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Resumo Pâncreas normal

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Pâncreas
Morfologia – Patologia dos sistemas de órgãos
Robbins
 Normal
	 O pâncreas tem importantes funções endócrinas e exócrinas, e as doenças que o acometem causam importantes morbidade e mortalidade. Apesar da importância fisiológica do pâncreas, a localização retroperitoneal da glândula e os sinais e sintomas vagos associados com lesão da glândula possibilitam que muitas doenças progridam relativamente sem serem notadas durante extensos períodos de tempo. As doenças do pâncreas assim permanecem uma fonte contínua de frustração na medicina moderna.
	 O pâncreas adulto é um órgão retroperitoneal orientado transversalmente que se estende da alça em “C” do duodeno ao hilo do baço. Em média, mede 20cm de comprimento e pesa 90g em homens e 85g em mulheres. Embora não possua sub-divisões anatômicas bem divididas, a vasculatura adjacente pode ser usada para separar o pâncreas em três partes: a cabeça, o corpo e a cauda.
	 O sistema ductal pancreático é altamente variável. O ducto pancreático principal, também conhecido como ducto de Wirsung, drena mais comumente para dentro do duodeno na papila de Vater, enquanto o ducto pancreático acessório, também conhecido como ducto de Santorini, mais frequentemente drena para dentro do duodeno através de uma papila menor separada, aproximadamente 2cm, cefálica (proximal) á papila maior de Vater. Em muitos adultos, o ducto pancreático principal funde-se com o ducto colédoco proximal á papila de Vater, criando assim a ampola de Vater, um canal comum para drenagem biliar e pancreática. Devido á variabilidade do desenvolvimento, no entanto, essa arquitetura ductal pode diferir imensamente de paciente para paciente.
	 Embriologicamente, o pâncreas origina-se da fusão de projeções dorsal e ventral do tubo digestivo anterior. Durante o desenvolvimento embrionário inicial, os primórdios pancreáticos dorsal e ventral empreendem uma rotação e fundem-se, aproximadamente na sétima semana de gestação, para formar uma glândula única. A maior parte da glândula, incluindo o corpo, a cauda, a área superior/anterior da cabeça e o ducto acessório de Santorini, é derivada do primórdio dorsal. Embora o primórdio ventral dê origem somente á parte posterior/inferior da cabeça do pâncreas, o primórdio ventral é importante porque drena para dentro da papila de Vater. A fusão dos sistemas dos ductos ventral e dorsal permite que a maior parte da glândula drene através da papila de Vater, a maior.
	 Embora o órgão obtenha seu nome do grego pankreas, “todo carne”, o pâncreas é, na verdade, um órgão lobulado complexo com componentes distintos exócrino e endócrino. A porção exócrina da glândula, que produz enzimas, constitui 80% a 85% do órgão. A porção endócrina é composta de cerca de um milhão de agregados de células, as ilhotas de Langerhans. As células das ilhotas secretam insulina, glucagon e somatostatina e constituem apenas 1% a 2% do órgão. As doenças do pâncreas endócrino são descritas em detalhes no capítulo 24.
	 O pâncreas exócrino é composto de células acinosas, as quais produzem as enzimas necessárias para a digestão, e uma série de dúctulos e ductos que transportam as secreções para o duodeno. As células acinosas são células epiteliais de forma piramidal que são orientadas radialmente em torno de uma luz central, cuja porção basal é profundamente basófila e contém abundante retículo endoplasmática; e essas células também são dotadas de um complexo de Golgi supra-nuclear bem desenvolvido, que faz parte de uma via secretória orientada apicalmente (luminalmente) que forma grânulos de zimogênio, associados com a membrana, os quais contêm as enzimas digestivas. Os grânulos de zimogênio conferem uma aparência granulosa eosinofílica típica dos ápices das células acinosas. Quando as células acinosas são estimuladas a secretar, os grânulos contendo zimogênio migram apicalmente, fundem-se com a membrana plasmática apical e liberam o seu conteúdo para dentro da luz acinosa central.
	 Essas secreções são então transportadas para o duodeno através de uma série de ductos anastomosados. Curiosamente, as células epiteliais que revestem os ductos são também participantes ativos na secreção pancreática. Os dúctulos menores, revestidos por células epiteliais cuboides, secretam um líquido rico em bicarbonato. As células epiteliais que revestem os ductos maiores são mais colunares e produzem mucina. Além disso, as células epiteliais dos maiores ductos pancreáticos expressam o regulador da condutância trans-membrânica da fibrose cística, o qual desempenha um importante papel na fisiopatologia da doença pancreática nos pacientes com fibrose cística (capítulo 10).
	 O pâncreas secreta de dois a dois litro e meio por dia de um líquido rico em bicarbonato e que contém enzimas e pró-enzimas digestivas. A regulação dessa secreção envolve tanto estimulação neural mediada por nervos vagais (acetilcolina) quanto fatores humorais. Os mais importantes dos últimos são os hormônios secretina e colecistoquinina, produzidos no duodeno. A secretina estimula secreção de água e bicarbonato pelas células ductais, e a colecistoquinina promove a descarga de pró-enzimas digestivas pelas células acinosas. Os principais estimulantes da produção duodenal de secretina são uma carga ácida a partir do efluente gástrico e a presença de ácidos graxos luminais. A colecistoquinina é liberada a partir da mucosa duodenal predominantemente em resposta a ácidos graxos e produtos de digestão de proteína: peptídeos e aminoácidos.
	 De um modo geral, o pâncreas secreta seus produtos exócrinos sob a forma de pró-enzimas enzimaticamente inertes, tanto para prevenir auto-digestão quanto para utilizar eficientemente as enzimas dentro da luz do duodeno. As pró-enzimas produzidas pelo pâncreas incluem tripsinogênio, quimotripsinogênio, pró-carboxipeptidase, pró-elastase, calicreinogênio e fosfolipase A e B. Essas pró-enzimas permanecem inativas até atingirem a luz do duodeno, onde a enzima da borda em escova, enteropeptidase, cliva o tripsinogênio em sua forma ativa tripsina. A tripsina ativada então desempenha um papel chave de catalisar a clivagem das outras pró-enzimas para produzir quimotripsina, carboxipeptidase, elastase, calicreína e fosfolipase A e B ativas. As enzimas amilase e lipase, no entanto, não necessitam ativação e são secretadas em uma forma ativa. A auto-digestão do pâncreas é prevenida em vários níveis:
A maioria das enzimas é sintetizada sob forma de pró-enzimas inativas (com a exceção da amilase e da lipase).
As enzimas são sequestradas em grânulos de zimogênio associados á membrana nas células acinosas.
A ativação das pró-enzimas exige conversão do tripsinogênio inativo em tripsina ativa pela endopeptidase duodenal (enterocinase).
Inibidores da tripsina incluindo inibidor de serina protease tipo I de Kazal (SPINK1 ou PSTI) estão presentes dentro das secreções acinosas e ductais.
A tripsina contém um local de clivagem crítico de auto-reconhecimento que permite que a tripsina inative a si mesma.
Hidrolases lisossômicas são capazes de degradar grânulos de zimogênio quando a secreção acinosa normal está prejudicada ou bloqueada.
As células acinosas são notavelmente resistentes á ação da tripsina, quimotripsina e fosfolipase A2.

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