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<p>Professor Wagner Damazio</p><p>1000 Questões Gratuitas de Direito Administrativo (Resolvidas e Comentadas)</p><p>1000 Questões Gratuitas de Direito Administrativo</p><p>www.estrategiaconcursos.com.br</p><p>852</p><p>1436</p><p>Comentários</p><p>A questão trata sobre as condições de tratamento do preso durante o cumprimento da pena nos</p><p>presídios. O STF vem decidindo pela responsabilidade objetiva do Estado quando são descumpridos</p><p>os preceitos da dignidade da pessoa humana, como veremos a seguir:</p><p>RECURSO EXTRAORDINÁRIO – CÁRCERE – INSTALAÇÕES – ESTADO –OMISSÃO – DANO MORAL –REPARAÇÃO –</p><p>PRECEDENTE – PROVIMENTO. 1. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, reformando o</p><p>entendimento do Juízo, julgou improcedente o pedido de indenização por danos morais. No extraordinário cujo</p><p>trânsito busca alcançar, o recorrente afirma a violação do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. Aponta</p><p>responsabilidade civil do Estado por não oferecer tratamento digno aos presos. 2. Sobre o tema de fundo, a</p><p>decisão proferida está em desconformidade com a jurisprudência do Supremo. O Pleno, no recurso extraordinário</p><p>nº 580.252, relator o ministro Alexandre de Moraes, acórdão veiculado no Diário da Justiça de 11 de setembro</p><p>de 2017, assentou, sob o ângulo da repercussão geral, a obrigação do Estado em ressarcir danos, inclusive</p><p>morais causados aos detentos em virtude da falta ou da insuficiência de condições legais de recolhimento.</p><p>Concluiu que a garantia mínima de segurança pessoal, física e psíquica dos presos constitui dever estatal,</p><p>sendo incabível o princípio da reserva do possível. O Estado está compelido pela Lei Maior a manter e</p><p>preservar a integridade física e moral do preso. A omissão é conducente ao controle judicial, uma vez em jogo</p><p>direito fundamental versado na Constituição Federal. 3. Conheço do agravo e o provejo, consignando o</p><p>enquadramento do extraordinário no permissivo da alínea a do artigo 102 da Constituição Federal. Considerado</p><p>o precedente do Plenário, provejo o extraordinário para, reformando o acórdão recorrido, restabelecer o contido</p><p>na sentença. 4. Publiquem. Brasília, 10 de dezembro de 2018. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (STF - ARE:</p><p>1173212 RS - RIO GRANDE DO SUL, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 10/12/2018, Data de</p><p>Publicação: DJe-267 13/12/2018) (grifos não constantes do original)</p><p>Dessa forma, o Estado responde objetivamente quando deixar de garantir a dignidade da pessoa</p><p>humana aos presos no cumprimento da pena, podendo gerar obrigação de pagar indenizações, tanto</p><p>materiais quanto morais.</p><p>Vamos aos comentários:</p><p>a) incorreto. A comprovação de culpa da fiscalização é incabível, uma vez que a responsabilidade é</p><p>objetiva, devendo ser observados os seguintes requisitos: conduta do agente, dano e nexo de</p><p>causalidade. A verificação da culpa está no campo da responsabilidade subjetiva, que visa verificar</p><p>se o agente público procedeu com culpa ou dolo para futura responsabilização em ação regressiva.</p><p>b) incorreto. A comprovação de insuficiência de recursos públicos não gera motivo para o Estado ter</p><p>excluída a sua responsabilidade pelos danos causados aos detentos.</p><p>c) incorreto. O argumento de que o Estado não aplicou regularmente os recursos públicos na área</p><p>de segurança pública não gera a responsabilidade de indenização. O que gera a responsabilização é</p><p>a observância dos três requisitos: conduta, dano e nexo de causalidade.</p><p>d) incorreto. Ficando caracterizada a responsabilidade objetiva do Estado, poderá ocorrer tanto</p><p>indenização por danos materiais quanto indenização por danos morais.</p>