parte da análise?</p><p>18. Como é que se calcula o indicador baixo peso a nascença?</p><p>19. Como se calcula o indicador crescimento insuficiente?</p><p>20. Como é calculado o indicador baixo peso?</p><p>21. Como é que se calcula o indicador desnutrição aguda?</p><p>22. Qual é o objectivo da avaliação nutricional rápida?</p><p>23. Quais são os métodos de colecta de dados da avaliação rápida?</p><p>24. Qual é o objectivo dos inquéritos nutricionais?</p><p>25. Que métodos são usados para a colecta de dados nos inquéritos</p><p>187</p><p>nutricionais?</p><p>26. Qual é o objectivo da vigilância nutricional?</p><p>27. Que métodos são usados durante a vigilância nutricional?</p><p>28. Assumindo que és o responsável distrital de nutrição e observas</p><p>um crescente aumento de casos de desnutrição no seu distrito, qual</p><p>seriam as possíveis causas desse aumento?</p><p>29. Ainda na situação anterior quais seriam as acções a serem tomadas</p><p>para responder a essa situação?</p><p>30. Explique por suas palavras a sensibilidade dos indicadores P/A e PB</p><p>para o diagnóstico da desnutrição.</p><p>Guião de correcção</p><p>1. É um conjunto de actividades contínuas e de rotina de</p><p>observação, colheita e análise de dados e informações que permitem</p><p>descrever as condições nutricionais da população e tem como</p><p>objectivo apoiar a tomada de decisões políticas, auxiliar no</p><p>planificação, monitoria e gestão de programas relacionados com a</p><p>melhoria dos padrões do estado nutricional e, ainda, do consumo</p><p>alimentar da população.</p><p>2. Os Pontos de Sentinela e vigilância nutricional tem como</p><p>objectivo fazer o diagnóstico descritivo e analítico da situação</p><p>nutricional das crianças menores de 5 anos, contribuindo para a</p><p>identificação da natureza e magnitude dos problemas directamente</p><p>relacionados à nutrição; vigilância das taxas de desnutrição e de</p><p>sobrepeso e Identificação das potenciais áreas de risco, por fim de</p><p>desenhar planos de intervenção específicos e avaliação do resultado</p><p>do impacto das mesmas.</p><p>3. Os dados são colhidos diariamente em vários sectores das</p><p>Unidades Sanitárias (US) e analisados mensalmente a nível Distrital,</p><p>Provincial e Nacional em tempo real pelo Sistema de Informação de</p><p>Saúde para Monitoria e Avaliação.</p><p>4. Os indicadores são: Baixo Peso à Nascença (BPN), Crescimento</p><p>Insuficiente (CI), Baixo Peso (P/I), Desnutrição Aguda (Peso para</p><p>Estatura ou PB) e Desnutrição Crónica (Altura para Idade).</p><p>5. A antropometria não deve ser entendida como uma simples</p><p>acção de pesar e medir, mas, sobretudo, como uma atitude de</p><p>vigilância. Isso significa ter um olhar atento para o estado nutricional,</p><p>permitindo uma acção precoce, quando constatada alguma alteração.</p><p>6. O controlo do crescimento permite acompanhar o estado</p><p>188</p><p>nutricional das crianças ou população de uma determinada</p><p>comunidade ao longo do tempo. Desde o nascimento, a criança deve</p><p>ser pesada todos os meses de modo a poder controlar o seu</p><p>crescimento e desenvolvimento.</p><p>7. O crescimento das crianças deverá ser acompanhado ao longo</p><p>do tempo, desde o nascimento até aos 59 meses de idade. Nesta faixa</p><p>etária, as crianças devem aumentar o seu peso mensalmente. No</p><p>primeiro ano de vida elas ganham peso em cerca de 500g mensais nos</p><p>primeiros 6 meses e, 250-300g nos meses seguintes até aos 12 meses.</p><p>Essas crianças com idade dos 0 aos 12 devem ser avaliadas e</p><p>controladas mensalmente nas Consultas de Crianças Sadia (CCS) ou em</p><p>Risco (CCR) dependendo da condição geral da criança. No segundo ano</p><p>de vida, as crianças aumentam cerca de 100-200g mensalmente. Estas</p><p>são pesadas a cada dois meses até aos 3 anos de idade. Dos 3 aos 5</p><p>anos a criança deve ser avaliada a cada 3 meses. Estes procedimentos</p><p>podem ser definidos de acordo com o objectivo do programa.</p><p>8. Este indicador é colhido diariamente na maternidade logo após o</p><p>nascimento do bebé, onde considera-se BPN peso ao nascimento</p><p>menos que 2,5kg.</p><p>9. Considera-se CI quando o peso é estacionário ou reduzido em duas</p><p>pesagens consecutivas em intervalo de tempo não superior a 3 meses</p><p>e inferior a 1 mês.</p><p>10. Considera-se baixo peso para a idade se a criança apresentar um</p><p>baixo peso em relação à sua idade de acordo com o grau de</p><p>severidade correspondente (moderada ou grave). Baixo Peso/Idade</p><p>moderado define-se como criança com P/I ≥-3 e 2,5kg x 100</p><p>Nº total de nados vivos</p><p>19. Crescimento Insuficiente:</p><p>CI = Nº de crianças atendidas com CI x 100</p><p>Nº total de crianças atendidas</p><p>20. Baixo peso:</p><p>Nº de crianças atendidas com P/I x 100</p><p>Nº total de crianças atendidas</p><p>21. Desnutrição aguda:</p><p>Nº de crianças atendidas com DA (P/E ou PB) x 100</p><p>Nº total de crianças atendidas</p><p>22. Os objectivos da avaliação nutricional rápida são: Verificar a</p><p>existência ou tratar a emergência em nutrição, Estimar o número de</p><p>190</p><p>pessoas afectadas, Determinar as necessidades imediatas, identificar</p><p>os Providenciar a triagem inicial de modo a incluir os potenciais</p><p>beneficiários nos programas de apoio alimentar específicos.</p><p>23. Os métodos são: Observação directa da população e do</p><p>ambiente, Entrevistas com informantes-chaves, Revisão dos registos</p><p>disponíveis nos centros de saúde ou centros de ajuda alimentar</p><p>existentes e Triagem nutricional.</p><p>24. Os objectivos dos inquéritos nutricionais são: Determinar a</p><p>prevalência da desnutrição e identificar as causas da desnutrição.</p><p>25. Os métodos são: Inquéritos em crianças</p><p>compreender a ligação entre vulnerabilidade política e</p><p>outras fontes de vulnerabilidade (Valdiviesso, 2015).</p><p>Quando um evento adverso ocorre, vários são os fatores que podem</p><p>interferir na vida cotidiana de uma comunidade, tirando-a da</p><p>normalidade. Geralmente a intensidade do desastre depende mais do</p><p>grau de vulnerabilidade da comunidade afectada do que da magnitude</p><p>do evento adverso. Quando é necessário que o município tome</p><p>medidas excepcionais de urgência, ou quando o desastre compromete</p><p>toda sua capacidade administrativa, é declarada ”situação de</p><p>emergência” ou “estado de calamidade pública” (MISAU, 2003).</p><p>Garantir o acesso aos alimentos e a manutenção de um estado</p><p>nutricional adequado encontra-se no centro das medidas de proteção</p><p>193</p><p>às populações afectadas por situações de emergência.</p><p>A urbanização, enquanto processo de dinamização das cidades, não</p><p>apresentaria nenhum problema em si mesma não fossem suas</p><p>diferentes e complexas formas de manifestação. Considerando-se a</p><p>tendência de formação de macro regiões urbanas, ou cidades-região,</p><p>nos países não desenvolvidos nas próximas décadas como sequência à</p><p>geografia das cidades na atualidade, muitos problemas se avizinham</p><p>às preocupações humanas com a gestão urbana. A formação e</p><p>agravamento de riscos de toda ordem, associados às vulnerabilidades</p><p>da população, por exemplo, são aspectos que demandam um maior</p><p>envolvimento da ciência, da técnica e da política no seu tratamento</p><p>(Mendonça, 2011).</p><p>Segundo Mendonça (2011), mais recentemente observamos que</p><p>vários grupos de pesquisadores buscam a inserção da concepção de</p><p>resiliência como uma premissa inovadora na análise dos problemas</p><p>socioambientais urbanos envolvendo riscos e vulnerabilidades. Trata-</p><p>se de um conceito relacionado à adaptação e consiste em variações</p><p>individuais e/ou em resposta aos fatores de risco, e refere-se, em</p><p>geral, à capacidade de um ambiente, ou sociedade, de voltar às</p><p>condições anteriores após ser impactada/vitimada por um evento de</p><p>caráter extremo (natural ou social/tecnológico). Originária do âmbito</p><p>das ciências naturais, e conhecendo algum desenvolvimento quando</p><p>do emprego na psicologia, a resiliência nos apresenta enormes</p><p>desafios e questionamentos quando pensada no contexto da</p><p>urbanização corporativa dos países não desenvolvidos.</p><p>A vulnerabilidade é o grau em que uma família pode ser afectada de</p><p>forma adversa por possíveis eventos futuros, podendo ficar em</p><p>insegurança alimentar. Com relação a riscos específicos podem ser</p><p>Exposição (experiência de riscos), Suscetibilidade (como o sistema é</p><p>afectado por riscos), Resiliência (capacidade de resistir a riscos e voltar</p><p>às condições anteriores). Analisado em termos de: Estratégias de</p><p>subsistência (fontes de alimento e renda, enfrentamento usual e</p><p>gastos), Activos de subsistência (5 capitais- Humano, Financeiro, Físico,</p><p>Natural e Social) e Políticas, Instituições e Processos (Mendonça,</p><p>2011).</p><p>A vulnerabilidade do País aos desastres resulta dos seguintes factores:</p><p>(i) sua localização à jusante de nove rios internacionais; (ii) a existência</p><p>de zonas áridas e semiáridas; (iii) a longa extensão do território</p><p>nacional localizada na zona de convergência intertropical sujeita a</p><p>perdas e ganhos excessivos de humidade; (iv) a extensa zona costeira</p><p>que sofre a influência de ciclones tropicais e a existência de zonas</p><p>194</p><p>sísmicas activas.</p><p>No geral, a vulnerabilidade do país aos perigos naturais deve-se, aos</p><p>seguintes aspectos:</p><p>➢ A fraca implementação sistemática de medidas estruturais e</p><p>não estruturais críticas de redução de risco de desastres;</p><p>➢ A fraca capacidade institucional de prontidão, resposta e rápida</p><p>recuperação pós emergências;</p><p>➢ A existência e exposição de infraestruturas críticas não</p><p>resilientes nas zonas de elevado risco de desastres;</p><p>➢ A ocupação das zonas de risco sem consideração às medidas de</p><p>resiliência e de redução de risco;</p><p>➢ A fraca capacidade institucional para garantir aplicação das leis</p><p>e políticas referentes ao planeamento físico e ordenamento</p><p>territorial resultando na ocupação massiva das zonas de risco;</p><p>➢ A insuficiência de infraestruturas hidráulicas para a regulação</p><p>dos caudais dos rios;</p><p>➢ A inexistência ou deficiente funcionamento de sistemas de</p><p>escoamento das águas pluviais e residuais;</p><p>➢ A deposição de resíduos sólidos nas valas de drenagem e</p><p>deficiente limpeza das mesmas.</p><p>Capital Humano</p><p>Considere aspectos de educação e taxa de ensino, transferência de</p><p>conhecimentos entre gerações, presença de membros activos</p><p>saudáveis, taxa de dependência, recursos humanos limitados face</p><p>a carga de doenças, falta de cuidados de saúde, etc., e como estes</p><p>aspectos contribuem para a desnutrição aguda na área de análise.</p><p>Por exemplo pobre educação materna é uma causa de</p><p>preocupação para a desnutrição aguda, assim como há um elo</p><p>entre educação maternal e desnutrição aguda na criança.</p><p>Capital Físico</p><p>Considere restrições em termos de habitação, água e saneamento,</p><p>estradas, mercados, serviços básicos de saúde e educação, e como</p><p>estes influenciam na desnutrição aguda na área de análise, por</p><p>exemplo saneamento pobre conduz a incorrecto tratamento de</p><p>dejectos, que pode se tornar uma causa de doença e desnutrição</p><p>aguda.</p><p>Capital Financeiro</p><p>Considere que rendimentos e fontes de dinheiro o grupo tem</p><p>acesso, incluindo a diversidade e estabilidade da fonte de renda,</p><p>195</p><p>fontes de resiliência a choques comuns, acesso a empréstimos,</p><p>grupos de poupança por exemplo existe um elo estabelecido entre</p><p>pobreza e desnutrição aguda, e transferência de dinheiro têm</p><p>impacto positivo na redução da desnutrição aguda.</p><p>Capital Natural</p><p>Considere activos relacionados com ambiente biofísico, como</p><p>proximidade a fontes de água, condições do solo e clima, acesso a</p><p>florestas, existência de minerais e outros recursos, etc., na área de</p><p>análise e seu impacto na desnutrição aguda. Por exemplo,</p><p>enquanto estiver próximo a fontes de água, melhora o acesso a</p><p>água e reduz o tempo para colecta/procura, que por sua vez irá</p><p>aumentar a disponibilidade para cuidar das crianças.</p><p>Capital Social</p><p>Considere coesão social e conexão, descriminação de grupos,</p><p>como mulheres e minorias étnicas. Considere práticas culturais</p><p>com impacto na desnutrição aguda por exemplo mulheres não</p><p>serem autorizadas a sair de casa durante 30 dias após o parto em</p><p>algumas comunidades pode influenciar para um melhor cuidado</p><p>dos recém-nascidos.</p><p>Políticas, Instituições e Processos (PIPs)</p><p>Considere políticas e processos de nível macro e micro como redes</p><p>de proteção social, lanche escolar, transferência de dinheiro,</p><p>assistência alimentar, e outras redes e seu possível impacto na</p><p>desnutrição aguda, por exemplo cuidados básicos de saúde para</p><p>criança até 5 anos provavelmente levaria a um aumento da</p><p>procura de saúde enquanto as crianças estão doentes e melhoraria</p><p>a nutrição.</p><p>Choques Usuais / normais</p><p>Considere choques comuns e usuais que não resultam em crises,</p><p>mas num impacto negativo sobre a desnutrição aguda - por</p><p>exemplo, períodos de seca, a falta de chuva, de doenças em</p><p>humanos, animais e plantas; por exemplo, períodos secos cíclicos</p><p>(mas não a nível crise) podem aumentar a incidência de doenças e</p><p>desnutrição aguda durante esse período de tempo.</p><p>Choques não usuais</p><p>Considere quanto de um impacto negativo as crises incomuns</p><p>tiveram sobre desnutrição aguda; por exemplo, períodos de seca</p><p>196</p><p>prolongados, impacto das mudanças climáticas, inundações</p><p>incomuns podem levar a aumento de doenças e desnutrição</p><p>aguda.</p><p>Após a fase inicial, a situação de emergência tende a voltar à</p><p>normalidade. O período de recuperação, em que a carga de</p><p>trabalho costuma ser intensificada, demora um tempo bastante</p><p>variável, de acordo com o grau do desastre e enquanto durar a</p><p>fase de limpar, reconstruir, reorganizar e reestruturar as moradias,</p><p>os locais de trabalho, as estradas e as estruturas sociais. Alguns</p><p>desastres, como as guerras</p><p>em qualquer etapa do processo desde a produção alimentar</p><p>ao consumo (do produtor à mesa) e pode resultar da contaminação</p><p>ambiental, incluindo a poluição da água, do solo ou do ar (OMS, 2012).</p><p>Dieta: é o conjunto de alimentos que o indivíduo consome</p><p>diariamente com as substâncias nutritivas denominadas nutrientes</p><p>(Cuppari, 2002).</p><p>Debilitação (desnutrição aguda): refere-se ao baixo peso para altura,</p><p>definido como mais de 2 DP (Desvio Padrão) abaixo da média de dados</p><p>de referência relativos ao género. A debilitação resulta de um choque</p><p>recente, nomeadamente a falta de calorias e de nutrientes e/ou</p><p>doenças, e está fortemente associada à mortalidade (MISAU, 2010).</p><p>Desnutrição: designa o fraco estado nutricional provocado pela</p><p>nutrição deficitária ou nutrição excessiva (subnutrição ou</p><p>sobrenutrição) (MISAU, 2010).</p><p>Diversidade dietética: designa vários grupos de alimentos consumidos</p><p>ao longo de um dado período de tempo. A diversidade dietética a nível</p><p>do agregado familiar pode ser utilizada como indicador da segurança</p><p>alimentar familiar, sendo a diversidade dietética a nível individual um</p><p>indicador da qualidade da dieta de um indivíduo (tipicamente medido</p><p>nas mulheres ou crianças na primeira infância) (FAO, 2015).</p><p>Excesso de peso infantil: designa o peso para a altura maior que +2 DP</p><p>(Desvio Padrão) de acordo com as Normas de Saúde Infantil da</p><p>13</p><p>Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006).</p><p>Educação nutricional: é a educação dirigida aos indivíduos, famílias e</p><p>comunidades com o fim de encorajar a tomada de decisões</p><p>informadas na selecção dos alimentos para produção, compra e</p><p>consumo, de modo a obter-se uma nutrição adequada e uma óptima</p><p>saúde (MDS, 2012).</p><p>Fome: a não disponibilidade e acesso ao alimento em quantidade e</p><p>qualidade que atenda necessidades nutricionais, estando diretamente</p><p>associada à relação que as pessoas estabelecem, a partir de suas</p><p>capacidades, com os diferentes recursos (não só monetários) e</p><p>mercadorias disponíveis na sociedade (Sen, 1981).</p><p>Fome Oculta: designa a desnutrição por falta de micronutrientes ou</p><p>deficiências de vitaminas e minerais, capazes de comprometer o</p><p>crescimento, a função imunológica, o desenvolvimento cognitivo e a</p><p>capacidade reprodutiva e de trabalho (FAO, 2014).</p><p>Fortificação alimentar: refere-se à adição de um ou mais</p><p>micronutrientes (vitaminas e minerais) aos alimentos durante a</p><p>transformação. Idealmente, a fortificação alimentar oferece uma</p><p>saúde pública com poucos riscos para a saúde da população (MIC,</p><p>2016b).</p><p>Grupos vulneráveis: designa idosos, jovens, mulheres grávidas,</p><p>portadores de deficiência e pobres que são pessoas marginalizadas</p><p>que não beneficiam da nutrição (SETSAN, 2013).</p><p>Índice de Massa Corpórea (BMI/IMC): refere-se à medida de gordura</p><p>do corpo calculada com o peso (kg) dividido pela altura (em metros)</p><p>ao quadrado (kg/m2). O IMC menor que 18.5 é considerado como</p><p>perda de peso, maior ou igual a 25 significa excesso de peso, e maior</p><p>ou igual a 30 significa obesidade. Embora o IMC seja uma óptima</p><p>medida para determinar uma variedade de pesos aceitáveis, este meio</p><p>não tem em conta alguns factores importantes, tais como a estrutura</p><p>do corpo, ou seja, as contribuições relativas da gordura, dos músculos</p><p>e dos ossos para o peso (OMS, 2006).</p><p>Iniciação prévia da amamentação/ Inicio da amamentação dentro da</p><p>primeira hora: diz respeito a iniciar a amamentação uma hora após o</p><p>parto. Como estatística de saúde pública, ela é medida como</p><p>proporção das crianças nascidas ao longo dos últimos 24 meses e que</p><p>são amamentadas a partir de uma hora após o parto (MISAU, 2009).</p><p>Índice Global da Fome (IGF): designa um índice que classifica 84 países</p><p>em desenvolvimento e em transição, recorrendo aos três indicadores</p><p>14</p><p>seguintes ponderados igualmente para descrever o estado da fome</p><p>dos países: (i) a proporção de pessoas subalimentadas; (ii) a</p><p>prevalência de crianças com perda de peso abaixo de cinco de idade; e</p><p>(iii) a taxa de mortalidade das crianças abaixo dos cinco anos.</p><p>Recorrendo a estes três indicadores, o GHI capta os vários aspectos da</p><p>fome e da subnutrição e tem em conta a vulnerabilidade especial das</p><p>crianças à privação nutricional (SETSAN, 2018).</p><p>Janela de oportunidade: designa o período que separa a concepção e</p><p>os dois anos de idade, altura em que é irreversível o dano causado</p><p>pela desnutrição pode e deve ser evitado (Lancet, 2013).</p><p>Macronutriente: Nutriente que é necessário ao organismo em grande</p><p>quantidade e que fornece energia (calorias) (MISAU, 2009)</p><p>Micronutriente: trata-se de vitaminas e minerais requeridos em</p><p>pequenas quantidades pelo organismo para produzir enzimas,</p><p>hormonas e outras substâncias essenciais ao crescimento e</p><p>desenvolvimento adequados. O iodo, vitamina A, ferro e zinco são os</p><p>mais importantes em termos de prevalência e gravidade (MISAU,</p><p>2009).</p><p>Nutrição: é a ciência que estuda os alimentos, seus nutrientes, bem</p><p>como sua acção, interação e balanço em relação a saúde e doença,</p><p>além dos processos pelos quais o organismo ingere, absorve,</p><p>transporta, utiliza e excreta os nutrientes (MISAU, 2009).</p><p>Nutrientes: são substâncias que estão contidas nos alimentos e</p><p>possuem funções variadas no organismo. Podem ser encontradas em</p><p>diferentes alimentos, por isso deve-se variar ao máximo na</p><p>alimentação diária (MISAU, 2009).</p><p>Obesidade infantil: trata-se do peso para a altura que é> 2 SD/DP A</p><p>obesidade infantil está associada a uma maior probabilidade de</p><p>obesidade na idade adulta, que pode originar uma variedade de</p><p>deficiências e doenças, tais como diabetes e doenças cardiovasculares</p><p>(MISAU, 2009).</p><p>Pacote Nutricional Básico: é um conjunto de acções nutricionais que</p><p>pretendem promover, proteger e apoiar a prática de comportamentos</p><p>adequados de Nutrição e Saúde (MISAU, 2009).</p><p>Programa de Nutrição Comunitária: alude a um programa de base</p><p>comunitária destinado a impedir o fracasso do crescimento, controlar</p><p>a morbidade e melhorar a sobrevivência das crianças, promovendo a</p><p>amamentação, oferecendo formação e aconselhamento sobre as</p><p>práticas de alimentação óptima, evitando doenças diarreicas e</p><p>15</p><p>monitorizando e promovendo o crescimento (MISAU, 2009).</p><p>Práticas de Alimentação Complementar: refere-se a um conjunto de</p><p>10 práticas recomendadas aos provedores de cuidados para</p><p>implementar de 6 a 24 meses, em cuja altura o leite materno e/ou os</p><p>substitutos do leite materno por si só são insuficientes para satisfazer</p><p>as necessidades nutricionais dos infantes em crescimento (MISAU,</p><p>2009).</p><p>Saúde: é o bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência</p><p>de doenças. É um bem comum e um direito social. Desfrutamos de</p><p>uma boa saúde quando estamos com energia para realizar as nossas</p><p>tarefas diárias, mas também felizes com a vida, com nossos familiares</p><p>e amigos e quando temos esperança de um futuro cada vez melhor</p><p>(OMS 2010).</p><p>Sobrenutrição/Excesso de peso/Obesidade: trata-se de um estado em</p><p>que o consumo nutricional excede em grande medida a necessidade</p><p>nutricional. A sobrenutrição manifesta-se pelo excesso de peso</p><p>(BMI/IMC≥25) e pela obesidade (BMI/IMC≥30). Nas crianças, a</p><p>sobrenutrição define-se pelo peso para altura> 2 DP (onde> 2 DP</p><p>representa a criança com excesso de peso e> 30 SD a criança obesa)</p><p>(OMS, 2006).</p><p>Segurança Nutricional: é alcançada quando o acesso seguro aos</p><p>alimentos realmente nutritivos é associado a um ambiente sanitário, a</p><p>par de serviços e cuidados de saúde condizentes, o que garante uma</p><p>vida saudável e activa para todos os membros da família (SETSAN,</p><p>2007).</p><p>Subalimentado: refere-se a uma pessoa cujo consumo habitual de</p><p>alimentos, expressos em termos de energia dietética (kcal), está</p><p>abaixo da energia requerida por norma. A prevalência da</p><p>subalimentação numa população específica é por vezes utilizada como</p><p>medida da privação de alimentos. Este termo não deve ser confundido</p><p>com a subnutrição (SETSAN, 2007).</p><p>Subnutrição: designa o mau estado nutricional devido a deficiências</p><p>e conflitos sociais armados, geram uma</p><p>situação crônica de emergência, de difícil solução, na qual um</p><p>grande número de pessoas fica confinado por longos períodos em</p><p>campos de refugiados e em precárias condições. Muito</p><p>frequentemente essa situação é acompanhada de alta incidência</p><p>de doenças e de elevada mortalidade (IBFAN, 2009).</p><p>Existem várias definições, tais como: “Situação onde existe ameaça</p><p>excepcional e generalizada à vida, à saúde e à subsistência básica,</p><p>que está para além da capacidade das pessoas e da comunidade</p><p>de a enfrentar” (Oxfam, 2013). Existem vários sistemas de</p><p>classificação que concordam com a definição da situação através</p><p>de fases progressivas, sendo a mais grave classificada de “fome”.</p><p>Quadro 19. Taxa de Mortalidade Bruta (TMD/CMR) e desnutrição para</p><p>classificar a situação, sendo o sistema de limite UN SCN de 1995.</p><p>Tabela 15. Limites de emergência utilizados internacionalmente</p><p>baseados na referência NCHS.</p><p>197</p><p>Tipos de desnutrição que ocorre nas emergências</p><p>A principal preocupação nas emergências é o aumento do risco de</p><p>desnutrição aguda grave e moderada porque a desnutrição aguda</p><p>em emergências de longo prazo, são frequentemente elevados os</p><p>níveis de outros tipos de desnutrição (desnutrição crónica e baixo</p><p>peso). As deficiências de micronutrientes são comuns em</p><p>emergências, particularmente nas pessoas afectadas dependentes</p><p>de rações de alimentos.</p><p>Tipos de Desastres</p><p>Riscos naturais: fenómenos físicos que ocorrem naturalmente,</p><p>causados por eventos de início rápido ou lento que podem ser</p><p>geofísicos (terramotos, deslizamentos de terra, tsunamis e</p><p>actividades vulcânicas), hidrológicos (avalanches e cheias),</p><p>climatológicos (temperaturas extremas, seca e incêndios</p><p>florestais), meteorológicos (ciclones e tempestades/ vagas de</p><p>ondas) ou biológicas (epidemias e pragas de insectos/animais).</p><p>Riscos causados pelo homem (emergências complexas/conflitos,</p><p>populações deslocadas, acidentes industriais e acidentes de</p><p>transporte) são eventos causados por seres humanos e ocorrem</p><p>em ou próximos de assentamentos humanos. Isso pode incluir</p><p>degradação ambiental, poluição e acidentes.</p><p>Vulnerabilidade às Emergências Nutricionais</p><p>A situação de saúde e nutrição existente afecta muito a forma</p><p>como a população é vulnerável à emergência nutricional. O</p><p>HIV/SIDA e outras infecções aumentam a insegurança alimentar, a</p><p>pobreza e tem efeitos negativos na força de trabalho e na</p><p>agricultura em grande escala. Pobreza e pressão urbana</p><p>superlotação, desemprego, consumo de água não apropriada,</p><p>instalações e infraestruturas de saneamento de qualidade inferior,</p><p>exposição à poluição urbana e a materiais perigosos, falta de terra</p><p>e escassez frequente de alimentos. As mudanças climáticas que</p><p>podem ter um impacto cada vez maior que levará fomes mais</p><p>frequentes no futuro.</p><p>198</p><p>Impacto das Emergências</p><p>Aumento do risco de morbidade e mortalidade; Ambiente de</p><p>saúde deteriorado devido ao acesso limitado às condições de água</p><p>e saneamento e aos serviços de saúde; O acesso do agregado</p><p>familiar aos alimentos é frequentemente reduzido por deslocação,</p><p>perda de ganhos; Deterioração das práticas de prestação de</p><p>cuidados o que irá contribuir para o aumento dos casos de</p><p>desnutrição aguda, aumento da mortalidade infantil e aumento da</p><p>co-morbidade e do círculo vicioso negativo entre a doença e a</p><p>desnutrição.</p><p>Avaliação do Estado Nutricional e dos Hábitos Nutricionais</p><p>A avaliação do estado nutricional tendo em conta os</p><p>procedimentos como a avaliação antropométrica, exames</p><p>bioquímicos, sinais e sintomas clínicos de deficiências nutricionais,</p><p>e avaliação dos hábitos, preferências/prácticas e alimentares,</p><p>aceitabilidade cultural e religiosa deve ser seguidos de modo a</p><p>aferir melhor a condição nutricional da população afectada.</p><p>Deve realizar-se uma avaliação rápida do estado nutricional de</p><p>modo a obter dados concretos para uma adequada intervenção na</p><p>área alimentar permitindo uma identificação dos problemas</p><p>nutricionais específicos e identificar os grupos mais afectados de</p><p>modo a priorizar as intervenções.</p><p>Emergência em Nutrição</p><p>As emergências abrangem uma grande variedade de cenários. Elas</p><p>diferem em termos de:</p><p>✓ Duração: (curto prazo, permanente);</p><p>✓ Causa: (natural, relacionada a conflito 'complexo',</p><p>económico-político);</p><p>✓ Impacto: (destruição de infraestruturas, agricultura, saúde</p><p>e sistemas sociais);</p><p>✓ Grupos afectados: (pessoas deslocadas internamente,</p><p>refugiados, população estável);</p><p>✓ Resposta humanitária: (Resposta em larga escala, sem</p><p>resposta).</p><p>Estímulos para emergências nutricionais</p><p>❖ Os desastres naturais afectam a produção, disponibilidade</p><p>e acesso aos alimentos, perturbam os sistemas de saúde,</p><p>destroem os sistemas de água e saneamento.</p><p>199</p><p>❖ Os conflitos armados/políticos podem levar a emergências</p><p>nutricionais de várias formas devido à falta de acesso a</p><p>alimentos, saúde, água e saneamento, etc.</p><p>❖ As crises políticas e os choques económicos contribuem</p><p>para emergência</p><p>❖ As flutuações globais dos preços dos alimentos provocaram</p><p>níveis elevados de pobreza, insegurança alimentar e</p><p>resultaram na desnutrição</p><p>Os mais vulneráveis durante as emergências são:</p><p>▪ Vulnerabilidade fisiológica: crianças menores de 5 anos,</p><p>idosos, pessoas afectadas por doenças crónicas, género.</p><p>▪ Vulnerabilidade geográfica: áreas propensas a cheias ou à</p><p>seca, linhas da frente de conflitos.</p><p>▪ Vulnerabilidade política: discriminação, perseguição.</p><p>▪ Deslocação interna e estatuto de refugiado: devido a</p><p>conflitos complexos, migrações, seca e outros.</p><p>Deslocado: são pessoas forçadas a fugir de suas casas, mas, não</p><p>cruzaram uma fronteira internacional para encontrar um</p><p>santuário, permanecendo dentro do seu país. Permanecem</p><p>legalmente sob proteção das autoridades do governo do seu país,</p><p>ainda que esse governo possa ser o causador do seu</p><p>deslocamento.</p><p>Refugiado: é toda a pessoa que, em razão de fundados temores de</p><p>perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação</p><p>a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora</p><p>de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não</p><p>pode ou não quer regressar ao mesmo, ou devido a grave e</p><p>generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu</p><p>país de nacionalidade para buscar refúgio em outros países.</p><p>Princípios Humanitários</p><p>A área humanitária está sempre a evoluir. Quer seja um</p><p>trabalhador humanitário com anos de experiência ou novo na</p><p>área, a sua contribuição a uma resposta pode depender do seu</p><p>conhecimento sobre o estado actual da acção humanitária e a</p><p>história da resposta humanitária. Os intervenientes humanitários</p><p>no terreno precisam de tomar decisões difíceis, muitas vezes sob</p><p>pressão e com recursos limitados; o conhecimento dos princípios</p><p>que são os fundamentos do trabalho humanitário pode ser uma</p><p>ferramenta inestimável para cumprir esses desafios.</p><p>200</p><p>O conceito de imperativo humanitário significa que devem ser</p><p>tomadas medidas para prevenir ou aliviar o sofrimento humano</p><p>resultante da catástrofe ou conflito, e que nada deve superar este</p><p>princípio. Se as pessoas vão confiar em si, se quer conseguir chegar</p><p>onde precisa e fazer o que precisa, toda a gente tem de acreditar</p><p>que está no local devido a motivos puramente humanitários. Que</p><p>só quer ajudar as pessoas afectadas pela emergência.</p><p>Os princípios humanitários são humanidade, neutralidade,</p><p>imparcialidade e independência.</p><p>1. HUMANIDADE: A noção de humanidade significa que quando</p><p>procura ajuda, tratamos indivíduos como seres humanos, com</p><p>a dignidade que devem ser respeitados. Se a vida de alguém</p><p>for ameaçada, a sua função e a função da sua organização é</p><p>encontrar maneiras de garantir que a assistência ao</p><p>salvamento de vidas e proteção são fornecidas o mais rápido</p><p>possível.</p><p>2. NEUTRALIDADE: O princípio de neutralidade impõe que os</p><p>intervenientes humanos NÃO tomam partidos em hostilidades</p><p>nem façam parte</p><p>nutricionais. Este estado ocorre quando o organismo contém</p><p>quantidades de um ou mais nutrientes inferiores ao normal, ou seja,</p><p>deficiências de macronutrientes (alimentos) e/ou micronutrientes. A</p><p>subnutrição abarca o raquitismo, a debilitação e as deficiências de</p><p>vitaminas e minerais essenciais (referidos colectivamente como</p><p>micronutrientes) (MISAU, 2010).</p><p>Segurança dos alimentos: processo de manuseamento, a preparação e</p><p>16</p><p>a armazenagem dos alimentos de forma a evitar doenças de origem</p><p>alimentar (SETSAN, 2007).</p><p>Segurança alimentar: quando todas as pessoas beneficiam sempre do</p><p>acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros e</p><p>nutritivos que satisfaçam as suas necessidades dietéticas e</p><p>preferências alimentares de modo a garantir uma vida saudável</p><p>(SETSAN, 2007).</p><p>Sensível ao Género: designa uma estratégia de consciencialização</p><p>dedicada ao aumento da sensibilidade das pessoas em relação às</p><p>implicações da desigualdade de género e exige que os problemas</p><p>relativos à discriminação à base do género sejam identificados e</p><p>superados no âmbito de políticas e programas (SETSAN, 2007).</p><p>Vitaminas: são substâncias indispensáveis para o funcionamento do</p><p>organismo. Estas encontram-se em diferentes tipos de alimentos</p><p>(animais e vegetais) e auxiliam no crescimento, na protecção contra</p><p>infecções, na manutenção da saúde, dentre outras funções (Krause,</p><p>2005).</p><p>Sumário</p><p>Neste capítulo trazemos alguns conceitos básicos como forma de</p><p>introduzir o estudante ao Módulo de Nutrição em Saúde Pública. A</p><p>Nutrição é um indicador sobre a qualidade de vida da população.</p><p>Práticas e hábitos alimentares saudáveis contribuem para a prevenção</p><p>de doenças do fórum nutricional. As prácticas e hábitos alimentares</p><p>inadequados contribuem para a ocorrência de problemas nutricionais</p><p>tanto por défice como por excesso, daí a importância da educação</p><p>nutricional para a consciencialização da população para a adopção de</p><p>boas práticas de alimentação e nutrição. Uma alimentação saudável</p><p>deve ser acessível, variada, adequada e segura. Deve ser</p><p>culturalmente aceite e livre de contaminação microbiológica.</p><p>Exercícios de autoavaliação</p><p>1. O que é Nutrição?</p><p>Resposta: Nutrição é a ciência que estuda os alimentos, seus</p><p>nutrientes, bem como a sua interacção, acção e balanço em</p><p>relação à saúde e doença, além dos processos pelos quais o</p><p>organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e excreta os</p><p>nutrientes.</p><p>2. Defina alimentação saudável?</p><p>17</p><p>Resposta: Padrão alimentar adequado às necessidades biológicas</p><p>e sociais dos indivíduos e de acordo com as fases do curso da vida.</p><p>Deve ser acessível (física e financeiramente), saborosa, variada,</p><p>colorida, harmônica e segura quanto aos aspectos sanitários.</p><p>Considera as práticas alimentares culturais e valoriza o consumo</p><p>de alimentos saudáveis regionais (como legumes, verduras e</p><p>frutas), sempre levando em consideração os aspectos</p><p>comportamentais e afectivos relacionados às práticas</p><p>alimentares.</p><p>3. Defina Saúde pública?</p><p>Resposta: é a ciência e a arte que permite pôr em prática os</p><p>conhecimentos e as técnicas fornecidas pelas ciências médicas</p><p>num esforço colectivo e coordenado para manter e melhorar a</p><p>saúde dos indivíduos.</p><p>4. O que é segurança de alimentos?</p><p>Resposta Segurança dos alimentos: processo de manuseamento, a</p><p>preparação e a armazenagem dos alimentos de forma a evitar</p><p>doenças de origem alimentar.</p><p>5. Em suas palavras defina segurança alimentar.</p><p>Resposta: Segurança alimentar: quando todas as pessoas</p><p>beneficiam sempre do acesso físico, social e económico a</p><p>alimentos suficientes, seguros e nutritivos que satisfaçam as suas</p><p>necessidades dietéticas e preferências alimentares de modo a</p><p>garantir uma vida saudável.</p><p>6. O que é aleitamento materno exclusivo?</p><p>Resposta: Aleitamento materno exclusivo (AME): trata-se da</p><p>alimentação de um bebé apenas com leite materno da própria</p><p>mãe ou uma ama-de-leite ou leite materno extraído durante os</p><p>primeiros 6 meses, e sem outros líquidos ou sólidos exceptuando</p><p>as vitaminas, suplementos mineiros ou medicamentos em gotas ou</p><p>xarope.</p><p>7. O que são doenças de origem hídrica?</p><p>Resposta: Doenças de Origem Alimentar: resultam da ingestão de</p><p>alimentos contaminados por microorganismos ou químicos. A</p><p>contaminação dos alimentos pode ocorrer em qualquer etapa do</p><p>18</p><p>processo desde a produção alimentar ao consumo (do produtor à</p><p>mesa) e pode resultar da contaminação ambiental, incluindo a</p><p>poluição da água, do solo ou do ar.</p><p>8. Em suas palavras defina nutrientes.</p><p>Resposta: Nutrientes são substâncias que estão contidas nos</p><p>alimentos e possuem funções variadas no organismo. Podem ser</p><p>encontradas em diferentes alimentos, por isso deve-se variar ao</p><p>máximo na alimentação diária.</p><p>9. O que é alimentação?</p><p>Resposta: Alimentação é o processo pelo qual os seres vivos</p><p>adquirem do mundo exterior os alimentos que compões a dieta.</p><p>10. Descreva a janela de oportunidade.</p><p>Resposta: Janela de oportunidade é o período compreendido entre</p><p>o início da concepção/ gravidez e os dois anos de idade da criança,</p><p>altura em que é irreversível o dano causado pela desnutrição. Se as</p><p>intervenções forem implementadas neste período é possível</p><p>prevenir a desnutrição.</p><p>19</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Principais Grupos de Alimentos</p><p>Introdução</p><p>Pretende-se nesta unidade temática que o estudante tenha o</p><p>domínio dos principais grupos de alimentos segundo o cartaz</p><p>a nossa alimentação que é o guia alimentar implementado no</p><p>país, que descreva as funções de cada grupo e saiba compor</p><p>um menu alimentar adequado.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>• Descrever o cartaz a nossa alimentação;</p><p>• Caracterizar a função de cada grupo de</p><p>alimentos;</p><p>• Elaborar um menu de uma semana.</p><p>Os guias alimentares possuem um carácter educativo associado as</p><p>mensagens simples e objectivas que possibilitam um bom</p><p>entendimento dos conceitos e das recomendações nutricionais pela</p><p>população, mesmo dos diferentes segmentos culturais e</p><p>socioeconómicos.</p><p>Os países desenvolveram guias alimentares que orientam a população</p><p>para a adopção de hábitos de vida saudáveis.</p><p>Os guias são instrumentos oficiais que definem as diretrizes</p><p>alimentares a serem utilizadas na orientação de escolhas de alimentos</p><p>mais saudáveis pela população. Seguindo orientação da Organização</p><p>Mundial da Saúde (OMS), as recomendações são baseadas em</p><p>alimentos e não em nutrientes, contudo, os parâmetros nutricionais</p><p>são considerados, sendo os alimentos organizados em grupos de</p><p>acordo com seus nutrientes principais. Os guias devem incluir também</p><p>a relação existente entre os alimentos e a saúde dos indivíduos.</p><p>O guia alimentar Português é uma roda de alimentos dividida em</p><p>segmentos que representam sete grupos de alimentos: gorduras e</p><p>óleos; leite e produtos lácteos; carne, peixe, frutos do mar e ovos;</p><p>feijões/leguminosas; batata, tubérculos e cereais; legumes; frutas. O</p><p>20</p><p>tamanho de cada segmento de grupo de alimentos reflete o volume</p><p>que o grupo deve contribuir para a dieta diária total. A água está no</p><p>centro da roda de alimentos para destacar a importância do equilíbrio</p><p>de hidratação.</p><p>Figura 1. Exemplo do guia alimentar Português.</p><p>Fonte: http://www.fao.org/3/a-ax433o.pdf http://www.apn.org.pt.</p><p>A pirâmide alimentar apresenta o grupo dos carbohidratos inclui pães,</p><p>cereais, farinhas, biscoitos integrais, arroz e massas. São os chamados</p><p>alimentos energéticos, ricos em carbohidratos complexos, cuja</p><p>absorção é mais lenta que a do açúcar simples e, por isso, possuem</p><p>menor índice glicêmico. A pirâmide reforça a importância dos cereais</p><p>integrais, ricos em fibras, deixando o alimentos integrais como pães,</p><p>cereais, arroz e massas na base, e pão branco, arroz branco, batatas,</p><p>massas comuns e farinhas refinadas no ápice, emparelhados com os</p><p>doces que devem ser consumidos com moderação.</p><p>Figura</p><p>2. Exemplo de pirâmide alimentar.</p><p>Fonte: https://ceepanisioteixeira.wordpress.com/2018/02/27/a-piramide-</p><p>21</p><p>alimentar/.</p><p>Óleos vegetais de boa qualidade como azeite de oliveira, óleo de</p><p>girassol, milho e soja ganharam espaço na base da pirâmide por serem</p><p>ricos em gorduras insaturadas e os chamados ômegas que ajudam o</p><p>sistema cardiovascular e o controle dos lipídeos sanguíneos</p><p>(colesterol). Em outras palavras, a pirâmide salienta que nem todos os</p><p>carbohidratos são bons e nem todas as gorduras são más.</p><p>Dentre os legumes e verduras, agora as verduras escuras estão em</p><p>destaque para consumo. Muitas delas são fonte de vitamina A e</p><p>podem oferecer nutrientes indispensáveis para a saúde do organismo.</p><p>No grupo das carnes, que são fontes de proteínas, agora recomenda-</p><p>se o maior consumo de ovos, peixes e carnes magras. As carnes</p><p>vermelhas possuem maior taxa de gordura que os ovos, frangos e</p><p>peixes, por isso, devem ser consumidas em menor quantidade e</p><p>encontram-se no ápice da pirâmide.</p><p>No grupo de grãos como o feijão, e outras oleaginosas, o grão-de-bico,</p><p>a lentilha, dentre outros. A inclusão das castanhas, nozes, amêndoas e</p><p>amendoins na alimentação é importante, pois são fontes de sais</p><p>minerais, proteínas, vitaminas e gorduras saudáveis.</p><p>Os derivados de leite agora devem ser substituídos pelas versões</p><p>naturais ou desnatados. Eles contém menos açúcar, menos calorias e</p><p>menos gordura, e ainda assim são fontes indispensáveis de cálcio,</p><p>principalmente pela saúde de seus ossos e dentes.</p><p>Os grupos de alimentos devem ser distribuídos ao longo dia, na</p><p>proporção e variedade recomendadas, e os alimentos de um grupo</p><p>não podem ser substituídos por alimentos de outros grupos ou</p><p>excluídos. A alimentação deve ser composta por 4 a 6 refeições</p><p>diárias, distribuídas em três refeições principais (café da manhã,</p><p>almoço, jantar) e em até três lanches intermediários (manhã, tarde e</p><p>noite).</p><p>Moçambique utiliza O Cartaz a Nossa Alimentação como instrumento</p><p>de orientação para educação nutricional tendo em conta a</p><p>multiculturalidade que levam a hábitos e práticas alimentares</p><p>diversificadas.</p><p>No entanto, o cartaz a nossa alimentação apresenta 4 grupos de</p><p>alimentos a saber: alimentos de base, construtores, protectores e de</p><p>energia concentrada. A apresentação em círculos permite uma</p><p>associação fácil dos grupos de alimentos e a adequação dos mesmos</p><p>na preparação de refeições adequadas. A figura 3 abaixo representa o</p><p>22</p><p>“cartaz a nossa alimentação.”</p><p>Figura 3. Cartaz moçambicano “A nossa alimentação”.</p><p>Fonte: MISAU, Departamento de Nutrição, 2016.</p><p>Segundo o Pacote Nutricional Básico (PNB), os alimentos fornecem os</p><p>nutrientes essenciais de que o nosso organismo necessita para realizar</p><p>as funções vitais e manter-se saudável (MISAU, 2009).</p><p>Uma alimentação equilibrada/ saudável em quantidade e qualidade é</p><p>fundamental para a saúde e bem-estar de toda a família. Os alimentos</p><p>são constituídos por nutrientes que têm funções importantes no nosso</p><p>organismo. Assim, uma alimentação equilibrada e saudável deve</p><p>fornecer todos os nutrientes necessários às várias funções em</p><p>quantidade e qualidade, de modo a garantir o bom funcionamento do</p><p>organismo, prevenir deficiências nutricionais e doenças. Os alimentos</p><p>podem ser divididos em 2 grandes grupos:</p><p>Macronutrientes: são as principais fontes de energia e devem ser</p><p>fornecidos ao organismo em maior quantidade. São o grupo dos</p><p>cereais, tubérculos e raízes, o grupo das proteínas e carnes e o grupo</p><p>dos lípidos ou gorduras (MISAU, 2009).</p><p>Os macronutrientes fornecem quantidade de energia diferente.</p><p>23</p><p>Quadro 1: Relação entre os grupos de alimentos e energia fornecida</p><p>(Kilocalorias = kcal).</p><p>Grupo de alimento Energia fornecida</p><p>Cereais, tubérculos e raízes 4Kcal</p><p>Proteínas /carnes 4Kcal</p><p>Lípidos e gordura 9Kcal</p><p>Álcool 7 Kcal (calorias vazias)</p><p>Micronutrientes: importantes para o funcionamento do organismo,</p><p>auxiliam no crescimento, na protecção contra infecções, na</p><p>manutenção da saúde, dentre outras funções. Não fornecem energia</p><p>(MISAU, 2009).</p><p>Cada círculo corresponde a um grupo com diversos alimentos e função</p><p>específica, que são usados para orientar a população sobre como ter</p><p>uma alimentação saudável. Uma alimentação saudável deve conter</p><p>alimentos de cada grupo, quanto mais alimentos o prato tem mais</p><p>colorido ele é e desta forma também mais nutritivo.</p><p>Alimentos construtores/ ricos em proteínas - são macromoléculas, isto</p><p>é, moléculas grandes, constituídas por pequenas unidades chamadas</p><p>aminoácidos importantes para os seres vivos com função de actuar no</p><p>metabolismo como mensageiros químicos, como a insulina e o</p><p>glucagona que controlam a glicemia do sangue e a hormona de</p><p>crescimento denominado somatotrofina, secretado pela hipófise,</p><p>conferem defesa imunológica (imunoglobulinas/anticorpos) (MISAU,</p><p>2009).</p><p>As proteínas de acção enzimática (enzimas) são importantes como</p><p>catalisadores biológicos favorecendo reacções do metabolismo</p><p>celular, como as proteases, a catalase, a desidrogenases, entre outras.</p><p>São boas fontes de proteínas todos os tipos de carnes como: vaca,</p><p>cabrito, carneiros, porco, carne de caça, gafanhoto, caracol, coelho,</p><p>ratazana; peixe fresco e seco, mariscos, moluscos, leite, ovos, galinha,</p><p>pombo, peru, codorniz dentre outras e os diferentes tipos de feijões e</p><p>outros alimentos locais como a couve, espinafre, etc. (MISAU, 2009).</p><p>Alimentos protectores/ vegetais e legumes - ricos em vitaminas e</p><p>minerais que são micronutrientes necessários ao organismo e devem</p><p>ser ingeridos diariamente. Esses micronutrientes são encontrados nos</p><p>alimentos em pequena quantidade, mas indispensáveis para o</p><p>funcionamento normal do organismo e tem como função principal</p><p>fortalecer o sistema imunológico e proteger o organismo de doenças</p><p>(MISAU, 2009).</p><p>24</p><p>As vitaminas são agentes catalisadores das reações químicas que se</p><p>processam no organismo. Existem dois tipos de vitaminas a saber:</p><p>1. Vitaminas Lipossolúveis (dissolvem em gorduras e não em</p><p>água): São elas vitaminas A, D, K e E.</p><p>2. Vitaminas Hidrossolúveis (dissolvem em água): São as</p><p>vitaminas do Complexo B, vitamina C e Folato.</p><p>Os minerais são utilizados pelo organismo em pequenas quantidades</p><p>participam das reações químicas do corpo e sua falta ou deficiência</p><p>pode atrapalhar as funções.</p><p>Neste grupo temos hortaliças e verduras como: as folhas de mandioca,</p><p>abóbora, feijão, batata-doce, cacana, espinafre, amaranto, repolho,</p><p>beterraba, couve e alface, tomate, cebola, abóbora, cenoura, frutas</p><p>como a laranja, toranja, limão, banana, manga, papaia, ananás,</p><p>maracujá, maphilwa, malambe, massala, dentre outras hortaliças,</p><p>verduras e frutas locais (MISAU, 2009).</p><p>Alimentos de base/ cereais, tubérculos e raízes: são formados</p><p>principalmente por hidratos de carbono que fornecem energia</p><p>necessária para o funcionamento do organismo (corpo). Os alimentos</p><p>de base são os cereais como: o arroz, milho, mapira, mexoeira, trigo,</p><p>centeio, cevada, aveia e os tubérculos como a mandioca, batata-doce,</p><p>batata reno, inhame, banana verde cozida, os pseudocereais e outros</p><p>cereais e tubérculos locais e seus derivados. Os cereais integrais ou</p><p>não processados fornecem para além de energia para o</p><p>funcionamento do organismo, vitaminas, minerais e fibras</p><p>importantes para o fortalecimento do sistema imunológico (MISAU,</p><p>2009).</p><p>Alimentos de energia concentrada/ lípidos / gorduras: são compostos</p><p>químicos orgânicos que ocorrem na natureza. Apresentam as mais</p><p>variadas composições, proporcionando uma diversidade imensa de</p><p>funções biológicas. Aparecem como co-factores enzimáticos,</p><p>pigmentos fotossensíveis que ajudam nos dobramentos de proteínas,</p><p>no trato digestivo como agentes emulsificantes, como hormônios,</p><p>entre outras funções (MISAU, 2009).</p><p>Sua principal característica é a insolubilidade em água, devido a sua</p><p>estrutura química. Mas são solúveis em solventes orgânicos como</p><p>éter, acetona, álcool, etc. Os lipídios apresentam</p><p>em comum na sua</p><p>composição carbono, hidrogênio e oxigénio. Mas podem conter</p><p>nitrogênio, fósforo e enxofre.</p><p>Estes alimentos devem ser consumidos em pequenas quantidades. As</p><p>25</p><p>gorduras/lípidos são os óleos vegetais, que podem ser produzidos a</p><p>partir do amendoim, mafurra, girassol, coco, azeite, semente de</p><p>abóbora, semente de canhu, semente de malambe, etc. Gordura</p><p>animal, como: a manteiga, a banha de porco. O amendoim, castanha</p><p>de caju, gergelim, sementes de girassol, abobora, açúcar, cana-de-</p><p>açúcar, mel, e outras gorduras locais (MISAU, 2009).</p><p>Água</p><p>A água está também representada no cartaz a nossa alimentação.</p><p>Fazendo parte da composição de todos os alimentos e ainda a sua</p><p>extrema importância para a saúde e para o bom funcionamento do</p><p>nosso organismo. De facto a água é imprescindível à vida, possuindo</p><p>funções essenciais no nosso organismo: transporte de nutrientes e de</p><p>produtos resultantes do metabolismo, regulação da temperatura</p><p>corporal, interferência no funcionamento de todos os sistemas e</p><p>órgãos, sendo o meio onde são realizadas todas as reações do</p><p>organismo (MISAU, 2016).</p><p>A água hidrata e é essencial para a saúde! Sem o consumo regular de</p><p>água e em quantidade suficiente o organismo funciona com</p><p>dificuldades afectando diversos órgãos e sistemas como o sistema</p><p>renal (factor de risco para insuficiência renal aguda e crónica e</p><p>nefropatia diabética), a diminuição da secreção de saliva, o</p><p>aparecimento de obstipação/ prisão de ventre, o aumento da pressão</p><p>arterial (factor de risco de doença coronária), a presença de dores</p><p>musculares, dores de cabeça e pele e cabelos secos. O consumo de</p><p>água deve ser regular ao longo do dia, em pequenas quantidades de</p><p>cada vez. Consuma pelo menos 1,5 a 2l de água por dia (OMS, 2010).</p><p>Segundo o Plano de Acção Multissectorial para a Redução da</p><p>Desnutrição Crónica (PAMRDC, 2010), um estudo conduzido na</p><p>província da Zambézia mostrou que a qualidade da dieta das mães e</p><p>das suas crianças é pobre e que uma grande proporção da população</p><p>não tem uma dieta variada. Embora a dieta forneça a energia</p><p>necessária, esta é pobre em gordura e proteína, assim como em</p><p>micronutrientes como o ferro. O mesmo estudo refere que a</p><p>diversidade da dieta é extremamente baixa.</p><p>Estudos sobre factores que influenciam a alimentação no nosso país</p><p>ainda são muito escassos os quais apontam para os hábitos culturais e</p><p>tabus como o principal factor seguido do poder de decisão,</p><p>disponibilidade de alimentos e a falta de conhecimento sobre</p><p>alimentação saudável (MISAU, 2002).</p><p>O comportamento alimentar tem um papel determinante para a</p><p>26</p><p>saúde, uma vez que a prática de uma alimentação saudável é um</p><p>elemento essencial para a qualidade de vida e a saúde (física, social,</p><p>económica e psicológica) dos indivíduos.</p><p>Alimentação saudável- é aquela que tem todos os nutrientes que</p><p>necessitamos para nos manter vivos, garantindo um bom crescimento</p><p>e desenvolvimento. Deve ser higienicamente segura, respeitar as</p><p>preferências individuais, ter em conta a renda familiar, disponibilidade</p><p>de alimentos e valorizar os aspectos culturais e regionais. Deve ser</p><p>baseada em práticas de produção sustentáveis. É importante que seja</p><p>variada, equilibrada e saborosa (MISAU, 2009).</p><p>A alimentação saudável deve ser segundo o MISAU (2009):</p><p>Variada: Que inclui vários grupos de alimentos, que fornecem</p><p>diferentes nutrientes (alimentos de base (cerais, tubérculos e raízes),</p><p>protectores (vitaminas e sais minerais), construtores (proteínas) e de</p><p>energia concentrada (gorduras e lípidos).</p><p>Colorida: Quanto mais colorida é a alimentação, mais adequada é em</p><p>termos de nutrientes, além disto, as cores tornam a refeição mais</p><p>atrativa e convidativa.</p><p>Equilibrada: Em quantidades que atendam e respeitem as</p><p>necessidades de cada pessoa tendo em conta o gasto</p><p>energético/calórico.</p><p>Acessível: Baseada em alimentos naturais produzidos e</p><p>comercializados regionalmente (acessibilidade física), e a um menor</p><p>custo (acessibilidade financeira).</p><p>Culturalmente aceite: Respeitar os hábitos e práticas da comunidade,</p><p>valorizando os alimentos localmente disponíveis.</p><p>Higienicamente segura: os alimentos devem estar livres de qualquer</p><p>tipo de contaminação. Os diferentes tipos de contaminação podem</p><p>ser:</p><p>➢ Biológica: Quando microrganismos indesejáveis, como</p><p>bactérias, fungos, vírus ou parasitas, estão presentes no</p><p>alimento.</p><p>➢ Química: Os alimentos podem ser contaminados por produtos</p><p>químicos, quando estes são usados de maneira indevida em</p><p>alguma das etapas da cadeia produtiva. É o caso dos</p><p>agrotóxicos e fertilizantes utilizados no cultivo de frutas,</p><p>verduras, legumes e cereais.</p><p>➢ Física: Ocorre quando materiais estranhos como pedaços de</p><p>27</p><p>metal, madeira, pregos, lâminas, vidros, pedras, ossos estão</p><p>presentes no alimento.</p><p>Uma alimentação equilibrada em quantidade e qualidade é</p><p>fundamental para a saúde e bem-estar de toda a família. Os alimentos</p><p>são constituídos por nutrientes que têm funções importantes no nosso</p><p>organismo. Assim, uma alimentação equilibrada e saudável deve</p><p>fornecer todos os nutrientes necessários às várias funções em</p><p>quantidade e qualidade, de modo a prevenir deficiências nutricionais e</p><p>doenças.</p><p>Uma boa indicação de que estamos a comer bem é observar se a</p><p>refeição é colorida, quanto mais alimentos de cores diferentes temos</p><p>no prato, mais saudável é a alimentação, as cores dos alimentos são</p><p>indicativos de seus nutrientes.</p><p>Figura 4. Composição de um prato saudável</p><p>Fonte: https://dicasemforma.pt/composicao-do-prato-ideal/</p><p>Segundo MISAU, 2009, para compor um prato saudável é necessário</p><p>saber escolher correctamente os alimentos que vão compor a</p><p>refeição, sendo que a preferência deve ser para carnes magras,</p><p>feijões, verduras e legumes.</p><p>O prato deve conter um alimento de cada grupo, o prato deve conter</p><p>pelo menos 5 cores diferentes, quanto mais colorido for o prato mais</p><p>saudável ele é.</p><p>Deve fazer pelo menos 3 refeições principais por dia (matabicho,</p><p>almoço e jantar) e 2 lanches nos intervalos das refeições (lanche da</p><p>manhã e da tarde).</p><p>De todas as refeições do dia, o matabicho/pequeno-almoço é a mais</p><p>importante. Entre a última refeição do dia e a primeira, há um longo</p><p>período em jejum. Durante o sono, o organismo continua trabalhando</p><p>28</p><p>para manter as funções básicas e gasta energia. Ao acordar, é</p><p>necessário fornecer energia para as tarefas do novo dia. O</p><p>matabicho/pequeno-almoço oferece, entre outros nutrientes, cereais</p><p>e tubérculos, principal fonte de energia. Não tomar o</p><p>matabicho/pequeno-almoço diminui a nossa capacidade de</p><p>concentração, o metabolismo fica mais lento e sentimos mais fome na</p><p>hora do almoço. O ideal é combinar uma fruta, um cereal/tubérculo e</p><p>proteínas.</p><p>Ao almoço e ao jantar, sirva na metade do prato vegetais crus e</p><p>cozidos. Para a outra metade, faça da seguinte forma: divida 1/4 com</p><p>uma porção de proteína animal (carne de vaca ou frango ou peixe –</p><p>tirando a gordura visível – ou ovos) e uma porção de proteína vegetal</p><p>(feijão de todos os tipos incluindo, soja e lentilha). Complete o 1/4</p><p>restante com alimentos ricos em cereais/tubérculos. De preferência</p><p>em sua forma integral (arroz, batatas, mandioca, mandioca, farinhas).</p><p>Nos intervalos dos lanches consuma fruta da época (é mais rica em</p><p>vitaminas e minerais), Iogurtes desnatados, queijos magros, leite</p><p>desnatado, leite de soja sem açúcar, queijos processados reduzidos</p><p>em gorduras, leite fermentado, Biscoitos de fibras, bolachas integrais,</p><p>barras de cereais sem açúcar e ricas em fibras, cereal integral sem</p><p>açúcar, torradas com fibras, mandioca, batata-doce,</p><p>biscoitos/bolachas caseiras (MISAU, 2009).</p><p>10 Passos para uma alimentação saudável</p><p>Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável são orientações</p><p>práticas sobre alimentação para pessoas saudáveis com mais de dois</p><p>anos de idade.</p><p>1. Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras.</p><p>Coma-os cinco vezes por dia.</p><p>2. Coma feijão</p><p>pelo menos uma vez por dia, no mínimo quatro</p><p>vezes por semana.</p><p>3. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com</p><p>gordura aparente, salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos,</p><p>para no máximo uma vez por semana.</p><p>4. Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa.</p><p>5. Faça pelo menos três refeições e dois lanches por dia. Não salte</p><p>as refeições.</p><p>6. Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros</p><p>alimentos ricos em açúcar para no máximo duas vezes por</p><p>semana.</p><p>7. Reduza o consumo de álcool e refrescos. Evite o consumo</p><p>diário destes alimentos.</p><p>29</p><p>8. Aprecie sua refeição. Mastigue e coma devagar.</p><p>9. Mantenha seu peso dentro de limites saudáveis.</p><p>10. Seja activo. Pratique pelo menos trinta minutos de actividade</p><p>física todos os dias. Caminhe pelo seu bairro. Suba escadas.</p><p>Não passe muitas horas assistindo televisão ou sentado.</p><p>Sumário</p><p>O cartaz a nossa alimentação é o guia alimentar do país e é usado para</p><p>educar a população sobre como ter uma alimentação saudável com</p><p>base em alimentos localmente disponíveis. O cartaz apresenta 4</p><p>grupos alimentares: alimentos de base, construtores, protectores e de</p><p>energia concertada. Um prato saudável deve conter pelo menos um</p><p>alimento de cada grupo. Para ter uma alimentação saudável deve-se</p><p>consumir por dia 3 refeições principais e 2 lanches nos intervalos entre</p><p>as refeições. Quanto mais colorido for o prato mais nutritivo e</p><p>saudável ele é e mais energia, vitaminas e minerais ele oferece.</p><p>Exercícios de auto-avaliação</p><p>1. Descreva o guia alimentar moçambicano o cartaz a nossa</p><p>alimentação.</p><p>Resposta: o cartaz a nossa alimentação apresenta 4 grupos de</p><p>alimentos, onde três grupos de alimentos acompanhantes (são</p><p>os caris) estão a volta do grupo dos alimentos de base. O cartaz</p><p>também apresenta a água que é importante para as diferentes</p><p>reacções no organismo e recomenda a prática regular da</p><p>actividade física.</p><p>2. Quais são os principais grupos de alimentos segundo o cartaz a</p><p>nossa alimentação?</p><p>Resposta: Os principais grupos alimentares segundo o cartaz a</p><p>nossa alimentação são: alimentos de base, alimentos</p><p>construtores, alimentos protectores e alimentos de energia</p><p>concentrada.</p><p>3. Defina alimentação saudável?</p><p>Resposta: Padrão alimentar adequado às necessidades biológicas</p><p>e sociais dos indivíduos e de acordo com as fases do curso da</p><p>vida. Deve ser acessível (física e financeiramente), saborosa,</p><p>variada, colorida, harmônica e segura quanto aos aspectos</p><p>sanitários.</p><p>4. Qual é a função do grupo dos alimentos construtores?</p><p>Resposta: Fornecem proteínas que têm como principal tarefa:</p><p>Construção e reparação dos tecidos do corpo, Produção de</p><p>30</p><p>anticorpos. Cada grama fornece 4 kcal. Quem necessita mais</p><p>destes alimentos? Crianças em fase de crescimento, Mulheres</p><p>grávidas e lactantes indivíduos doentes.</p><p>5. Qual é a função do grupo dos alimentos protectores?</p><p>Resposta: fornecem vitaminas e minerais que tem como</p><p>principal tarefa fortalecer o sistema imunológico e proteger o</p><p>organismo de doenças. Cada grama fornece 4 Kcal.</p><p>6. Quantas refeições deve-se fazer por dia?</p><p>Resposta: Por dia deve-se fazer pelo menos 3 refeições</p><p>principais que são o matabicho/pequeno-almoço, o almoço e o</p><p>jantar e 2 lanches nos intervalos entre as refeições.</p><p>7. Quais são as características de uma alimentação saudável?</p><p>Resposta: Uma alimentação saudável deve ser variada,</p><p>colorida, equilibrada, acessível, culturalmente aceite,</p><p>higienicamente segura (biológica, química e fisicamente).</p><p>8. Qual é a principal refeição do dia?</p><p>Resposta: A principal e a mais importante refeição do dia é o</p><p>matabicho/ pequeno-almoço porque entre a última refeição do</p><p>dia que é o jantar e a primeira (matabicho), há um longo</p><p>período em jejum. Durante o sono, o organismo continua</p><p>trabalhando para manter as funções básicas e gasta energia. Ao</p><p>acordar, é necessário fornecer energia para as tarefas do novo</p><p>dia.</p><p>9. Quais são alimentos que fazem parte do grupo de alimentos de</p><p>base existentes em Moçambique?</p><p>Resposta: Fazem deste grupo de alimentos a mapira, mexoeira,</p><p>milho, batata reno, batata-doce, mandioca, madumbe, trigo, e</p><p>outros localmente conhecidos.</p><p>10. Como deve ser o nosso prato para ser saudável?</p><p>Resposta: o prato deve ser colorido, o prato deve conter um</p><p>alimento de cada grupo, deve conter pelo menos 5 cores</p><p>diferentes. Metade do prato de ter vegetais crus e cozidos a</p><p>outra metade, deve ser divida 1/4 com uma porção de proteína</p><p>animal (carne de vaca, frango, peixe – tirando a gordura visível</p><p>– ou ovos) e uma porção de proteína vegetal (feijão de todos</p><p>os tipos incluindo, soja e lentilha), complete o 1/4 restante com</p><p>alimentos ricos em cereais/tubérculos.</p><p>31</p><p>UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Factores que Influenciam os Hábitos alimentares</p><p>Introdução</p><p>Pretende-se nesta unidade temática que o estudante tenha o domínio</p><p>sobre os factores que influenciam os hábitos alimentares.</p><p>Ao completar esta unidade, você será capaz de:</p><p>Objectivos</p><p>▪ Entender o que são hábitos alimentares;</p><p>▪ Descrever o papel dos hábitos alimentares na alimentação</p><p>infantil;</p><p>▪ Relacionar hábitos alimentares e malnutrição.</p><p>O comportamento alimentar tem um papel determinante para a</p><p>saúde, uma vez que a prática de uma alimentação saudável é um</p><p>elemento essencial para a qualidade de vida e a saúde (física, social,</p><p>económica e psicológica) dos indivíduos.</p><p>A prática inadequada do aleitamento materno exclusivo e aleitamento</p><p>continuado, o baixo consumo de frutas e vegetais e o baixo consumo</p><p>de peixe são os factores de risco alimentar mais evidentes, segundo</p><p>vários estudos realizados no país. Em relação aos outros factores de</p><p>risco foram identificados o consumo excessivo de sal (sódio) e</p><p>açúcares simples. Em relação ao último, os dados existentes alertam a</p><p>um consumo excessivo de refrescos principalmente pelos</p><p>adolescentes e uma percentagem alta de consumo de alimentos</p><p>açucarados pelas crianças dos 6-23 meses de idade. É também</p><p>importante quantificar-se o consumo de açúcar e sal pelos vários</p><p>grupos etários e procurar entender os factores que levam a estes</p><p>comportamentos. Por último, apesar da Organização Mundial de</p><p>Saúde e outras organizações identificarem certos tipos de gordura</p><p>(gorduras transformadas) e carnes (especialmente as processadas)</p><p>como factores de risco para algumas doenças não transmissíveis, e</p><p>alimentos ricos em ácidos gordos essenciais ómega-3 como factores</p><p>de protecção para estas doenças.</p><p>32</p><p>Para além da amamentação e alimentação complementar, o estado</p><p>nutricional da criança é influenciado pelo consumo de uma dieta</p><p>adequada (as práticas de alimentação infantil e a ingestão alimentar</p><p>da criança), bem como a exposição às doenças. O UNICEF considera o</p><p>apoio para a amamentação e alimentação complementar, em</p><p>conjunto com esforços visando abordar a segurança alimentar e</p><p>prevenir e controlar doenças, como sendo as intervenções mais</p><p>eficazes para reduzir a desnutrição como as acções sensíveis e</p><p>específicas à nutrição. Contudo, a promoção da alimentação infantil é</p><p>complexa e diferente, de muitas intervenções na área da saúde,</p><p>exigindo para tal, acções deliberadas e bem implementadas para</p><p>compreender e responder aos desafios da alimentação infantil, tendo</p><p>em conta os hábitos culturais, questões de género e a forma como os</p><p>recursos alimentares estão disponíveis ou acessíveis para as famílias.</p><p>Um estudo sobre conhecimentos atitudes e prática realizado pela</p><p>ANSA 2016, constatou que apesar de uma grande disponibilidade de</p><p>alimentos, a observação aos mercados e quando questionadas sobre</p><p>os alimentos produzidos por elas (as mães) afirmam que produzem</p><p>vários alimentos tais como: milho, hortícolas, mandioca, batata-doce,</p><p>cocos e frutas da época, nos mercados também existia uma grande</p><p>oferta de mariscos como peixe, caranguejo e camarão seco por se</p><p>tratar de uma zona costeira, e de óleos, tomate e cebola. Com tanta</p><p>disponibilidade</p>