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<p>O ensino de mandos e tatos</p><p>2</p><p>PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO.</p><p>Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais</p><p>3</p><p>O autismo é um transtorno relacionado ao neurodesenvolvimento no qual, o indivíduo</p><p>apresenta prejuízos significativos em diversas áreas da vida, déficits persistentes na</p><p>comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, e padrões restritos e</p><p>repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades.</p><p>Percebe-se que existe uma necessidade de intervenção para construção de repertórios</p><p>úteis, deve-se considerar a complexidade e dificuldade envolvidas no tratamento do</p><p>autismo, dado o caráter permanente do transtorno ao longo da vida.</p><p>Focar nos déficits do comportamento verbal tem sido apontado como uma alternativa de</p><p>intervenção promissora, uma vez que, as dificuldades na linguagem acarretam diversos</p><p>prejuízos para as crianças com autismo na aprendizagem de outras áreas como a escolar</p><p>e a de relações sociais.</p><p>Para contextualizar o Comportamento Verbal são os sons linguísticos que são emitidos e</p><p>reforçados como qualquer outro comportamento. Inserido nele, temos os “Operantes</p><p>Verbais” que são unidades funcionais da linguagem.</p><p>Operantes Verbais alteram o ambiente, mas também sofrem alterações ambientais.</p><p>O mando é um dos primeiros repertórios verbais a ser adquirido e, portanto, ressaltado</p><p>como prioridade de ensino, uma vez que é controlado por aspectos motivacionais mais</p><p>facilmente possíveis de controle. É por meio dele que a criança desenvolve as outras</p><p>habilidades linguísticas dos outros operantes verbais, como por exemplo, o tato.</p><p>A importância do ensino do mando é a capacidade de pedir e recusar coisas de modo</p><p>funcional; fundamental para o decréscimo de comportamentos disruptivos, como birras e</p><p>agressões. Seu ensino possibilita a aquisição de outras competências linguísticas, como o</p><p>tato e o ensino concomitante do repertório ecoico. Também pode ser vantajoso o ensino</p><p>de mandos para melhor desempenho em habilidades sociais, possibilitando que a criança</p><p>inicie interações e brinque reciprocamente.</p><p>O papel mais importante de um amplo repertório de mando, especificamente para</p><p>pessoas com desordens do desenvolvimento, é permitir o acesso a reforçadores</p><p>incondicionados e condicionados e aumentar o valor da interação com outros membros da</p><p>comunidade verbal.</p><p>Então, o operante verbal no qual, as respostas são reforçadas para consolidar-se no</p><p>repertório, por eventos específicos e estão sob controle de condições antecedentes de</p><p>privação ou estimulação aversiva. Dessa forma, motivando o indivíduo.</p><p>É o único dos operantes verbais que beneficia diretamente o falante, ou seja, é por si só</p><p>reforçador. O mando pode ser ensinado através de situações nas quais, é apresentado um</p><p>estímulo (físico ou verbal) e o indivíduo deve solicitar/comandar. Por exemplo, diante de</p><p>uma privação de água, na qual a operação motivacional é a sede, e o indivíduo realiza o</p><p>mando, solicitando “quero água”.”</p><p>O ensino do tato diferentemente do mando, não há necessidade de um estado de privação</p><p>ou de estimulação aversiva para sua emissão. Assim como no ecoico, o reforçador é</p><p>4</p><p>generalizado como atenção ou elogio. Um exemplo de comportamento de tato é nomear</p><p>eventos, ações, objetos e pessoas. A seguir veremos um exemplo em forma de registro</p><p>deste ensino. Ou seja, em um determinado ambiente, no qual temos esses itens, podemos</p><p>mostrar uma cadeira e perguntar “O que é isso?”. Assim que ele responder, tatear e</p><p>nomear - você consequência e oferece um reforço.</p><p>É importante o ensino dessas habilidades, principalmente em indivíduos com TEA, visto</p><p>que eles apresentam déficits nas habilidades de comunicação. Dessa forma, o ensino foca</p><p>em melhorar a interação e a comunicação desses indivíduos. Então, ao facilitar o ensino</p><p>de um operante verbal, também será facilitado o ensino dos outros. Vale ressaltar que,</p><p>cada indivíduo é único, e por isso os procedimentos precisam ser adaptados</p><p>exclusivamente caso a caso.</p><p>Concluindo, é necessária uma privação para ter uma operação motivacional, e após isso a</p><p>criança solicitar o mando. Já o tato, não precisa de privação e o indivíduo por si só já é o</p><p>reforço.</p><p>5</p><p>Referências</p><p>BORBA, Marilu Michelly Cruz de et al. Efeito de intervenção via cuidadores sobre</p><p>aquisisção de tato com autoclitico em crianças com TEA. Revista Brasileira de Análise</p><p>do Comportamento, [S.l.], v. 11, n. 1, set. 2016. ISSN 2526-6551.</p><p>COLODETTI, Camila; FASSARELLA, Layane. Ensino de Mando por Informação: a criança</p><p>com autismo utilizando a pergunta “qual”?. In: ANAIS DO V CONGRESSO INTERNACIONAL E</p><p>XXV BRASILEIRO DA ABENEPI, 2019, Vitória. Anais eletrônicos... Campinas, Galoá, 2019.</p><p>DIB, Rodolfo Ribeiro et al. O ensino de mando vocal para crianças com Transtorno</p><p>do Espectro Autista: o efeito do atraso gradual do modelo ecoico. 2017.</p><p>ESTEVES, Raquel Chaguri; LUCCHESI, Fernando Del Mando; ALMEIDA-VERDU, Ana Claudia</p><p>M. Ensino de ecoico, tato e mando: uma revisão bibliográfica dos artigos do Journal of</p><p>Applied Behavior Analysis (JABA). Revista Brasileira de Terapia Comportamental e</p><p>Cognitiva, v. 16, n. 2, p. 109-124, 2014.</p><p>GOMES, Máyra Laís de Carvalho et al. Efeitos do ensino do ecoico aliado a repertórios</p><p>básicos de leitura sobre a nomeação de palavras em crianças com deficiência intelectual.</p><p>Temas em Psicologia, v. 25, n. 1, p. 319-334, 2017.</p><p>GOYOS, Celso. ABA: Ensino da fala para pessoas com autismo. São Paulo: Edicon, 2018.</p><p>GUERRA, Bárbara. Ensino de operantes verbais e requisitos para ensino por</p><p>tentativas discretas em crianças com transtorno do espectro autista (TEA). 2015.</p><p>GUERRA, Bárbara Trevizan; VERDU, Ana Claudia Moreira Almeida. Ensino de operantes</p><p>verbais em pessoas com Transtorno do Espectro Autista no The Analysis of Verbal</p><p>Behavior: revisão sistemática. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e</p><p>Cognitiva, v. 18, n. 2, p. 73-85, 2016.</p><p>GUIMARÃES, Mariana Chernicharo; MICHELETTO, Nilza. Procedimento para ensino de</p><p>mandos e para promover variação na topografia das respostas em crianças autistas.</p><p>Estudos de Psicologia, v. 22, n. 4, p. 366-377, 2017.</p><p>LIMA, Maria Helena do Carmo Gomes et al. Ensino do operante verbal tato: uma</p><p>revisão de estudos em periódicos. 2019.</p><p>NUNES, Débora Regina de Paula; NUNES SOBRINHO, Francisco de Paula. Comunicação</p><p>alternativa e ampliada para educandos com autismo: considerações metodológicas.</p><p>Revista Brasileira de Educação Especial, v. 16, p. 297-312, 2010.</p><p>RIBEIRO, Daniela Mendonça et al. Efeitos do ensino do tato na emergência da</p><p>categorização em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Acta</p><p>Comportamentalia: Revista Latina de Análisis de Comportamiento, v. 26, n. 1, p. 71-91,</p><p>2018.</p>